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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO SESSÃO: 068.2.51.O DATA: 03/05/00 TURNO: Vespertino TIPO SESSÃO: Ordinária - CD LOCAL: Câmara dos Deputados HORA INÍCIO: 14h HORA TÉRMINO: 20h16min CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CD Data: 03/05/00 Montagem: Sérgio

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO · caminhoneiros e de funcionários da Receita Federal. Importância da imprensa ... requerimento de informações ao Ministério

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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA,

REVISÃO E REDAÇÃO

SESSÃO: 068.2.51.O

DATA: 03/05/00

TURNO: Vespertino

TIPO SESSÃO: Ordinária - CD

LOCAL: Câmara dos Deputados

HORA INÍCIO: 14h

HORA TÉRMINO: 20h16min

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

SESSÃO ORDINÁRIA DE 03/05/00

PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Ato da Presidência sobre criação de ComissãoEspecial para exame da Proposta de Emenda à Constituição nº 618, de 1998,do Poder Executivo, sobre inclusão do patrimônio genético entre os bens daUnião.

IV - PEQUENO EXPEDIENTE

BETINHO ROSADO (PFL, RN) - Apresentação de requerimento de informações aoMinistério de Minas e Energia sobre a vazão média regularizada do Lago deSobradinho, com vistas à execução do Projeto de Transposição de Águas doRio São Francisco.

MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB, CE) - Imediata apreciação da MedidaProvisória nº 1.934, de 2000, sobre reestruturação do Departamento Nacionalde Obras Contra as Secas — DNOCS.

NEUTON LIMA (PFL, SP) - Implementação, pelo Ministério da Saúde, daCampanha de Vacinação de Idosos.

GERALDO SIMÕES (PT, BA) - Necessidade de implantação do Estado democráticode fato no País. Conveniência de maior atenção dos membros da Câmara dosDeputados aos clamores do povo brasileiro.

CORONEL GARCIA (Bloco/PSDB, RJ) - Omissão da Lei das Licitações no tocanteao critério para escolha de leiloeiro público. Imediata interrupção dos leilõesrealizados pelo Banco do Brasil para rigorosa apuração de denúncias deirregularidade na escolha do leiloeiro.

THEMÍSTOCLES SAMPAIO (Bloco/PMDB, PI) - Transparência das Comissões deConciliação Prévia instituídas pela Lei nº 9.958, de 2000.

CARLOS MOSCONI (Bloco/PSDB, MG) - Relatório da visita de missão oficialbrasileira à China para abertura do mercado de café naquele país.

WALTER PINHEIRO (PT, BA) - Denúncia sobre prática de irregularidades pelaDiretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município deEncruzilhada, Estado da Bahia. Apresentação de projeto de decreto legislativopara sustação dos efeitos da Portaria nº 77, de 2000, do Ministério doPlanejamento, Orçamento e Gestão, sobre suspensão de pagamentosdecorrentes de decisões judiciais concernentes a planos econômicos.

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DARCI COELHO (PFL, TO) - Perseguição política praticada pelo Procurador daRepública Mário Lúcio de Avelar contra adversários políticos no Estado doTocantins. Despropósito dos ataques dirigidos pelo Procurador contra oPrefeito Odir Rocha, de Palmas.

SÉRGIO CARVALHO (Bloco/PSDB, RO) - Cumprimento à Agência Nacional deEnergia Elétrica — ANEEL pelas providências para devolução, pelas CentraisElétricas de Rondônia — CERON, dos valores cobrados a mais de seususuários.

GUSTAVO FRUET (Bloco/PMDB, PR) - Urgente solução para as greves decaminhoneiros e de funcionários da Receita Federal. Importância da imprensacomo fator de equilíbrio no processo democrático.

CARLOS DUNGA (Bloco/PMDB, PB) - Anúncio da realização, no Município deCampina Grande, Estado da Paraíba, da Micarande 2000, festa carnavalescatemporã.

LAEL VARELLA (PFL, MG) - Aplauso à encenação da Paixão e Morte de JesusCristo em Muriaé, Estado de Minas Gerais.

HUGO BIEHL (PPB, SC) - Elogio ao projeto de assistência aos indígenas daReserva Chapecó, implantado pelo Governo Esperidião Amin, do Estado deSanta Catarina. Inauguração de nova unidade de fabricação de sucoconcentrado de laranja pela Cooperativa Central Oeste Catarinense, noMunicípio de Pinhalzinho, no Estado. Lançamento, por intermédio de parceriaentre a Universidade do Oeste de Santa Catarina, Campus de Chapecó, e aUniversidade do Contestado, Campus de Concórdia, de projeto de geração deemprego e renda.

JANDIRA FEGHALI (Bloco/PCdoB, RJ) - Responsabilidade do Governo FernandoHenrique Cardoso pela radicalização de movimentos populares de protesto noPaís. Procedência da mobilização nacional do Movimento dos TrabalhadoresRurais Sem Terra — MST. Violência praticada pelo Estado brasileiro por suamiopia política.

ENIO BACCI (PDT, RS) - Rejeição da proposta de reforma tributária encaminhadapelo Governo Federal.

SAULO PEDROSA (Bloco/PSDB, BA) - Defesa do novo valor do salário mínimoproposto pelo Governo Federal. Despreparo do Senador Antonio CarlosMagalhães para o exercício da Presidência do Congresso Nacional.

DR. EVILÁSIO (Bloco/PSB, SP) - Contrariedade à pretendida regionalização, peloGoverno Federal, do piso salarial brasileiro e à desvinculação dos proventosdos aposentados da Previdência Social do salário mínimo.

IÉDIO ROSA (Bloco/PMDB, RJ) - Repúdio aos atos praticados pelo Movimento dosTrabalhadores Rurais Sem Terra por ocasião das comemorações dos 500

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anos do descobrimento do Brasil. Urgente aprovação do Estatuto dasSociedades Indígenas.

JOSÉ GENOÍNO (PT, SP) - Omissão do Governo Federal relativamente à demandado povo brasileiro por emprego e por políticas públicas. Legitimidade damanifestação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra — MST.Constatação, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE, damá distribuição de renda e da perversidade social reinante no País. Apelo doPartido dos Trabalhadores ao MST no sentido de sustação dos atos deviolência contra o patrimônio público praticados por seus integrantes.

NELSON TRAD (Bloco/PTB, MS) - Urgente elucidação do assassinato do VereadorWaldir Cathcart Ferreira, do Município de Aquidauana, Estado de MatoGrosso do Sul.

CARLOS SANTANA (PT, RJ) - Indefinição do Governo Federal quanto ao índice dereajuste dos vencimentos dos aposentados e trabalhadores ferroviários.Urgente inclusão na pauta de projeto de lei de interesse das empregadasdomésticas. Descumprimento, pela PETROBRAS, de promessa deressarcimento dos prejuízos causados por derramamento de óleo na Baía deGuanabara, Estado do Rio de Janeiro. Necessidade de união dosParlamentares em torno da elevação do salário mínimo para 177 reais.

EXPEDITO JÚNIOR (PFL, RO) - Apoio aos projetos de anistia fiscal e de incentivotributário apresentados pelo Governador José Bianco à AssembléiaLegislativa de Rondônia, para incentivo à instalação de novas indústrias noEstado.

AVENZOAR ARRUDA (PT, PB) - Reflexos da política de desmonte dos serviçospúblicos no Brasil. Conseqüente mobilização de segmentos da sociedadebrasileira.

SIMÃO SESSIM (PPB, RJ) - Implementação, pela Caixa Econômica Federal, doPrograma de Arrendamento Residencial — PAR, de facilitação do acesso daspopulações de baixa renda à casa própria.

JOÃO COSER (PT, ES) - Comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasile do Dia Internacional do Trabalho.

PAULO PAIM (PT, RS) - Artigo "Regionalização do mínimo é parte do ajuste", deautoria do Sr. Antonio Augusto de Queiroz, assessor do DepartamentoIntersindical de Assessoria Parlamentar — DIAP.

DR. HELENO (Bloco/PSDB, RJ) - Pronunciamento do Presidente FernandoHenrique Cardoso a platéia de oficiais-generais recém-promovidos sobre aimportância do combate à corrupção e à impunidade no País.

RICARDO FERRAÇO (Bloco/PSDB, ES) - Relatório da Agência Nacional dePetróleo — ANP sobre potencial de produção petrolífera de reserva situada nolitoral do Estado do Espírito Santo.

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RUBENS BUENO (PPS, PR) - Considerações sobre a formação da Nação brasileiraao ensejo do transcurso dos 500 anos do descobrimento do Brasil.

PAULO FEIJÓ (Bloco/PSDB, RJ) - Coibição, pelo Governo Federal, de invasões deórgãos públicos pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra —MST. Apoio governamental aos trabalhadores rurais assentados no nortefluminense. Correção de distorções no processo de reforma agrária.

JOÃO MENDES (Bloco/PMDB, RJ) - Realização, por institutos de pesquisa, deestudos sobre malefícios causados à saúde pelo uso do telefone celular.

JUQUINHA (Bloco/PSDB, GO) - Redução das taxas de mortalidade infantil no País,segundo estudo realizado pela Pastoral da Criança, da Conferência Nacionaldos Bispos do Brasil — CNBB. Ampliação dos investimentos no setor desaneamento básico. Improcedência de denúncias sobre desvio, pelaPrefeitura Municipal de Valparaíso de Goiás, de recursos do Fundo deManutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização doMagistério — FUNDEF.

EDISON ANDRINO (Bloco/PMDB, SC) - Recusa do Governo Federal à atualizaçãodos valores da tabela de cálculo do Imposto de Renda. Apresentação derequerimento de informações ao Ministério da Fazenda sobre o assunto.

AIRTON DIPP (PDT, RS) - Impedimento do acesso dos estudantes ao Fundo deFinanciamento do Estudante do Ensino Superior — FIES em face donão-recadastramento das universidades brasileiras junto ao Ministério daEducação para abertura das inscrições. Transcurso do 36º aniversário dojornal Zero Hora , de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul — 4 de maio.

MARÇAL FILHO (Bloco/PMDB, MS) - Liberação de recursos orçamentários para aSanta Casa de Misericórdia do Município de Dourados, Estado de MatoGrosso do Sul. Transcurso do Dia Mundial da Imprensa Livre e do Dia doParlamento — 3 de maio.

EDINHO BEZ (Bloco/PMDB, SC) - Avaliação da qualidade do ensino superior noPaís. Desempenho dos estabelecimentos de ensino superior no Estado deSanta Catarina.

WELLINGTON DIAS (PT, PI) - Precariedade do estado de conservação dasrodovias federais no Estado do Piauí.

SERAFIM VENZON (PDT, SC) - Importância da solidariedade mundial parasuperação dos problemas sociais decorrentes do processo de globalizaçãodas relações no campo econômico. Transcrição do discurso do Papa JoãoPaulo II aos membros do Corpo Diplomático, em 10 de janeiro de 2000, naSanta Sé, Vaticano.

EURÍPEDES MIRANDA (PDT, RO) - Greve nacional dos caminhoneiros. Omissãodo Governo Federal com relação ao abuso na cobrança de pedágio nas

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rodovias do País. Importância da apreciação, pelo Congresso Nacional, damedida provisória sobre reajuste do salário mínimo. Ausência nos meios decomunicação de noticiário sobre os trabalhos da Comissão Parlamentar deInquérito dos Medicamentos.

GONZAGA PATRIOTA (Bloco/PSB, PE) - Deterioração da malha rodoviáriabrasileira. Necessidade de alocação, pelo Ministro Eliseu Padilha, dosTransportes, de recursos orçamentários para recuperação das BRs-110 e 316,no Estado de Pernambuco.

OLIVEIRA FILHO (Bloco/PSDB, PR) - Transcurso do Dia Internacional do Trabalho— 1º de maio.

CONFÚCIO MOURA (Bloco/PMDB, RO) - Denúncia veiculada em emissora detelevisão sobre ocorrência de malversação de recursos públicos no âmbito daSuperintendência do Desenvolvimento da Amazônia — SUDAM. Oportunareformulação administrativa do órgão.

ALCIONE ATHAYDE (PPB, RJ) - Assinatura, pelo Governador Anthony Garotinho,do Estado do Rio de Janeiro, de decreto concessivo da isenção do pagamentodo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços — ICMS sobre o óleodiesel destinado às embarcações de pesca nacionais. Importância daimplantação do Terminal Pesqueiro Metropolitano do Rio de Janeiro pararevitalização do setor.

BEN-HUR FERREIRA (PT, MS) - Fracasso das comemorações, em Porto Seguro,Estado da Bahia, pelo transcurso dos 500 anos do Descobrimento do Brasil.Louvor à conduta do Sr. Carlos Marés na Presidência da Fundação Nacionaldo Índio — FUNAI.

JOÃO MATOS (Bloco/PMDB, SC) - Privatização, recuperação e duplicação darodovia BR-470, no Estado de Santa Catarina. Lançamento, pela Rede BrasilSul — RBS, da campanha "BR-470 — Solução urgente, urgentíssima".

ALBÉRICO CORDEIRO (Bloco/PTB, AL) - Reportagem do Jornal da Cidade , deAracaju, sobre os riscos da ponte de ligação dos Estados de Sergipe eAlagoas, na BR-101.

MARINHA RAUPP (Bloco/PSDB, RO) - Elaboração, pelo Ministério da Educação,de projeto de lei sobre criação de empregos públicos para atendimento dasnecessidades do setor educacional no País. Prorrogação dos contratos dosprofessores substitutos do campus de Cacoal, da Universidade Federal deRondônia. Encaminhamento à oradora, pela Deputada Estadual Sueli Aragão,de ofício sobre o assunto.

UDSON BANDEIRA (Bloco/PMDB, TO) - Reportagem da Folha de S.Paulo sobresuperfaturamento nos preços de granito fornecido ao Estado do Tocantins porempresa de propriedade do filho do Governador Siqueira Campos. Urgenteapuração, pelo Ministério Público Federal e pela Assembléia Legislativa, dedenúncias de corrupção no âmbito do Governo Siqueira Campos.

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JOSÉ CARLOS ELIAS (Bloco/PTB, ES) - Relevância de projeto ambientaldesenvolvido pela Companhia Vale do Rio Doce na Reserva Florestal deLinhares, Estado do Espírito Santo.

NELSON MARQUEZELLI (Bloco/PTB, SP) - Urgente coibição, pelos órgãosgovernamentais competentes, da comercialização de leite clandestino no País.

LUIZ BITTENCOURT (Bloco/PMDB, GO) - Denúncia formulada pelo Senador IrisRezende sobre existência de articulação de multinacionais para banimento douso do amianto goiano no País. Repercussão internacional do fracasso dascomemorações oficiais relativas ao transcurso dos 500 anos doDescobrimento do Brasil.

JOÃO HERRMANN NETO (PPS, SP) - Transcurso do Dia Internacional do Trabalho— 1º de maio.

FERNANDO GONÇALVES (Bloco/PTB, RJ) - Anúncio da apresentação de projetode lei sobre isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados — IPI naaquisição de veículos para transporte de passageiros por associados decooperativas de transporte escolar.

ALOÍZIO SANTOS (Bloco/PSDB, ES) - Financiamento da comercialização da atualsafra capixaba de café. Crítica ao uso do conceito de área conurbada paracobrança de tarifas telefônicas na região da Grande Vitória. Desenvolvimentoda aqüicultura no Estado do Espírito Santo.

FERNANDO ZUPPO (PDT, SP) - Críticas ao Programa Nacional de Desestatização.Abrupta elevação da dívida pública brasileira após a implantação doprograma.

EULER RIBEIRO (PFL, AM) - Necessidade de coibição da comercialização deórgãos humanos no Brasil. Conveniência de revisão da Lei de Transplantesde Órgãos no País.

ALBERTO MOURÃO (Bloco/PMDB, SP) - Modernização da atividade sindical emface da globalização e da nova ordem mundial.

JOSÉ CARLOS COUTINHO (PFL, RJ) - Alteração, pela Organização Internacionaldo Trabalho — OIT, das normas para concessão do auxílio à trabalhadoragestante.

JOÃO MAGNO (PT, MG) - Falta de comprometimento do Governo Federal comprogramas de financiamento à moradia. Razões do insucesso de programashabitacionais lançados pela Caixa Econômica Federal. Oportuna alteração,pela Comissão Especial da Reforma Tributária, do índice de tributos incidentesobre as pequenas e médias empresas nacionais.

RUBEM MEDINA (PFL, RJ) - Transcurso do centenário de fundação do InstitutoOswaldo Cruz. Papel da entidade na pesquisa médico-científica do País.

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SEVERINO CAVALCANTI (PPB, PE) - Anúncio de inauguração do Centro deComercialização e Atendimento à Microempresa — COAME, no Município deJaboatão dos Guararapes, Estado de Pernambuco.

ARY KARA (PPB, SP) - Transcurso do 131º aniversário de fundação do Municípiode São Luís de Paraitinga, Estado de São Paulo — 8 de maio. Transcurso do33º aniversário de criação da Paróquia Nossa Senhora Mãe da Igreja, noBairro da Estiva, Município de Taubaté, Estado de São Paulo — 12 defevereiro.

LUÍS EDUARDO (PDT, RJ) - Alerta da Organização das Nações Unidas — ONUsobre desnutrição infantil. Dados sobre desnutrição infantil no Brasil.

PEDRO WILSON (PT, GO) - Considerações sobre a situação do trabalhadorbrasileiro ao ensejo do transcurso do Dia Internacional do Trabalho — 1º demaio.

ROBÉRIO ARAÚJO (Bloco/PL, RR) - Panorama negativo da agricultura no País.Alerta sobre dados demonstrativos de queda na próxima safra agrícola.

RAIMUNDO COLOMBO (PFL, SC) - Riscos de desdobramentos indesejáveis daatuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra — MST e daeclosão da greve dos caminhoneiros.

PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) - Convocação dos Deputados ao plenário pararegistro de presença.

V - GRANDE EXPEDIENTE

SAULO PEDROSA (Bloco/PSDB, BA) - Centenário da Fundação Instituto OswaldoCruz — 25 de maio. Realização, em comemoração à efeméride, do SimpósioInternacional sobre Perspectivas da Pesquisa Biomédica no Século XXI — 21a 26 de maio. Contribuição da entidade na pesquisa médico-científica e nocombate a doenças endêmicas e epidêmicas. Trajetória e relevância dostrabalhos desenvolvidos pelos sanitaristas Oswaldo Cruz, Carlos Chagas eOctávio Mangabeira Filho. Caráter revolucionário do desenvolvimento, pelaFIOCRUZ, da primeira vacina contra parasita na história da medicina sanitária— contra a esquistossomose. Importância dos investimentos públicos na áreade pesquisa científica.

JORGE ALBERTO (Bloco/PMDB, SE) - Necessidade de prévia implementação deprogramas de revitalização do Rio São Francisco para a implantação doprojeto de transposição de suas águas. Elogio à atitude do Presidente daCasa, Deputado Michel Temer, de constituição de grupo de trabalho paraestudo sobre os efeitos ecológicos decorrentes do projeto.

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PRESIDENTE (Michel Temer) - Funcionamento do Colégio de Líderes da Casacomo assembléia permanente, para acompanhamento dos conflitos entremovimentos sociais e o Governo Federal. Transcurso do Dia Mundial daLiberdade de Imprensa — 3 de maio.

VI - ORDEM DO DIA

PRESIDENTE (Michel Temer) - Requerimento de urgência para apreciação doProjeto de Lei n° 2.057, de 1991, que institui o Estatuto das SociedadesIndígenas.

VIVALDO BARBOSA (Pela ordem) - Solicitação de adiamento da votação damatéria.

PRESIDENTE (Michel Temer) - Votação do requerimento.Usaram da palavra para orientação das respectivas bancadas os Srs. Deputados

BISPO RODRIGUES, DR. EVILÁSIO, JOSÉ ROBERTO BATOCHIO, ALOIZIOMERCADANTE.

Usaram da palavra pela ordem os Srs. Deputados ARNALDO MADEIRA, ALOIZIOMERCADANTE.

INOCÊNCIO OLIVEIRA (Pela ordem) - Solicitação de retirada do requerimento.PRESIDENTE (Michel Temer) - Retirada do requerimento de urgência e do recurso

constante da pauta da Ordem do Dia.PRESIDENTE (Michel Temer) - Discussão, em turno único, do Projeto de Lei

Complementar nº 113-A, de 2000, que autoriza os Estados e o Distrito Federala instituir o piso salarial a que se refere o art. 7º, inciso V, da ConstituiçãoFederal, por aplicação do disposto no seu art. 22, parágrafo único.

PRESIDENTE (Michel Temer) - Requerimento de retirada de pauta do Projeto deLei Complementar nº 113-A, de 2000.

Usaram da palavra para orientação das respectivas bancadas os Srs. DeputadosBISPO RODRIGUES, PEDRO EUGÊNIO, ALEXANDRE CARDOSO,FERNANDO CORUJA, ODELMO LEÃO, ALOIZIO MERCADANTE, MENDESRIBEIRO FILHO, INOCÊNCIO OLIVEIRA, SAULO PEDROSA, PEDROEUGÊNIO.

PRESIDENTE (Michel Temer) - Rejeição do requerimento.WALTER PINHEIRO (Pela ordem) - Solicitação de verificação de votação.PRESIDENTE (Michel Temer) - Deferimento da verificação solicitada.ODELMO LEÃO (Pela ordem) - Orientação da respectiva bancada. Solicitação de

comparecimento dos Deputados ao plenário.Usaram da palavra para orientação das respectivas bancadas os Srs. Deputados

ALEXANDRE CARDOSO, ODELMO LEÃO, BISPO RODRIGUES, MIROTEIXEIRA, ALOIZIO MERCADANTE, ODELMO LEÃO, WALTER PINHEIRO.

INOCÊNCIO OLIVEIRA (Pela ordem) - Solicitação de comparecimento dosDeputados ao plenário. Importância da presente votação.

Usou da palavra para orientação da respectiva bancada o Sr. Deputado PAULOPAIM.

ODELMO LEÃO (Pela ordem) - Orientação da respectiva bancada. Solicitação decomparecimento dos Deputados ao plenário.

DARCÍSIO PERONDI (Pela ordem) - Solicitação de comparecimento dosDeputados ao plenário.

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WALTER PINHEIRO (Pela ordem) - Orientação da respectiva bancada. Sugestãode utilização do registro do painel eletrônico para aferição da presença dosParlamentares, no caso de encerramento da Ordem do Dia por falta dequorum .

PRESIDENTE (Michel Temer) - Resposta ao Deputado Walter Pinheiro.Usou da palavra para orientação da respectiva bancada o Sr. Deputado AÉCIO

NEVES.Usaram da palavra pela ordem os Srs. Deputados JOSÉ CARLOS ALELUIA,

WALTER PINHEIRO.Usou da palavra para orientação da respectiva bancada o Sr. Deputado MIRO

TEIXEIRA.Usou da palavra pela ordem o Sr. Deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA.ODELMO LEÃO (Pela ordem) - Orientação da respectiva bancada. Solicitação à

Presidência da Mesa de encerramento dos trabalhos nas Comissões.Usaram da palavra para orientação das respectivas bancadas os Srs. Deputados

PEDRO EUGÊNIO, BISPO WANDERVAL, WALTER PINHEIRO.ALEXANDRE CARDOSO (Pela ordem) - Orientação da respectiva bancada.

Impacto dos pisos regionais nas migrações no País.ARNALDO MADEIRA (Pela ordem) - Improcedência de estudo sobre piso regional

como fator determinante das migrações no País.ALEXANDRE CARDOSO (Pela ordem) - Reiteração de dados sobre impacto dos

pisos regionais na migração no País.ARNALDO MADEIRA (Pela ordem) - Aguardo do encaminhamento, pelo Deputado

Alexandre Cardoso, do estudo referido.Usou da palavra para orientação da respectiva bancada o Sr. Deputado ODELMO

LEÃO.WALTER PINHEIRO (Pela ordem) - Solicitação à Presidência da Mesa de

encerramento dos trabalhos nas Comissões.PRESIDENTE (Michel Temer) - Encerramento da votação.

Rejeição do requerimento.Declaração de prejudicialidade do requerimento de adiamento da discussão.

Usaram da palavra pela ordem, para registro de voto, os Srs. Deputados SARAIVAFELIPE, WILSON BRAGA, ANTONIO PALOCCI.

Usou da palavra para proferir parecer ao projeto, em substituição à Comissão deConstituição e Justiça e de Redação, o Sr. Deputado IBRAHIM ABI-ACKEL.

Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado ROMMELFEIJÓ.

Usou da palavra para discussão da matéria o Sr. Deputado PEDRO EUGÊNIO.Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado LINCOLN

PORTELA.Usou da palavra para discussão da matéria o Sr. Deputado LUIZ CARLOS HAULY.Usaram da palavra pela ordem, para registro de voto, os Srs. Deputados CARLOS

SANTANA, JOSÉ ROBERTO BATOCHIO, ODÍLIO BALBINOTTI, RICARDOBERZOINI, NILSON PINTO, GIOVANNI QUEIROZ, LUÍS EDUARDO, VALDIRGANZER.

Usou da palavra para discussão da matéria o Sr. Deputado ALEXANDRECARDOSO.

Usaram da palavra pela ordem, para registro de voto, os Srs. Deputados LUIZBITTENCOURT, ALMERINDA DE CARVALHO, ESTHER GROSSI, CLOVISVOLPI.

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Usou da palavra para discussão da matéria o Sr. Deputado ALBERTO GOLDMAN.Usaram da palavra pela ordem, para registro de voto, os Srs. Deputados ADOLFO

MARINHO, AUGUSTO NARDES, NILTON CAPIXABA.Usou da palavra para discussão da matéria o Sr. Deputado PAULO PAIM.Usaram da palavra pela ordem, para registro de voto, os Srs. Deputados JOÃO

PAULO, SERAFIM VENZON.Usou da palavra pela ordem o Sr. Deputado VIVALDO BARBOSA.Usou da palavra para discussão da matéria o Sr. Deputado DARCÍSIO PERONDI.PRESIDENTE (Michel Temer) - Votação de requerimento de encerramento da

discussão.Usou da palavra para encaminhamento da votação o Sr. Deputado WALTER

PINHEIRO.Usaram da palavra para orientação das respectivas bancadas os Srs. Deputados

BISPO RODRIGUES, LUIZA ERUNDINA, DR. HÉLIO, WALTER PINHEIRO,PEDRO EUGÊNIO, MENDES RIBEIRO FILHO, INOCÊNCIO OLIVEIRA,ODELMO LEÃO, SAULO PEDROSA.

PRESIDENTE (Michel Temer) - Aprovação do requerimento.Existência de emendas ao projeto.

Usou da palavra para proferir parecer às Emendas nºs 9 a 15, em substituição àComissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, o Sr. DeputadoPEDRO HENRY.

Usou da palavra para proferir parecer às Emendas nºs 9 a 15, em substituição àComissão de Constituição e Justiça e de Redação, o Sr. Deputado IBRAHIMABI-ACKEL.

PRESIDENTE (Michel Temer) - Votação de requerimento de adiamento, por duassessões, da votação do projeto.

Usou da palavra pela ordem o Sr. Deputado WALTER PINHEIRO.Usou da palavra para encaminhamento da votação o Sr. Deputado WALDIR PIRES.PRESIDENTE (Michel Temer) - Rejeição do requerimento.Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado UDSON

BANDEIRA.PRESIDENTE (Michel Temer) - Votação de requerimento de preferência para

votação da Emenda Substitutiva de Plenário nº 15.Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado PEDRO CELSO.Usou da palavra para encaminhamento da votação o Sr. Deputado ALEXANDRE

CARDOSO.Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado PAULO ROCHA.Usou da palavra para encaminhamento da votação o Sr. Deputado VIVALDO

BARBOSA.PRESIDENTE (Michel Temer) - Aprovação do requerimento.WALTER PINHEIRO (Pela ordem) - Pedido de verificação da votação.PRESIDENTE (Michel Temer) - Deferimento do pedido.Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado JOÃO COLAÇO.Usaram da palavra para orientação das respectivas bancadas os Srs. Deputados

INOCÊNCIO OLIVEIRA, WALTER PINHEIRO, ALEXANDRE CARDOSO,GEDDEL VIEIRA LIMA, DR. HÉLIO, PEDRO EUGÊNIO, ODELMO LEÃO,AÉCIO NEVES, BISPO RODRIGUES, ARNALDO MADEIRA.

PRESIDENTE (Michel Temer) - Votação do requerimento.Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado PAULO JOSÉ

GOUVÊA.

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ODELMO LEÃO (Pela ordem) - Orientação da respectiva bancada. Solicitação decomparecimento dos Deputados ao plenário.

Usou da palavra pela ordem o Sr. Deputado WALTER PINHEIRO.ANTONIO PALOCCI (Pela ordem) - Indagação à Presidência da Mesa sobre

procedimentos adotados em relação à votação da proposta de reformatributária.

PRESIDENTE (Michel Temer) - Resposta ao Deputado Antonio Palocci.Usaram da palavra pela ordem, para registro de voto, os Srs. Deputados ALBERTO

FRAGA, MATTOS NASCIMENTO, ALMIR SÁ.Usou da palavra para orientação da respectiva bancada o Sr. Deputado

ALEXANDRE CARDOSO.Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado SÉRGIO REIS.Usaram da palavra para orientação das respectivas bancadas os Srs. Deputados

WALTER PINHEIRO, BISPO RODRIGUES, PEDRO EUGÊNIO, MIROTEIXEIRA, WALTER PINHEIRO.

Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado JOSÉLINHARES.

Usou da palavra para orientação da respectiva bancada o Sr. Deputado WALTERPINHEIRO.

PRESIDENTE (Michel Temer) - Prorrogação da sessão por uma hora.Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado WELINTON

FAGUNDES.WALTER PINHEIRO (Pela ordem) - Solicitação de aguardo do comparecimento dos

Deputados presentes à CPI dos Medicamentos.Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, a Sra. Deputada YEDA

CRUSIUS.PRESIDENTE (Michel Temer) - Encerramento da votação.

Aprovação do requerimento.PRESIDENTE (Michel Temer) - Requerimento de votação do projeto artigo por

artigo.Usou da palavra para encaminhamento da votação o Sr. Deputado MARCELO

DÉDA.Usaram da palavra pela ordem, para registro de voto, os Srs. Deputados

GONZAGA PATRIOTA, ARLINDO CHINAGLIA, JOSÉ PIMENTEL, HENRIQUEFONTANA, ARMANDO MONTEIRO, ALDO REBELO, JÚLIO REDECKER,MARIA DO CARMO LARA, JOSÉ CARLOS VIEIRA, LUIZ BITTENCOURT,CLEUBER CARNEIRO.

Usou da palavra para encaminhamento da votação o Sr. Deputado SÉRGIONOVAIS.

PRESIDENTE (Michel Temer) - Votação do requerimento.Usou da palavra para orientação da respectiva bancada o Sr. Deputado

INOCÊNCIO OLIVEIRA.PRESIDENTE (Michel Temer) - Rejeição do requerimento.Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado ARNON

BEZERRA.PRESIDENTE (Michel Temer) - Votação da Emenda de Plenário nº 15, ressalvados

os destaques.Usaram da palavra pela ordem, para registro de voto, os Srs. Deputados VANESSA

GRAZZIOTIN, NELSON MARCHEZAN, NILMÁRIO MIRANDA.

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Usou da palavra para encaminhamento da votação o Sr. Deputado PEDROEUGÊNIO.

Usaram da palavra pela ordem, para registro de voto, os Srs. Deputados JOSÉMILITÃO, JOÃO COSER.

Usou da palavra para encaminhamento da votação a Sra. Deputada LUIZAERUNDINA.

Usaram da palavra para orientação das respectivas bancadas os Srs. DeputadosROBERTO ARGENTA, PEDRO EUGÊNIO, BISPO RODRIGUES,ALEXANDRE CARDOSO, MIRO TEIXEIRA, PEDRO EUGÊNIO, ODELMOLEÃO, ALOIZIO MERCADANTE.

Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado BISPOWANDERVAL.

Usou da palavra para orientação da respectiva bancada o Sr. Deputado GEDDELVIEIRA LIMA.

Usaram da palavra pela ordem, para registro de voto, os Srs. Deputados BEN-HURFERREIRA, PAULO JOSÉ GOUVÊA.

Usou da palavra para orientação da respectiva bancada o Sr. DeputadoINOCÊNCIO OLIVEIRA.

Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado ANTÔNIOJORGE.

Usaram da palavra para orientação das respectivas bancadas os Srs. DeputadosAÉCIO NEVES, ARNALDO MADEIRA.

Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado RENILDO LEAL.Usou da palavra para orientação da respectiva bancada o Sr. Deputado

FERNANDO CORUJA.Usou da palavra pela ordem o Sr. Deputado DARCÍSIO PERONDI.Usou da palavra para orientação da respectiva bancada o Sr. Deputado ODELMO

LEÃO.Usaram da palavra pela ordem, para registro de voto, os Srs. Deputados ALCESTE

ALMEIDA, ROMEU QUEIROZ.Usou da palavra para orientação da respectiva bancada o Sr. Deputado WALTER

PINHEIRO.Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado EDUARDO

CAMPOS.PEDRO CHAVES (Pela ordem) - Justificativa da ausência da Sra. Deputada Nair

Xavier Lobo.Usou da palavra para orientação da respectiva bancada o Sr. Deputado PEDRO

EUGÊNIO.Usou da palavra pela ordem o Sr. Deputado DARCÍSIO PERONDI.Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado ANTÔNIO

GERALDO.Usou da palavra pela ordem o Sr. Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA.Usaram da palavra pela ordem, para registro de voto, os Srs. Deputados SERAFIM

VENZON, JOVAIR ARANTES.PRESIDENTE (Michel Temer) - Registro da presença no plenário de comitiva de

parlamentares ucranianos.Usou da palavra pela ordem o Sr. Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA.Usou da palavra pela ordem, para registro de voto, o Sr. Deputado GEOVAN

FREITAS.PRESIDENTE (Michel Temer) - Encerramento da votação.

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Aprovação da emenda, prejudicadas as demais proposições.

Apresentação de proposições : AVENZOAR ARRUDA; PEDRO FERNANDES;BETINHO ROSADO; INÁCIO ARRUDA; INÁCIO ARRUDA E OUTROS; LÉOALCÂNTARA; LUIZ BITTENCOURT; RENATO SILVA; RICARDO FERRAÇO;ALDIR CABRAL; FERNANDO GONÇALVES; EDISON ANDRINO; DINOFERNANDES E AÉCIO NEVES; NICE LOBÃO; ALOÍZIO SANTOS EOUTROS; EDUARDO JORGE; CORONEL GARCIA; LINCOLN PORTELA;PEDRO PEDROSSIAN; JOSÉ CARLOS COUTINHO; MARCOS DE JESUS;RUBENS BUENO; SENHORES LÍDERES; IÉDIO ROSA E OUTROS;NEUTON LIMA; HAROLDO LIMA; WALTER PINHEIRO E OUTROS;MARINHA RAUPP; EUNÍCIO OLIVEIRA; HENRIQUE FONTANA; JOSÉALEKSANDRO; JOÃO GRANDÃO; NELO RODOLFO; ANTONIO JOSÉMOTA; PEDRO CORRÊA; EUJÁCIO SIMÕES; JOÃO CALDAS; GERALDOMAGELA; MARCOS CINTRA; NELSON PROENÇA; ELTON ROHNELT;HERMES PARCIANELLO; WILSON SANTOS; BONIFÁCIO DE ANDRADA ESRS. LÍDERES; NELSON MARCHEZAN.

VII - ENCERRAMENTO

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I - ABERTURA DA SESSÃO

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - A lista de presença acusa o

comparecimento de 378 Srs. Deputados.

Está aberta a sessão.

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos

trabalhos.

O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.

II - LEITURA DA ATA

O SR. CAIO RIELA, servindo como 2º Secretário, procede à leitura da ata da

sessão antecedente, a qual, sem observações, é aprovada.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Passa-se à leitura do expediente.

O SR. .............................................................. procede à leitura do seguinte

III - EXPEDIENTE

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O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Finda a leitura do expediente.

Antes de dar prosseguimento à sessão, faço a leitura de expediente sobre a

mesa.

Ato da Presidência

Nos termos do § 2º do art. 202 do Regimento Interno,

esta Presidência decide constituir Comissão Especial

destinada a, no prazo de 40 (quarenta) sessões, proferir

parecer à Proposta de Emenda à Constituição nº 618, de

1998, do Poder Executivo, que "Acresce inciso ao artigo 20 da

Constituição Federal", incluindo entre os bens da União o

patrimônio genético, e

RESOLVE

I - designar, para compô-la, na forma indicada pelas

Lideranças, os Deputados constantes da relação anexa;

II - convocar os membros ora designados para a reunião

de instalação, a realizar-se no dia 3 de maio, quarta-feira, às

15 horas, no Plenário nº 12, do Anexo II.

Brasília, 3 de maio de 2000

Michel Temer

Presidente

Esta é a constituição da Comissão Especial:

Bloco Parlamentar PSDB/PTB

Titulares:

B. Sá, Fernando Gonçalves, Max Mauro, Nilson Pinto, Ricarte de Freitas,

Saulo Pedrosa, Sebastião Madeira, Xico Graziano.

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Suplentes:

Félix Mendonça, Feu Rosa, Léo Alcântara, Marinha Raupp, Rafael Guerra,

Renildo Leal.

Bloco Parlamentar PMDB/PST/PTN

Titulares:

Francistônio Pinto, Glycon Terra Pinto, Jorge Costa, Luiz Bittencourt, Remi

Trinta, Saraiva Felipe, Wilson Santos.

Suplentes:

Carlos Dunga, Elcione Barbalho, Moacir Micheletto.

PFL

Titulares: Cláudio Cajado, Francisco Rodrigues, Gerson Gabrielli, Maluly

Netto, Moreira Ferreira, Raimundo Santos, Sérgio Barcellos.

Suplentes: Gervásio Silva, Jairo Azi, Joel de Hollanda, José Carlos Coutinho,

Medeiros, Paulo Marinho, Zezé Perrella.

PT

Titulares: Adão Pretto, Fernando Ferro, Padre Roque, Valdeci Oliveira.

PPB

Titulares: Cleonâncio Fonseca, Dilceu Sperafico, Hugo Biehl.

Suplentes: Augusto Nardes, Jonival Lucas Junior.

PDT

Titular: Pompeo de Mattos.

Suplente: Fernando Coruja.

Bloco Parlamentar PSB/PCdoB

Titular: Vanessa Grazziotin.

Bloco Parlamentar PL/PSL

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Titular: Paulo José Gouvêa.

Suplente: Pastor Valdeci Paiva.

PPS

Titular: Ayrton Xerêz

Suplente: Clementino Coelho

PHS

Titular: Walfrido Mares Guia, do PTB.

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O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Passa-se ao

IV - PEQUENO EXPEDIENTE

Concedo a palavra ao Sr. Deputado Betinho Rosado, do PFL do Rio Grande

do Norte.

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O SR. BETINHO ROSADO (PFL-RN. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o tema que me traz novamente à tribuna da

Casa é a transposição do São Francisco.

Os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba precisam

urgentemente do início desse trabalho porque todos os estudos apontam para o

fato de que, a partir do ano 2005, haverá déficit de água para abastecimento das

grandes cidades desses Estados.

Nós, da bancada desses três Estados, esperávamos que o grande problema

para essa transposição fosse exatamente a falta de vontade política do Executivo.

E o Presidente Fernando Henrique Cardoso determinou que o Ministério da

Integração Nacional realizasse os estudos, em seguida, licitasse e iniciasse as

obras. Mas, para nossa surpresa, durante o decorrer dos trabalhos, surgiu uma

resistência muda e surda contra ela.

Sabemos o que efetivamente querem os Estados ribeirinhos ao São

Francisco, que já se beneficiam dessas águas durante tanto tempo; que preço

estão cobrando para que os Estados do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba

e de Pernambuco beneficiem-se dessa transposição.

O inciso III do art. 20 da Constituição Federal diz que são bens da União "os

lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que

banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países" etc.

A Constituição diz que o São Francisco é um bem da União. E quais são,

efetivamente, os entraves, as dificuldades que os Estados ribeirinhos apresentam

para essa transposição? Não sabemos ainda. Precisamos saber. E é no sentido de

procurar o conhecimento adicional das dificuldades que possam existir nesse

processo da transposição que estou hoje aqui para apresentar requerimento ao

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Ministro de Minas e Energia, com o objetivo de receber esclarecimentos sobre cinco

itens importantes nesse processo de transposição.

Queremos saber qual a vazão da água de que o sistema de geração de

energia elétrica instalado à jusante de Sobradinho necessita para continuar

trabalhando com sua atual capacidade. Precisamos saber qual a vazão média

regularizada pelo Lago de Sobradinho. Precisamos ainda saber se a elevação da

vazão regularizada, de 2.060 metros cúbicos por segundo para 2.188 metros

cúbicos por segundo, pode ser considerada sem prejuízo da geração de energia

elétrica e do meio ambiente. Como quarta pergunta, pedimos informações sobre os

picos médios, máximas de vazão à jusante de Sobradinho e sobre a época do ano

em que eles ocorrem. A quinta e última indagação ao Ministro Rodolpho Tourinho é

a seguinte: qual a margem de erro na medição e avaliação da vazão regularizada

do Lago de Sobradinho.

Esperamos que a breve resposta do Ministro Tourinho possa nos orientar e

nos esclarecer essa questão da transposição do São Francisco. Assim, contribuirá

para que se acelere a ação já executada pelo Governo Central, de forma que

possamos nós, os nordestinos dos Estados do Ceará, do Rio Grande do Norte, da

Paraíba, de Pernambuco e, no futuro, do Piauí e de outros Estados, nos beneficiar

dessa água tão importante para o abastecimento e para a garantia da

sobrevivência dos cidadãos desses Estados.

Muito obrigado pela benevolência, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marçal Filho) - Tem a palavra o nobre Deputado Mauro

Benevides.

O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a mais uma reedição vem de

ser submetida a Medida Provisória nº 1934, que reestrutura o Departamento

Nacional de Obras Contra as Secas, em nova reprise indesculpável, uma vez que a

inexplicável protelação termina por suscitar as mais desencontradas versões, entre

as quais a de que o Governo não pretende viabilizar aquela importante autarquia,

cuja extinção, a 1º de janeiro de 1999, foi interpretada como autêntica

subestimação aos relevantes serviços que há prestado ao desenvolvimento hídrico

do Nordeste.

Por quatro vezes, ocupei a tribuna do Congresso para verberar contra o

descaso das lideranças mais responsáveis, que se mantêm indiferentes a uma

situação desconfortável a que se acham submetidos os servidores do

Departamento, esperando que, a cada momento, possa ocorrer a esperada

deliberação por parte de Senadores e Deputados, ensejando a reformulação de

suas políticas públicas — todas elas direcionadas para a sustentação do

semi-árido, a braços, ciclicamente, com a escassez das quedas pluviométricas na

região.

Nos primeiros instantes, alegava-se que o retardamento vinha ocorrendo em

razão de descompassos entre os Ministérios da Integração Nacional e o de Meio

Ambiente, o que foi superado desde setembro passado, em função de

entendimentos levados a efeito pelos técnicos das duas Pastas, com

acompanhamento de Parlamentares interessados na rumorosa pendência.

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Depois disso, tinha-se como certa a pacífica tramitação da referida medida

provisória, o que foi saudado com euforia por seu qualificado quadro funcional,

interessado este em que as normas estabelecidas pudessem vigorar, modernizando

as linhas mestras de atuação do DNOCS.

A possibilidade de cessão de açudes para administração por parte dos

Estados foi objeto também de controvérsias, afinal ultrapassadas, sem maiores

embargos, guardando-se o vínculo de assistência periódica pela veterana

instituição, atenta aos seus encargos históricos, com origem ainda em 1909,

quando da antiga IFOCS, que a antecedera no início do século passado.

Nenhum empecilho, portanto, haverá de contribuir para adiar a almejada

solução. Daí julgar-se que o projeto de conversão, com algumas alterações

inseridas pelo Relator, Senador Wellington Roberto, poderá vingar sem as abusivas

procrastinações, até agora lamentavelmente registradas.

Com um Diretor Geral interino, Dr. Celso Veiga, o Departamento de Secas

assiste, perplexo, à seqüência de adiamentos, na expectativa de que se ponha

termo a essas inexplicáveis delongas, que atingem o prestígio das lideranças

políticas do Ceará e das demais unidades federadas do Polígono.

É de esperar, assim, que a décima terceira reedição seja efetivamente a

derradeira, nesse ciclo infindável de desapreço do nosso Parlamento a uma

entidade de prestígio internacional, com currículo invejável, representado pela

construção de açudes, poços, linhas de eletrificação, estradas, irrigação etc,

potencializando um acervo notável de realizações em favor do nosso País.

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Basta de tanto descaso, como o que se vem assistindo, sob estarrecimento

geral. O DNOCS é um autêntico patrimônio de alguns milhões de brasileiros,

circunscritos em sua esfera de benéfica e patriótica atuação.

Que haja um esforço maior e mais determinado para a esperada decisão

congressual, fazendo aquele órgão retornar à plenitude de suas nobilitantes

atribuições.

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O SR. NEUTON LIMA (PFL-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tem sido veiculada na mídia, e em especial na

televisão, em horário nobre, a campanha de vacinação contra a gripe para maiores

de 60 anos. Trata-se, sem dúvida, de uma iniciativa louvável do Governo Federal, à

qual temos de dar total incentivo, não por questões de apoio partidário ou político,

mas pela campanha em si, pelo alcance humano e social que ela encerra. Afinal, o

Brasil, há muito tempo, deixou de ser um país de jovens; a população de idosos

vem crescendo a cada ano; a cada novo censo, a chamada “terceira idade” ocupa

espaço sempre maior nas estatísticas oficiais — o que representa um bom sinal, de

que o brasileiro, apesar de todos os pesares, vem recebendo, mesmo que num

nível mínimo, as benesses dos avanços da ciência. A presente campanha é mais

um desses fatores, que certamente contribuirá para o aumento da longevidade do

nosso povo.

Para mim, a campanha deste ano me alegrou de modo especial. A do ano

passado determinava a idade mínima de vacinação em 65 anos, o que me causou

estranheza, levando-me a enviar ao Sr. Ministro da Saúde, nosso colega de

Parlamento José Serra, a Indicação nº 140, em 8 de abril. Nela, sugeria que as

campanhas seguintes deveriam considerar como idosos os maiores de 60 anos, e

não apenas os maiores de 65 anos. Por que essa diferença de cinco anos? Em

primeiro lugar, porque a Lei 8.842, de 4 de janeiro de 1994, define a idade de 60

anos como a mínima para a condição de idoso. É claro, sabemos muito bem que

essa questão de idade precisa é muito relativa, e mesmo o conceito de idoso, mas

para efeitos burocráticos é necessário estabelecer números. Em segundo, há de se

considerar que, se, por um lado, um brasileiro de 60 anos nascido numa cidade

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grande, com conforto e condições, não será considerado, na maior parte das vezes,

um “idoso”, ou, como pejorativamente se diz, um “velho”, a situação muda para um

sertanejo, por exemplo: com essa idade as suas condições físicas, sabemos muito

bem, serão bem inferiores às do brasileiro de 60 anos bem-nascido. Assim,

ampliando a abrangência da vacina para maiores de 60 anos, estaríamos

ampliando o alcance desse bem para uma grande faixa da população, e

exatamente a que mais carece de atenção médica.

Assim, tive a grande satisfação de receber, três meses mais tarde, resposta

do Ministro da Saúde, acatando a minha sugestão, que, por sinal, coincidia com

recomendações técnicas da Pasta, como explica, na resposta, a assessora do

Ministro da Área Técnica de Atenção à Saúde do Idoso, nestes termos, que me

permito citar:

Apesar da gravidade das patologias respiratórias

ocorrerem mais freqüentemente na população maior de 65

anos, houve uma recomendação, por parte dos coordenadores

estaduais de vacinação, do Programa Nacional de Imunização,

da Fundação Nacional de Saúde (FNS/PNI), para que a

vacinação de idosos, a partir do próximo ano — [este ano,

portanto] — seja realizada nas pessoas de 60 anos e mais de

idade. Assim sendo, acreditamos que sua solicitação será

atendida.

Fico, portanto, extremamente satisfeito com o atendimento ao meu pedido, e,

de público, agradeço, não em meu nome ou no do partido, pois, repito, não se trata

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de um pleito pessoal, regional ou ideológico, mas simplesmente de fazer justiça, de

expandir os benefícios da saúde pública a um número cada vez maior de pessoas.

Congratulo-me, portanto, com o Sr. Ministro José Serra, desejando, para esta

campanha, sucesso ampliado. Os idosos brasileiros agradecem.

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O SR. GERALDO SIMÕES (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje o jornal Folha de S.Paulo publicou

denúncia do Gen. Newton Cruz, em que ele acusa Paulo Salim Maluf de propor o

assassinato de Tancredo Neves em 1985.

Sem dúvida, para que o povo de São Paulo enterrasse de vez essa figura

sinistra do cenário político paulistano, envolvido em mais de uma centena de

processos judiciais por corrupção e desvio de recursos públicos, ainda restava cair

a derradeira máscara.

Mas, Sr. Presidente, certamente Paulo Maluf não é a única figura sinistra da

vida pública nacional, as façanhas de muitos outros colegas dele estão sendo

apuradas pelo jornalismo investigativo brasileiro.

No meu Estado, a Bahia, por exemplo, os brutais e covardes assassinatos de

dez jornalistas na década de 90 vêm sendo objeto de uma série de denúncias pelo

jornal A Tarde e, por pressão do Ministério Público, alguns inquéritos já foram

reabertos.

Aliás, o desafio que temos pela frente nesse País é transpor o Estado

Democrático de Direito que temos para um Estado democrático de fato.

Não podemos mais admitir que ações de figuras como Maluf sejam

protegidas pelo Estado ou pela mídia.

É inconcebível também que homens ou Governos coloquem-se acima da

Constituição Federal.

Assim sendo, temos que impedir que FHC siga rasgando nossa Carta

Magna, seja subtraindo o direito de ir e vir do nosso povo, seja reprimindo

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manifestações populares legítimas, ou mesmo instituindo um salário mínimo que

afronta a Constituição Federal.

A negação da cidadania, dos direitos constitucionais, a que temos assistido,

demonstra à exaustão que temos uma democracia de papel.

Com que direito o Presidente da República considera as pressões do MST

como desvios da ordem democrática?

Ora, Sr. Presidente, quem governa ditatorialmente por medidas provisórias,

quem corrompe o Poder Legislativo, quem arrebentou com o País para se reeleger,

quem nega os direitos constitucionais mais elementares ao povo brasileiro, quem

quebrou o País, quem jogou milhões de famílias na miséria, no desemprego, no

desespero tem moral para acusar os movimentos sociais de praticar desvios da

ordem democrática?

Os partidos políticos de oposição têm despendido esforços inauditos para

debater nesta Casa, com a base do Governo, os aterradores dados sociais de

nosso País, bem como propor políticas para transpormos o patamar da Nação de

direito que temos para o de uma Nação de fato, com democracia e cidadania de

direito e de fato para todos.

Entretanto, o grau de sujeição da base do Governo nesta Casa a FHC tem

impedido o diálogo, o debate das idéias e afastado perigosamente o Congresso

Nacional da mais mínima sintonia com o povo brasileiro e os interesses maiores da

Nação.

No afã de apoiar incondicionalmente os ditames do Governo, esta Casa

tem-se mantido omissa frente às grandes questões nacionais e feito ouvidos

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moucos ao clamor das ruas, postura essa que vem conduzindo o processo político

democrático brasileiro ao abismo.

Por tudo isso, quero mais uma vez alertar os membros desta Casa e

principalmente seus Líderes para que despertem para o quadro que se desenvolve

lá fora, nas ruas, antes que seja tarde.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Marçal Filho) - Solicito aos Srs. Deputados que

avancemos um pouco mais na lista dos Parlamentares inscritos.

Com a palavra o nobre Deputado Coronel Garcia, do PSDB do Rio de

Janeiro.

O SR. CORONEL GARCIA (Bloco/PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Lei das Licitações nº 8.666, de 21 de

junho de 1993, prevê em seu art. 2º que todas as obras, serviços, inclusive os de

publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da

administração pública, quando contratados com terceiros, serão necessariamente

precedidos de licitação.

Esta exigência existe no intuito de selecionar a proposta mais vantajosa para

a administração. Essa mesma lei não apresenta como caso de inexigibilidade de

licitação a escolha de leiloeiro público para proceder aos leilões de móveis e

imóveis pertencentes à administração pública, sendo, portanto, necessárias ética,

moral e concorrência legal entre os leiloeiros para que se verifique a proposta que

forneça a maior vantagem para o serviço público, o que certamente reduziria a taxa

de comissão, que, no caso dos bens imóveis, tem o seu valor máximo permitido em

5%. Há de se ressaltar que o art. 126 da citada lei revoga disposições em contrário,

dirimindo qualquer dúvida possível de conflitos entre leis.

A fim de burlar a Lei das Licitações, alguns órgãos da administração pública

têm-se valido do arcaico Decreto nº 21.981, de 19 de outubro de 1932, que regula a

profissão de leiloeiro público, que permitia, por meio do seu art. 42, já revogado

pela Lei nº 8.666, que o leilão fosse realizado pelo leiloeiro indicado pela Junta

Comercial, através de distribuição rigorosa por uma escala de antiguidade.

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A irregular aplicação do decreto permite que se possa destruir a

competitividade entre os leiloeiros e, dessa forma, o Governo sempre pagará a taxa

de comissão máxima.

Ultrapassando todos os limites possíveis — pasmem, Srs. Parlamentares! —,

o Banco do Brasil desconsidera mesmo a lei mais arcaica e estabelece normas

próprias que contrariam frontalmente a legislação em vigor, selecionando os

leiloeiros por intermédio de um credenciamento interno, sem licitações e sem

consultar a Junta Comercial.

Como resultado dessas ações de improbidade administrativa, li atônito uma

reportagem do Jornal do Comércio , do dia 14 de fevereiro deste ano, intitulada

"Leilões", em que o leiloeiro público João Emílio é apresentado como responsável

pelos leilões dos imóveis do Banco do Brasil no Estado do Rio de Janeiro. Na

reportagem, é estimado o faturamento pelo leiloeiro de 14 milhões em apenas um

pregão. Tal estimativa é feita em função das facilidades proporcionadas, como o

fato de a venda já ser financiada pelo próprio banco.

O Estado do Rio de Janeiro possui cinqüenta leiloeiros públicos. Portanto, é

inadmissível que apenas um ou dois realizem todos os leilões do Banco do Brasil,

principalmente cobrando a taxa máxima de comissão.

Essa farra dos leilões é extremamente grave se considerarmos que só no

ano passado o Banco do Brasil leiloou 1.500 imóveis.

Como um cidadão consciente e sabedor das mazelas do serviço público,

imaginei inicialmente que tudo aqui denunciado poderia estar ocorrendo apenas por

incompetência de algum funcionário. No entanto, a meu ver, a má-fé da

administração do Banco do Brasil ficou evidenciada no momento em que a Legião

da Boa Vontade apresentou proposta de compra direta de um imóvel pelo preço

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avaliado e pelas condições exigidas pelo Banco. Embora o imóvel tivesse

participado de três leilões, sem que qualquer comprador houvesse se apresentado,

o banco exigiu que o mesmo só poderia ser arrematado em um quarto leilão, e,

portanto, teria preservada a taxa de comissão do leiloeiro público João Emílio. Em

função dessa exigência imoral, a LBV desistiu da compra e não participou do leilão,

que mais uma vez foi deserto, sem nenhum comprador.

Cumprindo a minha função de Parlamentar, de fiscalizar o Executivo,

encaminhei requerimento de informações sobre a farra dos leilões do Banco do

Brasil. A resposta a esse requerimento melhor poderá instruir a ação popular que

irei impetrar no intuito de interromper essa farra com o dinheiro público e

determinar responsabilidade aos agentes causadores do prejuízo ao Erário.

Como Deputado do PSDB, solicito ao Sr. Presidente da República medidas

saneadoras urgentes, como determinar a interrupção dos leilões, mandar realizar

rigorosa apuração das denúncias e, principalmente, afastar o Presidente do Banco

do Brasil, para que se possa ter lisura nas apurações.

Sr. Presidente da República, essas medidas solicitadas são de caráter

urgente, primeiro para demonstrar a transparência do seu Governo, e segundo para

que essa farra dos leilões do Banco do Brasil não venha a contagiar outros órgãos

públicos do Governo Federal.

Neste final de semana, li matéria no jornal O Globo sobre quatro leiloeiros

que decidiram ir à Justiça, porque três leiloeiros foram escolhidos a bel-prazer do

liquidante, no caso do leilão do Hotel Nacional. Esses quatro leiloeiros ofereciam a

taxa de 0,5%, mas nem assim foram qualificados para o leilão.

Muito obrigado.

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O SR. THEMÍSTOCLES SAMPAIO (Bloco/PMDB-PI. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, matéria que começa a tomar

corpo nos vários Estados da Federação, as Câmaras de Conciliação Prévia,

instituídas pela Lei nº 9.958/2000, têm a pretensão de transformar-se em

instrumento de conciliação dos direitos trabalhistas entre patrão e empregado.

Para muitos, a concretização e implementação da Lei de Comissões de

Conciliação Prévia é inconstitucional. Nesse sentido, a Confederação Nacional de

Trabalhadores no Comércio, a Confederação Nacional de Estabelecimentos de

Ensino e a Confederação Nacional de Profissionais Liberais propuseram, na mais

Alta Corte de nosso País, Ação Direta de Inconstitucionalidade, pela qual

professam a tese do desamparo do trabalhador em caso de dispensa, pois não

teriam, em tese, a proteção de seu Sindicato, nem de advogados, trazendo, por

conseqüência, impossibilidade jurídica de recursos às instâncias superiores em

caso de perda no procedimento primário.

Para outros, no entanto, trata-se de um avanço nas relações empregatícias,

com vantagens mútuas para empregados e empregadores. Por este vértice, as

intenções de se criar essa lei certamente têm como base diminuir o número de

ações na Justiça do Trabalho e promover maior celeridade nas lides entre os

envolvidos — evitando-se o contencioso.

Nestes tempos difíceis de desemprego e de sofismas os mais diversos sobre

o aviltante salário mínimo, Sr. Presidente, acredito ser de crucial importância alertar

a sociedade civil de meu Estado, as associações comerciais, os clubes de

dirigentes lojistas, as instituições de classes, os conselhos municipais, os sindicatos

— tanto os patronais quanto os dos empregados, as associações de um modo geral

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e os sempre incansáveis e injustiçados trabalhadores do Piauí, principalmente os

da área rural — sobre a transparência desse novo paradigma nas relações entre

empregados e patrões.

Como legítimo representante do povo do Piauí, conhecedor que sou da luta

do meu povo para conservar um mínimo de dignidade para si e seus familiares, e

do esforço dos micro, pequenos e médios empresários para a manutenção de

frentes de trabalho como Norte para a diminuição das desigualdades sociais,

sinto-me no dever, na obrigação de alertar a todos que façam uma reflexão séria,

honesta e compartilhada sobre o problema.

Algumas das grandes cidades do meu Piauí, dentre as quais destaco a

Capital Teresina, Oeiras, Parnaíba, Picos, Floriano, Campo Maior, Piripiri, Pedro II,

União, Altos, Esperantina e outras tantas de igual sorte desenvolvimentistas — por

limitação de tempo, impossível citar todas — já se estão mobilizando, em suas

diversas categorias e representações institucionais, no sentido de estruturar esse

que se propõe a ser um novo marco nas relações empregatícias.

Reitero pois o meu apelo para que se faça uma reflexão séria a respeito

desse novo instrumento sociopolítico, cuja meta maior não é outra senão a

celeridade e a democratização institucional das medidas conciliatórias. Consciência

e responsabilidade deverão fazer frente à instalação dessas Comissões

Conciliatórias, que esperamos todos sejam isentas de corporativismo, paternalismo

ou assistencialismo. Que sejam, efetivamente, um instrumento inovador na

salvaguarda da melhor aplicação da Justiça!

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O SR. CARLOS MOSCONI (Bloco/PSDB-MG. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, dois anos atrás, em contato

com o Embaixador da China no Brasil, Sr. Li Guoxin, fui questionado sobre o

aparente interesse do Brasil em vender para aquele grande país asiático o nosso

mais tradicional produto: o café.

Sendo originário de região historicamente cafeeira, o sul de Minas, e ciente

da importância da abertura de novos mercados do café para o meu Estado e o

Brasil, fiquei impressionado com as palavras do Embaixador Chinês e comecei a

pensar no que fazer para mudar a situação.

A primeira iniciativa foi colocá-lo em contato com a vanguarda do café no

Brasil, e para isso organizei reunião em Poços de Caldas, num fim de semana, para

que o Embaixador, além de conhecer de perto o café, pudesse ter contato com as

lideranças do setor e dizer a eles o que a mim dissera. O objetivo inicial foi

alcançado: a reunião em Poços de Caldas, patrocinada pela Cooperativa Regional

de Cafeicultores daquela cidade, atingiu as metas previamente delineadas.

A partir daí dei seqüência ao trabalho procurando organizar, com todo apoio

da Embaixada, uma missão oficial àquele país. O Embaixador designou seu

Ministro-Conselheiro, Luo Liecheng, para organizar o evento e logo fomos

recebidos em sua casa com uma magnífico jantar de trabalho, para as tratativas

iniciais. Montamos o grupo com auxílio do CNC, através de seu Presidente Gilson

Ximenes, e da COOXUPÉ, também com seu Presidente Dr. Isaac Ferreira Leite.

Vale ressaltar que a organização final ficou a cargo do Ministro Roberto Jaguaribe

— Diretor-Geral do Departamento de Promoção Comercial do Ministério das

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Relações Exteriores, cuja dedicação e competência foram determinantes para o

êxito da missão.

O grupo foi assim composto: Ministro Roberto Jaguaribe — diretor-geral do

Departamento de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores;

Roberto Abreu — diretor do Departamento do Café do Ministério da Agricultura e do

Abastecimento; Senador José Carlos da Silva Júnior — presidente da Associação

Brasileira da Indústria de Café — ABIC; Juarez do Valle — assessor técnico da

OCB; Jaime Junqueira Payne — presidente da Cooperativa Regional de

Cafeicultores de Poços de Caldas/MG; Joaquim Libânio Ferreira Leite —

superintendente de Mercado Externo da Cooperativa Regional de Cafeicultores de

Guaxupé — COOXUPÉ; Matuzalém Vilela Lemos — presidente da Cooperativa

Agropecuária de Boa Esperança/MG; Osvaldo Henrique Paiva Ribeiro —

presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Varginha, representante do

CNC – Conselho Nacional do Café; Décio Ribeiro — diretor-presidente da Irmãos

Ribeiro e Cia.; Antônio Luiz Sampaio Figueira — representante de produção da

Federação da Agricultura do Estado da Bahia — FAEB; Rui Queiroz Guimarães —

presidente da Comissão Nacional do Café da Confederação Nacional da Agricultura

— CNA; Deputado Carlos Mosconi — representante da Câmara dos Deputados.

Na China nós nos encontramos com o Sr. Dejandir Dalpasquale, Presidente

da Organização das Cooperativas Brasileiras — OCB, para reuniões conjuntas com

os chineses.

Iniciamos no dia 04/04, em Pequim, uma série de reuniões, totalizando

dezesseis encontros, com lideranças do governo chinês; das cooperativas

chinesas; dos governos estaduais e municipais; do Partido Comunista Chinês; da

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Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, e do já existente setor privado

nas cidades de Pequim, Xangai e Cantão. Além das reuniões oficiais realizaram-se

também sessões de degustação de café, antecedidas por palestras proferidas pelo

Ministro Jaguaribe e pelo Dr. Roberto Abreu.

As reuniões foram, de maneira geral, muito objetivas e proveitosas. Os

chineses mostraram-se muito abertos, sempre confirmando que o café é um grande

atrativo na China. Falta, entretanto, segundo eles, intercâmbio maior com o Brasil,

país pelo qual têm grande simpatia. Em alguns momentos foram até

simpaticamente agressivos, afirmando que a China está de braços abertos para o

café do Brasil, “faltando que o vento do Brasil sopre para lá”. Em Cantão, Estado

mais pujante sob o ponto de vista comercial daquele país, ouvimos, em reunião,

empresários afirmarem que pretendem pôr em prática projeto para que a China, em

oito anos, tome tanto café quanto chá!

Alguns desses empresários já utilizam café do Brasil, adquirido, porém, de

firmas japonesas, belgas ou italianas, entre outras, por não terem relação direta

com empresas brasileiras. Talvez isto explique o preço tão elevado de um

cafezinho: 5 dólares.

As degustações foram também muito concorridas e, após as palestras, o

café era provado com visível interesse pelos chineses. Tomavam tanto o expresso

quanto o tradicional café de coador, este último preparado algumas vezes pelo

próprio Presidente da ABIC, Senador José Carlos da Silva Júnior.

Foi formalizado acordo entre a All China Federation of Supply and Marketing

Cooperatives e a OCB, em solenidade oficial na Câmara dos Deputados da China.

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A All China é a cooperativa mãe de todas as cooperativas chinesas e congrega 180

mil entidades.

Este fato foi marcante porque simboliza o canal aberto com o país asiático, já

estando em curso a preparação de outros eventos pela OCB.

Chamou-nos a atenção, à parte das reuniões sobre o café, o grande

desenvolvimento da China. O país parece outro, muito distinto daquele que visitei

há doze anos. As enormes avenidas de Pequim, antes coalhadas de homens e

mulheres vestidos com o mesmo uniforme azulão, calçando idênticas sandálias e

montando incontáveis bicicletas, deram lugar a carros importados e em grande

número novos, ocupados por pessoas vestidas à melhor maneira das capitais

ocidentais. Os prédios velhos, sendo substituídos por grandes edifícios suntuosos e

de luxo até exagerado, dando a sensação de que a China quer mostrar ao mundo

que é hoje um país rico.O regime deu-nos a impressão de que é ainda fechado no

plano político, mas a economia já é aberta ao capital estrangeiro, e o

cooperativismo significa a via de globalização da atividade econômica.

Por fim, vale também salientar os préstimos oferecidos à comitiva pelo

Embaixador do Brasil naquele país, Affonso Celso de Ouro Preto, pelo Conselheiro

Luiz Francisco Pandiá Braconnot, e outros funcionários muito solícitos e cordiais,

contribuindo para o bom andamento dos compromissos da missão, ao nosso ver

muito proveitosa para o objetivo proposto: abertura do mercado chinês para o café

do Brasil.

Passo a ler o relatório da nossa visita, Sr. Presidente:

Relatório de visita à China.

04 a 14.04.00

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Dia 04.

1ª reunião.

A 1ª reunião aconteceu no MOFTEC (Ministério das

Relações Comerciais) com o Sr. Wang Zhiquan, Diretor-Geral

do Departamento de Assuntos da América e Oceania.

Presentes eu, Senador José Carlos da Silva Júnior,

Roberto Abreu e Ministro Roberto Jaguaribe.

Fomos informados de que a Colômbia abriu uma

torrefação em Xangai e vende café por consignação. Todas as

assertivas foram na direção da boa perspectiva de abertura do

mercado chinês para o café brasileiro.

2ª reunião.

Em seguida toda a delegação reuniu-se na Embaixada

brasileira com o Embaixador Ouro Preto e seus Secretários.

Participou também o Sr. Dejandir Dalpasquale, presidente da

OCB.

Discutiu-se muito sobre os objetivos da viagem, a

importância da abertura do mercado, o marketing que precisa

ser feito, enfim, a estratégia de abordagem das autoridades e

dos empresários chineses.

Dia 05.

3ª reunião.

A 3ª reunião foi com os Srs. Li Chunsheng, Secretário

Geral, e Sr. Liu De Sheng, Secretário Econômico do All China

Federation of Supplay and Marketing Cooperatives, que é a

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entidade que congrega todas as cooperativas chinesas com

180 milhões de associados. Esta reunião já tinha sido

previamente agendada pela OCB (Organização das

Cooperativas do Brasil), estando presentes seu Presidente

Dejandir Dalpasquale e dois diretores. Além da exposição feita

pela All China sobre sua estrutura, megagrandiosa, ouvimos

de seu diretor para assuntos comerciais, o forte interesse que,

tanto o Governo Chinês quanto o empresariado local têm no

café do Brasil. Segundo ele a China já está pronta e preparada

para receber o café brasileiro. Basta agora "que o vento do

Brasil sopre para cá" (falava provocando os empresários

brasileiros presentes). Além da curiosidade e da simpatia que

o café detém, têm eles (os chineses) muito claro que o café

gera rica atividade econômica. Usaram a expressão "ganhar

dinheiro" várias vezes.

Todos os membros da delegação brasileira tiveram

espaço para expor seus pontos de vista.

4ª reunião.

À tarde, a direção da All China levou-nos para visitar um

Café e Bar, já montado em Pequim, protótipo do que pensam

implantar em vários pontos aqui mesmo na Capital e em outras

cidades. Trata-se de local muito agradável e aconchegante,

que tem como carro-chefe o café.

O cardápio mostra algumas qualidades do café e faz

ligeira explicação sobre o mesmo. Particularmente interessante

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é que os cinzeiros estavam cheios de borra de café, visando

alterar o cheiro desagradável das cinzas e dos cigarros

apagados.

5ª reunião.

No final do dia o Presidente da All China Federation of

Supplay and Marketing Cooperative, Sr. Lu Guang Bin,

recebeu-nos no Parlamento Chinês para breve reunião formal,

seguida de assinatura de acordo entre a OCB e a All China. A

OCB informou que havia sido criada a ACIBRAC, sendo que

eu faço parte do Conselho Consultivo.

Em seguida, fomos brindados com um lauto jantar lá

mesmo no Parlamento, na sala Shangai, muito suntuosa por

sinal. O jantar foi magnífico. Mais uma vez ficou claro para

todos o interesse da China no café brasileiro.

Dia 07.

6ª reunião.

O Deputado Gao De Zhan, Presidente da Comissão de

Agricultura da Câmara dos Deputados da China recebeu-nos

— eu, o Senador José Carlos da Silva, o Dr. Roberto Abreu, o

Ministro Jaguaribe e o Embaixador Ouro Preto — para reunião

em seu gabinete.

Além do interesse do Deputado Chinês pela agricultura

brasileira, surpreendeu-nos o seu conhecimento sobre a

mesma. A respeito do café informou-nos que a China produz,

no sul do país, pouco café e de má qualidade, não havendo

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maior interesse em aumentar a produção, uma vez que as

prioridades alimentares são outras. Referiu que o café é um

produto que desperta muita curiosidade e que poderá ter

grande aceitação no País.

7ª reunião.

O encontro seguinte ocorreu na China Chamber of

Commerce for Import and Export of Foodstuffs e Native

Produce and Animal by products com seus diretores Wang

Huiaua e Shang Schi Bico. A conversa foi praticamente a

mesma das anteriores, no que diz respeito ao café.

Demonstraram também disposição em negociar outros

produtos enfatizando a questão do alho, que por vezes a China

exporta para o Brasil.

8ª reunião.

A degustação do café para os chineses ocorreu no Hotel

Kunlun, onde estávamos hospedados. O Ministro Jaguaribe e

o Dr. Roberto Abreu, do Ministério da Agricultura, fizeram

objetivas palestras sobre o café, com boa ilustração e

distribuição de material. Houve, em seguida, concorrida

degustação de café. Apareceram já alguns empresários

dispostos a negociar, uma vez que já possuem pequenas

torrefações e adquirem o café de empresas japonesas, como a

Sumimoto, por exemplo. Essa empresa é grande compradora

do café brasileiro e exporta pequena parte dele para a China.

Os empresários informaram que não adquirem o produto no

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Brasil por não terem nenhuma relação com empresas

brasileiras. Convidaram-nos param uma visita à torrefação, o

que foi feito no mesmo dia.

Depois do encontro no hotel fomos à Embaixada, onde o

Embaixador Ouro Preto ofereceu-nos um coquetel. Vale a

pena ressaltar a forma extremamente gentil com que o

Embaixador nos tratou.

Dia 08.

9ª reunião.

Eu, Décio Ribeiro e Jaime Payne fizemos uma reunião,

pela manhã, com o Sr. Zhang Xiaomin, dono de uma pequena

torrefação na periferia da cidade. Quando chegamos, para

nossa surpresa, dentre os cafés ali existentes havia, com

destaque e em maior quantidade, o café IRMABE, dos Irmãos

Ribeiro. O que o proprietário informou-nos foi que ele compra

este café da firma Sumimoto, do Japão, uma vez não ter ele

nenhum relacionamento empresarial com o Brasil.

O Sr. Zhang Xiaomin foi enfático em dizer que a China é

muito receptiva ao café brasileiro, já existindo em Pequim um

pequeno consumo de 400 sacas/mês. Ele inclusive quer fazer,

juntamente com a Embaixada brasileira, promoção para a

divulgação do café brasileiro.

10ª reunião.

A tarde nos reunimos com os representantes do Partido

Comunista Chinês, que em seguida nos ofereceram um jantar.

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A conversa com eles foi muito interessante. Ficou claro seu

pragmatismo. A economia que a China quer praticar é

totalmente aberta e a política não deve e não pode dificultar

este projeto, ao contrário, deve ser elemento facilitador deste

propósito. A curiosidade e simpatia pelo Brasil são evidentes.

Dia 10.

Chegamos a Xangai e nos instalamos no magnífico New

Jinjiang Hotel.

Dia 11.

11ª reunião.

Pela manhã, fomos recebidos pela diretoria da

Cooperativa de Xangai, responsável pela importação de

alimentos. Toda autorização para entrada de alimentos passa

pela Cooperativa. As cooperativas na China são a face

privatizada do governo. Elas são muito poderosas e agem com

verdadeiras empresas privadas, visando lucro, etc.

12ª reunião.

O representante do Ministério do Comércio Exterior, Sr.

Shen Ding Yun nos recebeu para uma reunião. Ficou claro

para nós que Xangai é a cidade mais forte da China em termos

comerciais, além de ser um pouco mais ocidentalizada. Não

há, como já havíamos notado anteriormente, nenhuma

barreira — exceto a falta de hábito — para a entrada do café.

Ali disseram-nos que o café importado em Xangai vem da

Itália. Evidentemente, trata-se também de café brasileiro.

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13ª reunião.

À tarde participamos de uma nova apresentação e

degustação de café no Jim-Jimg-Center, local antigo, prédio

belíssimo, sala ampla e, para nossa surpresa, estava lotada.

Após a apresentação feita pelo Ministro Jaguaribe, Dr. Roberto

Abreu e Senador José Carlos da Silva Júnior, Presidente da

ABIC, a degustação do café foi feita com entusiasmo pela

platéia composta de pequenos empresários, fornecedores etc.

Ficamos mais que em outras reuniões, vivamente

impressionados com o interesse despertado pelo café

brasileiro.

Dia 13.

Depois de uma viagem de mais ou menos 2 horas,

chegamos a Cantão (Guangzhou), a cidade é ainda mais

contrastante que as outras, alternando coisas velhas e pobres

com prédios suntuosíssimos, de mais de 60 andares. O

trânsito é um verdadeiro caos, comparável com o de São

Paulo.

14ª reunião.

Tivemos encontro com a Comissão de Relações

Econômicas e Comércio Externo, Sr. Lin Qiang que nos

informou já existir uma incipiente indústria de torrefação de

café, com crescente aceitação popular. Ficamos

impressionados com sua informação de que a província de

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Guangzhou é responsável por 40% do comércio geral da

China, incluindo aí as importações e exportações.

15ª reunião

Encontro com autoridades do Município de Guangzhou,

vários diretores, Sr. Lin Jian Wei e Yang Dahang, além de

diretores de várias empresas ligadas à importação e

exportação de produtos alimentícios. Todos reafirmaram já

existir pequeno consumo de café, salientando que sabem que

o café brasileiro é o melhor e que negociam com empresas

européias e/ou asiáticas para importar café do Brasil.

Consideram que o café tem grande espaço a ser conquistado

na China, e para nossa grande surpresa informaram-nos de

um projeto que considera que em oito anos a China toda

tomará tanto café quanto chá!

16ª reunião.

Degustação de café no belíssimo Hotel Cisne Branco

onde nos hospedamos — eu e Maria Lúcia — 12 anos atrás.

