Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera:
Purificação parcial e Caracterização
Dissertação apresentada à Universidade de
Coimbra para cumprimento dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Mestre em
Bioquímica, realizada sob a orientação científica
do Professora Doutora Paula Veríssimo
(Universidade de Coimbra)
Ana Catarina Martins Cardoso
2015
“Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha.”
(Confúcio)
Ana Cardoso 2015 i
Agradecimentos
Ana Cardoso 2015 ii
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota Procera: Purificação parcial e Caracterização Agradecimentos
Ana Cardoso 2015 iii
Em primeiro lugar quero agradecer a Associação BLC3 pelo apoio fornecido
durante a concretização deste trabalho recebido pelo projecto Value Mycology-
Technology Truficulture (ValueMicotecTruf/24845/2011) pelo COMPETE (Programa
Operacional Factores de Competitividade) integrado no QREN (Quadro de Referência
Estratégico Nacional) e do fundo Europeu FEDER (Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional).
Um agradecimento especial à professora Paula por me ter acolhido no
laboratório e por ter possibilitado o desenvolvimento da minha tese nesta área. Obrigada
pela orientação, apoio e confiança que depositou em mim, que me fez crescer como
pessoa e profissional.
À Doutora Mariza Azul pela disponibilidade, colaboração dada que tornaram
possível a realização deste trabalho.
À Sofia e à Rita um muito obrigada pelo carinho e pela amizade. Obrigada pela
paciência e pelas conversas e boa disposição que ajudaram muito e me deram forças
para este percurso.
As minhas meninas Daniela F., Patricia, Mafalda, Kátia, Daniela C. e ao menino
André S. por tornarem este percurso académico único, pela união e amizade.
À minha prima Cátia, priminho Tomás e ao Daniel pelo apoio, conversas e
brincadeiras que revitalizaram os meus fins de semana.
Ao André por ser estar sempre ao meu lado quando mais preciso, por me ajudar
a esquecer os problemas e a aproveitar as coisas simples da vida.
À minha avó, aos meus padrinhos e tios pelo apoio e incentivo recebido ao longo
destes anos por sempre acreditarem em mim, e pela força que me deram.
Aos meus pais e à minha irmã pelo apoio incondicional na superação dos
obstáculos e pelo carinho que me deram, por me incentivarem na realização dos meus
sonhos. Obrigada por estarem sempre ao meu lado e por serem a melhor família do
mundo. Vocês são o meu bem mais precioso.
Ana Cardoso 2015 v
Resumo
Ana Cardoso 2015 i
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota Procera: Purificação parcial e caracterização Resumo
Ana Cardoso 2015 vii
Cogumelos são reconhecidos como uma fonte promissora de novas proteínas.
Várias proteínas com características únicas foram isoladas, incluindo enzimas
lignocelulolíticas, lectinas, proteases, inibidores da protease e hidrofobinas. Fungos
decompositores (sapróbios) como Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera produzem
hidrolases para degradar o material lignocelulósico e celulolítico. Para degradar estes
polímeros dispõem de um sistema enzimático complexo, composto por enzimas que
podem ser secretadas, enzimas intracelulares e membranares.
O micélio é a estrutura responsável por algumas funções importantes dos fungos,
como a respiração, absorção, excreção e reprodução. Para além de fixar o substrato, o
micélio tem como função a digestão extracelular. A digestão extracelular é conseguida
pela secreção de proteínas para o meio envolvente, as hidrolases são algumas das
proteínas secretadas pelos micélios. Desta forma o micélio é um alvo para a
investigação de proteínas. O estudo da modificação das condições do meio de cultura é
importante no sentido de se criarem as condições necessárias para a secreção de
proteínas com interesse biotecnológico.
Neste sentido foi feita uma caracterização do perfil proteico a uma dimensão e
caracterização da actividade enzimática da secreção e do micélio de A. aegerita e
M. procera ao longo de 10 dias de cultura O 8º dia foi tempo de cultura ideal em que a
quantidade de proteína e actividade enzimática eram as ideais para ambas as espécies.
Também foi feita uma estimulação da secreção de hidrolases pela adição de
serradura de acácia e eucalipto e borras de café na proporção de 40 g/l. No entanto a
nível das secreções não se verificou incrementos de actividade específica. Apenas a
serradura de acácia parece ter estimulado o micélio de M. procera, levando a um
aumento da actividade de algumas proteases e a um aumento de β-glucosidases.
As proteínas presentes nas secreções foram concentradas por vários métodos no
sentido de aumentar a quantidade de proteína e a actividade. As metodologias com
melhores resultados foram a liofilização para a secreção de M. procera e a precipitação
com sulfato de amónia para a secreção de A. aegerita. Porém, a quantidade de proteína e
de actividade permaneceram baixas e insuficientes para a purificação de enzimas de um
modo rentável.
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota Procera: Purificação parcial e caracterização Resumo
Ana Cardoso 2015 viii
Uma vez que a concentração de proteína e actividade enzimática das secreções
foi baixa, e insuficiente para a purificação de hidrolases, a separação de proteases foi
realizada a partir do micélio. Deste material foram purificadas parcialmente proteases
do tipo serínico e metaloaminopeptidases por cromatografia de exclusão molecular e
cromatografia de interação hidrofóbica em Phenyl Sepharose
Ana Cardoso 2015 ix
Summary
Ana Cardoso 2015 i
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota Procera: Purificação parcial e caracterização Summary
Ana Cardoso 2015 xi
Mushrooms are recognized as a promising source of novel proteins. Several
proteins were isolated with unique features, including lignocellulolytic enzymes, lectins,
proteases, proteases inhibitors and hydrophobins. Decomposer fungi (saprobes) as
Agrocybe aegerita and Macrolepiota procera produce hydrolases to degrade
lignocellulosic and cellulolytic material. To degrade these polymers, they have a
complex enzyme system, composed of enzymes that can be secreted, intracellular
enzymes and membranar enzymes.
Mycelium is the structure responsible for some important functions of fungi,
such as breathing, absorption, excretion and reproduction. In addition of the ability to
fix the substrate, mycelium has extracellular digestion function. The digestion is
achieved by the extracellular secretion of proteins into the surrounding environment;
hydrolases are some of the proteins secreted by mycelium. Thus, the mycelium is a
target for investigation of proteins. The study of the modification of the culture medium
conditions is important in order to create necessary conditions for the secretion of
proteins with biotechnological interest.
In this study was performed a characterization of one dimension protein profile
and characterization of the enzymatic activity of the secretion and mycelium extract of
A. aegerita and M. procera over 10 days of culture. The optimum cultivation time was
at 8th day wherein the amount protein and enzymatic activity were found optimal for
both species.
We also stimulate the secretion of hydrolases by the addition of acacia and
eucalyptus sawdust and coffee grounds at a ratio of 40 g/l. However, increments of
hydrolase specific activity in secretion was not observed. Acacia sawdust appears to
have stimulated M. procera mycelium, leading to an increased activity of some
proteases and an increase in β-glucosidase activity.
Proteins present in secretion were concentrated in terms of quantity and activity.
The best results were found to lyophilization of M. procera secretion and precipitation
with ammonium sulfate of A. aegerita secretion. However, the amount of protein and
activity remained low and insufficient for the purification of enzymes in a cost effective
manner.
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota Procera: Purificação parcial e caracterização Summary
Ana Cardoso 2015 xii
Once protein concentration and enzymatic activity of the secretion was low and
insufficient for purification of hydrolases, the separation of proteases was performed
from mycelium. From this material, a partial purification of serine like proteases and
metalloaminopeptidases was achieved by size exclusion chromatography and
hydrofobic interaction chromatography with Phenyl Sepharose matrix.
