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Departamento de Engenharia Elétrica
AMPLIFICAÇÃO DE PULSO ÓPTICO ATRAVÉS DE
MULTIPLEXAÇÃO POR DIVISÃO DE POLARIZAÇÃO NO TEMPO
Aluno: Marcelo Moraes Resende
Orientador: Jean Pierre Von Der Weid
Co-Orientador: Gustavo Castro do Amaral
Introdução
Fibras ópticas têm sido utilizadas nas telecomunicações desde a década de 70 [1].
Dentre as vantagens apresentadas por essa tecnologia estão altas taxas de transmissão, em
comparação com a propagação por radiofrequência, baixas perdas de transmissão, além de
baixa interferência [2]. Devido a isso, redes de comunicações ópticas são cada vez mais
comuns e têm sido implementadas por diversas empresas do ramo de telecomunicações.
Para um bom funcionamento das redes de comunicações ópticas, diversos
dispositivos foram desenvolvidos, dentre os quais se destacam os amplificadores ópticos,
capazes de elevar a potência de uma fonte óptica (um LASER ou um LED). Eles são
usados, por exemplo, para restaurar a potência de um sinal que tenha sido atenuado abaixo
da potência necessária para sua detecção [3].
Uma das principais limitações de um amplificador óptico é seu limite de saturação,
que se deve, como explicaremos adiante, ao esgotamento dos elétrons disponíveis para
emissão estimulada. O projeto por nós desenvolvido e que será aqui explicado consiste em
um arranjo capaz de superar o limite de saturação de um SOA, amplificando uma fonte
óptica coerente, em regime pulsado, acima da capacidade do SOA utilizado [4]. Para isso,
um pulso óptico é dividido em diversos pulsos, com diferentes estados de polarização e
defasagens. Esses pulsos são amplificados separadamente e então recombinados. Para
demonstrar a aplicabilidade da montagem realizada, ela foi testada em conjunto com um
OTDR (Optical Time-Domain Reflectometer) por contagem de fótons, visando aumentar o
seu alcance dinâmico.
Aspectos Teóricos
A. Polarização da luz e controladores de polarização
Podemos decompor o campo elétrico de uma onda transversa em dois eixos de
polarização ortogonais, cada um deles se comportando como uma onda senoidal. As
amplitudes das ondas em cada eixo, bem como a diferença entre suas fases determinará a
polarização da onda [2], ou seja, o desenho traçado pelo vetor campo elétrico no plano
perpendicular à sua propagação, tal como mostrado na Figura 1. Portanto, a polarização é
uma propriedade de ondas eletromagnéticas que revela como a direção do vetor campo
elétrico se modifica no tempo. Se ela variar randomicamente no tempo, a luz é dita
despolarizada. Caso contrário, ela é dita polarizada. Um caso especial ocorre quando a
direção do campo é constante no tempo, quando a onda é dita linearmente polarizada.
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Figura 1: Onda TEM decomposta em duas componentes ortogonais. O vetor campo
elétrico em um plano perpendicular à direção de propagação é mostrado em preto. Percebe-
se que ele descreve um círculo conforme o tempo avança, ou seja, estamos diante de
polarização circular.
Em diversas aplicações é necessário que a luz em uma fibra óptica esteja polarizada
em certa direção. Dispositivos conhecidos como PCs (Polarization Controllers) permitem
ajustar o estado de polarização da luz e são usados com esse objetivo. O tipo de controlador
de polarização que utilizamos em nosso experimento é chamado “Mickey” ou manual por
torção. Seu funcionamento explora o fato de que, ao se dobrar uma fibra, sua
birrefringência (a propriedade de uma fibra óptica de exibir índices de refração diferentes
em eixos diferentes) se altera e quanto menor o raio de curvatura, maior será o grau de
birrefringência [5]. Isso altera a diferença de fases entre as componentes ortogonais do
campo elétrico, alterando a polarização. Em um “Mickey”, três enrolamentos são postos em
sequência, podendo ser rotacionados ao redor do eixo longitudinal da fibra. Ajustando-os, é
possível transformar a polarização da luz incidente em qualquer outro estado de
polarização.
B. Polarizing Beam Splitter (PBS)
Um dispositivo de extrema relevância na área de óptica é o beam splitter, capaz de
dividir a luz que entra por ele em dois ou mais feixes, que podem ou não ter a mesma
potência. Um tipo especial de beam splitter é o PBS, mostrado na Figura 2. Ele é
constituído por um cubo com um espelho interior que possui um certo grau de
birrefringência. A luz, ao incidir sobre esse espelho, é dividida em dois feixes de
polarizações ortogonais entre si, um dos quais será transmitido e outro refletido [6].
Figura 2: Funcionamento de um PBS
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Esse dispositivo terá importância fundamental em nosso setup experimental, na
medida em que permitirá realizar a multiplexação de um pulso por divisão de polarização.
Os PBSs utilizados possuem duas entradas, que chamaremos de 1 e 2, e duas saídas, que
chamaremos de R e T. Perceba que a polarização que sai nas portas R e T depende de qual
das entradas a potência óptica está sendo inserida. Se, na Figura 2, tivéssemos usado a outra
entrada (a face inferior do cubo), as polarizações nas portas R e T seriam trocadas.