Reunião muito concorrida, sala superlotada, palestras

boas, proferidas pelos Ministros Jaguaribe e Dr. Roberto

Abreu. A degustação do café foi muito animada, com cafés

expresso e regular, dando-nos a impressão de que este último

é melhor aceito pelos chineses, por ser mais fraco, poder ser

tomado em maior quantidade, lembrando mais o chá. É bom

lembrar que o expresso já existe nos hotéis e em alguns cafés

(bares), sendo, no entanto, muito caro, por volta de 5 dólares

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por xícara. Estava presente na degustação o empresário He

Da Ming, talvez o maior de todos da China em relação ao café,

que tem torrefação aqui na cidade e distribui para as cidades

mais importantes do país. Trabalha com 500 toneladas/ano.

Importa café do Brasil, de boa qualidade, via empresa belga.

Foi taxativo em afirmar que o café na China não tem erro, é

apenas urna questão de tempo. Se houver interesse do Brasil,

esse tempo poderá ser mais curto.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para apresentar uma denúncia

concreta. A atual Diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Encruzilhada,

na Bahia, presidida por Íris Neres do Prado e Exupério Dias do Vale e seu filho,

Sydnei Dias do Vale, está cometendo uma série de arbitrariedades. É preciso uma

intervenção dos setores responsáveis para evitar que tais arbitrariedades

continuem ocorrendo.

O primeiro dos atos ilegais cometidos pela atual Diretoria do STR de

Encruzilhada é a cobrança de uma taxa de R$10,00 por entrevista de trabalhador

rural que deseje aposentadoria. Ora, isso é um absurdo, uma ilegalidade, e está

sendo praticada exatamente sobre aquela gente que menos tem recursos. Os

associados, cerca de 2.600, hoje, já pagam a mensalidade de R$25,00, e este tipo

de serviço já está incluído — na verdade é função do sindicato, não tem por que

cobrar taxa alguma.

Esse absurdo foi denunciado em várias instâncias e aguardamos um

posicionamento das autoridades alertadas sobre o caso. Receberam essa denúncia

o promotor de Encruzilhada, Isaías Marcos Borges Carneiro, a juíza da Comarca,

Ângela Marluce Lopes, e o chefe do INSS em Vitória da Conquista, Arlindo

Rebouças. Ainda foram alertados desse abuso a Delegacia de Polícia de

Encruzilhada e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Bahia,

FETAG/BA. Há mais de um mês todas essas autoridades foram alertadas para o

fato ilegal, que continua ocorrendo em Encruzilhada.

Por que não agem? É preciso apurar essas denúncias.

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À FETAG/BA compete argüir sobre elas uma vez que se trata de um seu

filiado. Ainda mais que sobre a atual Diretoria pesam outras denúncias. Uma delas

é que, diante de suspeitas de desvio de recursos financeiros do STR, houve uma

renúncia coletiva da Diretoria original, ficando o sindicato nas mãos de apenas

cinco pessoas. Isso não pode acontecer. O tesoureiro da entidade, Sydnei Dias

Vale, é filho de Exupério Dias do Vale, secretário. De acordo com o art. 59, inciso II,

do Estatuto do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Encruzilhada, ficam

proibidos de integrar a Diretoria Executiva parentes do presidente, tesoureiro e

conselho fiscal, até o segundo grau.

Havia uma ilegalidade anterior: a própria eleição da atual Diretoria. O

Capítulo XVII do Estatuto do Sindicato estabelece que as eleições em primeira

convocação só seriam válidas se participassem 40% mais um associado, desde

que todos estivessem em dia com as mensalidades do STR. Sabemos que existiam

na época 1.952 associados quites, e, no entanto, somente 659 votaram.

Tem mais irregularidades. O art. 43 diz que só pode compor a comissão

eleitoral associados em pleno gozo dos seus direitos. E não foi isso o que

aconteceu.

Colocaram uma professora, Iara Ferraz Silva, e um contador, Edmundo Dias

Rocha, para compor essa comissão.

Sras. e Srs. Deputados, infelizmente o caso já ultrapassa a questão

administrativa e atinge a pessoal. Recebemos informações de que a pessoa que

denunciou esses fatos a todos os órgãos públicos e à FETAG/BA, Anscário Viana

Rocha, morador de Encruzilhada e ex-presidente do sindicato, foi ameaçado de

morte. Sua vida corre perigo. O delegado de Polícia local está ciente do caso. Mas

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isso é pouco. É preciso que as autoridades chamadas a apurar as denúncias atuem

com urgência para evitar que um problema de ordem administrativa de um sindicato

não se torne uma questão criminal. De nossa parte, estamos encaminhando ofício a

todos os envolvidos cobrando tais ações.

Passo a tratar agora de outro assunto, Sr. Presidente.

É um absurdo a edição da Portaria nº 77, do Ministério do Planejamento, que

visa sustar todos os atos judiciais em que o Governo foi condenado a pagar perdas

salariais decorrentes de planos econômicos. Essa portaria é inconstitucional, imoral

e ilegal. Por isso, estou apresentando à Casa projeto de decreto legislativo com o

objetivo de sustar esse absurdo, ou seja, essa portaria em que o Governo

estabelece que não valem as decisões judiciais para que sejam efetuados

pagamentos de perdas decorrentes de planos econômicos.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação do meu

pronunciamento no programa A Voz do Brasil .

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O SR. DARCI COELHO (PFL-TO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, incluo-me entre aqueles que defendem o

fortalecimento do Ministério Público, com mais razão neste momento da vida

nacional, em que a sociedade e as instituições travam persistente combate à

corrupção, para exorcizá-la de nossa cultura política.

Meu trabalho nesta Casa, na Comissão de Constituição e Justiça e de

Redação, na Comissão Especial de Reforma do Judiciário, na Comissão Especial

do Subteto, entres outras, e no plenário comprova a afirmação.

São bem evidentes os resultados positivos da nova feição dada ao Ministério

Público pela Constituição de 1988 e legislação complementar subseqüente.

Todavia, lamentavelmente temos visto em diversas partes do País agentes dessa

nobre instituição exorbitando do exercício de suas relevantes atribuições.

No Estado do Tocantins, o Procurador da República Mário Lúcio de Avelar,

há muito tempo vem praticando reiterados atos que caracterizam violência a direitos

de pessoas de bem e abuso de poder, alguns já em boa hora reprimidos pelo Poder

Judiciário.

Sempre aliado a pessoas e grupos vinculados a partidos políticos de

oposição ao Governo Siqueira Campos, que foi eleito por uma ampla coligação dos

partidos PFL/PPB/PSDB/PTB e outros, o referido Procurador, nesta época que

antecede o embate eleitoral, tem exacerbado o seu obstinado propósito de

prejudicar os homens que, legitimamente ungidos pelo voto popular, dirigem aquele

novo e progressista Estado.

Atropelando as regras que definem suas atribuições, limitadas à área

federal, vem assestando suas baterias, azeitadas por objetivos nada dignos, contra

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o Prefeito de Palmas, Odir Rocha, homem honrado e administrador consagrado, no

Município de Colinas e agora na Capital.

Mas o mais grave é que o Procurador Mário Lúcio de Avelar, usando a

influência do cargo, resolveu tornar-se um dos maiores proprietários de imóveis na

novíssima Capital, atirando fora escrúpulos, pruridos éticos e qualquer respeito à

legalidade, que lhe cumpre defender.

Trago aqui certidões de registro de dez imóveis, existindo ainda outros, pelo

menos mais sete, sem registro, sendo cinco com edificações não averbadas.

Trata-se de uma cidade nova em que há grande e crescente especulação

imobiliária, e o Procurador da República já tem dezessete imóveis naquela Capital.

Esses documentos provam práticas fraudulentas e condutas definidas como ilícitos

penais, tais como crimes contra a ordem tributária e falsidade ideológica.

Vejamos.

No dia 15 de julho de 1998, foi registrada escritura de compra e venda,

lavrada no dia 10 anterior, de um imóvel localizado em área nobre da Capital,

Quadra ARNE 14, por preço vil: R$ 0,87. 87 centavos. O adquirente é Mário Lúcio

de Avelar.

No dia 5 de agosto de 1999 foi registrada escritura de aquisição, lavrada no

dia 27 de julho do mesmo ano, de outro imóvel, na Avenida LO-13, área comercial

privilegiada, no valor de R$ 8,00.

Na mesma data outro imóvel, também na Avenida LO-13, por R$ 8,00.

Em 11 de outubro de 1999, mais um imóvel, também em excelente

localização, Quadra ARSO 63, por R$ 161,00.

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E mais: em 29 de novembro de 1999, outro imóvel, na Quadra ARSO 64,

área muito valorizada, por R$ 200,00.6. No dia 4 de setembro de 1998, foi

registrado mais um imóvel, na Quadra ARNE 14, já referida, por R$ 2.877,00. Esses

seis imóveis foram adquiridos diretamente do Estado, sem licitação. Veja-se: R-1,

primeiro registro.

Seguem-se quatro imóveis em que o Procurador aparece como segundo

comprador, vindo a primeira transferência do Estado, que é o proprietário originário

dos imóveis da Capital:

a) um na Quadra ARSE-23, em 13 de outubro de 1997, por R$ 2.772,00;

b) dois na ARNE 14, em 5 de maio de 1998, por R$ 5.250,00 cada um e

c) um na ARSE-62, por R$ 13.800,00, adquirido em 11 de fevereiro de 2000,

demonstrando, pelo valor, que a fraude das aquisições anteriores já havia sido

descoberta.

Vê-se que o Procurador Mário Lúcio de Avelar é muito zeloso quando se

trata de aumentar o próprio patrimônio.

Esclareço que, para resguardo da respeitável instituição, encaminhei, antes,

igual documentação ao Sr. Procurador-Geral da República que, certamente, diante

da gravidade dos fatos, determinará as providências pertinentes.

Sr. Presidente, peço a inserção nos Anais desta Casa dos documentos

acima referidos.

DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O ORADOR

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Inserir certidões de registro imobiliário de Palmas, TO, referidas pelo orador.

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O SR. SÉRGIO CARVALHO (Bloco/PSDB-RO. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na questão que envolve os

direitos do consumidor, a atitude da Agência Nacional de Energia Elétrica —

ANEEL — de obrigar as Centrais Elétricas de Rondônia — CERON a devolver

valores cobrados a mais dos seus clientes é exemplo claro de que estamos

mudando para melhor. Por isso, é com satisfação que registro ofício que recebi da

ANEEL, assinado por seu Diretor-Geral, José Mário Miranda Abdo, em que a

entidade responsável pela fiscalização das empresas de energia elétrica do Brasil

anuncia as providências que tomou para que a CERON faça o ressarcimento dos

valores cobrados a mais dos consumidores de Rondônia, durante mais de seis

meses. Transcrevo, a seguir, o ofício da ANEEL, comunicando a este Deputado as

medidas tomadas, depois que pessoalmente solicitei providências daquele órgão,

defendendo os interesses da população lesada em meu Estado.

Diz o ofício:

Senhor Deputado: Em atenção ao Ofício Nº

076/00/GDSC, de 14 de março de 2000, no qual Vossa

Senhoria solicita providências acerca do cumprimento do

Despacho Nº 71- ANEEL, publicado no Diário Oficial de 11 de

Fevereiro de 2000, sobre ressarcimento de consumidores da

Centrais Elétricas de Rondônia — CERON, informo o seguinte:

1. Em 16 de março de 2000, esta Agência requereu à

CERON, conforme Ofício Nº 094/2000, informações sobre as

providências adotadas por aquela concessionária, para o

cumprimento do Item II do referido despacho.

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2 - Em resposta, a CERON informou, por meio da carta

DT/014/2000, de 27 de Março de 2000, a situação das

providências adotadas para o cumprimento das determinações

feitas por esta Agência, conforme segue.

3. Foram identificados todos os consumidores ligados a

partir de 5 de janeiro de 1999, bem como aqueles faturados

por estimativa, com base na carga instalada, no período de 1º

de junho a 31 de dezembro de 1999.

4 - O ressarcimento das despesas referentes ao rama de

entrada de serviço estará sendo efetuado, por desconto, na

fatura dos respectivos clientes, a partir do mês de abril de

2000.

5. O ressarcimento das despesas referentes ao

faturamento com base na estimativa da carga instalada estará

sendo efetuado, por desconto, na fatura dos respectivos

clientes, a partir do mês de maio de 2000.

Esta Agência estará acompanhando as providências que

estão sendo adotadas pela CERON, devendo solicitar àquela

concessionária relatórios que comprovem a execução das

mesmas, em obediência às determinações da ANEEL.

Respeitosamente, José Mário Miranda Abdo, diretor-geral.

Com isso, Sr. Presidente, fica clara a posição da Agência Nacional de

Energia Elétrica — ANEEL, que, atendendo à solicitação deste Deputado, não

permitiu que os consumidores de Rondônia, lesados pela CERON, ficassem no

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prejuízo. Temos certeza de que a ANEEL vai continuar fiscalizando a CERON,

exigindo o cumprimento da determinação de devolver aos clientes os valores

cobrados a mais nas contas e, ao mesmo tempo, continuar fiscalizando para que

tais problemas não mais ocorram.

Aproveito a oportunidade para cumprimentar a ANEEL por seu trabalho e por

sua preocupação objetiva de fazer cumprir, pelas empresas concessionárias de tais

serviços, a legislação vigente, não permitindo que os consumidores sejam lesados,

seja em Rondônia, seja em qualquer outra região do Brasil.

Era o que tinha a comentar.

Muito obrigado!

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O SR. GUSTAVO FRUET (Bloco/PMDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso.)

– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, com a greve dos caminhoneiros e a volta

de operação-padrão da Receita Federal, vários setores já falam em

desabastecimento.

Os funcionários da Receita agendaram greve por 72 horas, sendo

necessária ação rápida por parte do Governo para solucionar o problema e

procurar encaminhar as reivindicações de importante setor do serviço público

nacional, bem como no setor de transportes, buscando evitar o risco de

desabastecimento de uma série de produtos como combustível e outros fornecidos

em entrepostos como CEASA do Paraná, em especial na região de Curitiba, com

prejuízos aos comerciantes, produtores e, no final, aos consumidores.

Como agravante, a permanência do impasse na greve dos servidores da

Receita Federal provoca prejuízos à economia da região. Na Vila Portes, bairro de

Foz do Iguaçu na fronteira com o Paraguai, os comerciantes alegam queda de 62%

nas vendas. Outra conseqüência, tão ou mais séria, refere-se à falta de controle na

faixa de fronteira, com todos os riscos decorrentes. Some-se a paralisação de

transportadores e caminhoneiros. Até ontem, cerca de 400 caminhões continuavam

parados na Eadi/Foz à espera de liberação das suas cargas, além da paralisação

em outras regiões. Na BR-277, que liga Curitiba a Paranaguá, até o início da noite,

587 caminhões tinham trafegado pela rodovia, sendo que em dias normais circulam

cerca de 3.500.

Para a Confederação Nacional dos Transportes — CNT, a greve dos

caminhoneiros deve ter a adesão de 50% da categoria e há risco de

desabastecimento, caso não seja fechado um acordo com o Governo. Apesar de

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não apoiar a greve, a CNT considera legítimas as reivindicações da categoria. Para

a entidade, algumas medidas como o aumento de até 5% do limite da carga nos

postos que não possuem balanças podem aliviar os caminhoneiros — objeto de

projeto de lei nesta Casa (PL nº 665/99), devendo-se analisar com critério o

vale-pedágio, sob pena de simplesmente representar transferência de custos,

notadamente quando se discute o valor do pedágio e o sistema de sua implantação

em várias rodovias do País.

Se não bastassem as dificuldades que passam comerciantes e produtores na

relação custo/preço, as mudanças no setor varejista, há o sério risco de

desabastecimento com reflexos também ao consumidor, decorrentes da paralisação

de servidores e transportadores.

Portanto, há alternativas, mas há necessidade de ação imediata e constante,

objetivando solucionar a greve dos profissionais da receita, as várias reivindicações

na área de transporte e, por conseqüência, evitar a falta de controle na fronteira e o

desabastecimento.

Outro tema refere-se ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

No momento em que se acentua a fragmentação do acesso à informação

como uma das características deste final de século, constata-se o reconhecimento

dessa atividade profissional como fator de equilíbrio no processo democrático.

Mais do que o direito do profissional da área, o direito de as pessoas terem

acesso à informação, como condição primeira e prévia para formar-se opinião.

Por oportuno, o ensinamento do jurista português João Luís de Moraes

Rocha, quando afirma, como característica deste final de século, que “os meios de

comunicação não devem ser um instrumento de poder, antes um instrumento de

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contrapoder. Só assim cumprem sua missão na sociedade hodierna: a informação

pluralista é necessária à democracia, só quem sabe pode formar uma opinião,

crítica e esclarecida, e a opinião pública constitui a seiva da sociedade aberta”.

(MORAES ROCHA, João Luís. "Lei de Imprensa", Lisboa: Livraria Petrony, 1996,

pág. 4.)

E uma das formas de garantia do direito à informação é privilegiar a crítica

isenta, o debate sério, a reflexão fundamentada e a valorização profissional,

concretizando a função social da comunicação numa atitude de profissionalismo e

rigor.

A informação pluralista é necessária à democracia. Só quem sabe pode

formar opinião, crítica e esclarecida, não se podendo, por outro lado, mistificar a

crença de que o homem moderno por estar informado está na posse do sentido dos

acontecimentos.

Essa constatação reforça o espaço de repercussão dos fatos, preservando o

interesse público e, em última instância, a democracia com seus naturais conflitos e

contradições.

Por oportuno, o jurista Hans Kelsen aponta o princípio da publicidade como

vertente fundamental da democracia representativa. E, contestando a alegação de

que a publicidade põe à mostra os inconvenientes políticos como as imoralidades e

as corrupções, afirma que tais “defeitos também existem nas autocracias. Mas com

uma diferença: não são conhecidos porque cobertos pelo sigilo e, em lugar da

clareza, existe a tendência em ocultar". (KELSEN, Hans. "Esencia y valor de la

democracia", pág. 145.)

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Porém, e felizmente, pertence à natureza democrática o fato de que nada

pode permanecer confinado no espaço do mistério.

A verdade é a regra; a mentira, a exceção. Como regra, o objetivo de

ressaltar os acontecimentos sociais e não divulgar a notícia vinculando-a a

interesse econômico ou político, sob pena de implantar-se a idéia da “ditadura

perfeita”, na oportuna definição de Mário Vargas Llosa, agravada, pois, sob a égide

de um Estado Democrático de Direito.

Esse é o embate entre o ideal democrático e a realidade, entre princípios

éticos e a vontade obsessiva de domínio de poucos. É, na feliz definição de

Norberto Bobbio, a prevalência do “poder invisível”, como uma das promessas não

cumpridas da democracia, a qual manifesta-se através do segredo, do disfarce, de

toda forma de dominação. Assemelha-se, assim, à autocracia, na qual o segredo é

a regra. Alguns poucos, detentores de poder, desejam impor uma tendência oposta

à que deu vida ao ideal da democracia como ideal do poder visível: a tendência não

mais rumo ao máximo controle do poder por parte dos cidadãos, mas, ao contrário,

rumo ao máximo controle dos súditos por parte de quem detém o poder. (BOBBIO,

Norberto. "O Futuro da Democracia", 2ª ed., São Paulo: Paz e Terra, 1986, pág.

106.)

Constata-se, conforme Bobbio, a passagem do uso clássico do termo

ditadura ao uso moderno, referido não mais a uma pessoa e sequer a um grupo de

pessoas, mas a uma classe inteira, embora o preço da diluição de seu significado

originário, tanto que poderia, vantajosamente, ser substituído pelo termo “domínio”,

como de resto acontece numa expressão como “classe dominante”. (BOBBIO,

Norberto. "Estado, Governo, Sociedade." São Paulo: Paz e Terra, pág. 162/163.)

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Porém, a característica mais importante entre ditadura clássica e ditadura

moderna está na extensão do poder, que não está mais apenas circunscrito à

função executiva, mas se estende à função legislativa, revelando-se nos fatos e na

conduta. Substitui-se a autonomia pela aparência. Substitui-se a autenticidade pela

dependência. Impõe-se a disciplina no comportamento.

Para alguns, faz parte do jogo e quem bem compreende este “jogo” é

Hannah Arendt, que em ensaio sobre “verdade e política”, afirma “que a verdade

primeira da política é a verdade factual. A verdade factual, no entanto, não é nem

evidente nem necessária, e o que lhe atribui a natureza de verdade efetiva é que os

fatos ocorreram de determinada maneira e não de outra”.

Como contraponto, a necessidade da informação para aperfeiçoar o

comportamento. A premência de se opor o “neo-iluminismo” ao denominado

“neoliberalismo” vigente, o qual é um ressuscitar absolutamente distorcido e

desonesto das teorias de Stuart Mills, Locke, Tocqueville e tantos outros que

compuseram a proposta liberal como um princípio de liberdade individual, dentro do

processo democrático.

Faz-se fundamental romper um pacto de silêncio. Infelizmente, a apatia

política e a indiferença são uma séria ameaça aos regimes democráticos. Mas,

felizmente, pertence à natureza democrática o fato de que nada pode permanecer

confinado no espaço do mistério. Bem canta o poeta quando afirma que “navegar é

preciso, viver não é preciso.” Sem perder as ilusões. Acreditando no diálogo que

permite não perder as esperanças na “força das boas razões”.

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O SR. CARLOS DUNGA (Bloco/PMDB-PB. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, registramos que, no dia 6 de maio, no próximo final de semana,

inicia-se em Campina Grande uma grande festa carnavalesca fora de época, a

Micarande 2000. Esta festa vem ajudar a economia paraibana, pelo desempenho

do seu povo, dos seus empresários e da administração municipal de Campina

Grande, através da figura do Prefeito Cassio Cunha Lima.

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O SR. LAEL VARELLA (PFL-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há sete anos, um grupo de católicos de Muriaé,

a exemplo de outras cidades mineiras, vem representando por ocasião da Semana

Santa quadros vivos da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, tendo por

palco o Parque de Exposições da cidade, local montanhoso e cujas edificações

permitem um cenário natural magnífico para a representação de um elenco que

ultrapassa cinqüenta pessoas.

O desempenho dos personagens melhora a cada ano, correspondendo à

afluência sempre crescente do público de Muriaé e adjacências.

A representação a que assistimos na última Semana Santa teve um

significado especial pelo fato de termos comemorado em 1967 anos o maior

acontecimento que jamais houve na História. Com efeito, estamos em ano jubilar,

em que a cristandade comemora 2 mil anos do Natal dAquele que dividiu a História

em duas partes: antes de Cristo e depois de Cristo.

Tendo como teto a abóbada celeste, sempre azul nesta época do ano e

ornada com a luz diáfana da lua cheia, os fiéis acompanham piedosamente o

desenrolar de cada passo da Paixão, ao som de narrações e músicas sacras

adequadas.

Os limites deste discurso impedem-me de transcrever todo o enredo da já

tradicional representação. Colocarei em realce apenas algumas passagens.

O narrador, no jargão de hoje, o âncora, inicia o drama:

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ao que

todos respondem: Amém.

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Âncora: Iniciaremos a representação do mais espantoso

drama que jamais o mundo assistiu: A Paixão e Morte do Filho

de Deus! Sigamos os passos de Jesus com nossos corações

contritos e humilhados para receber as graças neste exercício

da Via Sacra.

Na semana das comemorações do Êxodo do Egito,

quando o povo passou de pé enxuto pelo Mar Vermelho,

libertando-se da escravidão na qual vivia, Jesus chegou em

Jerusalém, como era costume de todo bom judeu.

Na noite de quinta-feira, Jesus celebrou a primeira missa

com os apóstolos, transformando o pão e o vinho em seu

corpo e sangue.

Jesus: “Tomai e comei dele todos: Isto é o Meu Corpo, o

mesmo Corpo que vai ser entregue por vós”.

E tomando o cálice, acrescenta as palavras:

“Tomai e bebei dele todos: este é o cálice do meu

sangue, o sangue da nova aliança, que vai ser derramado

para a remissão dos pecados”.

Em verdade, eu vos digo, um dentre vós, um dos que

está sentado a esta mesa e come comigo, vai trair-me e

entregar-me aos inimigos.

São Pedro: Serei eu, Senhor?

Jesus: É um desses que ceia comigo, repito, mas ai

daquele que entregar o Filho do Homem, melhor fosse que

nunca tivesse nascido! [...]

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Narrador: Após a ceia, Jesus sai com os três apóstolos

Pedro, Tiago e João rumo ao Horto das Oliveiras. Naquele

lugar eram esmagadas as azeitonas para extrair o azeite. Ali

também é que Deus estava esperando o novo Adão, ou seja,

Jesus Cristo, para o triturar debaixo da prensa dos sofrimentos

a redenção dos homens[...]

Jesus: Levantai-vos. É chegada a hora em que Eu serei

preso e entregue aos inimigos. Aquele que irá me trair já está

perto.

Narrador: Chega Judas Iscariotes com alguns soldados

armados. Judas diz para os soldados:

Judas: Aquele a quem eu der um beijo, é Ele. Prendei-o e

levai-o com toda atenção para que não se escape.

Narrador: Jesus olha para Judas e diz:

Jesus: Com um beijo trais o Filho do Homem?

O segundo ato da representação consiste no julgamento do Homem-Deus.

Dessa parte, rica em movimentações e, sobretudo, das palavras do Evangelho, leio

apenas parte de uma meditação que o povo acompanha num silêncio eloqüente:

O juiz que cometeu o crime profissional mais monstruoso

de toda a História não foi a ele impelido pelo tumultuar de

nenhuma paixão ardente. Moveu-o a condenar o Justo, o

receio de perder o cargo parecendo pouco zeloso das

prerrogativas de César. O medo de criar para si complicações

políticas, desagradando ao populacho judeu, o medo instintivo

de dizer não, de fazer o contrário do que se pede, de enfrentar

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o ambiente com atitudes e opiniões diferentes das que nele

imperam.

Vós, Senhor, o fitastes por longo tempo com aquele olhar

que em um segundo operou a salvação de Pedro. Era um

olhar que transparecia vossa suprema perfeição moral, vossa

infinita inocência e, entretanto, ele vos condenou.

Ó Senhor, quantas vezes imitei Pilatos! Quantas vezes

por amor à minha carreira deixei que em minha presença a

verdade fosse perseguida e me calei. Quantas vezes

presenciei de braços cruzados a luta e o martírio dos que

defendem a Vossa Igreja! E não tive a coragem sequer de lhes

dar uma palavra de apoio, pela abominável preguiça de

enfrentar os que me rodeiam, de dizer não aos que formam

meu ambiente, pelo medo de ser diferente dos outros. Como

se me tivésseis criado, Senhor, não para Vos imitar mas para

imitar servilmente meus companheiros.

Nesse instante doloroso da condenação, Vós sofrestes

por todos os covardes, por todos os moles, por todos os

tíbios... por mim, Senhor!

Meus Jesus, perdão e misericórdia! Pela fortaleza de que

me destes exemplo enfrentando a impopularidade e a

sentença do magistrado romano, curai em minha alma a chaga

da moleza.

Sobre o longo caminho da Via-Sacra, o quanto teria eu que descrever. Mas

vou direto ao fim da maior ignomínia jamais cometida contra um inocente. Mas se

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fosse um inocente qualquer... Mas como já o disse, tratava-se do Homem-Deus.

Restrinjo-me à meditação final, "Jesus posto no Sepulcro":

Correu-se a laje. Parece tudo acabado. É o momento em

que tudo começa. É o reagrupamento dos apóstolos. É o

renascer das dedicações, das esperanças. A Páscoa se

aproxima.

Ao mesmo tempo, o ódio dos inimigos ronda em torno do

sepulcro e de Maria Santíssima e dos apóstolos.

Mas eles não temem. E em pouco raiará a manhã da

Ressurreição.

Possa também eu, Jesus, não temer. Não temer quando

tudo parecer perdido irremediavelmente. Não temer quando

todas as forças da terra parecerem postas em mãos de vossos

inimigos. Não temer porque estou aos pés de Nossa Senhora,

junto da qual se reagruparão sempre, e sempre mais uma vez,

para novas vitórias, os verdadeiros seguidores da Vossa

Igreja.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação de meu

pronunciamento.

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O SR. HUGO BIEHL (PPB-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não me atrevo, nesta tribuna, a enfocar a

complexa e dramática questão indígena brasileira. Quero, entretanto, sem o lustre

antropológico habitual que emoldura essas abordagens, fazer singelo registro de

uma despretensiosa obra realizada em meu Estado.

No oeste de Santa Catarina localiza-se a maior área de ocupação indígena

demarcada do Estado, a Reserva Xapecó, abarcando o território de vários

Municípios.

Em meados do ano passado, o Governo do Estado foi chamado a cooperar

com o esforço de preservação da cultura indígena, ameaçada de perder-se na

poeira dos tempos, oprimida pela asfixiante civilização branca.

Por solicitação do Governador Esperidião Amin, foram realizadas diversas

reuniões em maio do ano passado com as lideranças indígenas e a comunidade

escolar. Resultou, desses encontros, a reivindicação para construção de uma nova

escola que proporcionasse ao índio a prática de esportes e o culto às suas

tradições, especialmente as danças. Nas comunidades indígenas, a escola é o

centro da vida social.

Imediatamente, a 17ª Coordenadoria Regional de Educação, sob o comando

do Prof. Luiz Pinheiro, convocou arquitetos do Estado para planejamento da obra.

O principal compromisso era manter as características estéticas da cultura indígena

kaingang, oferecendo suporte técnico para sua execução, procurando inclusive

adotar formas representativas dos animais presentes no meio natural envolvente.

Para a escola de educação básica foi adotada a forma das antigas

aldeias/circular, contendo a idéia místico-filosófica do todo, estilizando a forma

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antropomórfica da tartaruga. A mesma idéia inspirou o Centro Cultural, com

incremento da antiga arte da casa subterrânea.

Na planificação do centro esportivo, para prática de educação física,

adotou-se a forma de um tatu, por ser um tipo de caça muito importante para o povo

kaingang.

No mês de outubro foi licitada a obra e, no mesmo período, a Secretária de

Estado da Educação, Profa. Míriam Schlickmann, entregou na aldeia a ordem de

serviço que assinalou o início da construção.

Atualmente, por uma questão de sobrevivência dos kaingangs, a terra

passou a ser explorada na produção agrícola: os índios estão cultivando pequenas

roças. Pela primeira vez no Brasil foi aprovado um projeto de PRONAF indígena,

através do qual o Banco do Brasil financiou a expansão da atividade agrícola: 1.150

sacas de milho foram semeadas pelo sistema troca-troca e mais 100 sacas por

conta própria. Também cultivou-se feijão preto e soja.

A reserva possui uma olaria com produção aproximada de 500 mil tijolos por

ano, o que resulta numa economia para subsistência da aldeia.

A área indígena Xapecó dispõe de dez escolas de educação indígena

fundamental (1ª a 4ª série), localizadas nas aldeias e uma escola indígena de

educação básica (pré-escolar a 2° grau), localizada na sede da reserva.

Possui, ainda, um programa de educação de jovens e adultos na aldeia

Pinhalzinho (sede da reserva), todas mantidas pelo Governo do Estado, atendendo

a um total de 1.200 alunos.

A Secretaria de Estado da Educação e do Desporto, preocupada em

preservar as origens e a cultura dos índios, está oferecendo curso de Magistério

Indígena, freqüentado somente por professores índios.

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O único educandário indígena do País que oferece ensino de 2º grau está

localizado na sede da reserva indígena Xapecó — é a escola indígena de

educação básica Cacique Vanhkre, que atende a 354 alunos do ensino

fundamental (1ª a 8ª série) e 120 alunos de ensino médio. Tem um quadro de 29

professores, 16 deles índios. O ensino é ministrado em língua portuguesa e

kaingang com materiais didáticos específicos ao grupo étnico. Possui um

laboratório de informática com seis microcomputadores e impressoras.

Enfim, Sr. Presidente, este breve relato comprova que é possível a

sociedade branca tutelar e proteger as comunidades primitivas, respeitando sua

cultura, reconhecendo que ela é senhora de seu destino e prestando toda a

cooperação que está ao nosso alcance, sem oprimir sua liberdade, seus costumes,

suas crenças, seu comportamento e sua organização social.

Para concluir, Sr. Presidente, também registro minhas homenagens ao

Governador Esperidião Amin, de Santa Catarina, que foi sensível ao apelo da

comunidade indígena, portanto, aos indígenas, e viabilizou esse empreendimento

que haverá de marcar história.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, um outro assunto.

Desejo, com muito orgulho, registrar nesta Casa que a Cooperativa Central

Oeste Catarinense, nacionalmente conhecida pela marca Aurora, segunda

cooperativa central brasileira e um dos dez maiores grupos agroindustriais do País,

inaugurou em 15 de abril a nova indústria de sucos concentrados Dellis, no

Município de Pinhalzinho.

A obra absorveu recursos da ordem de R$8,5 milhões de reais e foi edificada

em terreno de 150 mil metros quadrados, localizado à margem da BR-282.

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A inauguração marcou a passagem do 31º aniversário da Coopercentral,

presidida pelo líder cooperativista e Presidente Aury Luiz Bodanese.

A unidade de processamento de frutas, produção de sucos concentrados e

óleos essenciais processará a safra regional de laranja 1999/2000, criando nova

alternativa de renda ao produtor rural. Esmagará 60 mil toneladas de laranja ao

ano, gerando uma receita operacional bruta da ordem de R$6 milhões. A tecnologia

e os equipamentos empregados são todos nacionais.

Inicialmente serão cinco máquinas extratoras com capacidade para 6 mil

toneladas de sucos concentrados/ano e, à medida que aumentar a oferta de

matéria-prima, será ampliada a linha de esmagamento até vinte máquinas, ou seja,

20 mil toneladas/ano de suco concentrado.

A estrutura industrial foi planejada e construída prevendo-se a expansão

física da capacidade de processamento, mediante ajustes. A unidade também

processará, no futuro, uva, limão e maçã, cujo fomento frutífero está sendo

planificado.

A nova unidade traz reflexos altamente positivos para o oeste de Santa

Catarina, com a geração tributária, a oferta inicial de 100 empregos diretos, a

abertura de empregos indiretos e o fomento à citricultura regional.

Quero dizer algumas palavras sobre o sistema de tratamento de efluentes: é

um dos mais modernos do País. O efluente industrial gerado na fabricação de suco

é processado pelo sistema de tratamento de resíduos industriais.

É similar aos sistemas de tratamento utilizados nas indústrias de sucos do

Estado de São Paulo, onde se concentram as maiores empresas do mundo nesse

segmento. O sistema de lodos ativados é mundialmente utilizado para o tratamento

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de despejos domésticos e industriais, em situações em que se deseja uma elevada

qualidade do efluente tratado.

Também quero mencionar rapidamente um trabalho que precedeu a indústria

de sucos. Projetado para, a longo prazo, atingir grande parte das 100 mil

propriedades rurais do grande oeste catarinense, o arrojado Programa de

Fruticultura da Coopercentral Aurora está recuperando os solos agricultáveis da

região, recompondo a cobertura vegetal permanente, aumentando a renda dos

produtores e desacelerando o êxodo rural em uma das mais bem-sucedidas ações

econômico-ambientais do sul do Brasil.

A Coopercentral ingressou na área de fruticultura em 1985, quando adquiriu

uma indústria em Videira, Santa Catarina. A partir daí, passou a processar laranja e

uva, produzindo suco concentrado e óleos essenciais da marca Dellis, ao lado da

tradicional produção e industrialização de suínos e frangos que geram produtos da

notabilizada marca Aurora.

O programa tem como meta implantar 4,288 milhões de mudas de alto

padrão genético, o que eqüivale a 10.720 hectares de pomares comerciais na sua

base territorial formada por 108 Municípios. Nessa área, suas dezesseis

cooperativas filiadas congregam cerca de 40 mil produtores rurais.

No atual estágio, 8 mil pequenas propriedades rurais aderiram ao programa

cultivando 10.400 hectares com cerca de 3 milhões de pés de laranja. Nessas

propriedades foi eliminada a erosão hídrica dos solos, evitando-se uma perda

média de até uma tonelada/ano por hectare de solo fértil e, por extensão, o

empobrecimento dos solos e o assoreamento dos rios.

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Os resultados econômicos foram igualmente importantes: criaram-se cerca

de 4.700 novos empregos diretos e indiretos, agregando-se renda ao produtor rural,

que passou a ter, na fruticultura, uma atividade adicional.

Se atentarmos para a verdadeira vocação dos solos do oeste catarinense,

veremos que o programa de fruticultura da Coopercentral ganha expressão vital:

apenas 31,3% são terras nobres; 25,7% têm aptidão restrita; 41,5% são terras

inaptas e 1,5% são cidades, rios e estradas. Ou seja: a maior parte dos solos

deveria ser ocupada com culturas permanentes, como a fruticultura, a erva-mate e

o reflorestamento, e não com culturas anuais (milho, soja, feijão).

Na produção de frutas, forma-se uma cobertura protetora, o solo é revolvido

uma única vez e, entre as frutíferas, é possível o cultivo de outras culturas perenes

que conservam o solo e aumentam sua fertilidade.

Para chegar a esses resultados, foram treinados 230 técnicos da

Coopercentral e de suas dezesseis cooperativas filiadas, em capacitação que teve

o concurso da EPAGRI e da EMBRAPA. Essa força de trabalho estimulou os

produtores rurais ao ingresso na fruticultura e às práticas culturais corretas,

cultivando diferentes variedades nos pomares comerciais de citros e evitando

danos ecológicos.

Agindo em sintonia com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural

de Santa Catarina, a expansão da fruticultura proporcionada pela Coopercentral

esteve sintonizada com o programa Microbacias, um dos maiores esforços

governamentais para recuperação integrada do solo, da água e da flora do oeste

catarinense.

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A par da assistência técnica, a Coopercentral também viabilizou uma linha

especial de crédito para a aquisição das mudas e demais insumos no sistema do

programa troca-troca.

Atualmente, a cadeia de citros congrega entidades como CIDASC, EPAGRI,

Ministério da Agricultura, Acacitros, Procitros, cooperativas, produtores de laranja e

comerciantes de frutas in natura, o que proporciona divisas financeiras a todos os

segmentos envolvidos.

Essa cadeia produtiva já é economicamente expressiva: sustenta 880

empregos diretos e 9.500 empregos indiretos, movimentando R$20 milhões ao ano

no produto agregado.

A meta da Aurora e da Associação Catarinense de Citricultura é fruir 100

quilos de fruta por pé, cultivar em média dois hectares por propriedade e

proporcionar ganhos reais para o produtor.

Esse é um exemplo concreto, nascido das bases produtoras cooperativistas,

de como diversificar as atividades e aumentar a renda do produtor para que possa

elevar sua qualidade de vida.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, um terceiro assunto.

Desejo registrar o lançamento do recém-concluído projeto de geração de

emprego e renda, contendo o perfil socioeconômico dos Municípios das

Associações Microrregionais do Alto Uruguai Catarinense (AMAUC), de Entre-Rios

(AMERIOS) e do oeste de Santa Catarina (AMOSC).

O trabalho tem como objetivo principal auxiliar na tomada de decisões dos

investimentos públicos e privados e foi desenvolvido através de parceria entre a

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Universidade do Oeste de Santa Catarina/campus de Chapecó e a Universidade

do Contestado/campus de Concórdia.

Esse projeto foi desenvolvido com o apoio do Ministério de Integração

Nacional, através da Secretaria de Programas Integrados, gerenciado pela

Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciências, em busca de novos e precisos

diagnósticos que possam apontar as alternativas para a retomada do crescimento

nessa importante região brasileira.

Apesar dos fabulosos índices de expansão que apresenta em alguns

segmentos, o oeste de Santa Catarina é considerado região deprimida do sul do

País.

Além de verificar o forte potencial que a região detém, o projeto pretende

provocar novo surto de desenvolvimento.

O projeto contempla a análise socioeconômica de 56 Municípios em três

áreas — características gerais do Município, dados agropecuários e dados da

indústria, comércio e serviços —, permitindo levantar aspectos que auxiliarão o

crescimento e o desenvolvimento dos Municípios e da região.

Caracterização geral incorporou dados sobre localização do Município, área

superficial, população, saúde, educação, transportes, sistema urbano de

saneamento básico, energia elétrica, sistema de telefonia, arrecadação de

impostos, distância do Município às principais cidades do Estado e principais

Capitais, meios de comunicação, entre outros.

Os dados agropecuários abrangem produtos de origem animal, área,

quantidade produzida, colhida em lavouras permanente e temporária, condições de

produtor, principais rebanhos, área destinada a matas, florestas e pastagens.

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Esta é, seguramente, mais uma atividade de extensão universitária

fortemente sintonizada com as aspirações regionais.

Nossos cumprimentos aos reitores e pró-reitores da Universidade do

Contestado e da Universidade do Oeste de Santa Catarina.

Muito obrigado.

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A SRA. JANDIRA FEGHALI (Bloco/PCdoB-RJ. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a temática da violência tomou conta dos

jornais nos últimos dias: a violência do MST e a repressão na comemoração dos

500 anos; e, hoje, noticia-se mais um sem-terra morto.

Nesse debate é importante que relembremos um pouco o que ocorreu aqui

na semana passada. O embate naquela sessão era entre 151 e 177 reais; era de

26 reais a diferença entre a proposta do Governo e a proposta da Oposição. E,

naquele momento, toda a argumentação foi baseada na inviabilidade dos cofres

públicos para a garantia do aumento do salário mínimo. Agora, neste momento,

para vergonha deste Parlamento e indignação de muitos Parlamentares, foi

realmente ferido de morte o compromisso de se votar o salário mínimo.

Aquela sessão expressou um retrato muito claro de como se construiu a

Maioria dentro desta Casa. Obviamente, eu não falo de todos, porque eu ajo com

respeito, e a generalização não respeita. Mas naquele momento ficou claro que a

promiscuidade entre Executivo e Legislativo determinou a maioria parlamentar. E

mesmo aqueles que corajosamente aqui permaneceram, ouviram ameaças de

retaliações no Diário Oficial .

Em seguida, o Governo afirma que temos de votar o piso regional, outra

perversidade sem par. O piso regional significa o agravamento das desigualdades

regionais; é a violação do salário mínimo unificado; é a "guetização" dos

aposentados e pensionistas, em transgressão a uma conquista histórica dos

trabalhadores.

No entanto, o Banco Central apresentou enorme prejuízo por socorrer

bancos privados e por sofrer perdas no mercado cambial no montante de 14 bilhões

de reais, em 1998, absorvidos com muita tranqüilidade pelo Tesouro Nacional. Em

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1999, o prejuízo foi de 12 bilhões de reais, absorvidos também por medida

provisória, sem nenhum problema para o Erário.

No entanto, os 3 bilhões de reais da Previdência Social, que ela suporta

tranqüilamente por ser superavitária, não são absorvidos, por sermos

covardemente subservientes quanto ao cumprimento daquilo que o capital

estrangeiro determina.

Ao lembrarmos os 500 anos do Brasil estampa-se em a nossa mente o "País

das Capitanias Hereditárias", historicamente dos latifúndios, da especulação da

terra, do assassinato de pessoas sem terra e dos com terra, mas com pouca terra.

Este é o país onde o desemprego cresce, onde há desestruturação nacional.

Aí, perguntamos, onde está a violência naqueles que reagem na tentativa de

dignificarem sua vida e de produzirem o alimento de seus filhos, naqueles que

buscam, no desespero, instrumentos de luta para ocupação da terra, que procuram

serem ouvidos por este Governo que alardeia democracia mas que não consegue

sequer marcar uma audiência com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra?

A violência está naqueles que se demoram a dar respostas institucionais e

criar instrumentos que possibilitem a reforma agrária; e, para aqueles outros com

terra — entre aspas —, que também estão indo às ruas, a diminuição da taxa de

juros praticada neste País, que não lhes permite produzir.

É aí que está a violência.

Temos de parar de achincalhar conceitos. Temos de parar de brincar com a

dignidade alheia. O grande responsável pela radicalização do Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra chama-se Governo Fernando Henrique Cardoso,

que, com seu aparato repressivo, é também o grande responsável pela morte de

sem-terra no Paraná, juntamente com seus comparsas e aliados. A grande

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responsabilidade pela greve dos caminhoneiros também é do Governo Fernando

Henrique Cardoso. A violência encontra-se no Estado brasileiro, que, manietado

pelo interesse do capital financeiro, sequer consegue ultrapassar sua miopia

política!

Então, não é hora de acusarmos o MST. Não estou falando de badernas ou

de quebra-quebra contra o patrimônio público, mas de uma sociedade que começa

a reagir, como está ocorrendo em toda a América Latina. Se depender de nós, da

Oposição, essa mobilização irá ampliar-se, e muito, para barrar um projeto tão

perverso, tão indigno, tão canalha — desculpem-me o termo — que este País, hoje,

lamentavelmente, está tendo de absorver por obrigação institucional. E o está

absorvendo porque não consegue responder à necessidade de mudanças

estruturais, "ainda" — entre aspas.

Muito obrigada!

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O SR. ENIO BACCI (PDT-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, voltamos à tribuna nesta tarde, desta vez para

denunciar a falta de vontade do Governo Federal na condução da Proposta da

Emenda à Constituição nº 175, de 1995, que trata da reforma tributária.

É urgente a necessidade de se reformular o atual modelo tributário brasileiro,

esse modelo que, ao longo dos anos, tanto contribuiu para o aprofundamento das

desigualdades sociais e econômicas. A reforma tributária, no nosso entender,

deveria ser o ponto de partida para a elaboração de qualquer projeto de

governabilidade e de modernização do Estado. Sabemos do seu imperativo para

quem se propõe a governar ou a redesenhar um novo pacto federativo entre o

Governo e a sociedade brasileira.

Também temos plena consciência de que este Parlamento não deve abrir

mão das suas prerrogativas e tampouco prescindir de uma ampla discussão com a

sociedade. Estou convencido de que a construção de um novo projeto tributário

passa inquestionavelmente pela ampla discussão com os assalariados, os

trabalhadores e os empresários. Essa discussão não pode reduzir-se somente ao

discurso dos tecnocratas que fazem da realidade humana um puro capricho

laboratorial e acadêmico.

A morosidade e o descaso levam-me a acreditar que a proposta

governamental, já com cinco anos de tramitação, foi uma iniciativa tomada apenas

para atender às exigências da globalização e para o Governo justificar-se perante o

Fundo Monetário Internacional — FMI e o Banco Interamericano de

Desenvolvimento — BID. Enquanto isso, mais de 75% da arrecadação nacional

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vêem-se delimitados pelo ajuste fiscal do FMI e pela recente promulgação da lei de

responsabilidade fiscal.

O que se percebe na proposta do Executivo, no seu afã de atender

exclusivamente aos credores e especuladores internacionais, é a tendência à

recentralização política e teórica, embasada na lógica da arrecadação e da

intermediação do recolhimento — uma recentralização permeada de arrocho

tributário e reservada apenas ao cidadão assalariado e aos pequenos e médios

empresários. O mais grave é que o Governo recusa-se a justificar-se perante o

Parlamento diante desse inaceitável ônus fiscal reformista a ser faturado de forma

tão desigual.

De nada valerá o competente esforço da Comissão Especial desta Casa se

não houver pressão da sociedade junto ao Governo FHC e seus aliados no

Congresso no sentido de colocar a reforma na agenda como prioridade absoluta.

Volto a repetir: nem a sociedade nem o setor industrial e produtivo agüentam mais

tanta carga tributária, principalmente nessa luta desequilibrada entre o capital

nacional e o estrangeiro.

É verdade que o Governo se vê acuado diante de um projeto que nasceu

padecendo de inúmeros equívocos conceituais e éticos, principalmente quando se

constata na iniciativa governamental a manutenção da CPMF, das contribuições

sociais, do IPI e, principalmente, da possibilidade de legislar em matéria tributária

por medida provisória. Assim, pouco lhe interessa priorizar e democratizar esse

debate, sobretudo aceitando sugestões para um aprimoramento justo e igualitário

do projeto.

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A tentação autoritária, expressa pelo uso abusivo das MPs, vai-se adornando

e materializando na medida em que o projeto político do Governo caminha no

sentido do cumprimento consciente e submisso do "consenso de Washington",

consenso esse restrito apenas aos países emergentes, exigindo-se deles, além da

desnacionalização e da desterritorialização constitucional, a eliminação de

impostos cumulativos, o relaxamento da tributação na produção, nos lucros e nas

exportações, tudo isso sob a falsa promessa de inserção igualitária no mundo

globalizado.

Há de se destacar a ação ousada e destemida dos membros da Comissão

Especial, que, sem aceitar a pressão e as chantagens dos tecnocratas, apresentou

um relatório final que tem como premissas básicas a redução do número de

impostos e contribuições, e, principalmente, a ampliação do rol de contribuintes,

tributando-se o consumo, e ainda a extinção da contribuição em cascata, criando-se

inclusive um imposto único sobre bens e serviços, em substituição ao ICMS, ao IPI,

ao ISS, à COFINS, ao PIS/PASEP, ao salário-educação, fazendo-se assim uma

grande justiça à cadeia produtiva e aos assalariados, em termos de tributação.

Fica clara a divergência doutrinária entre as propostas do Executivo e do

Legislativo. Ao negar-se a abdicar das MPs, dos impostos cumulativos e

regressivos e das anistias setoriais, o Governo revela nitidamente sua máscara

reformista e triunfalista, substancializada pelo ímpeto totalitário.

Não é segredo que a crescente arrecadação nestes últimos anos não foi

amparada nos princípios constitucionais da capacidade contributiva, tampouco

resultou do combate à sonegação. Sobrepõe-se pela voracidade das medidas

provisórias que elevaram em 90% a CPMF e em 50% a COFINS. Essa injustiça

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ainda é agravada pela redução drástica das dívidas tributárias, pela não-taxação

dos lucros e pelo alívio concedido às classes mais altas com a extinção da alíquota

de 35%, penalizando a faixa média com mais 10% ao congelar-se a tabela do

Imposto de Renda da Pessoa Física e tributarem-se as perdas inflacionárias.

Ainda não satisfeito com seu projeto reformista-liberal, o Governo acabou

contribuindo para a guerra fiscal internacional quando resolveu desonerar a

remessa de lucro das filiais de multinacionais.

Portanto, recolocar a reforma tributária como prioridade na agenda do

Parlamento é imprescindível para o ordenamento jurídico, social e ético das

instituições, e condição sine qua non de se alargar a base de contribuição,

eliminando-se assim, em definitivo, a maquiavélica lógica da espoliação tributária.

Causa-me profunda indignação saber que o dinheiro confiscado dos

trabalhadores e dos setores produtivos nacionais é transferido prioritariamente para

o pagamento da conta de juros do Governo e, na forma de lucro, para os

especuladores do sistema financeiro nacional e internacional.

A reforma tributária não pode ser realizada como o Governo quer, para o

pagamento de juros, tampouco para atender à política desnacionalizante do FMI e

do BID, que nos impõem sua meta de globalização à custa da dívida social e do

processo de empobrecimento da classe média, impedindo-nos de construir uma

democracia voltada para a cidadania e para a dignidade humana.

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O SR. SAULO PEDROSA (Bloco/PSDB-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez a atenção de todos os

segmentos sociais da população brasileira se volta para o Congresso Nacional,

para acompanhar as decisões com relação ao piso salarial regional e o

estabelecimento do salário mínimo. Temos de voltar à linha de equilíbrio político e

parlamentar, para decidir as questões com segurança e dentro das possibilidades

das finanças públicas atuais.

Todos conhecemos o histórico do salário mínimo nacional, e hoje, ao discutir

o valor de 151 reais ou 177 reais, estamos distantes do resgate de suas perdas

acumuladas em sucessivos Governos passados. O resgate dessas perdas elevaria

o seu valor para a faixa de 600 a 700 reais.

O debate sobre o valor do salário mínimo, em que seria natural a polarização

entre a Situação e a Oposição, toma outra dimensão quando segmentos das forças

aliadas divergem do Governo não por princípio, mas para chantagear na disputa

por espaço no poder estabelecido.

Assistimos às negociações, trocas de elogios e amabilidades entre as forças

da Esquerda e a e extrema Direita nas políticas nacionais. Há uma mistura de

adversários e inimigos políticos em que os ganhos, se houve, serão dos

oportunistas e dos espertos.

Governar exige responsabilidade e firmeza. Num país com uma carga de

desajustes sociais, desigualdades imensas e históricas, exige mais, exige coragem.

O Governo colocou para a Nação o que poderia ser concedido no momento

e o que este valor representa no contexto do Orçamento aprovado pelo Congresso

Nacional. Qualquer alteração implicará remanejamento das dotações

orçamentárias, já que não existe previsão de novas fontes de receitas.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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Cabe à base aliada de sustentação do Governo o encaminhamento do seu

voto favorável, assumindo o ônus e o bônus de ser Governo. Gostaríamos de

anunciar não 177 reais, mas 600 reais, o que representaria muito mais do que um

valor absoluto, representaria o coroamento resultante do esforço nacional em que

alcançaríamos o estágio de nação desenvolvida e justa, aspiração de todos nós.

Cabe uma cobrança ao Ministro Waldeck Ornélas, para que convença o seu

partido sobre o impacto do valor proposto por algumas de suas lideranças na sua

Pasta, fale com a mesma desenvoltura do início dos debates e se exponha, como

têm feito os Ministros e autoridades da área econômica.

Cabe lembrar aos pefelistas baianos que a União dos Prefeitos da Bahia —

UPB declarou que maioria das Prefeituras do nosso Estado, que seguem o Senador

ACM, não têm condições de pagar os 180 reais decretados pelo Governo do

Estado. Também devem lembrar o achatamento salarial que atormenta o

funcionalismo público baiano há mais de dez anos.

Lembro que quando entrei no serviço público da Bahia eu ganhava dez

salários mínimos. Aposentei-me com um salário mínimo e meio.

Lamentamos que o comando do Congresso Nacional não esteja sendo

conduzido com a dignidade que a função merece. O Sr. Presidente do Senado já

expôs à Nação o seu despreparo, mas está chegando às raias da intolerância. Em

episódio recente de triste memória, atinge todas as mulheres com ofensas

impublicáveis à Sra. Nicéa Camargo. Nas festividades do Descobrimento do Brasil

na paradisíaca Porto Seguro, o Senador ACM revela à imprensa nacional as suas

preferências pelo sexo masculino. Não sei se positiva, ou negativa. Com deboche,

em atitude de quem não tem mais nenhuma responsabilidade nem nada mais a

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perder, envolve a figura do Presidente da República em seus devaneios e

fantasias. É preciso usar o decoro parlamentar para livrar o Congresso Nacional do

achincalhe que este senhor vem promovendo.

Muito obrigado.

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O SR. DR. EVILÁSIO (Bloco/PSB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente Marçal Filho, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez o Sr. Presidente da

República se apequena e, com uma atitude dúbia e de insegurança, esconde-se

atrás do PLP nº 113, para disfarçar as atenções sobre os míseros 151 reais que ele

determina como salário mínimo nacional.

O PLP nº 113, de iniciativa do Executivo Federal, autoriza os Estados e o

Distrito Federal a instituir os seus próprios pisos salariais. Isso é uma afronta à

Constituição Federal.

Sr. Presidente, talvez o Sr. FHC não saiba, mas salário mínimo é diferente

de piso salarial. O salário mínimo, previsto no inciso IV do art. 7º da Constituição,

deve ser nacionalmente unificado e instituído por lei. O piso salarial, por sua vez,

refere-se a categorias profissionais. Cada categoria deve ter o seu. E mais, o inciso

V do art. 7º da Constituição determina que o piso deve ser proporcional à extensão

e complexidade do trabalho desenvolvido por cada categoria.

Além de uma afronta à Constituição, o Sr. Presidente da República delegou

aos Governos dos Estados e do Distrito Federal uma função que não é sua. As leis

estaduais que advierem com a possível aprovação do PLP nº 113 estarão sujeitas a

Ações Diretas de Inconstitucionalidade, contra as leis oriundas dos Governos

estaduais. Na realidade, o Presidente Fernando Henrique quer transferir o ônus da

decisão sobre o salário mínimo para os Governos dos Estados.

É importante que se diga o que poderá acontecer com valores diferenciados

para cada região. Trata-se de algo que interferirá no pacto federativo. Haverá, com

certeza, além da guerra fiscal entre Estados hoje existente, a guerra salarial. As

empresas poderão ser atraídas para aqueles Estados onde o nível salarial é mais

baixo, e isso poderá propiciar um movimento migratório dentro do território

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nacional, adensando cada vez mais os Estados mais ricos, que com certeza têm

mais condições de adotar um piso salarial mais elevado.

O mais grave de tudo isso está no fato de se desvincular o salário mínimo

dos vencimentos dos aposentados da Previdência Social. O Governo Federal quer

realmente aprofundar os aposentados ainda mais no gueto da miséria, no gueto do

mínimo irrisório, no momento em que se discute, em uma Comissão Especial do

Congresso Nacional, o combate à pobreza.

Combater pobreza, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é acima de tudo

pagar salários dignos aos trabalhadores e aos aposentados do Brasil.

Muito obrigado.

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O SR. IÉDIO ROSA (Bloco/PMDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, egresso de uma pequena cirurgia, somente

hoje tenho a possibilidade de comentar fatos que acompanhei de casa assistindo às

comemorações do quinto centenário do nosso Brasil.

Sr. Presidente, vários colegas já se manifestaram a esse respeito. De minha

parte, não formo ao lado daqueles que estimulam a violência para alcançar seus

objetivos, ainda que caracterizados de justos. Só os meios legais podem justificar

os fins pretendidos. Portanto, discordo da maneira como o Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra decidiu participar dos eventos comemorativos dos

500 anos do descobrimento do Brasil. Sua filosofia de ação, segundo a qual, se

direitos existem, esses direitos podem ser executados de qualquer forma, inclusive

com desrespeito à lei, não conta com o meu apoio, pois não é democrática.

O mutirão de protestos que se espalhou por treze Estados e motivou

invasões de terra, depredação e ocupação de prédios públicos, tomada de reféns e

destruição de viaturas e materiais de escritório, com enormes prejuízos aos cofres

estaduais, não pode merecer aplauso ou mesmo indiferença de nossa parte e da

parte de toda a população nacional, que, ordeira por natureza, repudia a forma

irresponsável e insana como os militantes do MST resolveram agir.

Como democratas, admitimos protestos e manifestações visando à obtenção

dessa ou daquela proposta por parte desse ou daquele grupo ou movimento, dessa

ou daquela instituição. Mas, sinceramente, repudiamos aquele que foi programado

para empanar ou para evitar a comemoração cívica dos nossos 500 anos de

existência. O Governo atuou no momento certo, mostrando sua força.

A população não deve desconhecer que o Governo tem olhado com

preocupação o problema de ocupação da terra e que o movimento já recebeu do

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programa de reforma agrária governamental 22 milhões de hectares, que foram

distribuídos a 618 mil famílias — uma área equivalente à soma de quatro países

europeus: Áustria, Bélgica, Holanda e Portugal.

Parece-nos que o objetivo do MST não é tão-somente obter a terra, mas

desafiar permanentemente o Governo, usando a bandeira retórica da reforma

agrária para, apoiando determinado partido político, obter o poder, até mesmo por

meio de golpe armado.

Por outro lado, no entanto, justa, no nosso entender, Sr. Presidente e

prezados colegas, era a reivindicação dos índios de poderem comemorar o

aniversário do País participando ativamente das solenidades. E era exatamente o

que eles pretendiam. Temos certeza de que o povo brasileiro apóia a pretensão

dos indígenas e que o Congresso, sensível às suas aspirações, aprovará

urgentemente o estatuto desses cidadãos, tornando-os pessoas juridicamente

capazes, a exemplo dos brancos, salvo algumas exceções. Estaremos votando

para que os nossos irmãos indígenas sejam reconhecidos e apoiados pelos

Governos, possibilitando-lhes atingirem o estágio que alcançamos e dotando-os de

meios para obter saúde, educação, cultura e apoio na agricultura.

No episódio do aniversário, entendemos que o MST foi o causador do

impasse que acabou proibindo a participação pacífica dos indígenas. E vamos

adiante: não só o MST, mas também alguns partidos políticos, que procuravam tirar

proveito daquela situação.

O País tem uma dívida que deve ser paga. É nossa obrigação manter a

unidade do que restou das tribos indígenas, demarcando suas reservas e

protegendo-as das ações deletérias do homem branco, que sempre se fizeram

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presentes nas disputas por espaço, principalmente quando o fator "riqueza da terra"

esteve envolvido.

Para confirmar o que acima expus, Sr. Presidente, nobres colegas, o MST

voltou ontem, terça-feira, a provocar novas invasões de prédios do Ministério da

Fazenda e do INCRA em onze Estados da Federação, em confrontos com as forças

policiais que resultaram — somente no Paraná — em uma vítima fatal e mais de

cem feridos. Um componente do MST, infelizmente, Sr. Presidente, foi alvejado e

morto, o que nos entristece grandemente. E mais: tomamos conhecimento de que

os fazendeiros se estão armando para se protegerem e para protegerem suas

propriedades.

A luta armada, Srs. Deputados, não interessa a nós democratas, mas

somente aos irresponsáveis. Lamentavelmente, não vejo distante a possibilidade de

o controle da situação ser perdido e mais uma vez termos que recorrer aos

recursos das Forças Armadas para pôr fim ao caos estabelecido por alguns

baderneiros do MST.

O contraditório nisso tudo é que, do ponto de vista social, são justas as

reivindicações do movimento. Quem pode ser contra a desapropriação de terras

improdutivas, o crédito agrícola vantajoso para os assentados, a assistência técnica

para os novos agricultores, os programas especiais que permitam boas estradas,

eletrificação rural, construção de açudes, barragens e poços artesianos para

garantir água e tudo mais que permita o progresso do assentado?

O que não é admissível, entretanto, é a forma arbitrária e violenta como o

MST deseja realizar o seu intento.

Vamos à mesa de negociação e, sem interferência partidária,

democraticamente resolvamos o grave problema da reforma agrária no País.

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Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

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O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, ocupo esta tribuna para tratar exatamente do assunto de

que tratava o Deputado Iédio Rosa há pouco.

Há uma situação social explosiva no País. Em face da omissão do Governo

Federal quanto à grande demanda do povo brasileiro por emprego e por políticas

públicas, o desespero do povo brasileiro não encontra nos agentes governamentais

solução de enfrentamento. Além disso, o Governo está preso à lógica do modelo

econômico-financeiro, à lógica da privatização e do ajuste perverso, e deixa parte

da sociedade virando-se como pode.

A nossa primeira constatação é a de que há uma situação de desespero

social no País. A segunda é exatamente a de que o Governo Federal não busca

pontes de negociação, de interlocução com os movimentos sociais. O Governo está

tratando a questão social, particularmente a do Movimento dos Sem-Terra, como se

fosse uma questão de segurança do Estado, como se fosse uma questão

policial/militar. Essa é uma questão política. A crise social exige da democracia

soluções, exige da democracia um tratamento de negociação, exige da democracia

o reconhecimento da legitimidade desses movimentos, exige da democracia

paciência e moderação.

Não interessa ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra quebrar

prédio público ou transformar pessoas em reféns. A manifestação é legítima. O

movimento está correto em fazê-la. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem

Terra tem como bandeira principal a reforma agrária. E essa, para se viabilizar,

necessita de amplo apoio da população.

É necessário que o Governo e o MST se sentem à mesa para discutir a

reforma agrária, o financiamento para os assentamentos e a dívida dos pequenos e

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miniprodutores. O desemprego, a violência social e a desesperança são questões

explosivas que têm de ser resolvidas o mais rapidamente possível.

Quando o censo do IBGE aponta que 1% da população, o contingente dos

mais ricos, ganha mais do que 50% dessa mesma população, o contingente dos

mais pobres, está retratando a má distribuição de renda e a perversidade social.

Este País é rico, mas injusto com o seu povo. Nossa elite não se dispõe a conceder

à população direitos básicos, não ouve os legítimos clamores dos movimentos

sociais, não dialoga com eles nem aceita suas reivindicações.

Estamos vivendo um momento grave. Neste instante temos de buscar

soluções por meio da luta e da negociação.

A solução do problema não se dará por intermédio do endurecimento, da

convocação do Exército para enfrentar os sem-terra. Não! O Governo não deve

apostar no conflito social. Se assim fizer estará fazendo repetir-se a história do

Brasil, a militarização — e todos sabem que esse não é e nunca foi o caminho mais

adequado para se chegar à solução.

Sem políticas de geração de emprego, sem financiamento para os médios,

pequenos e miniprodutores, nada conseguiremos. Contudo, até agora o Governo

não deu a resposta adequada para os pequenos e miniprodutores rurais.

Para retomar o crescimento econômico, o Brasil tem de pensar numa

economia para seu povo, e não apenas para os banqueiros. Milhões de brasileiros

querem ter seus direitos preservados e por eles estão lutando.

Sr. Presidente, não tem cabimento tomar medidas repressivas contra o povo.

O PT não concorda com a depredação de prédios públicos e por isso apela para o

movimento no sentido de que evite esse tipo de atitude. Afinal, o que a elite quer é

tirar-lhe a bandeira tão legítima da reforma agrária no País.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado Nelson Trad.

O SR. NELSON TRAD (Bloco/PTB-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ainda não se vê na minha cidade de

Aquidauana, Mato Grosso do Sul — e isso já passados 15 dias — um sinal, ainda

que fraco, que aponte o autor ou os autores do assassinato do companheiro do

PTB, Vereador Waldir Cathcart Ferreira.

Estou atento ao episódio, instado permanentemente pelos meus amigos da

Princesa do Sul — como é conhecida minha cidade — para que o cruel

acontecimento não fique no plano das cogitações, da dúvida e, principalmente,

como marca de crime perfeito.

Lucimara Arce Cathcart, esposa, e os dois filhos menores, Vítor e Marcelo,

um deles com os olhos infantis espectador da execução do pai no início da noite

outonal, querem saber quem e por que um homem respeitado, na aparência sem

inimigos, hábitos morigerados, digno e honesto, foi fulminado de forma tão covarde.

Também perplexo faço a pergunta, e ao fazê-la revejo Aquidauana, a cidade

de Waldir Cathcart, profundamente perturbada. Perdeu a cidade o seu mais

combativo Vereador. Aliás, todos os mandatos de Waldir tinham a marca da sua

cidade. Ele sempre falava por ela como se fosse uma espécie de dirimente ou de

justificativa dos seus atos, numa repetição chegada à obsessão. Preso a essas

nascentes, levou para a política municipal a mentalidade do seu bairro, a modesta

Vila Trindade, aguerrida e solidária. Foi autêntico nas virtudes e nos defeitos, mas,

claro, não foi por isso que tombou tão cedo.

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A perplexidade dos nossos irmãos e conterrâneos reside também no fato de

que o homicídio que imolou o Vereador foi o primeiro de que se tem notícia na

cidade, vitimando um político local com mandato eletivo.

Certa feita, o grande Djalma Marinho, relembrando o seu Rio Grande do

Norte, afirmava que os potiguares se assemelhavam aos florentinos, tinham os

seus guelfos e gibelinos. Imito a lembrança, Sr. Presidente, e por ora gravo as

minhas considerações de que em Aquidauana também existe a rivalidade política,

os guelfos e os gibelinos, mas diante da tragédia todos sentem a perda do

companheiro e os adversários deploraram sua morte.

Mato Grosso do Sul espera que o Governo acelere as investigações,

aplaque as nossas dúvidas e alivie as nossas angústias. Talvez por isso mesmo —

em que os sentimentos primários parecem governar agudamente os nossos

políticos — possamos ter, diante da morte de um militante, a humildade que a dor

origina para meditar sobre nosso futuro e a sorte de cada um dos que

partidariamente exercitam suas ações na sociedade.

Extraio do infortúnio que a morte de Waldir se reveste a lição para

prepararmos Mato Grosso do Sul para a paz e não transformá-lo, com os seus

Municípios ordeiros e pacíficos, num campo ávido à semeadura dos dentes do

dragão de uma política de segurança frouxa, inoperante e parcial, que vai à

exaustão às vezes para tentar elucidar crimes como o de Mundo Novo, deixando ao

sabor do acaso outros que envolvem pessoas sem laços partidários com os

dirigentes do Governo do Estado.

Senti, portanto, a necessidade de dizer estas palavras. E as digo por

fidelidade à personalidade pacífica do Vereador que hoje homenageio em nome do

PTB de Mato Grosso do Sul. Sua cidade, Aquidauana, enlutada, o pranteia.

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Obrigado.

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O SR. CARLOS SANTANA (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estou aqui, neste exato momento, para

repudiar as atitudes deste Governo com relação aos ferroviários, que têm

data-base em 1º de maio. A única coisa que a equipe econômica do Governo sabe

fazer é arrochar salário. Até hoje ainda não definiu o índice de reajuste para os

ferroviários em atividade e para os aposentados. Temos em torno de 120 mil

aposentados, pensionistas e ferroviários em todo o Brasil que têm direito a esse

reajuste na data-base, porque há uma legislação específica, e até hoje isso não foi

resolvido.

A área econômica do Governo não tem sensibilidade para com os

aposentados. Um país que não privilegia seus aposentados é um país que não

desenvolve políticas sociais. É por isso que estamos aqui pedindo à área

econômica que dê o reajuste aos aposentados ferroviários.

Ao mesmo tempo, Sr. Presidente, quero aproveitar para dizer que há um

requerimento a ser votado para a tramitação do projeto sobre a empregada

doméstica em regime de urgência. E aqui está o companheiro Paulo Paim, que

ajudou nesta caminhada, porque não dá mais para vermos as empregadas

domésticas na situação em que estão. É por isso que queremos aprovar esse

requerimento de urgência, que já recebeu a assinatura de todos os Líderes, com a

ajuda do companheiro Simão Sessim — que se encontra do meu lado e que

conseguiu a assinatura de um Deputado que estava meio resistente, mas, no final,

acabou assinando. Hoje temos unanimidade acerca desse projeto e precisamos

votá-lo nesta Casa.

Sr. Presidente, quero falar ainda de minha terra, o Rio de Janeiro. Não dá

para aceitarmos a situação dos pescadores. A PETROBRAS traiu todo o mundo.

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Fui a uma reunião de Comissão a que compareceu o Presidente dessa empresa.

Muitos ecologistas presentes ficaram com medo de criticar a PETROBRAS por ter

jogado produto químico na Baía da Guanabara. Mas o fato é que muita gente,

muitas crianças lá do Distrito de Mauá, do Município de Magé, estão apresentando

doenças por causa desse produto que foi jogado ao mar. Não houve evaporação de

óleo algum. Esse produto desceu para o fundo do mar e está matando tudo. Os

pescadores não conseguem sobreviver, e os ecologistas que foram àquela reunião

botaram a viola no saco, ficaram com medo de bater na PETROBRAS, e a situação

está do jeito que está. Nenhum pescador está recebendo. Os caranguejeiros estão

numa situação difícil.

Sr. Presidente, que não podemos aceitar essa situação. Hoje os pescadores

estão na mesma situação dos ferroviários, dos trabalhadores de tudo quanto é lado.

A única coisa que estamos vendo neste País é a violência contra os sem-terra. É

pancadaria em tudo que é lugar. Já não agüentamos mais essa situação.

Sr. Presidente, espero que esta Casa tenha a coragem de votar um salário

mínimo de pelo menos R$177,00, porque esse de R$151,00 não ajuda, não atende

a ninguém. Quero agradecer àqueles pares que votaram no sentido de fixarmos o

salário mínimo de R$177,00, porque isso é fundamental. Sabemos que muitos

Deputados da base governista estão votando conosco e esperamos que continuem,

porque sabem das dificuldades por que este povo está passando. (Palmas.)

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O SR. EXPEDITO JÚNIOR (PFL-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é assaz convidativa a denodada atitude do

ilustre Governador do Estado de Rondônia, Sr. José Bianco, ao apresentar em 13

do corrente à Assembléia Legislativa dois projetos aparentemente polêmicos — um

que trata de anistia fiscal como um todo, outro que institui incentivo tributário

visando à instalação de novas indústrias naquele nobre Estado.

A começar pela anistia fiscal, sabendo-se que, popularmente falando,

"anistia" significa perdão, note-se, porém, que nada vem mais de encontro a essa

proposta do que tal interpretação, porque a proposta não é tão-só e simplesmente

de pura remissão do débito tributário para com o Estado. Muito pelo contrário, Sr.

Presidente, consiste em inteligente invite, quase uma convocação à renegociação

de dívidas atrasadas com o Fisco. E dizemos "quase convocação" sem nenhum

exagero, tal o leque de alternativas que comparecem ao encontro com as decisões

do coletado devedor, todas elas propondo contrapartida do favor fiscal a ambos,

Estado e pagador, de tributos convenientes.

Eminentes Parlamentares, a proposta é tão simples quanto eficaz. Trata

tão-somente de arbitrar à consideração do contribuinte em débito para com o Erário

pagamento parcelado da dívida nos seguintes termos: se iniciado o pagamento em

30 dias a partir da publicação da lei, desconto de 100% da multa; se começado em

60 dias a partir daquela data, desconto de 80%, e assim sucessivamente,

subtraindo-se 20% a cada mês que passar. Esse convite aos bons pagadores,

quase totalidade do bom povo de Rondônia — que, se não paga, é mesmo tão-só

porque não pode fazê-lo —, bem demonstra a visão política do nosso abnegado

Governador, mesmo porque em política se exige sobremodo flexibilidade, o que

nunca lhe faltou, até porque, à evidência, sempre soube ser melhor receber, mesmo

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parceladamente, sem juros ou ao menos com juros de mora a menor, do que restar

com créditos duvidosos, senão rigorosamente impagáveis.

Mas é na segunda parte do projeto, eminentes Parlamentares, que se

elucida o cunho não só político, mas também marcadamente estadístico da têmpera

de José Bianco, enquanto se patenteiam suas inquietudes ecológicas, ao se virem

franquear suas preocupações desenvolvimentistas.

Assim, pelo projeto governamental, haverá isenção de até 95% do Imposto

sobre Mercadorias e Serviços por um prazo de até 15 anos para empresas que se

instalem em Rondônia, instituindo-se, para a determinação das percentagens do

crédito presumido do imposto, tabela gradativa de pontos percentuais em benefício

dos empreendimentos, com base em critérios preestabelecidos.

E é justamente aí, Sr. Presidente, nesses critérios, que se delata em cheio a

harmônica preocupação do Chefe do Executivo estadual ante o meio ambiente, de

um lado, e o adiantamento econômico, do outro, preocupação que vem alastrar-se

pelas condições constituintes do projeto, quase todas a merecerem maior comento,

todas vaticinando seu inevitável bom êxito. Vejamo-las, Sr. Presidente: grau de

utilização de insumos renováveis regionais e locais, o que elege tanto a

salvaguarda do hábitat da região quanto o consumo racional das matérias-primas

dos processos produtivos, assim como o espírito de cooperação com os outros

Estados da região, como valores a se cultivarem; adoção de medidas visando à

qualidade total da produção, o que indiscutivelmente insinua o prestígio do

eleitor-consumidor, perante o Executivo daquela Unidade Federativa; geração e

manutenção de empregos diretos, o que proclama, ao encontro da condição

anterior, o aforismo de que a renda disponível é pressuposto do consumo;

tecnologia aplicada à produção, o que instiga tecnologia de ponta, na expressão da

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chamada "nova economia", expressão maior do mundo transglobalizado; utilização

racional de energia, o que promulga o zelo pela constância dos empreendimentos,

a par de esforço em prol da poupança socioestatal; volume de investimentos fixos,

o que traz subentendida — nem por isso menos louvável — tenção de que os

projetos se enraízem e a riqueza à terra se prenda; por fim, localização dos

investimentos em Rondônia, o que, à evidência, inculca seu caráter pragmático,

assim como sua vertente cívico-territorial.

Ilustres pares, o insofismável elenco de propostas supra-relatado de per si

dá-nos a dimensão audaz do que o Governador pertinazmente tenta. E ante a

veemência inelutável desses fatos todos, cabe-nos de pronto nada menos que

congratular-nos com essa figura exemplar de homem público que é José Bianco, de

par com congraçar-nos com todo o povo rondoniense e rondoniano pelo feito.

Cabe-nos, ainda, ter especialmente muita fé em que a Assembléia Legislativa do

Estado de Rondônia saiba compreender a imperativa urgência da aprovação das

propostas em apreço — coisa que, temos certeza, acontecerá, mesmo pela sua

tradição de apoiar projetos como esse, que vem certamente ao encontro dos mais

lídimos anseios da população, ante os resultados que antecipa.

E toca-nos por fim, desta tribuna, vaticinarmos, ante essa decisão levada a

cabo por esse Governador de escol, venturos tempos de desenvolvimento

auto-sustentado para o Estado, de eliminação do desemprego para sua gente e de

aumento de renda per capita para sua população. Parabéns, Rondônia. Parabéns,

Governador José Bianco, por sua feliz, oportuna e sobretudo inteligente iniciativa.

