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O GÊNERO TEXTUAL “RÓTULOS DE EMBALAGENS” COMO INSTRUMENTO DE ENSINO APRENDIZAGEM DA LEITURA EM LÍNGUA INGLESA 1 Evanilde Gimenez Martins 2 Carmen Ilma Belincanta Borghi 3 RESUMO Este estudo tem como objetivo discutir o desenvolvimento da leitura em Inglês por meio do gênero textual dos rótulos de embalagens, a partir da construção de uma seqüência didática, cujos princípios são explicitados pela teoria de Dolz & Schneuwly (2004), que contemplam as capacidades de ação de linguagem, as capacidades discursivas e as capacidades lingüístico discursivas, referentes ao gênero textual em questão. Também tomamos como base a concepção do interacionismo sócio discursivo que segundo Cristovão (2001) fundamenta-se na psicologia de Vygotsky, cuja teoria postula o desenvolvimento das ações de linguagem vinculadas às atividades sociais. Além disso, objetiva apresentar e discutir os resultados de uma experiência realizada com um grupo de professores, cuja metodologia consistiu, primeiramente, na proposta de um estudo acerca dos gêneros textuais, seqüência didática e interacionismo sócio discursivo. Em um segundo momento é proposta a aplicação do material didático, (previamente organizado em torno do gênero textual do rótulo de embalagens), a elaboração de um plano de ação que inclui uma seqüência didática do referido gênero, e finalizando, é proposto aos professores uma ficha de avaliação relacionada à eficácia da aplicação do material didático junto aos alunos. Os resultados obtidos através da análise qualitativa e quantitativa, relacionados ao material aplicado, evidenciam as vantagens do uso dos gêneros textuais e das seqüências didáticas no ensino da língua inglesa, pois esta representa uma alternativa que pode envolver as habilidades de leitura, oralidade e escrita, além da conscientização sobre a necessidade de capacitação constante dos professores da rede pública estadual. Palavras chave: Leitura. Gênero textual. Rótulos de embalagens. Seqüência didática. ABSTRACT This study aims at discussing the development of reading in English through the textual genre of packaging labels, with the construction of a didactic sequence, whose principles are explained by Dolz & Schneuwly’s theory (2004), that concerns the language action capabilities, the discursive capabilities, and the discursive linguistic capabilities, referred to the textual genre studied. It is also based on the conception of discursive social interactionism that according to Cristovão (2001) is established on Vygotsky psychology, whose theory 1 Trabalho de conclusão do curso de capacitação desenvolvido no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Educação do Estado do Paraná. 2 Professora de Língua Inglesa da Rede Pública do Estado do Paraná inserida no programa do PDE de 2007. [email protected] 3 Professora Orientadora Me. Docente do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá – UEM [email protected] .br

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O GÊNERO TEXTUAL “RÓTULOS DE EMBALAGENS” COMO INSTRUMENTO DE ENSINO APRENDIZAGEM DA LEITURA EM LÍNGUA INGLESA 1

Evanilde Gimenez Martins2 Carmen Ilma Belincanta Borghi3

RESUMO

Este estudo tem como objetivo discutir o desenvolvimento da leitura em Inglês por meio do gênero textual dos rótulos de embalagens, a partir da construção de uma seqüência didática, cujos princípios são explicitados pela teoria de Dolz & Schneuwly (2004), que contemplam as capacidades de ação de linguagem, as capacidades discursivas e as capacidades lingüístico discursivas, referentes ao gênero textual em questão. Também tomamos como base a concepção do interacionismo sócio discursivo que segundo Cristovão (2001) fundamenta-se na psicologia de Vygotsky, cuja teoria postula o desenvolvimento das ações de linguagem vinculadas às atividades sociais. Além disso, objetiva apresentar e discutir os resultados de uma experiência realizada com um grupo de professores, cuja metodologia consistiu, primeiramente, na proposta de um estudo acerca dos gêneros textuais, seqüência didática e interacionismo sócio discursivo. Em um segundo momento é proposta a aplicação do material didático, (previamente organizado em torno do gênero textual do rótulo de embalagens), a elaboração de um plano de ação que inclui uma seqüência didática do referido gênero, e finalizando, é proposto aos professores uma ficha de avaliação relacionada à eficácia da aplicação do material didático junto aos alunos. Os resultados obtidos através da análise qualitativa e quantitativa, relacionados ao material aplicado, evidenciam as vantagens do uso dos gêneros textuais e das seqüências didáticas no ensino da língua inglesa, pois esta representa uma alternativa que pode envolver as habilidades de leitura, oralidade e escrita, além da conscientização sobre a necessidade de capacitação constante dos professores da rede pública estadual. Palavras chave: Leitura. Gênero textual. Rótulos de embalagens. Seqüência didática.

ABSTRACT

This study aims at discussing the development of reading in English through the textual genre of packaging labels, with the construction of a didactic sequence, whose principles are explained by Dolz & Schneuwly’s theory (2004), that concerns the language action capabilities, the discursive capabilities, and the discursive linguistic capabilities, referred to the textual genre studied. It is also based on the conception of discursive social interactionism that according to Cristovão (2001) is established on Vygotsky psychology, whose theory 1 Trabalho de conclusão do curso de capacitação desenvolvido no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Educação do Estado do Paraná. 2 Professora de Língua Inglesa da Rede Pública do Estado do Paraná inserida no programa do PDE de 2007. [email protected] 3 Professora Orientadora Me. Docente do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá – UEM [email protected] .br

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requires the development of language actions linked to the social activities. This study also aims at presenting and discussing the results of an experience developed with a group of teachers, in what the methodology consisted of a study about textual genres, didactic sequence and discursive social interactionism, in a first moment. After that it was proposed to the teachers the application of the didactic material, previously organized about the textual genre of packaging labels, and the elaboration of an action plan that included a didactic sequence of the referred genre. Finally the teachers answered an evaluation form about the efficiency of the application of the didactic material with the students. The results achieved through qualitative and quantitative analysis of the developed material, showed the advantages of the textual genre use and the didactic sequences in the English language teaching. This is an alternative that can involve reading, speaking and writing abilities, besides the awareness about the need of a constant teacher’s education in the state schools. Key words: Reading. Textual genre. Packaging labels. Didactic sequence. 1. Introdução

Considerando-se que a realidade escolar reflete as dificuldades que os alunos

apresentam com relação à habilidade da leitura e interpretação de textos, e que este problema

mantém-se igualmente nas diversas disciplinas da grade curricular, este estudo tem como

foco central o relato da experiência desenvolvida no Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE), do Estado do Paraná, acerca do uso do gênero textual dos rótulos de

embalagens em Inglês (labels), como instrumento de ensino aprendizagem da habilidade da

leitura, apoiada na abordagem do interacionismo sócio discursivo.

Este gênero foi escolhido levando-se em consideração o seu alto grau de

circulação social e econômica tendo em vista a sua importância e legitimidade para o

desenvolvimento da cidadania do aluno, que se reflete não somente na escolha consciente de

produtos em um supermercado, mas no consumo de ideologias que são reproduzidas no

nosso cotidiano pelos gêneros textuais com os quais se convive.