C. SOA
Um SOA (semiconductor optical amplifier) é um tipo de amplificador óptico, que
eleva a potência da radiação que incide sobre ele a partir do processo de emissão
estimulada. Para melhor entender isso, devemos compreender como se dão os três
processos básicos de interação luz-matéria, mostrados na Figura 3. Quando um fóton incide
sobre um material semicondutor, um elétron é capaz de absorver sua energia, saltando para
um nível de energia mais excitado, como em (a). Em geral, esse não é um estado estável, de
modo que o elétron voltará após certo tempo de forma espontânea para o estado menos
energético, emitindo um fóton no processo, tal qual em (b). Em (c), ocorre a chamada
emissão estimulada, na qual um fóton incidente num meio de ganho estimula um elétron
em um estado excitado a decair para o seu estado fundamental, emitindo um fóton de
mesma fase, frequência e polarização que o primeiro, diferentemente do que ocorre com a
emissão espontânea, na qual o fóton emitido possui uma fase aleatória [2].
Figura 3: Três processos possíveis para a interação luz-matéria: (a) Absorção; (b)
Emissão Espontânea; (c) Emissão Estimulada.
A radiação incidente num SOA, portanto, inicia um processo de emissão estimulada,
que levará à emissão de fótons “clones” dos primeiros e amplificará a potência óptica,
desde que se cumpra a condição de inversão da população, segundo a qual a população no
estado de energia excitado deve ser maior que aquela no estado menos energético. Isso
porque fótons incidentes no material podem também ser absorvidos por ele. Para que a taxa
de emissão estimulada supere a taxa de absorção, deve-se fornecer ao SOA uma corrente
elétrica. É a injeção de elétrons no material que fornecerá a condição de inversão de
população necessária, em um SOA.
Uma curva típica do ganho em função da potência de entrada de um SOA é mostrada
na Figura 4. Na medida em que a potência de entrada aumenta, menos elétrons localizados
no estado excitado (banda de condução) estarão disponíveis para realizar a emissão
estimulada, pois muitos já decaíram para a banda de valência e daí foram levados para fora
da região de depleção da junção pn [2]. Assim, chega-se eventualmente a uma região de
saturação, na qual aumentar a potência da entrada não afetará a potência na saída do
dispositivo.
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Figura 4: Curva de saturação típica de um SOA. Até certo valor da potência, o ganho
permanece constante e igual G0. A partir daí, o SOA começa a saturar. Quando a potência
de entrada é muito alta, o ganho passa a ser unitário (0 dB).
Um fenômeno importante em qualquer amplificador óptico é a ASE (amplified
spontaneous emission), que se origina do fenômeno de emissão espontânea de elétrons e
buracos. Os fótons assim emitidos também serão amplificados no meio de ganho,
acrescentando ruído na saída do dispositivo. Tal ruído possui uma largura espectral maior
do que a da emissão estimulada, o que pode introduzir potência em comprimentos de onda
indesejados.
Montagem Experimental
A. Funcionamento geral
A montagem elaborada está mostrada na Figura 5. Os pulsos emitidos pela fonte
óptica se dirigem à porta 1 de um circulador de três portas. Nesse dispositivo, o sinal que
entra em uma porta sai pela porta seguinte, ou seja, se um sinal óptico entra na porta 1,
então ele sai pela porta 2, e se entra na porta 2, ele sai pela porta 3. É importante notar que
um sinal que entre na porta 3 não sairá pela 1.
Na porta 2 do circulador é colocado um PBS (Polarization Beam Splitter). O pulso
óptico, ao chegar nesse dispositivo, é dividido em dois outros pulsos de polarizações
ortogonais e de mesma amplitude, dos quais um será transmitido imediatamente ao SOA
(chamaremos esse pulso de “adiantado”) e o outro (pulso “atrasado”) será refletido,
passando por uma fibra óptica (OD1, do inglês optical delay line) e reentrando no PBS pela
porta 2. Enfim, o pulso atrasado sai do PBS em direção ao SOA, adquirindo uma
defasagem em relação ao pulso adiantado.
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Figura 5: Diagrama de blocos da montagem experimental para amplificação de pulsos
ópticos além da saturação do SOA, utilizando-se de um único PBS.
Um PC (Polarization Controller) é posto antes do PBS, para assegurar que o pulso
em sua entrada esteja polarizado a 45° (tomando como referência os eixos de polarização
do PBS), de modo que os componentes ortogonais tenham a mesma amplitude, e outro após
OD1, para que a polarização do pulso atrasado na reentrada no PBS seja a mesma que
entrou em OD1 (o que garante que o pulso atrasado será retransmitido para o SOA após
entrar na porta 2 do PBS, ao invés de passar novamente pela OD1). O DDG (Digital Delay
Generator), cujo funcionamento será melhor explicado em uma seção posterior, é ajustado
para acionar o SOA nos momentos exatos em que os pulsos adiantado e atrasado passam
por ele. Portanto, a linha de atraso OD1 deve ter um comprimento suficiente para que a
defasagem entre ambos os pulsos seja maior que o tempo de recuperação de ganho do SOA
e que a resolução do DDG.
Os pulsos assim amplificados precisam agora ser recombinados, formando
novamente um único pulso, com o dobro da potência de cada um deles. Para isso, utiliza-se
um espelho de Faraday conectado na saída do SOA. Este dispositivo troca as polarizações
dos pulsos atrasado e adiantado entre si, de modo que se um pulso era polarizado
horizontalmente, ele será refletido com polarização vertical e vice-versa. Uma vez que os
estados de polarização dos pulsos foram trocados pelo espelho de Faraday, os pulsos agora
irão percorrer um caminho diverso daquele percorrido quando foram em direção ao SOA,
isto é, o pulso adiantado irá percorrer a linha OD1 e o atrasado passará direto pelo PBS.
