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Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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de um
Velho Pescador
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Alguns Poemas
de um
Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 3 -
Apresentação
Este livro nasceu sem que eu planejasse, pois
comecei a postar meus escritos no site
http://www.lusopoemas.net
e lá descobri um criador de PDF, que gerava uma
apresentação bem interessante.
Aproveitando a aparência agradável daquele material, me
atrevi a apresentá-lo como um livro.
Quase todos os escritos aqui apresentados, encontram-se
também no blog do Velho Pescador.
http://velhopescador.blogspot.com.br
Espero que você goste.
Grande abraço.
Elio
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 4 -
Índice
Apresentação 03
Índice 04
O Barulho dos Trovões ao Longe 06
O Barulho dos Trovões ao Longe – II 07
O Barulho dos Trovões ao Longe – III 09
Sublime amor 11
Vida 12
Preito: Ao meu pai 14
O herói 16
Portugal 19
Amar uma mulher 20
Menina, eu te amo 22
Eu prometi 23
A felicidade 24
Não havia lugar 22
Armadura 29
O idoso e seu jardim 31
Esperando o elevador 32
Politicamente correto 34
O guaraná 36
A serenata 37
Sexta-feira 38
Vendedor de mel 39
A roda da carroça caiu 41
O coração 43
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 5 -
A mente 44
O olhar 45
O sertão chora 48
Pescaria inusitada – Sem mentira 49
Viver de peixes? 51
Pescar 53
O Caminhoneiro 54
Epitáfio 56
A pedra no caminho do poeta 57
Hoje eu não quero escrever 59
Estou em greve 61
O lugar onde vivo 61
Cabral, em 1500 63
Dedo inchado / Nariz quebrado 65
Decisão 67
Minha frô 68
Giselda, a galinha que virou canja 69
Biliscão é um doce bão 71
Um docinho 73
Poetando 75
Namoro de idosos 77
Um doce sonho 79
A elasticidade dos peixes 82
Por favor, doutor 85
Adamastor e Hermenegilda 89
A Lua não se quebrou 95
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 6 -
O barulho dos trovões, ao longe
O barulho dos trovões, ao longe,
Despertou a minha amada, que dormia.
E, dos doces sonhos que ela tinha,
Acordou para a vida, assustada.
O barulho dos trovões, ao longe,
Fez com que ela empalidecesse...
O medo ardendo em sua mente
E o barulho prosseguia indiferente.
Em um momento, ei-la a gritar
Desesperada, grito de sofrimento
E eu corri, então, a abraçar
Pronto para ouvir o seu lamento
Ao barulho dos trovões, ao longe,
Trouxe-a para junto do coração.
E pude ver quão frágil ela estava.
Com o simples ribombo do trovão.
Abraçou-se a mim, trêmula, abalada.
Contou-me os sonhos que sonhara...
E, o pesadelo que lhe acometeu.
Beijou-me, então, a minha amada,
E, pelo barulho da chuva, embalada.
Acalmou-se, abraçou-me, adormeceu.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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O barulho dos trovões, ao longe II
O barulho dos trovões, ao longe
Acordou aquela mãe, que assustada,
Dobrou os seus joelhos, junto ao leito
E orou pelo filho amado: Onde estava?
Desde que se envolvera com o vício
Já não era meigo, amigo, orientado.
Aparecia, às vezes, lá no pátio,
Abatido, mentindo, esfomeado.
Ah, as amizades ajudaram
A levá-lo ao caminho quase sem volta...
Deixou de ser o homem de futuro
Tornou-se joão-ninguém, pedindo às portas.
Cracolândia! Será que lá estaria,
Em algum canto sujo, esparramado?
Estaria cometendo alguns crimes,
Para conseguir o dinheiro desejado?
E aqui, de joelhos, a mãe ora
Pedindo de Deus, pelo filho: “Misericórdia!
Não deixe que o pior lhe aconteça,
Não deixe que no vício ele pereça”.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Ele é tão bom, tão meigo e amado...
Está apenas perdido, dependente
De uma pedra pra fumar... Vive drogado.
Já nem sabe que ainda é jovem, que é gente.
Se tu podes... Me perdoe, eu sei que podes...
Tira-o agora, inda agora, neste instante,
Dos horrores do vício que o domina,
Livra-o das mãos dos traficantes.
Traze-o de volta à casa, ao meu seio,
Ao lar, que sem querer, abandonou.
E eu o receberei com meu carinho,
O ajudarei a vencer, com meu amor.
E quando, de novo, ouvir soar
Ao longe, o barulho do trovão.
Hinos de louvor irei cantar
Dar graças, pela tua salvação."
NOTA DO AUTOR
VOCÊ CONSEGUE CALCULAR O DESESPERO DE UMA MÃE, OU ESPOSA, QUE SABE QUE O
SEU AMADO ESTÁ JOGADO PELAS RUAS?
TENHO VISTO COM FREQUÊNCIA VICIADOS, INCLUSIVE DO CRAQUE, SE LIBERTAREM DA
DEPENDÊNCIA, VOLTAREM AO CONVÍVIO DAS FAMÍLIAS, AO TRABALHO, RETOMAREM O
INTERESSE PELA VIDA.
QUER SABER MAIS A RESPEITO?
VISITE: http://esquadraovida.com.br
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Elio Roldan Anderson
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O barulho dos trovões ao longe III
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
O barulho dos trovões, ao longe
E a chuva que caia lá fora,
Trouxeram-me, novamente, à memória,
A vida que levava, e não me foge.
Lembrei-me do almoço aos domingos
Mamãe, papai, irmãos, todos à mesa
Várias visitas, todos eram bem-vindos.
Uma família, bem feliz, tenha a certeza
Mamãe, ao fogão, era uma artista
Criando formas, aromas e sabores,
Cozidos, assados, mil quitutes.
Deliciosos, que enchiam nossa vista
Após a refeição, inda à mesa,
Papai, ao bandolim, tocava hinos
Que juntos cantávamos, alegres...
Assim era o almoço, aos domingos.
Depois, nos levantávamos, devagar,
E para a sombra, papai nos convidava.
Idéias, opiniões, compartilhar...
Assim a nossa tarde se passava.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Irmãos maravilhosos, sempre juntos,
Tudo era motivo para brincar...
Um ao outro, chamando por apelidos
Que nos uniam, ao invés de afastar.
Momentos de ternura, inesquecíveis,
Eu não sabia, não podia imaginar
Que eu, por motivos tão incríveis
Um dia abandonaria aquele lar (*)
Andei fugindo, me afastei, na juventude;
Perdido nos meandros do alcoolismo...
Magoei a todos que me amavam...
Eu hoje me arrependo... Como pude?
Andei tão longe, imerso em mim mesmo.
Sem ter ninguém me esperando, onde ir?
Pensei que a morte fosse a única saída,
E que fugir da vida fosse o termo.
Nesse tempo eu só pensava na morte,
A depressão calara muito fundo em mim.
Jesus mudou para melhor a minha sorte.
Fez um milagre! Recuperou-me, eis me aqui
A CONTINUAÇÃO DESTA HISTÓRIA VOCÊ PODE LER NA BIOGRAFIA EM
http://elio.anderson.pro.br/
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Sublime amor
Os meus olhos choram sem querer
Quando sentem tua presença maravilhosa
E eu, mesmo morto, volto a viver
Através da tua palavra, poderosa.
Sonhos renascem, tenho um novo recomeço
Vejo as belezas de tudo que criaste
Oh, não permitas, jamais, que eu me afaste
De tua presença, benfazeja, eu te peço
É grande o amor que me vai, aqui no peito,
É grande o amor que vem de ti, e me refaz
Eu decidi, vou viver sempre do teu jeito
Eu vou viver, e espalhar a tua Paz
Que minha vida, ao teu nome, seja um preito
Até a morte, pois a vida é fugaz
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Vida
Derreado pelo tempo de labuta
Afadigo-me ainda, por um tempo.
Não sei por que ainda me apoquento
se um dia, talvez breve, acaba a luta.
Se o Senhor me chama, eis-me, pronto
Mesmo com a tarefa incompleta.
Quanto tempo eu gastei, como um tonto
Ao invés de cumprir a minha meta.
Agora, ainda é dia, vou falar
Da salvação em Cristo, o meu Senhor
Hinos de louvor eu vou cantar
Contar do Evangelho de amor.
Falar de alguém que um dia, numa cruz
Mesmo sendo Deus, se entregou
E ali, no meu lugar, o bom Jesus
A sua grande obra completou.
Eu sei, sou salvo, com certeza.
Não vivo mais eu para o pecado.
Jesus Cristo mudou minha natureza
Pelo Espírito Santo fui selado
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Agora, é viver em alegria,
Vivendo a cada dia, sem temor.
Pregar o Evangelho, enquanto é dia.
