Defesa Previa

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Defesa previa processo penal

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  • Jos Wanderley Bezerra Alves Gustavo Marques Ferreira

    Antonio Ferreira Jnior Jader Carlos Ponce

    Mariana Morena Di Cenciarelli Roseno Wanessa Rossatti Spence

    advogados

    EXCELENTSSIMA SENHORA MINISTRA CORREGEDORA NACIONAL DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA (BRASLIA DF)

    Sindicncia n. 0003173-76.2011.2.00.0000

    NERY COSTA JNIOR,

    brasileiro, casado, Desembargador do Tribunal Regional Federal da 3 Regio, com endereo administrativo na Avenida Paulista, n. 1842, Torre Sul, So Paulo (SP), e residente na Avenida Victor Civita, n. 235, casa 109, So Paulo (SP), portador da carteira de identidade n. 037/TRF3R, e inscrito no CPF-MF sob o n. 200.023.601-44,

    neste ato representado pelos advogados que esta subscrevem, com procurao j anexada e com escritrio na Rua Mrio Edson de Barros, n. 91, bairro Chcara Cachoeira, CEP 79040-041, em Campo Grande, Estado do Mato do Sul, vem perante Vossa Excelncia para oferecer

    Defesa Prvia,

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    nos autos da sindicncia em destaque, instaurada com suporte na Portaria n. 50, 50, de 30 de maio de 2011, do Conselho Nacional de Justia, nesta oportunidade atuando tendo em conta a intimao recebida e com fulcro no pargrafo nico do artigo 63 do Regimento Interno do Conselho Nacional de Justia, alegando para tanto as razes de fato e de direito a seguir articuladas:

    1 1 1 1 RESUMO DOS FATOS

    A presente sindicncia investigativa foi instaurada por meio da Portaria n. 50, de 30 de maio de 2011, da Corregedoria Nacional de Justia, para apurar os fatos narrados na representao subscrita pela Procuradora Regional da Repblica Luiza Cristina Fonseca Frischenisen, de So Paulo (SP).

    Segundo consta da portaria inaugural, por iniciativa do investigado, enquanto Corregedor em exerccio no Tribunal Regional Federal da 3 Regio foi editado o o Ato n. 10.287/11, por meio do qual foi instituda fora-tarefa para auxiliar a 1 1 Vara Federal de Ponta Por (MS).

    Consta, ainda, que os magistrados designados para integrar a fora-tarefa chegaram Ponta Por (MS) antes da assinatura do referido Ato e da respectiva publicao, sem que tenha havido prvio aviso s magistradas daquela localidade acerca do reforo encaminhado.

    Ademais, alega-se que:

    a) poca da edio do Ato, no havia na 1 Vara Federal de Ponta Por (MS) quantidade expressiva de processos a ensejar a criao da fora-tarefa, o que foi atestado na certido lavrada no dia 17 de janeiro de 2011. Em contrapartida, na data de 31 de dezembro de 2010, o investigado, Desembargador Nery da Costa Jnior, manteria em gabinete, aguardando julgamento, 339 processos relativos Meta 2;

    b) o magistrado Gilberto Rodrigues Jordan, destacado para compor a fora-tarefa, absteve-se de sentenciar aes penais com rus presos, proferindo deciso em apenas 2 (dois) processos, sendo que em um deles autorizou, em sentena detalhada, o levantamento de constries sobre os bens apreendidos na Ao Cautelar n. 2004.60.02.000553-6, no qual se pleiteava a indisponibilidade de bens de pessoas fsicas e jurdicas do Grupo Torlim, para garantir o pagamento de dbitos tributrios, sendo que tal processo no estava vinculado a nenhum ru preso, destacando-se que:

    b.1) a deciso judicial que determinou o levantamento da constrio dos bens no foi lanada no sistema informatizado da Vara Federal de Ponta Por (MS), estando com data errada e que a

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    fora-tarefa permaneceu por perodo inferior ao inicialmente previsto;

    b.2) os scios Jair Antnio Torelli e Waldir Cndido Torelli, integrantes do Grupo Torlim, impetraram o Mandado de Segurana n. 2004.03.00.026124-8 por considerarem ilegal a deciso judicial que determinou o sequestro e a indisponibilidade de bens mencionados na Ao Cautelar n. 2004.60.02.000553-6, a qual teria sido aforada para garantir o pagamento de tributos no recolhidos oportunamente;

    b.3) a segurana pleiteada foi denegada, tendo sido opostos embargos declaratrios e recurso ordinrio para o Superior Tribunal de Justia, sendo que posteriormente foi requerida a desistncia do recurso em face da deciso denegatria porque os impetrantes obtiveram a satisfao da pretenso por meio da sentena exarada pelo magistrado Gilberto Rodrigues Jordan.

    c) fora nomeado para o exerccio do cargo em comisso de Chefe de Gabinete do Desembargador Federal Nery Costa Jnior o bacharel Andr Costa Ferraz, que atuou no escritrio de Sandro Pissini que, por sua vez, advoga para os scios do Grupo Torlim, tendo sido juntado substabelecimento no Mandado de Segurana n. 2004.03.00.026124-8 em favor de Andr Costa Ferraz;

    d) o Desembargador Nery da Costa Jnior vendeu a Fazenda Lenha Branca para o advogado Sandro Pissini, o qual teria sido seu assessor no perodo de 1999 a dezembro de 2000. Citado advogado seria scio de Fernando Pissini, com o qual o sindicado possui sociedade na aquisio de 160 terrenos urbanos na cidade de Amambai (MS).

    Em virtude de todos os fatos narrados, a Corregedora entendeu que poderia estar caracterizado o uso da condio profissional e infrao ao dever de conduta irrepreensvel na vida pblica e privada, motivo pelo qual instaurou a presente sindicncia administrativa.

    Determinou-se a expedio de ofcios ao Presidente do Tribunal Regional da 3 Regio para que sejam enviados os relatrios apresentados pelos juzes integrantes da fora-tarefa, assim como ao Desembargador Federal Andr Nabarrete solicitando-lhe cpia do depoimento prestado pelo advogado Sandro Pissini nos autos n. 2005.03.00.072993-7.

    Paralelamente, foi aberta investigao perante a Corregedoria Regional da Justia Federal da 3 Regio, autuada sob o n. 2011.01.0172, para apurar exclusivamente a conduta do magistrado Gilberto Rodrigues Jordan. Os elementos informativos colhidos nesse procedimento foram utilizados, como prova emprestada, para a confeco do relatrio da Corregedora do Conselho Nacional de Justia.

    Vislumbrando indcios de violao aos deveres da magistratura por parte do ora investigado e que os Sindicados atuaram com parcialidade no caso apresentado, com base no exerccio de um juzo de valor baseado em uma

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    percepo razovel, determinou a Corregedora Nacional de Justia a apresentao de defesa prvia.

    So esses, em sntese, os fatos que orientam a manifestao do peticionante.

    2 2 2 2 TEMPESTIVIDADE

    O investigado teve cincia da intimao que lhe foi formulada para apresentar defesa no prazo de quinze dias na data de 15 de junho de 2012 (sexta-feira), fazendo com que o termo final para a sua apresentao ocorra no dia 2 de julho julho do ano corrente, o que demonstra a tempestividade da pea defensiva.

    3 3 3 3 PRELIMINARMENTE

    3.1 CERCEAMENTO DE DEFESA FLAGRANTE DESRESPEITO AOS INCISOS LIV E LV DO ARTIGO 5 DA LEI FUNDAMENTAL, AO ARTIGO 11 DA RESOLUO N. 135, DE 13 DE JULHO DE 2011, E AO ARTIGO 63, CAPUT, DO REGIMENTO INTERNO DO CNJ

    O constituinte de 1988, complementando a garantia do devido processo legal, constante do inciso LIV do artigo 5, fez inserir no Texto Magno expressa previso de que, em qualquer processo judicial ou administrativo, deve-se assegurar aos acusados em geral o contraditrio e a ampla defesa (CF, art. 5, LV).

    No se pode negar que a existncia de investigao por si s atinge o status dignitatis do cidado, ainda que posteriormente no seja instaurado o processo administrativo disciplinar correspondente, o que exige defesa, posto que ningum est obrigado a permanecer inerte, como simples objeto de investigao, quando sua dignidade se encontra em cheque1.

    Infere-se isso do disposto na Constituio Federal, que, em seu artigo 5, inciso X, dispe que so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao.

    1 SANDOVAL, Ovdio Rocha Barros. CPI ao p da letra. Campinas: Millennium, 2001, p. 165.

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    Vale dizer, a preservao da intimidade traduz-se no direito que tem uma pessoa de manter sob a sua esfera de deciso o conhecimento de dados relativos sua pessoa, sejam eles referentes aos seus bens, s opes pessoais, profissionais ou quaisquer fatos que respeitem sua vida.

    Embora exista o entendimento de que a sindicncia mera pea informativa destinada exclusivamente colheita de provas para a instruo do processo disciplinar, ainda assim deve ser resguardado o exerccio do direito de defesa na fase de investigaes, mesmo porque o artigo 5, inciso LV, da Carta Magna, assegura, aos acusados em geral, o contraditrio e a ampla defesa, o que indica a possibilidade de vrios graus de imputao ainda que exteriorizado em feito de natureza administrativa, haja vista que o investigado no pode ser reduzido a mero objeto indefeso de tais investigaes, do qual sejam abolidos os direitos, derrogadas as garantias e, em contrapartida, assegurar autoridade sindicante poderes absolutos na produo da prova e na pesquisa dos fatos.

    Bem por isso estabelece o caput do artigo 63 do Regimento Interno desse Colegiado que, na sindicncia, o Corregedor Nacional de Justia ou o sindicante por ele regularmente designado determinar a oitiva do investigado, que poder apresentar defesa e requerer a produo de prova no prazo de 10 (dez) dias a contar da cincia da instaurao.

    No por outro motivo que a Resoluo n. 135, de 13 de julho de 2011, do Conselho Nacional de Justia disciplina que instaurada a sindicncia, ser permitido ao sindicado acompanh-la (art. 11).

    A permisso para que se requeira a produo de prova na sindicncia decorre do fato de que a Constituio no fala somente em acusado, mas tambm em litigante, existente em qualquer procedimento no qual surja um conflito de interesses2, o que indiscutivelmente h neste caso.

    E tal acompanhamento somente ser concretizado com o alcance que a norma constitucional assegura com a escolha de profissional tecnicamente habilitado, o o qual se incumbir da promoo da defesa tcnica. Alis, no suficiente a mera constituio do advogado, porm preciso que se perceba, no processo, atividade efetiva do advogado no sentido de assistir ao acusado3 para se verificar a fiel obedincia ao preceito constitucional.

