Departamento de Psicologia - PUC- · PDF filefigura complexa de Rey e o subteste Dígitos, também mostraram diferença após os 6 anos. Na maioria das vezes as crianças de 6 e 7

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    DESEMPENHO EM TAREFAS DE MEMRIA EM CRIANAS DE 6 A 10 ANOS: DADOS PRELIMINARES

    Aluno: Rodrigo Marinho Mendes

    Doutoranda: Emmy Uehara Pires e Luciana Brooking Orientador: J.Landeira-Fernandez

    Introduo

    A memria, assim com a ateno, uma das mais importantes funes cognitivas, pois atravs dela que formamos a base para o processo de aprendizagem. De acordo comBear, Connors e Paradiso [1], o aprendizado pode ser visto como um processo de aquisio de novas informaes, enquanto a memria como a consolidao e recuperao desse conhecimento adquirido.

    Para compreender como a memria funciona, necessrio antes conhecer os processos que envolvem a aquisio, a codificao, o armazenamento e a evocao. Desta forma, o primeiro passo que se deve tomar saber que a memria no um armazenador unitrio, existindo vrios sistemas e subsistemas, cada qual com sua especificidade, tempo de durao e contedo [2]. A formao das memrias se d pela entrada das informaes pelas vias sensoriais na forma de estmulos, sendo ento processados pelo crebro em diferentes regies, resultando em memrias. As memrias podem ser classificadas em memrias de curta durao, atualmente denominada memria operacional/de trabalho ou memrias de longa durao.

    Para cada modalidade de memria, h um perodo de desenvolvimento diferente, devido s fatores tais como a interao com outras funes cognitivas e o amadurecimento de estruturas subcorticais e corticais. De uma maneira geral, sua capacidade vai se aprimorar com o avano da idade, principalmente devido ao foco atencional, uso de estratgias de memria, velocidade de processamento e domnio da linguagem [3].

    Este presente trabalhode iniciao cientfica faz parte do projeto de doutorado em psicologia clnica da aluna Emmy Uehara Pires e Luciana Brooking, do qual o aluno Rodrigo Marinho Mendestem participado ativamente enquanto bolsista PIBIC.

    Objetivos

    O objetivo do projeto maior compreender o desenvolvimento das principais funes cognitivas em crianas na faixa etria escolar. Com intuito de investigar mais especificamente os sistemas mnmicos, o objetivo especfico desse trabalho visou verificar o desenvolvimento dos diferentes tipos de memria em crianas de 6 a 10 anos.

    Metodologia

    O estudo piloto foi realizado na cidade do Rio de Janeiro, em crianas de 6 a 11 anos de idade, de ambos os sexos, regularmente matriculadas em instituies particulares das classes A e B. Participaram ao todo 90 crianas, sendo 44 meninos e 46 meninas. Foram excludas aquelas com dificuldades de aprendizagem e de outros nveis socioeconmicos, relatados em entrevistas com os responsveis. Todos os responsveis das crianas assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, contendo as informaes pertinentes ao estudo.

    As tarefas empregadas foram:a) Escala de Inteligncia Weschler para Crianas (WISC-III) - Subteste Informao (solicita que a criana responda a questes sociais e culturais), subteste Dgitos (a criana repete uma sequncia de nmeros dada pelo

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    examinador e no segundo momento repete na ordem inversa), e subteste Vocabulrio (a criana solicitada a dar significados de palavras); b) Teste de Aprendizagem-Auditivo Verbal de Rey (RAVLT) - avalia memria episdica antergrada verbal, funes executivas e aprendizagem e dividido em duas listas (A e B).A Lista A lida quatro vezes pelo avaliador, ao final de cada leitura, o sujeito deve evocar o maior nmero de palavras que puder lembrar (A1-A4). Depois disso, lida uma lista de interferncia (B) pelo avaliador, seguida da evocao. Segue-se uma solicitao de evocao da lista A, dessa vez sem apresent-la (A5). Aps 20 minutos, pede-se a evocao da lista A (A6), sem repeti-la, e faz-se o reconhecimento no qual so lidas 56 palavras. Cada palavra deve ser seguida da resposta da criana, se a palavra estava na lista A, B, ou em nenhuma das duas; c) Tarefa de Fluncia Verbal (Animal, Roupa, Fruta) - avalia memria semntica, alm de ateno, linguagem, funes executivas; e d)Figura Complexa de Rey-Osterreith - avalia memria de trabalho, memria episdica visual, habilidade visuoespacial/construtiva (planejamento, organizao, estratgias de resoluo de problemas, funes visuais e motoras).

    Em relao s diferenas entre as idades neste estudo pde ser verificada uma melhora ao longo dos anos na idade escolar. Em cada tipo de memria havia um desenvolvimento diferenciado, um pouco mais gradual, como o caso da memria semntica, e outras, mais especficas, como memria de trabalho. Houve uma melhora no desempenho em testes de memria semntica no teste de fluncia verbal e nos subtestes Informao e Vocabulrio. Em todos, o mesmo padro ocorreu, em que as crianas de 9 e 10 anos mostraram um aumento constante nos resultados, enquanto as de seis anos ficaram abaixo de todas as outras idades

    No que diz respeito memria episdica, utilizou-se a lista A6 e a lista de reconhecimento do RAVLT, bem como a evocao tardia das Figuras Complexas de Rey. A partir dos dados observados, houve um melhor desempenho dos 10 anos em relao a todas as faixas etrias nas Figuras Complexas de Rey. E quanto ao RAVLT, as crianas de 6 anos obtiveram uma diferena significativa em relao s demais idades na lista A6, porm na lista de reconhecimento, apenas com as crianas de 8 e 10 anos. V-se que o RAVLT apresentou diferena no atual estudo na lista A1, A6 e no reconhecimento de A, mostrando que a memria melhora ao longo dos anos.

    No que se refere memria de trabalho, os testes RAVLT (lista A1), a cpia da figura complexa de Rey e o subteste Dgitos, tambm mostraram diferena aps os 6 anos. Na maioria das vezes as crianas de 6 e 7 anos se encontram agrupadas e as de 10 anos formam um nico grupo. Concluses

    De uma maneira geral, foi encontrado um desempenho inferior em crianasde 6 anos, bem como poucas diferenas entre gnero. O fator idade mostrou-se uma varivel importante em diversos instrumentos, comprovando a idia de que os sistemas de memria vo se aperfeioando distintamente ao longo da infncia.

    Referncias

    1 - BEAR, M.F., CONNORS, B.W., & PARADISO, M.A. Neurocincias: Desvendando o sistema nervoso.Porto Alegre: Artmed, 2002. 2 - SCHACTER, D.L., WAGNER, A.D., & BUCKNER R.L. Memory Systems of 1999. In: TULVING, E.; CRAIK F.I.M. (Orgs.). The oxford handbook of memory. Oxford: Oxford University Press, 2000. 3 -ORNSTEIN, P.A.& HADEN, C.A. Memory development or the development of memory? Current Directions in Psychological Science, v. 10, n. 6, p. 202-205, 2001.