DECLARAÇÃO DA INSOLVÊNCIA - Prazo de apresentação à ...solicitador.net/uploads/cms_page_media/809/M4-Apresentacao.pdf · DECLARAÇÃO DA INSOLVÊNCIA - Arts. 18º a 45º do

DECLARAÇÃO DA INSOLVÊNCIA

- Arts. 18º a 45º do CIRE

- Prazo de apresentação à insolvência: 30 dias contados da data do conhecimento da situação de insolvência (efectiva ou aquela «em que devia ter tido conhecimento»)

- Este prazo só se aplica a empresas ou empresários (profissionais)

Sociedade de Advogados de Responsabilidade Limitada


- Presume-se inilidivelmente que o devedor empresário tem conhecimento da sua situação de insolvência passados 90 dias sobre o incumprimento generalizado de obrigações perante o Fisco, a Segurança Social, os trabalhadores, ou ainda do pagamento de rendas ou prestações de empréstimos hipotecários referentes ao local da sede ou estabelecimento da empresa, ou da sua residência



- O pedido pode ser formulado:

- Pelo próprio devedor- Pelo seu órgão de gestão/administração ou por qualquer

dos seus gerentes/administradores- Por qualquer outro responsável pelas dívidas do devedor- Por qualquer credor- Pelo Ministério Público



- Quando não seja requerida pelo próprio devedor ou pelo(s) seu(s) gerente(s) ou administradore(s), o pedido de declaração de insolvência deverá ter por base um ou mais dos seguintes fundamentos:

- Suspensão generalizada de pagamento de obrigações vencidas- Incumprimento de uma ou mais obrigações que pelo seu

montante e natureza revele a incapacidade do devedor para cumprir a generalidade das suas obrigações



- Fuga/desaparecimento do devedor ou dos seus adminsitradores/abandono da sede ou principal local de actividade da empresa, relacionado com a falta de solvabilidade do devedor e sem designação de substituto idóneo

- Dissipação, abandono, venda apressada de bens, e/ou constituição de créditos fictícios

- Insuficiência de bens penhoráveis verificada em processo executivo (certidão de incobrabilidade)



- Incumprimento definitivo de obrigações assumidas em plano de insolvência ou plano de pagamentos, referentes a créditos reclamados e verificados nesse processo

- Incumprimento generalizado, nos últimos seis meses, de obrigações perante o Fisco, a Segurança Social, os trabalhadores, ou ainda do pagamento de rendas ou prestações de empréstimos hipotecários referentes ao local da sede ou estabelecimento da empresa, ou da sua residência



Relativamente às pessoas colectivas / patrimónios autónomos por cujas dívidas nenhuma pessoa singular responda pessoal e ilimitadamente, de forma directa ou indirecta, considerar-se-ão insolventes em caso de manifesta superioridade do passivo sobre o activo, de acordo com o último balanço aprovado e as normas contabilísticas aplicáveis, ou quando ocorra um atraso superior a nove meses no depósito das contas, quando esse depósito seja legalmente obrigatório (art. 3º, n.º 2, do CIRE)



Mas estas mesmas entidades, na referida situação, não estarão afinal insolventes se o seu activo for superior ao passivo avaliados de acordo com as seguintes regras (art. 3º, n.º 3, do CIRE):

- Considerando-se os seus activos e passivos identificáveis, mesmo que não constantes no balanço, pelo seu justo valor

- Avaliando-se a empresa, se for o caso, numa perspectiva de continuação ou liquidação consoante o que seja mais provável, mas sempre sem considerar a rubrica do trespasse



- Não se consideram as dívidas que apenas hajam de ser pagas com recurso a fundos distribuíveis ou do activo restante após liquidadas ou acauteladas/garantidas todas as dívidas da entidade devedora



- A desistência do pedido ou da instância pode ter lugar até à prolação da sentença

- Mas não em caso de apresentação voluntária à insolvência

- Os Tribunais não têm, pelo menos em regra, admitido transacções que passem pela suspensão do processo de insolvência



- A dedução de pedido infundado de declaração de insolvência, voluntária ou requerida, implica responsabilidade civil pelos danos causados mas apenas em caso de dolo

- Há, não obstante, doutrina em sentido contrário, sustentando a aplicabilidade das regras gerais da litigância de má fé (CPC), e até da negligência simples (CC)



- A petição inicial deve conter:

- Indicação da situação de insolvência efectiva ou iminente, caso o requerente seja o próprio devedor

- Eventual pedido de exoneração do passivo restante- Indicação do Cônjuge e Regime de bens do casamento- Certidão de Registo Civil, Comercial ou Outro



- O credor pode pedir que estas informações sejam prestadas pelo devedor, quando delas não disponha

- O devedor que se apresente voluntariamente à insolvência deve juntar ainda os documentos e elementos mencionados no art. 24º do CIRE, referentes aos credores, dívidas, processos judiciais, membros e titulares de órgãos sociais, bens em regime de locação, financeira ou não, ou sob reserva de propriedade, informação e documentos contabilísiticos e de gestão, e mapa de pessoal



- O devedor que se apresente à insolvência deve juntar cópia da acta do seu órgão de gestão/administração que deliberou a apresentação à insolvência, e documento comprovativo dos poderes de representação dos administradores que o representem nesse acto

- Deve ainda justificar a não apresentação ou desconformidade de algum(uns) dos elementos referidos no art. 24º do CIRE



- Quando o requerente não seja o devedor, a petição incial deve justificar:

- A legitimidade do requerente (crédito ou responsabilidade pelas dívidas do devedor)

- A situação de insolvência do devedor (elementos sobre o respectivo activo e passivo – regra geral os fundamentos previstos no art. 20º do CIRE)



- As testemunhas são arroladas na petição inicial, e apresentadas pelo Requerente

- Quando a petição inicial não seja apresentada por meios electrónicos, aos duplicados habituais acrescem os necessários para a citação dos cinco maiores credores do devedor



O Juiz pode:

- Indeferir liminarmente a petição inicial, em caso de manifesta improcedência ou de evidente excepção dilatória insuprível

- Proferir despacho de aperfeiçoamento (prazo de 5 dias para correcção de vícios sanáveis)



- No caso de apresentação à insolvência, se o indeferimento liminar não se basear, pelo menos em parte, na não apresentação pelo devedor da relação de credores a que se refere a alínea a) do n.º 2 do art. 24º do CIRE é objecto de publicação

- A apresentação do devedor à insolvência implica a confissão/reconhecimento do seu estado de insolvência, que assim é imediatamente declarada por sentença



- Caso a insolvência não tenha sido requerida pelo próprio devedor, o mesmo é citado para deduzir oposição, no prazo de 10 dias

- A oposição deve basear-se na ilegitimidade do requerente para deduzir o pedido de insolvência e/ou na inexistência de uma situação de insolvência

- A oposição só é recebida/admitida se for acompanhada da indiciação, pelo devedor, dos seus cinco maiores credores



- Cabe ao devedor o ónus de demonstrar/provar a sua solvência, baseando-se na «escrituração legalmente obrigatória» (art. 30º, n.º 4, do CIRE)

- A não dedução de oposição implica confissão dos factos alegados na petição inicial, a menos que a audiência do devedor tenha sido dispensada, nos termos do art. 12º do CIRE



- Havendo justificado receio de má gestão ou dissipação de património, o Juiz pode, oficiosamente ou a requerimento, ordenar a aplicação de medidas cautelares, previamente à prolação da sentença, ou mesmo à citação do devedor

- Tais medidas poderão passar pela nomeação de um Administrador Judicial Provisório, para assumir ou auxiliar a gestão do património do devedor



- A nomeação do AJP é feita pelo Juiz, e tem por base as listas oficiais, podendo ser tida em conta indicação feita na petição inicial caso seja previsível a necessidade de levar a cabo «actos de gestão que requeiram especiais conhecimentos» (art. 32º, n.º 1, do CIRE)

- A remuneração do AJP é igualmente fixada pelo Juiz, e conjuntamente com as despesas incorridas pelo mesmo no exercício das suas funções, constitui um encargo incluído nas custas do processo