    2 Ada Pellegrini, discorrendo sobre o processo administrativo e a sindicncia, pondera: No

    preciso que o conflito seja qualificado pela pretenso resistida, pois neste caso surgiro a lide e o processo jurisdicional. Basta que os partcipes do processo administrativo se anteponham face a face, numa posio contraposta. Litgio equivale a controvrsia, a contenda, e no a lide. Assim, por exemplo, no processo administrativo de menores, mesmo no punitivo, podem surgir conflitos de interesses entre o menor e seu responsvel legal. Haver, nessa hiptese, litigantes e a imediata instaurao do contraditrio e da ampla defesa. E assim tambm nos processos administrativos punitivos (externos e disciplinares), mesmo antes da acusao, surgindo o conflito de interesses, as garantias do contraditrio e da ampla defesa sero imediatamente aplicveis. (GRINOVER, Ada Pellegrini. Do direito de defesa em inqurito administrativo. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, vol. 183, p. 13, 1991). 3 FERNANDES, Antonio Scarance. Processo penal constitucional. So Paulo: Revista dos

    Tribunais, 1999, p. 162-163.

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    Na hiptese em estudo, tem-se que instaurada a sindicncia e reunidos os elementos de informao, oportunizou-se ao investigado manifestar-se acerca da apurao, mencionando expressamente a Portaria inaugural a faculdade de os investigados indicarem provas a respeito dos fatos, exatamente como preconiza o artigo 63, caput, do Regimento Interno do CNJ.

    Em sua manifestao preliminar, por meio dos patronos constitudos, pleiteou o sindicado, em 10 de agosto de 2011 (REQAVU60), com o objetivo de comprovar as suas alegaes ainda no bojo da sindicncia evidentemente, porque assim no fora despicienda seria a defesa prevista no artigo 63, caput, do RICNJ , que:

    a) fosse juntada aos autos a relao de chamadas originadas de todos os telefones do Gabinete da Corregedoria Regional do Tribunal Regional Federal da 3 Regio no dia 17 de janeiro de 2011, visando demonstrar chamada para telefones da Vara Federal de Ponta Por (MS), ocasio na qual houve a comunicao, pelo sindicado, Juza Federal Lisa Taubemblatt, da expedio do Ato n. 10287, expedido naquela data pela Presidncia do TRF3R, bem assim do deslocamento, para Ponta Por, dos membros da fora-tarefa;

    b) fizesse juntar a cpia integral do processo n. 2004.60.02.000553-6 (0000553-25.2004.4.03.6002), de Ao Cautelar, para: (1) comprovar a vigncia da liminar; (2) se a Unio manifestou interesse em recorrer ou contra-arrazoar recurso(s); (3) se existem execues fiscais apensas ou vinculadas; (4) qual(is) o(s) efeito(s) atribudo(s) ao recurso dos requeridos; (5) se h clculo do crdito tributrio, depois de passados oito anos do ajuizamento da medida cautelar; (6) se a sentena lavrada pelo Juiz Federal Gilberto Rodrigues Jordan produziu alguma vantagem aos requeridos e o alcance etc.;

    c) fossem ouvidas as seguintes testemunhas: (1) Roberto Haddad, Desembargador Federal Presidente do Tribunal Regional Federal da 3 Regio, que escolheu os integrantes e expediu o ato de nomeao da aludida fora-tarefa; (2) Luiz Stefanini, Desembargador Federal com assento no mesmo Tribunal, que noticiou ao sindicado, via Ofcio n. 02/2011-GAB, de 13/1/2011, juntado com a defesa preliminar ofertada em 10/8/2011, graves violaes aos direitos humanos, ao devido processo legal, cidadania e garantia constitucional inserta no inciso LXXVIII do artigo 5 da Lei Fundamental4, patrocinadas pela Juza Lisa Taubemblatt, da 1 Vara Federal de Ponta Por (MS), que manteve presos por mais de um ano sem que a denncia fosse sequer recebida; (3) dos Juzes Federais Leonardo Estevam de Assis Zanini e Erik Gramstrup, este Auxiliar da Corregedoria-Regional do TRF da 3 Regio; e (4) do advogado Douglas Augusto Fontes Frana, que atua no processo judicial n. 2004.60.02.000553-6, cujo julgamento, pelo Juiz Federal Gilberto Rodrigues Jordan, desencadeou toda a celeuma.

    Aos pedidos expressamente apresentados pelo sindicado, cujo acolhimento permitiria comprovar o incensurvel comportamento deste ou, no mnimo,

    4 Art. 5o. []; LXXVIII a todos, no mbito judicial e administrativa, so assegurados a

    razovel durao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitao. [...].

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    respeitar-se-ia a garantia constitucional do contraditrio , no foi dada a devida ateno e, por conseguinte, no foram objeto de anlise no relatrio final da Corregedora, o que evidencia o cerceamento da defesa que nulifica o procedimento, j que a tempestiva manifestao do investigado alicerada em fatos e provas que desconstituem aqueles trazidos na representao foi relegada ao esquecimento. Diz-se assim porque, no relatrio de 22 de maio de 2012 da Ministra Corregedora Nacional de Justia:

    a) consta que tais documentos (alneas a e b) teriam sido apresentados com a defesa5, O QUE NO OCORREU, uma vez que o pedido foi para que fosse determinada a incorporao dos mesmos aos autos; e

    b) NENHUMA MENO feita ao requerimento para a oitiva das testemunhas (alnea c), pleito que encontra suporte no artigo 63, caput, do RICNJ.

    A Corregedora Nacional informa que, havendo, por outro lado, instruo suficiente, parte dela tomada por emprstimo das provas inseridas no expediente que tramitou perante o Tribunal Regional Federal da 3 Regio, deixa-se de determinar novas diligncias. Permissa venia, o que existe, em relao ao ora peticionante prova unilateral (da representao), corroborada por ilaes, insinuaes e maledicncias e prova colhida no bojo de representao que tramitou perante o TRF3R, que no pode servir de lastro para o trmite de processo administrativo contra o mesmo.

    Submeter um Desembargador Federal ao constrangimento de um processo administrativo disciplinar sem que, previamente, seja-lhe dada a oportunidade de prestar um depoimento pessoal, de ouvir testemunhas arroladas no bojo da sindicncia, de ouvir as denunciantes, enfim, nem mesmo ter analisado o pedido de requisio de documentos formulado Corregedora impossveis de serem juntados pela parte porque relacionados com processos que tramitam em segredo de justia (ao cautelar) ou tm assegurada a inviolabilidade (relao de telefonemas) , a par de constituir cerceamento de defesa, importa grave temor para o exerccio da judicatura.

    Ao que parece a palavra das denunciantes tm maior importncia e valor, ao ponto de concluir a Corregedora em seu relatrio que, [...] para assumir a Corregedoria Regional da Justia Federal da 3 Regio, o Desembargador Nery Jnior adiou suas prprias frias j demarcadas, de 17/1 a 15/2/2011 para 24/1 a 22/2/2011 (Portaria n. 6.251/2011/DOC59 fl. 8), isso sem que exista prova (sequer indcio seguro) que permita assim inferir, como se o adiamento de de frias fosse algo anormal e, especialmente em relao ao sindicado tal s possa ter ocorrido como maquinao, embuste. Esse tipo de ilao abre portas

    5 Eis os equvocos: Juntou, por fim, a relao de chamadas originadas de todos os telefones do

    Gabinete da Corregedoria Regional do Tribunal Regional Federal da 3 Regio no dia 17 de janeiro de 2011, com o objetivo de comprovar a realizao de chamadas para telefones da Vara Federal de Ponta Por (MS), ocasio na qual comunicou Juza Federal Lisa Taubemblatt acerca da expedio do Ato n. 20187 e o deslocamento, para Ponta Por, dos membros da fora-tarefa. Juntou, ainda, cpias extradas da Ao Cautelar n. 2004.60.02.000553-6, no intuito de comprovar a vigncia da liminar, se a Unio manifestou interesse em recorrer ou contra-arrazoar recurso(s), se existem execues fiscais apensas ou vinculadas, qual(is) o(s) efeito(s) atribudo(s) ao recurso dos requeridos, se h clculo do crdito tributrio e se a sentena produziu alguma vantagem aos requeridos.

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    para que as partes envolvidas em um processo judicial, ao serem contrariadas no resultado de um julgamento e diante de situao como esta (adiamento de frias de um dos julgadores), faa esse tipo de conjectura.

    A investigao existe justamente para permitir a reconstruo fiel do fato, o qual qual dever ser materializado pelas provas carreadas apurao, meio objetivo pelo qual o julgador se apropria da verdade. Para tanto, seguindo a lio doutrinria, a reconstituio do fato um fragmento do caminho. Mas de um caminho que foi percorrido, no do caminho que poder ser percorrido6.

    Como consequncia do desprezo instruo requerida na defesa preliminar de 10 de agosto de 2011, no relatrio final, adotando-se um subjetivo juzo de razoabilidade7, onde os fatos provados do lugar s presunes e insinuaes, optou-se por concluir que o investigado agiu em desconformidade com os deveres inerentes magistratura (LOMAN, art. 35, I, VII e VIII)8, ignorando-se os argumentos e as provas produzidas e requeridas pela defesa e que abonam o comportamento idneo do investigado.

    de se registrar que o frequente uso da razoabilidade, a pretexto de se consagrar a supremacia do interesse pblico sobre o privado, tem excepcionado de forma reiterada a regra do Estado de Direito, configurando, na lapidar definio do Ministro Eros Grau, do Excelso Pretrio, como uma gazua apta a arrombar toda e qualquer garantia constitucional9.

    A atuao correcional somente pode ter cabimento mediante a demonstrao de prova sria do desvio de conduta e desde que oportunizado o direito de defesa, o que foi sonegado ao investigado, maculando o desenvolvimento vlido da apurao.

    Diante disso, requer o manifestante que seja analisada e deferida a instruo probatria requerida na petio apresentada em 10 de agosto de 2011 (REQAVU60), em respeito s garantias constitucionais insertas nos incisos LIV e LV do artigo 5 da Lei Maior, bem assim ao artigo 63, caput, do Regimento Interno e ao artigo 11 da Resoluo n. 135 do Conselho Nacional de Justia, sob pena de tornar tabula rasa, garantia de contraditrio ilusria, enfim, mero enfeite democrtico tais prescries.

    6 CARNELUTTI, Francesco. As Misrias do Processo Penal. 2 ed. Trad. Isabela Cristina Sierra.

    Sorocaba: Minelli. 2006, p. 45. 7 Escreveu a Ministra Corregedora: A concluso de que os Sindicados atuaram com parcialidade

    no caso apresentado decorre do exerccio de um juzo de valor baseado em uma percepo razovel, notadamente quando se conjuga todos os indcios anteriormente apresentados. 8 Art. 35. So deveres do magistrado: I cumprir e fazer cumprir, com independncia,

    serenidade e exatido, as disposies legais e os atos de ofcio; [...]; VII exercer assdua fiscalizao sobre os subordinados, especialmente no que se refere cobrana de custas e emolumentos, embora no haja reclamao das partes; VIII manter conduta irrepreensvel na vida pblica e particular. 9 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Tribunal Pleno. Habeas Corpus n. 95009-4/SP. Trecho do

    voto do Ministro Eros Roberto Grau, j. 6 nov. 2008. Braslia, Dirio da Justia eletrnico, Braslia, 18 dez. 2008.

