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Jornal Em Foco - Campo Grande - MS - abril de 2009 - Ano VIII - Edição 118 Marinheiros - Moradores e turistas se fantasiam daqueles que trouxeram a tradição Leonardo Cabral Recordar é viver. É isso que acontece na folia da Ca- pital do Pantanal. Em Co- rumbá, ano após ano, o res- gate dos carnavais dos ve- lhos tempos se repete. A ci- dade é uma das poucas do Brasil que mantém viva na memória dos foliões a ma- neira como se brincava anti- gamente, relembrando per- sonagens e as eternas mar- chinhas. Palhaços, colombinas, pastorinhas, marinheiros e cordões carnavalescos, além dos desfiles das escolas de samba, levam à Avenida Ge- neral Rondon em Corumbá um pouco da história dos carnavais. A avenida se transforma na passarela do samba e a alegria contagia os foliões. Muitos esperam esta data durante o ano todo. Turistas e a população em geral acompanham a pro- gramação dos desfiles dos cordões carnavalescos. Na avenida, histórias contadas de forma contagiante, que emocionam as pessoas em- baladas pelas marchinhas. O desfile de todos estes personagens, que ao longo do tempo foram sendo es- quecidos pelos foliões, re- nasce para mostrar aos jo- vens uma cultura distinta. Prova de como seus avós brincavam o carnaval. “Não digo recordar, mas sim co- nhecer o carnaval dos ve- lhos tempos, porque atual- mente nós jovens não nos importamos e nem procura- mos conhecer essa cultura, que por sinal é maravilho- sa. É uma pena que poucas Em Corumbá, festa é preservar a história dos carnavais Tradição De volta aos carnavais das marchinhas pessoas dão valor”, lamenta a jovem Samerry Santos Souza, de 18 anos. Samerry, que participou dos desfiles deste ano, ain- da conta que se emocionou ao entrar na avenida. “Foi uma sensação de dever cum- prido ver a população aplau- dindo e prestigiando o des- file”, lembra. Foi a primeira vez que a jovem desfilou no carnaval. Ela explica que o que mais chamou a sua aten- ção foram os ensaios, próxi- mos à sua casa e as fantasi- as cheias de brilhos. “Aca- bei saindo de Colombina, e meu namorado de Pierrô. Com certeza desfilarei nos próximos anos, pois só quem já desfilou, sabe como é contagiante”, afirma a fo- liã. Além das personagens que faziam a alegria dos car- navais, os organizadores este ano, levaram para a ave- nida carros antigos, relem- brando a corte imperial. Uma forma de preservar a cultura corumbaense. Os responsáveis por le- var essa alegria há décadas para os corumbaenses foram os marinheiros. Eles, que chegaram à cidade por con- ta da Marinha que está loca- lizada no município de Ladário, próximo à Corum- bá, hoje fazem parte da cul- tura da cidade. No último dia não há dis- puta nos desfiles. O que vale é mostrar à população as fi- guras e as músicas que eram cantadas na época. O desfi- le que é mais aguardado pe- los foliões é o da Ala das Pastorinhas, que represen- tam as damas da corte impe- rial da Europa. Os trajes as- sociados à trajetória da che- gada dos europeus no Bra- sil são mostrados na passa- rela. O mais interessante são as porta-bandeiras que na hora do desfile não sambam e sim dançam com a leveza da valsa, dança que na épo- ca era indispensável para as damas e cavalheiros. “É uma alegria muito grande ver tudo isso na ave- nida, pois o que realmente conta é levar aos jovens e fa- zer com que o povo veja a importância de relembrar como se brincava os carna- vais”, diz Denise Campos, que foi jurada durante cin- co anos dos desfiles das es- colas de samba de Corumbá e que hoje é comentarista de carnaval em uma rádio local. Os moradores da cidade estão muito orgulhosos pela iniciativa. “Além de mostrar a cultura o que vale é divul- gar para outras cidades o que está acontecendo na nossa Corumbá, o carnaval aqui não é só manter o samba no pé, mas sim mostrar a cul- tura para as pessoas”, afir- ma o corumbaense Adriano Yovio, de 45 anos. Todos estes personagens demonstram como é impor- tante preservar a cultura e a história da cidade, que está resgatando a tradição por meio das festas culturais. As mais contagiantes e alegres do Estado. Pastorinhas - Elas são o principal atrativo dos carnavais dos velhos tempos, mulheres representam as damas da corte imperial européia e encantam ao desfilar fantasiadas pela passarela do samba Animação - O ritmo de festa fica por conta dos palhaços, que esbanjam alegria Colorido - As fantasias garantem a beleza do Carnaval, que reúne foliões do mundo todo Foto: Leonardo Cabral Foto: Leonardo Cabral Foto: Matheus Cabral Foto: Leonardo Cabral Edição de títulos, legendas e fios: - Caroline Maldonado

De volta aos carnavais das marchinhas · “cartomagia”, mágica com cartas, que apesar de serem do mesmo gênero cênico, possuem lingua-gens e métodos diferentes. Ou seja, uma

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Jornal Em Foco - Campo Grande - MS -abril de 2009 - Ano VIII - Edição 118

M a r i n h e i r o s -Moradores e turistas se fantasiam daqueles que trouxeram a tradição

Leonardo Cabral

Recordar é viver. É issoque acontece na folia da Ca-pital do Pantanal. Em Co-rumbá, ano após ano, o res-gate dos carnavais dos ve-lhos tempos se repete. A ci-dade é uma das poucas doBrasil que mantém viva namemória dos foliões a ma-neira como se brincava anti-gamente, relembrando per-sonagens e as eternas mar-chinhas.

Palhaços, colombinas,pastorinhas, marinheiros ecordões carnavalescos, alémdos desfiles das escolas desamba, levam à Avenida Ge-neral Rondon em Corumbáum pouco da história doscarnavais. A avenida setransforma na passarela dosamba e a alegria contagia osfoliões. Muitos esperam estadata durante o ano todo.

Turistas e a populaçãoem geral acompanham a pro-gramação dos desfiles doscordões carnavalescos. Naavenida, histórias contadasde forma contagiante, queemocionam as pessoas em-baladas pelas marchinhas.