- O AJP que detenha poderes exclusivos/totais de administração do património do devedor deve manter a empresa em actividade, salvo autorização do Juiz para suspensão da actividade da empresa

- A decisão do Juiz que nomeie AJP para auxiliar a gestão do património do devedor deve determinar os seus exactos poderes e competências (indicação genérica ou especificação concreta dos actos que não podem ser praticados pelo devedor sem aprovação do AJP)



- A nomeação e poderes atribuídos ao AJP são objecto de publicação/publicidade, e o mesmo exerce as suas funções essencialmente nos termos gerais previstos para o AI

- Quando haja lugar a audiência de julgamento (por dedução de oposição ou dispensa da audiência do devedor), são notificados o requerente, o requerido, e os respectivos administradores de direito e/ou de facto identificados na petição inicial para comparecerem pessoalmente ou se fazerem representar na audiência de julgamento por mandatário com poderes para transigir



- Caso não compareça o requerido ou um seu representante, têm-se por confessados os factos alegados na petição inicial, salvo se tiver sido dispensada a respectiva audiência nos termos do art. 12º do CIRE

- Caso o requerido compareça ou se faça representar, mas o mesmo não suceda com o requerente, considera-se que o mesmo desistiu do pedido de declaração de insolvência do devedor



- Nesses casos, é logo ditada sentença para a acta

- Nos demais casos, procede-se à produção de prova em audiência de discussão e julgamento, que se inicia com a selecção da matéria de facto e elaboração da base instrutória por parte do Juiz



Quando declare a insolvência, a sentença contém os elementos e referências elencados no n.º 1 do art. 36º do CIRE, designadamente:

- Identificação do insolvente, dos seus adminsitradores de direito e de facto, e fixação das respectivas residências

- Nomeação do AI, e determinação da entrega imediata ao mesmo da contabilidade do devedor e demais elementos referidos no art. 24º do CIRE, bem como ainda de todos os bens do devedor, ainda que apreendidos ou arrestados em processos pendentes



- Eventual manutenção do devedor na gestão do seu património

- Eventual abertura do incidente de qualificação da insolvência e/ou de participação criminal ao Ministério Público

- Determina o prazo para a apresentação das reclamações de créditos, até ao máximo de 30 dias



- Adverte os credores de que devem comunicar prontamente ao AI as garantias reais de que beneficiem

- Adverte os devedores do insolvente de que deverão efectuar os pagamentos devidos ao AI, e não directamente ao insolvente



- Designa data para realização da primeira reunião da Assembleia de Credores (Assembleia de Apreciação do Relatório), excepto se:

- Tiver sido requerida a exoneração do passivo restante pelo devedor na petição inicial

- Tiver sido determinada a manutenção do devedor na administração da massa insolvente

- For previsível que venha a ser apresentado um plano de insolvência



- Qualquer interessado pode, nesses casos, requerer a realização da Assembleia de Apreciação do Relatório

- Nas mesmas situações, os prazos que corram desde a data da realização da mencionada assembleia iniciam-se no 45º dia seguinte à data da prolação da sentença declaratória da insolvência



- A sentença declaratória da insolvência é citada/notificada ao devedor, aos seus administradores a quem tenha sido fixada residência, aos seus cinco maiores credores conhecidos com excepção do requerente, ao requerente, ao FGS, ao Ministério Pùblico e à Comissão de Trabalhadores

- Os administradores do devedor e o próprio devedor, quando não tenha sido ouvido, são notificados com as formalidades previstas para a citação



- As entidades públicas que não tenham natureza de empresa pública ou de instituição de segurança social, quando devam ser citadas enquanto credoras, são-no por carta registada

- Os restantes credores são citados por editais e anúncios, os primeiros afixados na sede ou residência e estabelecimentos do devedor, bem como no Tribunal, e o segundo no Portal Citius



- O Tribunal comunica oficiosamente a declaração da insolvência e a nomeação do AI às Conservatórias do Registo Civil e/ou Comercial, bem como a qualquer outro registo público obrigatório que seja aplicável

- A declaração de insolvência é igualmente inscrita no Registo Predial, relativamente aos imóveis que integrem a massa insolvente.



- A declaração da insolvência e a nomeação do AI são ainda oficiosamente comunicadas/inscritas:

- No Registo Informático de Execuções previsto no CPC- Na página informática do Tribunal- Ao Banco de Portugal, para inscrição na Central de Riscos

de Crédito



- A insuficiência da massa insolvente dá-se quando a mesma não seja suficiente para assegurar o pagamento das custas do processo e das dívidas previsíveis da massa insolvente, não estando tais pagamentos assegurados ou garantidos de outra forma

- Nesses casos:

- A sentença de declaração de insolvência apenas procede à identificação e fixação de residência do devedor e respectivos administradores e à nomeação do AI



- Bem como, eventualmente, à eventual participação de factos criminalmente relevantes ao Ministério Público, e/ou à abertura do incidente limitado de qualificação da insolvência

- Qualquer interessado pode, no prazo de 5 dias, requerer o «complemento de sentença», desde que deposite à ordem do Tribunal o montante determinado pelo Juiz como necessário à garantia do pagamento das custas do processo e das dívidas pevisíveis da massa insolvente, ou preste garantia idónea



- O interessado que tenha requerido o complemento de sentença pode obter o reembolso dos custos que tenha suportado por esse facto junto dos administradores do devedor que tenham omitido ou retardado a respectiva apresentação à insolvência

- Este direito de reembolso prescreve em cinco anos

- Interessado: quase sempre um credor, mas também pode ser um responsável legal



- Não sendo requerido o complemento de sentença:

- O devedor não perde os poderes de administração do seu património, nem se produzem a generalidade dos efeitos da declaração da insolvência

- O processo é declarado findo assim que a sentença transite em julgado

- O AI limita a sua actividade ao eventual incidente de qualificação da insolvência (parecer)



- Qualquer credor pode requerer novo processo de insolvência contra o devedor, mas tem que depositar à ordem do Tribunal o montante necessário à garantia do pagamento das custas e dívidas previsíveis da massa insolvente

- O processo não é encerrado por insuficiência da massa insolvente se o devedor tiver, antes da sentença, requerido a exoneração do passivo restante



- Presume-se a insuficiência da massa insolvente se os respectivos activos forem inferiores a € 5.000,00

- Se o devedor for uma sociedade comercial, será objecto de dissolução administrativa, sendo notificada/oficiada a Conservatória do Registo Comercial



- A sentença declaratória da insolvência pode ser impugnada por meio de embargos ou recurso

- Podem deduzir embargos:

- O devedor em revelia absoluta que não tenha sido citado pessoalmente

- O cônjuge, ascendentes, descendentes, afins em primeiro grau da linha recta, quando a insolvência tiver por fundamento a fuga relacionada com a falta de liquidez



- Em caso de morte do devedor na pendência do prazo para dedução de embargos pelo mesmo, o seu representante ou sucessor

- Qualquer credor, responsável legal, sócio, associado ou membro do devedor

- O prazo é de 5 dias, contados da data da notificação da sentença ao embargante (nomeadamente da notificação edital)

- Só são admissíveis se forem alegados factos ou meios de prova que não tenham sido tidos em conta pelo Tribunal



- Todas as petições de embargos formam um único apenso, suspendem a liquidação do passivo, e podem ser objecto de indeferimento liminar

- Podem ser contestadas pelo AI e «pela parte contrária» (o requerente da insolvência), no prazo de 5 dias, com indicação imediata dos meios de prova e testamunhas «a apresentar»



- O devedor e qualquer pessoas com legitimidade para deduzir embargos podem, em vez disso, recorrer da sentença, se entenderem que face aos elementos constantes no processo, a insolvência não deveria ter sido declarada

- Esse recurso também suspende a liquidação e partilha do activo

- A eventual revogação da sentença declaratória da insolvência não revoga os actos legalmente praticados pelos órgãos da insolvência (v.g. actos de gestão da massa insolvente)



- Quando a sentença indefere o pedido de declaração da insolvência:

- Só é notificada ao requerente e ao requerido- Só pode ser impugnada por meio de recurso, e apenas

pelo requerente- Se tiver sido nomeado AJP, a sentença é objecto de

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MASSA INSOLVENTE e INTERVENIENTES

