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EMÍLIA MANUELA ADMINISTRADORA JUDICIAL 1 ________________________________________________________________________________ RUA JORNAL CORREIO DA FEIRA, N.º 11 1º ANDAR 4520234 SANTA MARIA DA FEIRA Telef. 256 181 280 Fax 256 181 289 emails: emiliamanuela@em-insolvencias.com emilia.m.conceicao@aj.caaj.pt Proc.º de Insolvência n.º 2700/17.7 T8OAZ Insolvente: AS - INDÚSTRIA DE CALÇADO, LIMITADA Instância Central JUÍZO DE COMÉRCIO Juiz 2 OLIVEIRA DE AZEMÉIS RELATÓRIO O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE. A Nota Introdutória: Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa informativa nos seguintes locais: Rua das Pedreiras, número 186, freguesia de S. Roque, concelho de Oliveira de Azeméis, sede social da empresa. A diligência foi acompanhada pelo Sr. Miguel Ângelo Costa Tavares Oliveira, gerente da empresa, o qual informou que a mesma estava encerrada e sem laboração desde 12 de Junho de 2017. Pesquisas informativas nos serviços públicos: finanças, conservatórias e Portal MJ Publicação On-Line de Acto Societário, tendo-se solicitado as passwords de acesso ao portal das finanças e da segurança social, que, até à data, não foram fornecidas. Foram requeridas informações complementares ao Serviço de Finanças de Oliveira de Azeméis, tendo-se solicitado certidão fiscal comprovativa da (in) existência de dívidas fiscais, bem como da (in) existência de bens sujeitos a registo, elementos que, também até à data, não foram ainda rececionados.

DECLARAÇÃO DE FALÊNCIA - em-insolvencias.com · existência de um elevado volume de créditos incobráveis (em montante superior a 700.000 €) e ainda à existência de timings

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Proc.º de Insolvência n.º 2700/17.7 T8OAZ

Insolvente: AS - INDÚSTRIA DE CALÇADO, LIMITADA

Instância Central – JUÍZO DE COMÉRCIO – Juiz 2

OLIVEIRA DE AZEMÉIS

RELATÓRIO

O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do

Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas – CIRE.

A – Nota Introdutória:

Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa

informativa nos seguintes locais:

Rua das Pedreiras, número 186, freguesia de S. Roque, concelho de Oliveira de

Azeméis, sede social da empresa. A diligência foi acompanhada pelo Sr. Miguel

Ângelo Costa Tavares Oliveira, gerente da empresa, o qual informou que a

mesma estava encerrada e sem laboração desde 12 de Junho de 2017.

Pesquisas informativas nos serviços públicos: finanças, conservatórias e Portal MJ

– Publicação On-Line de Acto Societário, tendo-se solicitado as passwords de

acesso ao portal das finanças e da segurança social, que, até à data, não foram

fornecidas.

Foram requeridas informações complementares ao Serviço de Finanças de

Oliveira de Azeméis, tendo-se solicitado certidão fiscal comprovativa da (in)

existência de dívidas fiscais, bem como da (in) existência de bens sujeitos a

registo, elementos que, também até à data, não foram ainda rececionados.

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Previamente à diligência de arrolamento e apreensão de bens, foram efectuadas

pesquisas matriciais, prediais e automóveis de bens sujeitos a registo, tendo-se

constatado a existência de dez veículos automóveis na titularidade da insolvente, os quais

foram encontrados na sede da empresa e apreendidos nos termos da lei.

