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Alguns Poemas de um Velho Pescador Elio Roldan Anderson - 1 - de um Velho Pescador

de um - Recanto das Letrasstatic.recantodasletras.com.br/arquivos/4339550.pdf"Ninguém tira a minha vida. Eu a dou para tornar a tomá-la", e não deu outra. Ressuscitou! Sabe? Um

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Alguns Poemas de um Velho Pescador

Elio Roldan Anderson

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de um

Velho Pescador

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Elio Roldan Anderson

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Alguns Poemas

de um

Velho Pescador

Elio Roldan Anderson

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Elio Roldan Anderson

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Apresentação

Este livro nasceu sem que eu planejasse, pois

comecei a postar meus escritos no site

http://www.lusopoemas.net

e lá descobri um criador de PDF, que gerava uma

apresentação bem interessante.

Aproveitando a aparência agradável daquele material, me

atrevi a apresentá-lo como um livro.

Quase todos os escritos aqui apresentados, encontram-se

também no blog do Velho Pescador.

http://velhopescador.blogspot.com.br

Espero que você goste.

Grande abraço.

Elio

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Elio Roldan Anderson

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Índice

Apresentação 03

Índice 04

O Barulho dos Trovões ao Longe 06

O Barulho dos Trovões ao Longe – II 07

O Barulho dos Trovões ao Longe – III 09

Sublime amor 11

Vida 12

Preito: Ao meu pai 14

O herói 16

Portugal 19

Amar uma mulher 20

Menina, eu te amo 22

Eu prometi 23

A felicidade 24

Não havia lugar 22

Armadura 29

O idoso e seu jardim 31

Esperando o elevador 32

Politicamente correto 34

O guaraná 36

A serenata 37

Sexta-feira 38

Vendedor de mel 39

A roda da carroça caiu 41

O coração 43

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A mente 44

O olhar 45

O sertão chora 48

Pescaria inusitada – Sem mentira 49

Viver de peixes? 51

Pescar 53

O Caminhoneiro 54

Epitáfio 56

A pedra no caminho do poeta 57

Hoje eu não quero escrever 59

Estou em greve 61

O lugar onde vivo 61

Cabral, em 1500 63

Dedo inchado / Nariz quebrado 65

Decisão 67

Minha frô 68

Giselda, a galinha que virou canja 69

Biliscão é um doce bão 71

Um docinho 73

Poetando 75

Namoro de idosos 77

Um doce sonho 79

A elasticidade dos peixes 82

Por favor, doutor 85

Adamastor e Hermenegilda 89

A Lua não se quebrou 95

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O barulho dos trovões, ao longe

O barulho dos trovões, ao longe,

Despertou a minha amada, que dormia.

E, dos doces sonhos que ela tinha,

Acordou para a vida, assustada.

O barulho dos trovões, ao longe,

Fez com que ela empalidecesse...

O medo ardendo em sua mente

E o barulho prosseguia indiferente.

Em um momento, ei-la a gritar

Desesperada, grito de sofrimento

E eu corri, então, a abraçar

Pronto para ouvir o seu lamento

Ao barulho dos trovões, ao longe,

Trouxe-a para junto do coração.

E pude ver quão frágil ela estava.

Com o simples ribombo do trovão.

Abraçou-se a mim, trêmula, abalada.

Contou-me os sonhos que sonhara...

E, o pesadelo que lhe acometeu.

Beijou-me, então, a minha amada,

E, pelo barulho da chuva, embalada.

Acalmou-se, abraçou-me, adormeceu.

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O barulho dos trovões, ao longe II

O barulho dos trovões, ao longe

Acordou aquela mãe, que assustada,

Dobrou os seus joelhos, junto ao leito

E orou pelo filho amado: Onde estava?

Desde que se envolvera com o vício

Já não era meigo, amigo, orientado.

Aparecia, às vezes, lá no pátio,

Abatido, mentindo, esfomeado.

Ah, as amizades ajudaram

A levá-lo ao caminho quase sem volta...

Deixou de ser o homem de futuro

Tornou-se joão-ninguém, pedindo às portas.

Cracolândia! Será que lá estaria,

Em algum canto sujo, esparramado?

Estaria cometendo alguns crimes,

Para conseguir o dinheiro desejado?

E aqui, de joelhos, a mãe ora

Pedindo de Deus, pelo filho: “Misericórdia!

Não deixe que o pior lhe aconteça,

Não deixe que no vício ele pereça”.

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Ele é tão bom, tão meigo e amado...

Está apenas perdido, dependente

De uma pedra pra fumar... Vive drogado.

Já nem sabe que ainda é jovem, que é gente.

Se tu podes... Me perdoe, eu sei que podes...

Tira-o agora, inda agora, neste instante,

Dos horrores do vício que o domina,

Livra-o das mãos dos traficantes.

Traze-o de volta à casa, ao meu seio,

Ao lar, que sem querer, abandonou.

E eu o receberei com meu carinho,

O ajudarei a vencer, com meu amor.

E quando, de novo, ouvir soar

Ao longe, o barulho do trovão.

Hinos de louvor irei cantar

Dar graças, pela tua salvação."

NOTA DO AUTOR

VOCÊ CONSEGUE CALCULAR O DESESPERO DE UMA MÃE, OU ESPOSA, QUE SABE QUE O

SEU AMADO ESTÁ JOGADO PELAS RUAS?

TENHO VISTO COM FREQUÊNCIA VICIADOS, INCLUSIVE DO CRAQUE, SE LIBERTAREM DA

DEPENDÊNCIA, VOLTAREM AO CONVÍVIO DAS FAMÍLIAS, AO TRABALHO, RETOMAREM O

INTERESSE PELA VIDA.

QUER SABER MAIS A RESPEITO?

VISITE: http://esquadraovida.com.br

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O barulho dos trovões ao longe III

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

O barulho dos trovões, ao longe

E a chuva que caia lá fora,

Trouxeram-me, novamente, à memória,

A vida que levava, e não me foge.

Lembrei-me do almoço aos domingos

Mamãe, papai, irmãos, todos à mesa

Várias visitas, todos eram bem-vindos.

Uma família, bem feliz, tenha a certeza

Mamãe, ao fogão, era uma artista

Criando formas, aromas e sabores,

Cozidos, assados, mil quitutes.

Deliciosos, que enchiam nossa vista

Após a refeição, inda à mesa,

Papai, ao bandolim, tocava hinos

Que juntos cantávamos, alegres...

Assim era o almoço, aos domingos.

Depois, nos levantávamos, devagar,

E para a sombra, papai nos convidava.

Idéias, opiniões, compartilhar...

Assim a nossa tarde se passava.

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Elio Roldan Anderson

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Irmãos maravilhosos, sempre juntos,

Tudo era motivo para brincar...

Um ao outro, chamando por apelidos

Que nos uniam, ao invés de afastar.

Momentos de ternura, inesquecíveis,

Eu não sabia, não podia imaginar

Que eu, por motivos tão incríveis

Um dia abandonaria aquele lar (*)

Andei fugindo, me afastei, na juventude;

Perdido nos meandros do alcoolismo...

Magoei a todos que me amavam...

Eu hoje me arrependo... Como pude?

Andei tão longe, imerso em mim mesmo.

Sem ter ninguém me esperando, onde ir?

Pensei que a morte fosse a única saída,

E que fugir da vida fosse o termo.

Nesse tempo eu só pensava na morte,

A depressão calara muito fundo em mim.

Jesus mudou para melhor a minha sorte.

Fez um milagre! Recuperou-me, eis me aqui

A CONTINUAÇÃO DESTA HISTÓRIA VOCÊ PODE LER NA BIOGRAFIA EM

http://elio.anderson.pro.br/

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Elio Roldan Anderson

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Sublime amor

Os meus olhos choram sem querer

Quando sentem tua presença maravilhosa

E eu, mesmo morto, volto a viver

Através da tua palavra, poderosa.

Sonhos renascem, tenho um novo recomeço

Vejo as belezas de tudo que criaste

Oh, não permitas, jamais, que eu me afaste

De tua presença, benfazeja, eu te peço

É grande o amor que me vai, aqui no peito,

É grande o amor que vem de ti, e me refaz

Eu decidi, vou viver sempre do teu jeito

Eu vou viver, e espalhar a tua Paz

Que minha vida, ao teu nome, seja um preito

Até a morte, pois a vida é fugaz

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Vida

Derreado pelo tempo de labuta

Afadigo-me ainda, por um tempo.

Não sei por que ainda me apoquento

se um dia, talvez breve, acaba a luta.

Se o Senhor me chama, eis-me, pronto

Mesmo com a tarefa incompleta.

Quanto tempo eu gastei, como um tonto

Ao invés de cumprir a minha meta.

Agora, ainda é dia, vou falar

Da salvação em Cristo, o meu Senhor

Hinos de louvor eu vou cantar

Contar do Evangelho de amor.

Falar de alguém que um dia, numa cruz

Mesmo sendo Deus, se entregou

E ali, no meu lugar, o bom Jesus

A sua grande obra completou.

