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DECRETO Nº 1.171, de 22 de JUNHO de 1994 CÓDIGO de ÉTICA FUNCIONAL Prof. Ricardo Machado

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DECRETO Nº 1.171,

de 22 de JUNHO de 1994

CÓDIGO de ÉTICA FUNCIONAL

Prof. Ricardo Machado

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DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994.

Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo

Federal

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84,

incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem

como nos DECRETO Nº 1.171 artigos 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de

dezembro de 1990, e nos artigos 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho de

1992.

DECRETA:

Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do

Poder Executivo Federal, que com este baixa.

Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta

implementarão, em sessenta dias, as providências necessárias à plena vigência do

Código de Ética, inclusive mediante a constituição da respectiva Comissão de Ética,

integrada por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego

permanente.

Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será comunicada à Secretaria

da Administração Federal da Presidência da República, com a indicação dos

respectivos membros titulares e suplentes.

Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106° da República.

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ANEXO

Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal

CAPÍTULO I

SEÇÃO I

Das Regras Deontológicas

DEONTOLOGIA JURÍDICA. CONCEITO: É a indagação do fundamento da ordem jurídica e da

razão da obrigatoriedade das normas de direito, da legitimidade da obediência às leis, o que quer

dizer indagação dos fundamentos ou dos pressupostos éticos do Direito e do Estado.

I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados

maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele,

já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e

atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos.

II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não

terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o

inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto,

consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.

III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal,

devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a

legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade

do ato administrativo.

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IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou

indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida,

que a moralidade administrativa se integre no Direito, como elemento indissociável

de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como conseqüência em fator de

legalidade.

V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser

entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão,

integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu

maior patrimônio.

VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra

na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na

conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom

conceito na vida funcional.

VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse

superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados em processo

previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato

administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão

comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar.

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VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la,

ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da

Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder

corruptivo do hábito do erro, da opressão, ou da mentira, que sempre aniquilam até

mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.

IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público

caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus

tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma,

causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por

descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às

instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram

sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los.

X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao

setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou

qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas

atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral

aos usuários dos serviços públicos.

XI - 0 servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores,

velando atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente

Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis

de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função

pública.

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XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de

desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas

relações humanas.

XIII - 0 servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional,

respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode receber

colaboração, pois sua atividade pública é a grande oportunidade para o crescimento

e o engrandecimento da Nação.

SEÇÃO II

Dos Principais Deveres do Servidor Público

XIV - São deveres fundamentais do servidor público:

a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de

que seja titular;

b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim ou

procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente

diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo

setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário;

c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter,

escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais

vantajosa para o bem comum

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d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial da gestão dos

bens, direitos e serviços da coletividade a seu cargo;

e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços, aperfeiçoando o processo de

comunicação e contato com o público;

f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se

materializam na adequada prestação dos serviços públicos;

g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e

as limitações individuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer

espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião,

cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano

moral;

h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra

qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;

i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes,

interessados e outros que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens

indevidas em decorrência de ações morais, ilegais ou aéticas e denunciá-las;

j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências específicas da defesa da

vida e da segurança coletiva;

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l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos

ao trabalho ordenado, refletindo negativamente em todo o sistema;

m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário

ao interesse público, exigindo as providências cabíveis;

n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os métodos mais

adequados à sua organização e distribuição;

o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria do

exercício de suas funções, tendo por escopo a realização do bem comum;

p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da função;

q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a legislação

pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;

r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as

tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com critério, segurança e

rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem.

s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito;

t) exercer, com estrita moderação, as prerrogativas funcionais que lhe sejam

atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos

usuários do serviço público e dos jurisdicionados administrativos;

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u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com

finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as formalidades

legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei;

v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência deste

Código de Ética, estimulando o seu integral cumprimento.

