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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIAREVISÃO E REDAÇÃO
SESSÃO: 208.4.53.O
DATA: 30/11/10
TURNO: Vespertino
TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD
LOCAL: Plenário Principal - CD
INÍCIO: 14h
TÉRMINO: 20h
DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO
Hora Fase Orador15:02 PE PAES LANDIM
Incluído discurso do Deputado Paes Landim proferido na Sessão Solene daCâmara dos Deputados nº 200, realizada em 23 de novembro de 2010.
CÂMARA DOS DEPUTADOSAta da 208ª Sessão, em 30 de novembro de 2010
Presidência dos Srs. ...................................................................
...................................................................
...................................................................
...................................................................
...................................................................
...................................................................
...................................................................
...................................................................
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...................................................................
...................................................................
ÀS 14 HORAS COMPARECEM À CASA OS SRS.:Michel Temer
Marco Maia
Antonio Carlos Magalhães Neto
Rafael Guerra
Inocêncio Oliveira
Odair Cunha
Nelson Marquezelli
Marcelo Ortiz
Giovanni Queiroz
Leandro Sampaio
Manoel Junior
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I - ABERTURA DA SESSÃO
A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - A lista de presença registra na
Casa o comparecimento de 163 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados.
Está aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos
trabalhos.
O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.
II - LEITURA DA ATA
O SR. CAPITÃO ASSUMÇÃO, servindo como 2º Secretário, procede à leitura
da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.
A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Passa-se à leitura do
expediente.
O SR. ..........................................................., servindo como 1° Secretário,
procede à leitura do seguinte
III - EXPEDIENTE
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Antes de iniciar nossos
trabalhos, faço a leitura de ofício dirigido ao Sr. Presidente da Câmara dos
Deputados, Michel Temer:
“Em 03 de outubro último, o povo do Pará
escolheu-me para ser seu representante no Senado
Federal, com cerca de 1.800.000 votos. Meus eleitores
saíram de suas casas com documento de identidade, o
título de eleitor, assinaram a folha de votação,
manifestando de forma legal e insofismável sua vontade,
como é próprio nos regimes democráticos.
A vontade do povo paraense rejeitou a decisão do
Tribunal Superior Eleitoral — pela inelegibilidade da
minha candidatura — e, sobretudo, a campanha
jornalística odiosa com que meus inimigos atentaram
contra meu nome como candidato, por todos os meios
midiáticos possíveis, inclusive, panfletos.
Posteriormente a minha consagradora vitória
eleitoral, no dia 27 de outubro, o Supremo Tribunal
Federal ao apreciar recurso da decisão do TSE, após
horas de discussões, quanto ao mérito, julgou a questão
empatada, por 5 votos a 5. E depois, em absurda e
grotesca explicação — não de natureza constitucional ou
com base em milenares princípios jurídicos — mas, por
forçada interpretação regimental, resolveu prestigiar a
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decisão recorrida do TSE, declarando-me inelegível e
desconhecendo a decisão de 1.800.000 brasileiros
eleitores do Pará, que me escolheram Senador da
República.
Permito-me comentar, que na véspera, no dia 26
de outubro, o colegiado do TSE havia concedido o
registro como ELEGÍVEL a colega Deputado Federal que
havia renunciado ao seu mandato, sob acusações perante
Comissão Parlamentar de Inquérito — CPI do Mensalão
— e integra a lista dos denunciados pelo mesmo fato
perante o Supremo Tribunal Federal.
No meu caso, o ilustre Ministro Presidente do
Supremo Tribunal Federal considerou, do alto de sua
Excelsa Presidência, tratar-se de decisão ‘inócua’, ‘contra
os princípios que defendo’ e ‘contrária aos interesses da
sociedade’, mas apesar de todos esses argumentos seu
‘voto de qualidade’ foi substituído por decisão regimental
contra minha eleição e a vontade de 1.800.000
paraenses.
E assim o Supremo Tribunal Federal do Brasil
decidiu que sou INELEGÍVEL para exercer o mandato de
Senador da República, por haver renunciado ao mandato
há cerca de 10 anos antes, sem que tal fato constituísse
— à época ou ainda hoje — ilegalidade ou ato de
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improbidade capaz de, na forma constitucional,
caracterizar a INELEGIBILIDADE.
Entretanto, após minha renúncia decenal,
materializada sem qualquer impedimento de alguma
ordem em 2001, fui eleito em 2002 — com a maior
votação proporcional do Brasil — e reeleito em 2006 — a
maior votação até agora, no Pará, para a Câmara dos
Deputados, sem qualquer impugnação ou obstáculo da
legislação eleitoral ou da Justiça Eleitoral, que me
considerou ELEGÍVEL para ocupar cadeira de Deputado
Federal, integrando o Congresso Nacional, cargo que
tenho honrado, com o reconhecimento público do DIAP —
Departamento Intersindical de Acompanhamento
Parlamentar, que vem incluindo meu nome — há 13 anos
— como um dos parlamentares mais destacados e
atuantes do Congresso Nacional.
Estou, face a decisão do STF — na extravagante
situação de ser, ao mesmo tempo, ELEGÍVEL e
INELEGÍVEL, em decorrência de um empate que acaba
por anular o voto de 1.800.000 eleitoras e eleitores do
Pará, cassando meu mandato de Senador da República
para o qual, repito, fui democraticamente eleito.
Honra-me dizer que o povo do Pará julgou e
elegeu-me; tenho assim a responsabilidade e prioridade
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de direcionar toda a minha energia para fazer respeitar a
sua vontade majoritária, democrática e inquestionável.
Nada mais tenho a fazer na Câmara dos
Deputados, já que para exercer o cargo tenho que ser um
cidadão ELEGÍVEL, mas o TSE e o STF decidiram que,
no momento, sou também INELEGÍVEL, e estou impedido
de ocupar a cadeira para a qual fui eleito ao Senado
Federal.
Ambas as Casas Legislativas formam o Congresso
Nacional.
Portanto, fui declarado um cidadão HÍBRIDO, isto é
ELEGÍVEL para exercer o mandato de Deputado Federal
e INELEGÍVEL para o exercício do cargo de Senador da
República, mandato para o qual acabo de ser eleito por
1.800.000 votos, e cassado pelo regimento do Supremo
Tribunal Federal.
Nesta oportunidade, formalizo minha renúncia ao
mandato de Deputado Federal, encarecendo a V.Exa. as
providências cabíveis.
Retorno ao Pará para empreender minha luta, ainda
acreditando na via judicial para corrigir a violência política
de que sou vítima em plena DEMOCRACIA, junto com
1.800.000 paraenses, brasileiros, que não têm dúvida
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quanto a minha ELEGIBILIDADE, e me escolheram como
seu Senador da República.
Belém, 29 de novembro de 2010.
Deputado Jader Barbalho.”
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Passa-se ao
IV - PEQUENO EXPEDIENTE
Concedo a palavra ao Sr. Deputado Mauro Benevides.
Como há muitos oradores inscritos, a Mesa será extremamente rigorosa no
cumprimento do prazo de 1 minuto, para que todos os Srs. Deputados tenham a
oportunidade de registrar seus pronunciamentos.
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O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sra. Presidenta, Sras. e Srs. Deputados, faleceu na última sexta-feira,
em nossa capital, o ex-Deputado Federal Expedito Machado, que se destacou neste
plenário por seu inexcedível espírito público e incomparável acuidade para discutir
temas de interesse do Ceará, do Nordeste e do País.
Estive presente ao seu velório, transmitindo à viúva, Dayse Machado, ao seu
filho Sérgio Machado, ex-Senador, à filha Silvia e ao neto Reguffe, além de seus
irmãos e parentes, a manifestação de profundo pesar pelo desaparecimento, aos 92
anos, de um empresário e homem público de extraordinária visão para avaliar a
conjuntura política, social e econômica, externando sempre a sua correta ilação
sobre tais acontecimentos, registrados ao longo de várias décadas.
Na condição de Deputado Estadual, principiou a sua marcante trajetória na
vida partidária, elegendo-se a seguir para o Congresso Nacional, quando ganhou
notoriedade, permitindo-lhe ocupar o Ministério de Viação e Obras Públicas, ao
tempo do governo parlamentarista conduzido pelo Presidente João Goulart, tendo
como Primeiro Ministro o inolvidável Tancredo Neves.
Em 1986, ao ser guindado à Assembleia Nacional Constituinte, foi um dos
articuladores de importantes iniciativas que se transformaram em dispositivos
constantes na Carta Cidadã, da qual me honro de haver sido o segundo signatário,
antecedido apenas pelo saudoso líder Ulysses Guimarães.
O seu herdeiro Sergio Machado elegeu-se para o Senado Federal, ocupando
presentemente a Presidência da TRANSPETRO, onde empreende fecunda gestão.
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Em um de nossos últimos encontros, interpelou-me sobre se estaria eu
tranquilo para a conquista do meu 11º mandato legislativo, o que considerava
experiência inédita em nossos fastos historiográficos.
O Ceará perde, assim, um filho ilustre, que legou à sua geração exemplos
edificantes de dignidade e de permanente desejo de patronear causas,
intrinsecamente vinculadas ao nosso desenvolvimento e bem-estar social.
Todos nós, da atual bancada, pranteamos a perda de um cidadão ilustre, com
serviços prestados ao povo brasileiro.
Muito obrigado, Sra. Presidenta.
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O SR. NELSON BORNIER (Bloco/PMDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.)
- Sra. Presidenta, Sras. e Srs. Deputados, na condição de Deputado Federal e
cidadão do Estado do Rio de Janeiro, registro desta Tribuna as ações vitoriosas das
forças de segurança de todos os níveis que, sob o comando do Governador Sérgio
Cabral e supervisionadas pela inteligência do Secretário de Segurança Pública do
Estado, Sr. José Mariano Beltrame, estão devolvendo a paz ao povo fluminense com
a retomada de territórios antes dominados pelo narcotráfico. São merecedores de
nosso apoio e agradecimento todos os envolvidos nessas ações como as Polícias
Civil e Militar do Rio de Janeiro, Polícia Federal, Exército, Marinha, Aeronáutica,
além do Corpo de Bombeiros e Prefeitura do Município.
Essas ações tiveram o apoio irrestrito de toda população do Rio de Janeiro.
Dessa forma o Estado passa a assumir a responsabilidade que deve nortear as
relações Estado/sociedade.
Este, Sra. Presidenta, sem dúvida alguma, é um passo muito grande para a
humanização de um contigente populacional de milhares de pessoas, em cujo meio
proliferou e se expandiu a criminalidade, por culpa, em grande parte, dos poderes
constituídos, que se limitaram a medidas paliativas, de pouco alcance social.
Não se pode esquecer que essa ação tem caráter emergencial, visa erradicar
um problema muito comum em operações da polícia carioca, que é o confronto
armado, com milhares de vítimas entre traficantes, policiais e moradores.
Segundo dados da Coordenadoria de Cidadania, as favelas formam, por
assim dizer, a grande massa humana que só aparece nas estatísticas através dos
seus conflitos sociais, da fome, da miséria e da pobreza. E aí está a matéria prima
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essencial à formação de quadrilhas sempre capitaneadas pelo tráfico de drogas e
outros procedimentos indesejáveis.
