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Decisão Táctico-Técnica no Futebol · 2019-06-12 · “O jogo de futebol é acima de tudo um jogo de decisões” (Castelo, 2004) As decisões, no contexto do desporto, acontecem

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Decisão táctico-técnica no futebol

ii

Moreira, O. (2009). Decisão táctico-técnica no Futebol: Estudo comparativo da capacidade de decisão em acções ofensivas de pontas-de-lança de diferentes níveis competitivos. Dissertação de Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL, DECISÂO, PONTAS-DE-LANÇA

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Aos meus Pais

Aos meus irmãos

À Letícia

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Decisão táctico-técnica no futebol

v

AGRADECIMENTOS

Este trabalho, que se apresenta como sendo de autoria individual, não se

concretizaria sem a preciosa colaboração de um conjunto de pessoas, cuja

contribuição tem de ser reconhecida.

Ao Professor Doutor Júlio Garganta, orientador desta monografia, pela sua

disponibilidade sempre que foi solicitado, pela ajuda e contributo na realização

deste trabalho.

A todos os jogadores que participaram na realização do protocolo pela

disponibilidade demonstrada.

Ao Mestre Pedro Bezerra pelas elucidações e apoio prestado.

À Célia pelo seu apoio e contributo na realização deste trabalho.

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Decisão táctico-técnica no futebol

vi

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ......................................................................................................... v

ÍNDICE GERAL .............................................................................................................. vi

ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................................... ix

ÍNDICE DE QUADROS ...................................................................................................... x

RESUMO ..................................................................................................................... xiii

ABSTRACT ................................................................................................................... xv

RÉSUMÉ..................................................................................................................... xvii

ABREVIATURAS .......................................................................................................... xviii

1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

1.1- Pertinência e âmbito de estudo ............................................................................ 2

1.2- Delimitação do Problema ..................................................................................... 4

2 - REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 7

2.1- Futebol um jogo dinâmico essencialmente táctico. .............................................. 8

2.2 – Um “olhar” sobre o Futebol na perspectiva da teoria dos sistemas

dinâmicos .................................................................................................................... 9

2.3 – Futebol um jogo de decisões ........................................................................... 11

2.3.1 – A decisão segundo a abordagem cognitivista (modelo de

processamento da informação) .............................................................................. 13

2.3.1.1 – Conhecimento sobre o jogo e sua importância na decisão. .................... 18

2.3.1.2 - O Conhecimento e os peritos (experts) ................................................... 23

2.3.2 – A decisão segundo a perspectiva ecológica num contexto dinâmico e

complexo. ............................................................................................................... 26

2.3.2.1 - “Affordance”: a chave para decidir ........................................................... 28

2.3.2.2 – Decidir com base nos constrangimentos ................................................ 29

2.3.3 - Decidir com base noutros “olhares” ............................................................ 31

2.4 – Natureza da decisão ........................................................................................ 34

2.5– O factor tempo e sua importância na decisão: As velocidades do jogo. ........... 36

2.6 - O Processo ofensivo no jogo de futebol ............................................................ 37

2.6.1 - O Ponta-de-lança e a sua função no jogo ................................................... 40

2.6.2 - Perfil táctico-técnico do ponta-de-lança no processo ofensivo ................... 41

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vii

2.6.3 - Características do ponta-de-lança .............................................................. 43

2.6.4 - O ponta-de-lança e o golo .......................................................................... 46

3 - METODOLOGIA ........................................................................................................ 49

3.1 - Objectivo geral .................................................................................................. 50

3.1.1 - Objectivos específicos ................................................................................ 50

3.2 - Hipóteses .......................................................................................................... 51

3.3 - Amostra ............................................................................................................. 51

3.3.1 - Constituição da amostra ............................................................................. 51

3.4 - Procedimentos metodológicos .......................................................................... 53

3.4.1- Protocolo de avaliação ................................................................................. 53

3.4.1.1 - Indicador de medida para a adequação da resposta ............................... 54

3.4.1.2 - Indicador de medida de tempo de decisão .............................................. 54

3.4.2 - Organização do protocolo ........................................................................... 55

3.4.2.1- Exposição das imagens ............................................................................ 55

3.4.2.2- Intervalo entre cada situação .................................................................... 56

3.4.2.3- Registo da resposta .................................................................................. 56

3.4.2.4 – Aparelhos e programas utilizados ........................................................... 56

3.4.3 - Procedimentos estatísticos ......................................................................... 56

4 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................................... 59

4.1 - Relação adequação da resposta com o tempo de resposta ............................. 60

4.2 - Relação entre a adequação da resposta/tempo de decisão e o nível

competitivo ................................................................................................................ 63

4.2.1 - Relação do nível competitivo com a adequação da resposta ..................... 66

4.2.2- Relação do nível competitivo com o tempo de decisão ............................... 70

4.3- Relação adequação da resposta/tempo de decisão com os anos de prática .... 72

4.3.1- Relação adequação da resposta com os anos de prática ........................... 73

4.3.2- Relação tempo de decisão com os anos de prática .................................... 74

4.4- Relação número de golos/adequação da resposta dentro de cada nível

competitivo ................................................................................................................ 76

5- CONCLUSÕES .......................................................................................................... 79

6- SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS ...................................................................... 83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 85

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ANEXOS ......................................................................................................................... i

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Decisão táctico-técnica no futebol

ix

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Modelo dos Constrangimentos de Newell

Figura 2- Representação gráfica da constituição da amostra

Figura 3- Representação gráfica das equipas de P1

Figura 4- Representação gráfica das equipas P2

Figura 5- Representação gráfica das equipas de NP

Figura 6- Representação gráfica: médias do tempo de resposta

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x

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro1- Diferenças no processamento de informação visual entre atletas

experientes e principiantes.

Quadro 2- Características dos pontas-de-lança

Quadro 3- Comparação da adequação das respostas e do tempo de resposta

Quadro 4- Média e desvio padrão da adequação das respostas

Quadro 5- Média e desvio padrão da velocidade de decisão

Quadro 6- Correlação entre a adequação da resposta e o tempo da resposta

Quadro 7- Correlação entre a adequação da resposta e o tempo de decisão no

nível competitivo P1

Quadro 8- Correlação entre a adequação da resposta e o tempo de decisão no

nível competitivo P2

Quadro 9- Correlação entre a adequação da resposta e o tempo de decisão no

nível competitivo NP

Quadro 10- Níveis de significância da relação adequação/tempo de resposta

entre os três grupos competitivos

Quadro 11- Diferenças de médias, margem de erro, significância, e o intervalo

de confiança da adequação da resposta entre os níveis competitivos

Quadro 12- Média, desvio padrão, máximas, mínimas da adequação das

respostas de P1,P2 e NP

Quadro 13- Diferenças de média, margem de erro, significância (Sig.) e o

intervalo de confiança da velocidade da resposta entre os níveis competitivos

(P1,P2 e NP)

Quadro 14- Média, desvio padrão, máximas, mínimas do tempo das respostas

de P1,P2 e NP

Quadro 15- Correlação entre os anos de prática e a adequação da resposta

Quadro 16- Correlação entre os anos de prática e o tempo da resposta

Quadro 20: Média, desvio padrão, máximas, mínimas dos golos dos pontas-

de-lança de P1,P2 e NP

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Quadro 21- Correlação entre a adequação das respostas com o número de

golos de P1

Quadro 22- Correlação entre a adequação das respostas com o número de

golos de P2

Quadro 23- Correlação entre a adequação das respostas com o número de

golos de NP

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xiii

RESUMO

O principal objectivo do presente estudo é analisar e comparar a capacidade de

decisão de jogadores de futebol que desempenham a função de pontas-de-

lança, através da adequação da resposta (conhecimento declarativo) e do

tempo de resposta, em acções ofensivas.

Para tal, recorreu-se ao protocolo de Mangas (1999), complementado por

Correia (2000), com a variável tempo de resposta.

O estudo das comparações das médias foi concretizado através da análise do

t-teste e Anova unidimensional. Para analisar a associação entre a adequação

da resposta e o tempo de resposta com o nível competitivo, anos de prática e o

número de golos marcados foi aplicada o teste de correlação Pearson, com um

nível de significância de 5%.

De acordo com os resultados obtidos concluiu-se que: (a) os pontas-de-lança

mais rápidos a decidir, são também os que decidem melhor; (b) o nível

competitivo não parece repercutir-se na capacidade de decisão; (c) os pontas-

de-lança com mais anos de prática (mais experiência), não apresentam um

nível de relação entre velocidade e a adequação de decisão mais elevado do

que os jogadores menos experientes; (d) os pontas-de-lança com mais golos

marcados não revelaram uma melhor adequação da resposta.

PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL, DECISÃO, PONTAS-DE-LANÇA

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Decisão táctico-técnica no futebol

xv

ABSTRACT

The main goal of this present study is to analyze and compare the decision-

making of Football players who perform the position of strikers through the

suitable response (declarative Knowledge) and the time of response in

offensive actions.

So to be, the Mangas (1999) protocol, has been used complemented by Correia

(2000), with the variable time of response.

The study concerning average comparison was materialized through the

analysis of the t-test and Anova one-dimensional. In order to analyze the

association between a suitable response and time of response with a

competitive level, years of practice and the number of scored goals was applied

a correlation Pearson test, with a 5% of significance. According to the results

obtained, it was conclude that: (a) strikers that are fast at making decisions are

also those who decide best; (b) the level of competitiveness doesn’t seem to

deflect on decision-making; (c) strikers with more experience don´t present a

leveled relationship between velocity and higher suitable decision than the

players with less work experience; (d) strikers with more goals scored didn’t

present a more suitable response

KEYWORDS: FOOTBALL, DECISION, STRIKER

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xvii

RÉSUMÉ

Le principal objectif de l´étude présente, est d’analyser et comparer la capacité

de décision des joueurs de pointe du football, grâce à l´adéquation de la

réponse (connaissance déclarative) et du temps de réponse, en actions

offensives.

Pour cela, on utilise le protocole de Mangas (1999), complété par Correia

(2000), avec la variable temps de réponse.

L´étude des comparaisons des moyennes a été atteint grâce à l'analyse du t-

test et Anova unidimensionnelle. Pour analyser l´association entre l´adéquation

de la réponse et temps de réponse au niveau compétitif, des années de

pratique et le nombre de buts marqués a été appliqué au test de corrélation

Pearson, avec un niveau de signification de 5%.

Selon les résultats obtenus, on peut conclure que: (a) les joueurs de pointe qui

se décident plus rapidement, sont aussi ceux qui décident le mieux; (b) le

niveau compétitif ne semble pas se refléter au niveau de la décision; (c) les

joueurs de pointe avec plus d´années de pratique (plus d´expérience), ne

présentent pas un niveau de relation entre la vitesse et l´adéquation de décision

plus élevé que les joueurs moins expérimentés; (d) les joueurs de pointe avec

plus de buts n'ont pas trouvé une réponse plus appropriée.

MOTS-CLÉ: FOOTBALL, DÉCISION, JOUEURS DE POINTE

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Decisão táctico-técnica no futebol

xviii

ABREVIATURAS

AR- Adequação da resposta

TR- Tempo de respostas

SNC- Sistema Nervoso Central

P1- Nível competitivo superior constituído por 14 pontas-de-lança da I Liga

P2- Nível competitivo intermédio constituído por 13 pontas-de-lança da II Liga

NP- Nível competitivo inferior constituído por 13 pontas-de-lança da 2ªB e 3ª

Divisão

Fig.- Figura

ss:ms- Tempo em segundos, décimas de segundo e centésimas de segundo

R1, …, R11- Situação um a situação onze

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Decisão táctico-técnica no futebol

1

1 - INTRODUÇÃO

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2

1.1- Pertinência e âmbito de estudo

“O jogo de futebol é acima de tudo um jogo de decisões”

(Castelo, 2004)

As decisões, no contexto do desporto, acontecem de corpo inteiro e na acção

(Araújo & Volossovitch, 2005; Araújo et al., 2006) e, como no desporto, corpo e

mente são inseparáveis (Damásio, 1995), a acção não pode ser separada da

decisão (Afonso, 2008).

A performance desportiva, nos desportos denominados de invasão, relaciona-

se num contexto marcado pela acção dinâmica e não repetitiva, onde as

acções sucedem-se num curto espaço de tempo, exigindo reavaliação

permanente da situação e sendo contextualizadas num histórico, isto é, cada

decisão é influenciada pelas anteriores e influência as posteriores (Araújo et al.,

2006; Paulo, 2007) onde as capacidades perceptivas e decisionais assumem

um destaque especial.

As capacidades, perceptiva e decisória, relacionam-se entre si; dependem, e

interagem com o conhecimento táctico-técnico do atleta que lhes orienta as

respectivas decisões, condicionando a organização da percepção, a

compreensão das informações e a resposta motora que o mesmo executa

(Greco, 2008). Toda a decisão táctica pressupõe uma atitude cognitiva do

jogador (Greco & Giacomini 2008) que delimita e determina a sua resposta

situacional no jogo (Garganta, 2004a; Memmert, 2004; Tavares et al., 2006).

“O ser humano, e o Desportista em particular, são confrontados

constantemente com situações que somente uma resposta específica, entre

múltiplas possíveis, é adequada para resolver o problema em presença.”

(Alves, s/d:1)

A dinâmica do jogo moderno passa, necessariamente, pelo binómio decisão-

execução, exigindo do atleta uma rápida percepção táctico-técnica e

concomitantemente, solicita do jogador inúmeras operações mentais

complexas numa ínfima unidade de tempo (Garganta, 1999). Muito mais que a

mera capacidade de executar determinados movimentos, exige-se que o

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Decisão táctico-técnica no futebol

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jogador correlacione uma série de factores para definir não somente o que

deve fazer mas, principalmente, quando e como deve agir. Os atletas para

agirem adequadamente, devem conhecer a modalidade que praticam, gerindo

e valorizando as informações mais pertinentes, para que as decisões a tomar

sejam mais ajustadas (Mangas et al., 2002), isto é, o praticante deve saber o

que fazer, para poder resolver o problema subsequente, o como fazer,

seleccionando e utilizando a resposta motora mais adequada (Garganta e

Pinto, 1994). Se o “saber o que fazer” for deficiente, condiciona negativamente

a capacidade de resposta das acções a desenvolver (Garganta, 1999).

Dentro deste pensamento e segundo Castelo (2004), o jogador corre, não pelo

simples facto de correr, mas corre com ideias, pensamentos, projectos e

intenções, cujo âmbito é determinado pela dimensão estratégico-táctica da

situação.

O jogador de Futebol durante o jogo tem que escolher, decidir o que fazer,

como e quando fazer, num curtíssimo espaço de tempo (Ponte, 2005). No

futebol actual, moderno, o “espaço” para decidir e o tempo de decisão são cada

vez menores, hoje em dia não há tempo para pensar, o “tempo” diminui no

inverso da eficácia desejada (Ferreira, 2004), no futebol de hoje não se

“pensa”, decide-se, joga-se.

Como refere Garganta, (2001:1) “ … é preciso ser mais rápido, mais veloz, … a

encontrar soluções, … mais rápido e melhor, a perceber, a pensar e a agir”.

Este aumento progressivo da “ velocidade de jogo”, o facto da acção técnica

estar sempre associada a uma intenção táctica e o facto de existir a todo o

momento uma grande pressão sobre a bola e seu possuidor, tem tornado cada

vez mais a adequação e velocidade de decisão factores determinantes para o

sucesso individual e colectivo do jogo de Futebol

Cada vez mais, dado o grande equilíbrio entre as equipas, os jogos são

decididos por um pormenor, por uma jogada, por um gesto, por um golo. E

quando se fala em golo, em Futebol, invariavelmente uma palavra vem ao

pensamento - ponta-de-lança. O ponta-de-lança é, sem dúvida, um dos

jogadores referência em todo o processo ofensivo de qualquer equipa de

Futebol. É também, o grande decisor em todo este processo, que tem como

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Decisão táctico-técnica no futebol

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objectivo principal a obtenção do golo. A obtenção do golo, na grande maioria

dos casos, é precedido de uma eficiente decisão, então é imprescindível que o

ponta-de-lança, perante todos os constrangimentos inerentes ao envolvimento

da situação, seja capaz de percepcionar as melhores soluções para atingir o

objectivo da tarefa, neste caso o golo. Uma boa ou má decisão poderá alterar

um jogo, poderá decidir um campeonato. Assim, o propósito deste trabalho é

avaliar a qualidade da decisão táctico-técnica, através do conhecimento do

jogo e velocidade de tomada de decisão, de pontas-de-lança de diferentes

níveis competitivos, com diferentes anos de prática e golos marcados em

situações ofensivas.

1.2- Delimitação do Problema

A capacidade para tomar decisões ajustadas e para as operacionalizar com

eficácia é uma competência nuclear da performance, particularmente no âmbito

dos jogos desportivos, por se tratar de disciplinas situacionais de opção

estratégico-táctica (Garganta, 2004), é uma variável que condiciona a

consistência de desempenhos de sucesso (Passos et al., 2006).

O menor ou maior ajuste desses desempenhos táctico-técnicos, a capacidade

do jogador prever as situações e suas consequências, e decidir em função

disso, depende, segundo a perspectiva cognitivista, essencialmente da

capacidade cognitiva do jogador, das suas memórias, da sua experiência

acumulada em situações/problema conscientemente solucionadas, em suma

das suas vivências e passado de prática da modalidade.

Por outro lado, e segundo a perspectiva ecológica, o comportamento do

jogador de futebol é determinado pela situação, isto é, relaciona-se com um

ambiente em constante mudança (Greco, 2008), o que implica uma

permanente interacção com o contexto.

Existem então duas abordagens, duas explicações científicas para o fenómeno

da tomada de decisão, aparentemente antagónicas: a perspectiva cognitivista e

a perspectiva ecológica. A perspectiva cognitivista assenta na dualidade

estímulo-resposta enquanto a perspectiva ecológica assenta no acoplamento

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Decisão táctico-técnica no futebol

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percepção-acção e na interacção dos constrangimentos do indivíduo-tarefa-

envolvimento (Passos et al., 2006).

Sendo o Futebol o jogo desportivo colectivo com menor índice de sucesso

(somente 1% das acções ofensivas resultam em golo, Dufour (1983)) é

pertinente saber qual o comportamento dos homens “talhados “, dos

especialistas dessa função, ou seja, os pontas-de-lança, quando confrontados

com as mesmas situações problema, em acções ofensivas. Na maioria das

vezes, o sucesso das acções ofensivas depende da capacidade de decisão do

ponta-de-lança pois jogar “bem” significa, na maioria dos casos, decidir “bem”

no decurso da competição (Araújo & Volossovitch, 2005). O sucesso depende

então, em todo o tempo da melhor decisão, tornando-se importante saber como

se relaciona o jogador mais decisivo no processo ofensivo com essa

capacidade.

Quando se fala em tomar decisões, várias dúvidas se levantam: Será que

indivíduos com maior nível competitivo (mais aptos) decidem melhor e mais

rápido? Será que os jogadores mais experientes (entende-se por experiência

os anos de prática) possuem uma melhor qualidade de decisão? Será que o

conhecimento é fundamental na decisão e no desempenho do atleta?

Este estudo parece-nos válido pois realça a importância que as capacidades

decisionais têm na performance desportiva. Assim, procurar-se-á comparar a

qualidade de decisão (adequação e velocidade de resposta) com os níveis

competitivos, anos de prática e golos marcados de diferentes pontas-de-lança

em situações ofensivas. Pretende-se observar e avaliar a importância que é

atribuída ao conhecimento declarativo que suporta a tomada de decisão do

atleta.

No contexto da investigação do processo da tomada de decisão, o

desenvolvimento simultâneo de modelos teóricos e tecnológicos da ciência da

computação tem contribuído para o aumento considerável da investigação

nesta temática (Silva, 2006). Analisar e compreender o comportamento do

atleta em situação real de jogo é extremamente difícil pelo que se socorre,

também, de situações simuladas no laboratório (Tavares, 1999), que nos

permite ir ao encontro do que acontece no jogo.