Ansiando pela volta do Senhor.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Preito: Ao meu pai
Pai
Obrigado por ter-me dado a vida,
Por ter trazido o sustento.
Mesmo com tantas dificuldades,
Nunca nos faltou o pão,
Obrigado por ter me dado um nome honrado.
Mesmo com tantas lutas,
você sempre nos ensinou não desistir,
para não desonrar esse nome.
Pai
Obrigado, porque quando eu comecei a crescer,
a me sentir grande, quero dizer,
E achava que você não sabia nada,
Você, homem sábio, continuou me amando,
Cuidando e orando por mim,
E me dando o exemplo de vida.
Pai!
Eu sei que você já errou
(pois você é homem, e, que homem não erra?).
e eu te perdoei os erros, porque te amo,
como você sempre me perdoou, porque me amava!
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Pai!
Hoje você não está mais conosco, pois
a morte nos separou,
mas você continua existindo em mim,
Através das boas coisas que me ensinou,
Através da melhor herança que nos deixou:
- O amor uns pelos outros.
Papai!
Você é um sujeito muito importante, sabia?
Teus netos, que não chegaram a te ver,
sabem o herói que você foi,
e o teu nome continua sendo honrado,
em nós e através de nós,
e vai seguir assim pelas gerações.
E assim,
Continuo te amando,
E sou grato por ser teu filho
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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O Herói
Me perguntaram:
Qual o maior herói de todos os tempos?
Pensei um pouco, e respondi assim:
Durante um tempo, eu achava que o meu pai era
um super-heroi.
Grandão, fortão, sabidão...
Mas, eu fui crescendo, e descobrindo outros heróis,
pois o meu pai já não era tão grandão ou fortão.
Ele ainda era o sabidão, mas só isso.
Depois eu fui ficando malandro,
e comecei a achar que meu pai era um babaca.
Achava que o sabido era eu.
Super-herói fortão mesmo, era o Superman.
Passei um montão de problemas, me perdi pela
vida, esqueci esse negócio de herói, mas,
quando meu pai estava velhinho,
comecei a ver que ele era mesmo grandão,
pois conseguiu passar por cima
das montanhas de problemas.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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E ele era fortão, também,
pois havia encarado inimigos ferozes,
como um mau-patrão, dificuldades financeiras,
e, sempre trouxe as sacolas cheias de comida boa
para casa.
E o meu pai era o maior sabidão.
Sabia de tudo, tinha muita sabedoria.
Quando eu chegava para conversar com ele,
ele estava calmo, tranquilo,
e dava cada conselho jóia,
que só os pais idosos conseguem dar.
Taí.
Ele acabou vencendo o Superman.
Ganhou em tudo.
Nem kriptonita acabava com o "meu velho".
Só a morte o venceu!
Ela conseguiu tirar ele de perto de nós,
mas, na lembrança ele ainda permanece!
Depois eu descobri um herói,
muito mais poderoso, em todos os sentidos.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Um que sabe todas as coisas,
Ele é grandão, fortão...
E ninguém pode com ele
Nem a morte!
E ele não é metido, é humilde.
O nome dele?
Jesus Cristo.
Imagine você que um dia o mataram,
mas, antes, ele tinha dito:
"Ninguém tira a minha vida.
Eu a dou para tornar a tomá-la",
e não deu outra.
Ressuscitou!
Sabe? Um dia eu vou viver lá com ele,
numa casa jóia que ele está fazendo para mim.
Ele prometeu isso, e sei que é fiel para cumprir!
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Portugal
Ah, como é grande a vontade
De visitar Portugal,
Terra amada,
Encantada,
Ideal.
De lá nos vieram valores
De um povo tão gentil.
Impávido
Culto,
Varonil
Some-se a isso a história
Do seu passado de glória
Heroismo
Erudição
Vitória!
E ainda temos o que aprender
Com a personalidade e firmeza
Constância
Persistencia
Fortaleza!
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 20 -
Amar uma mulher
Amar uma mulher, uma só mulher,
Não é para um homem qualquer,
mas é para um homem de verdade.
Não é se apaixonar, é mais que isso,
É saber se dar, e recebê-la.
É compreender, mesmo não entendendo,
É apoiar, é ser cúmplice.
É locupletá-la e locupletar-se
É interagir, e se doar
É vê-la sofrer porque lhe falta um par de sapatos
que combine com aquela blusa, ou bolsa,
Com que nenhum dos quatrocentos
outros pares combina...
É vê-la, ao vestir-se, trocar dezenove vezes a roupa
para ver qual cai melhor, e saber dizer-lhe, com
carinho e seriedade, que aquela última está perfeita,
É sorrir, satisfeito, mesmo insatisfeito, com o
enorme atraso.
É responder com outro assunto, diante da pergunta:
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 21 -
“Você acha que estou gorda?”, e, honestamente,
reafirmar a sua beleza.
É ceder a prioridade no banho e banheiro,
É ceder a prioridade no carro,
É usar aquela roupa que você não gosta, mas ela
sim.
É ficar alerta às suas idas ao cabeleireiro, e,
Mesmo que ela mantenha o corte e cor,
dizer-lhe como ela está linda!
Elogiar o seu cabelo, o penteado
É levantar-se a cada manhã,
Decidido a ser feliz e fazê-la feliz naquele dia.
Amar uma mulher é, sobretudo,
amar-se a si próprio, pois,
infeliz é o homem
que não sabe amar uma mulher!
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 22 -
Menina, eu te amo!
Falando, ou andando,
ou parado, ou calado,
estou sempre pensando,
estou sempre lembrando
que estás sempre ao meu lado.
E assim, vou vivendo a felicidade
de saber que te tenho!
Por saber que te tenho,
para sempre, ao meu lado
já não me preocupo,
já não me entristeço,
pois eu sei que te tenho!
Se estás sempre ao meu lado,
e eu, ao teu lado,
seremos felizes
E, andando,
ou falando,
ou parado,
(até mesmo calado !)
estou sempre dizendo:
Menina, eu te amo !
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 23 -
Eu prometi?
Você diz que eu prometi voltar, mas...
voltar para quem?
voltar para onde?
voltar para quê?
Já não existe mais a menina,
de olhos brilhantes e lábios carnudos,
tão meiga, sincera, amável...
A casa também já não existe.
Ali, agora, passa uma avenida,
tão larga,
tão movimentada,
tão feia...
E o motivo acabou!
Hoje, você me olha tão fria...
talvez nem se lembre que um dia
me prometeu tanto amor.
Eu prometi, é verdade, mas
Voltar pra onde?
eu ainda existo,
mas onde está ela?
Como eu posso cumprir?
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 24 -
A felicidade
Me perguntaram: Onde está a felicidade?
E eu respondi:
A felicidade está aqui,
E no meu local de trabalho.
Está onde eu vou passear,
E está no lugar onde eu oro.
Está naquilo que olho,
e está naquilo que penso
Ela está em minha mente,
e em minha mão, que ajuda ao próximo
E ela está no meu peito, batendo forte,
E alegrando o meu coração.
Ela está nos detalhes pequenos
Como no papel em que escrevo,
Na mesa em que me alimento
Até nas ruas por onde passo
No sorriso de minha amada,
E no rosto do meu filho,
E na vida do meu irmão
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 25 -
Felicidade é uma escolha,
uma opção!
Mas ela também está
Na cura do meu inimigo
Que vai se tornar meu amigo,
E que vai se tornar meu irmão,
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 26 -
Não havia lugar!
Não havia lugar para ele naquela noite, em Belém
E não há lugar inda hoje em muitas vidas, também
Alguma vaga em pousada, ou alguma hospedaria?
Em Belém José procurava um bom lugar para Maria
“Estamos lotados, sentimos! Procure em outro lugar,
há, talvez, alguma família que os possa alojar”
José, penalizado, olhava a sua bela Maria
O único lugar que encontrara era uma estrebaria...
Recolheu-a ali, com amor pois ele mesmo sabia
Que nasceria o filho ainda naquele dia
O lugar ele arrumou, limpou o melhor que podia!
Um leito de palha formou para sua amada Maria
Logo o bebê nasceu... E era um lindo menino,
Que logo adormeceu embalado por um hino
Que os anjos cantavam, nos céus, e na terra, com
muita euforia
“Hoje nasceu o Salvador que consta das profecias”
Era o Senhor de tudo, mas luxo nenhum queria
E nasceu de uma virgem em uma mera estrebaria
Cresceu, e em todo o tempo om ótimo filho seria
Aprendeu a profissão em uma carpintaria
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 27 -
Um dia, aos doze anos estando em Jerusalém
Conversava com os doutores, pois era um Doutor,
também
Todos ali estranhavam a sua sabedoria
Quem era aquele menino? De onde será que viria?