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    3.2 AFRONTA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL EXCESSO DE PRAZO NA CONCLUSO DA SINDICNCIA EXEGESE DO ARTIGO 29, CAPUT E PARGRAFO NICO, DO REGULAMENTO GERAL DA CORREGEDORIA NACIONAL DE JUSTIA, E OS INCISOS LIV E LXXVIII DO ARTIGO 5 DA CARTA DA REPBLICA

    Com o advento da Emenda Constitucional n. 45, de 30 de dezembro de 2004, houve acrscimo no artigo 5 da Lei Maior da garantia da durao razovel do processo, consoante se extrai:

    Art. 5. [...] LXXVIII a todos, no mbito judicial e administrativo, so assegurados a razovel durao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitao.

    O direito de ser investigado e julgado em um prazo razovel assegurado tanto ao acusado preso por razes bvias quanto quele que acompanha o processo em liberdade, em virtude de que tem o direito de obter uma deciso sobre a sua culpabilidade e que pode livr-lo da situao de investigado ou processado e retomar o curso de sua vida particular e profissional.

    De outro lado, o direito durao razovel do processo encontra-se intimamente relacionado ao princpio da eficincia, norteador da Administrao Pblica (CF, artigo 37, caput). A respeito da aplicao do princpio da eficincia no mbito do inqurito e processo administrativo, eis o ensinamento doutrinrio:

    No processo administrativo, o princpio da eficincia h de consistir na adoo de mecanismos mais cleres e mais convincentes para que a Administrao possa alcanar efetivamente o fim perseguido atravs de todo o procedimento adotado [...].

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    A eficincia , pois, antnimo de morosidade, lentido, desdia. A sociedade de h muito deseja rapidez na soluo das questes e dos litgios, e para tanto cumpre administrar o processo administrativo com eficincia10.

    Ainda de acordo com a doutrina, o princpio da eficincia informa a conduta do agente pblico, que deve pautar-se pela persecuo do bem comum, por meio do exerccio de suas competncias de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade, primando pela adoo dos critrios legais e morais necessrios para melhor utilizao possvel dos recursos pblicos, de maneira a evitarem-se desperdcios e garantir-se maior rentabilidade social11, o que autoriza concluir concluir que o dispndio de recursos materiais e humanos deve guardar correspondncia qualitativa finalidade perseguida.

    O prazo para a concluso da sindicncia, consoante determina o Regulamento Geral da Corregedoria Nacional de Justia, de sessenta dias, admitida a sua prorrogao por prazo determinado, mediante motivao apropriada. Assim giza o dispositivo contido no diploma mencionado, ipsis litteris:

    Art. 29. A sindicncia o procedimento investigativo sumrio levado a efeito pela Corregedoria Nacional de Justia, com prazo de concluso no excedente a 60 (sessenta) dias, destinado a apurar irregularidades atribudas a magistrados ou a servidores e servios judicirios auxiliares, serventias, rgos prestadores de servios notariais e de registro, que atuem por delegao do poder pblico ou oficializados, e cuja apreciao no se deva dar por inspeo ou correio. Pargrafo nico. O prazo de que trata o caput deste artigo poder ser motivadamente prorrogado por prazo certo, a juzo do Corregedor para todos os efeitos legais.

    10 CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. Processo administrativo federal: comentrios Lei n.

    9.784, de 29/1/1999. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005, p. 60-61. 11

    MORAES, Alexandre de. Reforma administrativa: emenda constitucional n. 19/98. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1999, p. 30.

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    A concluso do procedimento investigatrio no prazo legalmente exigido constitui direito subjetivo do investigado, evitando-se presses psicolgicas e ameaas veladas, deletrias ao desempenho da funo pblica.

    Fato que a norma, ao ordenar a fixao de um prazo, deixou patente que a submisso investigao deve ser feita em tempo previamente determinado de no mais que sessenta dias. No se olvida de que o Regulamento admite que se protraia o termo inicial, mas, para tanto, exige o cumprimento de duas condies:

    a) que haja fundamentao especfica, na qual estejam comprovadas a necessidade e a imprescindibilidade da medida; e

    b) que a dilao se d de forma precisa, exata, inarredvel, infalvel, correta, fixada de antemo, de modo a excluir qualquer possibilidade de dilao do termo ad quem legalmente permitido.

    A despeito disso, no foi este o comportamento da Administrao Pblica no caso em exame, o que enodoa de modo indelvel toda a investigao.

    Por meio da edio da Portaria n. 50, de 30 de maio de 2011, da Corregedora Nacional de Justia, instaurou-se a presente sindicncia, facultando aos investigados a apresentao de defesa e postulao de provas. Concomitantemente, foram determinadas as seguintes diligncias: (a) expedio de ofcio ao Presidente do Tribunal Regional Federal da 3 Regio solicitando o envio dos relatrios dos juzes que integraram a fora-tarefa; (b) envio de ofcio ao Desembargador Andr Nabarrete para a obteno de cpia do depoimento do advogado Sandro Pissini no processo n. 2005.03.00.072993-7.

    Depois da juntada dos documentos solicitados, a Corregedora manifestou-se em 9 de dezembro de 2011, ou seja, 189 (cento e oitenta e nove) dias aps a instaurao da sindicncia, requerendo informaes sobre a apurao dos fatos no mbito da Corregedoria do Tribunal Regional da 3 Regio, ou seja, a autoridade que preside a sindicncia, eximindo-se da necessria colheita de provas para a apurao dos fatos, a ser feita diretamente pela sindicante, preferiu servir-se dos elementos de informao apurados em procedimento no qual o sindicado no era nem poderia, por absoluta incompetncia do rgo investigado (processo n. 2011.01.0172).

    No dia 22 de maio de 2012, quando ultrapassados 357 (trezentos e cinquenta e sete) dias do incio da sindicncia, a investigao foi concluda, com fundamento exclusivo nas provas reunidas em procedimento no qual o investigado no teve qualquer participao.

    Esse modo de proceder importou fazer tabula rasa ao artigo 29, caput e pargrafo nico, do Regulamento Geral da Corregedoria Nacional de Justia, e aos incisos LIV e LXXVIII do artigo 5 da Carta da Repblica, que coloca como direito individual subjetivo a garantia ao devido processo legal, bem como assegura a sua concluso em prazo razovel.

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    3.3 ILICITUDE DA PROVA UTILIZADA PARA ORIENTAR A ABERTURA DE PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR EM FACE DO ORA MANIFESTANTE

    Ao lado do excesso de prazo verificado, observa-se que a atuao da Corregedoria Nacional na fase investigatria, no obstante o decurso de largo espao temporal (357 dias), limitou-se a reunir peas produzidas em procedimento diverso e, frise-se, sem que tenha ocorrido qualquer participao do ora investigado.

    Aps relatar os fatos que sustentam a representao ofertada em face do sindicado, a Corregedora Nacional de Justia, com base em prova emprestada12, emprestada12, concluiu que existem indcios suficientes de violao, pelo investigado, dos deveres inerentes magistratura (LOMAN, art. 35, I, VII e VIII).

    Para a formao do convencimento da Corregedora Nacional de Justia levou-em considerao as parciais e infundadas informaes constantes da representao preambular e as provas colhidas no bojo do processo administrativo n. 2011.01.0172, em trmite na Corregedoria-Geral do Tribunal Regional Federal da 3 Regio, instaurado para, exclusivamente, averiguar eventual desvio funcional do magistrado Gilberto Rodrigues Jordan.

    Nesse procedimento, sob a conduo da Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 3 Regio, foram ouvidas testemunhas, requisitados documentos e realizada percia no computador que teria sido utilizado pelo magistrado Gilberto Rodrigues Jordan. De tais diligncias e atos, porm, no foi o ora manifestante partcipe, mesmo porque jamais intimado a tanto.

    A ttulo de esclarecimento, cumpre salientar que o Regulamento Geral da Corregedoria Nacional de Justia dispe que, no decorrer da sindicncia, em caso de oitiva de pessoas ou de realizao de diligncias, o sindicado ser intimado pessoalmente, para, querendo, comparecer ao depoimento ou acompanhar a inspeo, podendo fazer-se representar por advogado (art. 31), o que no ocorreu em relao ao ora peticionante, at porque a investigao no o alcanava.

    Bem por isso e de qualquer modo, a prova emprestada que abastece os autos no serve de suporte para processar administrativamente o sindicado. Eis o porqu:

    a) entende-se por prova emprestada aquela que produzida em um processo e depois transportada para outro, visando a gerar efeitos tambm neste13;

    12 Consta do relatrio da Corregedora Nacional de Justia (fl. 16), lavrado em 22 de maio de 2012:

    Havendo, por outro lado, instruo suficiente, parte dela tomada por emprstimo das provas inseridas no expediente que tramitou perante o Tribunal Regional Federal da 3 Regio, deixa-se de determinar novas diligncias. 13

    Cf. ARANHA, Adalberto Jos de Camargo. Da prova no processo penal. 2. ed. So Paulo: Saraiva, 1987, p. 188.

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    b) para que tal ocorra, alguns requisitos devem ser preenchidos, a saber:

    b.1) que a prova tenha sido produzida em processo formado entre as mesmas partes, para assegurar observncia garantia do contraditrio e da ampla defesa (CF, art. 5, LV14);

    b.2) que o contraditrio tenha sido institudo sob o mesmo juiz, que deve dirigir a causa da qual se extrai e a que receber a prova, em face da garantia constitucional do juiz natural (CF, art. 5, LIII15). Veja-se que a prova dirigida ao juzo que a colhe, de modo que no se pode admitir a prova de outro juzo;

    b.3) que haja observncia dos princpios que regem a prova, vista em sua natureza jurdica original [...] tanto no processo primitivo primitivo como no segundo processo16; e

    b.4) que seja reconhecida sua existncia por sentena transitada em julgado17.

    Note-se que o entendimento de que a prova emprestada, para ter validade, deve deve atender aos requisitos acima identificados pacfico na doutrina18 e na jurisprudncia19.