- A massa insolvente é constituída por todos os bens e direitos penhoráveis do devedor, existentes à data da declaração da insolvência ou adquiridos posteriormente

- Destina-se a assegurar o pagamento das custas do processo, das dívidas da massa, bem como a satisfação dos direitos dos credores da insolvência



- Credores da Insolvência / Credores da Massa Insolvente

- Também é credor da insolvência quem beneficie de uma garantia real sobre um bem que integra a massa insolvente, ainda que o seu devedor não seja o insolvente

- Os créditos sobre a insolvência podem ser «garantidos», «privilegiados», «comuns» ou «subordinados»



- Créditos Garantidos: os que beneficiem de garantias reais, incluindo privilégios creditórios especiais, incidente(s) sobre um ou mais bens que integrem a massa insolvente

- Créditos Privilegiados: os que beneficiem de privilégios creditórios gerais

- Créditos Comuns: os que não beneficiem de qualquer garantia real ou privilégio creditório, incidente(s) sobre um ou mais bens que integrem a massa insolvente



- São Créditos Subordinados:

- Créditos detidos por «pessoas especialmente relacionadas com o devedor», ou a quem estes créditos tenham sido transmitidos nos dois anos anteriores ao início do processo de insolvência

- Juros de créditos não subordinados constituídos após a data da declaração de insolvência, excepto se abrangidos por garantia real ou privilégio creditório geral



- Créditos cuja subordinação resulte de convenção entre as partes

- Créditos referentes a prestações efectuadas pelo devedor a título gratuito

- Créditos que resultem para terceiro de má fé, por força de resuloção de um negócio em benefício da massa insolvente

- Juros de créditos subordinados constituídos após a declaração da insolvência

- Créditos por suprimentos



- São «pessoas especialmente relacionadas com o devedor»:

- Cônjuge e ex-cônjuge (ou «de facto») do devedor- Ascendentes, descendentes, e irmãos do devedor e do

seu (ex-)cônjuge- (Ex-)Cônjuges das pessoas referidas nos pontos

anteriores - Sócios, associados ou membros do devedor que

respondam legalmente pelas suas dívidas



- Entidades que estejam ou tenham estado em situação de dominio ou de grupo com o devedor, para efeitos do Código de Valores Mobiliários (art. 21º)

- Administradores de direito ou de facto do devedor- Pessoas familiarmente relacionadas com qualquer os

titulares ou administradores de pessoas colectivas que se encontrem nas posições/situações acima referidas, com o autor da sucessão, no caso da insolvência de uma herença jacente



- Relativamente a muitas destas situações, apenas de considerará que existe uma especial relação com o devedor se essa relação não tiver cessado antes do início dos dois anos anteriores ao início do processo de insolvência (Cfr. art. 49º do CIRE)



- Também há créditos sob condição, suspensiva ou resolutiva, quando dependam da verificação de factos futuros incertos, por força da lei, de negócio jurídico ou de decisão judicial

- Exemplos: - Créditos resultantes de eventual recusa de execução,

denúncia antecipada, ou resolução em benefício da massa insolvente, de negócios por parte do administrador da insolvência

- Créditos pelos quais o insolvente apenas responda subsidiariamente



- Créditos pelos quais o devedor não responda pessoalmente, enquanto não forem exigíveis (v.g. hipoteca prestada em favor de terceiro)

- São Dívidas da Massa Insolvente:

- As custas do processo de insolvência- Remuneração e despesas devidas ao AI e aos membros

da Comissão de Credores



- As dívidas emergentes da gestão, liquidação e partiha da massa insolvente, e da actuação do AI ou do AJP

- Dívidas emergentes de contratos bilaterais cujko cumprimento não possa ser recusado pelo AI e que não se reporte a período anterior ao da declaração da insolvência

- Dívidas emergentes de contratos bilaterais cujo cumprimento não seja recusado pelo AI, salvo se referente a contraprestação efectuada pela contraparte antes da declaração de insolvência, ou a período de tempo anterior a esta



- Dívidas emergentes de contratos referentes a prestações duradouras, na medida da contraprestação já efectuada pela parte contrária, cujo cumprimento tenha sido exigido pelo AJP

- Dívidas referentes a enriquecimento sem causa da massa insolvente

- Dívidas referentes a obrigações de alimentos a cargo da massa insolvente



- O AI é nomeado pelo Juiz, através das listas oficiais ou atendendo a indicação do requerente, devedor, ou Comissão de Credores, «cabendo preferência» ao AJP eventualmente em funções

- Art. 52º, n.º 4 (CIRE): «Caso o processo de recrutamento assuma grande complexidade», o Juiz pode, a requerimento fundamentado de qualquer interessado, nomear mais do que um AI

- Nessa situação, o credor requerente fica responsável pelo pagamento do AI adicional que requereu, se a massa insolvente não tiver recursos para o efeito



- Havendo vários AI, o AI inicialmente nomeado pelo Juiz tem «voto de desempate» (Art. 52º, n.º 5, do CIRE)

- O AI nomeado pelo Juiz pode ser substituído por outro, por meio de deliberação da Assembleia de Credores (AC), desde que previamente à votação seja junta aos autos documento comprovativo da aceitação do AI proposto

- A deliberação deve estipular a remuneração ao AI, e ser aprovada pela maioria dos votos e dos votantes, não sendo consideradas as abstenções



- O AI assim eleito pela AC não tem que estar inscrito nas listas oficiais, desde que tal encontre fundamento na especial dimensão e/ou complexidade da empresa compreendida da massa insolvente, ou no ramo de actividade desenvolvido pela mesma

- O Juiz só pode recusar a nomeação ao AI eleito pela AC em caso de inidoneidade, manifesto excesso na remuneração atribuída, ou por falta de fundamento para a escolha de uma pessoa não inscrita nas listas oficiais



- O AI inicia as suas funções assim que é nomeado:

- Preparar o pagamento das dívidas do insolvente, com recurso aos activos da massa insolvente

- Gerir e fazer frutificar esses activos e continuar a exploração da empresa



- O AI pode substabelecer a prática de determinados actos concretos noutro AI que esteja inscrito nas listas oficiais, sob sua responsabilidade desde que assegure a respectiva remuneração

- O AI pode ser coadjuvado por técnicos ou outros auxiliares, sob sua responsabilidade, incluindo o próprio devedor, mediante prévia autorização da Comissão de Credores ou do Juiz



- O AI pode contratar a termo certo ou incerto os trabalhadores necessários à liquidação da massa insolvente ou à continuação da exploração da empresa

- Esses contratos de trabalho caducam com o encerramento definitivo do processo ou do estabelecimento onde os trabalhadores prestam serviço, ou ainda, salvo convenção em contrário, com a transmissão desse estabelecimento



- O AI exerce as suas funções com a colaboração e sob a fiscalização da CC, a quem deve prestar, bem como ao Juiz, todas as informações necessárias

- O AI pode requerer ao Juiz que ordene a notificação de quaisquer entidades públicas ou instituições de crédito para, com base nos respectivos registos, prestarem as informações necessárias, a que o AI não tenha acesso directamente



- O Juiz pode destituir o AI, por justa causa, ouvida a CC, o devedor e o próprio AI, devendo em princípio seguir eventual indicação que tenha resultado de deliberação aprovada pela AC (nos termos do art. 53º do CIRE)

- A nomeação e substituição do AI são objecto de registo e publicidade



- Além da CC, o Juiz também fiscaliza o AI, pode exigir-lhe informações e/ou a apresentação de relatórios sobre a actividade desenvolvida e o estado da administração e liquidação da massa insolvente

- O AI responde civilmente pelos danos causados ao devedor e aos credores da insolvência pela inobservância culposa dos seus deveres, à luz do critério de um «AI criterioso e ordenado» (art. 59º, n.º1, do CIRE)



- O AI responde ainda civilmente perante os credores da insolvência, se a massa insolvente for insuficiente para pagar os seus créditos que resultem de actos praticados pelo AI, salvo em caso de imprevisibilidade da insolvência da massa, tendo em conta os factos/circunstâncias conhecidos pelo AI, bem como aqueles que o mesmo não devia ignorar