Onde aprendera as leis e aquela aplicação?
(Ele era Mestre nas leis e o autor da Salvação!)
Adulto, um homem sábio! Aos trinta anos, no Jordão
O Mestre foi batizado, Recebendo a confirmação
João Batista, o profeta, batizava no Jordão
E, ao ver Jesus chegar inclinou-se até o chão
“Tu és maior do que eu, ou que qualquer predicado.
Tu és o Cordeiro de Deus que nos livra dos pecados!”
“Tu vens a mim...
Quem sou eu para tirar os teus sapatos?
Tu és o Cordeiro de Deus Que nos livra dos pecados!”
Obedecendo, batizou-, então ouvi-se Deus a dizer
Este é o Meu Filho amado E nele eu tenho prazer!
Ao deserto ele foi levado, em jejum, por quarenta dias
O diabo veio tentá-lo pensando que o venceria.
Jesus logo o derrotou, fê-lo sair envergonhado
Pois o prometido Messias estava bem preparado
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 28 -
Começou a fazer milagres, a curar, a ressuscitar
Multiplicar pães e peixes, e muita gente salvar
Durante três anos e meio entre nós ele viveu
E ao final de tudo isso, sua vida ele deu
Morreu numa cruz infame para trazer-nos perdão
E com o seu próprio sangue proporcionou salvação
Ele era a luz do mundo, que veio para salvar
Porém será como Juiz que um dia irá voltar
O Natal foi só um dia, dentro da eternidade
Porém foi a morte na cruz que nos trouxe a liberdade.
Hoje, não resista, não! quando à porta ele bater
Para te dar salvação e muito feliz te fazer.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 29 -
Armadura
Eu vou usar uma armadura e jamais serei vencido
Pois sei onde buscar força, onde ser fortalecido
Sofrer à toa, para que? Estragar a minha vida?
Eu já sei o que passei quando passei da medida!
Vou usar o cinto da verdade, para a calça não cair
Eu escolhi nunca mentir, ter a minha identidade
Eu não passarei a vergonha de ver alguém rir de mim
A mentira tem pernas curtas, isso todo o mundo sabe
Vou buscar em todo o tempo, ser sábio, agir com
justiça
Que, sempre, como couraça, me livrará da malícia
Os maldosos e faladores não poderão me acusar
Se eu for verdadeiro e justo, protegido vou estar
Vou andar firme e feliz, falando só o que é bom
Entre tantas notícias ruins espalhadas pelo vento
Há saída para todos, direi em alto e bom som
Só depende da escolha, mundo de paz ou turbulento?
Viverei tranquilamente, conhecendo a Verdade,
Sabendo que no final só terei felicidade
Mesmo que alguém me acuse, ou tente me derrotar
A certeza é um escudo, para que me preocupar?
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 30 -
A mentira cairá por terra, cadê meu acusador?
Se eu sei, e vivo, o bem, sempre serei vencedor
Minha mente estará em paz, na presença do meu Deus
Nenhum mal vai me afastar de todos os projetos seus
Quando alguém me atacar, terei como me defender
Pois conheço bem a Lei, e não tenho o que temer
Vou levar a vida a sério, e farei o que é melhor
Orando em todo o tempo, e nunca temer o pior.
Inspirado na carta de Paulo aos Efésios 6.10-18
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 31 -
O idoso e seu jardim
Naquela casa da esquina há um bem cuidado jardim
que está sempre florido, encanta o olhar de quem vê
Há flores bonitas, ali! Rosas, jacintos, jasmins
Com a beleza e o perfume que me fazem lembrar de
você!
Aquele é o meu caminho, sempre paro para olhar
O trabalho caprichoso daquele idoso educado
Que sempre vem para me cumprimentar
Porém, me parece triste, quase como abandonado...
Será que ninguém tem cuidado daquele senhor
educado?
Eu sempre me pego a pensar.
São tantas famílias assim, que tem o idoso no lar
E os mantém solitário, por falta de conversar
Essas pessoas se esquecem, que um dia, mal ou bem,
Vão seguir o seu destino... Serão idosos também
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 32 -
Esperando o elevador
Eu estava sentado num banco quadrado,
fixado ao lado do elevador
Chegou a menina de perna fininha, ainda criança,
e o botão apertou
Enquanto esperava,
com sua afinada voz infantil, a menina cantou
Um homem bem alto chegou por ali,
e se pôs a cantar com voz de tenor.
E o povo parava para ver e ouvir,
a música linda que se cantava ali
E logo outro mais, mais outro a cantar,
e mais povo chegava para participar
E, ora eu ouvia, ora eu cantava,
era um coro de anjos aquilo que vi
E sentado no banco, aplaudia aquilo,
e, muito feliz, ajudava a cantar.
O elevador chegou, e a menina partiu,
porém quem a viu se emocionou
E o homem bem alto, com voz de tenor,
naquele momento se retirou
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 33 -
E o povo ficou por ali a sorrir,
todos felizes, cheios de emoção
Eu agradeci por aqueles momentos,
foi um refrigério pro meu coração.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 34 -
Politicamente correto? Atenção, atenção, poetas
Vamos mudar os poemas
Porque, nós iremos, apenas
Escrever o que querem de nós
Jamais derrubar as pétalas
Das flores, e o que é pior
Devemos frisar os espinhos
Como se fossem o melhor
Politicamente correto
É o que exigem de nós
Escrever só o que querem
Seremos poetas sem voz
A loucura dessa gente
Que inverte os valores
E cala o vate, indiferente
Proíbe de citar as dores
Não falem de casamento,
De romance ou namorados
O amor está proibido
Há quem se sinta ofendido
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 35 -
Serão só mal-educados?
Querem proibir o bem
Cercear a liberdade
Criticam o que eu escrevo
Me acusam de preconceito
Me querem amordaçado?
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 36 -
O Guaraná
O que será essa fruta
Que deixa o sujeito animado,
Que mesmo estando cansado,
O homem não quer dormir?
Chama a patroa para perto
Dá-lhe um abraço gostoso.
Pois ele ficou muito esperto
E se sente vigoroso
Inda agora estava cansado
Se sentia derreado
e nem conseguia andar
Quando apeou do barco,
voltando da pescaria,
Estava deveras cansado,
já nem conseguia remar
A patroa deu-lhe, num copo,
um pó preto bem ralado
com a água, misturado,
era o pó do guaraná.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 37 -
A serenata
A moça bonita escutava
Por detrás de sua janela
Uma linda serenata
Queria que fosse pra ela
Estava preocupada
(pois não se achava tão bela)
E a serenata seguia
Do outro lado da janela
A madrugada avançava
Seu coração disparava
E a bela moça sonhava
Por detrás de sua janela.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 38 -
Sexta feira
No calendário, à minha frente,
quem olha nunca se engana...
Eu pintei a sexta-feira
como início do fim de semana.
Talvez pesca, talvez festa,
Só vai depender do clima.
Seja lá o que vier,
Segunda feira, estou por cima.
Sábado e Domingo, descanso...
Passeio com a família,
Igreja, eu sirvo ao Senhor,
E depois, volto à lida.
Semana que vem, começa
com trabalho bom e feliz,
Logo, outra sexta-feira
para compensar o que fiz.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 39 -
Vendedor de mel
Você quer comprar mel meu senhor?
Mel é um ótimo remédio,
Que limpa os seus pulmões
Da fumaça do cigarro
Compre um pote de mel, professor
O mel é um ótimo remédio,
que livra tua garganta
dessa pigarra terrível
Compre mel, meu amiguinho
O mel é um ótimo alimento
Que completa a cota de alimentos
que o teu organismo precisa
Compre mel, minha amiguinha
O Mel é um alimento gostoso,
Bem melhor que um pirulito,
E serve para adoçar a vida
Compre um pote de mel, linda jovem
Ele é um alimento forte
Trazido pelas abelhas
Das flores do teu jardim
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 40 -
Tua pele vai ficar mais bonita
O teu hálito, perfumado
Os teus olhos, mais brilhantes...
... Hmmmm...
... Compre o mel, e vem para mim!
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 41 -
A roda da carroça (HISTORINHA BOBA!)
A roda da carroça caiu!
A carroça quase tombou
O cavalo se assustou
O carroceiro xingou,
Quando a roda caiu.
Estava perto do rio
Quando a carroça travou.
O leite se estragou
E o carroceiro se irritou
Porque a roda caiu
Ele ia pelo relvado
A caminho do mercado
Distraído, despreocupado.
Não lubrificou o eixo
E agora se sente um coitado
Brigou com sua mulher,
E também com seu cãozinho,
Brigou até com o afilhado
Seu filho saiu de fininho
Com medo de ser apanhado
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 42 -
Porém, só ele não viu
Que, se aquela roda caiu,
Foi por falta de cuidado
Tudo isso ele aprontou
Tanta gente magoou,
O carroceiro estressado.
