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Departamento de Saúde Pública Projeto “A Estratégia Saúde da Família reduz a chance de internações hospitalares por Condições Sensíveis à Atenção Primária?” Termo 17221/2009-9 Equipe Antonio Fernando Boing Marco Aurélio de Anselmo Peres Karen Glazer de Anselmo Peres Rodrigo Otávio Moretti Pires Alexandra Crispim da Silva Boing Sheila Rubia Lindner

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Projeto“A Estratégia Saúde da Família reduz a chance de internações hospitalares por Condições Sensíveis à Atenção Primária?”

Termo 17221/2009-9

EquipeAntonio Fernando BoingMarco Aurélio de Anselmo PeresKaren Glazer de Anselmo PeresRodrigo Otávio Moretti PiresAlexandra Crispim da Silva BoingSheila Rubia Lindner

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O protagonismo da Atenção Primária em Saúde (APS)

Nível de um sistema de serviço de saúde que oferece a entrada no sistema para todas as novas necessidades e problemas, oferecendo à pessoa atenção ao longo do tempo para todas as condições, com exceção àquelas consideradas raras, e coordenando ou integrando a atenção fornecida em outro lugar ou por terceiros (Starfield, 2002).

A Estratégia Saúde da Família como estratégia para fortalecer a APS no Brasil

Acabar com a passividade das unidades de saúde que esperam pelo paciente doente, colocando a necessidade de se entender o indivíduo como membro de uma família e comunidade e com o qual os profissionais de saúde devem manter vínculo (Chiesa e Fracolli, 2004)

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O avanço da ESF impõe a necessidade de avaliar seu impacto

Dados do SIABDados do Pacto de Indicadores da Atenção Básica O Programa de Expansão e Consolidação da Saúde da Família

Necessidade de continuar expandindo análises em diferentes populações e estudos com diferentes delineamentos

Uma proposta de avaliação indireta da APS: Ambulatory Care Sensitive Conditions ou Condições Sensíveis à Atenção Primária (CSAP)

Parte-se do pressuposto que uma Atenção Primária de qualidade oferecida e acessada oportunamente pode evitar ou reduzir a frequência de hospitalizações por algumas condições de saúde (Alfradique et al, 2009)

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Informações obtidas num nível agregado (ecológico) e no nível individual são de suma importância para subsidiar políticas públicas na área. Elevadas taxas de internações por CSAP podem indicar a necessidade de debate mais profundo sobre a AP em Santa Catarina e de ajustes na mesma.

OBJETIVOSObjetivo geralTestar a associação entre cobertura da Estratégia Saúde da Família e Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária. Objetivos específicos- Testar a associação entre uso e acesso aos serviços de saúde e Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária.- Testar a associação entre variáveis demográficas e socioeconômicas e Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária.- Descrever a série histórica das Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária no Estado de Santa Catarina e no Brasil.- Descrever a distribuição espacial das Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária no Estado de Santa Catarina.

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Primeiro estudoAnálise temporal e distribuição espacial das CSAP em Santa Catarina e no Brasil

Estudo ecológico de séries temporais com utilização de dados secundários referentes às internações hospitalares por CSAP em todo o Brasil no período de 1998 e 2009. Foram analisadas as taxas de internações por CSAP por 10.000 habitantes segundo as 27 Unidades Federativas do país e para cada grupo de causas estratificadas por sexo. Na análise de Santa Catarina foram analisadas as 9 macrorregiões do Estado.

Os dados foram obtidos junto ao Sistema de Informações Hospitalares (SIH) disponibilizado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).

Foram consideradas como Condições Sensíveis à Atenção Primária as causas principais de internações constantes na Portaria número 221/2008 do Ministério da Saúde

Métodos

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Primeiro estudoAnálise temporal e distribuição espacial das CSAP em Santa Catarina e no Brasil

As taxas foram padronizadas por faixa etária e sexo, considerando-se como padrão a população brasileira recenseada no ano 2000.

A análise de tendência da série histórica foi realizada através da regressão linear generalizada pelo método de Prais-Winsten, com correção para o efeito de auto-correlação de primeira ordem. Através da técnica foi possível indicar se a tendência de internações foi estacionária (valor de p maior que 0,05), declinante (p<0,05 e coeficiente da regressão negativo) ou ascendente (p<0,05 e coeficiente da regressão positivo) em cada unidade federativa e grupo de diagnóstico das CSAP.

Métodos

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Primeiro estudoAnálise temporal e distribuição espacial das CSAP em Santa Catarina e no Brasil

Resultados

Ocorreram 34.304.012 internações por condições sensíveis à atenção primária no Brasil entre 1998 e 2009, 51,9% entre as mulheres. A média foi de 2.858.668 internações por ano, com taxa de internação média igual a 157,6 por 10.000 habitantes no sexo masculino e 165,1 por 10.000 habitantes no sexo feminino.

