Dengue - instruções para Pessoal de Controle de Vetor ed. Funasa

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    VIGILNCIA EPIDEMIOLGICA

    Manual deNormas TcnicasManual deNormas Tcnicas

    Instrues paraPessoal de

    Combate ao Vetor

    Instrues paraPessoal de

    Combate ao Vetor

    DengueDengue

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    Braslia, abril/2001

    DengueInstrues para Pessoal

    de Combate ao Vetor

    - Manual de Normas Tcnicas -

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    2001. Ministrio da Sade. Fundao Nacional de Sade.

    3 edio revisada permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.

    Editor:Assessoria de Comunicao e Educao em Sade - Ascom/Pre/FUNASASetor de Autarquias Sul, Quadra 4, Bl. N, Sala 517CEP: 70.070-040 - Braslia/DF

    Distribuio e Informao:Coordenao de Vigilncia de Fatores de Riscos Biolgicos - Cofab/CGVAM/Cenepi/FUNASASAS - Setor de Autarquias Sul, Quadra 04, Bl. N, 7 Andar, Sala 720Telefone: (061) 314.6290CEP: 70.070-040 - Braslia/DF.

    E-mail: [email protected]

    Tiragem: 40.000 exemplares

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil.

    FFFFFicha Catalogrficaicha Catalogrficaicha Catalogrficaicha Catalogrficaicha Catalogrfica

    Dengue instrues para pessoal de combate ao vetor : manual de

    normas tcnicas. - 3. ed., rev. - Braslia : Ministrio da Sade :

    Fundao Nacional de Sade, 2001.

    84 p. : il. 30 cm.

    1. Dengue. I. Brasil. Ministrio da Sade. II Brasil. Fundao Na-

    cional de Sade.

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    Sumrio

    IntroduoIntroduoIntroduoIntroduoIntroduo ........................................................................................................... 07

    1. Noes sobre febre amarela e dengue1. Noes sobre febre amarela e dengue1. Noes sobre febre amarela e dengue1. Noes sobre febre amarela e dengue1. Noes sobre febre amarela e dengue ............................................................... 09

    1.1. Febre Amarela ....................................................................................... 091.2. Dengue ................................................................................................. 09

    2. Biologia dos vetores2. Biologia dos vetores2. Biologia dos vetores2. Biologia dos vetores2. Biologia dos vetores .......................................................................................... 112.1. Aedes aegypti ........................................................................................... 11

    2.1.1. Ovo.......................................................................................... 112.1.2. Larva ........................................................................................ 122.1.3. Pupa ......................................................................................... 132.1.4. Adulto ....................................................................................... 13

    2.2. Transmissores silvestres ........................................................................... 18

    2.3. Aedes albopictus ....................................................................................... 182.4. Outras espcies ..................................................................................... 182.4.1. Aedes scapularis .......................................................................... 182.4.2. Aedes taeniorhynchus ................................................................... 182.4.3. Aedes fluviatilis............................................................................. 192.4.4. Mensonia sp ................................................................................ 192.4.5. Limatus durhamii .......................................................................... 192.4.6. Culex quinquefasciatus .................................................................192.4.7. Anopheles sp ............................................................................... 19

    3.3.3.3.3. Histrico de presena doHistrico de presena doHistrico de presena doHistrico de presena doHistrico de presena do AAAAAedes aegyptiedes aegypti

    edes aegyptiedes aegyptiedes aegypti eeeee AA

    AAAedes albopictusedes albopictus

    edes albopictusedes albopictusedes albopictus no Brasilno Brasilno Brasilno Brasilno Brasil .................... 23

    4. Organizao das operaes de campo4. Organizao das operaes de campo4. Organizao das operaes de campo4. Organizao das operaes de campo4. Organizao das operaes de campo .............................................................. 274.1. Atribuies ............................................................................................ 27

    4.1.1. Agente de sade........................................................................ 274.1.2. Supervisor ................................................................................. 274.1.3. Supervisor geral ......................................................................... 28

    4.2. Identificao do pessoal de campo ......................................................... 294.3. Material de campo................................................................................. 29

    5.5.5.5.5. RRRRReconhecimento Geogrfico (RG)econhecimento Geogrfico (RG)econhecimento Geogrfico (RG)econhecimento Geogrfico (RG)econhecimento Geogrfico (RG) ...................................................................... 33

    6.6.6.6.6. A visita domiciliarA visita domiciliarA visita domiciliarA visita domiciliarA visita domiciliar.............................................................................................. 35

    7. Criadouros7. Criadouros7. Criadouros7. Criadouros7. Criadouros ....................................................................................................... 397.1. Tipos e definies de depsitos ............................................................... 397.2. Depsito inspecionado ........................................................................... 397.3. Depsito tratado .................................................................................... 407.4. Depsito eliminado ................................................................................ 407.5. Focos e tcnica de pesquisa.................................................................... 407.6. Acondicionamento e transporte de larvas................................................. 41

    7.7. Captura de alados ................................................................................. 41

    8. Estratificao entomo8. Estratificao entomo8. Estratificao entomo8. Estratificao entomo8. Estratificao entomo-----epidemiolgica dos municpiosepidemiolgica dos municpiosepidemiolgica dos municpiosepidemiolgica dos municpiosepidemiolgica dos municpios.......................................... 438.1. Desenho de operaes para os estratos ................................................... 43

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    8.1.1. Municpios infestados (Estratos I, II e III). ...................................... 438.1.2. Municpio no infestado (Estrato IV)............................................. 438.1.3. Bloqueio de transmisso............................................................. 438.1.4. Delimitao de foco................................................................... 44

    8.2. Fases do PEAa ....................................................................................... 448.2.1. Fase preparatria ...................................................................... 448.2.2. Fase de ataque ......................................................................... 44

    8.2.3. Fase de consolidao................................................................ 458.2.4. Fase de manuteno (vigilncia) ................................................ 45

    8.3. Consideraes gerais ............................................................................. 458.3.1. Localidade ................................................................................ 458.3.2. Sublocalidade ........................................................................... 458.3.3. Municpio infestado.................................................................... 458.3.4. Municpio no infestado ............................................................. 45

    9. P9. P9. P9. P9. Pesquisa entomolgicaesquisa entomolgicaesquisa entomolgicaesquisa entomolgicaesquisa entomolgica ...................................................................................... 479.1. Levantamento de ndice .......................................................................... 47

    9.1.1. Tamanho da amostra. ................................................................ 489.2. Pesquisa em pontos estratgicos .............................................................. 499.3. Pesquisa em armadilhas ......................................................................... 49

    9.3.1. Ovitrampas. .............................................................................. 509.3.2. Larvitrampas.............................................................................. 50

    9.4. Pesquisa vetorial especial........................................................................ 529.5. Servios complementares. ....................................................................... 52

    10. T10. T10. T10. T10. Tratamentoratamentoratamentoratamentoratamento ..................................................................................................... 5310.1. Tratamento focal ................................................................................. 53

    10.1.1. mtodos simples para clculo de volume de depsitos............ 5410.2. Tratamento perifocal ........................................................................... 56

    10.2.1. preparao da carga ........................................................... 5610.2.2. Tcnica de aplicao ........................................................... 5710.2.3. Depsito no borrifveis ....................................................... 57

    10.3. Tratamento ultra baixo volume UBV ................................................... 5710.3.1. Vantagens deste mtodo ......................................................... 5710.3.2. Desvantagens......................................................................... 58

    11. R11. R11. R11. R11. Recomendaes quanto ao manuseio de inseticidas e uso de equipamentosecomendaes quanto ao manuseio de inseticidas e uso de equipamentosecomendaes quanto ao manuseio de inseticidas e uso de equipamentosecomendaes quanto ao manuseio de inseticidas e uso de equipamentosecomendaes quanto ao manuseio de inseticidas e uso de equipamentosde proteo individualde proteo individualde proteo individualde proteo individualde proteo individual ..................................................................................... 61

    12. Avaliao da colinesterase sangnea humana12. Avaliao da colinesterase sangnea humana12. Avaliao da colinesterase sangnea humana12. Avaliao da colinesterase sangnea humana12. Avaliao da colinesterase sangnea humana ................................................. 63

    13. Controle biolgico e manejo ambiental13. Controle biolgico e manejo ambiental13. Controle biolgico e manejo ambiental13. Controle biolgico e manejo ambiental13. Controle biolgico e manejo ambiental ............................................................ 6513.1. Controle biolgico ............................................................................. 6513.2. Manejo ambiental ............................................................................... 66

    14. P14. P14. P14. P14. Participao comunitriaarticipao comunitriaarticipao comunitriaarticipao comunitriaarticipao comunitria ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 67

    15. Servio Martimo (SM) ou Fluvial(SF) - Servio P15. Servio Martimo (SM) ou Fluvial(SF) - Servio P15. Servio Martimo (SM) ou Fluvial(SF) - Servio P15. Servio Martimo (SM) ou Fluvial(SF) - Servio P15. Servio Martimo (SM) ou Fluvial(SF) - Servio Porturioorturioorturioorturioorturio ......................................................................................................................................................................................... 69

    15.1. Tipos de embarcao.......................................................................... 6915.1.1. Grandes embarcaes ......................................................... 6915.1.2. Mdias embarcaes ........................................................... 69

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    15.2. Depsitos prprios de embarcaes ..................................................... 6915.3. Tcnica de inspeo de embarcaes .................................................. 70

    AnexosAnexosAnexosAnexosAnexos ................................................................................................................. 71

    Anexo I - Tabela para uso do temephs ................................................................ 73- Base de clculo para os larvicidas .......................................................... 73

    Anexo II - Tabela para uso do BTI granulado .......................................................... 74Anexo III - Depsitos naturais ................................................................................. 75

    - Depsitos teis ..................................................................................... 76- Depsitos inservveis ............................................................................. 77

    Anexo IV - Rendimentos do PEAa............................................................................ 78- Parmetros tcnicos para operao inseticida. ........................................ 79

    Anexo V - Indicadores epidemiolgicos/entomolgicos ........................................... 80

    GlossrioGlossrioGlossrioGlossrioGlossrio ............................................................................................................. 81

    RRRRReferncias bibliogrficaseferncias bibliogrficaseferncias bibliogrficaseferncias bibliogrficaseferncias bibliogrficas ...................................................................................... 83

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    Introduo

    O combate ao Aedesaegypti no Brasil foi institucionalizado de forma sistematiza-da, a partir do sculo XIX, quando diversas epidemias de febre amarela urbana ocorriam nopas, levando morte milhares de pessoas.