    14 Art. 5. [...]; LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em

    geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; [...]. 15

    Art. 5. [...]; LIII ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente; [...]. 16

    GRINOVER, Ada Pellegrini. Prova emprestada. Revista Brasileira de Cincias Criminais, So Paulo, a. 1, n. 4, p. 66, out./dez. 1993. 17

    NERY JNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Cdigo de processo civil comentado e legislao extravagante. 9. ed. rev. ampl. e atual. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 528. Expressam estes autores acerca da prova emprestada: vlida e eficaz como documento e meio de prova, desde que reconhecida sua existncia por sentena transitada em julgado. 18

    Cf. CINTRA, Antonio Carlos de Arajo. Comentrios ao cdigo de processo civil. vol. IV: arts. 332 a 475. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 14; DINAMARCO, Cndido Rangel. Instituies de direito processual civil. vol. III. So Paulo: Malheiros, 2001, p. 97-99; KODANI, Gisele. mbito de aplicao da prova emprestada. Revista de Processo, So Paulo, a. 29, n. 113, p. 273-276, jan./fev. 2004; NERY JNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Op. loc. cit.; SANTOS, Moacir Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. vol. II. 6. ed. So Paulo: Saraiva, 1981, p. 341; TALAMINI, Eduardo. Prova emprestada no processo civil e penal. Revista de Informao Legislativa, Braslia, a. 35, n. 140, p. 148-153, out./dez. 1998. 19

    EMENTA: I. Recurso extraordinrio: descabimento: falta de prequestionamento da matria constitucional suscitada no RE (CF, art. 5, LV). II. Recurso extraordinrio, prequestionamento e habeas-corpus de ofcio. Em recurso extraordinrio criminal, perde relevo a discusso em torno de requisitos especficos, qual o do prequestionamento, sempre que - evidenciando-se a leso ou a ameaa liberdade de locomoo - seja possvel a concesso de habeas-corpus de ofcio (cf. RE 273.363, 1 T,., 5.9.2000, Pertence, DJ 20.10.2000). III. Prova emprestada e garantia do contraditrio. A garantia constitucional do contraditrio - ao lado, quando for o caso, do princpio do juiz natural - o obstculo mais frequentemente oponvel admisso e valorao da prova emprestada de outro processo, no qual, pelo menos, no tenha sido parte aquele contra quem se pretenda faz-la valer; por isso mesmo, no entanto, a circunstncia de provir a prova de procedimento a que estranho a parte contra a qual se pretende utiliz-la s tem relevo, se se cuida de prova que - no fora o seu traslado para o processo - nele se devesse produzir no curso da instruo contraditria, com a presena e a interveno das partes. No a hiptese dos autos: aqui o que se tomou de emprstimo ao processo a que respondeu corr da recorrente, foi o laudo

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    Levando-se em conta que:

    (1) a prova encartada nos autos da presente sindicncia foi produzida em outro procedimento investigativo, do qual no participou o investigado Nery da Costa Jnior;

    (2) a prova emprestada foi produzida no pelo mesmo juzo (Conselho Nacional de Justia), mas por outro (Corregedoria Regional do Tribunal Regional Federal da 3 Regio), em processo que no envolve o investigado Nery da Costa Jnior;

    (3) a prova inserida nos autos e utilizada em face do ora manifestante no foi submetida ao contraditrio da parte deste;

    (4) no se tem sentena transitada em julgado (ou deciso irretratvel administrativamente),

    CONCLUI-SE, facilmente, que a prova juntada no poderia ter sido utilizada no caso em apreo, em face do ora manifestante.

    Giseli Kodani aponta como sendo uma das caractersticas bsicas da prova emprestada a sua produo em processo de natureza jurisdicional, o que significa que no poderiam ser consideradas provas emprestadas aquelas colhidas em inqurito policial, inqurito civil ou processo disciplinar20.

    A respeito da prova produzida na esfera do processo penal, aplicvel por analogia, mutatis mutandis, no mbito administrativo disciplinar, a doutrina faz a faz a seguinte advertncia:

    Ainda no campo probatrio, outra consequncia importante do reconhecimento da parcialidade do Ministrio Pblico no processo penal quanto ao valor que se poder dar aos elementos de convico que foram produzidos diretamente pelo Ministrio Pblico, sem a participao do acusado e sem a presena do juiz [...]. Num processo penal de modelo acusatrio, com partes antagnicas, em posio de igualdade, e com iguais direitos prova, todo ato de investigao conduzido exclusiva e

    de materialidade do txico apreendido, que, de regra, no se faz em juzo e veracidade do qual nada se ope (BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Primeira Turma. Recurso Extraordinrio n. 328138/MG. Relator: Ministro Seplveda Pertence. j. 16 set. 2003. Dirio da Justia da Unio, Braslia, 17 out. 2003, p. 21). No mesmo sentido, do mesmo rgo e Tribunal: Habeas Corpus n. 78749/MS. Relator: Min. Seplveda Pertence. j. 25 mai. 1999. Dirio da Justia da Unio, Braslia, 26 jun. 1999, p. 4. 20

    KODANI, Gisele. mbito de aplicao da prova emprestada. Revista de Processo, So Paulo, a. 29, n. 119, p. 271, jan./fev. 2004.

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    isoladamente pelo Ministrio Pblico deve ser considerado apenas como uma atividade de parte, tendo somente o valor de uma reconstruo do fato de um ponto de vista parcial e unilateral21.

    Sendo a observncia do contraditrio e da ampla defesa, um dos requisitos para que a prova produzida em determinado processo ou procedimento gere efeitos em outro, resta hialino que ilcita a utilizao, neste procedimento e em face do ora manifestante, das provas contidas nos autos do procedimento n. 2011.01.0172 da Corregedoria Regional de Justia do Tribunal Regional Federal da 3 Regio, sendo de Direito e Justia o seu desentranhamento.

    4 4 4 4 RAZES DE MRITO PARA O ARQUIVAMENTO DA SINDICNCIA

    4.1 CONSIDERAES PRELIMINARES ACERCA DA PROCURADORA-CHEFE AUTORA DA REPRESENTAO E DA JUZA FEDERAL LISA TAUBLEMBLATT

    Antes de adentrar ao mrito e refutar integralmente os termos da representao, representao, faz-se necessrio breve introito acerca da sua subscritora, Procuradora-Chefe Luiza Cristina Fonseca Frischeisen, ex-cunhada da Juza Federal Lisa Taublemblat de quem, por certo, recebeu subsdios para atuar neste caso e o fez discricionariamente, sem submeter o caso distribuio25 em concorrncia com os demais Procuradores com assento na Procuradoria Regional da Repblica em So Paulo, motivo suficiente para a nulidade da representao e para o reconhecimento de que, para utilizar as mesmas palavras da Corregedora em relao aos sindicados, atuaram em unidade de desgnios para envolver o ora manifestante , que se destaca pela incansvel tentativa de atingir o investigado, ainda que para isso tenha que que reinterpretar os fatos, com uso de critrios prprios e questionveis, como por exemplo, no episdio da natimorta Operao Tmis (na qual tambm foi o peticionante investigado).

    21 BADAR, Gustavo Henrique Righi Ivahy. nus da prova no processo penal. So Paulo:

    Revista dos Tribunais, 2003, p. 223-224. 25

    A regra da livre distribuio determina que, onde houver, com competncia concorrente, mais de um rgo, ou mais de um cartrio ou autoridade vinculados ao mesmo rgo, impe-se a prvia distribuio, paritria e alternada. Isso tem uma finalidade prtica e outra tica: (a) distribuir igualitariamente a carga de trabalho e (b) evitar que a parte escolha, a critrio prprio, entre os aptos para apreciar o pleito, o que deseje que analise e d trmite ao seu pedido. No presente caso, houve livre eleio do Procurador da Repblica representante, no caso a Procuradora-Chefe Luiza Cristina Fonseca Frischeisen, ex-cunhada da diretamente interessada Juza Federal Lisa Taubemblatt, contrariando flagrantemente a garantia constitucional do devido processo legal (CF, art. 5, LV), motivo suficiente para a decretao de nulidade do procedimento.

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    Exemplifica-se: em entrevista publicada no site Consultor Jurdico26, ao ser indagada se reconhecia possvel exagero cometido pelo Ministrio Pblico Federal na citada operao policial27, j que houve recusa, ainda em juzo de prelibao, unanimidade, da pea acusatria pelo Superior Tribunal de Justia, Justia, respondeu: No. O ministro Fisher reconheceu que tudo o que dissemos que havia ocorrido, de fato ocorreu. O que ele afirmou, no entanto, foi que aquilo no era crime.

    Todavia, em relao ao ora manifestante, no o que se extrai da deciso judicial prolatada, a saber:

    [...] l-se na pea inaugural da ao penal, na parte em que h a descrio dos integrantes da suposta quadrilha, especificamente quando se trata trata da figura do denunciado NERY DA CO S TA JNIOR, expressa meno a hipotticos encontros deste com MARIA JOS MORAES RO SA RAMO S ROBERTO PARDO, frise-se, para tratar de de interesse da quadrilha. Contudo, quando da narrativa do denominado "CASO OMB", nenhum encontro entre o denunciado e estes destacado o que, de certa forma, chama a ateno j que na proemial afirma-se expressamente que o denunciado mantinha contato direto com estas pessoas para tratar de processos de interesse da quadrilha [...]. Afirma-se na denncia que "Observa-se que todas as decises do Juiz-Relator NERY DA COSTA JNIOR naquele mandado de

    26 FRISCHESEN, Luiza Cristina Fonseca. Trauma das operaes: conversamos mais com a PF

    nos grandes inquritos. Revista Consultor Jurdico, 18 dez. 2011. Disponvel em: . Acesso em: 29 jun. 2012. Entrevista concedida a Alessandro Cristo. 27

    Tudo indica que muitos ocorreram, merecendo destaque que em comentrios aludida entrevista consta referncia feita por Cesar Herman ([email protected]), sob o ttulo A entrevistada faltou com lealdade, nos seguintes termos: Pelo ofcio de n. 02/2002-SAI/DI/DPF, de 15 de abril de 2002, a polcia federal pediu escuta prospectiva de monitoramento telefnico do Delegado da Polcia Federal aposentado, JORGE LUIZ BEZERRA, tendo, como nico fundamento para referida medida excepcional, atravs de fontes confiveis (denncia annima). Esse grampo, posteriormente, foi batizado de operao anaconda, uma das mais mendazes e abusivas operaes da histria do judicirio brasileiro. A Senhora procuradora oficiou nesse caso A PEDIDO, em conjunto com outras duas confrades, todas voluntariosas. Estranhamente, ano passado, aps a posse da procuradora na chefia da PRR/SP, o site da procuradoria foi adulterado, com a retirada de toda portaria de atuao A PEDIDO, existiam inmeras. E mais, durante o grampo prospectivo, foi detectado um clone telefnico efetuado por membros do PCC, com homicdios e trfico de entorpecentes, essa procuradora e suas confrades nada fizeram, ou seja, em prol de seus propsitos pessoais deixaram de averiguar trfico de entorpecentes e homicdios. J pedi duas certides a esse respeito e a procuradoria se nega a fornecer qualquer informao a respeito. Os erros e enganos so invencveis, e a perseguio legal so prticas odiosas, alis, estas servem para alimentar desvios de condutas anormais de quem as pratica. (Disponvel em: . Acesso em: 1 jul. 2012).

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    segurana impetrado pela OMB, exceo da ltima (seu voto relativo apelao) favoreceram esta empresa. Beneficiou-lhe, principalmente, a demora no julgamento da apelao, demora que ocorreu malgrado as insistentes manifestaes de urgncia formuladas pela Procuradoria da Fazenda Nacional, que, em setembro de 2005, j apontou nulidades processuais que precisavam ser sanadas (fls. 575/578 do apenso 378), e, em 18/07/2006, pediu preferncias no julgamento, em vista da publicao em 5/6/2006, de deciso proferida pelo STJ no REsp 541.239-DF, nos termos da qual no seria possvel a utilizao de crdito-prmio de IPI, pretendido pela OMB." (fl. 3.762). Compulsando os autos no se verificam "as insistentes manifestaes de urgncia formuladas pela Procuradoria da Fazenda Nacional" o que se tem , (a) um pedido de reconsiderao da deciso do denunciado deferindo a expedio de ofcio autoridade apontada como coatora (Delegado de Administrao Tributria de So Paulo - determinado o cumprimento imediato da r. sentena sentena concessiva da segurana ou, alternativamente o recebimento do referido pedido pedido como recurso de agravo regimental e (b) pedido de preferncia no julgamento do mrito do recurso de apelao diante do decidido por esta Corte nos autos do REsp 541.239/DF, da relatoria do Exmo. Sr. Min. Luiz Fux. Ou seja, ao contrrio do que consta na narrativa da imputao, no foram formulados reiterados pedidos de preferncia no julgamento. Pelo contrrio, consta apenas um nico pedido protocolizado em 18 de julho de 2006 (fls. 620 do apenso n 320)28. (destacou-se).

