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Delft, Holanda Arquiteto: Herman Hertzberger Ano do Projeto: 1967 Ano da Obra: 1971 Área útil : 84 m 2 11

Delft, Holanda - Oikodomos · Delft, Holanda Arquiteto: Herman Hertzberger Ano do Projeto: 1967 Ano da Obra: 1971 Área útil : 84 m 2 11

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Page 1: Delft, Holanda - Oikodomos · Delft, Holanda Arquiteto: Herman Hertzberger Ano do Projeto: 1967 Ano da Obra: 1971 Área útil : 84 m 2 11

Delft, Holanda

Arquiteto: Herman HertzbergerAno do Projeto: 1967Ano da Obra: 1971Área útil : 84 m 2 11

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DIAGOON HOUSES 11

SOCIEDADE CIDADETIPOS DE FAMÍLIAS

ACESSOS

MODOS DE HABITAR

SITUAÇÃO URBANA

VALORES DE PROXIMIDADE

RELAÇÃO ESPAÇO PÚBLICO

RELAÇÃO ESPAÇO PÚBLICO

ESPAÇOS INTERMÉDIOS

SISTEMA CONSTRUTIVO

SISTEMA ESTRUTURAL

DISTRIBUIÇÃO DE ÁREAS HÚMIDAS

ADAPTABILIDADE / FLEXIBILIDADE

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

As Diagoon Houses são um caso paradigmático de uma tipologia de habitação desenvolvida por Herman Hertzberger em 1967. O princípio destas casas baseia-se na ideia do “edifício incompleto”, o que significa que uma moldura base deixa espaço para a inter-pretação individual do utilizador em termos de número de divisões, posicionamento e funcionalidade. O esqueleto estrutural us-ado neste projeto é assim um “meio-produto”, algo que qualquer pessoa pode completar de acordo com as suas próprias neces-sidades e desejos. Se a composição da família mudar, por exemplo, a casa pode ser ajustada e, até um certo ponto, expandida. Existem somente dois núcleos fixos em torno dos quais o plano do chão é desenvolvido: o núcleo que contém a caixa de es-cadas - circulação - e o que contém a cozinha e uma casa de banho, em níveis distintos – serviços. Dois níveis intermédios abrangem o espaço entre ambos, podendo estes ser usados de diversas formas. As oportunidades existentes para os espaços são ilustradas at-ravés de diagramas dos 4 níveis. O primeiro pode conter a entrada para a casa, um espaço de trabalho, arrumação e uma garagem de dimensão variável. Subindo meio piso, a cozinha é o ponto focal, deixando, no entanto, o espaço em seu redor para ser interpretado: onde e quão grande será a sala de jantar, como é que a própria sala de jantar se constitui ou como é feita a relação com a varanda. Outro meio piso acima - um piso inteiro acima do nível de entrada - podem ser criadas salas mais privadas. O quarto nível é agrupado em torno de uma casa de banho, à volta da qual o espaço pode ser dividido em quartos individuais, ou ser deixado completamente aberto. A partir do núcleo de escadas é também possível aceder a um terraço isolado. Os interiores recebem luz natural através de um lanternim central.

O princípio do incompleto, também expresso na aparência relativamente crua dos blocos pré-fabricados usados como material de en-chimento do esqueleto, é depois continuado no exterior dos edifícios através de espaços que foram concebidos para serem apropriados pelos inquilinos: como pode o pequeno espaço debaixo do terraço ser usado? O que fazer com o terraço superior ou o pequeno pátio ao lado da entrada? Já a rua e a frente das unidades habitacionais partilham o mesmo pavimento para que o residente possa escolher a quantidade de es-paço que quer para uso privado, determinando assim o montante de espaço de transição entre os espaços públicos e os privados.

