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Análise das condições de Análise das condições de trabalho nos trabalho nos frigoríficos. frigoríficos.

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Análise das condições de Análise das condições de trabalho nos frigoríficos. trabalho nos frigoríficos.

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Atuais condições de trabalho Atuais condições de trabalho incompatíveis com a saúde e a incompatíveis com a saúde e a dignidade humanadignidade humana

Estão abatendo frangos pelo pescoço e trabalhadores pelos membros superiores.

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Condições de trabalhoCondições de trabalho

Há uma verdadeira legião de lesionados, sobretudo trabalhadores jovens

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Valdirene J. G. da Silva, 35 anos, aposentada por invalidez após 11 anos de trabalho. “Eram sete coxas desossadas por minuto, 420 por hora e sabe-se lá quantas mil por dia”. Nas palavras do médico “agora a dor é constante, aplacada apenas com morfina”.

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Modelo produtivoModelo produtivo

Modo de produção é muito antigo e influenciou Henry Ford na concepção das linhas de montagem automobilísticas (linhas de desmontagem)

Evoluiu muito pouco em seus princípios e concepção inicial (ganhos sanitários)

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Modelo produtivoModelo produtivo

Prevalência dos agravos associa-se com o aumento da intensidade do trabalho. Ritmo da produção determina o ritmo do trabalho determina a prevalência de agravos. Ritmo determina o lucro

Lucro liquido de R$ 335 milhões de reais no primeiro semestre de 2008 (aumento de 63% em relação a 2007).

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Riscos inerentes ao processo Riscos inerentes ao processo produtivoprodutivo

Ritmo intensoAtividades fragmentadasAlta repetitividadeAtividades fixas e pouco variáveisMonotonia: acumulação de tarefas

desinteressantesLimitação dos contatos humanos

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Riscos inerentes ao processo Riscos inerentes ao processo produtivoprodutivo

Trabalho permanente em ambiente frio ( 7.6 a 11 C)

Cadência elevada e imposta pelas máquinas: impossibilidade de o trabalhador determinar o ritmo, o modo de execução, a diminuição da cadência e o momento das pausas

Pressão de tempo

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Riscos inerentes ao processo Riscos inerentes ao processo produtivoprodutivo

Posturas inadequadas dos membros superiores, tronco e cabeça (elevação dos ombros, inclinação do tronco, extensão do pescoço)

Trabalho estáticos dos membros superiores e inferiores

Exigência de força no manuseio de produtos (2° a 3° C)

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Riscos inerentes ao processo Riscos inerentes ao processo produtivoprodutivo

Trabalho preponderantemente em péEspaços exíguos que impedem a livre

movimentaçãoExposição contínua a níveis de ruído

acima de 80 dB(A)Exposição a umidade e riscos biológicos

(carne, glândulas, vísceras, sangue, ossos)

Nota técnica – Poder econômico

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Omissão na redução dos Omissão na redução dos riscos inerentes ao trabalho riscos inerentes ao trabalho

Ausência de pausas nas atividades que exijam sobrecarga osteomuscular do pescoço, do tronco, dos membros superiores e inferiores (NR 17, item 17.6.3, b) - 10 minutos (ginastica) e 10 banheiro. 20min a cada 1h40min

Ausência de pausas previstas no art. 253 da CLT

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Omissão na redução dos Omissão na redução dos riscos inerentes ao trabalhoriscos inerentes ao trabalhoFalta de adaptação das condições de

trabalho as características psicofisiológicas dos trabalhadores – ritmo de trabalho.

1) CORTAR E ABRIR AS COXAS/SOBRECOXAS DA CARCAÇA: 17 frangos por minuto, com 4 movimentos por frango (3 cortes), total de 68 movimentos por minuto;

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Omissão na redução de Omissão na redução de riscos inerentes ao trabalhoriscos inerentes ao trabalho2) RETIRAR COXA/SOBRECOXA , com

ambas as mãos: 25 peças por minuto, 3 movimentos por peça, total de 75 movimentos por minuto;

3) DESOSSA DE COXA E SOBRECOXA, com ambas as mãos: 4 peças por minuto, com 11 cortes por peça, mais 9 movimentos, total de 80 movimentos por minuto.