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O SR. AVENZOAR ARRUDA (PT-PB. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez venho a esta tribuna para tecer

considerações sobre os serviços públicos no Brasil, um fator indispensável para a

boa qualidade de vida da população.

O Governo trata os serviços públicos como despesas a serem reduzidas, e

depois finge não compreender porque o Brasil está no 79º lugar no Índice de

Desenvolvimento Humano da ONU.

Ora, qualidade de vida está diretamente associada a saúde pública,

educação pública, segurança pública etc., e esses são serviços públicos em

extinção no Brasil. Não porque faltam recursos, mas porque as empresas privadas

encontraram aí uma fonte de lucro.

Os serviços públicos são os instrumentos mais adequados para a

distribuição de renda numa sociedade com grandes disparidades regionais como a

nossa. Acreditar que o mercado pode resolver problemas de interesse público é

vender uma ideologia fracassada que já demonstrou ser um dos componentes da

regressão social e até das guerras entre povos ou segmentos sociais. O mercado é

instrumento para concentração de riquezas, e até para o desenvolvimento de

tecnologias numa determinada época, mas nunca será um instrumento para a

distribuição de renda e de justiça social.

Mas não quero dizer que os serviços públicos não podem conviver com o

mercado ou vice-versa; quero apenas reafirmar que, se é possível imaginar o

mercado sendo transformado em um espaço público, não é possível imaginar os

serviços públicos sendo formados pelo mercado sem que isso signifique um

retrocesso sem precedentes na história da humanidade.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O atual Governo acha que as agências reguladoras poderão fazer com que

as empresas privadas cumpram as funções próprias dos serviços públicos, o que

demonstra incompetência ou má-fé.

É impressionante como o atual Governo coloca o País em marcha para um

abismo histórico em troca de resultados econômicos imediatos previamente

acertados com o FMI. É também revoltante ver o Governo trair abertamente seu

povo colocando-se a serviço de interesses do capital internacional, hoje sob o

comando do governo norte-americano. Por tudo isso, a resistência popular está

crescendo e as mobilizações das massas poderão mudar o curso da nossa história.

Talvez o povo brasileiro — quem sabe? —, percebendo que o atual Governo

está destruindo o futuro do País, possa assumir a condução do seu próprio destino,

especialmente reconstruindo o patrimônio público e remontando os serviços

públicos como instrumento de melhora da qualidade de vida e de democratização

das oportunidades para todos.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. SIMÃO SESSIM (PPB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há exatamente um ano estivemos aqui, nesta

mesma tribuna, para nos congratularmos com o Governo, que na ocasião

anunciava a criação do Programa de Arrendamento Residencial, também conhecido

como PAR. A idéia era integrar os esforços também dos Governos municipais e da

iniciativa privada, de forma a viabilizar um projeto habitacional prático, moderno,

mais barato e de fácil acesso às populações de baixa renda.

Na semana passada, para nossa satisfação pessoal e também de mais de

uma centena de milhões de brasileiros que continuam alimentando o sonho da casa

própria, a Caixa Econômica Federal deu o pontapé inicial ao projeto, entregando

em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense — onde se registra uma das maiores

carências habitacionais do Estado do Rio de Janeiro —, as primeiras 14

residências possibilitadas por essa brilhante iniciativa. São casas de dois quartos,

sala, cozinha e banheiro, que ocupam uma área mínima de 37 metros quadrados,

com infra-estrutura urbana, dispondo de saneamento básico e pavimentação, além

de água encanada, energia elétrica e transporte coletivo na porta.

Esses imóveis, Sr. Presidente e Srs. Deputados, não custam mais do que R$

19.500, graças à implantação de uma nova tecnologia de ponta, que possibilitou a

execução do sistema construtivo em abóbodas de tijolo, elaborado para substituir

lajes, ferros e coberturas tradicionais com garantia de segurança e conforto

ambiental.

Louve-se, aí, a participação decisiva da Consultoria Alternativa de Projetos,

a CAP, instalada na incubadora de empresas da COPPE, da Universidade Federal

do Rio de Janeiro, e apoiada pela engenharia da Caixa Econômica Federal.

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Com todas essas inovações já citadas e aprovadas na inauguração, na

semana passada, em Nova Iguaçu, do condomínio Residencial Terraville, no bairro

Ipiranga, a Caixa Econômica Federal introduz no Brasil um projeto piloto de

habitação popular para quem ganha até seis salários mínimos, com uma nova

tecnologia de construção. Isso permite ao Governo colocar no mercado um

empreendimento que passa a funcionar com uma espécie de leasing , o que

significa dizer que o mutuário paga uma prestação inicial, como se fosse um

aluguel, de R$ 136,00, e só passa a ser proprietário de direito após os 15 anos do

financiamento.

Como podemos observar, Sr. Presidente e Srs. Deputados, tudo neste

mundo depende mesmo de decisão política. Quando o Estado se propõe a fazer o

seu papel, tudo fica mais fácil e melhor para todo o mundo. Por isso mesmo, em

todo o País já são 12 milhões e 252 unidades em construção, que devem estar

concluídas até o fim do ano. Mas existem ainda mais 21 mil unidades em fase final

de análise. Os recursos disponíveis só para essas duas etapas devem ficar em

torno de R$ 635 milhões.

Outro motivo de orgulho, principalmente para nós Deputados da bancada

fluminense, é o fato de o Rio de Janeiro já estar figurando como o primeiro Estado

no ranking de contratações, em números absolutos, com três mil unidades em

construção e outras seis mil em fim de análise. São ao todo dezoito novos

empreendimentos no nosso Estado, que já estão consumindo cerca de R$ 49

milhões e gerando 4.700 novos empregos.

Só nos resta, portanto, felicitar o Governo e a Caixa Econômica Federal, Por

intermédio de seu Superintendente de Negócios, Sr. Marcus Gaze, e de seu diretor

de Desenvolvimento Urbano, Aser Cortines, pelo sucesso do magnífico

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empreendimento, fazendo votos de que essa nova empreitada social seja apenas o

começo de um projeto gigantesco, capaz de resgatar essa dívida habitacional que o

Estado tem para com a população brasileira.

Parabéns a todos, e muito obrigado.

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O SR. JOÃO COSER (PT-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tivemos duas comemorações importantes: os

500 anos do Descobrimento do Brasil e o Dia Internacional do Trabalho, no dia 1º

de maio. Na primeira, certamente o brilho da festa foi ofuscado pelo Governo, que

mobilizou forças armadas para impedir a participação do povo nos festejos. Resta

que as comemorações dos 500 anos perderam o sentido principal, o de ser um ato

comemorativo da auto-afirmação de um povo.

Sr. Presidente, é justamente este espírito de auto-afirmação, de

autodeterminação, de nobreza do povo brasileiro que não poderia ter faltado a esse

evento. Afinal, graças ao labor desse povo é que se ergueu um País que hoje

constitui uma das dez maiores economias do mundo.

Nosso ideário sempre teve a marca da esperança de um futuro melhor,

porque foi o sonho de uma nova terra, de um futuro promissor que trouxe os

milhares que aqui aportaram, vindos de todos os cantos do mundo. Como

descendente de imigrantes italianos, sou parte e testemunha dessa história.

Se tantos vieram imbuídos de esperança, não se pode olvidar os milhares

que aqui chegaram sob o jugo da escravidão, trazidos a ferros, para produzir o

enriquecimento de alguns poucos senhores de engenho. Na luta pela liberdade nos

ensinaram lição memorável e nos legaram o verdadeiro sentido da palavra

resistência.

Aos que marcharam, lembrando as etnias que aqui já viviam há mais de 40

mil anos, lembrando os 5 milhões de índios, os cerca de 970 diferentes povos, hoje

reduzidos a apenas 330 mil em 215 povos, devemos um ato formal e público de

reconhecimento dos seus direitos.

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Nobres colegas, as conquistas que realizamos nesses 500 anos, nenhum

outro povo conseguiu realizar em tão pouco tempo.

Se nos livros oficiais poucos são os que recebem a devida consideração,

recordamos da luta dos quilombos, da cabanagem, da Guerra dos Farrapos, da

balaiada, da luta do Contestado, de Canudos, e a Inconfidência Mineira, primeiro

grito de liberdade contra a exploração colonialista, entre tantas outras lutas,

símbolos da resistência e da coragem deste nosso povo.

Não poderíamos esquecer todos quantos, nos duros anos das ditaduras,

ousaram resistir e deram a vida para que pudéssemos hoje exercitar a democracia.

Digo exercitar, nobres colegas, porque nesses pouco mais de cem anos de

República, durante mais de cinqüenta anos vivemos sob ditaduras. Foram períodos

em que se sufocaram com a força das armas as vozes que ousaram discordar.

Merecem nossa reverência todos quantos lutaram pela democracia, o que nos

impõe, como herdeiros da tradição desses lutadores, heróis e anônimos, a

responsabilidade de lutar contra todas as formas de ditadura e realizar o sonho de

ver o povo decidindo a sua própria vida, de acreditar que poderemos construir

neste País uma democracia popular, que ultrapasse a formalidade do voto

periódico. Aliás, experiência que já exercitamos em muitos lugares deste País.

Sr. Presidente, ao lembrarmos a altivez de tantos quantos nos precederam,

que com sua luta construíram as condições históricas para que pudéssemos chegar

a este momento, temos como responsabilidade compreender o presente e projetar

o futuro. É inegável que este País e este povo têm potencialidades, mas existem

limites que precisamos superar. Para tanto, é necessário que façamos uma leitura

crítica de nossa realidade.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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Não podemos fazer vistas grossas ao fato de que ainda vivemos sob o signo

da dependência. Do simples saque ao neocolonialismo disfarçado de

neoliberalismo, continuamos transferindo riquezas para sustentar o

desenvolvimento dos centros capitalistas hegemônicos. Passamos de um domínio a

outro e, agora, sob a condução deste Governo, reparte-se o País entre os grandes

capitais transnacionais.

A esse respeito, nobres colegas, evoluiu o sistema, modificaram-se e

modernizaram-se os mecanismos da subordinação. Se nos primórdios tivemos a

exploração direta, o saque puro e simples, por sermos apenas uma mera extensão

territorial da Coroa portuguesa, o mecanismo moderno chama-se dívida pública.

Bastaria, para nosso intento, lembrar sua recente evolução. Sob a responsabilidade

deste Governo aumentou mais de 300%, de R$105 bilhões, em 1995, para R$327,

em 1999. Somente de juros pagaremos mais de R$78 bilhões este ano, ou seja,

56% a mais do que gastou em 1999. Enquanto isso, os investimentos em

infra-estrutura e áreas sociais somam apenas R$11,6 bilhões, ou seja, o total dos

juros é seis, sete vezes maior do que todos os investimentos. Esta bagatela de

R$78 bilhões daria, por exemplo para, alternativamente: construir 15.600.000 casas

populares; atender a 97 milhões de crianças e adolescentes; criar 62 milhões de

novas vagas em escolas de ensino fundamental; beneficiar 130 milhões de famílias

com saneamento básico.

Quanto ao processo de privatização muito já temos dito. Já demonstramos

em outras oportunidades como esta desnacionalização ocorre sob a manta do

financiamento público, como uma simples transferência do patrimônio nacional para

o domínio do capital internacional, numa conta representativa de R$87, 6 bilhões.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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Mas a cada dia uma nova surpresa. Quem não se lembra da euforia do

Governo na realização dos ágios na venda, por exemplo, do setor de

telecomunicações. Surpresa: o Governo vai devolver tudo, na forma de incentivo

fiscal, permitindo que as empresas contabilizem essas diferenças como prejuízo,

dedutíveis no Imposto de Renda. A conta preliminar é de R$7,5 bilhões, em cinco

anos. Esse benefício fiscal representa 44% de todos os benefícios fiscais a serem

concedidos este ano. A discrepância é ainda maior quando, por exemplo,

comparamos com os benefícios concedidos às micro e pequenas empresas,

previstos em R$1, 2 bilhão, ou seja, o benefício concedido ao capital multinacional.

É o equivalente a seis anos de benefícios às micro e pequenas empresas. Segundo

os últimos dados do BNDES, dos R$20 bilhões investidos por esse banco em 1999,

apenas R$2,7 bilhões foram destinados para as médias e pequenas empresas,

representando 54 mil operações. Enquanto isso, 6.200 operações de crédito para

grandes empresas movimentaram R$15,3 bilhões. Ainda, o subsídio fiscal para as

empresas privatizadas seria suficiente para manter os atuais benefícios fiscais

concedidos aos trabalhadores durante um período de 28 anos.

Isso nos conduz à segunda grande comemoração, que deveria ser uma festa

lembrando o valor do trabalho, o quanto um deveria valorizar o trabalho de seu

povo. Certamente, o centro dessa festa deveria ser o valor social do trabalho, como

inscrito no inciso IV do art. 1º da Constituição e, ademais, a tradução desse

princípio na sua expressão monetária, na forma do salário mínimo. No entanto,

prevalecendo a lógica econômica deste Governo, mais uma vez, o dia do

trabalhador foi cunhado por um sentimento de frustração e de protesto.

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Sr. Presidente, demonstra-se que as afirmações do Ministro da Fazenda de

que não existem recursos para concessão de um aumento do salário mínimo

superior a R$151,00 não encontra qualquer sustentação. E aqui peço licença ao

Deputado Paulo Paim para utilizar-me de alguns de seus tirocínios. Se temos R$7,5

bilhões para devolver aos novos donos das empresas privatizadas, não assiste

razão afirmar que o Tesouro Nacional não poderia suportar um aumento de R$5

bilhões nas contas da Previdência. Para este Governo é mais importante beneficiar

meia dúzia de empresas do que 30 milhões de trabalhadores que recebem até um

salário mínimo. Muitas são as contas que poderíamos realizar. Quero apenas

registrar mais uma: a própria confissão do Ministro da Previdência de que os

subsídios fiscais em sua Pasta somam nada mais nada menos do que R$7 bilhões

por ano, o que soa como uma zombaria para com os milhões de trabalhadores que

dependem da Previdência Social.

Se não foi o aumento do salário mínimo o que comemoraremos neste 1º de

maio, também não foi o crescimento do emprego e a distribuição da renda. Apesar

do otimismo com os últimos números da produção, não existem ainda dados

concretos de que tal crescimento signifique retomada do nível de emprego. Em

1999, o desemprego aberto alcançava a taxa recorde de 20% da população

economicamente ativa em diversas regiões metropolitanas.

Seria imperdoável afirmar taxativamente que este Governo não realiza

nenhum esforço de ajuste. Afinal, para este ano, o superávit primário, obedecendo

piamente às regras do Fundo Monetário Internacional, será da ordem de 2,6% do

PIB, ou de R$29 bilhões. Para o Governo isso é mais importante do que o reajuste

do salário mínimo, ou seja, a prioridade é garantir o pagamento dos juros aos

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banqueiros. Os investimentos na saúde, na educação, na assistência social, na

reforma agrária, enfim, nos programas sociais, segundo este Governo, podem

esperar.

Sr. Presidente, nobres colegas, se podemos nos orgulhar de nosso passado,

se podemos reconhecer conquistas importantes, também é patente que existem

contradições e desafios que precisam ser superados, de modo que o futuro que

almejamos seja marcado pela prosperidade de todo o povo.

De todos os desafios, considero que o maior consiste em construir um

projeto de desenvolvimento com crescimento econômico e distribuição de renda.

Somente assim o fato de sermos uma das principais economias do mundo ganhará

a significação plena, porque deixaríamos de ostentar níveis de pobreza que nos

colocam no final da fila do desenvolvimento social.

Se o porvir é sempre marcado pela incerteza, é preciso que o sistema de

seguridade social, em especial o sistema público de previdência, ofereça a

tranqüilidade necessária aos trabalhadores. Não é possível esperar paz social

quando, a despeito de se encontrar um modelo perfeito de contas atuariais, se

reduzam direitos e transforme o futuro em algo incerto e sem perspectivas, senão o

de trabalhar até morrer.

Reconhecemos que ao longo das últimas décadas o sistema educacional

brasileiro foi aperfeiçoado. No entanto, ainda estamos diante de desafios como o de

acabar com o analfabetismo. Nesse sentido, é incompreensível, por exemplo, que

não haja recursos para manter o programa de alfabetização nas áreas de

assentamento. E em um mundo em que as mudanças, o conhecimento se

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processam numa velocidade cada vez maior, os investimentos na educação

deveriam ser uma prioridade permanente de qualquer governo.

Temos um desafio histórico, o de romper com cinco séculos de latifúndio

improdutivo. A realização da reforma agrária não é somente mais um programa

social, mas um passo importante, isto sim, de inserção do Brasil na modernidade.

Não menos importante, a saúde e a assistência social, quando a exclusão

social condena milhões de crianças e adolescentes a trabalharem ao invés de

estarem na escola, ou quando assistimos ao retorno de doenças endêmicas pela

falta de investimentos em sistemas de saneamento e de saúde preventiva.

Ainda, faço registro da preocupação da sociedade com a questão da

segurança pública, em face do crescimento constante da violência. Nesse sentido,

o Fórum Permanente contra a Violência e a Impunidade no Estado do Espírito

Santo encaminhou-nos manifestação contra a quebra da estabilidade das carreiras

específicas de Estado, em especial a dos policiais federais. É de se concordar

quando asseveram que a possibilidade de quebra de estabilidade de funções

exclusivas de Estado pode representar o fim da independência e colocar o

exercício do poder de polícia do Estado à mercê dos desmandos de eventuais

administradores. Essa é apenas uma das pontas de um outro desafio, o de reformar

o Estado, não no sentido de sua privatização, mas de sua moralização e

democratização, tarefa que, acredito, somente forças políticas que tenham como

princípio da democracia e a independência poderão um dia realizar.

Enfim, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sem romper com esses

limites, sem romper com muro da exclusão social, do empobrecimento da

população, sem diminuir as distâncias sociais, não poderemos falar em

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modernidade e estaremos condenando as próximas gerações a não terem uma vida

digna.

Por fim, acredito na capacidade do nosso povo trabalhador, acredito que é

possível um dia podermos comemorar e lembrar de tudo que aqui elencamos como

uma lição de passado, com a dignidade de quem lutou para modificar o presente e

construir um futuro melhor. Nesse sentido, reproduzo a lição do filósofo argentino:

A visão dos vencidos é da mais alta significação

simbólica. Virá a construir a compreensão histórica, primeiro

dos índios oprimidos, depois dos mestiços, empobrecidos e

migrantes, camponeses e operários, povo latino-americano,

por fim.

Muito obrigado.

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O SR. PAULO PAIM (PT-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaríamos de registrar da tribuna, no dia de

hoje, artigo do companheiro Antonio Augusto de Queiroz, assessor do

Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar — DIAP. A posição do autor

do artigo é também a nossa, Sr. Presidente. Eis o artigo:

Regionalização do mínimo é parte do ajuste.

Parece contraditório que o presidente Fernando

Henrique Cardoso, que prometeu acabar com a Era Vargas,

esteja ressuscitando uma proposta que foi instituída em 1940

pelo então presidente: o salário mínimo regional. Parece

contraditório, mas não é. Faz parte de uma estratégia

maquiavélica. Poucas pessoas se deram conta, mas a

proposta de regionalização ou estadualização do piso salarial

atende a dois objetivos básicos do governo federal. O primeiro,

de natureza política, é liberar o governo federal da obrigação

de definir uma política permanente de recuperação do salário

nacionalmente unificado. O segundo, diretamente vinculado ao

ajuste fiscal, é desvincular o eventual aumento do piso a ser

pago nos Estados — tanto aos servidores públicos quantos

aos trabalhadores do setor privado — dos benefícios da

Previdência Social.

Com o primeiro objetivo, o Governo Federal transfere

para os Estados uma obrigação que eles não terão como

cumprir, além de se livrar da pressão e dos constrangimentos

por aumento reais que sempre sofre quando da atualização do

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salário mínimo nacionalmente unificado. Segundo a

Constituição, o salário mínimo deverá ser capaz de atender às

necessidades básicas do trabalhador e sua família com

moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,

higiene, transporte e previdência social.

O PFL, que diz ser a regionalização a cara do partido,

estimulou alguns governadores, especialmente os do

Maranhão e da Bahia, a saírem na frente fixando um piso para

os funcionários do Estado em valor superior ao definido pelo

presidente da República para o salário mínimo nacionalmente

unificado, o que deve ser elogiado. Entretanto, a definição de

piso dos funcionários estaduais nada tem a ver com a

regionalização ou estadualização proposta pelo Governo

Federal. Enquanto a menor remuneração ou piso dos

funcionários do Governo estadual independe do Governo

Federal e poderá ser aumentada pelo governador sempre que

considerar oportuno e dispuser de recursos, os pisos regionais

serão fixados para todos os trabalhadores do Estado e não

apenas para os servidores públicos.

Aí, veremos se o PFL realmente terá coragem de

estimular seus governadores a definirem um piso maior do que

o fixado pelo governo federal. Esse piso, é bom frisar, vale

para todos os servidores públicos municipais e estaduais da

unidade da federação que o adotar, bem como para todos os

trabalhadores do setor privado, incluindo os domésticos.

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A experiência já demonstrou que a regionalização do

mínimo não funcionou. Desde 1940, quando foi instituído

regionalmente, o salário mínimo sempre provocou a migração

dos trabalhadores de regiões pobres para regiões ricas,

iludidos com a possibilidade de ganhar um salário maior. O

resultado disso, além da frustração, foi a favelização das

capitais e dos grandes centros, com aumento da violência.

Agora, com a guerra fiscal entre os Estados para instalar

empresas, a situação será ainda pior. Haverá migração do

trabalhador para os Estados que pagam o maior piso e a

migração das empresas para os Estados que, além de não

fixarem um mínimo maior que o definido Fernando Henrique,

ofereçam outras vantagens. Será o pior dos mundos.

Assim, que governador irá fixar um piso estadual maior

que o mínimo nacional para comprar briga com os prefeitos e o

setor privado, além de correr o risco de afugentar empresas e

inchar o Estado com milhões de trabalhadores atraídos por um

salário maior que o pago em seu Estado?

O segundo objetivo do Governo Federal é colocar em

prática uma fórmula capaz de desvincular os pisos salariais

pagos nos Estados dos benefícios do INSS, criando

artificialmente dois salários mínimos: um, de menor valor,

fixado pela União e válido para o pagamento de benefícios

previdenciários, e outro, de maior valor, fixado pelo Governo

Estadual, a ser pago aos trabalhadores do setor privado e aos

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servidores públicos estaduais e municipais. Foi um artifício

semelhante ao engendrado para o Fator Previdenciário,

também destinado a fazer economia às custas dos

aposentados e dos pensionistas, dentro da lógica fiscal de

redução dos gastos na área social.

É claro que essa lei está fadada ao fracasso, mas ela

dará ao governo federal o álibi de que precisa para fugir da

obrigação de definir uma política permanente de recuperação

do salário mínimo nacional, além de expor os governadores às

pressões e constrangimentos a que sempre o Governo ficou

sujeito por ocasião da definição do mínimo.

A lei que regionaliza o mínimo, para cuja aprovação o

Palácio do Planalto tem pressa, servirá também para atrair o

apoio dos governadores para duas outras propostas do

governo central. A que desvincula, em nível constitucional, o

salário mínimo nacional dos benefícios previdenciários,

mediante modificação no parágrafo 5º do art. 201 da

Constituição, segundo o qual "nenhum benefício que substitua

o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do

segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo". E a que

pretende flexibilizar o art. 7º da Constituição, permitindo a

redução, desde que por meio de negociação coletiva, dos

direitos sociais dos trabalhadores, entre os quais se incluem

tanto o mínimo nacionalmente unificado quanto os pisos que

serão fixados pelos governos estaduais, além de férias, 13º

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salário, repouso semanal remunerado, seguro-desemprego,

FGTS, salário-família, licença-maternidade, aviso prévio,

jornada de 44 horas, horas extras etc.

Diga-se tudo desse governo, menos que não é astucioso

e bom de marketing . Ele consegue enganar até o PFL, um

partido que é PhD em manobras políticas. Essa de transferir

para os governos estaduais a responsabilidade de fixar pisos

salariais, desvincular esses pisos e posteriormente desvincular

o próprio salário mínimo dos benefícios previdenciários,

medidas absolutamente impopulares, serão debitadas na

conta dos liberais, seja pelas declarações de suas lideranças

de que "o piso é a cara do partido", seja pelo fato de ACM e o

ministro da Previdência, ambos pefelistas, defenderem a

desvinculação que prejudica os 12 milhões de aposentados e

pensionistas, exatamente os que recebem o menor benefício

da Previdência Social.

Era o que tínhamos a registrar.

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O SR. DR. HELENO (Bloco/PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) -Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há duas semanas, o Sr. Presidente da

República, Fernando Henrique Cardoso, falando a uma platéia de 55

oficiais-generais recém-promovidos, disse que o Estado brasileiro é imune à

corrupção e parabenizou as Forças Armadas por não se deixarem corroer, numa

referência indireta às denúncias contra a banda podre das polícias estaduais.

A fala do Presidente foi muito inflamada, oportuna e mostrou toda uma

revolta contra o que está ocorrendo em vários Estados da Federação.

No momento em que o próprio Presidente Fernando Henrique se rebela

contra essa situação, é necessário que os homens de bem, a força viva deste País,

fiquem solidários e insistam, através de suas associações, partidos, grupos

religiosos e outros tipos de agrupamento social, na afirmação de que não é isso

que a democracia espera.

A virtude do nosso regime está na liberdade de expressão e pensamento. No

entanto, não pode, para o fortalecimento do regime, acontecer essa imensa

quantidade de denúncias que deixa a população perplexa diante do que se

descobre. É preciso que os Governos escolham melhor seus auxiliares. É

importante que a missão de administrar seja respaldada com a responsabilidade e

seriedade que o cargo exige.

Em outra parte do seu discurso, o Sr. Presidente Fernando Henrique

Cardoso conclama esta Casa a aprovar a nova lei instituindo o financiamento

público das campanhas eleitorais e dos partidos políticos e novas mudanças na

reforma do Judiciário como meio de combate à corrupção e à impunidade.

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Acrescenta, ainda, o Presidente: “O problema não é saber quantos

desembargadores serão promovidos e quais serão os privilégios deste ou daquele.

As questões estruturais precisam ser enfrentadas, e não apenas as processuais”.

Quando o Presidente Fernando Henrique refere-se ao financiamento público

para as campanhas, quer deixar claro, entre outros fatores, sua repugnância ao que

acontece por parte das eleições de certos candidatos a cargos executivos.

Empresas construtoras financiam campanhas para depois de eleito o candidato

acontecer as cobranças e muitas vezes com valores de obras superfaturadas, onde

a corrupção está presente com seu peso negativo diante das instituições sérias do

País.

No seu pronunciamento o Presidente fez também enfática defesa do regime

democrático e da descentralização do poder. Disse o Presidente: “Não estamos

acusando A, B, ou C, mas devemos olhar para os mecanismos de valorização da

democracia e da representação para que amanhã ninguém imagine que haja outros

mecanismos capazes de coibir abusos contra a democracia”.

O que ocorre com muitas organizações das Polícias Militares é a sua

convivência diária com certos tipos de indivíduos e situações que levam ao triste

fim da corrupção. Corrupção esta em que o corrupto e o corruptor se igualam na

mesma mazela sem o mínimo respeito à lei vigente. O policial que representa a lei

abandona essa representatividade para ficar de conluio com a parte que corrompe

e, numa escala crescente, outros setores são também contaminados. Não sabem

que suas atividades além de manchar as instituições que representam também

abalam a estrutura democrática.

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O exemplo citado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso faz referência

aos militares que conseguiram ficar imunes às tentações. É um fato revelador em

que nós, civis, temos que nos espelhar para continuarmos batalhando por este País

que tem tudo para dar certo.

Precisamos continuar no combate severo a esse câncer maldito que corrói

setores da vida pública, a corrupção.

A banda sadia dos homens que permanecem fora dessa enfermidade é a

nossa grande esperança para o futuro de nossa Nação.

Só peço a Deus uma coisa: que o Brasil tenha paz e que não haja terrorismo.

Quero que eu, meus filhos e toda a população brasileira possamos viver num País

de que tenhamos de fato orgulho.

Era o que eu tinha a dizer.

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O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PSDB-ES. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo hoje a tribuna desta

Casa movido pela visão de um futuro promissor para o Estado do Espírito Santo e

para o nosso País. Informações da Agência Nacional de Petróleo — ANP dão conta

de que o Espírito Santo é uma grande promessa neste início de século, em função

da descoberta de novas reservas de petróleo em águas profundas na costa de

nosso Estado, cujo potencial é de produção de até 1,2 milhão de barris/dia.

A reserva capixaba é uma extensão da Bacia de Campos e possui também

cerca de 8% do considerado megacampo Rocador, que se localiza mais ao sul do

litoral fluminense, já situado na Bacia de Santos.

Por enquanto, na reserva descoberta no Espírito Santo, estão sendo

extraídos, de navio, perto de 28 mil barris, em razão de uma infra-estrutura ainda

precária. Entretanto, a plataforma continental a ser instalada na área já está a

caminho e deverá estar em operação no máximo em dois anos.

As oportunidades de novos empreendimentos no Estado, a partir da

descoberta do "ouro negro" no mar da Capital, são muitas. Hoje, somente para a

Capital capixaba, o petróleo rende R$ 225 mil por mês, em royalties , e R$ 2,3

milhões para o Estado. Com o início da exploração em larga escala, esse valor será

multiplicado em muito, revertendo em benefícios para a população, proporcionando

uma melhor qualidade de vida para todos.

A sociedade capixaba não pode perder esta oportunidade que se abre neste

momento. O volume de empregos e demandas de produtos e serviços gerado com

essa nova fronteira econômica é entusiasmante. A demanda de centenas de

empresas que serão criadas ou atraídas para o Estado é imensa. Os trabalhadores

lotados nas plataformas no mar demandam água, comida, roupas limpas, transporte

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para os funcionários, até em razão do revezamento dos turnos de trabalho, entre

outros produtos e serviços.

As empresas necessitam de fornecimento de peças de reposição, de tubos,

de brocas, de combustível, e também de muita água, um produto que envolve cerca

de 60% da movimentação das empresas de suprimento marítimo. Como a

exploração e a futura extração se dão no mar, são necessários serviços de

helicóptero e transporte em navios, o que cria campo para dinamizar ainda mais os

negócios nesses dois segmentos.

Em um mundo globalizado como este em que vivemos hoje, a atividade

petrolífera produz um vai-e-vem de empresários e técnicos de várias

nacionalidades entre o pólo produtor e as matrizes das companhias espalhadas

pelo mundo. Esse processo leva a uma maior demanda de infra-estrutura da

Capital, como ampliação do aeroporto, hotelaria, bancos, comércio em geral, e até

mesmo escolas bilíngües. A partir da descoberta dessa megajazida no mar de

Vitória, por ser a cidade mais próxima do eixo de exploração, a economia local será

desenvolvida de forma sustentada e prolongada, gerando cada vez mais empregos

e renda.

Dados da Secretaria de Planejamento estadual apontam que o Produto

Interno Bruto (PIB) capixaba poderá crescer a uma taxa recorde de 6% ao ano,

igualando-se ao desempenho da época de ouro vivida pela economia local quando

da implantação de grandes projetos industriais, como Aracruz Celulose, Vale do Rio

Doce, Companhia Siderúrgica de Tubarão e Samarco.

Esse índice de crescimento para o Espírito Santo, a partir do petróleo, leva

em consideração a base econômica atual e as projeções de crescimento de 4%

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para a economia brasileira. O povo capixaba terá um surto de desenvolvimento que

há muito não se via neste País, ficando acima da média nacional.

A previsão é de que a expansão do PIB regional ocorrerá em breve, entre

2005 e 2010, quando se acredita que deverão ser intensificados os investimentos

na produção petrolífera, que deverão girar em torno de US$ 1,4 bilhão por ano. Por

enquanto, os investimentos serão mais tímidos, por se concentrarem na procura

dessas megajazidas. Mesmo assim, até agosto de 2001, somente a PETROBRAS

vai perfurar 26 poços, garantindo um investimento total de US$ 330 milhões, a um

custo unitário de US$ 12 milhões.

O Brasil tem muito a ganhar com essa nova fronteira no Estado do Espírito

Santo. Segundo estimativas da PETROBRAS, nos próximos cinco anos, apenas no

litoral do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e de Santos deverão ser extraídos cerca

de 1,4 milhão de barris/dia, e em dez anos 5 milhões de barris diários. Levando-se

em consideração que o campo de Marlim, na Bacia de Campos, dobrou sua

produção em um ano para 400 mil barris por dia, ou seja, 150 milhões de

barris/ano, vindo a se concretizarem as previsões da estatal brasileira, as novas

reservas estarão produzindo em pouco tempo 504 milhões de barris/ano.

São números expressivos, se lavarmos em conta o preço atual do barril de

petróleo no mercado internacional, que deverá ficar, na média, em US$ 25, depois

da decisão da Organização dos Países Produtores de Petróleo — OPEP, tomada

no mês de março, de elevar a produção diária em 1,7 milhão de barris. Diante

disso, o Campo de Marlim já está faturando, por ano, US$ 4,5 bilhões. Estendendo

os cálculos para os estimados 504 milhões de barris/ano, o faturamento anual

subiria para US$ 12,6 bilhões. Trata-se de quantia correspondente a 25% do total

de juros da dívida externa que o País deverá pagar este ano aos banqueiros, isto é,

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US$ 50 bilhões, conforme o Banco Central. Como os campos de petróleo das

bacias, apenas nesses três Estados, poderão ser explorados, ininterruptamente,

por quase 20 anos, o faturamento deverá alcançar o montante de US$ 250 bilhões,

o que possibilitaria a liquidação de nossa dívida, se fosse amortizada apenas com o

faturamento anual das vendas do petróleo extraído das três bacias.

Nesse contexto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é fundamental que

as lideranças empreendedoras e institucionais capixabas apostem nisso e

assumam o risco de se prepararem e se capacitarem no presente para o futuro

esperado. Não podemos falar do sonho sem contribuir para realizá-lo. Ou vamos

ficar no ver para crer, para só depois agir?

É preciso elaborar o planejamento integrado das regiões de petróleo e gás

natural no litoral do Espírito Santo e, ao mesmo tempo, tratar das diferentes

iniciativas de curto prazo para e das articulações que envolvem essas regiões. Isso

também passa pela preservação do ambiente e da pesca.

Muitas vezes identificamos ameaças externas, mas não nos preparamos

para agir a tempo, de forma coordenada e planejada. Passados quase 500 anos da

história do Espírito Santo, sua segunda colonização deverá ser no fundo do mar.

Nossa presença em terra precisa transformá-la em desenvolvimento sustentável do

Espírito Santo.

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O SR. RUBENS BUENO (PPS-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, em anos relativamente poucos temos participado — e em alguns casos

comemorado — de eventos de significação intensa e extensa para toda a

humanidade. Podemos dar início a essa seqüência de fatos históricos com a queda

do Muro de Berlim, que gerou a necessidade de reformulação da utopia socialista,

depois o fenômeno da globalização, aguaceiro que caiu sobre o mundo e não se

sabe quando vai estiar, a virada do milênio, marcando os 2 mil anos de cristianismo

em nosso planeta.

O Brasil se alinha com esse rol de comemorações ao festejar os 500 anos de

seu descobrimento, oficializado com a chegada da frota de Cabral nas praias de

Porto Seguro.

Mas por mais significativa que seja a data, quando nada por sua significação

temporal — cinco séculos são um período histórico considerável! —, a nós nos

parece que ela melhor se presta não apenas para as comemorações, de si

justificáveis, mas para que se possa fazer uma reflexão mais aprofundada sobre

esta que foi uma das mais estranhas e exitosas experiências civilizatórias da Idade

Moderna.

Assim, seria bizantino agora reerguer o debate sobre as vantagens que

teríamos se colonizados por holandeses ou franceses. Perguntaríamos, para

esvaziar, de pronto, tal debate: e por que não árabes, mongóis, vikings? Afinal, se

examinarmos os processos civilizatórios levados a cabo por esses povos, vamos

encontrar as maravilhas da China, dos países escandinavos, o mundo islâmico na

virada do primeiro milênio.

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Esse, no entanto, não é o cerne da questão, até porque, no final das contas,

estaríamos reproduzindo não as idéias dos colonizadores, mas, sim, de colonizados

como que em busca de um bom patronato.

Somos uma nação de origem lusitana. Isso não significa uma lusofilia

absoluta, isso significa um somatório de culturas que vá da ibérica à árabe, da

indígena à africana. E já podemos concluir, com determinado orgulho, que

nenhuma das nações aí envolvidas podem, hoje, quinhentos anos decorridos, exibir

uma economia assim pujante em suas potencialidades e em suas realizações.

Onde estaria a raiz disso tudo, pode-se perguntar. Cremos que no processo

de formação de uma unidade nacional, absolutamente desconhecida do mundo, à

época do descobrimento, e totalmente incomum nos dias de hoje.

Nos primeiros anos do século XVI esvaindo-se o feudalismo, começavam a

tomar vulto e forças os Estados nacionais, valendo observar que Portugal, já nos

albores do século XIV, era uma nação, a primeira na Europa, aliás. A coroa era o

poder estatal, tudo lhe pertencia. Assim que — decidindo-se por ocupar e explorar

as terras então anunciadas como suas e enfrentando as dificuldades decorrentes

de uma população pouca, bastante apenas para cuidar das terras portuguesas —

se deu início ao processo colonizador com um retorno clássico ao feudalismo, as

capitanias hereditárias, em que os capitães eram donos das terras demarcadas,

mas pagavam vassalagem ao rei de Portugal. Logo depois, com a descoberta das

culturas maia, inca e asteca e com elas os metais preciosos, ouro e prata, se

aguçou a cupidez lusa e se planejaram as primeiras entradas num território que já

se prenunciava imenso. As entradas decorreram de planejamento oficial ou, para

usarmos a linguagem de hoje, estatal. Mas no século XVII e essencialmente no

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século seguinte, bandoleiros e aventureiros começaram, por conta própria, a buscar

ouro e pedras preciosas, índios a escravizar e terras a acrescentar a seus

domínios, esticando para bem mais longe o meridiano de Tordesilhas. Não é mais

um processo estatal, mas, digamos assim, nacional.

Está claro que o fenômeno das bandeiras, por seus propósitos, esgotou-se.

E esgotou-se mais ainda por sua contradição básica: foram erguendo centros

civilizatórios por todo o sertão, de Cuiabá a Vila Rica, a Oeiras, a Goiás e por aí

afora. O nomadismo bandeirante foi substituído pelo estabelecimento desses

centros difusores de civilização e até mesmo de progresso. A aventura, pois,

termina aí.

Mas a idéia bandeirante prosseguiu pelos tempos afora. Se quisermos dar

um salto vamos ver que a Amazônia foi colonizada pelos nordestinos, quando, ao

final do século XIX e na primeira década do século XX, a borracha explodiu para o

mundo. A crise do minifúndio no Rio Grande do Sul expulsou milhares e milhares

de família que foram criar seu gado e plantar sua lavoura em Mato Grosso, Goiás,

Rondônia, onde as terras ainda eram fartas e disponíveis. Não por acaso as

churrascarias e os centros de tradição gaúcha cobrem praticamente todo o País.

Vamos adiante. Getúlio Vargas, em seu primeiro governo, sentiu a

necessidade de ocupar aquelas largas fronteiras agrícolas no Centro-Oeste. Criou,

para isso, uma política a que denominou, sugestivamente, de Marcha para o Oeste,

plantando colônias agrícolas pelo sertão bravo. Uma delas, por coincidência, é hoje

a cidade de Ceres, em Goiás, e não muito distante de Brasília. Dessa época, ainda

é a epopéia de Rondon. E último, mas não menos importante, a virada da primeira

metade do século XX nos encontra construindo Brasília, montando um centro

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civilizatório já ocupado por mais de 2 milhões de pessoas, numa área, antes,

inteiramente despovoada.

Completou-se a ocupação de nosso vasto território. Mas é preciso ter

orgulho de dizer: completamos essa ocupação. E dizer tanto com orgulho como

com veracidade, porque, afinal, a formatação do Brasil foi feita pelos próprios

brasileiros.

Vamos dar uma olhadela a nosso redor: a América hispânica, colonizada,

também como nós, por apenas uma nação, está dividida em nove dos estados

nacionais somente na América do Sul, a eles se somando aquela miríade de países

na América Central, no Caribe e mais o México.

Temos, ainda, o que exibir: a amálgama étnica é uma verdade incontestável,

as recidivas do preconceito racial sendo esparsas e espúrias, condenadas de

pronto por toda a sociedade. Não enfrentamos cisões religiosas definitivas e

sangrentas, como as que dilaceram, para citar um exemplo, a Irlanda. O sincretismo

religioso tem, nessa área, o mesmo significado que a amálgama étnica. E essa

convivência de etnias e religiões é ao mesmo tempo, resultado e garantia dessa

sólida unidade nacional, mais destacável ainda quando se dá num país de

dimensões quase continentais.

Essa visão dos 500 anos, Sr. Presidente, não é, assim, a visão do

colonizado, mas do realizador ou, melhor dizendo, do conquistador de seu próprio

país. Isso apenas já nos permite afirmar que a experiência colonialista européia e,

mais particular e essencialmente, lusitana deu certo: somos um país livre, nossa

cidadania vai-se consolidando, a democracia institucionaliza-se e começamos a

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enfrentar os desafios da globalização, procurando impedir que essa soberania se

desfaça dentro da alucinação especulativa dos mercados financeiros.

Estamos comemorando um passado? De alguma forma, sim. Mas nós o

fazemos tendo em mente a lição de Alceu Amoroso Lima, para quem "o passado

não é o que passou, mas o que ficou do que passou". E o que ficou foi esta Nação

pujante, este povo recalcitrantemente livre, mas consciente de suas deficiências e

carências, que procura ir enfrentando e, em alguns casos, vencendo.

O que ficou do passado é a certeza de que somos um país fiável, uma Nação

soberana. Daí que é preciso pensar, daqui para frente, não apenas delineando um

futuro, mas, sim, conquistando-o em nosso dia a dia.

Muito obrigado pela atenção.

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O SR. PAULO FEIJÓ (Bloco/PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna desta insigne Casa de Leis

para expor meu apoiamento ao Governo Federal, no sentido de que se tomem as

medidas cabíveis para restabelecer a ordem democrática no País e coíbam-se,

veementemente, manifestações como as promovidas pelo MST (Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra), com ocupações violentas de prédios federais,

manutenção de reféns e depredação de imóveis públicos.

São dignas do repúdio popular as mobilizações de cunho explicitamente

político traçadas pela organização nacional do MST, que consistem na invasão de

sedes do INCRA e de prédios ligados ao Ministério da Fazenda, com detenção de

pessoas, de servidores, em 18 Estados brasileiros, e ocupação irregular de imóveis

públicos federais em 11 Capitais. Trata-se de pressões inaceitáveis no processo de

convivência civilizada e das próprias regras da democracia.

Está mais do que claro para a sociedade brasileira quais são as reais

intenções do MST: a promoção não do diálogo, como cinicamente alegam, mas da

desestabilização política do Presidente Fernando Henrique Cardoso. É uma

concepção que fere os princípios democráticos, que aterroriza pessoas inocentes,

envolvendo-as em uma teia de interesses escusos que não trazem benefícios à

sociedade como um todo.

Como Parlamentar eleito pelo norte, pelo noroeste e pelo centro-norte do

Estado do Rio de Janeiro, regiões de perfil eminentemente rural, tenho

acompanhado, ao longo dos últimos anos, o processo de reforma agrária

implementado pelo Governo Federal. Considero que vários têm sido os acertos por

parte do Ministério da Reforma Agrária e Colonização, mas penso que o Governo

Federal não pode prescindir de sua autoridade e deve buscar o diálogo com o MST,

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mas sem ceder às coações desse movimento. É de se perguntar a quem está

atendendo essa escalada da violência nos atos do MST.

Em que pese às dificuldades enfrentadas pelo Governo Federal, o

Presidente Fernando Henrique Cardoso tem promovido volume de assentamentos

infinitamente superior ao registrado em gestões anteriores. Essa política exitosa

conta com a participação de seus colaboradores diretos, como o Ministro da

Reforma Agrária, Raul Jungmann, que impõe agilidade no processo, com seriedade

e bom-senso, sem ceder aos momentos de intensa pressão por parte dos

envolvidos com a matéria.

Quero aproveitar esta oportunidade para observar que o programa de

reforma agrária do Governo Federal tem sido bem executado em diferentes pontos

do País, mas há ajustes necessários a serem feitos no norte fluminense, região por

mim representada neste nobre Parlamento.

Creio que há a necessidade de se corrigirem verdadeiros absurdos,

decorrentes, talvez, de alguns critérios adotados para a desapropriação de terras,

como também da total ausência de um esquema de auxílio aos assentados. Esses

últimos são abandonados à própria sorte, sem ajuda do Estado, da Prefeitura ou

mesmo do Governo Federal para o plantio e a subsistência.

É certo que há um conjunto de integrantes do MST imbuídos da vontade de

anarquizar a reforma agrária no Brasil, transformando-a em um cenário de

badernas e de violação de direitos civis básicos. Contudo, há segmentos coerentes

que, tomados pelo senso coletivo, pela racionalidade, apontam para alguns

equívocos do processo em Campos e região, como a falta de ajuda para os

assentados, por exemplo, da desativada usina sucroalcooleira São João.

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No acampamento dos assentados do Núcleo I-Zumbi dos Palmares, não

existe a mínima condição de permanência produtiva no local, por falhas de

organismos governamentais, sejam eles da esfera federal, sejam da estadual,

sejam da municipal. Dezenas de famílias ocupam as terras, em busca da

regularização de seus lotes, sem o menor aceno de apoiamento, por força de

concessão de crédito, para plantio da lavoura, cessão de suplementos e

equipamentos.

Outro erro que gostaria de apontar envolve critérios adotados pelo INCRA

com a decretação, para fins de desapropriação, de terras que são produtivas no

norte fluminense, como ocorreu em Carapebus, Município da região. Em

Carapebus, o INCRA promoveu a desapropriação de terras da usina de açúcar do

Município, com lavoura de cana plantada para o processo industrial. Um ato

equivocado que não encontra correspondência no histórico de acertos do Ministério

da Reforma Agrária, no esforço desencadeado pelo Governo Federal, em todo o

País, para levar justiça social ao campo, ao trabalhador e ao produtor rural.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

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O SR. JOÃO MENDES (Bloco/PMDB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o avanço tecnológico permite que

facilidades sejam agregadas à vida do homem, fazendo com que seu cotidiano seja

preenchido com mais e mais atividades. O dia parece, assim, ter mais de 24 horas.

A invenção e a disseminação do uso do telefone celular é uma dessas

facilidades. O homem não precisa mais ficar postado ao lado de um telefone para

fazer contatos, fechar negócios, localizar pessoas, pois a telefonia móvel celular

abre-lhe a possibilidade de, ao tempo em que se desincumbe de outras tarefas, ser

contactado onde quer que esteja.

No entanto, como tudo nessa existência tem seus prós e contras, o uso do

telefone celular tem sido apontado como grande risco para a saúde das pessoas,

devido à radiação emitida pelos aparelhos.

Várias pesquisas têm sido efetuadas sobre o tema e, registre-se, até o

presente momento não há conclusões que fechem a questão. Se, de um lado,

suspeita-se de que os prováveis malefícios das emissões radioativas podem afetar

o cérebro ou provocar alterações genéticas, de outro, não se provou nada de

maneira concreta.

Ante essa controvérsia, houve quem resolvesse trilhar por um caminho

alternativo. Eclodiu, então, o uso de acessórios como o fone de ouvido e o

microfone para atenuar os eventuais riscos de contaminação.

Todavia, Srs. Deputados, a divulgação de recente pesquisa realizada por

laboratório independente, a pedido da Associação dos Consumidores da Inglaterra,

concluiu que o uso de acessórios hands free em nada diminui o risco à saúde dos

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usuários. Na verdade, as conclusões da pesquisa inglesa afirmam que o perigo é

triplicado, pois a carga radioativa estaria sendo potencializada.

O fio que liga o telefone celular ao fone de ouvido funciona como uma

antena, levando, assim, a radiação até o ouvido de quem utiliza o aparelho. De

acordo com Robson Spinille, físico que estuda os efeitos nocivos dos celulares no

Brasil, concorda-se que a antena é o principal ponto de emissão de radiação. Para

ele, é recomendável que o usuário mantenha a antena, ou outro acessório que a

substitua, distante dois centímetros do crânio.

O Governo britânico apressou-se em desmentir as conclusões da pesquisa,

afirmando nada haver de prejudicial no uso do telefone celular. Por seu turno, a

Associação dos Consumidores insiste nos resultados apontados.

Os testes foram efetuados com acessórios de duas marcas famosas, mas os

técnicos estão francamente convencidos de que os resultados serão os mesmos se

testadas as demais marcas existentes.

Srs. Deputados, atualmente estão em uso no mundo cerca de 400 milhões

de aparelhos celulares, dos quais 12 milhões encontram-se no Brasil. O gigantismo

desse filão obriga a indústria fabricante à pronta contestação da veracidade das

pesquisas, sob o argumento de que o trabalho dos laboratórios nunca foi

conclusivo.

A gravidade das suspeitas, a nosso ver, constitui razão mais do que

necessária para uma acurada investigação. Cabe aos institutos de pesquisa

desvendar esse mistério, pondo a população a salvo de quaisquer riscos que

possam estar sendo mascarados pela inescrupulosa avidez por lucros financeiros.

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Sr. Presidente, peço a V.Exa. que dê divulgação do pronunciamento que faço

nos meios de comunicação da Casa.

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O SR. JUQUINHA (Bloco/PSDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estudo divulgado pela Pastoral da Criança,

organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), revela uma

redução de 21% das taxas de mortalidade infantil no País durante o ano passado.

O estudo, realizado em mais de 3.200 Municípios brasileiros, envolvendo cerca de

1,5 milhão de crianças de até seis anos de idade, mostrou um avanço significativo

no esforço pela melhora das condições de vida das famílias carentes, entre as

quais ocorre o maior número de óbitos.

Ao acompanhar a situação de 250 mil crianças na faixa etária de até um ano,

a Pastoral registrou apenas 12 óbitos para cada grupo de 1.000, e 18 mortes para

cada grupo de 1.000 nascidas vivas. No ano anterior, essas taxas ficaram em 15

por mil e 23 por mil.

Os próprios números revelam a importância do acompanhamento das

famílias carentes por organizações sociais como a Pastoral da Criança, apontando

um menor número de óbitos em relação aos grupos familiares que não contam com

essa ajuda. Pena que as crianças assistidas pelos voluntários da Pastoral só

representem 8,3% dos brasileiros menores de seis anos, o que significa que esse

número de colaboradores deve aumentar cada vez mais.

Outro aspecto positivo desse estudo é que o Centro-Oeste foi a região que

apresentou maior avanço na luta contra a mortalidade infantil, com um índice de

apenas 5,8 mortes por grupo de 1.000 crianças acompanhadas pelos voluntários da

CNBB. Apesar desse avanço, dados do Ministério da Saúde e do Fundo das

Nações Unidas para a Infância (UNICEF) ainda apontam uma taxa média de

mortalidade infantil de 36 para cada grupo de 1.000 crianças nascidas vivas no

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País. São números bastantes elevados, que podem ser reduzidos com a ampliação

de programas voltados para a melhora das condições de vida dessas famílias.

O próprio estudo da CNBB comprova que um dos principais aliados na luta

contra a mortalidade infantil é o Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos,

que fechou o ano passado com mais de 32 mil alunos. Pesquisas revelaram que

quanto maior é o grau de alfabetização das mães maior é o controle sobre a saúde

do bebê e menor a possibilidade de morte por doenças neonatais.

Mas esses problemas não se limitam às gestantes. Estão diretamente

relacionados às precárias condições de saneamento básico do País. Consciente

disso, o Presidente Fernando Henrique colocou entre as prioridades de seu

Governo a criação de uma política de saneamento mais abrangente, envolvendo

Estados e Municípios, visando elevar para 100% o número de famílias beneficiadas

com abastecimento de água e ampliar significativamente o número de residências

servidas por redes de esgoto.

Mesmo investindo apenas R$ 385 milhões por ano na área de saneamento

básico, o Governo conseguiu reduzir a mortalidade infantil no País e a incidência

de diversas outras doenças parasitárias. Isso foi possível graças à elevação em

mais de 450% dos recursos destinados ao setor, já que, no início do atual Governo,

em 1995, o País investia apenas R$ 75 milhões por ano. Mesmo assim, o

Presidente espera ampliar ainda mais esses recursos nos próximos anos, para

atender prioritariamente às regiões menos desenvolvidas. Aumentando os

investimentos nesse setor, o Governo espera melhorar a infra-estrutura urbana das

comunidades, particularmente daquelas com maior potencial turístico, e combater

as doenças parasitárias, que influem diretamente nos índices de mortalidade infantil

e acabam ampliando os gastos com saúde pública.

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Dados do próprio Governo mostram que de 1995 a 1999 foram registradas

mais de 2 milhões de internações hospitalares causadas por doenças relacionadas

com a falta de saneamento básico. Apenas no ano passado foram registrados 43

mil óbitos de crianças em decorrência de doenças causadas pela falta de

saneamento, o que é inaceitável, se levarmos em conta o potencial de riqueza que

o País produz.

Quero rapidamente comentar outro assunto.

Recebi ofício do Sr. Prefeito de Valparaíso de Goiás, José Valdécio Pessoa,

que contesta a inclusão do nome da cidade na relação dos Municípios

supostamente envolvidos em irregularidades na aplicação dos recursos do Fundo

de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do

Magistério (FUNDEF), implementado pelo Ministério da Educação.

No documento o Prefeito atribui a denúncia a politiqueiros locais, questiona

um colega desta Casa, que teria sido o autor da denúncia do jornal O Popular , de

Goiânia, edição de 21 de janeiro último, e solicita do Parlamentar a comprovação

das denúncias de desvios de recursos do FUNDEF pela Prefeitura.

Diante da falta de resposta do Deputado, José Valdécio disse ter solicitado

ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) que realizasse, em caráter de

urgência, uma auditoria nas prestações de contas do FUNDEF junto à Prefeitura

Municipal. Paralelamente, o Prefeito enviou correspondência ao Ministério da

Educação solicitando informações sobre a real situação do Município junto ao

FUNDEF, inclusive sobre a eventual inclusão de Valparaíso de Goiás na relação de

Municípios que estariam sendo investigados pelo Ministério Público por desvios de

verbas do fundo.

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Na resposta enviada ao Prefeito em 21 de março último, o Diretor do

FUNDEF, Ulysses Cidade Semeghini, nega que Valparaíso ou qualquer cidade

goiana estejam na lista dos 37 Municípios cujas Prefeituras estão sob investigação

do Ministério Público, acusadas de desvio de verbas do FUNDEF.

Com isso, o Sr. José Valdécio tenta mostrar a seriedade com que vem

conduzindo a administração municipal e a prioridade que seu Governo vem

dispensando à educação. Ao assumir o mandato em 1997, a partir da emancipação

político-administrativa da cidade, o Prefeito recebeu uma rede pública com de

ensino cerca de 6,3 mil alunos. Hoje a rede pública já conta com 14 mil alunos, que

vão da pré-escola até a 8ª série do ensino fundamental, incluindo o ensino especial

para alunos excepcionais.

Para atender a toda essa demanda foram construídas nesse período 70

novas salas de aulas, além de duas novas escolas que estão em fase de conclusão

e que receberão cerca de mil alunos. Ao longo destes anos, o Prefeito garante ter

dispensado especial atenção aos profissionais de ensino, aumentando sua base

salarial e pagando todas as vantagens previstas na legislação que criou o

FUNDEF.

Para dar maior transparência à aplicação dos recursos públicos, Valdécio

reconhece que todas as medidas por ele adotadas foram fiscalizadas pelo

Conselho de Acompanhamento Social do FUNDEF, instituído pela Lei Municipal nº

136/97, cujos integrantes foram nomeados por meio do Decreto Municipal nº 19/98.

E todos os atos foram apreciados pelo referido Conselho, que os aprovou sem

quaisquer ressalvas quanto à legitimidade e à legalidade da aplicação dos

recursos.

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A mesma avaliação fez o Tribunal de Contas dos Municípios, cujos

Conselheiros também aprovaram a prestação de contas do FUNDEF sem quaisquer

ressalvas, o que revela o elevado espírito público e o compromisso do Sr. Valdécio

com a transparência e a seriedade na condução do Município.

Diante do exposto, aproveito a oportunidade para enaltecer o trabalho sério

e competente que vem sendo realizado por Valdécio, e solidarizo-me com ele e

com o povo de Valparaíso, colocando-me mais uma vez à disposição da

administração municipal nesta Casa para prosseguir na luta pela melhora das

condições de vida daquela comunidade.

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O SR. EDISON ANDRINO (Bloco/PMDB - SC. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a recusa em cumprir seu dever

de atualizar os valores da tabela de cálculo do Imposto de Renda é mais um

exemplo do desrespeito com que esse Governo costuma tratar a Constituição do

País. Violam-se, com tal omissão, vários de seus princípios basilares, entre os

quais o da legalidade e o da moralidade.

Desde o final do século passado, com efeito, o conceito de moralidade dos

atos da administração vem se desenvolvendo: primeiro na França, para depois se

divulgar em todo o mundo civilizado. O tema já está hoje assentado na doutrina e

na jurisprudência de todas as nações em que se instaurou o que se convencionou

chamar Estado de Direito. A moralidade administrativa foi, entre nós, inserida no

próprio texto da Constituição, como forma de garantir-lhe status de Direito positivo.

Firma-se com isso o entendimento de que a prática de atos que se desviem

da finalidade de alcançar o bem comum constitui motivo suficiente até mesmo para

afastar a incidência do dogma da "separação e independência" entre os Poderes,

sujeitando as decisões do Executivo à revisão do Judiciário.

Ora, senhores, entre as práticas contrárias à moralidade administrativa figura

em destaque a de omitir-se no cumprimento de deveres públicos, ainda mais

quando se pretende com a inércia distorcer a ordem jurídica, prejudicar direitos dos

cidadãos e com isso auferir vantagens indevidas.

É o que acontece, por exemplo, quando se empregam subterfúgios para

aumentar impostos, sem o indispensável crivo do Congresso Nacional, crivo esse

que opera mediante a aprovação de lei específica, em respeito a outro princípio

constitucional: o da legalidade.

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Desde dezembro de 1995, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o

Governo recusa-se a corrigir os valores da tabela de cálculo do Imposto de Renda.

Isso provoca aumento real no valor do imposto devido pelos contribuintes. O

Estado, nessa ordem de idéias, vem-se locupletando com a inflação, obtendo

vantagem com o descontrole das contas públicas, beneficiando-se de um estado de

coisas que ele mesmo provocou e cuja solução deveria estar entre suas

prioridades.

Se é certo que o País alcançou relativa estabilidade monetária,

principalmente quando se compara o presente ao descalabro de até há bem poucos

anos, não se pode ignorar, de boa-fé, que ainda existe alguma inflação. Inflação

controlada em níveis civilizados não deixa de ser inflação.

Desde a última correção da tabela do Imposto de Renda, com efeito, a

desvalorização de nossa moeda, segundo, por exemplo, o INPC do IBGE — que é

um dos índices de preços mais conservadores, mais favoráveis ao Governo —, já

ultrapassa os 36%. Isso significa que houve um aumento das alíquotas do IR em

pelo menos 36% nesses últimos quatro anos: um aumento praticado ao arrepio da

ordem jurídica, desrespeitando a Constituição, violando os direitos da cidadania.

Deve-se ressaltar, ainda, que a ausência de correção monetária tem efeitos

não apenas sobre o contribuinte pessoa física, mas também sobre as empresas. A

proibição de corrigir os balanços, por exemplo, assim como de atualizar os valores

dos bens constantes da declaração patrimonial, configura um artifício para cobrar

imposto sobre a inflação, para transformar "correção de valor" em "ganho

patrimonial", este último tributável.

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Ainda mais condenável se revela essa postura, senhores, quando se

considera que esse mesmo Governo proíbe a correção monetária para os

contribuintes, mas se mostra extremamente zeloso quando se trata de corrigir os

seus créditos fiscais — e o faz com base na taxa SELIC. É este, também, o mesmo

Governo que jamais deixou de atualizar o valor da sua Unidade Fiscal de

Referência — UFIR.

É difícil encontrar explicação aceitável para uma discriminação tão

flagrantemente injusta.

Foi para coibir tais comportamentos que se construiu o conceito de

moralidade administrativa, foi para evitar que governos pouco compromissados com

os direitos dos cidadãos, como o que hoje ocupa o Planalto, fizessem uso do poder

do Estado para desvirtuar o direito e violar a Constituição.

Eis por que afirmo que a falta de correção dos valores da tabela do Imposto

de Renda é imoral, senhores: é uma forma covarde de aumentar impostos,

sub-repticiamente, fugindo ao ônus político da iniciativa, evitando a crítica do

Congresso Nacional — que é, na verdade, o julgamento do povo.

Estou apresentando, por esse motivo, requerimento de informações ao

Ministério da Fazenda. Trata-se de uma oportunidade para que ele procure

justificar, perante esta Casa, as razões dessa omissão.

Creio, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, que essa é hoje a única forma

de o Parlamento verdadeiramente cumprir com o seu dever de zelar pelos

interesses dos cidadãos e de fiscalizar os atos do Executivo.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. AIRTON DIPP (PDT-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de trazer ao conhecimento desta Casa

a situação de extrema preocupação por que têm passado milhares de famílias de

universitários que esperavam poder contar com o Fundo de Financiamento do

Ensino Superior — FIES para financiar o estudo de seus dependentes, mas

acabaram frustrados, porque em grande número as universidades não se

cadastraram novamente junto ao Ministério da Educação, impedindo assim que

seus alunos possam candidatar-se ao financiamento do ensino superior.

Informações obtidas junto à Associação Brasileira das Universidades

Comunitárias — ABRUC apontam que o Governo Federal, ao substituir o Programa

de Crédito Educativo, regulamentado pela Lei nº 8.436, de 1992, pelo Fundo de

Financiamento do Ensino Superior — FIES, criado pela Medida Provisória nº 1.972,

atualmente na sua 12ª edição, criou uma forma de repasse dos recursos públicos

para as universidades que se tem mostrado muito boa para o Governo, mas

impediu as instituições de se cadastrarem junto ao MEC e abrirem novas inscrições

para o Fundo, o que com certeza afastará muitos jovens dos bancos escolares por

não possuírem recursos próprios para concluir o curso superior.

O Governo estabeleceu, na Medida Provisória nº 1.972, que o Tesouro

Nacional emitirá Títulos da Dívida Pública a serem utilizados exclusivamente para o

pagamento de obrigações previdenciárias junto ao Instituto Nacional do Seguro

Social. É necessário destacarmos, porém, que as universidades têm uma

capacidade limitada para receber esses Títulos da Dívida Pública e compensá-los

como obrigações devidas.

No caso das universidades vinculadas à ABRUC, elas já se comprometeram

a receber Títulos da Dívida Pública em monta superior às suas necessidades de

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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pagamento de contribuições previdenciárias. Dessa forma, essas instituições de

ensino superior, que já são oneradas com altas taxas de inadimplência, esperam

que o Governo use de bom senso e modifique a Medida Provisória nº 1.972,

possibilitando a essas entidades utilizarem os Títulos da Dívida Pública para

compensação de tributos federais de qualquer natureza, bem como alienarem

esses títulos a terceiros, permitindo dessa forma que as universidades se

cadastrem novamente junto ao MEC e seus alunos possam acessar o Fundo de

Financiamento do Ensino Superior, deixando de sacrificar as suas famílias.

Sr. Presidente, quero ainda falar sobre o jornal Zero Hora . Esse jornal, um

dos maiores do País, com circulação mais direcionada ao Rio Grande do Sul, mas

com atuação reconhecidamente nacional, completará amanhã 36 anos de

existência.

Fundado em 4 de maio de 1964, portanto, num ano difícil para o País,

quando um golpe de estado aniquilou a democracia e implantou no Brasil um

regime ditatorial e autoritário, o jornal Zero Hora conseguiu, apesar das

dificuldades impostas pelo novo regime governamental, manter-se firme e cumprir

sua missão de informar e levar notícias ao povo gaúcho.

Amanhã esta Casa realizará uma sessão solene em homenagem ao jornal

gaúcho, uma iniciativa indicada pelo Deputado Caio Riela, que faz jus à importância

do Zero Hora no contexto informativo, social, político e econômico do Rio Grande

do Sul e da Região Sul do País.

Em função de minha condição de Presidente do Diretório Regional do PDT

gaúcho, terei, amanhã, compromissos partidários a desenvolver em Porto Alegre,

no horário em que aqui neste plenário será homenageado o jornal Zero Hora ; por

isso, antecipo-me e registro hoje os meus cumprimentos ao jornal,

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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congratulando-me com o Presidente do Conselho Administrativo, Jayme Sirotsky, o

Diretor-Presidente do Comitê Executivo, Nelson Pacheco Sirotsky, e os demais

dirigentes da empresa, funcionários, jornalistas e colaboradores.

Cumpre lembrar que o registro de hoje coincide com outra data fundamental

para o exercício das liberdades públicas, que é o Dia Mundial da Liberdade

Imprensa – comemorado neste 3 de maio.

Não é por acaso que, um dia após a data que marca mundialmente a

liberdade de imprensa, o jornal Zero Hora comemore seu aniversário. O Zero Hora

é um veículo de comunicação fundamental, essencial na luta da humanidade em

defesa da permanência da liberdade de imprensa.

O Zero Hora tem cumprido o seu papel como veículo de comunicação

preocupado com a defesa da liberdade de expressão e com a missão de levar a

boa informação e a verdade jornalística aos seus eleitores.

Como Parlamentar, representante do PDT no Congresso Nacional e

Deputado do Rio Grande do Sul, coloco-me como parceiro do jornal Zero Hora

nesta caminhada pela manutenção da democracia e em defesa de um País mais

justo, democrático e promotor da justiça social plena.

Meus parabéns ao jornal Zero Hora .

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. MARÇAL FILHO (Bloco/PMDB-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesta tarde de 3 de maio, Dia Mundial da

Imprensa Livre e Dia do Parlamento, é com alegria que ocupo esta tribuna para

registrar e comemorar a liberação, pelo Ministério da Saúde, de R$ 1.062.000,00

para conclusão e equipamento da Santa Casa de minha querida Dourados, no Mato

Grosso do Sul.

O valor, Sr. Presidente, é a primeira parcela do montante total de R$

5.310.000,00 originados de emenda coletiva da bancada de nosso Estado ao

Orçamento Geral da União de 1999, atendendo à minha reivindicação e assinada

pelos nobres Deputados Saulo Queiroz, Oscar Goldoni, Dilceu Sperafico, Marisa

Serrano, Nelson Trad, Marilu Guimarães e Flávio Derzi, e pelos eminentes

Senadores Ramez Tebet, Lúdio Coelho e Levi Dias, Parlamentares que

compunham, à época, a bancada de Mato Grosso do Sul no Congresso.

Além dos R$ 5.310.000,00 assumidos pelo Ministério da Saúde, o Governo

do Estado participará com uma contrapartida, já assumida, de R$ 590.000,00,

totalizando R$ 5.900.000,00.

Sr. Presidente, esses recursos, no valor de mais de um milhão de reais,

foram creditados ainda ontem em conta corrente da Secretaria de Estado da Saúde

do Mato Grosso do Sul, a quem cabe o gerenciamento da obra.

Esse complexo hospitalar, concluído e devidamente equipado, tornará

realidade o antigo sonho de um grande hospital de referência em nossa Dourados,

que se firmará como pólo regional de conhecimento e de excelência na área de

saúde pública, além de colaborar com o crescimento da economia local,

principalmente na área de prestação de serviços.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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Desejo ainda, Sr. Presidente, aqui registrar o recente engajamento de

lideranças políticas de nossa região na defesa da natural transformação da Santa

Casa em hospital-escola, causa que abracei, solitariamente, mesmo antes da

retomada de suas obras, em 1997, e que agora tem novos defensores.

Haveremos de ver, Sr. Presidente, a Santa Casa de Dourados concluída,

equipada e funcionando como extensão da Cidade Universitária, prestando

serviços de qualidade à população de 700 mil habitantes de Dourados e dos outros

17 Municípios que compõem a nossa próspera região do cone sul do Estado:

Fátima do Sul, Deodápolis, Itaporã, Glória de Dourados, Caarapó, Naviraí, Jateí,

Douradina, Nova Andradina, Ponta Porã, Ivinhema, Nova Alvorada do Sul,

Angélica, Laguna Carapã, Amambai, Maracaju e Rio Brilhante.

E antes de encerrar, Sr. Presidente, registro meu reconhecimento e meus

agradecimentos ao Ministro José Serra, ao seu Secretário-Executivo, Barjas Negri,

e a toda a sua equipe técnica, que por várias vezes nos recebeu na busca das

soluções às exigências técnicas e burocráticas do Fundo Nacional de Saúde para a

liberação desses recursos.

Ao encerrar, Sr. Presidente, como radialista que sempre fui, não posso

deixar de repudiar, desta tribuna e no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, todas

as ações que impedem o exercício das funções dos jornalistas em todo o Brasil e

os ataques, ameaças e atentados contra jornais e profissionais da imprensa,

esperando que os crimes contra veículos de comunicação ou contra jornalistas não

fiquem impunes em face da burocracia e da lentidão da Justiça brasileira.

Lamentavelmente, Sr. Presidente, a democracia por si só não tem garantido

a liberdade de imprensa no Brasil, e o Congresso Nacional precisa manter-se

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sempre vigilante para garantir o livre fluxo de informações à sociedade, como item

sagrado dos Direitos Humanos.

Não fosse a atuação da imprensa livre, não teriam vindo a público os fatos

que conduziram ao impeachment de Fernando Collor de Mello, o "frangogate" e

agora o "pittagate", as entranhas do narcotráfico, as negociatas no PROER, as

fraudes do FUNDEF, os desvios do SUS, nem mesmo a intolerância contra as

minorias.

A liberdade, Sras. e Srs. Deputados, é aspiração suprema do homem.

Como está escrito em alguns jornais de hoje, a liberdade de imprensa é uma

sentinela da democracia. Mantê-la em plantão permanente é dever de todos os

povos livres.

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O SR. EDINHO BEZ (Bloco/PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, educação: fonte do processo civilizatório!

Educação superior: fonte do ensino, da pesquisa e da extensão universitária,

elementos mobilizadores do desenvolvimento econômico e sociocultural!

Que esta tribuna receba-me hoje para falar sobre educação. Quero tratar

especificamente da educação superior no País, particularmente no que tange à

qualidade de ensino das instituições, com algumas referências especiais ao meu

Estado — Santa e bela Catarina.

Creio que todos nesta Casa entendem a educação superior como ensino,

pesquisa e extensão universitária. Esse entendimento é fundamental para o Brasil.

Afinal, é por meio do ensino, da pesquisa e da extensão universitária que se faz

uma nação no mundo moderno dos nossos dias.

De fato, o exemplo vem de fora: as nações já desenvolvidas alcançaram e

continuam alcançando a riqueza material, o progresso nas artes, ciências e

técnicas e, ainda, o bem-estar social e cultural a partir de instituições de educação

superior da mais alta qualidade. E esse é o exemplo que devemos seguir se

desejamos, como nação, deixar a senda da miséria e da dependência.

Diante de tema de tal magnitude, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, só

posso pretender, nesta ocasião, ser ilustrativo. Por isso, quero concentrar-me em

dados exemplificativos, voltados, sobretudo, para a questão da qualidade do ensino

— célula-mãe da pesquisa e da extensão universitária.

O Brasil possui um complexo de dezenas de universidades públicas federais,

estaduais e municipais, algumas universidades privadas e centenas de faculdades

isoladas, em geral particulares. Além disso, integram esse complexo as instituições

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superiores de pesquisa e as agências federais e estaduais de fomento ao

desenvolvimento técnico-científico.

Quanto à qualidade de ensino nas instituições de educação superior no

Brasil, há que se considerar duas facetas opostas: a dos indicadores que causam

desalento, e que, por isso, perturbam-nos e envergonham, e a dos indicadores que

nos dão ânimo e fazem acreditar na força da nossa Nação para superar

dificuldades e desafios.

Apenas 11% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos de idade estão no

curso superior. Ora, o que são cerca de 2 milhões de matrículas nesse nível de

ensino quando temos uma população geral de mais de 150 milhões de habitantes?

E é doloroso assinalar que a média mundial de jovens universitários está entre 30 e

40%. A Argentina, nosso principal parceiro no MERCOSUL, tem razão em se

orgulhar com uma taxa de 38%.

Acresça-se a esses dados que tanto nos devem incomodar, para dizer o

mínimo, o fato de que temos alta taxa de evasão no ensino superior: 40%, apenas

nos estabelecimentos públicos, com meros 50% chegando à diplomação.

Contudo, graças a procedimentos nacionais de avaliação adotados pelo

MEC ao longo da última década, o País vem pelo menos compensando os

desalentadores dados quantitativos com uma melhoria geral na qualidade de

ensino. Concorrem para esse fim o SAEB — Sistema de Avaliação da Educação

Básica, o ENC — Exame Nacional de Cursos, chamado de Provão, e o ENEM —

Exame Nacional do Ensino Médio.

Como resultado dessa política de avaliação bem-sucedida, temos hoje no

País uma onda crescente de melhoria das instituições e cursos, públicos e

privados, em todos os campos de conhecimento, e em todas as Unidades da

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Federação, para não falar do aprimoramento e racionalização do uso de recursos

financeiros, materiais e humanos. Vejamos alguns exemplos.

Dos quase 8 mil cursos superiores existentes no País, entre públicos e

particulares, cerca de mil podem ser considerados de boa qualidade, com

avaliações de bom, muito bom e excelente, segundo levantamento nacional feito

pelo tradicional e prestigiado Guia do Estudante. Esse dado significa um percentual

de aproximadamente 13% de cursos confiáveis na sua qualidade, ou seja, quanto a

aspectos de organização curricular, infra-estrutura material e de instalações,

capacitação do corpo docente e de projeção de sucesso do formando no mercado

de trabalho.

Por outro lado, cerca de 94 cursos foram reprovados pelo Provão do MEC

até agora, o que nos dá 1% de cursos realmente ruins, não recomendáveis, no

Brasil como um todo.

Posto isso, ficamos com cerca de 86% de cursos regulares e aceitáveis, que

podem melhorar, o que certamente irá acontecer em pouco tempo, dada a pressão

social, em particular a estudantil, pelo aprimoramento geral das instituições de

educação superior no País.

A situação do meu querido Estado — Santa Catarina — é bastante razoável

no quadro nacional, e até mesmo privilegiada em certos aspectos. Isso, porém, não

elimina a urgente necessidade de melhoria quantitativa e qualitativa do seu ensino

superior, fato que pode ser reclamado para qualquer outra Unidade da Federação.

Possuímos dezenove instituições de ensino superior que merecem destaque:

uma federal, uma estadual, oito municipais e nove particulares, com cursos em

todas as áreas de conhecimento.

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A Universidade Federal de Santa Catarina — UFSC é conhecida como uma

das melhores do País: ocupa o oitavo lugar dentre as dez melhores, na mencionada

avaliação nacional do Guia; dos seus 38 cursos avaliados, 32 (84%) estão com

conceitos bom, muito bom e excelente. O curso de matemática da UFSC recebeu

nota 10 no Provão do MEC.

A Universidade do Estado de Santa Catarina, estadual; a Universidade da

Região de Joinville, a Universidade do Contestado, a Universidade do Planalto

Catarinense, a Universidade do Sul de Santa Catarina, a Universidade do Vale do

Itajaí e a Universidade Regional de Blumenau, municipais; a Universidade do

Extremo Sul Catarinense, a Universidade do Oeste de Santa Catarina e a

Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí, particulares, cobrem

todo o Estado, atendem às necessidades socioeconômicas das diferentes regiões e

complementam a ação da UFSC, oferecendo cursos diversos em diferentes cidades

do Estado.

Registre-se que Santa Catarina é um dos poucos Estados da Federação que

possui oito instituições de ensino superior municipais. Isso mostra o

comprometimento regional e local com a educação superior.