- O AI responde solidariamente com os seus auxiliares pelos danos que os mesmos causarem com actos ou omissões, salvo se demonstrar que não houve culpa da sua parte ou que, mesmo com a diligência devida, não se teriam evitado os danos

- O AI só responde por actos/omissões posteriores à sua nomeação, e tal responsabilidade prescreve no prazo de dois anos a contar da data em que o lesado teve conhecimento do seu direito, e nunca depois de dois anos passados sobre a cessação de funções do AI no processo em causa



- O AI nomeado pelo Juiz tem direito à remuneração prevista no seu Estatuto e ao reembolso das despesas razoavelmente consideradas úteis ou indispensáveis

- Quando eleito pela AC, a sua remuneração é a prevista na deliberação da AC

- O AI que não tenha concordado previamente com a remuneração atribuída pela AC para elaboração de plano de insolvência, continuação da gestão da empresa ou fiscalização do plano de insolvência pode renunciar ao exercício do cargo, se o fizer na própria reunião da AC em que a deliberação seja tomada



- O AI tem o dever de arquivar todos os documentos/elementos referentes ao processo e à liquidação da massa insolvente, e a juntar ao processo um documento informativo sucinto, visado pela CC, sobre o estado da liquidação e administração da massa insolvente

- O AI deve apresentar contas no prazo de 10 dias contados da cessação das suas funções, podendo o prazo ser prorrogado por despacho judicial



- O Juiz pode igualmente exigir ao AI a prestação de contas no prazo de 15 dias (ou mais), em qualquer momento, oficiosamente ou a pedido da CC ou de AC

- As contas são prestadas por meio de conta corrente, com resumo

de toda a receita e despesa, acompanhada de todos os documentos comprovativos, devidamente numerados, indicando-se em cada verba os documentos que a compõem



- Se o AI não prestar contas no prazo devido, deve o Juiz tomar providências, podendo, ouvida a CC, encarregar terceiro idóneo de elaborar e apresentar as contas

- As contas são objecto de parecer da CC, podendo também o devedor, credores e o MP pronunciar-se sobre as mesmas

- O Juiz pode ordenar a produção de prova que considere necessária antes de decidir sobre a aprovação ou não das contas



- As contas da administração da massa insolvente não se confundem com a obrigação de elaborar e depositar anualmente as contas do devedor, nos termos que lhe sejam legalmente aplicáveis

- Esta obrigação subsiste na esfera do devedor e dos seus legais representantes, que se mantêm obrigados ao cumprimento das obrigações fiscais (art. 65º, n.º 2, do CIRE)



- Com o encerramento do estabelecimento, deliberado pela AC na assembleia de apreciação do relatório, extinguem-se todas as obrigações declarativas e fiscais, devendo o Tribunal oficiosamente oficiar a AT, para efeitos de cessação de actividade

- Na falta dessa deliberação, a obrigações fiscais passam a ser responsabilidade «daquele a quem a administração do insolvente tenha sido cometida e enquanto esta durar» (art. 65º, n.º 4, do CIRE)



- As responsabilidades fiscais que se constiturem entre a data da declaração da insolvência e a da deliberação da AC no sentido do encerramento do estabelecimento cabem àquele a quem «tiver sido conferida a administração da insolvência(...)» (Cfr. art. 65º, n.º 5, do CIRE).



- Comissão de Credores (CC): Nomeada pelo Juiz antes da primeira Assembleia de Credores (regra geral, na sentença declaratória da insolvência)

- Três ou cinco membros efectivos, e dois suplentes

- Presidente será em princípio o maior credor, e devem estar representadas as várias classes de credores, com excepção dos credores subordinados



- O Juiz pode não nomear CC, em caso de simplicidade do processo (exiguidade da massa insolvente, reduzido número de credores, ou simplicidade da liquidação)

- Um dos membros da CC deve ser um representante dos trabalhadores da empresa, escolhido pelos próprios ou pela Comissão de Trabalhadores, quando exista



- Os membros da CC podem ser pessoas colectivas, desde que representadas por pessoa singular devidamente mandatada ou credenciada

- O Estado e a Segurança Social só podem integrar a CC mediante despacho Governamental de autorização, com designação do respectivo representante



- A AC pode prescindir da existência da CC, substituir membro(s) da CC, eleger dois membros adicionais, criar uma CC com 3, 5 ou 7 membros se o Juiz não a tiver nomeado, designar o presidente da CC, tudo sem necessidade de justa causa

- A AC não tem que respeitar os mesmos critérios a que o Juiz está vinculado na determinação da composição da CC, com excepção da obrigatoriedade de a CC integrar um representante dos trabalhadores

- Os membros da CC eleitos pela AC não têm que ser credores



- À CC incumbe fiscalizar o AI e prestar-lhe colaboração, tendo acesso à contabilidade do devedor e podendo pedir ao AI todas as informações e elementos necessários

- A CC reúne quando convocada pelo respectivo presidente ou por dois dos seus membros

- A CC só pode reunir se estiverem presentes a maioria dos seus membros, o voto é «por cabeça» e o presidente tem «voto de qualidade» em caso de empate



- O voto escrito é admitido se todos os membros da Comissão nele tiverem acordado previamente

- O presidente comunica ao Tribunal todas as deliberações da CC, mas destas não cabe reclamação para o Juiz

- Os membros da CC respondem perante os credores da insolvência pelo incumprimento culposo dos seus deveres

- Os membros da CC não são remunerados, tendo apenas direito ao reembolso das despesas estritamente necessárias ao exercício das suas funções



- Têm o direito de participar na Assembleia de Credores (AC) todos os credores da insolvência, bem como os condevedores solidários ou garantes do insolvente que não possam reclamar na insolvência, sob condição suspensiva, o seu crédito respeitante ao pagamento da dívida em causa, por o mesmo já ter sido reclamado pelo credor (Cfr. art. 95º, n.º 2, do CIRE)

- Os credores podem fazer-se representar por mandatário com poderes especiais para o efeito



- Se necessário, o Juiz pode limitar a participação na AC a credores titulares de créditos de determinado montante, nunca superior a € 10.000,00 (dez mil euros)

- Nesse caso, os credores titulares de créditos de montante inferior podem fazer-se representar por outro credor que possa participar na AC, ou designar representante comum com outro(s) credor(es) na mesma situação, de modo os respectivos créditos conjuntamente perfaçam o valor mínimo estipulado pelo Juiz



- O AI, os membros da CC, o devedor e seus administradores têm o direito e o dever de participar na AC

- O MP e até três representantes dos trabalhadores, designados pelos próprios ou pela Comissão de Trabalhadores, têm o direito de participar na AC

- Os votos são atribuídos na proporção de cada crédito (cada euro ou fracção = 1 voto)



- Isto se os créditos já estiverem definitivamente reconhecidos na sentença de verificação e graudação de créditos ou, caso esta ainda não tenha sido proferida, tenham sido reclamados e não impugnados, mesmo que o tenham sido apenas e só para efeitos de participação na AC, no início da reunião da Assembleia de Credores

- Aos créditos sob condição suspensiva, impugnados, ou subordinados, podem ser atribuídos votos pelo Juiz, a pedido dos interessados, atendendo ao grau de probabilidade da sua atendibilidade (Cfr. art. 72º, n.º 2. e 73º, n.º 2 e n.º 4, do CIRE)



- Essa atribuição de votos depende de requerimento do interessado, não cabendo recurso da decisão do Juiz, nem sendo a incorrecção dos votos atribuídos fundamento para futura impugnação das deliberações tomadas na AC

- Os créditos referentes a garantias reais respeitantes a dívidas pelas quais o insolvente não responda pessoalmente têm como limite, para efeito de atribuição de votos, o valor do bem que constitui a garantia (v.g. do imóvel hipotecado a favor de terceiro)



- A AC é presidida pelo Juiz

- É convocada pelo Juiz, oficiosamente ou a pedido do AI, da CC, ou de credores que representem pelo menos 20% dos créditos não subordinados

- Em princípio(?), os créditos subordinados apenas votam nas deliberações referentes à aprovação do plano de insolvência



