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1 VIGILANTES DA GESTÃO PÚBLICA CNPJ - 17.658.911/0001-03 Rua Pedro Ramires de Mello, 162, sala 201, Centro, CEP- 85.501-250 Fone (46) 3025-2955 - Pato Branco – PR. AO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE PATO BRANCO-PR EXCELENTÍSSIMA SENHORA SILVANA CARDOSO LOUREIRO 1ª PROMOTORIA PATO BRANCO PR Os Vigilantes da Gestão Pública, organização não governamental, com fins não econômicos, no exercício da cidadania, visando o controle social e o acompanhamento dos gastos públicos, prerrogativa prevista no artigo 5º, incisos XXXIII e XXXIV, 31 § 3º da Constituição Federal, através de seu Presidente, que a este subscreve, no exercício de suas atribuições legais e estatutárias, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, em face do que praticou AUGUSTINHO ZUCCHI, Prefeito Municipal de Pato Branco-PR, portador do RG nº 1.735.768-9 SSP-PR, e CPF nº 450.562.939-20, residente e domiciliado na Rua Aimoré, 312, nesta cidade, brasileiro, solteiro, também podendo ser localizado nas dependências da Prefeitura Municipal de Pato Branco-PR e VANDERLEI RIBEIRO DA SILVA, brasileiro, casado, contador, residente e domiciliado na cidade de Pato Branco-PR, na Rua Iguaçú, n.º 1243, Bairro Parzianello, CEP 85504-460, portador do CPFMF n.º 810.009259-20 e Carteira de Identidade Civil RG n.º 4.828.535-0, expedida pela SSP-PR, em razão dos fatos e motivos a seguir expostos: Como é de Vosso conhecimento a presente manifestação pauta-se no previsto pelo Estatuto Social desta entidade, em seu art. 2º, onde respectivamente disserta sobre seus objetivos: Contribuir, diretamente, para que haja maior transparência na gestão dos recursos públicos, de acordo com o previsto no artigo 5º, incisos XIV e XXXIV; no artigo 37, parágrafo 3º da Constituição Federal de 1988. Estimular a participação da sociedade civil organizada no processo de avaliação da gestão dos recursos públicos, visando defender e reivindicar a austeridade necessária na sua aplicação, dentro de princípios éticos com vistas à paz e à justiça social. Apresentar propostas para o desenvolvimento de projetos, atividades, estudos, que contemplem a promoção de

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a exigência constitucional do concurso público não pode ser afastada, eis que o próprio constituinte previu sanções de nulidade do ato e punição da autoridade responsável (art. 37, §2°, CF/88), incidindo o art. 11, V, da Lei n. 8.429/92, mais, eventualmente, o art. 10°, caput, do mesmo diploma, se ocorrente lesão material, gastos indevidos aos cofres públicos, sem prejuízo do art. 10, XII, da lei, na medida em que se proporciona o enriquecimento aos agentes que ingressaram no setor público pela ‘porta dos fundos’, em detrimento de outros que teriam, em tese, o direito de concorrer.

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AO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE PATO BRANCO-PR

EXCELENTÍSSIMA SENHORA SILVANA CARDOSO LOUREIRO 1ª PROMOTORIA PATO BRANCO – PR

Os Vigilantes da Gestão Pública, organização não governamental, com fins não econômicos, no exercício da cidadania, visando o controle social e o acompanhamento dos gastos públicos, prerrogativa prevista no artigo 5º, incisos XXXIII e XXXIV, 31 § 3º da Constituição Federal, através de seu Presidente, que a este subscreve, no exercício de suas atribuições legais e estatutárias, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, em face do que praticou AUGUSTINHO ZUCCHI, Prefeito Municipal de Pato Branco-PR, portador do RG nº 1.735.768-9 SSP-PR, e CPF nº 450.562.939-20, residente e domiciliado na Rua Aimoré, 312, nesta cidade, brasileiro, solteiro, também podendo ser localizado nas dependências da Prefeitura Municipal de Pato Branco-PR e VANDERLEI RIBEIRO DA SILVA, brasileiro, casado, contador, residente e domiciliado na cidade de Pato Branco-PR, na Rua Iguaçú, n.º 1243, Bairro Parzianello, CEP 85504-460, portador do CPFMF n.º 810.009259-20 e Carteira de Identidade Civil RG n.º 4.828.535-0, expedida pela SSP-PR, em razão dos fatos e motivos a seguir expostos:

Como é de Vosso conhecimento a presente manifestação pauta-se no previsto pelo Estatuto Social desta entidade, em seu art. 2º, onde respectivamente disserta sobre seus objetivos:

Contribuir, diretamente, para que haja maior transparência na gestão dos recursos públicos, de acordo com o previsto no artigo 5º, incisos XIV e XXXIV; no artigo 37, parágrafo 3º da Constituição Federal de 1988.

Estimular a participação da sociedade civil organizada no processo de avaliação da gestão dos recursos públicos, visando defender e reivindicar a austeridade necessária na sua aplicação, dentro de princípios éticos com vistas à paz e à justiça social.

Apresentar propostas para o desenvolvimento de projetos, atividades, estudos, que contemplem a promoção de

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mudanças fundamentais e essenciais no processo de gestão dos recursos públicos, principalmente nas áreas de saúde, educação, recursos humanos, licitações, gastos do poder legislativo e assistência social.

DOS FATOS No dia 19 de abril de 2013, a prefeitura municipal de Pato Branco, através de publicação no Diário Oficial do Paraná, fez divulgar o edital de Tomada de Preços 04/2013, com o objetivo de contratação de empresa para prestação de “serviços de assessoria e consultoria técnica incluindo as áreas financeiras, orçamentárias e patrimonial para atendimento as normas emitidas pelo TCE”. Escolheu, o Gestor Público, prefeito AUGUSTINHO ZUCCHI, como critério de julgamento das propostas o tipo “menor preço” para contratar o contador VANDERLEI RIBEIRO DA SILVA, na função de assessor técnico da Secretaria de Administração e Finanças do Município de Pato Branco, sem concurso público. Como é de conhecimento desta Promotoria, os Vigilantes da Gestão Pública, tem como um dos seus fundamentos operacionais o acompanhamento das compras públicas, em tempo real, a fim de orientar o Gestor na correta aplicação dos Recursos, razão pela qual, solicitou, ainda no mesmo dia da publicação do edital, através de oficio nº 013/2013, protocolado sob nº313951, cópias dos documentos para análise. Como tem sido costumeiro, o Prefeito AUGUSTINHO ZUCCHI, através de sua assessoria jurídica, respondeu no dia 22 de Abril, através do oficio 52/2013, que, em síntese, que se quiséssemos as cópias para analisar, deveríamos pagar pelas mesmas, impondo ao Controle Social, custos inadequados, já que o Portal da Transparência não contém os documentos em PDF como determina a Lei, impedindo, por imposição de despesas, a análise dos documentos e a provável orientação para sanar os erros e ilegalidades contidas, se for o caso. Pela negativa do fornecimento dos documentos, temos ingressado com a devida solicitação junto a esta Douta Promotoria, Guardiã da Coisa Pública, a fim de buscar guarida na Lei, para ver atendido um direito líquido e certo que é a transparência total dos atos públicos, no que aguardamos até hoje uma decisão do Ministério Público. Por outro lado, seguindo com nossa missão em verificar a correta aplicação dos tributos suados de todos os cidadãos, fez com que, em caráter especialíssimo solicitássemos novamente as cópias no dia 10 de setembro de 2013, para que agora, através de pagamento extraordinário, pudéssemos ter acesso aos documentos que compõe o processo administrativo de licitação e contratação da Empresa de Contabilidade, objeto desta petição. Fomos