Assim, os percursos ópticos dos dois pulsos são igualados, realizando-se a demultiplexação
do sinal, ou seja, os dois pulsos de polarizações ortogonais entre si são recombinados e um
único pulso retorna à porta 2 do circulador. Na porta 3, obtemos este pulso amplificado, que
pode ser agora usado em alguma aplicação na qual se deseje maior potência óptica. Por
exemplo, podemos conectar a saída do arranjo em um OTDR por contagem de fótons,
aumentando o alcance dinâmico do mesmo, como será mais bem explicado adiante.
Cabem aqui duas observações. A primeira é que o DDG foi ajustado para acionar o
SOA também no percurso de volta dos pulsos polarizados ortogonalmente entre si, após
sofrerem reflexão no espelho de Faraday. Em outras palavras, o SOA é acionado quatro
vezes no arranjo experimental acima: duas vezes quando os dois pulsos passam em direção
ao espelho de Faraday, uma para cada pulso; e outras duas após eles serem refletidos no
espelho. A segunda observação é que se o pulso adiantado, ao ser refletido pelo espelho de
Faraday, retornar ao SOA no mesmo momento em que o pulso atrasado estiver passando
por ele, no percurso contrário, o SOA não amplificará propriamente. Ao mesmo tempo,
após a passagem do pulso atrasado pelo SOA, o pulso adiantado deve esperar o tempo de
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recuperação de ganho antes de retornar a ele. Assim, entre o SOA e o espelho de Faraday,
deve ser posta uma fibra óptica para formar outra linha de atraso.
B. Funcionamento sob saturação do SOA
A montagem foi idealizada para operar na região de saturação do amplificador. Desse
modo, após a segunda passagem pelo SOA, ambos os pulsos devem estar com uma
potência igual à da saturação do SOA, como mostrado na Figura 5. Como resultado, após a
demultiplexação, o sinal que volta à porta 2 do circulador consiste em apenas um pulso,
com o dobro da potência de saturação do amplificador. Portanto, o arranjo elaborado
permite um ganho de 3 dB acima da potência de saturação do amplificador utilizado.
Podemos adicionar nessa montagem outros PBSs em série. Para cada um deles, um
ganho adicional de 3 dB acima da saturação deve ser idealmente alcançado. Por exemplo,
com dois PBSs (e suporemos aqui, para efeitos de exemplificação, que os eixos de
polarização dos dois PBSs estejam nas direções horizontal e vertical), o pulso proveniente
da fonte óptica será dividido em dois componentes ortogonais no primeiro PBS, um
horizontal e outro vertical. Em seguida, esses dois componentes devem passar por outro
PC, que rotacionará o eixo de polarização dos pulsos para que façam 45° com os eixos de
polarização do segundo PBS. Desse modo, o pulso adiantado (suponhamos horizontal) será
dividido em dois outros componentes, um vertical e outro horizontal, o mesmo ocorrendo
com o pulso atrasado, vertical. Ao fim, passam pelo SOA quatro pulsos, dois com
polarização horizontal e dois com polarização vertical, cada um sendo amplificado até a
saturação do dispositivo. Conclui-se que a potência do pulso recombinado, na saída da
porta 3 do circulador, será quatro vezes superior (6 dB acima) à capacidade de saturação do
SOA. Essa discussão é resumida na Figura 6.
Figura 6: Diagrama de blocos da montagem experimental para amplificação de pulsos
ópticos além da saturação do SOA, utilizando-se de dois PBS. Para cada pulso na
montagem, é mostrada também sua polarização
Na prática, as perdas na montagem (especialmente aquelas relacionadas às perdas de
inserção no PBS e no circulador óptico, conforme mostraremos na seção “Resultados”)
limitarão o ganho alcançado a um valor inferior a 3 dB por PBS.
C. Funcionamento na região linear do SOA
Quando operado sob saturação, o número de fótons entrando no SOA é
aproximadamente igual ao número de elétrons na banda de valência do meio de ganho, de
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modo que esses elétrons decairão no processo de emissão estimulada. Sobram poucos
elétrons para recombinação espontânea de elétrons e buracos e, portanto, o fenômeno de
ASE é pequeno ou mesmo inexistente. O mesmo não ocorre quando se opera na região
linear do SOA, na qual os elétrons que não decaem estimulados pelos fótons do sinal óptico
estão disponíveis para emissão espontânea.
A ASE não é desejada por dois motivos principais. Primeiramente, a potência gerada
pela ASE está dispersa em um espectro largo de frequências, sendo que, em geral, trabalha-
se com uma faixa pequena ao redor de certo comprimento de onda desejado (em nosso
experimento, 1550 nm). Essa questão pode ser resolvida utilizando-se um WDM [2] na
saída da montagem experimental. Tal dispositivo funciona como um filtro nesse caso,
eliminando a parcela de ASE localizadas em comprimentos de onda diferentes do desejado.
No entanto, a parcela remanescente, não filtrada pelo WDM por estar ao redor de
1550 nm, traz outro problema. Por se tratar de emissão espontânea, despolarizada, a ASE
não sofrerá a mesma recombinação que os pulsos adiantado e atrasado, gerando pulsos
espúrios na saída do sistema. Por exemplo, se na primeira passagem do pulso adiantado (de
polarização supostamente horizontal) pelo SOA, a potência não é suficiente para atingir a
saturação, ASE será gerada. Ao refletir no espelho de Faraday, essa ASE gerará uma
componente horizontal, cuja magnitude variará aleatoriamente no tempo. Essa componente,
ao retornar ao SOA, será amplificada e passará direto pelo PBS, gerando um pulso de ASE
na porta 3 do circulador, adiantado em relação ao pulso das duas componentes de
polarização recombinadas (note que a componente vertical da ASE refletida, assim como o
pulso adiantado original, passarão pela linha de atraso e se recombinarão com o pulso
atrasado). Algo similar ocorre com o pulso atrasado, de polarização vertical por hipótese.