Neste trabalho, a habilidade da leitura foi enfatizada, devido a sua importância

em qualquer área do conhecimento e em qualquer classe social, no entanto, as habilidades da

escrita e oralidade também foram desenvolvidas nesta experiência, pois de acordo com as

Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira Moderna (LEM), do Estado do Paraná, estas

compõem, juntamente com a leitura, o conteúdo estruturante do discurso. Deve-se ressaltar,

que um eficaz desenvolvimento destas habilidades, através de estratégias que se aplicam

também na língua materna, pode beneficiar não somente a disciplina de LEM, mas todas as

outras disciplinas da grade curricular, devendo ser oportunizada ao educando no processo de

ensino aprendizagem.

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Desta forma, o primeiro objetivo deste trabalho é instrumentalizar o professor na

escolha do gênero textual adequado, objeto de sua prática pedagógica, seguida da construção

da seqüência didática, a qual deve acompanhar cada modelo de gênero escolhido. Além

disso, as estratégias de ensino oportunizadas também podem favorecer as mudanças e o

crescimento intelectual dos alunos, a fim de que a teoria possa se configurar em uma

prática bem sucedida em sala de aula, e, melhorar, de fato, os níveis de interesse,

concentração e capacidade interpretativa dos alunos.

O segundo objetivo desta experiência configura-se em discutir e avaliar a

eficácia do trabalho com os gêneros textuais na língua inglesa, observando alguns aspectos

relevantes, tais como a receptividade e adequação do material desenvolvido em sala de aula.

Para isto, são apresentados no desenvolvimento deste trabalho, os referenciais

teóricos, tomando por base o interacionismo sócio-discursivo, a transposição didática, os

gêneros textuais e o processo de construção da seqüência didática. Em seguida, é

apresentada uma definição e um breve histórico sobre os rótulos para situar a temática

abordada.

Na metodologia é apresentado o formato em que o material didático foi

construído, destacando-se, o plano de ação de linguagem, o plano discursivo e o plano

lingüístico discursivo Bronckart & Dolz, (1999, apud CRISTOVÃO, 2002), que compõem a

seqüência didática elaborada com rótulos de produtos alimentícios em Inglês, destinada aos

alunos do Ensino Médio e da 8ª série do Ensino Fundamental.

Neste item, também é relatada a forma como a intervenção pedagógica foi

implementada nas escolas, além da avaliação do material didático, a qual foi realizada através

do preenchimento de uma ficha de avaliação sobre as atividades desenvolvidas, baseado na

observação direta dos professores, acerca do rendimento e do comportamento dos alunos

frente as atividades propostas.

Neste mesmo capítulo ainda é discutida a tarefa designada aos professores do

grupo de trabalho em rede (GTR), referente ao plano de ação, que inclui a elaboração de

uma seqüência didática fundamentada, adaptada à realidade dos mesmos, e, através da qual

pôde-se avaliar o resultado relativo aos conhecimentos apropriados por estes professores

através do estudo viabilizado pela intervenção pedagógica proposta.

Para finalizar, os resultados obtidos são descritos, através do relato e da discussão

sobre a experiência vivida pelos professores envolvidos neste processo, incluindo os

professores do GTR, destacando a avaliação destes profissionais sobre o material

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desenvolvido em sala de aula. Estes resultados foram analisados de forma qualitativa e

quantitativa, e serão discutidos no capítulo destinado às discussões e resultados.

2. Fundamentação teórica

Interacionismo sócio-discursivo

O ensino de língua inglesa na escola pública, fundamentado nas abordagens

behaviorista, cognitivista e comunicativa, tem se mostrado ineficiente para a apropriação da

linguagem como instrumento de interação e de transformação social, assim esta proposta vem

agregar junto às teorias já citadas a abordagem do interacionismo sócio-discursivo (ISD).

Segundo Cristovão (2001, p. 13, 19), uma das teorias em que se fundamenta o

ISD é a psicologia de ensino aprendizagem de Vygotsky, salientando que “é nas atividades

sociais em uma formação social que se desenvolvem as ações de linguagem”, observando que

“o interacionismo sócio discursivo está baseado na concepção de que as condutas humanas

são produto de um processo histórico de socialização”.

Isto significa que através da linguagem, o ser humano interage com o meio em

que vive, com ações de comunicação mediadoras e constitutivas do contexto social no qual se

encontra inserido. Neste sentido, segundo a perspectiva op. cit., a habilidade da leitura deve

ser vista prioritariamente como uma atividade social em que há construção e reconstrução de

significados em um determinado contexto, representando um papel importante no agir social.

Desse modo, compreende-se que as ideologias, valores e os interesses envolvidos

na relação dos indivíduos, de uma determinada realidade sócio histórica, interagem em um

processo de troca de experiências que contribui para a conscientização do indivíduo, e que

conduz à reflexão e transformação destas ideologias, valores e interesses, e

conseqüentemente, auxiliam no processo de desenvolvimento do ser humano.

Nesta perspectiva Bronckart (2006, p. 10) afirma que:

A especificidade do ISD é a de postular que o problema da linguagem é absolutamente central ou decisivo para essa ciência do humano. [....] o ISD visa demonstrar que as práticas linguageiras situadas (ou os textos-discurso) são instrumentos principais do desenvolvimento humano, tanto em relação aos conhecimentos e aos saberes quanto em relação às capacidades do agir e da identidade das pessoas.

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O autor destaca a importância da linguagem para as relações humanas, pois esta

representa o elo das relações sociais e se apresenta como um fator decisivo na interação entre

as pessoas. A linguagem se materializa sob forma de gêneros do discurso e possibilita o

acesso aos conhecimentos historicamente produzidos, que revelam as necessidades e os

progressos da humanidade, promovendo a interação do sujeito com o mundo que o cerca.

Neste sentido, uma das propostas do ISD é o ensino de línguas por meio da

construção de modelos didáticos de gênero, pois estes podem dar suporte para práticas

pedagógicas constituídas na interação. Segundo Schneuwly & Dolz (2004), “o gênero pode

ser considerado um mega-instrumento que fornece suporte para atividades nas situações de

comunicação, tornando-se uma referência para os aprendizes”.

Assim, deve-se observar que os gêneros textuais representam uma ferramenta

importante no ensino de línguas, pois estes estão presentes na realidade dos alunos e através

deles pode-se produzir as transformações necessárias para a construção do leitor crítico no

processo de ensino aprendizagem tanto na língua materna quanto na língua estrangeira.

Trata-se de socializar os conhecimentos históricos e socialmente construídos,

dando oportunidade aos alunos de desenvolverem não somente a compreensão superficial de

um texto, mas também a adoção de posicionamentos críticos que demonstram que a

compreensão vai além das palavras ou das imagens de qualquer produção textual.

Transposição didática

A transposição didática representa a transferência da teoria para a prática no

processo de ensino aprendizagem. De acordo com Bronckart & Giger (1996:47 apud

CRISTOVÃO, 2001), a transposição didática é definida como “o conjunto de rupturas, dos

deslocamentos e transformações que se operam no momento em que um elemento do saber

teórico é tomado pela escola para ser trabalhado em um determinado programa de ensino”.

Desse modo, compreende-se que a transposição didática configura-se pela passagem de um

determinado conhecimento, de uma determinada esfera social, para a esfera escolar sofrendo

um processo de didatização do seu conteúdo, o qual compreende as adequações destes

conhecimentos, assim como, as estratégias utilizadas para o desenvolvimento das atividades,

no trabalho escolar.

