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A demência é uma perturbação psicológica que afeta milhões de idosos, estando muitas vezes associadas a doenças como Alzheimer ou a um AVC que destroem as células cerebrais. A demência é a progressiva deterioração da função cognitiva, ou seja, a capacidade de pensar e raciocinar. Os idosos que sofrem de demência podem perder as suas capacidades a ritmos distintos, por isso, é importante conhecer quais os principais sintomas a ter em conta. Perda de memória: fazer as mesmas perguntas mais do que uma vez; colocar objetos num local (por vezes nos sítios mais estranhos) e depois não saber onde estão; não conseguir responder a determinadas questões; não se conseguir lembrar daquilo que fez de manhã ou o que almoçou; não conseguir reter informação nova que lhe é transmitida; faltar a compromissos; esquecer-se dos nomes de familiares e amigos, são apenas algumas das consequências da perda de memória. Alterações de humor: a demência também pode afetar as zonas do cérebro responsáveis pelo controle das emoções, o que pode levar a alterações de humor bruscas e contínuas. Um idoso com demência pode passar de alegre e risonho a triste e chorão em poucos minutos. Alterações de personalidade: o idoso pode mudar repentinamente em termos de personalidade, passando a mostrar medo, ansiedade, incerteza, desconfiança ou paranoia com tudo aquilo que está a acontecer à sua volta. Estas alterações de personalidade no idoso com demência podem ainda levar a comportamentos agressivos e à violência. Sentido de desorientação: um idoso com demência pode revelar-se desorientado relativamente às mais diversas situações – pode não saber em que dia da semana ou mês está; pode perder-se facilmente, mesmo em locais ou rotas familiares; pode não reconhecer pessoas que sempre conheceu.

De Mencia

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A demência é uma perturbação psicológica que afeta milhões de idosos, estando muitas vezes associadas a doenças como Alzheimer ou a um AVC que destroem as células cerebrais. A demência é a progressiva deterioração da função cognitiva, ou seja, a capacidade de pensar e raciocinar. Os idosos que sofrem de demência podem perder as suas capacidades a ritmos distintos, por isso, é importante conhecer quais os principais sintomas a ter em conta.

Perda de memória: fazer as mesmas perguntas mais do que uma vez; colocar objetos num local (por vezes nos sítios mais estranhos) e depois não saber onde estão; não conseguir responder a determinadas questões; não se conseguir lembrar daquilo que fez de manhã ou o que almoçou; não conseguir reter informação nova que lhe é transmitida; faltar a compromissos; esquecer-se dos nomes de familiares e amigos, são apenas algumas das consequências da perda de memória.

Alterações de humor: a demência também pode afetar as zonas do cérebro responsáveis pelo controle das emoções, o que pode levar a alterações de humor bruscas e contínuas. Um idoso com demência pode passar de alegre e risonho a triste e chorão em poucos minutos.

Alterações de personalidade: o idoso pode mudar repentinamente em termos de personalidade, passando a mostrar medo, ansiedade, incerteza, desconfiança ou paranoia com tudo aquilo que está a acontecer à sua volta. Estas alterações de personalidade no idoso com demência podem ainda levar a comportamentos agressivos e à violência.

Sentido de desorientação: um idoso com demência pode revelar-se desorientado relativamente às mais diversas situações – pode não saber em que dia da semana ou mês está; pode perder-se facilmente, mesmo em locais ou rotas familiares; pode não reconhecer pessoas que sempre conheceu.

Dificuldades na comunicação: um idoso com demência pode sentir grandes dificuldades em expressar-se verbalmente (trocando o vocabulário, por exemplo), em ler e até escrever.

Negligência pessoal: a demência pode levar um idoso a negligenciar a sua higiene, alimentação, segurança e até a sua casa e a forma como vive. Nestes casos, poderá ser necessário cuidar do idoso.

Alteração dos padrões de sono: um idoso com sinais de demência pode apresentar alterações nos padrões de sono habituais, ou seja, tende a dormitar várias vezes ao longo do dia e sofrer de insónias à noite.