Nesse caso, a ASE terá uma componente horizontal, que será refletida na vertical pelo
espelho e será atrasada no PBS, ao invés de passar direto por ele como o resto do pulso
atrasado.
Portanto, quando há ASE, devemos ver na saída três pulsos no domínio do tempo.
Quanto mais próximo da saturação operarmos, maior será o pulso do meio, proveniente do
processo de multiplexação e demultiplexação do pulso óptico, e menores serão os pulsos
extremos, provenientes da ASE.
Uma possível solução para o problema da ASE seria a criação de um circuito de
controle que fornecesse ao SOA um pulso de corrente variável. Sua magnitude dependeria
da potência óptica a ser amplificada, devendo ser reduzida sempre que o pulso óptico na
entrada do SOA não tiver amplitude suficiente para levá-lo à saturação. Desse modo,
menos elétrons preencheriam a banda de valência, o que reduz a emissão espontânea e,
portanto, a ASE. Para medir a potência do pulso na entrada do SOA, que serviria como
input para esse mecanismo de controle, pode-se usar um beam splitter 99:1 antes do SOA,
conectando a porta com 99% do pulso no SOA e a outra num fotodetector. Assim, torna-se
possível utilizar a nossa montagem experimental também em regime linear, com uma ASE
reduzida. Esse método, no entanto, não chegou a ser testado, pois o equipamento eletrônico
utilizado não permite a variação da corrente elétrica, de modo que ela é fixada em 2
ampères.
D. Ganho dependente da polarização
SOAs, em geral, apresentam PDG (Polarization Dependent Gain). Isso significa
que o ganho do dispositivo será maior em certas direções de polarização da luz e menor em
outras. Assim, é recomendável a utilização de outro PC na entrada do SOA, para ajustar a
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luz na saída do PBS ao eixo de polarização preferencial do SOA, assim obtendo a maior
amplificação possível.
O PC posicionado antes do SOA também resolve outra questão relacionada à PDG,
que surge quando são utilizados mais de um PBS em série. Nesse caso, para que ocorra
uma correta demultiplexação, é necessário que os pulsos, após a segunda passagem pelo
SOA, tenham a mesma amplitude. Se essa condição não é satisfeita, os pulsos, ao saírem do
SOA, se recombinarão no primeiro PBS, mas esses pulsos recombinados não estarão
rotacionados a exatos 45º dos eixos de polarização desse PBS. Consequentemente, o PC
entre o primeiro e segundo PBS não alinhará tais pulsos de acordo com os eixos de
polarização do segundo PBS. Se tivéssemos apenas dois PBSs e eixos de polarização dos
PBSs de acordo com aqueles desenhados na Figura 6, portanto, veríamos três pulsos na
saída. Isso porque dois pulsos sairiam do PC entre os PBSs: o primeiro teria uma parcela na
direção horizontal, que passaria direto pelo segundo PBS e daria origem ao pulso mais
adiantado na saída. Já o segundo pulso a sair do PC teria uma parcela vertical, levando ao
pulso mais atrasado.
Colocando o PC antes do SOA, torna-se possível ajustar os eixos de polarização dos
pulsos que serão por ele amplificados. Ou seja, se percebermos que o pulso vertical é mais
amplificado que o horizontal devido à PDG, esse PC permite rotacionarmos os pulsos para
atingir um ganho mais equilibrado entre eles, de maneira tal que obtenhamos, na saída, um
único pulso. A Figura 7 a seguir mostra a saída do arranjo experimental com e sem esse PC.
Note que quando ele é utilizado, os dois pulsos extremos praticamente desparecem. O que
resta deles se deve à ASE, que existirá mesmo em regime saturado, ainda que em um grau
muito menor que no linear. Outro motivo para a existência de três pulsos na saída são erros
de ajuste dos outros PCs da montagem, o que também impedirá uma correta recombinação
dos pulsos.
Figura 7: Forma de onda do pulso na saída do setup de amplificação com dois PBSs
quando: (em preto) o controlador de polarização é removido da topologia e a recombinação
não ocorre perfeitamente; (em vermelho) os estados de polarização são alinhados com a
PDG do SOA e a recombinação após o primeiro PBS é casada.
E. Fonte óptica
O arranjo experimental utilizado é capaz de amplificar um sinal óptico sob regime
pulsado, isto é, a fonte óptica deve emitir pulsos de certa duração, repetidos periodicamente
no tempo. Essa condição é necessária para que o SOA da montagem tenha tempo de
preencher novamente sua banda de valência com elétrons antes de um novo pulso chegar e
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também para que dois pulsos em direções contrárias – um proveniente do PBS e outro da
reflexão no espelho de Faraday – não passem ao mesmo tempo no SOA.