Ele não tinha razão,
Arrumou a confusão
Jogou toda a gente nisso
O problema era só seu
Porque ele se esqueceu
De fazer, e bem, seu serviço.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 43 -
O coração
Como está o teu coração?
Cheio de paz ou sofrendo?
O ódio nele está ardendo?
Cuida do teu coração!
Encha-o de boas coisas...
De esperança, de alegria,
De projetos para um dia
Fazer aquilo que é bom
Mantenha-o limpo, por que
É o que vai aparecer
Quando olharem para você
A depressão? Mande embora!
E também a infelicidade.
Não permita que a maldade
Venha morar em você
Se ele estiver cheinho de amor
Com um pouco de saudades
Sei que a felicidade
Fará morada em você
“SOBRE TUDO O QUE SE DEVE GUARDAR, GUARDA O TEU CORAÇÃO, PORQUE DELE
PROCEDEM AS FONTES DA VIDA.“ PROVÉRBIOS 4:23
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 44 -
A Mente
Como está a tua mente?
Está limpa, ou poluída?
Com que você a ocupa?
Com coisas de morte ou de vida?
Depende do que você olha,
Depende do que você lê
E daquilo que você pensa,
Quem ganha, ou perde, é você
Pense somente o que é bom
Use melhor o teu tempo
Não jogue fora teus dons
Não jogue o que é bom ao vento
Honra tua mãe e teu pai,
Respeite a família, os amigos
Dedique-se ao teu trabalho
E tudo irá bem contigo
Ame a Deus sobre todas as coisas,
E ao próximo, como a ti mesmo.
Tenha um alvo para tua vida
Não fiques andando a esmo
E NÃO SEDE CONFORMADOS COM ESTE MUNDO, MAS SEDE TRANSFORMADOS PELA
RENOVAÇÃO DO VOSSO ENTENDIMENTO, PARA QUE EXPERIMENTEIS QUAL SEJA A
BOA, AGRADÁVEL, E PERFEITA VONTADE DE DEUS. ROMANOS 12:2
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 45 -
O olhar
Com que olhos você me olha?
Explica-me, quero saber,
Quero tentar aprender a reconhecer teu olhar
Olhos de bem, ou de mal?
De críticas, ou de apoio?
Só depende do teu olho,
e de como prefere enxergar
Se me olhas com carinho, um olhar de amizade,
Da minha felicidade você vai compartilhar
Se, porém, o olhar é duro, encontrarás mil defeitos,
em mim, e esse meu jeito, você não vai entender
Com que olhos você me olha?
Como quer me enxergar?
Basta olhar, e já fui julgado, ou posso me defender?
E, que tal pesar as palavras versus minha atitude?
Qual delas fala mais alto?
Qual delas você vai pesar?
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 46 -
Mas, convivendo comigo, você muda o julgamento,
Pois não é só no momento, que vamos nos conhecer
Você será meu amigo, depende do teu olhar.
Só um olhar sem maldade é que me julga direito
Há gente vivendo enganado, por ter os olhos
malvados
E só olham para o outro buscando achar um defeito.
Quem julga assim é infeliz, não pode viver em paz
Pois a vitória do próximo consegue lhe machucar
Eu procuro olhar com amor,
buscando as qualidades,
Para não julgar, na verdade,
eu olho buscando amar
Amar nem sempre é fácil,
em se tratando de gente
Pois, mesmo sendo diferente,
nós somos muito iguais
Todos temos qualidades, e também muitos defeitos,
Sem contar os preconceitos que nos levam a julgar
Precisamos reaprender, vamos treinar nosso olhar,
Assim vamos exercer o amor que nos vai no peito
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 47 -
Não julgue ao próximo, ame-o, isso é parte da vida
Não pelo que ele merece, mas porque ele precisa.
A vida é como um espelho, reflete o que eu fizer
O bem ou o mal que eu faço, é o que eu vou receber
Olhe ao próximo com amor, como Jesus ensinou
pois ele também tem valor aos olhos do nosso
Senhor.
“A CANDEIA DO CORPO É O OLHO. SENDO, POIS, O TEU OLHO SIMPLES, TAMBÉM
TODO O TEU CORPO SERÁ LUMINOSO; MAS, SE FOR MAU, TAMBÉM O TEU CORPO
SERÁ TENEBROSO” LUCAS 11:34
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 48 -
O sertão chora
O sertão chora sem lágrimas, como já disse o poeta
E o povo, que tanto reza, ainda não recebeu chuva
O gado está morrendo, como a lavoura morreu
Seco, estorricado, tudo porque não choveu
O sol constante, inclemente,
Derrete a esperança da gente
Que vive no nosso sertão
A chuva, faz tanto tempo!
Ficou de vir, e não veio
Resolver a situação
Deus não ouviu? Eu duvido
Ele, sempre, ouve os seus
Porém, esse povo sofrido
Que anda muito iludido,
É que não quer ouvir Deus
Rezam para um e para outro
Lá, na caatinga, são tantos
Santos e santas de pau oco
E agora está um sufoco,
O sofrimento é muito
Mas a chuva, nem um pouco.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 49 -
Pescaria inusitada SEM MENTIRA!
Logo de madrugada, com o dia ainda escuro
Comecei minha jornada rumo ao rio, para pescar
Tão logo peguei a estrada, com o equipamento todo
O céu, quase sem nuvens, começou a clarear
Raios de sol surgiam com uma beleza sem par
Uma ou outra nuvem brilhava, a manhã a anunciar
Logo, muitos passarinhos começavam a cantar
Outras aves iam surgindo no céu a esvoaçar
Nas baixadas, uma leve bruma, de longe eu
percebia
Mas, ao chegar perto, interessante, a bruma
desaparecia
O sol despontou no horizonte, vermelho ele se
mostrava
Mas, à medida em que subia, a sua cor amarelava
Chegando à beira do rio, preparei o acampamento
Organizei minha tralha, tudo em um breve momento
Anzóis iscados na água, uma ceva generosa
Fiquei esperando os peixes, expectativa gostosa.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 50 -
Logo, um curimbatá, de dois quilos, com certeza,
Foi fisgado, lutou bastante, aproveitando a
correnteza
Mas eu venci aquela luta, e o peixe logo peguei
Tirei-o da água então, e no meu covo o coloquei
Depois, as piaparas, começaram a beliscar
Uma ou outra eu fisgava, alguma conseguiu escapar
Piaus, piauçus, piranhas, lambaris e sagüirus
Pintados, piraputangas, dourados, cacharas, pacus
Tantos peixes diferentes, eu fisguei naquele dia
Peixes pequenos e grandes, fizeram a minha alegria
Porém, às sete horas, eu fiquei muito tristonho
Descobri que a pescaria não passara de um sonho.
Fiquei tão injuriado que briguei com minha filha
Que pegara o despertador e lhe tirara as pilhas
Agora já era tarde para pensar em pescar
Então, deitei-me de novo, e continuei a sonhar
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 51 -
Viver de peixes?
Se fosse viver de peixes, eu seria um bom pescador
Mas peixe é só diversão, pois eu sou um amador.
Trabalho para ganhar a vida,
Nem sempre é fácil a lida, mas...
Do meu trabalho dou conta.
Há gente que, talvez, pense que eu tenho obrigação
De voltar da pescaria, sempre lhe trazendo um
peixão
E mais peixes, para lhes dar, após cada pescaria.
Querem peixes, de montão.
Vejam que idéia tonta!
Escolho os melhores peixes,
os pequenos eu solto na hora
Separo dois dos maiores,
e com estes eu venho embora.
Peixarias? Há diversas...
Eles que comprem os peixes
Se querem a comida pronta.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 52 -
Eu protejo a natureza,
pescando dessa maneira.
Pescando assim me divirto,
é a melhor brincadeira.
Me disponho a ajudar,
até ensino a pescar
Não receba como afronta
Dar aulas de pescaria?
Quem sou eu dona Maria?
Quando quero comer peixes,
os compro na peixaria!
Para pescar, compre um caniço,
com linha, anzol e bóia,
Tenha sempre a tralha pronta!
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 53 -
Pescar
Quando me ponho a pensar,
logo penso em pescar.
Mas é bom ficar pescando
pois, enquanto pesco,
é melhor para pensar
Sentir o peixe pegando,
sentí-lo comendo a isca...
É um prazer maravilhoso,
Sei que não há quem resista.
No final do dia, cansado,
com vários peixes no covo,
já estou desestressado,
pronto pro trabalho, de novo.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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O caminhoneiro
Nesta longa estrada da vida,
Com seu caminhão, com excesso de carga,
Detona o asfalto, foge de assaltos,
E vai destruindo nossas estradas
Evitando pedágios, pagando os pecados.
