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Deficit Publico Joao Sayad

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LENINA POMERANZJORGE MIGLIOLI

GILBERTO TADEU LIMA

(ORGANIZADORES)

DINÂMICA ECONÓMICADO CAPITALISMO

CONTEMPORÂNEO:Homenagem a M. Kaleeki

i -

Page 2: Deficit Publico Joao Sayad

Aspectos Políticos do"Déficit Público

JoãoSaycd

INTRODUÇÃO

Aspectos Po/iticos do Pleno Emprego!, de Kaleckl, publicado em 1943,fomece uma explicação premonitória da retórica conservadora dos últi-mos vinte anos.

O objetivo deste texto é reaplicar as proposições do artigo de Kaleckipara analisar a evolução do déficit público nos Estados Unidos e no Bra-sil, tomados como países-exemplo.

A seção seguinte revê as proposições de Kalecki.

A terceira seção descreve o comportamento do déficit público brasileiroe americano nos últimos vinte anos a partir; das proposições de 'Kalecki.

A quarta seção oferece uma explicaçã6 econômica adicional, basea-da no modelo de crescimento de Harrod e na extensão que Tobin apre-senta para esse modelo.

Tentamos, nessa seção, mostrar como a retórica da política econômi-ca conservadora acabo encobrindo o fu~cionalidade do déficit públicoporo, indiretamente, garantir baixos níveis ide emprego e o disciplino dosmercados de trabalho, como observamos em diversos economias nomundo nos últimos vinte anos.

1. Michel Kalecki. "PolíticolAspeds of FullEmployment", Se(eded Esroys, l..ondon, Combridge UniversilyPress, 1971. Publicado pelo primeiro vazem PoliticolQVcrler/y, nA, 1943.

Page 3: Deficit Publico Joao Sayad

244JOÃOSAyftD

Essa extensão dos resultados de Kalecki não consta nem podia cons-tar da análise original de Kalecki, nos anos 40, mas decorre naturalmen-te dos argumentos apresentados POi ele.O artigo conclui que:

1. A retórica do controle do déficit público, que domina as prescriçõesde política econômica dos anos 80 e 90, é acompanhada por aumentonos gastos públicos.

2. O aumento do déficit público pode ser explicado, basicamente, pela ele-vaçõo dos despesas da política monetária, ou seja, pelas altas taxas de juros.

3. O déficit público, que garantiria o pleno emprego da mão-de-obranos tempos de Kalecki, passou a ser déficit público de natureza diferente,que garante a remuneração mínima para o capital (o required rate ofrefurn do modela de Harrod).

4. O conceito de déficit público acaba colapsando em conceito ge-nérico, diferentemente do conceito específico da época de Kalecki, e passaa representar apenas o horror ao governo, à política econômica preo-

cupada com o desemprego e a inflaçãoi já não se distingue políticamonetária e fiscal.

oARTIGO DE KALECKI

"É falsa a suposição de que um governo manterá o pleno empregonuma economia capitalista se souber como fazê-lo" (Kafecki, 1943).

Clássicos, conservadores e empresários preferem a política monetáriaà fiscal, pois a política monetária não intervém no "Iivre" funcionamentodos mercados.

Além disso, poderíamos adicionar em relação à economia políticade Kalecki a asserção de que a política monetária distribui poder de com-pra em função da distribuição de riqueza existente e portanto é preferívelà fiscal.

Mesmo sabendo que a política monetária é ineficaz em muitas situa-ções, como na época em que escrevia, Kalecki previa que o pleno em-prego não seria mantido por meio de gastos públicos, pois os líderes in-dustriais: "0) reprovam a interferência do governo no nível de empregoi

b) reprovam a direção da despesa governamental (para investimentopúblico e subsídio ao consumo)i c) reprovam as mudanças sociais e po-líticas resultantes da manutenção do pleno emprego".

limitada a intervenção dos gastos do governo, o nível de atividadeda economia passa a depender do "estado de confiança" dos empre-

AsPECTOS POÚTICOS

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Page 4: Deficit Publico Joao Sayad

JOÃOSAYAD

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AsPECTOS POLÍTlcos DO DÉFIOT Púeuco

sários. Assim, o peso político do pensamento empresarial passa a se- :::variável mais importante no emprego e no ritmo de crescimento c::economia.

