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fabiogessinger01
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Gilles DeleuzeLOGICA DO SENTIDO~ \ \ , ~~ ~ EDITORA PERSPECTIVA7 / f 1 \ ~ 1969 by Les :tditions de MinuitDireitos emlingua portuguesa reservados aEDITORAPERSPECTIVAS.A.Av. Brigadeiro Luis Antanio. 3025Telefooe: 288-838801401 Sio Paulo Brasil1975Sumario"\Prologo: de Lewis Carroll aos Est6icos XVPrlmeira serledeParadoxos: Do PuroDevir 1platanicaentre as coisas medidas e 0 devir-louco - Aidentidade infinita - AsaventurasdeAliceou"acontecimentos".FICHACATALOGRAFICA(PreparadapeloCentrodeCataloga!;ao-na-fonte,CAMARABRASILEIRADOLIVRO, SP)Deleuze, Gilles.D39L L6gica do Sentido; de Luiz Roberto Sali-nas Fortes. Sao Paulo, Perspectiva, Ed. da Universidadede saoPaulo, 1974.(Estudos, 35)Bibliografia.1. Paradoxo 2. Razao 3. Semantica (Filosofia)4. Significado (Filosofia) I. Titulo.CDD-165-160-149.9474-0979Indice para 0 catalogo sistematico:1. Paradoxos: Logica 1652. Razao: L6gica 1603. Semantica: Filosofia149.944. Significado: Semantica: Filosofia 149.94).Segunda Serle de Paradoxos: Dos Efeilos de SuperffcieDistin!;3.oest6icados corpos ouestados decoisas e desefeitosincorporaisouacontedmentos -'CortedareIa-!;iocausal- Fazer subir a superficie. .. - DescobertadasuperficieemLewis Carroll.Terceiraserle: DaProposi9iio .Designa!;oo, significa!;ao: suas re1a!;Oes esuacircularidade- Haved, uma quarta dimensao daproposi!;ao? - Sentido, expressao e acontecimento -Duplanaturezadosentido: exprimivel daproposi!;8.oeatributodo estado de coisas, insistencia e extra-ser.Quarla serle: Das Dualidades .comer-falar - Duasespeciesdepala-vras- DuasdimensOes daproposigao: as designa!;3eseas expressOes, as consuma!;Oes e 0 sentido- As duasseries.QuintaSerle: DoSentido .Aprolifera!;ao indefinida - 0 desdobramentoesteril -A neutralidade ou terceiroestado da essencia - 0absur-do ouos objetosimpossiveis.SexlaSerle: SobreaColoca9iioemSeries .Aforma serial e as series heterogeneas- Suaconsti-tui!;ao - Para0 que convergemestasseries?- 0 para-doxode Lacan: 0 estranho elemento (Iugar vazio ouocupante semIogar) - AIoja da ovelha.513253139OitavaSerie: DaEstrutura .ParadoxadeLevi-Strauss- deumaestrutura- Papel dassingularidades.Selima S6rie: Das Palavras Esotericas ::...SiDtesedecontra!raosobre uma serie (conexao) -tesedecoordena!raodeduasseries (conjuD!;ao) - 8104teso dedisjUD):3.0 ou de dasseries: 0proble-ma das palavras-valise.Nona Serie: Do Problematico455155DecimaSextaSerie: DaGeneseEstaticaOntol6gicaGenese do individuo: Leibniz -da "com-possibiIidade" de ummundo ou da convergencia dasseries (continuidade) - Transforma!;ao do aconteci-mento empredicadoDo individuo apessoa -Pessoas, propriedades e classes,Decima Setima S6rle: DaGeneseEstaticaLOgicaPassagemasdimensOesda proposi\iao- Sentido!epro-posil;ao - Neutralidade do sentido - Superficie e forro.113123Singularidadeseacontecimentos- Problemaeaconte-cimento- As matematicasrecreativas- pontoaleat6-rio e pontos singulares.DecimaS6rie: DoJogo Ideal .Regrasdos jogos ordinarios- Urn. jogoextraordinario- As duasleiturasdo tempo: Aione Cronos - Mallar-me.Decima PrimeiraS6rie: DoNao-Senso .Caracteresdo elementoparadoxa! - Emqueele enao-senso;asduas figuras donao-sensa- As duas faemasdoabsurdo (semquedai decorrem, - Co-do