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Omissão na redução de Omissão na redução de riscos inerentes ao trabalhoriscos inerentes ao trabalho4) SEPARAR COXA DA SOBRECOXA

DESOSSADA, com ambas as mãos: 30 peças por minuto, com 4 movimentos por peça, total de 120 movimentos por minuto;

5) RETIRAR CARTILAGEM de peito na carcaça, na nória, utilizando ambas as mãos: 26 peças por minuto, 3 movimentos por peça, total de 78 movimentos por minuto. “Esse ritmo é usual no setor em geral”.

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Omissão na redução de Omissão na redução de riscos inerentes ao trabalhoriscos inerentes ao trabalho

Kilbom (1994) fez uma mega pesquisa de estudos existentes e concluiu que o número de 25 a 33 movimentos por minuto não deveria ser excedido quando se deseja evitar transtornos para os tendões.

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Agravamento dos riscos – Agravamento dos riscos – descumprimento habitual da descumprimento habitual da

legislação trabalhista legislação trabalhista Jornadas exaustivas (RS: 15 h, SC: 12 h,

MS 16 h). 3 turnos. 2 turnosDescanso semanal (13, 14 dias

consecutivos) , não observância ao intervalo mínimo de 11 horas (6 horas de descanso). Intrajornada inferior a 1 hora. 4.000 registros inferiores a 30min

Condutas medicas inadequadas: comum empregados trabalharem adoentados, falta de readaptação funcional, CAT,inadequação no manejo de queixas. Dr. Diclofenaco, Dr. Cataflan

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Agravamento dos riscosAgravamento dos riscosBancadas com problemas ergonômicos, falta de

assentos adequadosCIPA não cumpre suas atribuições CAT - 40 CAT não emitidasPPRA, Laudos ergonômicos - inadequados Não há antecipação na avaliação e redução de

riscos - postura prevencionistaDespedidas discriminatórias baseadas na

condição de saúde e exigência de atestados de antecedentes criminais

Assedio moral, troca de uniforme. 12 milhões. Pré-modernidade das relações de trabalho

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ANO

Condições de trabalho absolutamente incompatíveis com

a saúde mental – Enunciado Anamatra – Jornada

BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS (DEPRESSÃO E TRANSTORNOS ANSIOSOS E DEPRESSIVOS - CID F 32 E F 41)

2004 62

2005 115

2006 153

2007 171

Janeiro a Junho de 2008 69

TOTAL: 570

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Como diminuir a prevalência de Como diminuir a prevalência de agravos à saúde dos agravos à saúde dos

trabalhadores ?trabalhadores ?Reconhecimento dos problemas de saúde dos

trabalhadores do setor como problema público a ser enfrentado pelo Estado e seus agentes públicos

Diminuição da exposição dos trabalhadores. a) diminuição do ritmo, da jornada e realização de pausas para recuperação do desgaste; b) desenho de sistemas alternativos de produção com a participação de diversos segmentos

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Papel da fiscalização do Papel da fiscalização do trabalho trabalho

Na esfera administrativa “braços do Estado para garantir o cumprimento das leis de proteção ao trabalhador e a construção da justiça social.” (Jose Alves de Paula). Garantia na saúde e dignidade huma.

Triade – orientaçao, colaboraçao e puniçao (Amauri M. Nascimento)

Carater preventivo da fiscalização (Russomano): harmoniza-se com os principios de direito ambiental.

E efetiva em relação aos grandes violadores da saúde dos trabalhadores (bancos, frigoríficos, siderurgias, grandes supermercados). Construçao civil, maquinas e equipamentos (25% dos equipamentos, interdiçao e embargos). Disturbios osteomuscular e transtornos mentais.

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Fiscalização do trabalhoFiscalização do trabalhoConcursos: médicos e engenheiros. Precarização da Fundacentro – orgão

técnicoIneficácia da fiscalização em assegurar

um meio ambiente de trabalho adequadoInstrumentalizar TACs e ACPsFundacentro – orgão técnicoIneficácia da fiscalização em assegurar

um meio ambiente de trabalho adequadoInstrumentalizar TACs e ACPs

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Judicialização dos conflitos Judicialização dos conflitos trabalhistastrabalhistas

Instrumentalizar TACs e ACPsJudicialização inadequada de conflitos. Em

relação a SST a judicialização é ainda mais desastrosa -– TST. Fiscalização do Trabalho. Ano 2007.