Quando se consideram os inve~imentos públicos, o pensamento ciocapital seria menos relutante em aprovar investimentos públicos que nãoconcorressem com o investimento privado (hospitais, escolas, infra-es-trutura). Mesmo assim, a iniciativa govemamental em investimentos pú-blicos poderia expandir-se rapidamente para investimentos em áreas ondeconcorressem com o investimento, privado.

A reprovação seria maior, entretanto, nos casos de subsídio ao consu-mo popular ou apoio ao desempregado, pois iriam chocar-se de frentecom a étÍGa capitalista "ganharás a pão com o suor do teu rosto".

Além disso, a manutenção do pleno emprego causaria mudanças so-ciais e políticas que dariam novo, ímpeto à oposiçõo. Os empresáriosperderiam a "disciplina da demissão".

Como aceitar que empresários e investidores preferissem vendas me-nores e lucros menores ao pleno emprego? Kalecki justifica essa alterna-tiva como um investimento político dos capitães da indústria. Lucros evendas menores seriam agora compensados pela estabilidade inflacionáriadecorrente de salários nominais estáveis e pela estabilidade política.

"Uma das mais importantes funções do fascismo, como tipificado pelosistema nazista, era a de remover as objeções capitalistas ao pleno em-prego" ( Kalecki, 1943).

"A reprovação política da despesa govemamental" é superada no fas-cismo, onde nunca há o "práximo governo".

As proposições políticas são de 'certa forma simples e diretas: o plenoemprego pode aumentar lucros e vendas, mas tem altos custos, amea-çando a estabilidade monetária por meio de pressões salariais decor-rentes do pleno emprego e a estabilidade política por meio da mudançado estado geral da sociedade em pleno emprego .

O desemprego é indispensável para manter a ordem do mercado detrabalho e, conseqüentemente, as,ordens monetária e política.

Somente quando o poder político estiver na mão dos conservadorese sem risco de rodízio o gasto público é aceitável. Nesse caso os riscosdo pleno emprego não ameaçam as vantagens econômicas a ele asso-ciadas.

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Page 5: Deficit Publico Joao Sayad

246JOÃOSAYAD

A POlÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO REAGAN EA POúTlCA ECONÔMICABRASILEIRARECENTE

o DÉFICIT PÚBUCO A PARTIRDA ADMINISTRAÇÃO REAGAN

Os chamados trinta anos gloriosos do capitalismo, quando o econo-mia mundial cresceu rapidamente com alto nível de emprego e inflaçãolevemente crescente, culminam em 1979, na restauração da políticaeconômico conservadora da Administração Reagan.

Déficit público, excesso de impostos, ineficácia dos gastos sociais sãolistados imediatamente como problemas principais da instabilidade daeconomia americana.

Na área fiscal, impostos são reduzidos, programas do área social sãointerrompidos sob a justificativa simplista da curvo de Loffer, segundo aqual reduções de alíquotas de imposto aumentariam a receita tributária(com o que o keynesianismo e KaJecki concordariam, ainda que por outrosrazões).

O déficit público, entretanto, não se redUz.

E por vários razões: a) o política de juros altos praticada pelo FederalReserve desencadeia um crescimento espetacular da dívida público ame-ricana; b) o câmbio flutuante desde 1973 sobrevalonza-se significativa-mente, aumentando o déficit comercial e reduzindo o nível de empregoe de atividades.

Ao mesmo tempo, a sobrevalorização cambial americano contribuipara a redução da inflação por meio de importações muito maiores apreços constantes ou decrescentes.

O desemprego, que já vinha sendo chamado de "natural" por MiltonFriedman há pelo menos dez anos, deixa de ser objetivo de política eco-nômica ou é apenas o resultado automático do instabilidade monetário.

Em 1980 os Estados Unidos inauguram a política econômica quepassQria o ser o paradigma vencedor pora os próximos vinte anos: retó-rico de,controle do déficit público associada o elevado déficit públicodevido o taxas de juros muito altos e baixo nível de atividade.

