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1 Boletim 1106/2016 – Ano VIII – 23/11/2016 Demanda por linha branca só voltará no fim do ano que vem Perspectiva. Ao mesmo tempo em que as vendas de geladeiras e fogões devem demorar para engatar uma rota de expansão, especialistas dizem que os custos de produção seguem em alta São Paulo - A retomada do segmento de linha branca (geladeira, fogão e lavadoras) deve ocorrer apenas no final de 2017, acreditam especialistas do setor. Até lá, o desafio das fabricantes no País será conciliar um mercado interno ainda retraído e os elevados custos de produção. Na avaliação do diretor da consultoria GfK, Oliver Rõmerscheidt, a recuperação dessa indústria depende da "melhora concreta" da economia como um todo, indo além do aumento do otimismo dos indicadores. "Ainda não vimos uma retomada consistente, apenas melhora de perspectivas para o próximo ano. A partir do momento que houver de fato maior emprego e renda, será natural que a demanda por itens de linha branca volte a aumentar", diz. De acordo com Rõmerscheidt, este é um dos setores que mais sofre com a crise econômica e também é influenciado pela volta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que teve alíquota reduzida entre 2009 e 2013 para impulsionar as vendas naqueles anos. "Com o boom de consumo desse período, muitos itens do segmento foram trocados, então sequer temos demanda reprimida. Isso também colabora para que a recuperação demore um pouco", avalia ele. O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, também não vê o início do próximo ano com muito otimismo. "Enquanto não tivermos retomada consistente da economia, o consumidor não terá confiança para comprar produtos de alto valor agregado. Falta confiança e melhores condições para que a demanda aumente", afirma ele, citando a falta de crédito disponível e o endividamento das famílias como alguns dos entraves que deixarão a recuperação do setor para um horizonte ainda distante.

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Boletim 1106/2016 – Ano VIII – 23/11/2016

Demanda por linha branca só voltará no fim do ano q ue vem Perspectiva. Ao mesmo tempo em que as vendas de gel adeiras e fogões devem demorar para engatar uma rota de expansão, especialistas dizem que os cu stos de produção seguem em alta São Paulo - A retomada do segmento de linha branca (geladeira, fogão e lavadoras) deve ocorrer apenas no final de 2017, acreditam especialistas do setor. Até lá, o desafio das fabricantes no País será conciliar um mercado interno ainda retraído e os elevados custos de produção.

Na avaliação do diretor da consultoria GfK, Oliver Rõmerscheidt, a recuperação dessa indústria depende da "melhora concreta" da economia como um todo, indo além do aumento do otimismo dos indicadores.

"Ainda não vimos uma retomada consistente, apenas melhora de perspectivas para o próximo ano. A partir do momento que houver de fato maior emprego e renda, será natural que a demanda por itens de linha branca volte a aumentar", diz.

De acordo com Rõmerscheidt, este é um dos setores que mais sofre com a crise econômica e também é influenciado pela volta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que teve alíquota reduzida entre 2009 e 2013 para impulsionar as vendas naqueles anos.

"Com o boom de consumo desse período, muitos itens do segmento foram trocados, então sequer temos demanda reprimida. Isso também colabora para que a recuperação demore um pouco", avalia ele.

O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, também não vê o início do próximo ano com muito otimismo. "Enquanto não tivermos retomada consistente da economia, o consumidor não terá confiança para comprar produtos de alto valor agregado.

Falta confiança e melhores condições para que a demanda aumente", afirma ele, citando a falta de crédito disponível e o endividamento das famílias como alguns dos entraves que deixarão a recuperação do setor para um horizonte ainda distante.

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"Este ano já está perdido para a cadeia de linha branca. Esperamos um 2017 melhor, mas ainda teremos meses fracos, enquanto o aumento da demanda será gradual", prevê.

A gigante Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, teve receita de US$ 800 milhões na América Latina no terceiro trimestre de 2016. Um ano antes a receita da companhia na região foi de US$ 751 milhões. Em relatório trimestral, a fabricante projeta avanço em todas as operações ao redor do mundo. A exceção é o Brasil com previsão de vendas de 10% a 12% menores.

Já a rival Electrolux teve retração de 5,3% na América Latina no mesmo período, chegando a US$ 442,2 milhões. De acordo com a companhia, o resultado foi pressionando pelo fraco desempenho dos mercados do Brasil e da Argentina.

Procuradas, as empresas não responderam ao DCI.

Custos

O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) acredita que os desafios previstos do setor ao longo do próximo ano não se limitam apenas à baixa de demanda. Na opinião dele, a alta no preço do aço, principal insumo dos eletrodomésticos, já preocupa fabricantes há alguns meses.