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Falta de discernimento/raciocínio: se um idoso estiver a sofrer de demência, pode mostrar-se incapaz de fazer certos raciocínios, nomeadamente a nível financeiro. Por outro lado, a falta de discernimento pode passar por algo tão simples como sair sem um guarda-chuva quando está a chover torrencialmente.

Isolamento: um idoso com sinais de demência pode perder o interesse no mundo exterior, tornar-se muito passivo e passar a isolar-se cada vez mais.

Os 25 sintomas da doença de AlzheimerDe todas as pessoas que sofrem de demência, estima-se que 50 a 70% dos indivíduos afetados tenham a doença de Alzheimer. Conheça os 25 sintomas que determinam o aparecimento da doença de Alzheimer e faça o melhor diagnóstico possível para aumentar a qualidade de vida de um doente.

A doença de Alzheimer é um tipo de demência que provoca uma deterioração global, lenta, progressiva e irreversível de diversas funções do conhecimento e revela-se na perda de memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento, entre outras. No entanto, um único sintoma não indica necessariamente que uma pessoa sofra de Alzheimer ou de demência. Por exemplo, existem várias causas para a perda de memória e a falta dela não é sinónimo de doença. Contudo, se à perda de memória, existirem alterações significativas no comportamento e na capacidade funcional da pessoa, isso podem ser sinais claros do surgimento da doença de Alzheimer.

Dos aspetos principais que constituem a doença de Alzheimer, destacam-se os sintomas seguintes:

1. A perda de memória

A maior parte dos doentes com Alzheimer não se consegue lembrar das mais pequenas coisas do dia-a-dia, como por exemplo: o que fizeram no dia anterior, os nomes das pessoas que os rodeiam, o que comeram ao almoço, os animais de estimação que têm, números de telefone e conversas recentes, entre outros. Em todo o caso, a perda de memória pode não ser consistente e o facto de não se lembrar hoje não quer dizer que não o faça amanhã.

2. O estado agitado e o humor alterado

É comum para alguém que sofre de Alzheimer parecer ansioso ou agitado. A agitação resulta geralmente do medo, confusão, pressão ou fadiga que um doente possa estar a sentir. Por outro lado, as mudanças radicais também contribuem para uma enorme agitação e mudança repentina de humor. Independentemente do motivo ou situação, um doente de Alzheimer pode passar de um estado calmo para um estado de raiva sem qualquer motivo aparente.

3. O julgamento debilitado

Uma pessoa que tem a doença de Alzheimer tem tendência a tomar as decisões mais disparatadas e/ou inadequadas perante uma determinada situação. Um exemplo dessa irresponsabilidade está na forma imperfeita de se vestir ou na incapacidade de avaliar por si próprio aquilo que é mais seguro. Por norma, as primeiras mudanças que ocorrem no

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julgamento de uma pessoa estão relacionadas com a gestão das suas finanças e é quando o dinheiro começa a ser gasto de forma inusitada e incorreta.

4. Dificuldade em lidar com o dinheiro

A dificuldade em lidar com o dinheiro é um obstáculo muito difícil de ser ultrapassado para quem sofre de Alzheimer. A incapacidade de pagar contas, de fazer as compras essenciais e administrar um orçamento é um sinal claro de demência psíquica e indica se um indivíduo está ou não na posse de todas as suas faculdades.

5. Dificuldade em realizar tarefas familiares

Uma pessoa que sofre de demência leva mais tempo a concluir as tarefas mais básicas do dia-a-dia que, por hábito, já realizou milhares de vezes. Por exemplo, um cozinheiro experiente pode ter sérias dificuldades em fritar um ovo ou qualquer outro tipo de cozinhado de fácil realização.

6. O problema do planeamento e resolução de problemas

À medida que a demência progride, podem existir maiores dificuldades de concentração. De uma forma mais particular, uma pessoa que sofre de Alzheimer não consegue seguir um plano, tomar a medicação correta ou gerir um orçamento. Por outro lado, a sua capacidade de decisão e resolução de problemas é nula.