Segundo Machado e Cristovão (2006), o conhecimento científico sofre

transformações em três níveis neste processo, a saber: “conhecimento a ser ensinado,

conhecimento efetivamente ensinado e conhecimento efetivamente aprendido”. Vale ressaltar

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que este processo ocorre sob a influência do meio social e da relação que desenvolve entre

professores, alunos, direção e também pela ideologia promovida pelos órgãos educacionais

do Estado.

Desta forma, neste processo de transformação, o professor deve estar atento para

não descaracterizar o gênero escolhido, no momento em que este passa da condição de

conhecimento científico para conhecimento didático escolarizado. É necessário respeitar a

essência deste gênero, através da adoção de estratégias e da elaboração de atividades, que

estejam de acordo com os princípios da concepção sócio interacionista da linguagem.

Gêneros

Ao longo da história, os gêneros têm acompanhado o desenvolvimento das

diversas atividades sociais. De acordo com Bakhtin (1997, apud MARCUSCHI 2002 p. 29),

“os gêneros do discurso são tipos relativamente estáveis de enunciados elaborados pelas mais

diversas esferas da atividade humana”, portanto, pode-se dizer que os gêneros possuem

elementos discursivos marcantes que os caracterizam e diferenciam uns dos outros, ao

mesmo tempo em que estão carregados de dinamicidade e flexibilidade podendo sofrer

modificações consoante as necessidades comunicativas inseridas num determinado contexto

sócio histórico.

Portanto, compreende-se que os gêneros textuais referem-se tanto a forma oral

como escrita, possuem um conteúdo temático e uma organização composicional e lingüística,

representando o contexto no qual estão inseridos.

Segundo Bakhtin (2003, p. 263), os gêneros são classificados em “primários ou

secundários”. Os gêneros primários são formas mais simples relacionadas a situações de

comunicação oral imediata enquanto que os secundários estão relacionados a formas escritas,

mais complexas da linguagem, muitas vezes resultado da incorporação e reelaboração de

diversos gêneros primários.

Neste contexto de estudo, é importante fazer a distinção entre tipo textual e gênero

textual. Segundo Meurer (2000 p. 150), o primeiro relaciona-se a um “número extremamente

reduzido de modalidades retóricas”, que constituem as estruturas e as funções textuais

reconhecidas como narração , argumentação, exposição, descrição e injunção. De acordo

com Marcuschi (2002 p. 23), o segundo, refere-se aos textos materializados com os quais

convivemos que se distinguem pelas “características sócio comunicativas definidas pelos

conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica”.

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Neste sentido, os gêneros textuais são inúmeros, como por exemplo: cartas, bulas

de remédio, rótulos, manuais de instrução, bilhete, romance, anúncio publicitário, etc. Vale

ressaltar que dentro de um gênero textual podem ser utilizadas mais do que uma modalidade

retórica, ou seja, em uma carta por exemplo, podem existir trechos descritivos, narrativos e

argumentativos ao mesmo tempo, configurando segundo Marcuschi (2002 p. 31), uma

“heterogeneidade tipológica do gênero”.

O gênero textual tem sido muito utilizado na escola, porém, muitas vezes, o

estudo dos mesmos é restrito aos aspectos estruturais e lexicais do texto, sem considerar as

implicações sociais que envolvem cada um dos gêneros que emergem das relações sociais.

Considerando o estudo do gênero, como uma proposta sócio interacionista, este

trabalho sobre os gêneros textuais, especificamente com o gênero dos rótulos de embalagens,

visa possibilitar, tanto ao professor quanto ao aluno, a compreensão dos mecanismos e dos

elementos que compõem os vários gêneros textuais, assim como a intencionalidade

ideológica dos mesmos, como é descrito pela citação abaixo:

Que o domínio dos gêneros como instrumentos possibilite aos agentes produtores e leitores uma melhor relação com os textos, pois ao compreenderem como utilizar um texto pertencente a um determinado gênero, pressupõe-se que estes agentes poderão também transferir conhecimentos e agir com a linguagem de forma eficaz, mesmo diante de textos pertencentes a gêneros até então desconhecidos. (CRISTOVÃO, 2002, p. 95).

Assim, pretende-se que o aluno seja capaz de interagir com diferentes gêneros

textuais, a partir do pressuposto de que o conhecimento dos procedimentos de análise de um

gênero em particular, no caso, a análise dos rótulos de embalagens, propicie condições para

que o mesmo compreenda e interprete outros gêneros. Isto significa a adoção de um olhar

diferenciado em relação à contextualização e compreensão dos elementos discursivos e

lingüísticos discursivos que caracterizam a estrutura composicional dos mesmos.

No caso específico do professor, o domínio sobre os gêneros refere-se também à

compreensão crítica na escolha e na construção de modelos didáticos de gêneros que segundo

a visão de Cristovão (2002) deve contemplar as seguintes dimensões: psicológica, referente à

afetividade e interesse dos alunos; sociológica, refletindo a importância social do tema

envolvido; cognitiva, observando o conhecimento dos alunos; didática, analisando os

elementos que podem ser ensinados e aprendidos pelos alunos.

Nesta perspectiva, o professor deve assumir uma posição reflexiva e crítica com

relação a sua práxis, a qual implica em uma análise do contexto em que está inserido, com

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tomadas de decisão conscientes e responsáveis. Neste sentido, segundo o ciclo reflexivo de

Smith (1992, apud CRISTOVÃO 2002) , as ações do professor devem: “descrever o que

se faz em sala de aula; informar o que está subjacente a estas ações; confrontá-las com o

questionamento sobre escolhas feitas e, finalmente, reconstruir a prática da sala de aula

com base na reestruturação das ações e das tomadas de decisões.”

Isto significa que o professor reflexivo analisa a sua realidade, interpretando e

adaptando as suas ações ao contexto sócio cultural no qual encontra-se inserido. O professor

reflete sobre a sua prática, a qual é guiada pelo questionamento constante, que promove as

mudanças discentes e docentes de forma autônoma e independente.

Seqüência didática

O modelo didático de gênero, na perspectiva do ISD, deve estar pautado pela

construção de uma seqüência didática. Esta, por sua vez, representa um conjunto de atividades

que constitui uma unidade de ensino que deve respeitar as capacidades de linguagem dos

alunos promovendo a construção e o desenvolvimento do conhecimento do gênero em

questão. Assim, esta forma de atividade possibilita aos alunos a apropriação de estratégias

que os levem a compreender gêneros textuais diferenciados.

Segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p.97), “uma seqüência didática é

um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um

gênero textual oral ou escrito”. De acordo com este conceito o autor coloca a seqüência

didática como uma ferramenta de sistematização e organização dos conteúdos de um gênero

textual, que pode conferir coerência e credibilidade ao processo de ensino aprendizagem

adaptado às capacidades de linguagem dos alunos e a realidade do contexto escolar.

Ainda segundo Dolz & Schneuwly (2004, p.53), “as seqüências didáticas são

instrumentos que podem guiar as intervenções dos professores”, De acordo com esta

afirmação a seqüência didática pode funcionar como uma estratégia que pode facilitar a

elaboração de materiais adequados às capacidades de linguagem dos alunos, e, por

conseguinte, favorecer a promoção intelectual e social dos mesmos possibilitando a

apropriação dos diversos gêneros textuais, através do confronto com situações concretas de

leitura de textos autênticos, que torna possível o domínio progressivo dos mesmos.