    Desde a criao do Servio Nacional de Febre Amarela (SNFA), em 1946, diversosmanuais e guias foram produzidos, com instrues para o controle do vetor. A ltima ediofoi feita em 1986, j pela Superintendncia de Campanhas de Sade Pblica (SUCAM),que sucedeu ao Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu) que, por sua vez,incorporou o SNFA (1956).

    As normas aqui contidas no representam apenas mais uma reviso, mas, sobretu-do, trazem importantes mudanas na forma, modelo e tecnologia de controle paraerradicao do vetor da febre amarela urbana e dengue. Durante dcadas, trabalhou-se naperspectiva da erradicao do Aedesaegypti,,,,, tendo-se conseguido xito por duas vezes.

    Entretanto, falhas na manuteno possibilitaram a ampla disperso do vetor. A atual situa-o epidemiolgica levou o governo brasileiro a aprovar o PEAa, elaborado por tcnicosbrasileiros, com a colaborao da Organizao Pan-Americana de Sade (OPAS).

    O Plano de Erradicao do Aedesaegypti(PEAa) nasceu em 1996, com dataprevista para incio de execuo em maro de 1997. O Decreto n 1.934, de 18/06/96,criou a Comisso Executiva Nacional e a Portaria Ministerial n 1.298, de 27/06/96, crioua Secretaria Executiva do Plano, vinculada ao Gabinete do Ministro da Sade. O PEAaincorporou novas prticas e conceitos da erradicao e tambm princpios do SUS, como adescentralizao da poltica e das aes de controle do vetor para Estados e Municpios,

    alterando o modelo atual vigente de gesto centralizada e verticalizada, de prestao deservio segmentada por procedimentos e equipes especficas para cada doena.

    Este manual conseqncia da necessidade de implantao do Programa deErradicao do Aedesaegypti no Brasil, produto de amplo e prolongado processo de dis-cusso entre o pessoal tcnico envolvido nas atividades do Programa de Controle da FebreAmarela e Dengue, (PCFAD), Organizao Pan-Americana de Sade (OPAS), ConselhoNacional de Sade (CNS), Conselho Nacional de Secretrios Estaduais de Sade (CONASS),Conselho Nacional de Secretrios Municipais de Sade (CONASEMS) e outros tcnicosespecializados em diversas reas.

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    1. Noes sobre febre amarela e dengue

    1.1. Febre amarela

    Afebre amarela doena febril aguda, de curta durao, de natureza viral, comgravidade varivel, encontrada em pases da frica, das Amricas Central e do Sul. A formagrave caracteriza-se clinicamente por manifestaes de insuficincia heptica e renal, quepodem levar o paciente morte em no mximo 12 dias. causada por um arbovruspertencente ao gnero Flavivrus da famlia Flaviviridae.

    A transmisso se faz atravs da picada de mosquitos, como o Aedesaegypti (febreamarela urbana) e vrias espcies de Haemagogus (febre amarela silvestre).

    Na forma urbana, que no ocorre no pas desde 1942, o vrus transmitido pela

    picada de Aedesaegypti (ciclo homem-mosquito-homem);

    Na forma silvestre, a transmisso se faz de um macaco infectado para o homem,atravs da picada de mosquitos Haemagogus (ciclo macaco-mosquito-homem). A febreamarela silvestre na realidade uma zoonose, doena prpria de animais que passa parao homem. O homem no imunizado se infecta de forma acidental ao ingressar em matasonde o vrus est circulando entre os macacos.

    As formas urbana e silvestre diferem apenas epidemiologicamente, no existindodiferenas etiolgicas, clnicas, histopatolgicas ou laboratoriais.

    Febre amarela silvestre: descrita no Brasil em 1937, estando ainda presentenas Regies Norte, Centro-Oeste e faixa pr-amaznica maranhense.

    Febre amarela urbana: conhecida no Brasil desde 1685, ano de registro daprimeira epidemia, em Recife. Foi responsvel por muitos bitos e perdas denatureza econmica e social. Ocorre em forma epidmica, com alta letalidade,nos casos que evoluem para formas graves (com hemorragias e ictercia). Oltimo caso descrito foi em 1942, em Sena Madureira, Acre.

    1.2. Dengue

    doena febril aguda caracterizada, em sua forma clssica, por dores muscularese articulares intensas. Tem como agente um arbovrus do gnero Flavivrus da famliaFlaviviridae, do qual existem quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A infecopor um deles confere proteo permanente para o mesmo sorotipo e imunidade parcial etemporria contra os outros trs. Trata-se, caracteristicamente, de enfermidade de reastropicais e subtropicais, onde as condies do ambiente favorecem o desenvolvimento dosvetores. Vrias espcies de mosquitos do gnero Aedes podem servir como transmissoresdo vrus do dengue. No Brasil, duas delas esto hoje instaladas: Aedesaegypti e Aedes

    albopictus.....

    A transmisso ocorre quando a fmea da espcie vetora se contamina ao picar umindivduo infectado que se encontra na fase virmica da doena, tornando-se, aps um

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    perodo de 10 a 14 dias, capaz de transmitir o vrus por toda sua vida atravs de suaspicadas.

    As infees pelo vrus do dengue causam desde a forma clssica (sintomtica ouassintomtica) febre hemorrgica do dengue (FHD).

    Na forma clssica doena de baixa letalidade, mesmo sem tratamento especfi-

    co. No entanto, incapacita temporariamente as pessoas para o trabalho.

    Na febre hemorrgica do dengue a febre alta, com manifestaes hemorrgicas,hepatomegalia e insuficincia circulatria. A letalidade significativamente maior do quena forma clssica, dependendo da capacidade de atendimento mdico-hospitalar da loca-lidade.

    Os primeiros relatos histricos sobre dengue no mundo mencionam a Ilha de Java,em 1779. Nas Amricas, a doena relatada h mais de 200 anos, com epidemias noCaribe e nos Estados Unidos.

    No Brasil, h referncias de epidemias por dengue desde 1923, em Niteri/RJ, semconfirmao laboratorial. A primeira epidemia com confirmao laboratorial foi em 1982,em Boa Vista (RR), sendo isolados os virus DEN-1 e DEN-4. A partir de 1986, em vriosEstados da Federao, epidemias de dengue clssico tm ocorrido, com isolamento devrus DEN-1 e DEN-2.

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    2. Biologia dos vetores

    2.1. Aedes aegypti

    O Aedesaegypti (Linnaeus,1762) e tambm o Aedesalbopictus (Skuse, 1894)pertencem ao RAMO Arthropoda (ps articulados), CLASSE Hexapoda (trs pares de patas),ORDEM Diptera (um par de asas anterior funcional e um par posterior transformado emhalteres), FAMLIA Culicidae, GNERO Aedes.

    O Aedesaegypti uma espcie tropical e subtropical, encontrada em todo mundo,entre as latitudes 35N e 35S. Embora a espcie tenha sido identificada at a latitude45N, estes tm sido achados espordicos apenas durante a estao quente, no sobrevi-vendo ao inverno.

    A distribuio do Aedesaegypti tambm limitada pela altitude. Embora no sejausualmente encontrado acima dos 1.000 metros, j foi referida sua presena a 2.200 me-tros acima do nvel do mar, na ndia e na Colmbia (OPS/OMS).

    Por sua estreita associao com o homem, o Aedesaegypti , essencialmente,mosquito urbano, encontrado em maior abundncia em cidades, vilas e povoados. Entre-tanto, no Brasil, Mxico e Colmbia, j foi localizado em zonas rurais, provavelmente trans-portado de reas urbanas em vasos domsticos, onde se encontravam ovos e larvas (OPAS/OMS).

    Os mosquitos se desenvolvem atravs de metamorfose completa, e o ciclo de vidado Aedesaegypti compreende quatro fases: ovo, larva (quatro estgios larvrios), pupa eadulto.

    2.1.1. Ovo

    Os ovos do Aedesaegypti medem, aproximadamente, 1mm de comprimento econtorno alongado e fusiforme (Forattini, 1962). So depositados pela fmea, individual-mente, nas paredes internas dos depsitos que servem como criadouros, prximos super-fcie da gua. No momento da postura os ovos so brancos, mas, rapidamente, adquirema cor negra brilhante (FFFFFigura 1igura 1igura 1igura 1igura 1).

    FFFFFigura 1igura 1igura 1igura 1igura 1

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    A fecundao se d durante a postura e o desenvolvimento do embrio se comple-ta em 48 horas, em condies favorveis de umidade e temperatura.

    Uma vez completado o desenvolvimento embrionrio, os ovos so capazes de re-sistir a longos perodos de dessecao, que podem prolongar-se por mais de um ano. Foi jobservada a ecloso de ovos com at 450 dias, quando colocados em contato com agua.

    A capacidade de resistncia dos ovos de Aedesaegypti dessecao um srioobstculo para sua erradicao. Esta condio permite que os ovos sejam transportados agrandes distncias, em recipientes secos, tornando-se assim o principal meio de dispersodo inseto (disperso passiva).

    2.1.2.Larva

    Como o Aedesaegypti um inseto holometablico, a fase larvria o perodo dealimentao e crescimento. As larvas passam a maior parte do tempo alimentando-se prin-

    cipalmente de material orgnico acumulado nas paredes e fundo dos depsitos (FFFFFiguraiguraiguraiguraigura 22222).FFFFFigura 2igura 2igura 2igura 2igura 2

    As larvas possuem quatro estgios evolutivos. A durao da fase larvria dependeda temperatura, disponibilidade de alimento e densidade das larvas no criadouro. Em con-dies timas, o perodo entre a ecloso e a pupao pode no exceder a cinco dias.

    Contudo, em baixa temperatura e escassez de alimento, o 4 estgio larvrio pode prolon-gar-se por vrias semanas, antes de sua transformao em pupa.

    A larva do Aedesaegypti composta de cabea, trax e abdmen. O abdmen dividido em oito segmentos. O segmento posterior e anal do abdmen tem quatro brnquiaslobuladas para regulao osmtica e um sifo ou tubo de ar para a respirao na superfcieda gua. O sifo curto, grosso e mais escuro que o corpo. Para respirar, a larva vem superfcie, onde fica em posio quase vertical. Movimenta-se em forma de serpente, fazen-do um S em seu deslocamento. sensvel a movimentos bruscos na gua e, sob feixe deluz, desloca-se com rapidez, buscando refgio no fundo do recipiente (fotofobia).