7. Trocar o lugar das coisas

Um dos sintomas mais frequentes da doença de Alzheimer está relacionado com a troca sistemática do lugar das coisas. Por exemplo, é muito frequente encontrar as chaves de casa no congelador ou o comando da televisão na gaveta das meias, entre outras situações insólitas. Existe uma tendência para o esquecimento, mas também para deixar as coisas nos locais mais incomuns. É também de registar que é frequente acusarem outra pessoa de esconder ou roubar os seus pertences.

8. A desorientação no tempo e no espaço

A perceção do tempo e do espaço é um dos problemas mais graves que afeta um doente de Alzheimer. É muito fácil ficar perdido na rua, uma vez que não se recorda do local onde vive, não tem a noção das datas, estações do ano e/ou passagem do tempo, entre outras situações temporais e espaciais.

9. A dificuldade em comunicar

As capacidades linguísticas e comunicacionais de uma pessoa com Alzheimer vão diminuindo com o passar do tempo. Uma pessoa pode ter imensas dificuldades em encontrar a palavra certa, chamar as coisas pelos nomes errados, inventar novas palavras, entre outras situações. Esta condição carece de atenção, pois pode conduzir ao isolamento e depressão.

10. Vaguear sem rumo

Infelizmente, cerca de 60% das pessoas com demência têm uma tendência para vaguear sem qualquer tipo de destino. Isso deve-se à inquietação, medo, confusão em relação ao tempo e incapacidade em reconhecer pessoas, familiares, lugares e objetos. Em alguns casos, a pessoa pode sair de casa a meio da noite para satisfazer uma necessidade física, como encontrar uma casa de banho/banheiro ou comida, ou até pode querer ir para casa quando já está efetivamente em casa.

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11. O discurso repetitivo

A repetição frequente de palavras, frases, perguntas ou atividades é uma característica da demência e da doença de Alzheimer. Esse comportamento repetitivo é provocado, por vezes, pela ansiedade, stress, ou para alcançar o conforto, segurança ou familiaridade.

12. As dificuldades visuais e espaciais

As pessoas que sofrem da doença de Alzheimer tendem a ter dificuldades de leitura, em julgar distâncias ou a determinar a cor e/ou contraste de um determinado tipo de material. Em termos de perceção, é comum que uma pessoa se olhe ao espelho e pense que está na companhia de outra pessoa sem se ter apercebido que está diante do seu próprio reflexo.

13. A realização de atividades sem qualquer tipo de propósito

Se detetar que um familiar que está ao seu cuidado realiza todo o tipo de esforços para a realização de uma atividade sem qualquer tipo de objetivo, como por exemplo abrir e fechar uma gaveta várias vezes, isso poderá significar que essa pessoa sofrerá de demência e, consequentemente, de Alzheimer. Apesar de não terem uma finalidade última, esse tipo de comportamentos revela a necessidade que uma pessoa tem em se sentir produtivo ou ocupado.

14. A necessidade de se afastar de todo o tipo de atividades

A doença de Alzheimer pode ser uma doença muito solitária e pode originar uma falta de interesse geral nas mais variadas atividades sociais ou pessoais. É comum que uma pessoa que sofra desta doença deixe de fazer os seus passatempos preferidos, pois não se recorda como os faz nem sequer sente o mesmo prazer.

15. A perda de iniciativa e motivação

A apatia, perda de interesse e de motivação em atividades sociais ou pessoais podem levar uma pessoa à depressão e, consequentemente, ao isolamento. A depressão dificulta muito a tarefa de um doente pois impede-o de articular corretamente os seus sentimentos e faz com que ele não tenha qualquer vontade ou iniciativa própria.

16. O não reconhecimento da família e dos amigos

De uma forma geral, as pessoas que têm Alzheimer esquecem o que aprenderam e quem conheceram e isso faz com que não reconheçam os seus amigos e familiares mais próximos. Num estado avançado e final da doença, as pessoas podem apenas recordar-se dos seus pais e de apenas algumas passagens com eles.

17. A perda das habilidades motoras e do sentido do tato

A demência afeta as capacidades motoras e interfere com o manuseamento de roupas ou todo o tipo de utensílios, como as tesouras ou os garfos. Contudo, a perda das habilidades motoras e do sentido do tato podem estar relacionados com uma doença muito diferente, como a doença de Parkinson. Deve observar esses sintomas e comunicá-los imediatamente ao seu médico de família para um diagnóstico mais detalhado.