O desfile de todos estespersonagens, que ao longodo tempo foram sendo es-quecidos pelos foliões, re-nasce para mostrar aos jo-vens uma cultura distinta.Prova de como seus avósbrincavam o carnaval. “Nãodigo recordar, mas sim co-nhecer o carnaval dos ve-lhos tempos, porque atual-mente nós jovens não nosimportamos e nem procura-mos conhecer essa cultura,que por sinal é maravilho-sa. É uma pena que poucas

Em Corumbá, festa é preservar a história dos carnavais

Tradição

De volta aos

carnavais das

marchinhaspessoas dão valor”, lamentaa jovem Samerry SantosSouza, de 18 anos.

Samerry, que participoudos desfiles deste ano, ain-da conta que se emocionouao entrar na avenida. “Foiuma sensação de dever cum-prido ver a população aplau-dindo e prestigiando o des-file”, lembra. Foi a primeiravez que a jovem desfilou nocarnaval. Ela explica que oque mais chamou a sua aten-ção foram os ensaios, próxi-mos à sua casa e as fantasi-as cheias de brilhos. “Aca-bei saindo de Colombina, emeu namorado de Pierrô.Com certeza desfilarei nospróximos anos, pois sóquem já desfilou, sabe comoé contagiante”, afirma a fo-liã.

Além das personagensque faziam a alegria dos car-navais, os organizadoreseste ano, levaram para a ave-nida carros antigos, relem-brando a corte imperial. Umaforma de preservar a culturacorumbaense.

Os responsáveis por le-var essa alegria há décadaspara os corumbaenses foramos marinheiros. Eles, quechegaram à cidade por con-ta da Marinha que está loca-lizada no município deLadário, próximo à Corum-bá, hoje fazem parte da cul-tura da cidade.

No último dia não há dis-puta nos desfiles. O que valeé mostrar à população as fi-guras e as músicas que eramcantadas na época. O desfi-le que é mais aguardado pe-los foliões é o da Ala dasPastorinhas, que represen-tam as damas da corte impe-rial da Europa. Os trajes as-

sociados à trajetória da che-gada dos europeus no Bra-sil são mostrados na passa-rela. O mais interessante sãoas porta-bandeiras que nahora do desfile não sambame sim dançam com a levezada valsa, dança que na épo-ca era indispensável para asdamas e cavalheiros.

“É uma alegria muitogrande ver tudo isso na ave-nida, pois o que realmenteconta é levar aos jovens e fa-zer com que o povo veja aimportância de relembrarcomo se brincava os carna-vais”, diz Denise Campos,que foi jurada durante cin-co anos dos desfiles das es-colas de samba de Corumbáe que hoje é comentarista decarnaval em uma rádio local.

Os moradores da cidadeestão muito orgulhosos pelainiciativa. “Além de mostrara cultura o que vale é divul-gar para outras cidades o queestá acontecendo na nossaCorumbá, o carnaval aquinão é só manter o samba nopé, mas sim mostrar a cul-tura para as pessoas”, afir-ma o corumbaense AdrianoYovio, de 45 anos.

Todos estes personagensdemonstram como é impor-tante preservar a cultura e ahistória da cidade, que estáresgatando a tradição pormeio das festas culturais. Asmais contagiantes e alegresdo Estado.

Pa s t o r i n h a s - Elas são o principal atrativo dos carnavais dos velhos tempos, mulheres representam as damas da corte imperial européia e encantam ao desfilar fantasiadas pela passarela do samba

A n i m a ç ã o -O ritmo defesta fica por conta dospalhaços, que esbanjamalegria

C o l o r i d o - As fantasias garantem a beleza do Carnaval, que reúne foliões do mundo todo

Foto: Leonardo Cabral

Foto: Leonardo Cabral

Foto: Matheus Cabral

Foto: Leonardo Cabral

Edição de títulos,legendas e fios:

- Caroline Maldonado

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Foto: Valeska Medeiros

Morenismo: Cultura e

Identidade da Cidade Morena

Renata Volpe

Busca pela valoriza-ção e o reconhecimen-to da identidade cultu-ral do Estado, esse é oobjetivo principal doMorenismo, movimen-to que surgiu a partirda junção das mais di-versas manifestaçõesculturais realizadas noSarau dos Amigos,evento que acontece to-das as quintas-feiras nobairro Universitário.

O movimento tevecomo principais idea-lizadores o artista plás-tico Apres Gomes, oator Kleber Dias, os jor-nalistas Eduardo Ro-mero e Elânio Rodri-gues, o professor dequímica Ivo Leite e o

A r t e - Inventor da Arte Paranormal, Ricardo Gonçalvez Thibau de Almeida, trabalha a fusão de várias técnicas de mágica. Dentre elas o Mentalismo, o Ilusionismo, a Micromogia e a Cartomagia

Fascínio de crianças e adultos, surge uma nova técnica de mágica que mistura arte e paranormalidade

Magia

Os segredos de uma nova arteValeska Medeiros

“Para aqueles quecreem, nenhuma explica-ção é necessária; e paraaqueles que não creem,nenhuma explicação épossível”. Esta citação deBertand Russell definebem uma das primeirasimpressões quando seassiste um dos espetácu-los do mágico Rick Thi-bau, idealizador da cha-mada Arte Paranormal.

Segundo o mágico aarte paranormal é a jun-ção de várias categorias demágica, como “menta-lismo”, que é o uso doscinco sentidos para criara ilusão de um 6º senti-do, o “ilusionismo”, umaespécie de entretenimen-to da audiência que cria ailusão como se o mágicotivesse poderes sobrena-turais, a “micromagia”,uma mágica de manipu-

lação com objetos pequenos, e a“cartomagia”, mágica com cartas,que apesar de serem do mesmogênero cênico, possuem lingua-gens e métodos diferentes. Ouseja, uma arte com linguagemcientífica e religiosa só que comum fim teatral.

Ricardo Gonçalves Thibaude Almeida, mais conhecidocomo Rick Thibau, de 26 anos,é mágico e jornalista , inventoue patenteou a Arte Paranormal eseus métodos que se utilizam dapercepção e da sensibilidadepara expressar diversos fenôme-nos parapsicológicos. “A para-normalidade é uma coisa difícilde se definir. O que eu faço éum trabalho artístico”, afirmaThibau.

Ele conta que desde peque-no esteve envolvido com a má-gica, tendo como fontes de ins-piração o mágico Uri Geller e oilusionista Alexander – O ho-mem que sabe – sendo que esteúltimo tem seu rosto estampadono braço direito de Thibau. Em

2004, quando estava na Ingla-terra ele conheceu os mentalistasMarc Paul e Ian Rowland e fi-cou ainda mais fascinado pelomundo da magia, passando autilizá-la como profissão.