    Na pesquisa, preciso que se destampe com cuidado o depsito e, ao incidir ojato de luz, percorrer, rapidamente, o nvel de gua junto parede do depsito. Com a luz,as larvas se deslocam para o fundo. Tendo em vista a maior vulnerabilidade nesta fase, asaes do PEAa devem, preferencialmente, atuar na fase larvria.

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    2.1.3. Pupa

    As pupas no se alimentam. nesta fase que ocorre a metamorfose do estgiolarval para o adulto. Quando inativas se mantm na superfcie da gua, flutuando, o quefacilita a emergncia do inseto adulto. O estado pupal dura, geralmente, de dois a trs dias.

    A pupa dividida em cefalotrax e abdmen. A cabea e o trax so unidos,

    constituindo a poro chamada cefalotrax, o que d pupa, vista de lado, a aparncia deuma vrgula (FFFFFigura 3igura 3igura 3igura 3igura 3). A pupa tem um par de tubos respiratrios ou trompetas, queatravessam a gua e permitem a respirao.

    2.1.4. Adulto

    O adulto de Aedesaegypti representa a fase reprodutora do inseto. Como ocorrecom grande parte dos insetos alados, o adulto representa importante fase de disperso.Entretanto, com o Aedesaegypti provvel que haja mais transporte passivo de ovos elarvas em recipientes do que disperso ativa pelo inseto adulto (FFFFFiguras 4, 5iguras 4, 5iguras 4, 5iguras 4, 5iguras 4, 5 e 66666).

    O Aedesaegypti escuro, com faixas brancas nas bases dos segmentos tarsais eum desenho em forma de lira no mesonoto. Nos espcimes mais velhos, o desenho da lirapode desaparecer, mas dois tufos de escamas branco-prateadas no clpeo, escamas clarasnos tarsos e palpos permitem a identificao da espcie. O macho se distingue essencial-mente da fmea por possuir antenas plumosas e palpos mais longos.

    Logo aps emergir do estgio pupal, o inseto adulto procura pousar sobre as pare-des do recipiente, assim permanecendo durante vrias horas, o que permite o endureci-mento do exoesqueleto, das asas e, no caso dos machos, a rotao da genitlia em 180.

    Dentro de 24 horas aps, emergirem, podem acasalar, o que vale para ambos ossexos. O acasalamento geralmente se d durante o vo, mas, ocasionalmente, pode se darsobre uma superfcie, vertical ou horizontal. Uma nica inseminao suficiente para fe-cundar todos os ovos que a fmea venha a produzir durante sua vida.

    As fmeas se alimentam mais freqentemente de sangue, servindo como fonte derepasto a maior parte dos animais vertebrados, mas mostram marcada predileo pelohomem (antropofiliaantropofiliaantropofiliaantropofiliaantropofilia).

    FFFFFigura 3igura 3igura 3igura 3igura 3

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    O repasto sangneo das fmeas fornece protenas para o desenvolvimento dosovos. Ocorre quase sempre durante o dia, nas primeiras horas da manh e ao anoitecer. Omacho alimenta-se de carboidratos extrados dos vegetais. As fmeas tambm se alimen-tam da seiva das plantas.

    Em geral, a fmea faz uma postura aps cada repasto sangneo. O intervalo entrea alimentao sangnea e a postura , em regra, de trs dias, em condies de tempera-

    tura satisfatrias. Com freqncia, a fmea se alimenta mais de uma vez, entre duas suces-sivas posturas, em especial quando perturbada antes de totalmente ingurgitada (cheia desangue). Este fato resulta na variao de hospedeiros, com disseminao do vrus a vriosdeles.

    A oviposio se d mais freqentemente no fim da tarde. A fmea grvida atra-da por recipientes escuros ou sombreados, com superfcie spera, nas quais deposita osovos. Prefere gua limpa e cristalina ao invs de gua suja ou poluda por matria orgnica.A fmea distribui cada postura em vrios recipientes.

    pequena a capacidade de disperso do Aedesaegypti pelo vo, quando compa-rada com a de outras espcies. No raro que a fmea passe toda sua vida nas proximi-dades do local de onde eclodiu, desde que haja hospedeiros. Poucas vezes a dispersopelo vo excede os 100 metros. Entretanto, j foi demonstrado que uma fmea grvidapode voar at 3Km em busca de local adequado para a oviposio, quando no h recipi-entes apropriados nas proximidades.

    A disperso do Aedesaegypti a grandes distncias se d, geralmente, como resul-tado do transporte dos ovos e larvas em recipientes.

    Quando no esto em acasalamento, procurando fontes de alimentao ou emdisperso, os mosquitos buscam locais escuros e quietos para repousar.

    A domesticidade do Aedesaegypti ressaltada pelo fato de que ambos os sexosso encontrados em propores semelhantes dentro das casas (endofiliaendofiliaendofiliaendofiliaendofilia).

    O Aedesaegypti quando em repouso encontrado nas habitaes, nos quartos dedormir, nos banheiros e na cozinha e, s ocasionalmente, no peridomiclio. As superfciespreferidas para o repouso so as paredes, moblia, peas de roupas penduradas e mosqui-teiros.

    Quando o Aedes aegypti est infectado pelo vrus do dengue ou da febre amarela,pode haver transmisso transovariana destes, de maneira que, em varivel percentual, asfmeas filhas de um espcime portador nascem j infectadas (OPAS/OMS).

    Os adultos de Aedesaegypti podem permanecer vivos em laboratrio durante meses,mas, na natureza, vivem em mdia de 30 a 35 dias. Com uma mortalidade diria de 10%,a metade dos mosquitos morre durante a primeira semana de vida e 95% durante o primei-ro ms.

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    2.2. Transmissores silvestres

    Os mosquitos que transmitem a febre amarela silvestre pertencem aos gnerosHaemagogus (Haemagogus janthinomys, Haemagogus leucocelaenus, Haemagoguscapricornii, Haemagogus spegazzinii) e Sabethes (Sabethes cloropterus). Alguns Aedessil-vestres (Aedes scapularis, Aedes fluviatilis,e outros) que, em laboratrio, tm demonstradocapacidade de transmisso, no foram, contudo, encontrados naturalmente infectados.

    Os Haemagogusso mosquitos com hbitos selvticos. Seus focos so encontra-dos quase sempre em cavidades de rvores no ambiente silvestre.

    2.3. Aedes albopictus

    Em fins de maio de 1986, ocorreu o primeiro achado de Aedesalbopictus(Skuse,1894) no Brasil, em foco localizado na Universidade Rural do Rio de Janeiro, no Municpiode Itagua. Logo a seguir novos focos foram reportados,,,,, na Universidade de Viosa, emMinas Gerais, e nas proximidades das cidades de Vitria e Vila Velha, no Esprito Santo.

    O Aedesalbopictus um espcie que se adapta ao domiclio e tem como criadourosrecipientes de uso domstico como jarros, tambores, pneus e tanques. Alm disso, estpresente no meio rural, em ocos de rvores, na imbricao das folhas e em orifcios debambus. Essa amplitude de distribuio e capacidade de adaptao a diferentes ambientese situaes determina dificuldades para a erradicao atravs da mesma metodologia se-guida para o Aedesaegypti..... Alm de sua maior valncia ecolgica, tem como fonte alimen-tar tanto o sangue humano como de outros mamferos e at aves. Ademais disso, maisresistente ao frio que o Aedesaegypti.....

    necessrio que se promovam levantamentos regulares para a deteco de suapresena e o aprofundamento de estudos sobre hbitats naturais e artificiais.

    Recomenda-se ainda o desenvolvimento de estudos para avaliao da capacidadede disperso da espcie, incluindo a competitividade com outros vetores, propagao pas-siva, capacidade vetorial e de sua participao na transmisso.

    2.4. Outras espcies (figuras 7, 8, 9, 10 e 11)

    2.4.1. Aedes scapularis

    Colorido geral escuro. caracterstica a existncia de mancha creme na cabea edorso. No tem anis brancos nas patas. Pica de preferncia tarde, pessoas que estoprximas s habitaes, como nas varandas. Raramente encontrado em repouso dentrode casa, uma vez que, logo aps a alimentao, volta a seus esconderijos habituais nomeio da vegetao. Faz posturas em poas e alagados ou em outro local onde haja vege-tao e gua acumulada de chuvas recentes.

    2.4.2. Aedes taeniorhynchus

    Colorido escuro. Caracteriza-se por anel branco na probscida e por anis tam-bm brancos nas patas. o mosquito que, no interior da habitao, mais se parece com osAedesaegypti e Aedesalbopictus. Seus hbitos alimentares se assemelham aos do Aedesscapularis, invadindo as casas com mais freqncia. Faz postura em guas salobras e seuvo pode ultrapassar 50 km.

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    2.4.3. Aedes fluviatilis

    Colorido pardo escuro. Caracteriza-se por mancha dourada clara na parte supe-rior da cabea. Patas com anis brancos. raramente encontrado dentro das casas. Oslocais preferenciais para desova so as cavidades das pedras e as margens dos rios, mas,recentemente, tem sido encontrado ovipondo na parte externa das casas nos mesmos de-psitos em que se encontra Aedesaegypti (caixas dgua, tanques, barris, tonis, pneus).

    2.4.4. Mansonia sp

    De colorao escura, caracterizado pelas asas aveludadas e escuras; patas comanis claros e anel na tromba. Sua picada dolorosa e o vo longo. Quase nunca encontrado em repouso nas casas. Os criadouros de Mansonia so lagos, lagoas e alaga-dos, onde existam algumas plantas aquticas em particular, como goivo, bodoc ou baro-nesa (aguaps). As larvas do Mansoniarespiram utilizando o tecido poroso das razes daplanta.

    2.4.5. Limatus durhamii

    Mosquito pequeno, frgil, de aparncia multicolorida, tromba comprida e muitofina, patas escuras, sem anis. Nunca invade as casas. Tem como criadouros preferenciaisrvores e plantas (gravats, bambus) e ainda cacos de vidro e latas, existentes no ambienteextradomiciliar. Suas larvas se parecem com as do Aedesaegypti quando vistas a olho nu.

    2.4.6. Culex quinquefasciatus

    o mosquito domstico mais comumente encontrado. de cor parda, quase uni-forme, no apresentando qualquer caracterstica importante de relevo. Pica ao escurecer esua atividade se prolonga por toda a noite. A fmea faz a postura de uma s vez (ovosformando jangada). Desova de preferncia em criadouros com gua parada e poludacom matria orgnica (fossas, valas e outros), podendo desovar eventualmente em dep-sitos de gua limpa. transmissor da filariose bancroftiana.