De fato, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é da natureza do laborioso

povo de Santa Catarina acreditar na educação, não apenas como um bem

individual, medido em habilidades e conhecimento, mas como um bem coletivo,

medido em ações a serviço do desenvolvimento socioeconômico e cultural.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, se, de um lado, o quadro geral da

qualidade do ensino superior no Brasil exibe contrastes, contrastes que

infelizmente não excepcionam Santa Catarina, o que certamente está a exigir

melhores políticas e mais recursos para o setor, como procurei brevemente mostrar

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nesta oportunidade, temos que reconhecer, por outro lado, que cresce no brasileiro

o ímpeto pela educação e seus frutos. E nesse aspecto Santa Catarina é um bom

exemplo a ser seguido.

Sr. Presidente, gostaria que meu pronunciamento fosse divulgado nos

órgãos de comunicação da Casa.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. WELLINGTON DIAS (PT-PI. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vejo com muita preocupação a situação em que

se encontram as rodovias federais no Piauí. Dados do Ministério dos Transportes e

do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem — DNER dão conta de que,

das dez piores rodovias federais do Brasil, quatro ou cinco têm seus piores trechos

no Estado do Piauí, nas divisas com os Estados do Ceará, do Maranhão, de

Pernambuco, da Bahia, do Tocantins.

A BR-407, que liga a região de Petrolina a Paulistana e Picos e que vai sair

em Campos Sales, no Ceará; a BR-230, que é a Transamazônica, onde se gasta

hoje, em média, três horas para percorrer 45 quilômetros, porque há muitos trechos

estragados naquela região; a BR-116, que liga Fortaleza ao Estado da Bahia e tem

importância muito grande para o País; a BR-343, que liga ao Estado do Ceará,

passando por Piripiri e Teresina; a BR-135, que liga a Bahia em direção a Barreiras

e Corrente; a BR-020, que sai de Brasília em direção a Fortaleza; a BR-316, que é

um espigão mestre, ligando o norte ao sul do nosso Estado e uma das rodovias que

têm o maior volume de tráfego no Piauí; a BR-236; a BR-232; a BR-222, enfim,

todas essas rodovias estão em péssimo estado de conservação. Não se trata

apenas de problema de interesse do Estado do Piauí, mas de interesse nacional.

Os produtos produzidos nesses Estados não têm condições de competir com

os produtos dos outros Estados. Não há a menor condição de nossa soja, nosso

arroz e nosso gado competirem com outros mercados em razão do alto custo do

transporte.

E por várias vezes nos dirigimos ao Ministro dos Transportes buscando

solução para esse grave problema. No entanto, nenhuma providência concreta foi

tomada em relação ao Estado Piauí.

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Dessa forma, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero anunciar na

Câmara dos Deputados que estamos solicitando audiência com o Presidente da

República para tratar desse problema. A idéia é mobilizar toda a bancada federal

do Piauí e representantes da Assembléia Legislativa daquele Estado, dos

empresários, dos comerciantes, do Governo do Piauí, dos Prefeitos Municipais, dos

Vereadores, enfim, dos amplos setores que estão insatisfeitos e até mesmo

revoltados com a situação de abandono das nossas estradas, para que juntos

participemos dessa audiência.

É importante lembrar, Sr. Presidente, que em 1997 tivemos momentos de

paralisações, como ocorreu na região de Picos, no Piauí, que contaram com o

apoio de apicultores, Prefeitos, Vereadores, lideranças, Parlamentares da região,

empresários, comerciantes, o que resultou numa audiência com o Presidente da

República, que terminou liberando recursos para operação de restauração dessas

rodovias.

Faço, então, apelo ao Presidente da República e ao Ministro dos

Transportes para que seja dado tratamento especial às rodovias federais no Piauí.

É essa a atenção que esperamos por parte da bancada do Governo, da

bancada do Piauí e de toda a bancada da Região Nordeste, reforçando este

pedido.

Muito obrigado.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. SERAFIM VENZON (PDT-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, as diferenças sociais sempre existiram. A

sociedade é uma panela em ebulição. Famílias dominantes perdem o domínio com

o tempo. Muitos excluídos ressurgem. As diferenças são boas enquanto servem de

estímulo para mudanças individuais; porém, não podem reprimir demoradamente. O

mundo caminha para os extremos sociais — sob o olhar de todos. A informação

caminha rápido. Países pobres conhecem a fortuna dos mais ricos, e sabem o

porquê; e, por isso, sabem que a diferença tende a ficar ainda maior. De início, a

migração tenta compensar, mas chegará o momento em que somente conflitos, sob

o uso da espada, poderá modificar tal situação.

Se olharmos nação por nação e suas classes sociais, veremos que cada vez

mais aumentam os excluídos. O poder público, não se apercebendo da gravidade,

ou insensível à dor alheia, faz o papel do advogado do diabo. Em vez de fazer o

papel de mãe, para promover o bom convívio, é muito mais madrasta, em

favorecimento do capital.

A solução está na solidariedade. De nada adianta vivermos na Terra

progressista, com muita tecnologia, com viagens interplanetárias, com o domínio da

biotecnologia, se parte demasiadamente grande da sociedade está excluída dos

benefícios mínimos. É a solidariedade entre nações e entre classes sociais que

deve ser vista, hoje, como uma necessidade e não benevolência. Vejo, não

distante, grandes conflitos, se aqueles que detêm alguma forma de poder não

promoverem a partilha.

Sr. Presidente, peço seja transcrito nos Anais desta Casa o discurso do

Papa João Paulo II aos membros do Corpo Diplomático, em 10 de janeiro de 2000.

Através dos representantes de cada nação, o Papa chamou à reflexão a realidade

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social. O que acontece no Brasil se repete na maioria dos países. Precisamos ser

objetivos para reverter o grande número de descontentes.

In verbis:

Excelências

Senhoras e Senhores!

1. Desejo antes de tudo exprimir a minha profunda

gratidão ao vosso Decano, Senhor Embaixador Giovanni

Galassi, que, em vosso nome, apresentou de maneira cortês

os bons votos e não deixou de recordar alguns

acontecimentos significativos da vida dos nossos

contemporâneos, as suas esperanças, provações e temores.

Além disso, ele quis ressaltar o contributo específico da Igreja

católica a favor da concórdia entre os povos e da sua elevação

espiritual. Muito obrigado!

Bons votos a todos os povos para o ano 2000!

2. Depois de ter cruzado o limiar do novo ano, o

Sucessor do Apóstolo Pedro sente a necessidade de dirigir, a

todos os povos que representais, os seus ardentes bons votos

para este ano 2000, que muitos acolheram com "júbilo". Os

cristãos entraram no grande Jubileu comemorando a vinda de

Cristo no tempo e na história dos homens. "Tendo Deus falado

outrora aos nossos pais, muitas vezes e de muitas maneiras

pelos Profetas, agora falou-nos nestes últimos tempos pelo

Filho", lemos na Carta aos Hebreus (1, 1-2).

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A Deus, que quis estreitar uma aliança com o mundo, e

não cessa de criar, amar e iluminar, confio de todo o coração

as aspirações e os sucessos mais nobres de cada um, assim

como o seu bom êxito, sem esquecer infelizmente as

provações e os desafios que com muita freqüência dificultam o

caminho em direção ao bem. Com os nossos

contemporâneos, louvo a Deus pelas inúmeras coisas

maravilhosas e boas e invoco também o perdão divino pelos

muitos atentados contra a vida e a dignidade do homem,

contra a fraternidade e a solidariedade. Oxalá o Altíssimo nos

ajude a vencer, em nós e ao nosso redor, todas as

resistências a fim de que chegue ou retorne o tempo dos

homens de boa vontade, que a recente festa do Natal nos

propôs com o vigor dos inícios! Estes são os votos que formulo

na oração por todos os homens e mulheres deste tempo, de

todos os países e gerações. Foi este o século também da

“fraternidade”?

3. O século que se conclui foi marcado por singulares

progressos científicos, que melhoraram de maneira

considerável a vida e a saúde dos homens. Eles contribuíram

também para o domínio da natureza e para um acesso mais

fácil à cultura. As tecnologias da informação eliminaram as

distâncias e tornaram-nos mais próximos uns dos outros.

Jamais teríamos sido postos de modo tão rápido a par dos

fatos que quotidianamente marcaram a vida dos nossos

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irmãos em humanidade! Apresenta-se, porém, uma pergunta:

foi este o século também da "fraternidade"? Com certeza, não

se pode dar uma resposta sem algum matiz.

No momento do balanço, a recordação das guerras

homicidas, que dizimaram milhões de homens e provocaram

êxodos maciços, e de genocídios vergonhosos que assediam

a nossa memória, assim como a corrida aos armamentos que

alimentou a desconfiança e o temor, o terrorismo ou os

conflitos étnicos que destruíram povos que contudo viviam na

mesma terra, fazem com que devamos ser humildes e

tenhamos muitas vezes um espírito de arrependimento.

As ciências da vida e as biotecnologias continuam a ter

novos campos de aplicação mas, ao mesmo tempo,

apresentam o problema dos limites a não serem

ultrapassados, se quisermos salvaguardar a dignidade, a

responsabilidade e a segurança das pessoas.

A globalização, que transformou de maneira profunda os

sistemas econômicos ao criar inesperadas possibilidades de

crescimento, também fez com que muitos permanecessem à

margem do caminho: o desemprego nos países mais

desenvolvidos e a miséria em muitas nações do Sul do

hemisfério continuam a manter milhões de homens e mulheres

longe do progresso e da felicidade.

O século que se abre deverá ser da solidariedade.

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4. Eis por que me parece que o século que se abre

deverá ser da solidariedade.

Sabemo-lo hoje mais do que ontem: jamais viveremos

felizes e em paz uns sem os outros e, menos ainda, uns contra

os outros. As intervenções humanitárias por ocasião de

conflitos ou de catástrofes naturais recentes suscitaram

louváveis iniciativas de voluntariado, que revelam um

aumentado sentido de altruísmo, em particular nas jovens

gerações.

O fenômeno da globalização fez com que o papel dos

Estados tenha mudado um pouco: o cidadão tornou-se cada

vez mais ativo e o princípio de subsidiariedade contribuiu, sem

dúvida, para equilibrar as forças vivas da sociedade civil; o

cidadão tornou-se mais "parceiro" do projeto comum.

Isto quer dizer, parece-me, que o homem do século XXI

será chamado a desenvolver o sentido da sua

responsabilidade. Antes de tudo, a responsabilidade pessoal,

cultivando o sentido do dever e do trabalho realizado de

maneira honesta: a corrupção, o crime organizado ou a

passividade jamais podem conduzir a uma verdadeira e sã

democracia. Mas, de igual modo, a isto deve-se acrescentar o

sentido da responsabilidade pelo outro: saber preocupar-se

pelos mais pobres, participar nas estruturas de assistência

mútua tanto no trabalho como no campo social, ser respeitoso

da natureza e do ambiente são de igual modo imperativos que

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se impõem em vista de um mundo onde a convivência se torne

melhor. Jamais uns separados dos outros! Nunca mais uns

contra os outros! Todos juntos solidários, sob o olhar de Deus!

Isto supõe também que renunciemos aos ídolos que são

a felicidade a qualquer preço, a riqueza material como único

valor, a ciência como a única explicação do real. Exige-se que

o direito seja aplicado e respeitado por todos e em toda a

parte, a fim de que as liberdades individuais sejam garantidas

de maneira efetiva, e a igualdade de oportunidades constitua

uma realidade para cada um. Além disso, é preciso que Deus

tenha o lugar que Lhe é próprio na vida dos homens: o

primeiro.

Em um mundo, mais do que nunca em busca de sentido,

os cristãos sentem-se chamados, neste início de século, a

proclamar com maior fervor que Jesus é o Redentor do

homem, e a Igreja a manifestar-se como "sinal e salvaguarda

da transcendência da pessoa humana" (Concílio Vaticano II,

Gaudium et spes , 76). Os empenhos prioritários da

solidariedade

5. Essa solidariedade supõe empenhos bem concretos.

Alguns são prioritários:

- A partilha da tecnologia e da prosperidade. Sem uma

atitude de compreensão e de disponibilidade, não se poderá

deter sem dificuldade a frustração de alguns países que se

vêem condenados a soçobrar numa precariedade sempre

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mais grave e até mesmo a debater-se com outros. Tive

ocasião de me exprimir diversas vezes, por exemplo, sobre a

questão da dívida dos países pobres.

- O respeito pelos direitos do homem. As legítimas

aspirações das pessoas mais débeis, as reivindicações das

minorias étnicas, os sofrimentos de todos aqueles cuja crença

ou cultura é menosprezada duma ou doutra maneira, não são

simples opções a favorecer segundo as circunstâncias e os

interesses políticos ou econômicos. Não satisfazer esses

direitos equivale simplesmente a ridicularizar a dignidade das

pessoas e a pôr em perigo a estabilidade do mundo.

- A prevenção dos conflitos evitaria situações difíceis a

gerir e pouparia muitos sofrimentos. Não faltam instâncias

internacionais adequadas; é suficiente utilizá-las, distinguindo

evidentemente, sem as pôr em oposição nem as separar, a

política, o direito e a moral.

- O diálogo sereno entre as civilizações e as religiões,

enfim, poderia favorecer uma nova maneira de pensar e de

viver. Através da diversidade das mentalidades e crenças, as

mulheres e os homens deste milênio, ao recordarem-se dos

erros do passado, deverão encontrar formas novas para

conviverem e se respeitarem. A educação, a ciência e a

informação de qualidade constituem os melhores meios para

desenvolver em cada um de nós o respeito pelo outro, pelas

suas riquezas e crenças, e de igual modo um sentido do

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universal, dignos da sua vocação espiritual. Este diálogo

evitará que no futuro se chegue a uma situação absurda:

excluir ou matar em nome de Deus. Este será, sem dúvida

alguma, um contributo decisivo à paz.

Fazer emergir uma verdadeira comunidade das nações.

6. Nestes últimos anos tem-se falado de uma "nova

ordem mundial". Numerosas e louváveis iniciativas devem ser

atribuídas à ação perseverante de diplomatas prudentes, e em

particular à diplomacia multilateral, para fazer emergir uma

verdadeira "comunidade das nações". Atualmente, por

exemplo, o processo de paz no Médio Oriente prossegue; os

chineses falam uns com os outros; as duas Coréias dialogam;

alguns países africanos procuram fazer com que as suas

facções rivais se encontrem; o governo e os grupos armados

na Colômbia procuram manter contactos. Tudo isto demonstra

uma certa vontade de edificar um mundo fundado sobre a

fraternidade, para estabelecer, proteger e estender a paz à

nossa volta. Entretanto, somos obrigados a constatar também

que, com muita freqüência, se vê o repetir-se dos erros do

passado: penso nos reflexos de identidade, nas perseguições

infligidas por motivos religiosos, no freqüente e, às vezes,

precipitado recurso à guerra, nas desigualdades sociais, no

abismo entre países ricos e pobres, na confiança posta

unicamente nos critérios de renda econômica, para não citar

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senão alguns traços característicos do século há pouco

concluído. Neste início do ano 2000, o que vemos?

A África afligida pelos conflitos étnicos que mantêm como

reféns povos inteiros, impedindo-lhes o progresso econômico e

social, e condenando-os muitas vezes a uma simples

sobrevivência.

O Médio Oriente sempre entre guerra e paz, enquanto se

sabe que só o direito e a justiça permitirão a todos os povos da

região, sem distinção alguma, viverem juntos ao abrigo de

riscos endêmicos.

A Ásia, continente de imensas possibilidades humanas e

materiais, reúne num equilíbrio precário povos de culturas

prestigiosas e desenvolvidos do ponto de vista econômico, e

outros que se tornam cada vez mais pobres. Fui recentemente

àquele continente, ao qual consagrei a Exortação Apostólica

Ecclesia in Asia , fruto de uma recente Assembléia sinodal,

que deste modo se torna uma carta programática para todos

os católicos. Associo-me aos Padres sinodais para lançar de

novo um convite a todos os católicos da Ásia e aos homens de

boa vontade para que unam os seus esforços na construção

de uma sociedade sempre mais solidária.

A América, imenso continente no qual tive a alegria de

promulgar, há um ano, a Exortação Apostólica Ecclesia in

America , convidando os povos dessa terra a uma conversão

pessoal e comunitária sempre renovada, no respeito pela

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dignidade das pessoas e no amor pelos excluídos, em vista de

promover uma cultura da vida.

A América do Norte, cujos critérios econômicos e políticos

são muitas vezes considerados normativos, abrange

numerosos pobres, apesar das suas múltiplas riquezas.

A América Latina, que conheceu, salvo algumas

exceções, progressos democráticos encorajadores, continua

perigosamente enfraquecida por causa das desigualdades

sociais gritantes, do comércio da droga, da corrupção e até

mesmo devido a movimentos de luta armada.

A Europa, enfim, após a derrocada das ideologias, está a

caminho da sua unidade; ela esforça-se por vencer o duplo

desafio da reconciliação e da integração democrática entre

antigos inimigos. Não esteve isenta de violências terríveis,

como demonstraram a recente crise dos Balcãs e os

confrontos armados no Cáucaso, nestas últimas semanas. Os

Bispos do Continente reuniram-se recentemente em

Assembléia sinodal, reconheceram os sinais de esperança, a

abertura entre os povos, a reconciliação entre Nações, a

intensificação das colaborações e dos intercâmbios, chamando

todos os homens a uma maior consciência européia.

Diante deste mundo de contrastes, magnífico e ao

mesmo tempo precário, vem-me à mente um empenho

assumido no final da Segunda Guerra Mundial, que todos

queriam que fosse a última. Refiro-me ao preâmbulo da Carta

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das Nações Unidas adotada em São Francisco, no dia 26 de

Junho de 1945: "Nós, povos das Nações Unidas, com a

resolução:

- de preservar as gerações futuras do flagelo da guerra

que, por duas vezes no espaço de uma vida humana, infligiu à

humanidade sofrimentos inauditos;

- de proclamar de novo a nossa fé nos direitos

fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa

humana, na igualdade dos direitos dos homens e das

mulheres, assim como das Nações grandes e pequenas [...]

decidimos unir os nossos esforços para realizar estes

projetos”.

Este texto e este empenho solenes não perderam nada

da sua força e atualidade. Em um mundo organizado em torno

de Estados soberanos, mas de fato desiguais, é indispensável,

se desejamos a estabilidade, o entendimento e a colaboração

entre os povos, que as relações internacionais sejam sempre

mais impregnadas de direito e por este modeladas. O que falta

não são certamente novos textos ou instrumentos jurídicos; é

simplesmente a vontade política de aplicar, sem

discriminações, os que já existem. Reivindico para os crentes

um lugar na vida pública

7. Quem vos fala, Excelências, Senhoras e Senhores, foi

companheiro de caminho de diversas gerações do século há

pouco concluído. Ele compartilhou as duras provas do seu

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povo de origem, assim como as horas mais sombrias vividas

pela Europa. Há mais de vinte anos ele, que se tornou

Sucessor do Apóstolo Pedro, sente-se investido de uma

paternidade universal que abraça todos os homens e mulheres

desta época, sem distinção alguma. Hoje, através de vós que

aqui representais quase todos os povos da terra, desejaria

fazer chegar uma confidência ao coração de cada um: tendo

sido abertas de par em par as portas de um novo milênio, o

Papa começa a pensar que os homens poderiam finalmente

aprender a reler as lições do passado. Sim, a todos peço em

nome de Deus, que poupem à humanidade novas guerras,

respeitem a vida humana e a família, preencham o abismo

entre ricos e pobres, compreendam que todos nós somos

responsáveis por todos. É Deus que o pede e Ele nunca pede

algo acima das nossas forças. Ele mesmo nos dá a força para

realizarmos o que espera de nós.

Retornam à minha memória as palavras que o

Deuteronômio põe nos lábios de Deus mesmo: "Vê, ofereço-te

hoje, de um lado, a vida e o bem; de outro, a morte e o mal [...]

Escolhe a vida e então viverás" (30, 15.19).

A vida adquire consistência nas nossas opções

quotidianas. E os responsáveis políticos, visto que têm a

missão de administrar o Estado podem, mediante as próprias

opções e os programas de ação, orientar sociedades inteiras

rumo à vida ou à morte. Por esta razão os crentes, e os fiéis

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da Igreja católica em particular, consideram seu dever

participar ativamente na vida pública das sociedades das quais

são membros. A sua fé, esperança e caridade constituem

energias suplementares e insubstituíveis para que não só

nunca faltem o cuidado pelo outro, o sentido da

responsabilidade e a tutela das liberdades fundamentais, mas

também para fazer perceber que o mundo e a nossa história

pessoal e coletiva são habitados por uma Presença.

Reivindico, portanto, para os crentes um lugar na vida pública,

pois estou convicto de que a sua fé e o seu testemunho

podem tranqüilizar os nossos contemporâneos, muitas vezes

inquietos e sem pontos de referência, e que, apesar dos

reveses, da violência ou do temor, nem o mal nem a morte

terão a última palavra.

Para nós tem início uma nova história.

8. Chegou o momento de apresentarmos pessoalmente,

uns aos outros, os bons votos. Saúdo-vos de todo o coração e

peço-vos que transmitais aos responsáveis dos Países que

representais, os meus melhores votos. As portas do grande

Jubileu foram abertas para os cristãos e as de um novo

milênio, para a humanidade inteira. O que agora importa é

cruzar o seu limiar, para nos pormos a caminho. Um caminho,

no qual Deus nos precede e do qual nos traça a via que nos

conduzirá a Ele. Nada, nenhum preconceito ou ambição nos

devem manter acorrentados. Para nós tem início uma história

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nova. Os povos que representais vão escrevê-la na própria

vida pessoal e coletiva. É uma história na qual, tanto hoje

como ontem e no futuro, a humanidade se encontra com

Deus. Então, a todos digo: "Bom caminho"!

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O SR. EURÍPEDES MIRANDA (PDT-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, pela arrogância pessoal de um Presidente

acuado, pela soberba coletiva de um Governo de tecnocratas insensíveis,

pretensiosos e indiferentes, este Governo, quando não consegue massacrar as

manifestações populares, faz de tudo para que elas sejam ignoradas ou

menosprezadas. O Governo age irresponsavelmente diante da paralisação de mais

de 1 milhão de caminhoneiros em todo o Brasil, que podem provocar prejuízos

incalculáveis à população brasileira.

Enquanto mantém um discurso de menosprezo para uma categoria altamente

organizada e consciente de seus direitos, o Presidente da República cria um grupo

de emergência formado por três Ministros. Seria muito mais sensato que o Governo

tivesse sentado à mesa com as entidades para negociar, pois ao ser forçado a uma

negociação a tendência é jogar o custo para cima do consumidor.

Os caminhoneiros querem não apenas redução no custo do pedágio, mas

colocam em cheque toda a política de privatizações e concessões de rodovias que

nenhum benefício trouxe para o consumidor. Foi uma ação entre amigos. As

estradas só foram entregues a empresas privadas depois de altos investimentos

públicos. Essa é a verdadeira face dessa ideologia neoliberal que faz a cabeça do

Planalto.

A constatação de que o custo do pedágio chega a comer até 30% do ganho

com os fretes é, na minha opinião, uma evidência de que o Governo abriu mão de

todo o conceito de patrimônio público, da idéia de desenvolvimento, do conceito de

integração regional, para fazer do Ministério dos Transportes, como já aconteceu

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com o BNDES, uma instituição de caridade para poderosos grupos econômicos que

já não conseguem distinguir o que é público e o que é privado.

Irresponsável também é o Governo, quando, diante da paralisação dos

caminhoneiros, diz publicamente que vai combater o roubo de cargas e de

caminhões nas rodovias brasileiras. Falência total, mas, sobretudo, falência moral,

é o que se pode dizer de governantes que perderam a noção de responsabilidade

quando jogam mais de 2 milhões de caminhoneiros nas garras de dois tipos de

bandidos, os que tomam o suor e o sangue de cada em cada praça de pedágio e os

que assaltam e matam com a mesma impunidade.

Outro assunto, Sr. Presidente.

Quando representantes do povo, eleitos pelo voto, abdicam de sua

representatividade para prestar subserviência a um Governo sem a menor

credibilidade e legitimidade, a democracia começa a correr sério risco. O Governo

agride e desmoraliza o Congresso Nacional ao impedir que a medida provisória do

salário mínimo fosse votada na quarta-feira, 26.

Há semanas venho alertando para a "farsa" montada pelo PFL e sua defesa

de um salário mínimo de 100 dólares. Os brasileiros não vão mais tolerar esse tipo

de deboche com questões tão cruciais e vitais para a vida nacional. O salário

mínimo, historicamente, serviu para distribuir renda e, dependendo de alguns

governantes, para aumentar o ganho dos trabalhadores e reduzir os desequilíbrios

sociais e econômicos entre regiões.

Portanto, não estamos diante de uma questão tão simples como quer o

Governo, ao alegar que a Previdência vai quebrar e outras mentiras que já não são

engolidas pela opinião pública. O salário mínimo hoje representa o único ganho de

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quase 13 milhões de aposentados e outros milhões de brasileiros que têm como

referência esse piso salarial. Em vários Estados pobres, o pagamento dos

benefícios do INSS representa boa parcela do Produto Interno Bruto. Aumentar o

mínimo significa não só aliviar a miséria, mas fazer circular um pouco de renda

numa economia em profunda recessão.

Para mim o jogo de cena feito pelos partidos governistas, culminando com o

rompimento do acordo para a votação do salário mínimo, reflete a total

subordinação dessa maioria governista ao Palácio do Planalto. A ordem é garantir

que haja sempre recursos sobrando para o pagamento de juros e amortizações da

dívida. Não importa que isso represente o aumento da miséria, a recessão, a

paralisia total da economia. Em nome disso, lideranças políticas rompem acordos

feitos no Parlamento sem o menor pudor.

Gostaria de registrar também o quanto acho estranho o comportamento dos

meios de comunicação, que reduziram drasticamente o noticiário sobre a CPI dos

Medicamentos exatamente no momento em que os brasileiros aguardavam o

resultado das investigações sobre as remessas de lucros dos laboratórios

estrangeiros instalados no Brasil. Temos de reconhecer que há uma grande

expectativa em saber o quanto essa gente manda para fora. Afinal, em apenas dez

anos o mercado brasileiro de medicamentos cresceu de 4 bilhões de dólares para

mais de 12 bilhões de dólares.

O súbito silêncio da chamada grande mídia pode ter a ver com a maciça

campanha promocional e institucional dos grandes laboratórios multinacionais.

Essa campanha coincide também com a pressão que o Secretário de

Acompanhamento Econômico, Cláudio Considera, vem fazendo para derrubar uma

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portaria de 1992, que limita o lucro das farmácias. Segundo aquela portaria, as

farmácias podem cobrar até 42% sobre o preço de fábrica.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. GONZAGA PATRIOTA (Bloco/PSB-PE. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, resultado do progresso

nacional, da necessidade de se promover a integração de um País em que havia

regiões completamente isoladas umas das outras, o complexo de estradas federais

e estaduais é definido como uma das principais realizações governamentais no

campo das obras públicas.

No entanto, em função do tempo e da ausência de um política de

manutenção de estradas, o diagnóstico é irreversível: as rodovias nacionais estão

em estado caótico.

De Norte a Sul do País, dos Estados mais prósperos aos menos

desenvolvidos, é flagrante o processo de deterioração das estradas brasileiras. Não

importa se a rodovia é a Raposo Tavares, interligando duas das principais

metrópoles do País — São Paulo e Belo Horizonte —, ou se é a BR-242, cortando o

sertão da Bahia, lá estão os buracos no pavimento, a quase absoluta ausência de

sinalização, os acostamentos deficientes e outros problemas.

No meu Estado, Pernambuco, duas rodovias têm causado sérios transtornos

a toda a população daquela unidade de Federação: a BR-110, que liga o Município

de Sertania a Pernambuquinho, e a BR-316, que liga o Município de Floresta a

Petrolândia.

O Estado dessas BRs é lastimável. Na BR-110, no trecho de Sertania a

Pernambuquinho, em poucos quilômetros há uma quantidade exagerada de curvas,

o que aumenta o risco de acidentes e expõe a população local a aventuras

verdadeiramente perigosas em suas viagens. Na BR-316, que interliga os

Municípios de Floresta e Petrolândia, o excesso de buracos tem causado

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transtornos aos proprietários de veículos, que se sujeitam aos freqüentes perigos,

aos riscos de acidentes diários que abreviam vidas.

Sr. Presidente, deixo aqui meu apelo ao Sr. Eliseu Padilha, Ministro dos

Transportes, no sentido de que haja uma atenção especial para recuperação

dessas BRs. A população pernambucana não suporta mais conviver com tantos

acidentes que tantas mortes causam nessas BRs que cortam o Estado.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. OLIVEIRA FILHO (Bloco/PSDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao subir novamente a esta tribuna, venho

prestar minha homenagem ao trabalhador brasileiro no seu dia.

A data enseja que façamos algumas reflexões sobre a atual conjuntura do

País, sobretudo no que diz respeito a esta classe que carrega o Brasil nas costas e

que, muitas vezes, não obtém a contrapartida do direito à cidadania e a uma vida

digna.

Não há como falar em Dia Internacional do Trabalho sem mencionar o

desemprego. Temos a lamentar que este dia poderia ser de muito mais brasileiros.

Os índices de inacesso ao mercado de trabalho têm atingido patamares

assustadores e, certamente, não seria adequado celebrar a data sem reconhecer

as dificuldades existentes de norte a sul da Nação.

Por um lado, testemunhamos a precariedade nos cursos de formação

profissional diante de um mercado cada vez mais exigente, que atua segundo a lei

da oferta e da procura, remunerando abaixo dos valores mínimos necessários para

uma vida digna.

Assim, festejar o Dia Internacional do Trabalho implica, com certeza, indicar

a importância daquele que forma o trabalhador: o professor, o mestre, aquele que

abre horizontes não só para a instrução como também para a formação de valores

morais, éticos e espirituais.

Estaria bem exercida a função do professor trabalhador se ele desse conta

de cumprir as grades curriculares e as tarefas de avaliação. Porém, sabemos que

nas salas de aula, além de transmitir o conhecimento científico, as injunções sociais

requerem desse profissional, diariamente, uma tomada de posição frente aos

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problemas que surgem, o que o torna também conselheiro e formador de opinião.

Glória ao professor trabalhador!

Nesse 1º de maio, o nosso louvor aos labutantes do magistério, aos que

fazem da educação sua causa de vida.

Todavia, uma nação se faz com o conjunto de seus integrantes. Produzir e

fazer acontecer um país requer a plena atividade do padeiro, que permite o

sustento primeiro, já pela manhã; assim como necessita da tarefa bem-feita do

condutor dos ônibus, dos trens, dos metrôs, dos barcos, essa gente trabalhadora

que leva e traz seus companheiros trabalhadores também, estudantes, enfim, os

que vão e os que vêm no seu incessante movimento pela vida a fora.

E mais: se quisermos pensar sobre o tesouro do trabalho, como soma de

contribuição de cada cidadão, como resultado de forças que se juntam, vamos

lembrar dos que constroem o teto, dos que curam doentes, dos que fabricam, dos

que plantam, colhem, transportam e fazem chegar às nossas casas bens de

consumo para nossa sobrevivência e conforto.

Assim, nesta data, enaltecemos o povo trabalhador que toca em frente e não

desiste, apesar das tantas dificuldades que sofre no dia-a-dia: o carpinteiro, o

guardião, a enfermeira, o balconista, o agricultor, o pedagogo, o dentista, o médico,

a operária e todos os demais.

Por outro lado, registramos mais uma vez nosso alerta diante da

necessidade de fortalecimento de diretrizes econômicas que contemplem a criação

e a valorização do emprego.

Que esta Casa e os demais Poderes constituídos da Nação, cada qual

segundo a natureza de suas atribuições, sensibilizem-se, em nome do amor a Deus

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e ao próximo, de maneira a reunir esforços pela reversão das injustiças sociais,

pelo fim do trabalho escravo infantil, pelo fim do desemprego e pela instauração

efetiva de políticas que reconheçam a beleza e a graça de ver nos olhos de cada

cidadão o orgulho de ter um espaço para trabalhar, manter sua família com

dignidade, ser valorizado e seguir construindo com honra e fé a vida da família

brasileira.

Que os 365 dias do ano sejam dias do trabalhador.

E neste Dia Internacional do Trabalho, que Deus abençoe todos os

trabalhadores e abra caminhos para os que desejam trabalhar pelo crescimento do

nosso País.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco/PMDB-RO. Pronuncia o seguinte

discurso) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tenho falado, com certa

insistência e regularidade, nesta tribuna, sobre o desempenho administrativo da

SUDAM — Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia — e mostrado aqui

o problema, até de maneira cansativa, parecendo que venho agindo de forma

sectária e obsessiva com minhas críticas e posicionamentos.

Mas esse modo de pensar, como relato acima, não é verdadeiro. Os fatos

dizem o contrário.

Ontem mesmo o Jornal Nacional mostrou para todo o Brasil o escandaloso

projeto desenvolvido no Estado de Mato Grosso, em que os recursos incentivados

pelo Governo Federal, cujo objetivo é a promoção do desenvolvimento nas regiões

mais pobres deste País, são criminosamente malversados.

Pelo que se viu e o que se vê, há uma indústria de corrupção,

superfaturamento e desvios dos recursos destinados ao setor produtivo, tudo isso

composto por empresários inescrupulosos e especializados na malandragem, tendo

ou não o consentimento do órgão responsável pela administração dos incentivos

fiscais, que é a SUDAM. Pelo menos, tem a responsabilidade implícita do bom

gerenciamento e fiscalização de todos esses projetos.

É por esse e outros motivos que venho posicionando-me e chamando a

atenção do Governo para as necessárias mudanças na administração e nos

modelos seguidos por essa instituição, que deveria ser voltada para o

desenvolvimento da Amazônia, e que, pelos fatos e estatísticas, vem concentrando

os investimentos e piorando as desigualdades — nem falo aqui das desigualdades

regionais, mas piorando e aumentando as desigualdades intra-regionais.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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Tenho certeza de que outras denúncias seguirão a esta que foi feita ontem.

Basta que se levantem criteriosamente esses megaprojetos incentivados de

maneira concentrada e suas conclusões falarão forte ao ilustre Ministro Fernando

Bezerra, para que possa dar um basta nesse festival de orgias financeiras,

bancadas pelo contribuinte brasileiro, sob a farsa do desenvolvimento regional.

Bem que poderia e deveria ser este o princípio básico — desenvolvimento

regional. Mas não se vê isso.

Tão logo, Sr. Presidente, veja a menor vontade de parte da Superintendência

da SUDAM de promover as mudanças e as aplicações equânimes dos incentivos

fiscais para todos os Estados da Amazônia Legal, deixo de fazer essas críticas e

até passarei para o outro lado, a elogiar e a divulgar suas novas propostas.

Sou Deputado Federal, conseqüentemente, representante de um povo de um

Estado pobre e que precisa e tem vontade de crescer e de prosperar. E a minha

função nesse estágio de tempo, pelo cargo que desempenho, é buscar todos os

mecanismos que venham facilitar a vida das pessoas e promovê-las a nível

razoável de dignidade. O crédito e o incentivo fiscal, disponibilizado pelo Governo

Federal, com boas intenções na sua origem, não podem servir a alguns ou

privilegiar regiões.

Era o que tinha a dizer.

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A SRA. ALCIONE ATHAYDE (PPB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o setor pesqueiro do Rio de Janeiro vem

passando por sérias dificuldades.

Temos procurado levar às autoridades estaduais e federais as principais

reivindicações, procurando tornar o setor competitivo e capaz de oferecer melhores

preços para a população.

No dia 29 de outubro do ano passado, depois de algumas reuniões

preliminares com o Secretario de Agricultura, Abastecimento, Pesca e

Desenvolvimento do Interior, na ocasião o Dr. Luiz Rogério Gonçalves Magalhães,

compareci ao Palácio da Guanabara em companhia de representantes do Sindicato

dos Armadores de Pesca para discutir a questão da equalização do preço do óleo

diesel .

Sr. Presidente, com tantos registros negativos feitos neste plenário, faço um

positivo. O Governador Anthony Garotinho, como sempre preocupado em beneficiar

a população do meu Estado, assinou no último dia 4 de abril decreto isentando do

ICMS o óleo diesel destinado às embarcações de pesca nacionais.

Esse benefício permitirá que o setor passe a usufruir dos benefícios

previstos na Portaria nº 457, de 12 de novembro de 1997, e Decreto nº 2.303, de 14

de agosto de 1998, que aprovaram as normas de operacionalização da concessão,

pagamento e controle de incentivo que o Governo Federal oferece aos Estados que

reduzam ou isentam do ICMS o óleo diesel destinado às embarcações de pesca

nacionais.

A redução do preço do combustível para a embarcação implica significativa

redução no custo operacional, sendo o primeiro passo para a revitalização da

pesca no Rio de Janeiro.

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A próxima conquista deverá ser a implantação do Terminal Pesqueiro

Metropolitano do Rio de Janeiro. O local deverá ser dotado de cais para

acostagem, instalações de apoio aos barcos, áreas para comercialização do

pescado, de apetrechos de pesca e demais insumos relacionados. O Estado

ressente-se, desde o fechamento do terminal da Praça Quinze, de um local

centralizador de venda de peixe, o que prejudica principalmente o controle sanitário

do produto comercializado. O Governador instituiu, em janeiro, um grupo de

trabalho para apresentar estudos, avaliações e recomendações, inclusive do local

adequado à implantação do terminal.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, chamo a atenção para o fato de que

os pescadores ainda sofrem com o desastre ecológico ocasionado pelo vazamento

de óleo na Baía de Guanabara, que prejudicou inclusive a venda do peixe

oceânico, pela falta de informação à população sobre a qualidade do pescado

comercializado. Continuo aguardando resposta a meu requerimento de informação,

encaminhado ao Ministro de Minas e Energia, no qual questiono as providências da

PETROBRAS sobre o assunto.

A pesca é uma atividade que gera empregos a milhares de pessoas e cujo

produto permite uma alimentação saudável e nutritiva para a população. Devemos

apoiá-la!

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O SR. BEN-HUR FERREIRA (PT-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o fotógrafo Lula Marques, do jornal Folha de S.

Paulo , foi extremamente feliz no flagrante que colheu da repressão às

manifestações de protesto contra a mistificação oficial dos "500 anos".

Na foto de Lula Marques, índios envolvidos pela fumaça fogem das bombas

de gás enquanto Frederico Marés, ainda Presidente da FUNAI, ergue os braços na

direção dos policiais e grita em desespero.

A imagem desse Marés solidário e digno, junto aos índios agredidos pela

repressão do Governo FHC, é extremamente reveladora da grandeza do caráter

público desse homem que colocou toda sua indignação na defesa do direito

constitucional de ir e vir, do direito de manifestação e na dura crítica ao predomínio

de uma visão arbitrária e autoritária que orientou as ações de governo em Porto

Seguro.

"Imagem arranhada" é o eufemismo com que representantes do Governo

referem-se à divulgação em todo o mundo do fracasso das comemorações oficiais.

Os Ministros de FHC apressam-se a vir a público defender o indefensável. Querem

agora confundir a opinião pública, alegando demitir o servidor público que

renunciara ante o que classificou, apropriadamente, de "covarde agressão a uma

manifestação pacífica e ordenada."

A festa acabou, o barco não veio, encalhou. Nau Capitânia é agora nome de

gripe na Bahia. O povo diz que ela vai e volta. O povo debocha dos atos

tresloucados do Governo. O povo ri e os procuradores investigam os claros indícios

de mau uso do dinheiro público.

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Sr. Presidente, Carlos Marés vai permanecer como exemplo grandioso de

integridade que dignificou a defesa da causa indígena, com coragem e

responsabilidade.

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O SR. JOÃO MATOS (Bloco/PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Santa Catarina vive mais uma vez um impasse

que envolve o Sr. Governador Esperidião Amin. Sua indecisão e seu Governo

conservador estão trazendo prejuízos e vítimas fatais. Falo, Sr. Presidente, da

privatização ou não da BR-470, a nova Rodovia da Morte dos catarinenses ou

daqueles que trafegam nos seus 358,5 quilômetros e que serve de escoamento da

produção do oeste, bem como dos Municípios que integram o Alto e o Médio Vale

do Itajaí.

Amanhã, a partir das 9h, no Clube de Caça e Tiro Dias Velho, em Rio do Sul,

Santa Catarina, participo de seminário sobre a BR-470 e quero, desde já,

manifestar-me sobre o assunto.

Em abril de 1998, o Ministério dos Transportes e o Departamento de

Estradas de Rodagem assinaram convênio repassando a rodovia federal para o

Estado, que se encarregaria de privatizá-la. O processo de licitação foi

providenciado. Entretanto, parecer do Tribunal de Contas sugere a suspensão do

acordo devido a irregularidades. O parecer foi encaminhado para votação na

Assembléia Legislativa.

Segundo o Governador Amin, agora a decisão cabe à Assembléia e ao

Governo do Estado resta acatar o resultado da votação. O Governador Amin

comentou que esse contrato é coisa séria, porque envolve a transferência de bens

do Estado e a concessão de serviços públicos para a Ecovale por 24 anos. Por que,

então, Amin não tomou antes uma decisão sobre o assunto? Não fez e não faz isso

para lavar as mãos, como fez Pôncio Pilatos. Não quer se desgastar. Quer dividir o

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ônus com o PMDB, que é oposição ao seu Governo. Considero uma incompetência

do próprio Governador.

Acredito que os Parlamentares catarinenses do meu partido não vão entrar

nessa canoa furada. Se os Deputados entrarem no jogo do Governador e, por

exemplo, aprovarem o parecer do Tribunal de Contas do Estado, o contrato de

concessão da BR-470 fica suspenso e terão que tomar uma decisão sobre a

devolução ou não da rodovia ao Governo Federal. Caso contrário, devem ser

revistas as irregularidades destacadas pelo Tribunal de Contas. Como se vê, Amin

não quer enfrentar a situação sozinho. Quer compartilhar com o Legislativo. Na

prática, o Governo do Estado não quer assumir o ônus político dos cinco pedágios

previstos ao longo dos 358,5 quilômetros da BR, preferindo transferir a

responsabilidade para os Deputados.

Sei que meu partido tomará a melhor decisão nos próximos dias, não

entrando nesse jogo de empurra-empurra, liderado pelo Governador. Resta lembrar

que, por causa desse impasse, não foi possível garantirmos recursos do Orçamento

2000 porque a rodovia foi transferida do Governo Federal para o Estado. A

hipótese mais provável, segundo Paulo França, atual assessor do Deputado

Renato Vianna e que à época fazia parte do DER, dá conta de que concessão

ainda é a melhor saída para obter o investimento necessário à duplicação da

rodovia, estimado em cerca de R$45 milhões.

Por conta de tudo isso, multiplicam-se os acidentes em toda a extensão da

BR-470. Segundo o Jornal de Santa Catarina , pela primeira vez as estatísticas

oficiais da Polícia Rodoviária Federal apontam a BR-470 com o maior número de

mortes entre as rodovias federais do Estado, no mês de janeiro. Das 82 mortes

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ocorridas no período, 48 foram na BR-470, ou seja, 58,5%. O jornalista Liberato

Júnior, do Santa , destaca, ainda, que a BR-470, com 358,5 quilômetros, é a

terceira maior rodovia em extensão, perdendo para a BR-101, com 465,9

quilômetros, e a BR-282, com 653. Se a comparação levasse em consideração

esse detalhe, o número de acidentes e mortes por quilômetro hoje seria

praticamente igual nas duas rodovias.

Buracos, mato no acostamento e falta de sinalização são sinais de

abandono. A rodovia está praticamente sem manutenção. Há um ano, foi

transferida pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem ao Governo do

Estado, que deveria privatizá-la.

Venho acompanhando o desenrolar dessa novela, recheada de tragédias.

Conheço bem a BR-470, pois trafego nela quando vou para minha base eleitoral. A

BR-470 está estrangulada, esburacada e cada vez mais perigosa. Ela é sinuosa,

oferece poucos pontos para ultrapassagem livre e, com isso, os motoristas acabam

cometendo erros fatais. Segundo relatos de moradores que moram próximos a

BR-470 ao Jornal de Santa Catarina , são muitos os acidentes com vítimas fatais.

O mecânico de Ascurra, Rosalino Augustini, que mora há 36 anos nas margens da

BR-470, diz que já perdeu a conta de quantos acidentes testemunhou e quantas

vidas já ajudou a salvar. O mais trágico foi com um ônibus de romeiros que voltava

de Itajaí para Rio do Oeste. Foi no dia 16 de janeiro de 1994. O chassi do ônibus

que estava sendo carregado por um caminhão caiu sobre o ônibus que vinha no

sentido contrário e provocou a morte de dez pessoas e deixou mais de vinte feridos.

Os corpos das vítimas ficaram completamente mutilados. Outro agricultor calcula

que já salvou 250 pessoas entre Rodeio e Indaial, em dezesseis anos que mora na

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localidade de Rio Morto, no Km 82. Em acidentes sobre a ponte do Rio Morto, o

agricultor afirma que já morreram mais de cinqüenta pessoas nesse período.

E quem não se lembra dos dois acidentes com os ônibus argentinos, que

vitimaram dezenas de turistas? Será que teremos que conviver com outras

tragédias semelhantes? Não adiantam mais medidas paliativas para o caso da

BR-470. Obras como drenagem, recuperação de pontes, bueiros e acesso a

Municípios, melhorias de trevos, construção de novos acessos e modernização de

sinalização são obras prioritárias para minimizar o caos que foi instalado na região.

Num primeiro momento, defendo, ainda, a duplicação do trecho Gaspar-Indaial,

Agronômica-Lontras e o trecho urbano de Curitibanos.

A população já não agüenta mais. Parabenizo a iniciativa desencadeada

pelos veículos da Rede Brasil Sul — a RBS, no dia 19 de março, que lançou a

campanha "BR-470. Solução urgente, urgentíssima", que pede providências

imediatas para a rodovia. A campanha vem recebendo adesões diárias. A mais

recente vem do Presidente da Associação Comercial e Industrial de Rio do Sul,

Osni Luiz Sens, que mandou confeccionar 5 mil adesivos pedindo mais atenção

com a estrada. Nos dois trevos de acesso a Rio do Sul, os acidentes com vítimas

são praticamente diários. Sem falar nos acostamentos no trecho Indaial-Trombudo

Central, que estão em situação precária.

Sr. Governador, chega de jogar para a torcida. Chega do marketing barato.

Está na hora de começar a trabalhar e deixar de enganar o povo, de ser cúmplice

dos acidentes com vítimas fatais daquela que é uma das rodovias mais importantes

de Santa Catarina.

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Espero que ainda esta semana haja uma decisão sobre a BR-470. Só assim

diminuiremos o número de óbitos e minimizaremos a dor daquelas pessoas que

perderam parentes e amigos. Não vamos compactuar com a frieza do Governador,

com a falta de sensibilidade para com o desenvolvimento do Médio e Alto Vale.

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O SR. ALBÉRICO CORDEIRO (Bloco/PTB-AL. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:

A ponte sobre o Rio São Francisco, que divide os

Estados de Sergipe e Alagoas, já foi atração turística e está,

hoje, entregue ao abandono.

Com as cabeceiras esburacadas e sem iluminação, os

riscos de acidente são constantes, principalmente à noite,

quando há uma movimentação maior de carros e trens. A

escuridão também facilita a ação dos assaltantes contra as

pessoas que vão a pé para Porto Real do Colégio, do outro

lado da ponte, com 832 metros de comprimento.

A informação está na edição de domingo último do matutino Jornal da

Cidade, de Aracaju. Trata-se de importante reportagem do jornalista Ivaldo José

sobre responsabilidade do DNER para com diversas obras existentes em Sergipe e

cujo estado de conservação e manutenção está carente de recursos, decisões e

vontades políticas.

O caso da ponte entre Sergipe e Alagoas é, a meu ver, o mais grave. Essa

ponte não liga apenas dois Estados, mas as Regiões Sul e Nordeste e tem vital

importância para o País. Pela reportagem do Jornal da Cidade , essa ligação está

correndo risco. Corroída, desgastada, mal conservada, a ponte entre Propiá, em

Sergipe, e Porto Real do Colégio, em Alagoas, exige ação imediata, de emergência,

do Governo Federal, através do DNER.

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Para concluir, Sr. Presidente, gostaria de sugerir aos Governadores Ronaldo

Lessa e Albano Franco que façam, urgente, apelo ao Ministro dos Transportes

sobre a situação dessa ponte.

Quanto ao Jornal da Cidade , Srs. Deputados, trata-se de um diário sério,

veraz e transparente, cujos serviços são incalculáveis ao pequeno, mas vigoroso

Estado nordestino.

Muito obrigado, Sr. Presidente

Tenho dito.

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A SRA. MARINHA RAUPP (Bloco/PSDB-RO. Pronuncia o seguinte

discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Governo Federal, na última

semana, tomou importante decisão ao determinar, através de portaria, a

implantação de uma comissão no Ministério da Educação para a elaboração de um

projeto de lei, no prazo de sessenta dias, que será encaminhado ao Congresso

Nacional com o intuito de propor a criação de empregos públicos, sob o regime da

CLT, para suprir as necessidades da educação em nosso País.

No âmbito desse projeto constará a necessidade de criação de

aproximadamente 6 mil novos cargos para professores de universidades federais

para acabar com a prática de contratação de professores substitutos e suprir as

vagas deixadas pelos professores estatutários que se retiram do serviço público.

Com essa iniciativa, o Ministério da Educação estará acabando com um

problema que ocorre em várias universidades públicas federais de nosso País, pois

os professores substitutos, devido ao curto prazo dos contratos de trabalho, que

são de no máximo dois anos, não têm tempo para se dedicar e se aprofundar em

grandes projetos para as universidades.

Gostaria de aproveitar a oportunidade para tranqüilizar os estudantes da

Universidade Federal de Rondônia — UNIR, especialmente do campus de Cacoal,

que se encontrava sob a ameaça de paralisação das atividades dos cursos de

Administração, Ciências Contábeis e Direito, devido à falta de professores gerada

pelo fim dos contratos dos professores substitutos. Informo que o Ministério da

Educação, através da Secretaria de Ensino Superior, já realizou reunião com a

reitoria da Universidade e já foram definidas soluções para que as aulas possam ter

continuidade, por meio da prorrogação dos contratos dos professores substitutos

até que o projeto de lei do Governo seja encaminhado ao Congresso Nacional e

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aprovado, possibilitando que as vagas sejam preenchidas por professores que

serão contratados em caráter definitivo, que poderão dedicar-se com a devida

atenção aos trabalhos desenvolvidos na Universidade.

Parabenizo o Governo Federal e, em especial, o Ministério da Educação por

mais essa iniciativa em prol do ensino superior em nosso país, que tem

demonstrado um crescimento qualitativo que nunca antes fora visto, e peço aos

integrantes da comissão que irá elaborar o projeto de lei que tratem com atenção as

necessidades de preenchimento dos quadros de professores da Universidade

Federal de Rondônia — UNIR, que precisa de 160 cargos para o corpo docente ser

completado.

Quero também registrar o recebimento de ofício da Deputada Sueli Aragão,

do Estado de Rondônia, em que S.Exa. expõe o caos em que se encontra o

Campus de Cacoal, da Universidade Federal de Rondônia.

Sr. Presidente, peço que este pronunciamento seja divulgado nos órgãos de

comunicação da Casa e em A Voz do Brasil .

Muito obrigada.

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O SR. UDSON BANDEIRA (Bloco/PMDB-TO. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, infelizmente, trago novamente a

esta Casa mais uma denúncia de corrupção no Governo do Estado do Tocantins.

Há menos de uma semana, denunciávamos desta mesma tribuna fraudes na

Prefeitura de Palmas, nossa Capital, envolvendo toda a União do Tocantins, que é

liderada pelo Governador Siqueira Campos. Há duas semanas, criticamos a

decisão do mesmo Governador de efetivar a privatização da UNITINS, o que levou

os estudantes daquela universidade a entrar em greve em protesto contra a

implantação do ensino pago naquele centro do 3º grau.

Agora, Sr. Presidente, a Folha de S.Paulo desta terça-feira traz foto-legenda

na primeira página e manchete da página 12 com a impressionante denúncia:

"Obras beneficiam filho do governador", com a seguinte explicação para o título:

"Empresas de Siqueira Campos Júnior vendem granito mais caro para reformar

pisos da administração".

É isso aí, nobres colegas. Um jornal de fora do nosso Estado e que não é

oposição ao Chefe do Executivo do Tocantins acusa com todas as letras — abre

aspas: "O empresário José Wilson Siqueira Campos Júnior, filho mais velho do

governador de Tocantins, José Wilson Siqueira Campos, desfruta de uma parceria

privilegiada nos negócios" — fecha aspas.

Ora, o filho do Governador é dono de uma fábrica de placas de granito, a

Granitos Tocantins, e fornece as pedras colocadas nos pisos dos órgãos do

Governo do Estado que hoje passam por reformas, inclusive o Palácio do Araguaia,

sede do Governo Estadual.

Já não bastassem, Sras. e Srs. Deputados, os desmandos e péssima

atuação administrativa do Governador Siqueira Campos, a "familiocracia"

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implantada por ele como a posse de um outro seu filho, o Senador Eduardo

Siqueira, na Secretaria de Governo do Estado, com o estreito objetivo de influenciar

nas eleições municipais de outubro, e a ida da sua filha, Telma Siqueira Campos,

para o lugar do irmão, no Senado, e ainda as falcatruas de seus aliados na

Prefeitura de Palmas, vem a público agora essa verdadeira devassidão dos

recursos públicos, que é a venda de filho para pai, e isso com preços

superfaturados, de produtos pagos pelo cidadão do nosso Tocantins. Corrupção

maior não há!

E Júnior, como é conhecido José Wilson Siqueira Campos Júnior, não vende

o granito diretamente para o Governo do Estado. As compras do material são feitas

pela construtora responsável pelas obras — a empresa goiana Warre Engenharia,

que subcontratou várias firmas locais para a execução do serviço, inclusive a

Granitos Tocantins, de Júnior. A reforma compreende dez edifícios, construídos há

nove anos, que abrigam a burocracia estatal — o Palácio do Araguaia, onde está o

gabinete do Governador, e as Secretarias de Governo entraram em obras em 1998

para alguns ajustes e para a troca de material de acabamento.

É importante lembrar, Sr. Presidente, que todas essas modificações foram

decididas pelo Governador Siqueira Campos. Com que intenções, nobres

Deputados? A programação prevê a troca do piso de todos os prédios, antes

recobertos com granitina — um agregado de areia de granito e cimento polido, pelo

menos duas vezes mais barato. Duas vezes mais barato, diz reportagem da Folha

de S.Paulo ! E é de se desconfiar que um prédio com nove anos de uso já precise

mudar todo seu piso, Sr. Presidente! A falcatrua, a decomposição moral desse

Governo está muito clara para todos nós! É corrupção pura, não resta a menor

dúvida.

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E a falta de probidade administrativa continua nessa obra envolvendo o tal

do Júnior, o espertinho do Tocantins! Se não, vejamos: serão cerca de 26 mil

metros quadrados de piso a serem trocados, do tipo "floral palmas", a um custo de

R$58,50 o metro quadrado. Até o momento — informa a Folha de S.Paulo —, o

total da fatura está em mais de R$810 mil, mas se toda a obra contratada for

cumprida, Júnior terá embolsado pelo menos R$1,5 milhão. Que lucro exorbitante,

nobres colegas! Isso levando-se em consideração que o granito floral entregue no

canteiro de obras do Governo é 36% mais caro do que Júnior já chegou a negociar

no balcão.

A Folha informa que em orçamento feito em fevereiro, por telefone, o filho do

Governador Siqueira Campos comprometeu-se a entregar 5 mil metros quadrados

do mesmo granito em Brasília por R$43,00 o metro quadrado.

Estamos, sem dúvida, diante de um gravíssimo caso de corrupção e

favorecimento a pessoa no Tocantins e sua população exige uma investigação

independente o mais rapidamente possível.

Ah!, ia me esquecendo. O jornal denuncia ainda que no projeto de reforma

os arquitetos recomendam que o granito usado para os pisos seja originário do

Estado do Tocantins, onde esse tipo de material é facilmente encontrado. A Folha

questiona que a empresa do filho do Governador é a única que extrai e corta placas

de granito na região.

É preciso dizer mais contra o Governo Siqueira Campos? Sim, é preciso! Na

mesma página 12, o jornal paulista traz mais duas matérias sobre a atual

administração com os seguintes títulos: "Denúncias marcam governo" e "Parentes

têm mais benefício". Já é possível imaginar o que vem por aí!

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Na primeira, depois de ressaltar que Siqueira acumulou poder político em

três mandatos, lembra que em abril de 1998, candidato ao terceiro mandato, ele

mandou editar com dinheiro público uma cartilha em que era exaltado como

principal personagem da história do Estado. Os 200 mil exemplares foram

distribuídos nas escolas de ensino fundamental.

E as denúncias da Folha , com base em dados reais, continuam. O jornal

lembra que no lançamento da sua candidatura, o Governador repetiu o feito. Na

data houve uma festa popular para 30 mil pessoas, financiada pelo Tesouro

tocantinense. A propaganda era explícita: "Ônibus de graça, show , comida e

bebida para todos" .

Vejam bem, Sras. e Srs. Deputados, essas denúncias são feitas por um

órgão de imprensa isento, que não é oposição no Tocantins e não tem nenhum

interesse econômico no Estado.

Sr. Presidente, as denúncias do jornal não param, ao contrário do nosso

tempo nesta tribuna. As acusações contra o Governador dizem ainda respeito a

uma ação popular que tramita na 1ª Vara de Fazenda Pública de Palmas, que

aponta laços de família e amizade em outras operações do Governo de Tocantins,

a nomeação dos desembargadores do Tribunal de Justiça e do Tribunal de Constas

estadual, além de controlar oito dos onze Parlamentares da bancada, entre

Senadores e Deputados Federais, no Congresso Nacional. Siqueira Campos tem

também a maioria da Assembléia Legislativa e a quase totalidade dos Prefeitos do

Estado são seus aliados, inclusive o de Palmas, Manoel Odir Rocha, investigado

pelo Ministério Público. É importante lembrar ainda, como fez a Folha nessas

denúncias, que em 1998 apenas seis construtoras (Andrade Gutierrez, Odebrecht,

CBPO, CCM, Conterpav e Umuarama) doaram ao PFL, partido de Siqueira, R$7,8

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milhões, 99% do caixa oficial do partido no Estado. Por todas essas informações,

pedimos que a página 12 do primeiro caderno da Folha de S. Paulo , dessa

terça-feira, 25 de abril, seja incluída nos Anais desta Casa.

Sr. Presidente, Srs Deputados, convivemos no Tocantins com um vice-rei

que, bem pior que nos reinos antigos, presta contas somente a si mesmo. Podemos

classificá-lo, sem dúvida alguma, como um déspota, um tirano ligado à corrupção!

Diante de gravíssimos fatos, Sr. Presidente, não podemos nos omitir e deixar

o cidadão do nosso Estado desamparado. A administração de Siqueira Campos há

muito já exige, e agora mais ainda, uma investigação profunda, um basta no

autoritarismo do Governador, um fim nas fraudes, uma devassa mesmo no aparelho

estatal dominado pelo rei déspota que oprime o Tocantins. É urgente que o

Ministério Público Federal no Estado tome para si a responsabilidade de apurar as

seriíssimas acusações tornadas públicas. E caberia também à Assembléia

Legislativa do Tocantins, que mesmo tendo como maioria os partidários do

Governador, tomar a iniciativa de aprovar uma CPI para investigar as denúncias

contra o Chefe do Poder Executivo.

Sr. Presidente, com pesar, solicito a V.Exa. que este pronunciamento seja

divulgado no programa A Voz do Brasil.

Era o que tinha a dizer.

MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR

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Inserir reportagem da Folha de S.Paulo sobre superfaturamento nos preços degranito fornecido ao Estado do Tocantins por empresa de propriedade

do filho do Governador Siqueira Campos.

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O SR. JOSÉ CARLOS ELIAS (Bloco/PTB-ES. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, numa extensa matéria

recentemente publicada no jornal A Gazeta , foi levado ao conhecimento público

projeto da Companhia Vale do Rio Doce na Reserva Florestal de Linhares.

O Município de Linhares, em função dessa reserva, é hoje o maior centro de

reprodução do País, produzindo 45 milhões de mudas de mais de 800 espécies

raras de plantas da Mata Atlântica.

Há mais de quarenta anos, a Vale do Rio Doce cuida dessa reserva florestal,

fazendo com que ocupe 40% da mata primitiva existente no Espírito Santo.

Num momento em que a degradação ambiental no País atinge índices

alarmantes, projetos como o promovido pela Companhia Vale do Rio Doce

merecem destaque, considerando que a Mata Atlântica tem sido a grande vítima do

desmatamento e da ocupação predatória de suas áreas.

Mesmo sendo o Brasil detentor de 12% do potencial hídrico da Terra, a

desertificação é uma grande ameaça. No Espírito Santo, a ameaça é de 15%.

Considerada a mais rica geneticamente em biodiversidade e ecossistema, a

Mata Atlântica do norte do Estado tem sido salva graças a iniciativas como essa da

Companhia Vale do Rio Doce, que vem garantindo a água, evitando erosão,

recuperando áreas e, principalmente, produzindo sementes.

Em viveiros da empresa têm sido reproduzidas mudas de raras plantas

nativas usadas pelos proprietários rurais na recuperação das áreas desmatadas,

comercializadas pelas Prefeituras para urbanizar as cidades.

No Espírito Santo, devido à troca da cultura do cacau, que se utiliza da Mata,

pelo café, a ameaça tem sido maior.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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Por tudo isso, Sras. e Srs. Deputados, parabenizo a Companhia Vale do Rio

Doce por essa política ambiental na preservação do meio ambiente capixaba, que

vem atraindo pesquisadores estrangeiros e formando nas comunidades rurais uma

nova mentalidade de preservação. Que isso seja exemplo para outros grupos

empresariais brasileiros.

Muito obrigado.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. NELSON MARQUEZELLI (Bloco/PTB-SP. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho hoje à tribuna, como

porta-voz dos produtores leiteiros deste País, fazer apelo às autoridades do

Governo Federal para um problema sério e que exige ações imediatas para sua

eliminação definitiva, ou as novas gerações e a história nos creditarão a culpa por

não tomarmos as medidas necessárias.

O Brasil é um dos poucos países com condições climáticas e área disponível

para a prática da pecuária de leite com custos competitivos. Os produtores

brasileiros já tomaram a iniciativa e, em parceria com o Ministério da Agricultura,

elaboraram novas e modernas normas de produção, que certamente abrirão o

caminho para a geração de novos empregos de excedentes para exportação.

Entretanto, existem obstáculos, sendo um deles a comercialização de leite

clandestino. Por não tomarmos nenhuma iniciativa na última década, o leite

clandestino cresceu três vezes mais.

Se permanecermos sem tomar nenhuma iniciativa, daqui a alguns anos o

Brasil será o maior produtor de leite clandestino do mundo. Hoje sua produção

soma 10 bilhões de litros/ano, correspondendo à metade do volume brasileiro e

equivalente à produção da Argentina.

Não faltam apelos em nenhuma área do Governo. Para a saúde pública

constitui-se em sério e constante perigo, pela possibilidade de ser um foco

transmissor de zoonoses. Na agricultura, o leite clandestino desafia a lei de

inspeção de produtos de origem animal. No comércio exterior poderia apresentar

expressiva contribuição através da entrada de divisas decorrentes da exportação

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de excedentes. Para os produtores de leite é um concorrente desleal e um

obstáculo à profissionalização.

Se não bastassem esses motivos para urna tomada de decisão, nas finanças

internas, conforme estudos de especialistas em economia leiteira, há uma evasão

fiscal perto de 1,2 bilhão de reais.

Portanto, Sr. Presidente e nobres colegas, a situação que acabo de relatar

exige uma atitude enérgica e urgente por parte dos órgãos competentes do

Governo, no sentido de utilizarem os instrumentos legais para coibir a

comercialização do leite clandestino.

Deve também o Governo esclarecer a população brasileira sobre os riscos

em que estará incorrendo no caso de consumir um produto que não sofre nenhum

tipo de inspeção.

Muito obrigado.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. LUIZ BITTENCOURT (Bloco/PMDB-GO. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na última semana, o eminente

Senador Iris Rezende, ocupando a tribuna da Câmara Alta do Congresso Nacional,

fez uma denúncia da maior gravidade ao se referir a que “os europeus estariam

querendo desempregar 200 mil trabalhadores em Goiás, cujo erário estadual

perderia 49 milhões de reais por ano". Falava o ilustre Parlamentar sobre a

existência de uma articulação para banir o uso do amianto goiano do País e

declarava que estudos nesse sentido encontram-se em fase adiantada no Conselho

Nacional do Meio Ambiente. Dizia também que, por trás da medida, há ação de

multinacionais, que desenvolvem a tecnologia dos produtos sintéticos, interessadas

no domínio do mercado brasileiro.

O preclaro representante de Goiás no Senado Federal, ex-Governador do

meu Estado, salientou em seu pronunciamento que o fim da exploração do amianto

levaria 200 mil pessoas ao desemprego e, conforme cálculos de técnicos, Goiás

sofreria um prejuízo de 49 milhões em impostos, taxas, royalties e encargos

sociais. Essa mina de amianto localiza-se no Município de Minaçu, um dos mais

prósperos e mais desenvolvidos do meu Estado, e é considerada uma das

melhores do mundo em produção e qualidade. Daí, sem dúvida, o interesse dos

europeus em assumir seu definitivo controle.

Alerta o honrado Senador Iris Rezende para o fato de que Goiás teria uma

redução drástica nos níveis de arrecadação do ICMS e do IPI, ficaria sem o

pagamento da compensação financeira decorrente da exploração de recursos

minerais e, em conseqüência, o Tesouro seria inapelavelmente atingido na sua

receita. Mais ainda: a Sama, empresa que explora o mineral na execução da lavra,

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gasta 15 milhões de reais na compra de suprimentos no Brasil e despende outros 4

milhões de reais com serviços prestados por empreendedores regionais. “Quem vai

arcar com tamanhos prejuízos à Nação?” — pergunta o líder goiano.

Na denúncia, está esclarecido que o Município de Minaçu, onde se situam as

minas de amianto, perderia totalmente sua independência econômica. “Estamos

assistindo a uma ação nefasta dos grandes conglomerados internacionais”, afirma o

respeitável Senador Iris Rezende, acrescentando que esses grupos buscam

ampliar seu domínio na economia brasileira sob o disfarce da consciência

ambiental. É que, para banir o amianto do País, o Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA) alegaria supostos danos à saúde humana, argumento que, de

fato, é absolutamente improcedente.

O diligente Senador Iris Rezende informa que estudos realizados por

instituições científicas credenciadas comprovam que o amianto crisolita de Goiás

não é contaminado por anfibólios, responsáveis por ocorrência de alterações

pulmonares nos trabalhadores e que, no Brasil, além de não haver mina desse

mineral, o seu uso é proibido por lei. Assim, eventuais doenças associadas ao uso

do amianto crisolita não contaminado no Brasil são de origem claramente

ocupacional, similares aos casos registrados em decorrência da manipulação de

materiais que liberam poeira sólida sem os devidos cuidados, tais como materiais

plásticos, cerâmicas e mármores, produtos esses que não estão sendo objeto de

campanha contra o seu uso.

Reproduzo aqui, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quase que

literalmente os termos da denúncia que o Senador Iris Rezende fez da tribuna do

Senado da República. Convém acentuar que o amianto crisolita continua sendo

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matéria-prima essencial para a consecução de milhares de produtos, sendo os mais

conhecidos no País a caixa d’água e a telha. O Brasil contribui com 9% da

produção mundial, estimada em 2 milhões de toneladas anuais. A empresa Sama,

de Minaçu, é a única produtora nacional e atingiu, no ano passado, a marca de 180

mil toneladas de fibras. A estratégia de banir o amianto busca reservar o mercado

brasileiro à matéria-prima e tecnologia estrangeiras, lembrando, a propósito, que o

Senado Federal já discutiu exaustivamente o assunto e aprovou o uso do amianto

por intermédio da Lei nº 9.055, de 1955, em pleno vigor.

Está claro que a ambição de grupos econômicos do exterior, no sentido de

assumir a exploração do amianto de Goiás, é criminosamente lesiva aos interesses

nacionais, gera a insegurança social e intranqüiliza os que se dedicam à

exploração de nossos recursos minerais, empresários brasileiros da mais alta

categoria e competência profissional. A Sama, por exemplo, foi pioneira na

obtenção do certificado de qualidade dos serviços, que atesta, com justo louvor, a

excelência de suas operações, a segurança do trabalhador e o equilíbrio do meio

ambiente. Trata-se, como está patente, de uma articulação que contraria as mais

legítimas aspirações do povo goiano e, evidentemente, os do próprio País, que já

luta heroicamente para ter o direito de livremente desfrutar de sua potencialidade

econômica, sobretudo no que diz respeito à exploração das suas riquezas de solo e

subsolo.

Junto minha voz de apoio e de solidariedade à defesa que o íntegro Senador

Iris Rezende faz do amianto goiano, que está sendo ameaçado de passar ao

controle de grupos europeus, constituindo uma ameaça à tranqüilidade social,

econômica e financeira do meu Estado. Antes de se consumar a transação, já

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anunciam que 200 mil trabalhadores ficariam desempregados e 49 milhões de reais

deixariam de ser arrecadados anualmente pelo Tesouro. Também faço apelo ao

Conselho Nacional do Meio Ambiente, órgão do Ministério do Meio Ambiente, para

que melhor estude a relevante questão, investigue o que há nos bastidores do

surpreendente negócio e atenda o que ao Governo pede o povo de Goiás,

ameaçado de ver uma de suas fontes de riqueza mineral passar às mãos de grupos

estrangeiros.

Outro assunto, Sr. Presidente.

Repercutiram no mundo os insucessos das comemorações dos 500 anos de

descoberta do Brasil pelos portugueses, que serviram de palco para atos de

violência contra grupos minoritários e excluídos sociais de nosso País. Cinco

séculos de nossa existência, a partir de quando os portugueses aqui encontraram

três mil etnias indígenas, somando algo entre 3 milhões e 5 milhões de pessoas,

habitantes nativos da terra, não mereceram uma celebração marcada por

sentimentos de respeito à tradição e à dignidade de nossos antepassados. Na

verdade, brancos, pretos e amarelos somos brasileiros, que agora estamos

marcando na história talvez o massacre e a destruição cultural de que deveríamos

ser legítimos herdeiros.

O que se tem lido, nos jornais brasileiros e nos do exterior, é que houve no

registro oficial do palco armado em Porto Seguro um espetáculo de agressividade

contra os índios, os negros e outras categorias da população que vivem à margem

da sociedade. Os nossos indígenas reivindicam o direito de protestar, falam de

liberdade, reclamam o reconhecimento de sua verdadeira identidade, exigem

respeito à vida de suas comunidades, mas nem mesmo assim, com essa postura,

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têm merecido o devido e necessário atendimento do Governo. Comemorou-se na

Bahia, com a presença do Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado do

Vaticano, a primeira missa realizada em terra de Santa Cruz, por Frei Henrique de

Coimbra, e então, mais uma vez, se falou em dignidade humana, em concórdia e

em conciliação universal. Todavia, o grito dos silvícolas não foi ouvido com atenção

e naturalidade, eis que o seu clamor caiu no olvido de sempre, no esquecimento e

na desatenção das autoridades.

Os 500 anos do Brasil estão servindo para mostrar ao mundo a miséria, o

desemprego, os milhões de pobres excluídos e condenados ao sofrimento imposto

por uma maldita política econômica neoliberal. O País possui a pior distribuição de

renda do planeta, o mais baixo salário mínimo, suas riquezas estão entregues aos

interesses internacionais e ainda vive no século XXI pagando o elevado preço de

300 anos de atraso. Infelizmente, ainda existem aqui capitanias hereditárias, os

latifúndios improdutivos proliferam, há situações injustas que proporcionam a

marginalidade de servidores públicos, principalmente idosos aposentados, vítimas

de vergonhosos confiscos. Lamentavelmente, o que mais prosperou no Brasil, nos

cinco séculos de sua existência , a corrupção, que sempre o castigou no período

colonial, no Império e nesses 111 anos de República. Os índios, a Mata Atlântica e

a fauna estão sendo gradativamente dizimados, a violência, a injustiça social e as

desigualdades colorem esse quadro de tristeza e de abandono de nossa história

contemporânea.

Até a Igreja Católica censura, critica e condena o que se vê hoje no Brasil.

Recentemente, em ato ecumênico realizado em Goiânia, o Arcebispo D. Antônio

Ribeiro de Oliveira denunciou a existência de dois Brasis: o Brasil da opulência

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incontida dos grandes e o Brasil da classe média oprimida, dos trabalhadores cada

vez mais empobrecidos, dos desempregados, da imensa porção de pessoas

excluídas. Ele exorcizou o sistema neoliberal escolhido como caminho do

enriquecimento ilícito de poucos e empobrecimento de muitos, acentuando também

que essa concepção de vida política é responsável pelos graves pecados sociais —

a prostituição infantil, o narcotráfico, o desemprego, o abandono do menor, a

miséria, a fome e a violência — que “bradam aos céus”. O prelado cobrou com

veemência uma ação mais eficaz do Poder Público e investimentos concretos para

resolver o problema da população socialmente marginalizada, promovendo-se

iniciativas que respondam às necessidades dos excluídos.

O Arcebispo de Goiânia pediu, ainda, o equilíbrio como requisito

fundamental para que a população retome a confiança nos três Poderes da

República, em seguida afirmando que “é preciso que a lei neste País se torne vida,

e vida para os pobres, pois do contrário teremos de dizer que o Brasil abdicou de

sua gente, o Brasil condenou os seus filhos à morte”. Isso explica que a política do

neoliberalismo que se implantou aqui não satisfaz as exigências nem econômicas

nem sociais do País. O Governo está indiferente ao sofrimento do povo brasileiro,

concede um salário mínimo ao trabalhador que é insuficiente para sua mantença e

a de sua família, persegue o pessoal do serviço público, massacra o aposentado e

os idosos da Previdência, adota um regime de constante desamor aos oprimidos,

aos humilhados e aos ofendidos, enfim, descumpre o que prometeu ao longo do

seu mandato. Infelizmente, repito, estamos vivendo 500 anos de rebeldia, de

injustiça social, de discriminação, de corrupção, de miséria e de calamidade. Contra

esse lastimável estado de coisas, a Igreja Católica segue sua voz de protesto e

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seus pastores exortam os fiéis a que cumpram os mandamentos cristãos e sigam a

palavra do Evangelho.

De modo lastimável, é nesse clima de perplexidade que os cinco séculos de

Brasil foram lembrados e os acontecimentos de Porto Seguro marcaram como estão

sendo discriminados os índios, os negros e outros grupos de excluídos. O que se

comemorou não foi a chegada do Almirante Cabral à Terra de Santa Cruz, mas a

dignidade humana violada, o desrespeito à história e à tradição de nosso povo. Os

erros cometidos, os equívocos assinalados, o fracasso do programa oficial, tudo

isso serviu para que o mundo todo registrasse que, no Brasil de hoje, mártires,

vítimas da violência e injustiça, não merecem o tratamento que lhes deve o

Governo em reconhecimento ao passado da Nação.

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O SR. JOÃO HERRMANN NETO (PPS-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quando a polícia ianque reprimiu com

brutalidade a greve dos operários de Chicago, provocando a morte de dezenas

deles, era o dia 1° de maio. Daí então, pelo mundo afora, os trabalhadores foram

exigindo de seus governos que essa data ficasse gravada no calendário oficial

como Dia Internacional do Trabalho, para que, internacionalmente, pudéssemos

comemorar a vitória, ainda que parcial, sobre as elites parasitárias do capital. Não

por acaso, aliás, essas mesmas elites reagiram à proposta. Assim que, lá nos

Estados Unidos, a comemoração se dá em 1° de setembro.

Não importa. A característica maior de um sindicalismo autêntico e autônomo

está em seu completo desatrelamento do poder do Estado, para que ali possamos

influir com independência e coerência.

Mas comemorar exatamente o quê? O desemprego é hoje o de maior índice

em nossa história. A globalização se transformou numa espécie de ampla mistura

de todos os frangos para que, na divisão — se houver — os pobres ainda comam

menos. Traçam-se políticas de exportação, despreocupados com a utilização das

potencialidades evidentes de nosso mercado Interno. Vende-se a soberania

nacional a troco da presença, em nosso Sistema Financeiro, de capitais voláteis

que aqui vêm a exigir, ou, melhor dizendo, a impor suas vontades, uma vontade

que se traduz num grito pantagruélico: quero mais!