    Onde a deciso judicial declara a inexistncia do fato, a autora da representao reconhece a sua existncia, como se fosse possvel que uma mera enunciao feita numa denncia (recusada, por ausncia de justa causa) tivesse vida prpria, ainda que dissociada da realidade ftica.

    Percebe-se, claramente, que no contedo da entrevista est embutido o sofisma sofisma de confuso que se caracteriza

    28 BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Corte Especial. Ao Penal n. 549. Relator: Ministro

    Flix Fischer. j. 21 out. 2009. Dirio da Justia eletrnico, Braslia, 18 nov. 2009.

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    quando qualquer se sente apertado pela fora dos fatos ou raciocnios at ao grau de conhecer que impossvel uma resposta direta, o primeiro artifcio que se apresenta o de falsificar os fatos ou desfigurar os argumentos; iludir as objees, ou substituir-lhe uma, a que se possa responder [...]. Este no , propriamente falando, um sofisma particular, mas sim um meio sofstico geral, e que se dirige, mais que nenhum outro, a encher de confuso o debate29.

    Idntico modo de proceder adotado na representao ora analisada, cujos fundamentos repousam em conjecturas e no em fatos, todavia ganhou reforo no relatrio final que a chancela ao tomar por verdadeiras o que so meras construes hipotticas e que sero, doravante, enfrentadas e desmontadas uma a uma.

    Desde o recebimento da representao tem o sindicado tentado encontrar motivos para o que entende ser perseguio.

    Com relao predisposio da Juza federal Lisa Taubemblatt em querer a qualquer custo imputar desvio funcional ao sindicado, concluiu que possa ter origem no ano de 2004 quando esta, ainda Juza Federal Substituta em So Carlos (SP), deferiu medida liminar nos autos n. 2004.61.15.000138-7, deciso essa desafiada por meio de agravo de instrumento n. 2004.03.00.034632-1, no qual posteriormente foi atribudo o efeito suspensivo.

    Enquanto relator do citado recurso, o investigado, visando esclarecer situao de fato para a adequada prestao jurisdicional, realizou inspeo judicial (doc. 1) na cidade de So Carlos (SP) e pde constatar que o exerccio dessa prerrogativa legal (arts. 440 e seguintes do Cdigo de Processo Civil) foi assimilado pela magistrada como afronta sua judicatura, criando um clima de animosidade que teve a oportunidade da desforra, quando no seu entender vislumbra novo ultraje, agora com a designao da fora-tarefa, sob a coordenao inicial do investigado, feita pelo Presidente do Tribunal Regional da 3 Regio para atuar em Ponta Por (MS), onde atualmente a magistrada exerce suas funes.

    Ao que parece a referida magistrada tem sentimento especial por destratar aos que a contrariam: assim ocorreu na recepo aos membros da fora-tarefa, quando em flagrante desrespeito disse que j havia comunicado os fatos sua ex-cunhada Procuradora-Chefe Luiza Cristina Fonseca Frischeisen, como se o TRF3R devesse solicitar autorizao desta para atuar naquilo que lhe compete e, tambm, em episdio dos mais lastimveis na histria jurdica do Mato Grosso Grosso do Sul motivo para desagravo por parte da seccional local da Ordem dos Advogados do Brasil , quando exigiu de um advogado tratamento especial

    29 BENTHAN, Jeremy. Teoria das penas legais e tratado dos sofismas polticos. Leme: CL Edijur,

    2002, p. 322.

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    com relao a sua pessoa (que a tratasse por Excelncia e que ficasse de p quando entrasse na sala)30.

    4.2 ATUAO DO INVESTIGADO NO ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL FORA-TAREFA DESIGNADA PELA PRESIDNCIA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA TERCEIRA REGIO

    A instaurao do procedimento investigativo no possui ressonncia nos elementos informativos que instruem a representao, passando o investigado a demonstrar que sua conduta pautou-se, de forma imparcial, no estrito cumprimento de dever legal, no estando, portanto, submetida a qualquer espcie de censura.

    Mesmo que, por juzo hipottico, seja admitida a legalidade da prova emprestada colhida nos autos n. 2011.01.0172, o que careceria de amparo jurdico conforme j exposto no subtpico 3.2, ainda assim a apurao conduzida pela Corregedoria do Tribunal Regional da 3 Regio no fornece nenhum subsdio capaz de validar os termos da representao, uma vez que na instruo no se comprovou nenhuma das faltas funcionais atribudas ao investigado.

    No relatrio, mais que reproduzir, d-se vigor representao, emprestando-lhe lhe forma e alavanca para uma linha de raciocnio que se erige a partir de trs vertentes, que constituem as linhas mestras do mosaico que constri, a saber:

    30 Excelncia, para advogados! Um advogado de Mato Grosso do Sul ligou chorando para o

    presidente da OAB-MS, Fbio Trad, depois de sair de audincia com a juza Lisa Taubemblatt. Motivo: depois de trat-la como doutora, teve de ouvir um sermo. Eu exijo que advogados me chamem de excelncia. Os agentes da Polcia Federal e os presos podem me chamar de doutora, mas advogado tem que me chamar de excelncia e ficar em p quando eu entro na sala, entendeu bem doutor?, disse Lisa, segundo o relato lacrimejante do advogado. A OAB entrou com representao contra ela. (HAIDAR, Rodrigo. Coluna do Haidar. Consultor Jurdico, 28 jul. 2009. Disponvel em: . Acesso em: 28 jun. 2012). Vide, ainda: A Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Mato Grosso do Sul remeteu ofcios Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 3 Regio e ao Conselho Nacional de Justia (CNJ) para denunciar abusos cometidos pela juza federal de Ponta Por. A informao partiu do presidente da OAB-MS, Fbio Trad. A Seccional recebeu denncia do advogado T.V.F., de Ponta Por, que disse ter sido constrangido e ofendido pela juza Lisa Taubemblatt durante audincia no ltimo dia 20, naquela comarca. De acordo com o profissional, designado para funcionar como advogado dativo em um processo, ao trmino de um depoimento ele teria dito magistrada sem mais perguntas, doutora. Todavia, na presena de um procurador da Repblica, dois advogados, dois agentes da Polcia Federal, um analista judicirio e trs presos, a juza, inexplicavelmente, teria grosseiramente advertido T.V.F., dizendo eu exijo que vocs advogados me chamem de excelncia, vocs, advogados, no respeitam o Poder Judicirio. [...]. Ainda de acordo com a reclamao de T.V.F., a juza Lisa Taubemblatt exige que todos, inclusive os advogados, se levantem quando ela entra no recinto da audincia, atitude no prevista em lei". (OAB-MS denuncia juza federal que s quer se chamada de excelncia. 27 jul. 2009. Disponvel em: . Acesso em: 28 jun. 2012).

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    a) afirma ocorrncia de uma fora-tarefa dita aodada, porque teria o sindicado atendido pedido de apenas um desembargador;

    b) haveria uma unidade de desgnios entre o investigado e o Juiz Gilberto Jordan para produzir uma alterao na liminar dada nos autos da medida cautelar de sequestro de bens; e

    c) essa alterao seria para atender interesses de clientes de advogado que teria relaes pessoais histricas com o sindicado (foi assessor em 1999, adquiriu do mesmo um imvel rural em 2001 e de seu escritrio escritrio veio Andr Ferraz, atual chefe de gabinete).

    No relatrio final, a eminente Corregedora Nacional concluiu que a instalao da multicitada fora-tarefa ocorreu de modo aodado, em verdadeiro regime de urgncia, sem motivo suficiente para justific-la, aproveitando-se ausncia da Corregedora Titular.

    No entanto, a precipitao de outra ordem. tomar os termos da representao como verdade inquestionvel e no considerar a prova dos autos. Ei-los:

    a) em dezembro de 2010, a 5 Turma do Tribunal Regional da 3 Regio, apreciando o Habeas Corpus n. 0019767-53.2010.4.03.0000, concedeu, unanimidade, liberdade ao paciente Jos Vargas Sanabria em razo do excesso de prazo verificado, tendo determinado a expedio de ofcio Corregedoria de Justia, comunicando o teor da presente deciso, sobrevinda em face da morosidade excessiva no andamento do feito referente ao Paciente perante o MM. Juzo da 1 Vara de Ponta Por/MS, nos termos do relatrio e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado31; (negritou-se)

    b) posteriormente, em 13 de janeiro de 2011 o Desembargador Federal Luiz Luiz Stefanini dirigiu Corregedoria Regional, ento sob a direo do sindicado, o Ofcio n. 02/2011-GAB, por meio do qual solicitou a adoo de providncias, tendo em vista as informaes colacionadas aos autos de Habeas Corpus n. 0035010-37.2010.4.03.0000, 0035421-80.2010.4.03.0000, 0035122-06.2010.4.03.0000 e 0036996-26.2010.4.03.0000, noticiando prises preventivas que perduram quase 1 ano, sem que haja recebimento da denncia por parte do juzo da 1 Vara de Ponta Por;

    31 Deciso: Vistos e relatados estes autos em que so partes as acima indicadas, decide a

    Egrgia Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 3 Regio, por unanimidade, em conceder parcialmente a ordem, apenas para que Jos Vargas Sanabria aguarde em liberdade o desenrolar do processo, se por outro motivo no estiver custodiado, em razo de excesso de prazo de segregao e, no mais, a denegou, determinando a expedio de Alvar de Soltura Clausulado em nome de Jos Vargas Sanabria e a expedio de ofcio Corregedoria de Justia, comunicando o teor da presente deciso, sobrevinda em face da morosidade excessiva no andamento do feito referente ao Paciente perante o MM. Juzo da 1 Vara de Ponta Por/MS, nos termos do relatrio e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado (BRASIL. Tribunal Regional Federal da 3 Regio. 5 Turma. Habeas Corpus n. 0019767- 53.2010.4.03.0000. Relator: Desembargador Luiz Stefanini. j. 6 dez. 2010. Dirio Eletrnico da Justia Federal da 3 Regio, n. 228/2010, 15 dez. 2010, p. 189).

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    c) ao sugerir ao Presidente do Tribunal Regional Federal da 3 Regio a constituio de uma fora-tarefa, valeu-se o sindicado da prerrogativa funcional prevista no artigo 8, inciso I, do Regimento Interno do Conselho da Justia Federal da 3 Regio32. Atuou, portanto, embasado em norma regimental.

    O atraso na entrega da prestao jurisdicional em Ponta Por (MS) era alvo de constantes reclamaes por parte dos jurisdicionados e dos profissionais que ali militam, resultando, inclusive, na necessidade de transferncia da recm-criada Vara Federal de Bela Vista (MS) para Ponta Por (MS), consoante Resoluo n. 137, de 31 de dezembro de 2010, do Conselho da Justia Federal.