18. A dificuldade em se vestir

A forma como um indivíduo se veste diz muito sobre a condição psicológica de uma pessoa. No caso de um doente de Alzheimer é comum ele utilizar a mesma roupa durante vários dias, pois

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esquece-se que a mesma já foi usada. Por outro lado, as dificuldades em apertar ou desabotoar os botões de uma camisa ou de um casaco, assim como realizar o nó de uma gravata são também um enorme handicap devido à perda das habilidades motoras.

19. O desleixo com a aparência e higiene pessoal

Os doentes de Alzheimer têm tendência para serem desleixados com a sua aparência e higiene pessoal, e esquecem-se, na maioria das vezes, de escovar os dentes, cortar as unhas, tomar banho e até utilizar a casa de banho/banheiro para a realização das suas necessidades.

20. Esquecer as refeições principais

A diminuição do apetite e a perda de interesse e prazer pela alimentação faz com que um doente de Alzheimer se esqueça de realizar as refeições principais ao longo do dia. Existe também a hipótese de um indivíduo perder a capacidade de dizer se um alimento ou bebida está quente ou frio demais para comer ou beber. Por vezes, face ao facto de não se lembrarem de como utilizar os talheres, alguns indivíduos chegam a levar a comida à mão até à sua própria boca.

21. O comportamento inadequado

Na fase terminal da doença de Alzheimer, um indivíduo pode revelar um comportamento inadequado e agir de forma atípica em várias situações distintas. Por exemplo, é comum esquecerem-se que são indivíduos casados e começam a fazer avanços sexuais inapropriados com outros parceiros, ou podem tirar a roupa em horários impróprios e em locais invulgares.

22. A capacidade de delirar

Os delírios e a paranoia são comuns nos doentes que sofrem de Alzheimer e alguns chegam a ter a forte convicção ou ilusão de que alguém o está a tentar ferir ou matar. A perda da memória e a confusão são os responsáveis principais pela má interpretação do que um doente vê e ouve.

23. A agressão física e verbal

A demência vai piorando com o tempo e com ela vão-se alterando os comportamentos e é normal que alguém se torne física ou verbalmente mais agressivo. As explosões verbais, gritos, ameaças e empurrões podem ser uma constante e podem surgir do nada. No entanto, é de realçar que a agressão verbal ou física pode estar relacionada com algum desconforto físico, incapacidade de comunicação ou frustração perante uma determinada situação.

24. As dificuldades em dormir

Alguns sintomas como a agitação, ansiedade, desorientação e confusão tendem a piorar à medida que o dia passa e podem continuar durante a noite, fazendo com que existam muitas dificuldades em adormecer e dormir. Essa perturbação do sono pode estar relacionada com as alterações do relógio biológico de uma pessoa e é uma razão comum que leva muitas vezes os familiares a colocar os seus entes queridos num lar de idosos.

25. A imitação ou o comportamento infantil

Os especialistas afirmam que quem sofre da doença de Alzheimer fica completamente dependente de um determinado indivíduo e imita-o de forma infantil, chegando até a segui-lo como uma espécie de “sombra”. Este comportamento surge, muitas vezes, pelo receio em

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encarar a forma confusa como o mundo é percecionado e pela necessidade de ter por perto uma pessoa em quem se confia totalmente.

10 Dicas para lidar com um idoso com perda de memória

A idade avançada e doenças como o Alzheimer podem levar à perda de memória por parte de muitos idosos – algo que pode acontecer de um dia para o outro e que pode deixar quem cuida ou lida com esses idosos, sem saber o que fazer.

1. O passado no presente. A maior parte dos doentes com Alzheimer passa a viver no passado, ou seja, a sua memória de longa duração substitui a memória de curto prazo. Isto significa que, embora possam lembrar-se nitidamente do que aconteceu há 30 anos atrás, não se conseguem recordar daquilo que almoçaram há 2 horas atrás. Como contornar esta situação? Não contornando, ou seja, deve-se aproveitar para conversar com o idoso sempre que ele quiser, sobre aquilo que ele quiser.