Portanto, para que a seqüência didática do modelo de gênero escolhido realmente

se efetive, as atividades organizadas deverão mobilizar as capacidades de linguagem

propostas por Dolz & Schneuwly (1998, apud CRISTOVÃO & NASCIMENTO, 2006),

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divididas em três tipos: “capacidades de ação de linguagem”, relativas a contextualização da

temática envolvida, “capacidades discursivas” relativas a arquitetura e planificação global

dos textos e as “capacidades lingüístico discursivas” que envolvem a seleção de unidades

lingüísticas e as estruturas de textualização dos gêneros.

No caso específico desta proposta do gênero textual de rótulos de embalagens, é

possível instrumentalizar o professor na compreensão e na construção de uma seqüência

didática que contemple as capacidades de linguagem já citadas, as quais podem contribuir

para o desenvolvimento do senso crítico tanto do professor quanto do aluno.

Definição de rótulo de embalagens

Os rótulos de embalagens são registros históricos, que representam a cultura, os

valores e os ideais de uma sociedade, numa determinada época, revelando os gostos, os

costumes e as tendências de consumo, evidenciados, pelo padrão artístico utilizado e pelos

apelos de consumo momentâneos.

O rótulo é um recurso muito útil para o consumidor na escolha correta e

consciente dos produtos que consome. Este representa um dos fatores decisivos no momento

da compra, pois possibilita o acesso a importantes informações como as características do

produto, o peso, o nome, data de validade, etc.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA on line, 2007), o

rótulo é definido como:

Toda identificação impressa, litografada, pintada, gravada a fogo, a pressão ou auto-

adesiva, aplicada diretamente sobre recipientes, embalagens, invólucros ou qualquer

protetor de embalagem externo ou interno, não podendo ser removida ou alterada durante

o uso do produto e durante o seu transporte ou armazenamento.

Desta forma, conclui-se que o rótulo é a identificação do conteúdo inserido na

embalagem. Ele representa um dos canais mais importantes de comunicação entre o produto e

o consumidor, e se revela numa das principais estratégias de marketing para o comércio dos

produtos em geral, pois através dele o fabricante pode informar, persuadir e vender a sua

produção.

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Histórico do rótulo de embalagens

Os rótulos têm sido utilizados desde o século XV. No início eram manuscritos e

depois com a invenção da imprensa por Gutemberg, passaram a ser impressos através do

processo de tipografia. Em 1798, na Bavária, Alois Senefelder criou o princípio da

litografia4, possibilitando a impressão em cores, fator este que credenciou aos rótulos um alto

grau de sedução chamando a atenção dos consumidores. Esta técnica foi largamente utilizada

no séc. XIX para impressão de todo o tipo de documento, inclusive rótulos, sendo substituída

pela impressão de offset5 no séc. XX.

Com o aparecimento da sociedade moderna e da Revolução Industrial o mundo

modificou-se significativamente. As máquinas alteraram a concepção que as pessoas tinham

acerca do tempo e da produção, e as embalagens qualificadas pelos rótulos, seguiram esta

tendência.

Em 1930 um americano, Michael Kullen, criou a idéia capitalista do

supermercado para reduzir as despesas com os balconistas introduzindo assim, o conceito de

auto serviço. Neste tipo de comércio os clientes escolhiam as mercadorias sozinhos nas

prateleiras. Segundo Michael Tennant (2005), ele apresentou a idéia à empresa, Kroger

Grocery and Banking Company, onde trabalhava em 1929, porém esta idéia foi rejeitada, e

então, com a experiência de 27 anos no ramo de mercearia, pediu demissão e abriu seu

próprio negócio.

De acordo com Michael Tennant (2005), o ano de 1930 não era um momento

propício para abertura de um negócio devido a quebra da bolsa de Nova York e a séria crise

econômica da época. No entanto, a idéia de Kullen foi um grande sucesso e difundiu-se

rapidamente, pois ele conseguia vender uma grande variedade de alimentos a baixo custo.

Este foi um momento muito importante e decisivo para o desenvolvimento da rotulagem, a

qual, agregada à embalagem, assumiu a tarefa de informar o consumidor e comercializar os

produtos no lugar dos vendedores. 4 Litografia – o termo origina-se do grego, lithos = pedra e grafhein = escrever. Esta é uma técnica de gravura em que o artista desenha com um corpo gorduroso sobre uma pedra porosa, de material calcário. Esta pedra era encontrada na região da Bavária, Alemanha, e sua principal característica era a sensibilidade a gordura, essencial neste processo de impressão.

5 Offset – processo de impressão utilizado na indústria gráfica que originou-se da evolução do sistema de impressão litográfico. É um processo de reprodução indireta da imagem, em que uma chapa de metal flexível é impressa em uma superfície de borracha, envolvida em um cilindro, que transpõe a imagem em definitivo para o papel, couro, etc.

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Dessa forma, as embalagens e os rótulos adquiriram um alto grau de sofisticação,

como é o caso das embalagens inteligentes, que interagem com o produto. Segundo Taurion

(2004), ainda será possível utilizar as RFID tags, etiquetas eletrônicas, que consistem num

novo sistema de identificação por radio freqüência, que substituirá o código de barras. Com

esta tecnologia será possível identificar certas propriedades do produto como temperatura e

localização geográfica, desde a sua produção até o seu destino final. Na verdade, não será

mais necessário registrar os produtos no caixa do supermercado individualmente para pagar

a conta, pois todos os produtos passarão de uma só vez no carrinho.

No Brasil, a evolução dos rótulos tem ocorrido não somente no campo

tecnológico, mas também no campo jurídico. No caso dos produtos alimentícios, existem leis

específicas que obrigam o uso da rotulagem nutricional e da composição, além da observação

sobre a inserção ou não, do glúten nos mesmos, e das explicações sobre os produtos diet e

light .

Um aspecto a ser considerado é a questão da fiscalização no cumprimento destas

leis que fica sob a responsabilidade do Ministério da Saúde, Ministério da Agricultura e

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Vale salientar a ação de

órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Instituto nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, (INMETRO), subordinados a estes

ministérios, que atuam neste campo regulando e fiscalizando as atividades no comércio de

alimentos, serviços e produtos em geral. No entanto, cabe ao consumidor assumir a sua

responsabilidade, fazendo também a fiscalização dos produtos, com o devido conhecimento

dos órgãos responsáveis para possíveis reclamações.

3. Metodologia

A partir dos estudos realizados e da compreensão obtida sobre os gêneros textuais,

seqüência didática e transposição didática, ancorados no ISD, foi elaborado o material

didático, ou seja, uma seqüência didática, cujo instrumento foi o gênero textual de rótulos de

embalagens em Inglês, a qual foi aplicada pela professora PDE Evanilde Gimenez Martins e

pelo professor voluntário Carlos Renato Liones, ambos no Colégio Est. Bento Munhoz da

Rocha Neto – Ens. Fund. e Médio de Paranavaí, envolvendo um total de sete turmas, no caso,

os 2ºs e 3ºs anos do ensino médio e uma 8ª série do Ensino Fundamental, todos do período

matutino.