    O investigado, por ocasio de correio ordinria realizada meses antes do envio da fora-tarefa 1 Vara Federal de Ponta Por (MS), j havia constatado a tramitao morosa dos processos, tendo cientificado pessoalmente a Corregedora Regional (titular) acerca do ocorrido.

    O Presidente do Tribunal Regional da 3 Regio, atuando nos limites de sua competncia, acolheu a sugesto depois de debater a questo inclusive com representantes do CJF e do CNJ, os Juzes Federais vio Novaes e Mnica Aguiar (OFIC5) e, por meio do Ato n. 10.287, de 17 de janeiro de 2011, nomeou os magistrados Gilberto Rodrigues Jordan e Leonardo Estevam de Assis Zanini para atuarem na fora-tarefa para auxiliar na 1 Vara Federal de Ponta Por.

    Deve ser frisado que em nenhum momento houve indicao, intercesso ou mesmo sugesto dos nomes dos magistrados que integraram a fora-tarefa o sindicado sequer conhecia o Juiz Federal Leonardo Estevam de Assis Zanini e, em relao ao Juiz Federal Gilberto Rodrigues Jordan, apenas o conhecia superficialmente, de vista to somente.

    Segundo se extrai dos fundamentos que motivaram a edio do Ato n. 10.287, de 17 de janeiro de 2011, a escolha do magistrado Gilberto Rodrigues Jordan, alm de no poder ser atribuda ao investigado, decorreu do fato de que o mesmo um dos gestores das metas do Conselho Nacional de Justia, estando devidamente fundamentada a escolha realizada.

    As razes pela qual a Corregedora Regional titular Suzana Camargo no ms anterior no tenha agido, ante a formal provocao da Quinta Turma, no ofcio chancelado pelo Desembargador Andr Nekatchalow, produto de consenso no mbito daquele rgo fracionrio como demonstrado por cpia Corregedoria Nacional no esto afetas ao investigado.

    Mas trilhando o mesmo caminho da autora da representao, possvel especular sobre o comportamento da Corregedora titular, sem, no entanto querer impingir como verdade absoluta o que produto de mera conjectura do investigado, o que registra para no incorrer no mesmo equvoco que combate. Era dezembro, vspera de recesso. Sua Excelncia estivera dedicada ao

    32 Art. 4. Ao Corregedor-Geral da Justia Federal compete: I fiscalizar e superintender tudo

    que diga respeito ao aperfeioamento, disciplina e estatstica forenses, adotando, desde logo, as medidas adequadas eliminao de erros e abusos; [...]. (Provimento Geral Consolidado n. 64, de 28 de abril de 2005, da Justia Federal de Primeiro Grau da 3 Regio).

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    processo de indicao de seu nome para vaga no Superior Tribunal de Justia, so muitas as possibilidades, mas a um substituto no se perdoaria, decerto, ato ato de desdia.

    E note-se o teor do ofcio subscrito pelo sindicado, que muito longe de se apresentar como gesto de correio extraordinria (coisa que poderia fazer sem qualquer cogitao da Presidncia) expressava a ideia de uma ao solidria, forte no que realizava o Conselho Nacional de Justia na Corte naquela oportunidade.

    importante, quando se trata da fora-tarefa, destacar que ela foi uma providncia da Administrao insistentemente solicitada por importante, sensvel sensvel e respeitvel rgo da Corte: a Quinta Turma, especializada em matria matria criminal, portanto inafastavel que se reconhea que veio ao mundo por gestes polticas e aes administrativas diversas, configurando a eleio do Corregedor substituto, ora peticionante, para responder sindicncia e, qui, a processo administrativo disciplinar cuja ao foi dar curso ao pedido para que fosse apreciado pela instncia legal verdadeira escolha injuriante.

    Eis a motivao que o relatrio final reputa inexistente, frisando ainda que a provocao feita no apenas pelo ofcio do Desembargador Federal Luis Stefannini que subscreveu o ofcio na qualidade de relator da ao constitucional , mas por deciso unnime dos membros do rgo fracionrio (5 Turma).

    Ao que parece se est a exigir do manifestante a observncia ao entendimento de que a Administrao Pblica sempre deve ser ineficiente e burocrtica ou, como adverte Roberto Dromi, verdadeira mquina de impedir, fiel ao que ele batiza como o cdigo do fracasso, que expressa regras a serem observadas: artculo 1: no se puede; artculo 2: en caso de duda, abstenerse; artculo 3: si es urgente, esperar; artculo 4: siempre es ms prudente no hacer nada33.

    Nessa senda, imperioso questionar: se a premissa adotada (equivocada, diga-se) para este procedimento a inexistncia de motivo para a instaurao da fora-tarefa, qual a razo de no figurar como sindicados o Desembargador Federal Luiz Stefanini, todos os membros da Quinta Turma e o Presidente do Tribunal Regional Federal da 3 Regio? Afinal, o primeiro, conforme ser narrado (fls. 23, 27 e 28 desta petio), solicitou expressamente providncias e tem relaes com os advogados da empresa; os membros da Quinta Turma, unanimidade, declararam a manuteno de presos por mais de um ano sem recebimento de denncia, motivo para o deferimento de vrios habeas corpus; o o ltimo, atestou (OFIC5), conforme relatado pela Ministra Corregedora, que esteve em Ponta Por, ocasio em que a Juza Federal Lisa Taubemblatt reconheceu a existncia de processos em atraso no Juzo pelo qual responsvel e manifestou ter dificuldades para coloc-los em ordem, que solicitou a presena do Desembargador Federal Nery Jnior em seu gabinete, que escolheu e designou os membros da fora-tarefa etc.

    Tambm devem ser processados disciplinarmente (no por merecimento, repita-se, mas para prevalecer o mesmo critrio para escolha do ora

    33 DROMI, Roberto. Derecho administrativo. 5. ed. Buenos Aires: Ciudad Argentina, 1996, p. 35.

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    peticionante) os Juzes Federais vio Novaes e Mnica Aguiar que, na qualidade de representantes respectivos do Conselho da Justia Federal e do Conselho Nacional de Justia participaram de reunio comandada pelo Presidente do Tribunal Regional Federal da 3 Regio, antes da designao da fora-tarefa e aos quais foram relatados os fatos e o intuito34 (OFIC 6), e nada opuseram.

    Uma vez tomada a deciso pela Presidncia do Tribunal Regional Federal da 3 Regio no sentido de constituir a fora-tarefa, o investigado, enquanto Corregedor em exerccio e coordenador do grupo de trabalho, comunicou tal determinao, por telefone, Juza Federal da 1 Vara Federal Lisa Taubemblatt, motivo pelo qual inverdica a assertiva de no ter ocorrido prvio prvio aviso mesma.

    A recepo fora-tarefa, composta pelo investigado e Juzes Leonardo e Gilberto, ocorreu de modo hostil por parte da Juza Lisa Taubemblatt, que desferiu de plano, malgrado estivesse frente de seu Corregedor em exerccio, que j havia comunicado o fato procuradora Luiza Cristina Frischeisen, como se devesse a administrao submeter apreciao e avaliao de seus atos previamente representante ministerial citada.

    Em resumo, a atuao do sindicado restringiu-se a, nos estritos limites da legalidade:

    a) receber comunicao do Desembargador Federal Luiz Stefanini (Ofcio n. n. 02/2011-GAB, de 13/1/2011, anexo), na qual este narra graves violaes aos direitos humanos, ao devido processo legal, cidadania e garantia constitucional inserta no inciso LXXVIII do artigo 5 da Lei Fundamental35, patrocinadas pela Juza Lisa Taubemblatt, da 1 Vara Federal de Ponta Por (MS);

    b) enderear referida comunicao, contendo pedido de providncias, ao Presidente do Tribunal Regional Federal da 3 Regio, sugerindo-lhe medidas;

    c) manter contato telefnico com referida magistrada federal, para comunicar-lhe as providncias adotadas pelo Presidente do TRF3R;

    d) dirigir-se cidade de Ponta Por, para ali instalar a fora-tarefa constituda pelo Presidente do TRF3R.

    Nesse contexto, as verrinas, idiossincrasias, subjetividades e maledicncias constantes da representao so frutos exclusivos da m e errnea interpretao da sua subscritora, porquanto dissociadas da realidade ftica e jurdica.

    34 Consta do relatrio da Ministra Corregedora, relatando informaes prestadas pelo Presidente

    do Tribunal Regional Federal da 3 Regio (OFIC5), o seguinte: d) tendo em vista os resultados positivos de fora-tarefa instituda para conter o atraso em processos de Corumb, animou-se a tomar igual providncia em relao Vara Federal de Ponta Por, no sem antes relatar os atos Corregedoria Nacional de Justia e ao Conselho da Justia Federal, tendo participado de tal reunio os Juzes vio Novaes, pelo CJF, e Mnica Aguiar, pelo CNJ. 35

    Art. 5o. []; LXXVIII a todos, no mbito judicial e administrativa, so assegurados a razovel durao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitao. [...].

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    4.3 OS SUPOSTOS VNCULOS ENTRE SANDRO PISSINI E MAGISTRADO GILBERTO RODRIGUES JORDAN COM O INVESTIGADO NERY COSTA JNIOR

    No relatrio final, mais uma vez chancelando as lucubraes da representante, arrola-se o que entende ser uma srie de indcios acerca da conduta do investigado, que teria agido em desacordo com seu dever funcional.

    De incio, consoante a redao do artigo 239 do Cdigo de Processo Penal, considera-se indcio a circunstncia conhecida e provada, que, tendo relao com o fato, autorize, por induo, concluir-se a existncia de outra ou outras circunstncias. Insista-se, indcio a relao que se extrai de fato certo a respeito de fato incerto.

    Portanto, se indcios so dados de fato de existncia certa que, coordenados logicamente, segundo categorias da inteligncia humana, apontam para a autoria e materialidade do fato, foroso concluir que o indcio, por si s, no um meio de prova. Segundo a doutrina, os indcios e as presunes no so meios de prova porque no so instrumentos que levam ao conhecimento do juiz o factum probandum36. Em igual sentido:

    O lugar e a funo do indcio no se equiparam perfeitamente ao lugar e funo de um documento ou uma declarao de testemunha [...] impossvel confundir o indcio fato provado com a prova (documental, testemunhal, etc.) que proporcionou ao juiz o conhecimento desse fato37.

    O advogado Sandro Pissini de fato esteve vinculado ao gabinete do Desembargador investigado, na condio de assessor, at 2000, sendo que as peas que instruem a representao do conta de que o mesmo iniciou o patrocnio dos interesses dos demandados na Ao Cautelar n. 2004.60.02.000553-6 em junho de 2008 (fl. 79), ou seja, muito tempo aps a sua passagem pela assessoria do gabinete.

    Logo, tratando-se de fato ocorrido posteriormente ao seu desligamento no desempenho de sua funo no gabinete do investigado, este no pode responder por atos relativos atuao profissional do advogado na esfera privada.