- A convocação da AC é efectuada com a antecedência mínima de 10 dias, sendo objecto de publicidade

- Os cinco maiores credores, o devedor e seus administradores, e a comissão de trabalhadores, são notificados por carta registada

- As convocatórias, editais e anúncios devem identificar o processo, o devedor e a sua sede ou residência, fazer advertências legais sobre o regime da reclamação de créditos e particpação na Assembleia (Cfr. art. 75º, n.º 4, do CIRE)



- O Juiz pode suspender os trabalhos da AC pelo prazo de 15 dias

- Salvo estipulação em contrário, as deliberações da AC são tomadas por maioria dos votos emitidos, desconsiderando as abstenções, independentemente da proporção dos credores e créditos presentes ou representados

- O AI ou qualquer credor com direito de voto pode, mas apenas na própria Assembleia, reclamar para o Juiz contra uma deliberação da AC que seja «contrária ao interesse comum dos credores»



- Qualquer credor que tenha votado a deliberação pode recorrer do despacho do Juiz que defira esta reclamação, mas do respectivo indeferimento apenas pode recorrer o reclamante

- O AI deve prestar à AC todas as informações e esclarecimentos que lhe sejam solicitados

- Todas as deliberações da CC são susceptíveis de revogação por parte da AC

- A AC pode, por deliberação, substituir-se à CC na autorização da prática de actos para os quais a lei exiga o acordo da CC


EFEITOS DA DECLARAÇÃO DA INSOLVÊNCIA

- O devedor e seus administradores ficam privados do poder de administração dos bens/activos que compõem a massa insolvente e respectivos frutos, presentes ou futuros, sendo substituídos nessa administração pelo AI

- Não são aplicáveis ao AI limitações ao poder de disposição do devedor, estabelecidas por lei, decisão judicial ou administrativa, que apenas sejam em favor de determinadas pessoas (direito de preferência?)



- O AI assume a representação do devedor para todos os aspectos de carácter patrimonial que interessem à insolvência, salvo no que diz respeito à sua participação no próprio processo de insolvência e respectivos apensos

- São ineficazes os actos de gestão/alienação indevidamente praticados pelo insolvente, não respondendo a massa insolvente pelo que nessas condições lhe tenha sido prestado por terceiros, excepto no que se refere ao seu eventual enriquecimento sem causa



- Excepcionam-se deste regime os actos/contratos onerosos praticados por terceiro de boa fé, anteriormente ao registo da sentença (Registo Civil, Comercial, Predial, etc.), e não sejam susceptíveis de resolução incondicional, pelo AI, em benefício da massa insolvente

- Os órgãos sociais do insolvente mantêm-se em funções, mas sem direito a remuneração, podendo renunciar aos cargos assim que procedam ao depósito das contas do insolvente com referência à data da decisão de liquidação em processo de insolvência



- O AI tem exclusiva responsabilidade para propor e fazer seguir acções de responsabilidade contra os fundadores, membros e titulares dos órgãos sociais do devedor, nos termos gerais do CSC

- Acções de indemnização pelos prejuízos causados à generalidade dos credores pela diminuição o património integrante da massa insolvente, quer antes quer durante o processo de insolvência

- Acções contra os responsáveis legais pelo pagamento das dívidas do insolvente



- Acções contra os sócios, associados ou membros do devedor, para exigir o cumprimento de obrigações de entrada diferidas e prestações acessórias em dívida, independentemente dos prazos que hajam sido estipulados

- As acções de responsabilidade civil a instaurar contra o AI com base em prejuízos causados à generalidade dos credores por força da diminuição do património da massa insolvente apenas podem ser instauradas pelo AI que lhe suceda (art. 82º, n.º 5, do CIRE)



- Todas estas acções judiciais correm por apenso ao processo de insolvência

- O devedor é obrigado a colaborar com todos os órgãos da insolvência, e em particular com o AI, nomeadamente prestando todas as informações e elementos que lhe sejam solicitados

Deve igualmente comparecer pessoalmente no Tribunal, sempre que convocado pelo Juiz ou pelo AI, só se podendo fazer representar por mandatário se expressamente autorizado



- O Juiz pode ordenar a comparência do devedor faltoso sob custódia, e valorar a sua falta de colaboração em sede de qualificação da insolvência

- As mesmas regras são aplicáveis aos administradores e membros do órgão de fiscalização do devedor, aos seus trabalhadores e prestadores de serviços, bem como às pessoas que tenham desempenhado esses cargos ou funções nos dois anos anteriores ao início do processo de insolvência



- Em caso de necessidade, pode o AI, com o acordo da CC ou da AC, atribuir alimentos, a cargo da massa insolvente, ao devedor, ou a credores titulares de créditos de natureza laboral, neste caso tendo como limite o valor desses créditos e deduzindo os correspondentes subsídios

- O AI pode, havendo justo motivo, fazer cessar o pagamento dos alimentos

- Caso o insolvente esteja obrigado a prestar alimentos a terceiro, o AI deve ter esse valor em conta na estipulação dos alimentos a prestar ao insolvente pela massa



- Todas as acções referentes a bens compreendidos na massa insolvente, intentadas contra o devedor ou mesmo contra terceiros, bem como todas as acções de natureza exlcusivamente patrimonial intentadas pelo devedor, são apensadas ao processo de insolvência a requerimento do AI, se este o considerar conveniente para as finalidades do processo de insolvência

- O Juiz requisita oficiosamente a apensação de todos os processos onde hajam sido apreendidos bens integrantes da massa insolvente



- O AI substitui o insolvente em todas estas acções judiciais, independentemente da respectiva apensação ou não ao processo de insolvência, ou do acordo da parte contrária

- A requerimento do AI, podem ainda ser apensados ao processo de insolvência os processos onde tenha sido declarada a insolvência de responsáveis legais pelas dívidas do insolvente, ou do respectivo cônjuge, se o regime de bens não for o da separação



- O mesmo sucede relativamente a processos onde tenha sido declarada a insolvência de sociedades comerciais que sejam dominadas pela sociedade insolvente ou que com ela se encontrem em relação de grupo, nos termos do CSC

- Se um dos processos de insolvência correr em Tribunal de Competência Especializada (Tribunal de Comércio) e ou outro em Tribunal de Competência Genérica, a apensação só ocorre se for requerida pelo AI do processo de insolvência pendente no Tribunal de Competência Especializada



- Salvo tratado internacional aplicável em sentido contrário, fica suspensa a eficácia das convenções arbitrais em que o insolvente seja parte, sem prejuízo do prosseguimento dos processos já em curso

- Todas as acções executivas ou providências cautelares que possam atingir os bens integrantes da massa insolvente, que estejam pendentes contra o insolvente são suspensas quanto ao mesmo, sem prejuízo do respectivo prosseguimento contra as restantes partes passivas



- Não é possível a instauração de novas acções executivas contra o devedor

- Quando o processo de insolvência seja encerrado após a realização do rateio final ou por insuficiência da massa insolvente, as execuções que hajam sido suspensas extinguem-se quanto ao insolvente, excepto para efeitos de eventual reversão caso sejam execuções fiscais

- O AI deve comunicar o encerramento do processo de insolvência, nessas circunstâncias, aos Agentes de Execução ou ao Tribunal (e eventual à AT, no caso de execuções fiscais)



- Durante os três meses seguintes à declaração da insolvência não podem ser instauradas acções para cobrança das dívidas da massa insolvente

- Com excepção das execuções fiscais, todas as acções e execuções referentes a dívidas da massa insolvente correm por apenso ao processo de insolvência



- Com a declaração da insolvência, vencem-se todas as obrigações do insolvente que não estejam subordinadas a uma condição suspensiva, e os credores ficam inibidos de exercer os seus direitos por outros meios que não o processo de insolvência enquanto este durar

- As obrigações ainda não exigiveis sobre as quais não se vençam juros remuneratórios, ou sobre as quais se vencessem juros remuneratórios inferiores à taxa legal (de juros moratórios?):



- As obrigações ainda não exigiveis sobre as quais não se vençam juros remuneratórios, ou sobre as quais se vencessem juros remuneratórios inferiores à taxa legal (de juros moratórios?), são reduzidas para o montante de capital que, se acrescido de juros calculados a uma taxa correspondente à diferença entre a taxa devida e a taxa legal, e com referência ao período de antecipação do vencimento da obrigação, corresponderia ao valor da obrigação em causa.