Conforme Rick, ele acreditaque as habilidades que possuinão são um dom, mas sim umaconquista individual de cadapessoa. “A gente tem algumasaptidões, não é um dom, mas olugar onde cada um gostaria deestar. É um esforço, uma apti-dão que trabalho com o suor”.E uma dessas aptidões é a cha-mada “super-memória”, técnicaesta que ele estuda, trabalha edesenvolve há muitos anos paraajudar em seus espetáculos.

Uma dessas técnicas foi uti-lizada com a estudante CarlaMoura Fé Elias, de 15 anos,onde Thibau pediu que ela co-locasse em um papel um núme-ro qualquer, o nome de umaamiga de infância e desenhassealgo. Deveria esconder este pa-pel para que ninguém visse e

mentalizar o que havia nele paraque o mágico adivinhasse o queestava ali. Durante a apresenta-ção, a estudante ficou impressi-onada, pois ele adivinhou pron-tamente o que havia no papel.Ela assegura que acredita nos po-deres paranormais do artista.“Eu gostei pra caramba do showdele, não é um trabalho comume não é qualquer um que faz”,enfatiza Carla.

Pa r a n o r m a l i d a d eDe acordo com a psicóloga

de orientação psicanalíticaSheila Brusamarello, os profis-sionais de sua área tambémacreditam na paranormalidade.“Paranormal é um termo empre-gado para descrever as propo-sições de uma grande varieda-de de fenômenos anormais ouestranhos ao conhecimento ci-entífico. Compete à pesquisaparapsicológica estabelecer sedeterminado fenômeno psíqui-co é ou não de natureza para-normal, como também se a pes-

soa que o experimentou é ummédium”, afirma a psicólogaque complementa: “Conformenosso conceito, médium é aque-le que habitualmente apresentafenômenos paranormais”.

Já o mágico e ilusionistaJames Randi, um cético conhe-cido por ser um combatente dapseudociência, está oferecendo1 milhão de dólares para qual-quer um que consiga provar umevento paranormal. De acordocom o site Geocities Certa vez,Randi, disfarçadamente assis-tiu a uma performance de UriGeller em um teatro. Logo de-pois, ele foi em frente ao públi-co, refez os mesmo “prodígios”e ainda explicou como se faziaaquele truque. Tudo isso nomelhor estilo “Mister M”.

Fatos como esse que sãouma das grandes decepções deRick Thibau quando ele presen-cia o trabalho de profissionaiscomo o Mister M, que é umrevelador de truques, e afirmaque isso só destrói o trabalho,

a reputação e o encanto no meiode sobrevivência dos ilusionis-tas. “Ao mesmo tempo em queele divulga a mágica, ele querdestruir o público, as pessoasse emburrecem ao verem isso,elas acham que a mágica é só ométodo e ele ainda incentiva aspessoas erradas a entrarem namágica”, afirma Rick. “O nívelde técnica do Mister M é péssi-mo, ele é muito ruim e os seusmétodos são horríveis, eleavacalha, é um pichador”, de-sabafa o mágico que é naturalde Belo Horizonte, Minas Ge-rais e veio para Campo Grande,aos 11 anos de idade, quandoseu pai, um desembargador dotrabalho, foi transferido.

Edição de títulos,legendas e fios:

- Haryon Caetano

motorista de transporte urba-no Ademar Rocha.

Muitas pessoas já escuta-ram falar sobre o Sarau dosAmigos e sabem que lá acon-tecem várias apresentações deteatros, exposições de arte,apresentações musicais, entreoutras. Quem frequenta o lo-cal também se une em ideolo-gia como a preocupação de tor-nar Campo Grande um lugarmelhor pra se viver e desper-tar o orgulho de morar aqui.Pensando nisso, os organiza-dores do Sarau deram nome(Morenismo) a uma idéia quejá era praticada por muitoscampo-grandenses.

Segundo o ator KleberDias, o movimento não é umaidéia inédita, mas a falta de in-centivo fez com que muitosartistas não se integrassem nomovimento, pois a Capital

possui uma grande diversida-de cultural. “É uma misturados árabes, dos japoneses e éessa pluralidade cultural queé a identidade de CampoGrande”.

Uma das principais sensa-ções do campo-grandense éescutar que a Capital de MatoGrosso do Sul não possui as-pectos culturais próprios. Porvezes, e quase sempre, perce-be-se que tais afirmações tra-zem o desconhecimento deelementos mais nobres, a for-mação social cultural e histó-rica da cidade: a miscigena-ção.

É só andar pelas ruas quejá se percebe a diversificaçãode pessoas, cada uma com seuestilo de viver, mas que esco-lheram morar aqui. “Eu soubaiano mas o que eu produzoé cultura daqui. A maioria das

telas que eu pinto tem algumareferência do Pantanal”, dizApres.

Qual é a cultura daqui? OMorenismo surge para divul-gar e valorizar o que é a Cul-tura de Campo Grande, pro-movendo ações que contribu-am para a autoestima do cida-dão local sobre a identidaderegional. É um movimento deafirmação, de aproveitamento

do que produzimos, de afir-mar que realmente é de Cam-po Grande sim. Mesmo quetenha sua origem fora da cida-de, é como o povo que aqui seinstalou, trouxe suas contri-buições e aqui criou caracte-rísticas próprias. Uma auten-ticação do Estado. “Nosso ob-jetivo não é criar uma estéti-ca, mas sim fazer que as pes-soas tenham orgulho de viver

aqui e o que fazem surgiu daCapital”, diz Eduardo Romeroum dos idealizadores.

O movimento prevê açõesem encontros artísticos, uni-versidades, simpósios, sejaatravés de discussões ou apre-sentações artísticas, seja numartigo científico ou em umaestética que destaque os ele-mentos da Cultura campo-grandense.

A r t e -Moradores da Capital apreciam manifestações de sua própria cultura no Sarau dos Amigos

Foto: Renata Volpe

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ESPORTE

Mulheres arrasam no boxe

No ringue

Para obter corpo perfeito mulheres procuram o boxe em Campo Grande em busca de resistência e saúde

Foto: Paula Vitorino

Paula Vitorino

Resistência, flexibilida-de, enrijecimento dos mús-culos e perda de peso, sãoalguns dos benefícios encon-trados pelos praticantes doboxe. Seja na modalidadepara competição ou no exe-cutivo, é um esporte quevem atraindo o interesse demuitas pessoas, principal-mente as mulheres.