Para montar a fonte óptica pulsada, utilizou-se o sistema mostrado na Figura 8. Nele,
tem-se um laser tunável1 (TLS, do inglês tunable laser source), que emite uma potência
constante no tempo, e que é conectado a um EDFA. Um EDFA é um amplificador óptico
cujo mecanismo de bombeamento, para garantir a inversão de população, é feito
opticamente, diferentemente do SOA em que o bombeamento é elétrico [2]. Nesse caso, ele
é utilizado para se obter uma potência suficiente para que nossa montagem possa operar em
regime de saturação. Uma rede de Bragg é então utilizada em conjunto com um circulador
para deixar passar apenas luz com 1550 nm para o SOA, filtrando a ASE originada no
EDFA. Redes de Bragg são componentes ópticos nos quais se modula senoidalmente o
índice de refração de uma fibra de germano-silicato. Como resultado, comprimentos de
onda ao redor de certo valor, ao incidirem sobre ela, serão refletidos, enquanto os outros
passarão ao longo da rede inalterados. Dessa forma, ao se conectar uma rede de Bragg na
porta 2 de um circulador, obtém-se um filtro, que deixa passar da porta 1 para a porta 3
apenas os comprimentos de onda refletidos pela rede.
Figura 8: Fonte óptica coerente e pulsada utilizada ao longo dos experimentos para
alimentar os setups de amplificação. A fonte emite um pulso de referência para sincronismo
sempre que um pulso óptico é gerado.
Em seguida, conecta-se um SOA, que funcionará como uma espécie de chave.
Sempre que receber um pulso elétrico, ele deixará a luz passar, amplificando-a. Se não
houver corrente, ao contrário, o SOA não emitirá radiação. Assim, fomos capazes de
produzir uma fonte óptica pulsada, a partir de uma fonte CW que é o laser tunável. A saída
do SOA será conectada a porta 1 de um circulador, conforme mostrado anteriormente na
Figura 5.
A duração dos pulsos, bem como o atraso entre eles, pode ser alterada com o sinal
elétrico mandado para o SOA. Durante a validação experimental do esquema proposto, a
duração do pulso foi ajustada para 100 ns.
F. Sincronização dos pulsos
Após a montagem do arranjo experimental, é necessário ajustar os DDGs e PCs para
obter um correto funcionamento do experimento. Os PCs devem ser ajustados
manualmente. Como vimos, se eles não estiverem corretamente ajustados, a multiplexação
e demultiplexação não ocorrerão corretamente e não teremos apenas um pulso na porta 3 do
circulador na Figura 5.
Foram usados três aparelhos DDGs, cada um capaz de gerar quatro pulsos elétricos,
que são repetidos periodicamente. Para cada pulso, é possível ajustar sua duração e sua
defasagem em relação a um pulso de referência. O primeiro aparelho gera um pulso que 1 Diz-se que um LASER é tunável quando seu comprimento de onda pode ser ajustado.
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aciona o SOA da fonte óptica descrito no item anterior, e outros dois pulsos que servem
como referência para os dois outros aparelhos. Outro DDG é utilizado para gerar os pulsos
para o SOA na ida e outro para os pulsos da volta.
Como dissemos anteriormente, a duração dos pulsos elétricos foi posta em 100 ns.
Para ajustar as defasagens dos pulsos que acionam o SOA na ida, devemos conectar um
osciloscópio no lugar do espelho de Faraday e variar os valores das defasagens dos pulsos
elétricos. Quando esse valor for igual ao tempo que o pulso leva para chegar ao SOA,
encontraremos, no osciloscópio, o maior pulso óptico possível e assim saberemos que a
defasagem está certa. Em seguida, colocamos um osciloscópio na saída do arranjo
novamente e seguimos o mesmo método para a sincronização dos pulsos de volta.
Resultados
A. Performance da montagem realizada
Foram testadas quatro topologias, colocadas após a fonte óptica pulsada e ilustradas
na Figura 9. As duas primeiras não utilizam nenhum PBS. A montagem (a) é composta por
um único SOA e a (b), por um SOA, um circulador, e um espelho de Faraday. Nessa
última, o pulso é amplificado nas duas vezes em que passa pelo SOA, que funciona de
forma bidirecional. Esses arranjos são utilizados como referência, para nos assegurarmos
que o uso da multiplexação por divisão de polarização possui de fato vantagens em
comparação a um SOA comum.
A topologia (c) é igual àquela mostrada na Figura 5, possuindo apenas um PBS, que
dividirá o pulso original em dois outros, com polarizações ortogonais e defasados no
tempo. Esses pulsos são então amplificados pelo SOA e refletidos no espelho de Faraday,
no qual suas polarizações são trocadas. Em seguida, sofrem nova amplificação no SOA
(caso ainda não tenham alcançado a saturação na primeira passagem pelo amplificador) e
são novamente recombinados ao retornarem ao PBS. A topologia (d) utiliza dois PBSs em
série, multiplexando o pulso original em 4 outros, e é idêntica a da Figura 6.
Figura 9: Diferentes topologias de amplificação: (a) SOA sozinho; (b) SOA
bidirecional; (c) Um PBS + SOA bidirecional; (d) 2 PBSs + SOA bidirecional. Alguns dos
dispositivos não são mostrados na imagem para simplificação
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A topologia (d) montada é mostrada na Figura 10 a seguir:
Figura 10: Foto da topologia (d), indicando os controles de polarização, linhas de
atraso, PBSs e o circulador.
Foram traçadas as curvas de saturação de cada uma das topologias apresentadas. Para
isso, conectou-se, na saída da fonte óptica mostrada na Figura 8, um VOA (do inglês
variable optical attenuator). Este é um dispositivo capaz de gerar uma atenuação ajustável
da potência óptica. Seu visor mostra o quanto ele está atenuando e, com o conhecimento da
potência na entrada do VOA, de cerca de -15 dBm, é possível saber a potência na entrada
dos quatro arranjos experimentais. Variamos a atenuação do VOA de 0 a 50 dB e vimos a
potência na saída da porta 3, conectando nela um OSA (Optical Spectrum Analyzer), que
mostra a potência óptica do pulso em função do comprimento de onda (na Figura 12, pode
se ver o formato do gráfico que é obtido no OSA). Um WDM é conectado antes do OSA
para filtrar a ASE, conforme comentado no item C da seção “Montagem Experimental”.