Não se pode dizer que os favelados do Rio de Janeiro sejam apenas os
excluídos. Eles têm sido, na verdade, esquecidos, como se não contassem
numericamente entre a população como um todo.
Em boa hora as autoridades resolvem arregaçar as mangas e partir para uma
jornada altamente meritória, pelo alto significado social de que se reveste: resgatar a
cidadania de quem aparece no cômputo geral da população carioca apenas para
efeito estatístico.
Não se pode deixar de registrar a presença do Estado entre a população mais
sofrida, exercendo sua função social de proporcionar segurança e tranquilidade a
todos, independentemente de status socioeconômico.
Registro, assim, Sra. Presidenta, que a segurança pública tem que ser um
instrumento do mais legítimo interesse público, constituindo um dos mais
importantes elementos para o cidadão, seja de que cidade for. A ordem precisa ser
protegida, e não transformada em um bicho de sete cabeças.
Registro ainda desta tribuna nossos sinceros agradecimentos e a certeza de
que o Congresso Nacional estará solidário ao Governo do Estado do Rio de Janeiro
sempre que a paz e o Estado Democrático forem ameaçados. Estamos juntos nessa
guerra em que a união de forças no setor de segurança pública foi determinante
para o sucesso das operações que estão devolvendo ao Rio de Janeiro segurança
para seu desenvolvimento com justiça social.
Era o que tinha a dizer.
A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Muito obrigada, nobre
Deputado Nelson Bornier.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra, pela
ordem, ao Deputado Dr. Talmir, do PV de São Paulo.
O SR. DR. TALMIR (PV-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sra.
Presidente, gostaria de convidar todos os Srs. Parlamentares, assessores,
funcionários da Casa e familiares para a Santa Missa a ser realizada amanhã no
Plenário 7 do Anexo II da Câmara dos Deputados.
Há mais de 1 ano tivemos a felicidade de saber da liberação, pelo Arcebispo
de Brasília, D. João Braz de Aviz, do Padre Eduardo Peters para vir a esta Casa
com o grupo Shalom, uma vez por mês, a encontro de que muitos Parlamentares
têm participado.
Aproveito para registrar que as Comissões Diocesanas em Defesa da Vida
realizaram em todo o País, em sintonia com o Papa Bento XVI, uma vigília em prol
da criança a nascer.
Portanto, será realizada amanhã, 1º de dezembro, às 8 horas, a missa de
agradecimento pelos benefícios obtidos neste ano e nesta Legislatura.
Muito obrigado, Sra. Presidente.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra, pela
ordem, ao Deputado Raimundo Gomes de Matos.
O SR. RAIMUNDO GOMES DE MATOS (PSDB-CE. Pela ordem. Sem
revisão do orador.) - Sra. Presidente, nobres Parlamentares, a Comissão de
Seguridade Social esteve ontem em Fortaleza, sob a Presidência do Deputado
Vieira da Cunha, para debater questões referentes a drogas como o crack e às
políticas públicas necessárias para o combate à epidemia.
O evento, a que estiveram presentes os Deputados Federais José Linhares e
Germano Bonow, além de vários Deputados Estaduais, ocorreu na Assembleia
Legislativa do Estado do Ceará.
O Conselho de Altos Estudos da Assembleia Legislativa do Ceará e o Instituto
de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Estado do Ceará — INESP vêm
realizando trabalho na área e já editaram o material Pacto pela Vida, fruto da
realização de vários seminários.
Constatamos vulnerabilidade no apoio do Governo Federal às instituições que
constituem as comunidades terapêuticas e executam ações por meio do terceiro
setor para o combate às drogas.
Neste exato momento, a Comissão de Seguridade Social está em Maceió e
percorrerá diversos Estados, onde apresentará seu relatório.
A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Muito obrigada, nobre
Deputado Raimundo Gomes de Matos.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra ao
Deputado Felipe Bornier.
O SR. FELIPE BORNIER (PHS-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sra.
Presidenta, Sras. e Srs. Deputados, trago hoje à tribuna desta Casa os mais
sinceros aplausos à ação das forças de segurança na corajosa, eficiente e histórica
retomada de territórios ocupados há décadas por narcotraficantes na cidade do Rio
de Janeiro. O País e o mundo acompanharam ao vivo pela televisão as ações de
guerra para devolver ao Estado o controle sobre a Vila Cruzeiro, no bairro da Penha,
e o Complexo do Alemão, onde vivem milhares de cidadãos. Essas comunidades
estavam, até então, subjugadas pelo poder paralelo que os narcotraficantes
impuseram a pessoas trabalhadoras e ordeiras, retirando-lhes o acesso aos serviços
públicos, enfim, substituindo a cidadania pelo poder de fogo dos traficantes.
Ao destacar o sucesso dessas operações de guerra, é meu dever registrar,
em nome da população do meu Estado, nossos mais entusiasmados aplausos a
milhares de homens que, corajosos, invadiram territórios até então intransponíveis.
Nossos homens da Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal, Exército, Marinha e
Aeronáutica foram eficientes na conquista dessas comunidades. Não posso deixar
de destacar a participação positiva do Governador Sérgio Cabral em todos os lances
dos acontecimentos dos quais o nosso Estado tem sido vítima nos últimos meses.
Afinal, o que ficou bem claro para toda sociedade é que o tráfico reagiu acima de
todos os limites ao rejeitar, com ações de terrorismo em várias cidades da região
metropolitana, a política de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora, as
UPPs, em comunidades que comandava antes da chegada de Sérgio Cabral ao
Governo estadual. Impossível não aplaudir, ainda, a participação do Ministro da
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Defesa, Nelson Jobim, com a liberação de tropas, helicópteros e carros blindados
para facilitar as ações das Polícias Civil e Militar.
Destaco ainda que o Rio, ajudado pelo Governo Federal, tem agora uma
oportunidade única de continuar vencendo etapas no combate à criminalidade.
Comandada pelo eficiente e inteligente Secretário José Mariano Beltrame, o setor de
segurança pública demonstrou que, se agir com inteligência e força, quando
necessário, não há espaço sequer para o confronto do bem contra o mal — as
televisões exibiram imagens de dezenas de traficantes batendo em retirada como se
fossem ratos saindo do esgoto. O cerco total das forças de segurança ao Complexo
do Alemão, acompanhado pela imprensa, revelou, horas depois, o poder do tráfico:
milhares de toneladas de drogas — maconha e cocaína — apreendidas, além de um
arsenal — fuzis, metralhadoras e outras armas de guerra convencional. E o mais
importante: nenhum inocente saiu ferido nos confrontos, nos quais as forças de
segurança humilharam, pela eficiência, uma suposta organização dos traficantes.
Mas a guerra não acabou, como ressaltaram os comandantes da Polícia
Militar e do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), Coronéis Mário Sérgio Duarte
e Paulo Henrique, incansáveis nos últimos dias nas operações de retomada desses
territórios.
O sucesso da política de combate aos narcotraficantes revelou que a
população do nosso Estado está do lado das autoridades: recordes diários de
telefonemas foram batidos pelo Disque-Denúncia, um serviço que garante
anonimato a quem denuncia criminosos.
Na condição de Deputado Federal envolvido com as questões do meu Estado
e da nossa Capital, deixo uma mensagem de esperança em dias melhores para o
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nosso povo. Toda vez que agirmos com firmeza, determinação, inteligência e
coragem, a vitória será sempre a do bem contra o mal.
Finalizo este discurso com a certeza de que unidos faremos do Rio uma
cidade de paz e tranquilidade para garantirmos o êxito da Copa do Mundo em 2014
e dos Jogos Olímpicos em 2016.
Era o que eu tinha a dizer. Muito obrigado.
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O SR. LELO COIMBRA (Bloco/PMDB-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sra. Presidenta, Sras. e Srs. Deputados, quero parabenizar a estudante capixaba
Saionara Aparecida, moradora do Município de Governador Lindenberg, por estar
entre os 20 vencedores da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro.
Ela concorreu com sete milhões de alunos de 7º e 8º ano do ensino fundamental e
ganhou na categoria Memórias Literárias.
Parabenizo o Ministério da Educação e a Fundação Itaú Social, que
buscaram, com a iniciativa, estimular a leitura e a escrita em escolas públicas. O
tema da olimpíada foi O Lugar Onde Vivo, que permitiu aos alunos abordarem a
própria realidade.
Solicito que o texto vencedor, que segue anexo, faça parte dos Anais da
Casa.
Muito obrigado.
Era o que tinha a dizer.
TEXTO A QUE SE REFERE O ORADOR
Texto premiado no concurso
Gotas de chuva... leve barulho da saudade!
Mais uma vez sinto o calor da lembrança, e o calafrio da saudade... Meu ser
anuncia a hora de relembrar o maravilhoso tempo de criança, as ideias
inesquecíveis, brincadeiras memoráveis e contagiantes daquele tempo...
Bons tempos aqueles: morávamos num lugar pequeno, cheio de matas e
animais, casas rústicas, construídas pelos moradores com paredes de pau a pique -
um trançado de ripas como estrutura para fixar o barro batido nos buracos. Hoje as
casas são de alvenaria, as matas desapareceram e com elas os animais. O lugar é
chamado de Córrego Baixo Moacir, município de Governador Lindenberg, interior do
Espírito Santo.
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Naquela época, com movimentos rápidos das mãos, víamos a agulha franzir o
babado: era nossa mãe costurando nossos vestidos para irmos à missa aos
domingos. Nossos olhares de crianças puras brilhavam feito pequenas esmeraldas,
curiosos em saber qual seria o modelo mais belo. Agora o carinho das mãos
habilidosas de nossa mãe foi substituído pela frieza das máquinas. Logo após a
missa, na estrada de terra — esta pelo menos ainda existe! —, voltávamos a pé e lá
de longe já sentíamos o cheiro do frango caipira, coradinho com a tinta retirada dos
fartos pés de urucum que vovô socava no pilão. O frango era acompanhado pela
polenta, uma herança da cultura italiana. O aroma que vinha da janela da casa da
vovó era convidativo e fazia com que apressássemos o passo.
Eu estimava os dias de chuva, quando bastava ouvir um leve toque
anunciando que a festa ia começar. Era só abrir a porta e meus amigos
transformavam-se em “campainhas”, cujo barulho de felicidade era demonstrado aos
berros, ao sentir o prazer de cada gota caindo sobre seus corpos, que refrescava a
alma. A chuva caía vagarosamente e num passe de mágica transformava-se numa
cachoeira em gotas. Mas nós não estávamos satisfeitos e bastava a distração dos
familiares para que corrêssemos estrada afora e de poça em poça descobríssemos
mais um mistério. Esses eram os dias de que mais gostávamos: os mágicos dias de
chuva, que hoje já não são tão frequentes.
Já nos dia em que o sol recobria o telhado de palha de coqueiro, feito por
nossas pequenas mãos, nossa diversão era construir nossos próprios brinquedos.
Tudo era utilizado: pequenos frutos e pedaços de gravetos. Carretéis e madeira
eram usados para fazer os carrinhos, também brincávamos de bonecas costuradas
com palha e sabugo de milho colhidos no quintal, o que hoje já não acontece, pois
as crianças de agora pensam somente nos brinquedos falantes, jogos eletrônicos e
em tudo o que não desperta a curiosidade, a inteligência, e faz com que não usem
suas mãos para inventar e construir, preferindo apertar somente um botão.