Ana Cardoso 2015 xiii
Índice
Ana Cardoso 2015 xiv
AGRADECIMENTOS ................................................................................ I
RESUMO .................................................................................................... V
SUMMARY ................................................................................................IX
ÍNDICE ................................................................................................... XIII
LISTA DE ABREVIATURAS .............................................................. XIX
LISTA DE FIGURAS ........................................................................ XXIII
LISTA DE TABELAS ....................................................................... XXXV
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 1
1.1. Fungi ..................................................................................................................... 3
1.2. Basidiomicota ....................................................................................................... 3
1.3. Moléculas biologicamente activas presentes em Basidiomicotas .................... 5
1.4. Vantagens das proteínas de Basidiomicetes ...................................................... 5
1.5. Aplicações das proteínas de basidiomicotas ...................................................... 6
1.5.1. Medicina ........................................................................................................ 6
1.5.2. Indústria ...................................................................................................... 12
1.6. Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera ........................................................ 18
1.7. Micélio ................................................................................................................ 20
1.8. Estimulação da secreção de hidrolases ............................................................ 21
OBJECTIVOS ........................................................................................... 23
MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................... 27
2.1. Amostragem ....................................................................................................... 29
2.2. Cultura de micélio ............................................................................................. 29
2.2.1. Cultura em meio sólido .............................................................................. 29
2.2.2. Cultura em meio líquido ............................................................................ 30
2.2.3. Tempos de crescimento .............................................................................. 31
2.2.4. Estimulação da secreção de hidrolases ..................................................... 31
2.3. Métodos de extracção ........................................................................................ 32
2.3.1. Extracto do micélio..................................................................................... 32
2.3.2. Tratamento do meio de cultura sem micélio ............................................ 33
2.4. Quantificação proteica ...................................................................................... 33
2.5. Caracterização Bioquímica ............................................................................... 33
2.5.1. Perfil proteico – SDS-PAGE...................................................................... 33
2.5.1.1. Revelação por Coomassie Brilliant Blue R250 ................................. 34
2.5.1.2. Revelação com Nitrato de Prata ........................................................ 34
2.5.2. Zimografias ................................................................................................. 35
2.5.2.1. Detecção de proteases ......................................................................... 35
2.5.2.2. Detecção de xilanases, endoglucanases e quitinases ........................ 36
2.5.2.3. Revelação com Congo Red ................................................................. 36
2.5.2.4. Revelação com Calcofluor White ...................................................... 36
2.5.3. Ensaios enzimáticos .................................................................................... 37
2.5.4. Identificação da classe de proteases por inibição específica ................... 38
2.6. Métodos de concentração .................................................................................. 40
2.6.1. Precipitação com sulfato de amónia ......................................................... 40
2.6.2. Liofilização .................................................................................................. 40
2.6.3. Centricons ................................................................................................... 41
2.6.4. TCA-Acetona .............................................................................................. 41
2.7. Métodos cromatográficos .................................................................................. 41
2.7.1. Cromatografia de troca iónica .................................................................. 41
2.7.2. Cromatografia de Exclusão Molecular .................................................... 42
2.7.3. Cromatografia de afinidade ...................................................................... 42
2.7.4. Cromatografia de interacção hidrofóbica ................................................ 43
RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 45
3.1. Avaliação do perfil enzimático da secreção e micélio de Agrocybe aegerita e
Macrolepiota procera ao longo do tempo. ................................................................... 49
3.1.1. Crescimentos ............................................................................................... 49
3.1.1.1. Macrolepiota procera ........................................................................... 50
3.1.1.2. Agrocybe aegerita ................................................................................. 58
3.1.2. Suplementação do meio de cultura ........................................................... 66
3.1.2.1. Macrolepiota procera ........................................................................... 67
3.1.2.2. Agrocybe aegerita ................................................................................. 72
3.1.3. Concentração das secreções de A. aegerita e Macrolepiota procera ....... 78
3.1.3.1. Concentração da secreção de Macrolepiota procera ........................ 78
3.1.3.2. Concentração da secreção de Agrocybe aegerita .............................. 83
3.2. Fraccionamento do micélio de A. aegerita ....................................................... 89
CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS FUTURAS .................................. 117
BIBLIOGRAFIA ..................................................................................... 121
Lista de abreviaturas
Ala-AMC – Alanine-4-Methyl-Coumaryl-7-Amide
AMC – Methyl-Coumaril-7-Amide
Arg-AMC – Arginine-4-Methyl-Coumaryl-7-Amide
BSA – Bovine Serum Albumin (albumina sérica bovina)
BzArg-AMC – Benzoyl-Arginine-4-Methyl-Coumaryl-7-Amide
CMC – carboximetilcelulose
DTT – Dithiothreitol
E-64 - trans-Epoxysuccinyl-L-leucylamido(4-guanidino)butane
EDTA – Ethylenediaminetetraacetic acid
EM – exclusão molecular
FIP - fungal immunomodulatory proteins (proteínas fúngicas
imunomoduladoras)
FPLC - Fast Protein Liquid Chromatography (Cromatografia líquida a pressão
moderada)
Leu-AMC – Leucine-4-Methyl-Coumaryl-7-Amide
Lys-AMC – Lysine-4-Methyl-Coumaryl-7-Amide
Met-AMC – Methionine-4-Methyl-Coumaryl-7-Amide
MU - 4-Methylumbelliferone
MUC - 4-Methylumbelliferyl beta-D-cellobioside
MUG – 4-Methylumbelliferone-β-D-Glucopyranose
MU-NAG - 4-Methylumbelliferone-N-Acetyl-Glucosaminide
MUP – 4-Methylumbelliferone-Phosphate
PFBloc - 4-(2-Aminoethyl)benzenesulfonyl fluoride hydrochloride
Phe-AMC – Phenylalanine-4-Methyl-Coumaryl-7-Amide
PSA – potato saccharose agar
PSB – potato saccharose broth
RIP - ribosome inactivating proteins (proteínas inactivadoras de ribossomas)
RPM – Rotações por minuto
SA – Sulfato de amónia
SDS – Sodium Dodecyl Sulphate
SDS-PAGE – Sodium Dodecyl Sulphate Polyacrylamide Gel Electrophoresis
TCA – ácido tricloroacético
TCM – tubo de centrífuga com membrana
TEMED – N, N, N’, N’-tetramethylethylenediamine
TLCK – Tosyl lysine Chloromethyl Ketone
TPCK - Tosyl phenylalanyl chloromethyl ketone
Ana Cardoso 2015 xxiii
Lista de figuras
Ana Cardoso 2015 i
Figura 1 - Basídio – estrutura de reprodução sexuada que é caraterística dos fungos
que pertencem ao filo Basidiomicota. Adaptada de
http://mycostra.free.fr/initiation/generalites.htm .............................................................. 4
Figura 2 – Macrolepiota procera – Adaptado de:
http://www.stridvall.se/fungi/gallery .............................................................................. 19
Figura 3 – Agrocybe aegerita – Adaptado de:
http://www.funghiitaliani.it/?showtopic=16802. ............................................................ 20
Figura 4 – Repicagem da cultura em meio sólido .................................................. 30
Figura 5 - Repicagem da cultura em meio líquido ................................................. 31
Figura 6 – (A) SDS-PAGE 12,5 % a uma dimensão do micélio e secreção de
Macrolepiota procera. (P) Padrão, (1) 1,1 µg de PSB, (2) 0,3 µg de secreção do 4º dia,
(3) 2,3 µg extrato do micélio do 4º dia, (4) 0,4 µg de secreção do 5º dia, (5) 3,3 µg de
extrato do micélio do 5º dia, (6) 0,3 µg de secreção do 6º dia, (7) 3,1 µg de extrato do
micélio do 6º dia, (8) 0,3 µg de secreção do 8º dia, (9) 3,7 µg de extrato do micélio do
8º dia, (10) 0,2 µg de secreção do 10º dia, (11) 2,9 µg de extrato do micélio do 10º dia.
(B e C) zimografia de gelatina 12,5% (1) 0,8 µg de PSB, (2) 0,3 µg de secreção do 4º
dia, (3) 1,8 µg extrato do micélio do 4º dia, (4) 0,3 µg de secreção do 5º dia, (5) 2,4 µg
de extrato do micélio do 5º dia, (6) 0,2 µg de secreção do 6º dia, (7) 2,3 µg de extrato
do micélio do 6º dia, (8) 0,2 µg de secreção do 8º dia, (9) 2,8 µg de extrato do micélio
do 8º dia, (10) 0,1 µg de secreção do 10º dia, (11) 2,1 µg de extrato do micélio do 10º
dia.O SDS-PAGE foi revelado pelo método de Nitrato de prata e as zimografias pelo
método de Coomassie Blue. ........................................................................................... 51
Figura 7 - Perfis das actividades enzimáticas da secreção e do micélio de M.
procera, com diferentes tempos de crescimento. A actividade específica para os
substratos AMC (pmol AMC/min/µg) e MU (pmol MU/min/µg) representa a média de
duas experiências independentes desvio padrão para A e B e uma única experiência para C. ............................................................................................................................. 53
Figura 8 - Perfil proteico do extrato do carpóforo do cogumelo comestível
Macrolepiota procera em gel 12,5% SDS-PAGE e zimograma 12,5% acrilamida co-
polimerizado com 1mg/ml de gelatina. (P) Padrão, (1) SDS-PAGE, (2) Zimografia com
gelatina. Estão 154,98 ug proteína total nos poços 1 e 2. Retirado de Coelho 2014. ..... 56
Figura 9 – Perfil da actividade enzimática do extrato aquoso do carpóforo de M.
