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6 águanaboca POR TERESA MELLO FOTOS EDUARDO KRÜGER A 15ª Casa Cor Brasília é um sucesso. Num único domingo, 1.749 visitantes percorreram os 44 ambientes projetados por 72 profissionais, em 1.800 m 2 de área construída e outros 6.500 de área verde às margens do Lago Paranoá, no Setor de Clubes Norte. O espaço gastronômico traz pela segunda vez uma figura conhecida: Aldaci dos Santos, ou melhor, Dadá, que trouxe de Salvador oito ajudantes para executar sua culinária sofisticada, leve, com pouquíssimo dendê e pimenta. O restaurante Tempero da Dadá, projetado por Bárbara Paiva, tem 50 cadeiras tipo medalhão, espelhos e lustre preto de cristal. Nos 90 m 2 ecoa o riso farto da chef baiana, zanzando entre a cozinha e o salão, com atendimento reforçado pelo Senac, que para lá mandou quatro professores e O baianíssimo Tempero da Dadá é a principal atração gastronômica da Casa Cor Brasília na medida certa Dendê pimenta e

Dende E Pimenta

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POR TERESA MELLOFOTOS EDUARDO KRÜGER

A 15ª Casa Cor Brasília é um sucesso. Num único domingo, 1.749 visitantes percorreram os 44 ambientes projetados por 72 profissionais, em 1.800 m2 de área construída e outros 6.500 de área verde às margens do Lago Paranoá, no Setor de Clubes Norte. O espaço gastronômico traz pela segunda vez uma figura conhecida: Aldaci dos Santos, ou melhor, Dadá, que trouxe de Salvador oito ajudantes para executar sua culinária sofisticada, leve, com pouquíssimo dendê e pimenta.

O restaurante Tempero da Dadá, projetado por Bárbara Paiva, tem 50 cadeiras tipo medalhão, espelhos e lustre preto de cristal. Nos 90 m2 ecoa o riso farto da chef baiana, zanzando entre a cozinha e o salão, com atendimento reforçado pelo Senac, que para lá mandou quatro professores e

O baianíssimo Tempero da Dadá é a principal atração gastronômica da Casa Cor Brasília

na medida certa

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15 alunos dos cursos de garçom e de barman. “É uma espécie de prática supervisionada”, define o maitre, professor Aragão, que recomenda logo o polvo a vinagrete como entrada.

Os pratos chegam à mesa no horário da Bahia, sem pressa, e servem duas pessoas: moqueca de camarão (R$ 79), peixe na folha de bananeira com cubos de abacaxi (página ao lado - R$ 98,70), bobó de camarão (R$ 99,80). Quem não tolera frutos do mar pode experimentar o filé ou o frango com banana frita (ambos a R$ 89,90).

No Café Via, criado por Carlos Weidle e Juliane Moi, o destaque é o café gourmet Santés, produzido em São Desidério, oeste da Bahia, e destinado às máquinas de espresso. “Depois de Brasília, vamos lançar em São Paulo e Curitiba”, diz o representante, Pavel Cardoso. Para acompanhar os grãos especiais, moídos e servidos quentes ou gelados, como o coquetel com groselha e suco de laranja (foto abaixo), o cardápio da cafeteria tem sanduíches e quiches, além de tortas feitas por Karim Schneider, com fatias entre R$ 6 e R$ 12. A Santa Pizza completa a área de alimentação e apresenta a pizza com pasta de bacalhau.

ELA NÃO CHOROU QUANDO NASCEU. Veio ao mundo com a cara boa e com ela seguiu pela vida. Mesmo quando a situação apertava. Trabalhou muito como empregada doméstica e cozinheira. Começou menininha, lavando panelas de barro. Hoje, aos 45 anos, duas filhas e três restaurantes, a empresária e chef Dadá é paparicada pelas madames, já cozinhou em Londres e Nova York e ainda sustenta o tradicional sorriso, agora iluminado pelos anéis de metal do aparelho ortodôntico.