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2 - REVISÃO DA LITERATURA

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Decisão táctico-técnica no futebol

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2.1- Futebol um jogo dinâmico essencialmente táctico.

O jogo é um sistema dinâmico, pois existe, como refere (Garganta, 2008) na

confluência de uma dimensão mais previsível, induzida pelas leis e princípios

de jogo, com outra menos previsível, materializada a partir da autonomia dos

jogadores, que fomentam a diversidade e a singularidade dos acontecimentos,

a partir do confronto entre sistemas concorrentes, caracterizados pela

alternância de circunstâncias de ordem e desordem, estabilidade e

instabilidade, uniformidade e variedade.

A complexidade do envolvimento desportivo e a grande velocidade com que as

acções de jogo sucedem, colocam o jogador numa posição de incerteza,

confrontando-o com a presença de várias alternativas de acções. Acções estas

que devem ser realizadas em função dos princípios e objectivos de jogo, de

forma a resolver os problemas que as situações de jogo vão colocando (Vieira,

2003). Estas acções tácticas são consideradas por Araújo (2005) como

comportamentos decisionais, ou seja, uma sequência interdependente de

decisões e de acções que devem ser tomadas em tempo útil, num contexto em

mudança e para determinado fim. Mas, especificamente no desporto, podemos

concebe-la como uma acção propositadamente desencadeada com a

finalidade de ganhar ou manter vantagem sobre o(s) adversário(s). No Futebol

as capacidades tácticas ganham em significado pois a elevada

imprevisibilidade, aleatoriedade e variabilidade que compõem o contexto deste

jogo solicita, de forma constante, um comportamento táctico dos jogadores

(Greco & Giacomini, 2008).

Deste modo, a dimensão táctica parece condicionar, de uma forma importante,

o comportamento e a prestação dos jogadores e das equipas, revelando-se

fundamental de um jogo de qualidade (Vieira, 2003). Aos jogadores é

reclamada uma permanente atitude táctica (Garganta & Oliveira, 1996) e o

desenvolvimento dessa atitude táctica supõe o desenvolvimento da capacidade

de decidir e de decidir rapidamente, estando esta dependente da atitude de

conceber soluções (Garganta & Oliveira, 1996). Parece unânime que, apesar

da vital importância que todos os factores do rendimento detêm na

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Decisão táctico-técnica no futebol

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performance do jogo de Futebol, a táctica em toda a sua envolvência determina

e coordena a gestão de todas as variáveis relacionadas com o ensino e o treino

do jogo (Costa, 2001). Este papel regulador e coordenador que a táctica

determina ao jogo é sublinhado por Garganta & Cunha e Silva (2000:5) quando

afirmaram que: “…o que faz o jogo é a transformação da causalidade em

casualidade, ou seja, aproveitar o momento, e quem ensina a aproveitar o

momento são a estratégia e a táctica”.

O papel da táctica na obtenção da vitória cresce paralelamente ao valor das

equipas em disputa, em especial quando são sensivelmente próximas física,

técnica e psicologicamente (Teodorescu, 1984), Para Schnabel (1988, citado

por Pinto, 1996), ao contrário do que acontece noutras modalidades

desportivas de dominante energética, ou de carácter técnico-combinado, nos

jogos desportivos colectivos a prestação é fundamentalmente condicionada

pela componente táctica. Este papel é reforçado por Pinto (1996), que afirma

que a essência do rendimento em Futebol é fundamentalmente táctica.

Na actualidade, ao exigir-se dos jogadores e das equipas melhores níveis de

eficácia, aumentou-se a intensidade e o ritmo de jogo, o que afectou

significativamente os aspectos técnicos e psicológicos, traduzidos pelo

aumento da pressão sobre o raciocínio táctico dos jogadores (Pinto, 2005), os

seus comportamentos, no jogo situam-se numa tensão entre o conhecimento e

a acção (Garganta, 2000). As decisões sobre “o que fazer”, “quando fazer”,

“onde fazer” e “como fazer”, apresentam-se como vectores indispensáveis para

o entendimento do jogo, possibilitando ao jogador actuar de uma maneira

inteligente e, consequentemente, eficaz durante o jogo (Pinto 2005).

2.2 – Um “olhar” sobre o Futebol na perspectiva da teoria dos sistemas dinâmicos

O Futebol caracteriza-se por ser um jogo desportivo colectivo, em que os seus

protagonistas estão agrupados em duas equipas, que mantêm entre si uma luta

constante pela posse de bola, com o objectivo primordial de a introduzir, o

maior número de vezes possível, na baliza adversária e evitar que esta entre

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Decisão táctico-técnica no futebol

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na sua própria baliza, alcançando assim a vitória (Tavares, 1993). As equipas

de Futebol operam como sistemas dinâmicos que se confrontam

simultaneamente com o previsível e o imprevisível, com o estabelecido e a

inovação (Garganta & Cunha e Silva, 2000). É, então, todo este sistema de

inter-relações que se cria constantemente durante o jogo que permitirá ao

jogador utilizar as suas acções de forma apropriada na procura do objectivo.

Garganta (2008) considera o jogo como “um sistema auto-organizado

resultante de uma activa construção baseada nas escolhas e tomadas de

decisão dos jogadores, num envolvimento de muitos constrangimentos e

possibilidades”.

Nesta perspectiva, os atletas utilizam as possibilidades que o contexto lhes

faculta para resolver os problemas que o jogo lhes coloca.”Este é o ponto de

partida para se considerar o jogo de Futebol como um sistema dinâmico e

complexo, que ao interagirem ao longo do tempo produzem vários padrões de

coordenação das acções” (Júlio & Araújo, 2005:170). Então, sendo o jogo um

fenómeno complexo e dinâmico que decorre longe do equilíbrio, exige que seja

encarado assim, com os seus comportamentos, como um fenómeno

emergente, resultante da interacção de múltiplos constrangimentos

condicionadores das acções (Costa et al., 2002). Reflecte, deste modo, a

necessidade dos jogadores se adaptarem constantemente às situações de

jogo, através das suas decisões e acções exploratórias (Rodrigues, 2006). No

que diz respeito a este assunto, Costa et al. (2002) afirmam que o sucesso dos

jogos tácticos (Futebol) depende largamente do nível de desenvolvimento das

faculdades perceptivas e intelectuais, especialmente associadas com outros

factores que determinam a performance. Contudo, esta base teórica

fundamentada pela teoria dos sistemas dinâmicos para o jogo de Futebol, é

frequentemente contradita por informações intercaladas, tais como “…a tomada

de decisão precede a acção”, “… os jogadores têm que saber o que fazer para

depois seleccionar o que fazer…” (Araújo, 2005). Nestas afirmações, é dado

ênfase aos constrangimentos cognitivos considerando-os como os únicos

factores que determinam o comportamento, em que a acção é vista como uma

solução previamente armazenada na memória, posição assumida pela

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Decisão táctico-técnica no futebol

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abordagem cognitivista (Rodrigues, 2006). Mas, no Futebol, podemos

considerar que “…acção é sinónimo de tomada de decisão, porque cada acção

requer uma nova solução” (Costa et al., 2002:12).

As decisões ocorridas em contexto desta natureza (sistemas dinâmicos) não

podem ser solucionadas a priori, dada a relação não linear entre o indivíduo e o

envolvimento (Rodrigues, 2006).

Podemos, então, afirmar que a complexidade de jogo determina a necessidade

do jogador realizar constantemente acções tácticas exigindo, desta forma, o

aperfeiçoamento da capacidade de decisão.

2.3 – Futebol um jogo de decisões

“O nosso caminho não é desenhado por estrelas nem indicado por planetas,

mas tão só pelas decisões que tomamos ou deixamos de tomar”

(Denigot, 2004)

Castelo (2004) refere que o jogo de Futebol é, acima de tudo, um jogo de

decisões. Decisão essa, que mais do que dependente da capacidade do

individuo, está condicionada pelo que o contexto permite fazer (Araújo, 2005).

Imaginemos um desporto como o Futebol, em que o jogador se encontra em

posse de bola, com um colega desmarcado e a baliza ao seu alcance. O que

deve ele fazer? Qual a decisão mais adequada? As decisões em jogo devem

ser tomadas de acordo com a situação, já que os objectivos de cada acção não

são definidos antes do jogo ou mesmo da jogada (Costa, 2001).

Decidir é certamente reflectir, comparar, antecipar, escolher, mas é muito mais

do que isso, do que o resultado exclusivo do intelecto (Denigot, 2004). O jogo

de Futebol é então um contexto complexo para a tomada de decisão, não

apenas por causa da multiplicidade de componentes que interagem (p. ex.,

jogadores, bola, árbitros, dimensões, etc.) mas, por causa das características

dinâmicas da sua natureza cooperativa e de oposição onde as situações de

jogo mudam constantemente ao longo do tempo (Júlio & Araújo, 2005).

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Decisão táctico-técnica no futebol

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A capacidade de tomar decisões é, essencialmente, um meio de deixar a maior

parte da informação no jogo, usando cuidadosamente em tempo real

sequências de interacção entre o jogador e o contexto para resolver problemas

de modo consistente e flexível (adaptável) (Araújo, 2005).

A tomada de decisão consiste em tomar decisões rápidas e tacticamente

exactas, constituindo uma das mais importantes capacidades do atleta

(Schellenberger, 1990), é uma escolha feita por ele entre muitos actos

possíveis (Vieira, 2003).

A tomada de decisão é então a chave para o sucesso da acção táctico-técnica,

(Rippol, 1987; Tavares, 1993; Alves & Araújo, 1996; Vieira, 2003) e, em muitos

casos, a responsável pelas diferenças inter-individuais do rendimento. Para

Araújo (2005) tomar decisões é permitir mudanças ao longo de um curso de

interacção com o contexto, visando um objectivo. Estas mudanças na relação

com o contexto podem ter origem predominantemente no indivíduo (p. ex: força

muscular ou no envolvimento (ex: inclinação do solo)), mas resulta sempre da

interacção entre indivíduo e contexto (Araújo, 2005), a tomada de decisão

distingue positivamente os atletas (Campaniço & Rodrigues, 2000).

Um elevado nível de performance nos desportos colectivos não é apenas

caracterizado por uma eficiente execução motora, mas por um nível superior de

tomada de decisão (Ponte, 2005). No Futebol não ganha quem é mais rápido

(veloz), quem salta mais alto ou quem corre mais, mas sim quem basicamente

tem a capacidade de reconhecer em cada momento os modelos estruturais do

jogo e a capacidade de prever o desenvolvimento desses acontecimentos

(Castelo, 2002) baseando-se, muitas vezes, em experiências anteriores. O

sucesso desportivo está particularmente condicionado pela capacidade do

jogador em assimilar as variações do envolvimento e em usar a informação

disponível para realizar a acção. Assim, a compreensão do fenómeno da

tomada de decisão passa, segundo Vieira (2003), pela capacidade do jogador

integrar e interpretar a informação, cuja garantia e validez são imperfeitas. O

jogador fica entregue aos seus recursos, actuando de duas formas: 1- seguindo

a sua intuição, ou seja, usando a informação da forma que lhe é mais fácil

(mesmo a informação mais acessível deixa uma série de incertezas e dúvidas)

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Decisão táctico-técnica no futebol

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ou, 2- usando a informação de forma lógica com o objectivo de optimizar a sua

resposta motora perante o problema (Castelo, 2003). Contudo, é importante

questionar se o homem pretende actuar de forma óptima? Ou será que no

momento, umas decisões resolvem o problema melhor do que outras?

Constata-se assim, que todos os jogadores têm um reportório de regras de

decisão, denominadas de heurísticas Svenson (1979, citado por Viera, 2003),

as quais são desenvolvidas através (1) das directrizes do treinador, (2) da

experiência do jogador e (3) dos exercícios de treino que colocam diferentes

situações-problema iguais ou semelhantes às que ocorrem particularmente na

competição. Estas regras de decisão assimiladas e aperfeiçoadas, permitem a

obtenção de soluções satisfatórias de modo a não se consumir demasiado

tempo e esforço, em vez de se fazerem melhores escolhas mas que precisam

de mais esforço e tempo (Castelo, 2003). Por outro lado, Araújo & Passos

(2006) realçam que os jogadores previsíveis (que “programam” o que fazer)

não são os que constituem maior perigo para a equipa adversária. Pelo

contrário os jogadores criativos, aqueles que integrados na lógica da equipa

resolvem autonomamente as situações, são os que mais problemas causam às

equipas adversárias (Araújo, 2008).

Apesar de existirem várias perspectivas de abordagem à tomada de decisão

vamos centrar o trabalho basicamente em duas: a cognitiva, conotada com a

teoria do esquema ou dos programas motores genéricos (Schmidt, 1975) que

decorrem do modelo do processamento de informação e a ecológica, esta

comprometida com a teoria dos sistemas dinâmicos (Davids et al., 2001), onde

tomar decisões é permitir mudanças ao longo de um curso de interacção com o

contexto, visando um objectivo (Araújo, 2005), que assenta no acoplamento

percepção-acção e na interacção dos constrangimentos do indivíduo-tarefa-

envolvimento (Passos et al., 2006).

2.3.1 – A decisão segundo a abordagem cognitivista (modelo de processamento da informação)

A abordagem cognitivista assente na teoria computacional ou do

processamento de informação, considera-se que a tomada de decisão e a

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Decisão táctico-técnica no futebol

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acção são determinadas pela comparação entre a informação que chega pelos

órgãos sensoriais (p. ex. o sistema visual) e a informação armazenada em

memória sob forma de representações mentais (i.e. representações simbólicas

da realidade) (Araújo, 1998). Esta abordagem exige ao jogador uma

capacidade de efectuar um processamento das informações visuais com o

objectivo, por um lado, de analisar e interpretar a situação e, por outro lado, de

executar a resposta com o máximo de precisão (Tavares, 1994). Podemos

então concluir que, segundo esta perspectiva, o sucesso da acção depende

fundamentalmente da qualidade das representações armazenadas na memória

e das ordens emitidas pelo sistema nervoso central (SNC) (Rodrigues, 2006).

Ideia partilhada por Passos et al. (2006:306) que afirmam que “ …a acção

coordenada de determinado gesto técnico assenta numa relação entre

estímulo-resposta, previamente definida e armazenada em memória.”

Os comportamentos técnico-tácticos dos jogadores na resposta aos problemas

momentâneos do jogo, pressupõem um elaborado processo de

percepção/análise, solução mental (decisão) e de solução motora (execução)

(…) numa actividade cognitiva intensa, como resultado de complicados

mecanismos de recepção, transmissão, avaliação e elaboração da resposta,

relacionando o resultado dessa acção com a memória (Brito, 1995). As fases

de percepção/análise e de solução mental de um problema de jogo, que um

jogador enfrenta em determinada situação, têm lugar na base dos respectivos

níveis de raciocínio técnico-táctico (Correia, 2000). A este respeito Mahlo (1980

citado por Tavares, 1994) refere que os processos mentais e psíquicos de uma

acção táctica, são realizados em três fases principais, o que nos permite

compreender o encadeamento das várias acções, que possibilita ao jogador

tratar sem interrupção as informações necessárias para: (i) identificar o

problema que lhe é colocado (percepção e análise da situação); (ii) elaborar a

solução que ele pensa ser a mais adequada para resolver o problema (solução

mental do problema); (iii) executar eficazmente, do ponto de vista motor, essa

solução (solução motora do problema).

Para se tomar uma decisão numa situação desportiva, recebe-se a informação

pelo sistema sensorial, o mecanismo cognitivo-perceptivo organiza e analisa a

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Decisão táctico-técnica no futebol

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informação para dar a resposta motora (Araújo & Serpa, 1999). Este processo

é baseado na metáfora do computador (Araújo, 2005), ou seja, o sujeito é

comparado a uma máquina capaz de detectar estímulos através dos órgãos

sensoriais. Estes estímulos são comparados com a informação armazenada,

seleccionando entre um conjunto de escolhas possíveis, a que mais se adequa

à resolução da situação, desencadeando o programa motor, que origina o

processo de resposta que o sistema locomotor executa (Rodrigues, 2006).

Também Alves (1990) refere que a informação flui, desde o aparecimento do

estímulo até à execução da resposta, passando pelas seguintes fases ou

etapas:

“O estímulo (e a informação nele contida) começa por ser recebido

(detectado) pelo órgão sensorial (visão, audição, etc.) sob a forma de energia

física (luz, som, etc.). No órgão sensorial, esta energia é transduzida e é

encaminhada pelos nervos aferentes para a zona sensorial do SNC respectivo.

Este é o chamado processo sensorial e tem uma duração relativamente curta.

Quando o estímulo chega ao SNC, é detectado pelos mecanismos perceptivos,

são analisadas as suas características, comparados com a informação contida

em memória e finalmente identificado. Uma vez identificado, passa para os

mecanismos associativos, onde vai ser comparado com o reportório das

respostas possíveis, a fim de o código simbólico ser transformado num código

de resposta. Esta é a fase de escolha ou de selecção da resposta.

Seleccionada a resposta, o respectivo código passa aos mecanismos efectores

que o irão interpretar, a fim de programarem a respectiva resposta. É a fase da

programação motora. Logo que a resposta é programada, é enviada pelos

nervos eferentes ao sistema muscular, que foi programado a responder. É a

fase de execução da resposta e é também relativamente rápida”.

Nesta descrição do processamento de informação, segundo uma perspectiva

sequencial, a informação só passa de uma fase para outra depois de ter sido

tratada, o que torna este processo moroso.

Existe outra perspectiva sobre o processamento de informação (McCleland,

1979; Miller, 1988) que refere a sua ocorrência em paralelo, contribuindo para

reduzir a sua duração, ou seja, as operações mentais são realizadas como um

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Decisão táctico-técnica no futebol

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processo em cascata. Tavares (1994) citando os autores anteriores refere que,

neste caso, a informação flui de uma unidade para outra de modo a que a

resposta possa ser produzida enquanto o input externo está ainda a ser filtrado

pelo sistema perceptivo e produzido o output desde a unidade da memória, o

que no caso contribui para reduzir a sua duração.

Nougier (1992 citado por Tavares, 1993) apresenta uma outra perspectiva para

o processamento de informação – Unidade de informação – com aproximações

teóricas entre as perspectivas anteriores.

Marujo (1999) afirma que, perante um leque variado de estímulos, o indivíduo

deverá ser selectivo, pertinente na escolha e eliminando informação

indesejável, pressupondo um conhecimento racional com o objectivo de

realizar uma tarefa precisa. Segundo Sugden & Connell (citados por Tavares,

1993) a capacidade de processar a informação melhora com a idade. Da

mesma forma que os jogadores com mais experiência parecem ter uma

organização mais complexa e discriminatória da memória de longo termo que

facilita a codificação da informação de uma actividade desportiva (Williams et

al., 1993). Keller et al. (citado por Tavares, 1993) demonstraram que atletas

mais experientes necessitam de menos informação para identificar uma

configuração perceptiva. Também Mahlo (1980) é da mesma opinião ao afirmar

que jogadores experientes comparados com jogadores menos experientes

apresentam um sistema perceptivo mais aperfeiçoado para reproduzir a

organização de jogo e descodificam mais profundamente a informação. O

mesmo autor refere ainda que praticantes experientes são mais sistemáticos

em termos de pesquisa visual do que os não experientes/principiantes.

Rippol (1987, citado por Costa 2001) mostra diferenças fundamentais no

processamento de informação visual entre atletas principiantes e experientes

Quadro1:Diferenças no processamento de informação visual entre atletas experientes e principiantes.

Atletas Principiantes Atletas Experientes

1- A informação visual é pontual e corresponde a um conjunto de acontecimentos.