Condições que mais internaramGastrenterites infecciosas e complicações;internações por insuficiência cardíaca;asma

Condições com as maiores reduçõesÚlceras gastrintestinais (-11,7% (H) e -12,1% (M) por ano)Condições evitáveis (-8,8% e -8,9%)Doenças das vias aéreas inferiores (-8,0% e -8,1%)

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Primeiro estudoAnálise temporal e distribuição espacial das CSAP em Santa Catarina e no Brasil

Resultados

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Primeiro estudoAnálise temporal e distribuição espacial das CSAP em Santa Catarina e no Brasil

Resultados

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Primeiro estudoAnálise temporal e distribuição espacial das CSAP em Santa Catarina e no Brasil

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

1. Doenças preveníveis p/imuniz/condições sensív 1,1 0,9 0,7 1,2 1,4 1,4 1,1 1,2 0,8 1,0 1,4 1,5 1,4 27,32. Gastroenterites Infecciosas e complicações 34,1 36,1 32,6 31,7 34,6 28,0 23,9 21,7 11,2 17,3 18,2 15,2 15,7 -54,03. Anemia 0,2 0,2 0,1 0,1 0,5 0,6 0,6 0,6 0,3 0,6 0,6 0,4 0,3 50,04. Deficiências nutricionais 1,9 2,4 2,0 2,0 2,1 2,2 2,1 2,0 0,9 1,5 1,5 1,8 1,7 -10,55. Infecções de ouvido, nariz e garganta 1,0 1,1 0,8 0,8 0,4 0,4 0,5 0,4 0,2 0,5 1,2 1,2 1,1 10,06. Pneumonias bacterianas 9,5 8,0 6,2 5,7 10,3 12,2 10,9 10,2 4,1 11,2 9,2 11,2 10,0 5,37. Asma 17,5 18,6 16,7 15,0 13,8 12,2 10,8 9,5 4,0 8,8 7,4 6,9 6,1 -65,18. Doencas pulmonares 48,0 50,8 46,6 43,0 39,9 32,5 29,6 26,6 11,4 24,1 20,4 19,4 17,9 -62,79. Hipertensão 8,2 9,1 8,2 7,6 8,6 7,7 7,0 5,9 2,3 4,3 3,4 2,9 2,5 -69,510. Angina 5,5 6,2 6,2 7,0 8,8 8,9 9,8 10,5 4,8 10,7 8,7 9,2 9,6 74,511. Insuficiência cardíaca 27,2 32,1 28,2 27,2 26,1 24,7 23,1 22,9 10,6 20,8 20,2 20,6 19,7 -27,612. Doenças cerebrovasculares 15,2 16,4 15,5 15,2 12,4 12,4 12,9 12,7 6,0 12,2 12,3 12,8 12,3 -19,113. Diabetes melitus 8,4 9,6 9,4 9,6 9,8 8,3 7,8 7,9 3,9 6,8 7,9 7,9 7,3 -13,114. Epilepsias 4,6 5,0 4,8 4,7 4,8 4,0 4,0 3,7 1,7 3,2 3,4 3,5 3,0 -34,815. Infecção no rim e trato urinário 15,3 16,2 14,8 15,3 16,2 13,7 13,6 13,1 6,5 11,1 12,6 13,3 12,6 -17,616. Infecção da pele e tecido subcutâneo 2,8 2,5 2,6 2,4 2,3 3,5 3,3 3,3 1,8 3,8 1,8 2,8 3,9 39,317. Doença Inflamatória órgãos pélvicos femininos 2,9 3,0 2,8 2,3 2,3 2,1 2,6 2,6 1,2 1,9 1,5 1,5 1,4 -51,718. Úlcera gastrointestinal 8,9 10,3 9,2 8,7 8,1 6,6 6,0 6,0 2,7 4,5 2,1 2,1 1,8 -79,819. Doenças relacionadas ao pré-natal e parto 1,6 1,5 1,2 1,0 1,2 1,0 0,9 0,9 0,5 1,1 1,5 1,3 1,8 12,5

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1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 20100.0

50.0

100.0

150.0

200.0

250.0

300.0

350.0

400.0

Extremo Oeste Meio Oeste Vale do Itajaí Foz do Rio Itajaí Grande Florianópolis

Sul Nordeste Planalto Norte Planalto Serrano

x10.