http://www.afewthoughts.co.uk/flexiblehousing/house.php?house=48&number=15&total=39&action=type&data=soft%20form&order=keydate&dir=ASC&message=soft%20form%20projects&messagead=http://faculty.virginia.edu/GrowUrbanHabitats/case_studies/case_study_010127.htmlhttps://www.youtube.com/watch?v=Q9ifNRv9-ZIhttps://books.google.pt/books?id=GVGcIAVmPukC&pg=PA72&lpg=PA72&dq=diagoon+houses+herman+hertzberger&source=bl&ots=WfWriZ5Mag&sig=muSotnXqMuG1efE1Z-PMNJjQPYvU&hl=pt-PT&sa=X&sqi=2&ved=0ahUKEwjQlPzUkorLAhUBgBoKHWoDCz4Q6AEIQDAJ#v=onepage&q=diagoon%20houses%20herman%20hertzberger&f=false

TECNOLOGIA

- +

- +

- Sistema de painéis e unidades de tijolo config-uráveis;

- Pilares e lajes de betão;

ESPAÇO DE DORMIR

ESPAÇO DE ESTAR

Relações visuais Atividades no piso térreo Geração de espaço público

Materiais recicláveis Componentes pré-fabricados Sistemas inteligentes

ESPAÇO I.S E COZINHA

Zona urbana informal

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Lisboa, Portugal

Arquiteto: Fala Atelier Ano do Projeto: 2013Área: Módulos de 6.5 m 2 32

Corte com indicação de acessos e Tipologia T2

Diagrama conceptual

Planta com idicação de acessos e variações da tipoloia T2

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PROPOSTA PARA O BAIRRO DA BOA VISTA 32

SOCIEDADE CIDADETIPOS DE FAMÍLIAS

ACESSOS

MODOS DE HABITAR

SITUAÇÃO URBANA

VALORES DE PROXIMIDADE

RELAÇÃO ESPAÇO PÚBLICO

RELAÇÃO ESPAÇO PÚBLICO

ESPAÇOS INTERMÉDIOS

SISTEMA CONSTRUTIVO

SISTEMA ESTRUTURAL

DISTRIBUIÇÃO DE ÁREAS HÚMIDAS

ADAPTABILIDADE / FLEXIBILIDADE

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

O presente projeto não ganhou o concurso de Concepção da Solução Arquitectónica para a Zona de Alvenar-ia do Bairro da Boavista de Lisboa. Ainda assim, é um exercício que merece atenção. Com o desafio de criar uma nova iden-tidade para o bairro Alvenaria, em Lisboa, o Fala Atelier criou um módulo com variações e multiplicações que permitiu que as habitações se desenvolvessem de forma iterativa. Ao contrário de uma solução estática, este módulo-cubo de 2,55 metros define regras básicas para a organização dos interiores, oferecendo a flexibilidade para diversas tipologias possíveis. Cada dormitório iria responder diretamente aos desejos dos moradores e a capacidade mu-tante dinâmica iria transformar o bairro numa plataforma móvel. Varandas para a rua e pequenas hortas dari-am cor à paisagem. A materialização do projeto baseou-se numa estrutura metálica pré-fabricada. O branco do exteri-or seria o pano de fundo para atividades comunitárias. No interior, cada morador iria definir seu próprio micro-universo.

http://www.falaatelier.com/social-housinghttp://www.archdaily.com.br/br/01-135370/competicao-habitacao-social-de-alvenaria-slash-fala-atelier

TECNOLOGIA

- +

- +

- Estrutura metálica pré-fabricada;

ESPAÇO DE DORMIR

ESPAÇO DE ESTAR

Relações visuais Atividades no piso térreo Geração de espaço público

Materiais recicláveis Componentes pré-fabricados Sistemas ecológicos

T1

T1

ESPAÇO I.S E COZINHA

T1 T1

T1 T1

T1 T1 T1

T4 T5

T4 T5

T4 T5

- Paredes de alvenaria rebocadas;

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Arquitetura VI | MIA | ISCTE – IUL Discente: Teresa Mateus| ARC2 Docente: Alexandra PaioCaso de estudo estrangeiro: Diagoon Houses - Delft, Holanda Caso de estudo português: Proposta para o Bairro da Boa Vista – Lisboa Texto de estudo: The Design of Flexible Housing

RESUMO DO TEXTO DE ESTUDO [cerca de 11000 palavras]

Schneider, T & Till, J. (2007). The Design of Flexible Housing. In Flexible Housing. Architectural Press, p 131-160.