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atendidos, no dia 16 de setembro, através do oficio da municipalidade sob nº158/2013, que, como de hábito cobrou pelas cópias e serviços ao valor de R$1,42 por cópia. DESRESPEITO A LEI 8.666/93 – LEI DE LICITAÇÕES Analisando o processo, detectamos diversas irregularidades que exporemos a seguir:

1. As páginas foram numeradas, mas não estão rubricadas conforme previsto em Lei 8.666/93.

Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: ... § 1

o O original do edital deverá ser datado, rubricado em todas

as folhas e assinado pela autoridade que o expedir, permanecendo no processo de licitação, e dele extraindo-se cópias integrais ou resumidas, para sua divulgação e fornecimento aos interessados.

2. Na folha 000009 consta orçamento de serviço no valor de R$5.000,00, assinado por empresa de contabilidade KLEIN CONTADORES ASSOCIADOS LTDA. Da cidade de Coronel Vivida-PR, sito a rua da Liberdade 305, com CNPJ sob nº10564427/0001-76, que chama a atenção, pois em Pato Branco existem dezenas de Escritórios de Contabilidade, muitos de grande porte. Seria este escritório altamente especializado em contabilidade pública? Ao nosso ver merece investigação.

3. Na folha 000010, consta orçamento de serviços no valor de R$4.500,00, assinado por empresa de contabilidade POLLI CONTADORES ASSOCIADOS LTDA. Da cidade de Pato Branco, sito a Rua Itacolomi, 252 – La Salle, com assinatura por procuração de DAIANA MICHELE BETT WOLKER, de propriedade do contador e funcionário público, professor da UTFPR, VANILTON POLLI, escritório que tem sua origem em Coronel Vivida-PR.

4. As folhas 000011, consta orçamento de serviços contábeis no valor de R$4.500,00, assinado por empresa de contabilidade In Public – Assessoria Contábil Ltda., CNPJ 14.702.326/0001-75, com endereço na rua Iguaçú, nº1243, bairro Parzianello – Pato Branco-PR, representada pelo sócio gerente, contador VANDERLEI RIBEIRO DA SILVA. (Este

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contador exerce assessoria contábil para a AMSOP – Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná), vejamos matéria jornalística:

“O presidente da Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (AMSOP), Rogério Benin, acompanhado do conselheiro fiscal da AMSOP, Beto Arizzi, e do assessor contábil da entidade, Vanderlei Ribeiro da Silva, participou de um encontro de prefeitos do estado, promovido pela Associação dos Municípios do Paraná (AMP) com o presidente do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, o conselheiro Artagão de Mattos Leão, para solicitar a ampliação dos prazos de envio da prestação de contas dos municípios.” http://www.portalrbj.com.br/noticia.php?id=11585

5. Em visita ao endereço da IN PUBLIC – ASSESSORIA CONTÁBIL LTDA., o Vigilantes da Gestão Pública constatou que onde deveria existir um escritório, é na verdade a residência de VANDERLEI RIBEIRO DA SILVA, proprietário e titular da empresa em tela, não há equipe, estrutura operacional, sendo que o próprio VANDERLEI RIBEIRO DA SILVA, informou que:

“não possui nenhuma estrutura técnica de retaguarda, e que não detém nenhuma especialização na área de contabilidade pública, sendo que o que o faz exercer o trabalho é que teve a oportunidade de trabalhar em uma pequena prefeitura e aprendeu como se faz”.

6. Ao ser perguntado sobre sua formação e a possibilidade de

ele possuir a qualificação de “notório saber”, perguntou:

“Como faço para ser notório saber”.

- Será que este profissional conhece mais de contabilidade pública que a equipe da prefeitura de Pato Branco, um município bem maior e mais estruturado que a maioria dos municípios brasileiros?

7. Na folha 000013, apresenta minuta do edital, com a

numeração adulterada, feita a caneta, quando outras são de carimbo e outras com visto, demonstrando indícios fortíssimos de adulteração e montagem do processo, ferindo a Lei 8.666/93.

8. Na folha 000027, apresenta minuta do modelo de proposta

de preços, novamente feito a numeração adulterada com caneta, fugindo ao que preceitua a Lei de licitações 8.666/93, em seu artigo 40.

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9. Nas folhas 000028 e 000029 apresenta-se o parecer

nº196/2013, da procuradoria geral, este sim com numeração original, e rubricada, o que deixa a pergunta: Foi feito montagem no processo a posteriori? Consta do parecer, assinado pela assessora Jurídica do Município, Michelli Marcante:

“Da mesma forma, correta a eleição da modalidade licitatória para contratação de serviços técnicos especializados” (grifos nossos).

É de se notar que aqui, a Procuradoria do Município qualifica o serviço como “serviços técnicos especializados”, logo, pergunta-se: Se o Município de Pato Branco necessitava de serviços especializados, porque optou por contratar por “menor preço”, abrindo oportunidade para que qualquer profissional de contabilidade apresentasse proposta? E mais, porque buscou fazer juntada de orçamentos de pequenos escritórios de contabilidade? Haveria certeza que não se apresentariam outros interessados? Não importava, ao Gestor, que tipo de serviço se candidataria, por se tratar de necessidade normal, ordinária e corriqueira, que pode ser suprida com a contratação de um contador qualquer? Como qualificar o prestador, se não através da técnica? Pois, eis que o Gestor contratou profissional sem qualificação especializada, pois não basta saber mais que alguém para ser especializado: Os serviços de contabilidade da Prefeitura Municipal de Pato Branco não podem ser tidos como “serviços de natureza singular, especial ou extraordinário”, como de fato não é, daí o parecer da Procuradoria estar totalmente equivocado e, portanto, fica patente que a escolha do tipo “menor preço” se deu porque o que a Prefeitura precisa é de mais um contador, que deveria ser suprido por Concurso Público, respeitando o principio da impessoalidade e da isonomia no serviço público, como exige a lei e a Constituição Federal, nunca através de contratação terceirizada de Atividade Fim do ente público.

Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a: I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos; II - pareceres, perícias e avaliações em geral; III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994). IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;

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VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico. ... § 1

o Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação,

os contratos para a prestação de serviços técnicos profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com estipulação prévia de prêmio ou remuneração. (8.666/93, grifos nossos)

Ora, a Lei é clara e totalmente objetiva: Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, do resto é Concurso Público, portanto, se o Gestor não arrazoou o processo para “notório saber”, não há o que discutir, é contratação de atividade fim, sem a realização de Concurso Público, afronta total aos ditames legais.

10. Nas folhas 000035 a 000042, encontra-se o edital sem rubrica, sem assinatura do responsável pelas compras, ferindo novamente o que determina a Lei de Licitações, 8.666/93, em seu artigo 40.

Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: ... § 1

o O original do edital deverá ser datado, rubricado em

todas as folhas e assinado pela autoridade que o expedir, permanecendo no processo de licitação, e dele extraindo-se cópias integrais ou resumidas, para sua divulgação e fornecimento aos interessados.

11. Nas folhas 000063, consta a ata de sessão de recebimento e abertura de envelopes de habilitação, realizada aos 09 dias do mês de maio de 2013, às nove horas e quinze minutos, quando somente a IN PUBLIC – ASSESSORIA CONTÁBIL LTDA. se apresentou com habilitação e proposta. Estranhamente as demais empresas que apresentaram orçamento não apresentaram proposta para concorrer na prestação do serviço.

Pergunta: Porque estas empresas foram as únicas consultadas? Porque duas delas oriundas de Coronel Vivida-PR? Porque todas as empresas de contabilidade de Pato Branco não foram consultadas?

DELIBERAÇÕES DO TCU Dê fiel cumprimento ao art. 7º, § 2º, II da Lei 8.666/1993 e fazer constar o custo unitário dos itens da planilha que servir de base para cotação de preços. Acórdão 583/2005 Segunda Câmara

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Realize pesquisa de preços como forma de cumprir a determinação contida no art. 43, inciso IV, da Lei de Licitações, fazendo constar formalmente dos documentos dos certames a informação sobre a equivalência dos preços. Acórdão 301/2005 Plenário Realize pesquisa de preço para verificação das propostas apresentadas com os preços de mercado, conforme determina o art. 43, inciso IV da Lei nº 8.666/1993. Acórdão 1544/2004 Segunda Câmara Anexe aos processos de licitação a impressão da relação de preços praticados para o bem pretendido, extraída do módulo gerencial de COMPRASNET/SIASG-CONSULTA PREÇOS PRATICADOS, de modo a atender o que determina o art. 2º parágrafo único da IN/SEDAP n° 04/99 c/c os artigos 15, inciso V e 43 inciso IV da Lei 8.666/1993. Acórdão 1272/2004 Primeira Câmara Realização de ampla pesquisa de preços no mercado, a fim de estimar o custo do objeto a ser adquirido, definir os recursos orçamentários suficientes para a cobertura das despesas contratuais e servir de balizamento para a análise das propostas dos licitantes, em harmonia com os arts. 7º, § 2º, inciso III, e 43, incisos IV e V, todos da Lei 8.666/1993. Acórdão 1182/2004 Plenário Promova pesquisa preliminar de preços que permita estimar a despesa a ser realizada, nos processos de dispensa de licitação e nos convites, observando o que determina o art. 15 c/c o art. 43, iv, da Lei 8.666/1993. Acórdão 1006/2004 Primeira Câmara Elabore orçamento com vistas à estimativa de custos do objeto licitado, prévio à fase externa da licitação, estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários, elemento integrante do edital, conforme exigido no art. 40, § 2º, inciso II, e 43, inciso IV, da Lei nº 8.666/1993. Acórdão 861/2004 Segunda Câmara

A Lei determina que o preço deve ser determinado por “ampla pesquisa de mercado” e com um e-mail poderia consultar todas as empresas de contabilidade da sede do contratante. Mas não foi isto que ocorreu. Apenas foram juntados dois orçamentos de escritórios, e o que foi contratado. A não ser que fique provado que somente estas três empresas detém conhecimento específico sobre contabilidade pública municipal.

12. Nas folhas 000064 e 000065, consta a proposta de preços,

da IN PUBLIC - ASSESSORIA CONTÁBIL LTDA., com o valor mensal de R$4.530,00 (quatro mil quinhentos e trinta reais), mensais, e valor total de R$54.360,00 (cinquenta e quatro mil, trezentos e sessenta reais). Interessante ver que

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na oportunidade em que a referida empresa foi consultada sobre preço, ela forneceu um orçamento no valor de R$4.500,00(folha 000011), agora, na hora de apresentar a proposta de preço, aumentou o valor.

13. Na folha 000066, consta a ata de Sessão Pública de abertura

e julgamento de proposta de preços, exatamente 30 minutos após o recebimento da única proposta, dando como vencedor a única empresa que concorreu, ou seja, A IN PUBLIC – ASSESSORIA CONTÁBIL LTDA. Exatamente pelo preço que apresentou, sem concorrentes, sem reparos. A página, como a maioria do processo encontra-se sem rubrica e sem a numeração original.

14. Nas folhas 000067 e 000068, estas sim devidamente rubricas e numeradas a caneta, encontra-se o parecer sob nº259/2013, da Procuradoria Jurídica do Município de Pato Branco, devidamente assinada pela assessora jurídica, advogada Michelli Marcante, diz o parecer:

... “Do resultado final, os participantes não demonstraram interesse em recurso, nos termos do inciso XVIII, do artigo 4º, da Lei nº10.520/02, estando o procedimento hábil a ser homologado.” (grifos nosso)

É de salientar que o parecer jurídico, parece, não cuidou de estudar os autos do processo de compra, pois a Lei a que se refere o parecer é a Lei nº 10.520/02, que trata da MODALIDADE PREGÃO, para a compra de “serviços comuns”:

“Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.” LEI N

o 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002.

Enquanto que, neste caso, todo o processo se deu em compra pela modalidade Tomada de Preço – Menor Preço, regido pela Lei 8.666/93.

15. Na folha 000069, agora novamente rubricadas e carimbadas, consta a adjudicação e homologação exarada pelo gestor, prefeito municipal AUGUSTINHO ZUCCHI, aos 14 dias de maio de 2013, contratando para exercer a função de assessor contábil, contador VANDERLEI RIBEIRO DA SILVA, através de terceirização para a empresa IN PUBLIC - ASSESSORIA CONTÁBIL LTDA.

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16. Na folha 000077, encontramos requisição de compra, datada do dia 21 de março de 2013, muito antes do processo de compra, mas com numeração a posteriori, o que aduz a possibilidade de “montagem atemporal” do processo de compra com um amontoado de peças aleatórias e irregulares. Importante salientar que esta requisição de compra não contém assinatura das autoridades municipais, Prefeito Municipal AUGUSTINHO ZUCCHI, secretário de Administração e Finanças, WANDERLEI JOSÉ CRESTANI, e FERNANDA CODATO, diretora de Compras, conforme determina a Lei 9.666/93.

Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente: I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso; II - comprovante das publicações do edital resumido, na forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite; III - ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite; IV - original das propostas e dos documentos que as instruírem; V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora; VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade; VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua homologação; VIII - recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e respectivas manifestações e decisões; IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação, quando for o caso, fundamentado circunstanciadamente; X - termo de contrato ou instrumento equivalente, conforme o caso; XI - outros comprovantes de publicações; XII - demais documentos relativos à licitação. Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994).

17. Após detida análise constatamos que o Prefeito de Pato Branco, AUGUSTINHO ZUCCHI, optou pela contratação de contador sem a realização de concurso público, atividade-fim, através de licitação ilegal, contrariando dispositivos da Lei n.º 8.666/93, se não vejamos:

ATIVIDADE-FIM E ATIVIDADE-MEIO NO SERVIÇO PÚBLICO

18. As expressões atividade-fim e atividade-meio foram concebidas no âmbito do Direito do Trabalho para distinguir as atividades diretamente relacionadas às finalidades

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institucionais da empresa, seu objeto social, daquelas que lhes fossem instrumentais, acessórias, auxiliares à sua persecução. Entretanto, tendo em vista a modernização do aparato administrativo, sobretudo após o advento da Reforma Administrativa do Estado, tais conceitos passaram a ser afetos à Administração Pública, que agora atribui a particulares suas atividades-meio, com vistas a reduzir a máquina estatal e imprimir-lhe maior eficiência — a chamada política de downsizing, especialmente através da terceirização.

19. A terceirização — conceito também oriundo da seara

privada, embora, por vezes, utilizado na sua acepção ampliada a designar todo e qualquer serviço público delegado pela Administração ao particular — trata-se, na verdade, da locação de mão de obra ou a contratação de pessoal por interposta pessoa.

20. Os entes federativos têm suas competências materiais

estabelecidas na Constituição da República, as quais, infraconstitucionalmente, são cometidas a órgãos, entes e cargos que compõem a Administração Pública, podendo, assim, ser entendidas como finalidades institucionais dos entes que as detêm, denominadas, portanto, atividades-fim, atos jurídicos ou de império, que consubstanciam manifestação do poder estatal, sob inafastável regime jurídico administrativo.

21. Tais competências (atividades-fim) podem ser classificadas,

segundo lição de Hely Lopes Meirelles, como serviços públicos próprios ou impróprios. Enquanto aqueles consubstanciam atividades típicas de Estado, e, por isso, absolutamente indelegáveis (ex.: poder de polícia, definição de políticas públicas, etc.); estes caracterizam serviços de interesse comum, que, embora relevantes, podem ser prestados diretamente pelo Estado, ou, indiretamente, mediante concessão, permissão ou autorização (ex.: serviços de telecomunicações, energia elétrica, transporte, etc.), mas não por meio de terceirização. Tal registro é relevante, visto que o regime jurídico que prepondera na atuação de concessionários e permissionários é substancialmente diverso daquele que impera na atuação daqueles terceirizados.

22. Efetivamente, a contratação indireta de pessoal, por meio

de empresa particular, para o desempenho de atividades inerentes à Categoria Funcional, abrangida pelo Plano de Classificação e Retribuição de Cargos do Serviço da

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Municipalidade, configura procedimento atentatório a preceito constitucional que impõe a aprovação prévia em concurso público para a investidura em cargo ou emprego público.

23. Por exemplo, Maria Sylvia Sanella di Pietro cita dispositivo

contido na Lei de Diretrizes Orçamentárias da União (Lei n. 11.768/08, art. 89), que, em interpretação autêntica do § 1° do art. 18 da LRF, evidencia, em seu parágrafo único, o que o legislador federal entende por atividade-meio e os requisitos que devem ser observados para que a terceirização seja considerada lícita (e não se caracterize como substituição de servidores públicos, ou seja, burla ao princípio do concurso público):

Art. 89. O disposto no § 1° do art. 18 da Lei Complementar n. 101, de 2000, aplica-se exclusivamente para fins de cálculo do limite da despesa total com pessoal, independentemente da legalidade ou validade dos contratos. Parágrafo único. Não se considera como substituição de servidores e empregados públicos, para efeito do caput deste artigo, os contratos de serviços de terceiros relativos a atividades que, simultaneamente: I — sejam acessórias, instrumentais ou complementares às atribuições legais do órgão ou entidade, na forma prevista em regulamento; II — não sejam inerentes a categorias funcionais abrangidas pelo quadro de pessoal do órgão ou entidade, salvo expressa disposição legal em contrário, ou sejam relativas a cargo ou categoria extintos, total ou parcialmente; III — não caracterizem relação direta de emprego.

24. Embora o dispositivo supratranscrito seja constante de lei de caráter federal (e não nacional) e, portanto, não seja de observância obrigatória para os demais entes da federação, não deixa de ser uma relevante orientação, na medida em que consubstancia uma interpretação autêntica do tema, especialmente no que se refere ao teor do art. 18, § 1°, da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Ou seja:

— atividades-fim são aquelas constitucionalmente atribuídas aos poderes constituídos e legalmente distribuídas e cometidas a cargos existentes na estrutura de seus entes, impassíveis, portanto, de atribuição a particulares (salvo aquelas delegáveis, nos termos das Leis n. 8.666/93 e 8.987/95); — atividades-meio são aquelas instrumentais, acessórias, concebidas e perpetradas única e exclusivamente para concretizar as finalidades institucionais do ente — atividades-fim.

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25. Importante ressaltar que o ordenamento jurídico pátrio adota o entendimento de que as atividades finalísticas da Administração Pública devem ser desempenhadas por servidores do quadro de pessoal do ente. Assim, a contratação de pessoal sem a observância da exigência constitucional do concurso público nesses casos, fere não somente o princípio da isonomia, como afronta também o princípio constitucional da moralidade administrativa.

26. Nesse sentido, no julgamento da Ação Direta de

Inconstitucionalidade (ADI) n.2.238/2000 (medida cautelar) que afastou a inconstitucionalidade do § 1° do art. 18 e de outros dispositivos da LRF, o excelso pretório ressaltou que a referida norma:

(...) visa a evitar que a terceirização de mão de obra venha a ser utilizada com o fim de ladear o limite de gasto com pessoal. Tem, ainda, o mérito de erguer um dique à contratação indiscriminada de prestadores de serviço, valorizando o servidor público e o concurso. (ADI n. 2238/00, etc.)

27. O jurista Kiyoshi Harada corrobora com tal entendimento, asseverando que o dispositivo em comento, a despeito de sua impropriedade redacional,

...cumpre a sua importante missão de promover o enxugamento das despesas de pessoal, neutralizando os efeitos danosos de uma velha prática arraigada no seio da Administração Pública em geral, consistente na burla ao princípio do concurso público.