O Governo submete-se a isso de forma pífia. Mas, cheio de empáfia, anuncia

resultados que, na realidade facilmente observável — porque é a que nos rodeia

—, não encontramos. A ele importou, desde sempre, o poder, ainda que esse poder

se vá esfacelando no dia-a-dia dos embates políticos em que S.Exa., o Presidente

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da República, é o constante perdedor. As pesquisas de opinião estão aí mesmo

para comprovar o que digo.

Cabe-nos, no entanto, mesmo que só por caridade, fazer lembrar ao

intelectual que ele ainda é — as palavras da advertência do "Velho do Restelo" —

quem, vendo zarpar a frota de Vasco da Gama, as velas impando de ventos e de

cobiças, gritou: "Ó glória de mandar, ó vã cobiça/ Dessa vaidade a que chamamos

fama"!

Mas o dia é do homem que trabalha e, portanto, voltemos a ele. Comemorar

é sinônimo de celebrar. E temos o que celebrar. Juntos, num passado até que

recente, foram os trabalhadores que iniciaram o processo de rejeição à ditadura de

forma a mais efetiva. O companheiro José Ibrahim liderou as primeira greves em

Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. Pouco depois, os metalúrgicos

do ABC, sob a direção de Lula, foram forçando o afrouxamento das medidas

repressivas, impondo as primeiras derrotas à ditadura militar. Foram dias de

angústia, mas não de desespero. A sociedade civil, em seu conjunto, despertou

reanimou, buscando, por intermédio de suas instituições mais representativas, a

Igreja, a OAB, a ABI, entre outras, insistir junto aos generais de plantão que era

hora de pedir o boné e entregar o poder ao povo. O que, de alguma forma, ocorreu.

Estão, os trabalhadores, umbilicalmente ligados à luta pela

institucionalização da democracia. E nem poderia ser diferente. Porque sabem que

qualquer atentado à ordem democrática resulta, de imediato, no fechamento dos

sindicatos, em arrocho salarial, na prisão e morte de seus líderes, na forma como

vimos recentemente em nossa terra.

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Esta celebração, no entanto, deve ter outro significado. Porque é necessário

que a cada 1° de maio, qualquer que seja o cenário em que ocorra a data — e o

nosso, convenhamos, é dos mais sombrios — qualquer que seja a situação, este

deve ser o instante de renovarmos nossos compromissos de luta por melhores

condições de vida para o homem do trabalho, que é quem, afinal, produz toda a

riqueza da Nação. Mas não se luta mais por salário que vá beneficiar esta ou

aquele grupamento, até porque o mundo dos não assalariados, embora

trabalhadores, vai tomando vulto e começa a colocar, na mesa de debate, suas

naturais reivindicações.

É o instante ainda de alterar as forças vivas de nossa sociedade, o processo

implícito na ação governamental de fazer de nossa soberania apenas um

dispositivo constitucional e, não, uma realidade concreta e dinâmica. Assim, não se

pode estar na condição de quem meramente pede, nem de quem

impertinentemente impõe. Temos por obrigação comprovar que o empobrecimento

de nossa gente é o empobrecimento de toda uma Nação, da sua história e, mais

ainda, de seu futuro, com o que o povo trabalhador não pode concordar.

Vamos, pois celebrar, ombro a ombro, o renascer em todos nós dessas

certezas simples, que surgem no coração de cada um de nós como uma

chamazinha muito pequena, mas que é com ela que iremos iluminar e aquecer

todos os nossos grandes sonhos, nossas grandes esperanças. Estamos, assim,

celebrando o compromisso de não permitir que essa chama se extinga.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. FERNANDO GONÇALVES (Bloco/PTB-RJ. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estou apresentando à Casa

projeto de lei que concede isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados —

IPI na aquisição de veículos para transporte de passageiros feita por

cooperativados de cooperativas de transporte escolar.

A proposição compreende vários objetivos. Em primeiro lugar, visa atender a

uma crescente necessidade de transporte de alunos nas médias e grandes cidades,

especialmente crianças, em veículos confortáveis, com segurança e a custos

acessíveis.

Nos centros urbanos de maior movimento, crescem as dificuldades para que

crianças se dirijam a creches, jardins de infância e escolas de 1º grau, levadas

pelos pais ou responsáveis, ou mesmo sozinhas, nos casos de crianças um pouco

maiores, em face dos congestionamentos no trânsito e da impossibilidade, para a

maioria dos pais, de fazerem os necessários deslocamentos, em vista dos seus

compromissos profissionais. Daí a necessidade de recorrerem ao uso do chamado

transporte escolar, cujo custo se eleva à medida em que se exigem as condições de

veículo mais novo, confortável e seguro.

Por outro lado, Sr. Presidente, o estímulo à prestação desse serviço sob

condições bastante adequadas traz benefícios mais amplos, porque, além de

garantir postos de emprego, reduz a quantidade de automóveis particulares nos

horários de movimentos mais crítico, facilitando o fluxo do trânsito e, com isso,

melhorando a qualidade desse item de grande significação no cotidiano da

população das cidades de médio e maior porte.

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É importante que o referido serviço e o respectivo incentivo sigam regras e

exigências em cooperativas, de modo que se preservem as condições e os reais

objetivos do setor, impedindo-se a ocorrência de distorções.

Por isso, o projeto que ora apresento impõe o preenchimento de vários

requisitos, pelos interessados, visando à concessão do benefício fiscal. Por

exemplo: a isenção do IPI na aquisição de veículo poderá ocorrer uma única vez

por integrante de cooperativa de transporte escolar. Em outro dispositivo, o projeto

exige que, no caso de "alienação do veículo adquirido nos termos desta lei, antes

de três anos contados da data de sua aquisição, as pessoas que não satisfaçam as

condições estabelecidas para o benefício fiscal, acarretará o pagamento, pelo

alienante, do tributo dispensado e dos acréscimos legais e penalidades, previstos

na legislação tributária”.

Devo registrar que minha iniciativa é fruto de proposta e sugestão

apresentadas pela Cooperativa de Transporte Escolar e Turismo de Nova Iguaçu,

entidade à qual rendo minhas homenagens, na pessoa do seu presidente, Salvador

Moreira Renovato, e de todos os seus integrantes, pelos relevantes serviços

prestados à comunidade.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. ALOÍZIO SANTOS (Bloco/PSDB-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estou hoje nesta tribuna para divulgar a

situação dos cafeicultores de meu Estado, que estão na expectativa do início da

colheita da supersafra 2000. Com base nisso, os produtores de café do Espírito

Santo deverão tomar R$40 milhões (do total de R$150 milhões para o País inteiro),

visando a financiar a colheita dessa supersafra. Esta é a estimativa do Banco

Brasil, anunciada pelo seu superintendente em meu Estado, Dr. Amauri Niehues.

Isso significa um quadro de demanda muito mais forte que o visto no ano

passado, quando o Banco do Brasil liberou apenas R$8,5 milhões para o Espírito

Santo, do montante de R$250 milhões disponíveis no País.

A diferença é atribuída ao preço do dinheiro do FUNCAFÉ para a colheita.

Em 1999 as taxas eram muito altas, algo do tipo: juros sobre juros superaram os

17% ao ano. Isso deve ter assustado o produtor. Já neste ano, com inflação muito

menor que a do ano passado, o financiamento ficou mais barato: taxa fixa de 9,5%

ao ano. Aliás, a prefixação de taxa representa uma aposta do Governo no declínio

da inflação.

O Banco do Brasil só terá de volta esse empréstimo em 90 dias após iniciada

a colheita do café. A safra recorde do Espírito Santo, calculada em torno de 7

milhões de sacas, certamente será fator de pressão de demanda por financiamento.

No ano passado, cerca de mil produtores capixabas tomaram crédito para a

colheita, numa média de R$10 mil por mutuário. Para este ano, é esperada uma

clientela que se aproximará de 4 mil tomadores.

Desde o dia 1º deste mês o Banco do Brasil vem utilizando recursos próprios

para financiar a colheita de café no Espírito Santo. Foram fechadas 250 operações,

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totalizando R$4,5 milhões. A intenção foi não deixar vácuo entre o recebimento das

primeiras propostas de empréstimo e a data em que o dinheiro do FUNCAFÉ seria

autorizado pelo Conselho Monetário Nacional. Ao fazer os adiantamentos, o Banco

do Brasil cobrou taxa fixa de 8,75%, portanto mais baixa que os 9,5% fixados pelo

CMN.

Mas é claro que a diferença vai ser descontada. O crédito à colheita

representa uma oportunidade para o cafeicultor administrar bem a venda de sua

safra — que é muito grande, principalmente a de conilon. Administrar, no caso,

significa acertar na dosagem da oferta. O dinheiro chega num momento de retração

de vendas. Há pouca quantidade de negócios, há discrepância dos preços — muito

elevados no mercado interno e deprimidos no exterior, fartamente abastecido pelos

países concorrentes do Brasil. E é muito pouco provável que eles venham a fazer

retenção. É lógico que esse quadro dificulta os embarques, devendo levar o

produtor a refletir no modo de administrar os estoques, que começarão a ser

formados agora.

É importante ressaltar que a indústria observa atentamente a dança das

variáveis, gerando assim dificuldades para o cafeicultor vender sua safra a um

preço satisfatório. E o que desejo é sucesso aos produtores, porque, no mercado,

sucesso nunca é pouco.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputado, quero falar também do problema que

a região metropolitana do meu Estado vem enfrentado. É sobre a área conurbada

da telefonia, que vem tirando o sono dos moradores da Grande Vitória, no Estado

do Espírito Santo. É inconcebível que uma portaria ministerial baixada há 14 anos

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ainda hoje constitua-se fator de perturbação para uma grande massa de

consumidores. Pois é isto que está acontecendo com a telefonia.

Trata-se da chamada área conurbada, um engenho embutido na Portaria nº

3, de janeiro de 1986, do Ministério das Comunicações. Por causa dessa invenção,

hoje os habitantes da Grande Vitória (que concentra 70% dos 3 milhões de

habitantes do Estado) pagam interurbanos, em ligações de um bairro para outro.

A realidade era profundamente diferente da atual, em janeiro de 1986. Nem o

cruzado havia nascido. A inflação acumulada no ano era de 238,36%. O Estado

controlava compulsoriamente os preços. Fazia tabelas e a SUNAB fiscalizava.

Havia o CIP — Conselho Interministerial de Preços. A ORTN (a Cr$ 93.000,00)

regulava o fluxo da liquidez financeira. A telefonia era estatal. Vivia-se o período da

substituição de importações; a economia era fechada à concorrência externa.

Portanto, a época em que foi criada a área conurbada nada tem a ver com a de

hoje. Vitória ainda era, literalmente, uma ilha, pois a Terceira Ponte só foi

inaugurada em agosto de 1989. O complemento da Segunda Ponte só saiu em

novembro de 1986.

Ademais, a área conurbada produz prejuízo social. A diferença tarifária de

213,79% é excludente, porque torna o telefone inacessível às camadas da

população de baixa renda. É um absurdo que uma ligação da Barra do Jucu para

Araçás, a uma distância de dois quilômetros, tenha preço triplicado. Essa oneração

dos custos pesa fortemente sobre as micro e pequenas empresas. Grande número

delas tem sua operacionalidade dependente da comunicação por telefone.

O fim da área telefônica conurbada é uma questão que só depende de boa

vontade. O absurdo criado na redação de uma portaria pode ser anulado pela

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redação de uma outra portaria. Não existe lei que garanta a sua sustentação. Lei

existe é para contestar a cobrança de interurbano dentro de uma mesma cidade.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputado, desejo abordar mais um assunto. É

cada vez mais comum encontrarmos nos jornais e revistas palavras que antes só

existiam nos livros ou no linguajar de técnicos e pesquisadores. Mitilicultura,

ostreicultura, pectinicultura, carcinicultura já fazem parte hoje da cultuar e da vida

de produtores rurais, pescadores e marisqueiros, pois, por trás destas, existem

melhoria de qualidade de vida, emprego e renda, perspectivas para tempos

melhores.

A aqüicultura, definida pelo IBAMA como a criação ou cultivo de organismos

que têm na água seu normal ou mais freqüente meio de vida é, de acordo com o

Ministério da Agricultura, um dos agronegócios que mais crescem no mundo. Nesta

enorme oportunidade de negócios inclui-se a criação de peixes e camarões

marinhos e de água doce, rãs, mexilhões (sururu), ostras, coquilhas e algas

marinhas, alimentos de alto valor nutritivo. Os maiores produtores aqüícolas

mundiais são a China, Espanha, Coréia do Sul, Estados Unidos, Japão, França,

Indonésia. Pode-se dizer que, com raras exceções, a aqüicultura é mais

desenvolvida nos países desenvolvidos, demonstrando claramente que os ricos

descobriram primeiro que produzir é mais seguro e economicamente mais viável

que capturar; gera mais emprego, renda, mais divisas, mais impostos.

Em termos de política nacional, o Brasil parece ter despertado para o

negócio da aqüicultura quando transferiu o fomento da atividade do Ministério do

Meio Ambiente para o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, criando neste o

Departamento de Pesca e Aqüicultura, bem como seus mecanismos de incentivo à

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produção e comercialização, enfocando todos os elos da cadeia produtiva. Como

um dos primeiros produtos deste novo momento, podemos citar o Programa de

Pólos Aqüícolas e implantação das Câmaras Setoriais dos Pólos de Aqüicultura —

a do Espírito Santo foi instalada em dezembro de 1998. Ao IBAMA e aos órgãos

ambientais na esfera estadual cabe a importante missão de controlar o uso dos

recursos naturais (bancos naturais de mariscos), fiscalizar e orientar a atividade

para a sustentabilidade ambiental — produzir para nunca faltar com respeito ao

meio ambiente, à natureza.

Se analisarmos as estatísticas pesqueiras mundiais — dados fornecidos pela

FAO, 1996, no período de 1985 a 1995 — vamos observar que, enquanto a

aqüicultura pulou de 7 para 21 milhões de toneladas métricas, a produção de

pescado oriundo de captura (extrativismo mantém-se inalterado; algo em torno das

90 milhões de toneladas anuais no mesmo período). A produção aqüícola nacional

cresceu acima da média mundial e hoje estima-se que esteja em torno das 60 mil

toneladas/ano. Por outro lado, a pesca extrativista, mantendo-se estável nos

últimos anos, vem apresentando sinais de declínio em face de fatores diversos,

como: sucateamento da frota pesqueira nacional, sobre pesca, sobre os sítios

pesqueiros conhecidos, destruição dos ecossistemas costeiros, falta de pesquisas

sobre o período de defeso e migração dos peixes, descumprimentos das leis de

proteção aos períodos de defeso de algumas espécies, entre outros.

No Espírito Santo, a aqüicultura tem recebido apoio de instituições diversas

que vêem nesta atividade um mercado de grandes proporções.

O Governo do Estado, através das Secretarias de Agricultura (SEAG) e Meio

Ambiente (SEAMA), BANDES, GERES e ADERES, as Prefeituras, a Federação da

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Agricultura (FAES), PETROBRAS, UFES e o SEBRAE/ES têm incentivado a

aqüicultura em diversos Municípios capixabas. O SEBRAE/ES, que tem sido um

dos principais indutores do desenvolvimento aqüícola estadual, instituiu o Programa

SEBRAE da Aqüicultura, cuja metodologia de trabalho, aqui desenvolvida,

exemplarmente, será repassada pelo Sistema SEBRAE a diversos Estados

brasileiros.

Não indiferente a esta realidade, a Escola Agrotécnica Federal de Colatina

iniciou, no último dia 27 de março, o curso Pós-Técnico em Aqüicultura. Em Alegre

já funciona o de piscicultura, cujos profissionais a serem formados terão a

responsabilidade de levar tecnologia e profissionalização ao setor produtivo

melhorando a produtividade e qualidade dos produtos aqüícolas, redução dos

custos de produção e, sobretudo, a consciência de fazer funcionar a aqüicultura

econômica, ambientalmente sustentável.

Com condições para produzir em clima quente ou frio, com disponibilidade

de áreas propícias, água, mão-de-obra e um mercado faminto pelos saborosos

seres aquáticos, podemos dizer e assegurar que, se o mar não está para peixe, os

viveiros aquáticos estão para camarões, peixes, rãs, ostras, mexilhões, etc.

Sr. Presidente, peço a divulgação deste pronunciamento em todos meios de

comunicação desta Casa.

É o que eu tinha a dizer.

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O SR. FERNANDO ZUPPO (PDT-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao contrário do que nossa mal informada mídia

divulga, o sucesso ou o fracasso de uma política econômica não pode ser medido

apenas pelo controle da inflação.

No caso brasileiro, trocamos a inflação pela desnacionalização de nossa

economia. Quando não tivermos mais nada para vender, como manteremos o

funcionamento do Estado brasileiro? Pois a dívida pública aumentou tanto, nos

anos de Fernando Henrique, que levará algumas gerações para nos recuperarmos.

Contraditoriamente, o objetivo declarado da fúria privatizante de Fernando

Henrique Cardoso e das forças ocultas que o apóiam era a redução da dívida

pública. Pois bem: essa dívida era de 30% no começo do primeiro mandato, e hoje

já alcança metade do Produto Interno Bruto. Conclusão óbvia: o programa de

privatizações não cumpriu o seu objetivo, e era enganosa a propaganda que

prometia mais saúde e educação com o superávit que supostamente decorreria da

retirada do Estado da economia.

Querem confundir a opinião pública, quando dizem que globalização significa

a abertura desbragada de nossa economia. Desde os tempos do Brasil colônia,

nunca houvera uma desnacionalização tão intensa quanto a que se iniciou com

Fernando Collor, e foi levada adiante pelo atual Governo.

Hoje, o patrimônio que o País levou sessenta anos para acumular, da

Revolução de 1930 até o início dos anos 90, está quase todo entregue a empresas

estrangeiras.

O incrível é que os empréstimos e vantagens concedidos aos compradores

estrangeiros somam mais que o dobro do suposto lucro que o Governo teve com as

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privatizações. Pois o chamado ágio pago pelos investidores soma menos de 18

bilhões de dólares, enquanto o dinheiro público que financiou esses investimentos

soma quase 50 bilhões de dólares.

O pior de tudo, senhoras e senhores, é que o Governo nem tem esses dados

consolidados. Essas informações foram conseguidas pelo jornal Folha de S.Paulo .

Ou seja: na pressa de fazer caixa, ganhar a eleição e fingir que nossos problemas

econômicos estavam resolvidos com a dolarização da economia, o atual Governo,

apesar de sua pose de sério e ponderado, vendeu as estatais de qualquer jeito,

antes de ter mecanismos para garantir a eficiência dos serviços públicos e a

redução das tarifas. Alguém duvida de que a ANATEL e outras agências

congêneres apenas dizem amém após cada reajuste de tarifas?

Voltando à essência do ponto que estávamos abordando: para arrecadar

menos de 18 bilhões de dólares com um suposto ágio sobre o preço das estatais, o

BNDES emprestou mais de 20 bilhões de dólares aos compradores. O pagamento

desse empréstimo, feito com dinheiro público, terá juros inferiores à metade dos

normalmente cobrados pelo mercado, apesar de o generoso prazo de pagamento

— dez anos — ser inexistente no mercado.

Quem fez um bom negócio? O Brasil? O governo dirá que sim, que os

empréstimos serviram para aumentar o ágio cobrado pela venda das estatais e

outras meias-verdades, impossíveis de serem esclarecidas enquanto não se

realizarem os estudos contábeis que deveriam ter sido feitos antes das

privatizações.

Outros benefícios, como isenções tributárias e a aceitação de moedas

podres pelo seu valor de face, representam a renúncia de outros quase 25 bilhões

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de dólares. Sem falar na misteriosa alta do dólar, que permitiu aos compradores

estrangeiros quitarem suas dívidas, em reais, pela metade do valor esperado. Ora,

num mercado como o brasileiro, é fácil para as multinacionais provocarem uma

oscilação artificial do câmbio, segundo seus interesses.

Não adianta ir ao Executivo atrás das informações necessárias aos cálculos

contábeis aqui apresentados; eles tiveram que ser garimpados pela imprensa,

como se vivêssemos numa ditadura, onde informações de interesse público não

têm a devida transparência. Ou como se vivêssemos em uma República cujos

mecanismos de controle e fiscalização fossem continuamente sabotados por

aqueles que deveriam ser seus promotores e defensores.

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O SR. EULER RIBEIRO (PFL-AM. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estamos em meio às comemorações dos 500

anos do Descobrimento do Brasil. Não são 500 dias. São 500 anos de raça

brasileira, de evolução, de caminhada, de cultura. Mas nem por isto — tantos anos!

— deixamos de ver ou de tomar conhecimento de atos bárbaros cometidos por

seres que se dizem humanos, e que, como tal, têm direitos a protegê-los.

Refiro-me à barbárie cometida contra a jovem Beatriz, acidentada em um

ônibus quando realizava viagem de trabalho ao se dirigir à USP, onde iniciaria seu

doutoramento em Matemática Aplicada. Infelizmente, seu falecimento foi imediato

após o acidente, uma vez que sofreu graves ferimentos no pescoço e na cabeça e

múltiplas fraturas, comprovados por uma foto tirada pelo Instituto de Criminalística

logo após o acidente e vista pela família cerca de 24 horas depois.

Inexplicavelmente, o corpo de Beatriz ficou desaparecido por cinco dias.

Finalmente, graças aos esforço da família, de amigos e da mídia em geral, o corpo

da vítima foi encontrado "plantado", entre aspas, em um carro do Instituto Médico

Legal, como se ali tivesse sido esquecido pelos funcionários do Instituto. Ocorre

que esse mesmo carro foi lavado por dentro e por fora em um posto de gasolina da

cidade, sendo absurda a hipótese do esquecimento .

Por que isto aconteceu? Não quero ver elefante em cabeça de formiga. Mas

fatos semelhantes estão acontecendo com preocupante freqüência: o sumiço de

cadáveres e a "morte", entre aspas, de doentes em hospitais, com desaparecimento

de órgãos, o que leva a supor que os órgãos tenham sido furtados.

Somente isto já seria crime. Pior ainda, a verdadeira barbárie, furtar o corpo

acidentado numa rodovia, com a finalidade de retirada de órgãos para transplantes.

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No caso da jovem Beatriz, o crime deixou de se concretizar porque a mobilização e

as denúncias foram intensas, assustando os criminosos.

Há algum tempo têm surgido denúncias na imprensa mundial — e já vi até

documentário jornalístico a respeito — de seqüestros de pessoas pobres,

aparentemente saudáveis, com a finalidade de serem extirpados órgãos para venda

a instituições internacionais de transplante. Um crime hediondo! Que tem que ser

combatido com toda a firmeza.

O que aconteceu com a jovem Beatriz é inominável. Ela teve a carreira

universitária cortada prematuramente: era professora de Matemática Aplicada,

formada pela UNICAMP, com mestrado pela Universidade Federal do Paraná e

estava fazendo doutorado pela USP.

Este crime precisa ser apurado sem trégua e os responsáveis punidos com o

rigor da lei. Trata-se de caso tenebroso e as autoridades, tanto as estaduais como

as federais, precisam empenhar-se com determinação para desbaratar a quadrilha

que, com muita certeza, anda agindo impunemente há muito tempo.

Aproveito para chamar a atenção do Exmo. Sr. Ministro da Justiça e das

Secretarias de Segurança, sobretudo dos grandes Estados, como São Paulo e Rio

de Janeiro, para que adotem as medidas necessárias e criem os órgãos

indispensáveis para, imediatamente coibir esse tipo de crime, evitando que chegue

ao nível em que chegou o crime organizado do tráfico de drogas e roubos de

cargas. É melhor prevenir do que remediar.

Tomei conhecimento do fato e fiquei indignado. Médico que sou, tendo feito

o juramento que fiz, não posso admitir que profissionais da Medicina, em quem as

pessoas colocam suas vidas e suas esperanças nos momentos mais delicados de

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sua existência — na doença — estejam cometendo a prática de transplantes de

órgãos de corpos ainda vivos ou de cadáveres furtados temporariamente nas vias

públicas. Para esses profissionais que se dizem médicos, peço a condenação

rigorosa da lei, não lhes bastando apenas perder o direito de exercer a profissão,

mas sendo trancafiados por muito tempo, como exemplo.

E que seja claramente redefinida a Lei de Transplantes de Órgãos no Brasil,

estabelecendo que os doadores explicitem esta condição em nova carteira de

identidade, devendo sua família respeitar tal decisão. É importante o Governo fazer

campanha para conquistar doadores post-mortem , definindo-se assim com registro

em nova carteira de identidade.

Por fim, associo-me à dor da família de meu particular amigo Osíris Silva e

sua esposa Arabi, de cuja convivência foi privada tão prematuramente a nora

Beatriz.

Muito obrigado.

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O SR. ALBERTO MOURÃO (Bloco/PMDB-SP. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a globalização e a nova ordem

mundial estão a obrigar os sindicatos de todas as categorias a realizar uma revisão

na sua forma de atuação. É indiscutivelmente um novo contexto no qual os

sindicatos ganham um novo papel — e, aqui, não cabe analisar os prós e contras

da globalização.

A atividade sindical ganha uma conotação mais ampla, vendo-se obrigada a

agir também sobre os efeitos nefastos da nova ordem e dos avanços tecnológicos.

Ou seja: o sindicato não pode mais limitar-se a atuar na defesa dos que estão

empregados, mas deve alcançar também aqueles que, pelas contingências da crise

econômica ou pela falta de modernização, ficaram excluídos do emprego.

Como bem definiu o Presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o

Paulinho, em entrevista concedida à revista Imprensa , os sindicatos devem prestar

outros serviços e não apenas lutar por aumentos salariais porque a estabilização

da economia no Brasil também trouxe uma nova realidade: se antes as entidades

sindicais lutavam por percentuais altos de reajustes (que, na realidade, apenas

refletiam os altos índices de inflação), hoje quando falam em 5% de aumento

correm o risco de serem rechaçadas pelos trabalhadores.

Para estar em sintonia com as mudanças, os sindicatos têm um papel

fundamental no preparo da mão-de-obra. Um preparo antenado com os avanços

tecnológicos. Não dá para o sindicato promover um curso de preparador de torno

automático se hoje a indústria não usa mais o torno, substituído pelo computador.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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A requalificação profissional é hoje, sem dúvida, uma tarefa urgente, na qual

toda a sociedade, inclusive os sindicatos, deve estar envolvida, sob pena de o País

submergir totalmente à tempestade da globalização.

A ação social sobre o desempregado também não pode mais continuar

sendo confundida com paternalismo governamental e deve ser atribuição dos mais

diversos segmentos sociais. E nela também incluímos os sindicatos. Além da

requalificação profissional, a ação sobre os que foram excluídos dos empregos tem

que necessariamente passar pela ajuda temporária aos familiares, tão grave é hoje

o problema, que transcende a esfera da caridade. E a Força Sindical também nesse

caso está dando exemplo, com o seu Centro de Solidariedade aos Trabalhadores.

A nova ordem econômica não dá mais espaço ao líder sindical que, munido

de alto-falante, vai berrar na porta da fábrica por reajuste salarial. Hoje, as

lideranças verdadeiras são aquelas bem informadas, cientes da evolução da

tecnologia e dos efeitos do neoliberalismo, que não apenas apontam problemas,

mas debatem e propõem soluções aos governantes. Isso não é peleguismo. Isso é

consciência, bom senso, responsabilidade social, tudo que se espera não apenas

dos sindicalistas, mas dos cidadãos, na verdadeira acepção da palavra.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. JOSÉ CARLOS COUTINHO (PFL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho alertar esta Casa para a reunião da

Organização Internacional do Trabalho — OIT, onde serão votadas, em junho deste

ano, as flexibilizações na Convenção 103.

A Convenção 103 determina que a Seguridade Social do país é responsável

por garantir o auxílio à gestante, como acontece no Brasil, onde as despesas com o

salário-maternidade estão incluídas na contribuição feita por trabalhadores e

empregadores para o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Há temor de que seja aprovado, por exemplo, um pacote de medidas

reduzindo os benefícios da mulher, entre elas o fim da obrigatoriedade de o

Governo arcar com as despesas do salário-maternidade.

O Governo agora defende que o pagamento seja responsabilidade do

empregador e que seu valor seja estabelecido com base em outros benefícios

previdenciários. O valor do benefício seria previamente fixado em cada país em

negociações envolvendo empregadores e Governo.

Este é o ponto da revisão que leva Governo e empregadores a defenderem

posições opostas. O problema de se colocar em aberto a responsabilidade sobre a

despesa, é de que Seguridade Social e patrões não cheguem ao consenso,

enquanto a trabalhadora fica à mercê da discussão interminável.

Sr. Presidente, se a proposta da OIT gera polêmica antes de ser aprovada,

imagine quando o Governo puder passar a bola para os patrões que por sua vez,

vão alegar o alto custo empregatício.

Hoje a trabalhadora brasileira que está de licença-maternidade recebe o

salário integral, mas a Portaria n.° 4.883, do Ministério da Previdência, em 1998,

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criou o teto salarial de 1.200,00 ( um mil e duzentos reais), a ser pago pelo

Governo. Se a renda da trabalhadora ultrapassar o limite, ela terá de negociar com

o patrão o pagamento do restante.

Sr. Presidente, avançamos muito ao aprovarmos na Constituição de 1988 os

direitos fundamentais da mulher e a licença-maternidade.

É preciso ter cuidado com a flexibilização excessiva da Convenção 103 da

Organização Internacional do Trabalho que sempre prejudicará o trabalhador nas

negociações trabalhistas.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. JOÃO MAGNO (PT-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho hoje a esta tribuna para denunciar a

falta de comprometimento do Governo Federal com programas de financiamento à

moradia neste País, o que deveria estar sendo conduzido com eficiência pela Caixa

Econômica Federal, que parece mais preocupada com estratégias de marketing do

que, propriamente, com o real funcionamento de qualquer programa que viabilize o

crescimento de habitações no Brasil.

A Caixa Econômica Federal haverá de nos dizer que existem vários

programas em vigor, a exemplo do CONSTRUGIRO, do CONSTRUCARD e do

PRODECAR, que estão muito bem vendidos e fantasiados na página da própria

Caixa na internet. Entretanto, a realidade é outra, mais dura e não tão

mercadológica, como os produtos da Caixa parecem ser. Para a pessoa física

interessada em obter um financiamento para construção ou reforma de um imóvel

existe um enorme rol de exigências que, ao lado do processo burocrático, dificultam

sobremaneira a disponibilização de recursos para os fins desejados. As altas taxas

de juros também inviabilizam as poucas alternativas oferecidas pela Caixa, porque

não há um cidadão sensato que queira contrair empréstimos vinculados à

malfadada Taxa Referencial — a perigosa e impagável TR.

A concepção inicial do CONSTRUCARD parecia interessante e capaz de

atender às expectativas do grande público carente de linhas de crédito

simplificadas, voltadas ao financiamento da construção ou reforma de moradias no

território nacional. Assim, o CONSTRUCARD foi criado como uma linha de

financiamento destinada à pessoa física para aquisição de material de construção a

ser utilizado em imóvel residencial urbano, mediante a disponibilização de um limite

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de crédito que seria utilizado por meio de um cartão magnético. A Caixa, no

lançamento do CONSTRUCARD, anunciava suas inúmeras vantagens, que se

mostraram empolgantes naquele momento, quando se dizia que o tal cartão:

— poderia ser utilizado nas milhares de lojas de material de construção

conveniadas com a Caixa em âmbito nacional;

— teria crédito desburocratizado;

— traria segurança nas transações de compra mediante o uso de senha

pessoal e intransferível;

— traria grande facilidade na utilização do crédito, e;

— pasmem! teria as menores taxas de juros do mercado.

De fato, pelo belo trabalho de marketing conduzido e elaborado por alguma

competente agência de propaganda contratada pela Caixa, todos os problemas de

financiamento para a aquisição de material de construção no Brasil pareciam

plenamente solucionados pela fórmula mágica do CONSTRUCARD. Entretanto, Sr.

Presidente, as tais vantagens anunciadas pela Caixa e reproduzidas anteriormente

eram totalmente enganosas, como, por exemplo, as menores taxas de juros do

mercado e o prometido crédito desburocratizado.

A começar pela exigência de inúmeras garantias, como a caução de

depósitos e aplicações financeiras na própria Caixa, ou aval e fiança pessoal dos

interessados, a concessão do CONSTRUCARD mostrou-se um privilégio para

poucos clientes abastados e aplicadores da própria instituição que, na sua

expressiva maioria, sequer precisavam deste financiamento, tal a estrutura de seu

patrimônio e sua liquidez financeira.

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As taxas de juros também se mostraram exorbitantes e proibitivas para

qualquer cidadão de bom senso e bem-intencionado no cumprimento do

financiamento que iria assumir. Atualmente, pratica-se no CONSTRUCARD taxa de

juros mensal em torno de 5% ao mês. Certamente é impagável em uma realidade

econômica na qual voltamos a conviver com deflação ou índices de inflação abaixo

de 1º ao mês. É preciso explicar aos tecnocratas da Caixa que não se está

financiando bens de consumo supérfluos, mas, sim, a moradia, direito do cidadão

recentemente protegido pela Constituição Federal, para a qual é indispensável

haver programas mais bem elaborados e com custos mais adequados. Talvez a

idéia de utilizar-se o cartão de plástico tenha confundido os idealizadores do

CONSTRUCARD, fazendo com que eles concebessem um produto igual a um

cartão de crédito com que se paga a conta em um bar ou se compra uma jóia para a

esposa. Faltou-lhes, portanto, sensibilidade para adequar o embrião de uma boa

idéia às peculiaridades de uma demanda tão especial para o cidadão brasileiro.

Outra reivindicação que afeta o setor de construção e reforma de moradia no

Brasil e que igualmente nos parece muito procedente, conforme relato feito por

parte da Associação dos Lojistas de Materiais de Construção do Vale do Aço, no

meu Estado de Minas Gerais, diz respeito à necessidade imperiosa de se repensar

a carga tributária que recai sobre as pequenas e médias empresas.

É certo que a legislação tributária já concede alguns incentivos fiscais às

pequenas células econômicas.

A Lei nº 9.317, de 1996, implantou o SIMPLES, que é um sistema

simplificado e unificado de pagamento de tributos, e a recente Lei nº 9.841, de

1999, instituiu o Estatuto das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte.

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Entretanto, nem o SIMPLES, nem o Estatuto atendem de forma satisfatória

aos anseios e às necessidades do empresariado brasileiro, pois o primeiro só

beneficiou as microempresas com receita anual de apenas R$120.000,00, além de

não permitir a inclusão de um extenso rol de pessoas jurídicas que exercem

determinadas atividades, como é o caso das empresas que se dedicam à

construção e reforma de imóveis, das imobiliárias e outras empresas prestadoras

de serviços. O Estatuto, por seu turno, embora tenha estabelecido limites ampliados

para efeito de enquadramento nos conceitos de microempresa e empresa de

pequeno porte — respectivamente de R$244.000,00 e de R$1,2 milhão — não traz

nenhum benefício tributário, pois, para efeito de enquadramento no SIMPLES,

continuam valendo os limites estabelecidos na Lei nº 9.317, de 1996, que instituiu o

sistema.

Assim, as pequenas e médias empresas — grandes fontes geradoras de

empregos —, à falta de uma legislação que reduza efetivamente os altos custos

fiscais, os ônus adicionais dos encargos sociais e o dispendioso fardo dos

procedimentos contábeis e das obrigações tributárias acessórias, só conseguem

sobreviver praticando a sonegação de tributos, ou são levadas a permanecer na

informalidade, com graves prejuízos para a economia nacional.

A reforma do nosso sistema tributário deve, portanto, corrigir as distorções

apontadas, para que cada empresa tenha capacidade de arcar com seus

compromissos, de maneira justa e condizente, e que haja igualdade de tratamento,

independentemente do porte ou do ramo de atividade, uma vez que todas são a

base de sustentação de grande parte das famílias brasileiras.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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Estas questões precisam ser necessariamente consideradas pela Comissão

Especial que vem estudando a reforma tributária, de forma a dar às pequenas e

médias empresas efetivo tratamento jurídico diferenciado no campo tributário,

conforme preconiza o art. 179 da Constituição Federal.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que meu pronunciamento seja divulgado no

programa A Voz do Brasil e publicado no Jornal da Câmara .

É o que tinha a dizer.

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O SR. RUBEM MEDINA (PFL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao registrar nesta Casa o primeiro centenário

de criação do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, quero deixar consignado

que a realização desse feito só foi possível graças à determinação, perseverança e

comprometimento com as causas da saúde pública do grande cientista e médico

sanitarista Oswaldo Cruz.

Não fosse a coragem e a visão de futuro desse renomado biomédico, talvez

a saúde pública no Brasil ainda vivesse à mercê das endemias e doenças tropicais,

que exterminaram milhares de brasileiros no início deste século. Lutando contra

tudo e contra todos e enfrentando toda sorte de incompreensão, Oswaldo Cruz

colocou todo o seu vasto conhecimento e o vigor de sua juventude a serviço dessas

nobres causas, e com isso conseguiu mudar o perfil da saúde pública do País,

esforço esse que lhe valeu, ainda em vida, o reconhecimento internacional e a

admiração, mesmo tardia, dos brasileiros.

Mesmo vindo a desaparecer precocemente aos 45 anos de idade, o cientista

deixou para o Brasil e para o mundo um legado científico que é motivo de orgulho

para todos nós e exemplo de abnegação para as gerações futuras, principalmente

as que se dedicam às áreas biomédicas e à pesquisa científica.

Oswaldo Cruz nasceu em 1872, em São Luís do Paraitinga, na região

paulista da Serra do Mar, e seguiu a carreira do pai, Bento Gonçalves Cruz, que se

formou em medicina com grande dificuldade. Aos cinco anos, Cruz muda-se com a

família para o Rio de Janeiro, onde estudou no Colégio Pedro de Alcântara.

Ingressou na Faculdade de Medicina em 1889, aos 16 anos, graduando-se em

1892.

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Com a morte do pai, assume o encargo da família numerosa, passando a

trabalhar como médico da fábrica de tecidos Corcovado. Em janeiro de 1893

casa-se com dona Emília Fonseca. Quatro anos depois, seguindo o conselho do

seu professor Francisco de Castro, decide estudar em Paris, freqüentando o

Instituto Pasteur, sob orientação do Prof. Emille Roux, e o Laboratório de

Toxicologia, dirigido pelos médicos Vilbert e Ogier.

Ao retornar ao Brasil, em 1899, reassume o cargo de chefe do Laboratório da

Policlínica Geral e instala seu próprio laboratório de análises clínicas. Com o

surgimento dos primeiros casos de peste bubônica, no porto de Santos, Cruz é

enviado pelas autoridades sanitárias para aquela cidade, onde experimentou com

sucesso as primeiras vacinas contra a doença. Em 1902, assume a direção geral do

laboratório oficial de preparo de soro antipestoso, iniciando seu grande trabalho na

área de pesquisa médica.

Com isso, o instituto começou atrair figuras importante da área médica, como

Ezequiel Dias, Figueiredo de Vasconcellos, Cardoso Fontes, Carlos Chagas,

Henrique Aragão, Alcides Godoy, Arthur Neiva, Gaspar Vianna, Gomes de Faria,

Aristides Cunha, Olympio Feitosa e Lauro Travassos, entre outros. Mais tarde, o já

renomado cientista Adolpho Lutz também se juntou ao grupo.

Em 1903, assume a chefia do Departamento de Saúde, indicado pelo médico

particular do então Ministro do Interior e Justiça, J.J. Seabra, a quem o

Departamento era subordinado, e com o desafio de enfrentar a febre amarela que

começava a fazer as primeiras vítimas no Rio de Janeiro. Mesmo enfrentando

reação da população e da imprensa ao seu plano de combate à doença, Oswaldo

Cruz levou o projeto adiante contando com o apoio do Governo Rodrigues Alves.

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Seus méritos só foram reconhecidos seis anos depois, com a erradicação da febre

amarela.

Entre outras atividades, o centenário de criação da Fundação será

comemorado com um seminário internacional sobre o tema: As Perspectivas da

Pesquisa Biomédica no Século XX, a ser realizado no Rio de Janeiro em maio

próximo. Com isso, uma das mais antigas unidades de pesquisa em saúde da

América Latina terá oportunidade de debater os avanços da pesquisa científica

nesse campo e dar um passo decisivo rumo ao futuro.

Ao longo de um século de atividades, o Instituto ganhou o reconhecimento

nacional e internacional e vem dando uma valiosa contribuição não apenas à

pesquisa científica como também na produção de vacinas e outros produtos

farmacêuticos destinados ao mercado interno e às parcelas mais carentes da

população.

Associado às conquistas mais significativas da pesquisa biomédica no Brasil,

o Instituto dedica-se à investigação, desenvolvimento tecnológico, formação de

recursos humanos e prestação de assistência à saúde no campo das doenças

infecciosas e parasitárias.

Com 3.500 servidores e onze unidades técnico-científicas, sendo oito delas

instaladas no Rio, a instituição vem produzindo anualmente cerca de 300 milhões

de unidades de medicamentos, entre comprimidos, pomadas e cápsulas, além de

60 milhões de vacinas contra as mais diferentes enfermidades, o que eqüivale a

60% da produção nacional.

Com a operacionalização do novo Centro Tecnológico e contando com

R$120 milhões para investimentos, o Instituto deve aumentar em 100% a produção

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nacional de vacinas, ampliando o atendimento em mais de 23% da demanda

nacional.

Como se vê, a magnitude desses números mostra a valiosa contribuição que

o Instituto Oswaldo Cruz vem prestando à pesquisa médico-científica e ao

desenvolvimento nacional. E ao ajudar na prevenção de doenças e salvar tantas

vidas, a instituição presta relevantes serviços à comunidade e fortalece a cidadania.

Muito obrigado.

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O SR. SEVERINO CAVALCANTI (PPB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, será inaugurado, no próximo dia 5, em

Jaboatão dos Guararapes, o Centro de Comercialização e Atendimento à

Microempresa — COAME, pelo Prefeito Fernando Rodovalho, que vê, assim,

realizado um dos seus mais importantes projetos.

Em companhia do Prefeito Rodovalho, visitei, recentemente, as amplas

instalações do COAME e fiquei impressionado com o que vi. Espaços reservados

para todas as mais diferentes atividades que lá serão desenvolvidas, em apoio ao

micro e pequeno empresário, asseguram à iniciativa absoluto êxito operacional.

O Prefeito já estabeleceu, de sua parte, um esquema administrativo para o

COAME, fundamental à sua pronta implementação, com o objetivo de torná-lo apto

a funcionar rápida e agilmente, transformando-o, em pouco tempo, numa agência

regional de incremento de produção e de negócios.

Eis os componentes do modelo operacional:

Infra-estrutura.

Prédio situado na Praça Rita Coelho em Cavaleiro conterá as instalações

físicas destinadas a sediar as ações do projeto. Aí serão localizados um Centro

Comercial e um Centro de Atendimento, Formação e Capacitação para

Empreendedores Empresariais.

Em relação a esses dois centros, serão considerados os seguintes aspectos:

- Centro Comercial, que será constituído de boxes individuais com

dimensões determinadas, pertencendo cada box a um empreendedor, membro da

Associação gestora do referido centro;

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- Centro de Atendimento Empresarial, contendo as instalações destinadas a

abrigar as representações de instituições públicas e privadas, cujos serviços são

demandados pelo processo de criação e registro empresarial. Além disso, será

considerada uma área para a instalação e funcionamento das atividades de

formação e capacitação empresarial.

Equipamentos institucionais.

São considerados equipamentos institucionais aqueles representados por

segmentos dos organismos públicos e privados, dotados de recursos humanos e

administrativamente aparelhados para atendimento das demandas do público. Em

primeiro momento, distinguem-se os seguintes: Junta Comercial; SEBRAE;

Secretaria de Finanças do Município; Secretaria da Fazenda do Estado; Receita

Federal; Corpo de Bombeiros.

Metas.

São consideradas as seguintes metas na fase de implementação das

medidas do projeto:

- planejamento do uso do prédio visando a instalação dos Centros Comercial

e de Atendimento;

- instalação dos equipamentos para os Centros Comercial e de Atendimento

Empresarial;

- recrutamento, cadastramento e seleção de empreendedores;

- convite às instituições públicas e privadas para o funcionamento no Centro

de Atendimento;

- institucionalização do Conselho de Desenvolvimento Empresarial e dos

Comitês Administrativos;

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- criação de uma Associação Cooperativa dos Comitês Administrativos;

- instalação e funcionamento do Centro de Atendimento contemplando a

estrutura para o exercício da capacitação;

- instalação e funcionamento do Centro Comercial com os respectivos

órgãos de gestão;

- realização de projeto visando à melhoria da área externa ao prédio a fim de

adequá-lo às funções projetadas para os centros, mediante um processo de

integração permanente.

Constam ainda do modelo operacional do COAME itens relativos a recursos

materiais, humanos e financeiros, bem como à integração institucional.

Sr. Presidente, o projeto concretizado da administração Fernando Rodovalho

abre novas e promissoras perspectivas para a economia de Jaboatão e Municípios

vizinhos.

Podem ser esperados impactos na economia, com reflexos na ordem

econômica e social. A economia local passará por processo de dinamização, com

repercussão no setor de geração de empregos, na melhoria de renda dos

trabalhadores e na capacidade de crescimento das empresas, notadamente micro e

pequenas.

O COAME há de firmar-se, no Estado de Pernambuco, como órgão

paradigma, pelo que representa de inovação e de criatividade.

Sr. Presidente, junto, para integrar o presente pronunciamento, sinopse do

Projeto COAME — Centro de Comercialização e Atendimento à Microempresa,

pedindo sua transcrição nos Anais desta Casa.

SINOPSE A QUE SE REFERE O ORADOR

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Inserir sinopse do Projeto COAME — Centro de Comercialização e Atendimento à Microempresa

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O SR. ARY KARA (PPB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na divisão político-administrativa brasileira, as

cidades ocupam um papel de destaque. Costumamos dizer que as cidades são a

parte fundamental nessa divisão, acima dos Estados e da própria Federação.

Afinal, são nas cidades que vivem — e convivem — as pessoas. Ali estão

enraizadas suas tradições familiares, históricas e sentimentais.

George Rodenbach, pensador do século passado, dizia:

As cidades têm a sua personalidade, um espírito

autônomo, um caráter quase exteriorizado que corresponde à

alegria, ao amor, à renúncia. Toda cidade é um estado de

alma e basta demorar-se nelas um pouco para que esse

estado de alma se comunique, se nos propague num fluido

que se inocula e se incorpora com a nuança do ar.

Digo tudo isso, Sr. Presidente, tendo em minha mente a imagem de uma das

mais simpáticas e acolhedoras cidades da região do Vale do Paraíba, São Luís do

Paraitinga, que aniversaria neste dia 8 de maio.

Adentrar ao núcleo central de São Luís é como voltarmos ao século passado,

ao tempo dos barões do café e do período áureo do surto cafeeiro. Lá estão

conservados — e devidamente tombados pelo Patrimônio Histórico — seus

deslumbrantes casarões, com seus pórticos e janelões talhados em madeira de lei.

Lá está um pedacinho vivo de nossa história colonial que, felizmente, conseguiu ser

preservado.

São Luís do Paraitinga teve sua fundação no dia 8 de maio de 1869, através

de Manuel Antônio de Carvalho. Com o nome de São Luís e Santo Antônio do

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Paraitinga, foi a primeira cidade planejada do Estado de São Paulo e ainda hoje

conserva o seu traçado original. Elevada a Vila em 9 de janeiro de 1773, a

localidade prosperou no início do século XIX com o cultivo do café, graças ao qual

chegou ao nível de cidade, com o nome atual, em 30 de abril de 1857.

Cidade histórica do Alto Paraitinga, tem todos os seus prédios do perímetro

urbano tombados como patrimônio histórico pelo CONDEPHAAT. E dentre eles,

Sras. e Srs. Deputados, destaca-se a casa onde nasceu o grande médico

sanitarista Oswaldo Cruz, um dos maiores brasileiros de todos os tempos.

São famosos os seus festejos religiosos, notadamente a Festa do Divino,

oportunidade em que é distribuído ao público presente o "afogado", um típico e

tradicional prato da culinária do Vale do Paraíba. A festa atrai uma multidão para as

comemorações religiosas e profanas, que reza contrita na procissão do Divino ou

se diverte com as brincadeiras dos seus gigantescos bonecos, os tradicionais João

Paulino e Maria Angu.

Também o seu Carnaval, com nítidas raízes folclóricas, é muito popular,

atraindo milhares de pessoas de toda a região. Diferente das demais cidades,

influenciadas pelo Carnaval carioca, São Luís do Paraitinga faz uma festa folclórica,

na sua praça principal, onde desfilam inúmeros blocos. A cidade promove um

concurso de marchinhas bastante concorrido, tendo em vista que ela é conhecida

como uma terra de músicos. Desse modo os blocos saem cantando suas próprias

marchinhas, onde exaltam ou satirizam suas figuras populares ou acontecimentos

locais.

Este é um breve perfil da nossa querida e simpática cidade de São Luís do

Paraitinga que registramos nesta oportunidade, pelo transcurso de seu aniversário,

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cumprimentando toda sua população, autoridades e lideranças comunitárias, na

pessoa de seu dinâmico Prefeito, Raul Alceu Presotto.

Parabéns a todos os amigos e companheiros da querida e aprazível cidade

de São Luís do Paraitinga.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputado, o Bairro da Estiva é um dos maiores e

mais importantes da cidade de Taubaté. Ali vive uma população ordeira,

trabalhadora e que contribui extraordinariamente para o desenvolvimento do

Município. Afinal, a Estiva é o símbolo de uma Taubaté moderna, que nos últimos

anos vem experimentando um notável crescimento, aliando esse seu progresso

com qualidade de vida.

É gratificante, Sr. Presidente, percorrermos as ruas da Estiva, conversarmos

com nossos muitos amigos que ali residem e aquilatarmos o seu crescimento

inexorável. O bairro se remodelou, ganhou um comércio pujante, muitas empresas,

inúmeras edificações que modificam dia a dia o seu panorama.

É ali na Estiva, Sras. e Srs. Deputados, que encontra-se sediada uma das

mais atuantes paróquias da Diocese de Taubaté. Trata-se da Paróquia Nossa

Senhora Mãe da Igreja, que neste ano 2000 vem de completar seus 33 anos de

uma feliz e promissora existência. Criada por decreto de 25 de dezembro de 1966 e

instalada no dia 12 de fevereiro de 1967, a Paróquia Nossa Mãe da Igreja da Estiva

chega aos 33 anos de existência fortalecida pela devoção da comunidade católica

do bairro, como muito bem avaliou o jornal Gazeta da Estiva , de 22 de março

último, editado pelos nossos amigos Octávio Marques e Valmir José Marques.

Assinaram o documento de criação da nova paróquia o Bispo Diocesano de

Taubaté, o saudoso D. Francisco Borja do Amaral, e o Chanceler do Bispado,

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Theodomiro Lobo, recentemente falecido, quando desenvolvia suas atividades

sacerdotais na cidade de Caçapava.

Desmembrada da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário e da Santíssima

Trindade, da Vila das Graças, a Paróquia Nossa Senhora Mãe da Igreja teve como

seu primeiro pároco o padre Benedito Gil Claro que, com seu estilo piedoso,

realizou um notável trabalho de evangelização, cativando os paroquianos ao longo

dos anos de seu exercício paroquial no Bairro da Estiva.

Vale lembrarmos também que, quando da instalação da Paróquia, foi

constituída uma comissão de trabalho, sob a presidência do Dr. Edson Ribeiro e da

qual faziam parte ainda o então Vereador Alberto Gomes, que recentemente nos

deixou, Luiz de Paula, José Geraldo Alarcão, Octávio Marques, Pedro Alves

Ferreira, João Pereira, Ivo Ritter e muitos outros cidadãos que, anonimamente,

trabalharam e contribuíram em prol de sua consolidação e fortalecimento.

Nesses 33 anos a Paróquia Nossa Senhora Mãe da Igreja, firmada na

experiência pastoral e comunitária, desenvolveu profícuas atividades em todos os

setores, tanto no crescimento espiritual e religioso, como no campo social, material

e cultural. Um trabalho levado a efeito, com muito amor e fé, pelos padres Gil Claro,

Lauro Rosá e Armindo, virtuosos sacerdotes, pastores de almas que honram e

orgulham a nossa Igreja Católica.

Ao compararmos a primeira sede da Paróquia, na Igreja de Santa Cruz, ao

majestoso Santuário de São Benedito, onde hoje está sediada, podemos aquilatar o

notável serviço paroquial e comunitário desenvolvido por esses sacerdotes, que

jamais serão esquecidos pelos moradores do populoso Bairro da Estiva e região.

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Um trabalho que agora prossegue, com o mesmo entusiasmo, a mesma fé,

força e interação com a comunidade pelo padre Giovani Pontes que, hoje no

comando dessa importante Paróquia, já conquistou o carinho e o respeito de seus

paroquianos.

Neste momento, quando cumprimentamos o povo católico da Paróquia

Nossa Senhora Mãe da Igreja pelo transcurso de seu 33º aniversário, queremos

congratularmo-nos também com o padre Giovani Pontes, desejando-lhe muitas

felicidades nas suas funções paroquiais no nosso querido Bairro da Estiva.

Ficam igualmente as nossas congratulações ao Sr. Bispo Diocesano de

Taubaté, D. Carmo João Rhoden, a todos os sacerdotes, fiéis, moradores e

colaboradores da Paróquia Nossa Senhora Mãe da Igreja do Bairro da Estiva, na

passagem de seu aniversário, momento de muita alegria para toda a comunidade

católica da Diocese taubateana.

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O SR. LUÍS EDUARDO (PDT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a desnutrição infantil impede o crescimento

físico, psíquico e pode levar à morte.

Pois bem, nobres colegas, a informação que chega da Organização das

Nações Unidas é, no mínimo, terrivelmente funesta. A ONU acaba de fazer um novo

alerta ao mundo: a se manterem as atuais condições socioeconômicas em muitos

países, haverá, até o ano 2020, um bilhão de crianças famintas. Esse e outros

dados fazem parte do relatório apresentado pela Comissão de Desafios da Nutrição

no Século XXI.

Somam-se no mundo 30 milhões de crianças nascidas com peso abaixo do

normal. Cerca de 250 milhões têm carência de vitamina A, o que favorecerá, no

futuro, o surgimento de uma série de doenças crônicas. Outros 250 milhões, em

contrapartida, sofrem de obesidade, muitas vezes associada à desnutrição precoce.

E, segundo os especialistas, esse tipo de obesidade pode ser letal.

A par disso, o vínculo estreito entre desnutrição e doença induz a uma outra

previsão sombria: crianças que hoje se encontram cronicamente abaixo do peso

terão maiores chances de desenvolver patologias, quando atingirem a fase adulta.

No Brasil, em face das terríveis condições de subdesenvolvimento e

desigualdades em que se debatem milhões de irmãos, esquecidos, humilhados,

vilipendiados, o relatório cai como um petardo, que atinge ou deveria atingir em

cheio a consciência da Nação, pois, de alguma forma, miséria e fome devem-se

constituir preocupações que dizem respeito a cada um de nós, os cidadãos, os

políticos, as autoridades, os técnicos, o empresariado, o clero e todos os demais

elementos da sociedade civil.

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Segundo o IPEA — Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada — existe um

universo de 60 milhões de pessoas, no Brasil, com renda inferior à linha de

pobreza, representando 37% da população. Pelo Índice de Desenvolvimento

Humano, estamos perdendo até mesmo para países pequenos, como a Jamaica.

Um percentual altíssimo, de 11,5% da população, tem uma expectativa de vida de

apenas quarenta anos; contam-se 24% sem acesso à água potável e 30% sem

saneamento; os analfabetos chegam a 16%; e 6% de crianças com menos de cinco

anos estão abaixo do peso. Em determinado lugarejo de Alagoas, as mortes de

crianças são tão comuns que, conta-se, os caixõezinhos brancos são

macabramente vendidos na mercearia local.

De toda maneira, Sras. e Srs. Deputados, os dados não mais escondem a

indigência fazendo parte do cotidiano do cidadão. Apresenta-se na porta de nossas

casas, no caminho do trabalho, no trânsito. Onde quer que se vá, existirá alguém

em busca da caridade alheia. O espetáculo exibido diante de olhos que muitas

vezes não querem ver compõe um quadro de fato desolador. Seja nos grandes

centros urbanos, seja nas capitais, seja nos esconsos do vasto território nacional,

há chagas visíveis, a afrontar o progresso, a globalização e os avanços da

tecnologia.

A pior delas, neste País de opostos, contrastes e contradições, de altas

rendas e salário mínimo indigno, de bem-estar e penúria, a pior de todas as chagas

repito, Sr. Presidente, é por certo a chaga da fome, a fome que não escolhe idade e

que se torna tanto mais grave na infância, período da vida no qual o ruim, tanto

como o bom, reverbera sobre o futuro; a fome, que pode comprometer gerações

inteiras, condenar o desenvolvimento físico, motor, psíquico e intelectual, não raro

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matar; a fome, essa espada de Dâmocles, pronta para desferir o último golpe; a

fome, espectro maldito.

Estimam-se no País quase 4,8 milhões de crianças com menos de 5 anos,

em estado de desnutrição. Para cada mil crianças nascidas vivas, 37,6

apresentam-se desnutridas, o que significa também um diagnóstico tristíssimo, no

que tange às condições maternas, em tese, as mesmas. E pior: na prole, os demais

filhos, nascidos ou porvindouros, estão fadados à mesma sorte.

Ora, Sr. Presidente, se a essas crianças faltou o alimento, durante a

gestação, ao longo da vida vai-lhes faltar tudo o mais: o leite dos primeiros anos, o

pão sobre a mesa, a boa moradia, a dentição saudável, a saúde, em geral, a

escola, a merenda, a integração social, as noções de cidadania. Impossível

presumir justiça num mundo assim, tão sumamente adverso.

Carências, privações, miséria, ignorância, doenças e sobretudo a fome —

insisto neste ponto — expõem uma realidade a ser enfrentada com coragem e

espírito público. Por isso mesmo, Sr. Presidente, é de lamentar essa espécie

recorrente de pacto de silêncio, que costuma envolver assuntos de tal ordem.

Refiro-me às absurdas resistências que tem encontrado a proposta do Fundo

de Erradicação da Pobreza. Ora, nobres colegas, o Fundo constitui, neste instante

grave, o único instrumento técnico e político realmente eficaz, no sentido de fazer

convergir e dar celeridade às medidas sociais, algumas já em implementação, é

verdade, mas que necessitam de otimização. O Fundo de Erradicação da Pobreza,

por sua complexidade e importância, Sr. Presidente, haverá de ser objeto de um

pronunciamento próximo. Sem tempo para adentrar-lhe o mérito, não poderia hoje,

contudo, omitir-me.

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A omissão, aliás, é um erro imperdoável, quando se trata de vidas humanas,

sobretudo crianças, porque pode trazer conseqüências fatais. Em face de urgências

que não esperam, é preciso agir, agora, ou não haverá futuro.

Muito obrigado.

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O SR. PEDRO WILSON (PT-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, "não sou eu que repito a história mas é a

história que se repete". Essa frase, do poeta Chico Buarque de Holanda, sintetiza

tudo quando o tema é Primeiro de Maio. Tem sido assim. Nos últimos anos, as

comemorações do Dia do Trabalhador têm-se pautado, muito mais, pelos protestos,

pela denúncia, do que a comemoração. Foi assim o último Primeiro de Maio:

greves, manifestações, atos de protesto, repúdio ao salário mínimo, cultos

ecumênicos, missas e também o lazer, porque, afinal, era dia do trabalhador.

Manifestações que chegaram a reunir até 1 milhão de pessoas e que lembraram

grandes momentos da história recente deste País.

Nas principais capitais brasileiras o 1º de Maio foi uma demonstração do que

dissemos acima. Em São Paulo, o maior centro operário do País, uma grande

concentração que reuniu cerca de 1 milhão de pessoas marcou pelo protesto e

pelas vaias ao governo e a sua proposta de salário de 151 reais. Na região do

ABC, a Central Única dos Trabalhadores também reuniu milhares de militantes

sindicais, políticos e religiosos, numa missa e, depois, num ato público, no Estádio

de Vila Euclides, palco das grandes assembléias de 1980, e a tonalidade foi o

protesto contra o desemprego e o arrocho salarial e a lembrança dos vinte anos da

"grande greve", além de severas críticas à globalização e ao neoliberalismo. Aliás,

a globalização foi mundialmente criticada neste dia 1º.

Além dos protestos, dos shows e das comemorações, a maior marca deste 1º

de Maio foi, sem dúvida, a greve dos caminhoneiros. Um movimento pacífico e

exitoso, detonado pela União Brasil Caminhoneiro, que paralisou mais de 70% da

categoria e, o que melhor, sem incidentes graves, demonstrando a seriedade do

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movimento. No Rio, a presença do cacique pataxó Jerry Adriani, que protestou

contra a violência em Porto Seguro ocorrida na "festa" do descobrimento, foi a

grande atração.

O 1º de Maio na região metropolitana de Belo Horizonte foi comemorado com

manifestações político-religiosas. A maior delas ocorreu na praça da CEMIG, em

Contagem, onde cerca de 5 mil pessoas participaram de uma missa celebrada por

trinta padres. Na praça da Assembléia Legislativa, outros vinte padres promoveram

outra celebração. No bairro Lagoinha, as Igrejas Batista e Católica promoveram

caminhada. Em Curitiba, o dia foi marcado por uma passeata. O ato foi organizado

pela CUT, pelo MST, pela Igreja Católica e pela União dos Estudantes

Secundaristas. A caminhada terminou, por volta das 12h, com a lavagem de

vidraças de prédios do Tribunal de Justiça e do Governo do Estado do Paraná.

Em Cuiabá, mais de 3 mil trabalhadores se reuniram na Catedral

Metropolitana. O ato é promovido desde 1989 pela Igreja Católica. A manifestação

contou com o apoio do MST e da CUT. Em Fortaleza, outros 2 mil trabalhadores

organizados pela CUT protestaram contra o salário mínimo e o Governo FHC.

Cerca de mil pessoas participaram de um ato ecumênico e da inauguração do

"Monumento da Infâmia" (referência às mortes em Eldorado dos Carajás), na Praça

do Operário, em Belém. A CUT, o PT e outros partidos de esquerda promoveram

missa e um seminário em uma paróquia no bairro Compensa 2, na zona oeste de

Manaus.

O 1º de Maio, Dia do Trabalho, ano 2000, por diversos motivos, apresenta-se

importante nas discussões sobre distribuição de renda no Brasil. Não bastasse o

debate alavancado pela CNBB ao realizar a Campanha da Fraternidade com o

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tema do desemprego no ano passado, ainda se insere no debate a globalização da

solidariedade proposta pelo movimento ecumênico Jubileu 2000, que defende o

perdão das dívidas dos países pobres. Nesta dimensão, pode-se acrescentar como

indicadores das reais necessidades de retomada do desenvolvimento o grave

momento que vive a economia brasileira, com índices alarmantes de desemprego,

recorde em cima de recorde; aumento da inflação; juros altos; perda do poder de

compra do salário mínimo — hoje a cesta básica custa mais que um salário mínimo;

os mais de 12 milhões de aposentados que sobrevivem com um salário mínimo, em

mais uma contradição brasileira no que tange aos direitos econômicos e sociais,

além das constantes denúncias de envolvimento do Governo com banqueiros

falidos e corrupção, entres outros. Tudo se conjuga numa forte necessidade de

buscar alternativas para se efetuar a erradicação da pobreza.

O 1º de Maio do ano 2000 é um momento adequado para refletir sobre

algumas questões muito importantes para toda a sociedade brasileira e para a

comunidade mundial. Questões como globalização, distribuição de renda e salário

mínimo foram alvo de vários protestos em diversas partes do País.

Apontamos, em primeiro lugar, a questão do salário mínimo, por partilhar da

mesma indignação que contagia a sociedade. E, como representante do povo, não

poderíamos nos furtar de cobrar do Congresso Nacional uma postura firme no

sentido de aprovar o salário mínimo de 177 reais, conforme proposta do

companheiro petista Paulo Paim.

O salário mínimo completa sessenta anos de criação, no Brasil, e continua

sendo um dos menores pagos do mundo. Hoje, o que se percebe é uma total

distorção do motivo pelo qual foi criado, porque, além de defasado, fere a

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Constituição, pois legalmente equivale ao rendimento mais baixo pago para um

trabalhador e é insuficiente para garantir a sua sobrevivência e a de sua família. Na

prática a realidade é outra: desemprego, subemprego, escravidão, exploração do

trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, desproteção e

diluição das leis trabalhistas. Pesquisa do PNAD/IBGE feita em 1996 mostra que

3,3 milhões de brasileiros com idade acima de 10 anos, dos quais 2 milhões

moradores de áreas urbanas, ganham até meio salário mínimo, isso mesmo, meio

salário por mês. Outros 15,5 milhões recebem de meio até um salário mínimo. O

salário mínimo, fazendo as conversões em reais, quando foi instituído equivalia a

507,30, atingiu um pico de 634,79 em 1957 e hoje estacionou nos parcos 130,00.

Esses dados desvencilham uma realidade injusta, perversa e, apesar de tudo,

considerada confortadora pelo Governo Federal. É como diz o velho ditado

"pimenta no olho dos outros é refresco".

O Congresso tem o dever, mais que isso, a obrigação de responder aos

milhares de brasileiros que aguardam ansiosamente um parecer favorável por um

salário mínimo que ofereça um mínimo de dignidade, e isso, Sr. Presidente, não

podemos negar.

Os milhares de manifestantes que ocuparam as ruas neste 1º de Maio, em

muitas cidades do Brasil e no mundo, apontaram a globalização como um dos

principais alvos dos seus protestos. A verdade é que a mundialização do capital,

que a mídia chama de "globalização", gera uma monstruosidade econômica

insensível, na qual o "capital-dinheiro" é a mola propulsora de todo o sistema. A

especulação financeira parasitária, que não produz nenhum bem, assume o papel

de guia, a economia transnacional, que transporta o poder das nações para o

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capital financeiro incontrolável governa os Estados, a ponto de se afirmar que o

capital governa e os governos administram.

O desemprego, e isto não é nenhuma novidade, é outro tema recorrente

neste 1º de Maio. Acreditamos que a geração de emprego se dá justamente da

forma que o Governo não quer, ou pelo menos não está fazendo: com investimento

na agricultura, no turismo e na construção civil, fomentando projetos através dos

bancos oficiais. E se diga que os bancos oficiais não podem ser privatizados. É

necessário investir na produção e no desenvolvimento. Na agricultura, por exemplo,

o Governo prefere privilegiar o setor patronal com subsídios e perdão dos calotes a

garantir recursos para a agricultura familiar. A reforma agrária continua sendo alvo

de violência e perseguição do Estado.

Nas raias do século XXI, início do terceiro milênio, é fundamental

conhecermos a realidade concreta que revela o "mundo do trabalho". Nesse

sentido, os indicadores são perversos. Segundo relatório da OIT — Organização

Internacional do Trabalho, 1 bilhão de pessoas no mundo não têm emprego ou

estão subempregadas, o que corresponde a cerca de 30% da força de trabalho. Na

nossa América Latina, inconclusa e emergente, uma pesquisa da Rede de Diários

Econômicos, em 1996, concluiu que o problema que mais preocupa os

latino-americanos é o desemprego. Ainda segundo o relatório da OIT, 1997, apesar

da recuperação econômica, o desemprego na região aumentou em 1996, sendo

assim o mais alto da década.

E o Brasil, como se encontra dentro desse panorama social? O IBGE, órgão

oficial do Governo, que tem uma metodologia peculiar para calcular a taxa de

desemprego, aponta um índice de 3,42% em 1994 e 7,0% em 1998, diferentemente

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de outras instituições, como SEDAE e DIEESE. Estas calculam uma taxa de

desemprego e torno de 13,9% em 1997 e 17,2 em 1998. Em outras palavras, em

todos os institutos de pesquisa, o desemprego é o maior da história do Brasil.

Desde a implantação do real, o Brasil perdeu 755.379 empregos formais, segundo

dados fornecidos ao Ministério do Trabalho, sendo os setores mais atingidos o

bancário, o industrial, o automobilístico, o têxtil e no meio rural.

A distribuição de renda no Brasil continua aviltante, constata o jornal Folha

de S.Paulo , em editorial do dia 2 de maio. Dados da Síntese de Indicadores Sociais

1999, do IBGE, revelam que o 1% mais rico da população detém 13,8% da renda

total, enquanto os 50% mais pobres ficam com 13,5% dos ganhos. Isso significa

que, no Brasil, um rico recebe mais que cinqüenta pobres.

Ainda segundo o editorial da Folha , a situação é bastante ruim até em

termos de América Latina. O índice de Gini, que mede a concentração de renda, foi,

no Brasil, em 1998, de 0,575. Quanto mais próxima de 1 for essa taxa, pior é a

distribuição. Um índice 1 significaria uma única pessoa dispondo de toda a renda

do país. Uruguai, Costa Rica e Peru apresentam Gini de 0,43, 0,46 e 0,46. Em

1988, o Gini brasileiro era de 0,613. A redução dos últimos dez anos é considerada

insignificante até pelo IBGE. Nas palavras de um diretor dessa instituição, é mais

apropriado falar em concentração estável.

Por fim, a distribuição de riqueza é o maior entrave ao desenvolvimento do

Brasil. A persistência do problema ao longo das décadas indica que a situação não

será resolvida com planos econômicos. Os ganhos do Real já se dissiparam ou

estão perto disso. É preciso que haja políticas ativas de distribuição de renda para

enfrentar o desafio. Não se pode esperar que o passar dos séculos realize, por si

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só, e quase que naturalmente, essa tarefa inadiável dos governantes de hoje.

Quando o próprio IBGE, órgão oficial do Governo, vem a público afirmar que os

indicadores de 1999, divulgados na última sexta-feira, mostram um Brasil mais

desigual, mais pobre, inclusive ao período relativo ao impeachment , em 1992, é

possível afirmar, com toda a segurança, que este Governo fracassou por completo.

Infelizmente, Sr. Presidente, este é o quadro que vivemos, e, com o Governo

que temos, a comemoração do 1º de Maio só poderia ter, como teve, um tom

fúnebre. Continuou sendo um dia para se protestar por mais emprego, salário

digno, direitos humanos, cidadania e distribuição de renda, contra a globalização

excludente. Continua sem nada o que festejar. O aumento do salário mínimo

anunciado pelo Governo é uma vergonha. O sentido da caminhada há de ser o de

uma sociedade justa, fraterna, igualitária, democrática e plural. Viva a luta do

trabalhador. Viva a luta por empregos e salários dignos. Vivam os direitos humanos

e a cidadania.

Obrigado.

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O SR. ROBÉRIO ARAÚJO (Bloco/PL-RR. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os produtores rurais brasileiros, que

estavam com esperança de entrar em uma nova era tendo perspectivas e melhores

condições para continuar suas atividades agrícolas, voltam a viver o mesmo drama

de tempos anteriores.

A classe rural, ao contrário do que esperava, vai iniciar um novo milênio

enfrentando os mesmos problemas de sempre, ou seja, endividamento e falta de

condições de saldar suas dívidas devido a absurdos dos juros, queda de renda,

descapitalização e, o que é mais grave, a concorrência desleal das importações

subsidiadas.

Outro problema grave são as barreiras impostas por vários países aos

nossos produtos brasileiros, o que torna cada vez mais difícil a exportação

brasileira. Temos, ainda, os fatores climáticos, com muita chuva em determinadas

regiões e seca em outras.

A falta de uma política agrícola deixa, realmente, desanimados todos os

produtores rurais, dos maiores àqueles que têm sua agricultura de subsistência.

As previsões para a próxima safra não são muito animadoras. Segundo

técnicos do setor agrícola, a produção nacional de grãos deverá ficar em torno de

81 milhões e 200 mil toneladas, com uma queda de 1% em relação à última safra,

embora há poucos dias o Presidente Fernando Henrique tenha acenado com

recorde.

As estimativas do próprio Governo Federal eram de que atingiríamos a

marca de 100 milhões de toneladas de grãos este ano, o que não acontecerá, e, se

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não houver uma mudança no tratamento para com o setor produtivo, tão cedo essa

meta não será obtida.

Não podemos conceber que um país como o Brasil tenha que aumentar, este

ano, as importações de milho, arroz e trigo. Essas exportações poderão ultrapassar

9 milhões de toneladas.

Enquanto isso, estamos aí com milhares de pessoas desempregadas e o

trabalhador rural cada vez mais procurando as grandes cidades e aumentando de

forma vertiginosa e o êxodo rural, fazendo crescer o caos social.

Acabo de receber informações de técnicos da Confederação Nacional da

Agricultura mostrando como está o setor agrícola brasileiro.

Esses dados revelam que a estagnação na safra será causada

principalmente pela diminuição de 13% da produção de arroz e 3% na do feijão.

Em conseqüência, as importações de arroz poderão chegar a 1 milhão e 300

mil toneladas no próximo ano, com um aumento de 30% em relação a 1999.

O Brasil deverá importar também cerca de 6 milhões e 9 mil toneladas de

trigo, tornando-se o maior comprador mundial depois do Egito. A queda de 42 mil

toneladas na produção de feijão não deverá ter impactos significativos em relação

às importações. Mas o caso do milho é preocupante.

No meu Estado, Roraima, temos centenas de agricultores abandonando suas

terras porque não conseguem mais sobreviver da agricultura.

Os problemas enfrentados pelos produtores roraimenses aumentam a cada

ano e vão da dificuldade em obter financiamentos destinados à compra de

máquinas, equipamentos, adubos e fertilizantes à falta de rodovias para escoar os

seus produtos.

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Ainda há tempo de mudar, basta boa vontade. O Governo precisa voltar sua

atenção para o setor agrícola porque é na agricultura que está a salvação deste

País.

Muito obrigado.

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O SR. RAIMUNDO COLOMBO (PFL-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a ocupação generalizada de prédios

públicos pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra — MST e a

obstrução das estradas por caminhoneiros são fatos do dia que exigem uma

reflexão. Não se trata de impedir a livre manifestação dos setores populares

organizados, mas chama a atenção a forma agressiva como isso vem sendo feito.

Sabemos que a questão da terra é um tema polêmico que percorre toda a

história do nosso País, mas neste momento há boa vontade e interesse do Governo

Federal em assentar trabalhadores rurais. Em contrapartida ao avanço que é visível

e reconhecido também por lideranças do MST, explodem da noite para o dia

centenas de invasões na maioria dos Estados da Federação.

São ocupações políticas, portanto, não respeitam a pauta de trabalho que

permite ao Governo examinar, à luz da legalidade, se determinada propriedade

pode ou não ser desapropriada. Ao contrário, esse comportamento põe em risco a

execução das desapropriações em andamento, com prejuízos evidentes para os

trabalhadores que o próprio Movimento quer beneficiar.

E isso não é tudo, Sr. Presidente. As notícias de ontem e de hoje são de

confronto. Temos feridos e um morto pela ação insensata imposta pelo MST em

diversas localidades.

Essa ação nos preocupa. Primeiro, porque põe em risco vidas humanas;

segundo, porque inviabiliza um projeto de democratização da terra que está em

curso; terceiro, porque é uma ação puramente política, com trabalhadores usados

como massa de manobra. O Governo precisa estar atento para o que está

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acontecendo, porque os fatos estão nas portas de dezenas de prédios públicos e

isso não é possível ignorar.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o outro problema é a greve dos

caminhoneiros. A despeito dos inúmeros sinais das autoridades federais pela

negociação da pauta apresentada, particularmente no que diz respeito à redução

do pedágio nas rodovias federais, a paralisação está acontecendo.

A possibilidade real de desabastecimento de combustíveis, alimentos e de

cargas que se perdem pela greve dos caminhoneiros, além de transtornos nas

estradas, são fatos que nos alertam para a importância de revermos o nosso

sistema nacional de transportes, que tem as rodovias praticamente como sua maior

base.

É dever do Poder Legislativo, que representa a sociedade, ir além dos fatos

do momento. É agora a hora de repensar como está estruturado o sistema de

transporte de cargas, especialmente num ano em que a safra agrícola nacional bate

um novo recorde.

Todos sabemos que manter o sistema rodoviário é oneroso e que as

enormes distâncias entre os centros produtores e consumidores são realidades que

exigem, literalmente, novos caminhos. As ferrovias foram deixadas de lado, mas

não seria a hora de pensar na sua retomada? Nossos recursos hidroviários também

são importantes, mas por que são tão pouco usados?

Essas, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, são perguntas que nos

fazemos neste momento. Acredito que o Poder Legislativo tem o dever de buscar

respostas e apontar as soluções necessárias para evitar, no futuro, que fatos como

estes se repitam.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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Era o que tinha a dizer.