SEÇÃO III

Das Vedações ao Servidor Público

XV - E vedado ao servidor público;

a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências,

para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem;

b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de cidadãos que

deles dependam;

c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a

este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;

d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por

qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;

e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu

conhecimento para atendimento do seu mister;

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f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses

de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados

administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;

g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira,

gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si,

familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para

influenciar outro servidor para o mesmo fim;

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providências;

i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços

públicos;

j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular;

l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer

documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público;

m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço,

em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;

n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente;

o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a

honestidade ou a dignidade da pessoa humana;

p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de

cunho duvidoso.

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CAPÍTULO II

Das Comissões de Ética

XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta,

indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça

atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão de Ética,

encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no

tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer

concretamente de imputação ou de procedimento susceptível de censura.

XVII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007).

XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos encarregados da

execução do quadro de carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta

Ética, para o efeito de instruir e fundamentar promoções e para todos os demais

procedimentos próprios da carreira do servidor público.

XIX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007).

XX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007).

XXI - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007).

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XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a de

censura e sua fundamentação constará do respectivo parecer, assinado por

todos os seus integrantes, com ciência do faltoso.

XXIII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007).

XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidor

público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste

serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem

retribuição financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do

poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais,

as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor

onde prevaleça o interesse do Estado.

XXV - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007).

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A PALAVRA “ÉTICA” vem do Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou

“caráter”.

Os princípios do setor público constituem ideias gerais e abstratas, que expressam

em maior ou menor escala as normas que compõem a estrutura do sistema jurídico

enfocado. Portanto, todas as normas que fazem parte do Direito Administrativo

deverão ser estudadas , interpretadas e compreendidas à luz destes princípios. É

necessário estabelecer o equilíbrio entre os direitos dos administrados e as

prerrogativas da Administração.

Segundo ensinamento do PROF. GUSTAVO BOUDOUX, PRINCÍPIO é onde alguma

coisa ou conhecimento se origina. Também pode ser definido como conjunto de

regras ou código de (boa) conduta pelos quais alguém governa a sua vida e as suas

ações.

Princípio é ponto de partida.

Os princípios que regem a nossa conduta em sociedade são aqueles conceitos ou

regras que aprendemos por meio do convívio, passados geração após geração.

Quando uma pessoa afirma que determinada ação fere seus princípios, ela está se

referindo a um conceito, ou regra, que foi originado em algum momento em sua vida

ou na vida do grupo social em que está inserida e que foi aceito como ação

moralmente boa.

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Os princípios éticos são normas que nos obrigam a agir em função do valor do

bem visado pela nossa ação, ou do objetivo final que dá sentido à vida

humana; e não de um interesse puramente subjetivo, que não compartilhamos

com a comunidade. Esse valor objetivo deve ser considerado em todas as suas

dimensões: no indivíduo, no grupo ou classe social, no povo, ou na própria

humanidade.

A extensão dos Princípios Éticos é ilimitada, sendo decorrente do respeito a

dignidade da pessoa humana, componente essencial para a vida social.

O respeito à dignidade da pessoa humana deve abrangê-la em todas as suas

dimensões: em cada indivíduo, com a sua característica irredutível de qualidade; em

cada grupo social; no interior dos povos politicamente organizados; em cada povo ou

nação independente, nas relações internacionais; na reunião de todos os povos do

mundo numa unidade política suprema em construção. É igualmente em todas as

dimensões da pessoa humana que atuam os princípios fundamentais da verdade, da

justiça e do amor, desdobrando-se especificamente nos princípios de liberdade,

igualdade, segurança e solidariedade.

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O problema da dignidade da pessoa humana, vem tratado na Constituição de 1988,

já no preâmbulo, quando este fala da inviolabilidade à liberdade e, depois, no artigo

primeiro, com os fundamentos e, ainda, no inciso terceiro (a dignidade da pessoa

humana), mais adiante, no artigo quinto, quando fala da inviolabilidade do direito à

vida, à liberdade, à segurança e à igualdade.

A única coisa capaz de garantir a dignidade da pessoa humana, é a justiça! A

dignidade é um valor supremo. O homem é digno, pelo simples fato de ser racional,

o que o diferencia dos outros animais. A dignidade é, portanto, um valor

fundamental!