"Com os aumentos constantes [do aço], a indústria não consegue repassar preço. Não adianta haver mais disposição para consumo se o valor final de uma geladeira está altíssimo. Não podemos ter tantas altas em uma matéria-prima tão essencial, a produção fica inviável", desabafa.

De janeiro a setembro, a produção fogões, refrigeradores e lavadoras caiu 5,7% em relação mesmo período, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para Kiçula, parte desta retração já está relacionada ao aumento no preço do aço. "A tendência é que a situação continue como está. Enquanto o preço da principal matéria-prima continuar subindo, não haverá saída para fabricantes e isso abre possibilidade para a compra de aço importado", arrisca o dirigente.

No entanto, comprar o insumo de siderúrgicas estrangeiras também pode gerar um alto custo para as fabricantes visto a variação cambial. Essa falta de previsibilidade também vem reduzindo as encomendas externas.

Dados divulgados pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) apontam que as importações de aços planos acumulam queda de 63,4% entre janeiro e outubro, somando 515.189 toneladas.

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Ainda de acordo com o Inda, a Usiminas e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) estão avisando distribuidores de aços planos sobre novos reajustes de preços que devem ocorrer a partir do início do próximo mês. Este será o quarto reajuste de preço em 2016, que já acumula uma alta de 40%, segundo o presidente da Eletros.

Recentemente, algumas das mais importantes produtoras brasileiras de aço informaram que estão negociando ou já aplicaram reajustes para grandes clientes industriais.

Impasse

Na opinião do presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, os constantes aumentos registrados no ano foram inevitáveis, uma vez que as siderúrgicas vivem uma das piores crises da história. "[Os aumentos] estão relacionados à oferta e demanda, nada além disso. Ao longo dos anos, os preços do aço sempre estiveram abaixo da inflação pelas condições de mercado e desta vez tiveram de subir", explica o executivo.

Especialistas acreditam que a tendência de alta do preço do insumo não deve perdurar por muito tempo. "Acredito que com a desvalorização do dólar seja possível ajustar um pouco melhor o mercado interno, tornando desnecessários reajustes constantes", avalia o economista da GO Associados, Luiz Fernando Castelli.

Para ele, uma coisa é certa: o impasse entre fabricantes e siderúrgicas ainda deve arrastar-se pelos próximos meses. "Quando o valor do insumo aumenta, a indústria tem duas opções: repassar preço ou absorver margem. Mas não há espaço para nenhuma das duas coisas no contexto econômico atual."

Ana Carolina Neira

Retomada do emprego pode demorar - A taxa composta de subutilização da força de trabalho fechou o terceiro trimestre deste ano em 21,2%, atingindo 22,9 milhões de brasileiros, conforme divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador agrega a taxa de desocupação ou desemprego, a de desocupação por insuficiência de horas e da força de trabalho potencial.

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No segundo trimestre de 2016, para a totalidade do Brasil, essa taxa foi de 20,9%, o que significa que houve uma alta entre um trimestre e outro de 0,3 ponto percentual e de 3,2 pontos percentuais em relação a igual trimestre de 2015, quando o indicador era de 18%.

Os dados divulgados pelo IBGE constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua - Trimestral para Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação, referentes ao trimestre encerrado em setembro.

Os principais resultados da Pnad Contínua para o Brasil já foram divulgados no dia 27 de outubro e indicavam uma taxa de desemprego de 11,8%, resultado 0,5 ponto percentual superior aos 11,3% do trimestre encerrado em junho, que apontava 12 milhões de trabalhadores desocupados para uma população ocupada de 89,8 milhões de trabalhadores.

Para o pesquisador do Centro de Pesquisa Econômica Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) Tiago Barreira, esses dados do mercado de trabalho reforçam o cenário de pessimismo para o emprego até o segundo trimestre de 2017, quando finalmente a taxa de desocupação deve começar a se estabilizar.

"Vemos perspectiva de piora do desemprego até o primeiro trimestre do ano que vem. A taxa de desocupação começa a ficar estável no segundo trimestre, e no terceiro trimestre começamos a ter queda no desemprego", previu Barreira.

Regiões

Os dados do IBGE indicam que a maior taxa composta da subutilização da força de trabalho foi observada no Nordeste, que, no terceiro trimestre do ano, chegou a 31,4%, enquanto a menor foi registrada na região Sul (13,2%).

Bahia (34,1%), Piauí (32,6%) e Maranhão e Sergipe (ambos com 31,9%), foram os estados com as maiores taxas. Já as menores foram anotadas em Santa Catarina (9,7%), Mato Grosso (13,2%) e Paraná (14,2%).