procera com substratos AMC (A) e MU (B). O substrato preferencial é aquele que
apresenta um maior valor de actividade específica (pmol AMC/min/µg). Os resultados
representam a média de três experiências independentes ± SEM. Retirado de Coelho
2014. ............................................................................................................................... 57
Figura 10 - SDS-PAGE 12,5 % (A e B) do micélio e secreção de A. aegerita. (P)
Padrão (1) 0,5 µg de secreção do 4º dia, (2), 0,4 µg de secreção do 5º dia, (3) 0,4 µg de
secreção do 6º dia, (4) 0,4 µg de secreção do 8º dia, (5) 0,3 µg de secreção do 10º dia,
(6) 1,4 µg de extrato do micélio com 4 dias, (7) 1,5µg de extrato do micélio com 5 dias,
(8) 2,9 µg de extrato do micélio com 6 dias, (9) 7,4 µg de extrato do micélio com 8 dias,
(10) 3,1 µg de extrato do micélio com10 dias. (C) Zimografia de gelatina a 1 mg/ml
copolimerizada em gel de acrilamida a 12,5% da secreção de Agrocybe aegerita. (1)
0,3 µg de secreção do 4º dia, (2), 0,3 µg de secreção do 5º dia, (3) 0,3 µg de secreção do
6º dia, (4) 0,3 µg de secreção do 8º dia, (5) 0,3 µg de secreção do 10º dia, (6) 1,1 µg de
extrato do micélio com 4 dias, (7) 1,2µg de extrato do micélio com 5 dias, (8) 2,2 µg de
extrato do micélio com 6 dias, (9) 5,6 µg de extrato do micélio com 8 dias, (10) 2,4 µg
de extrato do micélio com10 dias. .................................................................................. 59
Figura 11 - Perfis das actividades enzimáticas da secreção e micélio de A. aegerita,
com diferentes tempos de crescimento. A actividade específica para os substratos
AMC (pmol AMC/min/µg) e MU (pmol MU/min/µg) representa a média de duas
experiências independentes ± desvio padrão. ................................................................. 61
Figura 12 - Actividade residual do extrato do micélio liofilizado de A. aegerita
relativo ao substrato Phe-AMC. O controlo consiste em 100% da actividade do extrato
com Phe-AMC A actividade residual consiste na média de três experiências
independentes desvio padrão. ..................................................................................... 63
Figura 13 - Perfil proteico do extrato do carpóforo do cogumelo comestível
Agrocybe aegerita em gel 12,5% SDS-PAGE e zimograma 12,5% acrilamida co-
polimerizado com 1mg/ml de gelatina. (P) Padrão, (1) SDS-PAGE, (2) Zimografia com
gelatina. Estão 26,175 ug proteína total nos poços 1 e 2. Retirado de Coelho 2014. ..... 64
Figura 14 - Especificidade do substrato-MU do extrato do carpóforo de Agrocybe
aegerita. O substrato preferencial é aquele que apresenta maior valor de actividade
específica (pmol MU/min/µg). Os resultados representam a média de 3 experiências
independentes ± SEM. Retirado de Coelho 2014. .......................................................... 65
Figura 15 - Actividade residual do extrato do carpóforo de A. aegerita relativo ao
substrato Phe-AMC. O controlo consiste em 100% da actividade do extrato com Phe-
AMC A actividade residual consiste na média de três experiências independentes desvio padrão. Retirado de Coelho 2014. ....................................................................... 66
Figura 16 – (A) SDS-PAGE 12,5 % do micélio e secreção de Macrolepiota
procera em condição de suplementação. (P) Padrão, (1) extrato do micélio com 8 dias
em PSB, (2) 0,4 µg da secreção em PSB, (3) extrato do micélio em PSB + serradura de
acácia, (4) 3,0 µg da secreção em PSB + serradura de acácia, (5) 2,2 µg de PSB +
serradura de acácia, (6) 2,0 µg de PSB + serradura de eucalipto, (7) 1,9 µg de secreção
em PSB + serradura de eucalipto, (8) extrato do micélio em PSB + serradura de
eucalipto. (B) zimografia de gelatina 12,5% do micélio e secreção de Macrolepiota
procera em condição de suplementação. (1) extrato do micélio com 8 dias em PSB,
(2) 0,3 µg da secreção em PSB, (3) extrato do micélio em PSB + serradura de acácia,
(4) 2,2 µg da secreção em PSB + serradura de acácia, (5) 1,7 µg de PSB + serradura de
acácia, (6) 1,5 µg de PSB + serradura de eucalipto, (7) 1,4 µg de secreção em PSB +
serradura de eucalipto, (8) extrato do micélio em PSB + serradura de eucalipto. ......... 68
Figura 17 – Perfis das actividades enzimáticas da secreção de M. procera, em
condições de suplementação. A actividade específica para os substratos MU (pmol
MU/min/µg) representa a média de duas experiências independentes ± desvio padrão 70
Figura 18 - Perfis das actividades enzimáticas totais da secreção e do micélio de
M. procera, em condições de suplementação. A actividade total para os substratos
AMC (pmol AMC/min) e MU (pmol MU/min) representa a média de duas experiências
independentes ± desvio padrão ....................................................................................... 71
Figura 19 - (A) SDS-PAGE 12,5 % zimografia de gelatina 12,5% (B) do micélio e
secreção de A. aegerita em condição de suplementação. (P) Padrão, (1) 0,2 µg de
secreção em PSB, (2) 5,9 µg de extrato do micélio com 8 dias em PSB, (3) 3,2 µg de
secreção em PSB + borras de café, (4) 4,7 µg de extrato do micélio em PSB + borras de
café, (5) 3,2 µg de secreção em PSB + serradura de acácia, (6) 1,5 µg de extrato do
micélio em PSB + serradura de acácia, (7) 2,5 µg de secreção em PSB + serradura de
eucalipto, (8) 1,7 µg de extrato do micélio em PSB + serradura de eucalipto. (B)
zimografia de gelatina 12,5% do micélio e secreção de A. aegerita em condição de
suplementação. (P) Padrão, (1) 0,2 µg de secreção em PSB, (2) 4,4 µg de extrato do
micélio com 8 dias em PSB, (3) 2,4 µg de secreção em PSB + borras de café, (4) 3,5 µg
de extrato do micélio em PSB + borras de café, (5) 2,2 µg de secreção em
PSB + serradura de acácia, (6) 1,1 µg de extrato do micélio em PSB + serradura de
acácia, (7) 1,8 µg de secreção em PSB + serradura de eucalipto, (8) 1,3 µg de extrato do
micélio em PSB + serradura de eucalipto. ...................................................................... 73
Figura 20 - Perfis das actividades enzimáticas da secreção de A. aegerita, em
condições de suplementação. A actividade específica para os substratos AMC (pmol
AMC/min/µg) e MU (pmol MU/min/µg) representa a média de três experiências
independentes ± desvio padrão. ...................................................................................... 76
Figura 21 - Perfis das actividades enzimáticas do micélio de A. aegerita, em
condições de suplementação. A actividade específica para os substratos AMC (pmol
AMC/min/µg) e MU (pmol MU/min/µg) representa a média de três experiências
independentes ± desvio padrão. ...................................................................................... 77
Figura 22 - (A) SDS-PAGE 12,5 % da secreção de M. procera concentrada por
precipitação com sulfato de amónia e liofilização. (P) Padrão, (1) 0,8 µg de PSB, (2) 1,0
µg de PSB precipitado com SA, (3) 3,4 µg de PSB liofilizado, (4) 0,2 µg de secreção de
M. procera, (5) 0,3 µg de secreção de M. procera precipitada com SA, (6) 4,6 µg de
secreção de M. procera liofilizada. (B) Zimografia de gelatina 12,5% da secreção de M.
procera concentrada por precipitação com sulfato de amónia e liofilização. (P) Padrão,
(1) 0,6 µg de PSB, (2) 0,7 µg de PSB precipitado com SA, (3) 2,9 µg de PSB
liofilizado, (4) 0,1 µg de secreção de M. procera, (5) 0,3 µg de secreção de M. procera
precipitada com SA, (6) 3,4 µg de secreção de M. procera liofilizada. ......................... 79
Figura 23 - (A) SDS-PAGE 12,5 % secreção de M. procera concentrada com
centricon (com linha de corte de 30 kDa). (P) Padrão, (1) 0,2 µg de secreção de M.
procera, (2) 8,1 µg de secreção parte superior da membrana do centricon, (3) 0,2 µg de
secreção parte inferior da membrana do centricon, (4) 0,8 µg de PSB, (5) 1,1 µg de PSB
parte superior da membrana do centricon, (6) 0,1 µg de PSB parte inferior da membrana
do centricon. Zimografia de gelatina 12,5% (B) da secreção de M. procera concentrada
com centricon (com linha de corte de 30 kDa). (P) Padrão, (1) 0,1 µg de secreção de M.
procera, (2) 6,1 µg de secreção parte superior da membrana do centricon, (3) 0,1 µg de
secreção parte inferior da membrana do centricon, (4) 0,6 µg de PSB, (5) 0,8 µg de PSB
parte superior da membrana do centricon, (6) 0,1 µg de PSB parte inferior da membrana
do centricon. ................................................................................................................... 80
Figura 24 – Perfis das actividades enzimáticas da secreção de M. procera, após
concentração por precipitação com sulfato de amónia, liofilização e filtração com
centricon. A actividade específica para os substratos MU (pmol MU/min/µg) representa
uma única experiência. ................................................................................................... 81
Figura 25 - Perfis das actividades enzimáticas da secreção de M. procera, após
concentração por matrizes DEAE (A) e CM (B). A actividade específica para os
substratos MU (pmol MU/min/µg) representa uma única experiência. ......................... 82
Figura 26 - SDS-PAGE 12,5 % (A) e zimografia de gelatina 12,5% (B) da
secreção de M. procera concentrada pelo método TCA-acetona. (P) Padrão, (1) PSB, (2)
PSB precipitado com TCA-acetona, (3) secreção de M. procera, (4) secreção de M.
procera precipitado com TCA-acetona. ......................................................................... 83
Figura 27 – (A) SDS-PAGE 12,5 % da secreção de A. aegerita concentrada por
precipitação com sulfato de amónia e liofilização. (P) Padrão, (1) 0,8 µg de PSB, (2) 1,0
µg de PSB precipitado com SA, (3) 3,8 µg de PSB liofilizado, (4) 0,2 µg de secreção de
A. aegerita, (5) 1,2 µg de secreção de A. aegerita precipitada com SA, (6) 4,4 µg de
secreção de A. aegerita liofilizada. (B) Zimografia de gelatina 12,5% da secreção de
A. aegerita concentrada por precipitação com sulfato de amónia e liofilização. (P)
Padrão, (1) 0,6 µg de PSB, (2) 0,7 µg de PSB precipitado com SA, (3) 2,9 µg de PSB
liofilizado, (4) 0,2 µg de secreção de A. aegerita, (5) 0,9 µg de secreção de A. aegerita
precipitada com SA, (6) 3,3 µg de secreção de A. aegerita liofilizada. ......................... 84
Figura 28 - (A) SDS-PAGE 12,5 % da secreção de A. aegerita concentrada com
centricon (com linha de corte de 30 kDa). (P) Padrão, (1) 0,2 µg de secreção de A.
