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Dengue em Mato Grosso do Sul: lições da epidemia de
2007
Rivaldo Venâncio da CunhaFaculdade de Medicina
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Dengue em Mato Grosso do Sul: lições da epidemia de
2007
Tópicos a serem abordados: Aspectos históricos do dengue no Brasil Etiologia Dengue no Mato Grosso do Sul Epidemia de 2007 e suas lições
Aspectos históricosSupostas epidemias de dengue no Brasil:REGO, José Pereira.“Esboço historico das epidemias que tem grassado na cidade do Rio de Janeiro desde 1830 a 1870”. Rio de Janeiro, 1872. Dengue em 1846, 1847 e 1848;
LUZ, Alfredo Carneiro Ribeiro. Epidemia de dengue em Valença. Anais do Primeiro Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, ocorrido em 1888. Epidemia ocorrida em 1886;
REIS, Trajano Joaquim. A febre dengue em Curityba. Gazeta Medica da Bahia, v.6, dezembro de 1896 (1890/1891);
MARIANO, Francisco. A dengue. Considerações a respeito de sua incursão no Rio Grande do Sul em 1916. Archivos Brasileiros de Medicina, AnoVII, 1917
Aspectos histórico (continuação)..
Supostas epidemias de dengue no Brasil (continuação…):PEDRO Antonio. O dengue em Nictheroy. Brazil-Medico, ano XXXVII, v. 1, 1923.
HORTA, Parreira; Fonseca Olympio. Debate durante Reunião da Academia Nacional de Medicina. Bol. Acad. Nac. Medicina, v. 95, n1, p. 4, 1923.
Primeira epidemia de dengue no Brasil:OSANAI, Carlos Hiroshi et al. Surto de dengue em Boa Vista, Roraima. Nota prévia. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, v. 25, p. 53-54, 1983.
SCHATZMAYR, Hermann G. et al. An outbreak of dengue virus at Rio de Janeiro. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, v. 81, n. 2, p. 245-46, 1986
Etiologia
Família FLAVIVIRIDAE
Gênero Flavivirus
SOROTIPOS:–Vírus dengue tipo 1 ( DENVírus dengue tipo 1 ( DENVV-1 ) -1 )
– “ “ “ “ “ “ 2 ( DEN2 ( DENVV-2 )-2 )
– “ “ “ “ “ “ 3 ( DEN3 ( DENVV-3 )-3 )
– “ “ “ “ “ “ 4 ( DEN4 ( DENVV-4 -4 )
Etiologia (continuação)…
Cada sorotipo proporciona imunidade permanente específica e imunidade cruzada durante curto período
Todos os sorotipos podem causar doenças graves e fatais
Variação genética dentro de cada sorotipo
“Luta” vírus X anticorpo
2
2
22
22
2
22
2
2
2
Vírus Dengue
Anticorpo
Complexo formado por anticorpo e vírus Dengue
Vetores Os vírus dengue são transmitidos pelas
fêmeas do genêro Aedes; A principal espécie é o Aedes aegypti
(Linnaeus, 1762); Mosquito pica durante o dia Vive próximo de habitações humanas Deposita ovos e produz larvas
preferencialmente em recipientes artificiais
Aedes aegypti
CASOS DE DENGUE NOTIFICADOS EM RELAÇÃO AO NÚMERO DE ESTADOS NO BRASIL, 1982 – 2003
0
5
10
15
20
25
30
1982 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
DENV-1 e DENV-4
11,000 CASOSDENV-1
141,653 CASOS
DENV-1 DENV-2 e DENV-3
2,849,949 CASOS
1982 1986-1989 1990-2003
Casos de dengue notificados durante o período 1999 a 2007 - Mato Grosso do
Sul.
010000200003000040000500006000070000
1999 2001 2003 2005 2007
Casos
Comparações entre epidemias
• Município do Rio de Janeiro - 2002– 150.000 (cento e cinqüenta mil casos) – 6.000.000
(seis milhões de hab):– 2.500 casos para cada 100.000hab ou seja: um caso
para cada grupo de quarenta pessoas.
• Município de Campo Grande – 2007– 45.000 (quarenta e cinco mil casos) – 780.000hab– 5.770 casos para cada 100.000hab, ou seja: um
caso para cada grupo dezessete pessoas!!!