O excerto do texto “Flexible Housing” em análise trata o modo como a habitação flexível foi e deve ser alcançada, particularmente questões relacionadas com o desenho da planta e o uso dos es-paços. Começa por mencionar estratégias de desenho que promovem conceitos de inderteminação, fo-cando-se depois em algumas tácticas de desenho mais específicas. Este excerto sugere pois formas de pensar acerca do desenho de habitação flexível, ilustrando-as com exemplos de trabalhos existentes.

O problema do desenho da habitação flexível é um problema da era moderna. Tanto a arquitetura vernac-ular como os atos deterministas dos arquitetos possuem pistas para o futuro desta habitação. Todavia, na era moderna, o desenvolvimento do desenho habitacional é largamento dominado por estes últimos, muito devido ao nascimento da cidade industrializada e consequente racionalidade e ordem características desta era. O desenho da habitação no século XX é pois subordinado à regra da quantidade e do determinismo. A planta assume nesta fase o papel de dispositivo de ordenação e estruturação da ação. As atividades começaram a ser estandardizadas e criaram-se normas para todos os apestos do habitar. Exemplo disto é o projeto da cozinha de Frankfurt de Mar-garete Schutte (1927), a “Functional House for Frictionless Living” de Alexander Klein (1928) ou o livro seminal de Ernest Neufert Bauentwurslehre (1936). Os espaços foram desenhados, cada vez mais, para serem o mais efici-entes, resultando na sua redução para o espaço padrão mínimo absoluto. O utilizador era visto da mesma forma que qualquer outro elemento nesta equação, não tendo qualquer poder de decisão ou hipótese de fazer alterações consoante a sua vontade. É esta atitude de controlo que leva à inflexibilidade do funcionalismo restrito, no qual uma divisão tem um uso prescrito e tamanhos e traçados impositivos. Isto é contra os princípios da habitação flexível, sendo por isso necessário passar do “hard” para o “soft”. A explicação de como a habitação flexível deve então ser alcançada é feita em várias escalas, iniciando-se com uma consideração do edifício enquanto um todo, passando pelo desenho exterior da unidade, o desenho interior e, finalmente, as divisões e elementos individuais.

A noção de indeterminação encara a incerteza positivamente, promovendo a flexibilidade em termos de uso. Esta ordena uma reformulação de prioridades, com o arquiteto a trabalhar em plano de fundo e sugerindo layouts que permitem múltiplos modos de ocupação. A nível de um edifício a indeterminação refere-se a projetos capazes de aco-modar diferentes usos dentro do mesmo sistema estrutural. Isto ajuda a evitar um dos problemas mais comuns nos edifícios: a absolescência. Historicamente, algumas das tipologias de edifício eficazes em albergar vários usos foram a casa com terraço, os armazéns industriais, os moinhos e os armazéns. MacCreanor e Lavington perceberam que isto se deveu à sua combinação de neutralidade de traçado e expressão e ao uso de tecnologia comum e adaptável. Existem pois inúmeras abordagens à habitação flexível: “raw space”, “excess space”, “slack space”, “adding on”, “expanding within”, “joining together”, “switching it”, “dividing up” e “moving in”.