O boxe para competiçãoé o mais conhecido, vistonas olimpíadas ou em dis-putas internacionais comgrandes campeões, muitodinheiro e em geral, homensfortes no ringue se enfren-tando. Já o executivo nãotem ringue, nem disputacorpo-a-corpo e são elas queganham espaço.

As aulas são dinâmicas,ninguém fica parado. Osmovimentos do boxe sãocolocados em prática com osaco de areia e o aparador,sempre em dupla. A aeróbicada aula tem movimentos fei-tos no ar, com luva de boxe.Pesos, pneus, barras e a cor-da de pular também partici-pam e ainda tem os exercíci-os localizados, tudo issosem perder o ritmo.

“Queria uma atividadepara perder peso, uma ami-ga que já fazia boxe me indi-cou. Comecei a fazer e gos-tei. Hoje continuo porquegosto e vejo os resultados,perdi peso, ganhei resistên-cia e definição dos múscu-los”, conta a operadora demercado Anahy Davalos, 25anos, que pratica a ativida-de há um ano e quatro me-ses, três vezes por semana.

Os motivos que levamnovos alunos às academiasde boxe são variados, mas oque mais atrai são as calori-as perdidas.Em uma aula de1 hora e 30 minutos, inclu-indo o aquecimento, se per-de em média de 600 a 800calorias. “Entrei pra perderpeso. E realmente é bom,perde mais que na acade-mia.” Comprova a veteriná-ria Karina Naito, de 26 anos,

A t l e t a s - Sebastião Aparecido garante que o esporte pode ser praticado em qualquer idade

E s p o r t e - Alunas se dedicam às aulas para melhorar a saúde

que desde dezembro do anopassado procurou o boxe e jáviu os resultados.

O ex-pugilista e hoje pro-fessor de boxe e proprietáriode uma academia em CampoGrande Sebastião AparecidoRibeiro, o Tião, de 44 anos,garante que a modalidade nãotem idade e só traz benefíciospara o corpo.

As irmãs Laura Cesco, 36anos e Yone Cesco, 45 anosjá faziam academia juntas, gos-tavam das aeróbicas com mo-vimentos de luta, até que ou-viram falar dos resultados doboxe e foram atrás. “Fizemosuma aula e gostamos”, comen-ta Laura. “A gente gosta mui-to das aulas. São bem anima-das, não fica no mesmo exer-cício, é diferente. A hora de

bater nos sacos é a melhor, agente descarrega”, afirma Yoneentre risos.

As irmãs perceberam adiferença na balança, comodiz Laura. “É muito bom paramanter o peso. Queima maiscalorias que na academia”.Laura ainda conta que procu-rou também o boxe por reco-mendação médica. “Eu tenhopressão alta e o médico medisse que eu teria de fazeruma atividade bem dinâmicamesmo”.

Edição de títulos,legendas e fios:

- Miriam de Araújo- Valeska Medeiros

S u o r - Boxe executivo é uma das modalides que se pode perder mais de 800 calorias por aula

Foto: Paula Vitorino

Foto: Paula Vitorino

Paula Vitorino

Mas o boxe vai mui-to além de uma ativida-de que faz bem para asaúde, ele é uma pai-xão, como diz o profes-sor Tião. De segunda asexta, das 6h às 21h30,com direito a uma pau-sa para almoçar e al-guns minutinhos entreuma aula e outra, elevive o boxe. Desde os16 anos começou atreinar e como ele mes-mo conta. “Na área dopugilismo fui um dosmelhores profissionaisdo Estado” e desde os32 anos quando paroude competir, se dedicaa arte de ensinar oboxe. “Treinador temque ter passado peloringue”. Tião hoje tem11 atletas que compe-tem, sendo que quatroem nível nacional.

Da história de Tiãocom o boxe nasceuuma outra de amor háoito anos com Marilei-de Coelho, de 40 anos.Ela que já fazia muscu-lação procurou as au-las de boxe e se apai-xonou pelo esporte epor Tião. Marileide aju-da nas aulas e não abremão da prática do boxetodos os dias, mas sópor prazer, nunca com-

DEDICAÇÃO Histórias de amor

petiu. “Até tenho curiosidadepor outras artes marciais. Fa-ria por curiosidade mesmo.Mas largar o boxe de jeito ne-nhum”, confessa Marileide,que tem tamanha admiraçãopelo esporte que tatuou duas

luvas de boxe no ombro. Elafala mais das vantagens doesporte, “Emagrece, enrijece,define. A musculação é maisassim repetida os movimen-tos né, robotizada. O boxe édinâmico, completo”.

Foto: Paula Vitorino

Força - A paixão pelos tatames acabou unindo Sebastião e Marileide

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12UNIVERSIDADE

Projeto ensina Física na prática

Robótica

Docentes da Católica capacitam professores do Ensino Médio para aulas de ciências exatas com rôbos

Assessoria de Imprensa

Integrar as novas tec-nologias aos estudos éum dos principais obje-tivos do projeto de ex-tensão “Engenharia nocontexto de ciências doEnsino Médio” (Enge-nhar), desenvolvido pe-los cursos de Engenha-ria Mecânica, Mecatrôni-ca e de Computação daUniversidade CatólicaDom Bosco. Professores

de cinco escolas esta-duais de CampoGrande serão capaci-tados para dar aulaspráticas de exatas aosalunos do ensinomédio, utilizando ro-bôs produzidos comkits de robótica(Lego) disponibiliza-dos pela Financiado-ra de Estudos e Pro-jetos (FINEP).

O principal obje-tivo do projeto é au-mentar o interessedos alunos do Ensi-no Médio pelas áreasde ciências exatas e,por consequência,ajudar na escolha dofuturo profissional ediminuir o analfabe-tismo tecnológicocausado pela falta deacesso às inovaçõesdo mundo globaliza-do. “Por estudaremapenas a teoria, osalunos não percebemcomo vão utilizar, na

prática, os conceitos deFísica e de Matemática,e perdem o interesse por

essas disciplinas. Com a práti-ca, o Engenhar desenvolve a ta-refa de facilitar ao professor aexplicação dos conteúdos,além de despertar o raciocinológico e influenciar o estudodos demais conteúdos interli-gados”, explicou o coordena-dor interno do projeto naUCDB, professor WanderleiMendes Ferreira.