Nos fins de semana, reunia os amigos para colhermos frutos e degustá-los.
Uma delícia! Hoje os frutos são poucos e quando não contaminados pelo excesso
de agrotóxicos nas lavouras. Nossas roupas branquinhas passadas a ferro em brasa
— até então não existia energia elétrica —, os vestidos engomados com uma
mistura de água e polvilho, muito usada na época, estavam completamente sujos, o
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que nos rendiam alguns sermões de nossas mães. E, assim, após o banho, eu ia à
casa da vovó ouvir o vovô contar histórias relembrando seu passado, suas
memórias, que me faziam adormecer em sonhos, saboreando as primícias de uma
infância bem vivida.
(Texto baseado na entrevista feita com a Sra. Olga Bertti Sant´Ana, 68 anos.)
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra, pela
ordem, ao Deputado Eduardo Valverde, do PT do Estado de Rondônia.
O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sra. Presidente, ao tempo em que cumprimento V.Exa., gostaria de divulgar
pesquisa realizada pelo instituto Sensus com o eleitorado que votou nas eleições
passadas. Um quinto do eleitorado brasileiro já não sabe em que Deputado Estadual
e Federal votou. Em relação à Assembleia Legislativa, são 23%; em relação à
Câmara dos Deputados, 21%. Trata-se de dados preocupantes.
A Justiça Eleitoral também divulgou os gastos com a campanha, que vão
ultrapassar três bilhões de reais. Os gastos com as candidaturas de Deputados
Estaduais e Deputados Federais ultrapassam 1 bilhão e 800 milhões de reais. Ainda
não foram computados os gastos dos comitês financeiros e dos partidos. Pressupõe-
se que serão muito maiores quando todos os valores estiverem computados.
Os investimentos realizados nas campanhas eleitorais são muito pesados, no
entanto o resultado político é pífio. Por isso é necessário fazermos as reformas
política e partidária, para fortalecer o Parlamento e a representação popular e social.
Obrigado.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra à Sra.
Deputada Janete Rocha Pietá.
A SRA. JANETE ROCHA PIETÁ (PT-SP.) - Sra. Presidenta Vanessa
Grazziotin, fico muito feliz em vê-la presidir esta sessão. Nós, da bancada feminina,
esperamos que seja aprovada no próximo mandato a PEC que estabelece a
presença de pelo menos uma mulher na Mesa desta Casa.
Será celebrado nesta quarta-feira, 1º de dezembro, o Dia Mundial de
Combate à AIDS, que foi criado com intuito de lembrar toda a luta empreendida no
combate a essa doença, além de promover conscientização e solidariedade aos
portadores da doença.
Nesta perspectiva, a campanha Somos todos iguais. Preconceito Não!
contará com a participação de 15 jovens soropositivos e 12 artistas que posaram
para ensaio fotográfico, em imagens que demonstram carinho e proximidade, numa
clara mensagem contra o preconceito que ainda assombra os doentes.
Ao propor a campanha, protagonizada por jovens e celebridades, o Ministério
da Saúde coloca em debate a questão da prevenção, assim como resgata nos
portadores soropositivos o sentimento de valorização e superação, tão necessários
à conquista da qualidade de vida, apesar da doença.
Dados do Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da
Saúde informam o registro de aproximadamente 8 mil casos de AIDS em jovens de
13 a 29 anos, por ano.
Em Guarulhos, cidade onde moro e já atuei como Secretária-Adjunta de
Saúde, o Dia Mundial de Combate à AIDS será marcado por apresentações de
teatro, gincana e premiação de trabalhos desenvolvidos pelas Secretarias
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Municipais de Saúde e Educação, também com o enfoque Somos todos iguais.
Preconceito Não!
Dentro desta programação, hoje serão distribuídos na região central 20 mil
preservativos, durante apresentação da peça teatral Bicho Cabeça.
Saúdo a Secretaria de Saúde da minha cidade — já fui Secretária-Adjunta de
Saúde — pelas atividades que serão realizadas no Município, às quais não poderei
estar presente.
Parabenizo também o Ministério da Saúde, os jovens e artistas que se
dispuseram a encampar esta luta e também Guarulhos por seu Programa Municipal
de Controle à DST/AIDS.
Esta luta é de todos nós!
A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Muito obrigada, nobre
Deputada Janete Rocha Pietá.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra, pela
ordem, ao Deputado Capitão Assumção.
O SR. CAPITÃO ASSUMÇÃO (Bloco/PSB-ES. Pela ordem. Pronuncia o
seguinte discurso.) - Sra. Presidenta, Sras. e Srs. Deputados, compareço a esta
tribuna para prestar minha solidariedade à família e aos amigos do cabo Carlos
Elson Baeta, da Polícia Militar de Ecoporanga, assassinado em seu horário de folga
na madrugada desta terça-feira.
A morte de mais esse herói brasileiro só vem reforçar a necessidade da
valorização dos profissionais da segurança pública, os verdadeiros heróis do Brasil.
É por isso que insistimos na aprovação da PEC 300. A matéria trará
dignidade a esses trabalhadores que arriscam a vida para proteger a sociedade
brasileira.
Aproveito a oportunidade para fazer um apelo aos colegas Parlamentares que
desejam ver a PEC 300 aprovada. Vamos unir esforços para que essa matéria
possa ser promulgada ainda nesta Legislatura.
Tenho certeza de que se a PEC 300 for colocada em votação, será aprovada.
Além disso, os Senadores só aguardam a matéria para aprová-la rapidamente. O
Brasil clama por segurança pública de qualidade.
Não podemos mais relegar a segundo plano a segurança do povo brasileiro,
que atualmente aplaude e comemora a atuação de bombeiros, policiais e Forças
Armadas no Morro do Alemão, localizado na cidade do Rio de Janeiro.
Quero também cobrar do Presidente desta Casa, Deputado Michel Temer, o
compromisso firmado neste plenário para votar a PEC 300 após as eleições. A
proposta já foi aprovada em primeiro turno nesta Casa e precisa ser concluída
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urgentemente. Para o bem do povo brasileiro, que cansou de ver seus defensores
sem a devida valorização, PEC 300 já!
Muito obrigado, Sra. Presidenta.
A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Muito obrigada a V.Exa.,
Deputado Capitão Assumção.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra ao
Deputado Ivan Valente.
O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sra.
Presidenta, Sras. e Srs. Deputados, participei ontem, na Assembleia Legislativa de
São Paulo, de ato político organizado pela Frente em Defesa do Povo Palestino. Há
exatos 33 anos, era aprovada a Resolução nº 32/40, da Organização das Nações
Unidas, que definiu 29 de novembro como o Dia Internacional de Solidariedade ao
Povo Palestino. Nesse mesmo dia, 30 anos antes — portanto, em 1947 —, a mesma
Assembleia-Geral da ONU aprovava a Resolução nº 181, que decidiu pela partilha
do território da Palestina, histórica para o estabelecimento de um estado judeu e um
árabe, sem qualquer consulta aos habitantes locais.
Assim nasceu o Estado de Israel, sem que o mesmo fosse assegurado ao
povo palestino, o que levou à expulsão de mais de 700 mil pessoas de suas casas e
à destruição de centenas de vilarejos.
Em 1948, quase a totalidade das terras palestinas (94%) foram tomadas
militarmente pelo Estado de Israel. Hoje mais de seis milhões de palestinos vivem
em campos de refugiados, espalhados pelos países árabes e mundo afora. Ainda
hoje Israel controla 65% da Cisjordânia e 40% da Faixa de Gaza, com seu exército e
sua força paramilitar, os colonos, implementando um regime de terror.
Seis décadas depois, a região é assim marcada pela ocupação mais longa do
período contemporâneo, aprofundada sob a marca do desrespeito aos acordos e
tratados internacionais.
Nas últimas décadas, foram inúmeras as resoluções adotadas, com base na
Carta das Nações Unidas e na Lei Internacional, incluindo a lei humanitária
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internacional, que até hoje não foram implementadas devido à recusa e
intransigência de Israel.
Desde 2002, um muro da vergonha corta a Cisjordânia ao meio. Os
checkpoints e assentamentos sionistas se multiplicam. Estradas proibidas ao trânsito
de palestinos são símbolos do apartheid que se configura no território ocupado. Em
Gaza, 1,5 milhão de pessoas se espremem em 360 quilômetros quadrados, vítimas
de um bloqueio criminoso que tem como resultados principais a fome e a miséria da
população. Este ano, o mundo presenciou indignado o covarde ataque de soldados
israelenses à frota humanitária que buscava, justamente, levar remédios e
medicamentos a esse povo. Tamanha barbárie não foi suficiente, no entanto, para
pôr fim ao bloqueio à Faixa de Gaza.
Por trás das ações do exército de Israel está o financiamento dos bancos
sediados em Nova Iorque e a manipulação da cobertura jornalística das grandes
redes de TV. Tudo respaldado pelo apoio explícito do império dos Estados Unidos.
É por isso, Sra. Presidenta, que neste dia 29 e ao longo desta semana
ocorrem inúmeras manifestações de solidariedade e apoio à luta do povo palestino
em todo o mundo. E também aqui no Brasil. É um período para chamar a atenção do
planeta para que todos os direitos inalienáveis do povo palestino têm sido
desrespeitados, como o direito à autodeterminação, à saúde, à educação, e o direito
de ir e vir.
É momento também de cobrar uma resposta consequente da comunidade
internacional para a drástica situação na Palestina, com a realização de ações
concretas, que de fato levem à mudança dessa realidade. Não podemos manifestar
nossa solidariedade apenas nos momentos em que ocorrem as grandes tragédias. É
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preciso afirmar permanentemente que só haverá paz no Oriente Médio com o
reconhecimento do direito ao povo palestino a um estado livre e soberano. Um povo
que há 63 anos resiste heroicamente a todas as arbitrariedades, humilhações,
bombas e torturas legalizadas.
Afirmamos também que não é possível consagrar nenhum processo de paz
ante as campanhas colonizadoras israelenses. De fato, Sras. e Srs. Deputados, os
assentamentos sionistas são mais uma, diante de tantas outras, flagrante e
agressiva manifestação da ocupação de Israel.
Por tudo isso, nesta data histórica, fazemos questão de manifestar, mais uma
vez, nosso compromisso com essa luta. Viva a resistência do povo Palestino!
Palestina livre!
Sra. Presidente, solicito a transcrição nos Anais da Casa de dois artigos sobre
a crise do Rio de Janeiro: um do nosso Deputado Estadual Marcelo Freixo, intitulado
Não há vencedores, publicado no jornal Folha de S.Paulo, em que faz uma análise
profunda da situação; o outro de autoria de Luiz Eduardo Soares, intitulado A crise
no Rio e o pastiche midiático.
Voltarei ao assunto com maior profundidade.
Muito obrigado.
ARTIGOS A QUE SE REFERE O ORADOR
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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 30 A 30-H)
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra, pela
ordem, ao Deputado Colbert Martins
O SR. COLBERT MARTINS (Bloco/PMDB-BA. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sra. Presidente, Sras e Srs. Deputados, senhores que nos acompanham,
se existe uma crise no Rio — e essa é verdadeira —, ela não é só carioca.