nao-sensaao sentido- 0 sentido como"efeito",DecimaSegunda S6rie: Sobre0 Paradoxo .Natureza do born senso e paradoxa - Natureza dosensocornurn eparadoxa- Nao-senso, sentidoeorga-niza!raodalinguagemdita secundaria.Decima Terceira S6rie: Do Esquizofrenico e da MeninaAntonin ArtaudeLewis Carroll - Comer-falarea lin-guagern esquizofreriica - Esquizofrenia e falencia dasuperficie - Apalavra-paixaoe seusvalores liteririosexplodidos, a palavra-al;aoeseusvalores tonicos inarti-cuIados- Distin!taoentre0 nao-sensodeprofundidadee 0 nao-senso de superficie, da ordern prirnaria e daorganiza9ao secundaria da linguagem,Decima Quarta Serie: DaDupla CausalidadeOs acontecirnentos-efeitos incorporais, sua causa e suaquase-causa - ImpassibiIidade e genese - TeonadeHussed- As condil;Oesdeumaverdadeiragenese: urncampotranscendental semEunemcentrodeindividua-l;aO.Decima QuintaSerle: Das Singularidades .Abatalha - 0 campotranscendental naopodeconser-var a forma de uma consciencia - As singularidadesimpessoaisepre-individuais- Campotranscendental esuperficie- Discursodoindividuo, discurso dapessoa,discurso semfundo: haveraurnquartodiscurso?6169778597103Decima Oitava S6rie: Das Tres Imagensde Fil6sofosFilosofia ealtura- Filosofia e profundidade - Urnnovo tipode fil6sofo: 0 est6ico- Hercules e assuper-ficies.DecimaNonaserle: Do Humor .Dasignific3l;w adesigna!rao- Estoicismoe Zen- 0discursocIassicoe a indivfduo, 0 discurso romanticoea pessoa: aironia - 0 discursosem fundo- 0 discur-sodas singularidades: 0 humor oua "quartapessoadosingular",Vigesima S6rie: Sobre0 Problema Moral nos Est6icosOs daisp6los da moral: adivinhaliaofisica das coisaseuso 16gico das represental;oes - Representa!tao, usoeexpressao - Compreender, querer, representar 0 acon-tecimento.Vigesima Primeira S6rie: DoAcontecimento .....Verdade eternadoacontecimento- Efetlla9aoe contra-efetua!rao: 0 ator - Os dois aspectos da morte comoacontecimento - 0 que significa querer 0 mento.Vigesima Segunda Serle: Porcelana eVulcao ....A"fissura" (Fitzgerald) - Os doisprocessose 0 pro-blemade sua - Alcoolismo, mania depressiva- Hornenagema psicodelia,VigesimaTerceiraSerie: Do Aion .As caracteristicas deCronos esua reversaq por urndevirdas profundidades - Non e asuperficie - Aorganiza- quedecorredeAionesuasdiferen93scomrela!taoa Cronos.VigesimaQuartaSerie: DaComunica"aodos Acon-tecimentos .Problemadas incompatibilidadesal6gicas ---artlCulares e':lque se empenha. Mas 0 terceiro ea essenCla comosentl-do aessenciacomoexpressa: sempre nesta secura, anzmal esta esterilidade ou esta neutralidade esplendidas.Indiferente ao universal e ao singular, ao geral e ao par-ticular, aopessoaleaocoletivo, mas tambemaea etc. Emsuma: indiferente a todos osPois todos estes opostos sao somentemodos da proposwaoconsideradanassuas de e designifica- enaocaracteristicasdosentidoque elaexprime. Sera,pois, que 0 estatutodoacontecimentopuroedofutu,,: 5ueo acompanha nao e 0 de ultrapassar todas .as nem privado, nempublico, nemcoletlvo, nem mdlVldual ... ,tantomais terrivel e poderoso nesta neutralidade, umavezetudoaomesmotempo?l1JParadoxo dooudosobjetos Desteparadoxadecorre amda urn outro: as proposlcoes que de-signamobjetoscontraditorios ternurnsentido. Suadeslgna-5. Cf. os comentariosde EtienneGilson. l'};;tre et l'essence, ed. Vrin, 1948.pp. 