1- A informação visual é inter-relacional. Ela relaciona os diferentes acontecimentos

2- A informação é tratada sobretudo em visão central

2- A informação implica complementarmente a visão central e

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Decisão táctico-técnica no futebol

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periférica

3- A leitura dos diferentes acontecimentos é feita em ordem cronológica das suas aparições

3- A “leitura” é muitas vezes antecipada, o atleta coloca o seu olhar na direcção precisa onde vai aparecer o acontecimento

4- Um número importante de acontecimentos é analisado

4- Só os acontecimentos mais pertinentes são analisados. O seu número é restrito

5- O tempo destinado a consultar cada um dos acontecimentos é curto. A informação é incompleta

5- O tempo dedicado a consultar cada acontecimento é longo. A informação é completa

6- O tempo total de análise é elevado 6- O tempo total de análise é reduzido

7- Apresenta um longo período de tempo entre a recepção de informação e o desencadeamento da resposta

7- A resposta é desencadeada durante a análise da situação

8- As respostas motoras são muitas vezes inadequadas

8- As respostas motoras são apropriadas

A julgar por este quadro, enquanto os principiantes se fecham sobre

informação obtida através da visão central, os experientes recorrem à visão

periférica, o que lhes permite um maior ajustamento aos constrangimentos

mutáveis do sistema (Afonso, 2008).

O cognitivismo centra-se apenas nos constrangimentos cognitivos (internos),

como sendo o único factor que determina o comportamento e não na

interacção de múltiplos factores. O envolvimento nesta perspectiva é visionado

como sendo apenas um estímulo (Rodrigues, 2006).

Mas será que a teoria decisional baseada no processamento de informação é

por si só eficaz e verificável na competição? O jogador em competição não

pode ficar à espera de um estímulo, para depois “vasculhando” nas suas

imagens e memórias, descortinar a melhor solução mental, para que finalmente

a posteriori, possa seleccionar a resposta motora mais adequada e a colocar

em prática (Silva, 2006).

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2.3.1.1 – Conhecimento sobre o jogo e sua importância na decisão.

O atleta em competição está constantemente a tomar decisões e, é o

conhecimento que possui que vai orientá-lo para determinadas sequências de

acções em detrimento de outras. As capacidades de saber e de saber fazer

aproximam-se de forma interligada (Greco, 2008) e, é tão importante

compreender para intervir como intervir para compreender, pelo que a

informação para treinar e jogar pode resultar claramente mais eficaz aquando

forjada na tensão entre conhecimento e acção (Garganta, 2006).

Durante um jogo de Futebol os jogadores são confrontados com um conjunto

de problemas (Oliveira, 2004), que resultam das características dinâmicas do

próprio jogo (Garganta, 2005). A adequação de cada resposta a esses

problemas assenta essencialmente na capacidade táctica de resolução

(Tavares, 1993; Garganta & Pinto, 1994; Garganta, 1997), pelo que o

conhecimento a ele associado é essencialmente táctico (Ferraz, 2005). Este

conhecimento táctico resulta de um conjunto de conhecimentos que são,

segundo Oliveira (2004), conhecimentos específicos fruto das experiências e

vivências dos diferentes jogadores que são configurados sob forma de imagens

mentais. Esta visão é partilhada por Damásio (2000), pois segundo ele o

conhecimento necessário para o raciocínio e tomada de decisão está

configurado na nossa mente sob a forma de imagens mentais. Para o mesmo

autor (Damásio, 2000), as imagens mentais são construções do cérebro que

decorrem “do sentir” proporcionado pelas distintas modalidades sensoriais

(visual, auditiva, olfactiva, gustativa e somatossensorial), que resultam da

interacção entre o organismo e a realidade, acabando por serem criações

pessoais dessa realidade. A um conjunto de acontecimentos corporais

ocorridos, corresponde um conjunto de conhecimentos, configurados sob a

forma de uma colecção de imagens mentais (Damásio, 2003). Neste sentido,

um jogador para dar resposta a uma determinada acção táctica no jogo precisa

de desenvolver um conjunto de conhecimentos específicos sendo que a

interacção entre eles vai definir o grau de adequação da resposta (Oliveira,

2004). O mesmo autor (Oliveira, 2004:90) define conhecimento específico

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Decisão táctico-técnica no futebol

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como sendo ”…o conhecimento necessário para a realização de determinada

acção, dentro de um domínio particular que engloba a interacção do

conhecimento declarativo, com o conhecimento processual, com as memorias

e emoções a eles associadas”.

Os atletas para agirem adequadamente devem conhecer a modalidade que

praticam (Greco & Giacomini, 2008), gerindo e valorizando as informações

mais pertinentes para que as decisões a tomar sejam as mais ajustadas

(Vieira, 2003). O que realça a importância do conhecimento e da capacidade

de tratar os sinais mais pertinentes na adequação da tomada de decisão. É,

portanto, necessário que o jogador compreenda a lógica interna do jogo, os

princípios gerais e específicos que regem o seu comportamento e seja capaz

de os aplicar de forma inteligente, depois de uma análise prévia da situação de

jogo (Cardenas, 2000). A compreensão envolve actos de cognição, isto é,

comportamentos inteligentes, o que implica a existência de conhecimento que,

sob a forma de “princípios de jogo” funciona como ingrediente indispensável

para a compreensão (Kirk, 1983, citado por Garganta, 1997). O conhecimento

e a compreensão do jogo ganham assim uma importância fundamental, pois

permitem aos atletas tomarem a decisão mais adequada em função da

situação que se lhes depara, se considerarmos que a qualidade do jogo

reclama do sujeito comportamentos inteligentes (Garganta & Oliveira, 1996). É

como refere Tavares (2004) “o jogador intervém nas acções de jogo de acordo

com o grau de conhecimento que possui” o que leva a afirmar que a qualidade

das acções depende obviamente do conhecimento que o jogador tem do jogo

(Garganta, 1994). O nível de conhecimento vê-se pela capacidade de tomar

decisões (French & Thomas 1997).

Também Dodds et al. (2003, citados por Paulo, 2007) referem que, conforme

os jogadores vão dilatando o conhecimento específico acerca da modalidade,

mais facilmente serão capazes de aceder a ele durante a jogada, para

solucionar problemas tácticos, sendo que o número mais elevado de soluções

com sucesso aumenta, e, consequentemente, a sua expertise, ou seja, existe

uma estruturação recíproca entre o conhecimento e a acção, pois o indivíduo

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Decisão táctico-técnica no futebol

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necessita de conhecimento para actuar, mas, ao mesmo tempo, essas

actuações aumentam o nível de conhecimento (Alves & Araújo, 1996).

Para jogar colectivamente e de forma inteligente, o jogador deve ser capaz de

desenvolver uma acção consciente (o que fazer), voltada para resolver de

forma prática, dentro dos limites determinados pelas regras, os problemas

originados pelas variadas situações de jogo. Além de deliberada, a decisão

deve ser rápida, ampliando a margem de tempo disponível para a acção e

contribuindo para o alcance do maior êxito possível (Valdês & Resende, 2004),

os jogadores têm de saber o que fazer (conhecimento declarativo), para depois

seleccionar como fazer (conhecimento processual), utilizando a acção motora

mais adequada ao problema (Garganta & Pinto, 1994). É como refere Oliveira

(2004:41) “…jogar implica o conhecimento de saberes, mais concretamente um

saber fazer e um saber sobre o saber fazer”.

Estes dois tipos de conhecimentos (saberes) estão interligados entre si, dado

que a forma que o jogador analisa as situações de jogo está dependente da

forma como ele percebe e concebe esse mesmo jogo (Garganta, 1997)

contribuindo para a qualidade de decisão dos jogadores no decurso do jogo

(Vieira, 2003). Estes dois tipos de conhecimento, o conhecimento declarativo e

o conhecimento processual, são os mais relevantes para a performance

desportiva (Greco, 1999; Alves, 1999; Mangas, 1999).

Thomas & French (1986) definem como conhecimento declarativo, o

conhecimento do regulamento geral da modalidade, estrutura das competições

e regulamento técnico. Para Williams et al. (1993) o conhecimento declarativo

(saber o quê?) é referido em relação à capacidade de estruturar a experiência

por meio de conceitos, causas, efeitos, razões e leis científicas universais, é

um conhecimento que explica ou suporta teoricamente a realização de uma

acção (Greco, 1999). Também Sternberg (2000), Oliveira (2004) e Anderson

(2004) referem-se ao conhecimento declarativo, como sendo todo o tipo de

conhecimento que possa ser expresso ou declarado através da verbalização,

ou seja, é o conhecimento que pode ser explicado ou transmitido por palavras.

Este tipo de conhecimento relaciona-se com informações, factos, conceitos e

conhecimentos específicos já existentes. O maior ou menor conhecimento está

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Decisão táctico-técnica no futebol

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dependente da capacidade de ligação, relação e interacção entre essas

informações, factos, conceitos, conhecimentos específicos (Ennis et al., 1991)

e de processos cognitivos que promovam a racionalização (Eysenck & Keane,

1994).

O conhecimento declarativo está relacionado com as memórias episódicas e

semânticas, isto é, com a memória explícita ou declarativa. Está relacionado

com o que fazer perante determinada situação (Oliveira, 2004).

Em relação ao conhecimento processual, Chi & Glaser (1980) referem que este

conhecimento diz respeito à reunião de um conjunto de processos cognitivos

para executar uma sequência de acção com esse conteúdo.

Segundo Thomas & Thomas (1994), o conhecimento procedimental ou

processual, é usado para gerar acção, ou seja, como fazer algo. Também

Garganta (1997: 90), dentro desta linha de pensamento, afirma que “…nas

modalidades de incidência táctica elevada, como os JDC, o conhecimento

processual está, íntima e simultaneamente, relacionado com a selecção da

resposta motora e com a execução da acção”. Oliveira (2004) não foge desta

linha orientadora, pois também para ele, o conhecimento processual é um tipo

de conhecimento que está relacionado com a realização de acções e é

especificamente ajustado para ser aplicado em situações específicas,

fundamentalmente em situações de grande habilidade (Sternberg, 2000). É um

conhecimento que não se consegue transmitir por palavras, apenas por

acções. Este tipo de conhecimento está relacionado com as memórias

sensoriais, de representação perceptual e procedimental, isto é, com a

memória implícita ou processual (Oliveira, 2004). O conhecimento processual

está relacionado com o como executar uma acção para resolver determinada

situação (Anderson, 2004; Queiroga, 2005).

O conhecimento processual está, portanto, directamente relacionado com a

execução de respostas para a execução de problemas em situações de treino

e jogo (Greco & Giacomini, 2008).

Vários autores fazem a distinção entre os dois conhecimentos: George (1983)

distingue o conhecimento declarativo do processual: o primeiro é o

conhecimento que pode ser expresso por enunciados linguísticos, isto é,

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Decisão táctico-técnica no futebol

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conhecimento factual do tipo “saber o quê”, o segundo é o conhecimento que

se refere mais directamente aos processos de acção, “ao saber como”. Esta

distinção é partilhada por Pinto (1995), pois também ele entende por

conhecimento declarativo, o conhecimento do regulamento do desporto, das

posições dos jogadores, estratégias básicas de defesa e ataque (exemplo:

passe e vai, defesa individual, à zona e defesa mista) e, por conhecimento

processual, o conhecimento do “como fazer as coisas”.

Chi & Glasser (1980) fazem uma distinção mais aprofundada entre o

conhecimento declarativo e processual. Para eles o conhecimento declarativo

refere-se às estruturas de conhecimento ou conteúdos, podendo ser

representado por meio de uma rede de conceitos e suas relações. O

conhecimento processual diz respeito à reunião de um conjunto de processos

cognitivos para executar uma sequência de acção com esse conteúdo. Para

Ponte (2005), o conhecimento declarativo diz respeito ao “saber o quê” são os

conhecimentos que são possíveis verbalizar e que estão implicados com as

memórias episódicas e semânticas. O “saber como” (conhecimento processual)

são conhecimentos ligados à capacidade de realizar tarefas sem que haja

necessidade de envolvimento de recordações conscientes.

Embora se faça a distinção entre estes dois tipos de conhecimentos que

apresentam manifestações próprias, em termos práticos, existe uma interacção

permanente entre os dois e interagem na melhoria um do outro (Oliveira, 2004),

contudo relativamente às capacidades de decisão é importante referir que

vários autores (Chi & Rees, 1983; Thomas & Thomas, 1994; Turner &

Martineta, 1995; citados por Vieira, 2003) realçam que é necessário uma certa

quantidade de conhecimento declarativo para que o desenvolvimento do

conhecimento processual tenha lugar. Ora os processos de decisão estão

relacionados, sobretudo, com o conhecimento processual logo, será necessária

uma boa base de conhecimento declarativo antes do desenvolvimento das

capacidades de decisão (Vieira, 2003). No entendimento de Mangas (1999) o

conhecimento declarativo é fundamental para o desenvolvimento do

conhecimento processual e da tomada de decisão, quanto mais elevado é o

conhecimento declarativo, maior é a qualidade dos praticantes, por outro lado

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Pinto (1995) defende, e com alguma lógica, que a existência de elevado

conhecimento declarativo não garante elevadas performances, dado que

jornalistas, comentadores, treinadores ou até mesmo adeptos poderão possuir

um conhecimento declarativo equivalente ao dos jogadores, apesar de não

apresentarem qualidade em situações de jogo.

No desporto, o conhecimento da performance do rendimento é fundamental

para a prestação competitiva (Miragaia, 2001), quanto maior é o conhecimento

das acções de jogo, mais eficaz será a acção táctico-técnica é como refere

Mangas (1999) os conhecimentos são uma boa base para saber fazer. Toda a

decisão táctica pressupõe uma atitude cognitiva do jogador (Greco, 2008).

Essa dimensão cognitiva é decisiva na performance desportiva (Konzag, 1990)

e os melhores atletas, os peritos, são aqueles que apresentam uma grande

flexibilização a esse nível, sabem distinguir quando é necessário ser mais

impulsivo ou mais reflexivo (Araújo, 1997; Rodrigues, 1998), possuem um

conhecimento declarativo e processual mais “sofisticado” que lhes exige menos

trabalho de memória e, em alguns casos, permitem resolver a

situação/problema sem esforço (automaticamente) (McPherson, 1993).

2.3.1.2 - O Conhecimento e os peritos (experts)

Um perito é alguém que se destaca pela positiva dos demais, é um atleta que

possui uma capacidade motora refinada, ou seja, é um especialista em

determinada área.

Os peritos têm um maior conhecimento específico dos factos o que vai permitir

ter já várias alternativas de resposta quando tiverem de tomar decisões (Alves

& Araújo, 1996), este facto justifica-se por possuírem um conhecimento mais

organizado e melhor estruturado. Estes sujeitos são mais rápidos a detectar e

localizar os sinais relevantes, bem como a forma como prevêem as

consequências das relações entre esses sinais (Araújo, 1998; Rodrigues,

1998). Os peritos (experts) são portadores de um reportório de padrões

específicos de acções táctico-técnicas, que lhes permitem ter várias

alternativas de resposta quando tiverem de tomar decisões (Miragaia, 2001),

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eles concentram a sua atenção aos estímulos mais prováveis de surgirem,

onde aparecem e quando ocorrem, podendo prever de forma antecipada a

resposta mais adequada (Vasconcelos, 2001). Os praticantes de excelência

caracterizam-se por possuírem um conhecimento declarativo e processual mais

organizado, um processo de captação de informação mais eficiente, um

reconhecimento dos padrões de jogo e processo de decisão mais rápido e

preciso, um conhecimento táctico superior assim como uma maior capacidade

de antecipação dos acontecimentos de jogo e maior conhecimento das

probabilidades situacionais (Garganta, 2000).

Também para Araújo (2005) os peritos possuem um conhecimento mais

extenso e mais estruturado e descriminam melhor a informação armazenada

na memória de longo prazo. Supõem-se que esse conhecimento permite que,

comparativamente aos principiantes, os jogadores peritos 1) reconhecem e

evocam padrões de jogo mais rapidamente, o que possibilita decisões mais

rápidas e mais exacta; 2) apresentam maior velocidade de detecção e

localização de objectos relevantes no campo visual e identificam as situações

com maior detalhe; 3) usam eficazmente a informação contextual (quer

temporal, quer espacial) disponível antes do evento ou acção do adversário e

4) revelam-se mais exactos nas suas expectativas a acontecimentos futuros

elaborando uma hierarquia de probabilidades em cada situação. Os peritos

possuem, portanto, grande sintonia com a situação, focando-se apenas nos

aspectos informacionais decisivos, que lhes permite actuar antecipadamente

(Araújo & Volossovitch, 2005), através de uma atitude de exploração activa e

prospectiva do contexto (Afonso, 2008).

Todo o atleta tem planos para a competição, mas o modo como resolve as

situações, é muito influenciado pelo que está a acontecer na própria situação.

O jogador perito, é então, aquele que consegue, através das informações

contextuais, agir de uma forma correcta e eficaz, que lhe permite atingir o seu

objectivo, que supostamente é também o da equipa (Araújo, 2008).

Como foi referido anteriormente, e segundo a abordagem cognitivista, o perito

espera que o estímulo apareça, identifica-o, compara-o com situações

passadas, selecciona a resposta mais eficaz (dentro das que conhece),

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Decisão táctico-técnica no futebol

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programa a resposta e implementa-a com o seu sistema músculo-esquelético.

Todavia esta explicação “mecanicista” da tomada de decisão baseada na teoria

do processamento de informação tem dificuldades, como referem Araújo &

Passos (2008), em prever as soluções criativas dos jogadores durante a

competição, assim como a capacidade de armazenamento (espaço de

memoria) para toda a informação das situações já vivenciadas, bem como de

tempo para durante uma acção desportiva, detectar, identificar, associar,

comparar, seleccionar, programar e executar uma resposta (Araújo, 2005).

Levantam-se então, segundo o mesmo autor, várias questões sobre este tema,

tais como: Será que esta teoria baseada no processamento de informação é

verificável na competição? Quanto tempo levaria este processo a acontecer?

As situações da competição dão assim tanto tempo aos atletas? Por outro lado,

será que os praticantes não vão eles próprios à procura das informações que

lhes interessam, em vez de ficar à espera de certos estímulos? Será que os

desportistas não descobrem respostas exclusivas para resolverem a situação

que têm em mãos, não sendo por isso possível seleccionar de entre as

respostas “previamente armazenadas”? Se a resposta é nova como é que pode

ter sido previamente programada? Como é possível ser-se criativo com este

tipo de explicação teórica? Para resposta a estas questões é necessário,

segundo Araújo (2005) analisar-se a ecologia (i.e., a especificidade) da

competição caracterizada pela sua complexidade e dinâmica.

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Decisão táctico-técnica no futebol

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2.3.2 – A decisão segundo a perspectiva ecológica num contexto dinâmico e complexo.

A psicologia ecológica difere das restantes abordagens relativamente ao seu

foco de estudo, não entende o comportamento como algo que está “dentro da

cabeça” dos indivíduos, mas na sua interacção com o envolvimento, ou seja,

procura ver como é que o indivíduo interage com o contexto como co-evoluem

em conjunto, como é que se influenciam mutuamente (Rodrigues, 2006).

Tavares (2004) na procura de respostas a algumas das questões anteriores

realça o carácter dinâmico e de instabilidade das acções de jogo, preconizando

que o comportamento do jogador tende a auto-organizar-se, como resultado da

interacção entre os constrangimentos da tarefa e do envolvimento.

Nesta perspectiva, o comportamento é concepcionado como resultado de uma

leitura directa do ambiente, em que o envolvimento por si só é capaz de

facultar toda a informação necessária para a realização da acção, isto é, sem

necessidade de recorrer a qualquer representação ou mediador central,

salientando a interacção entre o indivíduo, a tarefa e o envolvimento

(Rodrigues, 2006).