Para cada valor de atenuação do VOA, lê-se a potência máxima do espectro mostrado no
OSA. O gráfico assim obtido, para as quatro topologias, é mostrado na Figura 11.
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Figura 11: Curvas de saturação para as quatro topologias. Também é mostrada a
regressão linear que revela um ganho na potência de saturação de 1.87 dB por PBS.
A partir desse gráfico, analisaremos, primeiro, a operação do arranjo na região de
saturação, para depois passarmos para a região linear do gráfico. Para isso, devemos
perceber que duas são as principais causas de perdas nas montagens apresentadas: as perdas
de inserção no circulador e nos braços do PBS. Experimentalmente, medimos tais perdas,
encontrando cerca de 1 dB para a perda de inserção no circulador e 0.7 dB para o PBS.
Com esses dados, podemos compreender que a topologia (b) apresenta uma potência de
saturação 1 dB menor que a da topologia (a), pois ao entrar na porta 2 do SOA, o pulso
óptico incorrerá em perdas de inserção.
Outro resultado esperado é que cada PBS adicional incluído na montagem será
responsável por um aumento de 3 dB, menos as perdas de inserção no PBS, à potência de
saturação obtida na topologia (b). Como o pulso que atravessa a linha de atraso num PBS,
após a segunda passagem pelo SOA, experimenta duas vezes essa perda de inserção, as
perdas totais de cada PBS, em dB, podem ser calculadas do seguinte modo:
Consequentemente, esperamos dois resultados: que a potência de saturação da
topologia (b) seja cerca de 1 dB abaixo da topologia (a) e que cada PBS acrescente
aproximadamente 2 dB na potência de saturação. Isso é exatamente o que ocorre no gráfico
da Figura 11. Nele podemos perceber que a utilização de um único PBS é suficiente para
compensar as perdas no circulador da topologia (b) e que o uso de dois PBSs já é capaz de
amplificar mais do que um único SOA. Além disso, cada PBS aumenta o limite de
saturação em 1.87 dB, de acordo com a regressão linear realizada, o que se encontra
próximo ao valor teórico de 2 dB.
Na Figura 12, a seguir, representamos a forma de onda do pulso óptico obtido na
saída do sistema para as configurações (a), do SOA sozinho, e (d), com dois PBSs. A figura
foi obtida conectando a saída dos arranjos a um fotodetector de 1 GHz e este num
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osciloscópio de 2 GHz. Para não saturar o fotodetector, um atenuador óptico foi
acrescentado na sua entrada. Observa-se que a largura do pulso é mantida após a
amplificação, e que o ganho proveniente da estrutura de multiplexação é de cerca de 1.8
dB, próximo ao valor de 1.87 dB encontrado com uso do OSA.
Figura 12: Pulsos ópticos medidos na saída do sistema em um osciloscópio, para um
SOA sozinho e para a topologia com dois PBSs. O ganho de uma configuração para a outra
corresponde àquele medido com o OSA, como esperado.
Como mencionado anteriormente, a operação na região linear do SOA leva ao
surgimento de ASE. A Figura 13 mostra a região linear de operação das quatro topologias
testadas, em escala logarítmica. Observa-se que as curvas não se sobrepõem, mas estão
deslocadas uma em relação à outra. Esse comportamento indica que o dispositivo não está
dedicando toda a sua energia à emissão estimulada, e radiação incoerente é gerada no
formato de ASE na primeira passagem pelo SOA e é então amplificada na segunda
passagem.
Figura 13: Curva da potência na saída em função da entrada para as quatro topologias
testadas. As curvas são mostradas dentro da região de operação linear, de modo que a
amplificação da ASE é mais evidente.
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B. Aplicação: OTDR por contagem de fótons
O arranjo montado acima, com dois PBSs, é capaz de amplificar uma fonte pulsada
sem elevar o nível do ruído em comparação com o arranjo da topologia (a), com um único
SOA. Isso se deve ao fato de termos sincronizado os pulsos do DDG para acionarem o
SOA apenas quando um pulso óptico estiver entrando nele. Com isso, os pulsos são
amplificados, mas o ruído que existe entre um pulso e o próximo não o é. Em outras
palavras, a taxa de extinção do SOA (razão entre a potência na saída do amplificador
quando ele está ligado e aquela quando ele está desligado) é a mesma em todas as
topologias, de cerca de 78 dB [7], mas o valor de pico do pulso é aumentado após a
segunda passagem pelo SOA em cerca de 1.8 dB, diferentemente do ruído, que por ser
despolarizado, ao passar pelos PBSs não sofre o processo de recombinação2.
A elevação da relação sinal-ruído é uma característica desejável em diversas
aplicações. Em redes de comunicações, por exemplo, ela permite que um receptor detecte
com maior acurácia um sinal transmitido, reduzindo a BER (bit error rate). Outra aplicação
possível é a elevação do alcance dinâmico de um OTDR (Optical Time-Domain
Reflectometer, ou reflectômetro óptico no domínio do tempo, em português), o que
tentamos demonstrar experimentalmente.