    36 BADAR, Gustavo Henrique Righi Ivahy. nus da prova no processo penal. So Paulo:

    Revista dos Tribunais, 2003, p. 277. 37

    MOREIRA, Jos Carlos Barbosa. As presunes e as provas. Temas de direito processual. So Paulo: Saraiva, 1997, p. 58.

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    A vinculao que a subscritora da representao quer fazer crer existir, entre (1) o exerccio profissional do advogado Sandro Pissini, (2) a deciso que determinou o levantamento da constrio dos bens das empresas por ele representadas na ao judicial e (3) a designao da fora-tarefa no tem qualquer fundamento objetivo.

    A despeito da insinuao da proximidade do sindicado com o advogado Sandro Pissini, decorrente de seu trabalho na sua assessoria, ocorrido h mais de 10 (dez) anos, no houve nenhuma deciso de lavra do investigado na Ao Cautelar n. 2004.60.02.000553-6, no se lhe podendo atribuir qualquer participao na sorte dos bens de propriedade do denominado Grupo Torlim.

    Pretendendo demonstrar a existncia de liame subjetivo entre o advogado Sandro Pissini e o ora sindicado, no relatrio se acentua:

    Em depoimento prestado no dia 25 de setembro de 2009, nos autos do Processo n. 2005.03.00.072993-7, Sandro Pissini afirmou que foi assessor do Desembargador Nery Jnior durante o perodo de 1999 a dezembro/2000.

    J integrou o quadro de advogados da Advocacia Sandro Pissini o Sr. Andr Costa Ferraz, nomeado pelo Ato n. 10364, de 4 de maro de 2011, da Presidncia do TRF3, para exercer cargo em comisso (CJ-2) de Chefe de Gabinete de Desembargador Federal Nery Junior, cargo que provavelmente ocupa at os dias atuais. A propsito, o nome de Andr Costa Ferraz consta em papel timbrado do Escritrio de Advocacia Sandro Pissini (DOC3, fl. 86), em pea apresentada na defesa dos interesses de Jair Antonio de Lima (Processo n. 2004.03.00.026124-8).

    Segundo declaraes prestadas pelo Desembargador Federal Nery da Costa Jnior nos autos da Ao Penal n. 549/SP, alm de ter vendido uma fazenda denominada Lenha Branca para o advogado Sandro Pissini, tambm scio de Fernando Pissini, irmo do patrono aqui apontado, tendo ambos adquirido 160 terrenos em Amambai/MS.

    Em sua resposta, em momento algum o Desembargador Nery Jnior refuta tal fato. Limita-se a afirmar que a venda da fazenda Lenha Branca, de sua propriedade, para o advogado Sandro Pissini, de fato se consumou h mais de 10 (dez) anos, no possuindo atualmente qualquer sociedade com ele ou com o advogado Fernando Pissini, bem como que os terrenos mencionados na representao foram negociados h cerca de 20 (vinte) anos.

    Tudo isso demonstra o quo antiga a relao do Desembargador Federal Nery da Costa Jnior com os integrantes da famlia Pissini, independentemente da existncia ou no de sociedade entre eles no dias atuais.

    No tocante ao depoimento do advogado Sandro Pissini, uma parte fundamental de suas declaraes passou despercebida pela Corregedora, in verbis:

    MPF: O senhor falou que no conhece o doutor Nery Jnior. O senhor no...?

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    DEPOENTE: No, no, no. Eu disse que com relao ao Desembargador Nery Jnior, eu o conheo, tanto que fui assessor do Desembargador Nery Jnior.

    MPF: Perdo, realmente. O senhor foi assessor do Desembargador.

    DEPOENTE: Isso.

    MPF: Continua tendo contato com ele?

    DEPOENTE: Olha, no tenho contato com ele h dois anos, no troco bom dia com ele h dois anos, mas se nos encontrarmos por a, terei essa forma de contato. (destacou-se).

    Contextualizando os fatos, tem-se que o depoimento foi prestado no dia 25 de setembro de 2009, ou seja, os laos de amizade antigos e que foram considerados no relatrio entre o investigado e o advogado Sandro Pissini, j no existiam desde o ano de 2007. A despeito da clareza do depoimento em demarcar o perodo do relacionamento profissional entre ambos, que tem por termo final o ano 2000, no relatrio se ignorou mais uma vez a fora de um fato provado.

    No que pertine negociao imobiliria, no relatrio se inverte a lgica, pois se o se o que se pretende demonstrar a unidade de vontades entre o advogado Sandro Pissini e o investigado para, burlando o ordenamento jurdico, revisar uma deciso judicial em favor de cliente patrocinado por aquele, teria que necessariamente apoiar-se em fatos contemporneos ao do ato tido por ilegal e no buscar, por meio de uma negociao de imvel rural ocorrida no distante ano de 2001, identificar o acordo de vontades, ocasio em que sequer existia a ao cautelar questionada na presente representao.

    Para a compra e venda de um imvel sabe-se que a sua concretizao depende apenas do interesse do vendedor em alienar o bem e a disposio do comprador em pagar o preo, interesses que em certa medida esto contrapostos, vez que nos ajustes prvios, ordinariamente, o vendedor quer dispor da coisa pelo mximo valor possvel, ao passo que o comprador negocia pelo menor preo, sendo a negociao ultimada quando mutuamente acordarem as condies de compra e venda.

    Da a concluir, como se fez no relatrio final, que a negociao perpetuar um vnculo indissocivel entre comprador e vendedor, de modo a importar adeso ou concordncia com futuras manifestaes de vontade uma distncia abissal, ainda mais no caso concreto, quando h prova de que desde o ano de 2007 havia cessado o relacionamento entre Sandro Pissini e o investigado.

    Quanto nomeao de Andr Costa Ferraz para o cargo em comisso de Chefe de Gabinete, h previso especfica que a autoriza38, inexistindo qualquer

    38 Art. 368. Cada Desembargador Federal dispor de um Gabinete incumbido de executar

    servios administrativos e de assessoramento jurdico. 1. Os servidores do Gabinete, de estrita confiana do Desembargador Federal, sero por este indicados ao Presidente, que os designar para nele terem exerccio. 2. O Assessor do Desembargador Federal e o Chefe de Gabinete, bacharis em Direito, nomeados em comisso pelo Presidente, mediante indicao do Desembargador Federal, podero ser recrutados no Quadro de Pessoal da Secretaria ou no, e a

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    impedimento legal para o desempenho da funo, mesmo porque possuidor da necessria qualificao tcnica, no tendo referido servidor qualquer vnculo de de parentesco com o sindicado a ensejar contratao vedada pela Smula Vinculante n. 13 do Supremo Tribunal Federal39.

    Ademais, consoante se depreende da publicao oficial, a nomeao ocorreu em 4 de maro de 2011, vale dizer, posteriormente publicao da deciso questionada na presente representao, no podendo tal nomeao ser eleita como causa apta a influenciar a sentena em favor da empresa cujos interesses patrocinara anteriormente, direta ou indiretamente, enquanto integrante de escritrio de advocacia, mesmo porque suposta influncia seria impossvel, pois, repita-se, no foi proferida pelo investigado nenhuma deciso no referido processo cautelar.

    Diante das peas informativas que acompanham a representao, no resta comprovada qualquer postulao feita pelo advogado Andr Costa Ferraz em favor das empresas do Grupo Torlim, sendo que a mera outorga de substabelecimento em seu nome no autoriza concluir que efetivamente tenha atuado nos interesses de citada empresa.

    Interessante chamar a ateno para o fato de que, no depoimento do advogado Sandro Pissini, prestado nos autos n. 2005.03.00.072993-7, mencionada a pessoa do advogado de prenome Herculano, que tambm prestou servios ao citado escritrio de advocacia entre os anos de 2002 e 2003 e que, aps, passou a integrar a assessoria do Desembargador Luis Stefanini. A esse respeito:

    MPF: Atendendo a esse pedido, contratou o Herculano?

    DEPOENTE: Ele era associado.

    MPF: Trabalhou durante muito tempo l?

    DEPOENTE: No, contratei em 2002 e saiu em 2003.

    MPF: Por que razo?

    DEPOENTE: Ele foi convidado por um Desembargador do Tribunal Regional Federal para vir assessor-lo.

    MPF: Qual era o Desembargador?

    DEPOENTE: Luis Stefanini.

    MPF: Se encontra l at hoje?

    DEPOENTE: At hoje. At onde sei.

    critrio do Desembargador Federal permanecero em exerccio enquanto bem servirem. (Regimento Interno do Tribunal Regional Federal da 3 Regio). 39

    A nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, at o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurdica investido em cargo de direo, chefia ou assessoramento, para o exerccio de cargo em comisso ou de confiana ou, ainda, de funo gratificada na administrao pblica direta e indireta em qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, compreendido o ajuste mediante designaes recprocas, viola a Constituio Federal.

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    A meno a esse fato cinge-se a evidenciar que o ofcio que provocou a atuao do investigado foi de lavra do Desembargador Luis Stefanini, que por sua vez nomeou para a sua assessoria pessoa que j havia trabalhado no escritrio de Sandro Pissini, retratando situao idntica imputada ao sindicado.

    E mais. O advogado que atua no caso da cautelar de sequestro, cuja deciso questionada na representao, Dr. Douglas Augusto Fontes Frana, servia o gabinete do Desembargador Luis Stefanini, tendo de l sado para advogar no escritrio de Sandro Pissini. No referido escritrio tambm estagiou o filho do mesmo magistrado.

    Se for to somente a relao de causalidade40 que orienta a representao ofertada, incorporada ao relatrio final, h indcios que, utilizando o critrio adotado pela representante, relacionam o Desembargador Luis Stefanini ao caso.

    Mas esses elementos no foram sequer cotejados na representao. No que devesse, a rigor, porque o Desembargador Luis Stefanini merece a tenncia, f e confiana e, sobretudo, o respeito de no ser apontado como suspeito ou que se levante contra si insinuaes acusatrias a lhe ameaar a vida pblica e privada, a lhe atormentar as noites e a ter contra si repercutida essa rezinga por todos os cantos de atividades correcionais, no CNJ, no CJF, na Corregedoria Regional, na Vice-presidncia e na Presidncia do Tribunal Regional Federal da 3 Regio, como tem ocorrido com o ora manifestante.