O jogador não pode funcionar como uma máquina onde os seus movimentos

são previsíveis, não pode estar passivo à espera de um estímulo para agir

(Araújo, 2005), o jogador não “programa” o que vai nem quando vai acontecer

(Shaw, 2001) ele é sobretudo um agente “provocador” de situações que lhe

permitem atingir o objectivo dentro de um contexto imprevisível e repleto de

constrangimentos.

A abordagem ecológica, seguindo a linha Gibsoniana, assume um pressuposto

que existe uma relação mútua e recíproca entre sujeito e envolvimento (Davids

et al., 2001). Toda a informação necessária para a acção está disponível no

envolvimento e é percepcionada directamente pelo atleta, tendo este com a

sua acção uma influência directa na alteração da informação presente no

envolvimento, ou seja, percepciona a informação presente no contexto para

decidir e agir, e com essa acção altera a informação do contexto para continuar

a decidir e a agir e assim sucessivamente (Passos et al., 2006). Tal como

Gibson (1979:223) refere “…nós devemos percepcionar para agir mas também

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Decisão táctico-técnica no futebol

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temos que agir para percepcionar”. Nesta perspectiva, a percepção é directa, é

única, não há distinção entre percepção central e periférica, a afinação

perceptiva ocorre quando a visão central e periférica estão afinadas às

affordances do meio (Afonso, 2008), isto é, o conceito de percepção directa,

onde existe uma função determinante da informação percepcionada

directamente do ambiente (sem recurso a estruturas intermédias, como o

processamento central que compara a informação que chega pelos

mecanismos sensoriais com a informação armazenada em memória) para a

coordenação e controlo motor (Passos et al., 2006).

A ecologia do jogo é determinante para a compreensão do desempenho eficaz

dos indivíduos em acção (Araújo et al., 2004; Araújo, 2005; 2006; Araújo et al.,

2006; Davids et al., 2001). Este contexto que é o jogo, ao contrário da

explicação típica das teorias do processamento da informação, implica que os

jogadores atendam à complexidade e à dinâmica do jogo. Portanto os

jogadores não estão perante um conjunto de estímulos conhecidos à partida,

mas antes estão a influenciar uma situação com inúmeras variáveis, que muda

ao longo do tempo (Araújo & Passos, 2008). Estes contextos caracterizados

pela variabilidade implicam obrigatoriamente que o jogador seja activo, que

acompanhe a dinâmica do que se passa à sua volta, em vez de esperar

passivamente pelos estímulos para dar respostas. De acordo com Araújo &

Passos (2008) mais do que trazer toda a informação do jogo para dentro da

sua cabeça, o jogador tem que detectar e usar a informação que está no jogo e

que está sempre a evoluir. Dito por outras palavras, a informação que permite

cada jogador decidir e agir está disponível no envolvimento, resultando da

interacção entre jogador e contexto (Passos et al., 2006). Como tal os

problemas que se colocam a cada jogador emergem da sua interacção com o

contexto, sendo, em muitos aspectos, imprevisíveis. É esta interacção jogador-

jogo que permite resolver os problemas, é a reciprocidade entre organismo e

envolvimento, entre percepção e acção, que estão patentes no conceito de

affordance* (Gibson, 1979, 2002), que traduz a funcionalidade que um objecto

ou evento sugerem ao observador em função das suas capacidades de acção

(Garganta, 2004). E é por isso que existem “… jogadores de aparente categoria

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Decisão táctico-técnica no futebol

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capazes de controlar, passar, rematar e até driblar, mas como não conhecem a

chave deste jogo, elegem sempre o caminho errado” (Valdano, 1997:39).

2.3.2.1 - “Affordance”: a chave para decidir

Pode-se definir o conceito de affordance, como sendo a informação que o

envolvimento disponibiliza para o indivíduo, que segundo a psicologia ecológica

pode ser percebida directamente como o resultado da relação funcional entre a

acção e a percepção do envolvimento. Como já foi referenciado anteriormente

a abordagem ecológica enfatiza o papel das propriedades do envolvimento

(Garganta, 2005) considerando que as mesmas, constituem um sistema de

constrangimentos e possibilidades de acção (affordances), que catalisam as

acções dos jogadores, ou seja, considera que as acções não são

condicionadas apenas pelos constrangimentos internos (cognitivos), mas são-

no também por factores externos (pelo envolvimento e pelas competências

perceptivas) (Garganta, 2005). Portanto as situações não podem ser

previamente resolvidas na cabeça do jogador, nem são resolvidas

exclusivamente por este (Araújo & Passos, 2008). Pelo contrário, o jogador,

mesmo com planos prévios de acção, explora e alcança aquilo que o contexto

permite (Araújo, 2005).

A tomada de decisão, ou melhor, a acção táctica, é um processo auto-

organizado e emergente, e como refere Araújo & Passos (2008) o jogador age

para percepcionar a informação do contexto que lhe permite agir com eficácia,

ou seja, que lhe permite atingir o objectivo. A abordagem ecológica tem

realçado como a informação contextual (e não apenas a que está na memória)

constrange as acções do praticante durante o treino ou a competição, acresce

ainda Garganta (2005) que a perspectiva ecológica tem alertado para a

necessidade de se realçar o papel das propriedades do envolvimento, pelo

facto dessas constituírem um sistema de constrangimentos e de possibilidades

de acção, com significativas implicações no condicionamento da resposta do

observador/actor.

Nesta perspectiva ecológica tomar decisões é permitir mudanças ao longo de

um curso de interacção com o contexto, visando um objectivo (Júlio & Araújo,

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Decisão táctico-técnica no futebol

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2005), acrescentando ainda que estas mudanças na relação com o contexto

podem ter origem predominantemente no indivíduo ou no envolvimento, mas

resulta sempre da interacção entre os dois. Neste sentido, Araújo (2005:26)

afirma que “…os jogadores não estão perante um conjunto de estímulos

conhecidos à partida, mas antes estão a influenciar uma situação com

inúmeras variáveis, umas conhecidas outras não, que mudam ao longo do

tempo”. Não existe então um modelo de execução fixo que garanta o êxito. A

própria dinâmica de jogo, constrange o tempo para agir, que raramente é

possível antecipar conscientemente o que se pode fazer (Araújo, 2002).

*Affordance: Affordance é o conceito chave de Gibson (1979) para explicar o

processo perceptivo. Provem do verbo “to afford” (percepcionar, permitir), e é a

expressão usada para designar aquilo que o meio oferece em termos de

possibilidade de acção, refere-se à compatibilidade entre actor/envolvimento.

2.3.2.2 – Decidir com base nos constrangimentos

O jogo é único, os adversários não são iguais, as acções jamais se repetem

por mais semelhanças que possam existir, isto indica exactamente, que

embora a estratégia possa ser delineada antecipadamente, a resolução das

situações de jogo, a decisão é sempre única. Nesta perspectiva, as

propriedades do envolvimento constituem um sistema de constrangimentos e

possibilidades de acção (affordances), isto é, o jogador é constrangido por essa

informação a formas particulares de resposta (Araújo, 2005). A teoria dos

sistemas dinâmicos concebe os constrangimentos como pressões, ou ligações

entre elementos, que influenciam a aquisição de acções e movimentos

coordenados num determinado sentido (Júlio & Araújo, 2005). O

constrangimento é algo que “… limita o espectro, dentro do qual podem surgir

soluções” (Araújo, 2005:27). É importante referir que constranger ou influenciar

não significa que as determinem ou que as causem, a noção de

constrangimento não tem, necessariamente, de carregar um julgamento de

valor, ou seja, um constrangimento não é bom nem mau (Araújo, 2005).

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Decisão táctico-técnica no futebol

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Todavia, quanto melhor o jogador conhece os constrangimentos de jogo mais a

organização desses constrangimentos lhe proporciona soluções (Araújo, 2005).

A informação presente no envolvimento é detectada de acordo com os

constrangimentos que limitam o espaço onde o atleta percepciona e age,

limites esses que condicionam a especificidade da acção a realizar (Passos et

al., 2006).

A tomada de decisão é um processo extremamente dependente das

características e constrangimentos da contextualidade da situação (Garganta,

2005). O contexto orienta as acções, ou seja, o indivíduo age em função das

características do envolvimento. Para Araújo (2005) esta noção é muito

importante porque o Futebol caracteriza-se por criar possibilidade de acção ao

jogador ou à equipa e ao mesmo tempo tentar criar obstáculos aos adversários.

Nesta linha de pensamento, Karl Newell (citado por Araújo 2005) estruturou em

três categorias os constrangimentos que determinam as acções e que

interagem para a produção de um padrão de coordenação: 1) os específicos

dos jogadores, tais como a habilidade individual, o estado de fadiga, as

características psicológicas dominantes ou os estados psicológicos

momentâneos, o peso, a altura, qualidades físicas como a força resistência,

velocidade, etc. 2) os da tarefa, tais como os objectivos a realizar, as condições

de realização, as regras de jogo, a estratégia, a táctica, os instrumentos

específicos de cada modalidade, etc. 3) os do envolvimento, que estão para

além do sistema em análise (o jogo) embora o influenciem, como sejam as

condições atmosféricas, a luz, o ruído, o publico, etc. (Figura 1)

Figura 1. Modelo dos Constrangimentos de Newell

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Decisão táctico-técnica no futebol

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A interacção mútua entre as três categorias de constrangimentos gera campos

de informação, que sustentam a acção e a decisão do atleta fazendo emergir

padrões de coordenação em comportamentos direccionados para um objectivo

(Passos et al., 2006). A abordagem ecológica assenta então, segundo os

mesmos autores, no acoplamento percepção-acção e na interacção dos

constrangimentos do indivíduo-tarefa-envolvimento.

2.3.3 - Decidir com base noutros “olhares”

Ao longo dos tempos, vários autores reflectiram sobre esta complexa temática

que é a decisão. Dessa reflexão, e segundo as várias perspectivas, emergiram

vários factores que condicionam a decisão. Alguns desses factores, influências

são referidos por Castelo (2004) que considera os seguintes aspectos na

tomada de decisão

O contexto situacional – pode ser conhecido ou não, ou seja, a decisão

é regulada e organizada, em função dos hábitos e dos automatismos

adquiridos pelo jogador, ou então, é resolvida através do aspecto

intrínseco e criador do jogador, e dos princípios orientadores do

comportamento táctico;

Clareza do objectivo – pressupõe uma especificação clara de um estado

ou de uma multiplicidade de resultados;

Complexidade – os comportamentos dos jogadores não apresentam

uma sequência fixa dos elementos que o compõem, mas sim uma

adaptação a cada circunstância (quanto maior for o número de opções,

maior é o grau de complexidade e vice-versa);

Importância da situação – em função da importância da situação, no que

se refere aos objectivos que estes poderão concretizar, maior serão os

riscos associados a uma adaptada tomada de decisão;

Tempo para decidir – A manipulação do tempo que o jogador tem para

decidir (aumentando-o ou reduzindo-o), na resolução de uma situação

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Decisão táctico-técnica no futebol

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problema estabelecido é o factor de maior constrangimento para este,

na concretização dos objectivos e critérios de êxito predeterminados.

Sob pressão temporal, a eficiência da tomada de decisão do jogador

pode ser afectada;

Constrangimentos espaciais – Ao diminuir-se o espaço, aumentam as

dificuldades encontradas pelos jogadores na concretização dos

objectivos. Quanto menor for o espaço, menor será o tempo de que os

jogadores dispõem para analisar a situação e executar as acções

táctico-técnicas correspondentes à sua solução.

Já Damásio (1995) ressalta a importância das emoções para a tomada de

decisão e de forma rápida. Privado de emoções, um indivíduo não pode

hierarquizar as suas memórias e tomar decisões coerentes (Denigot, 2004).

Podemos então afirmar que a capacidade de decisão também é condicionada

pelos estímulos emocionais.

No seguimento desta ideia, Damásio (1995) refere que a tomada de decisões

com base nas emoções não é uma excepção é a regra.

Para Maças & Brito (2004) as tarefas de decisão no decorrer do jogo são

dinâmicas, complexas, recheadas de variabilidade, possuem alternativas,

envolvem stress psicológico, podem ser únicas ou repetidas, individuais ou

colectivas, envolvem riscos, são executadas na crise de tempo e pressupõem

sempre a carga dramática da resolução de um ou vários problemas.

Realizar uma acção correcta, no momento exacto, empregando nela a força

necessária, a velocidade ideal, antecipando-se à acção do adversário, do

companheiro, etc., são alguns dos elementos que o jogador deve ter em conta

antes de tomar a sua decisão (Greco, 1989).

Para Castelo (1994) existem um conjunto de variáveis que determinam a

qualidade e a rapidez de decisão técnico-táctica do jogador de futebol:

A velocidade de jogo, que limita o tempo disponível para a tomada de

decisão adequada e apropriada à situação;

A qualidade de observação por parte do jogador, ou seja, a percepção

da informação pertinente acompanhada por uma antecipação mental

continua do jogo;

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Decisão táctico-técnica no futebol

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Os fundamentos reais dos conhecimentos e das experiências dos

jogadores;

A memória, visto que as “memórias” dos problemas teóricos e práticos

foram resolvidos de forma activa;

A solução associativa dos problemas técnico-tácticos como capacidade

de estabelecer uma associação mental entre a situação percebida e a

solução correspondente;

A rapidez do jogador a reconhecer as invariantes de uma situação de

jogo, ou seja, discernir nos numerosos problemas o que à de comum,

com o objectivo de identificar soluções;

Os factores emotivo-psicológicos, tais como a vontade, a motivação, o

nível de inspiração, onde as diferenças individuais no que respeita a

este factor podem exercer sobre a solução mental uma influência por

vezes decisiva.

Também Araújo (1997) identifica alguns factores que influenciam o processo de

decisão tais como, o estado mental do atleta, o seu nível de fadiga, factores

sociais nomeadamente a influência do público, da equipa técnica, familiares,

amigos e comunicação social. Pedro (2005) aponta também a sensação, a

percepção, a memória (a curto e a longo prazo), a atenção-concentração, o

rendimento intelectual, o estilo cognitivo e a resolução de problemas como

aspectos que podem influenciar positiva ou negativamente a decisão táctico-

técnica. O objectivo da tarefa, o número de decisões possíveis, a existência de

uma ordem sequencial das decisões, o tempo disponível para executar a acção

e finalmente o número de elementos necessários para a decisão são aspectos

que para Greco (2008) influenciam a tomada de decisão. Por outro lado, Araújo

& Serpa (1999) acrescentam outros factores, tais como a pressão do tempo, as

preferências pessoais do indivíduo, as expectativas e o risco inerente à prática

da actividade.

Todas as decisões são orientadas segundo normas que visam a resolução

operativa das acções táctico-técnicas dos diferentes contextos situacionais que

o jogo em si encerra.

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Decisão táctico-técnica no futebol

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2.4 – Natureza da decisão

As decisões e as acções são funcionais, uma vez que estão inerentes à

resolução de tarefas, e significativas pois informam, quer os adversários, quer

os colegas com vista ao cumprimento dos objectivos da própria equipa.

Interessantemente as decisões e as acções são também informativas para o

próprio jogador, pois é pela sua acção que ele explora e conhece o seu

contexto (Araújo, 2005).

Araújo (1997) classifica a decisão em três diferentes níveis: (i) decisão

estratégica (rematar em vez de passar) (ii) decisão táctica (jogador decidiu

recuar porque o seu colega avançou) (iii) decisão propriamente dita (o jogador

optou explorar o corredor direito porque se apercebeu que o lateral esquerdo

está com dificuldades físicas). Também Buceta (1998, citado por Costa, 2001)

divide a tomada de decisão em (i) decisões sobre o plano de actuação da

competição (guião de actuação inicial previsto pelo treinador), (ii) decisões

sobre a execução imediata (as mais frequentes, que o jogador toma no

momento de escolher entre um passe para A ou para B) e (iii) decisões sobre a

alteração do plano de actuação inicial.

A decisão ocorre de acordo com estádios bem definidos, sendo que as mais

complexas possam repetir alguns passos ou voltar atrás na sequência de

estádios (Araújo, 1998):

Reconhecimento – o jogador reconhece a necessidade, que uma

decisão deve ser tomada, para alterar o rumo dos acontecimentos que

gravitam à sua volta.

Gerar alternativas – quando um jogador vai decidir há, teoricamente,

inúmeras alternativas a equacionar. Esse número vai ser reduzido às

alternativas mais racionais ou adaptadas, preferidas ou mais atractivas

Procura de informação – discernir e identificar com eficiência os

estímulos, mais pertinentes, no menor tempo possível, é de fundamental

importância para a resolução das situações de jogo.

Acção – uma vez tomada a decisão, esta deverá ser posta em prática

pelo jogador.

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Decisão táctico-técnica no futebol

35

Feedback – depois de se ter executado a decisão, o jogador deve

receber informação de retorno acerca da sua acção. Isto permite

desenvolver o conhecimento, bem como as regras decisionais, ou seja,

aprender, aperfeiçoar ou desenvolver.

Todo o jogador deve decidir pela melhor acção táctico-técnica possível e no

mais curto espaço de tempo (qualquer hesitação permitirá ao adversário

antecipar a decisão) executando rapidamente e com precisão (Correia, 2000).

No Futebol moderno, o jogador, além de decidir correctamente, tem que o fazer

o mais rápido possível. Hoje o Futebol requer um ritmo mais elevado e reclama

dos jogadores um compromisso permanente, devido às exigências crescentes

que os sistemas defensivos, cada vez mais pressionantes, acarretam aos

processos ofensivos, designadamente na velocidade de processamento da

informação e execução (Garganta, 1999).

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Decisão táctico-técnica no futebol

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2.5– O factor tempo e sua importância na decisão: As velocidades do jogo.

“… Associo o futebol à rapidez. O importante é pensar rápido, executar rápido

procurar que a mente seja mais rápida do que as pernas” (Figo, 2001)

No Futebol actual as marcações são cada vez mais apertadas e rigorosas, a

velocidade de jogo é cada vez mais elevada, o tempo para agir cada vez mais

curto, o espaço para jogar é reduzido, pelo que cada vez mais, é premente a

necessidade de realizar a antecipação mental e motora. Importa pois, como

refere Costa (2001) perceber a situação do ponto de vista táctico, as suas

mudanças, antecipar possíveis acções de colegas e adversários, avaliando e

regulando permanentemente a sua intervenção, tudo isto no menor espaço de

tempo possível. O jogo em que o jogador se posicionava para receber a bola,

depois observava, pensava e agia, faz pouco sentido no contexto actual

(Garganta, 2001).

Um jogador que, no momento da recepção da bola que se encontre em óptima

posição para rematar ou penetrar, se demorar demasiado tempo a tomar a

decisão, mesmo que esta seja a correcta, quando a realizar já não será a mais

ajustada ao enquadramento particular em que momentaneamente se encontra

(Vieira, 2003). A decisão deve ser tomada antes ou durante a recepção da bola

(Castelo, 1994). O tempo detém assim um papel essencial na qualidade das

acções de jogo, influenciando a velocidade de realização (Costa, 2001).

A velocidade no Futebol deixa de ser entendida como a capacidade de

executar acções motoras no mais breve espaço de tempo, para passar a ser

uma capacidade de adequação da velocidade à tarefa a realizar (Garganta,

1999). A velocidade no futebol está assim qualitativamente, relacionada com o

ajustamento temporal e espacial das execuções porque se trata de uma

velocidade táctico-técnica (Costa, 2001).

Sendo o Futebol um jogo de decisões esta velocidade táctico-técnica, é então

um elemento fundamental no Futebol de hoje. O jogador moderno não possui

apenas um elevado nível de velocidade fina, mas sobretudo possui uma grande

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Decisão táctico-técnica no futebol

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correspondência entre a velocidade física e mental, isto significa que, os

melhores não jogam apenas mais depressa, jogam sobretudo eficazmente

(Garganta, 2001). A importância da leitura e velocidade de jogo dos atletas

deve ser vista como uma grandeza táctico-técnica, perceptiva e informacional,

podendo designar-se por velocidade de realização (Mangas, 1999). Esta

velocidade de realização (execução) é crucial para se ter êxito nas acções

ofensivas (Ponte, 2005), principalmente neste Futebol onde o rigor defensivo

se sobrepõe ao Futebol de ataque.