A primeira experiência na cozinha foi um bife à milanesa: “Eu falava bife

na mesa”, conta ela, às gargalhadas. Dadá gosta de cantar enquanto trabalha e não admite ninguém azedo, mal-humorado, por perto. Só perde a fome quando está com raiva e não

come cebola de jeito nenhum. Para ela, feijão com farinha é exemplo de mistura perfeita. Aos cinco anos, foi seduzida pela culinária e hoje compara: “Cozinha é igual a sexo. Cozinhar é você estar amando o tomate, amando o coentro, o azeite de oliva, o dendê, tudo o que você coloca na comida”.

Nascida em Sítio do Conde, divisa com Sergipe, foi criada sem pai. A mãe, Dona Júlia, ia trabalhar na roça levando Renato, bebê de colo, enquanto Dadá vendia sardinha frita ao molho de vinagrete, na porta do

mercado. “Meu sonho era ter uma boneca com cabelo”, lembra. O jeito foi fazer uma com espiga de milho verde. E ela perambulava feliz, espiando a brincadeira das outras crianças pelas janelas. Acabava sendo chamada para brincar, ficava por ali e, para agradecer, lavava panelas.

Depois voltava para o barraco, feito de palha de coqueiro, onde comiam efó, prato africano feito com uma folha conhecida como língua de vaca. “Às vezes minha mãe conseguia pescar alguma coisa, a gente ralava o coco, ferventava as folhas, colocava alho, coentro, tomate, amendoim, o que a gente tinha no quintal, e fazia aquela moqueca, negona, com leite de coco e dendê. É comida de santo também”, explica Dadá, filha de Oxum.

Mocinha, ela continuou trabalhando

Casa Cor BrasíliaAté 15 de novembro. Setor de Clubes Norte, perto do Minas Brasília. De terça a domingo, das 12h às 22h. Ingressos: R$ 20 (inteira)

como doméstica, já em Salvador, onde também vendia bolos e mingaus nos pontos de ônibus. “Meu sonho era trabalhar numa pensão”, conta. Vieram os pratos feitos, o trabalho em restaurantes, a parceria com o cozinheiro Paulo, futuro marido. Nessa época, ela já havia perdido o irmão, vítima de atropelamento, e a mãe, falecida no hospital da Irmã Dulce.

Tal como na Casa Cor, a inauguração do primeiro restaurante foi debaixo de muita água, na favela do Alto das Pombas. O casal conseguiu seis mesas de uma cervejaria e comprou fiado uma dúzia de pratos e talheres. Hoje, ela comanda três restaurantes na Bahia: no Alto das Pombas, no Pelourinho e na Costa do Sauípe. “Eu queria crescer. Dadá é uma pessoa muito humilde, mas Dadá é requintada”, define-se, circulando à vontade pelo ambiente luxuoso criado em Brasília: “Acho que na próxima encarnação vou incorporar a Dadá perua”.

Além da gastronomia, a Casa Cor Brasília 2006 está cheia de novidades: banheiros com chuveiros quadrados, fabricados em metal latão cromado e funcionando em alta pressão; vaso sanitário slow close, cuja tampa desce lenta e silenciosamente graças a um amortecedor; e banheira de hidromassagem com minicascata, iluminada por fibra ótica. A galeria de arte mostra xícaras assinadas por Athos Bulcão e nichos criados pela arquiteta Silvana Andrade para valorizar ainda mais um quadro ou uma escultura.

Cadeiras tipo medalhão e lustre de cristal preto

no restaurante Tempero da Dadá

Banheira de hidromassagem com minicascata

ilumidada por fibra ótica

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Tapas da Andaluzia

Taberna Pata Negra reproduz um pouco da cultura e da culinária dos árabes, ciganos, visigodos, romanos e

outros povos que deixaram sua marca no sul da Espanha

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Taberna Pata Negra413 Sul – Bloco A (3345.0641). Aberta de 2ª feira a sábado, das 17h30 até o último cliente. www.tabernapatanegra.com.br

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POR SUSAN FARIAFOTOS EDUARDO KRÜGER

Um pedaço da Espanha, ou melhor, do sul da Espanha, em plena capital brasileira. É a taberna Pata Negra, inspirada no que há de melhor da Andaluzia, famosa pelo flamenco, pelas tradições, festas, religiosidade, culinária e cultura. “Somos a segunda taberna do Brasil especializada em tapas da Andaluzia. A outra fica em São Paulo”, informa a chef Maria Jesus Navas, 35 anos, espanhola de Córdoba, casada com diplomata brasileiro, uma das sócias da casa.