Pagando impostos, o quê vai fazer?
O frete pequeno, tantas despesas
Cadê dinheiro para abastecer?
Se furar um pneu, adeus sustento...
Os pneus novos tem que financiar
E o caminhoneiro, tão destemido
Ainda insiste em trabalhar.
Chegando em casa, depois dessa lida
Viagem longa, que não rendeu nada.
Matar saudades de sua esposa querida
E sair à procura de uma nova carga
O filho cresceu, e ele nem viu
Quando é que foi que o filho cresceu?
Tão entretido com os fretes e a vida
Ele estava na estrada, não percebeu
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 55 -
O caminhão desgastado, ele envelhecido
O sonho que tinha já foi esquecido
Chegada a hora de se aposentar
E pra estrada querida nunca mais voltar
O coração está machucado
Agora não sabe mais o que fazer
O seu caminhão, sempre bem cuidado,
Ele, aposentado, teve que vender
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Epitáfio
Escrevi este Epitáfio quando morreu o cãozinho de
um amigo, há alguns anos,
Nasci
Mamei
Comi
Cresci
Brinquei
Lati
Vivi!
Amei!
Morri!
Junior “Au-Au” Sabbag
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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A pedra no caminho do poeta
Um famoso poeta, andando por uma estrada
Viu uma pedra no caminho, e olhou-a até cansar.
Não se interessava, já, por mais nada
O importante, agora, era explicar
Que no meio do caminho tinha uma pedra,
Uma pedra no meio do caminho...
Ele nunca se esqueceu, que no caminho havia a pedra
E eu aprendi que havia uma pedra no meio do
caminho.
Porque essa pedra neste caminho?
Porque é que ele foi passar por ali?
O outro caminho,talvez, não tivesse a pedra...
E..., porque ele foi passar por ali?
Só ficou pensando na pedra, o poeta,
E escrevendo, não saia do lugar.
E a frase escrita pelo poeta
Foi repetida, mil vezes, sem cansar.
Havia uma pedra no meio do caminho...
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 58 -
Mais à frente, no caminho do poeta,
havia uma flor, a desabrochar
Se ele seguisse em frente, e prestasse atenção
A poesia era diferente, não seria de pedra, não.
Mas o Carlos Drummond de Andrade
Me ensinou uma lição:
O poeta tem liberdade, e precisa ter ambição
Fazer versos à vontade escrever com a opção
De enxergar o que agrade ou lhe vai no coração.
Velho Pescador
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Carlos Drummond de Andrade
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Hoje eu não quero escrever
Eu hoje não quero escrever
Talvez por estar irritado,
Talvez por estar cansado
Eu hoje, não quero escrever!
Hoje, já é sexta-feira,
Final de semana chegando
Muita gente viajando
E eu aqui, no trabalho
Mesmo cansado, confesso,
Não tenho por que reclamar!
Meu trabalho é o meu sucesso
Eu gosto de trabalhar
Se eu fosse, deveras, poeta,
Inspiração não faltava
Estaria aqui, bem disposto,
A rima fluiria com gosto
Mas, amanhã, já e sábado
E não vou poder pescar
Então fiquei irritado,
E decidi não rimar!
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Estou em Greve
Decidi entrar em greve, pois estou muito irritado
Mas eu seu que sou culpado por essa irritação
Quando acordei, estava alegre, e muito bem
humorado
Mas fui ler o noticiário, e doeu o meu coração
Só más notícias eu li. Nenhuma notícia boa.
E coisa ruim me magoa, me faz perder a razão.
Corruptos roubando dinheiro, os governos, só
mentindo
Os valores estão invertidos... Pobre população
A mídia só noticia o que interessa ao governo
E verbas, vão recebendo, para essa embromação
Decidi entrar em greve. Eu não vou mais ler jornal
Só livros bons, que me alegrem, e eduquem a nossa
nação.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 61 -
O lugar onde vivo
O lugar onde vivo é lugar muito bom,
Muitas pessoas com quem posso conversar.
Encontro gente nova todos os dias,
poucos deles eu torno a encontrar.
Eu vejo o mundo, viajo para todos os lados,
Vejo as montanhas, as cidades, os grandes lagos.
Vejo a praia, linda, com banhistas,
Vejo os navios, as gaivotas, os surfistas.
No lugar onde vivo, a segurança é relativa...
Estou guardado da chuva e do calor.
Na minha casa, esta cadeira é cativa.
Vivo sentado frente ao computador.
Um antivirus atualizado é importante
para garantir a segurança desejada.
Se entrar virus, derrepente, num instante
a minha máquina poderá ficar travada.
As horas passam, e eu permaneço aqui sentado
olhando a tela, usando o teclado,
A webcam ligada, mandando a minha imagem
para outros, que me vêem só de passagem.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 62 -
Há um incômodo, quando chega a minha mãe
dando uma bronca, mandando-me estudar.
Então levanto-me, pego logo um ou dois pães,
um refrigerante, e torno a me sentar.
Resumo da vida de muitos adolescentes
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Cabral, em 1500
Pedro Álvares Cabral estava um tempo folgado
1500, a começar, encontrou-se com seu cunhado
Estavam andando na praia, sem ter o que decidir
Que tal velejar, ó Pedroca? Vamos nos divertir?
Como ele andava livre, e não tinha o que fazer
Respondeu depressa: Vamos! Velejar é um prazer!
Convidemos os amigos que estejam entediados
E vamos aproveitar esses dias de feriados
Pegaram logo treze naus, só os homens, nenhuma
menina
Mas o mar estava sem ondas, parecia uma piscina...
Ele ficou preocupado com aquela calmaria,
Acessou a internet para ver como ia o clima
Sua esposa perguntou-lhe para onde ele iria,
E ele respondeu sério, que a vontade do rei, faria.
Vou buscar especiarias, na Índia, e algum figo
Fico fora um mês ou dois, qualquer coisa eu te ligo
Feliz, carregaram as naus com muito rum e bom vinho
Recolheram logo as âncoras colocando-se a caminho
Cada um deles levava facão, carabina e fuzil
Com bijuterias e espelhos, rumaram ao Brasil
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 64 -
Chegaram lá pela tarde, todos ébrios e alegres
Viram algumas capivaras e as confundiram com lebres
Falaram com um cacique, que era um dos homens mais
velhos
Arruma-nos algum ouro em troca de nossos espelhos
Negociaram, nadaram, pescaram no rio
Havia muita coisa boa lá na terra do Brasil
Voltaram a Portugal, depois de toda a farra
Passaram pelas Índias, antes, com medo de chegar em
casa.
Ficaram alguns meses fora, e voltaram preocupados
Eles já não se agüentavam de tanta saudade dos fados.
Trouxeram ervas, riquezas, histórias de bom final
Que impressionaram a todos do querido Portugal
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 65 -
Dedo inchado/Nariz quebrado
Coitadinho do Augustinho, meu amigo lutador
Estava treinando boxe e machucou o indicador
O seu dedo ficou inchado, vermelho, arredondado...
Se ficar imobilizado, como fará pra lutar?
Se não parar de doer, se permanecer inchado,
Meu amigo arredondado tão logo não vai treinar
Se não treinar, o Augustinho vai ficar inda mais
inchado
Dormindo, e comendo adoidado... Onde é que ele
vai parar?
Além disso, tem aquilo que ele faz, lá no barzinho.
Pega um copo bem cheinho e entorna, sem piscar
Bate papo e toma outro, toma mais um, logo mais
outro,
Enquanto conversa um pouco, e não vê a hora
passar.
Chega em casa, come de novo, nem que seja só um
ovo
Para não desacostumar.
Dorme um pouco, logo desperta, eis a geladeira
aberta,
E ele a investigar.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Depois, de barriga cheia, ele liga a TV
Esparramado no sofá, roncando e babando
bastante!
Com a mamadeira cheia, que ele mama num
instante
Sonha de novo, o safado, e a programação não vê!
Agora estou de saída, tomando bastante cuidado
Pois o Augusto, zangado, eu não consigo segurar
Vou ficar com os olhos inchados, o nariz, talvez
quebrado,
É capaz de sangrar um bocado até conseguir
estancar.
Quem mandou mexer com ele, escrever estas
besteiras?
Deixar meu amigo bravo, com isto que escrevi.
Eu vou embora mais cedo... Estou tremendo de
medo!
Pois ele vai me moer inteiro se me pegar por aqui.
---ooo---
PS.: Quase consegui derrubar o Augusto, de tanto
que ele riu!
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 67 -
Decisão
Ah, chega de ódio, pois a vida é muito curta,
E, chega de mentiras, que fazem tanto mal.
E, chega de farras, que destroem nossas idéias,
E destroem compromissos, e destroem a nossa paz.
Eu sei!
É melhor o amor, pois a vida é muito curta.