Por outro lado,

Aquando da diligência de arrolamento e apreensão de bens, datada de 17 de

Julho de 2017, na qual esteve presente o Sr. Miguel Ângelo Costa Tavares Oliveira,

foram prestadas as seguintes informações:

O estabelecimento industrial encontra-se encerrado e sem laboração

desde Junho de 2017;

A empresa laborou naquele local e ainda ali se encontram os seus bens,

sendo o local arrendado à empresa Imovirus - Imobiliária, S.A., por uma

renda mensal de cerca de 4.600,00 €;

Todos os trabalhadores foram despedidos e entregues as declarações

necessárias, quer para requerer o Subsídio de Desemprego quer para o

Fundo de Garantia Salarial;

A sociedade tem bens móveis e veículos na sua titularidade, conforme se

demonstra das verbas n.ºs 1 a 36 do auto de arrolamento e apreensão de

bens, os quais foram objeto de apreensão, como consta dos autos;

Na sede da empresa foram encontrados outros bens, alegadamente

pertencentes a outra empresa, tendo sido fornecida cópia da fatura de

venda (factura n.º FT 17/170040) - a venda foi efetuada em 16-06-2017, já

após o despedimento dos trabalhadores, pelo valor total de 184.672,42 €,

à empresa Imovirus - Imobiliária, Limitada, que tem sede no mesmo local -

refira-se ainda que se trata da senhoria das instalações em que laborava a

ora insolvente.

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In casu, foram efectuadas as análises e verificações contabilísticas tão exaustivas

quanto possível, atendendo à exiguidade do tempo disponível, sendo certo que apenas

pudemos analisar os documentos e elementos constantes dos autos, pelos motivos que

melhor se explicam ao deante.

Todavia, sendo a finalidade do presente Relatório, a apreciação do estado

económico-financeiro da insolvente, tendo em vista uma apreciação de continuidade ou

liquidação da empresa, os dados recolhidos permitem-nos apresentar este documento

aos credores e ao Tribunal para votação dos itens legais em apreço.

B – Identificação e situação actual da empresa insolvente:

B.1. Identificação da empresa:

Certidão permanente com o Código de Acesso n.º 3884-7612-2410

Nome: AS - INDÚSTRIA DE CALÇADO, LIMITADA

Natureza Jurídica: Sociedade por quotas

Localização e sede: Rua das Pedreiras, n.º 186

3720-740 S. ROQUE

NIF e CAE: 503 123 943 e 15201-R3, respectivamente.

Matrícula: Conservatória do Registo Comercial de Oliveira de Azeméis, com o

NIF já indicado.

Capital: 180.000,00 € (cento e oitenta mil euros)

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Sócios e quotas: MIGUEL ÂNGELO DA COSTA TAVARES OLIVEIRA, titular de uma

participação social de 90.000,00 €;

PATRÍCIA ALEXANDRA DA COSTA TAVARES OLIVEIRA, titular

de uma participação social de 90.000,00 €.

Gerência:

MIGUEL ÂNGELO DA COSTA TAVARES OLIVEIRA

Residência: Rua da Farrapa, n.º 85

3720-733 SÃO ROQUE

NIF: 223 270 156

NOTA:

- JOSÉ MIGUEL GONÇALVES MARQUES MENDES (renunciou à

gerência em 09 de Junho de 2017)

Residência: Rua de Sá da Bandeira, n.º 562 - 3º Dtº

4000-431 PORTO

NIF: 192 846 663

Objecto social: Fabricação de calçado de couro e pele.

Forma de obrigar a

sociedade:

Com a intervenção de um gerente.

Início de Actividade: 18 de Janeiro de 1994

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B.2. Situação actual da empresa:

O presente processo teve o seu inicio com o requerimento apresentado pela

própria insolvente no dia 04 de Julho de 2017, no seguimento da decisão tomada pela

gerência, tendo esta sido decretada insolvente por douta sentença proferida em 11 de

Julho de 2017, no âmbito do processo em epígrafe, sentença essa entretanto já

transitada em julgado.

Alega a Insolvente que tendo evoluído de forma positiva nos primeiros 10 anos da

sua atividade, entre 2009 e 2010 chegou a criar três marcas próprias - "Virus Moda";

"Chocotale Negro" e "Too by Virus", sempre no sentido de potenciar o seu negócio,

investindo nas suas marcas, criando os seus modelos e exportando para mercados

externos, nomeadamente para vários países europeus e ainda Canadá, Austrália, Nova

Zelândia, Japão e Estados Unidos.