Um OTDR é um dispositivo capaz de localizar falhas num link óptico, além de medir
parâmetros como atenuação, comprimento, perdas nos conectores e níveis de refletância de
um link óptico. Um OTDR é fundamentalmente um radar óptico, ou seja, lança pulsos
periodicamente em um dos extremos do link sendo testado e determina as propriedades da
fibra analisando a amplitude e características temporais do raio refletido de volta para ele
[2]. A partir disso, ele calcula um gráfico mostrando a potência que chega a cada ponto da
fibra em função da distância, chamado traço do OTDR.
Uma propriedade relevante do OTDR é o seu alcance dinâmico, que é definido como
a diferença entre o valor da potência da reflexão imediatamente após o OTDR (a uma
distancia de 0 m) e o nível de ruído após 3 minutos de medida [2]. Esse valor fornece a
informação do valor máximo de perda que pode ser medido pelo aparelho, sendo muito
utilizado para elencar a capacidade de um OTDR.
No experimento, utilizamos um OTDR por contagem de fótons, desenvolvido no
próprio laboratório [8], [9], [10], [11]. Seu funcionamento pode ser visualizado na Figura
14. Uma fonte óptica coerente emite certo nível de radiação, que passará por uma estrutura
de amplificação, acionada por um DDG. Funcionando como chave óptica, tal amplificação
deve garantir que apenas um pulso por vez passe pela fibra a ser testada [8]. Quando
refletidos, os fótons serão detectados por um SPAD (Single Photon Avalanche Detector) –
um fotodetector capaz de distinguir sinais de baixíssima intensidade (de até um único
fóton) [12] – sempre que este for eletricamente acionado. O VOA, como será explicado
mais adiante, serve para manter o SPAD atuando sob regime linear.
2 A direção do ruído é randômica. Se considerarmos que, em média, 50% do ruído após a
segunda passagem pelo SOA, irá passar pelo braço T do PBS e 50% pelo R, percebemos
que 50% da potência de ruído será defasada. Somando essa parcela com aquela que não é
defasada, temos na saída do PBS, o ruído com a mesma potência que aquela na saída do
SOA, mantendo a taxa de extinção de 78 dB.
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Figura 14: OTDR por contagem de fótons apresentado em [11]. O setup de
amplificação corresponde à topologia (a) ou (d).
Uma FPGA é um dispositivo programável composto de um número muito grande de
Blocos Lógicos Programáveis, pequenas células que contém as estruturas básicas da
eletrônica digital. Através da programação da malha de interconexões que conecta esses
blocos, feita com uma linguagem chamada VHDL, é possível criar qualquer tipo de circuito
digital. A FPGA é utilizada em nossa montagem para realizar tanto o acionamento do DDG
e do SPAD quanto o processamento dos dados obtidos neste último dispositivo. Após o
acionamento do DDG pela FPGA, ela manda um trem de pulsos para o SPAD. Por haver
uma relação entre a distância em que um fóton é refletido e o tempo entre o acionamento do
DDG e do SPAD que o detecta, o trem de pulsos do SPAD é capaz de varrer todo o
comprimento da fibra. Com isso, é feito um gráfico do número de detecções realizadas
(quantos dos pulsos ópticos resultaram em detecções) em função da distância,
correspondendo ao traço do OTDR por contagem de fótons.
Um SPAD é capaz de detectar nenhum ou apenas um fóton. Se dois ou mais fótons o
atingirem, o sinal em sua saída será idêntico ao obtido com um único fóton, caracterizando,
portanto, a saturação do dispositivo – a saturação ocorre sempre que um aumento da
potência na entrada de um componente óptico qualquer não tem consequências sobre sua
saída. O VOA colocado antes do SPAD, portanto, visa a reduzir a probabilidade de um
pulso óptico que chegue ao SOA ter mais de um fóton, mantendo-o em regime linear.
Desse modo, o número de detecções é proporcional à probabilidade de um único fóton ser
refletido pela fibra [9]. Portanto, devemos fixar um valor para a taxa de detecção no SPAD
que impeça que ele atinja a saturação. Fixado o valor do número de fótons que deve chegar
ao detector e dado que a potência que chega à porta 3 do circulador depende unicamente de
propriedades da fibra, da fonte óptica e da estrutura de amplificação, chegamos à conclusão
de que o valor necessário de atenuação no VOA deve ser tal que garanta tal taxa de
detecção. Prova-se que o maior valor possível para essa taxa, supondo que a saturação seja
atingida com 0.1 dB, é de 0.04 fótons por pulso [10] e o máximo alcance dinâmico,
descontando a atenuação do VOA, é de 17 dB [9].
No arranjo experimental da Figura 14, usamos dois tipos de setup de amplificação:
um único SOA e a topologia (d) da Figura 9, com 2 PBSs. A taxa de detecção escolhida foi
de 10 kHz, de modo que, para cada setup, foi necessário ajustar a atenuação do VOA. Para
o caso do SOA sozinho, a atenuação necessária foi de 38.7 dB, enquanto que a
configuração que utiliza multiplexação no domínio do tempo levou a 40.5 dB. A diferença
entre as atenuações dá exatamente o valor 1.8 dB que encontramos nas Figuras 11 e 12, o
que mais uma vez comprova nossos resultados.
Os traços obtidos para cada configuração estão mostrados na Figura 15. Perceba que
eles são praticamente idênticos, o que era esperado, dado que as taxas de detecção são as
mesmas, assim como o valor do ruído, que gera o traço do OTDR após o fim da fibra (após
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36 km, no caso da figura). Isso significa que o alcance dinâmico das montagens é o mesmo
para ambas as topologias, mesmo que uma delas possua uma atenuação maior e, portanto,
uma potência de prova maior.