É melhor o amor, porque ele nos faz bem
O amor que me enche, e que me leva à luta
Para vencer a mim mesmo, para conquistar o bem.
Chega!
Ah, chega de traições, que ferem quem nos ama,
E, chega de malícia, que nos levam a trair
E, chega do pecado, e dos vícios, que nos matam,
E destroem nosso futuro, e destrói o nosso lar.
Decidi
Assumir um compromisso de mudança para minha
vida
Vou cuidar do meu lar, enchê-lo ainda mais de amor
Vou levar a vida a sério, nisso estou comprometido
E procurar amar ao próximo, como Cristo ensinou
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 68 -
Minha frô
Faiz tempo qui eu quiria ti falá
Tantas coisa bunita qui ando pensano
Eu penso nocê, somente nocê
E assim o tempo vai passano,
E ele passa sem ocê se apercebê
O tempo passa, e o amor só cresce
Enquanto o meu coração só vai sofreno
Purque num tem a carma i a paz
Di tê o amor qui ele ta quereno
I dessi amor, só ocê qui é capaiz
Mais vai chega a hora qui eu vo te dizê tudo
Ocê pode assustá, pode assuntá
vô insisti inté ocê mi aceitá
Cê aceitano, sou capais di indoidá
Pulá de um lado, para outro, i di cantá
Purquê eu vô mi acha o home mais sortudo.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 69 -
Giselda, a galinha que virou canja
Giselda, ainda era uma franga quando eu trouxe
para cá
Com uma prima, e um galo, soltei-a no meu quintal
Lá ela comia as formigas e o matinho que brotava
Fora os grãos de milho seco que pra ela eu jogava
Meu filho pequenino a olhava encantado
E com seus passos pequenos a seguia para todo
lado
E no quintal, a Giselda, andando devagarinho,
Ciscava pra lá e pra cá comendo muitos bichinhos
A Giselda punha ovos, mas não conseguia chocar
Só uma vez nasceram dois pintos que não
conseguiram viver
Os demais ovos, confesso, resolvi aproveitar.
Foram usados na cozinha, os peguei para comer.
A Giselda engordou, eu me lembro, coitadinha...
Minha esposa a olhou e a quis lá na cozinha
Não teve negociação, outra saída não tinha
Com quanta pena eu fiquei daquela pobre galinha
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 70 -
Alí ficou decidido o destino da Giselda
Que provou ser boa galinha até mesmo na panela.
Foi assim que a Giselda desapareceu de cena
Daquela galinha simpática só sobrou um monte de
penas.
E o Samuel, já grandinho, que o desenlace não viu
Comeu um pouco da canja, e então é que descobriu
Que a galinha Giselda, aquela presença constante
Estava agora no prato, e ele gostava bastante.
Giselda, pobre galinha que andava sempre a ciscar
Quem nunca teve galinha não consegue avaliar
Como é gostosa a canja, e o cozido de galinha.
(Eu ainda tenho penas da Giselda, coitadinha)
PS.: As penas que eu tenho são as que transformei
em bóias, para pesca de corimbas.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 71 -
Biliscão é um doce bão
A Betinha é uma beleza, nunca vi muié iguá.
Ela trabaia cum presteza, sem nunca recramá.
Se alevanta beeeem cedinho, se ajueia pra orá
Dispois toma o seu chazinho e já sai pra trabaiá
Trabaia cuidano dos véi, e dirigindo o pessoá,
Vê si ta tuuudo completo, si num farta materiá.
Quando dá o seu horário, seu fiinho vai buscá
Pruqui ele ta na iscola, onde foi pra istudá.
Chega em casa, faiz armoço, tem ropa pra lavá
Dá cumida pro Samuca, num tem tempo pra pará
Liga pra suas maninha, liga pro seu papai
Qui ta véio, o meu sogrinho, ela pricisa cuidá
Quando já ta tudo prontinho, ela começa a inventá
Põe treiz ovo na tigela, uma cuié pra misturá
Pega o sar, pega a farinha, o açúca prá porvilhá
Abre a massa beeem fininha, e já começa a cortá
Põe uma goiabadinha no meio, dobra pra segurá
Leva pruma forma graaande, e põe no forno prá assá.
Quando eu chego em casa, à tarde, eu me sento pra
jantá
Dispois é que nóis cunversa, pra sabê cume qui tá
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 72 -
Tomo as matéria do filho, a cachorra vem
cumprimentá
Mexo c´a calopsita, qui já começô subiá
Despois disso, abro o armário, só pra mó di ispiá
Lá eu vejo os biliscão, qui ela feiz pra mi agradá
Dô um bejo nessa gata, i nóis cumeça a namorá
Eu falo qui ela é bunita, pregunto si qué casá...
Essas brincadera boba, faiz nóis ficá mais feliz
Olho bem nos zóio dela, e dô um bejo em seu nariz.
Eita vida boa, a nossa, tendo essa união
A famía é um presente que alegra o coração
Como Deus gosta di nóis, eu falo com devoção.
Eu gosto taaaanto da Betinha, qui mi faiz us biliscão.
Como é bão!
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 73 -
Um docinho
Fiz um doce diferente, vou trazer procê provar
Ele mexe com as idéias da gente, isso não dá pra
negar
Inventei ingredientes na hora de preparar
O resultado espantou quem dele experimentou
Mas ninguém quis reclamar.
Usei cebola, pepino, goiabas, maracujá...
Berinjela bem madura, moranga, e um cajá.
Melão caipira, duas mangas, melancia fatiada,
Casca de jabuticaba, e botei pra cozinhar
Deixei umas horas no fogo, aí é que fui me lembrar
Não tinha posto açúcar, e aquilo já ia queimar...
Joguei caldo de laranja, aí pude adoçar
Porém, não seja indiscreto.
Pus um ingrediente secreto, que eu não quero contar.
Fui mexendo, fui mexendo, até aquilo apurar
Na pedra eu derramei, então aquilo cortei
(Em pedacinho, é melhor!)
Passei no açúcar cristal e na canela em pó.
Guardei na tigela tampada, que é para bem
conservar. O gostinho do jiló e o cheiro do jatobá
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 74 -
Ah, A cor não ficou muito boa.
Nem a consistência, também.
O sabor? Ninguém aguenta!
Quer provar?
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 75 -
Poetando
Um dia destes, menina,
eu estava poetando,
poetei uns versos lindos,
e então fiquei recitando.
Os versos falavam das flores,
(aquelas que você tem)
e comparavam as flores, menina,
você adivinha com quem?
Comparavam teus lábios à rosa, menina,
e o teu rosto ao jasmim.
(Se você lesse estes versos
você corria para mim)
Mesmo não sendo poeta,
eu me pego a poetar,
pois todo homem poeta, menina,
quando começa a amar.
Você também tem poetado, menina,
poesias só para mim.
(Poemas são tuas palavras...
teus beijos... você, enfim
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 76 -
Você me poeta e eu te poeto
sobre todos os assuntos.
O amor e a poesia farão, menina,
que estejamos sempre juntos.
E juntos poetaremos, menina,
da noitinha ao amanhecer.
E ensinaremos poesias,
para o filho que nos nascer.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 77 -
Namoro de idosos
O idoso
Garboso
Guloso
Glutão
Viu a idosa
Bondosa
Vaidosa
Paixão!
No olhar,
Decisão
No falar,
Emoção
Das tripas
Coração
Novos méritos
Novos métodos
Novos médicos
Descobriu
De dietas,
De regimes,
De remédios
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 78 -
Ouviu
O idoso
Nervoso
Explodiu
A idosa,
Esperançosa,
Desistiu!
Ele só,
Ela só...
...e é só!
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 79 -
Um doce sonho
Eu estava pensando no sonho que tive
Um sonho bem doce, igual, nunca vi”
Há sonhos e sonhos, e muitos eu tive,
Porém, esse sonho, eu depressa comi
Quando vi esse sonho na confeitaria,
Recheado, fresquinho, o aroma eu sentia
E, muito guloso disse que o comeria
Eu logo, comprei, e em seguida, paguei
Tão depressa comi, quase me engasguei
A receita eu pedi, e postei-a aqui
Receita do Sonho
Ingredientes:
700 gramas de farinha de trigo
4 colheres de (sopa) de açúcar
2 colheres de (sopa) de manteiga ou margarina
3 ovos
250 ml de leite
3 tabletes de fermento para pão
óleo para fritar, e açúcar para polvilhar.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
- 80 -
Recheio
1/2 litro de leite
2 colheres de (sopa) de manteiga
4 gemas
150 gramas de açúcar
3 colheres (sopa) de farinha de trigo
essência de baunilha ou raspas de limão
Modo de fazer:
Recheio: em uma panela coloque o leite (reserve
um pouco), o açúcar, a manteiga, a farinha
dissolvida no leite reservado, as gemas e as raspas
de limão ou essência de baunilha.