A crise que envolve compra de armas, drogas e tóxicos é de boa parte do Brasil, por
isso entendemos que esta é uma grande oportunidade para não se ficar apenas com
essa ação no Rio de Janeiro. Está na hora de o Governo, por meio de ações
integradas das Forças Armadas e das Polícias Militar e Federal, agir em outros
locais.
É importante que aconteçam ações no Espírito Santo, na Bahia, em
Pernambuco, em outras capitais e grandes cidades deste País. No meu Município,
Deputada Vanessa, houve quase 400 mortos até hoje — e o grande motor disso é a
droga.
Devemos lamentar os problemas, mas aproveitar a oportunidade e resolver
essa situação, que também ocorre em outras cidades brasileiras. Este é o grande
momento de ampliarmos as ações que acontecem no Rio de Janeiro.
Obrigada a V.Exa.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra, pela
ordem, ao Deputado Alex Canziani.
O SR. ALEX CANZIANI (PTB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sra.
Presidenta, Senadora Vanessa Grazziotin, a quem desejo sucesso no Senado a
partir do próximo ano, quero anunciar a todos os Deputados que ontem saiu o
resultado final da Olimpíada de Língua Portuguesa, uma bela iniciativa do Ministério
da Educação que premia estudantes do Brasil inteiro.
Mais de sete milhões de estudantes participaram dessa Olimpíada. Por isso,
Sra. Presidente, não posso deixar de parabenizar a estudante Beatriz Sayuri
Yoshida, do Município de Arapongas, no meu Estado do Paraná, por ter tido seu
poema selecionado — o único do Sul do País. A ela, à Profa. Roseli Moreno Fávero
de Barros, à Diretora e a todos os funcionários da Escola Municipal João Paulo II
nossos cumprimentos e nosso carinho pela grande participação.
Cumprimento também o Ministro Fernando Haddad, não só pelo belo trabalho
que faz em relação a esse evento, mas também pelo seu desempenho no Ministério
da Educação.
A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Obrigada, Deputado Alex
Canziani, Presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público
desta Casa.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra ao
Deputado Gonzaga Patriota.
O SR. GONZAGA PATRIOTA (Bloco/PSB-PE. Sem revisão do orador.) - Sra.
Presidenta, Sras. e Srs. Deputados, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o
Ministro da Educação, Fernando Haddad, entregaram nesta segunda-feira, 29, mais
30 escolas federais de educação profissional e inauguraram 25 campi ligados a 15
universidades federais. A solenidade, no Palácio do Planalto, marca a conquista da
meta prevista pelo plano de expansão da Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica e o avanço do Programa de Expansão e Reestruturação
das Universidades Federais — REUNI.
Pela expansão da Rede Federal de Educação Profissional foram criadas 214
novas escolas, de 2005 até hoje. E, com o REUNI, foram criados 126 novos campi e
unidades universitárias, passando dos 148 existentes até 2002 para 274 já em
funcionamento em 2010. Hoje as universidades federais estão presentes em 230
Municípios nas 26 unidades federativas e no Distrito Federal.
De 1909 a 2002 foram criadas 140 escolas técnicas federais. Hoje já são
342. Foi registrado um aumento de 148% no número de matrículas de toda a rede
federal, de 2003 a 2010. Os alunos eram 140 mil em 2003, hoje são 348 mil. A
tendência é de um crescimento ainda maior, já que nem todas as escolas
completaram o ciclo de funcionamento. Os recursos do Ministério da Educação
destinados à educação profissional também cresceram, passando de 1,2 bilhão de
reais para 4,9 bilhões de reais no mesmo período.
O investimento total para a construção das novas escolas técnicas federais
deve chegar a 1,1 bilhão de reais. Até o momento foram executados 941 milhões de
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reais em infraestrutura, mobiliário e equipamentos. Nas 30 escolas que foram
entregues nesta segunda-feira já foram aplicados 139 milhões de reais. Dessas, 18
estão funcionando e as 12 restantes começam a receber alunos no início do ano
letivo de 2011. O número de estudantes matriculados nessas 18 escolas é de 4.165.
Por meio do programa de expansão da Rede Federal de Educação Superior,
Sra. Presidente, foram criadas 14 novas universidades federais desde 2003, sendo
dez voltadas à interiorização do ensino superior público e outras quatro — da
Fronteira Sul, do Oeste do Pará, da Integração Latino-americana e da Integração
Luso-afro-brasileira — planejadas para a integração regional e internacional.
Com o programa de expansão, as universidades federais dobraram a oferta
de vagas. Eram 109.200 em 2003 e chegaram a 222.400 em 2010. Para atender ao
novo contingente de alunos, as instituições puderam contratar professores e
técnicos administrativos. Com isso, o conjunto das universidades, que contava com
40.823 professores e 85 mil técnicos em 2003, conta hoje com 63.112 professores e
105 mil servidores.
As condições para que as universidades conduzissem seu processo de
expansão foram dadas com o incremento do orçamento das unidades, já que os
recursos para custeio e investimento passaram de 6,7 bilhões de reais em 2003 para
19,7 bilhões de reais em 2010.
Além do acesso, as universidades também puderam ampliar suas ações
voltadas à permanência dos estudantes. Os recursos do Plano Nacional de
Assistência Estudantil — PNAES, criado em 2007, saltaram de 125 milhões de reais
em 2008 para 304 milhões de reais em 2010. Com isso, as universidades
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desenvolvem seus programas de assistência financiando itens como saúde,
transporte, moradia e alimentação para seus estudantes.
Participei na manhã de ontem, no Palácio do Planalto, do ato de entrega,
através de videoconferência, dessas instituições de ensino. Estava ao lado do
Prefeito Totonho Valadares, do Município de Afogados da Ingazeira, contemplado
com uma escola técnica federal, juntamente com Ouricuri, no Estado de
Pernambuco.
É muito gratificante, Sra. Presidente, constatar o excelente trabalho
desenvolvido pelo Governo Lula na área de educação, através dessas ações do
Ministério. Aproveito ainda a oportunidade para parabenizar as populações de
Afogados da Ingazeira e Ouricuri pela inauguração de suas escolas técnicas.
Não tenho dúvidas de que priorizar a educação vai transformar o Brasil num
País melhor e mais justo.
Passo a abordar outro assunto, Sra. Presidente.
Com o objetivo de mediar conflitos e promover a realização de acordos entre
as partes de processos judiciais, o Tribunal de Justiça de Pernambuco — TJPE —
realiza a 5ª Semana de Conciliação. O evento acontecerá a partir desta segunda-
feira, 29, e segue até o dia 3 de dezembro em Caruaru, agreste de Pernambuco.
O movimento pela conciliação é um programa coordenado pelo Conselho
Nacional de Justiça — CNJ —, e foi iniciado em 23 de Agosto de 2006. Com o lema
Conciliando a Gente se Entende, o Judiciário pretende difundir a ideia de que as
decisões conciliadas representam economia de tempo e dinheiro, e promovem a paz
social.
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A iniciativa mobilizará varas, juizados especiais e centrais de conciliação,
mediação e arbitragem do Estado. As unidades promoverão audiências em suas
respectivas áreas.
Poderão participar da Semana Nacional todos os processos que envolvem os
juizados cíveis, criminais e das relações de consumo; causas cíveis — direito de
vizinhança, acidente de veículo, cobrança de taxa condominial, execuções de títulos
extrajudiciais, etc. —; direito de família — pedidos de separação, divórcio, guarda de
filhos, pensão alimentícia, regulamentação de visita, excetuada a investigação de
paternidade que não possui o resultado do exame DNA.
As centrais de conciliação, mediação e arbitragem pretendem realizar 415
audiências na unidade de Recife, 167 em Olinda e 64 em Caruaru. A Central do
TJPE deve promover 121, e o seu anexo tem 66 audiências designadas.
Essa é mais uma bela iniciativa do TJPE em favor da população
pernambucana.
Para finalizar, Sra. Presidente, gostaria de manifestar minha preocupação
com um fato. Há mais de mês está para ser assinada portaria pelo Ministro da
Fazenda e pelo Ministro da Agricultura sobre liberação dos leilões de milho para o
Nordeste. Infelizmente, com essa demora, o milho já passou de 15 reais para 35
reais a saca e logo vai faltar milho no Nordeste.
Lamento muito e peço aos Ministros que resolvam o problema, porque a
alimentação do pobre nordestino é o frango.
A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Obrigada, nobre Deputado.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra, pela
ordem, ao nobre Deputado Paes de Lira, que dispõe do tempo de 1 minuto.
O SR. PAES DE LIRA (Bloco/PTC-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sra. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, brasileiros, o povo do Rio de Janeiro,
aliviado, cumprimenta carinhosamente os componentes das forças de segurança
que estão atuando decisivamente para repor a paz na cidade — o Exército, a
Marinha e principalmente as polícias. Isso é muito bom.
É de se esperar que as atividades governamentais se mantenham voltadas
para resolver definitivamente o problema, com a presença do poder público, de uma
vez por todas e para sempre, em todas as áreas desagregadas.
Mas falta reconhecer materialmente os heróis dessas ações. É dever da
Câmara dos Deputados começar a fazê-lo, votando em segundo turno a Proposta de
Emenda à Constituição nº 300 — votar propostas de emenda à Constituição é um
dever constitucional desta Casa, conforme estabelece o art. 60, § 2º, da Constituição
da República.
Mais uma vez está demonstrado pela realidade dos fatos. Vamos fazer justiça
aos nossos heróis
Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Obrigada a V.Exa., Deputado
Paes de Lira.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra, pela
ordem, ao Deputado Luiz Couto.
O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sra.
Presidente, registro manifestação do Pe. Djacy Brasileiro, do Município de Lastro, na
Paraíba, sob o título Seca: O lastro pede socorro.
Ele chama a atenção para a seca naquele Município e diz:
“Mais uma vez, na condição de pastor, quero
clamar, pungentemente, ao Senhor Secretário de
Recursos Hídricos do Estado, que envie, sem demora,
carros pipa para socorrer a população da zona rural do
município de Lastro.”
Essa situação acontece em todo o Estado. Registro que o Pe. Djacy é o
grande lutador pela integração das bacias, ou seja, pela transposição das águas do
São Francisco.
Portanto, quero parabenizar o Pe. Djacy pela sua luta. Ele finaliza dizendo:
“Peço ao Governo do Estado que socorra,
urgentemente, esses meus paroquianos do Lastro.”
A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Muito obrigada, nobre
Deputado Luiz Couto.
MANIFESTAÇÃO A QUE SE REFERE O ORADOR
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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINA 39)
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra, pela
ordem, ao nobre Deputado Betinho Rosado.
O SR. BETINHO ROSADO (DEM-RN. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sra.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, José Andrade do Nascimento, 83 anos, casado,
aposentado, nasceu na cidade de Assu, Rio Grande do Norte, em 1º de outubro do
ano de 1927. Embora tenha grande estima pela sua cidade natal, recorda os bons
momentos ali vividos e os seus parentes, José Andrade dispensa os maiores elogios
à cidade que o recebeu de braços abertos e nela construiu todo o patrimônio
familiar, moral e político, que é a nossa querida cidade de Mossoró, sua pátria
inesquecível e insubstituível.