28. Desse modo, a correta interpretação desse dispositivo visa a coibir a prática corrente nas administrações públicas brasileiras de terceirizar indiscriminadamente suas atividades, imaginando que com isso poderiam se desonerar dos limites estabelecidos para os gastos com pessoal, bem como furtar-se ao cumprimento do rito da exigência do concurso público, exigido pela Constituição da República.

29. Nesses termos, em linhas gerais, terceirizar para

desempenhar atividades afetas aos servidores públicos torna essa terceirização indevida de sorte a obrigar as despesas geradas a serem computadas no gasto de pessoal do ente, elevando o percentual.

30. Entretanto, a efetiva abrangência desse comando requer

considerações adicionais com o objetivo de se delimitar efetivamente, quais são os efetivos contornos dessa terceirização indevida a ensejar, como consequência punitiva, para efeitos da LRF, sua contabilização como

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despesa com pessoal, bem como possíveis responsabilizações de outras ordens.

31. Em suma, para o administrador, fica claro: para além da

possibilidade de ser responsabilizado em diferentes esferas jurídicas, administrativas, trabalhistas e civis, cada qual com sua disciplina própria, a terceirização ilícita tem como reflexo direto o aumento nos percentuais de gasto com pessoal do ente federativo. Em síntese, a ilicitude da contratação não elide sua contabilização na rubrica de pessoal, para efeito do disposto na LRF, como poderia parecer.

32. Isto colocado, para o esclarecimento do correto alcance do

comando insculpido no § 1° do art. 18 da LRF, é importante trazer à colação, entendimento da STN, na sua íntegra, assim explicitado, verbis:

A LRF não faz referência a toda terceirização, mas apenas àquela que se relaciona à substituição de servidor ou empregado público. Assim, não são consideradas no bojo das despesas com pessoal as terceirizações que se destinem à execução indireta de atividades que, simultaneamente: a) sejam acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que constituem área de competência legal do órgão ou entidade (atividades-meio), na forma de regulamento, tais como: conservação, limpeza, segurança, vigilância, transportes, informática — quando esta não for atividade-fim do órgão ou entidade — copeiragem, recepção, reprografia, telecomunicações e manutenção de prédios, equipamentos e instalações; b) não sejam inerentes a categorias funcionais abrangidas por plano de cargos do quadro de pessoal do órgão ou entidade, salvo expressa disposição legal em contrário, ou seja relativas a cargo ou categoria extintos, total ou parcialmente; e c) não caracterizem relação direta de emprego, como, por exemplo, estagiários. (...) Se o ente, indevidamente, realizar contrato de prestação de serviços para substituir a execução direta, fica caracterizada a terceirização que substitui servidor ou empregado público e a despesa com pessoal deve ser registrada na linha Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contratos de Terceirização (§ 1° do art. 18 da LRF). Se o regime de prestação de serviço for de concessão ou permissão, a concessionária ou permissionária arcará com as despesas com pessoal, que não integrarão a despesa com pessoal do ente.

33. Em resumo, valiosa é a doutrina de Luciano Ferraz, em que

traça um revelador panorama da correta dicção do dispositivo ao aduzir que, verbis:

— os contratos de terceirização de atividades-meio, quando concernentes a atividades sem correspondência no plano de

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cargos do órgão ou entidade, estão, em regra, excluídos do percentual de gastos; se houver correspondência, a lei determina o cômputo; — os valores relativos aos contratos de terceirização de atividades-fim, conquanto inconstitucionais, (...) incluem-se no percentual limite dos gastos de pessoal — esta é a única explicação para que o legislador determine o somatório dos respectivos contratos, independemente de sua validade. — os valores dos contratos de terceirização de atividades-meio, desde que concernentes a atividade inerentes à categoria do órgão ou entidade contratante, devem ser incluídos no percentual, salvo se os cargos ou empregos tiverem sido extintos total ou parcialmente.

34. Por fim, com respaldo nos ensinamentos do administrativista

mineiro e de Jacoby Fernandes, importante enfatizar que a correta condução do processo de terceirização de atividades deve levar em conta as atividades definidas como específicas no quadro de pessoal de cada ente ou órgão, em obediência ao princípio da legalidade. Isso por que, de fato, no âmbito da Administração Pública, uma atividade, ainda que de natureza nitidamente acessória, que tenha suas atribuições elencadas na lei que instituiu o quadro de pessoal da entidade ou órgão, não pode ser preenchida, licitamente, mediante terceirização.

35. Cumpre salientar, por pertinente ao tema em análise, que a

prática voltada a burlar a exigência constitucional do concurso público para o provimento dos cargos inerentes à Administração Pública, constitui hipótese de ato de improbidade administrativa, sujeitando o gestor ou ordenador de despesas responsável às iras da Lei n. 8.429/92. Nesse caminho, Fábio Medina Osório leciona que:

...a exigência constitucional do concurso público não pode ser afastada, eis que o próprio constituinte previu sanções de nulidade do ato e punição da autoridade responsável (art. 37, §2°, CF/88), incidindo o art. 11, V, da Lei n. 8.429/92, mais, eventualmente, o art. 10°, caput, do mesmo diploma, se ocorrente lesão material, gastos indevidos aos cofres públicos, sem prejuízo do art. 10, XII, da lei, na medida em que se proporciona o enriquecimento aos agentes que ingressaram no setor público pela ‘porta dos fundos’, em detrimento de outros que teriam, em tese, o direito de concorrer.

36. Por todo o exposto, acerca do entendimento a ser dado ao §

1° do art. 18 da Lei de Responsabilidade Fiscal, por entender que:

— integram os gastos com pessoal, para os fins da CR/88 e da LRF, as despesas com terceirização de mão de obra para o exercício de atividades que se destinam à substituição de

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servidores, a despeito de tais contratações serem ilícitas, sem prejuízo das demais searas de responsabilidade (civil, trabalhista, penal etc.)

Da vedação à terceirização da atividade-fim

37. Como vimos, a terceirização da atividade-fim é incompatível com a Administração Pública. Ao afirmar isto, não se está dizendo que atribuições como de manutenção de veículos, funções de suporte, como limpeza, segurança patrimonial, etc., não sejam passíveis deste tipo de contratação. O são. Apenas as atribuições finalísticas necessariamente devem ficar nas mãos do pessoal próprio da entidade. Por exemplo, é inconcebível contratar-se, via licitação, empresa para exercer "prestação de serviços jurisdicionais". Entrementes, nada obsta que o serviço de limpeza da Prefeitura Municipal seja atribuído à iniciativa privada, posto que esta é uma atividade-meio, auxiliar.

38. A Justiça do Trabalho possui entendimento pacífico pela

licitude de terceirização de atividades secundárias, o que jamais atinge serviços próprios da entidade principal, algo válido tanto para a Administração como entre particulares. Veja-se trecho do Enunciado n. 331 do TST:

"[...] Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei 7.102, de 20.06.83), de conservação e limpeza, bem como a dos serviços especializados ligados à atividade meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta".