Eu sei, sou salvo, com certeza.

Não vivo mais eu para o pecado.

Jesus Cristo mudou minha natureza

Pelo Espírito Santo fui selado

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Agora, é viver em alegria,

Vivendo a cada dia, sem temor.

Pregar o Evangelho, enquanto é dia.

Ansiando pela volta do Senhor.

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Preito: Ao meu pai

Pai

Obrigado por ter-me dado a vida,

Por ter trazido o sustento.

Mesmo com tantas dificuldades,

Nunca nos faltou o pão,

Obrigado por ter me dado um nome honrado.

Mesmo com tantas lutas,

você sempre nos ensinou não desistir,

para não desonrar esse nome.

Pai

Obrigado, porque quando eu comecei a crescer,

a me sentir grande, quero dizer,

E achava que você não sabia nada,

Você, homem sábio, continuou me amando,

Cuidando e orando por mim,

E me dando o exemplo de vida.

Pai!

Eu sei que você já errou

(pois você é homem, e, que homem não erra?).

e eu te perdoei os erros, porque te amo,

como você sempre me perdoou, porque me amava!

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Pai!

Hoje você não está mais conosco, pois

a morte nos separou,

mas você continua existindo em mim,

Através das boas coisas que me ensinou,

Através da melhor herança que nos deixou:

- O amor uns pelos outros.

Papai!

Você é um sujeito muito importante, sabia?

Teus netos, que não chegaram a te ver,

sabem o herói que você foi,

e o teu nome continua sendo honrado,

em nós e através de nós,

e vai seguir assim pelas gerações.

E assim,

Continuo te amando,

E sou grato por ser teu filho

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O Herói

Me perguntaram:

Qual o maior herói de todos os tempos?

Pensei um pouco, e respondi assim:

Durante um tempo, eu achava que o meu pai era

um super-heroi.

Grandão, fortão, sabidão...

Mas, eu fui crescendo, e descobrindo outros heróis,

pois o meu pai já não era tão grandão ou fortão.

Ele ainda era o sabidão, mas só isso.

Depois eu fui ficando malandro,

e comecei a achar que meu pai era um babaca.

Achava que o sabido era eu.

Super-herói fortão mesmo, era o Superman.

Passei um montão de problemas, me perdi pela

vida, esqueci esse negócio de herói, mas,

quando meu pai estava velhinho,

comecei a ver que ele era mesmo grandão,

pois conseguiu passar por cima

das montanhas de problemas.

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Elio Roldan Anderson

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E ele era fortão, também,

pois havia encarado inimigos ferozes,

como um mau-patrão, dificuldades financeiras,

e, sempre trouxe as sacolas cheias de comida boa

para casa.

E o meu pai era o maior sabidão.

Sabia de tudo, tinha muita sabedoria.

Quando eu chegava para conversar com ele,

ele estava calmo, tranquilo,

e dava cada conselho jóia,

que só os pais idosos conseguem dar.

Taí.

Ele acabou vencendo o Superman.

Ganhou em tudo.

Nem kriptonita acabava com o "meu velho".

Só a morte o venceu!

Ela conseguiu tirar ele de perto de nós,

mas, na lembrança ele ainda permanece!

Depois eu descobri um herói,

muito mais poderoso, em todos os sentidos.

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Elio Roldan Anderson

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Um que sabe todas as coisas,

Ele é grandão, fortão...

E ninguém pode com ele

Nem a morte!

E ele não é metido, é humilde.

O nome dele?

Jesus Cristo.

Imagine você que um dia o mataram,

mas, antes, ele tinha dito:

"Ninguém tira a minha vida.

Eu a dou para tornar a tomá-la",

e não deu outra.

Ressuscitou!

Sabe? Um dia eu vou viver lá com ele,

numa casa jóia que ele está fazendo para mim.

Ele prometeu isso, e sei que é fiel para cumprir!

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Portugal

Ah, como é grande a vontade

De visitar Portugal,

Terra amada,

Encantada,

Ideal.

De lá nos vieram valores

De um povo tão gentil.

Impávido

Culto,

Varonil

Some-se a isso a história

Do seu passado de glória

Heroismo

Erudição

Vitória!

E ainda temos o que aprender

Com a personalidade e firmeza

Constância

Persistencia

Fortaleza!

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Amar uma mulher

Amar uma mulher, uma só mulher,

Não é para um homem qualquer,

mas é para um homem de verdade.

Não é se apaixonar, é mais que isso,

É saber se dar, e recebê-la.

É compreender, mesmo não entendendo,

É apoiar, é ser cúmplice.

É locupletá-la e locupletar-se

É interagir, e se doar

É vê-la sofrer porque lhe falta um par de sapatos

que combine com aquela blusa, ou bolsa,

Com que nenhum dos quatrocentos

outros pares combina...

É vê-la, ao vestir-se, trocar dezenove vezes a roupa

para ver qual cai melhor, e saber dizer-lhe, com

carinho e seriedade, que aquela última está perfeita,

É sorrir, satisfeito, mesmo insatisfeito, com o

enorme atraso.

É responder com outro assunto, diante da pergunta:

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“Você acha que estou gorda?”, e, honestamente,

reafirmar a sua beleza.

É ceder a prioridade no banho e banheiro,

É ceder a prioridade no carro,

É usar aquela roupa que você não gosta, mas ela

sim.

É ficar alerta às suas idas ao cabeleireiro, e,

Mesmo que ela mantenha o corte e cor,

dizer-lhe como ela está linda!

Elogiar o seu cabelo, o penteado

É levantar-se a cada manhã,

Decidido a ser feliz e fazê-la feliz naquele dia.

Amar uma mulher é, sobretudo,

amar-se a si próprio, pois,

infeliz é o homem

que não sabe amar uma mulher!

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Elio Roldan Anderson

- 22 -

Menina, eu te amo!

Falando, ou andando,

ou parado, ou calado,

estou sempre pensando,

estou sempre lembrando

que estás sempre ao meu lado.

E assim, vou vivendo a felicidade

de saber que te tenho!

Por saber que te tenho,

para sempre, ao meu lado

já não me preocupo,

já não me entristeço,

pois eu sei que te tenho!

Se estás sempre ao meu lado,

e eu, ao teu lado,

seremos felizes

E, andando,

ou falando,

ou parado,

(até mesmo calado !)

estou sempre dizendo:

Menina, eu te amo !

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- 23 -

Eu prometi?

Você diz que eu prometi voltar, mas...

voltar para quem?

voltar para onde?

voltar para quê?

Já não existe mais a menina,

de olhos brilhantes e lábios carnudos,

tão meiga, sincera, amável...

A casa também já não existe.

Ali, agora, passa uma avenida,

tão larga,

tão movimentada,

tão feia...

E o motivo acabou!

Hoje, você me olha tão fria...

talvez nem se lembre que um dia

me prometeu tanto amor.

Eu prometi, é verdade, mas

Voltar pra onde?

eu ainda existo,

mas onde está ela?

Como eu posso cumprir?

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- 24 -

A felicidade

Me perguntaram: Onde está a felicidade?

E eu respondi:

A felicidade está aqui,

E no meu local de trabalho.

Está onde eu vou passear,

E está no lugar onde eu oro.

Está naquilo que olho,

e está naquilo que penso

Ela está em minha mente,

e em minha mão, que ajuda ao próximo

E ela está no meu peito, batendo forte,

E alegrando o meu coração.

Ela está nos detalhes pequenos

Como no papel em que escrevo,

Na mesa em que me alimento

Até nas ruas por onde passo

No sorriso de minha amada,

E no rosto do meu filho,

E na vida do meu irmão

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- 25 -

Felicidade é uma escolha,

uma opção!

Mas ela também está

Na cura do meu inimigo

Que vai se tornar meu amigo,

E que vai se tornar meu irmão,

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Elio Roldan Anderson

- 26 -

Não havia lugar!

Não havia lugar para ele naquela noite, em Belém

E não há lugar inda hoje em muitas vidas, também

Alguma vaga em pousada, ou alguma hospedaria?

Em Belém José procurava um bom lugar para Maria

“Estamos lotados, sentimos! Procure em outro lugar,

há, talvez, alguma família que os possa alojar”

José, penalizado, olhava a sua bela Maria

O único lugar que encontrara era uma estrebaria...

Recolheu-a ali, com amor pois ele mesmo sabia

Que nasceria o filho ainda naquele dia

O lugar ele arrumou, limpou o melhor que podia!

Um leito de palha formou para sua amada Maria

Logo o bebê nasceu... E era um lindo menino,

Que logo adormeceu embalado por um hino

Que os anjos cantavam, nos céus, e na terra, com

muita euforia

“Hoje nasceu o Salvador que consta das profecias”

Era o Senhor de tudo, mas luxo nenhum queria

E nasceu de uma virgem em uma mera estrebaria

Cresceu, e em todo o tempo om ótimo filho seria

Aprendeu a profissão em uma carpintaria

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Elio Roldan Anderson

- 27 -

Um dia, aos doze anos estando em Jerusalém

Conversava com os doutores, pois era um Doutor,

também

Todos ali estranhavam a sua sabedoria

Quem era aquele menino? De onde será que viria?