O conceito de déficit público de pleno emprego, tão comum e impor-tante nos anos anteriores, é relegado o segundo plano.

A indisciplina do mercado de trabalho decorrente da prosperida-de americano, o florescimento do contracultura, da guerrilha urbanoe de diferentes movimentos de protesto nos anos 70 geraram o rea-ção de política econômico prevista no artigo: o desarticulação dos

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Page 6: Deficit Publico Joao Sayad

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f1SNOVf1S REGRASDE DISClPUNA DA ORDEM FINANCEIRA INTERNACIONAl.

programas sociais remanescentes da Great Society dos governos de-mocráticos, a derrota dos movimentos sindicais a partir da greve doscontroladores de vôo americanos.

O artigo de Kalecki não previa câmbio flutuante e taxas de juros altas,que não faziam parte do conjunto de possibilidades dos anos 40, quan-do vigoravam taxas cambiais fixas e forte controle sobre movimentos in-temacionais de capitais.

A nova política econômica conservadora dos anos 80 reflete-se ime-diatamente nas rotinas de controle e concessão de empréstimo do Fun-do Monetário Internacional.

Os desequilíbrios de pagamento iniemacionais passam a ser debita-dos exclusivamente ao déficit público, a partir da identidade da contabili-dade nacional.

Assim, os programas de apoio aos desequilíbrios do balanço de pa-gamentos iniciam-se, nos anos 80, a partir da análise das contas públi-cas. Taxas de câmbio, preços intemadonais, composição de exportaçõesdeixam de ser componentes importantes dos programas de ajuste dobalanço de pagamentos.

O Banco Mundial, que antes dos anos 80 financiava projetos públi-cos de investimento, particularmenie investimentos das empresas estataisbrasileiras, passa a financiar programas chamados de "setoriais", Pro-gramas setoriais são empréstimos de liquidez concedidos em troca ouao mesmo tempo que o govemo faz alierações de política econômicaque promovam a liberalização de mercado~ ou setores da economia.

Assim, em 1988, por exemplo, o Bancoi Central brasileiro receberiaempréstimos do Banco Mundial desde que promovesse o abertura dosetor bancário o novos concorrentes, os bancos múltiplos.

Para as economias latino-americanas, a novo político econômica con-servadora acaba sendo resumida nos pontos conhecidos do Consensode Washington: controle de gastos públicos, liberalização comerciol, equi-líbrio orçamentório, privatização dos "investimentos públicos" mencio-nados por Kalecki e revisão dos programas sociais, particularmente osprecórios programas de previdência social e aposentadoria .

247AsPECTOS POÚTJCOS 00 DÉROT PÚBUCO

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JOÃOSAYAD

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248JOÃOSAYAC

o DÉFICIT PÚBUCO DO GOVERNO BRASILEIRO

o artigo de KaJecki paderia ter prevista com precisão as linhas maisimportantes da política econômica do governo militar a partir de 1964.

Logo depois do golpe de 31 de março o governo garante autonomiagerencial e tarifária para as empresas estatais brasileiras mais importan-tes, reunidas em grandes holdings setoriais, para o aço, a energia elétri-ca, o petróleo, a petroquímica e as telecomunicações.

Durante o período 1964- 1985, são essas as empresas líderes nos in-vestimentos da economia brasileira2• Após a primeira crise do petróleoem 1974 são essas mesmas empresas que são selecionadas para reali-zar empréstimos internacionais destinados a substituir importações.

Dez anos depois, em 1974, a governo militar anuncia processo dedemocratização do país, com eleições livres programadas para o finaldo próximo mandato presidencial.

Por coincidência, ou como podia ser previsto pejo artigo de Kalecki,nesse mesmo ano o mais conservador dos jornais brasileiros, O Estadode S. Paulo, começa a publicar reportagens sobre a ineficiência das em-presas estatais brasileiras e os gastos excessivos, chamados de "mordo-mias", dos seus dirigentes.