É ela quem explica porquê Pata Negra: “É um presunto curado feito do porco ibérico, exclusivo da Espanha, alimentado com nozes a vida inteira”. A carne é exótica, gostosa e o presunto considerado o melhor da Espanha. Pata Negra é também sinônimo de pessoas autênticas, de caráter.

COM TRÊS AMBIENTES, a taberna quer se tornar referência cultural na cidade e em seu piso superior já apresenta a exposição Cenas de Andaluzia, do pintor carioca Cláudio Fontes, aberta até o início de novembro. Garçons e garçonetes circulam vestidos a caráter no piso de mosaicos da taberna, que tem preciosidades como tachos de cobre e tapetes na parede, gerânios e janelas em forma de arcos, como nas casas andaluzas.

No térreo, em um pequeno tablado, o grupo brasiliense Capricho Espanhol, dirigido por Patrícia Weingrill, apresenta números de flamenco e Nura Nasser se esmera na dança do ventre. Foi assim a inauguração da casa, lotada numa segunda-feira chuvosa de outubro. “É um espaço que faltava em Brasília”, observa Patrícia. As cinco bailarinas e dois bailarinos do Capricho arrasaram nos tarantos, tangos flamenco, seguidilla, rondeña, soléa por bulerias e sevillanas, com castanholas.

Diplomatas, representantes da Embaixada da Espanha, jornalistas, parlamentares e amigos aplaudiram o show, especialmente a participação de Patrícia Weingrill, professora

de flamenco há 14 anos, e Danny Souza, premiado no XVI Seminário Internacional de Dança de Brasília.

NO SUBSOLO DA TABERNA será construído, em seis meses, um tablado maior para workshops e shows de flamenco. “As apresentações de flamenco serão sempre às quartas-feiras, das 20h30 às 21h40”, informa Patrícia, parceira no projeto. No local também funcionará uma cantina para venda de produtos vindos diretamente da Andaluzia, como azeite de oliva, presunto e vinhos.

De acordo com o diplomata Eduardo de Mattos Hossannah, a idéia não foi erguer um bar ou restaurante, mas uma taberna que lembra culturas milenares da Andaluzia, as tradições dos árabes (dominaram a região durante oito séculos), dos ciganos, visigodos, romanos e de povos distantes que conviveram harmonicamente.

“Tenho forte paixão pela Espanha e acho que a Pata Negra tem tudo para dar certo em Brasília”, comenta Cassiana Caparelli, 35 anos, a outra

sócia da casa, que como fotógrafa acompanhou o músico espanhol Paco de Lucia em sua tournée pela América Latina, em 1992 e 1993.

O CARDÁPIO DA PATA NEGRA oferece, a preços acessíveis, grande variedade de tapas – tortillas, huevos a la flamenca, flamenquines serrano (rolos de lombinho recheado de presunto serrano) e salmorejo (creme frio de tomate com presunto e ovo cozido). Há opções de sopas, como a de ajo blanco, a R$ 8,75, e o consomé al Jerez (caldo caseiro de carne bovina com vinho de Jerez) a R$ 6. Uma porção de berenjenas mozárabes (berinjelas fritas com mel) sai a R$ 13, e o salomillo a la sierra morena (filé mignon servido com molho a base de alho, salsinha e azeite de oliva) a R$ 15,50.

Saladas e dezenas de delícias andaluzas como montaítos (sanduíches abertos) gazpacho andaluz, gambas al ajiello (camarões com alho frito e azeite), arroz caldoso, crepes, sangrias e vinhos famosos estão no cardápio. Sem contar a tradicional Paella. “Gosto de comprar tudo fresquinho”, ressalta Maria Jesus, apaixonada pela culinária de sua terra.