Na ideia de “raw space” o espaço não é completamente neutro. A provisão de espaço aberto e neutral por si só não é suficiente. Os espaços crus mais bem sucedidos são aqueles que funcionam como armaduras para futuras ocupações de uma forma antecipada, providenciando um conjunto de pistas que são sugestivas em vez de determinantes. Bernard Leupen interpreta esta abordagem através do enigma aparente de que para se criar espaço flexível alguém tem de prestar mais atenção aos elementos permanentes. “ O permanente constitui a estrutura dentro da qual a mudança pode ocorrer”. É a especificidade da estrutura que exige ser desenhada intencional-mente com uma visão das liberdades futuras que esta poderá conter. A ocupação flexível do “raw space” depende pois de inúmeros fatores. O primeiro é o dimensionamento da estrutura. Depois dentro desta moldura estrutural o arquiteto tem de considerar os melhores pontos para acessos (geralmente no centro da planta), a posição dos serviços ( ou em zonas específicas ou largamente distribuídos) e o tamanho de módulo mais eficiente. Todos es-tes layouts hipotéticos devem depois ser testados para assegurar que permitem uma grande gama de opções.

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Outra das abordagens a esta temática do espaço flexíivel é a do “excess space”. Partin-do da ideia de que existe uma correlação entre o montante de espaço e o montante de flexibilidade, esta abordagem explora esta correlação providenciando mais espaço mas com uma menor especifi-cação. Um destes exemplos é o esquema de Nemausus em Nîmes, França, desenhado por Jean Nouvel.

Temos depois a abordagem mais intecional do “slack space”, onde o arquiteto providencia um espaço cuja função exata não está programada mas que é antecipatório da sua potencial ocupação. Exemplo de espaços de folga exteriores são coberturas planas onde se pode construir, pátios que podem ser preenchidos ou caixas de escadas comuns com patamares grandes o suficiente para serem ocupados pelos seus utilizadores. Internamente falamos de recantos na parede ou varandas com potencial para se tornarem num quarto adicional. Exemplo da aplicação desta abordagem é Donybrook de Peter Barber, onde habitações de cobertura plana e com terraços no primeiro piso esperam objetos do dia-a-dia para que o esquema atinja a riqueza de ocupação que sempre se quis, ou esquema Genter Strasse em Munique, de Otto Steidle,ou a abordagem de Anton Schweighofer para um edifício residencial em Berlim. Neste último o arquiteto oferece este espaço de folga na terceira dimensão, através de um volume com duplo pé-direito, inicialmente usado somente num nível, mas que pode ser gradualmente preenchi-do. No entanto, a abordagem mais desenvolvida é a do arquiteto Holandês Herman Hertzberger, no desenho das Diagoon Houses, em Delft. Baseado na ideia do edifício inacabado, Hertzberger providencia espaços, tanto inter-nos como externos, que podem ser preenchidos de acordo com os requisitos específicos dos habitantes dos ed-ifícios. Este exemplo é portanto sobre o desenho do espaço, mas também sobre deixar espaço para interpretação.

Seguindo uma abordagem muito mais “determinista” à noção de expansão do que a de Hertzberger te-mos a do estúdio UN na sua habitação flexível em Almere. As habitações individuais são concebidas como um pacote base que pode ser expandido e elaborado segundo as preferências pessoais de cada um. Já a extensão vem como uma caixa pré-desenhada e pré- dimensionada. O estúdio UN oferece assim o potencial para ex-pandir mas somente dentro da moldura confinada da sua linguagem arquitetónica. No setor privado, a habili-dade para mudar o tamanho da habitação de alguém é predominantemente usada como uma ferramenta de marketing para atrair compradores. Um dos exemplos desta abordagem é o desenho sistemático de Wenswonen que usa um processo construtivo com uma combinação de construção em fábrica e construção no próprio local, que permite aos futuros proprietários escolher o tamanho da sua habitação e o desenho da fachada e dos in-teriores. O volume geral do edifício base pode ser expandido através da adição de módulos em pontos previa-mente especificados. Estamos pois aqui perante um caso de “Adding on”. As adições são geralmente uma manifestação espacial direta de mudança da demografia social e económica. Estas podem ser antecipadas at-ravés de por exemplo, o posicionamento da caixa de escadas, como acontece na planta da habitação clássica londrina. Este é o primeiro princípio de desenho para potenciais adições: projetar onde é que as extensões se poderão inserir e desenhar acessos e serviços de acordo com isso. Exemplos de projetos destes, com extensibili-dade, são os de Van den Broek e Bakema e o de Lewisham´s Architects’ Department, em Brockley Park, Londres.