aegerita, (2) 3,2 µg de secreção parte superior da membrana do centricon, (3) 0,1 µg de
secreção parte inferior da membrana do centricon, (4) 0,8 µg de PSB, (5) 1,1 µg de PSB
parte superior da membrana do centricon, (6) 0,1 µg de PSB parte inferior da membrana
do centricon. (B) Zimografia de gelatina (1mg/ml) copolimerizada em gel 12,5% de
acrilamida da secreção de A. aegerita concentrada com centricon (com linha de corte de
30 kDa). (P) Padrão, (1) 0,2 µg de secreção de A. aegerita, (2) 2,4 µg de secreção parte
superior da membrana do centricon, (3) 0,1 µg de secreção parte inferior da membrana
do centricon, (4) 0,6 µg de PSB, (5) 0,8 µg de PSB parte superior da membrana do
centricon, (6) 0,1 µg de PSB parte inferior da membrana do centricon. ........................ 85
Figura 29 - Perfis das actividades enzimáticas da secreção de A. aegerita, após
concentração através da precipitação com sulfato de amónia, liofilização e centricon. A
actividade específica para os substratos AMC (pmol AMC/min/µg) representa a média
de quatro experiências independentes ± desvio padrão para a secreção, duas
experiências independentes ± desvio padrão para a concentração com sulfato de amónia
e uma experiência independente ± desvio padrão para a liofilização e concentração com
centricon. A actividade específica para os substratos e MU (pmol MU/min/µg)
representa a média de duas experiências independentes ± desvio padrão para a secreção,
uma experiência independente ± desvio padrão para a precipitação com sulfato de
amónia e liofilização. ...................................................................................................... 86
Figura 30 - Perfis das actividades enzimáticas da secreção de M. procera, após
concentração por matrizes DEAE e CM. A actividade específica para os substratos MU
(pmol MU/min/µg) representa uma única experiência. .................................................. 87
Figura 31 - SDS-PAGE 12,5 % (A) e zimografia de gelatina 12,5% (B) da
secreção de A. aegerita concentrada por precipitação com TCA. (P) Padrão, (1) PSB,
(2) PSB precipitado com TCA-acetona, (3) secreção de A. aegerita, (4) secreção de A.
aegerita precipitado com TCA-acetona. ........................................................................ 88
Figura 32 – A) Cromomatografia de troca catiónica com a matriz UNIsphere S, em
FPLC e actividade total – um volume de 10 mL de extrato forma adicionados à matriz
(1 cm3) equilibrada com tampão 30 mM fosfato de sódio pH 7,0 a um fluxo de 1,5
ml/min. A eluição das proteínas foi feita com tampão 30 mM fosfato de sódio com 1M
NaCl a pH 7,0. Foram recolhidas fracções de 3 ml. A actividade total das proteínas no
estrato para com o substrato Phe-AMC e a grande absorvância a 280 nm localizada no
não ligado indicam que a proteína não ligou à matriz. B) ampliação da absorvância da
parte do cromatograma que corresponde à eluição. ....................................................... 90
Figura 33 - Cromomatografia de troca aniónica com a matriz DEAE, em FPLC e
actividade total – um volume de 8,5 mL de extrato forma adicionados à matriz (1 cm3)
equilibrada com tampão 30 mM fosfato de sódio pH 7,0 a um fluxo de 1,5 ml/min. A
eluição das proteínas foi feita com tampão 30 mM fosfato de sódio com 1M NaCl a pH
7,0. Foram recolhidas fracções de 3 ml. A actividade total das proteínas no estrato para
com o substrato Phe-AMC e a grande absorvância a 280 nm localizada no não ligado
indicam que a proteína não ligou à matriz. B) ampliaçãoda absorvância da parte do
cromatograma que corresponde à eluição. ..................................................................... 91
Figura 34 – Zimografia com gelatina a 12,5% (A) do extrato do micélio de A.
aegerita incubado a diferentes pH’s e actividade específica dos extratos (B) sujeito a
valores de pH distintos com substratos AMC em ensaio enzimático a pH 6,0 – Em A) as
tiras 4, 5, 6, 7 e 8 correspondem a encubações do gel a pH 4, 5, 6, 7 e 8
respectivamente. B) Actividade específica do extrato sujeito a diferentes pH’s e
encubado 10 minutos antes da adição dos substratos com tampão a pH 6 (2µl de extrato
em 198 µl de tampão 30 mM fosfato de sódio pH 6,0). A actividade específica para os
substratos AMC (pmol AMC/min/µg) representa uma única experiência. .................... 93
Figura 35 - Cromomatografia de exclusão molecular com a matriz Superdex 200
pg 16/600, em FPLC e actividade total – um volume de 3 mL de extrato foi adicionado
à matriz (120 cm3) equilibrada com tampão 30 mM fosfato de sódio, 0,1 M Na Cl, pH
8,0 a um fluxo de 1,0 ml/min. Foram recolhidas fracções de 3 ml. A actividade total das
proteínas no ensaio para com o substrato Phe-AMC indica que as fracções com mais
actividade saem 80 minutos depois da injecção da amostra a que corresponde às
fracções F27 a F30. ......................................................................................................... 95
Figura 36 – Perfis das actividades enzimáticas do extrato de A. aegerita, e fracções
com mais actividade da exclusão molecular. Os ensaios enzimáticos foram feitos com
100 µl de cada uma das amostras. A actividade total (pmol AMC/min) foi determinada
com os substratos Met, Phe e Leu-AMC. Cada uma das barras representa uma única
experiência. ..................................................................................................................... 96
Figura 37 – SDS-PAGE a 12,5 % das fracções da exclusão molecular com a matriz
Superdex 200 pg 16/600 do extrato de A. aegerita – cada um dos poços está identificado
com o número da respectiva fracção. ............................................................................. 97
Figura 38 - Cromomatografia de troca aniónica com a matriz DEAE, em FPLC
com pool (F27 a F30) da exclusão molecular e actividade total – a pool da exclusão
molecular foi diluida na proporção de 1ml de pool para 3 ml de tampão. 22 ml da pool
diluida foram colocados na matriz DEAE (1 cm3) equilibrada com tampão 30 mM
fosfato de sódio pH 8,0 a um fluxo de 1,5 ml/min. A eluição foi feita com tampão 30
mM fosfato de sódio, 1 M NaCl pH 8,0. Foram recolhidas fracções de 3 ml. A
actividade total das proteínas no ensaio para com o substrato Phe-AMC indica que as
fracções com mais actividade saem no não ligado. B) ampliação da absorvância da parte
do cromatograma que corresponde à eluição. ................................................................ 98
Figura 39 - SDS-PAGE a 12,5 % das fracções da pool de F27 a F30 separadas por
troca aniónica com a matriz DEAE – cada um dos poços está identificado com o
número da respectiva fracção. As fracções a partir da 9, não apresentam bandas
reveladas por nitrato de prata.......................................................................................... 98
Figura 40 – (A) SDS-PAGE a 12,5% (B) e actividade total com substratos AMC
do extrato do micélio de A. aegerita tratado com n-hexano ou 1% de SDS – (1) extrato,
(2) extrato + 1% SDS, (3) extrato tratado com n-hexano 1:1 parte aquosa e (4) fase
hidrofóbica. B) Actividade específica para os substratos AMC (pmol AMC/min/µg)
representa uma única experiência. .................................................................................. 99
Figura 41 - Cromomatografia de troca aniónica com a matriz DEAE, em FPLC
com extrato a pH 9 tratado com n-hexano e actividade total – 1 ml da pool diluida foram
colocados na matriz DEAE (1 cm3) equilibrada com tampão 30 mM fosfato de sódio pH
8,0 a um fluxo de 1,5 ml/min. A eluição foi feita com tampão 30 mM fosfato de sódio, 1
M NaCl pH 8,0. Foram recolhidas fracções de 3 ml. A actividade total das proteínas no
ensaio para com o substrato Phe-AMC indica que as fracções com mais actividade saem
no não ligado. B) ampliação da absorvância da parte do cromatograma que corresponde
à eluição. ....................................................................................................................... 100
Figura 42 – SDS-PAGE a 12,5% e zimografia de gelatina das fracções da pool da
cromatografia de troca catiónica com a matriz DEAE – cada um dos poços está
identificado com o número da respectiva fracção. ....................................................... 101
Figura 43 – SDS-PAGE 12,5 %, zimografia de gelatina e ensaios enzimáticos com
Phe-AMC das fracções da cromatografia de afinidade com Phenyl-Sepharose. 1ml de
extrato foi colocado na matriz Phenyl-Sepharose (1 cm3) equilibrada com tampão 30
mM fosfato de sódio pH 8,0. A eluição foi feita com 2M ureia. (P) padrão, (1) não
ligado, (2) lavagem 1, (3) lavagem 2, (4) lavagem 3, (5) 1ª eluição, (6) 2ª eluição, (7) 3ª
eluição, (8) extrato. Actividade total para os substratos AMC (pmol AMC/min)
representa uma única experiência. ................................................................................ 102
Figura 44 - SDS-PAGE 12,5 %, zimografia de gelatina e ensaios enzimáticos com
Phe-AMC das fracções da cromatografia de interação hidrofóbica com Phenyl-
Sepharose. 1ml de extrato a 2M de sulfato de amónia foi colocado na matriz Phenyl-
Sepharose (1 cm3) equilibrada com tampão 30 mM fosfato de sódio, 2M sulfato de
amónia, pH 8,0. A eluição foi feita com tampão 30 mM fosfato de sódio pH 8,0. (P)
padrão, (1) não ligado, (2) lavagem 1, (3) lavagem 2, (4) lavagem 3, (5) 1ª eluição, (6)
2ª eluição, (7) 3ª eluição, (8) proteínas que precipitaram pela adição de 2 M sulfato de
amónia a extrato. Actividade total para os substratos AMC (pmol AMC/min) representa
uma única experiência. ................................................................................................. 103
Figura 45 - SDS-PAGE 12,5 %, zimografia de gelatina e ensaios enzimáticos com
Phe-AMC das fracções da cromatografia de interação hidrofóbica com Phenyl-
Sepharose. 1ml de extrato a 1M de sulfato de amónia foi colocado na matriz Phenyl-
Sepharose (1 cm3) equilibrada com tampão 30 mM fosfato de sódio, 1M sulfato de
amónia, pH 8,0. A eluição foi feita com tampão 30 mM fosfato de sódio pH 8,0. (P)
padrão, (ÑL) não ligado, (L1) lavagem 1, (L2) lavagem 2, (L3) lavagem 3, (E1) 1ª
eluição, (E2) 2ª eluição, (E3) 3ª eluição. Actividade total para os substratos AMC (pmol
AMC/min) representa uma única experiência. ............................................................. 104
Figura 46 - Cromomatografia de exclusão molecular com a matriz Superdex 200
pg 16/600, em FPLC e actividade total – um volume de 4 mL de extrato foi adicionado
à matriz (120 cm3) equilibrada com tampão 30 mM fosfato de sódio, 0,1 M Na Cl, pH
8,0 a um fluxo de 1,0 ml/min. Foram recolhidas fracções de 3 ml. A actividade total das
proteínas no ensaio para com o substrato Phe-AMC indica que as fracções com mais
actividade saem perto dos 80 minutos de eluição (fracções F27 a F29). Os ensaios
enzimáticos foram feitos com 50 µl de amostra. Actividade total para os substratos
AMC (pmol AMC/min) representa uma única experiência. ........................................ 106
Figura 47 - SDS-PAGE 12,5 %, zimografia de gelatina das principais fracções da
cromatografia de exclusão molecular e de interação hidrofóbica com Phenyl-Sepharose.