2. Curto e simples. Quando comunicar com um idoso que sofre de perda de memória, faça-o com frases curtas e simples, ou seja, de muito fácil compreensão. Utilize um vocabulário direto, evitando expressões e eufemismos que podem apenas confundir o idoso. Para além disso, faça apenas uma pergunta ou solicitação de cada vez.

3. Tempo de resposta. Mesmo com uma comunicação simples, direta e curta, quem vive com a perda de memória necessita de tempo para responder àquilo que lhe foi perguntado ou pedido. Dê ao idoso todo o tempo que precisar para pensar no que lhe foi dito e formular a sua resposta, sem o apressar ou interromper o seu raciocínio. Se vir que pode ser útil, repita o pedido ou a questão.

4. Repetições, repetições, repetições. A comunicação com um idoso com perda de memória vai certamente estar recheada de frases e perguntas repetidas. Embora possa ser frustrante para quem está a ouvir, em vez de dizer “ainda agora acabei de te dizer”, tenha paciência e volte a repetir a resposta ou a pergunta, de preferência igual ou muito parecido com a resposta anterior, para evitar confundir o idoso.

5. Outras formas de comunicação. Infelizmente, a perda de memória pode afetar a comunicação verbal de um idoso, que pode ter dificuldade em expressar os seus pensamentos ou formular frases completas e coerentes – algumas pessoas até deixam de falar. Se a fala representa um obstáculo na comunicação com um idoso com perda de memória, mune-se de outras formas de comunicar: esteja atento à linguagem corporal e às expressões faciais, tanto do idoso como as suas – evite movimentos bruscos e revirar os olhos, por exemplo. Por vezes, apontar para algum objeto pode facilitar a comunicação, por isso, peça ao idoso para fazer o mesmo quando estiver com dificuldades em transmitir alguma ideia.

6. Erros e desentendimentos. Quem sofre de perda de memória nem sempre encontra as palavras certas para comunicar o que pretende, podendo substitui-las por outras que nada têm a ver com o assunto em questão. Esteja sempre muito atento ao

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desenrolar de qualquer conversa, procurando entender, mesmo por meias palavras, aquilo que o idoso está a tentar comunicar. Recorra a outras formas de comunicação – caso da gestual – se for necessário, mas evite chamar a atenção do idoso ou rir-se dele porque utilizou a palavra errada ou trocou o sentido a uma frase. Fazer isso pode levar a sentimentos de frustração, raiva, tristeza, falta de confiança e dignidade. O que importa é o significado daquilo que está a ser dito e não a forma como é dito: focalize-se nisso.

7. Mimos e carinhos. A perda de memória não significa a perda de emoção, por isso, mime o idoso com carinhos especiais. O esquecimento e a dificuldade em comunicar pode frustrar o idoso, levando-o à depressão e ao isolamento, o que significa que precisa, mais do que nunca, do sentimento de pertença e de segurança. Faça-lhe companhia numa das suas atividades preferidas, segure-lhe na mão, faça-lhe uma carícia no rosto ou dê-lhe um abraço forte – são gestos tão ou mais poderosos do que as palavras.

8. Vigilância atenta. Cerca de 60% dos doentes com Alzheimer acabam por se perder, vagueando sem sentido e sem conseguir voltar ao seu ponto de partida, devido à perda de memória. Para evitar situações como esta, assegure que não deixa as portas e/ou janelas da casa abertas; se tem receio que o idoso possa vaguear, não lhe peça para ir buscar o correio ou levar o lixo sozinho; não deixe o idoso conduzir ou andar de transportes públicos sozinho.

9. Personalidade própria. Apesar da perda de memória, o idoso continua, no fundo, a ser a mesma pessoa, com os mesmos gostos. Só porque a sua memória já não é o que era, não significa que não possa desfrutar de atividades e momentos de lazer que sempre apreciou. Você, melhor do que ninguém, conhece essa pessoa, por isso, faça por honrar a sua personalidade: se o idoso gosta de passear, acompanhe-o; se gosta particularmente de determinado programa televisivo, faça questão de ligar a TV na hora da sua emissão.