2.6 - O Processo ofensivo no jogo de futebol

O jogo de Futebol evidencia dois processos perfeitamente distintos, que

reflectem clara e fundamentalmente diferentes conceitos, objectivos, princípios,

atitudes e comportamentos táctico-técnicos, sendo determinados pela condição

“posse ou não da bola” (processo ofensivo e processo defensivo

respectivamente).

Castelo (1996) refere que o processo ofensivo representa uma das duas fases

fundamentais do jogo de Futebol, sendo objectivamente determinado, pela

equipa que se encontra de posse de bola, com vista à obtenção do golo, sem

cometer infracções às leis de jogo. A mesma opinião partilha Silva (1998),

quando afirma que uma equipa está em processo ofensivo, quando se encontra

em posse de bola e tem como objectivo a manutenção da mesma e/ou a sua

aproximação à baliza adversária com o objectivo de obter um golo, sem

cometer infracções às leis de jogo. As acções ofensivas, para Ramos (1999)

começam com a recuperação da posse de bola e terminam com a marcação de

um golo, um remate falhado ou com a perda da posse da bola. Pode-se então

afirmar, que a obtenção do golo é objectivo fundamental de todo o processo

ofensivo, e como refere Teodorescu (1984), a obtenção do mesmo deverá

orientar todo o processo atacante.

O processo ofensivo é constituído por três fases (Castelo, 1994; Garganta &

Pinto, 1994): - Construção da acção ofensiva: circulações, combinações e

acções tácticas individuais e colectivas visando a progressão da bola para

zonas propícias à finalização.

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Decisão táctico-técnica no futebol

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- Criação de situações de finalização: procura, fundamentalmente assegurar

nas zonas predominantes de finalização, a desorganização do método

defensivo adversário, criando condições através de acções técnico-tácticas

individuais e colectivas, para a concretização imediata do objectivo do jogo.

- Finalização: corresponde à tentativa de concretizar o objectivo fundamental

do jogo, o golo.

Após a recuperação da posse de bola a equipa tem duas possibilidades, em

função dos objectivos momentâneos do jogo, partir rápido em direcção à baliza

adversária com o intuito de concretizar (golo), ou manter a posse de bola. Esta

manutenção da posse de bola em determinados momentos é um aspecto

positivo, pois como refere Teodorescu (1984) respeitar esse objectivo (posse

de bola) significa evitar o risco irracional presente em alguns jogadores, através

do qual se perde o esforço colectivo de uma forma extemporânea. Deste modo

a resolução táctica momentânea deve ser inferida em função do binómio

risco/segurança, ou seja, “…o jogador em posse de bola deve percepcionar e

avaliar correctamente as vantagens e desvantagens, para os objectivos

tácticos da sua equipa, da opção e execução deste ou daquele

comportamento” (Castelo, 1996:130).

Só o processo ofensivo contém em si uma acção positiva ou, por outras

palavras, um fim positivo, pois só com a posse da bola, o jogo pode ter uma

conclusão lógica – o golo. No âmbito deste processo Castelo (2004) evidenciou

algumas atitudes e comportamentos táctico-técnicos de base que os jogadores

devem tomar:

Procurar obstinadamente o golo. Os jogadores deverão tentar

objectivar o golo, o maior número de vezes possível.

Mudar rapidamente de uma atitude defensiva para uma atitude

ofensiva.

Compreender a sua co-responsabilidade na manutenção da posse de

bola ou na concretização do objectivo do ataque – o golo. O jogador

deverá (i) apoiar sempre o colega de posse de bola, ou (ii) penetrar

(com ou sem posse de bola) sempre que as circunstâncias o permitam.

Assegurar a ocupação racional do espaço.

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Decisão táctico-técnica no futebol

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Procurar executar constantemente acções de cobertura/apoio. Desta

forma tornar a tarefa do companheiro em posse de bola menos

complexa.

Utilizar todo o espaço de jogo. Execução de deslocamentos em largura

e profundidade, com o intuito de criar e explorar permanentemente os

espaços livres nas zonas vitais do terreno.

Conhecer perfeita e correctamente os princípios gerais e específicos

do ataque. O estabelecimento de uma linguagem comum dentro da

equipa, induz uma maior e melhor cooperação nas acções individuais

e colectivas.

Dominar a execução dos esquemas tácticos. Todos os jogadores

devem conhecer e estar preparados para em qualquer momento do

jogo, participar de forma efectiva no planeamento e execução das

situações fixas do jogo.

Deter a posse de bola é condição sine qua non para a concretização dos

objectivos do ataque e fundamentalmente do jogo de Futebol. Sem bola não

há golo, e o golo é raro, pois somente 1% das acções ofensivas resultam em

golo (Dufour, 1983; Sledziewski, 1986; Claudino, 1993). E quando se fala em

golo, em Futebol, fala-se em pontas-de-lança.

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Decisão táctico-técnica no futebol

40

2.6.1 - O Ponta-de-lança e a sua função no jogo

“ Há mil maneiras de fazer uma equipa, mas nenhuma de fazer um goleador”

(Valdano, 1997)

A organização estrutural de uma equipa de Futebol obedece à necessidade de

se distribuir tarefas e missões tácticas de carácter geral e específico, aos

diferentes jogadores que a constituem.

O Futebol moderno exige do jogador capacidades que permitam defender e

atacar quase em simultâneo (Castelo, 2004). O jogador que só ataca ou só

defenda tem tendência a desaparecer, a especialização está a dar lugar à

universalidade de funções. O Futebol exige cada vez mais, que o jogador seja

capaz de cumprir todas as funções, para além do espaço que habitualmente

ocupa no terreno de jogo (Garganta, 1997), o importante, como refere Castelo

(1994), é ter ou não ter a bola, ou seja, todos os jogadores são atacantes

(quando a equipa tem a posse de bola) e todos são defesas (quando a equipa

não tem bola). Mas também, todos estamos de acordo, que é humanamente

impossível, acometer aos mesmos jogadores todas as actividades operacionais

inerentes à equipa. Logo, existem posições/jogadores que requerem uma maior

especialização táctico-técnica, a qual, deriva das tarefas ou missões tácticas

que cada jogador deve corresponder e, exprimir de forma eficaz aquando da

resolução das diferentes situações de jogo (Castelo, 2004). Não se pode exigir

que todos os jogadores tenham o mesmo comportamento em todas as

situações. Por vezes, o jogo “pede” que o defesa, o centro campista, o atacante

seja especialista (Lealli, 2000, citado por Esteves, 2003).

Dentro deste contexto pode-se afirmar que o ponta-de-lança é um jogador

especialista. Bonizzoni e Lealli (citados por Esteves, 2003: 45) afirmaram que

“… os pontas-de-lança devem ser os especialistas por excelência dos golos, os

intérpretes principais da emoção mais genuína e exaltada do Futebol”. Oliveira

(2000) vai mais longe, pois fala do ponta-de-lança como sendo uma profissão

que tem como função marcar golos, para ele o Futebol tem nove posições e

duas profissões, fazendo alusão ao guarda-redes e ao ponta-de-lança, devido

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Decisão táctico-técnica no futebol

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à especificidade de funções dos mesmos; um evita, o outro tem como missão

marcar golos. No Futebol, ponta-de-lança é sinónimo de golos, “…um ponta-

de-lança vive de golos. A vida de um ponta-de-lança é tentar estar no lugar

certo e marcar” (Adriano, 2007:9).

Depois de todas estas opiniões pode-se afirmar que a função do ponta-de-

lança é, essencialmente, marcar golos.

Para Esteves (2003) os pontas-de-lança são dos maiores responsáveis pelo

sucesso ou insucesso das equipas de futebol devido a serem os principais

concretizadores de golos das mesmas. Quem é então este jogador que

desempenha um papel primordial no jogo e que tem como função concretizar o

objectivo do mesmo – o golo

2.6.2 - Perfil táctico-técnico do ponta-de-lança no processo ofensivo

O ponta-de-lança é o jogador, segundo a literatura especializada e em termos

posicionais, que actua na zona central mais perto da baliza contrária, faz parte

do sector atacante da equipa, sendo o ponto de referência a toda organização

de ataque (Esteves, 2003). A sua designação é diferente de país para país. Em

Espanha é referenciado como punta ou delantero centro, em Itália como punta,

em França como joueurs de pointe ou avant-centraux, em Inglaterra são

denominados como strikers.

Marella & Baconni (1995), Esteves (2003) e (Guimarães, 2007) referem-se aos

pontas-de-lança como sendo os atacantes de área, homens de área,

designação com a qual concordamos, pois na zona atacante da equipa actuam

outros jogadores que não são pontas-de-lança, nomeadamente os jogadores

que actuam nas zonas laterais deste sector. Estes jogadores são denominados

como extremos ou avançados direitos ou esquerdos, opinião também

partilhada por Castelo (1994), Marella & Baconni (1995), Sousa (2000) e

Esteves (2003). Assim os pontas-de-lança, ou atacantes de área são os

avançados que jogam nas proximidades da área contrária, mais perto da baliza

adversária dando assim profundidade ao processo ofensivo da sua equipa. São

elementos de referência na área adversária (Andrade, 2000) e são o vértice

(ponto de referência) fundamental no processo ofensivo (Santos, 2000). Os

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Decisão táctico-técnica no futebol

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pontas-de-lança serão então, os jogadores mais bem posicionados para chegar

ao golo, ”…como jogo na frente olham para mim na perspectiva de fazer os

golos da equipa…”(Nei, 2007:19), pois em termos posicionais são os jogadores

que actuam na zona onde se produzem mais golos (zona ofensiva central,

sector ofensivo, corredor central) como comprovam os estudos realizados por

Araújo (1991), Baconni (1999), Cabezón & Fernandez (1996) e Sledziewski

(1986) que demonstram que grande percentagem das acções ofensivas que

culminam em golo ocorrem dentro da área. Facto comprovado por Tadeia

(2007) que concluiu que 80% dos golos da I liga Portuguesa de 2006/2007

foram marcados dentro da área. Por outro lado, os pontas-de-lança são os

jogadores que rematam mais à baliza (Bezerra 1996; American Sport

Education Program, 2000). O ponta-de-lança, em média, “ …intervém

directamente sobre a bola cerca de 44 vezes durante a partida, o que

corresponde a 9% das situações momentâneas de jogo observadas, participa

em 60% das acções ofensivas da sua equipa, ou seja, em cada 33 segundos

de tempo útil de jogo, com um tempo total individual de posse de bola que não

ultrapassa os 50 segundos.” (Castelo, 2004:102) O ponta-de-lança evidencia,

também, um índice de eficácia de 27,7% o que corresponde uma média de 1,5

golos por jogo (Sousa, 2000). A sua finalização com o pé é a que tem mais

êxito (Bezerra, 1996; Castelo, 1994; Sousa, 2000). Um aspecto importante do

comportamento técnico-táctico do ponta-de-lança é que em 83,2% das acções

que resultaram em golo, ele apenas utilizou um toque, e essas acções eram

realizadas predominantemente em igualdade ou inferioridade numérica (Sousa,

2000), ou seja, o ponta-de-lança não tira partido de alguma vantagem

numérica, mas consegue obter uma vantagem posicional para finalizar. Isto

requer que o ponta-de-lança tenha uma “leitura” de jogo que lhe permita

superar a igualdade ou inferioridade numérica. Castelo (2004) enumera alguns

aspectos importantes nas acções dos pontas-de-lança no processo ofensivo;

Dão profundidade ao processo ofensivo da equipa, uma vez que são os

jogadores que se posicionam mais perto da baliza adversária

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Decisão táctico-técnica no futebol

43

Atraem os defesas centrais para falsas posições, com o objectivo de

facilitar a penetração dos seus colegas explorando o espaço deixado pelos

defesas.

Dominam a acção táctico-técnica do remate, em qualquer situação ou

posição (pé e cabeça) sendo espontâneos, criativos assumindo a finalização

da sua equipa.

Criam constantemente condições de mobilidade.

Participam nas acções de circulação da bola nas zonas intermédias,

quando a pressão defensiva é elevada em termos de marcação.

Constituem-se como “alvos” constantes, relativamente às acções dos

seus colegas dominando e assegurando a posse de bola sob pressão do

adversário.

Buscam vantagens, dentro e fora da grande área, de contactos físicos

permanentes ou circunstanciais com os defesas adversários, procurando

dessa forma livres ou grandes penalidades.

2.6.3 - Características do ponta-de-lança

Uma das principais características do ponta-de-lança é a sua capacidade de

finalização, ou seja, o ponta-de-lança devido à sua posição/função em termos

ofensivos deve possuir qualidades conclusivas de forma a finalizar as jogadas

ofensivas iniciadas pelos companheiros de equipa. Francisco (2007:36),

referindo-se a McCarthy e Postiga, afirmou que os pontas-de-lança são

“…finalizadores natos, verdadeiros matadores”. Para tal, o ponta-de-lança tem

que dominar a “…acção técnico-táctica do remate, em qualquer situação ou

posição (pé, cabeça) sendo criativos” (Castelo, 1994:167). Esta ideia é

partilhada por diversos autores como Mercier (1973), Kunze (1987), Van Gaal

(1999), Catania (2000), etc., todos citados por Esteves (2003). Garganta

(1997:58), referindo-se a um estudo de Starosta, sublinhou a importância do

ponta-de-lança ser ambidestro ao afirmar que “…os rematadores mais bem

sucedidos (com maior número de golos) revelam simetria lateral no remate, isto

é, utilizaram quer o pé esquerdo quer o pé direito nas acções de finalização”.

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Decisão táctico-técnica no futebol

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Bonizzoni & Lealli (1995), Marella &Bacconi (1995) Catania (2000), todos

citados por Esteves (2003) citam o jogo aéreo como uma das qualidades

importantes para o ponta-de-lança, de forma a aumentar a sua perigosidade

ofensiva. “…os gigantes de área são a solução ofensiva da moda” (Romo,

2007:40). Os pontas-de-lança “gigantes” do Futebol mundial colocam muitos

problemas às defesas adversárias. O seu físico, juntamente com uma boa

utilização da técnica e de movimentos tácticos, conseguem com que este tipo

de futebolistas tenha uma grande relevância hoje em dia e sejam peças

fundamentais em determinadas fases do jogo. Os avançados de grande

envergadura garantem às suas equipas uma solução ofensiva directa e muito

eficaz com as bolas altas à sua procura (Romo, 2007). Outra característica que

poderá elevar as probidades de sucesso do ponta-de-lança é a sua capacidade

no um contra um (1x1) (Garganta, 1999).

No processo ofensivo uma das funções, ou característica, essencial do ponta-

de-lança é a sua mobilidade de forma a criar espaços, isto é, procura deslocar

os defesas centrais das suas posições habituais, abrindo brechas na estrutura

defensiva contrária para permitir a penetração dos colegas em zonas vitais do

terreno de jogo, as zonas de finalização (Castelo, 1994). Como refere Valdano

(1997) o ponta-de-lança é um jogador condenado à solidão e à falta de espaço,

ele deve “fabricar” esse mesmo espaço, quer para os companheiros, quer para

si mesmo. Para nós o ponta-de-lança deverá possuir características

técnico/tácticas apuradas (tecnicamente evoluído, bom 1x1, bom finalizador,

etc.), deverá ser em termos fisiológicos forte e resistente e em termos

psicológicos e volitivos deve ser um atleta com forte personalidade, com

espírito lutador, persistente na procura do golo e principalmente deve ter o

“instinto”, o “cheiro”, o”faro” de golo. Esteves (2003) apresentou um quadro

resumo das características que os pontas-de-lança deveriam possuir de acordo

com a respectiva revisão bibliográfica:

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Decisão táctico-técnica no futebol

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Quadro 2: Características dos pontas-de-lança segundo vários autores, citados por Esteves (2003)

QUALIDADES AUTOR

Altura/grande capacidade física/

Possante

Mercier (1973); Marella & Bacconi (1995); Viscidi (1998);

Van Gaal (1999, cit. por Canuts & Voltas, 1999); Catania

(2000).

Rápido/ Veloz Mercier (1973); Van Himst(1975); Marella & Bacconi

(1995); Viscidi(1998); Catania(2000).

Resistente Marella & Bacconi (1995).

Tecnicamente evoluído Marella & Bacconi (1995) ; Van Gaal (1999, cit por Canuts

& Voltas, 1999).

Bons rematadores/ Bons

Finalizadores

Mercier (1973); Kunze (1987); Olivares (1978); Castelo

(1994); Sandreani (1997); Gustinetti (1999); Catania

(2000); Van Gaal (1999).

Ambidestro Starosta (1988, cit. por Garganta,1997:58).

Bom no drible/ bom no1x1 Olivares (1978): Valdano (1987); Viscidi (1998); Garganta

(1999); Catania (2000).

Bom controlo de bola/ boa

Recepção

Viscidi (1998); Catania (2000).

Boa cobertura da bola/ segurar o

jogo

Sandreani (1997); Viscidi (1998); Gustinetti (1999); Catania

(2000).

Bom tabelador Viscidi (1998); Catania (2000).

Bom jogo de cabeça/forte no jogo

aéreo

Van Himst (1975); Teodoresco (1984); Castelo (1994);

Bonizzoni & Leali (1995); Marella & Bacconi (1995);

Sandreani (1997); Gustinetti (1999); Tadeia (1999); Van

Gaal (1999, cit. por Canuts & Voltas, 1999); Catania (2000)

Intervêm preferencialmente no

corredor central, posicionam-se

perto da área adversária sendo

elementos de referência na

mesma e, por isso, jogadores

com probabilidades de chegar ao

golo

Sleziewski (1986); Araújo (1991); Castelo (1994); Marella & Bacconi (1995); Cabezón & Fernandez (1996); Zaccareli (1996); Garganta (1997); Bacconi (1999); Sousa (2000).

Mobilidade/ sentido de posição/

sentido de desmarcação

Mercier (1973); Bietry (1977); Marella & Bacconi (1995);

Sandreani (1997); Gustinetti (1999); Van Gaal (1999, cit.

por Canuts & Voltas, 1999); Catania (2000).

Rapidez de execução Marella & Bacconi (1995).

Criação de espaços para si e

para companheiros

Mercier (1973); Cunha (1986); Castelo (1994); Sandreani

(1997); Gustinetti (1999).

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Decisão táctico-técnica no futebol

46

Com outro PL a seu lado jogam

em função um do outro

Mercier (1973); Kunze (1987); Sandreani (1997); Gustinetti

(1999); Catania (2000).

Intuição/instinto pelo golo Van Himst (1975); Valdano (1997) ; Viscidi (1998); Tadeia

(2000).

Forte personalidade Garel (1969)

“Lutador” Garel (1969)

Quando se fala em pontas-de-lança, não interessa muito se ele é alto, baixo,

rápido ou lento o que conta mesmo são os golos que ele marca ou deixa de

marcar, porque o ponta-de-lança vive de golos (Mendes, 2007).

2.6.4 - O ponta-de-lança e o golo

A competência no Futebol varia consoante os resultados. As virtudes e os

defeitos, a dicotomia nos estados de alma são directamente proporcionais ao

rendimento objectivo. E se no caso do colectivo a análise do rendimento é

simplificada pelos três resultados possíveis (vitória, empate e derrota), já no

plano individual e sobretudo na posição de ponta-de-lança, esse rendimento é

simplesmente o golo. Eles têm uma função coincidente nas equipas, marcar

golos (Oliveira, 2000; Francisco, 2007; Raposo, 2007; Adriano, 2007). Em

todas as análises há, como é evidente, um elemento puro e duro, o dos golos

que se fazem ou não fazem e, se ele não marca “…depressa é esquecido, e de

idolatrado, o goleador, porque não marca, entra na fase do pesadelo” (Alves,

2007:13), sente-se abalado, desanimado (Santos, 2007a). Estar sem marcar é

a angústia de um ponta-de-lança, mina a sua confiança e a baliza vai mingando

à medida que os jogos passam e o golo não aparece (Cartaxana, 2007). Sair

da fase sem golos, para o ponta-de-lança, é porventura, um dos maiores

desafios dos que têm por obrigação marcar e colocar o povo ao seu lado e não

contra si (Alves, 2007).