Flávia Piovesan ensina que "a ordem constitucional de 1988 apresenta um duplo

valor simbólico: é ela o marco jurídico da transição democrática, bem como da

institucionalização dos direitos humanos no país. A Carta de 1988 representa a

ruptura jurídica com o regime militar autoritário que perpetuou no Brasil de 1964 a

1985".

Com a Constituição de 1988, houve uma espécie de "redefinição do Estado

brasileiro", bem como de seus direitos fundamentais.

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Um problema existente diz respeito a UNIVERSALIZAÇÃO DOS DIREITOS

FUNDAMENTAIS

Há conflito entre a visão oriental e a visão ocidental de mundo, onde o pilar

central da discussão é acerca da fundamentação ética dos direitos humanos.

Esta discussão vem ilustrada na prática da mutilação genital feminina, muito comum

em sociedades orientais, mas que, no entanto, soa como um insidioso meio de

tortura nas sociedades ocidentais.

Deste conflito entre as sociedades ocidentais e as sociedades orientais, e tomando

por base uma ciência social aplicada, qual seja o Direito, emerge a necessária

discussão. As inúmeras declarações de direitos que emanaram em pró de homens e

mulheres ao longo dos anos são contrastantes com a prática cruel da mutilação

impune praticada em alguns povos, em especial culturas africanas.

Em meio a este contraste, procura-se apontar soluções para um diálogo em sede de

direitos humanos e fundamentais que trate de oferecer meios para pacificar os

entendimentos acerca do que é e do que não é respeito em sede de direitos

humanos, tanto no Ocidente quanto no Oriente. A violação aos direitos humanos e

fundamentais resta como caracterizada aqui na mutilação genital feminina, como

afirmado.

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Para a compreensão acerca da temática, faz-se necessária uma leitura de questões

focadas nas declarações de direitos humanos e fundamentais, a aceitabilidade

de uma sociedade multicultural e, posteriormente, da compreensão da existência de

meios que facilitem o diálogo em sede de direitos humanos.

Um breve histórico das declarações de direitos, bem como sua importância

direcionada ao sexo feminino, demonstrando que a temática da mutilação já motivou

manifestos legais em sede de direitos humanos.

Após, adentra-se na questão da prática da mutilação em algumas culturas, bem

como os meios utilizados para tal prática, observando-se os efeitos e os motivos da

prática nestas culturas.

Ainda, discute-se a questão da relativização x universalização dos direitos

humanos, englobando conceitos jurídicos e culturais.

Ao final, apontam-se ferramentas de diálogo interculturais, no afã de demonstrar a

capacidade de se decifrar os códigos de uma cultura por outra, sem que se atinja a

órbita máxima de desrespeito dos direitos humanos e fundamentais e, logicamente,

a quebra da norma jurídica.

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Já os VALORES são elementos fundamentais nas diversas sociedades existentes,

mesmo com nível cultural, social e econômico distintos. Porém, o peso a ser

conferido ao valor, muda conforme a diversidade cultural e social. O caráter dos

indivíduos são mais ou menos valorizados de acordo com as suas ações no meio

social.

O caráter dos seres, pelo qual são mais ou menos desejados ou estimados por uma

pessoa ou grupo, é determinado pelo valor de suas ações.

Sua ação terá seu valor aumentado na medida em que for desejada e copiada por

mais pessoas do grupo.

Todos os termos que servem para qualificar uma ação ou o caráter de uma pessoa

têm um peso "bom" e um peso "ruim". Citam-se como exemplo os termos honesto e

desonesto, generoso e egoísta, verdadeiro e falso. Os valores dão "peso" à ação ou

caráter de uma pessoa ou grupo.

Kant afirmava que toda ação considerada moralmente boa deveria ser

necessariamente universal, ou seja, ser boa em qualquer lugar e em qualquer

tempo. O ideal kantiano de valor e moralidade está muito longe de ser alcançado,

conforme já verificamos ao analisarmos a UNIVERSALIZAÇÃO DOS DIREITOS

HUMANOS, pois as diversidades culturais e sociais fazem com que o valor dado a

determinadas ações mude de acordo com o contexto em que está inserido.