E t a p a sO Engenhar está sendo rea-

lizado por etapas, com o intui-to de melhor capacitar os pro-fessores. A primeira etapaaconteceu no segundo semes-tre do ano passado, entre osmeses de agosto e novembro, etreinou os profissionais volun-tários no uso dos kits de Lego,na montagem e na programa-ção de um robô para poderemaperfeiçoar os conhecimentossobre as técnicas de aplicaçãoda física e da matemática nasescolas.

A próxima fase está em an-damento, com a apresentaçãodos kits de Lego aos alunos ecom a montagem do materialpara dar início às aulas. Osacadêmicos bolsistas do Progra-ma Institucional de IniciaçãoCientífica (Pibic) auxiliam osprofessores nesta etapa paradeixar o robô de acordo com oque cada turma irá estudar. Osjovens que demonstrarem mai-or interesse receberão treina-mento em robótica e depoisserão capacitados, na UCDB,como monitores das escolas,para realizarem a mesma ativi-dade que os bolsistas desen-volvem hoje. Serão destinadosdois kits de robótica para cadaescola.

Com o intuito de desper-tar o trabalho em grupo e au-mentar a convivência entre osalunos, ao final do projeto, aUCDB realizará competiçõesde robótica entre as cinco ins-tituições participantes: Esco-la Estadual Professor Joelinade Almeida, E.E. Ada Teixei-

O b j e t i v o - “Por estudarem apenas a teoria, os alunos não percebem como vão utilizar, o Engenhar visa facilitar”, explica Wanderlei

ra, E.E. José Maria Hugo Ro-drigues, E.E. Dr. Arthur deVasconcelos Dias e E.E. deEducação João Greimer. Nasprovas, os competidores de-verão cumprir o desafio pro-posto de solucionar proble-mas e impedir situações pe-rigosas ao ser humano, usan-

do robôs.“Essa iniciativa do proje-

to é importante para o apren-dizado dos alunos, pois de-senvolve a contextualizaçãodo que se aprende em sala deaula, permitindo que se façaum paralelo entre a teoria e aprática.

“Em alguns casos, os alu-nos da rede pública não seinteressam pelos cursos deengenharias por não teremcontato com o que é estuda-do em cada curso”, explicouo coordenador geral do pro-jeto nas escolas estaduais,professor Emerson Benites.

Assessoria de Imprensa

A Biblioteca Pe. FélixZavattaro, da Universida-de Católica Dom Bosco,conta com um dos maio-res acervos do Centro-Oeste. Atualmente, sãoquase 300 mil publica-ções: livros, periódicos,dissertações, monografias,enciclopédias, teses, dici-onários, entre outrasobras. Além da quantida-de e diversidade de títu-los, desde o fim do anopassado, foi instalado oprograma Pergamum, umsistema de pesquisa mo-derno, que facilita a bus-ca pelos acadêmicos.

Com a instalação doprograma Pergamum,software de gerenciamen-to de bibliotecas conside-rado um dos mais moder-nos do país, os acadêmi-cos da UCDB podempesquisar e recuperar re-gistros on-line, de formarápida e eficiente.

Para a estudante decurso de ComunicaçãoSocial, Thaís Campos, atroca do sistema facilitoumuito as pesquisas. “Gos-tei muito da moderniza-ção da biblioteca daUCDB, pois agora, compoucas informações, po-demos encontrar o livroque queremos”, destacoua acadêmica.

O Diretor da Bibliote-ca, Pe. Pedro PereiraBorges, afirma que a bibli-oteca faz atualizações tec-nológicas diariamente,com o intuito de incenti-var os estudantes a fre-quentarem a biblioteca.“No segundo semestre doano passado, por exem-

plo, atualizamos o SistemaPergamum. Os servidores daUniversidade tiveram que pas-sar por uma reciclagem, parapoder adotar o sistema. O pro-blema somente foi resolvido nofim do ano, com a importaçãode equipamentos modernos queresolveram o problema”, comen-tou.

S i s t e m a P e r g a m u mO Pergamum, Sistema In-

tegrado de Bibliotecas, é umsistema informatizado de ge-renciamento de bibliotecas efoi desenvolvido pela Divisãode Processamento de Dadosda Pontifícia Universidade Ca-tólica do Paraná. O sistema re-aliza as principais funções deuma biblioteca, integrando to-das as etapas de atendimento,desde a aquisição do materialaté o empréstimo, ou seja é umexcelente software de gestãode bibliotecas.

De acordo com página ofici-

al do sistema Pergamum, nainternet, o objetivo do softwareé aproveitar as principais idéiasde cada instituição que utiliza osistema no país (hoje são maisde 140), a fim de torná-lo maiseficiente e sempre atualizado.Essa característica possibilita a efi-ciência do sistema para gerenciardocumentos de universidades,de faculdades, de centros de en-sino de 1º. e 2º. graus, de em-presas e de órgãos públicos.

S e r v i ç o sA Biblioteca dispõe também,

desde o segundo semestre de2008, de duas salas de vídeo paraacadêmicos e docentes. “Todasas antigas fitas de VHS foramtransformadas em DVDs. Tantoos alunos quanto os professorespodem agendar, para qualquerhora do dia, o uso das salas”,disse o diretor.

Outro ponto destacado pelodiretor é a liberação gratuita deinternet para laptop dos acadê-

Software de busca facilita

pesquisa dos estudantes

micos. “Temos acesso gratuito àinternet, via wireless. Hoje, dequalquer ponto da biblioteca,pode-se acessar a internet usan-do um notebook”, ressaltou.

Todos esses serviços têmcomo intenção oferecer qualida-de à comunidade acadêmica.“No ano passado, o projeto “Pes-quisa de grau de satisfação so-bre o uso da Biblioteca daUCDB”, realizado como Traba-lho de Conclusão de Curso(TCC) por alguns alunos docurso de Administração, de-monstrou que a imagem da Bi-blioteca é boa e ótima para 79%dos acadêmicos pesquisados. Oobjetivo dos profissionais quetrabalham aqui é melhorar ain-da mais esse percentual”, afir-mou Pe. Pedro.

P e s q u i s a - 79% dos acadêmicos da Universidade consideram a imagem da biblioteca boa e ótima

Foto: Arquivo Assessoria de Imprensa

Edição de título,legendas e fios:

- Leonardo Amorim

Foto: Camila Cruz

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FUTURIDADE

Edição de título,legendas e fios:

- Ana Laura Sandim- Tatyane Santinoni

Modernidade

A tecnologia facilita o dia-a-dia, mas o preconceito ainda existe para pessoas com concepções já formadas

Profissionais

ainda resistem

ao mundo digitalGabriela Paniago

Computadores, celulares eDVD’s. A tecnologia chegou hátempos e sabemos que apesardesse grande avanço, muitaspessoas ainda resistem aomundo digital. Os motivospor escolherem não se inserir,muitas vezes, não têm limita-

ções intelectuais, mas estãojustificados em preconceitoou até mesmo na falta de tem-po ou força de vontade de ten-tar interagir com os aparelhosmodernos.