Entre 2010 e 2011 a situação da requerente alterou-se, alegadamente dada a

existência de um elevado volume de créditos incobráveis (em montante superior a

700.000 €) e ainda à existência de timings de cobrança dos seus créditos bastante

dilatados (cerca de 200 dias). Estes dois factos obrigaram a empresa a recorrer a

financiamento externo, sobretudo bancário, para a manutenção da sua atividade, o que,

obviamente, originou elevados encargos financeiros e debilitou a sua situação de

tesouraria.

A partir daqui, a dependência da empresa da banca foi sempre cada vez maior,

debilitando cada vez mais a sua situação financeira.

Podemos acrescentar a estes factores, outros, comuns ao sector e já conhecidos,

nomeadamente a crise do próprio setor em que a insolvente se inseria; a concorrência

com produtos asiáticos e brasileiros, provocada pela abertura de fronteiras; a valorização

do euro face ao dolar, etc - esta conjuntura externa veio a estreitar as margens de

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comercialização, agravando a situação da empresa.

Também a crise nos mercados financeiros, à escala mundial, acabou por afetar

diretamente a insolvente pois veio a ter como consequência a redução do seu volume de

negócios nos mercados internacionais - que eram os alvos da sua produção -, agravando

também as condições de acesso ao crédito, quer para os seus clientes, quer para a

própria empresa, originando assim um novo aumento dos seus encargos fixos e, por

outro lado, uma redução drástica no consumo de bens não essenciais, afetando a

produção da AS.

Perante esta situação, a insolvente viu-se obrigada a recorrer ao SIREVE (Procº

130067/2013), o que fez em 15 de Março de 2013, tendo conseguido aprovar acordo com

os seus credores Caixa Económica Montepio Geral; Banco Popular Portugal, S.A.; Banco

BIC Português, S.A.; Barclays Bank PLC; Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, S.A.; Banco

BPI, S.A. e Norgarante - Sociedade de Garantia Mútua, S.A., acordo alcançado em 02 de

Dezembro de 2013 (junto aos autos com o requerimento de insolvência).

O procedimento SIREVE levou nove meses a ser concluido, o que segundo a

insolvente, levou a que o exercício de 2013 fosse gravemente afetado. Em 2014, entre a

insolvente e a CEMG foi assinado um "Mandato de Assessoria Financeira na Procura de

Investidores" com a empresa "Mistura Singular - Gestão de Empresas, Lda" sugerida pela

CEMG. Apesar da procura de parceiros durante o ano de 2014, só em meados de 2015 a

referida empresa iniciou um conjunto de intervenções na gestão da sociedade AS,

nomeadamente com a entrada na gerência de um não sócio - Eng. José Miguel

Gonçalves Marques Mendes.

Todavia, nenhuma destas medidas veio a resultar, pelo que este novo gerente

renunciou ao cargo em 09 de Junho de 2017. Nesta altura, a gerência da insolvente,

tomou pleno conhecimento de que sua situação era irreversível, restando-lhe como única

medida a apresentação ao presente processo.

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Por outro lado,

A insolvente já não desenvolvia qualquer actividade à data da declaração de

insolvência.

Assim, presentemente a insolvente encontra-se sem qualquer actividade

operacional e sem trabalhadores ao seu serviço, sem possibililidade de inverter a sua

situação, até porque se revela impossível o recurso ao crédito, nomeadamente o

bancário, dada a situação de incumprimento dos seus contratos anteriores.

C – Dos itens a que se refere o artigo 155º do CIRE:

Ponto um – Análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do nº 1,

do artigo 24º do CIRE:

Tanto quanto nos é dado saber, a empresa insolvente tem contabilidade

organizada e em dia, obedecendo a todas as regras do POC e do SNC e ainda às

exigências fiscais na matéria, pelo menos até ao ano de 2016, e com ressalva do

inventário de existências do ano de 2016, que não foi entregue aos responsaveis pela

contabilidade, conforme comunicação destes recebida.