Onde aprendera as leis e aquela aplicação?

(Ele era Mestre nas leis e o autor da Salvação!)

Adulto, um homem sábio! Aos trinta anos, no Jordão

O Mestre foi batizado, Recebendo a confirmação

João Batista, o profeta, batizava no Jordão

E, ao ver Jesus chegar inclinou-se até o chão

“Tu és maior do que eu, ou que qualquer predicado.

Tu és o Cordeiro de Deus que nos livra dos pecados!”

“Tu vens a mim...

Quem sou eu para tirar os teus sapatos?

Tu és o Cordeiro de Deus Que nos livra dos pecados!”

Obedecendo, batizou-, então ouvi-se Deus a dizer

Este é o Meu Filho amado E nele eu tenho prazer!

Ao deserto ele foi levado, em jejum, por quarenta dias

O diabo veio tentá-lo pensando que o venceria.

Jesus logo o derrotou, fê-lo sair envergonhado

Pois o prometido Messias estava bem preparado

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Alguns Poemas de um Velho Pescador

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Começou a fazer milagres, a curar, a ressuscitar

Multiplicar pães e peixes, e muita gente salvar

Durante três anos e meio entre nós ele viveu

E ao final de tudo isso, sua vida ele deu

Morreu numa cruz infame para trazer-nos perdão

E com o seu próprio sangue proporcionou salvação

Ele era a luz do mundo, que veio para salvar

Porém será como Juiz que um dia irá voltar

O Natal foi só um dia, dentro da eternidade

Porém foi a morte na cruz que nos trouxe a liberdade.

Hoje, não resista, não! quando à porta ele bater

Para te dar salvação e muito feliz te fazer.

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Alguns Poemas de um Velho Pescador

Elio Roldan Anderson

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Armadura

Eu vou usar uma armadura e jamais serei vencido

Pois sei onde buscar força, onde ser fortalecido

Sofrer à toa, para que? Estragar a minha vida?

Eu já sei o que passei quando passei da medida!

Vou usar o cinto da verdade, para a calça não cair

Eu escolhi nunca mentir, ter a minha identidade

Eu não passarei a vergonha de ver alguém rir de mim

A mentira tem pernas curtas, isso todo o mundo sabe

Vou buscar em todo o tempo, ser sábio, agir com

justiça

Que, sempre, como couraça, me livrará da malícia

Os maldosos e faladores não poderão me acusar

Se eu for verdadeiro e justo, protegido vou estar

Vou andar firme e feliz, falando só o que é bom

Entre tantas notícias ruins espalhadas pelo vento

Há saída para todos, direi em alto e bom som

Só depende da escolha, mundo de paz ou turbulento?

Viverei tranquilamente, conhecendo a Verdade,

Sabendo que no final só terei felicidade

Mesmo que alguém me acuse, ou tente me derrotar

A certeza é um escudo, para que me preocupar?

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Alguns Poemas de um Velho Pescador

Elio Roldan Anderson

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A mentira cairá por terra, cadê meu acusador?

Se eu sei, e vivo, o bem, sempre serei vencedor

Minha mente estará em paz, na presença do meu Deus

Nenhum mal vai me afastar de todos os projetos seus

Quando alguém me atacar, terei como me defender

Pois conheço bem a Lei, e não tenho o que temer

Vou levar a vida a sério, e farei o que é melhor

Orando em todo o tempo, e nunca temer o pior.

Inspirado na carta de Paulo aos Efésios 6.10-18

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Elio Roldan Anderson

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O idoso e seu jardim

Naquela casa da esquina há um bem cuidado jardim

que está sempre florido, encanta o olhar de quem vê

Há flores bonitas, ali! Rosas, jacintos, jasmins

Com a beleza e o perfume que me fazem lembrar de

você!

Aquele é o meu caminho, sempre paro para olhar

O trabalho caprichoso daquele idoso educado

Que sempre vem para me cumprimentar

Porém, me parece triste, quase como abandonado...

Será que ninguém tem cuidado daquele senhor

educado?

Eu sempre me pego a pensar.

São tantas famílias assim, que tem o idoso no lar

E os mantém solitário, por falta de conversar

Essas pessoas se esquecem, que um dia, mal ou bem,

Vão seguir o seu destino... Serão idosos também

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Elio Roldan Anderson

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Esperando o elevador

Eu estava sentado num banco quadrado,

fixado ao lado do elevador

Chegou a menina de perna fininha, ainda criança,

e o botão apertou

Enquanto esperava,

com sua afinada voz infantil, a menina cantou

Um homem bem alto chegou por ali,

e se pôs a cantar com voz de tenor.

E o povo parava para ver e ouvir,

a música linda que se cantava ali

E logo outro mais, mais outro a cantar,

e mais povo chegava para participar

E, ora eu ouvia, ora eu cantava,

era um coro de anjos aquilo que vi

E sentado no banco, aplaudia aquilo,

e, muito feliz, ajudava a cantar.

O elevador chegou, e a menina partiu,

porém quem a viu se emocionou

E o homem bem alto, com voz de tenor,

naquele momento se retirou

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Elio Roldan Anderson

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E o povo ficou por ali a sorrir,

todos felizes, cheios de emoção

Eu agradeci por aqueles momentos,

foi um refrigério pro meu coração.

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Elio Roldan Anderson

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Politicamente correto? Atenção, atenção, poetas

Vamos mudar os poemas

Porque, nós iremos, apenas

Escrever o que querem de nós

Jamais derrubar as pétalas

Das flores, e o que é pior

Devemos frisar os espinhos

Como se fossem o melhor

Politicamente correto

É o que exigem de nós

Escrever só o que querem

Seremos poetas sem voz

A loucura dessa gente

Que inverte os valores

E cala o vate, indiferente

Proíbe de citar as dores

Não falem de casamento,

De romance ou namorados

O amor está proibido

Há quem se sinta ofendido

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Elio Roldan Anderson

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Serão só mal-educados?

Querem proibir o bem

Cercear a liberdade

Criticam o que eu escrevo

Me acusam de preconceito

Me querem amordaçado?

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Elio Roldan Anderson

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O Guaraná

O que será essa fruta

Que deixa o sujeito animado,

Que mesmo estando cansado,

O homem não quer dormir?

Chama a patroa para perto

Dá-lhe um abraço gostoso.

Pois ele ficou muito esperto

E se sente vigoroso

Inda agora estava cansado

Se sentia derreado

e nem conseguia andar

Quando apeou do barco,

voltando da pescaria,

Estava deveras cansado,

já nem conseguia remar

A patroa deu-lhe, num copo,

um pó preto bem ralado

com a água, misturado,

era o pó do guaraná.

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Elio Roldan Anderson

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A serenata

A moça bonita escutava

Por detrás de sua janela

Uma linda serenata

Queria que fosse pra ela

Estava preocupada

(pois não se achava tão bela)

E a serenata seguia

Do outro lado da janela

A madrugada avançava

Seu coração disparava

E a bela moça sonhava

Por detrás de sua janela.

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Elio Roldan Anderson

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Sexta feira

No calendário, à minha frente,

quem olha nunca se engana...

Eu pintei a sexta-feira

como início do fim de semana.

Talvez pesca, talvez festa,

Só vai depender do clima.

Seja lá o que vier,

Segunda feira, estou por cima.

Sábado e Domingo, descanso...

Passeio com a família,

Igreja, eu sirvo ao Senhor,

E depois, volto à lida.

Semana que vem, começa

com trabalho bom e feliz,

Logo, outra sexta-feira

para compensar o que fiz.

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Elio Roldan Anderson

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Vendedor de mel

Você quer comprar mel meu senhor?

Mel é um ótimo remédio,

Que limpa os seus pulmões

Da fumaça do cigarro

Compre um pote de mel, professor

O mel é um ótimo remédio,

que livra tua garganta

dessa pigarra terrível

Compre mel, meu amiguinho

O mel é um ótimo alimento

Que completa a cota de alimentos

que o teu organismo precisa

Compre mel, minha amiguinha

O Mel é um alimento gostoso,

Bem melhor que um pirulito,

E serve para adoçar a vida

Compre um pote de mel, linda jovem

Ele é um alimento forte

Trazido pelas abelhas

Das flores do teu jardim

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Elio Roldan Anderson

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Tua pele vai ficar mais bonita

O teu hálito, perfumado

Os teus olhos, mais brilhantes...

... Hmmmm...

... Compre o mel, e vem para mim!

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Elio Roldan Anderson

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A roda da carroça (HISTORINHA BOBA!)

A roda da carroça caiu!

A carroça quase tombou

O cavalo se assustou

O carroceiro xingou,

Quando a roda caiu.

Estava perto do rio

Quando a carroça travou.

O leite se estragou

E o carroceiro se irritou

Porque a roda caiu

Ele ia pelo relvado

A caminho do mercado

Distraído, despreocupado.