Ele é filho do senhor Luiz Bernardo da Fonseca e da senhora Maria Gregório
Nascimento, já falecidos. Da união feliz de José com sua companheira de lutas nas
horas alegres e nas horas tristes, a senhora Maria de Lourdes Costa do Nascimento,
nasceram sete filhos, assim listados: Ireny, Elias, Emanoel, Marcos, Evandro,
Evanildo e Edilson. Os filhos de José Andrade e dona Maria de Lourdes deram aos
dois 16 netos e um bisneto.
Iniciou sua carreira na luta política em 1946, atuando como uma espécie de
assessor da direção do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção
Civil — o sindicato da construção civil e o sindicato do sal eram fortes politicamente,
e muitos dos que neles militavam foram durante o regime militar perseguidos e
presos, porque eram considerados subversivos, como foi o caso de José Andrade
do Nascimento e José Moreira de Araújo, além de outros tantos companheiros.
Dentro dos dois sindicatos havia uma célula do PCB, e José fazia parte dessa
célula. Para sua infelicidade, foi descoberto e preso pelo Exército e levado para a
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capital do Estado. Foi barbaramente torturado física e psicologicamente para
entregar os outros “subversivos”, os comunistas, como eram chamados os filiados
ao Partidão.
Em 1974, assume o poder o General Ernesto Geisel. O regime ditatorial já
apresenta sinais de decadência e fraqueza, em razão da situação econômica do
País. No Governo, Geisel promete abertura política de forma lenta, gradual e segura.
Para tanto, designa o todo-poderoso Ministro-Chefe do Gabinete Civil e coordenador
político do regime, General Golbery do Couto e Silva, para iniciar gradativamente a
abertura política.
Concluído o Governo Geisel, vem o presidente João Batista Figueiredo, que
toma posse em 15 de março de 1979 prometendo levar o País a uma democracia
custasse o que custasse. Figueiredo, o último dos militares no poder, sanciona em
28 de agosto de 1979 a Lei nº 6.683, que concede anistia aos cassados pelo regime
militar, bem como aos membros do Governo acusados de tortura.
Em 6 de setembro de 1979, depois de mais de 15 anos de exílio, o ex-
Governador gaúcho Leonel Brizola pisa em solo nacional.
Volta com o símbolo do PTB na lapela. No entanto, embora com todo o
prestígio de que dispunha naquela oportunidade, perde o direito de comandar a
citada agremiação para a Deputada Ivete Vargas. Sem o PTB, Brizola,
decepcionado com a condução do processo, funda, em 17 de junho de 1979, em
Lisboa, o Partido Democrático Trabalhista, fruto do encontro dos trabalhistas no
Brasil com os trabalhistas no exílio, liderados por Brizola.
Em 22 de novembro é aprovada a reforma política que restabelece o
pluripartidarismo, com a extinção do MDB e da Arena.
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Com a Anistia, a reforma política e a volta de Brizola ao Brasil, o velho
combatente José Andrade cria em Mossoró o PDT, partido que depois de alguns
anos passa para as mãos de outras pessoas totalmente alheias à filosofia política
dos seus estatutos e do seu comandante-em-chefe, Brizola.
Em 1988, José Andrade candidata-se a vereador, apoiando a candidatura da
médica, ex-Prefeita e atualmente Senadora Rosalba Ciarlini. Era, juntamente com
outros companheiros de esquerda, o equilíbrio político da campanha. O seu discurso
era o mais aproveitado do ponto de vista da renovação ideológica dos candidatos.
Defendia o socialismo democrático. Inova nos métodos de fazer campanha. Fica nas
esquinas dos principais pontos comerciais do Centro com uma rosa e discursando
por horas e mais horas. Não tem êxito, não vence o pleito. A sua candidata, sim,
vence o adversário, e o PDT de Brizola e José Andrade chega finalmente ao poder.
Ele teve uma vida inteira de lutas, seja na política, seja no movimento
comunitário ou sindical. No ano de 1991, juntamente com outros companheiros, cria
a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Norte —
FUNDERN, realizando sete encontros setoriais em que se discutiram com as
autoridades e as lideranças comunitárias políticas públicas em favor de nossa
cidade, destacando-se ainda a questão do meio ambiente com sugestões para
despoluição do nosso rio, a questão urbanística e de infraestrutura, como as
entradas e saídas de Mossoró, processo que firmou a ideia do complexo viário da
Abolição.
Ainda nos encontros comandados por José Andrade estavam Manoel de
Souza, Manoel Inácio, José Moreira e tantos outros próceres da luta comunitária,
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com destaque para a Estrada do Cajueiro, a BR 110, o aproveitamento das águas
da barragem de Santa Cruz e a adutora da barragem Armando Ribeiro Gonçalves.
A FUNDERN é um campo de apoio ao restante do movimento comunitário, e
suas instalações no Centro são pontos de convergência de várias lideranças.
Mesmo não mais dirigindo a FUNDERN por questão de saúde, o nosso
homenageado também contribuía com a luta dos aposentados e pensionistas do Rio
Grande do Norte — Delegacia de Mossoró.
Com Manoel de Souza e Manoel Inácio de Almeida estava sempre discutindo
e defendendo os aposentados e pensionistas, inclusive participando de congressos
em Mossoró e na capital do Estado.
Ele praticamente construiu sozinho, atuando como pedreiro e auxiliar de
pedreiro, a base da sede própria da FUNDERN, que fica localizada no Abolição II.
Feito heroico e histórico.
Nada mais resta a dizer de José Andrade do Nascimento, a não ser que ele é
uma das lendas vivas da política mossoroense e que sua história de vida é um livro
de ótimo conteúdo e deveria ser lido por muitos dos que aí estão sem fazer nada e
sem honrar o mandato conferido pelo povo.
A José Andrade o movimento tem muito a agradecer. Ele foi uma das peças
fundamentais, e a sua sempre generosidade foi decisiva para que o movimento
comunitário alcançasse o destaque que hoje tem no cenário local e estadual.
A luta de José Andrade pela democracia, pela liberdade de expressão e pelo
fortalecimento e independência das instituições será sempre uma marca
insubstituível em nossas lembranças.
Parabéns, companheiro! Vamos à luta!
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Obrigada, nobre Deputado
Betinho Rosado.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra, pela
ordem, ao Deputado Nelson Pellegrino.
O SR. NELSON PELLEGRINO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sra. Presidente, parabenizo o Presidente Lula, o Governador Sérgio Cabral e as
forças de segurança do Rio de Janeiro que, diante da ameaça de intranquilidade na
segurança pública do Estado, agiram com rapidez, assim como fizemos em
Salvador, no ano passado, no combate ao crime organizado.
Aqueles que comandam, ou tentam comandar, o crime dentro dos presídios
esboçaram uma reação para impedir que o Governo continuasse na sua política de
combate a esse tipo de criminalidade. Nessa ocupação territorial, tentaram criar um
clima de insegurança, como em São Paulo. Na Bahia respondemos em 72 horas e
conseguimos contornar a situação. Com o apoio do Governo Federal e a firmeza do
Presidente Lula e do Governador Sérgio Cabral, a situação foi abafada, o que trará
novos desafios, sem dúvida nenhuma, à segurança pública do Rio de Janeiro. A
resposta dada naquele momento foi correta.
Parabenizo o Presidente Lula e o Governador Sérgio Cabral.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra, pela
ordem, ao Deputado Ernandes Amorim.
O SR. ERNANDES AMORIM (PTB-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sra. Presidenta, Sras. e Srs. Deputados, há pouco ouvi a leitura da carta de
renúncia do Deputado Jader Barbalho.
Fui Senador ao seu lado em mandato anterior. O Deputado Federal Jader
Barbalho concorreu às eleições e teve uma quantidade expressiva de votos.
No dia da votação pude assistir no Supremo Tribunal Federal à algazarra para
decidir a vida de um Parlamentar que teve uma tremenda soma de votos no seu
Estado. Isso significa que a população aprovou o seu nome como um bom político.
Ali se dizia: “Vamos jogar a moeda para cima, se cair cara ou coroa é o que vale.”
Imaginem a que ponto chegou o Poder Judiciário no País.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra, pela
ordem, ao Deputado Chico Alencar.
O SR. CHICO ALENCAR (PSOL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sra. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ouvi o comunicado do Deputado Jader
Barbalho, que renunciou ao mandato. Ele foi declarado inelegível para o cargo de
Senador, recém-disputado, mas tinha sua representação. Ao tomar essa decisão,
cuja razão profunda não entendi, segundo a minha leitura e a de muitos outros, ele
está aceitando sair da vida pública em protesto contra a judicialização da política.
Tudo que contribuir para a democratização, para a transparência e para o avanço
dos interesses públicos sempre será bem-vindo.
Gostaria de fazer um alerta: uma coisa é celebrar um triunfo, como aconteceu
agora no Rio de Janeiro sobre uma determinada localidade, onde o varejo armado
das drogas ilícitas era considerado inexpugnável; outra é cair em um discurso
triunfalista, porque o crime continua, a geopolítica no Rio de Janeiro transita, existe
milícia e narcotráfico. Não vamos, então, ficar em um ufanismo inconsequente, mas
ir fundo no combate ao crime.
Muito obrigado.
Durante o discurso do Sr. Chico Alencar, a Sra.
Vanessa Grazziotin, § 2º do art. 18 do Regimento Interno,
deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr.
Givaldo Carimbão, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.
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O SR. PRESIDENTE (Givaldo Carimbão) - Concedo a palavra pela ordem à
Sra. Deputada Vanessa Grazziotin.
A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB-AM. Pela ordem. Sem
revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no último domingo
passou a vigorar em todo o território nacional a Resolução nº 44, de 2010, da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária — ANVISA.
A resolução foi assinada no dia 28 de outubro deste ano e seus efeitos
tiveram início a partir do último domingo. Agora todas as farmácias e drogarias só
podem comercializar antibióticos com a devida prescrição médica, sendo obrigatória,
inclusive, a retenção da receita.
Sr. Presidente, essa é uma medida muito importante para a área de saúde.
Infelizmente, os casos de intolerância e resistência a antibiótico, principalmente de
largo espectro, têm trazido grandes prejuízos aos brasileiros.
Cumprimento a ANVISA.
Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Givaldo Carimbão) - Muito obrigado, Deputada.
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O SR. PRESIDENTE (Givaldo Carimbão) - Concedo a palavra ao Deputado
Fernando Chiarelli, o último inscrito para esse período.
O SR. FERNANDO CHIARELLI (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, realmente fui pego de surpresa ao chegar a esta Casa e
saber da renúncia do Deputado Jader Barbalho.
Não tenho nada contra ou a favor de Jader Barbalho. Mal o conheço, porque
ele é de um Estado lá de cima e eu sou do Sul do Brasil. Conta-se que o escritor
Victor Hugo andava numa rua quando escutou o barulho de um linchamento em
outra rua. Ele disse: “Imagine se vou ver o linchamento!” Quando chegou lá, levado
por suas pernas, viu o linchamento e cunhou uma frase célebre: “Não sei o que esse
homem fez, mas naquele momento, em face de tamanha agressão, ele era
inocente.”