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Este material também foi aplicado pelos professores do GTR, inseridos no

programa do PDE, distribuídos em diversas escolas do estado do Paraná, representando um

grupo bastante heterogêneo, no que se refere ao nível de capacitação docente e também às

séries onde a intervenção foi aplicada, as quais variaram desde a 8ª série do ensino

fundamental até a 1ª, 2ª e 3ª séries do ensino médio, além do Ensino de Jovens e Adultos

(EJA).

A aplicação das atividades propostas neste material encontra-se alicerçada na

concepção interacionista, ou seja, os rótulos selecionados foram utilizados como objetos de

ensino que proporcionam a interação aluno com o texto, com o meio e os demais sujeitos

envolvidos neste processo, observando-se “os princípios da legitimidade, pertinência e

solidarização” destacados por Schneuwly & Dolz, (2004, p. 82). Estes princípios referem-se

aos saberes teóricos do gênero em questão, relativos aos conhecimentos prévios e às

capacidades de linguagem dos alunos, além das finalidades e objetivos da escola no

processos de ensino-aprendizagem, colocando os alunos em contato com textos autênticos em

uma situação de comunicação o mais próximo possível da sua realidade.

Deste modo, a estratégia de construção da seqüência didática, propriamente dita,

foi embasada no plano de ação de linguagem, plano discursivo e lingüístico discursivo, os

quais apresentam-se na seção a seguir, descritos de acordo com a teoria de Dolz &

Schneuwly (2004).

Para uma melhor análise da proposta de intervenção foi aplicado uma ficha de

avaliação, em anexo, aos professores que usaram o material didático nas suas escolas, que

inclui os professores do GTR, a professora PDE e o professor voluntário do Colégio Estadual

Bento Munhoz da Rocha Neto.

Plano da ação de linguagem

Este plano contempla as capacidades de ação de linguagem relativas à

contextualização do tema, que abrange alguns elementos ensináveis relativos ao contexto de

produção do gênero textual estudado. Destacam-se nesta análise o comportamento dos alunos

enquanto consumidores, as restrições presentes no consumo deste produto, a definição do

autor, do público alvo e do lugar onde este produto foi produzido, além da intencionalidade

dos objetivos do fabricante.

Neste plano foram desenvolvidas atividades de leitura, discussão e escrita

utilizando-se a predição, ou seja os conhecimentos prévios dos alunos sobre a temática

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abordada, além da inferência e dedução na compreensão dos textos que envolvem, tanto a

linguagem verbal quanto visual, despertando o interesse dos mesmos para os possíveis

questionamentos e conscientização sobre o seu próprio comportamento diante do

conhecimento deste gênero.

Plano discursivo

Este plano refere-se à capacidade discursiva, ou seja, à construção composicional

relativa a planificação e organização global do texto.

Geralmente os rótulos são compostos por uma marca ou nome com impacto de

marketing, ancorada em cores fortes e elementos gráficos diferenciados como letras em

destaque e figuras persuasivas. Normalmente, dependendo do caso, existe algum apelo para

o seu consumo, representado por uma vantagem ofertada ao consumidor, de acordo com o

perfil que este apresenta. No caso dos rótulos utilizados nesta seqüência destacam-se a

qualidade e a pureza dos produtos.

Analisando o plano discursivo dos dois primeiros rótulos trabalhados na seqüência

didática, percebe-se a predominância do uso do tipo de texto argumentativo e persuasivo na

marca e nos elementos gráficos, além do uso da descrição, relativa à tabela nutricional e aos

ingredientes, do segundo rótulo em questão.

No caso dos produtos alimentícios, após a análise dos rótulos irlandeses

comparados aos brasileiros, percebe-se que na sua composição textual geralmente estão

incluídos os seguintes elementos: nome do produto, tabela nutricional, ingredientes, código de

barras, peso líquido, o número do lote ou licença, prazo de validade, serviço de atendimento

ao consumidor, endereço do fabricante, destino da embalagem e a descrição das regras da

promoção do produto.

Plano lingüístico discursivo

Este representa as capacidades lingüístico discursivas referentes ao uso de

elementos lingüísticos estruturais e lexicais com o intuito de descrever características do

produto ou persuadir o consumidor na compra do mesmo com o uso de substantivos e

adjetivos de rápida percepção. No exemplar do gênero rótulo, em questão, observa-se o uso

destes adjetivos com a chamada “premium quality ketchup” ou “natural fruit goodness” que

estão na parte frontal das embalagens e que despertam a atenção do consumidor. Desta

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forma, neste plano, foi destacado o uso do adjetivo em língua inglesa, referente a sua

posição e função sintática na frase, visto que representa um elemento lingüístico importante

na leitura e compreensão de textos, devido a tendência que os alunos apresentam em realizar

uma leitura linear como na língua materna, sem compreender este mecanismo de leitura

característico da língua inglesa.

Neste sentido, vale ressaltar que o aluno pode aprender a realizar a leitura crítica

do texto, pois as formas lingüísticas não se apresentam como simples formas gramaticais

desvinculadas do contexto, mas representam formas vivas e flexíveis que variam conforme

o contexto e a prática social na qual encontram-se inseridas.

Aplicação do material didático elaborado

Para o desenvolvimento da intervenção, nas escolas da rede pública do Estado

Paraná, foi disponibilizado no ambiente virtual do 6moodle, para os professores do GTR,

textos de fundamentação teórica sobre os gêneros textuais, a seqüência didática fundamentada

na versão do professor, com a explicação dos procedimentos relativos a cada atividade

proposta, a seqüência didática versão do aluno e um cronograma contendo todas as atividades

previstas para serem desenvolvidas durante o período de 08 a 10 horas aula, juntamente com

as estratégias e recursos sugeridos.

Os professores do GTR implementaram a aplicação do material nas suas escolas,

com o uso do data show, TV pendrive e transparências, para a exibição das imagens e da

seqüência didática completa no power point, adaptando o mesmo à condições de sua escola.

A habilidade da leitura foi trabalhada com utilização de rótulos xerocados e

textos acessados na Internet, no Paraná Digital, no site australiano

http://www.foodauthority.nsw.gov.au/consumers/food-labels/, com a realização de uma

pesquisa para a posterior apresentação em um seminário na língua materna. Em alguns casos,

devido a problemas técnicos, não foi possível a utilização do Paraná Digital, assim os textos

foram aplicados na forma impressa.

As atividades foram finalizadas com uma pesquisa de campo sobre a utilização

dos rótulos na família e na comunidade com a tabulação dos dados obtidos, e também com a

6 Moodle – acrônimo de Modular Object Oriented Dynamic Learning Environment – é um software livre e gratuito, de apoio à aprendizagem, executado num ambiente virtual, sendo uma ferramenta de autoria e gestão de cursos à distãncia. A expressão designa ainda o Learning Management System LSM, que representa um sistema de gerenciamento da aprendizagem em trabalho colaborativo baseado neste programa.

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15

elaboração de um rótulo de produto alimentício em Inglês, onde os alunos utilizaram os

subsídios textuais e lingüísticos oportunizados durante o desenvolvimento da intervenção..