Não lubrificou o eixo

E agora se sente um coitado

Brigou com sua mulher,

E também com seu cãozinho,

Brigou até com o afilhado

Seu filho saiu de fininho

Com medo de ser apanhado

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Elio Roldan Anderson

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Porém, só ele não viu

Que, se aquela roda caiu,

Foi por falta de cuidado

Tudo isso ele aprontou

Tanta gente magoou,

O carroceiro estressado.

Ele não tinha razão,

Arrumou a confusão

Jogou toda a gente nisso

O problema era só seu

Porque ele se esqueceu

De fazer, e bem, seu serviço.

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Elio Roldan Anderson

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O coração

Como está o teu coração?

Cheio de paz ou sofrendo?

O ódio nele está ardendo?

Cuida do teu coração!

Encha-o de boas coisas...

De esperança, de alegria,

De projetos para um dia

Fazer aquilo que é bom

Mantenha-o limpo, por que

É o que vai aparecer

Quando olharem para você

A depressão? Mande embora!

E também a infelicidade.

Não permita que a maldade

Venha morar em você

Se ele estiver cheinho de amor

Com um pouco de saudades

Sei que a felicidade

Fará morada em você

“SOBRE TUDO O QUE SE DEVE GUARDAR, GUARDA O TEU CORAÇÃO, PORQUE DELE

PROCEDEM AS FONTES DA VIDA.“ PROVÉRBIOS 4:23

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Elio Roldan Anderson

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A Mente

Como está a tua mente?

Está limpa, ou poluída?

Com que você a ocupa?

Com coisas de morte ou de vida?

Depende do que você olha,

Depende do que você lê

E daquilo que você pensa,

Quem ganha, ou perde, é você

Pense somente o que é bom

Use melhor o teu tempo

Não jogue fora teus dons

Não jogue o que é bom ao vento

Honra tua mãe e teu pai,

Respeite a família, os amigos

Dedique-se ao teu trabalho

E tudo irá bem contigo

Ame a Deus sobre todas as coisas,

E ao próximo, como a ti mesmo.

Tenha um alvo para tua vida

Não fiques andando a esmo

E NÃO SEDE CONFORMADOS COM ESTE MUNDO, MAS SEDE TRANSFORMADOS PELA

RENOVAÇÃO DO VOSSO ENTENDIMENTO, PARA QUE EXPERIMENTEIS QUAL SEJA A

BOA, AGRADÁVEL, E PERFEITA VONTADE DE DEUS. ROMANOS 12:2

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Elio Roldan Anderson

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O olhar

Com que olhos você me olha?

Explica-me, quero saber,

Quero tentar aprender a reconhecer teu olhar

Olhos de bem, ou de mal?

De críticas, ou de apoio?

Só depende do teu olho,

e de como prefere enxergar

Se me olhas com carinho, um olhar de amizade,

Da minha felicidade você vai compartilhar

Se, porém, o olhar é duro, encontrarás mil defeitos,

em mim, e esse meu jeito, você não vai entender

Com que olhos você me olha?

Como quer me enxergar?

Basta olhar, e já fui julgado, ou posso me defender?

E, que tal pesar as palavras versus minha atitude?

Qual delas fala mais alto?

Qual delas você vai pesar?

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Elio Roldan Anderson

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Mas, convivendo comigo, você muda o julgamento,

Pois não é só no momento, que vamos nos conhecer

Você será meu amigo, depende do teu olhar.

Só um olhar sem maldade é que me julga direito

Há gente vivendo enganado, por ter os olhos

malvados

E só olham para o outro buscando achar um defeito.

Quem julga assim é infeliz, não pode viver em paz

Pois a vitória do próximo consegue lhe machucar

Eu procuro olhar com amor,

buscando as qualidades,

Para não julgar, na verdade,

eu olho buscando amar

Amar nem sempre é fácil,

em se tratando de gente

Pois, mesmo sendo diferente,

nós somos muito iguais

Todos temos qualidades, e também muitos defeitos,

Sem contar os preconceitos que nos levam a julgar

Precisamos reaprender, vamos treinar nosso olhar,

Assim vamos exercer o amor que nos vai no peito

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Elio Roldan Anderson

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Não julgue ao próximo, ame-o, isso é parte da vida

Não pelo que ele merece, mas porque ele precisa.

A vida é como um espelho, reflete o que eu fizer

O bem ou o mal que eu faço, é o que eu vou receber

Olhe ao próximo com amor, como Jesus ensinou

pois ele também tem valor aos olhos do nosso

Senhor.

“A CANDEIA DO CORPO É O OLHO. SENDO, POIS, O TEU OLHO SIMPLES, TAMBÉM

TODO O TEU CORPO SERÁ LUMINOSO; MAS, SE FOR MAU, TAMBÉM O TEU CORPO

SERÁ TENEBROSO” LUCAS 11:34

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Elio Roldan Anderson

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O sertão chora

O sertão chora sem lágrimas, como já disse o poeta

E o povo, que tanto reza, ainda não recebeu chuva

O gado está morrendo, como a lavoura morreu

Seco, estorricado, tudo porque não choveu

O sol constante, inclemente,

Derrete a esperança da gente

Que vive no nosso sertão

A chuva, faz tanto tempo!

Ficou de vir, e não veio

Resolver a situação

Deus não ouviu? Eu duvido

Ele, sempre, ouve os seus

Porém, esse povo sofrido

Que anda muito iludido,

É que não quer ouvir Deus

Rezam para um e para outro

Lá, na caatinga, são tantos

Santos e santas de pau oco

E agora está um sufoco,

O sofrimento é muito

Mas a chuva, nem um pouco.

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Elio Roldan Anderson

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Pescaria inusitada SEM MENTIRA!

Logo de madrugada, com o dia ainda escuro

Comecei minha jornada rumo ao rio, para pescar

Tão logo peguei a estrada, com o equipamento todo

O céu, quase sem nuvens, começou a clarear

Raios de sol surgiam com uma beleza sem par

Uma ou outra nuvem brilhava, a manhã a anunciar

Logo, muitos passarinhos começavam a cantar

Outras aves iam surgindo no céu a esvoaçar

Nas baixadas, uma leve bruma, de longe eu

percebia

Mas, ao chegar perto, interessante, a bruma

desaparecia

O sol despontou no horizonte, vermelho ele se

mostrava

Mas, à medida em que subia, a sua cor amarelava

Chegando à beira do rio, preparei o acampamento

Organizei minha tralha, tudo em um breve momento

Anzóis iscados na água, uma ceva generosa

Fiquei esperando os peixes, expectativa gostosa.

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Elio Roldan Anderson

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Logo, um curimbatá, de dois quilos, com certeza,

Foi fisgado, lutou bastante, aproveitando a

correnteza

Mas eu venci aquela luta, e o peixe logo peguei

Tirei-o da água então, e no meu covo o coloquei

Depois, as piaparas, começaram a beliscar

Uma ou outra eu fisgava, alguma conseguiu escapar

Piaus, piauçus, piranhas, lambaris e sagüirus

Pintados, piraputangas, dourados, cacharas, pacus

Tantos peixes diferentes, eu fisguei naquele dia

Peixes pequenos e grandes, fizeram a minha alegria

Porém, às sete horas, eu fiquei muito tristonho

Descobri que a pescaria não passara de um sonho.

Fiquei tão injuriado que briguei com minha filha

Que pegara o despertador e lhe tirara as pilhas

Agora já era tarde para pensar em pescar

Então, deitei-me de novo, e continuei a sonhar

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Elio Roldan Anderson

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Viver de peixes?

Se fosse viver de peixes, eu seria um bom pescador

Mas peixe é só diversão, pois eu sou um amador.

Trabalho para ganhar a vida,

Nem sempre é fácil a lida, mas...

Do meu trabalho dou conta.

Há gente que, talvez, pense que eu tenho obrigação

De voltar da pescaria, sempre lhe trazendo um

peixão

E mais peixes, para lhes dar, após cada pescaria.

Querem peixes, de montão.

Vejam que idéia tonta!

Escolho os melhores peixes,

os pequenos eu solto na hora

Separo dois dos maiores,

e com estes eu venho embora.

Peixarias? Há diversas...

Eles que comprem os peixes

Se querem a comida pronta.

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Elio Roldan Anderson

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Eu protejo a natureza,

pescando dessa maneira.

Pescando assim me divirto,

é a melhor brincadeira.

Me disponho a ajudar,

até ensino a pescar

Não receba como afronta

Dar aulas de pescaria?

Quem sou eu dona Maria?

Quando quero comer peixes,

os compro na peixaria!

Para pescar, compre um caniço,

com linha, anzol e bóia,

Tenha sempre a tralha pronta!

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Elio Roldan Anderson

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Pescar

Quando me ponho a pensar,

logo penso em pescar.

Mas é bom ficar pescando

pois, enquanto pesco,

é melhor para pensar

Sentir o peixe pegando,

sentí-lo comendo a isca...

É um prazer maravilhoso,

Sei que não há quem resista.