Na abordagem “expandinng within” qualquer crescimento tem de estar contido na estrutura original, para não gerar problemas. Um número de projetos de habitação flexível exploraram esta ideia ao providenciarem espaço em excesso dentro da estrutura, logo em primeira instância, para onde os apartamentos individuais podem então crescer consoante é preciso. Exemplos disto são a habitação Ottokar Uhl´s FeBtgasse ou a casa experimental Kalleback.

Já uma solução mais económica para a expansão dentro de habitação é a de juntar. Na maior par-te das habitações, o desenho de cada uma das unidades individuais é considerado isoladamente dos outros; isto tende a fechar o desenho num tamanho e layout particular para servir exigências imediatas. Mas se facil-itarmos a junção de unidades, podemos ter muitas mais opções posteriormente. Um dos primeiros exemplos de um arquiteto que desenha unidades com este pensamento é Karl Schneider´s Verwandelbare Wohnung, em 1927. Este desenha o acesso a duas unidades, por forma a poderem ser acedidas separadamente ou como sendo uma só. Todos os esquemas semelhantes a este mostram que é possível providenciar o poten-cial para juntar unidades a um baixo custo, sem comprometer a qualidade das unidades separadamente.

Uma abordagem mais modesta é a de Schaltzimmer: “switching it”. Este é um modelo germânico, desenvolvi-do num tradicional bloco de apartamentos, onde Schaltzimmer providencia um quarto que pode ser usado por um de dois apartamentos. Quando o residente do apartamento maior não necessita mais deste quarto, este pode dá-lo

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à outra unidade. O Schaltzimmer dá assim aos utilizadores a oportunidade de expandir ou contrair os seus apartamentos. Muitas vezes as habitações necessitavam também, por inúmeras condicionantes, de serem divididas, surgindo a abordagem: dividing up. Alguns esquemas que utilizam esta abordagem são o da London Flexhouse e o da Next Home, nas quais a circulação vertical, o posicionamento das entradas e os serviços são desenha-dos de modo a permitirem a combinação dos vários níveis da habitação separadamente e de inúmeras formas.

Passando para a análise do interior das habitações, é importante recordar que a atenção pelo per-manente é a forma de atingir a liberdade subsequente. Foram os esquemas de habitação flexível que domina-ram consistentemente os acessos, os serviços e a posição destes elementos em relação à estrutura, os mais bem-sucedidos. As divisórias interiores dependem destas permanências. Isto implica, para muitos arquitetos, reverter a sequência normal de aproximação à habitação, começando pois pelo permanente. Uma forma de compreender este princípio é olhar para os esquemas que foram descobertos nos princípios da arquitetura de participação. Aqui, a flexibilidade do layout interno não é desenvolvido como um conceito arquitetónico no seu direito, mas como uma resposta a um imperativo social mais amplo: dar força aos utilizadores para tomarem controlo das suas habitações. A flexibilidade aqui é um assunto social e só depois um assunto arquitetónico. O importante é portanto montar uma moldura de suporte e compreender qual a melhor forma dessa moldura permitir a liberdade do layout interno. Os melhores esquemas participativos são aqueles onde o arquiteto testa os layouts que a moldura permite e depois refina a moldura com base nesses testes. Exemplo disso são Mon-tereau e o desenvolvimento habitacional Hegianwandweg em Zurique. Um método para atingir layouts com possibilidade de alteração é projetar usos futuros dentro destes e ver se se conseguem adaptar aos mesmos. Temos depois Parker e Morris a defenderem que as designações atribuídas aos quartos inibem a flexibilidade, pelo que não as devemos utilizar. Deve-se pois estabelecer standards de espaço para as unidades como um todo, em vez de para os quartos individualmente. Este pensamento segue a linha do esquema tradicional japonês e não do que é comum no contexto ocidental. No esquema japonês os quartos são imperfeitamente divididos e baseados num módulo genérico, de modo a que mais tarde mudanças funcionais e sociais sejam mais facilmente atingidas. Este conceito exige não só a remoção dos rótulos para os quartos, mas também um repensamento da hierarquia es-pacial imposta por layouts específicos. Este sistema permite uma muito melhor abertura na forma como os quartos serão interpretados. No entanto, existem sempre as condicionantes dos conjuntos de regulamentos que estipulam os quartos específicos que têm de ser providenciados e a mobília que precisa de ser instalada pelos arquitetos e que difi-culta o seguimento do pensamento acima referido. Ainda assim, esta abordagem foi perseguida contra as exigências rigorosas do funcionalismo restrito e usada como uma resposta à crise de escassez de habitação nos anos 20 e 30. Exemplos disso são os projetos Hufeisensiedlung em Berlim, desenhado por Bruno Taut e Martin Wagner, o projeto Le-tohradská, em Praga, de Evzen Rosenberg e o esquema Hellmutstrasse em Zurique, do ADP Architektur und Planung.