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O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) - Convoco todos os Srs.

Deputados ao plenário, a fim de registrarem presença, até às 16h.

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O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) - Passa-se ao

V - GRANDE EXPEDIENTE

Concedo a palavra ao Sr. Deputado Saulo Pedrosa.

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O SR. SAULO PEDROSA (Bloco/PSDB-BA. Pronuncia o seguinte discurso.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Instituto Oswaldo Cruz, fundado em 25

de maio de 1900, a mais antiga e importante Unidade de Pesquisa e

Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, está

comemorando o seu centenário. Um dos eventos comemorativos é o "Simpósio

internacional sobre as Perspectivas da Pesquisa Biomédica no Século XXI", que

será realizado de 21 a 26 deste mês de maio, na sede do instituto, no Rio de

Janeiro.

Na condição de ex-integrante do corpo técnico-científico do Núcleo de

Pesquisas da Bahia, depois Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz, da Fundação

Oswaldo Cruz, sediado em Salvador, Bahia, quando tive a honra de trabalhar ao

lado de renomados pesquisadores como o Dr. Ítalo A. Sherlock, discípulo de um

dos destacados pesquisadores da Entomologia brasileira, Octávio Mangabeira

Filho, o Dr. Gildo Horta Aguirre, da SUCAM, e ter as portas para o caminho da

pesquisa abertas pelo Prof. Mário Ventel, do Instituto Oswaldo Cruz, ao qual rendo

homenagens, dentre outros, e por ter a oportunidade de contribuir para a saúde

pública, com trabalhos publicados no período de 1970 a 1976, é por demais

gratificante poder homenagear o Instituto Oswaldo Cruz em seu centenário,

instituição que muito fez pelo Brasil e da qual tanto ainda se pode esperar, face à

sua história, missão, estrutura e qualidade de seus quadros.

Com suporte em informações da Fundação Oswaldo Cruz e do Centro de

Pesquisas Gonçalo Muniz, unidade dessa Fundação criada em 1957, com sede na

Bahia, e em face da grandiosidade da obra do Instituto Oswaldo Cruz, trazendo

alguns aspectos históricos e sua contribuição científica para o Brasil e para a

humanidade e citando fatos que marcam a passagem de Oswaldo Cruz e Carlos

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Chagas pelo Instituto, pensamos em homenagear a instituição e a qualidade de

seus homens, atuais e ex-funcionários, bem como seus colaboradores.

1. História.

O Instituto Soroterápico Federal foi criado em 25 de maio de 1900, com o

objetivo de fabricar soros e vacinas contra a peste. O local escolhido para a

construção do Prédio Central, chamado de Pavilhão Mourisco, foi a região da

antiga Fazenda Manguinhos, situada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro.

Logo, o instituto, de simples produtor, passou a se dedicar também à pesquisa e à

medicina experimental, principalmente depois que Oswaldo Cruz assumiu sua

direção, em 1902.

No ano seguinte, Oswaldo Cruz foi nomeado Diretor-Geral de Saúde Pública.

Assim, Manguinhos tornou-se base para as suas memoráveis campanhas de

saneamento, especialmente na cidade do Rio de Janeiro, que na época foi

assolada por surtos e epidemias de peste bubônica, febre amarela e varíola.

Mesmo enfrentando oposição acirrada, e inclusive um levante popular — a

Revolta da Vacina, em 1904 —, o sanitarista obteve sucesso que levou a instituição

a receber a medalha de ouro na Exposição Internacional de Higiene, do IV

Congresso Internacional de Higiene e Demografia, em Berlim, em setembro de

1907. No ano seguinte, Manguinhos foi rebatizado Instituto Oswaldo Cruz.

O trabalho de Manguinhos não se restringiu à capital brasileira. Atendendo a

solicitações do Governo, colaborou de forma decisiva na ocupação do interior do

País. Lá, pesquisadores realizaram expedições científicas, permitindo assim o

cumprimento de acordos internacionais e colaborando com o desenvolvimento

nacional.

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O levantamento pioneiro sobre as condições de vida das populações do

interior, realizado pelos cientistas de Manguinhos, fundamentou debates acirrados

e resultou na criação do Departamento Nacional de Saúde Pública, em 1920.

Após a Revolução de 30, o instituto foi transferido para o recém-criado

Ministério da Educação e Saúde Pública. Embora beneficiado com maior aporte de

recursos federais, Manguinhos perdeu a autonomia e parte de seu pessoal,

tornando-se mais vulnerável às interferências políticas externas.

Nas décadas de 50 e 60, o instituto defendeu o movimento para a criação do

Ministério da Ciência e a transferência do setor de pesquisa para o novo órgão. No

entanto, o Ministério da Saúde dava prioridade à produção de vacinas. Essa

polêmica culminou no Massacre de Manguinhos, em 1970, com a cassação dos

direitos políticos e aposentadoria de dez renomados pesquisadores da instituição.

Em 1985, eles foram reintegrados.

Ainda em 1970, foi instituída a Fundação Oswaldo Cruz, congregando

inicialmente o então Instituto Oswaldo Cruz, a Fundação de Recursos Humanos

para a Saúde, posteriormente Escola Nacional de Saúde Pública, e o Instituto

Fernandes Figueira. As demais unidades que hoje compõem a FIOCRUZ — de um

total de dezoito — foram incorporadas ao longo dos anos.

2. Contribuições científicas.

Desde sua criação, Manguinhos vem oferecendo contribuições importantes

ao desenvolvimento científico mundial. Entre elas destaca-se a descoberta da

Doença de Chagas, em 1909, feito ímpar: Carlos Chagas descobre o parasita

Trypanossoma Cruzi , estuda sua morfologia e biologia, descobre o vetor — o

barbeiro — e o modo de transmissão, a doença, suas manifestações clínicas, o

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primeiro reservatório silvestre e ainda define as linhas gerais da epidemiologia;

enfim, descobre a cadeia epidemiológica do vetor e da doença.

Na área da protozoologia, destacam-se ainda o estabelecimento do ciclo do

Hemoproteus Columbae por Henrique Aragão, contribuindo para a descoberta do

ciclo exo-eritrocitário da malária humana, e a descoberta do tratamento antimonial

para a leishmaniose por Gaspar Vianna, feito que mudou radicalmente o

prognóstico do calazar, doença com índice de mortalidade de 70% a 90%.

Em virologia, ressaltam-se os estudos anatomopatológicos em febre amarela

de Rocha Lima e Margarino Torres. Henrique Aragão foi ainda o descobridor do

vírus do mixoma do coelho, o que possibilitou o controle populacional deste animal

na Austrália.

No campo da entomologia, o que chama a atenção é a descoberta do inseto

responsável pela "broca do café" e a utilização pioneira do controle biológico para

seu combate por Costa Lima e Arthur Neiva e ainda as novas técnicas de combate

ao mosquito transmissor da febre amarela, desenvolvidas por Oswaldo Cruz, além

dos estudos clássicos em sistemática de insetos.

A descoberta da vacina contra o carbúnculo sintomático do gado ou peste da

manqueira por Alcides Godoy, as pesquisas em microbiologia de Olympio da

Fonseca e Arêa Leão, a descrição completa do fungo causador da

paracoccidioidomicose, também conhecida como Mal de Lutz, por Adolpho Lutz,

além do desenvolvimento de novas tecnologias para a produção em larga escala

das vacinas contra a febre amarela e varíola também são destaques do Instituto.

Ressaltam-se, finalmente, os estudos clássicos em sistemática de helmintos

de Lauro Travassos e a descrição do ciclo do Schistosoma mansoni e a causa do

tifo exantemático — Rickettsia prowasecki — por Rocha Lima.

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O Instituto tem história rica.

3. Homens.

Oswaldo Cruz (1872-1917).

Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em 5 de agosto de 1872 em São Luiz de

Paraitinga, São Paulo, filho do médico Bento Gonçalves Cruz e de Amália Bulhões

Cruz. Ainda criança — cinco anos — mudou-se para o Rio de Janeiro. Aos 15 anos,

ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e, em 1892, formou-se

Doutor em Medicina com a tese "Veiculação Microbiana pela Água". Quatro anos

depois, acolhendo sugestão do clínico e professor, o “divino mestre” Francisco de

Castro, realizou seu grande sonho: especializar-se em Bacteriologia no Instituto

Pasteur de Paris, que reunia os grandes nomes da ciência da época.

De volta ao Rio de Janeiro, em fins de 1899 aparecem casos suspeitos de

peste bubônica no porto de Santos, em São Paulo. Oswaldo Cruz foi designado

pela Diretoria de Higiene para apurar a suspeita, confirmando-a e prevendo a

possibilidade da invasão do Rio de Janeiro por essa nova doença que entrara

recentemente no Brasil. Com essa perspectiva, o Barão de Pedro Afonso, diretor do

Instituto Vacínico Municipal, consegue com o prefeito Cesário Alvim a fazenda

Manguinhos para instalar o Instituto Soroterápico Federal — criado em 25 de maio

de 1900 —, nome pomposo mas que não tinha um técnico capaz de preparar as

vacinas. Solicita ao Instituto Pasteur a indicação de um técnico e o Professor Roux

responde que esse técnico, formado recentemente pelo Instituto Pasteur, está no

Brasil: é o Dr. Oswaldo Gonçalves Cruz. Lembrando-se que tinha sido colega de

turma de seu pai, o Barão de Pedro Afonso convida Oswaldo Cruz para diretor

técnico do novo instituto que, na realidade, era apenas um laboratório para

preparação do soro antipestoso. Oswaldo Cruz prepara uma lista com o material

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necessário; porém, o Barão, que era um famoso cirurgião no Rio de Janeiro, com

seu temperamento autoritário, manda cortar vários itens da lista. Oswaldo, sem

dizer uma palavra, abandona o posto não assumido. Somente depois que o Barão

autorizou a compra de todo o material e mandou chamá-lo, Oswaldo Cruz assumiu

o seu posto em 23 de julho de 1900, e no final desse mesmo ano o soro e a vacina

antipestosos eram empregados na terapêutica e profilaxia da peste e mais tarde

comprovados pelos Professores Roux, de Paris, e Kolle e Otto, de Berlim, como de

excelente qualidade.

No final de 1902 explode uma crise de incompatibilidade entre o Barão de

Pedro Afonso e Oswaldo Cruz. Ambos se demitem e dias depois volta Oswaldo

Cruz como diretor único, aos trinta anos de idade. Estava livre o caminho para o

desenvolvimento institucional, e o Instituto não mais se restringia à fabricação de

soros, passando a dedicar-se também à pesquisa básica e aplicada e à formação

de recursos humanos.

Em 1903, o Dr. J. J. Seabra, então Ministro da Justiça e do Interior, onde o

Departamento de Saúde era lotado, acolhendo sugestão do médico Sales Guerra,

leva o nome de Oswaldo Cruz ao Presidente Rodrigues Alves. Embora

desconhecido, tanto para o Ministro como pelo Presidente, porém sob a chancela

de Diretor do Instituto de Manguinhos, o consumado bacteriologista, discípulo

notável do Instituto Pasteur de Paris, higienista consumado, capaz de extinguir a

febre amarela por um processo americano, é nomeado Diretor-Geral de Saúde

Pública, cargo que corresponde atualmente ao de Ministro da Saúde. No breve

discurso de posse, Oswaldo Cruz afirma, ao terminá-lo, que sua meta era “trabalho

e justiça”, e, ao apresentar o plano de saúde, se compromete a controlar a febre

amarela em três anos se lhe dessem “força e recursos”.

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Utilizando o Instituto Soroterápico Federal como base de apoio

técnico-científico, deflagrou suas memoráveis campanhas de saneamento. Seu

primeiro adversário: a febre amarela, que angariara para o Rio a reputação de

túmulo dos estrangeiros e que matou, de 1897 a 1906, quatro mil imigrantes.

Oswaldo Cruz estruturou a campanha contra a febre amarela em moldes

militares, dividindo a cidade em 10 distritos sanitários, cada qual chefiado por um

delegado de saúde. Seu primeiro passo foi extinguir a dualidade na direção dos

serviços de higiene. Para isso, estabeleceu-se uma conjugação de esforços entre

os setores federais e a Prefeitura, com a incorporação à Diretoria Geral de Saúde

Pública do pessoal médico e de limpeza pública da municipalidade.

A polícia sanitária estabelecia medidas rigorosas para o combate ao mal

amarílico, inclusive multando e intimando proprietários de imóveis insalubres a

demoli-los ou reformá-los. As brigadas mata-mosquitos percorriam a cidade,

limpando calhas e telhados, exigindo providências para proteção de caixas d’água,

colocando petróleo em ralos e bueiros e acabando com depósitos de larvas e

mosquitos.

Nas áreas de foco, expurgavam as casas pela queima de enxofre e piretro e

providenciavam o isolamento domiciliar dos doentes ou sua remoção para o

Hospital São Sebastião.

Oswaldo baseou o combate à febre amarela no então recente êxito da

campanha realizada pelos norte-americanos em Havana, Cuba, e em algumas

experiências realizadas no Brasil, que comprovavam o acerto da teoria do médico

cubano Carlos Finlay de que o transmissor da doença era um mosquito: o Aedes

aegypti , na época conhecido como Stegomyia fasciata ou Culex aegypti .

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Numa época em que ainda se acreditava que a maior parte das doenças era

provocada pelos ares pestilenciais, a idéia de “se pagar a rapagões para caçar

mosquitos”, como dizia uma revista de então, só poderia provocar riso. O jovem

pesquisador bem que tentou alertar a opinião pública, fazendo publicar seus

"Conselhos ao Povo", uma série de folhetos educativos. Mas enfrentava a oposição

de grande parte da classe médica, que não acreditava na teoria de Finlay.

Oswaldo não foi poupado: charges diárias na imprensa, canções com letras

maliciosas e versos satíricos, editoriais, críticas científicas, sentenças e recursos

judiciais, calúnias, ameaças e insultos. Mas o riso logo se transformou em

indignação, devido ao rigor com que eram aplicadas as medidas sanitárias —

especialmente a remoção dos doentes e a entrada nas casas para o expurgo,

mesmo sem autorização dos proprietários.

Em seguida, Oswaldo iniciou sua luta contra a peste bubônica. A campanha

previa a notificação compulsória dos casos, isolamento e aplicação do soro

fabricado em Manguinhos nos doentes, vacinação nas áreas mais problemáticas,

como a zona portuária, bem como desratização da cidade.

'A associação entre ratos e mosquitos era irresistível! E a decisão da Saúde

Pública de pagar por cada roedor capturado, dando origem aos inúmeros

compradores de gabirus que percorriam a cidade, só agravou a situação. Mas, em

poucos meses, a incidência de peste bubônica diminuiu com o extermínio dos ratos,

cujas pulgas transmitiam a doença.

Em 1904, uma epidemia de varíola assolou a capital. Somente nos cinco

primeiros meses, 1.800 pessoas tinham sido internadas no Hospital São Sebastião.

Embora uma lei prevendo imunização compulsória das crianças contra a doença

estivesse em vigor desde 1837, ela nunca fora cumprida. Assim, a 29 de junho de

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1904, o Governo enviou ao Congresso projeto reinstaurando a obrigatoriedade de

vacinação antivariólica.

Suas cláusulas previam vacinação antes dos 6 meses de idade e para todos

os militares, revacinação de 7 em 7 anos e exigência de atestado de imunização

para candidatos a quaisquer cargos ou funções públicas, para quem quisesse se

casar, viajar ou matricular-se numa escola. Dava-se ainda à polícia sanitária

poderes para convidar todos os moradores de uma área de foco a se imunizarem.

Quem se recusasse seria submetido à observação médica em local apropriado,

pagando as despesas de estadia.

O projeto estipulava ainda punições e multas para médicos que emitissem

atestados falsos de vacinação e revacinação, obrigava diretores de colégio a

obedecerem as disposições sobre imunização dos estudantes e instituía a

comunicação de todos os registros de nascimento.

Estas medidas draconianas estarreceram a população e a oposição a

Oswaldo Cruz atingiu seu ápice. Os jornais lançaram violenta campanha contra a

medida. Parlamentares e associações de trabalhadores protestaram e foi

organizada a Liga contra Vacinação Obrigatória.

Pois bem. No dia 13 de novembro estourou a "Revolta da Vacina". Choques

com a polícia, greves, barricadas, quebra-quebra, tiroteios — nas ruas, a população

se levantou contra o Governo. No dia 14,6 a Escola Militar da Praia Vermelha

aderiu à rebelião, mas após intenso tiroteio os cadetes foram dispersados. Os

protestos, porém, continuaram. Finalmente, o Governo decretou estado de sítio e,

no dia 16, conseguiu derrotar o levante, mas suspendeu a obrigatoriedade da

vacina.

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Oswaldo Cruz acabou vencendo a batalha. De 984 casos de óbitos por febre

amarela em 1902, caíram para 584 em 1903, 48 em 1906, 4 em 1908 e zero em

1909. Assim, em 1907 a febre amarela estava erradicada do Rio de Janeiro. A

peste desaparecera e a varíola reduzira-se não tanto, com recrudescimento em

1908, por não ter sido executada a lei de vacinação obrigatória, por falta de

regulamentação. Por esse motivo Oswaldo Cruz pede demissão, o que não é aceito

pelo Presidente. A violenta epidemia de varíola levou a população em massa aos

postos de vacinação. O Brasil finalmente reconhecia o valor do seu sanitarista!

No mundo científico internacional, seu prestígio já era inconteste. Em 1907,

no XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim, recebeu a

medalha de ouro pelo trabalho de saneamento do Rio de Janeiro. Oswaldo Cruz

reformou o Código Sanitário e reestruturou todos os órgãos de saúde e higiene do

País.

Em 1909, Oswaldo Cruz deixou a Diretoria Geral de Saúde Pública,

passando a dedicar-se apenas ao Instituto de Manguinhos, que fora rebatizado com

o seu nome. Do Instituto, lançou importantes expedições científicas, que

possibilitaram maior conhecimento sobre a realidade sanitária do interior do Brasil e

contribuíram para a ocupação de várias regiões. Erradicou a febre amarela no Pará

e realizou campanha de saneamento na Amazônia, o que permitiu o término das

obras da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, cuja construção havia sido

interrompida pelo grande número de mortes entre os operários.

“Visitamos ontem a cidade de Santo Antônio. Não podes imaginar o que seja.

Qualquer descrição por mais pessimista ficaria aquém da realidade. Basta que te

diga que não há um só habitante filho do logar. Todas as crianças que ali nascem

morrem infalivelmente e as poucas ali nascidas estão de tal modo doentes que

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fatalmente morrerão em breve”, disse Oswaldo Cruz em carta à sua mulher, Emília

da Fonseca Cruz.

O sanitarista recomendou uma série de medidas drásticas a serem

implementadas sem demora. Os cuidados sanitários começariam antes de o

operário chegar à ferrovia, com o engajamento de pessoal em áreas não palustres,

exame médico minucioso e fornecimento de quinino durante a viagem.

Recomendou ainda exames periódicos nos empregados, fornecimento diário de

quinino, desconto dos dias em que o trabalhador não ingerisse o medicamento e

gratificação para o operário que passasse três meses sem sofrer nenhum acesso

de malária. Finalmente, aconselhou a construção de galpões telados para

alojamento do pessoal, fornecimento de água fervida, uso de calçados, locais

determinados para a defecação.

Apesar de não desejar, Oswaldo Cruz foi eleito para a Academia Brasileira

de Letras em 11 de maio de 1912, na qual foi recebido por Afrânio Peixoto, em 26

de junho de 1913, que, em seu discurso, disse a certa altura: “Vós sois como os

grandes poetas que não fazem versos; nem sempre estes têm poesia e ela sobeja

na vossa vida e na vossa obra”.

Em 1915, por motivo de saúde, Oswaldo Cruz abandonou a direção do

Instituto e mudou-se para Petrópolis. Em 17 de agosto de 1916 toma posse na

recém-criada Prefeitura de Petrópolis — “na mais absoluta intimidade e sem a

menor solenidade”, como desejava. Em 18 de agosto apresenta um ambicioso

programa de administração, que incluía desde o saneamento básico, educação e

saúde pública, ajardinamento e plano turístico, até a ligação com o Rio de Janeiro

por bondes elétricos e que jamais seria realizado devido a seu precário estado de

saúde, que progressivamente se agrava. Ele entra em coma na manhã de 11 de

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fevereiro de 1917, com 44 anos, vindo a falecer às 21 horas e 10 minutos, na

presença do seu filho e jovem médico Bento Cruz e de íntimos amigos. Expira

assim aquele que, no dizer de Clementino Fraga “foi um momento singular na vida

científica do Brasil”, e, segundo Carlos Chagas, no seu último preito “levam-no,

para honra de nossa época, os ecos de uma redenção profissional e as bênçãos de

uma Pátria agradecida”.

Oswaldo Cruz foi grande na vida e muito maior na morte; deixa em

testamento as suas “últimas vontades” que aqui não são reproduzidas por limitação

de espaço. “Um breviário de cultura, de higiene moral e de sinceridade”, segundo

Sales Guerra, mas que foi muito bem sumariado no prefácio de sua "Opera Omnia"

por seu filho Oswaldo, com a seguinte frase: “O que se diz dele e o que eu sei dele

valem o maior dos julgamentos na sua forma mais pura e mais completa — foi um

Homem!”

Carlos Chagas (1879-1934).

Nascido a 9 de julho de 1879, em Oliveira, no oeste de Minas Gerais, Carlos

Justiniano Ribeiro Chagas ficou órfão de pai aos quatro anos. Interno no Colégio

dos Jesuítas em Itu e, depois, em São João Del Rey, fez o preparatório para a

Escola de Minas em Ouro Preto, atendendo ao desejo de sua mãe, que queria vê-lo

formado em Engenharia.

Aos 16 anos, porém, sua verdadeira vocação se manifestou, e, em 1897,

ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Concluído o curso,

escolheu como tema de sua tese o "Estudo Hematológico do Paludismo (1903), o

que o colocou pela primeira vez em contato com Oswaldo Cruz. Apesar de sua

admiração pelo sanitarista, Chagas recusou um convite para permanecer em

Manguinhos, por se sentir atraído pela clínica.

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Em 1905, realizou a primeira campanha de profilaxia contra a malária, em

Itatinga, interior de São Paulo, conseguindo em pouco tempo controlar o surto. Foi

a primeira campanha antimalárica bem-sucedida na história desta doença. Seu

método consistia em observar e descrever minuciosamente a transmissão

intra-domiciliar da malária. O resultado desse trabalho serviu de base para o efetivo

combate à moléstia no mundo inteiro.

Voltando de São Paulo ingressou, em 1906, nos quadros do Instituto

Oswaldo Cruz (IOC), onde trabalharia durante toda a vida. No ano seguinte, foi

enviado por Oswaldo Cruz, junto com Arthur Neiva, para combater uma epidemia de

malária em Xerém, na Baixada Fluminense.

Em fins de 1907, encarregado por Oswaldo Cruz, Carlos Chagas viajou, com

Belisário Penna, para Lassance, arraial quase às margens do Rio São Francisco,

onde a malária devastava o acampamento dos trabalhadores da Estrada de Ferro

Central do Brasil. Instalou sua casa e seu laboratório em um vagão de trem. No

povoado, observando a infinidade de insetos hematófagos, barbeiros, alojados nas

paredes de pau-a-pique das moradias, decidiu examiná-los. Encontrou neles um

novo parasito, que chamou de Trypanosoma cruzi , em homenagem a Oswaldo

Cruz. Verificou que o parasito era patogênico para animais de laboratório e

descobriu sua presença em animais domésticos. Paralelamente, Chagas já havia

detectado nos habitantes da região alterações patológicas inexplicáveis. Começou

então a pesquisar as ligações entre o novo parasito e a condição mórbida daquela

população. A 23 de abril de 1909, Chagas descobriu pela primeira vez o parasito no

sangue de um ser humano: uma menina de três anos, Berenice, em plena fase

aguda.

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O trabalho de Chagas é único na história da Medicina: inicialmente, a

descoberta do agente patogênico; depois, seu estudo; e, finalmente, a descrição da

moléstia por ele provocada — tudo isso realizado por um único pesquisador!

Foi ele ainda o primeiro a descortinar a importância social da nova doença,

entre as endemias que assolavam o País. A repercussão de sua descoberta foi

enorme, tanto no Brasil quanto no exterior. A Academia de Medicina, fato singular

em sua história, fez de Chagas membro extraordinário, já que, naquele momento,

não havia vaga disponível. "O descobrimento desta moléstia constitui o mais belo

exemplo do poder da lógica a serviço da ciência. Nunca até agora, nos domínios

das pesquisas biológicas, se tinha feito um descobrimento tão complexo e brilhante

e, o que mais, por um só pesquisador", diz Oswaldo Cruz.

O Prêmio Schaudinn, conferido ao autor do melhor trabalho sobre

protozoologia realizado até então, e que só havia sido dado ao cientista Prowaseck,

foi outorgado a Carlos Chagas em julho de 1912, como homenagem do Instituto de

Doenças Tropicais de Hamburgo, na Alemanha.

Sua obra, porém, não se restringiu à Doença de Chagas. Foi o primeiro a

descrever as lesões da medula óssea na malária. Descobriu novos e importantes

transmissores e revolucionou sua época ao afirmar que a malária era uma infecção

domiciliar, o que provou posteriormente com o sucesso de suas campanhas.

Ainda em 1912, Chagas realizou uma expedição ao vale do Amazonas,

fazendo um completo levantamento médico-sanitário e das condições de vida dos

habitantes daquela região.

Ao morrer Oswaldo Cruz em 1917, Chagas assume a direção do Instituto de

Manguinhos. No ano seguinte, foi chamado pelo governo brasileiro para chefiar a

campanha contra a epidemia de gripe espanhola, que assolava o Rio de Janeiro.

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Em seguida, foi encarregado pelo Presidente Epitácio Pessoa de elaborar um novo

código para a Saúde Pública. O novo regulamento, uma segunda reforma sanitária,

foi aprovado em 1919 e entrou em vigor a partir de 1920. Criava o Departamento

Nacional de Saúde Pública (DNSP), em substituição à antiga Diretoria Geral de

Saúde Pública (DGSP), responsável pelos serviços sanitários terrestres, marítimos

e fluviais e pelos serviços de profilaxia rural.

Designado chefe do DNSP, criou diversos serviços especializados de saúde,

como o de higiene infantil, de combate às endemias rurais, à tuberculose, à

hanseníase, às doenças venéreas. Criou ainda escolas de enfermagem e

estabeleceu a formação de médicos sanitaristas. Em 1925 foi nomeado Professor

da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Lá criou a cadeira de moléstias

tropicais e estabeleceu as bases do estudo de higiene em nosso País. Além disso,

Carlos Chagas representou o Brasil em vários comitês internacionais,

principalmente como membro permanente do Comitê de Higiene da Liga das

Nações.

A 8 de novembro de 1934 morreu subitamente, aos 55 anos.

Concedo o aparte ao nobre Deputado Romel Anizio.

O Sr. Romel Anizio - Prezado Deputado Saulo Pedrosa, cumprimento

V.Exa. pelo brilhante pronunciamento que faz nesta tarde, prestando homenagem a

Oswaldo Cruz e a Carlos Chagas, cientistas mais ilustres do País, este último

mineiro que honra as mais caras tradições do nosso Estado. Não poderia deixar de

apartear tão ilustre Deputado baiano, que reverencia figuras da ciência que

glorificam e honram as mais caras tradições do Brasil.

O SR. SAULO PEDROSA - Deputado Romel Anizio, V.Exa. sabe que este

ano o Instituto Oswaldo Cruz está completando seu centenário, tornando mais do

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que justa a homenagem que nós, Deputados Federais, podemos prestar-lhe,

principalmente enaltecendo os grandes homens que fizeram sua história.

Concedo o aparte, com toda honra, ao Deputado Nicias Ribeiro.

O Sr. Nicias Ribeiro - Deputado Saulo Pedrosa, estou muito feliz por ouvir a

homenagem que V.Exa presta ao Instituto Oswaldo Cruz e a esses pesquisadores

do campo da saúde, não só pelo trabalho brilhante de Oswaldo Cruz, Carlos

Chagas e outros, mas, muito mais do que isso, por tanta saudade que essa gente

nos dá nos dias de hoje — quantas saudades! V.Exa. diz que em 1906, no Rio de

Janeiro, houve seis casos, mas antes teria ocorrido até novecentos, não é

verdade? Isso prova exatamente que a Medicina preventiva é a grande solução

para qualquer ação da saúde pública. Mas, infelizmente, o ensinamento, a prática

provada e comprovada por esse cientista no início do século foi esquecida nos dias

atuais. Hoje está de volta a febre amarela, enquanto a dengue caminha do Rio de

Janeiro para a Amazônia — que já apresenta uma grande endemia de malária. E

outras endemias ocorrem, sem que nossas autoridades da área da saúde

encontrem soluções. Fico feliz em ouvir V.Exa. Espero que seu discurso possa ser

ouvido no Ministério da Saúde, que Oswaldo Cruz, Carlos Chagas e outros insignes

cientistas, reconhecidos como mestres da saúde pública, sejam exemplos a serem

copiados neste final do século XX e início do século XXI, para que o País, outra

vez, livre-se da dengue, da malária, da febre amarela e de outras endemias.

Agradeço a V.Exa. o aparte e parabenizo-o por seu discurso.

O SR. SAULO PEDROSA - Deputado Nicias Ribeiro, ouço emocionado a

intervenção de V.Exa. Ao tratar de um assunto deveras importante, sinto-me

bastante feliz e gratificado, porque servi esse Instituto durante 17 anos.

Prossigo, Sr. Presidente.

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Octávio Mangabeira Filho.

Outro dos grandes pesquisadores da Entomologia brasileira, Octávio

Mangabeira Filho nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 13 de julho de 1913.

Diplomou-se em 1936 pela Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro. De

1935 a 1937 fez o famoso “Curso de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz”,

introduzindo-se na carreira de pesquisador. Em 1938, já fazendo parte da

“Comissão para o Estudo da Leishmaniose Visceral”, criada pelo Instituto Oswaldo

Cruz, sob a orientação de Evandro Chagas, no Instituto Patologia Experimental do

Norte, em Belém do Pará, passou a trabalhar sobre os vetores da leishmaniose,

continuando neste caminho como um dedicado estudioso dos flebótomos

brasileiros. Fez em seguida parte da “Excursão Científica para o Estudo da

Leishmaniose Visceral no Nordeste do Brasil”, também criada pelo Instituto

Oswaldo Cruz e chefiada por Evandro Chagas. Foi nessa pesquisa que Mangabeira

Filho observou e chamou a atenção, pela primeira vez, para as diferenças

morfológicas entre a Lutzomyia longipalpis do Norte e a do Nordeste do Brasil.

Este fato constitui, atualmente, polêmica científica sobre prováveis implicações

epidemiológicas diversas.

Deve-se a Octávio Mangabeira Filho a padronização dos estudos sobre

sistemática, morfologia e biologia dos vetores de leishmanioses em condições de

laboratório e de campo, tendo sido um dos primeiros no mundo a encontrar uma

larva de flebótomo na natureza. Essa fase de estudos, permitiu-lhe a elaboração de

excelentes trabalhos que foram publicados na Memórias do Instituto Oswaldo Cruz

e servem, até hoje, de base para o estudo dos flebotomíneos. Nestes trabalhos,

foram descritas cerca de 40 espécies novas do díptero, principalmente da região

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amazônica, e criados diversos subgêneros para classificar estes insetos, estando

ainda quase todos mantidos na sistemática e classificação atual dos flebotomíneos.

Na Bahia, a partir de 1950, Mangabeira Filho transformou o antigo Instituto

de Saúde Pública na instituição “Fundação Gonçalo Moniz” — extinta em 1969 e

absorvida pela Fundação de Saúde da Bahia —, tornando-a uma moderna entidade

para pesquisas em saúde pública. Essa instituição, que permaneceu sob sua

direção até 1956, angariou muita fama, motivando a formação de uma segunda

escola tropicalista de importantes pesquisadores na Bahia. A imprensa registrava

com aplausos entusiásticos os feitos dessa instituição dirigida por Mangabeira

Filho, que contribuía decisivamente para o conhecimento e o combate das

endemias que constituíam sérios problemas de saúde pública para a Bahia, como a

Doença de Chagas, a esquistossomose mansônica e as leishmanioses, e cujo

conhecimento científico estava a exigir um trabalho árduo e de elevado nível

técnico.

Em 1958, Mangabeira Filho, considerado o verdadeiro criador do atual

Centro de Pesquisas Gonçalo Muniz da FIOCRUZ, iniciou a formação de novo

grupo de pesquisadores, dentre os quais convida Ítalo Sherlock, estudante de

medicina, bolsista do Instituto Oswaldo Cruz a integrar sua equipe, o qual viria a

substituí-lo na Chefia do Centro, então com 25 anos, no período de 1963 a 1980.

Nos seus últimos anos de vida, Mangabeira Filho encantava-se pelos

estudos de biologia marinha, sobre o que dizia ser o manancial futuro para a

alimentação da humanidade. Octávio Mangabeira Filho faleceu em 5 de maio de

1963, perdendo a Entomologia e a Parasitologia um de seus mais representativos

vultos brasileiros.

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, queremos dizer da honra que

tivemos, eu e minha esposa Dra. Luzia, de integrarmos o quadro de pessoal que

trabalhou para no “Núcleo de Pesquisas da Bahia”. Trabalho de Jones, T. Mott,

Pedrosa, L.C. ("A technique for isolating and concentrating microfilariae from

peripheral blood by gradient centrifugation – Transactions of the Royal Society of

Tropical Medicine & Hygiene 69 (2):243-246") em 1975, marca a participação da

Dra. Luzia Cavalcante Pedrosa no Centro de Pesquisas Gonçalo Muniz.

Na condição de médico pesquisador em leishmaniose e peste bubônica do

“Núcleo de Pesquisas da Bahia”/FIOCRIZ, com oito trabalhos publicados como

autor e/ou co-autor, registro os trabalhos: “ALMEIDA, S.P., SHERLOCK, I.A. &

FAHEL, E. – Xenodiagnóstico – Novo procedimento na forma crônica da doença de

Chagas. 12º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Belém, Pará,

1976”; “ALMEIDA, S.P., MARSDEN, P.D. & MILES, M.M. – Verificação das

suscetibilidades a infecção por T. Cruzi, dos estágios evolutivos de R. neglectus.

‘Revista Brasileira de Biologia. 33(1):43-52’, 1972.”; “SHERLOCK, I.A. & ALMEIDA,

S.P. – Diferenças de suscetibilidade a infecção com T. cruzi entre espécies de

triatomídeos em cão, tatu e camundongos infectados. Revista da Sociedade

Brasileira de Medicina Tropical. 7(3):87-98, 1973.”

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em 1970, com o Decreto nº 66.624, o

Instituto Oswaldo Cruz é transformado em Fundação Instituto Oswaldo Cruz e, em

1974, passa a denominar-se Fundação Oswaldo Cruz — FIOCRUZ.

A Bahia, através do Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz — uma das 18

atuais unidades da FIOCRUZ —, sente-se integrada à história do Instituto Oswaldo

Cruz.

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Em 1957, por sugestão do Senador Octávio Mangabeira, foram realizados

entendimentos entre os Diretores do Instituto Nacional de Endemias Rurais —

INERu, Dr. Amílcar Vianna Martins, do Instituto Oswaldo Cruz — IOC, Dr. Antônio

Augusto Xavier, e da Fundação Gonçalo Muniz — FGM, Dr. Manoel Ferreira, com o

objetivo de incluir o Estado da Bahia no campo das pesquisas sobre doenças

endêmicas. Resultou dos entendimentos a criação de uma “Turma de Pesquisas da

Bahia”. Esta turma tinha apoio de pessoal e material do Instituto Oswaldo Cruz e da

Fundação Gonçalo Muniz e o apoio financeiro do INERu através da Circunscrição

Bahia do Departamento Nacional de Endemias Rurais — DNERu. Os seus objetivos

eram os de realizar pesquisas sobre Leishmaniose e Esquistossomose, com

“prioridade, entretanto, para a primeira das doenças mencionadas”.

A “Turma de Pesquisas da Bahia” teve designado para chefiá-la o Dr.

Octávio Mangabeira Filho, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, então

recém-afastado da Fundação Gonçalo Muniz. Cientista de personalidade marcante,

dotado de elevado espírito criador e de prestígio no meio científico, já tendo larga

experiência da criação na Fundação Gonçalo Muniz da famosa segunda escola de

pesquisadores em Doenças Tropicais da Bahia, Octávio Mangabeira Filho

aparelhou modernamente os laboratórios da “Turma de Pesquisas”, orientou-a com

métodos modernos de trabalho e deu a seus técnicos oportunidades para estágios

e aperfeiçoamentos em outras instituições, inclusive no exterior. Entretanto,

cobrava do pesquisador o cumprimento das tarefas, exigindo para isso, inclusive,

que trabalhasse em horários noturnos. Por essa razão havia expediente até as 10

horas da noite no Núcleo de Pesquisas, o que facilitava para os universitários a

freqüência aos cursos que realizavam.

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Adveio por isso a necessidade da criação de organismo dispondo de

melhores recursos técnicos e financeiros para realizar pesquisas e trabalhos mais

amplos. Transformou-se a Turma de Pesquisas no “Núcleo de Pesquisas da Bahia”

dependente do INERu/IOC.

Concluo, Sr. Presidente.

Nos dias de hoje, o Instituto Oswaldo Cruz, como uma das unidades da

FIOCRUZ, continua a dedicar-se à investigação, ao desenvolvimento tecnológico, à

formação de recursos humanos e à prestação de assistência à saúde no campo das

doenças infecciosas e parasitárias. Tem como diretor o Dr. José Rodrigues Coura,

com sede na Av. Brasil, 4365, Manguinhos, Rio de Janeiro.

O Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, como unidade da FIOCRUZ,

localizado em Salvador, Bahia, pesquisa as principais endemias da região,

envolvendo análise ecológica de vetores, imunologia, patologia e biologia

molecular. Tem como diretor o Dr. Mitermayer Galvão dos Reis, localizado na Rua

Waldemar Falcão, 121, Brotas, Salvador.

A Fundação Oswaldo Cruz — FIOCRUZ, vinculada ao Ministério da Saúde,

com 18 unidades distribuídas em diferentes Estados brasileiros, desenvolve ações

na área da ciência e tecnologia em saúde, incluindo atividades de pesquisa básica

e aplicada, ensino, assistência hospitalar e ambulatorial de referência, formulação

de estratégias de saúde pública, informação e difusão, formação de recursos

humanos, produção de vacinas, medicamentos, kits de diagnósticos e reagentes,

controle de qualidade e desenvolvimento de tecnologias para a saúde. A

presidência da FIOCRUZ é exercida pelo Dr. Eloi de Souza Garcia, e respondem

pelas Vice-Presidências: de Pesquisa e Ensino, Dr. Renato Sérgio Balão Cordeiro;

de Serviços de Referência em Saúde, Dr. Mauro Célio de Almeida Marzocchi; de

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Ambiente, Comunicação e Informação, Dra. Maria Cecília de Souza Minayo; e, de

Tecnologia, Dra. Akira Homma.

Cabe ressaltar que a FIOCRUZ dá conhecimento à sociedade, em sua

página na Internet, de 521 Projetos de Pesquisa, bases para a construção de

tecnologia e produção de bens e serviços, contribuindo para a melhoria da

qualidade de vida da população e para o exercício pleno da cidadania.

É também motivo de orgulho nacional o anúncio de que a FIOCRUZ

desenvolve a primeira vacina contra a esquistossomose, sendo que a Organização

Mundial da Saúde aprova testes em seres humanos. “Estamos muito próximos de

obter a primeira vacina parasitária do mundo”, diz Miriam Tendler, pesquisadora

que chefia a equipe da Fundação Oswaldo Cruz nesse empreendimento.

A biotecnologia está no centro das notícias, dando conta dos grandes

movimentos de empresas do setor, com milionárias incorporações, em que se

anuncia a leitura do genoma humano, a clonagem de animais, novas drogas para o

controle da AIDS, os produtos transgênicos.

É fundamental acompanharmos estes movimentos. Porém é imprescindível

que implementemos a sustentação e o fomento das nossas organizações geradoras

do conhecimento, com vistas à ocupação dos espaços mercadológicos e a fim de

reduzirmos a dependência tecnológica.

A FIOCRUZ é um dos patrimônios nacionais a ser sustentado e

implementado. É nosso dever!

Pela sua história, pela contribuição à saúde pública brasileira e da

humanidade, pela contribuição ao desenvolvimento nacional, pelos homens que

constituíram e constituem seus quadros, pela sua ética, e sobretudo pelo potencial

de avanços em ciência que está instalado na FIOCRUZ, a nós, do Parlamento e da

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sociedade brasileira, é obrigatório prestarmos esta homenagem ao Centenário do

Instituto Oswaldo Cruz, neste 25 de maio.

O poder tem no conhecimento um de seus tentáculos. Investir em ciência,

em conhecimento, reduzindo a importação pela geração de tecnologias, é o

caminho para a soberania. Cabe a nós sustentar esta bandeira. (Muito bem!)

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O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado Jorge Alberto.

O SR. JORGE ALBERTO (Bloco/PMDB-SE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em fevereiro último foi instalado o Grupo de

Trabalho destinado a tratar da transposição de águas do Rio São Francisco, do

qual faço parte como titular. Desde o início expressei minha contrariedade tanto

nesta Casa como em declarações à imprensa, e o fiz por diversas razões.

A princípio considerei que uma obra de transposição pura e simples seria um

agente para o agravamento dos muitos problemas que já atingem o Rio São

Francisco, problemas esses gerados nas últimas quatro ou cinco décadas pela

política de energia elétrica do Governo Federal, que causou ao rio grandes

desgastes.

Conforme declarei muitas vezes, com a construção das usinas hidrelétricas,

surgiram profundas alterações nas características naturais do Baixo São Francisco,

como por exemplo a mudança da fauna aquática. No passado, o Rio São Francisco

já chegou a possuir cerca de 75 espécies de peixe e hoje está reduzida a cerca de

quinze espécies, talvez menos.

Além disso, ocorre que o rebaixamento gradual do banco do camarão,

situado no mar, ao largo da foz do rio, destrói assim o hábitat do camarão. As

mudanças da estrutura do rio também estariam contribuindo para destruir a defesa

natural da ponta do cabeço contra o mar, que ora invadia e que está avançando

terra adentro. Em um segundo momento, ao longo dos debates, tornei-me ciente de

que a erosão na ilha do cabeço se deve, na verdade, a um desvio de curso

causado pela construção do Porto de Sergipe.

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No estuário, ao longo dos anos, vêm-se formando grandes bancos de areia,

que se transformam em imensas ilhas fixas e alteram a dinâmica fluvial do mesmo,

por impedirem a formação de canais profundos para a navegação. E essa formação

de bancos no estuário, assim como os outros problemas causados, surgiu após a

construção das barragens, que tiraram a mobilidade dos bancos de areia, que

mudavam de lugar devido às sucessivas ondas de enchentes e vazantes. Também

devido à permanência das marés e superfície da água nos mesmos níveis,

verificou-se uma erosão agressiva.

A manutenção dos níveis das águas também é responsável pelo

desaparecimento das lagoas marginais que, antes da construção das barragens, no

período pré-cheia, eram cheias pelas águas do São Francisco, propiciando o

ambiente ideal para a cultura do arroz e para o abrigo de alevinos. Atualmente,

muitas dessas várzeas com lagoas marginais estão quase improdutivas. E os

alevinos perderam muito do seu hábitat natural.

De acordo com a primeira informação que recebi, a alteração causada à

estrutura natural do rio teria facilitado a intrusão da cunha salina, que já atinge

Municípios ao longo de 20 e até 25 quilômetros de distância da foz. Isto, aliado à

proliferação das algas, estaria comprometendo progressivamente a qualidade da

água do Baixo São Francisco.

Acreditei, a princípio, que muitos de nossos projetos de irrigação poderiam

ser comprometidos pela transposição de parte das águas, assim como o

abastecimento de água de Aracaju, que tem o Rio São Francisco como sua fonte

básica.

Por essas razões, posicionei-me contra a transposição pura e simples das

águas do Rio São Francisco. Defendi que, em primeiro lugar, o Governo Federal

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implementasse programas de revitalização do rio, para que este recuperasse a sua

antiga dinâmica e o equilíbrio ecológico.

E se me entreguei a uma defesa veemente da revitalização foi porque,

mesmo havendo um Termo de Compromisso pela vida do São Francisco, assinado

em 19 de maio de 1995, entre Governos Estaduais e Federal, pouco ou nada foi

realizado para reverter o quadro de decadência em que se encontra o Velho Chico.

De acordo com o próprio Termo de Compromisso — e assim ele tem início

—, "o Rio São Francisco tem como vocação natural e destino histórico ser fonte de

vida e de riqueza. Assim foi no passado. O rio da unidade nacional aproximou o

litoral do sertão; integrou homens e culturas; uniu dois dos quatro ecossistemas

brasileiros: o do cerrado com o semi-árido. Suas águas acenderam luzes e irrigam

a terra. Por elas navegaram as velhas gaiolas e delas os pescadores retiraram o

sustento de suas famílias. Hoje, a paisagem é desanimadora. O rio está doente." E

até agora, cinco anos após a assinatura desse compromisso, o rio continua doente

e nada foi feito.

De acordo com o recente pronunciamento do nobre colega Deputado

Estadual e conterrâneo Augusto Bezerra, há algum tempo ficou estabelecido em um

acerto de contas entre a CHESF e a CODEVASF que esta última faria o

investimento da ordem de 7 milhões de dólares em ações voltadas para o

cumprimento do Termo de Compromisso, beneficiando principalmente os Estados

de Sergipe e Alagoas.

Bem, nada foi feito. Por quê? Se a revitalização é reconhecidamente uma

necessidade e por esta mesma razão foi assinado o citado termo de compromisso,

e neste ponto abro aspas, "público e solene em favor da vida do São Francisco",

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subscrito pelos Governos Estaduais e Federal, reafirmando "a vocação natural e o

destino histórico do rio de ser fonte de vida e riqueza"?

Em meu pensamento, não podia conceber que se pensasse em se transpor

qualquer volume de água que fosse, sem que se pensasse antes em políticas

compensatórias para a manutenção da infra-estrutura de combate à seca através

do rio. Antes da construção das barragens, esses efeitos já haviam sido previstos e

até se chegou a desenvolver um projeto que visava evitar e sanar esses problemas.

Porém, o projeto não prosperou e hoje testemunhamos o cenário que lhes descrevi

e que muitos colegas aqui presentes, oriundos daquela região, bem conhecem.

Iniciados os trabalhos do grupo de estudos, que trata da questão do São

Francisco, vêm sendo realizadas audiências públicas, que já contaram com a

participação de diversas personalidades: Dr. Fernando Bezerra, Ministro de Estado

da Integração Nacional; Dr. Aírson Bezerra Lócio, Presidente da CODEVASF; Dr.

José Wilson Siqueira Campos, Governador do Estado do Tocantins; Dr. José

Theodomiro de Araújo, Presidente do Comitê do CEEIVASF; Dr. José Cândido

Pessoa, ex-Diretor do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, DNOCS;

Dr. Mozart de Siqueira Campos, Presidente da CHESF; Itamar Franco, Governador

do Estado de Minas Gerais; Dr. Aloísio Alves, ex-Ministro da Integração Nacional;

Sr. Rômulo Macedo, Secretário de Recursos Hídricos do Ministério da Integração

Nacional; Sr. José Targino Maranhão, Governador do Estado da Paraíba; Dr. João

Alves Filho, ex-Governador do Estado de Sergipe; Sr. Benedito Domingos,

Vice-Governador do Distrito Federal; Sr. Rubens Rodrigues dos Santos, jornalista e

engenheiro; Prof. Luiz Carlos Molion, da Universidade Federal de Alagoas; Sr.

Antonio Ermírio de Moraes, Vice-Presidente do Grupo Votorantim; Sra. Maria Zita

Timbó de Araújo, engenheira civil, funcionária do DNOCS; Prof. Aldo Rebouças, da

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Universidade de São Paulo; Cel. João Ferreira Filho, engenheiro civil e militar; Sr.

Ronaldo Lessa, Governador do Estado de Alagoas; Sr. Raymundo Santos Garrido,

Secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente; Prof. Caio Lóssio

Botelho, da Universidade Federal e da Estadual do Ceará; Sr. Hypérides Pereira de

Macedo, Secretário de Recursos Hídricos do Estado do Ceará.

Todas essas personalidades participaram ativamente dos debates do grupo

de trabalho que trata da questão do Rio São Francisco.

Segundo declarações prestadas por técnicos e pelo próprio Ministro

Fernando Bezerra, da Integração Nacional, a transposição das águas do Rio São

Francisco, cujo termo mais apropriado seria adução, não alterará o nível das suas

águas, pois a vazão média, segundo a previsão do Ministério, será inferior à vazão

de Sobradinho. Além disso, o bombeamento de água deverá ser realizado

intermitentemente e sempre se tendo em vista o uso múltiplo das mesmas, assim

também como foi afirmado que a transposição pouco interferirá na geração de

energia elétrica.

Esses problemas existentes na área do São Francisco, que vêm sendo

apontados nos debates como erosão, intrusão da cunha salina na foz, alteração do

hábitat de algumas espécies de peixes etc, já vêm, segundo informações do

Ministério, recebendo a devida atenção, inclusive contando com estudos de

programas específicos voltados para a revegetação de margens, recuperação de

áreas de nascente e melhoria de trechos navegáveis, saneamento básico das

populações marginais e controle de poluição agrícola, regularização da cascata

energética, redirecionamento dos aproveitamentos de várzeas no Baixo São

Francisco, gestão integrada dos recursos, substituição do carvão vegetal na matriz

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energética regional, incentivo ao incremento tecnológico dos métodos de irrigação

com vistas à economia de água. Enfim, foi-nos apresentada uma série de

programas que abrem grandes expectativas para os habitantes daquela região.

Se esses programas, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, forem

implementados, será possível reverter o quadro de decadência em que se

encontram as margens do Rio São Francisco atualmente, devolvendo ao rio parte

de seu antigo equilíbrio e características anteriores à construção das barragens, as

quais foram as grandes responsáveis pelos problemas atuais. Naquela época

também se cogitou uma série de programas para evitar um grande impacto

ambiental. Porém esses programas, como eu já disse, até agora não foram adiante.

Segundo os dados fornecidos pelo Ministério da Integração Nacional,

também foram contratados, por aquele órgão, estudos de inserção regional, de

impacto ambiental, de cartografia, de viabilidade técnico-econômica e de projetos

básicos, os quais avaliam a viabilidade do projeto de transposição proposto, assim

como sua operacionalidade, dimensionamento das obras e equipamentos

requeridos para a mesma, identificação e avaliação de impactos ambientais,

caracterização da fauna e da flora terrestre e aquática, diagnóstico do meio físico,

assim como alternativas tecnológicas à transposição, estudos prospectivos de

irrigação e abastecimento de água, uso difuso da água, análise de eficiência da

açudagem no Nordeste entre outros tópicos de suma importância para a efetivação

do projeto de transposição.

Sem dúvida, os técnicos envolvidos no projeto estão desenvolvendo um

trabalho amplo que abrange não simplesmente a obra, mas todos os elementos

envolvidos e afetados, direta e indiretamente, na sua execução.

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Deputado Sérgio Reis, V.Exa. terá o aparte que deseja dentro de alguns

minutos.

Todos os aspectos do projeto e suas possíveis conseqüências estão sendo

levados em consideração de forma a garantir não somente o sucesso da

empreitada, mas também a sua aceitação pelos Estados assim ditos doadores de

água.

Somado a esses esforços do Ministério, os profissionais que expuseram

seus pareceres e opiniões nas audiências do grupo de estudos, em nenhum

momento demonstraram qualquer resistência maior ou oposição ao projeto proposto

pelo Ministério da Integração Nacional.

Durante os trabalhos do grupo de estudos, foi apresentado um estudo teórico

para a transposição das águas do Rio Tocantins para o Nordeste, realizado por

engenheiros de Furnas, que pressupõe o uso múltiplo das águas, bem como a

minimização dos impactos ambientais decorrentes. Esta seria uma alternativa à

transposição das águas do São Francisco. Ao mesmo tempo em que apresentaram

uma alternativa, os engenheiros demonstraram que a transposição tem sido objeto

de estudo já há muito tempo, o que não deixa margens para amadorismo ou falta de

seriedade no que tange ao tema. Ao contrário. A transposição é uma necessidade

e, não importa a origem da água, em breve será uma realidade.

A CHESF apresentou uma posição totalmente neutra, não se opondo à

transposição nem a apoiando.

Segundo o Dr. José Theodomiro de Araújo, da CEEIVASF, que colocou

questionamentos importantes ao tema, a quantidade de água a ser transposta, ou

aduzida, segundo a proposta do Ministério, não afetaria o nível atual do rio, pois o

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projeto prevê a retirada de 60 metros cúbicos por segundo, quando se fizer

necessário, e seria possível retirar-se até 500 metros cúbicos por segundo, o que

equivale ao nível de evaporação da Barragem Sobradinho.

A posição do DNOCS não é diferente das demais. Segundo a Dra. Maria Zita

Timbó Araújo, engenheira civil do Departamento, a garantia do desenvolvimento

sustentável do Vale do Jaguaribe e do abastecimento de água na Região

Metropolitana de Fortaleza depende da transposição de águas.

Já os estudos da CODEVASF demonstram que os problemas existentes

foram gerados pela construção de barragens, e que já conta com uma série de

programas para sanar esses problemas no curso da implantação. Acrescenta ainda

que a transposição não agravará o quadro atual, no que diz respeito ao Baixo São

Francisco, envolvendo, principalmente, os Estados de Sergipe e Alagoas.

Além desses, foram ouvidos técnicos, engenheiros, Governadores de

Estado, empresários, que vêem na transposição das águas o meio essencial para o

desenvolvimento econômico e social do Nordeste Brasileiro.

Portanto, até agora nada do que foi dito estimula a minha teoria inicial, de

que esses problemas seriam agravados com a transposição das águas. Ao

contrário. Todos são de opinião que a transposição proposta será a solução de

muitos problemas que assolam o Nordeste setentrional sacrificando ainda mais o

povo daquela região.

O Sr. Clementino Coelho - Nobre colega, concede-me V.Exa. um aparte?

O SR. JORGE ALBERTO - Porém, é de vital importância que os programas

previstos para a revitalização do rio sejam implementados em um prazo curto, para

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evitar o surgimento de problemas mais graves que comprometam até mesmo o

projeto de tomada de águas proposto pelo Ministério da Integração Nacional.

Concederei um aparte ao Deputado Clementino logo em seguida.

É essencial que se revitalizem as margens do Rio São Francisco, é essencial

que se revitalize o Rio São Francisco como rio da unidade nacional, que se

promova a reestruturação de sua dinâmica para que ainda possamos usufruir de

seus benefícios em um futuro distante.

A revitalização do São Francisco não é uma reivindicação exclusivamente

pessoal, do Deputado Jorge Alberto, ou da classe política do Estado de Sergipe,

mas sim de todo o povo sergipano, cuja sobrevivência depende do rio, e, hoje,

também, de todo o povo nordestino. No que tange a essa questão, o Estado de

Sergipe foi seriamente prejudicado pela política energética do Governo Federal, ao

longo dos seus cinqüenta anos. O rio teve sua estrutura modificada pela ação do

homem e este por sua vez teve sua vida modificada pela mutação sofrida pelo rio.

Salvar o Baixo São Francisco é vital, não somente para Sergipe, mas para

todos os Estados nordestinos que usufruem ou que virão a usufruir de suas águas.

Reconheço que a transposição ora proposta não tenha sido nem poderá ser

a causadora dos problemas existentes na área, mas, paralelamente aos trabalhos

de implantação desse projeto, é necessário que o Governo Federal e os Governos

Estaduais promovam políticas compensatórias naquela região, de modo a sanar os

prejuízos gerados à natureza do rio, por tantos anos de desleixo e postergação em

adotar as medidas propostas há décadas.

É essencial que se promova a revitalização, pois como está escrito, "a

agonia do São Francisco é uma agressão à consciência nacional. Mudar o atual

estado de coisas é responsabilidade de todos." (...) "Temos o dever de legar às

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futuras gerações um rio que continue movendo a esperança do brasileiro" e

também do povo nordestino.

Antes de encerrar minhas palavras, desejaria conceder um aparte ao

Deputado Sérgio Reis e, em seguida, ao Deputado Clementino Coelho.

O Sr. Sérgio Reis - Nobre colega Deputado Jorge Alberto, parabenizo

V.Exa. pela lúcida iniciativa de defender a transposição do Rio São Francisco e

também a sua revitalização, que é muito importante. É um desejo meu, de V.Exa. e

de todo o povo nordestino. É importante frisar, nobre Deputado Jorge Alberto, que,

em audiência com o Ministro Fernando Bezerra há alguns dias, verifiquei que

também é preocupação de S.Exa. que se faça essa revitalização. S.Exa. pede a

compreensão de todos nós para que sejamos a favor da transposição do Rio São

Francisco e, conseqüentemente, da sua revitalização, muito importante para todos

nós, nordestinos. Parabenizo mais uma vez V.Exa., conhecedor profundo do

problema do Rio São Francisco, pela iniciativa.

O SR. JORGE ALBERTO - Agradeço o aparte ao Deputado Sérgio Reis, que

muito engrandece nosso pronunciamento.

Ouço com prazer o nobre Deputado Clementino Coelho.

O Sr. Clementino Coelho - Deputado Jorge Alberto, parabenizo-o pelo

tema. Não é um tema de inserção regional, mas nacional, e precisa ser discutido

com essa amplitude. Aprendemos em matemática que a ordem dos fatores não

altera o produto, mas neste caso altera. O Nordeste está cansado de políticas de

compensações. Não queremos compensações, não queremos a transposição;

queremos as transposições. Para que possamos ter as transposições do São

Francisco é imperioso que se faça a transposição do Tocantins para o São

Francisco, assegurando o que é mais escasso nesta Casa e no Poder Executivo:

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determinação política e verba. Precisamos arquivar a insensatez daqueles que

continuam defendendo a privatização da CHESF. Se a CHESF for privatizada,

estaremos comprometendo quase 25% da vazão disponível. Então, não podemos

tratar com seriedade um projeto de transposição que insiste em privatizar a outorga

de quase 80% do volume de água do rio para o setor privado. Precisamos

aproveitar este momento em que o Nordeste discute sobre aquilo que é mais

escasso e de maior valor — a água — e dar um basta na privatização da CHESF.

Esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é assegurar a transposição do

Tocantins. Queria pedir a V.Exa. que fizesse uma reflexão. Todos os estudos

mostram — estudos do próprio Governo — que, mesmo com a transposição das

águas do Tocantins, só iremos irrigar 5% dos 900 mil quilômetros quadrados do

semi-árido. Aí pergunto: por que despender somas volumosas de recursos para

irrigar 500 quilômetros de distância, quando podemos irrigar, justamente, as

margens do São Francisco e os Estados de Sergipe, de Alagoas, da Bahia, de

Pernambuco e de Minas? Porque a pobreza, a miséria, os problemas do Nordeste

setentrional são os mesmos; não são diferentes. Temos de procurar outras

soluções. Precisamos encarar a situação na Bahia, em Pernambuco, nas margens

desse rio que hoje estão ocupadas, como o Polígono da Maconha, por falta de uma

determinação, de uma política de desenvolvimento. É preciso pensar muito

seriamente a respeito do assunto. Hoje é importante a atuação do Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra — MST. Para quem não conhece a geografia

política de Pernambuco, durante muito tempo as invasões no Estado davam-se na

Zona da Mata. Hoje, as invasões se dão às margens do São Francisco. São mais

de trinta assentamentos, mais de vinte acampamentos do MST. Por quê? Porque

está faltando uma política fundiária, uma política hídrica para a Bacia do São

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Francisco. E aí um jornal publicou que Pernambuco possivelmente iria aderir a essa

transposição, a esse projeto de inserção localizada e conjuntural, porque ganharia

20 mil hectares. Quero chamar a atenção desta Casa para o fato de que as terras

transferidas para os sem-terra do MST eram de grupos econômicos que não

cumpriram seus compromissos para com o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste

e receberam TDAs de valor assombroso. Depois, elas foram transferidas para os

sem-terra, mas até hoje não foi executada a infra-estrutura para que elas pudessem

produzir. Há quem tenha mais de 30 mil hectares, com infra-estrutura pequena, e

não produz por falta de recursos. Então, é preciso olhar a bacia como um todo. É

preciso priorizá-la. Tenho certeza de que com esse dinheiro, 4 ou 5 bilhões,

poderíamos dinamizar toda a bacia a um custo bem menor para a sociedade.

O SR. JORGE ALVES - Agradeço o aparte a V.Exa., que muito engrandece

nosso pronunciamento.

Solicito ao Presidente dois minutos para concluir o pronunciamento e

conceder um aparte ao Deputado Félix Mendonça. Desejo também elogiar a atitude

do Presidente desta Casa, Deputado Michel Temer, quando da constituição do

Grupo de Trabalho destinado a tratar da transposição de águas do Rio São

Francisco, que tem evoluído bastante. Temos aqui escutado diversas autoridades

com conhecimento de causa sobre o tema específico, o que de certa forma está

criando consciência, em todos nós, nordestinos, de que a causa do Rio São

Francisco passa necessariamente pela sua revitalização.

Concedo aparte ao Deputado Félix Mendonça.

O Sr. Félix Mendonça - Nobre Deputado Jorge Alberto, V.Exa. aborda o

revigoramento e o aproveitamento racional da Bacia do São Francisco e fala em

transposição. Na verdade, o que se está pretendendo atualmente não é uma

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transposição, mas uma tomada de água para levar recursos hídricos ao Nordeste.

Essa tomada de água, em princípio, é relativamente pequena — sessenta metros

cúbicos por segundo. Basta dizer que um projeto que está sendo executado na

Bahia terá exatamente esse mesmo volume de água, na sua vazão máxima. Mas o

que se imagina é que se aproveite a Calha do São Francisco para a transposição

verdadeira, que é a do Tocantins, onde há água sobrando. Trata-se de uma

transposição relativamente fácil de ser executada para enriquecer, através da

Calha do São Francisco existente, o volume hídrico do Nordeste. Aí, sim,

poderíamos fazer a ligação e termos água bastante para atender toda a Região

Nordeste, principalmente no que se refere ao consumo humano. Aborda V.Exa.

esse assunto, mas não devemos fugir da macrovisão, da cosmovisão do problema

na área do semi-árido. Este é que me parece o fulcro da questão. Enquanto não se

fizer isso, não se pode retirar água que vai irrigar as margens do São Francisco,

cujas terras fertilíssimas precisam ser utilizadas da melhor forma e com a melhor

produtividade, como, aliás, já está acontecendo. Sem dúvida, essa será uma

solução imediata. Mas a solução efetiva é a transposição de fato: a do Tocantins.

Muito obrigado.

O SR. JORGE ALBERTO - Agradeço o aparte ao Deputado Félix Mendonça.

Ouço o Deputado Marcelo Déda.

O Sr. Marcelo Déda - Deputado Jorge Alberto, farei breve aparte.

Primeiramente, quero marcar uma posição. Com a maior das vênias, Deputado

Jorge Alberto, os Estados de Sergipe, Alagoas, os Estados do Baixo São Francisco

não se podem limitar a aceitar compensações: precisam exigir discussão

estratégica e global a respeito do estado do Rio São Francisco e dos prejuízos que

intervenções anteriores causaram a Sergipe e Alagoas. Acho que, ao longo do

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debate, devemos manter nossa posição contrária à transposição — como quer o

Ministro e o Governo —, exigindo abertura de debate global a respeito,

especialmente sobre a situação dos Estados do Baixo São Francisco. Em segundo

lugar, aproveito o momento para fazer um registro. V.Exa. foi autor de requerimento

para que a visita da Comissão iniciasse pela foz do Rio São Francisco, onde existe

a Ponta do Cabeço. Também apresentei requerimento nesse sentido. Infelizmente,

ao receber a programação da viagem, devo dizer a V.Exa. que fiquei extremamente

decepcionado. A Comissão está prevendo um sobrevôo na foz do São Francisco,

pelo Baixo São Francisco, uma das áreas mais violentadas do rio. Então, é

inaceitável que ela não desça e vá à foz do rio, para verificar in loco a situação

naquela região de Sergipe e Alagoas. Aparteio V.Exa. para convidá-lo a procurar

comigo o Presidente da Comissão e dizer que nós de Sergipe exigimos que a

Comissão não apenas sobrevoe o São Francisco, mas que vá conhecer a situação

mais dramática lá embaixo, onde está o povo.

O SR. JORGE ALBERTO - Agradeço o aparte ao Deputado Marcelo Déda.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Sras. e Srs. Deputados, quero fazer

duas breves comunicações.

A primeira é que acabamos de fazer uma reunião de Líderes, na minha sala,

para tratar do conflito social que se instaurou entre movimentos sociais e Governo.

Pois bem, deliberou-se que o Colégio de Líderes ficará como uma espécie de

assembléia permanente, acompanhando esses fatos. Ficou acertado ainda que o

Líder do Governo, Deputado Arnaldo Madeira, fará a intermediação em nome do

Colégio de Líderes com o Governo, para tentar a solução desses impasses sociais.

A segunda comunicação é que hoje é o Dia Mundial da Liberdade de

Imprensa. Assim, a Mesa não queria deixar de registrar esse fato, em face da sua

relevância, sendo certo que um dos únicos brasileiros homenageados como

verdadeiro herói da liberdade de imprensa foi o Dr. Júlio de Mesquita Neto, um dos

heróis da resistência à censura da imprensa durante os regimes autoritários

vigentes no País.

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VI - ORDEM DO DIA

PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - A lista de presença registra o

comparecimento de 310 Srs. Deputados.

Passa-se à Ordem do Dia.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Em primeiro lugar, vamos votar um

requerimento de urgência para apreciação do Projeto de Lei nº 2.057, de 1991, que

institui o Estatuto das Sociedades Indígenas.

O requerimento está assinado pelos Líderes Aloizio Mercadante, Inocêncio

Oliveira, Miro Teixeira, Regis Cavalcante, Alexandre Cardoso, Mendes Ribeiro,

Arnaldo Madeira, Aécio Neves e Geddel Vieira Lima.

Se houver unanimidade, a votação será pelo sistema simbólico.

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O SR. VIVALDO BARBOSA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. VIVALDO BARBOSA (PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na última reunião, semana passada, da Comissão de Direitos

Humanos a respeito dos acontecimentos em Porto Seguro, diversas lideranças

indígenas e pessoas que trabalham com a questão indígena fizeram apelo para que

o Projeto de Lei nº 2.057, de 1991, não fosse votado de maneira urgente, a fim de

possibilitar a revisão de algumas questões, em seu conteúdo, não benéficas à

causa e à luta dos índios brasileiros.

Nesse sentido, faço apelo aos Líderes que subscreveram o projeto no

sentido de que sustem sua votação até que essas questões sejam elucidadas.

Diante daquelas lideranças indígenas, talvez essa não seja reivindicação

universal. Contudo, em respeito a elas, solicitaria aos Srs. Líderes que o projeto

não fosse votado hoje, para possibilitar uma conferência sobre os pontos

pendentes e as reivindicações que outras lideranças poderão fazer a respeito da

matéria.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Se há discordância de V.Exa., a

votação será nominal. Vamos ouvir os Srs. Líderes. Não havendo discordância,

votaremos simbolicamente.

Como vota o Partido Humanista? (Pausa.)

Como vota o PV? (Pausa.)

Como vota o PPS? (Pausa.)

Como vota o Bloco do PL?

O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, ontem, por volta das 19 horas, quase cem índios fizeram manifestação

na porta do Congresso Nacional para que o Estatuto do Índio não fosse votado,

alegando que pode prejudicá-los. Eles não querem deixar de ser tutelados pelo

Estado.

Acho que está havendo interpretações diferenciadas, porque alguns Líderes

da Casa são favoráveis à sua votação, mas os índios, que serão os maiores

beneficiados, se dizem prejudicados pelo projeto.

Por isso, nós, do PL, encaminhamos o voto "não", atendendo à reivindicação

dos índios.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Deputado Aloizio Mercadante, V.Exa.

mantém o requerimento? (Pausa.)

Como vota o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB?

O SR. DR. EVILÁSIO (Bloco/PSB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Bloco PSB/PCdoB é favorável ao projeto.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Como vota o PDT?

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O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO (PDT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PDT manifesta-se contrariamente ao pedido de urgência. É um

assunto que merece melhor exame, até porque estão ocorrendo reuniões na Casa

com comunidades indígenas. Precisamos recolher todos esses subsídios, para que

possamos votar de maneira consciente, ponderada e de acordo com as novas

realidades colhidas durante as reuniões.

Portanto, o PDT vota contra a urgência.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Como vota o PPB? (Pausa.)

Como vota o PT?

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (PT-SP.) - Sr. Presidente, o projeto de

mudança do Estatuto dos Povos Indígenas apresentado há nove anos foi objeto de

uma Comissão Especial, cujo Relator era o Deputado Luciano Pizzatto. O relatório

final foi pactuado, ou seja, permitia avanços em relação aos estatutos. Tanto que,

na mobilização que as lideranças indígenas fizeram no Congresso Nacional por

ocasião da marcha a Porto Seguro — reprimida pelo Governo —, cobraram do

Presidente do Senado Federal a votação do estatuto. Aquela cena da flecha na

mão era a cobrança da votação do estatuto. Mas qual estatuto? O que foi objeto de

uma Comissão Especial que há três anos concluiu seu trabalho.

Neste momento, onde residem a dificuldade e a insegurança? Na pretensão

do Governo em promover mudanças no estatuto. As Lideranças ainda não tiveram

tempo de discutir as 35 propostas de modificação no projeto. Se houver acordo no

sentido de mandar o projeto como está ao Senado e lá negociar, está resolvido o

problema. Se não há acordo em encaminhar diretamente ao Senado, temos que

criar um procedimento de negociação entre as Lideranças e o Governo, para que

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não haja um atropelo. Já aguardamos tanto tempo, não há sentido agora

simplesmente votar uma urgência para atropelar o processo.

Há um outro grupo que não quer estatuto nenhum: as mineradoras, os

madeireiros, os setores que continuam devastando as terras indígenas. A

demarcação, sem regra de funcionamento, direitos e deveres, não se sustenta. O

problema da sustentabilidade das áreas demarcadas exige regras claras, por

exemplo: como as mineradoras vão trabalhar nessas áreas, como as madeireiras

vão ou não poder atuar, como vai ser a política de educação bilíngüe, qual será a

política de saúde, vis-à-vis à preservação da identidade cultural. O estatuto prevê

ainda o problema do direito à imagem — é uma forma de terem renda —, bem como

o do patenteamento genético de toda a farmacologia que desenvolveram. Hoje os

laboratórios simplesmente patenteiam esse princípio ativo, mas eles não têm

nenhum acesso a esse benefício.

Por outro lado, Sr. Presidente, há algumas lideranças indígenas cuja única

preocupação é fortalecer a Fundação Nacional do Índio — FUNAI. A maioria, aliás,

tem emprego na FUNAI e depende dela para viver.

A tutela que realmente tem de ser preservada é para os povos que estão

isolados na floresta e que precisam de uma proteção radical do Estado brasileiro.

Seria um grande gesto deste Congresso o reconhecimento da diversidade

cultural e dos direitos. Poderíamos votar a urgência havendo acordo com o

Governo de que negociaremos as propostas que estão sendo apresentadas. Não

haverá atropelo. E a Presidência é quem pode melhor garantir que não haverá

nenhum atropelo, porque dependerá de V.Exa., Sr. Presidente, colocar esse projeto

em pauta.

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Com um compromisso dessa natureza, votaremos "sim" à urgência. Repito:

somos favoráveis à urgência, desde que haja o compromisso de que negociaremos

o projeto com calma, consultando as Lideranças, permitindo uma discussão

detalhada, recuperando o que foi o espírito da Comissão aqui. Do contrário, vamos

mandar o estatuto direto para o Senado e estará resolvido o nosso problema.

Aprovamos o projeto como está, vai para o Senado, e o Senado discute o que falta.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O PT vai votar "sim".

O SR. ARNALDO MADEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNALDO MADEIRA (Bloco/PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quando apresentamos este requerimento de urgência, havíamos

conversado com alguns dos Srs. Líderes da Oposição, e o compromisso era muito

claro: votar a urgência, para sinalizar a disposição da Casa em mergulhar no

assunto e resolvê-lo o mais rapidamente possível, conversando previamente com

todas as áreas aqui na Casa, para que chegássemos a um entendimento antes de

colocar a matéria em votação.

O Deputado Luciano Pizzatto, Relator da matéria, recebeu inclusive do

Ministério da Justiça minuta de um projeto de estatuto, com as contribuições do

Governo, para fazermos a discussão com todos os partidos na Casa, com esse

compromisso de que a urgência seria apenas a sinalização de que iríamos votar

essa matéria, mas, repito, não sem antes fazermos extensas negociações na Casa,

entre todos os partidos aqui representados.

Como vejo, Sr. Presidente, que alguns partidos da Oposição já se

posicionaram contrariamente, porque querem mais tempo, acho que podemos, se

houver acordo entre todos os que assinaram o requerimento, retirar o pedido de

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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urgência, conversar primeiro e depois tratar da urgência. E fica mantido o

requerimento que havíamos apresentado com o objetivo de submeter ao Plenário

da Câmara a apreciação dessa matéria.

Creio que seja esse o caminho, na medida em que alguns partidos da

Oposição já se manifestaram contrariamente à urgência.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa a palavra.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, diante da intervenção do Líder do Governo, podemos fazer essa

reunião, discutir com o Deputado Luciano Pizzatto e em outra oportunidade votar a

urgência por consenso.

Esse é o melhor encaminhamento. É sem dúvida a decisão mais sensata e

mais ponderada. Podemos fazer por acordo, sem qualquer atropelo.

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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, retiro o requerimento de urgência. Acredito que esse é o melhor

caminho neste momento, sobretudo porque há um consenso de que não se chegou

a um entendimento sobre a matéria.

O parecer é de 1994. De lá para cá muitas coisas mudaram — afinal já faz

seis anos —, por isso esse substitutivo está defasado e tem de ser atualizado.

Mandar a matéria para o Senado sem a contribuição da Câmara Federal é ruim,

porque muitos pontos seriam mudados e a matéria voltaria. Devemos retirar o

requerimento para discuti-lo melhor e trazer a matéria para votação posteriormente.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Retiro a urgência e retiro, de igual

maneira, o recurso que está na pauta de hoje.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Item nº 1 da pauta:

Projeto de Lei Complementar nº 113-A, de 2000.

Discussão, em turno único, do Projeto de Lei

Complementar nº 113, de 2000, que autoriza os Estados e o

Distrito Federal a instituir o piso salarial a que se refere o art.

7º, inciso V, da Constituição Federal, por aplicação do disposto

no seu art. 22, parágrafo único; tendo parecer da Comissão de

Trabalho, de Administração e Serviço Público, pela aprovação

deste e da emenda nº 5; pela aprovação parcial das emendas

de nºs 01, 02, com subemenda; e pela rejeição das emendas

de nºs 3, 4, 6, 7 e 8, contra os votos dos Deputados Avenzoar

Arruda, Babá, Jair Meneguelli, Paulo Rocha, Vanessa

Grazziotin, Vivaldo Barbosa e Airton Cascavel. Os Deputados

Paulo Paim, Paulo Rocha, Avenzoar Arruda, Jair Meneguelli,

Pedro Celso, Babá, Eduardo Campos, Vanessa Grazziotin, e

Djalma Paes apresentaram votos em separado (Relator: Sr.

Pedro Henry). Pendente de parecer da Comissão de

Constituição e Justiça e de Redação.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Sobre a mesa requerimento de

retirada do Projeto de Lei Complementar nº 103, de 2000, da pauta da presente

sessão.

Assina o Deputado e Líder Aloizio Mercadante.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Como votam os Srs. Líderes?

PSC, como vota? (Pausa.)

Partido Humanista, como vota? (Pausa.)

PV, como vota? (Pausa.)

PPS, como vota? (Pausa.)

Bloco Parlamentar PL/PSL, como vota? (Pausa.)

O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, somos a favor da retirada.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "sim".

O SR. BISPO RODRIGUES - Sim, votamos "sim".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Como vota o Bloco Parlamentar

PSB/PCdoB? (Pausa.)

PPS, como vota?

O SR. PEDRO EUGÊNIO (PPS-PE. Sem revisão do orador.) - Vota "sim", Sr.