No final do dia, cansado,

com vários peixes no covo,

já estou desestressado,

pronto pro trabalho, de novo.

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Elio Roldan Anderson

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O caminhoneiro

Nesta longa estrada da vida,

Com seu caminhão, com excesso de carga,

Detona o asfalto, foge de assaltos,

E vai destruindo nossas estradas

Evitando pedágios, pagando os pecados.

Pagando impostos, o quê vai fazer?

O frete pequeno, tantas despesas

Cadê dinheiro para abastecer?

Se furar um pneu, adeus sustento...

Os pneus novos tem que financiar

E o caminhoneiro, tão destemido

Ainda insiste em trabalhar.

Chegando em casa, depois dessa lida

Viagem longa, que não rendeu nada.

Matar saudades de sua esposa querida

E sair à procura de uma nova carga

O filho cresceu, e ele nem viu

Quando é que foi que o filho cresceu?

Tão entretido com os fretes e a vida

Ele estava na estrada, não percebeu

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Elio Roldan Anderson

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O caminhão desgastado, ele envelhecido

O sonho que tinha já foi esquecido

Chegada a hora de se aposentar

E pra estrada querida nunca mais voltar

O coração está machucado

Agora não sabe mais o que fazer

O seu caminhão, sempre bem cuidado,

Ele, aposentado, teve que vender

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Elio Roldan Anderson

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Epitáfio

Escrevi este Epitáfio quando morreu o cãozinho de

um amigo, há alguns anos,

Nasci

Mamei

Comi

Cresci

Brinquei

Lati

Vivi!

Amei!

Morri!

Junior “Au-Au” Sabbag

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Elio Roldan Anderson

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A pedra no caminho do poeta

Um famoso poeta, andando por uma estrada

Viu uma pedra no caminho, e olhou-a até cansar.

Não se interessava, já, por mais nada

O importante, agora, era explicar

Que no meio do caminho tinha uma pedra,

Uma pedra no meio do caminho...

Ele nunca se esqueceu, que no caminho havia a pedra

E eu aprendi que havia uma pedra no meio do

caminho.

Porque essa pedra neste caminho?

Porque é que ele foi passar por ali?

O outro caminho,talvez, não tivesse a pedra...

E..., porque ele foi passar por ali?

Só ficou pensando na pedra, o poeta,

E escrevendo, não saia do lugar.

E a frase escrita pelo poeta

Foi repetida, mil vezes, sem cansar.

Havia uma pedra no meio do caminho...

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Elio Roldan Anderson

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Mais à frente, no caminho do poeta,

havia uma flor, a desabrochar

Se ele seguisse em frente, e prestasse atenção

A poesia era diferente, não seria de pedra, não.

Mas o Carlos Drummond de Andrade

Me ensinou uma lição:

O poeta tem liberdade, e precisa ter ambição

Fazer versos à vontade escrever com a opção

De enxergar o que agrade ou lhe vai no coração.

Velho Pescador

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade

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Elio Roldan Anderson

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Hoje eu não quero escrever

Eu hoje não quero escrever

Talvez por estar irritado,

Talvez por estar cansado

Eu hoje, não quero escrever!

Hoje, já é sexta-feira,

Final de semana chegando

Muita gente viajando

E eu aqui, no trabalho

Mesmo cansado, confesso,

Não tenho por que reclamar!

Meu trabalho é o meu sucesso

Eu gosto de trabalhar

Se eu fosse, deveras, poeta,

Inspiração não faltava

Estaria aqui, bem disposto,

A rima fluiria com gosto

Mas, amanhã, já e sábado

E não vou poder pescar

Então fiquei irritado,

E decidi não rimar!

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Elio Roldan Anderson

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Estou em Greve

Decidi entrar em greve, pois estou muito irritado

Mas eu seu que sou culpado por essa irritação

Quando acordei, estava alegre, e muito bem

humorado

Mas fui ler o noticiário, e doeu o meu coração

Só más notícias eu li. Nenhuma notícia boa.

E coisa ruim me magoa, me faz perder a razão.

Corruptos roubando dinheiro, os governos, só

mentindo

Os valores estão invertidos... Pobre população

A mídia só noticia o que interessa ao governo

E verbas, vão recebendo, para essa embromação

Decidi entrar em greve. Eu não vou mais ler jornal

Só livros bons, que me alegrem, e eduquem a nossa

nação.

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Alguns Poemas de um Velho Pescador

Elio Roldan Anderson

- 61 -

O lugar onde vivo

O lugar onde vivo é lugar muito bom,

Muitas pessoas com quem posso conversar.

Encontro gente nova todos os dias,

poucos deles eu torno a encontrar.

Eu vejo o mundo, viajo para todos os lados,

Vejo as montanhas, as cidades, os grandes lagos.

Vejo a praia, linda, com banhistas,

Vejo os navios, as gaivotas, os surfistas.

No lugar onde vivo, a segurança é relativa...

Estou guardado da chuva e do calor.

Na minha casa, esta cadeira é cativa.

Vivo sentado frente ao computador.

Um antivirus atualizado é importante

para garantir a segurança desejada.

Se entrar virus, derrepente, num instante

a minha máquina poderá ficar travada.

As horas passam, e eu permaneço aqui sentado

olhando a tela, usando o teclado,

A webcam ligada, mandando a minha imagem

para outros, que me vêem só de passagem.

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Elio Roldan Anderson

- 62 -

Há um incômodo, quando chega a minha mãe

dando uma bronca, mandando-me estudar.

Então levanto-me, pego logo um ou dois pães,

um refrigerante, e torno a me sentar.

Resumo da vida de muitos adolescentes

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Elio Roldan Anderson

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Cabral, em 1500

Pedro Álvares Cabral estava um tempo folgado

1500, a começar, encontrou-se com seu cunhado

Estavam andando na praia, sem ter o que decidir

Que tal velejar, ó Pedroca? Vamos nos divertir?

Como ele andava livre, e não tinha o que fazer

Respondeu depressa: Vamos! Velejar é um prazer!

Convidemos os amigos que estejam entediados

E vamos aproveitar esses dias de feriados

Pegaram logo treze naus, só os homens, nenhuma

menina

Mas o mar estava sem ondas, parecia uma piscina...

Ele ficou preocupado com aquela calmaria,

Acessou a internet para ver como ia o clima

Sua esposa perguntou-lhe para onde ele iria,

E ele respondeu sério, que a vontade do rei, faria.

Vou buscar especiarias, na Índia, e algum figo

Fico fora um mês ou dois, qualquer coisa eu te ligo

Feliz, carregaram as naus com muito rum e bom vinho

Recolheram logo as âncoras colocando-se a caminho

Cada um deles levava facão, carabina e fuzil

Com bijuterias e espelhos, rumaram ao Brasil

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Elio Roldan Anderson

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Chegaram lá pela tarde, todos ébrios e alegres

Viram algumas capivaras e as confundiram com lebres

Falaram com um cacique, que era um dos homens mais

velhos

Arruma-nos algum ouro em troca de nossos espelhos

Negociaram, nadaram, pescaram no rio

Havia muita coisa boa lá na terra do Brasil

Voltaram a Portugal, depois de toda a farra

Passaram pelas Índias, antes, com medo de chegar em

casa.

Ficaram alguns meses fora, e voltaram preocupados

Eles já não se agüentavam de tanta saudade dos fados.

Trouxeram ervas, riquezas, histórias de bom final

Que impressionaram a todos do querido Portugal

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Elio Roldan Anderson

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Dedo inchado/Nariz quebrado

Coitadinho do Augustinho, meu amigo lutador

Estava treinando boxe e machucou o indicador

O seu dedo ficou inchado, vermelho, arredondado...

Se ficar imobilizado, como fará pra lutar?

Se não parar de doer, se permanecer inchado,

Meu amigo arredondado tão logo não vai treinar

Se não treinar, o Augustinho vai ficar inda mais

inchado

Dormindo, e comendo adoidado... Onde é que ele

vai parar?

Além disso, tem aquilo que ele faz, lá no barzinho.

Pega um copo bem cheinho e entorna, sem piscar

Bate papo e toma outro, toma mais um, logo mais

outro,

Enquanto conversa um pouco, e não vê a hora

passar.

Chega em casa, come de novo, nem que seja só um

ovo

Para não desacostumar.

Dorme um pouco, logo desperta, eis a geladeira

aberta,

E ele a investigar.

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Elio Roldan Anderson

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Depois, de barriga cheia, ele liga a TV

Esparramado no sofá, roncando e babando

bastante!

Com a mamadeira cheia, que ele mama num

instante

Sonha de novo, o safado, e a programação não vê!

Agora estou de saída, tomando bastante cuidado

Pois o Augusto, zangado, eu não consigo segurar

Vou ficar com os olhos inchados, o nariz, talvez

quebrado,

É capaz de sangrar um bocado até conseguir

estancar.

Quem mandou mexer com ele, escrever estas

besteiras?

Deixar meu amigo bravo, com isto que escrevi.

Eu vou embora mais cedo... Estou tremendo de

medo!