Novas tecnologias semprecausaram estranhamento e re-jeição por quem não está fa-miliarizado à sua utilização.

Quando essa inovação veio àtona, trabalhadores fizerampasseatas por pensar que fi-cariam desempregados. Umaluta em vão na tentativa deparar o futuro, mas até hojenota-se peculiaridades no co-tidiano, algumas pessoas pa-recem ter medo de aparelhoseletrônicos cheio de botões.

“Se vivi até hoje sem umcomputador em casa, por queprecisaria de um agora?”, ques-tiona a dentista Márcia Vargas,de 46 anos. Ela admite que aaversão à tecnologia é externadatambém de outras formas: for-no de microondas, secretáriaeletrônica, aparelho de DVD, atémesmo celular, que optou pornão possuir. Considera a tecno-logia como algo misterioso e in-compreensível.

A artesã, Sônia Vargas, de67 anos, há seis meses deci-diu enfrentar o desconhecidoe comprou um computador.No início se arrependeu, masdepois que sua filha auxiliouno manuseio, Sônia percebeuque valeu a pena, pois agorapode conversar com a caçulada família, que mora em Boni-to, pelo MSN e matar a sauda-de dos netos pela webcam.“Serve para tudo, desde pes-quisas sobre artesanato até re-sumo dos capítulos da nove-la”, conta maravilhada com autilidade do objeto que adqui-riu. Sônia ainda confessa que

se depara com algumas difi-culdades, como encontrar al-gum ícone ou até mesmo nadigitação: “Ainda não sei co-locar acento”, acrescenta, con-tudo, reconhece que é fácilutilizá-lo, basta ir “fuçando”,como ela mesma diz.

O medo do novo. É assimque a psicóloga Mônica Limadefine essa aversão à tecnolo-gia. “Os jovens foram criadosdesde pequenos com esseavanço de forma natural, jápara os adultos, alguns apa-relhos se modernizaram e sur-giram depois de concepçõesjá formadas e, coube aos lei-gos se adaptarem”, explicaMônica, que diz ainda quequanto mais usuário da tec-nologia pensar que é difícil eque não irá conseguir apren-der, mais ele se afasta e criafrustrações.

A partir do momento emque essa rejeição afeta o coti-diano de um ser humano, eledeve procurar ajuda para com-bater as raízes do problema e,começar aos poucos conviver

com a tecnologia. Apsicóloga já presen-ciou casos de pacien-tes que perderam oemprego, pois se recu-savam a usar o compu-tador.

A tecnologia foi cri-ada com o objetivo deagilizar o trabalho. Naconcepção de alguns,como a dentista Márcia,ela serve exatamentepara o contrário e aca-ba sendo excluída davida de certas pessoaspor ser cheia de deta-lhes que acabam tor-nando difícil o aprovei-tamento. Porém, se bemutilizada pode facilitarfunções do dia-a-dia,fornecer entretenimen-to e é um ótimo meiode comunicação.

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RESENHA

Tatyane Santinoni

“Quem quer ser um milio-nário?”, do diretor DannyBoyle, foi o filme mais premi-ado pela 81ª edição da entre-ga do Oscar pela Academia deArtes e Ciências Cinematográ-ficas de Holly-wood. O filmefoi vencedor de oito Oscar,entre eles, melhor filme, di-retor, roteiro adaptado, foto-grafia, edição, trilha musical,mixagem de som e canção. Foi“melhor....melhor” para dar evender.

A produção indiana sepassa no ano de 2006 na ci-dade de Mumbai – ou Bom-bai, considerada a capital doEstado de Maharashtra e amaior cidade da Índia, comuma população estimada emtreze milhões de habitantes. Aestória começa com o ápice,que só será entendido com odecorrer dos acontecimentos,pois a narrativa paralelamen-te o presente e o passado dojovem de 18 anos, JamalMalik.

Jamal é um rapaz que moranum bairro pobre de Mumbaie decide participar de um pro-grama de perguntas e respos-tas na televisão, cujo nome éo próprio título do filme. Paraassimilar melhor este jogo ésó lembrar do programa“Show do Milhão”, que es-

Show do milhão na telonaVencedor do Oscar de melhor filme do ano, Quem quer ser um milionário garante emoção ao público

F i l m e -No programa de perguntas “Quem quer ser um milionário?”, o jovem indiano Jamal Malik está prestes a ganhar o prêmio máximo, de 20 milhões de rúpias, e ter o amor de sua vida de volta

Diversão

treou em 1999 no Brasil (como nome “Jogo do Milhão”) efoi apresentado por SilvioSantos no SBT. Mas enquan-to o prêmio do programa bra-sileiro é de até um milhão dereais, o do filme indianopode chegar até 20 milhões derúpias, (R$ 1,00 equivale a22,5 rúpias indianas).

Em sua participação noprograma, apesar de analfabe-to, Jamal surpreende a todosao chegar à pergunta final,onde nem mesmo profissio-nais e doutores conseguiram,o que levanta suspeitas de quepode ter trapaceado.

Na verdade Jamal buscavaas respostas das perguntasnos acontecimentos de seupassado, e é assim que o fil-me mescla presente e flash-backs de sua vida. O objetivodo rapaz não era adquirir oprêmio, mas sim, reconquis-tar a garota que ama, a belaindiana Latika, a qual Jamalconhece desde a infância. Ecomo todo o povo daquelaregião da Índia assistia e ti-nha vontade de participar doprograma, mesmo porque eraa única forma de escapar davida miserável em que vivi-am, Jamal tinha certeza queLatika o encontraria.

Todo o roteiro, a trilhamusical, o enredo e o dramavivido pelo protagonista en-

volvem o espectador de umaforma mágica, de tal modo quesó é possível levantar da pol-trona depois que descobrir ofinal de Jamal Malik. Alémdisso, o diretor Danny Boylefaz questão de mostrar os de-talhes da vida na Índia, quelá também há favela, pobrezae sofrimento e não apenas tra-dição, jóias e belas roupascomo mostra atualmente a no-vela brasileira “Caminho dasÍndias”, da Rede Globo. Masé claro que não podemos ti-rar conclusões sobre algumpaís apenas através de filmes,seriados ou novelas, é preci-so ir muito mais além, comopor exemplo, uma pesquisamais detalhada da cultura,dos costumes e da religiãodestes povos.