Eleições livres e redemocratização do país coincidem com a eleiçãodas empresas estatais como responsóveis principais pelo déficit público,inflação e ineficiência das empresas brasileiras.

O conceito de déficit público amplia-se ao considerar empresas depropriedade pública como parte do governo e passa a funcionar comoimportante instrumento da retórica política e da política econômicocomo restrição à expansão dos investimentos das estatais e da sua ren-tabilidade3.

Pelos critérios do FMI, os empréstimos dos empresas estatais brasilei-ras, mesmo das mais importantes e que nunca dependeram do TesouroNacional, são considerados parte da dívida pública.

Assim, se uma empresa do tamanho da Petrobrós ou da Vale do RioDoce exportadora decide contrair empréstimo para financiar novo in-

2 Henri PhiJippe Reic:hstule Luóano Coutinho, "0 Setor Produtivo Estctol e o Odo", in Canos EstevamMartins (org.), EstodoeCopilolismonoBrosil, São Paulo, Hudfec, 1977.

3. Éverdade que empresas esfctois poderiam serulilizadas como inslrumentos paro "comuflar" oendividamento púbtJco.Aempresa es!oIc/ poderia endividar-se paro monlersoldoelEMldo de coixa,ufilimdo paro compro de fílulospúblicos. Esta aIfemafiva poderia ser excluído se os fílulospúblicos nomão dosempreses eslcfcisfossem considera:h; dívida público foro deselor.

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Page 8: Deficit Publico Joao Sayad

JOÃOSAYAO AsPECTOS POÚTJCOS 00 DÉFICITPúsuco 249

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vestimento, esse empréstimo passa a ser considerado variação do dívida

pública e, conseqüentemente, déficit público .Por essa razão, investimentos públicos prioritários, autofinanciáveis e

economizadores de energia e de importações, como os investimentosem telecomunicações ou mesmo na prospecção de petróleo, são res-tringidos pela política econômica, pois implicam déficit público na con-

tabilidade do FMI.A partir de 1979, com a elevação súbita das taxas de juros america-

nas e internacionais, decorrentes da nova política econômica da Admi-nistração Reagan, os empréstimos extem'os, na maioria contratados comjuros variáveis, exigem pagamentos excessivos e inesperados por parte

dos devedores.Assim, uma dívida de 100, com prazo de 10 anos contratada a juros

de 10% a. a., exigia pagamentos de 10: todos os anos. Se os juros tives-sem subido ao nível de 17% ao ano, por causa da inflação americanaou da nova política monetária, os pag'amentos se elevariam imediata-mente a 17 por ano, um acréscimo de' 70% no desembolso em moeda

nacional e em dólares.Essa modificação das taxas de juros americanas geraram logo, em

1982, a crise da dívida externo latino-americana.No que se refere ao déficit público do'país, a elevação dos juros nomi-

nais passou a ser considerada imediatamente crescimento do dívida pú-

blico brasileiro e portanto novo déficit púbico.O critério contábil é enganoso e discutível. Se os juros subiram para com-

pensar a elevada inflação americano, não deveriam ser considerados comonova dívida, mas sim como correçõo monetária do dívida anterior, comoacontecia, por exemplo, nos empréstimos habitacionais brasileiros.

Essa "correção" (ou ajuste), entretanto, nõo foi considerada. O pro-blema do balanço de pagamentos do Brasil passou a ser, automatica-mente e por força de uma identidade contábil mal construída, atribuído

ao "déficit público".As estatais brasileiras que se haviam endividado em dólares quase que

compulsoriamente, como porte da estratégia da político econômica de1974 o 1979, passam a ser responsabilizadas por imenso "déficit públi.co", que refletia apenas os juros americanos mais elevados.

Desnecessário dizer aos leitores do artigo de Kalecki que "déficit" pas-sou a ser sinônimo de preiuízo nos órgãos de comunicação e no discur-

so político.Durante o período 1994-1998 o govemo brasileiro promove a priva-

tização de quase todas as empresas estatais brasileiras, A privatizaçõo é

Page 9: Deficit Publico Joao Sayad

JOÃOSAYAD250

justificada em termos da alegada baixa eficiência dessas empresas, danecessidade de controlar o endividamento do setor público e da necessi-dade de obter dólares de investimentos diretos destinados à compra do

controle das estatais.A venda do controle dessas estatais deveria refletir-se em imediato e

significativo decréscimo da dívida pública, independentemente do desti-no dos recursos obtidos, já que o endividamento dessas empresas fazicparte do endividamento do governo.