    No se atentou no relatrio que o magistrado Gilberto Rodrigues Jordan desconhecia as relaes pessoais entre o investigado e Sandro Pissini e, sobretudo, que no houve qualquer pedido ou determinao por parte do peticionante no sentido de apreciar o processo questionado na representao suposio que fruto de entendimento da representante e que, lamentavelmente, foi acolhida no relatrio , conforme se extrai de depoimento do referido magistrado perante a Corregedoria Regional:

    GILBERTO RODRIGUES JORDAN Expediente Administrativo n. 2011.01.0172

    Que o depoente no recebeu nenhuma indicao do Corregedor em substituio, Des. Nery Jnior, para sentenciar esse processo de

    40 O que revela total descompasso com a doutrina moderna, pois no se pode cogitar que a relao

    de causalidade seja composta de uma cadeia ilimitada de fatores, conforme muito bem observado por Zaffaroni: Para aqueles que concebem o tipo de forma objetiva, isto , como a causao de um resultado, no resta outra alternativa do que buscar uma limitao relevncia penal da causalidade, porque se levassem em considerao a causalidade tal qual se d (como categoria do ser), seria tpica a conduta de gerar a um homicida ou a do construtor do hotel em que se comete adultrio [sic] e, por fim, a tipicidade de todas as condutas recairia sobre Ado e Eva, pois o pecado original a causa de todos os delitos. (ZAFFARONI, Eugnio Ral; PIERANGELI, Jos Henrique. Manual de direito penal brasileiro. vol. 1. 7. ed. rev. atual. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 407). Salienta Roxin que a teoria causal da ao e do tipo falha por completo diante do problema de delimitar o tipo de delito do respectivo crime (ROXIN, Claus. A teoria da imputao objetiva. Trad. de Lus Greco. Revista Brasileira de Cincias Criminais, So Paulo, n. 38, p. 20, abr./jun. 2002), pois o resultado naturalstico no pode nem deve ser atribudo objetivamente conduta do autor apenas em virtude de uma relao fsica de causa e efeito. (CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. vol. 1. 8. ed. rev. atual. So Paulo: Saraiva, 2005, p. 172).

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    sequestro; que o depoente no sabia at ento que o Des. Nery Jnior era de Amambai/MS, somente vindo a sab-lo depois da instaurao do presente expediente, que sabia que ele era de Mato Grosso do Sul [...] que o depoente no sabia que o advogado Sandro Pissini tinha ou teve alguma vinculao com o Des. Nery Jnior, nem tampouco que um outro advogado que figurava como integrante desse mesmo escritrio viera a ser nomeado como assessor do mesmo Des. Nery Jnior, j depois da prolao da sentena.

    Como demonstrado, no espanta que a representante pudesse fazer valorao prpria dos fatos, o que causa surpresa a Corregedora Nacional encampar sim, porque no h outra razo para continuar o ora manifestante a se submeter ao crivo investigatrio uma verso que estampa manifesta contrariedade com a prova dos autos.

    Igualmente, no foi objeto de reflexo que o patrono Sandro Pissini no ter sido o nico advogado conhecido do sindicado a ter processo examinado pela fora-tarefa, por aquele magistrado ou pelo outro. Deveras, julgaram em Ponta Por, cidade que sedia a Justia Federal no bero da terra natal do sindicado. Cidades Cidades de pequeno porte, onde todos se conhecem e que felizmente perenizam relaes profissionais, de regra saudveis e, sobretudo, porque no caso concreto, as ditas infectadas relaes (que disso nada tm) existem tanto em relao ao investigado como em relao a outros!

    No relatrio final muito se especula e seus fundamentos subsistem apenas por sugesto, insinuao ou presuno, o que definitivamente no autoriza a instaurao de sindicncia e tampouco a abertura de processo disciplinar, consoante esclio jurisprudencial: simples presunes no constituem indcios, indcios, quando dos fatos se podem tirar ilaes diametralmente opostas41.

    4.4 A ALEGADA REGULARIDADE NA TRAMITAO DOS PROCESSOS SOB A RESPONSABILIDADE DA 1 VARA FEDERAL DE PONTA POR (MS)

    Embora no tenha sido analisado no relatrio, tem-se que o comparativo feito pela representante entre os processos em tramitao na 1 Vara Federal de Ponta Por (MS) e os do gabinete do investigado no pode ser considerado critrio idneo e isento para atestar a produtividade, pois alm da inexistncia de paridade na distribuio de processos na 1 Vara Federal de Ponta Por (MS) em comparao com os feitos distribudos no Tribunal Regional Federal da 3 Regio que engloba os Estados de So Paulo e do Mato Grosso do Sul , o investigado ainda cumula funes como membro do Conselho da Justia Federal, do rgo Especial, da Presidncia da Terceira Turma e da Presidncia do XVI Concurso para ingresso na Magistratura Federal.

    41 MIRABETE, Julio Fabbrini. Cdigo de processo penal interpretado. 8. ed. So Paulo: Atlas.

    2000, p. 532, citando o julgado do Tribunal de Alada do Rio de Janeiro, publicado na Revista dos Tribunais n. 742, p. 713.

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    O fato de o sindicado ter conclusos, em 31 de dezembro de 2010, 339 (trezentos (trezentos e trinta e nove) processos da denominada Meta 2, to somente demonstra o seu compromisso para com a efetiva prestao jurisdicional, haja vista que em um ano baixou significativamente o nmero de processos espera de deciso, que era de aproximadamente 3.000 (trs mil).

    Em contrapartida, a certido de folha 9 do Apenso I, subscrita em 17 de janeiro de 2011, dando conta da regularidade da tramitao dos processos da 1 Vara Federal de Ponta Por, no traduz com fidelidade a realidade dos fatos. Diz-se assim porque os magistrados integrantes da fora-tarefa identificaram diversas irregularidades no andamento daqueles. A ttulo de exemplo, eis alguns dos vcios apontados:

    AUTOS N. 001275-40.2010.403.6005

    Observo que a Secretaria no est cumprindo integralmente s determinaes judiciais. Assim sendo, advirto a Secretaria para que fique atenta ao fiel e completo cumprimento das decises judiciais prolatadas nos autos, no tempo e modo devidos. (fl. 86, apenso I)

    AUTOS N. 003107-11.2010.403.6005

    Tendo em vista que o Senhor Oficial de Justia no cumpriu at a presente data o Mandado de Notificao e Intimao do Ru, expedido em 15/12/10, para cumprimento no Estabelecimento Penal Masculino desta cidade, proceda a Secretaria imediata cobrana do efetivo cumprimento daquele mandado, bem como fica a Secretaria advertida, bem como fica o Senhor Oficial de Justia advertido de que prioritrio o andamento dos feitos de natureza criminal com rus presos, devendo os atos serem cumpridos nos respectivos prazos legais. (fl. 95, apenso I).

    AUTOS N. 98.2000469-1

    Providencie a Secretaria a baixa dos presentes autos da listagem de processos da Meta 2, pois j foi proferida sentena em 31.01.2011.

    Observo que o pedido de desistncia foi feito em 28.08.2007, tendo havido lapso de mais de trs anos entre o pedido e a sentena que extinguiu o feito. Assim sendo, advirto a Secretaria para que d mais celeridade ao andamento dos autos sob sua responsabilidade. (fl. 219, apenso I).

    Portanto, ao contrrio do contedo da certido mencionada, observam-se anomalias no andamento processual, bem como deficincia na fiscalizao sobre o trabalho desempenhado pelos servidores subordinados magistrada titular da 1 Vara Federal de Ponta Por (MS), o que importaria, em tese, violao de seu dever funcional42.

    42 Art. 35. So deveres do magistrado: [...] III determinar as providncias necessrias para que

    os atos processuais se realizem nos prazos legais; [...] VII exercer assdua fiscalizao sobre os

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    de se frisar que a grave situao encontrada na 1 Vara Federal de Ponta Por (MS) ensejou a imediata instalao de inspeo, ocasio na qual a Vara foi fechada para atendimento ao pblico.

    4.5 A DECISO PROFERIDA NA AO CAUTELAR N. 2004.60.02.000553-6 MATRIA JURISDICIONAL NO SUJEITA AO CRIVO DISCIPLINAR

    Quanto deciso proferida em sede da Ao Cautelar n. 2004.60.02.000553-6, alm do Desembargador Federal investigado no ter sido o seu autor, entende-se que no deve ser emitido juzo de valor acerca da mesma, por no ser a via adequada para a sua confirmao ou desconstituio, uma vez que se trata de matria exclusivamente jurisdicional e, como frisado pela representante, dever dever ser desafiada mediante a interposio de recurso na ocasio prpria.

    A representao, objetivando a aplicao de penalidade a magistrado, circunscreve-se ao mbito do comportamento administrativo-funcional, no constituindo a via eleita meio hbil para manifestar insurgncia contra o exerccio exerccio de regular atividade jurisdicional, sendo o julgador inviolvel quanto ao ao teor de seus pronunciamentos, desde que tais decises estejam em consonncia com o artigo 93, inciso IX, da Carta Magna43, concretamente fundamentadas, ressalvando-se apenas excesso ou impropriedade de linguagem44.

    Apenas a ttulo ilustrativo da controvrsia que envolve a matria decidida na citada ao cautelar, registra-se que pelo exame das peas que acompanham a representao, anteriormente foi deferida, no dia 6 de novembro de 2008, pelo Desembargador Federal Henrique Herkenhoff, medida liminar, no Mandado de Segurana n. 2004.03.00.026124-8, impetrado pelos scios das empresas cujos bens foram bloqueados na ao cautelar, por considerar excessivo o bloqueio de todos os bens dos interessados, determinando-se a apurao do montante do dbito para liberar os bens cujos valores excedessem a garantia de adimplemento.

    Apesar de referida deciso liminar ter sido reconsiderada pelo mesmo Desembargador Federal, em juzo de retratao havido no dia 6 de abril de 2009, avulta que este, num primeiro momento, acolheu tese semelhante

    subordinados, especialmente no que se refere cobrana de custas e emolumentos, embora no haja reclamao das partes; [...]. (Lei Complementar n. 35/79). 43

    Art. 93. [...] IX todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, s prprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservao do direito intimidade do interessado no sigilo no prejudique o interesse pblico informao. [...]. 44

    Art. 41. Salvo os casos de impropriedade ou excesso de linguagem o magistrado no pode ser punido ou prejudicado pelas opinies que manifestar ou pelo teor das decises que proferir. (Lei Complementar n. 35/79).

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    exposta na sentena proferida no processo cautelar, sem que para isso fosse apontado qualquer desvio de conduta funcional do magistrado que a prolatou.

    No julgamento de mrito do citado mandado de segurana pelo Tribunal Regional Federal da 3 Regio ocorreu a denegao da segurana, por maioria, sendo cinco votos contrrios (Desembargadores Henrique Herkenhoff, Johonson Di Salvo, Cotrim Guimares, Ceclia Mello e Juiz Federal Ricardo China) e quatro favorveis concesso da ordem para o levantamento da constrio que atingia os bens das pessoas jurdicas (Desembargadores Peixoto Jnior, Andr Nekatschalow, Luiz Stefanini e Juiz Federal Mrcio Mesquita).

    Nesse contexto, conclui-se que h acirrada divergncia quanto matria tratada na ao cautelar, razo pela qual no h que se falar em violao do dever funcional por parte do magistrado que a prolatou por filiar-se tese contrria ao interesse da representante.

    Insta mencionar, por relevantssimo, que a representao alude a que a deciso objetada, de lavra do Juiz Federal Gilberto Jordan, na medida cautelar de sequestro de bens, teria potencial para causar danos ao errio, sendo de absoluto rigor que se comente tal assertiva em cotejo com a realidade ftica e jurdica, a ver:

    a) qualquer que fosse a deciso, determinando o desbloqueio total ou parcial das constries, estaria sujeita a um simples recurso de apelao do interessado, com consequente atribuio de efeito suspensivo de parte do juzo de primeiro grau de jurisdio para que no vingasse perante o mundo jurdico, o que de resto efetivamente aconteceu;