Voltando a falar do melhorfilme de 2009, “Quem querser um milionário?” é umaverdadeira lição de vida, poismostra que é possível dar a“volta por cima” independen-te de estudos ou qualificação.E ainda, mostra que existe oamor à primeira vista e que abusca pelo amor eterno nun-ca é perdida!

L a z e r - Com 10 indicações, o filme leva oito prêmios na 81ª edição da entrega do Oscar

Edição de títulos,legendas e fios:

- Paula Maciulevicius

Foto: Nononononono

Foto: Tatyane Santinoni

Marley e nós: do pior

ao mais amável cão

Rebeca Arruda

O desejo de uma esposade testar o seu talento mater-no dá início a uma fascinan-te história de amor, devoçãoe muita, mas muita paciência!Assim começa a história davida de um casal jovem eapaixonado e com uma famí-lia em construção. John eJenny, dois jornalistas que aoadotarem um mascote parasua família ainda em forma-ção, descobrem o amor incon-dicional ao lado do pior cãodo mundo (como cita o autorna capa do livro). Marley ébatizado assim em homena-gem ao cantor favorito do ca-sal: Bob Marley. O cantor dereggae jamaicano já falecidoos inspirara a batizar seu ain-da pequeno cãozinho. Mas,ao contrário do cantor, famo-so por cantar músicas comcalmas melodias, e pelo jeitotranqüilo de levar a vida, oseu xará é aterrorizantementedesastrado, desobediente, tra-palhão, um verdadeiro terre-moto.

Conforme as páginas do li-vro vão se virando, o leitor vaidescobrindo que o que prome-tia ser um cãozinho tranqüiloe acolhedor, se transformounum martírio para a famíliaGrogan. Marley não era o ca-chorro dos sonhos de um ca-sal que pretendia ter filhos eainda muito em breve. Marleynão era calmo e paciente comoum labrador devia ser, Marleyfugia totalmente às regras daboa conduta canina a que foradestinada sua raça. Afinal,pelo que o casal sabia,labradores costumavam sercães amigos, companheiros, emuito obedientes, até mesmofáceis de adestrar. Pois bem,labradores “costumavam” serassim, não foi o caso deMarley, já diziam os antigos“toda regra tem sua exceção”,Marley foi a exceção daquelecercadinho no sítio do interi-or da Flórida cheinho de fi-lhotes de labradores ondeMarley os encantou e eles li-geiramente se apaixonarampor ele.

Entre encrencas, colchões

estragados, paredes destruí-das, e inúmeros objetos engo-lidos, o livro vai narrandouma linda história de amor edevoção de um cão muito atra-palhado, mas que escolheuamar de uma maneira incon-dicional os seus donos.Marley festeja a primeira gra-videz junto ao casal, e se en-tristece com a perda do bebê.Tempo depois, lá está ele no-vamente apoiando o casalquando o primeiro filho final-mente chega, ajudando Jennynos cuidados com o bebê esempre pronto a defender suafamília.

A incansável devoção deMarley à família Grogan se re-sume neste livro detalhadosobre a vida deles junto aoMarley e todos os momentos(bons e ruins) ao lado dessailustre figura de quatro patas,e por isso acaba se tornandouma espécie de homenagem deseu dono eternamente grato, oautor John Grogan, por ele terlhes proporcionado o verdadei-ro amor ainda em vida.

Marley vira uma espécie de

primogênito do casal Grogan, eo que era para ser apenas umsimples teste de talento mater-nal vira uma enriquecedora ex-periência e inesquecível histó-ria de amor entre um animal eseus donos. Não é à toa que“Marley e Eu” ocupou por 57

semanas consecutivas o rankingdos livros de não-ficção mais li-dos do mundo. Neste livro oleitor vai de extensas gargalha-das à lágrimas de um capítuloao outro. E o desfecho de JohnGrogan a respeito da melhoraquisição que a família Grogan

poderia ter feito dá o to-que final a esta bela his-tória: “Não importa aocão se você é rico oupobre, se você lhe dero seu coração ele lhedará o seu!”

L e i t u r a -O carisma do cãozinho Marley deixa o livro no topo do ranking por 57 semanas

Foto: Reprodução

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AÇÚCAR Interior de SP à frente

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Usina gera polêmica em MS

Bionergia

A instalação de nova unidade em Campo Grande foi tema de audiência pública na Câmara Municipal

C a n a - d e - a ç ú c a r - Apresentação mostra os prós e os contras da implantação do empreendimento sulcroalcooleiro em Campo Grande

Foto: Thierre Mônaco

Thierre Monaco

A futura instalaçãode uma usina de álcoolem Campo Grande temgerado polêmica. O em-preendimento pretendeentrar em operação nasafra de 2010/2011 naEstância Campo Verde,a 16 quilômetros deCampo Grande. En-quanto a empresa di-vulga os impactosambientais que podemsurgir e promete desen-

volvimento local pormeio de geração deemprego, ambienta-listas contestam ealertam para danosambientais.

A empresa Bioe-nergia do Brasil S/A,agroindústria pro-cessadora de cana-de-açúcar apresentou oRelatório de ImpactoAmbiental (Rima) emaudiência públicaconvocada pelo Insti-tuto de Meio Ambi-ente de Mato Grossodo Sul. Durante oevento realizado nodia 26 de março de2009 na Câmara Mu-nicipal da Capital, aempresa divulgou osprós e contras da ins-talação da usina.

Obedecendo a re-solução do ConselhoNacional do MeioAmbiente (Conama), aaudiência pública foidividida em dois blo-cos sendo o primeiro

para a apresentação daempresa à população emostrando a importân-

cia da sua instalação por meiode dados que comprovam oaumento da economia local,gerando mil vagas de empre-gos diretos, e indiretos. Já osegundo bloco foi destinado àparticipação do público porintermédio de perguntas e co-mentários da população queestava presente.