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POR TERESA MELLO

Ele foi o primeiro a chegar. Era maio de 2004, os blocos comerciais e residenciais da 213 Norte ainda estavam em construção e a poeira era muita, levantada toda vez que um carro passava por ali. Mas o empresário José Clemente enxergou naquele ponto a mesma situação que encontrara, em julho de 1995, ao abrir a primeira das oito lojas da Torteria di Lorenza na quadra 103 do então incipiente Setor Sudoeste. “Ele anteviu que ali iria se formar uma quadra de moradores mais novos, com alto poder aquisitivo e que poderiam se tornar clientes fiéis”, traduz o filho Sérgio de Oliveira Moura, que a princípio foi contra: “É porque nós já tínhamos outra loja no

final da Asa Norte, na 115. Mas meu pai resolveu apostar nesse ponto”.

Não deu outra. Hoje, pouco tempo depois, os carros disputam vaga para estacionar na comercial da 213 Norte, onde já existe até serviço de manobrista. No Bloco A estão o Café com Flores, o No Grill (antigo Chopizza) e o Chili Pepper; no Bloco B, a Torteria, o Alcaparras e a Babbo; e no Bloco D, o Pão do Alemão. O Bloco C ainda não saiu do chão. As mesas de um restaurante se prolongam até as do vizinho, aparentemente sem problemas. Eles só brigam, mesmo, quando disputam o trono de segundo a chegar à quadra: “Eu fui o primeiro a abrir aqui depois da Torteria”, afirma Francisco José Vital, o Chico, dono da pizzaria Babbo. “Ah, ele falou

isso? Ele está doido”, brinca Haerson Vieira, garantindo que seu self-service Alcaparras funciona desde novembro de 2004, quando ali ainda era “uma terra danada”.

Numa segunda-feira lenta, no Alcaparras já havia filas no buffet, vendido a R$ 18,90 o quilo, e no

Pertinho do Parque Olhos d’Água, mais uma rua de restaurantes vai surgindo aos poucos na 213 Norte

Novaquadra

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213 NorteBloco A: No Grill (3272.1005), Chili Pepper (3274.5565), Café com Flores (3447.4753)Bloco B: Torteria di Lorenza (3340.1730), Alcaparras (3349.3601), Babbo (3340.0020)Bloco D: Pão do Alemão (3347.6106)

caixa. Mas de onde vem essa gente toda, meu Deus? Na maioria são moradores, pessoas que vivem sozinhas, há um ou outro lojista, um dentista com consultório no primeiro andar. Haerson aproveita para tomar um café no vizinho, isto é, na di Lorenza, onde os clientes se tornaram mesmo fiéis. Aberta diariamente das 8 às 22h, a qualquer hora existe alguém comendo um salgado nas 23 mesas da varanda ou pedindo uma torta ou sorvete no balcão. “Nossa coxinha de catupiry é muito elogiada”, confirma a gerente Raquel Moura. Nas quartas-feiras, a loja engrossa a promoção da Roteiro e oferece uma torta inteira com 50% de desconto.

Também no Bloco B, a pizzaria e sanduicheria Babbo, que funciona a partir das 17h, já anuncia que vai abrir para almoço no fim de semana, de novembro em diante. “Vou fazer uma paella à marinara”, avisa o paulista Chico, que ali chegou atraído pela qualidade dos blocos na 213 Norte e preparou um cardápio diferenciado: “Minhas pizzas são à base de queijo frescal”, diz ele, que inaugurou sua casa em 26 de janeiro de 2005.

NO BLOCO A, a Chopizza acaba de dar lugar ao No Grill, cujo cardápio comporta desde pizzas assadas no forno a lenha até carnes grelhadas. São mais de 20 opções de pizzas, das tradicionais napolitana, calabresa e portuguesa até as mais sofisticadas, como as de alcachofra e bacalhau. Entre os grelhados, bifes de tira e de chorizo, t-bone steak, fraldinha e picanha. Para acompanhar, uma carta de vinhos e espumantes com mais de 30 rótulos nacionais, argentinos, chilenos, uruguaios, portugueses, espanhóis e italianos.