Presidente, pela retirada.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "sim".

Bloco Parlamentar PSB/PCdoB, como vota?

O SR. ALEXANDRE CARDOSO (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB está em obstrução.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Em obstrução o Bloco Parlamentar

PSB/PCdoB.

PDT, como vota?

O SR. FERNANDO CORUJA (PDT-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PDT encontra-se em obstrução.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Como vota o PPB?

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Vota "não".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "não".

Como vota o PT?

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, nós estamos em obstrução nessa matéria.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - PT em obstrução.

Bloco Parlamentar PMDB/PST/PTN, como vota?

O SR. MENDES RIBEIRO FILHO (Bloco/PMDB-RS. Sem revisão do orador.)

- Votamos contra, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "não".

Como vota o PFL?

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, foi devidamente esclarecido que este assunto seria votado nesta tarde

e a matéria foi discutida. Não há por que adiá-la. O PFL encaminha o voto "não" e

faz um apelo aos Srs. Parlamentares para que venham ao plenário para discutir e

votar essa importante matéria. PFL "não".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - PFL "não".

Como vota o Bloco Parlamentar PSDB/PTB?

O SR. SAULO PEDROSA (Bloco/PSDB-BA. Sem revisão do orador.) - O

PSDB vota "não", Sr. Presidente.

O SR. PEDRO EUGÊNIO (PPS-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

gostaria de retificar nossa posição. Em obstrução o PPS.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - PPS em obstrução.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vamos votar.

Os Srs. Deputados que aprovam o requerimento permaneçam como se

encontram. (Pausa.)

Rejeitado.

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O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, solicito verificação de votação.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Verificação concedida.

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O SR. ODELMO LEÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o PPB encaminha o voto "não" e solicita a todos os seus Deputados que venham ao

plenário.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - A Presidência solicita a todos os Srs.

Deputados que tomem os seus lugares, a fim de ter início a votação pelo sistema

eletrônico.

Está iniciada a votação.

Queiram seguir a orientação do visor de cada posto.

Sras. e Srs. Deputados, venham ao plenário para votação nominal.

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O SR. ALEXANDRE CARDOSO (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o Partido Socialista Brasileiro, assim como o PCdoB, o Bloco

Parlamentar PSB/PCdoB, estão em obstrução. Aproveito para solicitar a V.Exa.

uma informação regimental: o voto da Liderança anunciado é pela obstrução, então

não precisa ser manifestado no painel?

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Não é preciso manifestar-se.

O SR. ALEXANDRE CARDOSO - Muito obrigado.

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o PPB encaminha o voto "não".

O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Bloco Parlamentar PL/PSL se posiciona pela obstrução. Peço aos

Deputados que não votem e fiquem em obstrução. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Está em obstrução.

O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Sem revisão do orador.) - O PDT está em

obstrução, Sr. Presidente.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PT está em obstrução. Não é necessário marcar obstrução. Estamos

em obstrução e já é manifesto o posicionamento da Mesa da Casa quanto ao

registro.

O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, gostaria de fazer um registro,

se V.Exa. me permitir.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vamos aguardar apenas a votação,

nobre Deputado. No dia de hoje, durante a votação, só manifestações sobre a

votação.

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O SR. ODELMO LEÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o PPB encaminha o voto "não" e solicita a sua bancada que venha ao plenário, pois

teremos várias votações sobre esta matéria, tão importante para o País. O PPB faz

um apelo a sua bancada para que vote "não" e permaneça em plenário.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Partido dos Trabalhadores avisa a sua bancada que o partido está

em obstrução e que não há necessidade de marcação da presença.

Achamos fundamental, isto sim, votar a matéria sobre o salário mínimo, o

que havia sido inclusive apalavrado nesta Casa. Refiro-me à medida provisória que

fixou o valor do salário mínimo e que deveríamos ter votado no último dia 26, na

sessão do Congresso Nacional.

Portanto, avisamos à bancada do Partido dos Trabalhadores que o PT

encontra-se em obstrução.

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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, apelo aos Parlamentares presentes nas diferentes

dependências da Casa que venham ao plenário. Estamos votando requerimento de

retirada de pauta do projeto que define o piso regional de salários. É importante

que os Estados e o Distrito Federal, que têm condições de pagar piso superior ao

especificado pela MP, façam-no, desde que ele não seja fixado por lei federal, por

convenção ou acordo coletivo.

Os Municípios brasileiros estão excluídos dessa situação. Nos Estados,

somente os celetistas e as empresas privadas pagariam aquele piso; os celetistas

municipais seriam excluídos. É importante que se diga isso. Os Municípios não

ficarão inviabilizados. Trata-se de algo optativo, uma conquista da classe

trabalhadora. Os Estados brasileiros com condições vão pagá-lo.

Ainda ontem, o Governador do Rio de Janeiro fixou o piso de R$ 400,00; o

do Ceará, de R$ 200,00. O primeiro a fixá-lo foi o Governador da Bahia. Lá o valor

é de 180,00. A Governadora do Maranhão também já fixou o piso em seu Estado.

Trata-se de conquista da classe trabalhadora.

Votar contra esse projeto é ser contra os trabalhadores. Se o Governo

Federal diz que só pode pagar R$ 151,00, os Estados que podem pagar muito mais

do que isso, que o façam. Repito, é uma conquista nacional que neste ano

apresenta duas vertentes: a primeira, é a do piso regional — os Estados e o Distrito

Federal, se puderem, poderão pagar piso superior ao especificado pela MP; a

segunda, é a que vai definir o piso nacional de salário, já definido pela MP, que

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será votado no próximo dia 10. Já existe uma data especificada para votação.

Vamos votar a matéria.

A matéria é importante e deve ser votada.

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O SR. PAULO PAIM (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

estamos em obstrução. Queremos que se cumpra o acordo de votar primeiro o

salário mínimo e depois o piso.

Não votar a matéria hoje significa cumprir o acordo firmado com todos os

Líderes. Já houve piso regional neste País por de três décadas. Não deu certo. De

forma tranqüila e por unanimidade, a partir de 1982, ele foi unificado. De mais a

mais, o prejuízo direto é para os 18 milhões de aposentados, tanto para aqueles

que ganham o mínimo, como para os que ganham mais do que esse valor.

O apelo é para que não votemos a matéria hoje. Vota-se o salário mínimo no

dia 10, de forma unificada, em âmbito nacional, porque estaremos contemplando os

18 milhões de aposentados e pensionistas. Quem estiver a favor do acordo, a favor

dos aposentados e pensionistas, não pode votar favoravelmente a esse piso, que já

não deu certo no passado, por isso foi unificado.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Os membros dos partidos em

obstrução não devem manifestar-se. Quem se manifestar será considerado

presente. Não considerarei presentes aqueles que estejam no plenário. Poderão

estar em plenário, obstruindo, mas quem manifestar-se — e esta é uma matéria

polêmica — será considerado presente.

Portanto, faço este alerta regimental aos nobres companheiros dos partidos

de oposição.

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O SR. ODELMO LEÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o PPB encaminha o voto "não" e solicita à sua bancada que acorra ao plenário.

Este projeto é importante para o País, moderniza a relação capital/trabalho,

dando aos Estados livre direito de negociação. Portanto, é matéria fundamental

para nossa economia e para a geração de empregos.

O PPB pede à sua bancada que permaneça em plenário, para votarmos tão

importante matéria para o País.

O PPB encaminha o voto "não".

O SR. DARCÍSIO PERONDI (Bloco/PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, a Liderança do Governo solicita aos Parlamentares da base que

compareçam ao plenário. Vamos votar nova alternativa para aumentar o valor do

salário em nossos Estados.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, considerando o fato de ter a Liderança do PT solicitado a

verificação e, portanto, estarmos presentes, o aviso há pouco feito por V.Exa. serve

de orientação para nossa bancada. A nossa presença cumpre exatamente a

exigência regimental, podendo usar a palavra e, ao mesmo tempo, ser o autor do

pedido de verificação.

Por outro lado, quero saber o seguinte: ontem, no momento do encerramento

da Ordem do Dia, por falta de quorum , V.Exa. encerrou o painel e declarou que

contaria as presenças registradas nas portarias. No nosso entendimento, o registro

de portarias vale para a verificação do quorum de abertura da sessão. Se o intuito

for o de punir, creio que o correto seria considerar o registro no painel.

Com a intenção de fortalecer o registro no painel para o estabelecimento da

presença, levantamos a presente questão de ordem, porque entendemos que o

registro de portaria não pode servir para efeito de sanção administrativa.

Pelo nosso entendimento, o registro que deve prevalecer é o do painel, para

não introduzirmos uma anomalia aqui. O painel custou caro e deve ter utilização

correta. A presença, inclusive para efeitos administrativos, deve ser considerada a

partir do registro no painel e não nas portarias.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Pois não, nobre Deputado. Quero até

dizer a V. Exa. que muito proximamente, especialmente depois do dia 10, vou

regulamentar a questão da presença no plenário para efeito da sessão. Na

verdade, antecipando um pouco as minhas preocupações regimentais, quero dizer

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que não há exatamente obstrução da sessão. A sessão — como bem disse V.Exa.

— instala-se com um quorum de 52 Parlamentares. A partir desse número, é

possível realizá-la e, em conseqüência, realizar a Ordem do Dia. Ontem, poderia

perfeitamente — não quis fazê-lo — começar a discussão da matéria e, no

momento da votação, se não houver quorum, cai a sessão. Contudo, trarei esta

matéria por escrito ao plenário na próxima semana para defini-la em definitivo.

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O SR. AÉCIO NEVES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. AÉCIO NEVES (Bloco/PSDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, não obstante o ilustre Líder Saulo Pedrosa já ter encaminhado em

nome da Liderança, quero esclarecer que o Bloco Parlamentar PSDB/PTB estava

até agora em reunião de bancada no Espaço Cultural. Muitos Parlamentares estão

apenas neste instante chegando ao plenário.

Em razão da importância da votação que deverá ocorrer hoje, reitero com

muita ênfase nossa posição contrária ao adiamento e à necessidade clara de

votarmos em primeiro lugar o projeto de lei complementar que permite aos Estados

determinarem, em função de sua situação econômica financeira, seus pisos

salariais.

Portanto, esta votação, de suma importância, precisa ocorrer hoje, para que

após sua conclusão possamos discutir a complementação de tudo que envolve o

salário mínimo.

O Bloco Parlamentar PSDB/PTB encaminha, como já disse o Líder Saulo

Pedrosa, o voto "não".

O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem

para contraditar o Deputado Walter Pinheiro.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o nosso painel permite que se marque a posição com obstrução.

Portanto, V.Exa. está correto ao pretender que a presença seja indicada pelo

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painel. O Deputado pode ter marcada a sua presença pelo painel e digitar

obstrução.

Portanto, o argumento do Parlamentar não me parece válido.

O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, tenho a impressão de que o Deputado José Carlos Aleluia deve ter

entrado no plenário com certo nível de defasagem auditiva. Eu disse que não vale o

registro de presença de portaria, mas, sim, de painel, que custou caríssimo. O que

deve valer é o registro feito no painel, e não nas portarias.

S.Exa. deve ter pego só metade da conversa, o que talvez o tenha levado a

cometer esse equívoco, mas eu o perdôo. Entendi que a intenção do nobre

Deputado era exatamente a de fortalecer a tese que levantei, ou seja, a do registro

no painel, que é o que conta. Se os Deputados estão em obstrução, têm de

registrar no painel. Portanto, quem não o fez no painel, mas apenas na portaria, no

nosso modo de ver, não vale.

O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

atingido o quorum , o PDT vota "sim".

O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

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O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, ainda com relação à informação do Deputado Miro Teixeira, a

obstrução é considerada, mas os votos não são registrados no total.

O Deputado Walter Pinheiro tem razão, mas o que informei é importante

para que todos entendam o processo.

O SR. ODELMO LEÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o PPB encaminha o voto "não" e solicita a V.Exa. que determine o encerramento

dos trabalhos nas Comissões e acione as campainhas.

O PPB pede ainda a sua bancada que permaneça em plenário.

O SR. PEDRO EUGÊNIO (PPS-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

atingido o quorum regimental, o PPS vota "sim".

O SR. BISPO WANDERVAL (Bloco/PL-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, atingido o quorum , o Bloco PL/PSL vota "sim".

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, atingido o quorum , o Partido dos Trabalhadores vota "sim".

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O SR. ALEXANDRE CARDOSO (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, atingido o quorum , o Bloco PSB/PCdoB sai da obstrução e

encaminha o voto "sim" ao requerimento.

Sr. Presidente, gostaria de dizer ainda que estou encaminhando aos Srs.

Líderes um estudo, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística — IBGE, sobre o impacto dos pisos regionais na questão da migração.

Esse estudo foi feito tendo por base as décadas de 70, 80 e 90 e mostra que

os pisos regionais, segundo o próprio IBGE, eram impactantes na questão das

migrações. Mostra ainda que o Nordeste, o Centro-Oeste e o Norte pagaram um

preço altíssimo pelas migrações, tendo como fato impactante os pisos regionais, o

que foi corrigido na Constituição de 1988, e, evidentemente, estamos começando a

retroceder. É um retrocesso fixarmos neste País 27 pisos regionais.

Portanto, este estudo está sendo encaminhado às Lideranças da Casa para

que possa ficar marcada a posição contrária ao piso regional, que, se aprovado,

temos absoluta certeza de que será derrubado no Supremo Tribunal Federal, pois é

inconstitucional. Tenta-se maquiar uma situação real que será criada pelos pisos

regionais.

Dessa forma, estamos dando mais uma informação aos Srs. Deputados de

que há um estudo que mostra o impacto dos pisos regionais nas migrações que

aconteceram até 1984, quando esta situação foi encerrada, e que a Constituição de

1988 sepultou.

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O SR. ARNALDO MADEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNALDO MADEIRA (Bloco/PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, gostaria de fazer uma observação sobre esta questão demográfica.

Em verdade, o fenômeno da migração não está ligado apenas ao salário

mínimo, mas a uma série de fatores e ao crescimento populacional.

Quero lembrar que não estamos tratando de piso regional, mas da

possibilidade de fixação de piso nos Estados.

Hoje já temos diferenças relevantes nas médias salariais efetivamente pagas

entre, por exemplo, o Estado de São Paulo e os Estados do Nordeste. Se formos

ver o percentual de pessoas do mercado de trabalho que ganha acima do salário

mínimo em São Paulo e, por exemplo, no Maranhão, verificaremos que há uma

distorção muito grande. Há uma distância muito grande entre o que se recebe de

salário efetivamente em São Paulo, a média salarial em São Paulo, e o que ganha

o trabalhador no Maranhão, no Piauí ou na totalidade dos Estados do Nordeste.

Não obstante esse fato, Sr. Presidente, a migração para a Região

Metropolitana de São Paulo é declinante. Já há dois censos que o IBGE mostra que

há uma saída de população seja da cidade de São Paulo, seja da Região

Metropolitana de São Paulo, não obstante o salário médio pago em São Paulo ser

maior do que o salário de qualquer outro Estado.

O que está ocorrendo em nosso País é uma mudança demográfica na

composição etária da população e na taxa de fecundidade que não tem similar na

história do Brasil e, provavelmente, na história demográfica de outros países. Ainda

agora o IBGE publicou uma sinopse dos dados da última Pesquisa Nacional de

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Amostra por Domicílios — PENAD, com dados de 1998, mostrando que a taxa de

fecundidade no Brasil está em torno de 2,3 filhos por mulher.

Esse fenômeno é mais acentuado no Sul e Sudeste e menos acentuado no

Nordeste. Em alguns Estados, como o Rio de Janeiro, a taxa de fecundidade não

responde pela reposição da população.

Não podemos julgar que, simplesmente com a fixação do piso salarial nos

Estados, cada Estado terá uma política diferente. Há Estados que já definiram que

vão manter como piso salarial o salário mínimo; há outros que definiram pisos

diversos. No Estado de São Paulo, o Governador já anunciou que não vai tomar

nenhuma decisão antes da aprovação da lei.

Na verdade, estamos aqui permitindo a fixação de um piso cuja delegação

está prevista na Constituição de 1988 e que irá expressar apenas e tão-somente a

situação econômica de cada Estado, que já é diferenciada hoje objetivamente. É só

tomarmos — repito — os dados de quantos por cento da população

economicamente ativa ganha salário mínimo em cada um dos Estados e tratarmos

também de verificar qual o percentual da mão-de-obra que ganha acima do salário

mínimo, para vermos que não é esse fato que hoje está puxando a migração. Pelo

contrário, a migração hoje é aquela do cidadão que muda e volta ao seu lugar, vai

para um lugar e vai para outro lugar.

Portanto, essa avaliação demográfica feita pelo orador que me antecedeu na

tribuna não é tão simples como anunciou em seu pronunciamento.

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O SR. ALEXANDRE CARDOSO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALEXANDRE CARDOSO (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, vou ousar discordar do Líder do Governo, porque, na verdade, o

estudo não é de minha autoria. O estudo é uma compilação de dados do IBGE, por

quem tenho o maior respeito, até porque, após 1988, não ocorreu realmente a

migração, porque houve uma unificação dos pisos já a partir de 1984.

Agora, usar a taxa de fecundidade não é sequer, para quem estuda a

migração, ponto palatável. A fecundidade no Brasil diminuiu de 4,4 para 2,4.

O que fica claro, Sr. Presidente, é que todos os estudos mostram o impacto

desses pisos, e simplesmente fizemos uma compilação de dados mostrando a

própria avaliação do Departamento de População do IBGE de que é impactante a

questão dos pisos regionais nas migrações. Se não fosse assim, não teríamos

migrações importantes até 1986.

E vou deixar registrados os números para que fique marcado: de 1986 a

1991, já com o piso fixado, a migração foi de 3 milhões e 250 mil habitantes; de

1991 a 1996, cai para menos de 2 milhões e 800 mil.

Se nos reportarmos à década passada, verificamos que estamos falando de

6 milhões de habitantes. Quando o salário mínimo foi criado, havia catorze pisos

salariais; em 1984, quando se encerrou a questão dos pisos regionais, existiam três

pisos salariais.

Sendo assim, com toda minha ousadia, discordo do Deputado Arnaldo

Madeira e encaminho a S.Exa. esse estudo de extremo interesse. E, como bem

disse o Líder do Governo, não se trata apenas da diferença salarial, mas temos

certeza de que será impactante para o País, principalmente nas regiões de divisas.

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Há Deputados do norte do Estado do Rio de Janeiro que vão votar a matéria e

verão pisos diferenciados na divisa entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo,

Estados separados de forma bem simples por uma ponte. Com essa diferenciação,

não tenho dúvidas de que haverá migração. E coube a mim o trabalho, disponível

no Departamento de População do IBGE, de sistematizar os dados.

Portanto, na certeza de que o Deputado Arnaldo Madeira é um homem

estudioso, que gosta de se aprofundar nas matérias, vou encaminhar esses

estudos a S.Exa., que terá o próprio IBGE como uma grande fonte de informação.

Muito obrigado.

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O SR. ARNALDO MADEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNALDO MADEIRA (Bloco/PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, não quero estender essa discussão, mas aguardo o encaminhamento

do estudo apresentado pelo IBGE ao Deputado Alexandre Cardoso. Sou leitor

contumaz das pesquisas do IBGE.

Gostaria de fazer uma observação final: o salário mínimo em São Paulo hoje

é uma ficção, visto que quase ninguém recebe salário mínimo na cidade de São

Paulo. Não obstante, a população está saindo da sua área metropolitana.

Encerro e voltaremos ao tema em outra oportunidade.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O Líder Alexandre Cardoso oferece

um trabalho como presente a V. Exa. no dia de seu aniversário.

O SR. ALEXANDRE CARDOSO - Sr. Presidente, vou tomar a liberdade de

encaminhar o trabalho ao Deputado Arnaldo Madeira.

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O SR. ODELMO LEÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o PPB encaminha o voto "não" e solicita à sua bancada que permaneça em plenário

e a V. Exa. que encerre a votação, porque o Relator da matéria já está presente e

há mais de quinze emendas a serem discutidas.

O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, aproveito a oportunidade para pedir a V.Exa. que mande encerrar o

trabalho de algumas Comissões em funcionamento neste momento, porque já

estamos na Ordem do Dia.

Portanto, isso não faz sentido.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - A Secretaria da Mesa providenciará o

encerramento dos trabalhos das Comissões.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vou encerrar a votação.

Está encerrada a votação.

Anuncio o resultado: votaram "sim", 87 Srs. Parlamentares. Votaram "não",

284. Absteve-se um Parlamentar.

O requerimento foi rejeitado.

Fica prejudicado o requerimento de adiamento da discussão.

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O SR. SARAIVA FELIPE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SARAIVA FELIPE (Bloco/PMDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei com o partido na votação ocorrida agora.

O SR. WILSON BRAGA (PFL-PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

votei "sim", com orientação do partido.

O SR. ANTONIO PALOCCI (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei de acordo com a orientação da bancada do PT.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Para oferecer parecer, em

substituição à Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, concedo a

palavra ao Sr. Deputado Ibrahim Abi-Ackel.

O SR. IBRAHIM ABI-ACKEL (PPB-MG. Para emitir parecer. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o parecer que me é solicitado

contém-se na competência da Comissão de Constituição e Justiça e de Redação.

Atém-se, portanto, exclusivamente aos aspectos da constitucionalidade, da

juridicidade e da competente descrição vernácula.

Não há, a respeito da procedência constitucional da matéria, qualquer

dúvida que impeça sua aprovação. Diz o inciso V do art. 7º da Constituição Federal

que "o piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho" é um

direito social do trabalhador e há de ser sempre observado.

Não se debate se o valor do piso salarial em discussão no País,

particularmente nesta Casa, atende à extensão e à complexidade do trabalho. O

que estamos discutindo neste momento é a possibilidade da transferência de

competência constitucional da União aos Estados para fixar o valor compatível com

as possibilidades dos respectivos Tesouros estaduais.

A matéria está regulada no art. 22 da Constituição Federal, que enuncia de

maneira exaustiva quais as atribuições da União em face dos Estados e Municípios.

Poucas Constituições como a nossa tiveram o cuidado de enumerar de forma

completamente exaustiva as competências atribuídas à União e as competências

distribuídas entre os Estados e os Municípios. É indiscutível que, entre as

competências da União, está a de legislar sobre as relações de trabalho. Isso está

expresso em um dos incisos do art. 22 da Constituição. Esta competência, porém,

pode ser deferida aos Estados não por interpretação do texto constitucional, nem

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mesmo por entendermos que se trata de competência implícita dos Estados que

compõem a Federação, mas por norma expressa do mesmo art. 22, cujo parágrafo

único declara:

Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar

sobre questões específicas das matérias relacionadas neste

artigo.

Veja-se, portanto, que se fecha dentro de um corpo de raciocínio perfeito não

só a atribuição de competência da União para legislar sobre o piso salarial, como a

faculdade atribuída à lei complementar de transferi-la aos Estados, se tanto for da

vontade do legislador originário.

Nessas circunstâncias, Sr. Presidente, não verificando na emenda nenhum

viés de natureza inconstitucional, não divisando nela termo algum de ofensa à

ordem jurídica nacional e estando ela, ainda e finalmente, vazada em termos

redacionais adequados, o parecer é, quanto a esses aspectos de natureza jurídica,

favorável à aprovação do projeto. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O parecer é pela aprovação.

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O SR. ROMMEL FEIJÓ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ROMMEL FEIJÓ (Bloco/PSDB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior votei de acordo com orientação do PSDB.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Pedro Eugênio para encaminhar contra. S. Exa. dispõe de cinco minutos,

improrrogáveis.

O SR. PEDRO EUGÊNIO (PPS-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, há que se discutir aqui o real significado do Projeto de Lei

Complementar nº 113, ora em discussão.

A Constituição, em seu art. 7º, inciso IV, é clara quando diz que o salário

mínimo é nacionalmente unificado.

Sr. Presidente, esse conceito não nasceu por acaso, mas da própria

experiência brasileira no trato da questão do salário mínimo. Não foi à toa que a

partir de 1982 o salário mínimo deixou de ser regionalizado, ou quase, porque

ainda acatou a existência de dois salários mínimos diferentes por região, e em 1984

foi unificado.

A Constituição, por iniciativa do nobre Deputado Mauro Benevides, incorpora

esse conceito e estabelece o salário mínimo como aquele capaz de suprir todas as

necessidades básicas de uma família, e não apenas de alimentação, como

equivocadamente sugeriu certo dia o Ministro Pedro Malan. Segundo o DIEESE,

teria de corresponder a R$ 924,00. Por isso, nosso partido, o PPS, apresentou à

Comissão que tratou do salário mínimo proposta para a adoção de uma política

paulatina de recuperação do salário mínimo em dez anos, até chegar a essa

quantia. Se fosse adotada, neste ano o mínimo seria estabelecido em R$ 216,00.

O salário mínimo, portanto, tem esse conceito, que nasce da convicção de

tantos quanto vêm estudando a matéria, ou seja, de que regionalizar salário mínimo

é cristalizar a desigualdade, é estabelecer, para regiões mais pobres, patamares

que puxam para baixo a remuneração mínima do trabalhador, quando o custo de

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vida já é unificado nacionalmente. É estabelecer fluxo migratório ou fator de

incentivo ao mesmo absolutamente perverso, porque joga trabalhadores das

regiões mais pobres para um fictício mercado de trabalho que não existe, mas

acena com o salário mínimo mais elevado das regiões mais desenvolvidas.

Entretanto, Sr. Presidente, a matéria em pauta hoje não trata de salário

mínimo, mas sim do piso. O Governo diz que esse piso significa apenas uma

delegação aos Governadores para estabelecê-lo em seus Estados.

No entanto, palavras escritas por autoridades desmentem o fato de que o

Governo esteja encarando a questão como efetivamente sendo de piso. E o que

seria? Pela Constituição, um piso salarial é obrigatoriamente vinculado à duração e

à complexidade do trabalho. Portanto, um piso é ligado inexoravelmente a

categorias singulares de trabalho. Não pode ser generalizado. Se o for, com o

nome de piso, estaremos contrariando a Constituição e, na prática, estabelecendo

para o piso o papel de salário mínimo.

Sr. Presidente, o Ministro Francisco Dornelles, em artigo assinado e

publicado na Folha de S.Paulo , declarou que apenas fica possibilitado que haja

pisos estaduais acima do mínimo nacional caso as Unidades da Federação julguem

que suas condições socioeconômicas permitam. Cita pisos estaduais acima do

mínimo nacional e especifica claramente que a visão do Governo é a de que cada

Estado possa ter um piso unificado.

Isso é ir contra a Constituição, é estabelecer, de forma marota, matreira,

enviesada e diagonal, salários mínimos regionais, afrontando-se a Constituição.

Não se trata de questão puramente formal, mas também política, porque, agindo

dessa forma e procurando esse atalho, o Governo Federal procura fugir das suas

responsabilidades constitucionais, no momento em que esta Casa se dispôs a

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debater a questão, a abrir-se ao Executivo, através da Comissão que discutia o

salário mínimo, com o objetivo de construir um pacto nacional em torno de um

salário mínimo mais digno.

Neste momento, o Governo Federal, matreiramente, procura jogar a

responsabilidade para os Governos Estaduais e encontrou essa forma marota,

aparentemente inteligente, mas que na realidade representa fuga de sua

responsabilidade.

Sr. Presidente, é cruel o ponto adicional com o qual gostaria de encerrar

minhas palavras. Todos sabem que a Constituição Federal, em seu art. 201,

estabelece que o piso previdenciário tem de ser igual ao salário mínimo, que é

nacional e unificado. Ao procurar estabelecer, por via transversa, pisos

regionalizados, estadualizados, o Governo Federal quer negar aos aposentados o

direito de ter o piso do seu benefício previdenciário igualado ao salário mínimo. Se

o projeto for aprovado, haverá uma enxurrada de legítimas questões judiciais que

aposentados de cada Estado da Federação irão impetrar e com certeza serão

deferidas.

Por isso, Sr. Presidente, encaminhamos claramente o voto contra o projeto

de lei.

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O SR. LINCOLN PORTELA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LINCOLN PORTELA (PSL-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Deputado Lincoln Portela votou de acordo com a orientação do

partido na votação anterior.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Luiz Carlos Hauly, para falar a favor da matéria.

O SR. LUIZ CARLOS HAULY (Bloco/PSDB-PR. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o que se pretende com o projeto de lei é

fazer uma distinção entre salário mínimo e piso salarial. O piso salarial é o que está

em discussão; o salário mínimo continua com a mesma discussão, que será feita

em outra oportunidade. O que se pretende neste momento é a aprovação de um

projeto de lei que estabeleça pisos salariais a serem fixados pelos respectivos

Estados, de acordo com suas capacidades econômicas e possibilidades.

Sr. Presidente, eu estava falando sobre a fixação dos pisos salariais, que

será feita pelos Estados de acordo com a distinção que existe entre cada um, como

capacidade econômica, tamanho da economia etc. São Paulo, por exemplo, em

relação ao Paraná, tem um PIB per capita 70% maior. O mesmo não ocorre com

Santa Catarina, que tem PIB per capita muito próximo do de São Paulo. As

diferenças são maiores com relação a outros Estados da Federação. Portanto, é

importante essa distinção ser feita, através de projeto de lei que cria pisos salariais

nos Estados.

Com muita tranqüilidade, quero desfazer um mito. O orador que me

antecedeu disse que o salário mínimo, segundo o DIEESE, teria de ser de R$

924,00. Se multiplicarmos esse valor por treze salários ao ano, teremos R$

12.012,00, ou seja, o dobro da renda per capita do Brasil. É preciso se ter em

mente que essas discussões levam a população brasileira que ouve os discursos

dos políticos a divagações e dificuldade de raciocínio, sendo induzida a erro. É

óbvio! A economia americana tem um PIB de 9 trilhões de dólares. Se

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compararmos o PIB brasileiro per capita com o PIB per capita americano, veremos

que o segundo é dez vezes maior. Conseqüentemente, o padrão salarial americano

é dez vezes superior ao brasileiro.

Dessa forma, a criação de pisos salariais para os Estados, objeto do Projeto

de Lei nº 113-A, de 2000, originário do Poder Executivo, é aceitável e importante

neste momento de discussões sobre a questão salarial. Quero ver decisões firmes,

como a do Governador Anthony Garotinho, que fixou o salário mínimo em R$

400,00 para todos os trabalhadores do Rio de Janeiro. Esta é a vontade que tenho

neste momento em que encaminho a votação favorável ao projeto. S.Exa. mostra

que é realmente um homem de posição, ao fixar para todos os trabalhadores da

iniciativa privada, assim como para os servidores públicos do Estado do Rio de

Janeiro, um salário mínimo de R$ 400,00. Ótimo! Que maravilha! Que Governador

extraordinário esse, que vai resolver em definitivo o problema salarial da população

do Estado do Rio de Janeiro!

E os pisos salariais serão implementados de tal maneira que cada Estado,

não apenas com a responsabilidade de administrar suas finanças, mas também

com a responsabilidade fiscal que se exige, terá de levar em consideração a real

capacidade econômica das empresas, do produtor rural.

Por isso, sou favorável. E por muito mais. O piso salarial é distinto do salário

mínimo, que permanece e será votado na Casa. Aliás, há quatro medidas

provisórias estocadas que versam sobre o salário mínimo, com mais esta, cinco.

Outra coisa, o Congresso Nacional discute seu valor sempre às vésperas de

eleição.

Sr. Presidente, acreditando no entendimento e no discernimento de todos os

Parlamentares da base do Governo e como sei que é vontade da Oposição dar piso

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salarial maior aos trabalhadores dos seus Estados, haveremos de votar este projeto

distintamente do projeto do salário mínimo, que votaremos em outro dia.

Devemos votar hoje o piso salarial e dar aos trabalhadores dos Estados a

prerrogativa de que o Governador fixe um salário elevado.

Sr. Presidente, encaminho favoravelmente o projeto.

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O SR. CARLOS SANTANA (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei de acordo com a orientação do partido da votação anterior.

O SR. JOSÉ ROBERTO BATOCHIO (PDT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei de acordo com a orientação do partido na votação anterior

O SR. ODÍLIO BALBINOTTI (Bloco/PSDB-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei de acordo com a orientação do partido na votação anterior.

O SR. RICARDO BERZOINI (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do PT.

O SR. NILSON PINTO (Bloco/PSDB-PA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o PSDB.

O SR. GIOVANNI QUEIROZ (PDT-PA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

O SR. LUÍS EDUARDO (PDT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

na votação anterior, votei de acordo com a orientação do partido.

O SR. VALDIR GANZER (PT-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

votei de acordo com a orientação do PT.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Para falar contra, concedo a palavra

ao Sr. Deputado Alexandre Cardoso.

O SR. ALEXANDRE CARDOSO (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ouvi referência ao Governador Anthony

Garotinho. S.Exa. cumpriu o compromisso assumido relativamente ao salário dos

servidores estaduais.

Gostaria que qualquer Deputado da base do Governo explicasse como vão

ficar os salários nas cidades que fazem divisa com os Estados — o Rio de Janeiro

é vizinho de Minas Gerais e Espírito Santo — e muitas vezes se ligam por uma

ponte, uma rua. A fixação de pisos vai acarretar diferença, podendo criar uma

enorme desarrumação econômica.

Se resgatarmos os discursos sobre as diferenciações salariais até 1984,

vamos verificar que não será válido nenhum argumento de Deputados que

defendam essa diferenciação. O Dr. Bandeira de Mello e V.Exa., Sr. Presidente,

constituíram escritório de advocacia de renome no Brasil. Gostaria que a

Presidência da República o consultasse para analisar a constitucionalidade da

matéria, pessoas que foram seus pares. Duvido que alguma das respostas que

estão sendo dadas neste plenário teria tanta ênfase.

Todos sabem que essa matéria será derrubada no Supremo Tribunal

Federal. Estão querendo criar um cenário para que se vote o salário mínimo e fazer

Deputados justificarem seus votos, argumentando que vão defender a instituição de

salários diferenciados nos Estados.

Sr. Presidente, tenho absoluta certeza de que essa matéria, trabalhada por

qualquer constitucionalista que se desprendesse das suas ligações com o Governo,

teria pareceres quase isonômicos de inconstitucionalidade. Querer criar critérios

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para, no dia 10, justificar o voto dos 151 reais, dizendo que vão aumentar salários

com essas diferenciações regionais, parece querer enganar criança, porque a

matéria não suporta análise preliminar de constitucionalidade.

Gostaria que os Srs. Deputados que vão votá-la justificassem para os

aposentados como o piso salarial pode ser de 200 reais, se vai impactar no

consumo desse aposentado que vai ganhar 151 reais; vão jogar no preço do

remédio o custo do salário de 200 reais, que vai ser o do balconista. Aí fica claro

que esse aposentado terá uma condição menor de adquirir seu remédio, às vezes,

essencial à vida. Gostaria que os Líderes da base do Governo explicassem essa

dificuldade aos Srs. Deputados.

Gostaria também que consultassem o Departamento de População do IBGE,

para ver de forma clara que um dos fatores impactantes da migração dos anos 70 e

80 foram os chamados pisos regionais, que já em 1984 só eram três. Um dos

avanços que tivemos na Constituição de 1988 foi, sem dúvida, a retificação, de

forma definitiva, desses pisos, que foram unificados em 1984.

Srs. Deputados, já estou escutando pelos corredores que a medida não será

votada e, mais uma vez, a palavra não será cumprida. Esperamos que dessa vez

seja, votando a matéria, que não suporta análise constitucional primária.

Sr. Presidente, estão isolando os aposentados do País. E todo mundo sabe

que o aumento concedido aos remédios nos últimos trinta dias está inviabilizando

vidas. Quando se cria piso regional e não se dá aumento ao aposentado,

desqualifica-se sua vida.

Temos muita responsabilidade quando criamos esperança na sociedade.

Não queremos criar uma que seja mentirosa, nem ficar aqui ombreados com ela.

Qualquer constitucionalista deste plenário sabe que esta matéria não suporta uma

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análise primária de constitucionalidade, que pode isolar os aposentados, que já têm

vida indigna, e que isso é um jogo de cena para votar o salário mínimo, no dia 10.

Desafio qualquer membro da base governista a desmontar esses

argumentos, que simplesmente têm a base da verdade. Neste País, nada convence

mais do que a verdade.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. LUIZ BITTENCOURT - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE - Tem V.Exa a palavra.

O SR. LUIZ BITTENCOURT (Bloco/PMDB-GO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na primeira votação, votei "sim".

A SRA. ALMERINDA DE CARVALHO (PFL-RJ. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a recomendação da

bancada.

A SRA. ESTHER GROSSI (PT-RS. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

O SR. CLOVIS VOLPI (Bloco/PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com o meu partido, o PSDB.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Deputado

Alberto Goldman, para falar a favor da matéria.

O SR. ALBERTO GOLDMAN (Bloco/PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estamos tratando não do salário mínimo, mas

da implantação de pisos salariais. As duas matérias estão num contexto político

semelhante, mas são absolutamente distintas. Independentemente do valor que se

estabeleça para o salário mínimo, que deverá ser discutido e votado nos próximos

dias, discute-se a possibilidade ou não de permitir aos Estados que estabeleçam

pisos salariais.

Não quero debater o assunto do ponto de vista constitucional. O parecer já

foi oferecido pelo Deputado Ibrahim Abi-Ackel, que respeito muito, e de forma

bastante consistente. Não me parece que devamos levar mais adiante essa

discussão.

O fato concreto é que o País possui uma diversidade imensa de situações e

que se exige seu desenvolvimento. Temos uma economia complexa, com

diferenciações e injustiças. Tudo isso obriga a que se dê aos administradores

públicos flexibilidade para atuar. Vou dar o exemplo do Governador do Rio de

Janeiro, citado há pouco pelo Deputado Alexandre Cardoso. O Sr. Anthony

Garotinho enviou um projeto de lei à Assembléia Legislativa estabelecendo um piso

de 400 reais para os servidores estaduais. Esse piso, porém, não é válido para os

servidores inativos, vale apenas para os ativos. Por que S.Exa. fez isso? Porque

tinha necessidade de dar àquelas pessoas que servem ao Estado e que vão

competir no mercado de trabalho uma condição diferenciada, mas não podia dar o

mesmo aos inativos, porque não teria condições financeiras de fazê-lo. Faço essa

especulação para explicar ou justificar a atitude do Governador Garotinho. Imagino

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que seja isso, porque já passamos por situações muito semelhantes. Fui Secretário

da Administração em São Paulo, onde tive grande limitação para dar melhores

condições aos servidores ativos, a fim de que pudessem, inclusive, competir no

mercado de trabalho e tivessem condições de melhorar a prestação dos serviços à

população. Era exatamente um tipo de vinculação que existia entre o inativo e o

ativo. De certa forma, é o que estamos discutindo no momento.

É fundamental a possibilidade de separar o inativo do ativo. O inativo não

pode perder o valor de seu salário, tem de ter preservado seu vencimento, no

mínimo, até sua morte. Não precisa ter, porém, ganhos, a não ser que a condição

econômica do País, do Estado ou do Município assim o permita.

No caso, por exemplo, do professor ativo da rede pública de São Paulo, a

média salarial é muito menor do que a do inativo. E quando se lhe concede um

reajuste, a Constituição Federal ou a legislação obriga a dar a mesma variação

salarial ao inativo. É um contra-senso, uma vez que precisamos de um serviço

público eficiente para atender à população.

De certa forma, é isso que se procura fazer agora, ou seja, conceder ao

trabalhador ativo exatamente o que o mercado pode pagar, para que ele tenha

condições de enfrentar seu dia-a-dia, sem ficar amarrado ao inativo, mesmo porque

isso não melhora as condições do aposentado.

Faço também uma rápida observação sobre a questão migratória, já

comentada. As migrações não são feitas em busca de salários maiores, elas

ocorrem devido à procura de empregos. O que tem levado as grandes

concentrações urbanas a migrarem não é a procura por um salário um pouco maior,

é a inexistência de empregos em certas áreas do Brasil.

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Somos favoráveis a este projeto. Trata-se de um grande avanço, é a

preparação para que o País se desvincule, amanhã, dessas amarras que o tornam

extremamente injusto.

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O SR. ADOLFO MARINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ADOLFO MARINHO (Bloco/PSDB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o PSDB.

O SR. AUGUSTO NARDES (PPB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior votei "não".

O SR. NILTON CAPIXABA (Bloco/PTB-RO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei de acordo com o partido.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Para falar contra, concedo a palavra

ao Deputado Walter Pinheiro.

O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, em permuta, cederei o lugar ao

Deputado Paulo Paim.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O Deputado Paulo Paim tem a palavra

por cinco minutos.

O SR. PAULO PAIM (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.

e Srs. Deputados, sei que é difícil, mas tomo a liberdade de apelar a este Plenário

para que reflita sobre o que de fato estamos votando.

Conversava há pouco com dois Deputados que me diziam: "Não, não é isso

que estamos votando". Eu lhes respondi: "Estamos determinando que o piso

salarial seja de acordo com o inciso V do art. 7º — piso salarial proporcional à

extensão e à complexidade do trabalho".

O que significa isso? O Relator que me explique esse algo que pode ter

interpretações diferentes. A Assembléia Legislativa de cada Estado será a nova

Delegacia Regional do Trabalho, ou a comissão de negociação, ou a comissão

prévia, ou a Secretaria do Trabalho, porque cada categoria terá de definir seu piso.

Conversando com um Deputado da área de calçados — não vou citar seu

nome —, S.Exa. me deu um exemplo. Digamos que no Rio Grande do Sul, pela

pressão popular, aprove-se um piso para o setor do calçado; em Santa Catarina,

aprove-se outro para o mesmo setor, outro para a indústria metalúrgica, a mesma

coisa para a construção civil, para o jornalismo, para o emprego doméstico. Alguém

poderia afirmar: "Não, mas ali diz acordo ou convenção coletiva". Mas quem me

garante que vai haver acordo ou convenção coletiva?

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V.Exas. sabem que a Justiça do Trabalho tem milhares e milhares de

dissídios coletivos em andamento por falta de acordo. Toda vez que não houver

acordo entre empregado e empregador, a discussão vai para onde? Não vai para a

Justiça, nem para as comissões de negociações. Vai para a Assembléia Legislativa,

que terá de ser a comissão de conciliação e fixar o piso para cada categoria.

Srs. Deputados, a questão é séria, e temos de ser responsáveis. Falo com

muita consciência de trinta anos de sindicalismo. Estou na Casa há quatorze anos.

Repeti esse gesto esses dias e o faço novamente. Eu sempre disse que a partir do

dia em que a inflação chegasse a menos de dois dígitos não defenderia mais

política salarial, defenderia um salário mínimo justo, que contemplasse os

aposentados, e piso por categoria. Mas isso é brincadeira, é fruto da livre

negociação entre empregado e empregador. É o óbvio. É o princípio da relação

capital e trabalho. Como vamos engessar o Estado para definir o piso de cada

categoria? Ouvi alguém aqui dizer de forma — desculpe a expressão —

demagógica: "Não, agora vamos responsabilizar o Governador". Essa é outra

bobagem. Governador nenhum vai ser responsabilizado. Ele vai encaminhar para a

Assembléia Legislativa o piso dos servidores públicos. Ou alguém acha que algum

Governador é bobo em querer encaminhar para a Assembléia Legislativa o piso do

metalúrgico, do operário da construção civil, do doméstico? Claro que ele não fará

isso. É uma falácia.

Estamos brincando de fazer lei como se fôssemos dar uma rasteira naqueles

que querem elevar o salário mínimo. Isso não é sério, é irresponsável. Tenho até

um argumento para mostrar a V.Exas. por que o Governo fez isso. Ele achou que a

Casa iria esgotar a discussão do salário mínimo. Ele usaria essa matéria como um

balão de ensaio e, mais na frente, a retiraria. Como houve o clamor das ruas, a

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pressão pelos 177 reais, a matéria não foi votada, e, se for, o Governo sabe que

perde, porque esta Casa não vai votar contra 26 reais, obrigou-se a encaminhá-la.

Se ela for aprovada aqui, ele a segura no Senado. Não sei o que ele vai fazer, mas

nós vamos ser taxados pela sociedade de irresponsáveis. Ouvi alguém dizer aqui:

"Não, no Rio de Janeiro, o Garotinho já fixou 400 reais para o servidor público". E

daí? A grande verdade é que encaminharam para cá uma proposta que é uma

falácia e que agora tem de ser votada.

Gostaria que o bom senso nesta Casa prevalecesse e que disséssemos o

seguinte: vamos convidar a FIERGS, a FIESP, as centrais e os Governadores.

Fizeram uma emenda de última hora dizendo o seguinte: olha, para as

empregadas domésticas, não vale — para se ver como a proposta não é séria;

olha, para os servidores do Município já não vale mais. Apareceram agora no

plenário, e é este o substitutivo do Governo.

Sr. Presidente, o bom senso, a lógica e o respeito aos trabalhadores, aos

empresários, aos aposentados, mostram que temos de rejeitar essa brincadeira;

que, se votarmos, rapidamente, teremos de revogar essa lei de uma forma ou de

outra. Ela não é aplicável, é inviável, é um ato de total irresponsabilidade

encaminhado a esta Casa pelo Poder Executivo. Se o Poder Executivo quiser ser

irresponsável, é um direito dele. Mas, nós do Congresso Nacional, homens

públicos, não podemos, em hipótese alguma, acompanhar, eu diria, um absurdo,

uma proposta como essa.

Nem estou falando que ela já existiu até 1984 e foi, por unanimidade,

derrubada porque provou que não deu certo. Essa é pior do que aquela que existia.

Aquela era salário mínimo regional, e esta é piso por categoria, que a Assembléia

Legislativa vai ter de definir.

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Não acredito que um homem sério — aqui todos são homens sérios — que

estudou, que leu com calma esse projeto do Governo, vai conseguir votar a favor.

Eu tenho certeza de que aqui vai prevalecer o bom senso e vamos votar o

salário mínimo de 177, no dia 10, e pronto. Mas isso aqui é muito pior do que

qualquer discussão profunda sobre a questão do salário mínimo. Além de criar uma

parafernália no mundo do capital e trabalho, ninguém mais vai se entender. A

confusão que está instalada é para prejudicar de forma direta os 18 milhões de

aposentados e pensionistas. Esses 18 milhões, Sr. Presidente, não terão mais

reajuste a partir deste momento. Vejam, o próprio salário mínimo de 151, que

corresponde a um aumento de 11%, que é o IGP-DI, não é mais do que a inflação,

não será dado para o aposentado. Para o aposentado vai-se usar o INPC, que é

em torno de 6%. Calculem daqui para a frente.

Termino agradecendo a V.Exas.

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O SR. JOÃO PAULO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO PAULO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na

votação anterior, votei "sim".

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vamos ouvir o Deputado Arnaldo

Faria de Sá, para falar a favor. (Pausa.) Ausente.

O SR. SERAFIM VENZON - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SERAFIM VENZON (PDT-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com o partido.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Deputado

Darcísio Perondi, para falar a favor.

O SR. VIVALDO BARBOSA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. VIVALDO BARBOSA (PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, creio que a matéria está em discussão e não há encaminhamentos.

Na discussão, não há favorável ou contrário.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Então, traduza a minha palavra

"encaminhamento" por "discussão".

O SR. VIVALDO BARBOSA - Então, não há contra nem favorável.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Isso.

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O SR. DARCÍSIO PERONDI (Bloco/PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, esta Casa não está brincando de fazer lei.

Meus queridos Parlamentares, o Governo Federal estudou, mandou esta

proposta e o nosso brilhante constitucionalista Deputado Ibrahim Abi-Ackel falou

com clareza sobre sua constitucionalidade.

Em segundo lugar, não é verdade que os 12 milhões de aposentados — não

18 milhões — não terão reajuste quando aumentar o salário. Terão, sim, o salário

mínimo votado todos os anos. Quando o salário mínimo for votado, haverá

aumento, sim, para aquele aposentado que ganha um salário mínimo.

Estamos falando de aproximadamente 1 milhão e 800 mil pessoas,

trabalhadores que têm carteira assinada e ganham um salário mínimo. Destes, a

metade, praticamente, é de Prefeituras Municipais, que muitas vezes não pagam

sequer um salário mínimo.

Sr. Presidente, o piso salarial é uma extraordinária oportunidade para os

Governadores legislarem, e quem dará essa oportunidade será a lei complementar.

Lá no meu Estado, por exemplo, o Governador Olívio Dutra, grande defensor

de uma ótima e justa política salarial para todos os brasileiros, em especial para os

gaúchos, poderá, através da nossa votação hoje e depois da votação do Senado,

aumentar o salário mínimo que ele aqui sempre defendeu. O Governador Itamar

Franco, lá em Minas Gerais, também poderá fazê-lo.

Que oportunidade especial esses dois Governadores terão ou vão dispensar.

As ruas poderão cobrar desses dois Governadores. Nós estamos dando essa

oportunidade para os trabalhadores dos Estados terem aumento de salário. É o

piso salarial.

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Outra oportunidade que nós estamos dando na lei votada hoje refere-se a

uma emenda, se não me falha a memória, do Deputado Medeiros, que incluiu aqui

no piso salarial as empregadas domésticas de todo este Brasil.

E nós sabemos que nós vamos fazer uma política social maior não apenas

com o salário mínimo, não apenas com o piso salarial, mas sim com políticas

sociais fortes.

Toda a tarde da quarta-feira, eu ouvi dizer que o Brasil, Sr. Presidente, não

tinha política de assistência social. Nós temos, hoje, os maiores programas de

renda mínima do mundo. O País gasta 21% do seu Produto Interno Bruto, de toda a

sua riqueza, em programas de assistência social, educação, saúde e habitação.

O nosso País é injusto, sim. É preciso haver melhor distribuição de riquezas,

sim. Mas o caminho não é apenas o salário mínimo.

Conclamo a Oposição a ser coerente e não rasgar a possibilidade de os

trabalhadores de todos os Estados terem um salário maior através do piso salarial.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Sobre a mesa o seguinte

requerimento:

Requer o encerramento da discussão do Projeto de Lei

Complementar nº 113-A/2000, do Poder Executivo.

Líder Arnaldo Madeira, Líder Inocêncio Oliveira, Líder Odelmo Leão, Líder

Geddel Vieira Lima, Líder Aécio Neves.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Para encaminhar contra o

requerimento, concedo a palavra ao Deputado Walter Pinheiro.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente,

lamentavelmente, o Governo, que deseja a discussão da matéria e que chegou aqui

dizendo que nesta tarde queria quorum para discutir o tema, opta, neste exato

momento, por uma atitude contrária.

Em que pese, Deputado Pedro Henry, o Líder do Governo vir aqui dizer que

gostaria de ter argumentos como os levantados pelo Deputado Alexandre Cardoso,

encerra exatamente no momento em que os argumentos podem ser conhecidos,

quando podemos discutir claramente os aspectos e a real intenção do Governo no

que diz respeito a este projeto.

Ora, esta matéria trata de estabelecer uma confusão no País: cria cada vez

mais uma realidade diferenciada na periferia do nosso Brasil e estabelece as

regiões mais longínquas, os chamados centros mais afastados, distantes, portanto,

de uma realidade industrial e de desenvolvimento. Esta prática consiste em admitir

que nesses locais o tratamento dado à mão-de-obra, isto é, ao trabalhador que

precisa do salário mínimo, é de exclusão plena.

Este País já vivenciou a realidade da dita regionalização do salário mínimo, a

concentração em alguns pólos e um tratamento diferenciado principalmente nos

locais mais distantes. Basta ver a realidade que o Brasil vive hoje no interior.

E o que dizer dos aposentados, Deputado Bispo Rodrigues, que se

constituíram arrimos de cidade? Eles não são somente arrimos de família,

Deputado Caio Riela, são também arrimos de cidade.

Hoje é comum que o aposentado sustente os seus filhos, o inverso do que

tínhamos no passado. Agora, os aposentados se tornaram a esperança dos

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Municípios deste País, Municípios nos quais a agricultura dá sinais de cansaço,

onde não há atividade industrial e onde, concretamente, a população vive às

migalhas. É a renda dos aposentados no final do mês que termina sendo o ponto

de aquecimento da economia desses Municípios.

Costuma-se dizer que temos quatro feiras no Nordeste. O feirante vende

fiado em três feiras, na quarta ele sai atrás do aposentado para receber, por isso

não há feira.

Estaremos piorando essa realidade com a instituição do salário mínimo

regional. Estaríamos dando aos Governadores liberdade para instituir pisos. É bom

lembrar que eles terão liberdade de fazer o que fez o Governador Anthony

Garotinho, o que fez o Governador Olívio Dutra, como pode fazer qualquer outro

Governador no âmbito do serviço público.

Vamos deixar de cinismo. O correto seria que o serviço público municipal e

principalmente o estadual não tivessem nenhum servidor ganhando menos de R$

400,00. Essa seria a medida correta.

Portanto, se o Governo pensa que é possível fazer isso, deveria ter coragem

de não estabelecer o salário mínimo regional, deveria ter coragem de disputar

neste plenário o valor do salário mínimo, esse valor que ele quer que Governos

Estaduais assumam, Deputado Pauderney Avelino. Se os Governadores podem

assumir, por que a Federação não assume as suas funções, inclusive as

constitucionais?

Quero pedir a atenção dos Srs. Deputados. V.Exas. vão votar matéria que

fere dispositivos constitucionais, que colide com a Constituição. Estabelecendo o

mínimo regional, esta Casa estará manchando a própria Constituição que jurou

honrar, estará contrariando as prerrogativas deste Parlamento.

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Compete a este Parlamento, compete ao Congresso Nacional a definição de

salários do País. Não é simplesmente abrir mão de competência, mas é

comprovadamente, declaradamente, assumir a incompetência do Congresso

Nacional, ou melhor, sua subserviência ao Poder Executivo, que tenta mascarar

uma posição.

Portanto, Sr. Presidente, estamos certos de que, neste momento, o correto

seria esta matéria continuar sendo debatida por esta Casa, na perspectiva de que

se estabeleça o diálogo com argumento e conteúdo; o correto seria que os Srs.

Parlamentares se posicionassem, saindo daquela velha máxima de que

comparecem aqueles decididos e orientados a cumprir determinações do Palácio

do Planalto.

Hoje de manhã, os Líderes afirmaram que, além de estarem fazendo esforço

no sentido de que houvesse quorum , tinham que pedir ajuda aos Ministros para

que fizessem os Deputados comparecerem para votar. Será que isto estará

associado somente a um pedido, será que não estará associado a algum processo

de barganha, a algum processo de troca? O que é mais vergonhoso ainda em

matéria como esta.

Por isso, Sr. Presidente, somos contrário ao encerramento da discussão da

matéria.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vamos ouvir os Srs. Líderes, então.

Os Srs. Líderes digam "sim" ou "não". Não vamos discutir o mérito da

matéria agora. Iremos votar se a matéria será adiada, se encerramos ou não a

discussão.

Portanto, como vota o PSC? (Pausa.)

Como vota o Partido Humanista? (Pausa.)

Vota "sim".

Como vota o PV? (Pausa.)

Como vota o PPS? (Pausa.)

Como vota o Bloco Parlamentar PL/PSL? Vota "sim" ou não"?

O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Bloco Parlamentar vota "não".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "não".

Como vota o Bloco PSB/PCdoB?

A SRA. LUIZA ERUNDINA (Bloco/PSB-SP. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB vota "não".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "não".

Como vota o PDT?

O SR. DR. HÉLIO (PDT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PDT

vota "não".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "não".

Como vota o PT?

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PT já encaminhou votando contrário ao encerramento da discussão.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "não".

Como vota o PPS?

O SR. PEDRO EUGÊNIO (PPS-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o PPS vota "não".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "não".

Como vota o Bloco Parlamentar PMDB/PST/PTN?

O SR. MENDES RIBEIRO FILHO (Bloco/PMDB-RS. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, o PMDB vota "sim".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "sim".

Como vota o PFL?

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PFL vota "sim".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "sim".

Como vota o PPB?

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o PPB vota "sim".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "sim".

Como vota o Bloco Parlamentar PSDB/PTB?

O SR. SAULO PEDROSA (Bloco/PSDB-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Bloco Parlamentar PSDB/PTB vota "sim".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "sim".

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Em votação o requerimento.

Quem estiver de acordo permaneça como se acha. (Pausa.)

Aprovado.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O projeto foi emendado.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra, para oferecer

parecer às Emendas de nºs 9 a 15, em substituição à Comissão de Trabalho, de

Administração e Serviço Público, ao Sr. Deputado Pedro Henry.

O SR. PEDRO HENRY (Bloco/PSDB-MT. Para emitir parecer. Sem revisão

do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quando fizemos o relatório na

Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, aproveitamos algumas

indicações parlamentares que lá surgiram para fazer uma subemenda de Relator

que permitiu inserir no texto da lei o seguinte: no segundo semestre do ano em que

se verificar eleição para os cargos de Governador dos Estados e do Distrito Federal

e de Deputados Estaduais e Distritais, a autorização dessa lei não pode ser

exercida. E não se aplicaria à remuneração dos servidores públicos municipais.

Foram apresentadas seis emendas de Plenário, que, na sua maioria, tentam

desfigurar um princípio fundamental, que é a autoria do Poder Executivo. A lei

permite que por autoria do Poder Executivo sejam estabelecidos os pisos salariais

dos Estados. Diante disso, rejeitamos a Emenda nº 9.

Rejeitamos também a Emenda nº 10. Da mesma forma, não está proibida no

corpo da lei nenhuma negociação com a sociedade. A emenda do Deputado Aloizio

Mercadante e outros Líderes propõe a negociação coletiva. Isso é permitido. Só a

autoria é do Poder Executivo. O corpo da lei prevê esse tipo de negociação.

Portanto, rejeitamos também a Emenda nº 11.

Da mesma forma, em função da desfiguração que propõe a Emenda nº 12,

também optamos pela sua rejeição.

A Emenda nº 13 propõe que seja ouvida a Comissão Estadual de Emprego e

o CODEFAT na elaboração do piso salarial. Isso é possível, mas não é necessário

que esteja expresso no corpo da lei. Diante disso, também opinamos pela rejeição

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da Emenda nº 13. Da mesma forma, pela rejeição da Emenda nº 14, que já está

intrinsecamente contemplada pelo projeto de lei.

A Emenda nº 15, assinada por diversos Líderes, é substitutiva e na verdade

reescreve todo o projeto de lei com uma redação mais adequada ao projeto.

Diante disso, entendemos que o ideal e o conveniente seria a aprovação da

Emenda nº 15, que é uma emenda substitutiva de Plenário e que traz no seu bojo

todas essas alterações que foram propostas pela Comissão de Trabalho, de

Administração e Serviço Público, onde tivemos a oportunidade de elaborar o

relatório e sentir dos demais companheiros, por intermédio das diversas emendas

apresentadas no primeiro momento, quais eram as tendências.

Sr. Presidente, assim, nossa posição como Relator é pela rejeição de todas

as emendas apresentadas, exceto a de nº 15, que é substitutiva e que no meu

entender dá uma redação mais adequada ao projeto de lei. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O parecer é pela aprovação da

Emenda de nº 15 e rejeição das demais.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Para oferecer parecer às Emendas de

nºs 9 a 15, em substituição à Comissão de Constituição e Justiça e de Redação,

concedo a palavra ao Sr. Deputado Ibrahim Abi-Ackel.

O SR. IBRAHIM ABI-ACKEL (PPB-MG. Para emitir parecer. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ouvi com a devida atenção as

críticas endereçadas ao parecer que tive a honra de emitir a respeito da suposta

inconstitucionalidade do projeto de lei complementar que estamos apreciando.

Devo dizer, Sr. Presidente, que, apesar do meu reconhecido respeito pela

opinião dos ilustres adversários, não foi ela capaz de abalar a minha convicção de

que a matéria ora em debate de forma alguma atenta direta ou indiretamente contra

o espírito e a letra da Constituição.

Sr. Presidente, é até singular que se verifique por parte da Oposição uma

crítica tão contundente contra uma primeira iniciativa do Governo da República nos

últimos anos que devolve aos Estados-membros da Federação parte importante da

competência que a Constituição lhe atribui. Se abrirmos os tratados concernentes à

Federação no Brasil, o que verificaremos de forma incontornável é a crítica

permanente à voracidade da União no que diz respeito à apreensão de

competência sobre todos os assuntos de importância ou de complexidade para o

desenvolvimento do País.

O art. 22 da Constituição é um exemplo claro do quanto se exacerba o

Constituinte na reserva de poderes para a União. Todos os direitos praticamente

estão reservados à legislação do Governo Federal. Toda a matéria econômica, de

modo geral, como a trabalhista, a bancária, a de juros e todas as demais, estão

sempre adjudicadas à competência legislativa da União.

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O que os propagandistas da Federação têm pretendido ao longo do tempo é

exatamente o contrário do que aqui se buscou através dos discursos da Oposição.

É a descentralização, é a oxigenação do sistema federativo. É a outorga paulatina

aos Estados de competências mais abundantes e mais largas para legislarem sobre

assuntos mais próximos do conhecimento da Assembléia Legislativa e do

Governador do Estado. Chegamos ao absurdo, na elaboração da Constituição de

1988, de reservar à União competência exclusiva para legislar até sobre processo

civil.

Assim, quando é necessário regular a competência de um oficial de justiça

para cumprir um mandado judicial além dos limites de uma comarca, é preciso que

a União, através do Congresso Nacional, intervenha na legislação para alterar o

Código de Processo Civil. Os Governadores, ilhados nos pequenos limites da sua

competência, e as Assembléias Legislativas, adstritas quase que praticamente à

realização do Orçamento estadual e à elaboração do regimento de custas,

praticamente não têm outras funções no sistema federativo brasileiro. Este

Governo, de forma surpreendente — seja para livrar-se de um problema, seja

imbuído de bons propósitos, não importa, o que deve ser aqui apreciada é a

conseqüência fática da medida que tomou —, propõe ao Congresso Nacional que

uma medida de extrema delicadeza, qual seja o piso do salário mínimo, seja

deferida através de delegação aos Governos dos Estados, na forma em que

expressamente o permite o parágrafo único do art. 22 da Constituição Federal.

Esta não é uma tese primária como quer o Deputado Alexandre Cardoso.

Também não é uma conclusão errônea como tão acentuadamente frisou o

Deputado do PT que há tantos anos vem marcando sua carreira política pela luta

constante em favor do aumento do salário mínimo. A emenda substitutiva sobre a

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qual emito agora o parecer que me é solicitado dentro da competência da

Comissão de Constituição e Justiça e de Redação ampliou de maneira adequada

os poderes a serem transmitidos ao Governador.

Quando o Deputado afirma que há mais de um piso e há outros salários

mínimos ou pisos fixados por convenção, fixados por lei federal, chamo a atenção

da Casa para o inteiro teor do art. 1º do projeto, repetido no substitutivo, que assim

está escrito: "Os Estados e o Distrito Federal ficam autorizados a instituir, mediante

lei de iniciativa do Poder Executivo, o piso salarial de que trata o inciso V do art. 7º

da Constituição Federal, para os empregados que não tenham piso salarial definido

em lei federal, em convenção ou acordo coletivo de trabalho".

Esses três segmentos imensos que tratam, através de acordo, da fixação do

seu piso, aqueles outros também expressivos que têm na lei federal pisos

diferenciados e aqueles outros, finalmente — e, com isso, encerro a matéria,

porque não há outra categoria de trabalhadores —, que têm seus pisos fixados por

acordo coletivo de trabalho estão excluídos da delegação que se pretende transferir

aos Governos dos Estados por meio da presente lei complementar.

As críticas são, portanto, improcedentes, porque elas visam muito mais a dar

satisfação política à corrente de opinião que as sustentam do que ferir de frente o

texto constitucional. (Palmas.)

Chamo mais a atenção dos nobres colegas da Casa. Quando fui à tribuna,

tive em mãos a Constituição Federal. E ali, nos termos que se aplicam à matéria,

meus críticos foram muito eloqüentes, mas guardaram das mãos longa distância do

texto constitucional. Talvez pela dificuldade até de localizar a matéria, como tenho

ouvido aqui em apartes que insistentemente procuram confundir meu raciocínio.

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, além do mais, a emenda que

estamos agora apreciando assegura: a autorização de que trata esse artigo não

poderá ser exercida no segundo semestre do ano em que se verificar eleição para

os cargos de Governador dos Estados e do Distrito Federal e de Deputados

Estaduais e Distritais. Afasta-se, assim, do âmbito da competência delegada, a

medida demagógica do aumento ocasional de salários para facilitar a eleição

daqueles de que provém a lei.

A autorização de que trata esse artigo também não poderá ser exercida em

relação à remuneração de servidores públicos municipais, porque a autonomia

municipal se exerce nos assuntos de sua peculiar competência. E não há interesse

ou competência maior do que o cumprimento exato do orçamento municipal, que

não pode ser abalroado pela lei federal.

Sr.Presidente, finalmente, o piso salarial poderá ser estendido aos

empregados domésticos. É uma faculdade que se atribui aos Governos dos

Estados.

Nesses termos, Sr. Presidente, agradecendo as lições que me foram

ministradas da tribuna, mas pedindo permissão para não atender a elas, por ter

entendimento diverso, afirmo e reafirmo que não há constitucionalidade mais

luminosa, nem juridicidade mais reconhecida, nem redação mais adequada do que

aquelas que se encontram transpostas nessa lei, uma lei destinada a ampliar os

poderes dos Estados de forma a permitir a solução de problemas que melhor

conhecem eles do que os habitantes do Palácio do Planalto. (Palmas.)

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Requerimento sobre a mesa:

Requer adiamento da votação por duas sessões do

Projeto de Lei Complementar nº 113/2000, constante da pauta

da presente sessão.

Assina o Líder Aloizio Mercadante.

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O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o Deputado Waldir Pires vai encaminhar.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Para encaminhar, concedo a palavra

ao Deputado Waldir Pires.

O SR. WALDIR PIRES (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, se há um momento em que não podemos tergiversar, se há

um instante nesta civilização contemporânea, nesse quadro que não é só do Brasil,

mas do mundo, em que não podemos levar ao engodo nas relações de trabalho as

populações, os profissionais, a vida dos homens e das mulheres, o momento é

exatamente este. Assiste-se à desconstrução do conceito de trabalho e à

gigantesca dificuldade de emprego em toda parte.

O Poder Público precisa assumir séria e profunda responsabilidade no

sentido de atender à necessidade básica, trabalho, para que as pessoas realizem

sua tarefa no emprego ou em qualquer parte. Não podemos admitir uma sociedade

que trata com esse nível de mistificação a qualidade do trabalho, do emprego. Tudo

isso que aí está nos causa enorme perplexidade em relação ao próprio texto

constitucional.

Na verdade, o Presidente da República teria de ter jurado, como jurou, e

cumprido, como não está cumprindo, os objetivos da Constituição Federal. V.Exa.

jurou, eu jurei, os membros desta Casa juraram.

Não podemos brincar, não podemos praticar o engodo, o equívoco, a

mistificação com o espírito, com a essência do que o legislador constituinte deseja

e estabeleceu de forma escrita na Lei Maior.

Sr. Presidente, o que se pretendeu com a disposição constitucional do

salário mínimo no inciso IV do art. 7º, que são direitos sociais dos trabalhadores,

não é o que está escrito no inciso V do art. 7º. A Constituição de 1988 teve enorme

preocupação com o que deve ser a vida das pessoas, a responsabilidade humana

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de suprimir os conflitos e, por isso mesmo, pela primeira vez, atribuiu ao Congresso

Nacional, à lei federal, a tarefa de estabelecer a norma do salário mínimo.

Anteriormente, o salário mínimo não era estabelecido por lei federal, mas

simplesmente fixado por um decreto do Presidente da República. E muitas vezes

chegou a ser uma simples portaria do Ministro do Trabalho que fixava o salário

mínimo. Hoje, não. Meus eminentes colegas da base do Governo têm argüido sobre

o estabelecimento de um piso mínimo. O eminente Relator, por quem eu tenho a

maior admiração e o maior respeito, em determinado instante aludiu ao piso

mínimo.

O piso mínimo é o previsto no inciso IV. Por quê? Porque o Constituinte teve

responsabilidade com a vida, com os objetivos gerais do desenvolvimento

econômico, com a erradicação da miséria. Isto se encontra nos princípios

constitucionais e na declaração de direitos da nossa Carta Magna, que modificou a

regra, a prática e o costume anteriores e não permitiu que o salário mínimo ficasse

à mercê de decisões estaduais ou de decisões regionais, tendo em vista que isso

resultaria na continuidade do processo das migrações, do equívoco e do alto custo

de vida, mais caro nos Estados mais pobres do que nos mais ricos. Portanto,

traduzir em menos desigualdades e em menos sofrimentos é a origem do disposto

no inciso IV do art. 7º da Constituição.

Já o inciso V não o dispõe. Esse inciso fala em pisos qualificados, em pisos

salariais em relação à extensão ou à complexidade de cada trabalho. Nada tem a

ver uma coisa com a outra.

Neste momento, um país como o nosso, um país da periferia da civilização

industrial que está desmoronando teria de ter a responsabilidade de uma relação

decente e honrada com todos os seus cidadãos, e não a mistificação.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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Na realidade, pretende-se impedir que o salário mínimo tenha uma

determinação normativa para todo o território nacional e todo o universo dos

trabalhadores que o recebem. Essa escamoteação utilizando o Inciso V não pode

ser aceita. É uma forma equivocada de tratar a matéria sem responsabilidade. É

quase uma posição cínica no plano político de pretender criar a conturbação e o

equívoco para traduzir o comportamento entre o Governo, o Parlamento e a

população.

Vamos tratar com seriedade as relações do trabalho, porque estamos

assistindo a um período de muitas dificuldades e a um enorme drama da vida das

pessoas.

Sr. Presidente, conseqüentemente, é preciso declarar alto e bom som desta

tribuna que essa disposição examinada no conjunto da luta que se está travando é

absolutamente inconstitucional. O Governo nunca teve preocupação anterior de

utilizar sua competência e suas prerrogativas para introduzir, como já deveria ter

feito várias vezes e muito anteriormente, a legislação complementar de regras da

Constituição, que até hoje estão por ser complementadas.

Claro que esse inciso V já deveria ter sido regulamentado, a fim de

complementar essa competência, levando-a aos Estados e viabilizando uma

relação normativa mais próxima da realidade. Mas regulamentá-lo agora, sob a

cobertura de que é uma proteção ao salário mínimo e sob uma mistificada

interpretação de que os Estados fixarão o valor, é um engodo.

Politicamente, este momento da vida nacional não permite que tratemos

aligeiradamente as relações de trabalho e de emprego, porque do contrário vamos

consolidar aquela velha infâmia de que quem não trabalha não tem o direito de

comer. Essa é a dura realidade contemporânea que temos de suprimir, tratando

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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seriamente uma das coisas mais terríveis e, ao mesmo tempo, um dos desafios

maiores para a vida política contemporânea do Brasil e de qualquer país do mundo.

(Palmas.)

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Em votação o requerimento de

adiamento da votação por duas sessões.

Quem estiver de acordo permaneça como se acha. Quem estiver contra

levante o braço. (Pausa.)

Rejeitado.

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O SR. UDSON BANDEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. UDSON BANDEIRA (Bloco/PMDB-TO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com a Liderança do meu partido.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Requerimento sobre a mesa que

solicita preferência para a votação da emenda substitutiva global apresentada ao

Projeto de Lei Complementar nº 113-A, de 2000, do Poder Executivo, a Emenda

Substitutiva de nº 15.

Assinam os Líderes Arnaldo Madeira, Inocêncio Oliveira, Mendes Ribeiro

Filho e Aécio Neves.

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O SR. PEDRO CELSO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PEDRO CELSO (PT-DF. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na

votação anterior, votei com o PT.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Deputado

Alexandre Cardoso, para encaminhar.

O SR. ALEXANDRE CARDOSO (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, ouvi atentamente os Deputados Ibrahim Abi-Ackel, por quem tenho

a maior admiração, e Waldir Pires, e entendo que o Direito brasileiro permite

algumas interpretações.

Objetivamente, a inconstitucionalidade dessa matéria, no meu entendimento,

é de uma clareza única. A competência da fixação é do Executivo e não cabe a ele

a delegação. Ou seja, ele não pode delegar essa competência.

Ouvi atentamente também o Deputado Paulo Paim se esmerando e citando a

própria Constituição. Mas o que fica claro é que o Governo vai amparar-se no

conhecimento e no significado político de um Deputado como o ex-Ministro Ibrahim

Abi-Ackel.

Agora fica claro também, Sr. Presidente, que não há argumento político. No

meu entendimento, se o argumento jurídico não é sustentável, é cada vez mais

difícil para um Deputado da base do Governo sustentar o argumento político aqui.

Estava conversando ali fora com duas Deputadas, e uma delas, de um

Estado do Nordeste, externava sua preocupação com a migração. Por isso, gostaria

de voltar ao caso das fronteiras e pedir que um Deputado explicasse o que

acontecerá com as cidades vizinhas.

Gostaria que se deixasse de forma clara para a maioria dos Deputados que

estão presentes aqui como ficará a relação nas fronteiras estaduais quando o

Governador de um Estado fixar piso salarial diferenciado do outro. Será que o

trabalhador vai querer trabalhar do outro lado ou o munícipe vai querer comprar o

bem de consumo do outro lado?

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Sr. Presidente, esse projeto é uma farsa, é uma justificativa para a questão

da votação do mínimo. Ele não se sustenta nem jurídica nem politicamente. Está

claro isso aqui.

Sabe, Sr. Presidente, parece-me que estão querendo explicar o inexplicável.

Estão querendo justificar a consciência dos Srs. Deputados. Mas gostaria que os

Srs. Deputados, que votarão hoje aqui e passarão o final de semana nas suas

bases, perguntassem à sociedade qual é a posição dela.

Sr. Presidente, este País está criando um bando de pessoas sem esperança;

está criando um aposentado que não consegue mais viver a realidade do dia-a-dia,

porque ele não se sustenta. O aposentado brasileiro não tem renda para comprar

sequer o seu remédio, essencial à vida. E estão querendo criar a diferenciação dos

pisos salariais.

Gostaria que os Deputados da base do Governo viessem aqui falar que não

vêem que impacto pode ter o salário do balconista no preço do remédio e o que

isso causará ao aposentado já que ele não terá esse aumento. Gostaria que os Srs.

Deputados explicassem isso aqui e explicassem de forma clara que o aposentado

irá pagar muito caro por isso. E se possível que explicassem ainda que o processo

de migração não é trabalho meu, é do Departamento de População do IBGE — e

não temos dúvida sobre a importância desse Departamento.

Sr. Presidente, fico preocupado quando vejo que as pessoas não estão

explicando isso de forma clara para a sociedade. O Srs. Deputados irão votar aqui

e voltarão às suas bases, num ano em que 55 mil Vereadores serão eleitos, num

país em que apenas 3% da população dos grandes centros sabe o nome de mais

de 10% dos membros das Câmaras de Vereadores. Temos de resgatar a

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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credibilidade. Se tiverem de votar, votem com consciência. Não tentem mascarar a

verdade, porque nada convence mais do que a verdade.

Muito obrigado.

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O SR. PAULO ROCHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa a palavra.

O SR. PAULO ROCHA (PT-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na

votação anterior, votei de acordo com o partido.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Para falar contra a preferência,

concedo a palavra ao Deputado Vivaldo Barbosa.

O SR. VIVALDO BARBOSA (PDT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, jamais pensei em vir a esta tribuna para

discordar do ilustre Deputado Ibrahim Abi-Ackel e encaminhar contrariamente a um

parecer de sua autoria, pela amizade que nos une, pelo apreço e respeito que

tenho por S.Exa. e pela admiração que vem desde criança, quando, ainda

estudante, eu ia ver o advogado Ibrahim Abi-Ackel com seu brilho na tribuna do júri

da minha cidade natal, a mesma cidade em que S.Exa. nasceu. Infelizmente, os

caminhos nos separaram no pensamento e agora aqui estamos num pensamento

conflitante, porque um de nós não se coaduna com o sentimento político e com a

realidade que estamos vivendo.

O Deputado Ibrahim Abi-Ackel fez aqui um repto no sentido de que para se

falar da Constituição era preciso portá-la, trazê-la nas mãos até a tribuna e lê-la

para o Plenário. É exatamente na questão constitucional que, sem dúvida alguma,

nos separamos. Venho reclamar do antigo Ministro da Justiça, do advogado e da

vinculação do Ministro e do advogado com a ordem jurídica do País.

Disse o Deputado Ibrahim Abi-Ackel que operou bem o Governo Federal em

propor aos Estados a fixação do piso, porque se estava procedendo a uma

descentralização.