- Tratando-se de obrigação fraccionada, esta regra aplica-se a cada uma das prestações ainda não exigiveis, nas respectivas datas de vencimento

- Isto sucede ainda que exista perda do benefício do prazo por parte do insolvente, ao abrigo do disposto no art. 780º do Código Civil

- A sub-rogação do insolvente nos direitos do credor por força do pagamento de dívida de terceiro, ou o exercício do direito de regresso, sofrem o mesmo tipo de actualização/redução (?)



- Os planos de regularização de dívidas fiscais ou perante a Segurança Social consideram-se incumpridos, sendo os créditos destas entidades exigíveis nos termos dos diplomas legais aplicáveis (CPPT)

- Só podem ser exigidos alimentos à massa insolvente por terceiros, com referência a períodos posteriores à declaração de insolvência, se nenhuma das pessoas obrigadas a prestá-los nos termos do CC estiver em condições de o fazer



- Os créditos sujeitos a condição resolutiva são tratados como incondicionados até que a condição eventualmente se preencha, sem prejuízo do dever de restituição do recebido caso isso venha a suceder

- O Credor pode reclamar o seu crédito pela totalidade a todos os condevedores solidários ou garantes, sem prejuízo de não poder receber um total superior ao valor do crédito

- O crédito a reclamar sobre um condevedor pelo pagamento da totalidade de uma dívida solidária só pode ser reclamado no respectivo processo de insolvência, como crédito sujeito a condição suspensiva, se o credor não o fizer (art. 95º, n.º 2, do CIRE)



- Os créditos não pecuniários são reclamados/atendidos pelo seu «valor em euros estimável à data da declaração da insolvência»

- O mesmo sucede com os créditos pecuniários não determinados/quantificados (créditos ilíquidos)

- Os créditos em moeda estrangeira são convertidos em euros ao câmbio em vigor à data da declaração da insolvência no local do respectivo pagamento

- Os créditos não pecuniários ou em moeda estrangeira ficam «definitvamente convertidos em euros assim que reconhecidos»



- Extinguem-se com a declaração da insolvência:

- Privilégios creditórios gerais do Estado, Instituições de Segurança Social e Autarquias Locais, respeitantes a créditos constituídos mais de 12 meses antes do início do processo de insolvência

- Privilégios creditórios especiais das mesmas entidades, respeitantes a créditos vencidos mais do que 12 meses antes do início do processo de insolvência

- As hipotecas legais a favor das mesmas entidades, cujo registo haja sido requerido nos dois meses anteriores à data do início do processo de insolvência



- Garantias reais que não sejam independentes de registo e incidam sobre bens sujeitos a registo, cujo registo não tenha sido efectuado ou pelo menos requerido à data da declaração da insolvência

- Garantias reais respeitantes a créditos subordinados (?)



- Com a declaração da insolvência deixa de ser admissível o registo de hipotecas legais sobre bens que integrem a massa insolvente, mesmo após o encerramento do processo, excepto se:

- O pedido de registo tenha sido apresentado antes da declaração da insolvência; ou

- O pedido de registo tenha sido apresentado até dois meses antes da declaração da insolvência, no caso de hipotecas legais requeridas pelo Estado, instituições de Segurança Social ou Autarquias Locais



- Os créditos não subordinados do credor requerente da insolvência beneficiam de privilégio creditório geral incidente sobre os bens móveis integrantes da massa insolvente, relativamente a 25% do seu montante, até ao limite de 500 UC

- Se houver mais do que um processo de insolvência pendente, o privilégio é atribuído ao credor requerente do processo mais antigo, mesmo que a insolvência tenha sido declarada num processo instaurado subsequentemente



- O requerente de um processo de insolvência que tenha sido suspenso em virtude da posterior apresentação à insolvência de ambos os cônjuges em regime de coligação também vê o seu privilégio creditório salvaguardado, e a incidir sobre os bens móveis próprios e sobre os bens móveis da meação do cônjuge apresentante (?)



- Compensação entre créditos sobre a insolvência e dívidas à massa, só é possível se, alternativamente:

- Ser o preenchimento dos pressupostos da compensação anterior à data da declaração da insolvência

- Ter o crédito sobre a insolvência preenchido os requisitos da compensação antes do contra-crédito da massa (?)



- Para efeitos de compensação, não relevam:

- A perda do benefício do prazo (art. 870º do CC)- O vencimento antecipado e conversão em euros (arts. 91º,

n.º 1, e 96º do CIRE) - A compensação pode ter lugar entre créditos em divisas ou

unidades de cálculo distintas, desde que a respectiva conversão recíproca seja livre no local do pagamento do contra-crédito, sendo essa conversão feita à cotação em vigor nesse lugar à data da produção de efeitos da compensação



- A compensação não é admissível:

- Se o crédito da massa for posterior à declaração da insolvência (v.g. em consequência da resolução de um negócio em benefício da massa insolvente)

- Se o credor da insolvência tiver adquirido o crédito sobre a massa a terceiro, após a declaração da insolvência

- Com dívidas do insolvente pelas quais a massa não seja responsável

- Entre dívidas da massa e créditos subordinados



- A partir da declaração da insolvência e durante todo o processo, ficam suspensos os prazos de prescrição e caducidade dos créditos sobre a insolvência

- Ressalvam-se, a todos os efeitos da insolvência sobre os créditos previstos no CIRE, eventuais disposições em contrário do CVM referentes a sistemas de liquidação (art. 283º e segs.).



- Regra geral, os contratos bilaterais que, até à data da declaração da insolvência não tenham ainda sido integralmente cumpridos nem pelo insolvente nem pela contraparte ficam suspensos, até que o AI se decida e pronuncie pela execução do contrato ou pela recusa do seu cumprimento

- A contraparte pode fixar ao AI um prazo razoável para se pronunciar, findo o qual, na falta de resposta, se tem o cumprimento do contrato por recusado pelo AI



- Recusado o cumprimento do contrato:

- Eventual direito da contraparte à separação da coisa objecto do contrato da massa insolvente, se for o caso

- Nenhuma das partes tem direito à restituição do que já prestou

- A massa insolvente pode exigir à contraparte o correspondente à prestação já efectuada pelo insolvente que ainda esteja em falta



- A contraparte pode exigir, como crédito sobre a insolvência, a diferença a seu favor que eventualmente exista entre a parte da prestação incumprida pelo insolvente e a parte da prestação também não realizada pela contraparte

- O valor do eventual direito da contraparte à indemnização por prejuízos emergentes do incumprimento do contrato corresponde apenas à diferença entre os valores indicados nos dois pontos anteriores, e constitui crédito sobre a insolvência



- Quer o insolvente quer a contraparte pode declarar a compensação destes créditos recíprocos

- A opção pela execução do contrato é abusiva se o cumprimento pontual das obrigações inerentes por parte da massa insolvente for manifestamente improvável



- Prestações Indivisíveis: contrato que imponha à contraparte uma prestação infungível ou que consista na entrega de várias coisas de difícil substituição, ligadas por uma conexão funcional (v.g. componentes)

- Se o AI recusar o cumprimento do contrato:

- A massa insolvente pode exigir à contraparte a devolução do que lhe tenha sido prestado pelo insolvente, na medida do seu enriquecimento à data da declaração da insolvência



- A contraparte pode exigir, como crédito sobre a insolvência, a eventual diferença a seu favor entre os valores da totalidade das prestações contratuais (?)