Nem tão novato assim na quadra, o Chili Pepper, depois de nove anos na Asa Sul, resolveu abrir uma filial ali há cinco meses. Além de pratos do cardápio, a casa oferece bufê mexicano no almoço e jantar a R$ 14,50 por pessoa, com variedade de tacos, burritos e tortillas. Véspera de feriado e sexta-feira à noite há até fila de espera.

Doces delicados, servidos em tacinhas, e sanduíches enrolados em pão folha (wraps) são destaques no cardápio do Café com Flores. A proprietária, Ilma Ferreira, usa o minimalismo da culinária internacional temperado com o vigor de ingredientes regionais. Nascida no Paraná, ela morou em Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Venezuela e, casada com um diplomata, viveu três anos no Canadá, onde fez cursos de gastronomia e trabalhou num restaurante francês de Montreal.

Moradora da Asa Sul, Ilma também foi conquistada pela 213 Norte, atraída pelo “alto nível dos edifícios”. Contratou dois arquitetos e inaugurou, em 30 de março deste ano, um espaço em tons de terra, com 12 mesas de vime envelhecido e tampo de vidro, para apreciar as bromélias embaixo. Ah, as flores! Dona de uma chácara onde cultiva girassóis, ela fez das plantas objeto de decoração e de consumo. Todas estão à venda. Há também orquídeas, hortênsias, azaléias e lírios, que misturam seu perfume ao aroma de um capuccino vienense, feito com café, espuma de leite, chocolate e canela.

Das receitas de bolo, como o de maracujá com semente de papoula, ela eliminou o leite, conservou a manteiga e ainda reduziu o açúcar. O cheesecake com calda de frutas silvestres é levíssimo e há ainda a torta de damasco e a de cupuaçu com thysalis, fruta adocicada conhecida popularmente como canapu.

Os wraps custam R$ 8 e o recheio pode ser de rosbife, de salmão marinado com creme de queijo e de pernil de porco com cebola caramelizada. Nos fins de

semana é servido café da manhã e duas vezes por mês acontece a “terça-feira gourmet”, um jantar com entrada, prato principal e sobremesa.

Aromas de cafée de flores

Na outra ponta da quadra, com vista para o Parque Olhos d’Água, fica o Pão do Alemão. São pães especiais de 500 gramas, com preços entre R$ 5,50 e R$ 8: integral, de centeio, com girassol, linhaça e gergelim, com passas e ervas. Dos fornos saem também biscoitos amanteigados com geléia de morango, cucas de banana, maçã, abacaxi e uva, pão recheado com ricota e atum e pão de queijo. Mas, peraí,

alemão fazendo pão de queijo? Pois faz. E ainda recheia com calabresa, presunto e gorgonzola. Delícia pura. Palavra de mineira.

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POR GREICY PESSOA

Uma ótima opção para a noite dos brasilienses são os restaurantes tipo self-service que servem caldos e sopas. De tradição nordestina, mineira, carioca ou candanga, eles atraem pela diversidade dos sabores, pela leveza da refeição e por cair bem, seja no começo da noite ou após as baladas.

Alguns lugares são referência por oferecerem aos clientes os mais variados caldos, desde os leves até os pesados e mais encorpados. O Caldo Fino, na 410 Norte (residencial), é parada obrigatória para os apreciadores do caldinho. Receita de sucesso que deu certo unindo arte e gastronomia. São seis tendas, onde as pessoas tomam os caldos acomodadas nas mesas à luz de vela e lampião. A cuidadosa decoração inclui, ainda, quadros de músicos da cidade e poesias de artistas brasilienses.