Foram colocados 4 ml de extrato na exclusão molecular. 6,5 ml da pool formada pelas
fracções F27, F28 e F29 foram postos a 1M de sulfato de amónia e colocados em
contacto na matriz Phenyl-Sepharose (1,5 cm3) equilibrada com tampão 30 mM fosfato
de sódio, 1M sulfato de amónia, pH 8,0. A eluição foi feita com tampão 30 mM fosfato
de sódio pH 8,0. (P) padrão, (Ext) extrato, (TCM) centricon, (Pool) conjunto das
fracções F27 a F29 da exclusão molecular, (SA), Pool com 1M de sulfato de amónia,
(ÑL) não ligado, (L1) lavagem 1, (L2) lavagem 2, (L3) lavagem 3, (L4) lavagem 4, (5)
lavagem 5, (E1) 1ª eluição, (E2) 2ª eluição, (E3) 3ª eluição, (E4) 4ª eluição, (E5) 5ª
eluição. Actividade total para os substratos AMC (pmol AMC/min) representa uma
única experiência. ......................................................................................................... 107
Figura 48 – Actividades específicas com os substratos Met-AMC, Phe-AMC e
Leu-AMC da pool da exclusão molecular com 1M de sulfato de amónia a pH 8,0 (50 µl
no ensaio) e não ligado, lavagens e eluições (100 µl) da cromatografia de interação
hidrofóbica. Os ensaios foram feitos com 50 de pool da exclusão molecular com 1 M
sulfato de amónia (pool E.M. + SA) e 100 µl das restantes amostras. Actividade
específica para os substratos AMC (pmol AMC/min/µg) representa a média de duas
experiências para a pool e pool SA e uma única experiência para as restantes amostras
analisadas. ..................................................................................................................... 108
Figura 49 - Cromomatografia de exclusão molecular com a matriz Superdex 200
pg 16/600, em FPLC e actividade total – um volume de 3,6 ml de extrato foi adicionado
à matriz (120 cm3) equilibrada com tampão 30 mM fosfato de sódioa um fluxo de 1,0
ml/min. Foram recolhidas fracções de 3 ml. A actividade total das proteínas no ensaio
para com o substrato Phe-AMC indica que as fracções com mais actividade saem perto
dos 80 minutos após a injecção da amostra (fracções F27 a F30). Os ensaios
enzimáticos foram feitos com 100 µl de amostra. Actividade total para os Phe-AMC
(pmol AMC/min) representa uma única experiência. .................................................. 109
Figura 50 - SDS-PAGE 12,5 %, das principais fracções da cromatografia de
exclusão molecular e de interacção hidrofóbica a pH 6. Foram colocados 4 ml de extrato
na exclusão molecular. 4 ml da pool formada pelas fracções F27, F28 e F29 foram
postos a 1M de sulfato de amónia e colocados em contacto na matriz Phenyl-Sepharose
(1,5 cm3) equilibrada com tampão 30 mM fosfato de sódio, 1M sulfato de amónia, pH
6,0. A eluição foi feita com tampão 30 mM fosfato de sódio pH 6,0. (P) padrão, A) 25 a
31 correspondem às fracções de E.M., B) (pool) pool da exclusão molecular a pH 6,
(SA) pool da exclusão molecular com 1 M sulfato de amónia, (pp) precipitado formado
após adição de 1M sulfato de amónia à pool, (ÑL) não ligado da phenyl sepharose, (L)
lavagem, C) (E) eluição. Actividade total para os Phe-AMC (pmol AMC/min)
representa uma única experiência. ................................................................................ 110
Figura 51 – Actividades totais com os sustratos Met-AMC, Phe-AMC, Leu-AMC
e Arg-AMC das fracções da cromatografia de interacção hidrofóbica com a matriz
Phenyl Sepharose a pH 6,0. 2 ml de pool da E.M. a 1M de sulfato de amónia foram
colocados na matriz Phenyl-Sepharose (1 cm3) equilibrada com tampão 30 mM fosfato
de sódio, 1M sulfato de amónia, pH 6,0. A eluição foi feita com tampão 30 mM fosfato
de sódio pH 6,0. (E) corresponde a fracção eluida. Actividade total para os substratos
AMC (pmol AMC/min) representa uma única experiência. ........................................ 111
Figura 52 - Cromomatografia de exclusão molecular com a matriz Superdex 200
pg 16/600, em FPLC e actividade total – foram injectados 4 ml de extrato de micélio
liofilizado na matriz (120 cm3) equilibrada com tampão 30 mM fosfato de sódio, 0,1 M
Na Cl, pH 8,0 a um fluxo de 1,0 ml/min. Foram recolhidas fracções de 3 ml. A
actividade total das proteínas no ensaio para com o substrato Phe-AMC indica que as
fracções com mais actividade saem perto dos 80 minutos após a injecção da amostra
(fracções F27 a F29). Os ensaios enzimáticos foram feitos com 50 µl de amostra.
Actividade total para os substratos AMC (pmol AMC/min) representa uma única
experiência. ................................................................................................................... 112
Figura 53 - SDS-PAGE (A e D), zimografia (B e E) e gel nativo (C e F) a 12,5 %
das principais fracções da cromatografia de exclusão molecular e de interacção
hidrofóbica a pH 6. Foram colocados 4 ml de extrato de micélio liofilizado na exclusão
molecular. 2 ml da pool formada pelas fracções F28, F29, F30 e F31 foram postos a 1M
de sulfato de amónia e colocados em contacto na matriz Phenyl-Sepharose (1,5 cm3)
equilibrada com tampão 30 mM fosfato de sódio, 1M sulfato de amónia, pH 6,0. A
eluição foi feita com tampão 30 mM fosfato de sódio pH 6,0. (P) padrão, A) B) e C) os
números correspondem às fracções respectivas da exclusão molecular, (pool) pool das
fracções F28 a F31 de E.M., (SA) pool a 1M de sulfato de amónia, (PP) precipitado da
pool E.M. após adição de 1M de sulfato de amónia. D) E) e F) (ÑL) fracção que não
ligou à matriz hidrofóbica, (L) lavagens, (E) eluições. ................................................ 113
Figura 54 – Actividade residual do extrato de A. aegerita relativo ao substrato Phe-
AMC. O controlo consiste em 100% da actividade do extrato com Phe-AMC A
actividade residual consiste na média de três experiências independentes desvio padrão. .......................................................................................................................... 114
Figura 55 - Actividade residual do das fracções da exclusão molecular relativo a
substratos AMC. A actividade de F29 foi testada com Arg-AMC e as actividade de F30
a F32 foram testadas com Phe-AMC. Os controlos consistem em 100% da actividade de
F29 com Arg-AMC e 100% da actividade F30, F31 e F32 com Phe-AMC. A actividade
residual consiste na média de três experiências independentes desvio padrão. ....... 114
Figura 56 – Zimografias para a detecção de endoglucanases, xilanases e quitinases
das principais fracções da cromatografia de exclusão molecular e de interação
hidrofóbica com Phenyl-Sepharose. (Ext) extrato, (27) fracção 27 da E.M., (28) fracção
28 da E.M., (29) fracção 29 da E.M., (30) fracção 30 da E.M., (31) fracção 31 da E.M.,
(Pool) conjunto das fracções F30 a F32 da exclusão molecular, (SA) Pool com 1M de
sulfato de amónia, (ÑL) não ligado, (L1) lavagem 1, (L6) lavagem 6, (E1) 1ª eluição,
(E2) 2ª eluição, (E3) 3ª eluição, (E4) 4ª eluição, (E5) 5ª eluição, (E6) 6ª eluição. ...... 116
Ana Cardoso Ana Cardoso 2015 xxxv 2015 xxxv
Lista de tabelas
Ana Cardoso Ana Cardoso 2015 i 2015 i
Tabela 1 - Proteínas Fúngicas Imunomoduladoras e respectivas acções
proporcionadas pela interação com sistemas vivos. ......................................................... 8
Tabela 2 - Algumas Lectinas de Basidiomicetes. .............................................. 10
Tabela 3 - Proteínas Inactivadoras de Ribossomas ............................................ 11
Tabela 4 - Lacases e potenciais aplicações biotecnológicas. ............................. 14
Tabela 5 - Tirosinases e potenciais aplicações biotecnológicas ........................ 16
Tabela 6 - Proteases de basidiomicetes e suas actividades. ............................... 18
Tabela 7 - Factores ambientais que afectam alguns aspectos do crescimento de
basidiomicotas em cultura e a rentabilidade do processo. .............................................. 21
Tabela 8 – Suplementação do meio de cultura. ................................................. 32
Tabela 9 – Zimografias em gel de poliacrilamida. ............................................ 35
Tabela 10 – Detecção de hidrolases com substratos Methyl-Coumaril-7-Amide
(AMC). ........................................................................................................................... 38
Tabela 11 – Detecção de hidrolases com substratos 4-methylumbelliferone
(MU). .............................................................................................................................. 38
Tabela 12 - Inibidores específicos de proteases ................................................. 39
Tabela 13 – Concentração da proteína dos micélios e secreções de Macrolepiota
procera (µg/ml) ao longo do tempo de crescimento. ..................................................... 50
Tabela 14 – Concentração da proteína dos micélios e secreções de Agrocybe
aegerita (µg/ml) ao longo do tempo de crescimento...................................................... 59
Tabela 15 - Concentração da proteína (µg/ml) das secreções do 8º dia de
crescimento de M. procera em condição de suplementação. ......................................... 68
Tabela 16 - Concentração da proteína (µg/ml) das secreções do 8º dia de
crescimento de A. aegerita em condição de suplementação. ......................................... 72
Tabela 17 - Concentração da proteína (µg/ml) da secreção de M. procera. ...... 78
Tabela 18 - Concentração da proteína (µg/ml) da secreção de A. aegerita. ...... 83
Ana Cardoso 2015 1
Introdução
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 3
1.1. Fungi
Os fungos são eucariontes, aeróbios obrigatórios ou facultativos, com
reprodução sexuada ou assexuada. Podem ser unicelulares ou pluricelulares.