- A contraparte tem ainda direito, como credor da insolvência, com referência ao que tiver prestado até à declaração da insolvência:

- Ao reembolso do custo que teve com a realização da prestação, se esta for infungível; ou

- À restituição do que tiver prestado, se a prestação for fungível



- A contraparte pode porém, unilateralmente e em alternativa, cumprir a parte restante da sua prestação, reclamando como crédito sobre a insolvência o remanescente da prestação do devedor

- Se o AI não recusar o cumprimento, o remanescente da prestação do insolvente constitui crédito sobre a massa, mas apenas na parte que exceda o valor do reembolso do custo da prestação infungível ou da restituição da prestação fungível efectuada antes da declaração da insolvência, constituindo a parte restante crédito sobre a insolvência



- Quando a prestação indivisível caiba ao insolvente:

- A massa insolvente não tem direito de exigir a restituição da prestação infungível realizada antes da declaração da insolvência

- A massa insolvente tem direito a exigir essa restituição, quando a prestação seja fungível

- Se o AI não recusar o cumprimento do contrato, o direito da contraparte ao remanescente da prestação do devedor constitui crédito sobre a massa



- Se a prestação infungível se desdobrar em parcelas autonómas, esteja ou não a cargo do devedor, este regime apenas se aplica às prestações infungíveis ainda não efectuadas, repartindo-se a contraprestação entre cada uma dessas parcelas pela forma apropriada (proporcional)



- Venda com reserva de propriedade e «operações semelhantes»:

- Quando o vendedor seja o insolvente:

- A contraparte pode exigir o cumprimento do contrato se a coisa já lhe tiver sido entregue à data da declaração da insolvência

- Esta regra é aplicável igualmente à locação financeira, e à locação comum onde se estabeleça que o locado passa a ser propriedade do locatário quando todas as rendas estejam satisfeitas



- Se o insolvente for o comprador ou locatário:

- Quando a coisa já esteja na posse do insolvente, não pode ser fixado ao AI prazo para se pronunciar sobre a execução ou recusa do cumprimento do contrato que termine antes de passados cinco dias sobre a realização da Assembleia de Apreciação do Relatório

- Excepto se a coisa for perecível ou susceptível de considerável desvalorização nesse período e a contraparte expressamente advertir disso o AI



- A cláusula de reserva de propriedade só é oponível à massa insolvente quando tenha sido estipulada por escrito antes da entrega da coisa

- Quando o AI recuse o cumprimento do contrato:

- Aplicam-se as regras gerais (art. 102º, n.º 3, do CIRE), considerando-se que o direito da contraparte, como crédito sobre a insolvência, ao remanescente da prestação do devedor:



- Quando a contraparte seja o vendedor/locador, corresponde à diferença, se positiva, entre o valor das prestações/rendas em falta, actualizadas para a data da declaração de insolvência (Cfr. art. 91º, n.º 2, do CIRE) e o valor da coisa à data da recusa de cumprimento do contrato

- Quando a contraparte seja o comprador/locatário, o inverso



- Venda sem entrega (sem prejuízo do regime das operações a prazo): Dá-se nos casos em que a propriedade já se tiver transmitido, mas o vendedor ainda não tiver entregue o bem ao comprador

- Se o insolvente for o vendedor, o AI não pode recusar o cumprimento do contrato

- Se o insolvente for o comprador, a recusa de cumprimento por parte do AI segue o regime previsto para a venda com reserva de propriedade/locação financeira e operações similares



- Este regime é aplicável não só à transmissão da propriedade, como também à de outros direitos reais de gozo (v.g. direito de superfície)

- Contrato promessa:

- No caso de insolvência do promitente vendedor, o AI não pode recusar o cumprimento, caso o contrato promessa tenha eficácia real e já tiver havido tradição da coisa

- Este regime também se aplica à promessa de transmissão de direitos reais de gozo que não a propriedade



- Operações a Prazo: Entrega de mercadorias ou prestações financeiras que tenham um preço de mercado e que tenham que ser efectuadas em determinada data ou prazo, e esse momento ocorrer depois de declarada a insolvência

- A execução do contrato não pode ser exigida por nenhuma das partes

- Uma das partes terá apenas direito à diferença que resultar, a seu favor, entre o preço ajustado e o preço de mercado do bem ou prestação financeira em questão à data do 2º dia posterior ao da declaração da insolvência



- Se o devedor for o insolvente, essa dívida constitui crédito sobre a insolvência

- O vendedor deverá restituir sempre o que lhe tiver sido pago, podendo compensar essa obrigação com o valor de que eventualmente seja devedor nos termos dos pontos anteriores

- Se o vendedor for o insolvente, esta obrigação de restituição constitui crédito sobre o insolvência

- Exemplos: valores mobiliários, metais preciosos, pagamentos indexados a taxas de juro ou de câmbio, etc.



- Se um conjunto de operações dete tipo constituir contrato quadro que deva ser tratado como um todo unitário, o conjunto dos negócios em questão considera-se um contrato bilateral, para efeitos do disposto no art. 102º do CIRE (regra geral)

- Às operações a prazo não previstas neste regime (art. 107º, n.º 1 do CIRE), aplica-se o regime de cálculo da compensação pela recusa de cumprimento do contrato previsto para venda com reserva de propriedade e operações similares (art. 104º, n.º 5, do CIRE)



- Locação em que o locatário é o insolvente:

- A declaração de insolvência não suspende o contrato, mas o AI pode denunciá-lo a todo o tempo, com pré-aviso de 60 dias, ou inferior se o contrato o permitir

- Quando o locado seja a habitação do insolvente, o AI apenas pode declarar que crédito referente ao pagamento das rendas vencidas a partir do 60º dia subsequente a essa declaração, não será exercível no processo de insolvência



- Nesse caso, além das próprias rendas, o senhorio pode exigir como crédito sobre a insolvência uma indemnização com os encargos que tenha tido com o despejo por falta de pagamento das referidas rendas, até ao limite máximo de um trimestre de renda

- Quando o AI proceda à denúncia de um contrato de arrendamento, o senhorio pode exigir, como crédito sobre a insolvência, o valor das rendas vincendas entre a data de produção de efeitos da denúncia e o termo da duração do contrato de arrendamento, ou o momento mais próximo em que, nos termos contratuais, o insolvente pudesse denunciar o contrato regularmente



- Esse crédito deve ser quantificado deduzindo os custos do locador com a sua prestação, bem como eventuais ganhos obtidos com uma aplicação alternativa do locado, com actualização de todos os valores em questão nos termos do art. 91º, n.º 2, do CIRE (antecipação do vencimento)

- Com a declaração de insolvência do locatário, o locador não pode proceder à resolução do contrato com base em falta de pagamento de rendas ou alugueres referentes a períodos posteriores à declaração da incolvência, nem em deterioração da situação financeira do locatário



- Se a coisa locada ainda não foi entregue ao locatário, tanto o locador como o AI podem resolver o contrato, ou fixar um ao outro prazo razoável para o efeito, findo o qual cessa o direito à resolução

- Locação em que o insolvente é o locador:

- A declaração de insolvência do locador não suspende o contrato, e a sua denúncia só é possível no final do prazo em curso, sem prejuízo dos casos de renovação obrigatória



- Se a coisa não tiver sido ainda entregue ao locatário, aplica-se o regime previsto para a locação em que o insolvente é o locador

- A alienação da coisa locada no processo de insolvência não afecta os direitos que a lei civil reconhece ao locatário nessas situações



- Contratos de Mandato, Comissão ou Gestão:

- Caducam com a declaração da insolvência, mesmo que o mandato tenha sido conferido no interesse do mandatário ou de terceiro, sem que o mandatário (ou o terceiro?) tenha direito a qualquer indemnização pelo dano sofrido

- O mandato mantém-se, no entanto, caso seja necessária a prática de actos urgentes por parte do mandatário para evitar prejuízos previsíveis para a massa insolvente, até o que AI tome as providências necessárias, ou enquanto o mandatário desconhecer, sem culpa, a caducidade do mandato



- A remuneração e reembolso de despesas do mandatário corresponde a dívida da massa insolvente, na hipótese de prática de actos urgentes, e crédito sobre a insolvência, na hipótese de desconhecimento da caducidade do mandato

- Este regime é aplicável a qualquer tipo de contrato que implique gestão patrimonial com autonomia, designadamente gestão de carteiras e/ou de património



- Outras prestações de serviços de carácter duradouro prestados no interesse do insolvente:

- O contrato não se suspende, podendo ser denunciado por qualquer das partes nos termos previstos para a locação em que o insolvente é o locatário (art. 108º, n.º 1, do CIRE)