    2.4.7. Anopheles sp

    Tambm chamado mosquito prego porque pousa perpendicularmente na parede.As asas tm manchas caractersticas. Todas as espcies do subgnero Nyssorhynchus tmanis brancos nas patas. As espcies do subgnero Cellia, ao qual pertence o Anopheles

    gambiae, vistas a olho nu, tm colorao uniforme nas patas. Desova preferencialmenteem criadouros naturais com gua limpa e sombreada (lagoas, brejos, crregos, remansode rios e igaraps).

    Os mosquitos do gnero Anopheles so transmissores da malria.

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    3. Histrico da presena do aedes aegypti eaedes albopictusno Brasil

    O Aedesaegypti, transmissor de dengue e febre amarela urbana , provavelmente,originrio da frica Tropical, tendo sido introduzido nas Amricas durante a colonizao.Atualmente encontra-se amplamente disseminado nas Amricas, Austrlia, sia e frica.

    Conhecido no Brasil desde o sculo XVII, sua trajetria descrita a seguir comreferncia aos marcos histricos mais relevantes:

    16851685168516851685 - Primeira epidemia de febre amarela no Brasil, em Recife.

    16861686168616861686 - Presena de Aedesaegypti na Bahia, causando epidemia de febre amarela(25.000 doentes e 900 bitos).

    16911691169116911691 - Primeira campanha sanitria posta em prtica, oficialmente no Brasil, Reci-fe (PE).

    18491849184918491849 - A febre amarela reaparece em Salvador, causando 2.800 mortes. Nestemesmo ano, o Aedesaegypti, instala-se no Rio de Janeiro, provocando aprimeira epidemia da doena naquele Estado, que acomete mais de 9.600pessoas e com o registro de 4.160 bitos.

    1850 a 18991850 a 18991850 a 18991850 a 18991850 a 1899 - O Aedesaegyptipropaga-se pelo pas, seguindo os caminhos danavegao martima, o que leva ocorrncia de epidemias da doena em

    quase todas as provncias do Imprio, desde o Amazonas at o Rio Gran-de do Sul.

    18811881188118811881 - Comprovao pelo mdico cubano Carlos Finlay, que o Stegomyiafasciataou Aedesaegypti o transmissor da febre amarela.

    18981898189818981898 - Adolpho Lutz observa casos de febre amarela silvestre no interior do Estadode So Paulo na ausncia de larvas ou adultos de Stegomyia (fato na oca-sio no convenientemente considerado).

    18991899189918991899 - Emlio Ribas informa sobre epidemia no interior de So Paulo, em plenamata virgem, quando da abertura do Ncleo Colonial Campos Sales,sem a presena do Stegomyia (tambm no foi dada importncia a esseacontecimento).

    19011901190119011901 - Com base na teoria de Finlay, Emlio Ribas inicia, na cidade de SorocabaSP, a primeira campanha contra a febre amarela, adotando medidas espe-cficas contra o Aedes aegypti.

    19031903190319031903 - Oswaldo Cruz nomeado Diretor-Geral de Sade Pblica e inicia a lutacontra a doena, que considerava uma vergonha nacional, criando o

    Servio de Profilaxia da Febre Amarela.

    19091909190919091909 - Eliminada a febre amarela da capital federal (Rio de Janeiro).

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    19191919191919191919 - Surtos de febre amarela em seis Estados do Nordeste. Instala-se o servioanti-amarlico no Recife.

    19201920192019201920 - Diagnosticado o primeiro caso de febre amarela silvestre no Brasil, no StioMulungu, Municpio de Bom Conselho do Papa-Caa em Pernambuco. Afebre amarela deixa de ser considerada doena de cidade.

    1928 a 19291928 a 19291928 a 19291928 a 19291928 a 1929 - Nova epidemia de febre amarela, no Rio de Janeiro, com aconfirmao de 738 casos, leva o Professor Clementino Fraga a organi-zar nova campanha contra a febre amarela, cuja base era o combate aomosquito na sua fase aqutica.

    19311931193119311931 - O governo brasileiro assina convnio com a Fundao Rockefeller. OServio de Febre Amarela estendido a todo o territrio brasileiro. Oconvnio renovado sucessivamente at 1939. Tcnica adotada: comba-te s larvas do Aedesaegypti mediante a utilizao de petrleo.

    19321932193219321932 - Primeira epidemia de febre amarela silvestre conhecida foi no Vale doCana, no Esprito Santo.

    19381938193819381938 - demonstrado que os mosquitos silvestres Haemagoguscapricornii eHaemagogusleucocelaenus podem ser transmissores naturais da FebreAmarela. Mais tarde, comprova-se que Haemagogusspegazzinii, Aedesscapularis, o Aedes fluviatilis e Sabethes cloropterus so tambm trans-missores silvestres.

    19401940194019401940 - proposta a erradicao do Aedes aegypti, como resultado do sucessoalcanado pelo Brasil na erradicao doAnophelesgambiae, transmissorda malria que, vindo da frica, havia infestado grande parte do Nordes-te do pas.

    19471947194719471947 - Adotado o emprego de dicloro-difenil-tricloroetano (DDT) no combate aoAedesaegypti;

    19551955195519551955 - Eliminado o ltimo foco de Aedesaegypti no Brasil.

    19581958195819581958 - A XV Conferncia Sanitria Panamericana, realizada em Porto Rico, decla-ra erradicado do territrio brasileiro oAedesaegypti.

    19671967196719671967 - Reintroduo do Aedes aegypti na cidade de Belm, capital do Par eem outros 23 Municpios do Estado.

    19691969196919691969 - Detectada a presena de Aedesaegypti em So Lus e So Jos do Ribamar,no Maranho.

    19731973197319731973 - Eliminado o ltimo foco de Aedesaegypti em Belm do Par. O vetor mais uma vez considerado erradicado do territrio brasileiro.

    19761976197619761976 - Nova reintroduo do vetor no Brasil, na cidade de Salvador, capital da

    Bahia.

    1978 a 19841978 a 19841978 a 19841978 a 19841978 a 1984 - Registrada a presena do vetor em quase todos os Estados brasilei-ros, com exceo da regio amaznica e extremo-sul do pas.

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    19861986198619861986 - Em julho, encontrado, pela primeira vez no Brasil, o Aedesalbopictus,em terreno da Universidade Rural do Estado do Rio de Janeiro (Municpiode Itagua).

    19941994199419941994 - Dos 27 Estados brasileiros, 18 esto infestados pelo Aedesaegyptie, seispelo Aedesalbopictus.

    19951995199519951995 - Em 25 dos 27 Estados, foi detectado o Aedesaegypti e, somente nosEstados do Amazonas e Amap, no se encontrou o vetor.

    19981998199819981998 - Foi detectada a presena do Aedesaegyptiem todos Estados do Brasil, com2.942 Municpios infestados, com transmisso em 22 Estados, Aedesalbopictus presente em 12 Estados.

    1999 -1999 -1999 -1999 -1999 - Dos 5.507 Municpios brasileiros existentes, 3.535 estavam infestados.Destes, 1.946 Municpios em 23 Estados e o Distrito Federal apresenta-ram transmisso do dengue.....

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    4. Organizao das operaes de campo

    As atividades operacionais de campo sero desenvolvidas em uma rea deabrangncia restrita, denominada zonazonazonazonazona (rea de zoneamento), que corresponder reade atuao e responsabilidade de um agente de sade. Cada zona dever ter de 800 a

    1.000 imveis. Assim, dever existir maior vnculo e identificao do agente de sadepblica com a comunidade, onde ele desenvolve o seu trabalho.

    A descentralizao das operaes de campo deve implicar a incorporao de no-vas atividades e servios aos Estados e Municpios, o que, por sua vez, deve determinar odesenvolvimento de novos modelos de organizao adequados a cada caso particular,preservando as diretrizes gerais do SUS.

    4.1. Atribuies

    4.1.1. Agente de sade

    Na organizao das atividades de campo o agente o responsvel por uma zonafixa de 800 a 1.000 imveis, visitados em ciclos bimensais nos municpios infestados porAedes aegypti. Ele tem como obrigao bsica: descobrir focos, destruir e evitar a forma-o de criadouros, impedir a reproduo de focos e orientar a comunidade com aeseducativas.

    Suas atribuies no combate aos vetores so: Realizar a pesquisa larvria em imveis para levantamento de ndice e desco-

    brimento de focos nos municpios infestados e em armadilhas e pontos estrat-

    gicos nos municpios no infestados; Realizar a eliminao de criadouros tendo como mtodo de primeira escolha o

    controle mecnico (remoo, destruio, vedao, etc.); Executar o tratamento focal e perifocal como medida complementar ao contro-

    le mecnico, aplicando larvicidas autorizados conforme orientao tcnica; Orientar a populao com relao aos meios de evitar a proliferao dos vetores; Utilizar corretamente os equipamentos de proteo individual indicados para

    cada situao; Repassar ao supervisor da rea os problemas de maior grau de complexidade

    no solucionados; Manter atualizado o cadastro de imveis e pontos estratgicos da sua zona; Registrar as informaes referentes s atividades executadas nos formulriosespecficos; Deixar seu itinerrio dirio de trabalho no posto de abastecimento (PA); Encaminhar aos servios de sade os casos suspeitos de dengue.

    4.1.2. Supervisor

    o responsvel pelo trabalho realizado pelos agentes de sade, sob sua orienta-o. tambm o elemento de ligao entre os seus agentes, o supervisor geral e a coorde-nao dos trabalhos de campo.

    Tem como principais atribuies:

    Acompanhamento das programaes, quanto a sua execuo, tendo em vistano s a produo mas tambm a qualidade do trabalho;

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    Organizao e distribuio dos agentes dentro da rea de trabalho, acompa-nhamento do cumprimento de itinerrios, verificao do estado dos equipamen-tos, assim como da disponibilidade de insumos;

    Capacitao do pessoal sob sua responsabilidade, de acordo com estasinstrues, principalmente no que se refere a:- conhecimento manejo e manuteno dos equipamentos de asperso;- noes sobre inseticidas, sua correta manipulao e dosagem;

    - tcnica de pesquisa larvria e tratamento (focal e perifocal);- orientao sobre o uso dos equipamentos de proteo individual (EPI). Controle e superviso peridica dos agentes de sade; Acompanhamento do registro de dados e fluxo de formulrios; Controle de freqncia e distribuio de materiais e insumos; Trabalhar em parceria com as associaes de bairros, escolas, unidades de

    sade, igrejas, centros comunitrios, lideranas sociais, clubes de servios, etc.que estejam localizados em sua rea de trabalho;

    Avaliao peridica, junto com os agentes, das aes realizadas; Avaliao, juntamente com o supervisor-geral, do desenvolvimento das reas

    com relao ao cumprimento de metas e qualidade das aes empregadas.