Esta situação irá ser objeto de uma análise mais aprofundada, nomeadamente

para se averiguar da necessidade de abertura do incidente de qualificação da insolvência.

Não nos tendo sido prestados quaisquer esclarecimentos ou informações pelos

serviços tributários (alegando sigilo bancário como já exposto ao Tribunal e que, face ao

despacho proferido, voltamos a solicitar) nem nos tendo sido fornecidas as passwords de

acesso ao portal das finanças e da segurança social, nem os demais elementos

solicitados, vamos proceder à análise dos documentos contabilisticos juntos ao

requerimento de insolvência, a saber: IES de 2014 e 2015 e declarações de rendimentos

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dos anos de 2014, 2015 e 2016.

Anos Volume de Negócios Resultados Líquidos

2014 5.309.667,26 € 20.505,13 €

2015 5.152.912,22 € (-193.030,04 €)

2016 4.843.037,34 € (-201.817,77 €)

Verifica-se que o volume de negócios veio diminuindo, de forma gradual, ao longo

dos últimos 3 anos, tendo a sociedade apresentado resultados líquidos negativos nos

últimos 2 anos - 2015 e 2016, o que evidencia o débil estado financeiro que a sociedade

atravessava, sem possibilidade de recuperação, evidenciando-se também um aumento

exponencial dos montantes apurados a título de dívidas a terceiros nos últimos anos.

Desde logo, destaca-se:

Anos Dividas a terceiros

2014 3.982.132,94 €

2015 4.708.190,43 €

2016 Sem informação

Assim, é notório um acréscimo substancial do passivo da empresa, em

comparação com o volume de negócios e os resultados líquidos obtidos nos anos

assinalados, o que, evidentemente, manifesta o grau de dificuldade e incapacidade de

suster o sufoco financeiro que a sociedade vinha sentindo.

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Ou seja,

Contribuiu em grande medida para a situação de insolvência, não só a crise vivida

e bem evidente no sector do calçado, mas, essencialmente todos os elementos trazidos

ao processo e já acima expostos e que respeitam às razões internas da vida própria da

sociedade e da sua evolução, o que determinou a situação de insolvência que hoje

atravessa e o acumular do passivo.

Na verdade, a insolvente apresenta em 2016 um resultado líquido negativo de (-

201.817,77 €), dívidas a terceiros no ano de 2015 no montante total de 4.708.190,43 €,

para um capital social de 180.000,00 €, pelo que está, inclusive, sob a alçada do disposto

no artigo 35º do C.S.C., sendo de concluir que se encontra incondicional e

irreversivelmente em estado de insolvência.

Como se compreende, e resulta da leitura dos dados constantes do mapa acima

apresentado, os resultados líquidos acumulados, estando a empresa sem actividade, não

permitem, pelo menos em nossa opinião, qualquer inversão da situação descrita.

Assim, não resta outra alternativa que não a confirmação do seu estado de

insolvência, e o consequente encerramento definitivo do estabelecimento comercial.

*

Existem créditos indicados e/ou reclamados e provisoriamente reconhecidos no

montante global de 5.671.663,94 €, distribuídos essencialmente por credores bancários,

trabalhadores, fornecedores e credores públicos.

No que se refere aos credores públicos, as dívidas à AUTORIDADE TRIBUTÁRIA

E ADUANEIRA são no montante de 34.841,26 €, respeitantes a IRC, IRS, Coimas e

Custas, sendo que a dívida ao Instituto de Segurança Social, I.P. é no valor de

787.588,70 €, referente a quotizações e contribuições.

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Ponto dois – Análise do estado da contabilidade da devedora e opinião sobre os

documentos de prestação de contas da insolvente:

Os elementos fiscais juntos aos autos parecem estar de acordo com a realidade

da insolvente, e confirmam os dados constantes do processo, nomeadamente volume de

negócios, activo, passivo e resultados transitados dos exercícios assinalados.