Entretanto, as autoridades brasileiras e do FMI resolveram não consi-derar essasreduções por setratarem de reduçõesúnicas, /Ionce and for 011".Além disso, pelo menos um quarto dos recursosdas vendas das estataisfo-ram financiados pelo BNDES,banco de propriedade governamental, indoportanto em direção contrária aos objetivos financeiros da privatização.

A enorme reestruturação do controle das empresas estatais não colo-cou o controle dessasempresas sob a vigilõncia do mercado de ações,já que nesse mercado negociam-se principalmente ações preferenciais.Não reduziu imediatamente a dívida pública, por razões contábeis nego-ciadas. Os significativos recursos financeiros obtidos foram utilizados napolítica de manutenção da taxa de cõmbio fixa e sobrevalorizada.

A privatização que foi implementada em nome do controle do déficitpúblico, entre outras razões, ou não resultou em significativa diminuiçãodo déficit público, ou foi financiada, ainda que parcialmente, pelo pró-prio setor público. O déficit público converteu-se em motivação políticapara reduzir a concorrência do setor público nos mercados privados.

AS PREVISÕES DE KALECKl

A prosperidade e a inflação americanas são sucedidas por políticaeconômica conservadora nos Estados Unidos, onde o governo e o de-sequilíbrio orçamentáriO aparecem como objetivos de controle mais im-portante, como sugeriria o artigo clássico de Kalecki.

O déficit público americano não se reduz durante quase duas déca-das, mas análise e opinião pública não deixam de aponfar o controle dodéficit público como responsável maior pela prosperidade americana eestabilidade monetária.

No caso do Brasil, a redemocrotização é acompanhada pela estig-matização das empresas estatais como responsáveispor todas as maze-las da instabilidade inflacionária brasileira.

As previsões do artigo de Kalecki são bem ilustradas pelos dois even-tos: o resgate do pensamento conservador americano e a estigmatização

AsPECTOS POl

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Page 10: Deficit Publico Joao Sayad

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COMO DÉFICIT PÚBUCO GERA DESEMPREGO

dos empresas estatais brasileiras. São apenas dois exemplos, embora omesmo fipo de política tenha sido seguido em diversos países europeus

e da América Latina.As previsões precisariam ser complementadas, ou, melhor, qualifica-

das, em dois aspedos: primeiro, o déficit público não se reduziu, nemnos Estados Unidos, nem em diversos países ,da Europa que seguiram arecomendação conservadora, nem no Brasil.

Ao contrário, podemos observar déficits públicos crescentes acompa-nhados de alto nível de desemprego.

Para resolver a aparente inconsistência, precisaríamos entender comoo déficit público pode gerar desemprego e qual o real conceito de déficitpúblico que está sendo utilizado. É o que fa;emos na seçõo seguinte.

Quando Kalecki se refere a déficit público e manutenção do plenoemprego, está, evidentemente, pensando ~m política fiscal, ou seio, nautilização de gastos públicos para complementar a deficiência de deman-

da agregada.Em nível analítico deveríamos ser capa~es de diferenciar política fiscal

e monetária, embora ambas estejam indissoluvelmente ligadas.Chamamos de política fiscal e déficit público aquela política que alte-

ra os fluxos de gastos e receitas do governo, mantendo constante o esto-que de dívida pública em relação à quantidade de outros ativos financei-ros públicos, a moeda especialmente. .

Assim, o aumento do déficit público seria política fiscal "pura" na me-dida em que fosse financiado por emissão;da dívida público e emissão demeios de pagamento, de forma que a relação entre o saldo da dívida e o

saldo de meios de pagamento ficasse constante.A política monetária "pura", ao contrário, mudaria o estoque relativo

de dívida e meios de pagamento, sem alterar o quantidade de recursos àdisposição do governo.