    Recomenda-se que cada supervisor tenha dez agentes de sade sob a sua respon-sabilidade, o que permitiria, a princpio, destinar um tempo eqitativo de superviso aosagentes de sade no campo.

    As recomendaes eventualmente feitas devem ser registradas em caderneta deanotaes que cada agente de sade dever dispor para isso.

    ainda funo do supervisor a soluo de possveis recusas, em auxlio aos agen-tes de sade, objetivando reduzir pendncias, cabendo-lhe manter atualizados os mapas,

    croquis e o reconhecimento geogrfico de sua rea.Tal como os agentes de sade, tambm o supervisor deve deixar no posto de abas-

    tecimento (PA) o itinerrio a ser cumprido no dia.

    4.1.3. Supervisor geral

    O supervisor-geral o servidor de campo ao qual se atribui maior responsabilida-de na execuo das atividades. o responsvel pelo planejamento, acompanhamento,superviso e avaliao das atividades operacionais de campo. As suas atividades exigemno s o integral conhecimento de todos os recursos tcnicos empregados no combate ao

    Aedesaegypti mas, ainda, capacidade de discernimento na soluo de situaes no pre-vistas e muitas vezes emergenciais. Ele responsvel por uma equipe de cinco supervisores.

    So funes do supervisor-geral:

    Participar da elaborao do planejamento das atividades para o combate aovetor;

    Elaborar, juntamente com os supervisores de rea, a programao de supervi-so das localidades sob sua responsabilidade;

    Supervisionar e acompanhar as atividades desenvolvidas nas reas; Elaborar relatrios mensais sobre os trabalhos de superviso realizados e

    encaminh-los ao coordenador municipal do programa; Dar suporte necessrio para suprir as necessidades de insumos, equipamentos e

    instrumentais de campo;

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    Participar da organizao e execuo de treinamentos e reciclagens do pessoalde campo;

    Avaliar, juntamente com os supervisores de rea, o desenvolvimento das atividadesnas suas reas, com relao ao cumprimento de metas e qualidade das aesempregadas;

    Participar das avaliaes de resultados de programas no municpio; Trabalhar em parceria com entidades que possam contribuir com as atividades

    de campo nas suas reas de trabalho; Implementar e coordenar aes que possam solucionar situaes no previstasou consideradas de emergncia.

    4.2. Identificao do pessoal de campo

    Para efeito de identificao do pessoal de campo, os agentes recebem um cdigo(nmero), que obedece a um cadastramento que permita localiz-lo dentro da equipe, rea(subdistrito, distrito) e que o vincula a determinado supervisor e supervisor-geral. Comoexemplo:

    O agente n. 3268/1 - corresponder ao agente 1 da equipe 8, do subdistrito 6(6 Supervisor), da segunda frente de trabalho (2 Supervisor Geral), do distrito 3.

    Outros tipos de identificao como matrcula SIAPE, RG, etc. podem ser utilizados,desde que estejam devidamente cadastrados de forma organizada.

    4.3. Material de campo

    De acordo com suas funes e quando o exerccio delas o exigir, o Agente de

    Sade e Supervisor devem trazer consigo seguinte material:

    lcool 70% para remessa de larvas ao laboratrio (ou tubitos previamente dosa-dos com lcool a 70%);

    acetato de etila;* algodo; basto agitador;* bacia plstica pequena; bolsa de lona; bomba aspersora;*

    bandeira e flmula; caixa com etiqueta para os alados capturados;* croquis e mapas das reas a serem trabalhadas no dia; caderneta de anotaes; carteira de identidade; capturador de alados;* cola plstica; duas pesca-larvas de nylon de cores diferentes, sendo um para coletar amostras

    de focos em gua potvel e outro para gua suja; escova pequena; espelho pequeno, para examinar depsitos pela reflexo da luz do sol; flanela; fita ou escala mtrica; formulrios para registro de dados, em quantidade suficiente para um dia de

    trabalho

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    inseticida, em quantidade suficiente, para o trabalho de um dia; lmpada (foquito) sobressalente; lpis de cera, azul ou preto; lpis grafite com borracha; lanterna de trs elementos em boas condies; lixa para madeira; manual de instrues;

    medidas para uso do temephs (abate), colher das de sopa 20g ecolher dasde caf 5g;

    pasta de percalina para guarda de papis; prancheta; picadeira; pipeta tipo conta-gotas; plstico preto; sacos plsticos com capacidade para 1kg para guardar o pesca-larvas; tabela para emprego de temephs (abate); tubitos e etiqueta para focos;

    trs pilhas.

    *Estes materiais e equipamentos no so utilizados no trabalho de rotina do agentede LI e tratamento focal. Devem ser previstos para as atividades de tratamento perifocal,captura de alados e por equipes especiais de servio complementares.

    Os uniformes para o trabalho, tanto na cidade como em rea rural, obedecero amodelos previamente aprovados. Os agentes devem portar um relgio de sua propriedade,para registrar no formulrio horrio das visitas domiciliares.

    Para facilitar seu encontro nos locais de trabalho, o servidor de campo deve disporde bandeiras e flmulas apropriadas, cujas cores e combinaes variam de acordo com aatribuio do servidor. Devem ser colocadas em prdios e embarcaes sob inspeo outratamento, enquanto os servidores neles permanecerem.

    Bandeira: colocada pelos agentes de sade e supervisores na porta, janela, portoou grade, esquerda da sua entrada, de modo que fique perpendicular fachada dacasaa, para que os supervisores gerais possam localiz-la mais facilmente.

    Flmula: colocada em navios, edifcios de apartamentos, hotis e vilas, ou outros

    aglomerados de prdios onde h um certo nmero de residncias ou locais com porta deacesso em comum para a rua (FFFFFiguras 12 e 13iguras 12 e 13iguras 12 e 13iguras 12 e 13iguras 12 e 13).

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    5. Reconhecimento Geogrfico (RG)

    O reconhecimento geogrfico atividade prvia e condio essencial para a pro-gramao das operaes de campo, de pesquisa entomolgica e tratamento qumico.

    Instrues com mais riqueza de detalhes esto disponveis no Manual de Reco-nhecimento Geogrfico..... Aqui se faz referncia apenas a marcao de quarteires e infor-maes sucintas sobre numerao de imveis.

    Nos centros urbanos, onde exista numerao oficial dos imveis, esta identificaoser respeitada, devendo-se apenas numerar os quarteires existentes. Nas localidadesonde no exista numerao de imveis, esta ser feita provisoriamente pelo agente.

    No obstante a numerao oficial, os agentes de sade se deparam com um mes-mo nmero, servindo para dois ou mais imveis na mesma rua. Quando isto ocorrer e no

    se obtiver a numerao real dos mesmos atravs de informao com o morador, adotar-se- o seguinte:

    a) Imveis com os mesmos nmeros na mesma rua. Exemplo: 40,40, 40. Obser-vando o sentido de deslocamento do agente e a numerao bsica do imvelanterior, se ter: 40-2, 40-1 e 40;

    b) De acordo com a orientao da visita, tomar-se- como nmero base o ltimoimvel que recebeu numerao;

    ExemploExemploExemploExemploExemplo: 40, (35-2), (35-1) , 35, 30 .

    c) Terrenos baldios: de acordo com a nova orientao para o sistema informatizado,eles sero numerados.

    Exemplo:Exemplo:Exemplo:Exemplo:Exemplo: 40, 36-1, 36, 28-1, 28, 21.

    ObservaoObservaoObservaoObservaoObservao: 28-1 e 36-1 so terrenos baldios numerados.

    d) As aglomeraes que surgem rapidamente prximo s zonas urbanas, seronumeradas de um a infinito, tomando como nmero base do ltimo imvel do

    quarteiro mais prximo destas habitaes. Ex: 40, 40-1, 40-2, ..., 40-28, 40-29, etc.

    Nessa nova orientao, inicialmente os mapas ou croquis fornecidos pelas Prefei-turas ou rgos oficiais locais recebero anlise de equipe capacitada para numerar osquarteires existentes neles. Posteriormente, aps essa numerao ter sido realizada, serofeitas as alteraes necessrias, quando da numerao em campo dos quarteires e nasatualizaes sucessivas.

    Os quarteires recebero numerao crescente, do nmero um ao infinito. Em

    casos excepcionais, so facultadas mudanas na seqncia numrica, como seria o casode cidades divididas em bairros ou setores. Neste caso, a numerao se inicia e termina emcada bairro ou setor.

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    Quando as faces dos quarteires (quadras) so muito extensas ou quando a escas-sez de imveis torna difcil ou demorada a procura do nmero de identificao, a numera-o nas faces poder ser repetida tantas vezes quanto necessrio. Mas, em cada esquina,s haver um nmero para o quarteiro.

    Em caso de substituio de nmero, o anterior deve ser apagado com lixa paramadeira a fim de que no haja dupla numerao.

    Uma vez que a rea seja composta de quarteires (quadras) completos e que pos-suam sinais indicativos do caminho a ser seguido pelo agente, seu itinerrio fica reduzidoa uma simples relao de nmeros mesmos na ordem em que devem ser trabalhados. Almdo itinerrio que lhe compete, com os quarteires numerados, o pessoal de operao devedispor da indicao das tarefas de cada dia e de croquis com o desenho da posio detodos os quarteires (quadras) da rea. O agente de sade ou o responsvel pelo trabalhode superviso deve contar com mapa dessa rea e com a relao do nmero de imveisexistentes em cada um deles.

    Assim, ter-se-o tantos croquis quantas forem as zonas de trabalho do agente desade. Esses croquis devero ser permanentemente atualizados, fazendo-se no desenho asalteraes encontradas no traado virio de ruas e quarteires.

    Quarteiro, deve ser entendido como o espao determinado por um agrupamentode imveis limitados por ruas, avenidas, caminhos, rios, crregos, estradas, linhas frreas,outros.