- Só há direito à indemnização dos danos causados se for o AI a proceder à denúncia antecipada do contrato, constituindo a mesma crédito sobre a insolvência, e sendo calculada nos termos do art. 108º, n.º 3, do CIRE)



- Procurações: Com excepção dos casos de manutenção do mandato, caducam todas as procurações referentes ao património que integra a massa insolvente, ainda que conferidas no interesse do procurador ou de terceiro

- Aos actos abusivamente praticados pelo procurador é aplicável o regime da ineficácia dos actos abusivamente praticados pelo devedor insolvente, mas o mandatário só responde perante terceiros pelos danos causados se tiver agido com culpa (nomeadamente com conhecimento da caducidade do mandato)



- Insolvência do Trabalhador:

- Não suspende o contrato de trabalho- O ressarcimento dos prejuízos causados pela violação

dos deveres contratuais apenas pode ser exigida ao próprio insolvente, e não à massa insolvente

- A prestação de serviços pelo devedor segue, em regra, o regime do contrato de trabalho, excepto se o serviço for prestado em benefício de uma empresa de que o insolvente seja titular e tiver natureza infungível



- A prestação duradoura de um serviço pelo devedor a terceiro segue o regime da situação inversa (art. 111º do CIRE), mas apenas há lugar a indemnização pelos prejuízos causados pela cessação antecipada do contrato se a denúncia for feita pela contraparte

- Cessão e Penhor de Créditos Futuros:- Se o devedor for pessoa singular e os créditos em

questão respeitarem a salários, remuneração de prestação de serviços, subsídios correspondentes ou outras receitas similares, a eficácia do negócio fica limitada às receitas referentes ao período compreendido até 24 meses posteriores à data da declaração da insolvência



- Se os créditos forem respeitantes a rendas ou alugueres de locação que o AI não possa denunciar ou resolver, a eficácia do negócio fica limitada às rendas respeitantes a períodos compreendidos até ao final do mês subsequente ao da declaração da insolvência

- Contas Correntes: A declaração da insolvência determina a cessação imediata do contrato, e o encerramento das contas

- A associação em participação extingue-se com a insolvência do contratante associante



- O contratante associado deve entregar à massa insolvente a sua parte ainda não satisfeia nas perdas em que deva participar, conservando o direito a reclamar como crédito sobre a insolvência as prestações já realizadas que não devam ser incluídas na sua particpação nas perdas

- Agrupamento Complementar de Empresas / Agrupamento Europeu de Interesse Económico:

- Salvo estipulação distinta no contrato, o ACE e o AEIE não se extinguem por força da insolvência de um ou mais dos seus membros



- O membro que seja declarado insolvente pode no entanto exonerar-se do ACE ou AEIE

- É nula a cláusula do contrato que obrigue o membro declarado insolvente a indemnizar os restantes por danos sofridos em virtude da declaração da insolvência



- As normas que respeitam aos efeitos da declaração de insolvência sobre os negócios em curso são imperativas, sendo por isso nulas eventuais disposições contratuais em sentido diverso

- São em particular nulas as cláusulas que constituam a declaração de insolvência de uma das partes do contrato como condição resolutiva do contrato, ou fundamento para a respectiva resolução ou denúncia, ou exigência de indemnização pela parte contrária, em termos distintos dos previstos neste capítulo do CIRE

- A insolvência poderá no entanto constituir justa causa de resolução ou denúncia do contrato, atendendo à natureza e conteúdo das prestações contratuais em causa


RESOLUÇÃO EM BENEFÍCIO DA MASSA INSOLVENTE

- Arts. 120º e segs. do CIRE

- Podem ser resolvidos em benefício da massa insolvente os actos prejudiciais à mesma que tenham sido praticados nos dois anos anteriores à data do início do processo de insolvência

- São prejudiciais à massa insolvente os actos que diminuam, frustem, dificultem, ponham em perigo, o pagamento aos credores da insolvência



- Presumem-se inilidivelmente prejudiciais à massa insolvente os actos susceptíveis de ser objecto de resolução incondicional, independentemente do momento/data em que tenham sido praticados

- Quando a resolução não seja incondicional, será necessário demonstrar a má fé do terceiro/adquirente a qual se presume ilidivelmente:

- Quanto a actos praticados durante os dois anos anteriores ao início do processo de insolvência



- Ou ainda quando tenha participado no acto/negócio a resolver, ou dele tenha beneficiado, pessoa especialmente relacionada com o insolvente, mesmo que essa relação não existisse ainda à data da prática do acto/celebração do negócio

- A má fé traduz-se no conhecimento, à data do acto/negócio, da situação de insolvência do devedor, efectiva ou iminente, do carácter prejudicial do acto/negócio, ou do início do processo de insolvência



- São insusceptíveis de resolução em benefício da massa insolvente os negócios praticados no âmbito de um PER, providência de recuperação ou saneamento, ou de outro processo ou procedimento de natureza equivalente, cuja finalidade seja dotar o devedor de recursos financeiros necessários à viabilização da sua recuperação



- Resolução incondicional (Art. 121º do CIRE):

- Estes actos são susceptíveis de resolução em benefício da massa insolvente, sem quaisquer outros requisitos, designadamente a demonstração efectiva da sua prejudicialidade efectiva para a massa ou da má fé do terceiro/adquirente, sem prejuízo de norma excepcional em sentido contrário



- Não podem ser objecto de resolução em benefício da massa insolvente actos compreendidos no âmbito de um sistema de pagamentos (Al. a) do art. 2º da Directiva n.º 98/26/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Maio)

- A resolução pode ser declarada pelo AI, por meio de carta registada com AR ou da instauração de acção judicial, nos seis meses seguintes à data do seu conhecimento do acto/negócio a resolver, mas nunca depois de dois anos passados sobre a data da declaração da insolvência



- Enquanto o negócio não estiver cumprido, porém, a resolução pode sempre ser declarada enquanto excepção, sem dependência de prazo

- A oponibilidade da resolução a trasmissários subsequentes pressupõe a respectiva má fé, que terá que ser demonstrada, excepto se os mesmos forem sucessores universais ou adquirentes a título gratuito

- Aplica-se a mesma regra à constituição de outros direitos (v.g. direitos reais de gozo)



- Os interessados podem impugnar judicialmente a resolução, no prazo de três meses, propondo acção contra a massa insolvente, a qual correrá termos por apenso ao processo de insolvência

- A resolução tem efeitos retroactivos, devendo reconstituir-se a situação que existiria se o acto não tivesse sido praticado

- Se o terceiro não apresentar os bens ou valores que hajam de ser restituidos à massa aplicam-se as disposições referentes ao infiel depositário



- A restituição do objecto prestado pelo terceiro só tem lugar se o mesmo for identificável e separável dos que pertencem à massa insolvente

- Se assim não for, a obrigação de restituir o valor correspondente:

- É dívida da massa até ao valor do respectivo enriquecimento à data da declaração da insolvência

- É crédito sobre a insolvência, na parte restante



- A obrigação de restituir a cargo do adquirente a título gratuito só existe na medida do seu próprio enriquecimento, salvo em casos de má fé, real ou presumida (e não ilidida, se a presunção admitir prova em contrário)

- A resolução de um acto/negócio impede a instauração de novas acções de impugnação pauliana por parte dos credores da insolvência

- As acções de impugnação pauliana pendentes não são apensas ao processo de insolvência, ficam suspensas, e só retomam os seus termos em caso de procedência da impugnação judicial da resolução



- A acção de impugnação da resolução «terá força vinculativa (...) quanto às questões que apreciar», perante as acções de impugnação pauliana do mesmo acto/negócio, desde que não ofenda caso julgado anterior

- Em caso de procedência da acção de impugnação pauliana, os direitos do credor relativamente ao bens em questão não são afectados por limitações decorrentes de um eventual plano de insolvência ou plano de pagamentos


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DECLARAÇÃO DA INSOLVÊNCIA - Prazo de apresentação à ...solicitador.net/uploads/cms_page_media/809/M4-Apresentacao.pdf · DECLARAÇÃO DA INSOLVÊNCIA - Arts. 18º a 45º do