10. Paciência e disponibilidade. Se cuidar de um idoso já é exigente, lidar de perto com um idoso que sofre de perda de memória pode ser um desafio ainda maior. Depois de uma vida longa e preenchida, a terceira idade, com todos os seus obstáculos, pode ser fonte de depressão e desânimo para muitos idosos, os quais contam com os seus familiares e amigos diretos para os acompanhar nos últimos anos de vida. Esse acompanhamento requer, acima de tudo, disponibilidade e paciência, duas preciosidades para quem luta contra a velhice e as suas vicissitudes. Nunca é demais lembrar que, para conseguir isso com sucesso e saúde, quem cuida de alguém também tem de cuidar de si.

Para cuidar de alguém, há que cuidar de si

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Mesmo que seja um optimista nato, bem-disposto por natureza, tenha saúde para dar e vender, nunca é fácil cuidar de uma pessoa dependente, seja a tempo inteiro ou a tempo parcial. As pressões diárias, o desgaste físico, psicológico e emocional serão inevitáveis se não seguir uma regra extremamente simples: para cuidar bem de alguém, também tem de cuidar bem de si.

Pensamento positivo

Quando tem alguém ao seu cuidado, seja por que motivo for, as responsabilidades e os afazeres parecem triplicar num abrir e fechar de olhos. A preocupação e a ansiedade podem começar a dominar os seus dias mais depressa do que pensa e pode ser repentinamente bombardeada com pensamentos como “não vou conseguir fazer isto”. Cultive a confiança em si mesmo e nas suas capacidades para tratar de alguém com carinho, respeito e paciência. Ser optimista, pelo menos o suficiente para mudar ou levar a vida para a frente, criando patamares elevados de bem-estar para si e para aqueles que o rodeiam, sempre esteve nas nossas mãos. E está nas suas, basta acreditar em si. Cuidar dessa pessoa é apenas uma das suas responsabilidades, apenas uma parte do seu quotidiano, ou seja, tem de poder pensar sobre outros assuntos e fazer outras actividades. Há sempre alguma coisa boa a acontecer nas nossas vidas, por isso, quando tudo parece correr mal concentre-se nisso.

Não se esqueça da sua vida

Vai estar tão envolvida nos cuidados e na atenção que tem de prestar à pessoa dependente que pode muito bem esquecer-se da sua própria existência, para além daquela que a ocupa acordada ou a dormir, 24 horas por dia. Se continua a trabalhar, não descure o seu percurso profissional. Se optou por se dedicar a 100% a essa pessoa, mantenha-se atento às novidades da sua área, leia e faça pesquisa regularmente, inscreva-se uma acção de formação, frequente um seminário ou dois, para não ficar para trás. Nunca deixe de traçar os seus objectivos e projectos pessoais. Nunca deixe de sonhar. Há de chegar o dia em que, pelos mais diversos motivos, vai deixar de cuidar dessa pessoa e, nessa altura, o objectivo não é retomar ou recomeçar a sua vida, mas sim, continuá-la.

Proteja a sua própria saúde

Cuidar de uma pessoa totalmente dependente de si pode ser muito esgotante, daí ser muito frequente o aparecimento de problemas de saúde naqueles que as cuidam. Não vai servir de muito à pessoa que está ao seu cuidado se você andar cansado, em baixo e sem energias, deprimido, triste e ansioso. Com um corpo e uma alma neste estado, vai demorar muito mais tempo a fazer as suas tarefas diárias, terá menos paciência e, provavelmente, vai acabar por “descarregar” as suas frustrações na outra pessoa. Como isso não é remédio para ninguém, os segredos para se manter saudável são aqueles que já conhece de cor e salteado: uma alimentação equilibrada, exercício físico e oito horas de sono todas as noites.

Conheça os limites

O corpo humano avisa logo quando está a trabalhar de mais ou quando o stress está a deixar os nervos à flor da pele, mas há que estar atento aos sinais. Chegou ao limite se começar a gritar ou a chorar com a mais pequena coisa; se sentir que já não se consegue concentrar e que tudo está a fugir ao seu controle; se sentir tensão ou dor muscular, dores de barriga ou de cabeça; se tiver dificuldades em dormir e/ou acordar; se adoecer mais facilmente; se começou a fumar, a beber ou a comer mais do que o habitual. Reduza a velocidade, procure um amigo

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com quem possa falar, peça ajuda, presenteie-se com alguma coisa que goste particularmente. Se mesmo assim não se sentir melhor após alguns dias, procure o seu médico.