Pois ele vai me moer inteiro se me pegar por aqui.

---ooo---

PS.: Quase consegui derrubar o Augusto, de tanto

que ele riu!

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Elio Roldan Anderson

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Decisão

Ah, chega de ódio, pois a vida é muito curta,

E, chega de mentiras, que fazem tanto mal.

E, chega de farras, que destroem nossas idéias,

E destroem compromissos, e destroem a nossa paz.

Eu sei!

É melhor o amor, pois a vida é muito curta.

É melhor o amor, porque ele nos faz bem

O amor que me enche, e que me leva à luta

Para vencer a mim mesmo, para conquistar o bem.

Chega!

Ah, chega de traições, que ferem quem nos ama,

E, chega de malícia, que nos levam a trair

E, chega do pecado, e dos vícios, que nos matam,

E destroem nosso futuro, e destrói o nosso lar.

Decidi

Assumir um compromisso de mudança para minha

vida

Vou cuidar do meu lar, enchê-lo ainda mais de amor

Vou levar a vida a sério, nisso estou comprometido

E procurar amar ao próximo, como Cristo ensinou

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Elio Roldan Anderson

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Minha frô

Faiz tempo qui eu quiria ti falá

Tantas coisa bunita qui ando pensano

Eu penso nocê, somente nocê

E assim o tempo vai passano,

E ele passa sem ocê se apercebê

O tempo passa, e o amor só cresce

Enquanto o meu coração só vai sofreno

Purque num tem a carma i a paz

Di tê o amor qui ele ta quereno

I dessi amor, só ocê qui é capaiz

Mais vai chega a hora qui eu vo te dizê tudo

Ocê pode assustá, pode assuntá

vô insisti inté ocê mi aceitá

Cê aceitano, sou capais di indoidá

Pulá de um lado, para outro, i di cantá

Purquê eu vô mi acha o home mais sortudo.

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Elio Roldan Anderson

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Giselda, a galinha que virou canja

Giselda, ainda era uma franga quando eu trouxe

para cá

Com uma prima, e um galo, soltei-a no meu quintal

Lá ela comia as formigas e o matinho que brotava

Fora os grãos de milho seco que pra ela eu jogava

Meu filho pequenino a olhava encantado

E com seus passos pequenos a seguia para todo

lado

E no quintal, a Giselda, andando devagarinho,

Ciscava pra lá e pra cá comendo muitos bichinhos

A Giselda punha ovos, mas não conseguia chocar

Só uma vez nasceram dois pintos que não

conseguiram viver

Os demais ovos, confesso, resolvi aproveitar.

Foram usados na cozinha, os peguei para comer.

A Giselda engordou, eu me lembro, coitadinha...

Minha esposa a olhou e a quis lá na cozinha

Não teve negociação, outra saída não tinha

Com quanta pena eu fiquei daquela pobre galinha

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Elio Roldan Anderson

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Alí ficou decidido o destino da Giselda

Que provou ser boa galinha até mesmo na panela.

Foi assim que a Giselda desapareceu de cena

Daquela galinha simpática só sobrou um monte de

penas.

E o Samuel, já grandinho, que o desenlace não viu

Comeu um pouco da canja, e então é que descobriu

Que a galinha Giselda, aquela presença constante

Estava agora no prato, e ele gostava bastante.

Giselda, pobre galinha que andava sempre a ciscar

Quem nunca teve galinha não consegue avaliar

Como é gostosa a canja, e o cozido de galinha.

(Eu ainda tenho penas da Giselda, coitadinha)

PS.: As penas que eu tenho são as que transformei

em bóias, para pesca de corimbas.

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Elio Roldan Anderson

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Biliscão é um doce bão

A Betinha é uma beleza, nunca vi muié iguá.

Ela trabaia cum presteza, sem nunca recramá.

Se alevanta beeeem cedinho, se ajueia pra orá

Dispois toma o seu chazinho e já sai pra trabaiá

Trabaia cuidano dos véi, e dirigindo o pessoá,

Vê si ta tuuudo completo, si num farta materiá.

Quando dá o seu horário, seu fiinho vai buscá

Pruqui ele ta na iscola, onde foi pra istudá.

Chega em casa, faiz armoço, tem ropa pra lavá

Dá cumida pro Samuca, num tem tempo pra pará

Liga pra suas maninha, liga pro seu papai

Qui ta véio, o meu sogrinho, ela pricisa cuidá

Quando já ta tudo prontinho, ela começa a inventá

Põe treiz ovo na tigela, uma cuié pra misturá

Pega o sar, pega a farinha, o açúca prá porvilhá

Abre a massa beeem fininha, e já começa a cortá

Põe uma goiabadinha no meio, dobra pra segurá

Leva pruma forma graaande, e põe no forno prá assá.

Quando eu chego em casa, à tarde, eu me sento pra

jantá

Dispois é que nóis cunversa, pra sabê cume qui tá

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Elio Roldan Anderson

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Tomo as matéria do filho, a cachorra vem

cumprimentá

Mexo c´a calopsita, qui já começô subiá

Despois disso, abro o armário, só pra mó di ispiá

Lá eu vejo os biliscão, qui ela feiz pra mi agradá

Dô um bejo nessa gata, i nóis cumeça a namorá

Eu falo qui ela é bunita, pregunto si qué casá...

Essas brincadera boba, faiz nóis ficá mais feliz

Olho bem nos zóio dela, e dô um bejo em seu nariz.

Eita vida boa, a nossa, tendo essa união

A famía é um presente que alegra o coração

Como Deus gosta di nóis, eu falo com devoção.

Eu gosto taaaanto da Betinha, qui mi faiz us biliscão.

Como é bão!

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Elio Roldan Anderson

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Um docinho

Fiz um doce diferente, vou trazer procê provar

Ele mexe com as idéias da gente, isso não dá pra

negar

Inventei ingredientes na hora de preparar

O resultado espantou quem dele experimentou

Mas ninguém quis reclamar.

Usei cebola, pepino, goiabas, maracujá...

Berinjela bem madura, moranga, e um cajá.

Melão caipira, duas mangas, melancia fatiada,

Casca de jabuticaba, e botei pra cozinhar

Deixei umas horas no fogo, aí é que fui me lembrar

Não tinha posto açúcar, e aquilo já ia queimar...

Joguei caldo de laranja, aí pude adoçar

Porém, não seja indiscreto.

Pus um ingrediente secreto, que eu não quero contar.

Fui mexendo, fui mexendo, até aquilo apurar

Na pedra eu derramei, então aquilo cortei

(Em pedacinho, é melhor!)

Passei no açúcar cristal e na canela em pó.

Guardei na tigela tampada, que é para bem

conservar. O gostinho do jiló e o cheiro do jatobá

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Elio Roldan Anderson

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Ah, A cor não ficou muito boa.

Nem a consistência, também.

O sabor? Ninguém aguenta!

Quer provar?

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Elio Roldan Anderson

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Poetando

Um dia destes, menina,

eu estava poetando,

poetei uns versos lindos,

e então fiquei recitando.

Os versos falavam das flores,

(aquelas que você tem)

e comparavam as flores, menina,

você adivinha com quem?

Comparavam teus lábios à rosa, menina,

e o teu rosto ao jasmim.

(Se você lesse estes versos

você corria para mim)

Mesmo não sendo poeta,

eu me pego a poetar,

pois todo homem poeta, menina,

quando começa a amar.

Você também tem poetado, menina,

poesias só para mim.

(Poemas são tuas palavras...

teus beijos... você, enfim

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Elio Roldan Anderson

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Você me poeta e eu te poeto

sobre todos os assuntos.

O amor e a poesia farão, menina,

que estejamos sempre juntos.

E juntos poetaremos, menina,

da noitinha ao amanhecer.

E ensinaremos poesias,

para o filho que nos nascer.

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Elio Roldan Anderson

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Namoro de idosos

O idoso

Garboso

Guloso

Glutão

Viu a idosa

Bondosa

Vaidosa

Paixão!

No olhar,

Decisão

No falar,

Emoção

Das tripas

Coração

Novos méritos

Novos métodos

Novos médicos

Descobriu

De dietas,

De regimes,

De remédios

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Ouviu

O idoso

Nervoso

Explodiu

A idosa,

Esperançosa,

Desistiu!

Ele só,

Ela só...

...e é só!

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Um doce sonho

Eu estava pensando no sonho que tive

Um sonho bem doce, igual, nunca vi”

Há sonhos e sonhos, e muitos eu tive,

Porém, esse sonho, eu depressa comi

Quando vi esse sonho na confeitaria,

Recheado, fresquinho, o aroma eu sentia

E, muito guloso disse que o comeria

Eu logo, comprei, e em seguida, paguei

Tão depressa comi, quase me engasguei

A receita eu pedi, e postei-a aqui

Receita do Sonho

Ingredientes:

700 gramas de farinha de trigo

4 colheres de (sopa) de açúcar

2 colheres de (sopa) de manteiga ou margarina

3 ovos

250 ml de leite

3 tabletes de fermento para pão

óleo para fritar, e açúcar para polvilhar.