"Não teve nenhum Estado brasileiro que fosse um ponto fora da curva. Todos apresentaram aumento no desemprego e redução do nível de ocupação", disse o pesquisador do Ibre/FGV. /Agências

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Justiça obriga bancos a corrigirem depósito judicia l tributário pela Selic Ministros do STJ entenderam que mesmo que haja equívoco do contribuinte no preenchimento das guias, em caso de crédito fiscal, a instituição financeira deve pagar segundo a nova regra São Paulo - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que as instituições financeiras devem corrigir os depósitos judiciais referentes a questionamentos de tributos federais pela taxa básica de juros, a Selic, mesmo quando há erro no preenchimento das guias.

Em julgamento do recurso especial (nº 1.617.539), o Tribunal entendeu que caberia ao banco não aceitar a guia preenchida equivocadamente pela empresa que realizou o depósito judicial por conta de uma ação movida contra a Receita Federal. Assim, a instituição financeira teve que devolver à companhia vencedora da ação contra o fisco tanto o valor sobre o qual já havia incidido a Taxa Referencial (TR), índice que serve de base para a remuneração das cadernetas de poupança, quanto a diferença entre esse valor e o que teria sido recebido caso o rendimento fosse o da taxa básica de juros da economia brasileira.

Segundo o advogado tributarista do escritório Adib Abdouni Advogados, Alexandre de Castro Rocha, o STJ já tinha construído uma jurisprudência no sentido de obrigar as empresas do setor financeiro a remunerarem os depósitos judiciais com base na Selic e não da Taxa Referencial (índice usado para o cálculo do rendimento da Caderneta de Poupança) em caso de débitos provenientes de tributos devidos à Receita Federal. "O STJ julga essa questão dos depósitos judiciais de acordo com a Lei 9.703/98, que define que eles devem ser realizados mediante Darf [Documento de Arrecadação de Receitas Federais] e que o depósito será remunerado pela Selic", afirma Rocha. Na avaliação do advogado, contudo, a novidade desse processo foi que os ministros decidiram que mesmo com o erro na guia a companhia do setor financeiro é obrigada a aderir a fazer a correção com base na lei de 1998.

Caso específico

Toda essa questão surgiu quando uma empresa do ramo industrial questionou a necessidade de pagamento do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para embalagens plásticas de alimentos, que era cobrado pela Receita Federal. Conforme o código tributário daquela época, esse produto específico não poderia ser tributado, de modo que mesmo com a posterior mudança no regulamento, a companhia acabou tendo ganho de causa e não foi obrigada a pagar o imposto devido.

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O problema é que após o Tribunal Regional Federal (TRF) de São Paulo levantar os valores que o Tesouro Nacional deveria restituir à indústria, verificou-se que o montante era menor do que teria sido caso o depósito tivesse sido corrigido pela Selic. Percebeu-se que, na verdade, a instituição financeira na qual o capital foi depositado tinha remunerado o valor pela TR, como ocorria na regra que valia antes da edição da lei de 1998. A empresa, então, recorreu para obter o valor remunerado aos juros básicos brasileiros.

O advogado que representou a companhia na questão, o sócio do escritório Piazzeta, Boeira e Rasador Advocacia Empresarial, Gilson Rasador, conta que naquela ocasião, o TRF entendeu que a empresa tinha cometido um erro ao realizar o depósito por meio de guia simples, sem a utilização do Darf específico com o código "005". No entanto, ele explica que o erro foi, na verdade, do banco, que colocou o dinheiro em uma conta que a empresa já tinha e que era remunerada pela TR. "Entramos com agravo contra o despacho após o juiz indeferir e o STJ entendeu que os valores depositados após 1998 tinham que ser restituídos de acordo com a Selic não importa em que conta eles fossem alocados", diz Rasador.

Foi justamente essa questão do preenchimento errado da guia que se tornou algo característico desse processo e que acabou abrindo um precedente para as companhias que tiverem o mesmo problema.

Responsabilidade

Para o sócio da Piazzeta, Boeira e Rasador, muitos contribuintes, mesmo após a lei entrar em vigor, continuaram depositando o valor do tributo questionado judicialmente mediante guia comum de depósito judicial, ou seja, fora dos conformes. Na sua opinião, o julgamento da empresa que ele defende foi importante para ajudar aqueles que cometeram esse equívoco e acabaram recebendo menos do que o justo por decisões judiciais a favor deles em disputas com o fisco da União. Isso porque o STJ decidiu que a responsabilidade no caso era da instituição financeira. "Era uma prática rotineira do banco não separar os dois valores e colocar todos os depósitos na mesma conta, então acredito que o precedente é bastante positivo", garante Gilson Rasador.

Ele ainda comenta que essa questão é controversa e que muitas confusões ocorriam, porque nem sempre eram os advogados dos contribuintes eram aqueles que recebiam o cheque e faziam o depósito, de forma que muitas vezes alguém da própria companhia fazia isso sem levar em conta a mudança na lei.

Ricardo Bomfim

(Fonte: DCI dia 23/11/2016)

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(Fonte: Folha de SP dia 23/11/2016)

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