Apresentam células com reforço celulósico externo, como nas algas e vegetais, porém é
comum a presença de depósitos de quitina, polímero frequentemente encontrado em
animais.
Estes organismos são quimiotróficos e secretam enzimas responsáveis pela
degradação de uma ampla variedade de substratos orgânicos. Estas enzimas levam à
produção de nutrientes solúveis, que são então absorvidos passivamente ou capturados
na célula por transporte activo. (Rai and Ahlawat 2002).
Os fungos têm características morfológicas e fisiológicas, que os tornam capazes
de se adaptar ao meio onde se desenvolvem, quer sejam parasitas, saprotróficos, ou
simbiontes. Estas interacções específicas estabelecidas entre espécies, bem como a
competição por recursos e defesa contra organismos patogénicos e predadores,
dependem criticamente da produção de biomoléculas activas (Carlsson, Edman et al.
2012).
1.2. Basidiomicota
O filo Basidiomicota, ao qual pertencem os basidiomicetes constitui cerca
de 34 % de todas as espécies de fungos conhecidas (Harms, Schlosser et al. 2011) de
entre as quais alguns dos fungos vulgarmente conhecidos como cogumelos. Os
organismos do filo basidiomicota, de um modo geral, são identificados pela produção
de basídios que são estruturas microscópicas produtoras de esporos encontradas nos
corpos de frutificação dos fungos basidiomicota. Um basídio, geralmente, produz quatro
esporos, chamados basidiosporos; o número pode variar de dois a oito esporos (Figura
1).
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 4
Figura 1 - Basídio – estrutura de reprodução sexuada que é
caraterística dos fungos que pertencem ao filo Basidiomicota. Adaptada de
http://mycostra.free.fr/initiation/generalites.htm
Os cogumelos basidiomicotas estão presentes na alimentação praticamente deste
os primórdios da existência do homem. À 3300 anos antes de Cristo, o homem já usava
basidiomicetes como alimento funcional (Piptoporus betulinus) e como utensílio para
acender fogueiras (Fomes fomentarius) (Stephenson 2010). Os gregos acreditavam que
os cogumelos davam força para as batalhas, os chineses viam-nos como o “elixir da
vida” devido às suas propriedades terapêuticas, os mexicanos utilizavam alguns
cogumelos alucinogénicos em cerimónias religiosas. Estes organismos também
inspiraram histórias como os fairy rings (cogumelos crescem em círculo) e a
bioluminiscência (Chang 1992; Stephenson 2010).
Nos países do Oriente o cultivo de cogumelos basidiomicetes tem uma longa
tradição, especialmente na China, onde essa prática começou a cerca de 600 anos antes
de Cristo. Os países orientais já usam os cogumelos para fins de alimentação e de
profilaxia há centenas de anos com bons resultados. Na Europa, o cultivo de cogumelos
começou na França no século XVII. A nível mundial, esta prática ganhou novas
dimensões com o evoluir das técnicas de produção e da aceitação destes como alimento
com excelentes propriedades nutritivas e terapêuticas (Kues and Liu 2000).
Com o surgir de novas técnicas de produção de basidiomicetes e possibilidade
de obtenção de proteínas em grandes quantidades e a custos baixos, a medicina
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 5
ocidental começou por se mostrar interessada na obtenção de novas biomoléculas. Desta
forma, se começou a caracterizar as propriedades terapêuticas do organismo e a
fraccionar, purificar e caracterizar os seus componentes.
A procura de novas biomoléculas que sejam capazes de revolucionar a medicina
e a indústria é fundamental. Os basidiomicetes já provaram ser úteis em muitas
aplicações médicas e biotecnológicas (Erjavec, Kos et al. 2012).
1.3. Moléculas biologicamente activas presentes em
Basidiomicotas
As substâncias bioactivas que podem ser isoladas a partir de basidiomicotas
podem ser divididas em três grupos:
Metabolitos secundários – ácidos, terpenóides, polifenóis, sesquiterpenos,
alcalóides, lactonas, esteróides, agentes quelantes, análogos nucleotídicos e
vitaminas;
Proteínas;
Polissacarídeos de alto peso molecular, incluindo os polissacaropeptídeos e
proteoglicanos.
1.4. Vantagens das proteínas de Basidiomicetes
Os basidiomicotas são ricos em proteínas e, além disso, estas têm características
particulares e diferentes das proteínas de organismos de outros reinos, os que as torna
únicas e potencialmente vantajosas a nível biotecnológico.
A grande vantagem das proteínas dos cogumelos é serem diferentes das
proteínas de origem microbiana, animal e de plantas. Outra vantagem é a de
apresentarem baixa especificidade catabólica. A baixa especificidade na indústria é algo
que pode ser vantajoso, devido a sua versatilidade. Na medicina, a capacidade da
mesma proteína manifestar acções distintas, como por exemplo, ter a capacidade de
funcionar como antifúngico, antiviral e anticancerígeno é igualmente importante. Esta
pluripotência pode se dever ao facto de uma dada proteína desempenhar várias tarefas
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 6
no basidiomicota. Para além disto, os basidiomicotas têm várias proteínas que exibem
uma estabilidade térmica e de pH considerável, apesar de não serem organismos
extermófilos. Além do mais se forem obtidas apartir de cogumelos comestíveis parte-se
do princípio que são seguras para a saúde humana (Erjavec, Kos et al. 2012).
1.5. Aplicações das proteínas de basidiomicotas
1.5.1. Medicina
Na medicina, há um crescente interese pelas proteínas de origem fúngica, devido
as suas propriedades antivirais, antibacterianas, antifúngicas, antiparasítica,
anticancerígenas, antioxidantes, imunomoduladoras, entomopatogénica, nematotóxicas
entre outras (Wasser 2002; Tateno and Goldstein 2003; Lindequist, Niedermeyer et al.
2005; Zhang, Cui et al. 2007; Karaman, Jovin et al. 2010; Wong, Ng et al. 2010; Alves,
Ferreira et al. 2012; Wang, Gu et al. 2013). Nesse sentido procura-se purificar,
concentrar e comercializar na forma de fármacos. Além disto, os cogumelos
basidiomicotas apresentam um conteúdo nutritivo bastante apelativo, com baixas
calorias, ausência de colesterol e uma excelente fonte de proteínas (Miles and Chang
2004). A extração e purificação dos componentes bioactivos destes organismos para a
produção de fármacos é algo bastante recente e que está a dar os primeiros passos, e
grande parte dos trabalhos publicados incide sobre as propriedades de extratos. Talvez a
tendência para se fazer estudos com os extratos se prenda com a identificação de
propriedades terapêuticas associadas ao consumo do organismo e de que modo é que
este consegue exercer a sua acção num contexto da medicina alternativa, sendo isto
evidente por grande parte desses estudos serem realizados por investigadores orientais.
De entre as várias proteínas, que manifestam um potencial farmacológico, e com
possível emprego na medicina, destacam-se as proteínas fúngicas imunomoduladoras
(lectinas e FIP - fungal immunomodulatory proteins), as proteínas inactivadoras de
ribossomas (RIP - ribosome inactivating proteins) e algumas proteínas antibacterianas e
antifúngicas.
Os basidiomicetes têm agentes que podem funcionar como imunomoduladores,
não só regulando o crescimento e estimulação das células do sistema imunitário, mas
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 7
também activando macrófagos e linfócitos (Chang, Chien et al. 2007). Os
imunomoduladores naturais têm tido grande atenção por parte dos investigadores como
alternativa aos que são actualmente usados como medicamentos químicos uma vez que
os últimos exibem um alto risco. Os imunomoduladores provenientes destes cogumelos
exibem actividades estimuladoras dos sistemas imunológico inato e adaptativo. No geral
os imunomoduladores de cogumelos podem ser divididos em quatro grupos a) lectinas
imunomoduladoras, b) terpenóides imunomoduladores, c) FIP e d) polissacarídeos
imunomoduladores (El Enshasy and Hatti-Kaul 2013).