    Podem ser regulares ou irregulares. O regular aquele que se pode circundartotalmente; o irregular, pelo contrrio, aquele que no possvel circund-lo em funode algum tipo de impedimento fsico, topogrfico ou outro.

    Para marcao e orientao durante o trabalho nos quarteires, so usados n-meros e sinais nas esquinas. Os nmeros e sinais devem ter cinco centmetros de altura. Amarcao se far com lpis-cera azul ou preto no cateto esquerdo de cada ngulo doquarteiro.

    A altura para marcao do nmero do quarteiro ou imvel ser a do reconhecedorcom o brao estendido.

    Estes sinais contm a seguinte informao. Como exemplo:

    33333 indica o incio do quarteiro n 3 1313131313 indica a continuao do quarteiro n 13 1414141414 indica o final do quarteiro n 14 (este sinal se usar unicamente em

    quarteires irregulares) 55555 sinal de quarteiro constitudo por um s imvel.

    O crculo cheio ao lado direito da base do tringulo, indica o imvel do inciodo quarteiro. O tringulo indica a direo em que o servidor deve seguir para fazer a voltaao quarteiro. Evidentemente, a mudana na posio destes sinais, como no exemplo aci-

    ma, indicar diferente posio no quarteiro.

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    6. A Visita domiciliar

    Concedida a licena para a visita (FFFFFoto 1oto 1oto 1oto 1oto 1), o servidor iniciar a inspeo comean-do pela parte externa (ptio, quintal ou jardim), seguindo sempre pela direita.

    FFFFFoto 1oto 1oto 1oto 1oto 1

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    Prosseguir a inspeo do imvel pela visita interna, devendo ser iniciada pelaparte dos fundos, passando de um cmodo a outro at aquele situado mais frente. Emcada um deles, a inspeo deve ser feita a partir da direita (FFFFFigura 14igura 14igura 14igura 14igura 14).

    Tcnica da visita de uma casaTcnica da visita de uma casaTcnica da visita de uma casaTcnica da visita de uma casaTcnica da visita de uma casaFFFFFigura 14igura 14igura 14igura 14igura 14

    Concluda a inspeo, ser preenchida a ficha de visita com registro da data, horade concluso, a atividade realizada e a identificao do agente de sade.

    A Ficha de Visita ser colocada no lado interno da porta do banheiro ou dacozinha.

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    Nas visitas ao interior das habitaes, o servidor sempre pedir a uma das pessoasdo imvel para acompanh-lo, principalmente aos dormitrios. Nestes aposentos, nos ba-nheiros e sanitrios, sempre bater porta.

    Em cada visita ou inspeo ao imvel, o agente de sade deve cumprir sua atividadeem companhia de moradores do imvel visitado, de tal forma que possa transmitir informa-es sobre o trabalho realizado e cuidados com a habitao.

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    7. Criadouros

    Todos os depsitos que contenham gua devero ser cuidadosamente examina-dos, pois qualquer deles poder servir como criadouro ou foco de mosquitos (AnexoAnexoAnexoAnexoAnexo IIIIIIIIII). Osreservatrios de gua para o consumo devero ser mantidos tampados.

    Os depsitos vazios dos imveis, que possam conter gua, devem ser mantidossecos, tampados ou protegidos de chuvas e, se inservveis, eliminados pelos agentes emoradores. O agente de sade recomendar aos residentes manter o imvel e os quintaisem particular, limpos e imprprios procriao de mosquitos.

    7.1. Tipos e definio de depsitos (anexo II)

    Caixa dgua:Caixa dgua:Caixa dgua:Caixa dgua:Caixa dgua: qualquer depsito de gua colocado em nvel elevado, permi-

    tindo a distribuio do lquido pela gravidade. As caixas dgua podem ser divi-didas em duas categorias: as acessveis e as de difcil acesso, que requeremprovidncias ou operaes especiais. Caixas dgua acessveis so as que po-dem ser facilmente examinadas por estarem a pequena altura ou porque hcondies locais que permitem o acesso a elas. As caixas dgua que estiveremvedadas, prova de mosquito, no sero abertas para a inspeo, mas seroassinaladas no boletim como inspecionadas.

    TTTTTanque:anque:anque:anque:anque: depsito geralmente usado como reservatrio de gua, colocado aonvel do solo. Depsitos como banheiras ou caldeiras velhas por exemplo, usa-dos como tanques sero classificados como tal.

    Depsitos de barro:Depsitos de barro:Depsitos de barro:Depsitos de barro:Depsitos de barro: so os potes, moringas, talhas e outros. Depsitos de madeira:Depsitos de madeira:Depsitos de madeira:Depsitos de madeira:Depsitos de madeira: barris, tonis e tinas. PPPPPneus:neus:neus:neus:neus: os pneus so, muitas vezes, responsveis por reinfestaes distncia,

    de reas livres do Aedesaegypti. Todos os pneus inservveis, quando possvel,devero ser removidos para eliminao. Os utilizveis, depois de inspecionadose secos devem ser mantidos em ambiente coberto, protegidos da chuva.

    RRRRRecipientes naturais:ecipientes naturais:ecipientes naturais:ecipientes naturais:ecipientes naturais: incluem-se a colees de gua encontradas em cavidadesde rvores e no embrincamento de folhas.

    Cacimbas, poos e cisternas:Cacimbas, poos e cisternas:Cacimbas, poos e cisternas:Cacimbas, poos e cisternas:Cacimbas, poos e cisternas: so escavaes feitas no solo, usados para capta-o de gua (com paredes ou no).

    Outros:Outros:Outros:Outros:Outros: depsitos de tipos variados. Compreendem caixas de descarga e apa-

    relhos sanitrios, piles, cuias, alguidares, pias, lavatrios, regadores, protetoresde plantas, guarda-comida, vasilhas de uso caseiro, bacias, baldes e registrosde gua, jarras de flores, pias de gua, depsitos de geladeira, diques de gara-gem, pisos de pores e de calamentos, esgotos de guas limpas, coberturas dezinco e flandres, folhas de metal, cascas de ovos, sapatos abandonados, bebe-douros de aves e de outros animais, ferragens diversas, vasos, cacos de vidro,telhas e outros.

    7.2. Depsito inspecionado

    todo o depsito com gua examinado pelo agente de sade com auxlio de fontede luz ou do pesca-larva

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    7.3. Depsito tratado

    aquele onde foi aplicado inseticida (larvicida ou adulticida).

    7.4. Depsito eliminado

    aquele que foi destrudo ou inutilizado como criadouro.

    7.5. Focos e tcnica de pesquisa

    Todos os depsitos que contenham gua devem ser inspecionados, utilizando-se opesca-larva com ou sem a ajuda de fonte luminosa (lanterna e/ou espelho). A tcnica decoleta segue a mesma orientao da visita domiciliar.

    Ao destampar os depsitos para inspeo deve-se ter cuidado no sentido de evitarque larvas e pupas se refugiem no fundo dos depsitos. A inspeo com o pesca-larvas atcnica preferencialmente utilizada no caso da coleta em pneus. O uso de concha de alum-

    nio pode ser mais eficaz nessa situao.No caso de uso do pesca-larvas, deve-se de incio percorrer, rapidamente, a super-

    fcie da gua com o instrumento, visando surpreender as larvas e pupas que a estejam. Emseguida, percorre-se com o pesca-larva todo o volume de gua, fazendo movimento emforma de um 88888, descendo at o fundo do depsito. Recolhe-se ento o material retido nopesca-larva, transferido-o para pequena bacia, j contendo gua limpa. A o material examinado. Com o uso da pipeta sugam-se as larvas e/ou pupas que forem encontradas,transferindo-as para a palma da mo a fim de se retirar o excesso de gua. A seguir passa-se o material para os tubitos com lcool dosado at um nmero mximo de dez tubitos.

    Deve-se repetir a passagem do pesca-larvas no depsito at que se tenha seguran-a de que j no ha nenhuma larva ou pupa ou que j se tenha coletado o mximo de dezexemplares.

    No caso de inspeo em depsito com muita matria orgnica, o material coletadocom o pesca-larva deve ser colocado em bacia plstica com gua limpa, repetindo-se essaoperao sucessivamente (repassando o material da bacia para o pesca-larvas) at que omaterial fique limpo e possa ser observado a olho nu, permitindo assim a captura das larvase/ou pupas com a pipeta.

    Todo cuidado deve ser tomado nestas sucessivas passagens para que as larvas/pupas no fiquem aderidas ao material retido no pesca-larvas.

    Em depsitos de pequenas dimenses o contedo pode ser passado diretamentepara o pesca-larvas (gua de vasos de planta, de garrafas, pratos de plantas, bacias, bal-des, outros) ou as larvas e/ou pupas coletadas diretamente com o uso de pipeta, passandopara a palma da mo e a seguir, para os tubitos.

    Todos os tubitos devem ser acompanhados de etiqueta de identificao, em queconstaro: equipe, nome, nmero do agente, nmero da amostra e o tipo de depsito ondefoi coletada a amostra. Deve ser colocada no interior do tubito, ou colada a ele.

    Os focos encontrados devem ser exibidos aos moradores da casa. Nessa ocasiodevem ser orientados a respeito da necessidade de proteo ou de destinao mais ade-quada para os depsitos.

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    Nos municpios negativos para Aedes aegypti, sob vigilncia entomolgica, quan-do a pesquisa larvria for negativa mas forem encontradas exvias, essas devem ser coletadaspara posterior exame laboratorial.

    7.6. Acondicionamento e transporte de larvas

    Os exemplares coletados nos focos no devem, salvo expressa recomendao, ser

    transportados vivos da casa ou local de inspeo. Com isso, ficam reduzidas ao mnimo aspossibilidades de disperso por transporte do material coletado. Para isso, cada agentedeve dispor de tubitos com lcool a 70% nos quais sero colocadas, no mximo, dez larvaspor tipo de depsito.

    Cada agente adotar uma numerao crescente para os focos larvrios encontra-dos, a partir do nmero um, seguindo seqencialmente at o nmero 999, quando ento anumerao retomada a partir do um.

    7.7. Captura de alados

    A captura de alados objetiva: levantamento de ndice; vigilncia em localidades no infestadas; inspeo em navios e avies.

    Para a captura de alados podero ser utilizados o pu de fil ou algum capturadorde suco. Os mosquitos devero ser mortos com acetato de etila e transferidos para caixaspreparadas com naftalina, usadas para acondicionamento e remessa.