Contudo, teremos ainda de ter acesso aos restantes elementos contabilisticos e

fiscais, bem como à IES de 2016 e esclarecer as dúvidas quanto ao inventártio das

existências de 2016, o que foi novamente solicitado ao gerente, por carta registada desta

data.

Analisados os documentos juntos aos autos, constatamos que o último ano de

prestação e registo comercial de contas se refere ao ano de 2015, tendo sido cumpridas

todas as obrigações declarativas fiscais da empresa até ao ano em referência. Teremos

agora de averiguar qual o estado das contas do ano de 2016 e o estado da contabilidade

do ano de 2017.

Ponto três – Indicação das perspectivas de manutenção da empresa devedora, no todo

ou em parte, e da conveniência de se aprovar um plano de insolvência:

De acordo com o acima exposto e com a percepção recolhida, e tendo em

atenção as análises efectuadas, não nos parece que a empresa tenha viabilidade

económica ou financeira.

Como já vimos acima, a empresa está de facto encerrada e sem actividade. Não

tem negócios em curso, não tem trabalhadores ao seu serviço, não tem fundo de maneio

nem possibilidade de o vir a obter, pelo que existe da parte de todos os envolvidos, a

certeza de que a empresa não reúne quaisquer condições de viabilidade.

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Assim, tendo em atenção todas as condicionantes supra referidas, e também a

situação concreta da insolvente, são nulas as possibilidades ou mesmo perspectivas de

manutenção em actividade da empresa devedora, no todo ou em parte, pelo que se nos

afigura impossível a proposta de qualquer plano de insolvência.

A única solução que nos parece adequada será a manutenção do seu

encerramento, tornando-o definitivo.

Em conclusão:

- A atividade laboral da insolvente já se encontrava encerrada à data da declaração

de insolvência e efetuado o despedimento de todos os seus trabalhadores,

segundo a informação prestada, com entrega da documentação respetiva.

- Foram detetadas alterações dos elementos patrimoniais da empresa, no último

ano, nomeadamente com a venda de imobilizado à empresa IMOVIRUS -

IMOBILIÁRIA, S.A., em 16-06-2017, com o valor global de 184.672,42 €.

Entendemos que este negócio poderá, eventualmente, vir a ser resolvido, mas

será de aguardar a resposta dos gerentes à missiva que lhes foi endereçada e em

que se solicitam diversos esclarecimento e documentos. Só após o decurso do

prazo concedido ou da análise dos elementos e documentos que vierem a ser

fornecidos, se poderá decidir (ou não) pela resolução.

- Como já indicado, faltam-nos elementos para, de imediato, concluir pela

necessidade de proceder à abertura do incidente de qualificação da insolvência,

sendo que enviamos nova missiva aos gerentes da insolvente para fornecerem

documentos imprescindíveis para esse efeito e para esclarecer diversas questões

relacionadas com a venda de imobilizado supra referida, pelo que só recolhidos

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esses esclarecimentos nos pronunciaremos para os efeitos em causa.

D – Solução Proposta:

Face ao exposto, propõe-se:

Manutenção do encerramento do estabelecimento, já que esta é uma

situação pré existente e que não é passível de ser alterada pelos

motivos supra expostos.

Proceder à liquidação do activo apreendido pelo valor de avaliação que

vier a ser obtido, e com respeito pelos itens legais na matéria.

Notificação do serviço de finanças, a efectuar pelo Tribunal, para o

encerramento oficioso, nos termos do disposto no artigo 65º, n.º 3 do

CIRE.

Esclarecimento das situações pendentes, no que tange à resolução do

negócio de venda de imobilizado e da eventual necessidade de proceder

à abertura do incidente de qualificação da insolvência.

E – Anexos juntos:

Um – Inventário;

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Dois – Lista provisória de créditos.

P.D.

A Administradora da Insolvência,