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A origem da palavra CIDADANIA vem do latim civitas, que quer dizer cidade. A

palavra cidadania foi usada na Roma antiga para indicar a situação política de uma

pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer.

Segundo Dalmo Dallari (2008), "a cidadania expressa um conjunto de direitos que dá

à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo.

Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada

de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social".

Segundo o dicionário Aurélio, cidadão é aquele indivíduo no gozo dos direitos civis e

políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este, ou

habitante da cidade, indivíduo, homem, sujeito.

A cidadania se refere às relações entre os cidadãos, aqueles que pertencem a uma

cidade, por meio dos procedimentos e leis acordados entre eles. Da nossa herança

grega e latina, traz o sentido de pertencimento a uma comunidade organizada

igualitariamente, regida pelo direito, baseada na liberdade, participação e valorização

individual de cada um em uma esfera pública.

Um dos sentidos atuais da cidadania de massa, em Estados que congregam muita

diversidade cultural, é o esforço para participar e usufruir dos direitos pensados pelos

representantes de um Estado para seus virtuais cidadãos; é vir a ser, de fato, e não

apenas de direito, um cidadão. Os valores da cidadania são políticos: Igualdade,

eqüidade, justiça, bem comum.

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Equidade é uma forma justa da aplicação do Direito, porque é adaptada a regra, a

uma situação existente, onde são observados os critérios de igualdade e de justiça.

Significa o uso da imparcialidade para reconhecer o direito de cada um, usando a

equivalência para se tornarem iguais, e vem do latim “equitas”.

No Brasil a CIDADANIA permite ao indivíduo a plenitude do exercício de seus direitos

políticos, abrangendo o alistamento eleitoral e o voto, a condição de elegibilidade e a

acessibilidade a cargos, empregos e funções públicas.

Todo cidadão tem direito a exercer a cidadania, isto é, seus direitos de cidadão; direitos

esses que são garantidos constitucionalmente nos princípios fundamentais.

Exercer os direitos de cidadão, na verdade, está vinculado a exercer também os deveres

de cidadão (o voto por exemplo é denominado de direito X dever do cidadão).

Direitos e deveres andam juntos no que tange ao exercício da cidadania. Não se pode

conceber um direito sem que antes este seja precedido de um dever a ser cumprido; é

uma via de mão dupla, seus direitos aumentam na mesma proporção de seus deveres

perante a sociedade.

Constitucionalmente, os direitos garantidos, tanto individuais quanto coletivos, sociais ou

políticos, são precedidos de responsabilidades que o cidadão deve ter perante a

sociedade. Outro exemplo: A Constituição garante o direito à propriedade privada, mas

exige-se que o proprietário seja responsável pelo cumprimento de sua função social.

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ÉTICA E O IDEAL DEMOCRÁTICO: A palavra democracia funciona como princípio

basilar tanto dos discursos políticos, quanto do ideal político norteador da política

mundial. Todos os países que recentemente sofreram as ações de governos

totalitários encontram na democracia o remédio para seus respectivos males

políticos.

A democracia moderna se tornou o palco das mais nocivas guerras de poder,

abrindo espaço para a total desorganização do andamento da máquina estatal,

enfraquecendo, como se vê hoje, o nexo espiritual do povo. Além disso, a

democracia moderna, por supor que a liberdade é o exercício voluntarista do sujeito,

que é sempre visto como um átomo auto-suficiente, legitimou o vigoramento do

capitalismo como estruturador da economia. Ser capitalista é ser democrático. Pois

produzir o que se quer e como se quer é sintoma da liberdade do eu, liberdade esta

já pressuposta na democracia moderna. Conclusão: é a própria democracia moderna

que cria seu monstro devorador. Eis a razão por que a democracia, hoje, sofre de

uma profunda crise em toda sua amplitude. É que sob as rédeas do capitalismo o

ideal democrático é só mais uma expressão manipulável pela boca de empresários e

de publicitários.

O ideal democrático só logrará sucesso com o repensamento do homem.