39. Já o Tribunal de Contas da União entende que "a

terceirização é legítima desde que não implique a execução de atividades inerentes aos quadros próprios dessas entidades" [1465-40/02-P e 1471-40/02-P]. Por exemplo, no tocante aos técnicos bancários da Caixa Econômica Federal há precedentes específicos. Cito o seguinte:

Representação formulada pelo Ministério Público Federal. Possíveis irregularidades praticadas no âmbito da CEF. Contratação de mão-de-obra terceirizada para execução de atividades consideradas de atividade-fim. Realização de inspeção. Constatação do cumprimento, pela CEF, do termo de conciliação firmado perante o juiz do trabalho. Conhecimento. Informação. Determinação. Acórdão 17/2004 – Plenário.

Consta do voto do relator:

[...] 14. As contratações realizadas pela Caixa Econômica Federal ao nosso ver, são ilegais, vez que ferem princípios

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legais e constitucionais (Art. 37, inciso II). Sobre o tema esta Corte de Contas firmou entendimento de que "a terceirização é legítima desde que não implique a execução de atividades inerentes aos quadros próprios dessas entidades" (1465-40/02-P e 1471-40/02-P). 15. Abaixo estão elencadas as atribuições do cargo de Técnico Bancário, nível médio da Caixa Econômica Federal, conforme Plano de Cargos e Salários aprovado em Resolução de Diretoria, em 31/10/2000 (fls. 01/120 do Anexo 2, TC 008.906/2002-6), para efeito de comparação com as tarefas descritas no Contrato (item 4.2.) celebrado entre a Caixa e as empresas prestadoras de serviços. [...] 16. Vê-se que grande parte das atividades descritas, embora estejam com redação diferente, são semelhantes, contrariando o entendimento constante do Enunciado 331, inciso III, do TST, bem como a orientação do próprio TCU. 17. Esta Corte, em casos semelhantes, tem determinado: 17.1. a cessação da utilização de mão-de-obra terceirizada para os cargos inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo Plano de Cargos, face a inobservância do disposto no art. 37, inciso II da Constituição Federal: e 17.2. a substituição dos funcionários contratados por empresas terceirizadas por empregados devidamente selecionado por certame público (DC-1465-40/02-P e 1471-40/02-P). 18. Nos casos aqui tratados (TCs. 014.100/2001-6 e 008.906/2002-6), percebe-se que a contratação das prestadoras de serviços foi irregular, vez que não foram observadas as orientações emanadas deste Tribunal nem o Enunciado 331, inciso III, do TST, verbis: ... III) - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei 7.102, de 20.06.83), de conservação e limpeza, bem como a dos serviços especializados ligados à atividade meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta; 19. Compreende-se que a terceirização só é legal se ausentes a pessoalidade, a subordinação direta e se se tratar de serviços ligados à atividade meio do tomador. Ora, no caso em exame as tarefas são da atividade fim; a pessoalidade se verifica à medida em que os serviços são prestados sempre pelos mesmos trabalhadores, cada um, com sua rotina específica e, por fim, a subordinação em que os contratados estão sujeitos a uma jornada de trabalho e às determinações dos funcionários da Caixa que são responsáveis pelos postos de serviços. 20. Tanto é irregular a contratação que a Justiça do Trabalho, por meio da E. 4ª Turma do TRT-15ª Região, em votação

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unânime, reconheceu a ilicitude da referida contratação e a Caixa Econômica, em audiência, preferiu abrir mão do direito de Recurso para fazer acordo com a Justiça do Trabalho. Reconhecimento claro do caráter ilegal da contratação. [...]

40. No âmbito federal, embora o Decreto-Lei nº 200/67, preveja a

terceirização como algo a ser incentivado, o Decreto nº. 2.271/97, que dispõe sobre a contratação de serviços pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional e dá outras providências possui regulamentação bastante detalhada:

Art . 1º No âmbito da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional poderão ser objeto de execução indireta as atividades materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que constituem área de competência legal do órgão ou entidade. § 1º As atividades de conservação, limpeza, segurança, vigilância, transportes, informática, copeiragem, recepção, reprografia, telecomunicações e manutenção de prédios, equipamentos e instalações serão, de preferência, objeto de execução indireta.

§ 2º Não poderão ser objeto de execução indireta as atividades inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou entidade, salvo expressa disposição legal em contrário ou quando se tratar de cargo extinto, total ou parcialmente, no âmbito do quadro geral de pessoal. (grifos nossos)

41. Como se vê, não há justificativa jurídica para a contratação

de terceirizados para atribuições típicas e finalísticas da Administração. A rigor, os contratos são nulos por contrariedade ao art. 37, I e II da CRFB, configurando, em tese, ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA [art. 11 da Lei 8.429/92].

A TERCEIRIZAÇÃO DOS SERVIÇOS TÉCNICO CONTÁBIL

42. O serviço técnico profissional pode ser especializado ou generalizado. Aquele corresponde ao profissional que "aprofundou-se nos estudos, no exercício da profissão, na pesquisa científica, ou através de cursos de pós-graduação ou de estágios de aperfeiçoamento". Já o generalizado corresponde àquele profissional que, muito embora domine os conhecimentos de seu ramo do saber, não detém o "algo mais" exigido para ser tido como de notória especialização.

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43. Nem todo serviço especializado é hipótese de inexigibilidade licitatória. Se assim o fosse, seria dispensável a referência na primeira parte do § 1º do art. 13 da Lei 8.666/93. A inviabilidade de competição apta a sustentar a inexigibilidade licitatória, em serviços jurídicos, tem lugar, por exemplo, na contratação de um renomado doutrinador para feitura de um parecer, ou para promover uma sustentação oral ou uma defesa num específico caso.

44. Entretanto, seguramente não há como comparar um caso especial desta natureza com uma operação massificada em feitos ordinários, sem sequer se ter descrito qualquer hipótese de excepcional complexidade apta a exigir um profissional técnico especializado, ainda mais quando se sabe que é rotina da Administração ser demandada e necessitar de serviços contábeis permanentemente. Note-se que o art. 25, §1º da Lei 8.666/93, ao definir notória especialização, é bastante exigente:

Art. 25. [...] [...] § 1º Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

É o magistério do TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO especificamente sobre a prestação de serviços advocatícios à Administração Pública, mas que se aplica de forma plena ao caso aos serviços contábeis:

[...] sobre a contratação de advogado, por entidade com órgãos públicos que contém com quadro próprio de profissionais do Direito: 1º. A circunstância de entidade pública ou órgão governamental contar com quadro próprio de advogados não constitui impedimento legal para contratar advogado particular para prestar-lhe serviços específicos, desde que a natureza e as características de singularidade e de complexidade desses serviços sejam de tal ordem que se evidencie que não poderão ser normalmente executadas pelos profissionais de seus próprios queres, justificando-se, portanto, a contratação de pessoa cujo nível de especialização a recomende para a causa; 2º. O exame da oportunidade e da conveniência de efetuar tal contratação compete ao administrador, a quem cabe analisar e decidir, diante da situação concreta de cada caso, se deve promover a confrontação de profissional cujos conhecimentos,

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renome ou grau de especialização sejam essenciais para a defesa do interesse público que se lhe cabe resguardar, e que não encontrem paralelo entre os advogados do quadro de pessoal da entidade sob sua responsabilidade; 3º. A contratando deve ser feita entre advogados pré-qualificados como os mais aptos a prestar os serviços especializados que se pretende obter; 4º. A contratação deve ser celebrada estritamente para prestação de serviço específico e singular, não se justificando portanto firmar contratos de espécie visando a prestação de tais serviços de forma continuada.