120-123.9iio, entretanto, niiopodeemcaso algumser efetuada; eelasnaotemnenhumasignifica9iio, aqual definiria0generodepossibilidade de urna tal efetua9iio. Bias siio semsiguifi-ca9iiO, isto 00, absurdas. Nempor isso deixamde ter umsentido eas duas n090es de absurdo e de niio-senso niiodevemser confundidas. Eque os objetos impossiveis -quadrado redondo, materia inextensa, perpetuum mobile,montanha semvale etc. - sao objetos "sempatria", noexteriordoser, masqueternurnaposi9iioprecisaedistintanoexterior: eles sao"extra-ser", purosacontecimentos ideaisinefetuaveis emumestadodecoisas. Devemoschamar esteparadoxode paradoxo de Meinong, que soube lirar deleos mais belos e mais brilhantes efeitos. Se distinguimosduasespeciesdeser, 0ser doreal comomateriadasdesig-na90es e 0ser dopossivel comoforma das significa90es,devemos ainda acrescentar este extra-ser que define urnminimocomurnaoreal, aopossivel eaoimpossivel. POiS'oprincipiodecontradi9iioseaplicaao real e aopossivel,mas nao aoimpossivel: osimpossiveis saOextra-existentes,reduzidos aesteminimoe, enquantotais, insistemnapro-posi9iio.\1\'Sexta Serie:SobreaColocacao em Series. .oparadoxode que todos os outros derlvam 00 0 daregressaoindefinida. Ora, aregressao temnecessariamentea forma serial: cada nome desiguador tern um sentidoquedeveser desiguadopor Umoutronome, n, ~ n2 ~ n.~ 04 ... Se consideramos somentea sucessao dos nomes, aserie opera uma sintese dohomogeneo, cada nome distin-gue-sedoprecedenteapenas pela suaposi9iio, seugrauauseutipo: de acordocomateoriados "tipos", comefeito,cada nomeque desigua0sentidodeum precedente 00 deumgrau superior a este nomee aoqueele desigua. Masse con-sideramos DaD mais asimples sucessaodos nomes, mas 0quealternanestasucessiio, vemosqueeadanome 00 tomadoprTIiielfonadesigna9iioqueoperae, -eDl segtIjd,,':ilosentiog.queexprime, uma vezque 00- estesentidoqueservededesig-nadoaooutronome: avantagemdaapresenta9iiode LewisCarroll era, precisamente, adefazer aparecerestadiferen9ade natureza. Destavez, trata-se de uma sintesedohetero-geneo; ouantes, $Aformaserial se realizanecessariamentenasimultane/dadededuGSseries pelomenos. Toda s ~ r i e Unica,cujos termos homogeneos sedistinguemsomente pelo tipooupelo grau, subsumenecessariamente duas series hetero-geneas, cada serle constituida por termos de mesmo tipoougrau, mas que diferememnatureza dos da outra serie(eIes podemtamMm, como 00 6bvio, diferir emgrau). ~formaserial 00, pois, essencialmentemultisseriaI. Ja00 assiemmatematica, ondeumaserieconstruida navizinhan9adumpontoniio teminteresse aniio ser emfun9ao de urnaoutraserle, construidaemtornodeoutropontoequecon-vergeoudiverge da primeira. Alice 00 ahist6ria de urnaregressiiooral; mas"regressao"deveser compreendido pri-meiroemurnsentido logico, 0 da sfntese dos Domes; e aforma de homogeneidade desta sintese subsumeduas seriesheterogeneas da oralidade, comer-falar, coisas consumiveis--sentidos exprimiveis. E, assim, a forma serial que nosremete aos paradoxos da dualidade que descreveramos hipoucoenos forga a retoma-Ios a partir deste novo pontodevista.Comdeito, asduas seriesheterogeneas podemser de-terminadas de maneiras diversas. Podemos considerar umaserie de acontecimentos eumaseriede coisas emque estesaeontecimentos seefetuamounao; ouentao, uma serie deproposigoes