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O ideal democrático deve ser concebido como o modo de governabilidade que

favorece a cada humano conquistar o seu ser responsabilizando-se,

concomitantemente, pelos demais entes. É necessário que cada indivíduo assume

responsavelmente a parte que lhe cabe na manutenção da unidade. Isto garante a

continuidade da governabilidade e lhe abre o espaço necessário para as mudanças.

Estas não aparecem como fruto do voluntarismo do eu, e, consequentemente ocorre

uma junção entre ética, responsabilidade e democracia.

A palavra democracia tem o seguinte significado: Demos = povo + kratos =

autoridade, qual seja, autoridade do povo.

O Regime de Governo brasileiro é democrata.

Através da democracia o povo é o titular do Poder Constituinte Originário, sendo

representado pelos deputados federais(representantes do povo) que se reúnem com

os senadores (representantes do Estado), formando um só grupo (de constituintes)

ficando encarregados de elaborar a Constituição Federal, funcionando sob a forma

de oligarquia, tendo em vista que é uma minoria, eleita pela maioria quem governa.

A nossa democracia é representativa (poder conferido ao povo de escolher os

seus representantes) e participativa (participação direta e pessoal do cidadão nos

atos de governo tais como no plebiscito; referendo; iniciativa popular e ação popular).

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FUNÇÃO PÚBLICA E ÉTICA: Função Pública é a competência, atribuição ou

encargo para o exercício de determinada função. Ressalta-se que essa função não é

livre, devendo, portanto, estar o seu exercício sujeito ao interesse público, da

coletividade ou da Administração.

No exercício das mais diversas funções públicas, os servidores, além das

normatizações vigentes nos órgãos e entidades públicas que regulamentam e

determinam a forma de agir dos agentes públicos, devem respeitar os valores

éticos e morais que a sociedade impõe para o convívio em grupo. A não

observação desses valores acarreta uma série de erros e problemas no atendimento

ao público e aos usuários do serviço, o que contribui de forma significativa para uma

imagem negativa do órgão ou da entidade e do serviço.

Um dos fundamentos que precisa ser compreendido é o de que o padrão ético dos

servidores públicos no exercício de sua função pública advém de sua natureza,

ou seja, do caráter público e de sua relação com o público.

O caráter público do seu serviço deve se incorporar à sua vida privada, a fim de que

os valores morais e a boa-fé, amparados constitucionalmente como princípios

básicos e essenciais a uma vida equilibrada, se insiram e sejam uma constante em

seu relacionamento com os colegas e com os usuários do serviço.

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ÉTICA NO SETOR PÚBLICO: As questões éticas estão cada vez mais visíveis no cenário

brasileiro dada a multiplicação de casos de corrupção e, sobretudo, a reação da sociedade

frente a um tal grau de desmoralização das relações sociais e políticas. Com os escândalos e as

denúncias de corrupção expostas pela mídia, refletir sobre essas questões traz à tona os

conceitos éticos que envolvem a busca por melhores ações tanto na vida pessoal como na vida

pública.

A ética é pautada na conduta responsável das pessoas. É importante fazer a escolha de um

político com esse caráter a fim de diminuir o mau uso da máquina pública e evitar que ele venha

auferir ganhos e vantagens pessoais.

As normas morais apenas fornecem orientações cabendo, apenas ao político determinar quais

são as exigências e limitações e decidir-se entre a melhor alternativa de ação. Essa preocupação

relaciona-se com a responsabilidade que eles têm em atender as demandas, com integridade e

eficiência, no papel de representante democrático.

O ato de “pensar moralmente” é que introduz o senso ético das nossas ações. Ela deve ser

entendida como esta reflexão crítica sobre a dimensão humana - o compromisso diante da vida

que contribui para o estabelecimento das relações do ser humano com o outro, numa convivência

pacífica a fim de evitar as vantagens desleais e as práticas que prejudiquem a sociedade em

geral.

O código de ética, além de regulamentar a qualidade e o trato dispensados aos usuários e ao

serviço público e de trazer punições para os que descumprem as suas normas, também têm a

função de proteger a imagem e a honra do servidor que trabalha seguindo fielmente as regras

nele contidos, contribuindo, assim, para uma melhoria na imagem do servidor e do órgão perante

a população.

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