Mexa até engrossar, reserve.
Massa: em um recipiente esfarele o fermento e
adicione uma pitada de açúcar.
Mexa até obter um líquido.
Adicione o leite morno. Reserve.
Em um recipiente coloque a farinha (reserve um
pouco), açúcar, manteiga, ovos levemente batidos e
o fermento reservado.
A seguir, sove sobre uma superfície enfarinhada e a
deixe descansar.
Após, abra porções com o rolo (deixe com uma
espessura de mais ou menos 1 dedo).
Modele.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Acomode em uma assadeira retangular polvilhada
com farinha.
Deixe dobrar de volume. Frite em óleo quente.
Deixe escorrer.
Abra com auxílio de uma tesoura, recheie e polvilhe
com açúcar.
Convide um Velho Pescador para comer!
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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A Elasticidade dos Peixes
OU CHAMO DE “EFEITO-SANFONA”?
Dizem que pescador é mentiroso, e há muitos que o
são, mas, se há um bicho que aumenta e diminui de
tamanho e de peso, é o peixe.
Nunca vi coisa igual!
O tamanho do peixe continua variando,
independentemente do tempo em que foi a
pescaria.
Quando você fisga o bicho, calcula que ele tenha
uns quatro quilos. Ao vê-lo se aproximar, ainda na
água, acha que deva ter uns seis quilos.
Se você está em um pesqueiro particular, na hora
de pagar, você acha que tem um quilo e meio, mas
paga por sete quilos. Chegando em casa percebe
que ele mal alcança os dois quilos e meio.
Será que desidratou?
Mas não, não para por aí, não...
Nos dias seguintes, quando o pescador vai contar
aos amigos, o peixe já está crescendo de novo.
Quinze... dezesseis, vinte quilos... E assim vai.
Essa variação se aplica também ao tamanho.
Eu já vi sujeitos contando que fisgaram lambaris
deeesse tamanho, com dois, três quilos, e não
duvido, pois tenho experiência, e sei que peixe varia
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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muito de tamanho e peso... Ou não, como diria o
meu amigo Aurélio.
Conforme o Professor Doutor O R Anderson*, "essa
variação de peso e tamanho dos peixes está de
acordo com a
"TEORIA DA RELATIVIDADE DOS PESCADORES",
enquanto o Professor Doutor C R Anderson*,
sugeriu uma nova unidade de medida, o KgE,
que nos coube definir, e você passa a conhecer
agora:
KGE = QUILOGRAMA EMOÇÃO
KgE = É uma Unidade de peso relativa,
imensurável, correspondente ao Kg em condições
especiais, variável de forma inconstante e ilimitada,
para mais ou para menos, dependendo de
circunstâncias específicas ou não.
Usa-se esta Medida de Massa para evitar
constrangimentos aos Pescadores, Caçadores e
Contadores de Causos, e explicar diversos outros
acontecimentos especiais.
Equivalências: Algumas pessoas substituem o KgE
pelos termos equivalentes “tamanhinho” e
“tamanhão”, que podem ser explicados da seguinte
forma:
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Tamanhinho: Pode, ou não, equivaler a 1g, 10g,
100g, 1kg, seus múltiplos ou submúltiplos.
Tamanhão: Pode, ou não, equivaler a 1g, 10g,
100g, 1kg, seus múltiplos ou submúltiplos.
KGE = QUILOGRAMA EMOÇÃO
Na continuação do estudo, vamos definir o Kgf+E
KgfE - Quilograma-força + Emoção:
Aplicando-se a Teoria da Inconsistência, de Roldan
(este que digita!), em conjunto com a Especificidade
incongruente, temos X = Kgf+T . Peixe, ou X = Kgf-
T . Peixe, onde X (Emoção) continua sendo incógnita
variável, indiferentemente do resultado da Equação,
para mais ou para menos.
Aplica-se também a abreviatura KgE.
NOTA DE AUTOR *
OS "DOUTORES" CITADOS NO TEXTO, SÃO, NA VERDADE, OS
MEUS QUERIDOS IRMÃOS OSMAR E CARLOS.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Por favor, doutor...
Pois é, seu doutor. Nós era da roça, não aprendeu falá
bonito. Nós até atropela as concordância...
Nós pode não ter muito estudo, mas sempre fizemos
o bem.
Uns de nós morava nos sítio, outros nas fazenda. Nós
era colono, roceiro, campeador, derriçava café... Isso
antes da implantação das usina de álcool, que fez o
nosso interior virar um canavial sem fim, e também
antes das leis que obrigava os fazendeiro a registrar
os colono.
Naquele tempo não tinha esse mundaréu de terra
parada, que não produz nada, que tem uns boizinho
pra dizer que é produtiva, para não ter o perigo de
invasão.
Também não tinha esses movimento de sem terra. Eu
fui convidado para participar disso, mas tinha que
ficar morando na barraca de lona preta, fazer
movimento, viver de esmola, e depois dividir o que
ganhasse com aquele povo safado. Não é isso que nós
quer, doutor. É só política, e nós quer é trabalhar.
Naquela época, não se falava da tal globalização, do
tal MERCOSUL
Televisão, só com bateria, uma poucas horas que
tinha, só nas fazenda. Nem antena parabólica existia.
Nós sempre agiu direito.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Nós respeitava até algumas leis que não estavam
escrita, como a da-oferta-e-da-procura, que a gente
descobriu, era para acertar os preço. Mas essa lei
estava nas mão dos atravessador. Quando nós
produzia bastante, os preços baixava. Quando a
produção era pequena, o atravessador pagava pouco
também.
Naquele tempo a vida não era fácil, e nunca foi, né,
seu doutor?
Nós levantava cedo, trabalhava até o sol se por,
inclusive de sábado, e, nos domingo também, quando
era época de colheita.
Uns de nós trabalhava de-a-meia, outros era
empregado do sítio, outros pegava o serviço de
empreita. Mas todos trabalhava. Nós vivia bem!
As criança ia para as escola, escola da fazenda
mesmo. Passava de ano até tirar diploma de 4ª série.
Depois tinha que ir para a cidade fazer o ginásio, o
colégio, até faculdade. Alguns até formou seus filho
nas faculdade, sim senhor. Tudo às custas do
trabalho, que naquele tempo não faltava não, doutor!
Vieram essas medidas econômica, essas coisa que
vocês fazem em Brasília (ou será que é porque não
fazem?), e a vida ficou complicada.
O sitiante parou de produzir, foi à falência, o coitado,
que não conseguiu pagar os financiamento, os
empregado. Os fazendeiro grande não tem mais
empregado nenhum. As pessoas que produz não tem
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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mais empregado. Só contrata bóia-fria, assim nós foi
tudo pras cidade, pois nem lugar para morar nós tem
mais, lá na roça.
Naqueles tempo, nós tinha lugar para morar, criar
umas criação caseira, fazer uma hortinha, ter uns
pezinho de fruta...
Agora, morar só se for na cidade, na favela, e se
alguém quer trabalhar, só acha de bóia-fria.
Trabalhar de bóia-fria não seria tão ruim se tivesse
serviço sempre.
Na cidade nós tem que pagar aluguel, contas de luz e
água, imposto, passagem nos ônibus, etc., e, quando
está fora de época de colher ou plantar, nós não
ganha nada.
Aí não dá mesmo para pagar isso tudo.
Logo, mesmo na safra de cana não vai ter mais
contratação, pois as usina já estão colocando
colheitadeira, que tira o serviço de um montão de
gente. Igual aos produtor de café, de soja...
Não tem mais trabalho, doutor.
Explico tudo isso para o senhor saber que nós é pobre
mas nunca foi bandido. Faz um tempo, criaram um tal
de Estatuto das criança e adolescente, que proíbe as
criança de trabalhar. Só pode trabalhar quando tem
dezesseis ano, se conseguir, e quase nunca consegue.
Aí, acabou a escola, e eles fica na rua, pensando
bobage.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Meu filho, o Nirto, ta com quinze anos agora, mas
sumiu de casa, depois de pegar e vender as roupa
que ele tinha, pra comprar um tal de crack.
Não sei onde ele anda, doutor, mas sei que ele
precisa de ajuda.
Ele sempre foi um menino bom, sempre foi obediente.
Acho que é com essas companhia, que ele aprendeu a
usar isso e a roubar.
Só ele, porque os outros irmão não usam, não.
Ele já foi preso, ficou uns tempo, e nós achava que
ele não ia usar mais, mas ele não conseguiu. A gente
conversava com ele, e ele até chorava, mas não
consegue se livrar desse vício, e nós não tem como
pagar um lugar para ele se tratar.
Estou contando isso para pedir pro senhor, doutor.