Figura 15: traços de OTDR obtidos com diferentes topologias de amplificação. A
atenuação do VOA foi escolhida de modo a manter a taxa de detecção no SPAD constante e
igual a 10 kHz, o que resulta no mesmo traço. A diferença na atenuação, de 1.8 dB,
corresponde ao ganho da topologia com multiplexação por divisão de polarização sobre um
SOA individual.
Como o pulso tem de ir e voltar na fibra óptica testada, cada 1 dB a mais na potência
corresponde a um aumento de 0.5 dB no máximo alcance dinâmico disponível. Como a
topologia (d) aumenta em 1.8 dB a potência do sinal de prova em relação à topologia com
um único SOA, o alcance dinâmico sobe de 0.9 dB, aproximadamente. Cada PBS a mais
colocado no arranjo deve aumentar o alcance dinâmico em mais 0.9 dB.
Conclusões
Foi desenvolvido um método para amplificação de pulsos ópticos acima do limite de
saturação do SOA, a partir da multiplexação do sinal no tempo e no estado de polarização.
A montagem consiste no uso de N PBSs conectados em série, cada um dividindo o pulso
original em 2N outros e sendo responsável por um ganho de potência de 3 dB, idealmente, e
1,87 dB, na prática.
O método desenvolvido foi utilizado no setup experimental de um OTDR por
contagem de fótons descrito em [2]. Isso permitiu aumentar o alcance dinâmico do aparelho
em 0.9 dB em relação ao setup com um único SOA. Este é um resultado relevante, dado
que o alcance dinâmico define o comprimento da fibra óptica que o OTDR será capaz de
monitorar.
Destacamos aqui dois aspectos que parecem merecer futuros desenvolvimentos. O
primeiro é o desenvolvimento de um circuito eletrônico que seja capaz de alimentar o SOA
com uma corrente variável, de modo que o sistema de amplificação possa operar também
sob regime linear, sem gerar uma quantidade excessiva de ASE. O segundo aspecto é o
acréscimo de outros PBSs na montagem elaborada, o que será capaz de estender mais ainda
o alcance dinâmico do OTDR, sem redução da resolução espacial do mesmo, uma vez que
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esta depende apenas da velocidade de aquisição dos dados [10]. Isso pode se transformar
em um importante instrumento para o monitoramento de links ópticos cada vez mais longos
nas próximas gerações de redes de comunicações ópticas.
Referências
1 - HISTÓRIA da Fibra Óptica no Brasil. Disponível em: <http://www.curso-fibra-
optica.com.br/artigos/historia-da-fibra-ptica-no-brasil>. Acessado em 27 de julho de 2016.
2 - G. Keiser. Optical Fiber Communications. EUA: McGraw-Hill, 2000
3 – RAMASWAMI, Rajiv; SIVARAJAN, Kumar N. Optical Networks: a Practical
Perspective. EUA: Morgan Kaufmann Publishers, 2002.
4 – AMARAL, Gustavo C; HERRERA, Luis E Y; RESENDE, Marcelo M; TEMPORAO,
Guilherme P; URBAN, Patryk J; VON DER WEID, Jean Pierre. Time-Polarization
Multiplex for Increased Output Power of Semiconductor Optical Amplifiers in Pulsed
Regime. Rio de Janeiro, 2016. No prelo.
5 - PASCHOTTA R., fiber polarization controllers. In: Encyclopedia of Laser Physics
and Technology. Disponível em: https://www.rp-photonics.com/fiber_polarization_
controllers.html. Acessado em 31 de agosto de 2016.
6 - PASCHOTTA R., beam splitters. In: Encyclopedia of Laser Physics and Technology.
Disponível em: https://www.rp-photonics.com/beam_splitters.html. Acessado em 31 de
agosto de 2016.
7 - CABALLERO D. V; WEID J. P. Von der; URBAN, P. J. Tuneable OTDR
Measurements for WDM-PON Monitoring. In IMOC 2013, 2013. III.1(c)
8 - HERRERA, Luis E Y; AMARAL, Gustavo C; VON DER WEID, Jean Pierre. Ultra-
highresolution tunable pc-otdr for pon monitoring in avionics. In “Optical Fiber
Communications Conference and Exhibition (OFC), 2015,” (IEEE, 2015), pp. 1–3.
9 – AMARAL, Gustavo C; HERRERA, Luis E Y; VITORETI, D.; TEMPORAO,
Guilherme P; URBAN, Patryk J; VON DER WEID, Jean Pierre.Wdm-pon monitoring
with tunable photon counting otdr. Photonics Technology Letters, IEEE 26, 2014, 1279–
1282.
10 - AMARAL, Gustavo C; GARCIA, J.D; HERRERA, Luis E Y; TEMPORAO,
Guilherme P; URBAN, Patryk J; VON DER WEID, Jean Pierre, Automatic fault
detection in wdm-pon with tunable photon counting otdr. Lightwave Technology,
Journal of 33, 2015, 5025–5031.
11 - HERRERA, Luis E Y; Calliari, F; GARCIA, J.D; AMARAL, Gustavo C; VON DER
WEID, Jean Pierre. High Resolution Automatic Fault Detection in a Fiber Optic Link
via Photon Counting OTDR. In “Optical Fiber Communication Conference”. Optical
Society of America, 2016, pp. M3F-4
Departamento de Engenharia Elétrica
12 - SINGLE-PHOTON Avalanche Diodes. Disponível em: <https://www.
lasercomponents.com/de/?embedded=1&file=fileadmin/user_upload/home/Datasheets/lc/ve
roeffentlichung/single-photon-avalanche-diodes.pdf&no_cache=1>. Acessado em 30 de
Agosto de 2016.