    Os espcimes podero ser convenientemente dispostos com ajuda de pina deponta fina (relojoeiro). Recomenda-se cuidado especial nessa operao para evitar danifi-cao do material coletado, o que pode comprometer a classificao taxnomica a serrotineiramente feita em laboratrio.

    Como medida de segurana, pode-se gotejar o acetato de etila na parte interna datampa, garantindo-se com isso a imobilidade do mosquito.

    Todos os exemplares de Aedesaegypti e Aedesalbopictus coletados em um mesmoimvel devem ser acondicionados num mesmo recipiente.

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    8. Estratificao entomo-epidemiolgica dos municpios

    A estratificao dos municpios para efeito operacional do PEAa fae-se- segundoo enfoque de risco com base em dados entomo-epidemiolgicos.

    Estrato I:Estrato I:Estrato I:Estrato I:Estrato I: reas com transmisso de dengue clssico pelo menos por dois anosconsecutivos ou no, com circulao simultnea ou sucednea de mais de umsorotipo, com risco de ocorrncia da febre hemorrgica por dengue, e/ou ocor-rncia de casos de FHD.

    Estrato II:Estrato II:Estrato II:Estrato II:Estrato II: reas com transmisso de dengue clssico. Estrato III:Estrato III:Estrato III:Estrato III:Estrato III: reas infestadas pelo Aedes aegypti. Estrato IVEstrato IVEstrato IVEstrato IVEstrato IV::::: reas no infestadas (sem o vetor).

    8.1. Desenho de operao para os estratos

    8.1.1. Municpios infestados (estratos I, II e III):

    Levantamento de ndice amostral e tratamento focal em ciclos bimensais. Pesquisa entomolgica nos pontos estratgicos em ciclos quinzenais, com

    tratamento qumico mensal, ou quando necessrio. Atividades de informao, educao e comunicao em sade (IEC), buscando

    a conscientizao e participao comunitria na promoo do saneamento do-miciliar.

    Arrasto de limpeza em municpios ou bairros visando eliminao ou remoodos depsitos predominantes.

    Regularizao da coleta pblica de lixo. Bloqueio da transmisso de dengue (quando necessrio).

    8.1.2. Municpio no infestado (estrato IV):

    Levantamento de ndice amostral em ciclos quadrimensaisquadrimensaisquadrimensaisquadrimensaisquadrimensais; Pesquisa entomolgica nos pontos estratgicos em ciclos quinzenaisquinzenaisquinzenaisquinzenaisquinzenais. Pesquisa entomolgica com ovitrampas ou larvitrampas em ciclos semanais. Atividades de IEC, buscando a conscientizao e participao comunitria na

    promoo do saneamento domiciliar.

    Regularizao da coleta pblica de lixo. Servio martimo ou fluvial e servio porturio nas cidades porturias que man-tenham intercmbio com reas infestadas, por meio de embarcaes.

    Delimitao de foco (quando necessrio).

    Em todos os municpios, independentemente do estrato, recomenda-se que sejamsempre priorizadas no programa as intervenes de busca e eliminao de focos do vetor,e educao em sade, que so as medidas de maior impacto na reduo das populaesdo mosquitos.

    8.1.3. Bloqueio de transmisso

    Nas localidades infestadas far-se- o bloqueio da transmisso de dengue, apsinvestigao epidemiolgica conclusiva acerca do sorotipo viral circulante.

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    Neste caso, ser feita a aplicao de inseticida em UBV, sempre concomitante comas medidas de controle larvrio, nas seguintes situaes:

    Em reas onde a transmisso de dengue (casos autctones) j tenha sido confir-mada por isolamento de vrus ou sorologia.

    Quando da notificao de caso suspeito procedente de regio ou pas ondeesteja ocorrendo a transmisso por um sorotipo no circulante naquele munic-

    pio. Quando da confirmao de caso importado em municpio do estrato III.

    Nestas situaes dever ser realizado o controle larvrio com eliminao e trata-mento de focos, concomitante com a utilizao de equipamentos de UBV portteis paranebulizao domiciliar nas reas de transmisso focais delimitadas (no mnimo nove quar-teires em torno do caso) em apenas um ciclo. Se necessrio complementar o bloqueio datransmisso com UBV pesado na rea delimitada em ciclos semanais (ver item 10.3).

    8.1.4. Delimitao de foco

    Nas localidades no infestadas, far-se- a delimitao de foco quando a vigilnciaentomolgica detectar a presena do vetor. , portanto, uma atividade exclusiva de munic-pios no infestados (estrato IV)

    Na delimitao de foco, a pesquisa larvria e o tratamento focal devem ser feitosem 100% dos imveis includos em um raio de at 300 metros a partir do foco inicial,detectado em um ponto estratgico ou armadilha, bem como a partir de um levantamentode ndice ou pesquisa vetorial espacial positiva.

    8.2. Fases do PEAa

    8.2.1. Fase preparatria

    Na fase preparatria, sero feitos o recrutamento e capacitao dos recursos hu-manos, e planejamento das estratgias e metodologias a serem adotadas, a estimativapara aquisio de materiais, inseticidas e equipamentos, o levantamento de ndice paradefinir a distribuio espacial do vetor e o reconhecimento geogrfico da rea a ser traba-lhada.

    8.2.2. Fase de ataque

    Os trabalhos de combate ao vetor comeam nesta fase. As atividades definidasdevero ser executadas obedecendo os itinerrios elaborados por zonas de trabalho . Seroinspecionados 100% dos imveis, pontos estratgicos (PE) e terrenos baldios das zonas naslocalidades infestadaslocalidades infestadaslocalidades infestadaslocalidades infestadaslocalidades infestadas pelo vetor. Os depsitos positivos para formas imaturas de mosqui-tos, que no possam ser eliminados ou removidos,sero tratados. O monitoramento dosndices de infestao e distribuio do Aedes aegypti, bem como o tipo de recipiente prefe-rencialmente usados pelo vetor como criadouros so fundamentais para dirigir as aes.

    A estratgia central do combate ao vetor dever ser realizada atravs das seguintesatividades: manejo ambiental (saneamento domiciliar); educao em sade; eliminaofsica de criadouros e tratamento de criadouros com larvicidas ou adulticidas, quandoindicados.

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    8.2.3. Fase de consolidao

    Esta fase tem como objetivo consolidar a erradicao do Aedes aegypti. Nela se-ro desenvolvidas as atividades da fase de ataque, exceto o tratamento, procurando garan-tir a eliminao dos resduos da infestao, tendo em vista a possibilidade da permannciade ovos em condies de eclodir tardiamente.

    8.2.4. Fase de manuteno (vigilncia)

    A vigilncia entomolgica a metodologia que ser utilizada nesta fase, em todasas localidades negativaslocalidades negativaslocalidades negativaslocalidades negativaslocalidades negativas e naquelas inicialmente positivas, onde o vetor foi erradicado.Nesta fase, sero usadas as armadilhas de oviposio (ovitrampas e larvitrampas) e inspeesem pontos estratgicos. Naquelas localidades porturias que mantenham intercmbio comreas infestadas por meio de embarcaes, sero implantados, alm de armadilhas epontos estratgicos, tambm o servio martimo ou fluvial e o servio porturio.

    O trabalho de vigilncia tem por objetivo evitar reinfestaes das localidades. Nes-

    se sentido, o trabalho tem que ser permanente.

    8.3. Consideraes gerais

    8.3.1. Localidade

    determinada rea com um ou mais imvel com denominao prpria e li-mites naturais ou artificiais bem definidos, com acesso comum. Exemplo: cidade, vila, po-voado, fazenda, sitio e outros.

    8.3.2. Sublocalidade

    a rea parcial de uma localidade que se deseja particularizar para que sejamelhor operacionalizada ou estudada. Exemplo: bairro, quadra, favela, etc.

    8.3.3. Municpio infestado

    aquele no qual o levantamento de ndice detectou a presena do Aedes aegyptidomiciliado.

    8.3.4. Municpio no infestado

    aquele no qual o levantamento de ndice no detecta a presena do vetor.

    O municpio infestado passa a ser considerado no infestado quando permanecerpelo menos 12 meses consecutivos sem a presena do vetor, conforme levantamentos dendice bimensais.

    A deteco de Aedes aegypti exclusivamente em pontos estratgicos e armadilhasno caracteriza o municpio como infestado.

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    9. Pesquisa entomolgica

    Consiste basicamente na pesquisa regular para deteco de focos de Aedesaegypti,,,,,desenvolvida atravs das seguintes atividades:

    9.1. Levantamento de ndice;9.2. Pesquisa em pontos estratgicos;9.3. Pesquisa em armadilhas;9.4. Pesquisa vetorial especial;9.5. Servios complementares.

    Para a erradicao da febre amarela urbana e dengue prioritrio o monitoramentodo Aedesaegypti. Assim, ser constitudo um sistema de mbito nacional de vigilnciaentomolgica, descentralizada sob a responsabilidade de Estados e Municpios.

    No caso do Aedesalbopictus, no se dispe de conhecimento suficiente sobre abiologia e comportamento do vetor e de sua importncia na transmisso do dengue e febre

    amarela urbana no Brasil. Sua grande valncia ecolgica determina dificuldades no dese-nho de metodologia apropriada mas, desde que se comprovou em laboratrio sua capaci-dade de transmisso, a espcie potencialmente vetora. Com isso, ainda que no se con-fira prioridade a sua erradicao no curso das operaes de combate ao Aedesaegypti, aidentificao do Aedesalbopictus merecer as mesmas medidas de combate.

    9.1. Levantamento de ndices (LI)

    feito por meio de pesquisa larvria, para conhecer o grau de infestao, disper-so e densidade porAedesaegypti e/ou Aedesalbopictus nas localidades. O LI ter perio-dicidade bimensal nas localidades infestadas ou quadrimensais naquelas no infestadas.

    9.1.1. Rotina das reas infestadas

    Nas localidades infestadas, o levantamento de ndice amostral feito continuacontinuacontinuacontinuacontinua-mentementementementemente, junto com o tratamento focal ( LI + T ). Idealmente, a coleta de larvas para determi-nar os ndices de infestao deve ser realiazada em todos os imveis com focos de mosqui-tos.

    Alternativamente, a amostragem para o levantamento de ndice pode ser delineadade modo a apresentar significncia estatstica e garantir a representao na pesquisa larvriade todos os quarteires (quadras) existentes na localidade. Desta maneira, elege-se comounidade de infestao o imvelimvelimvelimvelimvel e como unidade de disperso o quarteiroquarteiroquarteiroquarteiroquarteiro.