A política monetária de outro lado pod~ ser realizada simplesmente pelafixação das taxas de juros básicas do Banco Central, sem que haja contro-le da quantidade de meios de pagamento ou de dívida pública.

O "controle do déficit público" anunciado pela Administração Reagane pelo governo brasileiro foi acompanhado de tentativas de cortes degastos públicos e de uma política monetária restritivo, pela prática de

juros bastante elevados.

251AsPECTOS POÚTICOS DO DÉFICIT PÚBUCO

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JOÃOSAYAO

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Page 11: Deficit Publico Joao Sayad

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Fonte: Bloom

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1994

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EUA (co

AsPECTOS Pc

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2,9S'1o3,Ql%

3,~1%

3,21%

3,29%

3,19%

Juros/PiS

-4,73%-3,55%

-2,7f!J1o

-2,85"A>

-4,11%

-4,49%

-5,23%

Défiát público/PISF1B

136P47138,652

151,838

169;266

184,221

194,541

199,421

-209,21

-166,56

-140,49

-154,99

-236m-265,60

-326,84

Déficit Público Despeso com juros(gov.fed.-USSmilhões) (USSmilhões)

Juros elevados, ainda que fixados discricionariamente pelas autoriéc:-des monetárias, são justificados pelas dificuldades em financiar gastespúblicos elevados.

Os números, entretanto, não permitem aceitar a explicação. No casodo govemo americano, a tabela abaixo mostra que a variação dos gas-tos públicos acompanha quase que exatamente o déficit público. O mes-mo se observa no Brasil.

2S2

Brasil (dados em % do PIB)

Superávit primário Despesa com juros Défiát operodonol

1986 -1,60 5,20 3$)1987 1,0) 4,70 5,701988 -0,90 5,70 4,001989 1,0) 5,90 6;901m -4,60 3,3J -1,301991 -3f:JJ 1,65 .1,351972 -2,31 4,44 2,131973 -2,62 2,37 -0,251994 ..5;l6 3,90 .1,361995 -0,36 5,24 4,881996 OJF} 3,66 3,751997 0,92 3;E 4,3J1998 -0,01 8,02 8,02

EUA

1986

1987

1988

1989

1m1991

1972

Page 12: Deficit Publico Joao Sayad

JOÃOSAYAO AsPECTOS Poúncos DO DÉflOT PÚBUCO 253

EUA (continuação)

Déficit Público Despesa com juros(gov. fed.-US$ milhões) (US$ milhões)

~ pelas autorida-financiar gastos

icação. No casoxiação dos gas-público. O mes-

Déficit operacional

1993199419951996199719Y8

-226,54-118,58

-146,17-110,78

-2,44-54,39

198,8112SJ2,957232,169241P9

244p16243,359

Déficit público/PIBPlB

-3,46%

-1,71%

-2,01%-1,45%.{),03%

.o,63"k

Juros/PIB

3,03"102,93'103,20'103,16%

3,02%

2,oo'k

PIB

3,605,70

4,806,90-1,30

-1,35

2,13

-0,25-1,36

4,883,754,308,(12

Juros/P1B

3,08%2,95%

3,01%

3,1-1%

3,21%

3;2CJ'1o3,19%

Fonte: Bloomberg-IMF/FED.

Obs.: Déficit (-).

De qualquer forma, a retórica da política econômica insiste na propo-sição: os juros são elevados porque o déficit público é elevado, emborapossamos ver pelos dados contábeis que o déficit público excluindo osjuros é reduzido quando não é superávit, em:vez de ser déficit.

O artigo mais interessante e ~onhecido sobre a relação entre políticafiscal e monetária ilustra bem o argumento conservador4•

Nesse trabalho, Sargent argumenta que a iPolítica monetária não con-segue contrabalançar os efeitos inflacionários e expansionistas do déficitpúblico. Pois se, após um certo nível, o déficit público for acompanhadode política monetária que pratique juros mais altos do que os juras "na-turais", dados pela rentabilidade do capital, ,os investidores sabem que ogoverno será obrigado a monetizar a dívida.