Em todos os momentos, quando foi trabalhada a habilidade da leitura, seja no

plano de ação de linguagem, no plano discursivo ou lingüístico discursivo, foi priorizado o

formato de leitura cíclica e não linear, onde foram utilizadas as técnicas de dedução,

inferência, skimming e scanning com as quais os professores já estão familiarizados, com o

objetivo de provocar a interação do leitor como o texto, instigando os alunos à compreensão

dos textos sem a obrigatoriedade do uso do dicionário, com o trabalho em equipes,

facilitando a discussão e o desenvolvimento da temática abordada.

Durante o processo de intervenção, os professores realizaram observações sobre o

desenvolvimento de cada uma das capacidades desenvolvidas, respondendo a uma ficha de

avaliação, da referida seqüência didática, anotando os pontos positivos e negativos.

Para finalizar o trabalho com o grupo do GTR, foi proposta a elaboração de um

plano de ação, o qual incluía a construção de uma seqüência didática com o gênero textual de

rótulos de embalagens em Inglês, acompanhada da referida fundamentação, com o objetivo

de avaliar o nível de compreensão dos professores acerca dos gêneros textuais e da

seqüência didática.

4. Resultados / Discussão

Como já mencionado anteriormente, no decorrer da aplicação do material

didático, nas escolas públicas do Paraná, os professores preencheram uma ficha de avaliação

com relação à seqüência didática desenvolvida, através da qual pode observar-se alguns itens

relevantes com relação ao gênero textual estudado. Esta ficha foi preenchida pela professora

PDE e pelo professor colaborador do Col. Est. Bento M. da Rocha Neto, além dos sete

professores do GTR, representando o total de nove professores na referida avaliação. Na

análise dos dados desta ficha, foram levados em consideração os itens mais significativos, os

quais serão discutidos a seguir e demonstrados através de gráficos estatísticos, onde foram

analisados os níveis de ótimo, bom, regular e fraco.

No plano de ação de linguagem e no plano discursivo, constatou-se, que os

alunos têm um nível razoável de conhecimento do gênero em questão, além de uma boa

identificação dos elementos textuais básicos que compõem o gênero rótulo, porém, o

reconhecimento e a identificação do tipo de texto utilizado no referido gênero não foi

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considerado tão satisfatório, permanecendo no patamar de bom para regular. Os índices

destes dados podem ser analisados nos gráficos abaixo relacionados:

0

1

2

3

4

5

6

Ótimo0%

Bom 66,66%

Regular22,22%

Fraco11,11%

Gráfico 1: Nível de conhecimento dos alunos relativo ao gênero textual dos rótulos de embalagens

0

1

2

3

4

5

Ótima22,22%

Boa 55,55%

Regular11,11%

Fraca11,11%

Gráfico 2: Identificação dos elementos textuais que compõem o gênero textual do rótulo

0

1

2

3

4

Ótimo11,11%

Bom 44,44%

Regular44,44%

Fraco0%

Gráfico 3: Reconhecimento e identificação do tipo de texto utilizado, no caso argumentativo / persuasivo e informativo / descritivo

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Analisando os índices razoáveis, dos itens acima citados, percebeu-se no item

relativo ao conhecimento do vocabulário básico, uma mesma tendência, pois os alunos

conseguiram desenvolver as atividades de forma satisfatória, sem o uso obrigatório de

dicionários, utilizando-se das estratégias de leitura direcionadas pelos professores, como

pode ser observado no gráfico abaixo:

0

1

2

3

4

5

6

Ótimo0%

Bom 66,66%

Regular33,33%

Fraco0%

Gráfico 4: Conhecimento do vocabulário básico utilizado nos rótulos

Contudo, em relação à habilidade da leitura, durante o desenvolvimento

do exercício de pesquisa na Internet, no site

http://www.foodauthority.nsw.gov.au/consumers/food-labels/, que abrangeu questões

relativas à rotulagem nutricional e a saúde, os alunos apresentaram muitas dificuldades

referentes ao vocabulário, devido ao fato de serem textos mais longos e mais elaborados, o

que exigiu o uso de dicionários e intervenções mais freqüentes dos professores.

Ainda no plano discursivo observou-se também que o nível de conscientização

apresentado pelos alunos com relação aos direitos do consumidor não é muito satisfatório, e

às vezes é classificado, através da observação dos professores, de regular e fraco.

Inicialmente, os alunos não apresentaram muita consciência da importância deste gênero para

sua vida prática. Observe os dados no gráfico abaixo:

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18

0

1

2

3

4

Ótimo11,11%

Bom 33,33%

Regular44,44%

Fraco11,11%

Gráfico 5: Nível de conscientização dos alunos com relação aos direitos do consumidor

Isto justifica a necessidade da inserção de textos autênticos, representados pelos

gêneros textuais, que venham de encontro às necessidades dos alunos, para que, além de

trabalhar os elementos textuais e lingüísticos de uma língua, seja possível, também,

desenvolver no aluno o seu senso crítico, a fim de que este possa compreender as

determinações sociais das situações comunicativas nas relações que a pessoa desenvolve na

sua comunidade, com a possibilidade de transformação desta realidade por indivíduos mais

conscientes e participativos.

Vale destacar que no desenvolvimento da proposta percebeu-se em alguns alunos,

uma evolução no nível de conscientização com relação ao gênero estudado, pois, como eles

mesmos diziam, não prestavam atenção, e agora observam até a tabela nutricional. Isto

comprova a necessidade da escolha criteriosa dos gêneros a serem trabalhados na escola, os

quais devem contemplar capacidades de linguagem e as necessidades dos alunos, a fim de que

estes possam se beneficiar dos conteúdos escolares na sua prática cotidiana.

No plano de ação de linguagem, vale destacar, o nível de aceitação e interação

dos alunos com relação à temática abordada, e também a interação entre alunos x professor, e

alunos x alunos, resultando em uma boa produtividade no trabalho de grupo, como

demonstram os gráficos abaixo:

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19

01234567

Ótima77,77%

Boa 22,22%

Regular0%

Fraca0%

Gráfico 6: Interação: alunos x temática abordada

0

1

2

3

4

5

6

Ótima66,66%

Boa 33,33%

Regular0%

Fraca0%

Gráfico 7: Interação: professores x alunos

0

1

2

3

4

5

Ótima55,55%

Boa 33,33%

Regular11,11%

Fraca0%

Gráfico 8: Interação: alunos x alunos

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Durante o desenvolvimento da proposta os alunos demonstraram grande

receptividade com relação às aulas, classificando-as como: mais interessantes, descontraídas,

produtivas, entrosadas, diferenciadas, divertidas, dinâmicas e proveitosas. Além destes

adjetivos, alguns alunos se manifestaram, observando que saíram da rotina aprendendo.

No plano lingüístico discursivo, os alunos demonstram um ótimo rendimento e

facilidade na compreensão e resolução das atividades que envolveram o uso do adjetivo, tanto

na leitura como na composição escrita. Além disso, os alunos puderam compreender a

intencionalidade deste recurso lingüístico tanto na linguagem verbal quanto não verbal,

aprendendo a realizar uma leitura mais aprofundada, que vai além das palavras e das imagens.

