Declaração de Fé - Comunidade Reformada Munidal

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    2 Definição de Credos e Confissões

    Um credo, ou Regra de Fé, ou Símbolo, é uma confissão de fé parauso público, ou um conjunto de palavras que dão autoridade à certosartigos de crença, que são consideradas pelos seus formadores comonecessária para salvação, ou ao menos para a vida saudável da IgrejaCristã.2,3

    É assim que Philip Schaff define o que é um Credo. Obviamente que um credo

    cristão tem como base as Escrituras Sagradas, buscando sintetizar o seu conteúdo,

    trazendo as verdades fundamentais que são necessárias para que um indivíduo seja

    considerado Cristão.

    É impossível para um cristão não possuir um conjunto de verdades que elediz crer. Carl Trueman vem nos mostrar que:

    [. . . ] todos os cristãos se envolvem na síntese confessional; a diferençaé apenas que ou se adere a uma confissão pública, sujeita a escrutíniopúblico, ou a uma confissão particular, pela própria natureza, imune aesse exame.4

    Ou seja, se alguém diz não subscrever a nenhum tipo de credo ou confissão

    pública, ele certamente está se enganando ou enganando aos outros, pois, num exame

    mais sincero, ou talvez mais apurado, esse cristão vai perceber que, de alguma forma,

    o que ele crê é fruto de algum credo ou, então, o próprio indivíduo criou o seu credo,

    sendo que este não pode ser contestado publicamente. Paulo Anglada esclarece ainda

    mais essa afirmação quando diz

    A questão, portanto, não está na necessidade ou não de credos econfissões de fé, mas na escolha, consciente ou inconsciente, entrechegarmos sozinhos ao nosso próprio credo ou considerarmos a queconclusões o Corpo de Cristo tem chegado no decurso da história.5

    Semelhante a um credo, uma confissão, ou declaração, de fé contém pratica-

    mente os mesmo elementos que o credo, sendo que as confissões são consideravel-

    mente mais elaboradas, sendo mais longas e organizadas de maneira sistemática.

    Enquanto o credo é mais conciso e sempre começa como  credo  ou  credemus  (“Eu

    creio” ou “nós cremos”)6.

    2 Phillip Schaff, The Creeds of Christendom, vol 1, p.43 Todas as traduções do inglês são feitas por mim4 Carl Trueman, Imperativo Confessional, p. 235 Anglada, Paulo, Sola Scriptura, Knox Publicações (2013),p.236 Heber Campos, Fides Reformata 2/2 (1997)

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    3 Credos e Confissões na História

    Em primeiro lugar precisamos entender que os credos, na verdade, nascem da

    própria natureza do que é cristianismo. Os credos “[. . . ] nunca precedem a fé, mas

    pressupõem-na”7. Ser cristão significa professar fé. O próprio Jesus nos ensina isso:

    “Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, tambémeu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; mas aquele queme negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai,que está nos céus.”8.

    Assim, os credos nascem, não somente nos concílios das Igrejas ao longo da

    história, mas muito antes. Quando houve o primeiro convertido, quando o primeiro creu

    e declarou isso, ali estava estabelecida uma confissão de fé.

    Mas, uma vez que a igreja, instituída por Jesus, estava organizada ela precisava,

    como igreja, declarar sua fé de maneira pública. Foi assim que os credos e confissões

    históricos, da igreja em geral, nasceram. Diversas razões levaram a Igreja Cristã ao

    longo da história a escrever diferentes credos, mas, certamente a razão que levou a

    maioria dos credos a serem escritos foi o combate às heresias que, de tempos em

    tempos, surgiam para confrontar a fé ortodoxa estabelecida ao longo dos séculos.

    Vários credos foram formulados durantes os séculos, dentre eles temos oprimeiro credo que ficou historicamente conhecido, o Credo Apostólico, que foi, pro-

    vavelmente formulado no segundo século mas só teria alcançado sua forma definitiva

    no sexto século9. Em 325 temos um credo formulado no Concílio de Nicéia, que foi

    modificado pelo Concílio de Calcedônia (451) e pelo Concílio de Toledo (589)10; Em

    381 o Credo de Constantinopla, dentre outros credos.

    Finalmente, depois da Reforma, temos as confissões de fé. Inicialmente a

    Confissão de Ausburgo (1530), de tradição luterana. As confissões de cunho calvinista

    só vieram mais tarde, as principais são: a Segunda Confissão Helvética (1566), aConfissão Escocesa (1560) e a confissão de fé de Westminster (1646). Esta última foi

    uma das mais importantes e, certamente, delineou muito bem a doutrina reformada.

    Onde quer que a doutrina reformada chegasse, naquele lugar se estabeleceria

    uma confissão de fé. Como exemplo disso temos várias outras confissões em diferentes

    países, declarando a fé reformada com sua própria identidade local, tais quais a

    Confissão de Fé de Genebra (1537), Confissão de Fé Gaulesa ou Francesa (1559),7 Phillip Schaff, The Creeds of Christendom, vol 1, p.58 Mateus 10.32-33 Almeida Revista e Atualizada9 Phillip Schaff, The Creeds of Christendom, vol 1, p.2010 Anglada, Paulo, Sola Scriptura, Knox Publicações (2013),p.206

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    Confissão de Fé Escocesa (1560), Confissão Belga (1561), Confissão Húngara (1570)

    e até mesmo a primeira confissão das Américas, a Confissão de Guanabara (1558).