Quais os determinantes da magnitude de uma
epidemia???
Dinâmica de Transmissão
•Macrodeterminantes:
– elevadas temperatura e umidade relativa do ar;
– alta densidade populacional;
– coleta de resíduos sólidos domiciliares e abastecimento de água potável deficientes.
Dinâmica de Transmissão (continuação…)
•Microdeterminantes:– percentual de susceptíveis aos sorotipos circulantes;– abundância e tipos de criadouros do mosquito transmissor; – altos índices de infestação predial; – densidade de fêmeas do vetor;
Antecedentes da epidemia de 2007
Alerta feito em setembro 2006
Lições de outras epidemias
Lições de outras epidemias...
Lições de outras epidemias...
É possível evitar uma epidemia de dengue????
“Tarefas” pré-epidemias:
“Tarefas” pré-epidemias Informações transparentes para a população:
Divulgação dos índices de infestação predial;
Jamais ocultar a iminência da ocorrência de uma epidemia;
Organização da Rede de Serviços de Saúde: Hierarquização;
Referência e contra-referência;
Protocolos previamente definidos;
Importância da abordagem multiprofissional;
Papel da rede privada!!!!!
Informações transparentes para a população.....
Índices de infestação: Nas cidades de médio e grande portes, jamais trabalhar com o índice
médio do município;
Divulgar os índices por bairros.
Possibilidade de ocorrência de epidemia: A negação desmobiliza a população. Ex. positivos (que demonstram o
contrário: a afirmação mobiliza a população): Niterói (90/91) e Manaus (2000/2001);
As epidemias costumam ocorrer em momentos nos quais os meios de comunicação estão carentes de fatos!!!
Hierarquização: Otimizar ação da rede básica e intermediária;
Evitar congestionamento da rede terciária.
Abordagem multiprofissional: Papel de outras categorias profissionais no atendimento dos
casos suspeitos de dengue hemorrágico;
Atuação de equipe e não de profissionais isolados;
Papel da Rede Privada nas epidemias: As SMS são gestoras do SUS (público e privado)!!!!
Experiência da epidemia ocorrida no RJ em 2002!!!
Organização da Rede de Serviços de Saúde:
Exemplo de desorganização da rede de assistência à saúde?
Rio de Janeiro – epidemia de 2002
Alguns exemplos de taxas de letalidade por FHD (%)
UF 1990 1994 1997 2001 2002
AM - - - - 1,7
CE - 44,0 - 9,5 11,6
RJ 2,9 - - - 4,8
RN - - 24,0 12,9 12,7
Quais as razões para letalidades tão elevadas ???
• Critérios da OMS ?
• Dificuldade no diagnóstico da FHD grau I ?
• Dificuldade no manejo clínico dos casos ?
• Aumento da virulência dos sorotipos circulantes ?
• Falência do SUS ?
• Desorganização da rede de assistência???
Definição de Caso Clínico para a Febre Hemorrágica do
Dengue
• Febre ou história recente de febre aguda• Manifestações hemorrágicas • Baixa contagem de plaquetas (100.000/mm3 ou
menos)• Evidência objetiva de “extravasamento vaso
capilar:”– hematócrito elevado (20% ou mais acima da
linha de base)– baixa albumina– derrames cavitários ou outras efusões
4 Critérios Necessários:
Alguns exemplos de desorganização da rede de
assistência à saúde
PARA MAIS INFORMAÇÕES...
Alguns exemplos de desorganização da rede de
assistência à saúde• C.C.P, fem, 13 a., portadora de LES, durante os 7 dias de
evolução da doença foi 3 vezes a uma US;
• N.M.V, fem, 78 a., era asmática e diabética, durante a evolução foi 3 vezes a uma US;
• L.G.B, masc, 28 a., foi 2 vezes a uma US
• A.M.L, fem, 57, HAS + DM, foi 2 vezes a uma UBS, falecendo NA FILA!!!!!
• F.S.M, fem, 32 a., foi 5 vezes a US (inclusive hosp.)
Epidemias de dengue no Brasil: até quando?
Que fazer???
O pantanal de Mato Grosso do Sul te espera!!!!