Assim, a monetização da dívida prevista reflete-se, por meio do me-canismo de expectativas racionais, em previsão de inflação mais alta nofutura e imediatamente. Assim, déficits públicos acompanhados de polí-tica monetária restritiva causam inflação corrente.

A política monetária é impotente para controlar a expansão da de-manda agregada gerada pelos gastos públicos superiores à receita tribu-

tária.O professor Sargent está criticando indir~tamente a política do perío-

do Reagan, quando o déficit público foi acompanhado por fixação de

4. T. J. Sargent, "Some UnpleosantMonetorist Arithmetic", QverlerlyReview5, Federal Reserve BonkofMinneapolis, 1983, pp. 1- 17, induido em T. J. Sorgent, Rotiono/5<pectotions ond (nRelion,2 ed.,New York,Horpert Collings CoIlege PublishelS, 1993.

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'Iuros mUI'to êlevaàos por pone do ~edera) 1\.eserve.Sem reccTl'necl:lt, tlTl-tretanta, que o magnitude do déficit público gerado pelo AdministraçãoReagan poderio ter sido acompanhado por diferentes tipos de políticomonetário.

A ligação entre os duas políticos, entretanto, posso o fazer porte dodiscussão sobre o questão do manutenção do nível de atividade do eco-nomia. A política fiscal é inflacionário, se elevo os taxas de juros açimados taxas de "juros naturais". O desemprego natural é inevitável.

Refletindo mais cuidadosamente, os previsõesde Kalecki, por se aterem00 lodo fiscal, eram incompletos.

Se os "capitães da indústria" se colocassem contra o déficit público, odemando agregada se reduziria, sem dúvida.

Apesar de o demando agregado ser menor, o capital não tem aplica-ção alternativo 00 investimento se não considerarmos o existência demoeda ou dívida pública. Assim, o excedente seria sempre transformadoem investimento e o emprego não poderio diminuir por falta de deman-do agregado.

Se não existissemdívida público e moeda que pudessem ser o destinofinal dos lucros ou dos investimentos não realizados, a demando agrega-do e o emprego não se reduziriam.

Ao mesmo tempo, sem dívida pública e taxas de juros altas é muitodifícil conceituar qual seria o taxo de juros "natural", acima da qual have-ria expectativas inflacionários.

As previsões de Kalecki precisam ser complementados, do mesma for-ma que o modelo de Harrod foi qualificado e complementado por Tobin5

No modelo clássico de Harrod, o economia capitalista estaria sempreoscilando entre superemprego e inflação, de um lado, e desemprego edeflação, de outro, Issoocorreria porque o capital exigiria uma taxo míni-mo de retorno (required rote of retum) compatível com uma relação capi-tal/produto fixa e uma determinada quantidade de trabalho por capital.

Se essas relações capital/produto e capital/trabalho fossem compatí-veis com o crescimento demográfico do população economicamenteativa, estaríamos em equilíbrio monetário e real. Do contrário, estaría-mos em desequilíbrio.

Tobin se perguntou como se determinaria o taxo mínimo de retornodo capital e quem estaria disposto o pagá-lo. Apresentou como resposta

5. Jomes Tobin, "MoneyondEconomicGrowth",EconoméIrico33,n.4 (Odober1965), pp. 671-684.Reproduzido emJ. Tobin,Maaoeconomics, Chicogo,Markham Publishing Co, 1971, pp. 133 e ss.

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JOÃOSAYADAsPECTOSPoúncos DO DÉROT PÚBUCO 255

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a taxa de retomo dos ativos financeiros determinada nos mercados decapitais e pelo Banco Central. AJ estaria a origem dos desequilíbrios daeconomia capitalista.

No caso das previsões de Kalecki, a mesma complementação precisaser feita. A "disciplino do mercado de trabalho" e o desemprego só po-dem tomar-se efetivos e uma estratégia aceitóvel paro os "capitães daindústria", se existir uma taxa de retomo .alternativa para o capital quenão retoma paro a economia como investimentos produtivos.