Actividades para descomprimir

Fazer uma pausa é fundamental para libertar stress e ansiedade acumuladas, assim como para manter a força necessária para levar a cabo esta sua importante missão. Um dia ou algumas horas só para si basta – o tempo não é importante, mas sim aquilo que faz com ele. Almoce com um amigo ou vá ao cinema. Leia um livro para se abstrair ou escreva num diário para libertar todos os seus anseios, medos e desilusões. Não é o fim do mundo, por isso, não se esqueça de rir! Quando estiver a desfrutar de momentos de convívio com amigos ou familiares – num almoço ou numa festa – tente não monopolizar a conversa com a sua actual situação e as dificuldades diárias inerentes. Se estiver a gozar uma actividade sozinha – como uma bem merecida massagem ou uma revitalizante ida ao ginásio – procure não pensar se a pessoa da qual cuida estará bem ou nas quinhentas coisas que tem de fazer mal chegue a casa. Concentre-se apenas na diversão e no quão relaxado finalmente se sente! Vai ver como consegue!

Ultrapassar os sentimentos de culpa

Vai sentir muitas vezes que não é capaz ou que quer deixar de tomar conta dessa pessoa imediatamente. Pode, inclusive, culpá-la pela situação em que se encontram. Não o faça, porque não é justo, nem para um, nem para o outro. A partir do momento em que assumiu esse compromisso e sabe que está a dar o litro e que melhor é impossível, então a culpa só está a atrapalhar. Daí a importância de encontrar e realizar actividades que lhe permitam descarregar todos esses pensamentos negativos, sem sentimentos de culpa. Até porque a sua vida continua a ser sua, não passou a ser refém da outra pessoa.

Manter uma rede de familiares e amigos de confiança

Para além de estarem presentes nos momentos de desabafo, são as pessoas ideais para lhe darem uma mão sempre que sentir que o seu “prato está a ficar muito cheio”. Quando alguém disser: “posso fazer alguma coisa para ajudar?”, diga que sim! Por mais boa vontade que tenha, não vai conseguir fazer tudo sozinha, nem deve. Ou seja, não tenha receio de dizer que precisa de ajuda, pelo contrário, aproveite cada uma dessas boas vontades e vai ver como depressa tem em casa a roupa que estava na lavandaria ou pode descansar porque o seu carro já foi à revisão. Se preferir resolver os seus próprios assuntos, peça a um amigo que fique em casa com o doente, enquanto sai para fazer tudo aquilo que precisa e que até lhe vai fazer bem. Outra dica que pode ser útil é nomear um membro da família ou alguém do círculo de amigos para ser o “comunicador”. O “comunicador” é a pessoa a quem relata os progressos e recaídas da pessoa dependente ou qualquer novidade ou informação relevante sobre a sua situação, para que essa possa manter os restantes familiares/amigos a par. O que ganha com isso? Não tem de estar constantemente preocupada em ter de ligar para este ou para aquele, nem passar telefonema após telefonema a repetir as mesmas frases. Se delegar algumas das suas responsabilidades, por uma hora ou por um dia, já vai sentir o peso que tem nos ombros um pouco mais leves.

Uma boa dose de amor e paixão

Por vezes, a dedicação e entrega àquela pessoa a que nos propusemos cuidar é tal, que esquecemos aqueles que sempre estiveram igualmente pertos. Não se feche numa caixinha exclusivamente com essa pessoa que, de facto, precisa de si. O importante é não se esquecer

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de quem sempre esteve ao seu lado – marido, mulher, filhos, namorada, namorado. Não perca as relações existentes e não se distancie das pessoas. Namorar um pouco ou passar um serão em família no final de um dia inteiro passado a tratar de outra pessoa pode fazer maravilhas. Deixe que alguém também trate de si. E não se esqueça: às vezes, é preciso receber para poder dar.