    4 A Declaração de Fé da Comunidade Reformada Mundial

    4.1 Porque uma Nova Confissão?

    Em 2000, na Assembléia Geral que inaugurou a Fraternidade Reformada Mun-

    dial, foi proposta à mesma que escrevessem uma nova Confissão de Fé para o século

    21. De acordo com o Dr. Andrew McGowan, haviam 3 razões principais para que essa

    confissão fosse escrita:

    A primeira razão era que os membros da FRM procediam de muitas

    nações e de muitas denominações e usavam toda uma variedade dedeclarações confessionais. O que incluía a Confissão Escocesa, a Con-fissão Belga, o Catecismo de Heidelberg, os Trinta e Nove Artigos, osCânones de Dort, a Confissão de Fé de Westminster, a Declaração deSavoy, além de outros documentos. Ao mesmo tempo, havia a concor-dância geral de que todos éramos “Reformados” na teologia. E uma vezque todos éramos Reformados, seria possível produzir certamente umadeclaração confessional coletiva?

    A segunda razão era a necessidade de uma declaração confessionalque tratasse das questões que a igreja enfrenta hoje. Todas as nossasconfissões foram escritas nos séculos 16 e 17 sendo em grande medida

    elaboradas para defenderem a fé reformada contra o catolicismo romanomedieval e, no caso das últimas, contra o arminianismo. Nenhuma dasconfissões trata das questões principais que têm confrontado a igrejaao longo dos séculos 19 e 20, tais como o Liberalismo, o Pluralismo e oPós-modernismo.

    A terceira razão era que todas as nossas confissões foram escritas naEuropa Ocidental, ao passo que a liderança na igreja global se deslocouagora para o hemisfério sul. Pensei que seria interessante ver o queaconteceria quando os eruditos da África, Ásia, Austrália e América doSul se juntassem aos teólogos da Europa e da América do Norte aose envolverem em tal tarefa. Os teólogos europeus e estadunidenses

    exerceram papel dominante na igreja mundial nos séculos recentes,pareceu correto que deveríamos agora trabalhar conjuntamente com osteólogos do sul global.11

    Assim, essa nova confissão de fé, como os próprios membros propõem, não

    tem a intenção de substituir as confissões e credos tradicionais, mas é uma nova

    declaração que pretente ajudar os membros das igrejas reformadas a refletirem sobre

    a Teologia Reformada e de suas implicações teológicas e morais que a igreja enfrenta

    neste século. Portanto, uma nova confissão, nada mais é do que uma releitura de toda

    a tradição que foi formulada até hoje, mas com o foco completamente contextualizado,visando lidar com problemas que não existiam antes destes últimos séculos.11 Declaração de Fé da Comunidade Reformada Mundial, p.3

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    4.2 Sua Teologia

    Essa confissão de fé consiste, basicamente de 12 artigos: A doutrina de Deus;

    O Mal e o Pecado; A pessoa e a obra de Cristo; A pessoa e a obra do Espírito Santo; A

    obra de salvação realizada por Deus; A vida cristã; As Escrituras Sagradas; A Igreja; ATradição; Missão e evangelismo; Lei e ética; Escatologia.

    Como toda confissão e credo, esta declaração trata dos assuntos que são

    relevantes para a igreja, como podemos perceber nos 12 artigos que a compõem. Mas

    o que a diferencia das tradicionais confissões dos outros séculos, certamente é o seu

    décimo primeiro artigo: Lei e Ética. Esse artigo vem tratar de questões que, sem sombra

    de dúvida, nunca foram antes tratados em uma confissão de fé. E a razão para que

    esses assuntos nunca tenham sido tratados é, simplesmente, o avanço tecnológico que

    é característico do nosso século. Quando falo sobre avanços tecnológicos, é precisocompreendermos que isso abrange tanto a criação de computadores e derivados,

    quanto avanços na medicina, nas diferentes formas de cuidado com o corpo, nas

    facilidades de transporte e qualquer outra coisa que foi criada para facilitar e ampliar a

    vida do homem.

    Um bom exemplo disso é o quinto parágrafo do artigo XI dessa confissão:

    Planejamento familiar.

    O planejamento familiar é aceitável, embora a contracepção por meioscomo a ingestão de pílula após a concepção ou pelo aborto do feto érealmente a destruição de uma nova vida.12

    Nunca na história das conifssões se abordou ou, ao menos se mencionou,

    pílula contraceptiva, por exemplo. É verdade que no segundo capítulo da  didaque 

    é mencionado o aborto, ainda que de forma bastante diferente da que temos hoje.

    Tópicos como a Prolongação da Vida, Eutanásia13 e Ética Matrimonial e Sexual são

    abordados nessa confissão.

    Assim, essa declaração deixa de ser apenas mais uma dentre tantas confissões

    e credos que a igreja adota, mas passa a ser uma resposta à vários questionamentos

    e problemas que tem sido levantadas hoje, por crentes ao redor do mundo.

    5 Conclusão

    É certo que, historicamente, onde a fé reformada chegava, documentos eram

    elaborados com o objetivo de contextualizar a fé reformada onde quer que chegasse.

    12 Declaração de Fé da Comunidade Reformada Mundial, p.2013 s.f. - do grego υθανασα - υ “bom”, θνατς  “morte” - Ação de provocar morte (indolor) a um paciente

    atingido por uma doença sem cura que causa sofrimento e/ou dor insuportáveis.Jurídico. Direito de causar a morte em alguém ou de morrer por esse propósito.

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    Não poderia ser diferente no nosso contexto atual. Vivemos em uma sociedade que é,

    de maneira geral, globalizada; onde a cultura é gerada

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    World Reformed Fellowship’s Declaration of Faith

    Saulo Vilela

    27 de Outubro de 2015

    Abstract

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    Key-words: Declaration of Faith. World Reformed Fellowship. Creed.

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