O golo e o ponta-de-lança são indissociáveis, o golo é a impressão digital do

ponta-de-lança, como se pode constatar a seguir.

“…Liedson, Nuno Gomes e Hélder Postiga, (pontas-de-lança), têm uma

função: marcar golos” (Santos, 2007:48), Postiga, Hugo Almeida, Domingos ou

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Decisão táctico-técnica no futebol

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Fernando Gomes, todos pontas-de-lança, são homens golo (Castro, 2006:20),

também Liedson (2007) ponta-de-lança afirma que “o golo é um vício”;

“…Miccoli (ponta-de-lança) é o homem-golo” (Guimarães, 2007:11), “… O

ponta-de-lança Adriano não se esqueceu dos golos” (Sousa, 2007:17), “…Zé

do golo” (Vara, 2007), referindo-se ao ponta-de-lança Zé Carlos; “…Nuno

Gomes, o homem golo…” (Feitorona, 2007:19), “…Ayew é a solução para fazer

golos. Veio para fazer golos” (Ferreira, 2007:30).

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3 - METODOLOGIA

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Decisão táctico-técnica no futebol

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O presente trabalho visa avaliar a decisão táctico-técnica no Futebol através do

conhecimento declarativo de jogo. Trata-se de um estudo comparativo da

capacidade de decisão (adequação da resposta e tempo de decisão) em

acções ofensivas, de pontas-de-lança seniores de três diferentes níveis

competitivos, com diferentes anos de prática (experiência) e com diferente

número de golos marcados. Pretende-se com este estudo verificar, através da

comparação da adequação da resposta (conhecimento de jogo evidenciado) e

do tempo de decisão, se existem diferenças entre os pontas-de-lança que

actuam em níveis competitivos superiores (mais aptos) e os que actuam em

níveis competitivos inferiores (menos aptos), entre os mais experientes (mais

anos de prática) e os menos experientes e comparar a adequação da

decisão/conhecimento de jogo dos pontas-de-lança do mesmo nível

competitivo atendendo aos golos marcados pelos mesmos nos últimos cinco

anos.

É nossa intenção contribuir para a compreensão da importância que os

processos relacionados com o conhecimento do jogo têm na decisão dos

pontas-de-lança.

3.1 - Objectivo geral

Avaliar a decisão táctico-técnica em acções ofensivas, do ponta-de-lança.

3.1.1 - Objectivos específicos

- Avaliar a relação entre o tempo de decisão e a adequação da resposta

- Comparar a relação adequação da resposta (conhecimento declarativo)

/tempo de decisão atendendo aos níveis competitivos e anos de prática dos

pontas-de-lança

- Comparar a adequação da resposta entre pontas-de-lança do mesmo nível

competitivo atendendo ao número de golos marcados.

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Decisão táctico-técnica no futebol

51

3.2 - Hipóteses

- Os pontas-de-lança com menor tempo de decisão apresentam uma menor

adequação da resposta.

- Os pontas-de-lança que jogam em níveis competitivos superiores apresentam

uma melhor adequação da resposta táctica (um maior conhecimento

declarativo) e um menor tempo de decisão do que os demais.

- Os pontas-de-lança com mais anos de prática apresentam melhor adequação

da resposta (conhecimento) e são mais rápidos a decidir

- Os pontas-de-lança que apresentam uma melhor adequação da resposta

apresentam também maior número de golos (pontas-de-lança do mesmo nível

competitivo).

3.3 - Amostra

A amostra do presente trabalho é constituída por 40 pontas-de-lança seniores

de diferentes níveis competitivos e de diferentes anos de prática.

3.3.1 - Constituição da amostra

A subdivisão da amostra assenta em três níveis competitivos diferentes.

P1- nível competitivo superior constituído por 14 atletas profissionais (pontas-

de-lança) que actuam na 1ª Liga Profissional Portuguesa de Futebol.

P2- nível competitivo intermédio constituído por 13 atletas profissionais

(pontas-de-lança) que actuam na 2ª Liga Profissional Portuguesa de Futebol

NP- nível competitivo inferior constituído por 13 atletas (pontas-de-lança) que

actuam em campeonatos não profissionais 2ªB (duas equipas) e III Divisão

(duas equipas)

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Decisão táctico-técnica no futebol

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Figura 2: Representação gráfica da constituição da amostra (P1- pontas-de-lança 1ªLiga; P2- pontas-de-lança

2ªLiga; NP- pontas-de-lança 2ª e 3ª Divisão).

Nos três níveis competitivos procuramos atletas com diferentes idades, com

diferentes anos de prática e que actuassem em equipas com diferentes

objectivos (para serem campeões ou para a manutenção), com o intuito de

diversificar a amostra.

Os 14 atletas de P1 pertencem às seguintes equipas: Porto; Leixões; Paços de

Ferreira e Rio Ave.

Figura 3: Representação gráfica das equipas de P1

Os 13 atletas de P2 pertencem às seguintes equipas: Aves; Varzim; Feirense e

Vizela

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Decisão táctico-técnica no futebol

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Figura 4: Representação gráfica das equipas P2

Os 13 atletas de NP pertencem às seguintes equipas: Fafe; Ribeirão;

Moreirense; Joane

Figura 5: Representação gráfica das equipas de NP

3.4 - Procedimentos metodológicos

Os atletas foram antecipadamente contactados, nesse contacto foi marcado

uma reunião com o objectivo da realização do protocolo e consequente recolha

de dados.

3.4.1- Protocolo de avaliação

Para alcançar os objectivos a que nos propusemos foi aplicado o protocolo

para situações táctico-técnicas ofensivas de Futebol validado por Mangas

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Decisão táctico-técnica no futebol

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(1999) e aperfeiçoado por Correia (2000). Neste protocolo foram estudadas

duas categorias: 1- exactidão das respostas, 2- tempo de decisão. A

observação das categorias foi realizada através da visualização das

acções/situações num computador (método indirecto do sistema tecnológico).

A razão que nos levou a decidir por este tipo de observação e análise deve-se

ao facto destes simuladores permitirem situações muito próximas da realidade.

No sentido de se poder considerar todos os diferentes níveis de qualidade,

atribui-mos uma classificação às respostas dadas pelos atletas. Desta forma,

são atribuídos ao atleta, em cada situação 4,3,2,1 pontos, caso ele responda à

melhor solução, à solução imediatamente a seguir e assim sucessivamente.

Assim, o atleta obtém uma melhor pontuação quanto melhor for a sua resposta.

No final, procede-se ao somatório das pontuações obtidas em cada situação, e

quanto maior for a pontuação, melhor será a qualidade da tomada de decisão.

3.4.1.1 - Indicador de medida para a adequação da resposta

Com este indicador pretendemos avaliar a adequação de resposta dos atletas.

No exacto momento em que carregavam no botão do “rato”, os atletas tinham

que referir a solução que consideravam a mais correcta. Esta metodologia

insere-se numa linha de observação do conhecimento do jogo (Mangas 1999,

Correia 2000 e Miragaia 2001). Solução mais adequada equivale a 4 pontos; a

segunda mais adequada equivale a 3 pontos; a terceira mais adequada

equivale a 2 pontos e a menos adequada equivale a 1 ponto.

3.4.1.2 - Indicador de medida de tempo de decisão

Com este indicador pretendemos avaliar o tempo de resposta dos atletas. O

tempo, medido em segundos, começava ser cronometrado automaticamente a

partir do momento em que as quatro soluções possíveis apareciam no ecrã e o

cronómetro parava no preciso momento em que o atleta accionava o botão do

“rato” (na altura em que dava a resposta para a situação problema, de acordo

com Correia 2000 e Miragaia 2001).

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Decisão táctico-técnica no futebol

55

3.4.2 - Organização do protocolo

A explicação das regras aos jogadores, bem como a aplicação do protocolo, foi

realizado individualmente. Após o preenchimento dos dados pessoais descritos

na ficha individual foi dado a conhecer a cada atleta o protocolo:

O protocolo é constituído por 13 situações de acções ofensivas de jogos

de Futebol, que são passadas uma a uma e com duração de 8 a 10

segundos.

As duas primeiras situações seriam unicamente para a adaptação ao

processo avaliativo a que iria ser sujeito.

No final de cada uma das situações aparecem quatro soluções

fotográficas com diferentes possibilidades de resolver a situação de jogo em

causa (numeradas de 1 a 4).

O sujeito deverá seleccionar aquela que considera ser a mais adequada

para cada situação/problema, devendo para isso premir o botão do “rato” no

exacto momento que referir o número da fotografia que corresponde à sua

escolha

(Foi comunicado a todos os atletas que deveriam escolher a situação mais

correcta para eles e no mais curto espaço de tempo).

Depois de dado a conhecer o protocolo foram apresentadas as duas

situações/problema não validadas, para que o sujeito se familiarizar-se com o

processo avaliativo em questão. Durante esta apresentação foram dissipadas

todas as dúvidas ainda existentes. Partiu-se agora para a aplicação do

protocolo. Procedimento preconizado anteriormente por Correia (2000) e

Miragaia (2001).

3.4.2.1- Exposição das imagens

As situações variam entre 8 a 12 segundos, terminando no momento em que o

portador da bola ia executar uma determinada acção táctico-técnica. A imagem

pára 2s; após um toque no “rato”, surgiam as 4 fotografias correspondendo às

soluções possíveis e nesse preciso momento o cronómetro era

automaticamente accionado. No momento em que o atleta escolhia a resposta

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para a situação/problema carregava novamente no botão e o cronómetro

parava, surgia então, no ecrã, um quadro com o tempo gasto pelo atleta na

escolha da solução (o tempo foi registado em segundos, décimas e

centésimas).

3.4.2.2- Intervalo entre cada situação

Após o registo da situação anterior estar concluído passava-se à situação

seguinte, de modo que, o tempo de intervalo variava de situação para situação.

3.4.2.3- Registo da resposta

No exacto momento em que os atletas carregavam no botão do “rato”

mencionavam a solução por eles escolhida, ou seja, o número da fotografia,

1,2,3 ou 4. A resposta e o tempo gasto na mesma eram transcritos para uma

folha individual, previamente preparada para o efeito, como se pode ver em

anexo.

3.4.2.4 – Aparelhos e programas utilizados

Para a aplicação deste protocolo foram utilizados os seguintes aparelhos:

- Computador portátil

- Programa Microsoft, Power point, vídeo média player classic,

- SPSS versão 17 para Windows

- Microsoft Word

3.4.3 - Procedimentos estatísticos

Foi utilizado para o presente estudo o programa estatístico SPSS 17.0.

Recorreu-se ao t-teste e à Anova unidimensional para comparar as diferenças

de médias relativas aos resultados gerais dos três grupos, corrigidos com o

teste Bonferroni. Para analisar a associação entre a adequação da resposta

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(AR) e o tempo de resposta (TR) com o nível competitivo, anos de prática e o

número de golos marcados, foi aplicada o teste de correlação Pearson.

O nível de significância estabelecido em 5%.

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4 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

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Decisão táctico-técnica no futebol

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4.1 - Relação adequação da resposta com o tempo de resposta

No que respeita à comparação da média dos resultados da adequação das

respostas (AR) e do tempo de resposta (decisão) (TR). De referir que quanto

mais elevada for a pontuação da adequação das respostas (AR) mais

adequada é a resposta do atleta, maior é também o conhecimento declarativo

evidenciado (essa pontuação vai do 4- resposta mais adequada ao 1- resposta

menos adequada) e também quanto menor for o tempo de decisão (TR)

significa que mais rápido o atleta decide.

Quadro 3: Comparação da adequação das respostas e do tempo de resposta da amostra

AR TR

Total Média N Desvio-padrão Mínimo

Máximo

2,67 40 0,24 2,18

3,18

3,05 40

0,91 1,64 5,25

Legenda: AR- adequação das respostas; TR- tempo de resposta; N- número de atletas

Deste quadro apresentado pode-se concluir que a nossa amostra é mais

homogénea em relação à variável da adequação da resposta, ou seja, não há

grandes diferenças entre a qualidade das respostas por parte do grupo na

totalidade, do que em relação ao tempo de decisão. Nesta variável (velocidade

de decisão) o grupo é mais heterogéneo (o desvio padrão é maior ±0,91).

Verificamos também que, em média, o grupo tem uma qualidade de decisão

média-alta (2,67±0,24) (a qualidade da resposta vai do 4 ao 1. 4 representa

máxima qualidade). Enquanto em média os atletas demoraram (3,05s±0,91) a

decidir, o que não é uma marca muito relevante comparativamente à média da

amostra do grupo de estudo de Miragaia (2001), que era composto também por

atletas seniores, que competiam nos mesmos níveis competitivos deste estudo

e que foi sujeito ao mesmo protocolo, era de (2,5s). Observemos agora os

quadros relativos à média e ao desvio padrão das categorias da adequação da

resposta (AR) e da velocidade de decisão (TR) relativas a cada uma das

situações apresentadas (R1; R2;R3, …R11)

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Quadro 4: Média e desvio-padrão (dp.) da adequação das respostas (AR)

Cat. (AR) Média dp.

R1 1,88 0,7 R2 3,45 0,8 R3 3,00 0,0 R4 2,13 0,7 R5 2,98 0,7 R6 2,78 0,6 R7 3,20 1,3 R8 2,00 0,4 R9 2,25 0,8 R10 2,68 0,8 R11 3,08 1,0

Legenda: AR- adequação da resposta; R1- situação1; R2- situação2, … R11- situação11

O quadro seguinte apresenta, então, o tempo médio de resposta a cada

situação/problema e respectivo desvio padrão.

Quadro 5:Média e desvio-padrão (dp.) da velocidade de decisão (TR)

Cat. (TR) Média dp.

R1 3,71 1,6 R2 2,95 1,4 R3 2,43 1,4 R4 3,85 1,6 R5 3,25 1,3 R6 3,00 0,8 R7 2,62 1,3 R8 2,39 1,0 R9 3,72 1,7 R10 2,61 1,1 R11 3,00 1,7

Legenda: TR- tempo de resposta; R1- situação1; R2- situação2, … R11- situação11

Da análise destes quadros (4 e 5) verifica-se que: a resposta dada à situação

número 3 (R3), foi a mesma, por todos os atletas da amostra e essa resposta

corresponde à segunda melhor solução, de salientar também a

homogeneidade que a situação R8 (2,39s±0,4) obteve por parte da amostra, na

categoria da adequação da resposta. A situação R2 foi aquela que apresentou,

em média, maior nível de qualidade de resposta por parte dos atletas (3,45),

mas curiosamente foi na situação R7 que mais atletas escolheram a melhor

solução (28 atletas) (dados em anexo). Esta situação (R7) foi também aquela

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em que os atletas responderam de forma mais variada (desvio padrão mais alto

3,20 ±1,3). Pelo contrário, a resposta à situação 1 (R1), foi aquela que

apresentou, em média, menor qualidade de decisão por parte dos pontas-de-

lança da nossa amostra (1,88±0,7) e foi também nessa situação (R1) que mais

atletas escolheram a solução menos adequada (10 atletas) (dados em anexo).

Os pontas-de-lança da nossa amostra responderam, em média, mais rápido à

situação R8 e o ponta-de-lança que mais rápido respondeu (0,22s) foi na

situação R3 (dados em anexo). Nesta categoria (TR) a nossa amostra

constituiu um grupo muito heterogéneo em cada situação observada, pois

verifica-se um desvio padrão alto em todas as situações.

Analisamos que tipo de associação existia entre os resultados da adequação

da resposta (AR) com a velocidade de decisão (TR) e verificamos o seguinte:

Quadro 6: Correlação entre a adequação da resposta (AR) e o tempo da resposta (TR)

* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05

Legenda: AR- adequação da resposta; TR- tempo de resposta

A correlação entre estes dois factores (adequação da resposta/velocidade de

decisão) é negativa (r=-0,310) o que significa que os pontas de lança que

responderam mais adequadamente também foram aqueles que o fizeram mais

rápido, ou seja, além de responderem melhor decidem mais rápido. As

diferenças são estatisticamente significativas pois o nível de significância é de

0,05 que é o valor mínimo de significância. Pode-se então concluir que o tempo

de resposta tem influência na adequação da mesma. Estes dados vêm de

encontro aos dados de Helsen & Pauwels (1987) que verificou no seu estudo

Adequação da

resposta (AR)

Tempo de

resposta (TR)

AR

Pearson Correlação 1 -0.31

Significância (Sig.) 0.05

Número de atletas 40 40

TR

Pearson Correlação -0.31 1

Significância (Sig.) 0.05

Número de atletas 40 40

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com jogadores de Futebol, que aqueles que decidiam mais rápido também

eram os que decidiam com maior qualidade e no momento mais propício.

Miragaia (2001) efectuou um estudo com jogadores de Futebol, do mesmo

nível competitivo do nosso estudo, e os resultados corroboram os nossos,

também Mangas (1999), Correia (2000), Costa (2001) e Ponte (2005),

constataram que os jogadores mais rápidos a decidir foram os que melhores

resultados apresentaram ao nível da adequação da resposta. Curiosamente

estudos realizados por Pachella (1972), Fitts (1986), Pew (1969), Jensen

(1985), Proteau & Girouard (1987 todos citados por Correia, 2000) consideram

que quanto mais rápido se responde às situações criadas no jogo, maior é a

tendência para cometer erros. Castelo (1994) e Tavares (1993) seguem esta

linha de orientação quando referem, que a rapidez e a adequação da resposta

são duas qualidades que se interagem em sentidos inversos. Esta tendência,

como observamos anteriormente, está em desacordo com os dados do nosso

estudo.

4.2 - Relação entre a adequação da resposta/tempo de decisão e o nível competitivo

Como já foi referenciado, um dos objectivos do nosso estudo é analisar a

exactidão e o tempo de resposta em acções ofensivas entre pontas-de-lança

de diferentes níveis competitivos, de forma a poder verificar se os atletas de

níveis competitivos superiores (os mais aptos) são mais adequados

(evidenciam maior conhecimento) e mais rápidos na decisão.

Em primeiro lugar, e de uma forma geral, analisamos a associação que existe

na correlação adequação da resposta/tempo de decisão dentro de cada nível

competitivo. Analisando os quadros podemos constatar que: no nível

competitivo P1 (1ª Liga) não existe correlação entre as duas variáveis. A

significância é de 0,963 o que significa que estatisticamente os dados não são

significativos. O que quer dizer, que em P1, a velocidade de decisão não tem

qualquer influência na adequação da resposta.

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Quadro 7: Correlação entre a adequação da resposta (AR) e o tempo de decisão (TR) no nível competitivo P1

Correlações

Nível competitivo P1 AR TR

AR

Pearson Correlação 1 0.01

Sig. 0.96

N 14 14

TR

Pearson Correlação 0.01 1

Sig. 0.96

N 14 14

* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05

Legenda: AR- adequação da resposta; TR- tempo de resposta; Sig.- significância; N- número de atletas

Também no nível competitivo (P2) não existe correlação entre a adequação da

resposta e a velocidade de decisão. Para que pudesse existir alguma

associação entre as duas categorias analisadas o p (significância) tinha que ser

menor a 0,05, o que neste caso não acontece, p =0,422. No entanto podemos

verificar que a correlação é negativa r =-0,25, o que apesar de não ser

significativa, como já constatamos, indicia uma ligeira tendência para que os

pontas-de-lança que foram mais rápidos foram também aqueles mais

acertados nas suas respostas.