O estado de confiança dos empresórios só é importante se os capita-listas tiverem altemativa de investimentos no mercado financeiro nacio-nal ou internacional que garanta a sua rentabilidade e o desemprego aomesmo tempo.

Sem essa alternativa, o estado de confiança dos empresários não temimportância. Pessimistas, eles guardam dinheiro no cofre. Isso gera de-semprego, mos, a menos que provoque deflação, não garante a rentabi-lidade do investimento e dos lucros. Se não houver deflação, eles preci-sam investir em alguma coisa, imóvel ou planta, o que reverteria o nível

de emprego.Portanto, as previsões de Kalecki precisavam estender-se à política

monetária .. A realidade encarregou-se de complementar a previsão.O controle dos gastos públicos sempre foi acompanhado de política

de juros muito altos que conseguiam oferecer 00 investidor "pessimista"ou inseguro com o estado das coisas .uma aplicaçõo alternativa aindamais rentável, os elevados juros da dívida pública.

A mobilidade do capital entre diferentes mercados financeiros, que cres-cia desde meados dos anos 60, consolida-se a partir dos anos 70 e ga-rante, mais uma vez, usos alternativos para o capital nacional descon-tente com a política do mercado doméstico .

Os capitalistas não precisam, nem conseguem, fazer um investimentopolítico no desemprego sem a existência de uma dívida pública ou moe-da que garanta a aplicação dos recursos excedentes sem que a deman-da agregada e o emprego se elevem.

Assim, a retórica do controle do déficit público prognosticada porKalecki foi capaz de prever, com exatidão e antecipação de quase qua-renta anos, a política econômica que sucedeu os trinta anos gloriososdo capitalismo, com o pleno emprego que culminou no indisciplina dosmercados de trabalho e a inflação do final dos anos 70.

Mas essa retórica encobre parte do mecanismo capaz de prever opleno emprego e dar peso político ao "estado de confiança" dos empre-

sórios.

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Para que o horror 00 déficit público possa materializar-se, precisa sercomplementado por política monetária restritiva que ofereça alternativolucrativa para o capital.

A retórica do déficit público é, portanto, complementada: o "alto dé-ficit" provoca a elevação dos juros, em que o capital possa "refugiar-se",obter retomo atraente e garantir o desemprego disciplinador do merca-do de trabalho.

Dessa forma as previsões de Kalecki ficam completas: a política em-presarial impede gastos públicos que garantam o pleno emprego e fa-zem crescer o déficit público pela criação de uma dívida pública de altarentabilidade que oferece, por assim dizer, o seguro-desemprego para opróprio capital, ou uma espécie de renda mínima para o capital, inde-pendentemente do estado da economia.

O conceito de déficit público perde a nitidez: é o Banco Central quefixa a parte mais' importante da despesa pública, os juros, que podeminfluenciar a demanda agregada por meio de aumento,do consumo, jáque os juros compõem a renda disponível do setor privado.

No caso brasileiro, particularmente após 1990, os conceitos são em-baralhados e transformados tão completamente que parece impossível

reordená-Ios.A retórica oficial acuso estatais, gastos sociais e gastos previdenciários

como responsáveis pelo déficit público. O déficit primário foi, porém, mui-tas vezes negativo (superávit), na maior parte do tempo muito pequeno.As despesas de juros, entretanto, sempre foram grandes, sendo crescen-tes nos anos recentes.

A complementação do artigo do Kolecki não retira sua atualidade oua sensibilidade e a precisão de suas proposições. Os economistas esta-vam enganados quando pensavam que, ao desvendar os mistérios dofuncionamento da economia capitalista e particularmente os instrumen-tos de controle da demanda agregada, podiam resolver o problema dodesemprego. O desemprego é de fato funcional e constitui o verdadeiroinstrumento de estabilização e manutenção da ordem monetária.

Notas'Co pitaTadeusz KTradução de [

Aminhmais à hisatualment.vista gostetalismo demino, sob!globalizaç

AMENSAG.

Esta noforam crie"Observa'

1. Fui CO-OLcrevi sob,gosurgiLcrucial deaté a ca~tarefa medurante eemprego