Acordos na Justiça do TrabalhoMG: construção civil. Arts. 155 e 200 da CLT,

art. 7, XXII da CF e art. 25 do ADCT.Curso na OIT. Juiz Italiano indagado o que

seria feito se uma empresa descumprisse habitualmente a legislação trabalhista. O juiz não entendeu. Exemplo de um banco (horas extras). Fiscalizaçao fecharia o banco.

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Outros obstáculos na garantia da Outros obstáculos na garantia da saúde dos trabalhadores em geralsaúde dos trabalhadores em geral

Empresas: A saúde do trabalhador é a sua dignidade é vista como um mero custo econômico. Ausência de uma cultura prevencionista. Cultura habitual descumprimento da legislação trabalhista. Atuação meramente formal (PPRA).Valor social do trabalho não circula como valor fundamental. Defesa do trabalho decente é vista como um anacronismo.

Efetivação dos direitos fundamentais e sobretudo cultural (Boaventura)

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Obstáculos: saúde do Obstáculos: saúde do trabalhadortrabalhador

Estado: Não há mecanismos eficientes de prevenção e tampouco para onerar as atividades econômicas que violam a saúde dos trabalhadores

INSS: mero órgão concedente de benefícios. Não atua na saúde dos trabalhadores. Reduz benefícios retirando direitos. Deveria reduzir assegurando a saúde dos trabalhadores. Maior banco de dados do Brasil.

SUS: Não tem mecanismos para avaliar o impacto das doenças ocupacionais no sistema visando uma adequada fonte de custeio.

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Obstáculos Obstáculos Sindicatos: maioria sem atuação

adequada na matéria (normas coletivas prejudiciais a saúde). Treinamentos.

Trabalhadores: monetização da saúdeMPT: atuação reativa. TAC e ACP são

atividades fins. Planejamento.Justiça do Trabalho as condenações não

vem obstando a violação dos direitos fundamentais dos trabalhadores. Impunidade. Bom negocio. Dantas. Tutela inibitória. Tutela coletiva. Frigoríficos. Um ano de trabalho.

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ObstaculosObstaculos

Ausência de Planejamento Inter e Intra Institucional (MPT, Justiça do Trabalho, MTe, INSS, SUS, MPF, MPE).

Mecanismos de integração (SAT)

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O que há de novo ?O que há de novo ?

Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (Portaria Interministerial MPS/MS/MTE Nº 800, DE 3 DE MAIO DE 2005)

NTEP, FAP, SAT.

Novo ator social - SUS

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Políticas públicasPolíticas públicas

No Brasil não há muita familiaridade dos operadores do direito com políticas publicas.

A necessidade do estudo das políticas públicas vai se mostrando à medida que se buscam formas de concretização dos direitos humanos, em particular os direitos sociais.

“todo direito é política pública e toda política pública é direito”.

ACP e Políticas Públicas

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Política Nacional de Segurança Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhoe Saúde do Trabalho

Tentativa de superar a fragmentação e superposição das ações atualmente desenvolvidas na SST.

Saúde dos trabalhadores: condicionada por fatores sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais relacionados ao perfil de produção e consumo, bem como riscos existentes de natureza física, química, biológica, mecânica e ergonômica

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Política nacionalPolítica nacional

Subnotificação: OMS estima que na América Latina somente 1% a 4% das doenças ocupacionais são notificadas.

Novas tecnologias. Doenças mais freqüentes: DORT e transtornos mentais

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Política nacionalPolítica nacionalO atual sistema de segurança e saúde do

trabalhador carece de mecanismos que incentivem medidas de prevenção, responsabilizem os empregadores (Indenização, SUS, INSS) propiciem o efetivo reconhecimento dos direitos do segurado, diminuam a existência de conflitos institucionais, tarifem de maneira mais adequada as empresas e possibilite um melhor gerenciamento dos fatores de riscos ocupacionais.

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Política nacional: diretrizes e Política nacional: diretrizes e estratégiasestratégias

Amplicaçao das acoes de SST visando a inclusao de todos os trabalhadores e não somente os formais

Extensao dos direitos a segurança e saude do trabalhador para os segmentos excluidos.