Confira os índices de aproveitamento da composição escrita com adjetivos no gráfico abaixo:

0

1

2

3

4

5

6

7

Ótima77,77%

Boa 33,33%

Regular0%

Fraca0%

Gráfico 9: Compreensão do uso do adjetivo na composição escrita

Nas atividades que envolveram a produção final, com a aplicabilidade no contexto

real, os alunos apresentaram um alto grau de interesse e comprometimento na realização das

tarefas designadas. Um bom exemplo foi o entrosamento na apresentação do seminário, no

Col. Est. Bento M. da Rocha Neto, sobre a pesquisa realizada na Internet, relativa às

questões da rotulagem e da saúde. O texto foi apresentado tanto na forma virtual como

impressa, e os alunos apresentaram bastante envolvimento com a tarefa e uma ótima interação

no trabalho realizado em equipes.

No entanto, como já foi dito anteriormente, a maioria dos alunos apresentou

dificuldades com o vocabulário, nos textos da pesquisa na Internet, além de demonstrar uma

certa dificuldade ao se expressarem em público na apresentação dos trabalhos na língua

materna. Porém, mesmo diante dos problemas, vale destacar que estes alunos tem

consciência das suas dificuldades e da necessidade da realização de atividades desafiadoras

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tais como a pesquisa e os seminários realizados, para melhorar o desenvolvimento das suas

capacidades.

A elaboração do rótulo em Inglês foi uma atividade que favoreceu o uso da

criatividade aliada aos subsídios adquiridos durante o desenvolvimento do projeto, onde o

aluno incluiu no seu trabalho os elementos textuais discursivos e lingüístico discursivos para

a elaboração do texto, além da criação do layout do produto idealizado, com a intervenção da

professora na orientação das possíveis dúvidas e na correção dos trabalhos.

Uma das atividades de maior receptividade por parte dos alunos foi a pesquisa

sobre a utilização dos rótulos na família e na comunidade, através da qual foram levantados

alguns dados significativos sobre o conhecimento e o uso deste gênero no cotidiano, cujos

dados foram tabulados pelos alunos, com a posterior construção de gráficos demonstrativos.

Levando-se em consideração as observações dos professores com relação às

deficiências de vocabulário apresentadas pelos alunos, e se tratando basicamente de alunos

de ensino médio, já com alguns anos de estudo na língua inglesa, deve-se questionar como

está se desenvolvendo o processo de ensino aprendizagem desta disciplina, fato este que

inclui saber quais os fatores que prejudicam ou favorecem o sucesso ou fracasso deste

processo. Cabe aos profissionais desta área, refletirem sobre alguns itens relevantes que

podem justificar as dificuldades apresentadas pelos alunos, tais como:

- Existe alguma deficiência no material utilizado pelos professores em sala de aula?

- Quais são as estratégias utilizadas pelos professores no ensino de línguas na escola

pública?

- Qual é o contexto sócio econômico em que esta clientela de alunos está incluída?

- Como está a formação dos professores envolvidos neste processo?

As respostas para estas perguntas podem indicar caminhos que levem a uma

evolução no desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem da língua inglesa na

escola pública. Neste sentido, o professor de caráter reflexivo, pode ser capaz de apresentar

respostas a estas indagações, que se traduzem em ações criativas e inovadoras na prática

diária em sala de aula, com o poder de transformar conceitos e paradigmas já cristalizados na

concepção que o indivíduo possui diante da aprendizagem da língua inglesa na escola pública.

No grupo dos professores do GTR, o que pôde ser observado foi uma grande

heterogeneidade destes profissionais, referente à fundamentação teórica, ao espírito

investigativo, a persistência, a criatividade e a perseverança, através da participação dos

mesmos no ambiente do moodle, nos fóruns de discussão e nas atividades postadas nos

diários, referentes à aplicação do material didático e também à elaboração do plano de ação.

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Alguns professores demonstraram um alto grau de fundamentação e

conhecimento, não somente acerca da temática abordada, mas também com relação à vivência

em sala de aula nas questões relativas à resolução de situações problema que envolvem a

falta de material adequado, equipamentos que não funcionam, carga horária insuficiente,

dentre outras dificuldades comuns ao cotidiano escolar dos professores de língua inglesa. Vale

destacar a participação dos professores, que além de resolver os problemas inerentes à prática

pedagógica, conseguiram, inclusive, melhorar o material didático proposto, agregando ao

mesmo outras atividades, como a visita ao supermercado, por exemplo.

Por outro lado, percebe-se o posicionamento de alguns professores que

apresentaram dificuldades com relação à compreensão da fundamentação teórica proposta, e

também, quanto à aplicação do material didático, frente as dificuldades do cotidiano escolar já

mencionadas, evidenciando o peso das diferenças individuais mesmo entre os professores,

além das deficiências na formação dos mesmos.

Ao longo do desenvolvimento das atividades do curso do GTR, que incluiu o

estudo e a compreensão dos textos relacionados à fundamentação teórica, a aplicação do

material didático e a elaboração do plano de ação, pôde observar-se uma evolução entre os

participantes do grupo, independente da formação de cada um deles. O professor teve a

oportunidade de estudar sobre os gêneros textuais, o interacionismo sócio discursivo, a

transposição didática e a construção da seqüência didática, e, deste modo, cada um aproveitou

o conhecimento disponibilizado de acordo com a sua realidade.

Todas estas observações acima descritas, demonstram a necessidade de promover

uma capacitação constante destes profissionais, oportunizando um maior aprofundamento dos

estudos relativos às questões inerentes à prática pedagógica em sala de aula, que no momento

refere-se à questão dos gêneros textuais e do interacionismo sócio discursivo, contemplados

pelas Diretrizes Curriculares de LEM do Estado Paraná.

Os resultados obtidos na intervenção pedagógica executada com o uso do gênero

textual dos rótulos de embalagens, revelados através dos bons níveis de interação, interesse e

compreensão discursiva e lingüístico discursiva apresentados pelos alunos, justificam a

utilização dos gêneros textuais no processo de ensino aprendizagem da língua inglesa. No

caso específico desta experiência, o aluno foi confrontado com práticas de linguagem

atualizadas, através de atividades organizadas em torno do referido gênero do rótulo de

embalagens, observando as capacidades de linguagem e as capacidades discursivas e

lingüístico discursivas, que compõem a seqüência didática proposta por Dolz & Schneuwly

(2004), tornando o ensino de língua inglesa mais real e significativo para os estudantes.

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Nesta perspectiva, a seqüência didática representa uma estratégia importante no

ensino de línguas, pois ajuda o aluno a dominar e a conhecer melhor um gênero de forma

gradativa, com a vantagem de carregar no seu interior atividades que englobam as quatro

habilidades de ouvir falar ler e escrever. No material didático proposto o foco central foi a

leitura, porém foram desenvolvidas atividades que envolveram as outras habilidades como a

composição escrita do rótulo em Inglês. Na verdade uma atividade complementou a outra,

aparecendo pelo menos duas habilidades inseridas em uma mesma tarefa.

5. Considerações finais

Durante a implementação da intervenção pedagógica com o gênero textual dos

rótulos de embalagens, pôde constatar-se, que os gêneros textuais são uma alternativa para a

realização de um trabalho significativo em língua inglesa dentro da abordagem do ISD. A

seqüência didática representa o meio ou a estratégia pela qual os gêneros textuais podem ser

viabilizados aos alunos, articulados através de atividades criativas e motivadoras relacionadas

ao gênero escolhido, propiciando a transposição didática dos conteúdos, com a abrangência

de todas as habilidades que envolvem o ensino de línguas, imprimindo um novo sentido ao

ensino da língua inglesa na escola pública.