Ora, se o nosso colega estava aqui votando, encaminhando votação, ele
poderia ser candidato e eleito. Está lá, em Beccaria, que toda vez que a lei começa
a ficar confusa, é porque estamos vivendo numa tirania. Neste momento, Jader
Barbalho é inocente, assim como o foi Lampião.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Givaldo Carimbão) - Concedo a palavra à Deputada
Vanessa Grazziotin. S.Exa. dispõe de 5 minutos.
A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB-AM. Sem revisão da
oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste período do Pequeno
Expediente, inicio o meu pronunciamento falando a respeito da situação no Rio de
Janeiro, mais precisamente do combate feito pelo Estado brasileiro à violência e ao
tráfico de drogas. Quero me somar a todos aqueles que se têm revezado nesta
tribuna para falar a respeito do assunto.
Primeiro, ressalto a ação integrada desenvolvida pelo Governo do Estado do
Rio de Janeiro, pelo Governo Federal, pelo Município do Rio de Janeiro e, por que
não dizer, pela sociedade civil, que muito tem contribuído com essas ações.
Entretanto, isso é parte de uma ação muito mais complexa e demorada, que tem de
ser realizada em nosso País. Ela não deve ter início, nem meio, nem fim. No meu
entendimento, deve ser permanente. A luta no combate à violência, no combate ao
tráfico de drogas e no combate ao tráfico de armas deve ser permanente.
Infelizmente, não há no Brasil nem em qualquer lugar do mundo uma sociedade
preparada para impedir a proliferação de ações criminosas. Entendo que o Estado
brasileiro deve manter permanente vigilância contra esse tipo de crime que tantos
males traz à sociedade, sobretudo à juventude brasileira.
Todo esse sucesso que vem sendo coletado e cultivado no Estado do Rio de
Janeiro deve servir de exemplo para as ações que precisam expandir-se no Brasil,
sobretudo nas áreas de fronteira.
Hoje eu ouvi um representante do Ministério da Justiça falar a respeito da
ampliação da ação daquele Ministério no combate ao tráfico de drogas nas regiões
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de fronteira. Esta Deputada que lhes fala representa o Estado com a maior área de
fronteira do nosso País.
Recentemente tivemos um problema muito sério: um confronto entre
traficantes de drogas peruanos e a Polícia Federal do Brasil. O resultado desse
confronto foi a morte de dois jovens agentes da Polícia Federal, que serviam no
Estado do Amazonas.
Todos sabem que as armas, assim como as drogas e muitos outros produtos
ilícitos, entram no território nacional pelas fronteiras. No Estado do Amazonas, além
de termos uma grande fronteira, ela é desprotegida, Deputado Inocêncio Oliveira.
Com muita alegria — apesar da tristeza que sentimos ao mesmo tempo,
diante de toda a situação —, vemos que o Brasil começa a encontrar o seu caminho
na prevenção e no combate a esse tipo de crime, que, repito, penaliza toda a
sociedade, principalmente uma gama importante de jovens brasileiros — o nosso
futuro estará a cargo deles.
Quero cumprimentar o Governo brasileiro, o Governo do Estado do Rio de
Janeiro, o Governo do Município do Rio de Janeiro e também a população não só
pela colaboração, mas pela compreensão, diante de uma ação tão importante.
Passo a abordar outro assunto. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na
última sexta-feira, na cidade de Manaus, com a presença do Presidente Lula, foram
inauguradas as três primeiras termelétricas que utilizam a matriz do gás natural para
gerar energia, numa parceria entre a iniciativa privada e a PETROBRAS, que detém
o controle acionário dessas três termelétricas.
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Para mim é pouco falar da alegria de ver uma obra como essa sendo
inaugurada, porque lutei durante muitos anos, ao lado de tantos outros, para tornar
realidade a geração de energia elétrica a gás no Estado do Amazonas.
Cumprimento, portanto, o Presidente Lula.
Tratarei, agora, de outra questão. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,
parabenizo o Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo (CNC), Sr. Antônio Oliveira Santos, por ter concedido a maior comenda da
Confederação — a Medalha da Ordem do Mérito Comercial, nível Grão Cruz — ao
Sr. José Roberto Tadros pelos relevantes serviços prestados ao setor em nível
nacional. O acontecimento ocorreu na sexta-feira, dia 19 de novembro. Ele também
foi empossado como 1º Vice-Presidente daquela entidade, cargo que, segundo o
próprio Tadros, nunca foi ocupado por uma liderança do Norte do País. Tal eleição
demonstra o reconhecimento nacional de que a Região Norte é cada vez mais
estratégica para o desenvolvimento integral do Brasil.
Parabéns à CNC, na pessoa do Sr. Antônio Oliveira Santos, pela eleição do
brilhante e competente cidadão.
Falarei de outro assunto. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, parabenizo
a brilhante jornalista Maria José Mourão, conhecida como Mazé Mourão, eleita
membro da Academia Amazonense de Letras (AAL), que passa a ocupar a cadeira
número 28.
A jornalista amazonense Mazé Mourão é editora do caderno Bem Viver do
jornal A Crítica. Foi eleita com 23 votos. A votação foi considerada expressiva pelos
membros da Academia Amazonense.
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Segundo José Braga, Presidente da AAL, essa jornalista está diariamente
ligada ao povo, por meio das crônicas no caderno Bem Viver. Dialoga de forma
simples com a sociedade, sempre abordando temas atuais e com linguagem flexível.
É verdadeiramente uma nova era, pois as mulheres começam a ocupar mais
espaços e cargos expressivos, o que nos orgulha muito. Mazé é uma profissional
comprometida com a informação e muito contribuirá, com seus conhecimentos, com
a Academia.
Era o que tinha a dizer.
Durante o discurso da Sra. Vanessa Grazziotin, o
Sr. Givaldo Carimbão, § 2º do art. 18 do Regimento
Interno, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada
pelo Sr. Inocêncio Oliveira, 2º Secretário.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 208.4.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 30/11/2010 Montagem: 4171/4176
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Zonta. S.Exa. dispõe de 5 minutos.
O SR. ZONTA (PP-SC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobres
colegas Parlamentares, funcionários da Casa, senhores visitantes, na última
semana, representando a Câmara dos Deputados, acompanhado do Deputado Luis
Carlos Heinze, participei da XVII Conferência Regional da Aliança Cooperativa
Internacional para as Américas, em Buenos Aires, e também do VI Encontro de
Parlamentares da ACI-Américas.
Vou relatar aqui algumas decisões desse encontro parlamentar. A primeira
delas é a oficialização, pela Aliança Cooperativa Internacional para as Américas, da
constituição da rede de Parlamentares Cooperativistas das Américas, uma reedição
da nossa Frente Parlamentar do Cooperativismo aqui no Congresso Nacional, mas
desta feita envolvendo todos os países das Américas, dado o potencial, o tamanho e
a importância do cooperativismo em todos os setores, em todos os países das
Américas.
Está oficializada essa rede de Parlamentares cooperativistas. Todos aqueles
que fazem parte da Frente estão incluídos nela.
A segunda decisão diz respeito ao projeto de pacto verde para as Américas. É
a participação ativa do cooperativismo, como já acontece no Brasil em relação a um
tema tão importante como o ambiental. Aliás, isso foi muito defendido pelo Deputado
Luis Carlos Heinze no encontro dos Parlamentares cooperativistas das Américas.
Foi firmado o pacto verde.
A terceira decisão refere-se à pretensão da Organização das Nações Unidas
— ONU de que 2012 seja considerado o Ano Internacional do Cooperativismo. É o
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 208.4.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 30/11/2010 Montagem: 4171/4176
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reconhecimento das Nações Unidas a essa forma de organização — a maior do
mundo. Mais de 800 milhões de famílias, no mundo, estão rompendo divisas, porque
os princípios cooperativistas não têm fronteira, não têm língua, não têm nação. Eles
cabem a todos os países.
O ano de 2012, portanto, será o Ano Internacional do Cooperativismo,
reconhecido pela ONU. Esta Casa terá a oportunidade de avaliar e votar o projeto de
lei que cria o comitê de todas as ações da comemoração do Ano Internacional do
Cooperativismo no Brasil, por meio da ACI mundial e da ACI-Américas.
Vamos ter desafios, reconhecimento e motivação para que, cada vez mais,
aqueles que mais precisam, principalmente o segmento da sociedade que
isoladamente não consegue resolver seus problemas, possam buscar no
cooperativismo uma forma de inclusão social, de participação, de superação das
suas dificuldades, de trabalho, de saída da informalidade, de organização do seu
aspecto profissional, da sua produção, começando, naturalmente, com o crédito. O
cooperativismo de crédito já conta com uma participação fundamental.
Este é o relato sobre a presença do Congresso Nacional nessa conferência
das cooperativas das Américas; sobre as decisões da rede parlamentar
cooperativista das Américas; e sobre a comemoração do Ano Internacional do
Cooperativismo em 2012, reconhecido pela ONU.
Muito obrigado.
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O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, colegas Parlamentares, a Folha de S.Paulo publicou ontem artigo
importante do Governador Eduardo Campos, de Pernambuco, Estado de V.Exa.,
sobre o pacto pela saúde.
Dados importantes constantes desse artigo chamam-nos à reflexão. Nós
temos trabalhado juntos e sabemos das dificuldades por que passam os hospitais e
as santas casas em todo o Brasil.
O Governador informa que os Estados são obrigados a destinar 12% de suas
receitas para a área de saúde; os Municípios, 15%. Muitos Estados destinam acima
de 12%. S.Exa. relata que, em Pernambuco, gasta 17% com saúde; os Municípios,
15%. Mas há muitos que gastam 20%, 25%. É o gasto que têm, porque vão em cima
do Prefeito, vão em cima do Vereador. É a cobrança que temos nos Municípios. São
assuntos importantes.
Enquanto isso, o País está gastando apenas 3% do PIB. Mas não é só isso.
Deputados Betinho Rosado e Givaldo Carimbão, eu examinei o Orçamento de 2009,
que foi fechado — ainda não fechamos o de 2010. No Orçamento de 2010, nós
gastamos 4,07 do Orçamento, apenas 4% do Orçamento da União, que foi em torno
de 1,3 trilhão ou 1,4 trilhão de reais. Apenas 4% foram gastos com saúde, enquanto
os Municípios gastam 15% a 20% e alguns Estados não gastam os 12%.
Levantamento feito pela OMS aponta que o Brasil ocupa o 76º lugar em gasto
per capita com saúde, num total de 204 dólares. Está atrás, por exemplo, da Costa
Rica, com 269 dólares; da Lituânia, com 381 dólares; do Canadá, que gasta 14
vezes mais que o Brasil. Vejam o atendimento que esse pessoal tem e o pouco
recurso de que dispomos.
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Portanto, quero, mais uma vez, chamar a atenção para o tema “saúde”.