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Quadro 8: Correlação entre a adequação da resposta (AR) e o tempo de decisão (TR) no nível competitivo P2

Correlações

Nível competitivo P2 AR TR

AR

Pearson correlação 1 -0.24

Sig. 0.42

N 13 13

TR

Pearson Correlação -0.24 1

Sig. 0.42

N 13 13

* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05

Legenda: AR- adequação da resposta; TR- tempo de resposta; Sig.- significância; N- número de atletas

Neste grupo competitivo (2ª e 3º Divisões) existe correlação entre os pontas de

lança da amostra, os ponta de lança que demoram menos tempo a responder

são aqueles que têm as respostas mais adequadas. As diferenças são

estatisticamente significativas p =0,038. O que vem corroborar os resultados

anteriores do nosso estudo, que indicam que quanto mais rápido é a resposta

mais qualidade tem a mesma.

Quadro 9: Correlação entre a adequação da resposta (AR) e o tempo de decisão (TR) no nível competitivo NP

* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05

Legenda: AR- adequação da resposta; TR- tempo de resposta; Sig.- significância; N- número de atletas

Com a análise da variância (Anova) unidimensional verificamos a relação

adequação/tempo da resposta entre os níveis competitivos

Correlações

Nível competitivo NP AR TR

AR

Pearson Correlação 1 -0.58

Sig. 0.03

N 13 13

TR

Pearson Correlação -0.58 1

Sig. 0.03

N 13 13

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Decisão táctico-técnica no futebol

66

Quadro 10: Níveis de significância (Sig.) da relação adequação/tempo de resposta entre os 3 grupos competitivos

ANOVA

Resultados

totais Df

Média de

resultados F Sig.

AR

Entre Grupos 0.15 2 0.07 1.378 0.26

Dentro do Grupo 2.10 37 0.05

Total 2.25 39

TR

Entre Grupos 3.55 2 1.77 2.237 0.12

Dentro do Grupo 29.38 37 0.79

Total 32.93 39

* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05

Legenda: AR- adequação da resposta; TR- tempo de resposta; Sig.- significância

Este quadro mostra-nos, que entre os grupos competitivos, o tempo de decisão

não tem influência na adequação da resposta, o que vai ao desencontro da

nossa primeira conclusão, que os atletas com melhor adequação da resposta

(AR) eram também os mais rápidos a decidir

4.2.1 - Relação do nível competitivo com a adequação da resposta

Da análise do quadro seguinte podemos confirmar que os pontas-de-lança que

actuam em níveis competitivos inferiores (NP) são aqueles que respondem, em

média, mais adequadamente, ou seja, evidenciam melhor conhecimento

declarativo. Os de nível intermédio são os que apresentam menor adequação

de resposta em relação aos outros dois níveis (P1 e NP). É de realçar que as

diferenças não são estatisticamente significativas (a significância é superior a

0,05).

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Quadro 11: Diferenças de médias, Margem de erro, significância (Sig.) e o intervalo de confiança da adequação

da resposta (AR) entre os níveis competitivos (P1,P2 e NP)

Múltiplas Comparações

Bonferroni

Categoria Nível_Comp Nível_Comp

Diferenças

de média

Margem

de erro Sig.

95% Intervalo de confiança

Lower Bound Upper Bound

Adequação

da

resposta

(AR)

1ª Liga 2ª Liga 0.09 0.09 0.93 -0.13 0.32

2ª B e 3ª Divisão -0.05 0.09 1.00 -0.28 0.17

2ª Liga 1ª LIga -0.09 0.09 0.93 -0.32 0.13

2ª B e 3ª Divisão -0.15 0.09 0.32 -0.38 0.08

2ª B e 3ª Divisão 1ª Liga 0.05 0.09 1.00 -0.17 0.28

2ª Liga 0.15 0.09 0.32 -0.08 0.38

* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05

Constata-se neste estudo que, apesar de as diferenças não serem

estatisticamente significativas, os pontas-de-lança de níveis competitivos

inferiores (NP), indiciam um conhecimento de jogo igual ou superior, aos de

níveis competitivos superiores, especialmente sobre os de (P2). Dados estes

que divergem dos do estudo de Greco et al. (2008) que concluíram que atletas

de categorias superiores de competição apresentam um conhecimento de jogo

superior aos dos atletas de níveis inferiores, sendo essas diferenças

estatisticamente significativas. Tal tendência é corroborada por Silva (2006), ao

verificar que os atletas que competiam em níveis superiores, apresentavam

uma qualidade da tomada de decisão superior aos atletas de nível competitivo

inferiores, sendo que as diferenças encontradas não eram estatisticamente

significativas. Também Miragaia (2001), num estudo com atletas do mesmo

nível competitivo da nossa amostra, concluiu que os atletas da I liga (P1) (mais

aptos) respondiam de uma forma mais adequada ao estímulo proveniente da

observação das situações, comparativamente aos atletas da II liga (P2) e 2ª

divisão (NP), sendo essas diferenças estatisticamente significativas. Também

os atletas da 2ª Liga evidenciavam um nível de adequação da resposta mais

elevado do que os da 2ª Divisão, mas aqui as diferenças não eram

estatisticamente significantes. O nosso estudo, como podemos comprovar com

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Decisão táctico-técnica no futebol

68

os resultados do quadro seguinte, não corroboram esta tendência positiva entre

o nível competitivo e a adequação da resposta.

Quadro 12: Média, desvio padrão, máximas, mínimas da adequação das respostas (AR) de P1,P2 e NP

Nível competitivo Adeq. Resposta

P1 Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo

2.68 14,0 0,21 2,36 3,18

P2 Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo

2,58 13,0 0,26 2,18 3,09

NP Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo

2,74 13,0 0,24 2,36 3,09

Verifica-se então, no nosso estudo, que em média os pontas-de-lança que

actuam em campeonatos não profissionais (NP), i.e., os de nível competitivo

mais baixo, são aqueles que revelam uma melhor adequação da resposta

(2,74±0,24), quando comparados com os que actuam no nível competitivo mais

elevado (P1) (2,68±0,21) e dos que actuam no nível competitivo intermédio

(P2) (2,58±0,26). Como podemos verificar as diferenças são mínimas e não

estatisticamente significativas (p> 0,05). Contudo, tal não invalida que em

média os pontas-de-lança de nível competitivo mais baixo, os menos aptos,

apresentem resultados superiores aos demais. Também Silva (2006), no seu

estudo, como referimos anteriormente, apresentou resultados estatisticamente

insignificantes (não tinham significância, p=0,28), mas ao contrário do nosso

estudo, os atletas de nível competitivo superior apresentavam em média,

melhor adequação das respostas (62,24) do que os de nível competitivo inferior

(60,7), ou seja, a sua qualidade de decisão era superior. Vieira (2003)

apresenta resultados semelhantes aos de Silva (2006), no que diz respeito às

decisões tácticas ofensivas dos futebolistas, pois verificou que, os futebolistas

de nível superior demonstraram maior capacidade de decisão táctica, apesar

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Decisão táctico-técnica no futebol

69

de as diferenças não serem estatisticamente significativas. Os resultados

encontrados no nosso estudo divergem dos de estudos baseados no

conhecimento declarativo efectuado por Williams & Davids (1995), Mangas

(1999), Correia (2000), Costa (2001), Miragaia (2001), Mangas et al. (2002),

Pinto (2005) e Ponte (2005) que concluíram que os atletas com maior nível

competitivo evidenciavam maior conhecimento, possuíam uma melhor

qualidade de decisão.

O facto de os nossos resultados não corroborarem os da grande maioria dos

estudos já realizados, poderá por um lado ser explicado pelo facto da qualidade

de decisão não estar exclusivamente ligada ao nível competitivo dos atletas,

mas também ao nível de instrução e qualidade do treino, como referem Allard

et al. (1980), Thomas et al. (1988), Williams et al. (1993, citados por Miragaia

2001). A qualidade de instrução fornecida aos atletas pelos seus treinadores

durante a prestação desportiva é fundamental para a decisão do atleta.

Então pode-se concluir que, o nível de instrução e a qualidade de treino dos

pontas-de-lança da nossa amostra (NP) são elevados, i.e., na 2º e 3ª divisões,

actualmente trabalha-se com elevada qualidade, e as diferenças que

anteriormente existiam, entre estes escalões e os escalões superiores, são

mínimas. Consideramos então, a possibilidade, que os atletas que actuam em

níveis competitivos inferiores estão sujeitos, nos dias que correm, a um treino e

uma instrução de elevada qualidade (Silva, 2006), o que vem realçar o possível

aumento de competências por parte dos treinadores das equipas em questão.

Por outro lado, atendendo ao facto de os atletas menos aptos (pontas-de-lança

da 2ª e 3ª divisões) evidenciarem um maior conhecimento declarativo, ao

contrário dos de nível competitivo superior pode-se deduzir-se que o contributo

dos pressupostos cognitivos não são garante de elevadas performances, i.e.,

saber quando e como executar não significa saber executar as acções em jogo

(Garganta, 2005), o que realça, segundo a perspectiva ecológica o papel da

interacção dos constrangimentos indivíduo-tarefa-envolvimento na decisão

(Passos et al., 2006). Nesta perspectiva, e segundo os resultados, o

comportamento decisional justifica-se mais pelas competências perceptivas do

indivíduo em jogo (Garganta, 2005), pela capacidade do indivíduo interagir com

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Decisão táctico-técnica no futebol

70

o contexto e como co-evoluem em conjunto (Rodrigues, 2006), do que pela sua

capacidade de armazenar soluções padronizadas na sua memória (Garganta,

2005)

4.2.2- Relação do nível competitivo com o tempo de decisão

Com a ajuda do teste Bonferroni verificamos a relação existente entre os níveis

competitivos no que diz respeito à velocidade de decisão. Da análise do quadro

seguinte constatamos que os pontas-de-lança de níveis competitivos

superiores são os que possuem uma decisão mais rápida. Mas por outro lado

os ponta-de-lança de nível competitivo inferior são mais rápidos a decidir do

que os de nível intermédio

Quadro 13: Diferenças de média, Margem de erro, significância (Sig.) e o intervalo de confiança da velocidade da

resposta entre os níveis competitivos (P1,P2 e NP)

Múltiplas comparações

Bonferroni

Categoria Nível_Comp Nível_Comp

Diferença

de médias

Margem

de erro Sig.

95% Intervalo de confiança

Lower Bound Upper Bound

Tempo

de

resposta

(TR)

1º Liga 2ª Liga -0.72 0.34 0.12 -1.58 0.13

2ª B e 3ª Divisão -0.33 0.34 0.99 -1.19 0.52

2ª Liga 1º Liga 0.72 0.34 0.12 -0.13 1.58

2ª B e 3ª Divisão 0.38 0.34 0.82 -0.48 1.26

2ª B e 3ª Divisão 1ª Liga 0.33 0.34 0.99 -0.52 1.19

2º Liga -0.38 0.34 0.82 -1.26 0.48

De realçar que as diferenças não são estatisticamente significativas, pois o

nível de significância é alto (p> 0,05). Calculando a média de cada grupo dos

tempos de tomada de decisão obtidos nas 11 categorias observadas,

verificamos que a média mais baixa (2,7 ss:ms) foi observada pelo grupo

competitivo mais elevado, seguindo-se a média do grupo competitivo mais

baixo (3,04 ss:ms), e em último, a média do grupo competitivo intermédio (3,43

ss:ms)

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Decisão táctico-técnica no futebol

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Figura 6: Representação gráfica: médias do tempo de resposta (P1- pontas-de-lança da 1ª Liga; P2- pontas-de-

lança 2ªLiga; NP- pontas-de-lança da 2ªB e 3ª Divisão).

Como se pode verificar, mesmo não sendo estatisticamente significativo, os

pontas-de-lança do grupo competitivo mais elevado são mais rápidos a decidir.

Para Tavares (1993), essa maior velocidade de decisão por parte dos atletas

de nível competitivo superior, justifica-se pelo facto de os mesmos estarem

melhor preparados para reagirem ao estímulo, utilizando as informações

disponíveis para antecipar a resposta. E por serem portadores de uma melhor

capacidade de antecipação, no qual conseguem utilizar com maior eficácia as

informações provenientes do conhecimento da modalidade.

Estudos realizados por Miragaia (2001) concluíram que o tempo médio de

decisão decrescia à medida que os níveis competitivos aumentavam, sendo

essas diferenças estatisticamente significativas (p=0,009), já Correia (2000),

apresentou dados semelhantes, mas as suas diferenças não eram

estatisticamente significativas. Resultados semelhantes a estes foram

encontrados por Carriere (1978), Bard & Fleury (1978), Starkes & Alard (1983),

Helson et al. (1986) Ripoll (1987), Thomas & Nelser (1990), Konzag (1990),

Tavares & Graça (1992), Tavares (1993), William et al. (1994), Machado (1996,

todos citados por Miragaia 2001), e Brito (1995) no qual verificam que os

tempos de decisão melhoram em atletas com maior nível competitivo.

A média entre os atletas de P2 (3,43s) e os de NP (3,04s) da nossa amostra é

muito semelhante (Quadro 14), o que pode indiciar, uma vez mais, que os

pontas-de-lança que actuam em níveis inferiores têm uma capacidade de

decisão semelhante aos de nível superiores, fruto, talvez, da melhoria da

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Decisão táctico-técnica no futebol

72

qualidade do treino e da instrução (feedback extrínseco) (Miragaia, 2001) por

parte dos seus responsáveis actuais ou anteriores que, segundo a perspectiva

ecológica, lhes permite conhecer melhor os constrangimentos de jogo, as

affordances (possibilidades de acção) percepcionadas (Araújo, 2005) para que

as decisões sejam mais rápidas e eficazes.

Quadro 14: Média, desvio padrão, máximas, mínimas do tempo das respostas (TR) de P1,P2 e NP

4.3- Relação adequação da resposta/tempo de decisão com os anos de prática

Outro dos objectivos do nosso estudo é analisar a exactidão e o tempo de

resposta em acções ofensivas entre pontas-de-lança de diferentes anos de

prática (experiência). De forma a verificar se os atletas com mais anos de

prática (mais experientes) evidenciam maior conhecimento declarativo (melhor

adequação da resposta) e são mais rápidos na decisão.

Nível competitivo Tempo Resposta

P1 Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo

2,70 14,0 0,86 1,64 4,60

P2 Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo

3,43 13’0 0,68 1,84 4,93

NP Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo

3,04 13’0 0,93 2,12 5,25

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Decisão táctico-técnica no futebol

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4.3.1- Relação adequação da resposta com os anos de prática

Mangas (1999), Correia (2000), Costa (2001), Pinto (2005) e Ponte (2005)

concluíram nos seus estudos que os atletas com mais anos de prática

(experiência) decidem melhor do que os outros, i.e., a qualidade de decisão

está correlacionada com os anos de prática, mas os dados que possuímos

mostram que essa correlação (mais anos de prática melhor adequação da

resposta, mais conhecimento declarativo), na nossa amostra, não se verifica,

ou seja, não há correlação entre a adequação da decisão e os anos de prática

Quadro 15: Correlação entre os anos de prática e a adequação da resposta (AR)

Correlação

Categoria Anos

de Prática

Adequação da

Resposta

Anos

de

Prática

Pearson Correlação 1 -0.01

Sig. 0.91

N 40 40

Adequação

da

Resposta

Pearson Correlação -0.01 1

Sig. 0.96

N 40 40

* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05

Como se pode verificar os resultados não são estatisticamente significativos,

p> 0,05 e a correlação é negativa (r=-0,017) mas com um valor muito baixo.

Quanto maiores forem as vivências competitivas dos atletas (mais experiência),

melhores serão as suas decisões (Tavares, 1993), não se confirmou no nosso

estudo. O que permite realçar, que é melhor possuir qualidade do que

quantidade, ou seja, uma “boa decisão” precisa que o atleta possua qualidade

no treino e na instrução, e não um simples acumular de vivências competitivas.

A maior familiaridade com as acções táctico-técnicas, que envolvem os treinos

e jogos (Miragaia, 2001), por si só não são um garante de melhores decisões.

Estes resultados, também nos leva a considerar a possibilidade de que, os

pontas-de-lança com mais experiência, não foram eventualmente sujeitos,

durante a sua formação e carreira, à qualidade de treino que hoje em dia se

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Decisão táctico-técnica no futebol

74

verifica (Silva, 2006), e que tende a melhorar. Por outro lado, e à luz da

abordagem da decisão pela perspectiva ecológica, pode-se afirmar que a

decisão não se relaciona decisivamente com a experiência dos atletas e suas

memórias armazenadas, mas sim com a capacidade do atleta interagir com o

contexto (Araújo, 2005). É neste processo de interacção envolvimento/atleta

que emergem as decisões e não, previamente na sua cabeça (Araújo, 2005). A

decisão está no e dentro do jogo, e não nas memórias e nos constrangimentos

cognitivos.

O nosso estudo vai um pouco de encontro ao de Silva (2006), que verificou que

os atletas da I liga, com menor experiência, respondiam com mais qualidade do

que os mais experientes, apesar de as diferenças não serem estatisticamente

significativas.

4.3.2- Relação tempo de decisão com os anos de prática

No que diz respeito à relação velocidade de decisão/anos de prática Janelle &

Hillman (2003, citados por Pinto, 2005), afirmaram que os atletas com mais

anos de prática (mais experientes), são possuidores de um conhecimento

declarativo elevado, mais organizado e estruturado, alem disso, são capazes

de reconhecer com mais facilidade as informações significativas, não se

distraindo com informações irrelevantes, sendo por isso mais rápidos a decidir.

Dos dados por nós recolhidos, e analisados, podemos concluir que os atletas

com mais anos de prática (experiência) têm uma ligeira tendência a serem

mais rápidos a decidir, do que os outros, mas as diferenças não são

significativas, como podemos observar no quadro seguinte.

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Decisão táctico-técnica no futebol

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Quadro 16: Correlação entre os anos de prática e o tempo da resposta (TR)

Correlações

Anos

de_Prática

Tempo de

Resposta

Anos_

de

Prática

Pearson Correlação 1 -0.19

Sig. 0.22

N 40 40

Tempo

de

Resposta

Pearson Correlação -0.19 1

Sig. 0.22

N 40 40

* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05

Legenda: Sig.- significância; N- número de atletas

Correlação negativa (r=-0,19) e não significativa (p=0,22). Neste caso, o valor

de correlação, é mais alto do que o anterior o que nos indicia, apesar de as

diferenças não serem significativas, que os atletas com mais anos de prática

são mais rápidos a decidir, pois como refere Mangas (1999), reconhecem mais

facilmente os problemas e identificam mais rápido as soluções. Dentro desta

temática, Correia (2000), Miragaia (2001) e Ponte (2005), concluíram que os

jogadores com mais anos de prática (experiência) decidem mais rápido do que

os demais. Estes estudos corroboram o de Tavares (1993), no qual estudou a

capacidade de decisão táctica em jogadores de Basquetebol, e verificou que,

os jogadores mais experientes eram mais rápidos a decidir tacticamente, pela

resposta adequada. Também Tenenbaum et al. (1993, citados por Silva, 2006)

realizaram um estudo no Andebol e, constataram que, os jogadores com mais

anos de prática tomaram decisões mais qualificadas.

Pode-se concluir pela nossa amostra, que, estatisticamente, ter mais anos de

prática não interfere na capacidade de decisão do ponta-de-lança.

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Decisão táctico-técnica no futebol

76

4.4- Relação número de golos/adequação da resposta dentro de cada nível competitivo

É nossa intenção verificar se os pontas-de-lança que apresentam maior

adequação das respostas são também aqueles, que apresentam um maior

número de golos, i.e., se o conhecimento (melhor adequação) é factor

determinante no rendimento (maior número de golos).