As FIPs são proteínas que fazem o targeting das células imunes e podem
funcionar como adjuvantes, estimulando o sistema imunitário. Existem algumas
proteínas imunomoduladoras de cogumelos documentadas na literatura disponível,
sendo que algumas delas estão indicadas na Tabela 1. As FIP apresentam diversas
funções podendo exercer funções ao nível do sistema imunitário, activando a imunidade
inata e adaptativa, podem evitar o aparecimento de metásteses e suprimem a invasão
tumoral e em alguns casos promover a aglutinação de hemácias de alguns tipos
sanguíneos.
As lectinas são proteínas não imunes que ligam especificamente a carbohidratos
na superfície de células. Pensa-se que estas proteínas possam desempenhar um papel
importante na dormencia, crescimento e morfogénese, mudanças morfológicas na
sequência de infecções parasíticas e reconhecimento molecular durante o estádio inicial
do desenvolvimento das micorrizas (Wang, Ng et al. 1998). Em outros organismos,
manifestam a capacidade de aglutinarem células e exibem características moleculares e
fisiológicas únicas incluindo diversidade na estrutura, glicosilação e especificidade por
carbohidratos (Xu, Yan et al. 2011). É a família de proteínas mais estudada nos
cogumelos e possuem uma actividade antiproliferativa, antitumor e actividade
imunomoduladora. Podem ainda ser usadas no diagnóstico, para detectar alterações de
glicosilação, transformações malignas, progressões tumorais, metásteses, doenças
neurodegenerativas e infecções. A Tabela 2 enumera algumas lectinas não enzimáticas e
respectivas acções.
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 8
Tabela 1 - Proteínas Fúngicas Imunomoduladoras e respectivas
acções proporcionadas pela interação com sistemas vivos.
FIP
Nome da
proteína Organismo Propriedades Referência
app Auricularia
polytricha
Capacidade de aglutinar as células vermelhas do
sangue de rato.
Activa esplenócitos de murinos, aumentando a sua
proliferação e secreção de IFN-γ. Também aumenta a
produção de NO e TNF-α
Não apresenta citotoxicidade in vitro
(Sheu, Chien et
al. 2004)
gmi Ganoderma
microsporum
Suprime a invasão tumoral mediada por EGF e
também a metástase
Inibição do crescimento invasivo das células A549
mediado por EGF
(Lin, Sheu et al.
2010)
gts Ganoderma
tsugae
Promove a progressão do ciclo celular de fase G0/G1
para a fase S
Induz a expressão de IFN-γ
(Hsiao, Huang et
al. 2008)
vvo Volvariella
volvacea
Estimula a proliferação máxima de linfócitos no
sangue periférico em humanos
Capaz de aglutinar os glóbulos vermelhos de ratos
In vivo, a administração repetida reduziu reação
Arthus induzida por BSA em ratinhos
Aumenta selectivamente a expressão da transcrição
de IL-2, IL-4, o IFN-γ, TNF-α, linfotoxina e receptor
de IL-2 (efeitos imunomoduladores via regulação de
citocinas)
(Hsu, Hsu et al.
1997)
FIP-fve Flammulina
velutipes
Activa a imunidade inata e adaptativa e induz a
actividade anti-tumoral contra carcinoma
hepatocelular murino
Activador de linfócitos T em humanos
Capacidade tumoricida de macrófagos peritoneais e
esplenócitos específicos contra as células de
hepatoma BNL
(Chang, Hsieh et
al. 2010)
As proteínas RIP são enzimas que inactivam ribossomas eliminando um ou mais
resíduos de adenosina do RNA ribossomal. São estudadas devido as suas propriedades
tóxicas e pelo seu potencial terapêutico no cancro e actividade antiviral, desta forma
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 9
apresentam várias bioactividades como inibição da transcriptase reversa do HIV-1,
propriedades antifúngicas e antiproliferativa (Tabela 3).
Os cogumelos são organismos que possuem mecanismos de protecção contra
ofensas externas, sendo que as proteínas podem contribuir para essa acção protectora.
Algumas proteínas e péptidos com actividades antimicrobianas como a lentin (Ngai and
Ng 2003), pleurostrin (Chu, Xia et al. 2005), trichogin (Guo, Wang et al. 2005),
agrocybin (Ngai, Zhao et al. 2005) e ganodermin (Wang and Ng 2006), são exemplos de
antifúngicos explorados em corpos frutados de cogumelos.
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 10
Tabela 2 - Algumas Lectinas de Basidiomicetes.
Lectinas
Nome da proteína Organismo Propriedades Referência
Inocybe lectin Inocybe
umbrinella
Hemaglutinina
Inibição da transcriptase reversa de HIV-1
Inibe a proliferação de células tumorais,
incluindo as células de hepatoma HepG2 e
células do cancro da mama MCF7
(Zhao, Wang et
al. 2009)
Lectin RLL Russula lepida
Hemaglutinina
Termoestável
Exibe actividade antiproliferativa em células
de hepatoma HepG2 e células do cancro da
mama MCF-7 em humanos
(Zhang, Sun et
al. 2010)
Pleurotus
citrinopileatus
lectin
Pleurotus
citrinopileatus
Hemaglutinina
Termoestável
Actividade anti-tumoral em ratinhos
portadores de sarcoma 180
Resposta mitogénica em esplenócitos de
murino in vitro
Inibição da transcriptase reversa de HIV-1
(Li, Liu et al.
2008)
VVL Volvariella
volvacea
Estimula a expressão de citocinas Th1 e a
actividade proliferativa dos esplenócitos de
rato
Rápida expressão de CD69, CD25, NFAT,
IL-2, e PCNA, levando a uma rápida
proliferação de lifócitos
Activação e proliferação celular são
mediados através de uma via dependente de
cálcio
(Sze, Ho et al.
2004)
CNL Clitocybe
nebularis
Hemaglutinina
Exerce uma actividade anti-proliferativa
específica para as células T de leucemia
humana (através da ligação a receptores de
carbohidratos humano)
(Pohleven,
Obermajer et al.
2009)
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 11
Tabela 3 - Proteínas Inactivadoras de Ribossomas
RIP
Nome da
proteína Organismo Propriedades Referência
Flammulin Flammulina
velutipes
Capazes de inibir a tradução livre de células
em um sistema de lisado de reticulócitos de
coelho
(Wang and Ng
2000)
Marmorin Hypsizigus
marmoreus
Inibição da proliferação das células do
hepatoma Hep G2 e de células do cancro da
mama MCF-7,
Inibição da actividade da transcriptase reversa
de HIV-1
Inibição da tradução no sistema de lisado de
reticulócitos de coelho
(Wong, Wang et al.
2008)
Lyophyllin Lyophyllum
shimeji
Inibição da tradução em reticulócitos de coelho
Inibição da absorção de timidina por
esplenócitos de murídeo
Teratogenecidade (anormalidades embrionárias
durante o período de organogénese em ratos)
Inibição da actividade da transcriptase reversa
de HIV-1
(Lam and Ng 2001;
Wong, Ng et al.
2010)
Hypsin Hypsizigus
marmoreus
Termoestável (60% da actividade inibidora da
tradução foi retida após aquecimento a 100 ° C
durante 10 min)
Inibição da tradução no sistema de lisado de
reticulócitos de coelho
Inibição da actividade da transcriptase reversa
de HIV-1
Actividade antiproliferativa contra células de
leucemia de rato e células de leucemia e de
hepatoma humano
(Lam and Ng 2001)
Volvarin Volvariella
volvacea
Inibição da tradução no sistema de lisado de
reticulócitos de coelho
Actividade de desoxirribonuclease em SV-40
Forte efeito abortivo em ratos
(Yao, Yu et al.
1998)
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 12
1.5.2. Indústria
Os processos industriais resultam na produção de muitos compostos indesejáveis
e que são prejudiciais para os organismos vivos e para o ambiente devido ao consumo
exacerbado de energia e materias primas. Os processos enzimáticos são conhecidos pela
sua especificidade, rapidez e por frequentemente levarem, relativamente ao processos
convencionais, a uma redução da quantidade materia prima necessária. Para além disso,
contribuem para a redução de energia necessária, reacções secundárias indesejadas, e
necessidade de água. (Jegannathan and Nielsen 2013).
As enzimas provenientes de fungos têm vindo a ser integradas ao nível
industrial, uma vez que são adequadas para desempenhar inúmeras tarefas. Podem ser
usadas para complementar detergentes de loiça e roupa (hidrolases e proteases), em
pastas de dentes (lisozima e peroxidases), pastilhas (lacases), na indústria dos têxteis
(amilases, pectinases, catalases, celulases), tratamento das águas (laccases, tirosinases),
na produção e tratamento do couro (proteases e lipases), na indústria do papel (xilanases
e lipases), na reciclagem do papel (amilases e celulases), na indústria alimentar
(xilanases, glucanases, lacases, tirosinases, proteases, lipases). (Østergaard and Olsen
2011).
Estes são alguns exemplos de sectores que empregam as enzimas provenientes
de fungos para a realização de tarefas diversas, e cujos resultados se mostraram bastante
satisfatórios face aos métodos anteriormente utilizados. Apesar da esmagadora maioria
dos exemplos apresentados serem de proteínas de fungos inferiores, as enzimas de
fungos superiores, podem ser aplicadas em situações semelhantes, caso as suas
propriedades assim o permitam. Para isso é necessário ter em conta as condições sob as
quais estas vão estar sujeitas, os substratos que irão processar, os produtos a serem
formados e possíveis reacções secundárias. Muito ainda precisa ser feito para que se
criem as condições necessárias para que possam entrar na indústria. No entanto, existem
já alguns estudos em que para além de identificar e purificar proteínas de cogumelos
basidiomicotas, se tenta encontrar uma aplicação práctica.