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Elio Roldan Anderson

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Recheio

1/2 litro de leite

2 colheres de (sopa) de manteiga

4 gemas

150 gramas de açúcar

3 colheres (sopa) de farinha de trigo

essência de baunilha ou raspas de limão

Modo de fazer:

Recheio: em uma panela coloque o leite (reserve

um pouco), o açúcar, a manteiga, a farinha

dissolvida no leite reservado, as gemas e as raspas

de limão ou essência de baunilha.

Mexa até engrossar, reserve.

Massa: em um recipiente esfarele o fermento e

adicione uma pitada de açúcar.

Mexa até obter um líquido.

Adicione o leite morno. Reserve.

Em um recipiente coloque a farinha (reserve um

pouco), açúcar, manteiga, ovos levemente batidos e

o fermento reservado.

A seguir, sove sobre uma superfície enfarinhada e a

deixe descansar.

Após, abra porções com o rolo (deixe com uma

espessura de mais ou menos 1 dedo).

Modele.

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Acomode em uma assadeira retangular polvilhada

com farinha.

Deixe dobrar de volume. Frite em óleo quente.

Deixe escorrer.

Abra com auxílio de uma tesoura, recheie e polvilhe

com açúcar.

Convide um Velho Pescador para comer!

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Elio Roldan Anderson

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A Elasticidade dos Peixes

OU CHAMO DE “EFEITO-SANFONA”?

Dizem que pescador é mentiroso, e há muitos que o

são, mas, se há um bicho que aumenta e diminui de

tamanho e de peso, é o peixe.

Nunca vi coisa igual!

O tamanho do peixe continua variando,

independentemente do tempo em que foi a

pescaria.

Quando você fisga o bicho, calcula que ele tenha

uns quatro quilos. Ao vê-lo se aproximar, ainda na

água, acha que deva ter uns seis quilos.

Se você está em um pesqueiro particular, na hora

de pagar, você acha que tem um quilo e meio, mas

paga por sete quilos. Chegando em casa percebe

que ele mal alcança os dois quilos e meio.

Será que desidratou?

Mas não, não para por aí, não...

Nos dias seguintes, quando o pescador vai contar

aos amigos, o peixe já está crescendo de novo.

Quinze... dezesseis, vinte quilos... E assim vai.

Essa variação se aplica também ao tamanho.

Eu já vi sujeitos contando que fisgaram lambaris

deeesse tamanho, com dois, três quilos, e não

duvido, pois tenho experiência, e sei que peixe varia

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Elio Roldan Anderson

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muito de tamanho e peso... Ou não, como diria o

meu amigo Aurélio.

Conforme o Professor Doutor O R Anderson*, "essa

variação de peso e tamanho dos peixes está de

acordo com a

"TEORIA DA RELATIVIDADE DOS PESCADORES",

enquanto o Professor Doutor C R Anderson*,

sugeriu uma nova unidade de medida, o KgE,

que nos coube definir, e você passa a conhecer

agora:

KGE = QUILOGRAMA EMOÇÃO

KgE = É uma Unidade de peso relativa,

imensurável, correspondente ao Kg em condições

especiais, variável de forma inconstante e ilimitada,

para mais ou para menos, dependendo de

circunstâncias específicas ou não.

Usa-se esta Medida de Massa para evitar

constrangimentos aos Pescadores, Caçadores e

Contadores de Causos, e explicar diversos outros

acontecimentos especiais.

Equivalências: Algumas pessoas substituem o KgE

pelos termos equivalentes “tamanhinho” e

“tamanhão”, que podem ser explicados da seguinte

forma:

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Elio Roldan Anderson

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Tamanhinho: Pode, ou não, equivaler a 1g, 10g,

100g, 1kg, seus múltiplos ou submúltiplos.

Tamanhão: Pode, ou não, equivaler a 1g, 10g,

100g, 1kg, seus múltiplos ou submúltiplos.

KGE = QUILOGRAMA EMOÇÃO

Na continuação do estudo, vamos definir o Kgf+E

KgfE - Quilograma-força + Emoção:

Aplicando-se a Teoria da Inconsistência, de Roldan

(este que digita!), em conjunto com a Especificidade

incongruente, temos X = Kgf+T . Peixe, ou X = Kgf-

T . Peixe, onde X (Emoção) continua sendo incógnita

variável, indiferentemente do resultado da Equação,

para mais ou para menos.

Aplica-se também a abreviatura KgE.

NOTA DE AUTOR *

OS "DOUTORES" CITADOS NO TEXTO, SÃO, NA VERDADE, OS

MEUS QUERIDOS IRMÃOS OSMAR E CARLOS.

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Elio Roldan Anderson

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Por favor, doutor...

Pois é, seu doutor. Nós era da roça, não aprendeu falá

bonito. Nós até atropela as concordância...

Nós pode não ter muito estudo, mas sempre fizemos

o bem.

Uns de nós morava nos sítio, outros nas fazenda. Nós

era colono, roceiro, campeador, derriçava café... Isso

antes da implantação das usina de álcool, que fez o

nosso interior virar um canavial sem fim, e também

antes das leis que obrigava os fazendeiro a registrar

os colono.

Naquele tempo não tinha esse mundaréu de terra

parada, que não produz nada, que tem uns boizinho

pra dizer que é produtiva, para não ter o perigo de

invasão.

Também não tinha esses movimento de sem terra. Eu

fui convidado para participar disso, mas tinha que

ficar morando na barraca de lona preta, fazer

movimento, viver de esmola, e depois dividir o que

ganhasse com aquele povo safado. Não é isso que nós

quer, doutor. É só política, e nós quer é trabalhar.

Naquela época, não se falava da tal globalização, do

tal MERCOSUL

Televisão, só com bateria, uma poucas horas que

tinha, só nas fazenda. Nem antena parabólica existia.

Nós sempre agiu direito.

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Elio Roldan Anderson

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Nós respeitava até algumas leis que não estavam

escrita, como a da-oferta-e-da-procura, que a gente

descobriu, era para acertar os preço. Mas essa lei

estava nas mão dos atravessador. Quando nós

produzia bastante, os preços baixava. Quando a

produção era pequena, o atravessador pagava pouco

também.

Naquele tempo a vida não era fácil, e nunca foi, né,

seu doutor?

Nós levantava cedo, trabalhava até o sol se por,

inclusive de sábado, e, nos domingo também, quando

era época de colheita.

Uns de nós trabalhava de-a-meia, outros era

empregado do sítio, outros pegava o serviço de

empreita. Mas todos trabalhava. Nós vivia bem!

As criança ia para as escola, escola da fazenda

mesmo. Passava de ano até tirar diploma de 4ª série.

Depois tinha que ir para a cidade fazer o ginásio, o

colégio, até faculdade. Alguns até formou seus filho

nas faculdade, sim senhor. Tudo às custas do

trabalho, que naquele tempo não faltava não, doutor!

Vieram essas medidas econômica, essas coisa que

vocês fazem em Brasília (ou será que é porque não

fazem?), e a vida ficou complicada.

O sitiante parou de produzir, foi à falência, o coitado,

que não conseguiu pagar os financiamento, os

empregado. Os fazendeiro grande não tem mais

empregado nenhum. As pessoas que produz não tem

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mais empregado. Só contrata bóia-fria, assim nós foi

tudo pras cidade, pois nem lugar para morar nós tem

mais, lá na roça.

Naqueles tempo, nós tinha lugar para morar, criar

umas criação caseira, fazer uma hortinha, ter uns

pezinho de fruta...

Agora, morar só se for na cidade, na favela, e se

alguém quer trabalhar, só acha de bóia-fria.

Trabalhar de bóia-fria não seria tão ruim se tivesse

serviço sempre.

Na cidade nós tem que pagar aluguel, contas de luz e

água, imposto, passagem nos ônibus, etc., e, quando

está fora de época de colher ou plantar, nós não

ganha nada.

Aí não dá mesmo para pagar isso tudo.

Logo, mesmo na safra de cana não vai ter mais

contratação, pois as usina já estão colocando

colheitadeira, que tira o serviço de um montão de

gente. Igual aos produtor de café, de soja...

Não tem mais trabalho, doutor.

Explico tudo isso para o senhor saber que nós é pobre

mas nunca foi bandido. Faz um tempo, criaram um tal

de Estatuto das criança e adolescente, que proíbe as

criança de trabalhar. Só pode trabalhar quando tem

dezesseis ano, se conseguir, e quase nunca consegue.

Aí, acabou a escola, e eles fica na rua, pensando

bobage.

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Meu filho, o Nirto, ta com quinze anos agora, mas

sumiu de casa, depois de pegar e vender as roupa

que ele tinha, pra comprar um tal de crack.

Não sei onde ele anda, doutor, mas sei que ele

precisa de ajuda.

Ele sempre foi um menino bom, sempre foi obediente.

Acho que é com essas companhia, que ele aprendeu a

usar isso e a roubar.