No cardápio há 20 opções de caldos, que variam de R$ 3,75 a R$ 7,50, dependendo do tamanho da tigela. Por dia são servidos de seis a oito tipos. Mandioca com carne de charque e

abóbora com gorgonzola são criações da casa que fazem sucesso. Mas se o cliente optar pelos tradicionais, tem também frango com milho, caldo verde, caldo de feijão. Para os vegetarianos, opções como o de couve-flor com alho poró

No final da tarde ou noite adentro, para se recuperar do dia de trabalho ou daquela balada

Caldinho reconfortante

ou o de grão de bico. De sobremesa, chocolate quente e torta alemã.

“Havia uma carência de estabelecimentos que vendessem caldos aqui na Asa Norte. Então juntei o sabor gostoso dos caldos com uma

Caldo Fino: parada obrigatória

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Caldo Fino 410 Norte residencial (8143.3858 ou 9915-9052). De 3ª a 5ª feira, das 18 às 24h; 6ª e sábado, das 18 à 1h.

Sabor Brasil 302 Sul (3226.6557). De 3ª feira a sábado, das 18 às 6h; domingo e 2ª, das 18 às 6h.

Don’ Durica 115 Sul (3346.8922). De 2ª feira a sábado, das 18h30 às 23h.

Nautilus 103 Sudoeste (3033.8480). De 2ª feira a sábado, das 18 às 24h.

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reconfortantehomenagem aos colegas músicos de Brasília. A proposta de trazer arte para o caldo deu certo”, afirma o proprietário e estudante de música, Renato Fino.

A funcionária pública Sheila Francelino vai ao Caldo Fino pelo menos uma vez na semana. E explica porquê: “O ambiente é familiar e descontraído, e os caldos são saborosos. Eles fazem saraus, apresentações musicais e feiras de trocas”.

Madrugadeiro, o Sabor Brasil, na 302 Sul, funciona todos os dias, e de terça a sábado fica aberto até as seis horas da manhã. Com tempero nordestino, a casa oferece mais de 150 opções de caldos, que se revezam diariamente. Por R$ 11,80 o cliente pode se servir à vontade das 22 opções, que vão desde caldos, sopas e cremes a comidas regionais. Para acompanhar, feijão, cuscuz, farofa, arroz, salada, tapioca, torradas e pães caseiros. As crianças até oito anos pagam metade do preço do rodízio.

Quem for ao Sabor Brasil poderá se deliciar com caldos regionais como vaca

caldos diferentes (R$ 7,90 a tigela). “Nosso ambiente é à luz de velas, aconchegante, tranqüilo e com música ambiente”, destaca a proprietária, Ângela Maria Aguiar Matias.

Para a população jovem e irrequieta do Sudoeste há o Nautilus, onde, por apenas R$ 4 a tigela, pode-se escolher entre os quatro caldos servidos todos os dias. O campeão de vendas é o de mandioca e feijão.

Se alguma dessas delícias deixou o leitor com água na boca, é só escolher um sabor, colocar na tigela, pegar os acompanhamentos preferidos (pães, cheiro verde, temperos, todos a gosto) e saborear. Bom apetite!

atolada, galinha caipira com quiabo ou guariroba, caldo de mocotó, além dos tradicionais como quibebe de carne seca com mandioca e caldo de peixe com sururu.

Luiz Alberto, funcionário de uma operadora de planos de saúde, é um grande apreciador. “Sempre venho ao Sabor Brasil tomar o caldo de peixe com sururu. Os caldos são leves, saudáveis e de fácil digestão”, garante.

O Don’ Durica, na 115 Sul, é de origem mineira e tem caldos como o “mulher parida” (frango, farinha de milho e salsinha) e o de abóbora com camarão. Diariamente são servidos sete

Sabor Brasil

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LUIZ RECENA

Por que pata negra? A princesinha e o irmão acompanhavam o pai na happy hour. A impaciência paterna preferia continuar o papo com o amigo, sumido há bom tempo, mas os ossos do ofício levaram à resposta: “Minha princesa, pata, perna, patita, perninha, na Espanha, de onde vem o porco, que come comida especial, morre, vira presunto e vem para Brasília. Negra é o mesmo que preta, a cor da perna dele. Então, Pata Negra é o nome do presunto e também o nome do bar onde a gente está”.