000

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Primeiro estudoAnálise temporal e distribuição espacial das CSAP em Santa Catarina e no Brasil

Resultados

Foz do Rio Itajaí -10,1Extremo Oeste -7,7Vale do Itajaí -7,5Sul -7,3Nordeste -6,5Planalto Serrano -6,2Meio Oeste -6,1Grande Florianópolis -5,8Planalto Norte -5,3

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População de referência para o estudoPessoas maiores de 18 anos residentes em Florianópolis, de ambos os sexos, internadas nos hospitais de Celso Ramos, Regional e Universitário. Delineamento do estudoTrata-se de um estudo transversal. AmostraParâmetros: alfa=5%, beta=20%, proporção de CSAP entre a população coberta pela ESF=42%, relação não-coberto pela ESF : coberto pela ESF=1:2 e diferença de 9% na probabilidade de encontrar CSAP entre internados residentes em áreas cobertas pela ESF em relação aos não cobertos.

O valor obtido foi de 1.062 pessoas. Foram adicionados 15% de perdas e 25% para ajuste de fatores de confusão, totalizando amostra igual a 1.527 pessoas.

Segundo estudoAssociação entre CSAP e ESF

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Critérios de exclusãoForam excluídos da análise pacientes internados por motivos obstétricos, em Unidade de Terapia Intensiva e os que não tiverem condições físicas de responder o questionário.

As entrevistas foram realizadas com os pacientes internados no dia anterior.

Variável dependenteInternações por CSAP

Variáveis independentesDemográficas, socioeconômicas e relacionadas ao uso de serviços de saúde

Segundo estudoAssociação entre CSAP e ESF

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Estudo piloto

Realizado com 5% da amostra no Hospital Universitário

Os dados foram digitados no EpiData Entry e analisados no Stata

Os testes de proporções foram realizados através de teste de qui-quadrado

O projeto foi aprovado pelo CEP/UFSC

Segundo estudoAssociação entre CSAP e ESF

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Tabela - Prevalência de internações por CSAP, Florianópolis, SC, Brasil, 2009-2010.

Variáveis N (%) CSAP (%) IC 95% p*         

Sexo     0,758Masculino 630 (53,1) 23,1 19,3 – 26,8  Feminino 556 (46,9) 22,2 18,2 – 26,2  

                  

Cor da pele (referida)     0,542Branca 893 (77,0) 23,6 20,4 – 26,8  Parda 142 (12,2) 23,0 14,6 – 31,3  Negra 125 (10,8) 18,6 10,7 – 26,3           

Escolaridade (anos)     0,00112 ou mais 293 (27,0) 21,6 13,3 – 30,0  9 a 11 294 (27,2) 17,2 12,7 – 21,7  5 a 8 356 (32,9) 17,6 12,3 – 22,8  0 a 4 140 (12,9) 31,0 25,0 – 37,0           

Renda familiar per capita     0,7101º quartil 293 (25,5) 22,6 17,2 – 28,0  2º quartil 287 (25,0) 24,9 19,2 – 30,6  3º quartil 283 (24,5) 21,9 16,3 – 27,5  4º quartil 285 (24,8) 20,2 14,6 – 265,8           

Coberto por ESF     0,471Sim 870 (74,6) 23,4 17,4 – 30,0  Não 296 (25,4) 20,8 15,4 – 26,3           

Visita de ACS no último mês     0,069Sim 670 (58,2) 24,4 20,7 – 28,1  Não 482 (41,8) 19,2 15,1 – 23,3  

Posse de plano de saúde       0,581 Sim 176 (15,1) 20,6 13,5 – 27,8  Não 992 (84,9) 22,8 19,8 – 25,8                    

*Valor de p corresponde ao teste do qui-quadrado.

Segundo estudoAssociação entre CSAP e ESF

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Verificaram-se regiões do Estado de Santa Catarina que obtiveram grandes reduções nas internações por condições sensíveis à atenção primária na última década, enquanto outras apresentaram variação negativa mais discreta. Também se observou grande desigualdade regional em sua distribuição em 2010. Por fim, as internações por condições sensíveis foram mais elevadas entre as pessoas com menor escolaridade, mas não variaram com significância estatística entre a população que referiu ser coberta pela ESF e que não indicou tal exposição. Políticas públicas e gestores devem reavaliar suas políticas de modo a reduzir tais desigualdades que impactam negativamente no desenvolvimento regional de áreas em que há expressiva taxa de internações por condições sensíveis.

Ações e políticas de regiões que lograram êxito na redução por condições sensíveis à atenção primária na última década devem ser consideradas por aquelas em que a redução não foi tão significativa ou que permaneciam com taxas tão mais elevadas que outras em 2010. A não associação da ESF com as internações por condições sensíveis exige análise profunda das ações implementadas em busca da qualificação da atenção básica.