Podemos falar de qualquer área da Federação. Vimos o que o Brasil gasta com
juros. Isso é um escárnio! Isso é uma aberração! Outrora víamos Deputados
criticando os lucros dos bancos. Se pegarmos as estatísticas do ano retrasado, do
ano passado e deste ano, veremos o que esses bancos têm ganhado e o que o
Brasil gastou só na rolagem dos serviços da dívida. Em 2009, gastamos 48% com
juros ou renegociação da dívida e apenas 4% com saúde. Isso é um absurdo! É hora
de a Câmara dos Deputados, o próprio Executivo e o Senado Federal fazerem um
debate. A sociedade precisa cobrar de nós para que nos debrucemos sobre o
assunto. Quem recebe esses juros? Seguramente, toda a sociedade paga.
Eu lido com agricultura; outros lidam com comércio; outros, com indústria;
outros, com serviços. Deputado Moreira Mendes, V.Exa., que é Presidente da nossa
Frente Parlamentar da Agricultura, sabe que a agricultura, hoje, paga absurdos, e os
outros setores também. Alguém ganha com esses juros. Portanto, é extremamente
importante nós nos debruçarmos sobre o assunto.
Deputado Inocêncio Oliveira, 48% do Orçamento da União foram gastos com
juros, em 2009. Vi o Ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, entregando o
Orçamento de 2010. Nele está previsto que 52% dos gastos do País servirão para
pagar juros. Estão asfixiando a nossa economia.
Imaginem um agricultor, um comerciante, um profissional liberal ou um
industrial pagar 52% de juros ou de serviços de rolagem de dívida. É um absurdo!
Não há quem aguente isso!
Falarei sobre o tema tantas vezes quantas forem necessárias, porque a
sociedade brasileira tem de tomar conhecimento dele e pressionar as autoridades
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para que tomem uma atitude. Cabe ao Governo brasileiro encontrar um jeito de
reduzir os gastos. Dessa maneira, teremos mais dinheiro para a educação e
poderemos aprovar a Emenda Constitucional nº 29. Não o fizemos porque não há
orçamento. E não há orçamento porque não temos dinheiro, pois pagamos juros. Os
juros da dívida que o Brasil está pagando são um absurdo!
Portanto, neste relato, chamo a atenção da sociedade brasileira que nos
assiste pela TV Câmara. Nós temos de nos mobilizar e fazer alguma coisa. O povo
paga, o Brasil paga, e apenas meia dúzia recebe esses juros absurdos. São 52% de
juros. Esse é o gasto no Orçamento de 2010.
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O SR. GIVALDO CARIMBÃO (Bloco/PSB-AL. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estou convicto de que o Brasil, a partir de
sábado, mudará totalmente o paradigma não só sobre a segurança, mas também
sobre a grande violência urbana provocada pelas drogas.
Em meus mandatos parlamentares, tenho buscado contribuir para extirpar as
drogas, que estão acabando com a sociedade. Nossos irmãos estão sofrendo, o
País está pagando muito caro por isso. Torço para que nossos governantes
encontrem uma solução e passemos a viver um novo momento.
Para os Srs. Deputados e a Nação brasileira terem ideia, hoje um preso custa
de 2.500 a 3 mil reais por mês; uma criança de 12, 13, 14 anos, acolhida pelas
FEBEMs do Brasil inteiro, custa de 10 a 12 mil reais por mês aos cofres públicos.
Cerca de 95% das pessoas que chegam às delegacias são usuárias de
drogas. Por decisão política do Governador do Rio de Janeiro, o Exército, a Marinha,
a Polícia Civil, a Polícia Militar e a Polícia Federal — poderiam ser também outros
órgãos — tomaram providências. O Estado chegou junto. Muitos perguntam: “Por
que eles não vão para as fronteiras?” Sabemos que o Brasil é um país continental,
de grandes dimensões, e, obviamente, isso deve ser feito.
É tão bonito o desfile de 7 de setembro! O Brasil inteiro vê aqueles carros
transportando bombas, aquele monte de carros da polícia, do Exército. Por que não
usá-los como foram usados agora no Rio de Janeiro? Os Estados precisam tomar
providências para pegar os traficantes. Para eles o Estado tem de ter pulso forte,
mas para os sofredores, para os que estão sendo vencidos pelas drogas, vítimas da
sociedade, ele tem de ter mão amiga.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 208.4.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 30/11/2010 Montagem: 4171/4176
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Neste último fim de semana, o Brasil inteiro parou para ver a ação conjunta
das polícias, do Exército etc. Ficou provado que, quando quer, o Estado faz.
Parece-me que muda um paradigma. Por que o Brasil inteiro não adota a
mesma ação? No meu Estado, Alagoas, que possui 3 milhões de habitantes, a cada
semana ou a cada mês é noticiado no Jornal Nacional ou nos jornais de todo o
Brasil que a cidade de Arapiraca é a mais violenta, assim como Maceió. Já chegou a
hora de darmos um basta nessa situação. O exemplo do Rio de Janeiro deixou claro
para o País que temos de tomar providências em conjunto. Não adianta ficarmos
discutindo pura e simplesmente a recuperação dos viciados — se será pelo SUS,
pelo CAPS, etc. É óbvio que também temos de encontrar esse caminho.
A prevenção é fundamental? Sim. Mas são fundamentais também o pulso
forte do Estado, a união do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, da Polícia Federal,
da Polícia Militar, da Polícia Civil, da Guarda Municipal, se necessário for.
O Brasil aplaudiu de pé a ação da polícia no Rio de Janeiro. Eu, que sou
Deputado Federal, ao ver aquelas imagens na televisão, vivi aquele momento como
qualquer cidadão, pois tenho interesse no assunto. Foi importante a retomada da
tranquilidade para aquele povo do complexo do Morro do Alemão. Muito diziam:
“Agora está começando a chegar a tranquilidade”.
Pudemos ver o civismo dos militares que ali estavam, mesmo ganhando
pouco, sem o Congresso Nacional colocar em votação a PEC 300. Mas eles
estavam lá cumprindo o seu dever profissional, como brasileiros, levando a bandeira
do Brasil.
Que os Governadores de outros Estados sigam o exemplo do Governador
Sérgio Cabral. Eu ouvia a todo instante: “Essa é uma decisão política”. E é o que
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 208.4.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 30/11/2010 Montagem: 4171/4176
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nós queremos. O Brasil está cobrando neste momento uma visão política dos
Governadores, para que tomem providência nos seus Estados.
Há Estados pequenos que conseguiriam tranquilamente, em três, quatro ou
cinco dias, com inteligência preparada em 15 dias ou um mês, fazer uma grande
ação, como a do Rio de Janeiro, para prender os grandes traficantes. Estes, sim,
estão acabando com a sociedade.
Noventa e cinco por cento dos presos são usuários de drogas e não
traficantes. Por que foram presos? Não porque usaram drogas, mas porque, quando
o fizeram, cometeram um delito. Por isso, estão cheias as cadeias do Brasil inteiro, e
os traficantes estão do lado de fora.
Parabéns ao Rio de Janeiro pela decisão tomada.
Obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. JAIR BOLSONARO (PP-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
meus companheiros, quero tratar de um assunto que, no meu entender, em 20 anos
de Congresso Nacional, é o maior escândalo de que já tomei conhecimento. Não
tem nada a ver com corrupção. Afinal de contas, esse é um tema corriqueiro neste
Governo.
Na semana passada, houve reunião na Comissão de Direitos Humanos e
Minorias, em conjunto com a Comissão de Educação, com a presença do Sr. André
Lázaro, Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, do MEC.
Estava presente uma plateia composta de gays, lésbicas, bissexuais, travestis,
transexuais e transgêneros. Essa turma toda reunida tomou decisões de que esta
Casa não está sabendo. E digo mais: a maioria dos integrantes da Comissão de
Educação também não está sabendo dessa decisão.
Atenção, pais de alunos de 7, 8, 9 e 10 anos, da rede pública: no ano que
vem, seus filhos vão receber na escola um kit intitutado Combate à Homofobia. Na
verdade, é um estímulo ao homossexualismo, à promiscuidade. Esse kit contém
DVDs com duas historinhas. Seus filhos de 7 anos vão vê-las no ano que vem, caso
não tomemos uma providência agora.
Primeira história: um garoto de mais ou menos 14 anos, de nome Ricardo, vai
ao banheiro fazer pipi, olha para o lado, vê um coleguinha dele fazendo pipi também
e se apaixona por esse colega. Vocês da galeria estão ouvindo? Isso está no Jornal
da Câmara da semana passada. Isso pode ocorrer com o filho de vocês um dia. Ele
se apaixona, resolve vencer o bullying e assumir sua homossexualidade. Os garotos
de 7, 8, 9 e 10 anos vão assistir a esse filme no ano que vem.
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Vamos às cenas do filme dali para frente. Quando a professora o chama de
Ricardo na sala de aula, ele se revolta, morde os beiços com seus trejeitos e
balbucia: “Bianca. Meu nome é Bianca”.
No final, esse filme dá a seguinte lição de moral: esse comportamento do
Ricardo ou da Bianca passa a ser um comportamento exemplar para os demais
alunos.
Depois há outro filme de duas meninas lésbicas, de aproximadamente 13
anos de idade, namorando. A grande discussão da Comissão de Direitos Humanos
e Minorias — sinto asco ao me referir a essa Comissão — é tratar do beijo lésbico
de duas meninas.
Atenção, pais, no ano que vem, sua filha de 7, 8, 9 ou 10 anos vai assistir a
esse filmete, que já está sendo licitado. A grande discussão da nossa Comissão de
Direitos Humanos e Minorias é a profundidade em que a língua de uma menina tinha
que entrar na boca da outra menina. Dá para continuar discutindo esse assunto? Dá
nojo!
Esses gays e lésbicas querem que nós entubemos, como exemplo de
comportamento, a sua promiscuidade. Isso é uma coisa extremamente séria.
O Presidente da Câmara dos Deputados tem que tomar providências no
tocante a esse assunto. Nós não podemos submeter-nos ao escárnio da sociedade.
Esse kit, destinado a crianças de 7 a 12 anos, será distribuído no ano que vem para
6 mil escolas públicas do Brasil. Isso é uma vergonha!
Comissão de Direitos Humanos, não; Comissão... Para não ser advertido pelo
discurso, vou poupar o adjetivo para essa Comissão. Eles querem, inclusive, excluir-
me da Comissão, sob a alegação de ser eu um elemento antidemocrático.
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Essa história de homofobia é uma história de cobertura para aliciar a
garotada, especialmente os garotos que eles acham que têm tendências
homossexuais. Está na pesquisa, publicada aqui, o número de garotos gays ou de
meninas lésbicas, repito, de 7, 8, 9 e 10 anos.
Pelo amor de Deus, meus colegas que estão nos gabinetes! Pelo amor de
Deus! Daqui a pouco vem aqui um cidadão dizer que estou mentindo. O que está
acontecendo está publicado no Jornal da Câmara, está publicado no Correio
Braziliense, está publicado em vários jornais do Brasil.
Ontem eu participei da gravação do programa da Luciana Gimenez. É um
tema que... Não me agrada falar em homossexual. Eu realmente assumo o que
disse na TV Câmara: se um garoto tem desvio de conduta logo jovem, ele deve ser
redirecionado para o caminho certo, nem que seja com umas palmadas.
Acusam-me de ser violento, mas não sou promíscuo, não sou canalha com as
famílias brasileiras!