Uma das melhores obras do então Ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel foi

ter, no Governo Figueiredo, em 1984, assinado o decreto que unificou o salário

mínimo, que era regionalizado. Vários benefícios decorreram a partir dali. A

Assembléia Nacional Constituinte, alguns anos depois, consolidou e

constitucionalizou o salário mínimo nacionalmente unificado.

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A Constituição Federal diz no seu art. 7º que o piso salarial é proporcional à

extensão e à complexidade do trabalho, não pode ser estadualizado.

O piso salarial é nacional. Por que, Deputado Ibrahim Abi-Ackel, são

necessários cinco anos para se cursar a faculdade de Direito? Para se advogar é

necessário conhecer os códigos em qualquer ponto do território nacional, em

qualquer Estado em que se vai exercer a advocacia. Como é possível especificar

que um advogado estude menos ou leia menos o código em Pernambuco ou na

Bahia do que no Rio Grande do Sul, do que na querida Minas Gerais de V.Exa?

O piso nacional de salário por categoria é nacionalmente unificado. É da

natureza de qualquer piso ser nacional, porque é profissional. E se exerce a

profissão — qualquer que seja ela — da mesma natureza, com os mesmos

requisitos em qualquer ponto do território nacional.

Argumentou também o Deputado Ibrahim Abi-Ackel pela constitucionalidade

do projeto, porque ele atende ao art. 22, parágrafo único da Constituição, que

permite lei complementar autorizar os Estados a legislarem sobre questões

específicas de matérias relacionadas nesse artigo.

Reza qualquer tratado de Direito Constitucional ou do Trabalho que, pelas

condições específicas para cada tema objeto da lei complementar, não se pode

transferir competência global para legislar sobre questões globais de cada

princípio. Em matéria de trabalho, de finanças, de Código Civil e Penal ou dos

Códigos Processuais não se pode transferir a indelegável competência da União

como é da tradição constitucional brasileira.

Concordamos com o primeiro pronunciamento do Deputado Ibrahim

Abi-Ackel. No segundo, S.Exa. sustentou a constitucionalidade da Emenda nº 15.

Este, sem dúvida alguma, não fez bem à biografia e à história do nobre Deputado.

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Afinal, todos nós o admiramos — eu em particular aprendi a admirá-lo desde

criança — pelo brilho de advogado e bom profissional que sempre teve.

A Emenda nº 15 exclui os servidores públicos municipais, mas traz uma

pérola reveladora de toda a intenção mistificadora do projeto ao dizer que o piso

salarial poderá ser estendido aos empregados domésticos.

Por que isso? Por que poderá ser estendido aos empregados domésticos?

Afinal, quer se conquistar a classe média, que seria atingida por pisos mais

elevados? O que se quer com isso? Por que não inclui outra categoria de

trabalhadores, avulsos, metalúrgicos etc? Aqui não estão contemplados os

empregados domésticos.

Sr. Presidente, o Estado membro da Federação não dispõe de elementos

para fixar e elaborar uma política econômica. O Estado membro da Federação não

pode legislar sobre câmbio, não pode emitir moeda, não pode legislar sobre o

sistema financeiro, tampouco sobre juros.

Como é possível legislar sobre um elemento tão importante de política

econômica como o salário? O salário é tão importante como elemento de política

econômica que o Ministro da Fazenda não admite seu aumento. Para esta política

econômica, o salário só pode sobreviver arrochado como está.

Sr. Presidente, como disseram outros Parlamentares, não é um projeto sério,

não tem base constitucional, não é para valer, porque todos sabemos que nenhum

empregador vai ser acionado e obrigado judicialmente a cumprir o piso nacional.

Todos sabemos a grande balbúrdia que se vai estabelecer no País. Em cada

Estado haverá conflito entre empregadores e Governo. A Oposição, ao contemplar

esse conflito futuro, poderia até vê-lo de maneira bem-vinda. Para a bancada

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conservadora ver isso com bons olhos é falta de visão, é embarcar numa nau sem

rumo, sem dúvida alguma, como tem sido as naus deste Governo da República.

Muito obrigado.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Em votação o requerimento de

preferência.

Quem estiver de acordo permaneça como se acha. (Pausa).

Aprovado.

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O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, peço verificação.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Verificação concedida.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. JOÃO COLAÇO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO COLAÇO (Bloco/PMDB-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vou pedir aos Srs. Deputados que

encaminharem os vários requerimentos que se cinjam aos seus termos. Não é

possível que, encaminhando a votação artigo por artigo, discutam o mérito;

adiamento de votação, discutam o mérito. O problema é discutir o requerimento.

Tenho observado que os senhores encaminhantes até confundem os Srs.

Parlamentares, que às vezes vão votar achando que estão votando o mérito, mas

estão votando adiamento de votação. É preciso ater-se no encaminhamento à

matéria que está sendo discutida. Vou pedir isso aos Srs. Parlamentares, sem

interferir naturalmente no mérito do que cada um queira dizer.

Vamos votar.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Partido da Frente Liberal recomenda o voto "sim" ao requerimento de

preferência.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PT está em obstrução.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O PT está em obstrução; o PFL vota

"sim".

O SR. ALEXANDRE CARDOSO (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB encontra-se em obstrução.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Bloco Parlamentar PSB/PCdoB, em

obstrução.

O SR. GEDDEL VIEIRA LIMA (Bloco/PMDB-BA. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o PMDB vota "sim", no desejo de votar logo o mérito da matéria para

proporcionarmos aumentos aos trabalhadores.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O PMDB vota "sim".

O SR. DR. HÉLIO (PDT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o PDT

se mantém em obstrução.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O PDT, em obstrução.

O SR. PEDRO EUGÊNIO (PPS-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o PPS está em obstrução.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O PPS está em obstrução.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o PPB vota pela preferência, vota "sim".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "sim".

O SR. AÉCIO NEVES (Bloco/PSDB-MG Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Bloco Parlamentar PSDB/PTB vota também pela preferência, vota

"sim".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O Bloco Parlamentar PSDB/PTB vota

"sim".

O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Bloco Parlamentar PL/PSL fica em obstrução.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Em obstrução.

Vamos votar. Peço aos Srs. Deputados que permaneçam em plenário,

porque teremos pelo menos mais cinco votações nominais. Se houver quorum ,

vamos continuar votando.

O SR. ARNALDO MADEIRA (Bloco/PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Governo recomenda o voto "sim".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O Governo recomenda o voto "sim".

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vamos votar.

Peço aos Srs. Deputados que tomem seus lugares, a fim de iniciarmos a

votação pelo sistema eletrônico.

Está iniciada a votação.

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O SR. PAULO JOSÉ GOUVÊA (Bloco/PL-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Srs. Deputados, votação nominal,

venham ao plenário e aqui permaneçam. Se é para ter quorum , vamos fazê-lo logo.

O SR. ODELMO LEÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o PPB encaminha o voto "sim" e solicita à sua bancada que acorra ao plenário e

aqui permaneça. Teremos várias votações de um projeto de suma importância para

a economia e para os trabalhadores brasileiros.

O PPB vota "sim".

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O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, com referência à votação, tivemos uma polêmica quanto à questão

regimental. Queria, primeiro, esclarecer, mais uma vez, que a nossa bancada está

em obstrução. E, regimentalmente, o fato de termos pedido a verificação leva-nos a

fazer o registro no painel.

Queria lembrar ainda — não sei se o Deputado José Carlos Aleluia está no

plenário — que o art. 82, que trata da Ordem do Dia, no seu § 6º, é muito explícito:

§ 6º A ausência às votações equipara-se, para todos os

efeitos, à ausência às sessões, ressalvada a que se verificar a

título de obstrução parlamentar legítima, assim considerada a

que for aprovada pelas bancadas ou suas lideranças e

comunicada à Mesa.

Portanto, fica ressalvada a cobrança feita pelo Deputado José Carlos Aleluia

de que as bancadas podem, através do seu Líder, ser representadas declarando-se

a obstrução, o que estaria ressalvada em relação à punição, no que diz respeito à

ausência da sessão, ou ao que poderíamos chamar de uma sanção administrativa

ou, mais explicitamente, ao corte pecuniário, que, às vezes, dói mais no bolso.

Portanto, o Regimento Interno é extremamente claro em relação a esta

matéria.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - A observação de V.Exa. não dissente

da orientação da Mesa. Se há obstrução declarada, é considerada a presença

daqueles integrantes do partido que decretou a obstrução.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. ANTONIO PALOCCI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ANTONIO PALOCCI (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, há um ano, V.Exa. convocou todos os Deputados e Deputadas

desta Casa, as Lideranças dos diversos partidos para uma tarefa extremamente

urgente e importante para o País, a reforma do Judiciário e a reforma tributária.

A reforma do Judiciário até que avançou bastante, tendo em vista que esta

Casa já concluiu a primeira fase de votação de forma bastante fundamental para o

País.

No que se refere à reforma tributária, a Comissão presidida pelo Deputado

Germano Rigotto e relatada pelo Deputado Mussa Demes fez em doze meses

intensos debates, muitas discussões em torno da questão. Era uma cobrança que a

Nação fazia a este Congresso Nacional, concluída com um projeto entregue a

V.Exa. há cerca de um mês.

Recentemente, Sr. Presidente, membros do Governo trouxeram à luz

questões novas sobre a reforma tributária. Na segunda-feira, falando ao jornal O

Estado de S.Paulo , o Ministro Aloysio Nunes Ferreira disse que, antes da reforma

tributária, era necessário que discutíssemos o pacto federativo, questão acordada

entre todos os partidos da Casa, entre o Legislativo e o Executivo. Esta não seria

uma questão anterior à reforma tributária, dada a urgência.

Mais recentemente, numa matéria divulgada esta semana pela revista Veja,

o repórter Nilson Vargas pergunta ao Secretário da Receita Federal, Sr. Everardo

Maciel, por que a reforma não sai, e o Secretário divulga uma pérola do

pensamento do Executivo. Diz ele que o País teria a chance de progredir nessa

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área, mas, por uma questão de agenda dos políticos, que logo estarão envolvidos

com as eleições municipais, é pouco provável que as mudanças venham ainda este

ano. Ou seja, o Secretário da Receita Federal diz que a reforma tributária não pode

andar porque a nossa agenda, tendo em vista as eleições municipais, impede o seu

debate.

Ora, Sr. Presidente, se fizéssemos uma lista de cem motivos para não

votarmos a reforma tributária, este talvez fosse o centésimo, e não o primeiro.

O que temos visto é um jogo diversionista que fazem membros do Executivo

para impedir que essa matéria tão fundamental para o País venha à pauta do

Congresso Nacional.

Como V.Exa., durante todo este ano, manteve uma postura francamente

favorável a essa reforma, tão necessária e urgente, queremos perguntar em que

ponto estão as discussões desta Presidência com os membros do Executivo, visto

que o que observamos na prática é, mês após mês, o Governo anunciar recordes

de arrecadação e, por outro lado, cidadãos deste País reclamarem com razão que

os mecanismos de desconto do Imposto de Renda não são ajustados há cinco anos

e empresas indo à falência porque têm tido sistematicamente tributação sobre seu

faturamento e não sobre o valor agregado, como é feito no mundo inteiro e é

desejável que seja feito no Brasil.

Portanto, Sr. Presidente, tempestivamente, sabendo da sua postura sempre

firme em relação a esse tema, pergunto a V.Exa. que procedimentos estão sendo

feitos nesse sentido neste momento.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Desde logo, quero dizer ao Deputado

Antonio Palocci que estou envidando esforços junto ao Poder Executivo no sentido

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de que caminhemos com a reforma tributária, porém não quero ignorar que há

algumas dificuldades, tão bem expressadas na manifestação de V.Exa.

Vamos insistir, na convicção mais absoluta de que só poderemos votar a

reforma tributária se o fizermos ainda neste semestre. Sabem todos que, se não o

fizermos neste semestre, será difícil votar a reforma tributária.

Estão sendo mobilizados, naturalmente, associações de empresários,

sindicatos, que querem a reforma tributária e que tanto apoiaram o trabalho que

V.Exa. e os demais membros da Comissão Especial fizeram.

Vamos insistir na reforma tributária.

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O SR. ALBERTO FRAGA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALBERTO FRAGA (Bloco/PMDB-DF. Sem revisão do orador) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

O SR. MATTOS NASCIMENTO (Bloco/PST-RJ. Sem revisão do orador) - Sr.

Presidente, nas votações anteriores, votei com o PST.

O SR. ALMIR SÁ (PPB-RR. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, na

primeira votação, votei com o partido.

O SR. ALEXANDRE CARDOSO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALEXANDRE CARDOSO (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, atingido o quorum , o Bloco PSB/PCdoB encaminha o voto "não".

O SR. SÉRGIO REIS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SÉRGIO REIS (Bloco/PSDB-SE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a Liderança do partido.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vamos votar. Logo mais, vou encerrar

a votação.

O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Partido dos Trabalhadores vota "não".

O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, uma vez atingido o quorum , orientamos a bancada a votar "não".

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O SR. PEDRO EUGÊNIO (PPS-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o PPS orienta a sua bancada a votar "não".

O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, o

PDT vota "não".

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Partido dos Trabalhadores vota "não".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vou encerrar a votação.

Srs. Deputados, permaneçam em plenário, pois ainda teremos quatro ou

cinco votações nominais.

O SR. JOSÉ LINHARES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ LINHARES (PPB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

meu voto é "sim".

O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Partido dos Trabalhadores vota "não".

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Prorrogo a sessão por uma hora.

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O SR. WELINTON FAGUNDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WELINTON FAGUNDES (Bloco/PSDB-MT. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

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O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, os Deputados que estão na CPI dos Medicamentos pediram a

V.Exa. que aguarde mais um pouco. Já deveriam ter suspendido a reunião.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Determino à Secretaria-Geral da Mesa

que faça encerrar os trabalhos da CPI dos Medicamentos.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vou encerrar. (Pausa.)

Vamos permanecer em plenário, Srs. Deputados, para dar quorum . A partir

das 19h, vota-se rapidamente.

Vamos permanecer em plenário.

A SRA. YEDA CRUSIUS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. YEDA CRUSIUS (Bloco/PSDB-RS. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, nesta como na votação anterior, votei de acordo com o PSDB.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Pois não. Nas próximas, V.Exa. votará

no painel.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Está encerrada a votação.

Votaram "sim" 291 Srs. Parlamentares; votaram "não" 86 Srs. Parlamentares.

O requerimento foi aprovado.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Requerimento para que a votação do

Projeto de Lei nº 113, de 2000, seja feita artigo por artigo.

Consulto o Líder sobre se mantém o requerimento.

O SR. WALTER PINHEIRO - Vamos encaminhar, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Mantém o requerimento.

Então, vamos fazer o seguinte: quem for encaminhar encaminhe sobre o

tema. Vai explicar na tribuna por que quer que se vote artigo por artigo. O mérito já

foi discutido. Portanto, o encaminhamento deverá ser com este conteúdo.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Para encaminhar, concedo a palavra

ao Deputado Marcelo Déda.

O SR. MARCELO DÉDA (PT-SE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, venho aqui defender que a matéria seja discutida artigo por

artigo por ser este o método que permite a esta Casa analisar a razão mesma

desse projeto. Quero dizer aos senhores que este projeto representa a tentativa de

fraudar uma disposição constitucional. Portanto, muito mais do que uma

propositura, ele é um cadáver legal. Recomenda a anatomia que se proceda à

necropsia apreciando parte por parte do cadáver para conhecer a doença que lhe

afligiu.

É óbvio que, ao justificar por que deveremos realizar a necropsia desse

cadáver jurídico, terei de entrar no tema. E entrarei, Sr. Presidente, para dizer que

esse projeto não tem nenhuma outra utilidade a não ser oferecer um álibi que sirva

de consolo aos Srs. Deputados da base governista, que estão sendo constrangidos

a votar contra o salário mínimo de 177 reais. Esse projeto só tem essa utilidade.

Como a Constituição não abriga nenhuma espécie de álibi, foi preciso construir

uma interpretação forçada e, data maxima venia , abusiva do que diz o parágrafo

único do art. 22.

É óbvio que a União pode delegar aos Estados legislação sobre matéria

trabalhista, mas logicamente o piso salarial mencionado no art. 7º, inciso V, não é o

que se apresenta, até porque esse é um projeto inócuo. Por isso queremos votá-lo

parte a parte.

Em primeiro lugar, ele não se aplica a nenhuma categoria que já tenha piso

salarial definido em lei. Daí já saem milhões de trabalhadores. Em segundo lugar,

ele não se aplica a nenhuma categoria que realizou convenção ou acordo coletivo

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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sobre o piso aplicado a ela — milhões de trabalhadores mais deixam de ser alvo da

sua aplicação. Terceiro, ele não é aplicável aos funcionários públicos municipais.

Depois, talvez, quem sabe, pode ser que seja aplicado às empregadas domésticas.

Então, trata-se de uma fraude. É um cadáver jurídico, e não há brilhantismo

constitucional que ponha alma nesse cadáver, porque o objetivo dele é fraudar a

Constituição para agradar a algumas consciências cheias de remorso, que têm

medo de encarar a classe trabalhadora lá fora.

Ademais, Sr. Presidente, chamo a atenção de V.Exas. para o seguinte:

sabem, no fundo, para que serve esse projeto? Apenas para prejudicar os

aposentados, para não lhes oferecer um salário mínimo mais decente, porque

alegam que vai quebrar a Previdência e fazem análise de guarda-livros e não de

estadistas. Sabe por quê? Porque imaginam que, pagando salário mínimo aos

aposentados, estão jogando dinheiro fora, que os velhinhos não merecem. Acham

que é desperdício pagar um salário mínimo justo aos aposentados. Consideram que

isso é jogar dinheiro fora, porque estão totalmente entregues à lógica neoliberal de

chefes de livros, de contadores da pior categoria, liderados por esse monumento à

insensibilidade humana chamado Pedro Malan, esse homem que disse: "Dá que

sobra". É esse o slogan de Malan 2002. Salário mínimo dá que sobra.

Disse bem o Deputado Walter Pinheiro, o aposentado hoje, mais que um

arrimo de família, por causa do desemprego, é um arrimo dos Municípios. Leiam

essa publicação da ANFIP. Leiam os estudos da ANFIP sobre a influência dos

benefícios previdenciários nos Municípios brasileiros.

Sr. Presidente, concluirei, justificando a votação por partes, com o exemplo

do Estado de Sergipe — e há Estados muito mais pobres do que Sergipe no

Nordeste e no norte do Brasil. Do total de 75 Municípios no meu Estado, em 41,

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mais da metade, o valor dos benefícios pagos pela Previdência é superior à parcela

do Fundo de Participação dos Municípios enviada pela União. Quer dizer, melhorar

os benefícios dos aposentados não é jogar dinheiro fora, Sr. "Pedro Insensível

Malan". Melhorar os benefícios dos aposentados é também uma forma de aquecer

a economia e o comércio dos pequenos Municípios. Estão aqui os dados, a

comparação Município por Município do Brasil, mostrando quanto chega pelo

Fundo de Participação dos Municípios e quanto de dinheiro entra na economia

simplesmente pelo pagamento de benefícios a aposentados. Apunhalam-se os

aposentados, mas quem sangra também são os Municípios, que terão sua

economia encolhida e suas possibilidades de crescimento frustradas.

Daí, Sr. Presidente, termos de votar parte a parte, porque este projeto é uma

fraude, é um cadáver jurídico. Vamos pegá-lo parte por parte e lançá-lo onde

merece: no lixo da história.

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O SR. GONZAGA PATRIOTA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GONZAGA PATRIOTA (Bloco/PSB-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei com o PSB nas votações anteriores.

O SR. ARLINDO CHINAGLIA (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei "não", com a bancada, na última votação.

O SR. JOSÉ PIMENTEL (PT-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

acompanhei o Partido dos Trabalhadores na votação anterior.

O SR. HENRIQUE FONTANA (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, estava na CPI dos Medicamentos e votei com a bancada do PT na

última votação.

O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco/PMDB-PE. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior votei com o partido.

O SR. ALDO REBELO (Bloco/PCdoB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei com o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB.

O SR. JÚLIO REDECKER (PPB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei de acordo com a orientação do PPB na votação anterior.

A SRA. MARIA DO CARMO LARA (PT-MG. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, votei com a bancada do PT.

O SR. JOSÉ CARLOS VIEIRA (PFL-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, estava na CPI dos Medicamentos e gostaria que considerasse meu

voto de acordo com a orientação do meu partido nas votações anteriores.

O SR. LUIZ BITTENCOURT (Bloco/PMDB-GO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei "sim".

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. CLEUBER CARNEIRO (PFL-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei com o partido na votação anterior.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Deputado

Sérgio Novais, para encaminhar contra.

O SR. SÉRGIO NOVAIS (Bloco/PSB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vou inserir mais um argumento, para que todos

os Deputados, principalmente os das Regiões Norte e Nordeste, tenham a clareza

do que acontecerá com esse projeto dos pisos regionais. Sabemos que nessas

regiões há a maior concentração de renda deste País. Nesta semana, saiu um

estudo do IBGE que revela que, enquanto em outras partes do Brasil 1% da

população tem 13,8% da renda nacional, no Nordeste, 16% da renda nacional

estão concentrados nas mãos de 1% da população. Portanto, o projeto vai

apontando para o processo cada vez maior de concentração de renda.

E há um componente novo: no Ceará, por exemplo, Estado que mais pratica

guerra fiscal neste País, o salário mínimo vai ficar em 151 reais. Vou encaminhar

por partes, mas estou trazendo alguns argumentos, para que os Deputados

analisem o conteúdo do que vamos votar, a fim de que, principalmente nas Regiões

Norte e Nordeste, não continue a haver as maiores concentrações de renda,

pobreza, analfabetismo e falta de condições de saúde.

Sras. e Srs. Deputados, o salário mínimo regionalizado vai ser usado como

mais um elemento da guerra fiscal. No Ceará, já há o posicionamento dos

empresários de que não se aumenta salário mínimo. O piso salarial do Estado

ficará em 151 reais, um salário baixo, como elemento atrativo para as empresas,

sendo que muitas delas sequer assinam Carteira de Trabalho. São as ditas

cooperativas que saíram do Vale dos Sinos, do Rio Grande do Sul, da região de

Franca. Lá, pagavam 400 reais, com carteira assinada. Na nossa região, não

assinam carteira e estão pagando 151 reais.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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É para isso que servirá esse projeto que institui o piso regionalizado. Nós,

nordestinos e nortistas, estamos alimentando essa situação se votarmos a favor do

projeto de lei. Fica muito claro para nós, Deputados do Norte e do Nordeste, que

São Paulo já tem uma realidade, já se pagam 300 reais de piso na prática. Mas nos

nossos Estados, não. Se não adotarmos esse piso salarial regionalizado, vamos

cometer essa disparidade, aumentando ainda mais o fosso e, conseqüentemente, a

pobreza do nosso povo e a concentração de renda neste País.

Portanto, o apelo que faço aos Srs. Deputados, principalmente os das

Regiões Norte e Nordeste é este: não podemos deixar que o piso salarial

regionalizado seja mais um elemento para a guerra fiscal, ao nivelar salários por

baixo. Ou seja, uma empresa irá para Ceará, Pernambuco ou Amapá porque

nesses Estados o piso é de 151 reais. Não podemos deixar que isso ocorra.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, trata-se de questão fundamental.

Além de romper juridicamente com uma série de questões, nas quais não vou

entrar, política e socialmente o projeto enterra qualquer possibilidade de

distribuição de renda e aumenta as disparidades regionais.

Esse é o apelo que faço aos Srs. Deputados, principalmente os das Regiões

Norte e Nordeste do nosso País.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O Deputado Sérgio Novais

encaminhou a favor do requerimento.

Vamos votar o requerimento.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, o que vamos votar é o requerimento para se votar artigo

por artigo?

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Artigo por artigo.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - O PFL vota "não", Sr. Presidente.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Em votação.

Quem estiver de acordo com o requerimento permaneça como se acha.

(Pausa.)

Rejeitado.

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O SR. ARNON BEZERRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNON BEZERRA (Bloco/PSDB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, nas duas votações anteriores, acompanhei a votação do partido.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vamos votar, então, a Emenda de

Plenário nº 15, ressalvados os destaques a ela oferecidos.

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A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN - Sr. Presidente, peço a palavra pela

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB-AM. Sem revisão da

oradora.) - Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o meu partido.

O SR. NELSON MARCHEZAN (Bloco/PSDB-RS. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei de acordo com o Relator.

O SR. NILMÁRIO MIRANDA (PT-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação a anterior, votei com o meu partido.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Pedro Eugênio, para encaminhar contra.

O SR. PEDRO EUGÊNIO (PPS-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, encaminhamos mais uma vez na tarde de hoje a posição

daqueles que entendem ser este projeto de lei uma afronta aos interesses do povo

e, em particular, dos trabalhadores brasileiros.

Na realidade, Sr. Presidente, o projeto é uma forma "esperta" — entre aspas

— que o Governo Federal encontrou para desviar a abordagem da questão central

que esta Casa se propôs a debater, inclusive com o Governo, ou seja, uma política

nacional de recuperação do salário mínimo, estabelecendo-se já neste ano um

salário mínimo que incorpore essa visão de recuperação progressiva. Foi o que o

nosso partido, o PPS, sugeriu.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, participamos da Comissão Especial

que tratou da questão do salário mínimo. Ela produziu um documento, fruto de

estudos feitos com toda a responsabilidade, refletindo discussões feitas com

diversas categorias de empresários e de trabalhadores Brasil afora e contemplando

inclusive proposta de utilização de recursos orçamentários, que seriam as fontes

capazes de suprir os aumentos de despesas previdenciárias acarretadas pelo

aumento do salário mínimo.

O Governo Federal fugiu do fulcro dessa discussão e se dirigiu à Nação

brasileira dizendo que tinha uma fórmula mágica, que seria jogar para os

Governadores a responsabilidade do estabelecimento do valor dos salários

mínimos — isso é o que está sendo dito. A palavra piso está sendo, na imprensa e

nas declarações oficiais, confundida com salário mínimo. É clara a posição do

Governo de transferir para Governadores a prerrogativa de definir, por lei, salário

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mínimo para seus Estados, quando, no substitutivo de sua iniciativa, deixa claro

que a remuneração de servidores públicos municipais estaria excetuada da

possibilidade de se estabelecer um piso salarial.

Se estão excetuando os servidores públicos municipais, é porque existe a

intenção de estabelecer um piso geral em cada Estado. Essa posição é inócua e

irresponsável, porque joga a responsabilidade para os Governadores, que não têm

os mecanismos da União para estabelecer uma política monetária ou uma política

macroeconômica capaz de enfrentar crises e mexer no Orçamento, capaz de

enfrentar as despesas inerentes a um aumento do salário mínimo. Aparentemente,

joga-se para os Governadores a responsabilidade de enfrentar as demandas

sociais em torno do aumento de salários mínimos estaduais. Isso é

irresponsabilidade política em desfavor de todos os Governadores,

independentemente de filiação partidária. E pressão haverá.

Desvincula-se, na prática, o salário mínimo do benefício previdenciário,

lesando os interesses de 12 milhões de trabalhadores aposentados. Ainda mais, de

forma clara, essa iniciativa do Governo estabelece que, se o Governador tomar a

iniciativa de fazê-lo, dentro da estrutura de custos das empresas privadas que

pagam o salário mínimo, como já foi abordado por companheiro que nos antecedeu,

o custo diferencial será mais um fator a ser utilizado na briga inócua e insana

chamada guerra fiscal, em privilégio dos Estados que têm condição de melhor

pagar e em detrimento dos que não têm condição de fazê-lo.

Portanto, é uma irresponsabilidade o que estamos a ver nessa iniciativa do

Governo.

Sr. Presidente, tememos, sinceramente, que as pressões políticas exercidas

pelo Governo sobre esta Casa façam dobrar aqueles que, independentemente de

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filiação partidária, abraçaram desde o início a causa em favor de um salário mínimo

digno para todos.

Esperamos que isso não aconteça e que esta Câmara não caia na armadilha

e que dê, de forma autônoma e incisiva, tranqüila e firme, resposta aos interesses

do povo brasileiro, votando contra essa iniciativa do Governo Federal.

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O SR. JOSÉ MILITÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ MILITÃO (Bloco/PSDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

O SR. JOÃO COSER (PT-ES. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, na

votação anterior, votei com o partido.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra à Deputada Luiza

Erundina, para encaminhar contra.

A SRA. LUIZA ERUNDINA (Bloco/PSB-SP. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não tenho a ilusão de convencer os colegas da

base do Governo de que este projeto é um atentado aos direitos dos trabalhadores

e à dignidade dos aposentados do País, até porque não conseguiria oferecer

argumentos mais convincentes dos que aqui já foram apresentados por

Parlamentares da Oposição — argumentos técnicos, jurídicos, econômicos e

sociais. Prefiro usar o pouco tempo desta minha fala para deixar claro que essa

questão não é técnica, jurídica ou sequer econômica, é sobretudo política e ética:

estamos decidindo a sorte, a situação de vida de milhões e milhões de brasileiras e

brasileiros.

Sr. Presidente, queria ter esperanças de que as Sras. e os Srs. Deputados

que apóiam o Governo serão sensíveis aos argumentos e apelos dos aposentados,

que certamente freqüentaram seus gabinetes, como foram aos nossos, para clamar

que não lhes castiguem com um salário mínimo de 151 reais, que é do que se trata

na discussão e votação deste projeto de lei.

Não pense o Executivo que está fazendo divisão de poderes, transferindo

competências às gestões estaduais. Este foi o Governo que mais se caracterizou

pelo desrespeito à Federação, pelo esvaziamento do poder dos entes federativos.

O que está fazendo — e não pense que subestima a inteligência dos brasileiros —

é simplesmente transferir o desgaste de uma decisão política, que vai ficar

registrada na história do País. Ele fala em democracia e estabilidade das

instituições democráticas, mas não tem autoridade moral para isso, porque não

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respeita a democracia econômica e social, não faz justiça. Ao contrário, mantém o

salário mais baixo até mesmo do que os do Uruguai, Paraguai e Argentina.

Não podemos ser coniventes com essa farsa. Seria até melhor que nós da

Oposição nos ausentássemos do plenário durante esta votação, já que a correlação

de forças é absolutamente desfavorável ao povo brasileiro, especificamente à

trabalhadora, cujo salário é 40% menor, em regra, do que o do homem. Não

podemos ser coniventes com essa decisão política. Nossa consciência não

suportará ver nossos parentes, vizinhos e amigos aposentados continuarem

trabalhando. Confirmem com sua empregada doméstica e com o vigia do seu

prédio, em geral aposentado, que tem de trabalhar à noite para complementar sua

renda e não morrer de fome.

Aposentadoria neste País é castigo, mas em países civilizados e

democráticos é reconhecimento pela contribuição social daqueles que trabalharam

a vida toda. Aqui, sequer podem terminar seus dias com dignidade e respeito.

Sinto-me profundamente constrangida e magoada pelas mulheres brasileiras, que

têm seus direitos, sua dignidade e sua vida nas mãos de Governos incompetentes

e irresponsáveis, sem qualquer sensibilidade social. O atual está muito sensível

aos apelos do FMI, que elogiou o salário mínimo de 151 reais, e não mudará sua

atitude, porque cumpre ordens.

Sr. Presidente, somos contra este projeto de lei e vamos denunciá-lo em

todos os recantos do Brasil. Diremos que é fruto e obra do Governo Fernando

Henrique Cardoso, que tem suas vistas voltadas para os interesses de uma minoria

privilegiada, penalizando com muita força e perversidade a imensa maioria do povo

brasileiro.

Obrigada. (Palmas.)

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Está em votação a Emenda de

Plenário nº 15, ressalvados os destaques a ela oferecidos.

Vamos ouvir os Srs. Líderes.

Como vota o Partido Humanista?

O SR. ROBERTO ARGENTA (PHS-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, no Brasil temos um problema estrutural extremamente grave: o valor do

salário de um aposentado não pode ser igual ao do seu neto que começa a

trabalhar hoje. Entendemos que isso é um paliativo e não irá resolver o problema.

Por isso, votamos contra.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vota "não".

Como vota o PV? (Pausa.)

Como vota o PPS, Deputado Pedro Eugênio?

O SR. PEDRO EUGÊNIO (PPS-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

essa emenda substitutiva nada acrescenta à matéria original, excetua as

Prefeituras, como seria óbvio a uma lei de um Governador — evidentemente, a não

ser por grande incompetência, teria de excetuar as Prefeituras, para não invadir o

domínio de competência de outro ente federativo —, e inclui as empregadas

domésticas numa referência não muito clara entre o setor formal e o informal, já que

o conceito de extensão e complexidade da jornada, que caracteriza o piso, é

inerente às categorias.

Revelam-se aí plenamente, na própria iniciativa da emenda substitutiva, as

contradições do Governo, que se utiliza de conceito inerente a categorias e tenta

torná-lo genérico, procurando com isso burlar o sentido da Constituição, a qual

determina que piso de salário mínimo para categorias seja unificado e

nacionalmente estabelecido.

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Por isso, temos posição contrária a essa matéria.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O PPS vota "não".

Como vota o Bloco Parlamentar PL/PSL?

O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na verdade, estamos escamoteando uma solução para o problema dos

baixos salários dos pensionistas e dos que vivem do salário mínimo recebido do

Governo Federal.

Nós, do PL, estamos indignados com essa situação, porque esse piso

regionalizado já foi experimentado no Brasil. A Constituição cidadã, ao entender

que todo brasileiro é igual, merece ganhar bem e determinar que o salário mínimo

tem de dar condição de acesso a habitação, alimentação e saúde, acabou com

isso. Estamos empurrando com a barriga uma solução que é urgente para o povo

brasileiro.

Por isso, o PL se julga em obstrução.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Como vota o Bloco Parlamentar

PSB/PCdoB?

O SR. ALEXANDRE CARDOSO (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, os argumentos estão quase exauridos. Gostaria que os Srs.

Deputados da base do Governo fizessem uma reflexão final. Estão promovendo

uma maquiagem para justificar o voto à medida provisória que será votada na

próxima semana.

Não houve nenhuma explicação técnica, nem política, para enfrentar o

rosário de argumentos que os Deputados da Oposição expuseram de forma

transparente sobre a desarrumação econômica, quanto às migrações e aos

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aposentados. Não ouvi argumento algum por parte de qualquer Deputado do

Governo para enfrentar essas questões.

O Bloco Parlamentar PSB/PCdoB não quer participar dessa farsa. Esse

projeto é uma maquiagem, é algo que desmonta a esperança do aposentado.

Não só encaminharei a obstrução, como recomendarei a todos os Srs.

Parlamentares que se retirem do plenário da Câmara dos Deputados. Não podemos

participar do que está ocorrendo.

Então, além da obstrução, peço a todos os Deputados do Bloco Parlamentar

PSB/PCdoB para que se retirem do plenário, em solidariedade aos aposentados e à

verdade.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O Bloco Parlamentar PSB/PCdoB está

em obstrução.

Como vota o PDT?

O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

deve haver algum engano. Ouvi as Lideranças da base do Governo apresentarem

as virtudes deste projeto. E me espanta que projeto com tamanhas virtudes não

tenha sido anunciado pelo Presidente da República em cadeia nacional de rádio e

televisão.

Se o Governo está buscando tamanha reposição de salários, se busca

aumentar os ganhos dos trabalhadores, por que os partidos da base governista

obstruíram a sessão há duas, três semanas, quando se pretendia votar um projeto

que deveria ser tão bom para o trabalhador brasileiro? Que oportunidade perdeu o

Governo de anunciar, no dia 1º de maio, que neste projeto estaria a redenção da

classe trabalhadora brasileira!

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Ora, a quem querem enganar, ao trabalhador do rincão ou ao do grande

centro? A ninguém enganarão! O que se está produzindo aqui é uma tentativa de

saída honrosa para aqueles que não querem votar um salário mínimo superior a

151 reais. Estão tentando um escape, uma porta de emergência, que está à

disposição da base do Governo.

Entendemos perfeitamente que não adianta ficarmos a discutir o mérito do

projeto ou do substitutivo aprovado. Essa emenda substitutiva veio à votação

porque a preferência foi aprovada. Esse procedimento da preferência é uma

indelicadeza, pois um projeto tão bom do Governo — como pretendem os

Deputados da base — é o que deveria ser votado, não uma emenda substitutiva.

Além do mais, a indelicadeza é praticada contra todos os Deputados que

apresentaram emendas ao projeto, especialmente os Deputados da Oposição. A

manobra foi feita para retirar deste Plenário o direito de analisar e de votar as

emendas que poderiam estender aos aposentados e pensionistas os efeitos da

estadualização.

Se é tão bom delegar aos Estados parcela da responsabilidade legislativa

cuja competência é da União, por que o Governo não aproveita e encarrega os

Estados de fazer a reforma agrária, por exemplo? É uma delegação parcial. Por que

os Estados não foram consultados para saber se queriam ver a Vale do Rio Doce,

ou as Teles, privatizada, entregue, doada a grupos econômicos? Os Estados onde

se situavam essas empresas estão pagando um custo altíssimo com o desemprego

gerado por essas privatizações.

Então, esse projeto é uma farsa. E só me permito usar a palavra farsa diante

da indelicadeza de terem derrubado todas as nossas emendas. As Sras. e os Srs.

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Deputados não poderão discutir e votar emendas, apenas os destaques serão

votados no plenário.

A partir deste momento, Sr. Presidente, o PDT vai dizer "não" a isso, da

maneira que melhor aprouver à sua bancada. Pessoalmente direi "não", votando

"obstrução"; outros companheiros dirão "não" votando "não".

Deputado Waldir Pires, esse tipo de operação, tramada lá atrás, que leva as

assinaturas dos principais Líderes da base do Governo, urdida para fazer cair as

emendas, não merece um voto. "Não" é um voto. Então, acionarei a tecla

"obstrução" e me retirarei respeitosamente do plenário. (Palmas.)

Isso é uma indelicadeza, um precedente perigoso, manobra regimental.

Querem acabar com a possibilidade de aperfeiçoamento de um projeto por

intermédio de emendas que aqui seriam discutidas, analisadas, votadas, aprovadas

ou rejeitadas.

O PDT concentra a luta no salário mínimo. Estaremos aqui, aí, sim, na

batalha de verdade, não nessa, que está parecendo a Nau Capitânia. Esta votação

parece aquele veleiro construído com dois motores. (Palmas.) O veleiro construído

para o projeto dos 500 anos é o único nessas condições. É o que está ocorrendo no

momento. Se este projeto for convertido em lei, no Supremo Tribunal Federal

acabaremos encontrando aquilo que o Congresso Nacional se recusou a fazer: a

discussão do direito real do trabalhador.

O PDT votará na forma de obstrução ou do voto "não" e se retirará do

plenário. A partir deste momento, obstruiremos toda a sessão!

Obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O PDT está em obstrução.

O SR. PEDRO EUGÊNIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PEDRO EUGÊNIO (PPS-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

gostaria de complementar a orientação do meu partido e informar que nossa

posição contrária ao projeto se expressará na obstrução e na retirada da bancada

do plenário.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Pois não. O PPS está em obstrução.

Tem a palavra o Líder Odelmo Leão.

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, o PPB vai encaminhar esta matéria com muita

tranqüilidade.

Primeiro, cumprimentando o Governo Federal pela proposição,

cumprimentando o Ministro Francisco Dornelles pela execução do projeto e

principalmente cumprimentando o ilustre Relator, Deputado Ibrahim Abi-Ackel, que

esclareceu para este Plenário a constitucionalidade da matéria. Realmente, esse

projeto propiciará aos trabalhadores de todos os Estados brasileiros um melhor

salário e permitirá que suas economias desenvolvam-se em conjunto com o

crescimento econômico do País e do Estado.

Portanto, Sr. Presidente, o PPB está aqui, com muita tranqüilidade e sem

demagogia, para dizer que iremos votar um projeto que vai melhorar a relação

capital/trabalho neste País.

Por isso, o PPB encaminha o voto "sim".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Como vota o PT?

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (PT-SP.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, vamos tomar mais uma decisão importante que de alguma forma

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expressa o padrão de relacionamento que estamos tendo ou que deixamos de ter

nesta Casa.

Em primeiro lugar, esta iniciativa é uma idéia nova para melhorar a

distribuição de renda ou aperfeiçoar a política salarial no País? Não, não é uma

idéia nova.

Quero lembrar aos Srs. Deputados que já tivemos no passado cinco salários

mínimos, os chamados salários mínimos regionais. Quando existia a figura do

salário mínimo regional, houve um longo debate acadêmico, estudos nas

universidades e um profundo debate na Constituinte para reverter aquilo que, para

algumas regiões, era o sinal de humilhação econômica, de disparidade regional, o

retrato da desigualdade. Mais do que isso, a sinalização para o mercado de

trabalho de que havia um salário mínimo maior numa região em relação a outra, o

que impulsionava o fluxo migratório pela ilusão monetária que aquele salário

significava.

Diante da crise da agricultura, do desemprego prolongado, as famílias

tendem a migrar para as grandes cidades, que hoje são o retrato do caos social, da

ingovernabilidade, da dramática situação que a periferia dos grandes centros

urbanos vive.

Imaginem se de fato tivermos amanhã uma sinalização para o País de que,

no Rio de Janeiro, o piso salarial é de 400 reais — uma cidade que já tem 2

milhões de habitantes nas favelas da periferia — e de que, de outro lado, num

pequeno Estado do Nordeste, o salário de referência seja bem inferior a esse?

Estamos estimulando o fluxo migratório, não para aumentar renda, porque esse

retrato não reflete o custo de vida, que é diferenciado, mas simplesmente pela

ilusão monetária.

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Talvez esse argumento seja insuficiente. Mas naquele tempo também

refletimos sobre outros argumentos, os quais gostaria de apresentar. Agora não

teremos mais cinco salários. Vamos ter 27 salários. Imaginem a divisa entre São

Paulo e o Mato Grosso do Sul, com dois salários. Basta atravessar a divisa — ou

tenho um salário mais alto, ou um salário mais baixo. Como fica a pequena

economia no entorno dessa região? E no caso de São Paulo e Paraná? Itararé é

uma cidade que faz limite com Ribeirão Claro. Basta atravessar a rua e haverá dois

pisos salariais? E Bahia e Sergipe? E Rio de Janeiro e Espírito Santo? O que

estamos sinalizando para este País? É uma nação ou um espelho partido que já

não consegue mais projetar uma imagem de país?

Um dos grandes desafios, talvez, da nossa história foi e continuará sendo

manter a unidade territorial, o tamanho continental deste País. Mas a crise do pacto

federativo, que se vem agravando, especialmente com a guerra fiscal, vai

aprofundar-se caso esse projeto seja implementado.

Gostaria de argumentar agora com os liberais, aqueles que defenderam ao

longo da história a liberdade de negociação entre empresários, governo e

trabalhadores. Por que não a liberdade de contratação do mercado de trabalho?

Por que os Governadores não criam uma mesa de negociação entre empresários e

trabalhadores e estabelecem piso por categoria, por setor, estimulando, portanto, o

acordo, o contrato coletivo de trabalho, que é o instrumento mais moderno de

negociação entre as partes, o único capaz de contemplar a heterogeneidade, a

diversidade existente na economia? Esse é o papel dos sindicatos, das centrais

sindicais, de uma relação de trabalho pactuada e negociada.

Mas não é isso que está sendo aprovado. O que estamos aprovando nesta

noite é o faz-de-conta. O que está sendo votado é simplesmente uma cortina de

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fumaça, para se tentar criar um discurso político inconsistente, que seja um biombo

para a grande discussão, a do salário mínimo. E por quê? Porque esse projeto é

totalmente inconstitucional, e cada um dos Parlamentares sabe disso.

O art. 7º da Constituição Federal estabelece que o salário mínimo é nacional

e unificado; o art. 202, que nenhuma remuneração, na Previdência Social, pode ser

inferior ao mínimo. Portanto, é aí que a Previdência se associa ao salário mínimo.

E, finalmente, o art. 60 proíbe — proíbe — qualquer emenda constitucional sobre

os direitos e garantias individuais. Se não cabe emenda constitucional, quanto mais

uma lei complementar para quebrar o princípio da unicidade e da nacionalidade do

salário mínimo.

Ontem, tivemos um trabalhador brutalmente assassinado no Estado do

Paraná, e hoje o Instituto Médico Legal divulga que foi por bala de chumbo. Três

baleados, um desaparecido, dezenas de pessoas arrebentadas. É este o caminho

que este Congresso Nacional pretende: a intransigência, a falta de negociação,

essa perversa distribuição de renda?

Por tudo isso, peço, com responsabilidade, aos Parlamentares da base do

Governo que não fujam à sua obrigação histórica, não fujam ao seu compromisso

político. Se querem ficar com essa política econômica que levou ao desmonte da

produção e ao agravamento da crise social, votem o salário mínimo de 151 reais —

mas votem. Se querem construir uma nova sinalização para a sociedade, e não

aprofundar a crise política que se está aproximando — está aí o conflito no campo

—, modifiquem esse patamar indefensável.

Não é possível continuar vivendo num país em que 1% da sociedade detém

mais renda que 50% da população. É esse o debate maior que temos de fazer. E o

Congresso só tem um caminho: iniciar a recuperação o salário mínimo, puxar a

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base do mercado de trabalho, diminuindo a desigualdade salarial, e estabelecer,

portanto, o salário mínimo de 100 dólares.

Concluo, Sr. Presidente, dizendo que a manobra feita para impedir que

pudéssemos emendar o projeto é inaceitável, do ponto de vista da convivência. Se,

além de rasgar o acordo, querem agora nos impedir de pelo menos interferir

naquilo que venha a ser votado, não vamos pactuar com essa farsa, não vamos

tolerar essa intransigência; faremos a obstrução, que é a nossa responsabilidade, e

nos retiraremos imediatamente do plenário, para não pactuar com essa atitude que

vai agravar as nossas diferenças, já tão grandes, depois da ruptura do acordo por

de um governo que não cumpre a palavra. Honramos a nossa parte. Os senhores

rasgaram o acordo com a Oposição. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O PT está em obstrução.

O SR. BISPO WANDERVAL - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BISPO WANDERVAL (Bloco/PL-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, estou justificando o meu voto, votei com o partido.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Pois não.

Como vota o Bloco Parlamentar PMDB/PST/PTN?

O SR. GEDDEL VIEIRA LIMA (Bloco/PMDB-BA. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, acho que estamos vivendo na Câmara dos

Deputados, nesta noite, um grande momento. Vi aqui, Sr. Presidente — diria até

emocionado — importantes Lideranças da Oposição tentarem, de todas as formas,

buscando argumentos no fundo de sua inteligência, constrangidos, é bem verdade,

explicar por que se posicionam contra um projeto que é muito bom.

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Vi, Sr. Presidente, o Deputado aniversariante do dia, esse jovem Parlamentar

Alexandre Cardoso, perguntar como poderíamos explicar aos Parlamentares o fato

de não estar sendo extensivo aos aposentados e aos pensionistas o benefício do

reajuste diferenciado. Eu teria de dizer ao Deputado Alexandre Cardoso que não

posso responder ainda, porque não consegui conversar com o meu amigo,

Governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, que está sendo pressionado em

seu Estado exatamente para estender aos aposentados e aos pensionistas o

benefício dos 400 reais ofertados por S.Exa. aos funcionários públicos. E o

Governador, neste momento difícil, quando pipocam denúncias aqui, ali e acolá,

não está fazendo isso porque não queira, porque não busque resgatar a sua

popularidade. Não, eu acredito que ele não faça porque não pode.

E aí, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vem o segundo ato das

oposições. Depois de tentarem — volto a afirmar — de maneira inteligente, apesar

de constrangida, posicionarem-se com argumentos contra um projeto que é bom,

agem mais uma vez de forma inteligente. Dizem que abandonarão o plenário. Será

por algum ato da base de sustentação do Governo? Não. Abandonarão porque não

querem registrar no painel o voto contrário a uma proposta que é boa e porque eles

não têm argumentos para se posicionarem contra. Imaginam que, desta forma,

burlarão a opinião pública. Não! Não conseguirão. Não conseguirão deixar de

explicar por que desejam manifestar-se contra matéria que favorece a

descentralização, que reforça o pacto federativo, que vem ao encontro do anseio de

todos de dar sempre maior autonomia aos Estados. Não conseguirão explicar a

razão para se posicionarem contra a matéria, Sr. Presidente, que permite aos

Governadores o estabelecimento de pisos diferenciados daquele salário mínimo

nacional e unificado, como estabelece a Constituição.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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Portanto, Sr. Presidente, isto posto, realço primeiramente que não terei

coragem, como outros que aqui se posicionaram, de adentrar-me nos aspectos da

constitucionalidade dessa matéria depois que ouvi a palavra do Deputado Ibrahim

Abi-Ackel. A minha ousadia não chega a tanto, como a de outros que me

antecederam. Trata-se de um projeto constitucional e, no seu mérito, voltado a

beneficiar os trabalhadores brasileiros, por meio das iniciativas de Governadores —

e espero, espero ansiosamente, ver o comportamento do Governador Olívio Dutra

comprovar o que tenho dito, até de forma antipática, repetidas vezes, desta tribuna.

Até quero dizer que, depois de ler a matéria de O Globo sobre o Governador

Garotinho, que não concedeu aos aposentados e pensionistas e ao Corpo de

Bombeiros os benefícios que deveriam ser ofertados a todos, eu, mais do que

nunca, Sr. Presidente, evoluo. Tenho dito aqui reiteradas vezes que não há nada

mais parecido com o governo do que a oposição no governo.

Hoje, depois de ver o Governador Garotinho sendo pressionado para

estender aos pensionistas e aposentados os benefícios, o que ele não fez, apesar

de estar necessitando recuperar a sua popularidade, arranhada gravemente, é que

evoluo para dizer, de forma conclusiva, que não há nada mais parecido a governo

do que oposição no governo.

Por essas e tantas outras razões é que o PMDB vota pela aprovação do

projeto.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O PMDB vota "sim".

O SR. BEN-HUR FERREIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. BEN-HUR FERREIRA (PT-MS. Sem revisão do orador) - Sr.

Presidente, votei conforme a orientação do PT na última votação.

O SR. PAULO JOSÉ GOUVÊA (Bloco/PL-RS. Sem revisão do orador) - Sr.

Presidente, votei de acordo com a orientação do Bloco Parlamentar PL/PSL.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Como vota o PFL?

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE.Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, rapidamente, uma vez que desde as 16h

estamos discutindo esta matéria e todos já sabem sua posição, quero apenas

considerar alguns argumentos que foram aqui utilizados.

Em primeiro lugar, este projeto de lei complementar não é inconstitucional.

Um dos maiores juristas desta Casa, o nobre Deputado Ibrahim Abi-Ackel, já

mostrou, por meio do art. 22, parágrafo único, da Constituição Federal, que a

transferência de competência que a União faz ao Distrito Federal e aos Estados

está de acordo com as normas constitucionais do País. Portanto, não existe

nenhuma inconstitucionalidade.

Este projeto não é uma farsa, como procuram mostrar. Este projeto é

importantíssimo para a classe trabalhadora do nosso País. Por que o é? Porque

não só o Distrito Federal, mas também os Estados que têm condições de pagar um

piso superior ao piso nacional poderão fazê-lo. Trata-se de uma conquista. Vários

Governadores já o fizeram. E este projeto é a cara do Partido da Frente Liberal,

porque o primeiro Governador a dizer que iria pagá-lo foi o do Estado da Bahia;

depois, foi a Governadora Roseana Sarney, do Maranhão; em seguida, o

Governador Amazonino Mendes, do Amazonas, e assim por diante. Depois o

afirmaram outros Governadores, como o do Ceará, o do Rio de Janeiro e tantos

outros.

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Sr. Presidente, esta emenda substitutiva que estamos votando agora, sobre

a qual o nobre Deputado Ibrahim Abi-Ackel deu parecer, é compilação de um

conjunto de emendas que foram apresentadas. Assim o afirmo porque,

primeiramente, ela define que o Distrito Federal e os Estados poderão conceder

piso salarial excepcionalizando. O quê? Piso federal já definido de acordo com a

sua categoria profissional. Em segundo lugar, respeitando uma convenção; em

terceiro, respeitando um acordo coletivo de trabalho. Depois, exclui os Municípios

do nosso País. Por quê? Porque os Municípios não tinham condições de

proporcionar um piso superior e até mesmo, como disse o Deputado Ibrahim

Abi-Ackel, para não fugir, no futuro, do princípio federativo. Nesse caso, se o

Prefeito quiser e o Município tiver condições. Lógico que ele mandará a proposta à

Câmara Municipal. Em quarto lugar, determina que o Poder Executivo tem condição

de propor, mandando o projeto à Assembléia Legislativa, que terá de aprová-lo. Por

último, Sr. Presidente, determina que o mesmo poderá ser estendido às

empregadas domésticas do País.

Portanto, essa emenda está perfeita. Ela significa um avanço, uma conquista

da classe trabalhadora. O Partido da Frente Liberal sempre defendeu, na sua visão

social liberal, a classe trabalhadora. E não existe melhor maneira de distribuir renda

neste País do que através do salário mínimo, que melhora o poder aquisitivo do

trabalhador, faz com que tenha melhor condição de se alimentar, possa

proporcionar melhor assistência a sua família. Ao mesmo tempo, o trabalhador

retribui com trabalho de melhor qualidade para sua empresa, para o seu

empregador.

Por isso, Sr. Presidente, o Partido da Frente Liberal está de acordo com o

projeto, de acordo com essa emenda aglutinativa. Várias propostas do partido, por

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intermédio do Deputado Medeiros, foram acolhidas, porque o Líder encampou

essas emendas.

Achamos que a vertente do salário mínimo neste ano não é uma só. São

duas: o piso regional para o Distrito Federal e os Estados que tenham condições de

proporcionar um salário superior ao piso nacional; e o segundo é o próprio piso

nacional de salário, que iremos discutir no próximo dia 10.

Por isso, o Partido da Frente Liberal sente-se feliz com esse resultado.

Contesta qualquer informação que foi prestada aqui de que é uma procrastinação

para que não votemos o salário mínimo. Pelo contrário, isso é uma

complementação ao salário mínimo. O Distrito Federal e os Estados que tenham

condições de fazê-lo poderão proporcioná-lo. E tenho certeza de que vários

Estados o farão, porque, o mundo inteiro concorda, a parte mais frágil na relação

capital/trabalho sempre foi o trabalho. Por isso, defender o trabalhador é condição

fundamental para estabelecermos um Estado moderno e eficiente, em que haja

mais justiça social, mais trabalho e mais progresso.

Com esse sentimento, o Partido da Frente Liberal recomenda o voto "sim".

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O PFL vota "sim".

O SR. ANTÔNIO JORGE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ANTÔNIO JORGE (Bloco/PTB-TO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do partido.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Quero alertar os Srs. Deputados de

que teremos mais quatro ou cinco votações, e todas nominais.

Como vota o Bloco Parlamentar PSDB/PTB?

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. AÉCIO NEVES (Bloco/PSDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, na verdade, no instante em que o Governo

definiu sua política para o salário mínimo, ele levou em conta, em primeiro lugar, a

responsabilidade que tinha e que tem, ao lado dos seus colaboradores, daqueles

que lhe dão apoio, de manter o equilíbrio fiscal, de manter em curso o processo de

crescimento da economia, para que, em conseqüência desse crescimento,

possamos alcançar a retomada do emprego sem prejuízo do valor real dos salários.

Sr. Presidente, para nós sempre foi absolutamente claro — e disse aqui há

alguns dias — que infelizmente a lei que define o valor nominal do salário mínimo

não tem o poder de transformar esse salário mínimo no campo real. No momento

em que fixamos nominalmente um valor para o salário mínimo, não estamos, no

simples ato de fixar esse valor, criando ou garantindo um valor real para esse

salário.

Sr. Presidente, não quero aprofundar-me nesta discussão, ou mesmo levar

longo tempo nesta exposição, mas lamento não ver aqui as principais Lideranças

da Oposição, as mesmas que condenaram um gesto exatamente igual a este,

manifestado pela maioria dos Parlamentares desta Casa por meio das suas

Lideranças. Pois a base governista, não achando ser adequado se posicionar

naquele instante, fez obstrução e foi acusada de intransigência, de descumprimento

de entendimentos. Agora, neste instante, estamos exatamente tentando resgatar o

entendimento e fazer a votação da proposta salarial do Governo em dois dos seus

pilares básicos.

A proposta não é como alguns Líderes da Oposição pretenderam mostrar à

sociedade, isto é, a simples fixação do salário nacional unificado, mas, sim,

anteceder essa fixação com uma nova prerrogativa, uma nova condição que era

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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criada com o apoio unânime da sociedade brasileira. Inúmeras pesquisas

manifestaram essa posição.

Estávamos criando uma situação nova, em que cada Unidade da Federação,

em razão da sua capacidade econômico-financeira, pudesse definir, em função da

sua própria realidade fiscal, o valor do salário a ser aplicado a seus funcionários e

à iniciativa privada daqueles Estados, tendo ainda o Governo tomado o cuidado de

impedir que essa fixação incidisse sobre o funcionalismo público municipal.

Portanto, o que estamos fazendo agora é recolocar o jogo no caminho em

que ele deveria ter estado desde o início dessas negociações. O correto é o que

estamos fazendo agora. Vamos votar os pisos regionais. Vamos permitir que cada

Governador envie à sua Assembléia Legislativa, depois de ampla discussão com os

segmentos representativos daquele Estado, a proposta que julgar mais adequada.

Essa é a essência da proposta apresentada pelo Governo.

A proposta é inquestionável, é extremamente positiva. Isso é tão claro que a

Oposição se nega a votar contrariamente a ela. A Oposição tem razões para isso,

sou obrigado reconhecer. É difícil para ela, por exemplo, justificar os 6% de

aumento que o ilustre Governador Olívio Dutra, do Rio Grande do Sul, ofereceu ao

funcionalismo do seu Estado. Tenho de reconhecer também que é difícil para ela —

isso já foi dito pelo Líder Geddel Vieira Lima — explicar por que o ilustre

Governador Anthony Garotinho não estende os reajustes que dá aos funcionários

da ativa também aos aposentados e pensionistas.

É difícil ficar contra essa proposta, porque é a única que efetivamente

garantirá ganhos reais aos trabalhadores. De um lado, nós, com a coragem que

tivemos em estabelecer o salário mínimo no valor fixado nacionalmente pelo

Presidente da República, garantimos a estabilidade fiscal e que haverá inflação

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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decrescente neste e no próximo ano, o que garantirá, sim, o poder aquisitivo do

salário.

Por outro lado, na outra ponta, permitimos que Estados aumentem seus

salários sem comprometer o equilíbrio fiscal, sem pôr em risco o controle da

inflação, permitindo, portanto, que o País volte a crescer, como vai crescer este ano

mais de 4%. Esse já é no número dos analistas pessimistas.

Dessa forma, neste instante é preciso que fique absolutamente claro que

estamos fazendo o que é correto ao votarmos com antecedência a fixação dos

pisos regionais. Depois, vamos resgatar, sim, o acordo. A ausência dos

companheiros da Oposição neste instante apenas ilustra o que todos dizemos aqui,

que não existem argumentos para contestar essa proposta de um Governo sério,

correto, que tem compromissos não com a eleição, não com a demagogia barata e

fácil de ser preparada, mas com o crescimento deste País.

Fomos eleitos para garantir a retomada do crescimento do Brasil e vamos

fazê-lo, tendo coragem de votar esta matéria hoje e de encaminhar, na próxima

semana, as negociações para definitivamente sepultar essa questão do salário e

deixar que os vários avanços que este Governo tem trazido ao País possam

também ser compartilhados por toda a sociedade.

O PSDB vota favoravelmente a esta emenda substitutiva.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - O que recomenda o Governo?

O SR. ARNALDO MADEIRA (Bloco/PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Governo recomenda o voto "sim".

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vamos votar.

Peço aos Srs. Deputados que tomem seus lugares.

Está iniciada a votação.

Peço aos Srs. Deputados que permaneçam em plenário, porque teremos

várias votações nominais ainda.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. RENILDO LEAL - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RENILDO LEAL (Bloco/PTB-PA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

O SR. FERNANDO CORUJA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FERNANDO CORUJA (PDT-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PDT vai obstruir esta e todas as votações a seguir.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vamos votar. Apelo aos Srs.

Deputados que venham ao plenário. Vamos votar.

O SR. DARCÍSIO PERONDI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DARCÍSIO PERONDI (Bloco/PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, a Liderança do Governo pede aos Parlamentares que venham de seus

gabinetes para votar. Haverá mais três votações, três DVSs que precisam de 257

votos.

O SR. ODELMO LEÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

o PPB encaminha o voto "sim" e solicita a sua bancada que permaneça em

plenário.

Aproveitamos para fazer um apelo aos Líderes da base governista: vamos

apenas encaminhar a votação. Os Srs. Parlamentares estão aqui há várias horas,

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todos cansados. Reitero o apelo à base do Governo: vamos simplesmente

encaminhar o nosso voto.

Nesta votação, como disse, o PPB encaminha o voto "sim".

O SR. ALCESTE ALMEIDA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALCESTE ALMEIDA (Bloco/PMDB-RR. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, acompanhei o PMDB.

O SR. ROMEU QUEIROZ (Bloco/PSDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o Bloco Parlamentar PSDB/PTB.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Pois não.

O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, as oposições, em particular o meu partido, continuam em obstrução.

Assim continuaremos até o final desta sessão.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Pois não.

O SR. EDUARDO CAMPOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. EDUARDO CAMPOS (Bloco/PSB-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do meu partido.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Pois não.

Vamos votar. Vou encerrar a votação.

Srs. Deputados, venham votar.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. PEDRO CHAVES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PEDRO CHAVES (Bloco/PMDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, justifico a ausência da Deputada Nair Xavier Lobo, do

PMDB de Goiás, que está sendo homenageada na cidade do Rio de Janeiro,

recebendo o título de Político Modelo do ano de 1999. Por isso, a Deputada não

pôde estar presente à sessão.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Pois não.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Srs. Deputados, venham votar. Vou

encerrar a votação.

O SR. ODELMO LEÃO - Vamos encerrar, Sr. Presidente.

O SR. PEDRO EUGÊNIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PEDRO EUGÊNIO (PPS-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

a bancada do PPS está em obstrução.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Srs. Deputados, venham votar. Vou

encerrar a votação.

O SR. DARCÍSIO PERONDI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DARCÍSIO PERONDI (Bloco/PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, alguns Deputados estão deixando seus gabinetes. Em mais quinze

minutos V.Exa. terá um quorum muito bom.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Quando chegarem, V.Exa. peça a eles

para permanecerem em plenário.

O SR. DARCÍSIO PERONDI - Haverá mais três votações, com quorum de

257. São três DVSs. Favor permanecerem em plenário, para rapidamente votarmos.

O SR. ANTÔNIO GERALDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ANTÔNIO GERALDO (PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quanto à primeira votação da tarde de hoje, gostaria que ficasse

consignado o meu voto de acordo com o da Liderança do meu partido.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, faço um apelo aos Srs. Parlamentares para que permaneçam em

plenário. Há três destaques para votação. Como se trata de lei complementar,

temos que votá-los. Faço um apelo para que encaminhemos "sim" ou "não" — essa

emenda substitutiva é fruto de um conjunto de emendas que foram apresentadas —

a fim de votarmos o mais rapidamente possível.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Todos votaram?

O SR. SERAFIM VENZON - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SERAFIM VENZON (PDT-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na segunda votação, meu voto é de acordo com a orientação do

partido.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Pois não.

Vou encerrar a votação.

O SR. JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOVAIR ARANTES (Bloco/PSDB-GO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na primeira votação, meu voto é de acordo com a orientação do partido.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Pois não.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Quero registrar a presença neste

plenário de uma comitiva de Parlamentares da Ucrânia, que recebemos na manhã

de ontem, para a qual peço um caloroso aplauso. (Palmas.)

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Vou encerrar. Todos votaram?

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Todos

votaram, Sr. Presidente. Pode encerrar.

O SR. GEOVAN FREITAS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GEOVAN FREITAS (Bloco/PMDB-GO. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, na última votação votei com o PMDB.

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Está encerrada a votação.

Anuncio o resultado: votaram "sim" 302 Srs. Parlamentares; votaram "não"

19 Srs. Parlamentares; absteve-se 1 Sr. Parlamentar.

A emenda foi aprovada.

Em face dessa aprovação, estão prejudicadas todas as demais proposições,

inclusive os destaques oferecidos às Emendas de nºs 1 a 14 e ao projeto inicial.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Apresentação de proposições.

Os Srs. Deputados que tenham proposições a apresentar queiram fazê-lo.

APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SENHORES:

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AVENZOAR ARRUDA

Projeto de lei que dispõe sobre a liquidação dos financiamentos habitacionais do

Sistema Financeiro de Habitação.

Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Fazenda sobre concessão de

financiamento habitacional da Caixa Econômica Federal.

PEDRO FERNANDES

Projeto de lei que dispõe sobre a obrigatoriedade de as empresas brasileiras de

transporte aéreo colocarem, no interior das cabines de comando das aeronaves, o

instrumento GPS (Global Positioning System) e câmera de vídeo e dá outras

providências.

BETINHO ROSADO

Requerimento de informações ao Sr. Ministro de Minas e Energia sobre a vazão

regularizada pela barragem de Sobradinho, pertencente à Companhia Hidro

Elétrica do São Francisco — CHESF.

INÁCIO ARRUDA

Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Agricultura e do Abastecimento,

sobre a reestruturação da carreira de Fiscal de Defesa Agropecuária.

Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Integração Nacional sobre o

Programa Semi-Árido Sustentável, objeto de cooperação técnica e financeira entre

Brasil e Espanha.

Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Justiça sobre os programas e

recursos destinados ao Município de Fortaleza, Estado do Ceará, através da

Coordenadoria Nacional para Integração de Pessoa Portadora de Deficiência

(CORDE) nos anos de 1990 a 2000.

INÁCIO ARRUDA E OUTROS

Projeto de lei complementar que autoriza o Poder Executivo a criar a Região

Integrada de Desenvolvimento do Cariri-Araripe (RICA) e dá outras providências.

LÉO ALCÂNTARA

Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados de retirada do

Requerimento de Informações nº 1.829, de 2000, de autoria do requerente.

LUIZ BITTENCOURT

Requerimento de informações ao Sr. Ministro dos Transportes sobre os resultados

do programa de desestatização do setor portuário.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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RENATO SILVA

Projeto de lei que dispõe sobre a política de incentivos à contratação de

desempregados de longa duração.

RICARDO FERRAÇO

Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Fazenda sobre o Imposto de

Renda de Pessoas Jurídicas para o último ano-base com dados processados e

revisados pela Receita Federal.

ALDIR CABRAL

Projeto de lei que dá nova redação ao inciso IV do art. 585 do Código de Processo

Civil.

FERNANDO GONÇALVES

Projeto de lei que concede isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados —

IPI na aquisição de veículos automóveis para transporte de passageiros feita por

cooperativados de cooperativas de transporte.

EDISON ANDRINO

Projeto de lei que altera o art. 93 da Lei nº 8.213, de 1991, que dispõe sobre os

Planos de Benefícios da Previdência Social, que estabelece os percentuais

mínimos de cargos ou empregos, nas empresas, a serem preenchidos com pessoas

portadoras de deficiência.

Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Fazenda a respeito das razões

para a não-atualização dos valores da tabela do Imposto sobre a Renda e

Proventos de Qualquer Natureza.

DINO FERNANDES E AÉCIO NEVES

Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados de realização de

sessão solene em homenagem ao Dia dos Defensores Públicos.

NICE LOBÃO

Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Saúde sobre exames para

diagnóstico do câncer uterino.

ALOÍZIO SANTOS E OUTROS

Proposta de emenda à Constituição que acrescenta § 3º ao art. 28 e os incisos XV

e XVI ao art. 29.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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EDUARDO JORGE

Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Saúde sobre evolução em termos

reais dos gastos com saúde no período 1995/2000, excluídas as despesas com o

pagamento de pessoal e dívidas; evolução no mesmo período dos gastos nas áreas

de assistência básica e assistência hospitalar e estimativa das despesas realizadas

por Estados e Municípios entre 1995/2000.

CORONEL GARCIA

Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Fazenda a respeito do leilão do

imóvel do Hotel Nacional.

LINCOLN PORTELA

Projeto de lei que determina multa e punição para os proprietários de

estabelecimentos circenses que usarem animais selvagens em suas

apresentações.

Projeto de lei que altera o § 1º do art. 1º e art. 7º da Lei nº 5.250, de 1967, Lei de

Imprensa.

PEDRO PEDROSSIAN

Projeto de lei que acrescenta § 5º ao art. 258 da Lei nº 9.503, de 1997, que institui

o Código de Trânsito Brasileiro.

Projeto de lei que acrescenta inciso IV ao art. 2º da Lei nº 9.696, de 1998, que

dispõe sobre a regulamentação da profissão de educação física e cria os

respectivos Conselho Federal e Conselhos Regionais de Educação Física, a fim de

incluir os graduados em cursos de dança.

JOSÉ CARLOS COUTINHO

Projeto de lei que acrescenta inciso ao art. 473 do Decreto Lei nº 5.452, de 1943,

que dispõe sobre a CLT e dá outras providências.

Projeto de lei que incentiva os meios de comunicação social, de transporte e outras

empresas a publicar fotografias de crianças e adolescentes desaparecidos.

MARCOS DE JESUS

Projeto de lei que dispõe sobre a desestabilização do analfabetismo no Brasil.

RUBENS BUENO

Indicação ao Sr. Ministro da Fazenda de normalização da atuação dos auditores

fiscais e da Secretaria da Receita Federal com relação ao bloqueio do livre trânsito

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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na Ponte Internacional da Amizade (Paraguai) e Ponte Tancredo Neves

(Argentina).

SENHORES LÍDERES

Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados de transformação de

sessão plenária da Câmara dos Deputados em Comissão Geral, para debater o

Plano Nacional de Educação.

IÉDIO ROSA E OUTROS

Recurso ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados para apreciação, pelo

Plenário, do Projeto de Lei nº 3.184, de 1997, do Deputado Ubiratan Aguiar, que

altera o art. 15 da Lei nº 9.424, de 1996.

NEUTON LIMA

Projeto de lei que dispõe sobre a produção de aparelhos de DVD.

HAROLDO LIMA

Projeto de lei que altera a redação do art. 13 da Lei nº 9.096, de 1995.

Projeto de lei que dá nova redação ao art. 41 da Lei nº 9.096, de 1995.

Projeto de lei que altera a redação do art. 108, §§ 1º e 2º do art. 109, art. 111 e 112

da Lei nº 4.737, de 1965 — Código Eleitoral.

Projeto de lei que revoga o § 2º do art. 109 da Lei nº 4.737, de 1965 — Código

Eleitoral.

Projeto de lei que dispõe sobre o financiamento público das campanhas eleitorais.

WALTER PINHEIRO E OUTROS

Projeto de lei que altera a Lei nº 9.612, de 1998, que institui o Serviço de

Radiodifusão Comunitária e dá outras providências.

MARINHA RAUPP

Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados de tramitação conjunta

dos Projetos de Lei Complementar nºs. 20, de 1999, do Deputado Miro Teixeira, e

33, de 1999, do Deputado Flávio Arns.

EUNÍCIO OLIVEIRA

Requerimento de informações ao comandante da Aeronáutica sobre o acordo

comercial feito entre as empresas de aviação TRANSBRASIL e TAM.

HENRIQUE FONTANA

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Projeto de lei que dispõe sobre as atividades de redução de danos entre usuários

de drogas endovenosas, visando prevenir e reduzir a transmissão de doenças e da

Síndrome da Imunodeficiência Adquirida — AIDS/SIDA e dá outras providências.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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JOSÉ ALEKSANDRO

Projeto de lei que revoga o Decreto-Lei nº 6.761, de 1944, que concede favores

fiscais aos hotéis que se estabelecerem no território nacional e fixa as condições

para essa concessão, e altera o Decreto-Lei nº 1.439, de 1975, que dispõe sobre a

concessão de incentivos fiscais e outros estímulos à atividade turística nacional,

altera disposições dos Decretos-Leis nºs 1.376, de 1974, e 1.338, de 1974, e dá

outras providências.

Projeto de lei que altera a Lei nº 6.368, de 1976, que dispõe sobre a repressão ao

tráfico ilícito de entorpecentes e dá outras providências.

Projeto de lei que garante no imóvel o mutuário do Sistema Financeiro de

Habitação, desempregado, após a formalização de seu contrato de financiamento e

dá outras providências.

Indicação ao Sr. Ministro de Minas e Energia de adoção de providências no sentido

do desenvolvimento da exploração das reservas de gás natural do Juruá, na

Amazônia Ocidental.

JOÃO GRANDÃO

Projeto de lei que dá nova redação ao art. 8º da Lei nº 7.990, de 1989.

NELO RODOLFO

Projeto de lei que modifica a redação do inciso III, do § 2º do art. 157, do Código

Penal Brasileiro — Decreto-Lei nº 2.848, de 1940.

ANTONIO JOSÉ MOTA

Projeto de lei que modifica a Lei nº 9.294, de 1996, obrigando a inserção de

mensagem de advertência em produtos que utilizem logotipo, logomarca ou slogan

relativo a produtos fumígeros.

PEDRO CORRÊA

Projeto de lei que proíbe a apresentação de animais ferozes em circos e

espetáculos congêneres e dá outras providências.

EUJÁCIO SIMÕES

Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Fazenda sobre o andamento dos

estudos para melhoramento dos sistemas de segurança das agências do Banco do

Brasil S.A, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste do Brasil S.A e Banco da

Amazônia S.A.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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JOÃO CALDAS

Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados de retirada de

tramitação do Requerimento de Informações nº 2.052, de 2000, de autoria do

requerente.

GERALDO MAGELA

Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados de tramitação conjunta

das Propostas de Emendas à Constituição nºs 190, de 1994; 043, de 1995; 211, de

1995; 291, 1995; 337, de 1996; 070, de 1999; 079, de 1999.

Requerimento de informações ao Sr. Ministro da Fazenda sobre o perfil do

declarante do Imposto de Renda Pessoa Física e Pessoa Jurídica nos anos

especificados.

MARCOS CINTRA

Projeto de resolução que institui Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a

investigar a formação de cartel e a manipulação de preços por parte das grandes

indústrias de suco de laranja.

NELSON PROENÇA

Projeto de lei que institui o Programa Voluntário de Vacinação — PVV e dá outras

providências.

ELTON ROHNELT

Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados de redistribuição para

as Comissões de Economia, Indústria e Comércio e do Trabalho, Administração e

Serviço Público do Projeto de Lei Complementar nº 16, de 1999, de autoria do

Deputado Pedro Fernandes, que dispõe sobre o horário de funcionamento, para

atendimento ao público, das agências dos Bancos Múltiplos e Comerciais e das

Caixas Econômicas e dá outras providências.

HERMES PARCIANELLO

Indicação ao Poder Executivo de liberação junto ao BNDES de empréstimo para as

cinco instituições de ensino superior do Paraná (UEL, UEM, UEPG, UNIOESTE E

UNICENTRO), dentro do programa de Qualificação e Modernização do Ensino

Superior do Ministério da Educação — MEC, a exemplo do financiamento

concedido no último dia 23 de março à UNESP — Universidade Estadual de São

Paulo e a outras seis universidades federais.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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WILSON SANTOS

Projeto de lei que modifica o art. 40 e o art. 250 da Lei nº 9.503, de 1997, quanto ao

tráfego de veículos com faróis acesos durante o dia nas rodovias.

Projeto de lei que determina que as faixas para pedestres nas vias públicas

deverão ser elevadas em relação ao nível da pista de rolamento.

Projeto de lei que extingue as listas tríplices do processo de escolha dos dirigentes

universitários regulado pela Lei nº 9.192, de 1995.

BONIFÁCIO DE ANDRADA E SRS. LÍDERES

Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados de convocação de

sessão solene em homenagem à memória do ex-Deputado Federal, ex-Senador,

ex-Ministro de Estado e ex-Governador de Minas Gerais Milton Soares Campos,

pelo centenário do seu nascimento.

NELSON MACHEZAN

Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara dos Deputados para prorrogação por

mais quinze dias do prazo destinado à CPI—Medicamentos para conclusão dos

seus trabalhos.

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VII - ENCERRAMENTO

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Nada mais havendo a tratar, vou

encerrar a presente sessão, antes convocando para as 20h20min sessão

extraordinária da Câmara dos Deputados com a seguinte

ORDEM DO DIA

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O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Está encerrada a sessão.

(Levanta-se a sessão às 20h16min.)

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 068.2.51.O Tipo Sessão: Ordinária - CDData: 03/05/00 Montagem: Sérgio

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