Em primeiro lugar analisamos as médias totais da amostra e verificou-se os

seguintes resultados. Os pontas-de-lança da 1ª Liga marcam em média

(42,14), mais golos do que os de níveis competitivos inferiores. São também,

os que apresentam um resultado superior à média total da nossa amostra

(32,32), como podemos constatar no quadro seguinte (Quadro 20). Os pontas-

de-lança da 2ª Liga também marcam em média (30,15), mais golos do que os

pontas-de-lança da 2ª e 3ª Divisões (29,92). Constata-se então, com estes

dados, que os pontas-de-lança de níveis superiores, marcam, em média, mais

do que os de nível inferior.

Quadro 20: Média, desvio padrão, máximas, mínimas dos golos dos pontas-de-lança de P1,P2 e NP

Nível competitivo Nº Golos

P1 Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo

42,14 14,00 24,70 11,00 87,00

P2 Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo

30,15 13,00 14,49 14,00 60,00

NP Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo

29,92 13,00 10,49 10,00 42,00

Total Média N Desvio-padrão Mínimo Máximo

32,32 40,00 19,01 10,00 87,00

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Decisão táctico-técnica no futebol

77

Depois de se analisar a correlação entre os número de golos e a adequação da

resposta (AR), através do teste de correlação de Pearson, verificamos que:

Quadro 21: Correlação entre a adequação das respostas (AR) com o número (nº) de golos de P1

Correlações

Nível comp. P1 Nº Golos AR

de

golos

Pearson Correlação 1 0.27

Sig. 0.34

N 14 14

AR

Pearson Correlação 0.27 1

Sig. 0.34

N 14 14

* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05

Legenda: AR- adequação da resposta; Sig.- significância; N- número de atletas

Nos ponta-de-lança da I liga (P1) não há correlação entre o número de golos e

a qualidade de decisão, pois p> 0,05. Apesar de estatisticamente não haver

nenhuma associação entre a decisão e o número de golos, podemos verificar

que a correlação é positiva (r=0,274), o que indicia que quem responde mais

acertado também marca mais golos, i.e., quem tem melhor conhecimento tem

tendência a marcar mais vezes. No nível competitivo P2 (liga de honra), os

resultados observados indiciam exactamente o mesmo, a correlação é positiva

(r=0,296) e os resultados não são estatisticamente significantes (p=0,326)

como se pode observar no quadro seguinte

Quadro 22: Correlação entre a adequação das respostas (AR) com o nº de golos de P2

Correlações

Nível comp. P2 Nº_Golos AR

de

golos

Pearson Correlação 1 0.29

Sig. 0.36

N 13 13

AR

Pearson Correlação 0.29 1

Sig. 0.36

N 13 13

* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05

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Decisão táctico-técnica no futebol

78

Legenda: AR- adequação da resposta; Sig.- significância; N- número de atletas

No nível competitivo inferior, os resultados, também não são estatisticamente

significantes, mas a correlação é negativa, o que poderia indiciar que quem

marca mais golos, tem uma pior adequação da resposta.

Quadro 23: Correlação entre a adequação das respostas (R) com o nº de golos de NP

Correlações

Nível comp.NP Nº Golos AR

de

golos

Pearson Correlação 1 0-.48

Sig. 0.09

N 13 13

AR

Pearson Correlação -0.48 1

Sig. 0.09

N 13 13

* Diferenças estatisticamente significativas para p <0,05

Legenda: AR- adequação da resposta; Sig.- significância; N- número de atletas

Também neste caso, os nossos resultados não se revelaram estatisticamente

significativos. Tal deixa perceber a não existência de correlação entre o

conhecimento declarativo (adequação da resposta) e o rendimento do atleta

(maior número de golos). Constata-se então, que a decisão não é influenciada

apenas pelos constrangimentos cognitivos, mas pela interacção de todos os

constrangimentos (jogador-tarefa-envolvimento) (Passos et al., 2006). Decidir é

então, um processo dinâmico dependente dos constrangimentos e

possibilidades de acção (affordances) da situação e da capacidade do atleta

interagir com o envolvimento (Araújo & Passos, 2008).

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5- CONCLUSÕES

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Decisão táctico-técnica no futebol

80

Considerando as hipóteses do presente estudo e tendo em consideração os

resultados obtidos, parece plausível concluir que:

(a) Os pontas-de-lança que apresentam melhor adequação das respostas, são

também os mais rápidos a decidir. Na tomada de decisão existe uma

correlação positiva entre a adequação de resposta e a velocidade de decisão.

As diferenças observadas são estatisticamente significativas. A hipótese por

nós formulada foi infirmada, o que sugere a necessidade de potenciar a

velocidade de decisão nos exercícios de treino de jogadores de Futebol.

(b) Os pontas-de-lança que jogam em níveis competitivos superiores, ao

contrário da hipótese formulada, não apresentam uma melhor adequação da

resposta (um maior conhecimento declarativo), do que os de nível competitivos

inferiores, embora as diferenças não sejam estatisticamente significativas.

Exceptuam-se os atletas da 1ª Liga, que apresentam melhor qualidade de

decisão do que os da 2ª Liga, as diferenças não são estatisticamente

significativas. Estes resultados podem indiciar que os jogadores de níveis

competitivos mais baixos têm uma instrução e qualidade de treino, de acordo

com o que se pratica nos níveis competitivos superiores. O que implica que os

pontas-de-lança de níveis inferiores tenham uma qualidade de decisão igual

aos pontas-de-lança que actuam em níveis superiores; e, por outro lado, que

os jogadores mais aptos (que jogam em níveis superiores) não apresentam um

maior conhecimento declarativo do que os menos aptos (níveis inferiores) o

que indicia também que os pressupostos cognitivos não são decisivos para o

rendimento. Tal realça a importância da abordagem da capacidade de decisão

segundo a perspectiva ecológica, sugerindo que o treino deve alicerçar-se em

situações/problema o mais próximo possível das dinâmicas específicas do

jogo.

(c) Os pontas-de-lança, que jogam em níveis competitivos superiores,

revelaram-se mais rápidos a decidir. Pode-se justificar tal facto, pela maior

velocidade de jogo evidenciada em níveis superiores, o que implica que os

pontas-de-lança nesses níveis, desenvolvam tal competência decisional.

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Decisão táctico-técnica no futebol

81

Também nesta hipótese existe uma excepção: os pontas-de-lança da 2ª Liga

são mais lentos a decidir do que os pontas-de-lança que actuam nos

campeonatos não profissionais.

Para qualquer dos casos, as diferenças não são estatisticamente significativas.

(d) Os pontas-de-lança com mais anos de prática, não mostram uma melhor

adequação das respostas do que os demais, i.e., a experiência, por si só, não

parece garantir melhor qualidade de decisão. A decisão não se correlaciona

positivamente com a experiência dos atletas e suas memórias armazenadas.

Os pontas-de-lança com mais anos de prática têm tendência a serem mais

rápidos a decidir, as diferenças não são estatisticamente significativas. Parece-

nos então viável, face aos resultados apresentados, valorizar a qualidade do

treino dos mais jovens (menos experientes). O que lhes permite ter uma

qualidade de decisão, igual ou mais elevada, do que os mais experientes. Esta

tendência reflecte o excelente trabalho que os treinadores, hoje em dia, têm na

formação.

Nenhuma das diferenças se revelou estatisticamente significativa.

(e) Os pontas-de-lança com mais golos marcados revelam uma superior

adequação da resposta, embora as diferenças não sejam estatisticamente

significantes. Esta tendência não se verifica ao nível dos pontas-de-lança da 2ª

e 3ª Divisão, com diferenças também não estatisticamente significativas. Não

há, então, uma correlação entre o conhecimento declarativo (adequação da

resposta) e o rendimento do atleta (maior número de golos).

Estes resultados indiciam que os pontas-de-lança de níveis inferiores possuem

uma instrução e qualidade de treino idêntica aos de níveis superiores, o que

lhes permite ter uma qualidade de decisão semelhante aos demais.

Pronunciam, ainda, que os processos cognitivos não são fundamentais na

capacidade de decisão dos atletas, e no seu rendimento desportivo. Possuir

um maior conhecimento declarativo não significa que se decida melhor o que

realça, na decisão, o papel da interacção dos constrangimentos indivíduo-

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tarefa-envolvimento. Todos estes resultados sugere, que no Futebol (jogo e

treino) importa privilegiar e potenciar a velocidade de execução.

Sugere ainda que o nível competitivo e a experiência não são indicadores de

boas decisões/bom rendimento, o que realça a importância da qualidade do

treino e da capacidade táctico-técnica (em situações de jogo) do atleta na

performance desportiva.

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6- SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS

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A realização deste estudo procurou responder a algumas questões e,

simultaneamente, levantou outras.

Tendo em consideração a conclusão evidenciada - que os processos cognitivos

não são fundamentais na capacidade de decisão - seria interessante construir

um instrumento com a finalidade de avaliar, em situação concreta de jogo, a

tomada de decisão. A avaliação que daí resultaria seria importante na recolha

de informações valiosas para o treino, permitindo melhorar a capacidade de

decisão que é decisiva para o rendimento desportivo.

Seria também interessante realizar o protocolo quer aos jogadores quer aos

respectivos treinadores, de forma a avaliar a congruência entre as decisões

dos atletas e dos treinadores. A avaliação que daí resultaria seria importante

para aferir o treino da respectiva equipa.

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ANEXOS

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Decisão táctico-técnica no futebol

ii

Anexo 1 A DECISÃO NO FUTEBOL (Conhecimento especifico do jogo) (As informações recolhidas são estritamente confidenciais) NOME:_____________________________________ IDADE:__________ CLUBE QUE REPRESENTA____________________ ESCALÃO:__________ POSIÇÃO NO TERRENO DE JOGO________________

ANOS DE PRÁTICA DE FUTEBOL FEDERADO __________

Época Divisão Nº de golos

2007/2008

2006/2007

2005/2006

2004/2005

2003/2004

RESULTADO DA AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO ESPECIFICO DO JOGO (preencher pelo avaliador)

NÚMERO DE IMAGEM 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

SOLUÇÃO INDICADA

TEMPO DE DECISÃO

Obrigado pela colaboração

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Decisão táctico-técnica no futebol

iii

ANEXO 2

RE

SU

LT

AD

OS

TO

TA

IS

Po

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s-d

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an

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a 1

ª L

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4

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6

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Decisão táctico-técnica no futebol

iv

ANEXO 3

RE

SU

LT

AD

OS

TO

TA

IS

Po

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s-d

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an

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a 2

ª L

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3

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Decisão táctico-técnica no futebol

v

ANEXO 4

RE

SU

LT

AD

OS

TO

TA

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Po

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a 2

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Tem

po

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osta

s

No

me

An

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de

prá

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N

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mp

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Go

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TR1

R

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,88

4

1,9

2

,82

2

,14

Bai

o

10

N

P

25

4 5

,14

2

2,9

7

3 3

,55

2

4,7

5 4

2,8

1

3 3

,25

4

1,4

8

2 2

,08

4

3,2

8

2 4

,5

2 2

,2

2,9

1

3,2

7

Sérg

io O

livei

ra

9 N

P

15

2 2

,02

4

1,8

4

3 1

,69

3

2,8

3

1,8

4

3 2

,73

4

1,3

6

2 1

,52

2

3,9

7

2 1

,06

4

2,5

2

,91

2

,12

Jorg

e So

usa

1

0

NP

1

0 1

4,6

7

4 4

,91

3

3,2

8

4 4

,86

3

4,4

2

3 3

,69

4

2,2

2

2,4

4

3 3

,17

2

3,6

2 4

2,6

3

,00

3

,63

João

Vic

ente

6

NP

2

5 1

5,0

6

4 4

,08

3

3,0

2

2 5

,48

3

3 3

2,2

7

2 1

,86

2

2,0

5

2 3

,09

2

3,3

2

5,4

2

,36

3

,51

Mar

co M

atia

s 1

0

NP

2

5 2

2,4

5

4 4

,05

3

2,6

7

2 2

,95

3

1,8

1

3 2

,81

4

1,5

3

2 1

,89

3

2,3

2

1,7

8

4 3

,1

2,9

1

2,4

9

An

dré

So

ares

1

5

NP

3

9 1

9,6

7

2 3

,69

3

4,9

7

3 4

,26

3

4,0

3

3 4

,48

4

1,3

1

1 2

,11

2

4,4

5

2 1

,91

2

4 2

,36

4

,08

Page 119: Decisão Táctico-Técnica no Futebol · 2019-06-12 · “O jogo de futebol é acima de tudo um jogo de decisões” (Castelo, 2004) As decisões, no contexto do desporto, acontecem

Decisão táctico-técnica no futebol

vi

ANEXO 5

RE

SU

LT

AD

OS

DIO

S T

OT

AIS

Leg

en

da

:

R-

Resulta

do

da

situa

ção

corr

esp

on

de

nte

; T

R-

Tem

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resp

osta

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o;

RT

- R

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RT

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to

tal d

as r

esp

osta

s

Nív

el

co

mp

eti

tivo

N

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e

Go

los

R

1

TR

1

R2

T

R2

R

3

TR

3

R4

T

R4

R

5

TR

5

R6

T

R6

R

7

TR

7

R8

T

R8

R

9

TR

9

R10

T

R1

0

R11

T

R1

1

RT

T

RT

NP

M

éd

ia

23

.9

1.8

4

3.8

8

3.6

9

2.8

4

3

2.5

8

2.3

8

4.0

5

3.0

7

3.2

4

2.7

6

3.0

6

3.3

8

1.9

7

1.9

2

2.3

7

2.6

9

3.3

3

2.4

6

2.7

1

2.9

2

3.3

9

2.7

4

3.0

4

N.º

1

3

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

Desvio

P

ad

rão

10

.49

0.8

0

2.1

8

0.7

5

1.0

9

0

1.1

3

0.8

6

1.3

0

0.4

9

15

0.4

3

0.7

9

1.1

0

.66

0.2

7

0.8

4

0.6

3

1.2

9

0.8

7

1.5

4

1.0

3

1.4

2

0.2

4

0.9

3

Min

. 1

0.0

0

1.0

0

1.9

7

2.0

0

1.3

0

3.0

0

1.3

0

1.0

0

2.6

4

2.0

0

1.8

1

2.0

0

2.1

7

1.0

0

1.3

1

1.0

0

1.5

2

2.0

0

1.7

2

2.0

0

1.0

6

2.0

0

1.9

4

2.3

6

2.1

2

x.

42

.00

4.0

0

9.6

7

4.0

0

4.9

1

3.0

0

4.9

7

4.0

0

6.9

5

4.0

0

7.7

0

3.0

0

4.4

8

4.0

0

3.2

5

2.0

0

4.5

2

4.0

0

6.8

3

4.0

0

6.6

7

4.0

0

6.4

8

3.0

9

5.2

5

P1

M

éd

ia

42

.14

1.7

8

3.3

2

3.2

1

2.7

6

3

1.9

3

2.1

4

3.1

5

2.7

8

2.8

2

3

3.1

4

2.8

5

2.3

2

2.1

4

2.1

5

2.2

1

3.2

5

2.9

2

2.3

4

3.4

2

2.5

1

2.6

8

2.7

0

N.º

1

4

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

14

Desvio

P

ad

rão

24

.7

0.5

7

1.6

2

0.8

9

1.8

3

0

1.1

4

0.5

3

1.0

1

0.8

0

0.8

6

0.5

5

1.0

3

1.4

0

1.3

0

0.5

3

0.6

8

0.8

0

1.0

8

0.9

1

1.0

1

0.9

3

1.8

0

.21

0,8

6

Min

. 1

1.0

0

1.0

0

1.2

3

2.0

0

1.2

5

3.0

0

0.2

2

1.0

0

2.0

3

1.0

0

2.0

3

2.0

0

1.6

6

1.0

0

0.7

5

2.0

0

1.3

4

1.0

0

1.7

8

2.0

0

0.7

9

2.0

0

0.7

3

2.3

6

1.6

4

x.

87

.00

3.0

0

6.7

0

4.0

0

8.3

4

3.0

0

4.3

6

3.0

0

5.5

9

4.0

0

5.2

0

4.0

0

4.7

5

4.0

0

5.1

9

4.0

0

3.9

5

4.0

0

5.3

4

4.0

0

4.0

5

4.0

0

7.8

6

3.1

8

4.6

0

P2

M

éd

ia

30

.15

2

3.9

4

3.4

6

3.2

3

3

2.7

9

1.8

4

4.4

0

3.0

7

3.7

1

2.5

3

2.7

7

3.3

8

3.5

7

1.9

2

2.6

7

1.8

4

4.6

0

2.6

1

2.7

8

2.8

4

3.2

1

2.5

8

3.4

3

N.º

1

3

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

13

Desvio

P

ad

rão

14

.49

0.7

0

0.9

2

0.8

7

1.1

9

0

1.7

4

0.5

5

2.0

1

0.7

5

1.3

1

0.7

7

0.6

1

1.1

9

1.1

8

0.2

7

1.3

2

0.6

8

2.2

1

0.8

6

0.8

7

0.9

8

1.9

2

0.2

6

0.8

6

Min

. 1

4.0

0

1.0

0

2.1

9

2.0

0

1.4

1

3.0

0

1.2

2

1.0

0

1.6

1

1.0

0

2.2

3

1.0

0

1.5

8

1.0

0

2.0

0

1.0

0

1.2

2

1.0

0

1.8

8

2.0

0

1.1

7

2.0

0

1.3

1

2.1

8

1.8

4

x.

60

.00

4.0

0

5.7

4

4.0

0

5.5

0

3.0

0

8.1

2

3.0

0

8.1

9

4.0

0

6.2

8

3.0

0

3.6

9

4.0

0

5.8

6

2.0

0

5.8

3

3.0

0

8.7

3

4.0

0

4.3

9

4.0

0

7.5

2

3.0

9

4.9

3

To

tal

dia

3

2.3

2

1.8

7

3.7

1

3.4

5

2.9

4

3

2.4

2

2.1

2

3.8

5

2.9

7

3.2

5

2.7

7

2.9

9

3.2

0

2.6

1

2

2.3

9

2.2

5

3.7

1

2.6

7

2.6

0

3.0

7

3.0

2

2.6

7

3.0

5

N.º

4

0

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

40

Desvio

P

ad

rão

19

.01

0.6

8

1.6

3

0.8

4

1.4

0

0

1.3

8

0.6

8

1.5

5

0.6

9

1.2

9

0.6

1

0.8

3

1.2

6

1.2

7

0.3

9

0.9

8

0.7

7

1.6

7

0.8

8

1.1

6

0.9

9

1.7

4

0.2

4

0.9

1

Min

. 1

0.0

0

1.0

0

1.2

3

2.0

0

1.2

5

3

0.2

2

1.0

0

1.6

1

1.0

0

1.8

1

1.0

0

1.5

8

1.0

0

0.7

5

1.0

0

1.2

2

1.0

0

1.7

2

2.0

0

0.7

9

2.0

0

0.7

3

2.1

8

1.6

4

x.

87

.00

4.0

0

9.6

7

4.0

0

8.3

4

3.0

0

8.1

2

4.0

0

8.1

9

4.0

0

7.7

0

4.0

0

4.7

5

4.0

0

5.8

6

4.0

0

5.8

3

4.0

0

8.7

3

4.0

0

6.6

7

4.0

0

7.8

6

3.1

8

5.2

5

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Decisão táctico-técnica no futebol

vii

ANEXO 6

CONHECIMENTO DECLARATIVO NO FUTEBOL HIERARQUIZAÇÃO DOS PERITOS

Imagens MELHOR

SOLUÇÃO 2ª

melhor

melhor

PIOR SOLUÇÃO

Pré-teste A 3 4 1 2

Pré-teste B 2 1 3 4

1 3 4 1 2

2 2 3 1 4

3 2 1 3 4

4 2 3 4 1

5 1 2 4 3

6 3 4 1 2

7 1 3 2 4

8 4 3 2 1

9 2 1 4 3

10 4 2 1 3

11 2 4 1 3