Inicialmente o foco desta proposta foi o desenvolvimento da habilidade da leitura,

por meio do gênero textual dos rótulos de embalagens em inglês, porém, ao longo do

desenvolvimento do trabalho, que envolveu a seqüência didática, percebeu-se que as

habilidades da leitura, escrita e oralidade, que compõem o conteúdo estruturante do discurso,

se complementam nas atividades propostas em torno do gênero em questão. Não é possível

trabalhar as habilidades separadamente dentro de uma visão interacionista que busca a

formação de indivíduos críticos e autônomos.

Outro ponto a ser destacado neste trabalho é o comportamento dos professores

que participaram da aplicação do material didático; conclui-se que existe a necessidade de

uma capacitação constante destes profissionais, independente do grau de formação dos

mesmos, pois todos os que participaram do processo apresentaram uma evolução, que variou

de acordo com as diferenças individuais e a realidade de cada um.

Finalizando, vale destacar a importância do curso do GTR ministrado

virtualmente à distância, que promoveu não somente a capacitação teórica e prática dos

professores, com a aplicação do material didático e elaboração do plano de ação, mas

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também a interação humana e tecnológica dos participantes do grupo, que vivenciaram uma

modalidade de capacitação diferenciada que proporcionou o crescimento pessoal e

profissional dos mesmos.

6. Referências

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MOODLE. In: Cibereduc consultoria e soluções em Educação à Distância EAD. Moodle para professores e equipes de apoio (MOOD – PROF). Disponível em: <http://www.cibereduc.com/_conteudoestatico/Desc_e_Programa_MOODPROF.pdf> Acesso em 16 ago. 2008. MOODLE. In: Glossário – Dicionário Moodle. UNB - Universidade de Brasília. 2008. Disponível em: http://aprender.unb.br/mod/glossary/view.php Acesso em: 30 de Nov. 2008. MÜLLER, Andréas; LOREA, Eduardo. O conteúdo é um detalhe. Revista Amanhã, Conectt Marketing Interativo ed. 228, jan./fev. 2007. Disponível em: <http://amanha.terra.com.br/edicoes/228/especial.asp>. Acesso em: 29 nov. 2007. OFFSET. In: ITAÚ CULTURAL, Enciclopédia de artes visuais, termos e conceitos. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=5086&cd_idioma=28555&cd_item=8>. Acesso em: 16 dez. 2007. OFSSET. In: KINGHOST, Dicionário da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://www.kinghost.com.br/dicionario>. Acesso em: 8 dez. 2007. PARANÁ, Secretaria da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica no Paraná: Língua Estrangeira Moderna. SEED. Curitiba, 2006. RÓTULO. In: ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária: Glossário de identificação sanitária. Disponível em: <http://e-glossario.bvs.br/glossary/public/scripts/php/page_search.php?lang=pt&letter=R> Acesso em: 1 dez. 2007.

SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Os Gêneros escolares: das práticas de linguagem aos objetos de ensino. In: ______. Gêneros orais e escritos na escola. 1. ed. Tradução: Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2004. p. 71-90.

TAURION, Cezar. Etiqueta eletrônica. IBM Business Consulting services, 2004. Disponível em : <http://www.ibm.com/br/services/articles/2004/05/a05m010t08s052004.shtml>. Acesso em: 29 nov. 2007.

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TENNANT, Michael. Super Markets. Pittsburgh, Pennsylvania: LewRockwell.com, 2005. Disponível em: <http://www.lewrockwell.com/orig6/tennant6.html> Acesso em: 29 nov. 2007.

APÊNDICE

FICHA DE AVALIAÇÃO SEQÜÊNCIA DIDÁTICO DE RÓTULOS DE EMBALAGENS EM INGLÊS

UNDERSTANDING FOOD LABELS

Profª. PDE: Evanilde Gimenez Martins

Profª GTR:

Colégio:

Série / Turma:

N.R.E / :Cidade:

CAPACIDADE DE AÇÃO DE LINGUAGEM (contextualização) Exercise A and B: 1. Recursos ( ) transparência ( ) xerox ( ) data show ( ) TV pendrive ( ) outros ......................

2. Interação dos alunos com a temática abordada. ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) fraca

3. Interação entre a professora e alunos ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) fraca 4. Interação entre os alunos ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) fraca 5. Nível de conhecimento dos alunos relativo ao gênero textual dos rótulos de embalagens. ( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) fraco

6. Comentário:

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CAPACIDADE DISCURSIVA (arquitetura do texto) Exercises A, B, C, D, E, 1. Recursos ( ) transparência ( ) xerox ( ) data show ( ) TV pendrive ( ) outros ...................... No caso de ter usado a TV pendrive especifique quais foram as imagens ou slides que você

utilizou.

2. Conhecimento do vocabulário: ( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) fraco 3. Identificação dos elementos textuais que compõem o gênero textual do rótulo ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) fraco

4. Reconhecimento e identificação do tipo de texto utilizado, no caso, argumentativo/persuasivo com o uso de adjetivos, e informativo/ descritivo, através das informações disponibilizadas no rótulo sobre os componentes do produto. ( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) fraco

5. Nível de conscientização dos alunos com relação aos direitos do consumidor. ( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) fraco 6. Comentários: Exercise F 1. Recurso para execução deste exercício ( ) Paraná digital ( ) computadores em rede off line ( ) texto impresso ( ) outros .........................

2. Interação dos alunos no trabalho em grupo ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) fraca

3. Resultado obtido ( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) fraco 4. Como foi o direcionamento e desenvolvimento desta atividade? Houve alguma dificuldade? CAPACIDADE LINGÜÍSTICO-DISCURSIVA (itens estruturais) Exercises A, B, C, D

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1. Compreensão do uso do adjetivo na composição escrita ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) fraca

2. Compreensão da intencionalidade do autor com o uso do item lingüístico do adjetivo. ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) fraca 3. Comente sobre as dificuldades e os acertos demonstrados pelos alunos nesta atividade. PRODUÇÃO FINAL – APLICABILIDADE NO CONTEXTO REAL

Exercises A, B, C, D

1. Qual foi o grau de interesse dos alunos na realização das atividades propostas neste item? ( ) alto ( ) razoável ( ) baixo

2. Houve mudanças no nível de conhecimento e conscientização dos alunos, relativa à análise do gênero textual em questão? ( ) Sim ( ) Não Comente:

3. Houve condições para desenvolver o exercício B? ( ) Sim ( ) Não

4. Como se desenvolveu o seminário? E a feira de ciências? Como foi o trabalho nos grupos? (Responda no caso de ter trabalhado o exercício B)

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Razoável ( ) Regular ( ) Fraco 5. Com relação ao exercício C, os alunos elaboraram o questionário? Foi possível tabular os dados da pesquisa? Comente.

6. Avalie os trabalhos produzidos na elaboração dos rótulos em Inglês. ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Razoável ( ) Regular ( ) Fraco FAÇA UM COMENTÁRIO GERAL SOBRE O PROJETO, O SEU DESENVOLVIMENTO E A SUA VIABILIDADE EM SALA DE AULA, E TAMBÉM, SOBRE AS DIFICULDADES ENCONTRADAS. DÊ A SUA OPINIÃO SOBRE ESTA EXPERIÊNCIA.