Só ele, porque os outros irmão não usam, não.

Ele já foi preso, ficou uns tempo, e nós achava que

ele não ia usar mais, mas ele não conseguiu. A gente

conversava com ele, e ele até chorava, mas não

consegue se livrar desse vício, e nós não tem como

pagar um lugar para ele se tratar.

Estou contando isso para pedir pro senhor, doutor.

Se vocês descobrir onde ele está, traz ele de volta.

Não deixe os traficante matar ele não, doutor, porque

ele é nosso filho e nós ama ele.

Nós vai fazer o possível para ele se recuperar, e

vamos correr o mundo para conseguir internar ele

para ele se livrar disso.

Viu, doutor. Ele é um bom menino! Não deixa

matarem ele, não.

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Adamastor e Hermenegilda

Pois é! Quem diria?

Adamastor, conhecido por sua vontade de arrumar

uma namorada bonita, rica, elegante, simpática e

discreta, já andava meio desanimado por tanto

tempo passado sem conseguir seu intento. A esta

altura, ele já estava achando que a namorada não

precisava mais ser tããããão bonita, ou rica, ou

elegante, ou simpática, muito menos tããããão

discreta. Sendo uma moça, mesmo que não tãããão

moça, já serve, pois a idade vem, os cabelos se

vão...

Pobre Adamastor.

Acontece que, dia destes, chamado a participar de

um simpósio sobre o sistema pelo qual ele responde

em seu município, que se daria em cidade próxima,

acordou atrasado, mas bem disposto, como sempre.

Tomou um banho rápido, passou o desodorante, a

colônia, vestiu-se primorosamente, como é o seu

jeito, apressadamente, mas não tããããão

apressadamente.

Pegou o seu carro e dirigiu até à o trabalho, donde

seguiu viagem, em companhia de algumas jovens

senhoras, ou quiçá, senhoritas.

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Todas mostraram-se encantadas com a gentileza, o

sorriso cativante e o perfume inebriante do nosso

querido amigo.

Chegados ao destino, mal tem início o simpósio,

Adamastor percebeu que a prócer daquela área

estava mancomunada com um esbirro, preparando

armadilhas a fim de diminuí-lo aos olhos dos

demais, desgostosa que estava de sabê-lo ali, já

que o mesmo era quem mais profundamente

conhecia aquele trabalho, talvez quem

deveria dirigir os trabalhos.

Consternado, tentando manter-se calmo, aplicava-

se a cada momento em se livrar dos laços armados,

pois, instintivamente, sentia que o queriam

derrubar.

Em dado momento, ao virar-se para a direita, viu o

olhar de Hermenegilda.

Viu muito mais que isso.

Ah, Hermenegilda...

Como não a percebera antes? Ela que, em todas as

oportunidades, mostrava-se solícita, figura

benfazeja... Ruborizou-se ao perceber a simpatia e

carinho explicitados naquele olhar.

Sorriu.

Viu-a como nunca havia visto alguém...

Tentou voltar ao tema em discussão, mas quê?

Como ouvir outra coisa senão seu coração, que,

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agora estava aos pulos, fazendo-o olhar mais uma

vez, mais outra, para aquela que o despertara para

o amor?

Pela primeira vez percebera o brilho dos olhos, o

frescor dos lábios, o olhar carinhoso...

Hermenegilda...

HER... ME... NE... GIL... DAAAAA... (É assim que ele

fala!)

Ela estava linda...

ooooo

HERMENEGILDA E ADAMASTOR

Hermenegilda era uma mulher simples e bonita,

inteligente, bem formada, mas praticamente deixara

de viver, desde que seu noivo a abandonara no

altar.

Jurara a si mesma nunca mais confiar, nunca mais

se entregar a alguém. Seu coração se fechara, e ela

deixara de considerar a hipótese de ter um

namorado, de se casar, ter filhos...

Os anos foram se passando e ela ia se dedicando

mais e mais ao trabalho, tentando afogar aquela

frustração.

A vaidade se fora. Deixara de se cuidar. Os cabelos,

loiros e lisos, outrora tão lindos, eram agora

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amarrados de um modo simples, formando um

pequeno rabo, quando não os cortava bem curtos.

Suas roupas não deixavam ver a harmonia de suas

linhas. Parecia-se mais com uma austera

professora, do que com a jovenzinha gentil e

sonhadora de anos atrás.

Curiosamente, com tudo isso, não se tornara

amarga, mas indiferente.

A vida passava e ela não percebia, imersa em seu

trabalho.

Acordou, naquela manhã, muito cedo, como era seu

costume. Neste dia participaria de mais um

seminário sobre o sistema de que era responsável

em seu município, e que ocorreria em uma cidade

próxima. Ela gostava daqueles momentos, pois a

tiravam da mesmice de sua repartição, e ela podia

discutir os assuntos que tanto gostava, com pessoas

que faziam parte daquele mundo à parte.

Tomou um rápido banho, maquiou-se levemente,

vestiu-se.

Há tempos não usava um perfume. Perfumar-se lhe

parecia algo despropositado, pois,

inconscientemente, temia que algum homem

pudesse reparar nela, e era isso que ela evitava,

mas, não sabia por que, pegou de uma colônia que

ganhara de uma colega, e ousou sonhar, ao sentir

aquela inebriante fragrância.

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Na condução que viera buscá-la, passou a olhar a

paisagem, vislumbrando aqui e ali uma árvore que

se destacava, ou uma pessoa que trabalhava.

Viu crianças brincando em uma pequena praça e

permitiu-se sorrir.

Ah, há quanto tempo não sorria? Como era bom

aquilo.

Viu o balanço indo-e-vindo, meninos correndo, uma

bola parada...

Passou a recordar os momentos felizes de sua

infância, e, imersa em si mesma, chegou ao local do

seminário, com pequeno atraso.

Desceu tranquila, leve, sorrindo para todos, sem

mesmo perceber, feliz que estava, e entrou para o

simpósio, percebendo que o assunto discorrido era

já conhecido, simplesmente uma atualização das

normas.

Sem querer, sorrindo ainda, seus olhos

encontraram-se com os dele...

ADAMASTOR!

Ele sempre lhe parecera muito esquisito, cheio de

manias, metódico ao extremo, mas alguém que

realmente entendia aquele trabalho, e com quem,

algumas ocasiões, discutira detalhes importantes.

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Naquele momento, percebeu no olhar do Adamastor

a solidão que existia em si própria, e conscientizou-

se de estar tão sozinha há tanto tempo.

Ruborizou levemente, o que a deixou ainda mais

bonita, e então, virou-se para ele, e ...

... sem querer, pela primeira vez em suas vidas,

Hermenegilda e Adamastor deixaram de participar

do seminário, mesmo continuando presentes

naquela sala.

Ela só pensava nele, e ele só pensava nela.

------------

Explicações do Velho Pescador.

Os personagens acima não são apenas ficção, mas

retratam pessoas conhecidas.

Vamos aguardar o desenrolar para dar

prosseguimento a este romance.

Ou não!

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A Lua não se quebrou

Estávamos em Julho de 1969, e, no dia 19, meu

aniversário, a atenção de todo o povo se

concentrava na viagem à Lua, pois a missão Apollo

se propunha a pousar, permitindo que o homem

passeasse no solo lunar.

O pouso estava marcado para o dia seguinte, 20 de

Julho.

Eu estava encantado com a idéia, nos meus

dezenove anos de idade, maravilhado com o

desenvolvimento científico-tecnológico que

possibilitava essa viagem.

Noticiários de rádio, TV, revistas e jornais, não

paravam de falar do assunto, mostrando, em preto

e branco, as imagens do nosso satélite, as fotos dos

astronautas e do foguete que os levaria até lá.

Ocorre que um vizinho nosso, o Sr. José, com seus

65 anos, aproximadamente, estava por demais

preocupado.

Ele, mineiro de Itajubá, humilde ascensorista, não

aceitava a idéia da viagem, e ficava esbravejando

“com esse povo que pensa poder ir à Lua. Os

homens não podem ir à lua”, ele dizia.

Eu, já acostumado a conversar com ele, fui

explicando em uma linguagem mais simples para

que ele entendesse, mas estava difícil.

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Em determinado momento, ele foi peremptório:

- “O homem não conseguirá entrar na Lua! Por onde

ele vai entrar”?

Eu pensei um pouco, e, mostrando em uma revista

a foto da Lua, e, pensando ter encerrado o assunto,

mostrei-lhe as várias crateras e disse:

- “Eles vão entrar por um desses buracos...”

Ao que ele respondeu:

- “Se eles entrarem, a Lua vai se quebrar e cair na

Terra!”

Apavorado, foi rezar mais um pouco e eu, desistindo

de explicar qualquer outra coisa, fui curtir o meu

aniversário, esperando que a missão Apollo 11

tivesse êxito e os astronautas voltassem em

segurança à sua base.

No dia 20 foi a maior festa! Afinal, a Lua não se

quebrou, e a missão foi um sucesso!

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Para falar comigo:

[email protected]

Que Deus o abençoe!