Se vocês descobrir onde ele está, traz ele de volta.
Não deixe os traficante matar ele não, doutor, porque
ele é nosso filho e nós ama ele.
Nós vai fazer o possível para ele se recuperar, e
vamos correr o mundo para conseguir internar ele
para ele se livrar disso.
Viu, doutor. Ele é um bom menino! Não deixa
matarem ele, não.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Adamastor e Hermenegilda
Pois é! Quem diria?
Adamastor, conhecido por sua vontade de arrumar
uma namorada bonita, rica, elegante, simpática e
discreta, já andava meio desanimado por tanto
tempo passado sem conseguir seu intento. A esta
altura, ele já estava achando que a namorada não
precisava mais ser tããããão bonita, ou rica, ou
elegante, ou simpática, muito menos tããããão
discreta. Sendo uma moça, mesmo que não tãããão
moça, já serve, pois a idade vem, os cabelos se
vão...
Pobre Adamastor.
Acontece que, dia destes, chamado a participar de
um simpósio sobre o sistema pelo qual ele responde
em seu município, que se daria em cidade próxima,
acordou atrasado, mas bem disposto, como sempre.
Tomou um banho rápido, passou o desodorante, a
colônia, vestiu-se primorosamente, como é o seu
jeito, apressadamente, mas não tããããão
apressadamente.
Pegou o seu carro e dirigiu até à o trabalho, donde
seguiu viagem, em companhia de algumas jovens
senhoras, ou quiçá, senhoritas.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Todas mostraram-se encantadas com a gentileza, o
sorriso cativante e o perfume inebriante do nosso
querido amigo.
Chegados ao destino, mal tem início o simpósio,
Adamastor percebeu que a prócer daquela área
estava mancomunada com um esbirro, preparando
armadilhas a fim de diminuí-lo aos olhos dos
demais, desgostosa que estava de sabê-lo ali, já
que o mesmo era quem mais profundamente
conhecia aquele trabalho, talvez quem
deveria dirigir os trabalhos.
Consternado, tentando manter-se calmo, aplicava-
se a cada momento em se livrar dos laços armados,
pois, instintivamente, sentia que o queriam
derrubar.
Em dado momento, ao virar-se para a direita, viu o
olhar de Hermenegilda.
Viu muito mais que isso.
Ah, Hermenegilda...
Como não a percebera antes? Ela que, em todas as
oportunidades, mostrava-se solícita, figura
benfazeja... Ruborizou-se ao perceber a simpatia e
carinho explicitados naquele olhar.
Sorriu.
Viu-a como nunca havia visto alguém...
Tentou voltar ao tema em discussão, mas quê?
Como ouvir outra coisa senão seu coração, que,
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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agora estava aos pulos, fazendo-o olhar mais uma
vez, mais outra, para aquela que o despertara para
o amor?
Pela primeira vez percebera o brilho dos olhos, o
frescor dos lábios, o olhar carinhoso...
Hermenegilda...
HER... ME... NE... GIL... DAAAAA... (É assim que ele
fala!)
Ela estava linda...
ooooo
HERMENEGILDA E ADAMASTOR
Hermenegilda era uma mulher simples e bonita,
inteligente, bem formada, mas praticamente deixara
de viver, desde que seu noivo a abandonara no
altar.
Jurara a si mesma nunca mais confiar, nunca mais
se entregar a alguém. Seu coração se fechara, e ela
deixara de considerar a hipótese de ter um
namorado, de se casar, ter filhos...
Os anos foram se passando e ela ia se dedicando
mais e mais ao trabalho, tentando afogar aquela
frustração.
A vaidade se fora. Deixara de se cuidar. Os cabelos,
loiros e lisos, outrora tão lindos, eram agora
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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amarrados de um modo simples, formando um
pequeno rabo, quando não os cortava bem curtos.
Suas roupas não deixavam ver a harmonia de suas
linhas. Parecia-se mais com uma austera
professora, do que com a jovenzinha gentil e
sonhadora de anos atrás.
Curiosamente, com tudo isso, não se tornara
amarga, mas indiferente.
A vida passava e ela não percebia, imersa em seu
trabalho.
Acordou, naquela manhã, muito cedo, como era seu
costume. Neste dia participaria de mais um
seminário sobre o sistema de que era responsável
em seu município, e que ocorreria em uma cidade
próxima. Ela gostava daqueles momentos, pois a
tiravam da mesmice de sua repartição, e ela podia
discutir os assuntos que tanto gostava, com pessoas
que faziam parte daquele mundo à parte.
Tomou um rápido banho, maquiou-se levemente,
vestiu-se.
Há tempos não usava um perfume. Perfumar-se lhe
parecia algo despropositado, pois,
inconscientemente, temia que algum homem
pudesse reparar nela, e era isso que ela evitava,
mas, não sabia por que, pegou de uma colônia que
ganhara de uma colega, e ousou sonhar, ao sentir
aquela inebriante fragrância.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Na condução que viera buscá-la, passou a olhar a
paisagem, vislumbrando aqui e ali uma árvore que
se destacava, ou uma pessoa que trabalhava.
Viu crianças brincando em uma pequena praça e
permitiu-se sorrir.
Ah, há quanto tempo não sorria? Como era bom
aquilo.
Viu o balanço indo-e-vindo, meninos correndo, uma
bola parada...
Passou a recordar os momentos felizes de sua
infância, e, imersa em si mesma, chegou ao local do
seminário, com pequeno atraso.
Desceu tranquila, leve, sorrindo para todos, sem
mesmo perceber, feliz que estava, e entrou para o
simpósio, percebendo que o assunto discorrido era
já conhecido, simplesmente uma atualização das
normas.
Sem querer, sorrindo ainda, seus olhos
encontraram-se com os dele...
ADAMASTOR!
Ele sempre lhe parecera muito esquisito, cheio de
manias, metódico ao extremo, mas alguém que
realmente entendia aquele trabalho, e com quem,
algumas ocasiões, discutira detalhes importantes.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
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Naquele momento, percebeu no olhar do Adamastor
a solidão que existia em si própria, e conscientizou-
se de estar tão sozinha há tanto tempo.
Ruborizou levemente, o que a deixou ainda mais
bonita, e então, virou-se para ele, e ...
... sem querer, pela primeira vez em suas vidas,
Hermenegilda e Adamastor deixaram de participar
do seminário, mesmo continuando presentes
naquela sala.
Ela só pensava nele, e ele só pensava nela.
------------
Explicações do Velho Pescador.
Os personagens acima não são apenas ficção, mas
retratam pessoas conhecidas.
Vamos aguardar o desenrolar para dar
prosseguimento a este romance.
Ou não!
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Elio Roldan Anderson
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A Lua não se quebrou
Estávamos em Julho de 1969, e, no dia 19, meu
aniversário, a atenção de todo o povo se
concentrava na viagem à Lua, pois a missão Apollo
se propunha a pousar, permitindo que o homem
passeasse no solo lunar.
O pouso estava marcado para o dia seguinte, 20 de
Julho.
Eu estava encantado com a idéia, nos meus
dezenove anos de idade, maravilhado com o
desenvolvimento científico-tecnológico que
possibilitava essa viagem.
Noticiários de rádio, TV, revistas e jornais, não
paravam de falar do assunto, mostrando, em preto
e branco, as imagens do nosso satélite, as fotos dos
astronautas e do foguete que os levaria até lá.
Ocorre que um vizinho nosso, o Sr. José, com seus
65 anos, aproximadamente, estava por demais
preocupado.
Ele, mineiro de Itajubá, humilde ascensorista, não
aceitava a idéia da viagem, e ficava esbravejando
“com esse povo que pensa poder ir à Lua. Os
homens não podem ir à lua”, ele dizia.
Eu, já acostumado a conversar com ele, fui
explicando em uma linguagem mais simples para
que ele entendesse, mas estava difícil.
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Em determinado momento, ele foi peremptório:
- “O homem não conseguirá entrar na Lua! Por onde
ele vai entrar”?
Eu pensei um pouco, e, mostrando em uma revista
a foto da Lua, e, pensando ter encerrado o assunto,
mostrei-lhe as várias crateras e disse:
- “Eles vão entrar por um desses buracos...”
Ao que ele respondeu:
- “Se eles entrarem, a Lua vai se quebrar e cair na
Terra!”
Apavorado, foi rezar mais um pouco e eu, desistindo
de explicar qualquer outra coisa, fui curtir o meu
aniversário, esperando que a missão Apollo 11
tivesse êxito e os astronautas voltassem em
segurança à sua base.
No dia 20 foi a maior festa! Afinal, a Lua não se
quebrou, e a missão foi um sucesso!
Alguns Poemas de um Velho Pescador
Elio Roldan Anderson
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Para falar comigo:
Que Deus o abençoe!