Foi assim que o novo bar Pata Negra (414 Sul) povoou os sonhos de duas crianças. Elas provaram a iguaria e beberam refrí. Papai, enquanto isso, sofria com a garçonete, para convencê-la de que, sim, o bar dela tinha um gin importado, “aquela garrafa verde, na prateleira atrás do seu colega”. Desconfiada, ela foi. Voltou. O texto, em inglês, deu razão a papai. Coisas de bar novo. Mas a paciência de antigos freqüentadores de mesas brasilienses tem limites. Jogar sem treinar é coisa que, talvez, só a seleção do Dunga consiga. O local é bom. A proposta de tapas espanhóis também. Eles preferem dizer andaluzes, pois a chefe veio de Córdoba, Andaluzia. Tem chope próprio. Torçamos pelo sucesso desse novo sonho. Não custa.

Presunto ibérico A fama internacional do distinto é nova. Coisa de uns dez anos para cá. Pelo menos em função do presunto, ou da venda dele para o mundo, o governo conseguiu fazer com que os espanhóis se unissem... e deu certo! As exportações fecharam 2004 três vezes maiores do que em 2000, com a iguaria freqüentando balcões e mesas nos Estados Unidos, Japão, Europa, França e Bahia. Um sucesso devido ao apoio governamental e à adesão de produtores aos controles de qualidade. Ciência, economia e política unidas por um bom tira-gosto. Olé!

Unidos, pero no muchoO Pata Negra é o mais famoso. Pela cor da pata e pelas “bellotas” que come. São frutos silvestres, típicos de alguns bosques espanhóis. Ou de alguns trechos de bosques de certas regiões espanholas. “No todas!”, afirma meu amigo Quixote, derrubando de um só golpe a tênue unidade interna obtida para a exportação do presunto. Andaluzia, Extremadura, os nomes se sucedem e todos, todos mesmo, têm o “melhor da Espanha”. Deixemos cada povo com suas idiossincrasias e continuemos desfrutando o “jamón” (diz-se ramon, com erre de rato carioca).

Brujerías y lendasDizem que as bruxas enfeitiçavam as “bellotas” para obter um presunto ainda melhor. Nem todos têm patas pretas, mas sempre são escurinhos. “Não há brancos”, garante Quixote, pronto para nova briga. Cortá-lo é arte

Princesinhas, patitas e sonhos

e ciência. Com faca especial e treinamento de vários dias. Um expert, em Brasília, teria passado três dias e três noites, trancado em quarto escuro com a faca e o peça na mão, treinando cortes finíssimos, sem cortar os dedos nem desperdiçar o presunto. Conseguiu e está no Oliver, do Brasília Golf Center. A conferir.

Eterno retornoCacá está de volta. Outra vez. Ele não resiste e volta sempre, tanta é a saudade de Brasília. Depois da Querubina, deu um tempo às pizzas, mas não as abandonou. Quer novas aventuras e prazeres novos. Vem aí, breve, um filé ao molho de café.

Goles de adeusFoi muito bem bebida a despedida. Os amigos e confrades da Bonn Delikatessen fizeram as homenagens em copos e nas prateleiras também. Um ponto, um local, uma escola. Deixou belas lembranças.

Mr. PentNosso inglês voltou. Com detalhes que detonam deslizes e derrotam destinos. À mesa, não gosta de longas explicações sobre pratos ou garrafas. Recomenda parcimônia oral a garçons, chefes, sommeliers e donos. E polêmicas, never!

Louras diferentesNão só de espumantes, chopes e vinhos vive a cidade. Rafael Martins andou pela Europa e experimentou louras não geladas. O resultado foi o Bräuhaus (303 Sul), que vai completar um ano. Sempre respeitando o gosto pelas geladíssimas e colarinhos cremosos, Rafael propõe um passeio por sabores, mais fortes, nem tão gelados. La Trappe, Karmeliet, La Chouffe, Chimay. Todas menos louras com mais de 7%, mas bem adaptadas ao clima local. Voltarei ao tema.

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