As enzimas envolvidas na degradação da lignocelulose são dos grupos de
enzimas de fungos superiores mais estudadas. As proteínas de basidiomicetes são
catalisadores altamente eficientes (algumas são capazes de actuar num leque vasto de
substratos), e podem ser uma alternativa aos métodos industriais convencionais por não
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 13
levarem a formação de subprodutos tóxicos. Além disso, podem ser obtidas em grandes
quantidades (Seo, Sharma et al. 2003). Os fungos de podridão branca (white-rot fungi)
têm a capacidade de degradar completamente a lenhina, têm sido bastante estudados
uma vez que podem decompor e mineralizar organopolutantes semelhantes a esta
(Pointing 2001). Algumas proteínas desses cogumelos destacam-se, como é o caso das
lacases, peroxidases, tirosinases, hidrofobinas e proteases.
As Lacases proteínas presentes em vários organismos (proteínas ubíquas). Nos
fungos essas enzimas participam na esporulação, produção de pigmentos, na patogénese
de plantas, na formação do corpo frutado e na degradação de lenhina. As lacases
provenientes dos fungos são oxidases com cobre no local activo, e têm a capacidade de
oxidar um grande conjunto de compostos orgânicos aromáticos (Rivera-Hoyos,
Morales-Álvarez et al. 2013). Estas enzimas têm a particularidade de resistirem a
grandes variações de pH e temperatura, podendo ser utilizada para a conversão de
compostos recalcitrantes provenientes da actividade fabril, como no caso da industria
têxtil, na descoloração de corantes azo (Ma, Zhuo et al. 2014) ou na indústria do papel
(Sahoo and Gupta 2005). Na Tabela 4 estão descritos algumas das aplicações e estudos
realizados com lacases de basidiomicotas.
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 14
Tabela 4 - Lacases e potenciais aplicações biotecnológicas.
Lacase
Indústria
alvo
Nome da
proteína Organismo Propriedades Referência
Celulose e
papel -
Trametes
versicolor
Deslignificação da celulose de
eucalipto
Perto de 60% de poupança de dióxido
de cloro, com propriedades de
resistência da pasta de papel
branqueada, semelhantes aos obtidos
após o branqueamento convencional
(Gamelas,
Pontes et al.
2007)
Cosméticos Flac1 Flammulina
velutipes
Flac1 é induzida por pH alcalino
Pode ser aplicado a um sistema de
coloração de cabelo, sem o uso de
H2O2 que é irritante
(Saito, Ikeda
et al. 2012)
Alimentar MnP, LiP
e lacase
Phanerochaete
chrysosporium
Redução de polifenóis clarificação de
sumos
(Gassara-
Chatti, Brar et
al. 2013)
Têxtil - Ganoderma
sp.En3
Descoloração do corante azo
sulfonados Reactive Orange 16
(Ma, Zhuo et
al. 2014)
As Peroxidases são comuns a vários organismos e catalizam uma variedade de
reacções na presença de peróxidos como, por exemplo, o peróxido de hidrogénio
(Hamid and Khalil ur 2009), que se comporta como aceitador de electrões (Torres,
Bustos-Jaimes et al. 2003). Tem um grande potencial na destoxificação de solos, tal
como a lacase. As peroxidases têm a capacidade de degradar organopoluentes cuja
estrutura seja semelhante à da lenhina e também a capacidade de catalisar a oxidação de
compostos orgânicos e compostos não fenólicos. Já foram identificados, algumas
peroxidases como as peroxidases versáteis (Chen, Yao et al. 2010), peroxidases de
lenhina (LiP) e as peroxidases dependentes de manganês (MnP) (Chandrasekaran, Choi
et al. 2014). Já foram feitos estudos no sentido de encontrar mediadores redox que
aumentem a actividade de enzimas como a peroxidase e a lacase na capacidade de
degradar compostos recalcitrantes (Rao, Scelza et al. 2014). Têm-se desenvolvido
estratégias para aumentar a hidrofobicidade e rigidez levando a um aumento da
termoestabilidade, da actividade enzimática, da afinidade por substratos hidrofóbicos e
tolerância a solventes orgânicos, quer pela fixação destas enzimas a superfícies, pela
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 15
produção de nanopartículas com proteína adsorvida a superfície entre outras (Torres,
Bustos-Jaimes et al. 2003).
A tirosinase é uma enzima da superfamília das oxidases (Seo, Sharma et al.
2003) que apresenta funções multi-catalíticas (monofenol oxidase, difenolase e a
oxidação de 5,6-dihidroxiindole a 5,6-dihidroxiquinona) (Hu, Liu et al. 2014). As
tirosinases provenientes de cogumelos têm sido amplamente utilizadas na investigação,
na procura de inibidores para tirosinases humanas envolvidas no desenvolvimento de
doenças dermatológicas associadas à hiperacumulação de melanina e a algumas doenças
neurodegenerativas como a doença de Parkinson (Liu, Wu et al. 2012). As tirosinases
de cogumelos podem ser usadas como modelo, uma vez que é provável que os
inibidores competitivos para esta enzima possam também inibir a tirosinase humana.
Tem a vantagem de ser de fácil obtenção uma vez que está disponível no mercado e a
custos baixos (Alijanianzadeh, Saboury et al. 2012). Além disto, a tirosinase está
associada ao desenvolvimento da cor escura em frutos, legumes e fungos, após a
colheita, o que leva geralmente a uma perda de qualidade desses produtos devido a uma
degradação mais rápida destes (Liu, Wu et al. 2012). Esta actividade indesejável em
alguns alimentos não se extende a todos, pois esta é importante ao nível da produção de
passas, cacau e chá, onde contribui para o aparecimento de propriedades organolépticas
importantes (Seo, Sharma et al. 2003). Pode também ser aplicada na produção de
L-Dopa através de uma técnica de imobilização de enzima, sendo uma possível
alternativa aos métodos comuns de produção (Algieri, Donato et al. 2012). Também se
mostrou útil na remoção de compostos fenólicos de águas residuais (Xu and Yang 2013)
e no desenvolvimento de biosensores de alta sensibilidade e selectividade (Fiorentino,
Gallone et al. 2010). Algumas das possíveis aplicações desta enzima estão apresentadas
na Tabela 5.
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 16
Tabela 5 - Tirosinases e potenciais aplicações biotecnológicas
Tirosinase
Indústria alvo Nome da
proteína Organismo Propriedades Referência
Tratamento de
águas tirosinase -
Imobilização para a remoção de
compostos fenólicos de águas
residuais
Conversões completas atingidas
dentro de 0,5-3 h num reactor
descontinuo
(Xu and Yang
2013)
Indústria
Farmaceutica tirosinase -
Imobilização num reactor de
membrana contínua
Alta estabilidade ao longo de
30 h
Produtividade 22,54 mg L-1 h-1
Ideal para um reactor a larga
escala
(Algieri, Donato
et al. 2012)
Biosensor tirosinase Agaricus
bisporus
Detecção e semi-quantificação
de poluentes fenólicos
Enzima imobilizada numa
membrana
Tolera pH4-10 e temperatura 5-
25ºC
Suporta várias concentrações de
sal
1 mês de validade
(Russell and G.
Burton 1999)
As hidrofobinas são um grupo de proteínas únicas no reino fungi. São proteínas
pequenas anfipáticas que são secretadas para o meio exterior pela extremidade em
expansão do micélio durante periodos de carência de nutrientes, ou stress fisiológico.
Têm a capacidade de alterar a tensão da água, sendo que este fenómeno permite, à hifa
em crescimento, atravessar a interface entre a água e o ar. Em solução as hidrofobinas
podem se apresentar na forma monomérica embora seja mais provável, aquando a sua
concentração é bastante elevada, se agruparem em dímeros e trímeros na interface entre
a água e o ar dando origem a um filme. Estes filmes apresentam propriedades
importantes como a de ser anfipático, elástico, robusto, entre outras. As hidrofobinas
Hidrolases de Agrocybe aegerita e Macrolepiota procera: Purificação parcial e caracterização Introdução
Ana Cardoso 2015 17
também podem ser usadas como agente para mascarar o paladar de fármacos ou
probióticos com um gosto desagradável, ou como um agente emulsionante na indústria
alimentar (Cox and Hooley 2009). Estas características fazem destas proteínas únicas,
com um grande potencial a nível biotecnológico e em aplicações médicas podendo
funcionar como revestimento de superfícies em instrumentos cirúrgicos, implantes
médicos e em catéteres promovendo a biocompatibilidade, uma vez que reduzem a
ligação não específica de proteínas (Erjavec, Kos et al. 2012).
As proteases são uma classe de enzimas que funcionam nos principais processos
fisiológicos, como a degradação de biomoléculas, modificação enzimática, regulação da
expressão gênica, morte celular e nutrição entre outros. Estes processos são essenciais e
ubíquos em todos os organismos desde procariotas a eucariotas e estão estritamente
regulados para assegurar que apenas sejam activados na célula no momento em que isso
seja necessária (Wang, Liu et al. 2012). Muitas proteases são únicas dos basidiomicetes,
desta forma estes cogumelos são uma fonte de proteases inexploradas e também de
inibidores. Já são conhecidas muitas proteases dos cogumelos, no entanto pouco se fez
para além da purificação parcial destas e uma caracterização sem vista a uma potencial
aplicação (Tabela 6). Para além das proteases, é importante a investigação da presença
de inibidores nos extratos, como por exemplo, os inibidores de peptidases (Dunaevsky,
Popova et al. 2014). Já foram caracterizados inibidores de proteases cisteínicas e
serínicas diferentes das presentes em animais e plantas. Ainda não foram identificados
até a data inibidores de proteases asparticas e metaloproteases. Neste sentido, trabalhos
devem ser feitos uma vez que a ini