No que à circulação diz respeito é preciso compreender a sua importância e potencialidade. Os espaços de circulação podem permitir uma muito maior variedade de usos do que simplesmente movimentarmo-nos. No exteri-or isto pode traduzir-se na ligação de amplas varandas e, no interior, em corredores mais largos que se transformam em zonas de arrumação ou até mesmo num outro quarto disponível para uma variedade de usos. A dimensão destes espaços de circulação é o critério mais importante para a sua utilidade. Robin Evan´s mostra-nos depois como a mov-imentação não é uma atividade funcional mas sim social, apelando à sua permeabilidade, de modo a dissolver a hi-erarquia restrita das divisões. Um dos exemplos mais desenvolvidos desta abordagem é o esquema Graz-Strabgang dos Riegeler Riewe Architects, onde os quartos podem ser unidos ou separados através de portas de correr. Esta par-ticularidade é vantajosa em habitações onde privacidade absoluta entre as diferentes áreas não é uma necessidade.

Por fim, abordamos a contribuição dos elementos amovíveis e da mobília para a habitação flexível. Os ele-mentos amovíveis são um aspeto fundamental, pois embora a flexibilidade possa ser atingida com uma moldura fixa existe sempre a convicção em arquitetura de que esta é melhor atingida através da mudança física. Estes elementos permitem que o espaço seja alterado consoante o desejo e necessidade dos ocupantes e existem vários exemplos ao longo da história, tais como os biombos japoneses ou as cortinas dos espaços de dormir holandeses do século XVII. Estes eram elementos “suaves” que serviam para dar privacidade, separar funções ou definir espaços por razões culturais. Todavia, no século XX, esta suavidade passa para robustez em muitos casos, devido ao avanço da tecnolo-gia. O desenho dos elementos de correr e de dobrar é dos mais importantes, pois permite transformar open spaces em espaços compartimentados em minutos. Os elementos amovíveis podem assim assumir uma função social.

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No que diz respeito à mobília esta pode assumir diversas funções. Corbusier, por exemplo, de-senha mobília para as suas habitações em WeiBenhofsied e para a Maisons Loucheur, com claras referên-cias ao equipamento transformável dos comboios do dia para a noite. Depois temos uma compreensão mais modesta da casa enquanto forma de equipamento e encarando os quartos como peças de mobília. Esta é uma abordagem particularmente apropriada para espaços apertados. Os quartos são reduzi-dos a alguns elementos robustos que são condessados em algo fixo, deixando o resto do espaço livre. A mobília é também em muitos casos deixada para interpretação, sendo adaptável a diversas necessidades. Concluindo, este excerto começou na escala do local e acabou numa escala mais íntima. Pelo caminho encontrámos estratégias gerais e outras mais particulares para projetar uma habi-tação flexível. Não é aqui proposta uma única solução, mas sim um enorme leque de opções.

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