    Os ndices de Infestao Predial e de Breteau em cada localidade sero calculadospor zona de trabalho. Desse modo, cada grupo de aproximadamente 1.000 imveis (zona)ter um ndice de infestao de toda a rea a cada dois meses, independentemente dotamanho da localidade.

    Estabelecendo-se um nvel de confiana estatstica de 95%, com margem de errode 2% para uma infestao estimada em 5%, sero coletadas larvascoletadas larvascoletadas larvascoletadas larvascoletadas larvas e/ou pupas em 33%dos imveis existentes na zona (LI a 1/3), que sero inspecionados na sua totalidade, ouseja, todos os imveis so inspecionados, mas a coleta realizada em um tero dos imveisvisitados.

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    Essa atividade a nica em que se enumeraro os ciclos, onde o primeiro se iniciaem janeiro e o ltimo em dezembro. Portanto, s se enumeram ciclos dentro do ano.

    9.1.2. Levantamento amostral instantneo

    Este levantamento aplica-se s situaes em que se deseja avaliar o impacto demedidas de controle vetorial, em reas recm-infestadas ou como subsdio superviso do

    Estado e da FUNASA, para avaliar os programas municipais.

    Neste caso somente os imveis da amostra sero visitados e inspecionados. Assim,o tamanho mnimo da amostra foi determinado estabelecendo-se um nvel de confiana de95% e uma margem de erro de 2%, considerando-se uma infestao estimada de 5%.

    Segundo estes parmetros, o nmero de imveis amostrados ser determinadopelo nmero de imveis existentes na localidade, conforme os estratos seguintes:

    1. localidade com at 400 imveis - pesquisa de 100% dos imveis existentes;

    2. localidade com 401 a 1.500 imveis - pesquisa 33% dos imveis, ou de 1/3dos imveis existentes;3. localidades com 1.501 a 5.000 imveis - pesquisa de 20% dos imveis, ou de

    1/5 dos imveis existentes;4. localidade com mais de 5.000 imveis - pesquisa de 10% dos imveis, ou de 1/

    10 dos imveis existentes.

    Exemplo: o Municpio de Jata possui 17.000 imveis, onde sero trabalhadas asede (cidade) Jata com 10.000 imveis e a Vila Farnsia com 3.000. Na sede sero traba-lhados 1.000 imveis, ou seja, uma amostra de 10%, e na Vila Farnsia 600 imveis (20%).

    Nesta amostra, todos os quarteires (ou quadras) devem ter pelo menos um imvelinspecionado.

    No caso da sede, em cada quarteiro (ou quadra) inicia-se a inspeo pelo primei-ro imvel e, com deslocamento no sentido horrio, contam-se nove imveis para a seguirinspecionar o 11 imvel (2 da amostra). E, assim, sucessivamente. No caso do imvelestar fechado, a inspeo se far naquele imediatamente posterior.

    Na situao anterior, para efeito de determinao do 3 imvel da amostra, acontagem se inicia a partir do ltimo imvel fechado.

    Durante a inspeo por amostragem, entre um imvel e outro a ser investigado,ocasionalmente, o imvel a ser inspecionado ser um ponto estratgico (PE). Neste caso, sefar a pesquisa neste imvel e no prximo, sendo a contagem feita a apartir deste ltimoimvel.

    9.2. Pesquisa em Pontos Estratgicos (PE)

    Ponto estratgico o local onde h grande concentrao de depsitos preferenci-

    ais para a desova do Aedesaegypti, ou seja, local especialmente vulnervel introduodo vetor.

    Os pontos estratgicos devem ser identificados, cadastrados e constantementeatualizados, sendo inspecionados quinzenalmente, (FFFFFoto 2oto 2oto 2oto 2oto 2).

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    FFFFFoto 2oto 2oto 2oto 2oto 2

    So considerados pontos estratgicos os imveis com grande concentrao dedepsitos preferenciais: cemitrios, borracharias, depsitos de sucata, depsitos de materi-ais de construo, garagens de transportadoras, entre outros. Em mdia, representam 0,4%dos imveis existentes na localidade, ou um ponto estratgico para cada 250 imveis.

    9.3. Pesquisa em Armadilhas (PAr)

    Armadilhas de oviposio so depsitos com gua estrategicamente colocadosem localidades negativaslocalidades negativaslocalidades negativaslocalidades negativaslocalidades negativas para Aedes aegypti, com o objetivo de atrair as fmeas do vetorpara a postura dos ovos. As armadilhas so divididas em ovitrampas e larvitrampas.

    9.3.1. Ovitrampas

    So depsitos de plstico preto com capacidade de 500 ml, com gua e umapalheta de eucatex, onde sero depositados os ovos do mosquito. A inspeo das ovitrampas semanal, quando ento as palhetas sero encaminhadas para exames em laboratrio esubstitudas por outras.

    As ovitrampas constituem mtodo sensvel e econmico na deteco da presenade Aedes aegypti,,,,, principalmente quando a infestao baixa e quando os levantamentosde ndices larvrios so pouco produtivos. So especialmente teis na deteco precoce denovas infestaes em reas onde o mosquito foi eliminado.

    Devem ser distribudas na localidade na proporo mdia de uma armadilha paracada nove quarteires, ou uma para cada 225 imveis, o que representa trs ou quatro porzona.

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    9.3.2. Larvitrampas

    As larvitrampas so depsitos geralmente feitos de barro ou de pneus usados, dis-postos em locais considerados porta de entrada do vetor adulto, tais como portos fluviaisou martimos, aeroportos, terminais rodovirios, ferrovirios e terminais de carga, etc. Nodevem ser instaladas em locais onde existam outras opes para a desova do Aedes aegypti,como o caso dos pontos estratgicos.

    As larvitrampas devem ser instaladas a uma altura aproximada de 80 cm do soloem stios preferenciais para o vetor na fase adulta. A finalidade bsica a deteco precocede infestaes importadas.

    Cuidado especial deve ser tomado para que a gua das larvitrampas ocupe ape-nas 2/3 da capacidade da mesma, de modo a deixar uma superfcie interna da parededisponvel para a desova. Durante a inspeo, que rigorosamente semanal, deve serpriorizada inicialmente a captura de mosquitos adultos. Em seguida, faz-se a busca deovos, larvas, pupas e exvias em nmero mximo de dez.

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    Cada armadilha deve conter sigla de identificao do rgo responsvel pelainspeo, escrita em tinta branca na face externa do depsito, seguida do nmero de con-trole. A ficha de visita dever ser colocada em pequena tabuleta presa ao depsito ouprximo a ele.

    O responsvel pela inspeo deve dispor de listagem contendo todas as armadilhasinstaladas e de croquis da rea com a indicao dos locais onde elas se encontram.

    Sob nenhum pretexto deve ser ampliado ou interrompido o perodo semanal devisita s armadilhas, pois, nesse caso, qualquer armadilha abandonada ou visitada irregu-larmente passa a ser um excelente criadouro. Em caso de impedimento para a inspeo,elas devem ser recolhidas.

    Qualquer armadilha que resulte positiva para Aedes aegypti deve ser escovada eflambada para que possa ser reutilizada, ou eliminada, sendo ento substituda por outra.

    9.4. Pesquisa vetorial especial

    a procura eventual de Aedesaegypti em funo de denncia da sua presena emreas no infestadas e, no caso de suspeita de dengue ou febre amarela, em rea at entosem transmisso. No caso de denncia da presena do vetor, a pesquisa atividade com-plementar, no devendo interferir no trabalho de rotina de combate.

    a atividade que tambm pode ser realizada quando houver interesse de algumapesquisa entomolgica diferenciada.

    9.5. Servios complementares

    Nas grandes metrpoles infestadas pelo Aedes aegypti, existem situaes peculia-res que dificultam ou impossibilitam a inspeo de 100% dos depsitos pelos agentes darotina na fase de ataque (LI e tratamento). o caso dos depsitos suspensos de difcil acesso(calhas, caixas dgua, bromlias e outros vegetais que acumulam gua), edifcios em cons-truo, grandes ferros-velhos, terrenos baldios, etc.

    Considerando que numa campanha de erradicao no pode haver pendncia deimveis nem de depsitos, o trabalho nestes casos deve ser feito por equipes especiais, de

    preferncia motorizadas, e equipadas com escadas, cordas, faces, luvas, botas de canolongo, alm do material de rotina do agente.

    Os itinerrios das equipes de servios complementares sero feitos pelos supervisoresdas zonas. Estas equipes s devem atuar quando realmente o trabalho no poder ser feitopelos agentes da rotina.

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    10. Tratamento

    O combate ao Aedes aegypti pode ser feito tambm pela aplicao de produtosqumicos ou biolgicos, atravs do tratamento focal, tratamento perifocal e da aspersoaeroespacial de inseticidas em ultrabaixo-volume (UBV).

    10.1. Tratamento focal

    Consiste na aplicao de um produto larvicida nos depsitos positivosdepsitos positivosdepsitos positivosdepsitos positivosdepsitos positivos para formasimaturas de mosquitos, que no possam ser eliminados mecanicamente. No imvel comum ou mais depsitos com formas imaturas, todos os depsitos com gua que no pude-rem ser eliminados sero tratados. Em reas infestadas bem delimitadas, desprovidas defonte de abastecimento coletivo de gua, o tratamento focal deve atingir todos os depsitosde gua de consumo vulnerveis oviposio do vetor.

    Os larvicidas utilizado na rotina do PEAaPEAaPEAaPEAaPEAa so:

    TTTTTemephsemephsemephsemephsemephsgranulado a 1% (Abate, Larvin, Larvel e outros), que possui baixa toxicidade(empregado em dose incua para o homem, mas letal para as larvas).

    BacillusBacillusBacillusBacillusBacillusturinghiensisturinghiensisturinghiensisturinghiensisturinghiensisisraelensisisraelensisisraelensisisraelensisisraelensis (BTI)(BTI)(BTI)(BTI)(BTI) que um inseticida biolgico que poder serutilizado de maneira rotativa com o temephs, evitando o surgimento de resistncia daslarvas a estes produtos.

    MetopreneMetopreneMetopreneMetopreneMetoprene, substncia anloga ao hormnio juvenil dos insetos, que atua nas for-

    mas imaturas (larvas e pupas), impedindo o desenvolvimento dos mos