designadoras e uma serie de coisas designadas;ouentao, uma serie de verbos e umaserie de adjetivos esubstantivos; Ouentao, uma serie de express5es e de senti-dos eumaserie de designagao e de designados. Estas va- nao tern nenhuma importancia, jaque representamapenasgrausdeIiberdadeparaaorganizagaodas series he-terogeneas: .0 a mesma dualidade, como vimos, que passapelo lado fora entre os acontecimentos e os estados decoisas, nasuperficieentre as proposigoeseosobjetosdesig-nados enointeriorda proposigaoentre as expressoes e asdesignagoes. Mas, a que .0 mais importante .0 quepodemosconstruir as duas series sob uma forma aparentemente ho-mogenea: podemos entao considerar duas series de coisasauduas series deaconteeimentos; auduas series de propo-sigoes, dedesignagoes; auduas series de sentidos aude ex-pressoes. Significaisto que aconstituigaodas series sefazde formaarbitraria?Alei das duasseries simultaneas .0 quenaosaonuncaiguais. Umarepresenta 0 significante, aoutra 0 significado.Emrazaodenossaterminologiaestesdaistermosadquirem,porem, uma acergaoparticular. Chamamos de "significan-te"todosignoenguantoapresentaemsi meSillOurnaspectogualquerdo"significado", aoeontrario,gue de correlativo a este aspecto do sentldo, isto e, Q que sedefineem dualidadereJatlyacomesteaspecto.jOgue .0 sig-,@ficadonaDe, por conseguinte. nunea0 proprjaseptjdo.0'Gue esignificado, numarestrita, 60 eoneeito;e, emumaacepgaolarga, .0 cadacoisaquepodeser definidapeladistingaoque tal ouqual aspecto do sentido mantemcomela. Assim, (} significante e primeiramente 0 aconteeimentocomoatributo16gicoideal de umestadode eoisas e9sig-nificado 60 estadode coisascomsnasquslidadeserela!;6esEmseguida, 0 significante .0 a proposigao emseuconjunto, namedidaemqueelacomportadimensoesdede-signagao, de mauifestagao, designificagaonosentidoestrito;ea significado .0 0 termoindependente que corresponde aestas dimens5es, isto e, 0 conceita, mas tamb6ma caisadesignada ou 0 sujeito manifestado. Finalmente, 0 signifi-cante .0 a unica dimensao da expressao, que possui comefeito aprivilegio de nao ser relativaa um termo independen-te, uma vez 0 sentido como expresso nao existe fora\ Ib?aexpressao/-!entao 0 significado .0 a designacao a ma- fC-..lllfestagiiooumeSmo a significasao, no sentido estrito, isto.0, a proposisao enuamo 0 sentidoau 0 expresso dela sedistingue. Ora, quandose estene 0 meta 0 sen , conSl-derando-se duas series de aconteeimentos auduas series decoisasouduasseriede proposigoes auaindaduasseries deexpressoes, a homogeneidadenao .0 senaoaparente: sempreurna temumpapel de significante e a outra umpapel designificado, mesmo que elas troquemestes papeis quandomudamosdepontodevista.Jacques Lacanpos emevideneia a existeneia de duasseries emuma narrativade Edgar Poe. Primeira serie: 0rei que nao ve a carta comprometedora recebida por suamulher; arainha, aliviadapar ter melhor escondidoacartajustamentepar ter deixadoacartaemevideneia; aministroquevetudoeseapodera dacarta. Segundaserie: a polieia,queDaOaehanada em casa doministro; 0 ministroqueteveaideia dedeixaracartaemevideneia paramelhoresconde--Ia; Dupin que ve tudo e retoma a carta '. E evidentequeasdiferengas entre series podemser mais au menos grandes- muito grandes emalguns autores, muito pequenas emoutrosque naointroduzema naoser varia