45. É comum dispensar-se a licitação para contratação de serviços Técnicos Especializados, lançando-se mão de uma pré-qualificação dos interessados [art. 114 da Lei 8.666/93].

Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a ser procedida sempre que o objeto da licitação recomende análise mais detida da qualificação técnica dos interessados. § 1

o A adoção do procedimento de pré-qualificação será feita

mediante proposta da autoridade competente, aprovada pela imediatamente superior. § 2

o Na pré-qualificação serão observadas as exigências desta

Lei relativas à concorrência, à convocação dos interessados, ao procedimento e à analise da documentação. Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir normas relativas aos procedimentos operacionais a serem observados na execução das licitações, no âmbito de sua competência, observadas as disposições desta Lei. Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo, após aprovação da autoridade competente, deverão ser publicadas na imprensa oficial. (Lei 8.666/93 - grifo nosso)

46. Porém, tal costume esbarra em orientação do Tribunal de Contas da União, que exige a feitura de procedimento competitivo. Veja-se o seguinte fragmento:

Percebe-se, das considerações acima aduzidas, que a jurisprudência do Tribunal vem consolidar a tese já consignada no Estatuto das Licitações e Contratos de que serviços profissionais podem ser contratados, sem prévio procedimento licitatório, se o forem com profissionais de notória especialização e desde que se qualifiquem como de natureza singular e não serviços rotineiros...

47. Em sentido semelhante, num julgado envolvendo o Banco do Brasil e contratação de serviços advocatícios: TC-022.225/92-7, julgado em 02.06.93. Há outros precedentes. No processo nº. 275.035/94-8, 1ª Câmara, reafirmou-se a necessidade de licitação para contratação de advogado, salvo para execução de objetos singulares. No âmbito do

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Judiciário, encontram-se precedentes contra a contratação de advogados sem licitação.

Vejamos:

RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. SUPERINTENDÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO DOS PORTOS DE PARANAGUÁ E ANTONINA (APPA). CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO SEM LICITAÇÃO. PRÉVIA AUTORIZAÇÃO GOVERNAMENTAL. INEXISTÊNCIA. 1. Direito líquido e certo é o que se manifesta de plano, através de prova pré-constituída repelindo a dilação probatória. 2. Ato governamental posterior não constitui prévia autorização à contratação de advogado sem a necessária licitação. 3. Por outro lado, não convencem os argumentos expendidos pelo recorrente quanto à singularidade dos serviços profissionais a serem executados, nem que não pudessem ser atendidos pelos integrantes do serviço jurídico da APPA. 4. Recurso ordinário improvido. [RMS 5532/PR, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/12/2000, DJ 23/04/2001 p. 123] De mais a mais, a justificativa da inexigibilidade licitatória deve ser provada concretamente, consoante entendimento antigo do TCU, anterior à própria Lei 8.666/93. Eis o texto da Súmula 39 daquela Corte de Contas: Súmula 39. A dispensa de licitação para a contratação de serviços com profissionais ou firmas de notória especialização, de acordo com alínea "d" do art. 126, § 2º, do Decreto-lei 200, de 25/02/67, só tem lugar quando se trate de serviço inédito ou incomum, capaz de exigir, na seleção do executor de confiança, um grau de subjetividade, insuscetível de ser medido pelos critérios objetivos de qualificação inerentes ao processo de licitação.

48. Conclui-se que não bastasse a inconstitucionalidade e ilegalidade conceitual de se terceirizar a atividade-fim há o grave vício procedimental consistente na realização de certame licitatório viciado e ilegal, elegendo-se, equivocadamente, a via da modalidade “menor preço” na licitação quando recomenda o TCU:

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...utilize a licitação do tipo técnica e preço para serviços com características eminentemente de natureza intelectual, de modo a atender o disposto nos arts. 45 e 46 da Lei 8.666/1993, excluindo dessa licitação a aquisição de bens que, ainda de informática, sejam de fácil obtenção no mercado, mediante a prévia especificação, e ainda os serviços comuns para a operação do sistema a ser desenvolvido/adquirido. (Acórdão 1631/2005 Primeira Câmara).

49. Se o serviço efetivamente contratado se caracteriza de “natureza intelectual”, a Lei determina que a licitação deveria contemplar o tipo “Técnica e Preço”, evitando assim que um profissional sem os atributos profissionais adequados a exigência da demanda do contratante viesse a ganhar o processo concorrencial e portanto não atender a necessidade do interesse público.

50. Salientamos que a natureza do serviço não está configurada como alta especialização, por este motivo, o Gestor público escolheu licitar pelo “menor preço”, o que, em tese fica configurado, tão somente, interesse em burlar o instituto do concurso público para o suprimento necessidade do profissional de contabilidade.

51. Seguramente não há como comparar um caso especial desta natureza com tarefas massificadas em atos ordinários (contabilização de fatos contábeis, PPA, LDO, LOA, prestação de contas de Governo, etc.) todos previstos nas atribuições da função dos contadores da prefeitura, sem sequer se ter descrito qualquer hipótese de excepcional complexidade apta a exigir um profissional técnico especializado, ainda mais quando se sabe que é rotina da administração ser demandada e necessitar de serviços contábeis permanentemente, conforme podemos ver na descrição de um cargo de contador de prefeitura:

Cargo: contador - sumário da função: organiza e dirige os trabalhos inerentes à contabilidade da prefeitura, planejando, supervisionando, orientando sua execução e participando dos mesmos, de acordo com as exigências legais e administrativas, para apurar os elementos necessários à elaboração orçamentária e ao controle.