O acadêmico do curso deDireito Renan Faeht relata quegostou da apresentação da em-presa e diz concordar com aimplantação principalmentepela geração de novos empre-gos que a agroindústria vai ofe-recer. “Foi coerente e a empresademonstrou de forma simplesos aspectos negativos e positi-vos, acho isso importante: em-pregos em tempos de crise”

Em contrapartida, ocorre-ram críticas. “Não gostei daapresentação pois vários da-dos foram omitidos e os pou-cos detalhes mostrados, esta-vam em termos técnicos ondea maior parte das pessoas nãoconseguiu processar a idéia.Acredito que a empresa nãolevou muito a sério a partici-pação das pessoas na audiên-cia e por elas passou desper-cebida as falhas na apresenta-ção do Rima e os critériosadotados. É como se as pes-soas recebessem a informaçãoe somente a assimilassem semum bom entendimento sobreo assunto”, ressalta o enge-nheiro ambiental AndréZanoni. Ele diz ter sido difí-cil julgar a instalação pelos re-latórios apresentados e suas ca-rências mediante a exposiçãopública.

D a n o sO público levantou a ques-

tão do subproduto da cana-de-

açúcar no Brasil que remete aum problema que até hoje gerapolêmica, o vinhoto ouvinhaça, um subproduto doprocessamento da cana, que semal armazenado e tratadopode contaminar o local e pro-duzir mau cheiro.

Uma das questões levanta-das pelo consultor da empre-sa Projec de Consultoria Am-biental Cléber Antônio foi apreocupação com a destinaçãodo vinhoto para a fertirriga-

ção, ou seja, usar esse resíduocomo adubo, a fim de reporos nutrientes perdidos pelocrescimento da cana, que ago-ra são devolvidos por ele, re-duzindo custos e utilização deadubos químicos.

A empresa não descartoua possibilidade do mau chei-ro que pode afetar a cidadenos períodos de adubação eabsorção deste tipo de adu-bo pelo canavial, e tambémsalientou a pouca utilização

de agrotóxicos, pois a Bioe-nergia S/A do Brasil possuium sistema de controle bio-lógico de pragas.

A falta de informação derelatórios e a apresentaçãode empresa foram suficien-tes para estender o debate doperíodo de 50 minutos para1h e 40 min de discussõescom a participação ativa dopúblico presente. Muitosdestes não somente preocu-pados com a geração de em-

pregos, mas com os efeitos alongo prazo da efetiva insta-lação da agroindústria nomunicípio. O representanteda empresa não quis dar en-trevista, mas autorizou a pu-blicação do conteúdo da pa-lestra.

Edição de títulos,legendas e fios:

- Laziney Martins- Otávio Cavalcante

Nilda Fernandes

O curso técnicoSucroalcoleiro tem si-do a saída para muitaspessoas escaparem dodesemprego. Nestaárea que está se expan-dindo, a necessidadede mão-de-obra espe-cializada se tornou ne-cessária.

Tendo em vista umacolocação de trabalho,Silvio Xavier de Brito,54 anos, formado emAdministração e técni-co em telefonia, procu-rou no curso umanova área para traba-lhar “Quando a gentepassa dos 50 anos édifícil encontrar em-prego, como o merca-do nesta área aindanão está saturado e asusinas estão se insta-lando aqui no Estadotêm oportunidade paratodos”, afirma. Segun-do ele, o salário variade acordo com a usi-na, entre R$ 600 a R$1,2 mil reais com car-ga horária de 36 horassemanais

Jorge Leandro dosSantos, de 25 anos,formado em ciência degestão imobiliária, de-cidiu se matricular nocurso Sucroalcoleiropelo salário e benefíci-os que são concedidospara os funcionários,além da vantagem domercado estar em ex-pansão. “ O curso temduração de 1 ano emeio e cada semestre,a gente termina ummódulo”, explica o alu-no. Quem faz apenas o

primeiro módulo, já se for-ma em técnico de laborató-rio. No segundo auxiliar deprodução e o terceiro, técni-co em Sucroalcoleiro.

Dentro das usinas o fun-cionário desenvolve váriasfunções que vão desde o pla-nejamento da plantação atéproduto final que é o açúcare o álcool.

As pessoas que fazem estecurso podem trabalhar emvarias áreas além das usinas,como destilarias, cervejarias,

Curso é a saída

para desemprego

laboratórios, empresas distri-buidoras de combustível e in-dústrias químicas. O profes-sor e coordenador de um doscursos disponíveis em esco-las técnicas de Campo Gran-de, Herbet Almeida Menezesexplica que o cultivo da canapara a produção de álcool éfavorecido pelo custo baixopara os produtores em rela-ção a outras plantações. “Vá-rios fatores favorecem a plan-tação de cana como custo deterra.”

Á l c o o l - Alunos se qualificam na área que está se expandindo

Foto: Nilda Fernandes

Nilda Fernandes

O interior de SãoPaulo abriga as maio-res usinas de cana,segundo pesquisa re-alizada em novembrode 2005, pelo Institu-to Brasileiro de Geo-grafia e Estatística(IBGE). São Paulo naSafra de 2005 plantou2.998.556 de área co-lhida

Porém o cultivo decana para a produçãode álcool e açúcar trazconseqüências para anatureza e para a po-pulação. O biólogoEduardo Filinto deSouza, acredita seremimportantes muitaspesquisas para queentre uma safra e ou-tra o produtor nãoqueime a plantação,pois esta queimadamuda o solo e impos-sibilita o plantio deoutro tipo de safra.“Não queremos acabarcom a plantação poissabemos que ela é ne-cessária, porém, é ne-cessário que se façade forma que não

agrida a natureza.” Estudoscom satélites estão sendo re-alizados pela Empresa Bra-sileira de Pesquisa Agrope-cuária (Embrapa) para ma-pear e detectar as áreas plan-tadas e definir cada tipo deterra uma série de produçãodiferente.

Os produtores estão dei-xando de plantar grãos comoarroz e feijão para plantarcana, o que sobe os preçosdos alimentos para a popu-lação. Isso aumenta a infla-ção no bolso do consumidor.A dona de casa Tereza de Oli-veira tem sentido os preços

dos produtos essênciaspara a alimentação subiremcada vez mais nos últimosanos “Hoje, vou ao merca-do comprar as mesmas coi-sas que sempre comprei, etenho que gastar o dobroque eu gastava antes”.

Para o biólogo, a plan-tação de cana pode ser a sa-ída para muitas pessoas queestão desempregadas, masé necessário que faça umestudo sobre este meio deprodução para que as pró-ximas gerações não soframas conseqüências por estedesenvolvimento.

R i s c o s - Aumento do cultivo de cana causa danos a natureza

Foto: www.altoalegre.com.br