Precedencia das açoes de prevencao sobre as de reparaçao (EPC e EPI)

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Diretrizes e estratégiasDiretrizes e estratégias

Eliminar as politicas de monetização dos riscos

Politica que privilegie empresas com menores índices de doenças ocupacionais

Balanço de SST para as empresas, a exemplo do que já ocorre com o balanço social

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Diretrizes e estratégiasDiretrizes e estratégias

Base de dados compartilhada: MTe, INSS, SUS, MPT.

Educaçao continuada em SST: nivel tecnico, superior, capacitaçao profissional, profissionais do SUS, etc.

Instituiçoes de pesquisa: estudos e pesquisa em SST.

NTEP

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Ausências na Política NacionalAusências na Política NacionalMecanismos de tornar efetiva a

fiscalização do trabalho, nos moldes da Convenção 81 da OIT. (superação do modelo de judicialização dos conflitos)

Aplicaçao dos principios de direito ambiental (prevençao, poluidor pagador, desenvolvimento sustentavel, participaçao social)

Não incorpora conceitos já consagrados. Diversos previstos em Convenções da OIT ratificadas pelo Brasil (independencia dos membros do SESMT, integração com serviços de saúde, sinergia de agentes que geram riscos à saude dos trabalhadores)

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Ausências na Política NacionalAusências na Política NacionalReabilitaçao profissional (RENAST – Rede

Nacional de Atenção Saúde do Trabalhador)

Ações regressivas do INSS. Efetivaçao.Capacitação de profissionais (peritos do

INSS e profissionais do SUS)Integração da Politica Nacional de Saude

Mental com a Politica Nacional e Saude do Trabalhador

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Ausências na Política NacionalAusências na Política Nacional

Responsabilidade criminal e civil - Não há uma conceituação clara sobre

como reduzir riscos à saúde dos trabalhadores: prevençao e reparação (ok), prevalência de EPC sobre EPIs, reduçao da exposiçao aos riscos, reduçao de jornada, pausas, vedação de horas extras

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PropostaProposta

Portaria Interministerial 152, de 13 de maio de 2008.

Avaliar e propor medidas que possibilitem a ratificaçao da Convençºao 187 da OIT e revisar e ampliar a proposta da Politica Nacional de Segurança e Saude do Trabalhador

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Materias juridicasMaterias juridicasTutela coletiva. Tutela inibitoriaResponsabilidade criminal (400 trabalhadores-

ano). Competencia Criminal da Justiça do Trabalho

Dano moral coletivoDano moral individual – Competencia da Justiça

do Trabalho. O valor das indenizações deve guardar correspondência com o elevado patamar que os direitos à vida, à saúde e ao meio ambiente equilibrado ocupam na Constituição Federal, revestindo-se ainda de caráter punitivo (punitive damages).

Competencia concorrente dos Estados para legislar sobre saude e meio ambiente de trabalho, inclusive com poder de fiscalizaçao .

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STFSTFSEGURANÇA E HIGIENE DO – COMPETÊNCIA

LEGISLATIVA. Ao primeiro exame, cumpre à União legislar sobre parâmetros alusivos à prestação de serviços - artigos 21, inciso XXIV, e 22, inciso I, da Constituição Federal. O gênero "meio ambiente ", em relação ao qual é viável a competência em concurso da União, dos Estados e do Distrito Federal, a teor do disposto no artigo 24, inciso VI, da Constituição Federal, não abrange o ambiente de trabalho, muito menos a ponto de chegar-se à fiscalização do local por autoridade estadual, com imposição de multa. Suspensão da eficácia da Lei nº 2.702, de 1997, do Estado do Rio de Janeiro (ADI, MC 1893, RJ, Marco Aurelio, DJ 23-04-99).

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PN SSTPN SSTA competência privativa da União para legislar

sobre Direito do Trabalho não se sobrepõe nem entra em conflito com a competência dos Estados e dos Municípios em editar, de forma suplementar, normas de proteção e defesa da saúde, em especial do trabalhador, por se situarem em campos distintos, autônomos, ainda que conexos pelo bem jurídico que se pretende proteger.

Art. 159 da CLT “poderão ser delegadas a outros orgãos federais, estaduais ou municipais atribuiçoes de fiscalização ou orientação as empresas”.