Descrição da função: planeja o sistema de registros e operações às necessidades administrativas e às exigências legais, para possibilitar controle contábil e orçamentário; supervisiona os trabalhos de contabilização de documentos, analisando os e orientando seu procedimento, para assegurar a observância do plano de contas adotado; inspeciona regularmente a escrituração dos livros comerciais e fiscais, verificando se os registros efetuados correspondem aos documentos que lhes deram origem, para fazer cumprir as

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exigências legais e administrativas; controla e participa dos trabalhos de análise e conciliação de contas, conferindo os saldos apresentados, localizando e emendando os possíveis erros, para assegurar a correção das operações contábeis; procede e orienta a classificação e avaliação de despesas, examinando sua natureza, para apropriar custos de bens e serviços; supervisiona os cálculos de reavaliação do ativo e de depreciação de veículos, máquinas, móveis, utensílios e instalações, ou participa desses trabalhos, adotando os índices indicados em cada caso, para assegurar a aplicação correta das disposições legais pertinentes; organiza e assina balancetes, balanços e demonstrativos de contas, aplicando as normas contábeis, para apresentar resultados parciais e gerais da situação patrimonial, econômica e financeira da prefeitura; prepara a declaração de imposto de renda da prefeitura, segundo a legislação que rege a matéria, par apurar o valor do tributo devido; elabora relatórios sobre a situação patrimonial, econômica e financeira da prefeitura, apresentando dados estatísticos e pareceres técnicos, para fornecer os elementos contábeis necessários ao relatório da diretoria; assessora a direção em problemas financeiros, contábeis, administrativos e orçamentários, dando pareceres à luz das ciências e das práticas contábeis, a fim de contribuir para a correta elaboração de políticas e instrumentos de ação nos referidos setores. Pode realizar trabalhos de auditoria contábil. Pode realizar perícias e verificações judiciais ou extrajudiciais. Planeja sistema de registros e operações, atendendo as necessidades administrativas e as exigências legais. Supervisiona os trabalhos de contabilização de documentos, analizando-os e orientando seu processamento. Inspeciona regularmente a escrituração dos livros comerciais e fiscais, verificando registros efetuados e documentos que deram origem. Controla e participa dos trabalhos de análise e conciliação de contas, conferindo saldos, localizando e emendando possíveis erros. Orienta a classificação e avaliação de despesas, examinando sua natureza, para apropriar custos de bens e serviços. Supervisiona os cálculos de reavaliação do ativo e de depreciação de veículos, máquinas, móveis, utensílios e instalações. organiza e assina balancetes, balanços e demonstrativo de contas, aplicando as normas contábeis para apresentar resultados parciais e gerais da situação patrimonial, econômica e financeira do órgão. Elabora relatórios sobre a situação patrimonial, econômica e financeira do órgão, apresentando dados estatísticos e pareceres técnicos. Executa outras tarefas correlatas às descritas. (FONTE: FAUEL)

52. Repetimos que o art. 25, §1º da lei 8.666/93, ao definir notória especialização, é bastante exigente:

Art. 25. [...] [...] § 1º considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita

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inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

53. Conclui-se que não bastasse a inconstitucionalidade e ilegalidade em terceirizar a atividade-fim, há o grave vício procedimental consistente na realização equivocada do certame licitatório por tipo “menor preço”, e a inobservância do rito que determina a Lei 8.666/93.

54. Elegeu-se, equivocadamente, a contratação de profissional sem qualificação especial e adequado a qualquer serviço que assim o exigisse, ficando comprovado que se tratou de burlar a via do concurso público e contratar contador, via terceirização, no setor de contabilidade da prefeitura, com valores muito acima do que o mercado paga (os valores pagos são para dois dias de trabalho ao mês), sem pré-qualificação, pois de fato não é o que o caso exigisse, portanto entendemos que fica caracterizada a ilegalidade da contratação.

55. Com efeito, não restam dúvidas que AUGUSTINHO ZUCCHI,

Prefeito Municipal e ordenador de despesas burlou a exigência legal do processo de Concurso Público ao terceirizar atividade-fim através de licitação e firmar contrato de prestação de serviços com empresa contábil, de forma ilegal.

56. A indevida dispensa do procedimento do concurso público e

a contratação através de licitação ilegal, por menor preço, ensejou prejuízo ao erário público.

57. A Lei n.º 8.429/92, em seu artigo 10, inciso VIII, estabelece

que constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, notadamente “frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente”. Ou ainda, na mesma Lei, em seu artigo 11, inciso V: “frustrar a licitude de concurso público”.

58. Afora o prejuízo ao erário, o ato também ofendeu os

princípios da administração pública, em especial os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, nos termos do artigo 11 da Lei n.º 11.429/92.

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou

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omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência; II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo; IV - negar publicidade aos atos oficiais; V - frustrar a licitude de concurso público; VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.

59. Dizer, ainda que não se falasse em dano ao patrimônio

público, a improbidade administrativa estaria, da mesma forma, configurada, já que o ato de licitação irregular e a frustação do concurso público atentou contra os princípios da administração pública – legalidade, moralidade e impessoalidade (artigo 37 da Constituição Federal).

60. A empresa IN PUBLIC – ASSESSORIA CONTÁBIL LTDA. e

o seu representante VANDERLEI RIBEIRO DA SILVA deve ser responsabilizados pela prática do ato de improbidade administrativa, pois, com a celebração do pacto, beneficiou-se diretamente (artigo 2º da Lei n.º 8.429/92), percebendo dos cofres públicos municipais a quantia de R$ 29.687,00 (vinte e nove mil, seiscentos e oitenta e sete reais), valor pago até o mês de setembro de 2013.

Art. 3°. As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

DIANTE DO EXPOSTO, REQUER AO MINISTÉRIO PÚBLICO:

a. Sejam apurados todos os fatos aqui apontados e com os respectivos documentos que o instruem, notificando-se responsáveis, oferecer manifestação por escrito, nos termos do artigo 17, § 7º, da Lei n.º 8.429/92;

b. Com ou sem a manifestação, seja procedida petição inicial, citando-se os requeridos para, querendo, ofertar contestação no prazo legal;

c. Seja o município de Pato Branco-PR cientificado da

presente manifestação para, caso queira, integrar o polo

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ativo da denuncia, conforme artigo 17, § 3º, da Lei 8.429/92;

d. Seja julgado procedente o pedido para, em decorrência do

ato de improbidade administrativa perpetrado (artigos 10, inciso VIII e 11 da Lei n.º 8.429/92), processar os requeridos nas penas previstas no artigo 12, inciso II, da Lei 8.429/92: d1) ressarcimento integral do dano causado ao erário público, no importe de R$ 29.687,00 (vinte e nove mil, seiscentos e oitenta e sete reais), sem prejuízo dos valores que venham a ser apurados até a sentença:

e. Perda da função pública que eventualmente estiverem

exercendo quando do trânsito em julgado da sentença;

f. Suspensão dos direitos políticos de 05 (cinco) a 08 (oito) anos;

g. Pagamento de multa civil de até 02 (duas) vezes o valor do

dano;

h. Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 05 (cinco) anos;

i. A produção de todos os meios de prova em direito

admitidas, notadamente a pericial, a testemunhal, o depoimento pessoal, a juntada de novos documentos e tudo mais que se fizer necessário à completa elucidação dos fatos articulados na presente inicial;

j. Sejam condenados os requeridos ao pagamento das

custas e despesas processuais; N. Termos, P. Deferimento. Pato Branco, 24 de outubro de 2013.

Romulo Faggion Presidente

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