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PAES LANDIM (PTB-PI. Sem revisão do orador.) -
DISCURSO DO SR. DEPUTADO PAES LANDIM QUE, ENTREGUE AO
ORADOR PARA REVISÃO, SERÁ POSTERIORMENTE PUBLICADO.
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O SR. AFONSO HAMM (PP-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ao
ocupar a tribuna na Câmara dos Deputados, eu gostaria de traçar, nestes cinco
minutos de manifestação, um paralelo de preocupação e de busca de soluções
efetivas para a questão da segurança pública no nosso País.
Durante este ano, como Deputado Federal, atuei muito na defesa e na
sustentação de que precisamos recuperar e dar verdadeira dignidade aos policiais
militares e civis e aos bombeiros. Refiro-me à PEC 300, de 2008.
Nós, que já aprovamos essa matéria em primeiro turno, buscamos aprová-la
em segundo turno ainda no final desta Legislatura, pois temos o dever de dar
condição de dignidade a quem nos dá segurança nas ruas.
O País assiste nestes últimos dias, em especial neste fim de semana, no Rio
de Janeiro, à ocupação dos morros, à mobilização das polícias, à integração das
Forças Armadas, mostrando a importância da ação do Estado na busca da garantia
da condição de vida e de livre acesso a todas as comunidades.
São tristes e preocupantes os acontecimentos na Capital do Rio de Janeiro,
que será sede, em 2014, da Copa do Mundo de Futebol e, em 2016, das
Olimpíadas, mas acreditamos que essas providências vão dar consistência à
segurança pública.
No entanto, precisamos, no Congresso Nacional, também fazer o nosso
papel: buscar mais recursos, buscar mais investimentos, ampliar o orçamento,
garantir condição de dignidade para as nossas polícias.
Por isso tomei a iniciativa de apresentar hoje o Requerimento nº 7.501, de
2010, sobre a inclusão da PEC 300 na Ordem do Dia.
Faço um apelo aos Líderes e a todos os nossos colegas Parlamentares.
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A sociedade fica angustiada. Vemos a necessidade do aparelhamento, da
capacitação, da qualificação das polícias. Precisamos remunerar melhor esses
profissionais, pois tenho a convicção de que isso é muito importante para
diminuirmos a violência, para fazermos um combate efetivo à criminalidade, ao
tráfico de drogas — que dissemina, destrói a vida não só de jovens e adolescentes
—, à pedra do crack e outras drogas — que têm comprometido a sociedade e as
famílias dos nossos brasileiros.
Não é diferente no meu Estado, o Rio Grande do Sul, onde estamos com
campanhas nesse sentido. Quero, usando esta tribuna, na condição de Parlamentar,
apontar os problemas e buscar soluções. Acredito que poderemos conter a
violência, ampliar a segurança, mas tudo começa pela dignidade dos policiais, que
devem ter uma remuneração justa, condições efetivas para trabalharem e, quem
sabe, um percentual no Orçamento, como é o caso da educação, que avançou, e da
saúde, que está, em passos lentos, melhorando a condição de todas as famílias.
Mais segurança é do que precisamos no País.
Pesquisa recente do IBOPE mostra que saúde e segurança são as duas
preocupações de prioridade da população brasileira.
Por isso peço que possamos aqui, com a sensibilidade de todos os
Parlamentares, incluir as PECs 300 e 446 na discussão para dar segurança e
dignidade aos brasileiros.
PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo esta tribuna para solicitar apoio
dos nobres pares. Conclamo os Líderes para que coloquem na pauta de votação
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desta Casa, ainda este ano, as PECs 300, de 2008, e 446, de 2009, que
estabelecem o piso salarial nacional para os bombeiros, as polícias civis e militares
e propicia dignidade às famílias desses grandes heróis do País.
Fizemos um grande esforço para a votação da PEC 300 em primeiro turno, o
que foi concretizado no primeiro semestre. Agora estamos na expectativa de que
essa votação seja concluída ainda nesta Legislatura, a fim de que os profissionais
da segurança pública possam dispor de parâmetros novos para a reorganização das
suas carreiras.
Nos últimos dias, o Brasil vivencia cenas de terror com a onda de violência no
Rio de Janeiro, cidade que é cartão postal do Brasil. Integrantes da segurança
pública do Rio de Janeiro e o reforço de outros Estados ingressaram no embate para
combater a criminalidade e o tráfico de drogas. A operação militar e policial para
despejar dezenas de traficantes e drogas das favelas está obtendo resultados
positivos com a prisão de criminosos. O policiamento na cidade foi reforçado com
profissionais, viaturas e inclusive com a presença dos tanques blindados do
Exército.
Dado a este cenário que abala não somente o Rio de Janeiro, mas também
todos os brasileiros, concluo que é de fundamental importância o Congresso
Nacional dar atenção a esta área que precisa de suporte como melhores salários,
qualificação, equipamentos e viaturas. É por este motivo que defendo, nesta Casa, a
votação urgente da PEC 300, que resgata a dignidade dos policiais, da nossa Polícia
Militar, da nossa Polícia Civil e dos integrantes dos Corpos de Bombeiros. Esta é
uma bandeira de prioridade da minha atuação e tenho a certeza de que de todo o
Congresso brasileiro.
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Precisamos finalizar logo essa votação para estabelecer um salário
condizente aos policiais que diariamente colocam em risco a vida para proteger a
população.
Buscamos uma qualificação e, principalmente, uma condição digna de
remuneração para os policiais. E para valorizarmos as famílias, para valorizarmos o
cidadão, tudo passa pela condição de segurança.
Temos certeza de que vamos concluir a votação em segundo turno da
proposta, dando ao Senado a oportunidade de manifestar-se sobre o assunto.
É por este motivo que, mais uma vez, manifesto minha posição favorável à
votação da PEC 300 ainda neste período legislativo e peço apoio a todos.
Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que autorize a divulgação deste discurso nos
meios de comunicação desta Casa legislativa.
Era o que tinha a manifestar.
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O SR. BETINHO ROSADO (DEM-RN. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira, colegas Deputados, a imprensa nacional
noticiou que o Governo está disposto a comprar energia a partir das termelétricas,
com a oferta adicional de petróleo que teremos com o pré-sal.
A compra de energia a partir das termelétricas — uma forma de energia
absolutamente poluente — significa um retrocesso para um país como o Brasil, que
tem uma das mais limpas energias do mundo.
Por que estamos dizendo que poderemos comprar energia a partir das
termelétricas? Parece que se projeta uma demanda de energia que não pode, a
curto prazo, ser atendida com a expansão das hidrelétricas ou outras formas de
energia menos poluente. Talvez isso traduza a falta de planejamento do Ministério
de Minas e Energia em relação ao crescimento e ao desenvolvimento do Brasil.
Fazemos um apelo ao Executivo para que incremente a produção de energia
eólica. Ela atende o Nordeste, uma das regiões mais pobres do Brasil, que tem 50%
do potencial de produção de energia eólica do nosso País.
Para aumentar essa oferta, basta que o Governo estabeleça um horizonte no
tempo para comprar energia eólica. Os leilões de energia eólica estão sendo feitos e
atendidos pelas empresas, mas as turbinas estão sendo importadas da China, da
Alemanha, porque não temos ainda uma indústria para suportar a produção de
energia eólica. Não temos isso porque o Governo não estabelece um horizonte no
tempo para a compra dessa energia.
Se o Governo estabelecesse 300 megawatts de compra de energia eólica
anualmente, durante 20 anos, já seria um indicativo para a iniciativa privada de que
ele vai incrementar essa forma de energia e as indústrias nacionais e multinacionais
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associadas à produção de energia eólica devem se instalar no País e, claro, no
Nordeste brasileiro, onde teremos a maior quantidade de usinas em produção de
energia.
O Executivo precisa refletir sobre a necessidade de desenvolvimento e
crescimento nacional e regional, para que possamos ter uma produção de energia
eólica que atenda à demanda do País. Não é difícil. Basta que o Governo estabeleça
essa forma e crie a demanda, como fez no caso do biodiesel. Vejam o sucesso do
programa do biodiesel. O Governo estabeleceu que, em 5 anos, a partir da vigência
da lei, incluiria 2% de biodiesel no óleo diesel e, em três anos, em 2013, passaria
para 5%. Já estamos com 5% de biodiesel dentro do diesel, porque a política do
Governo foi acertada.
Estabelecer uma demanda de energia eólica é o caminho para consolidar a
indústria de produção dessa energia e oferecer uma alternativa de desenvolvimento
e de crescimento para o Nordeste brasileiro e para a Nação.
Obrigado.
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O SR. RÔMULO GOUVEIA (PSDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras e Srs. Deputados, no próximo dia 13 de dezembro, todo o Nordeste
irá comemorar o aniversário de nascimento de um dos seus maiores nomes, que em
vida lutou pelas coisas e pela gente daquela região. Se vivo estivesse, esse mito da
música popular brasileira estaria completando 98 anos.
Para celebrar essa data, a Universidade Estadual da Paraíba — UEPB, em
parceria com o Museu Fonográfico Luiz Gonzaga, sediado em Campina Grande,
Paraíba, irá realizar um grande evento comemorativo, rememorando o grande
talento do cantor e compositor nordestino.
Esse evento, que acontece desde 2001, contará em sua programação com
uma missa campal, celebrada pelo Padre Assis, da Paróquia Nossa Senhora de
Fátima, do bairro Palmeira, em Campina Grande. Ela será realizada no pátio externo
daquele museu.
As comemorações em homenagem a “Seu Lua” incluirão também shows com
grandes nomes da música regional, a exemplo de Amazan; Cicinho, “o Vaqueiro do
Forró”; João do Pife e seus Cabras; Grupo Xamego; Rangel Junior e Jorge Ribbas.
Como parte dessa grande iniciativa, haverá também o lançamento de dois
livros sobre a vida de Luiz Gonzaga. Homenagens Especiais ao Eterno Rei do
Baião, de autoria do escritor cearense José Marcelo Leal é o primeiro deles. Em
seguida, haverá o lançamento do livro O Rei e o Baião, escrito por Bené Fonteles,
patrocinado pelo Ministério da Cultura (MINC). Esse livro será lançado
simultaneamente nas cidades de Campina Grande, Recife (PE) e Exu (PE).
É impossível enumerar as qualidades de Luiz Gonzaga. Todos nós sabemos
de sua grande contribuição para a música popular brasileira. Poucos deixaram um
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legado cultural tão rico, que influenciou e influencia gerações e gerações de
músicos, compositores e, sobretudo, a gente simples do sertão, como ele gostava
de cantar.
É inegável a importância de eventos como esse para manter viva a memória
daquele que em vida usou a música para lutar pelos direitos do povo sofrido do
Nordeste. Os jovens precisam conhecer e perpetuar a obra de Seu Luiz Gonzaga.
Campina Grande, cidade onde se realizam os maiores festejos juninos do
País, o Maior São João do Mundo, sempre dedicou um carinho especial a Luiz
Gonzaga, onde também era presença constante. Recebeu, inclusive, o Título de
Cidadão Campinense, em 1972, propositura do então Vereador Manoel Joaquim
Barbosa.
A cidade também é a sede de um dos mais importantes centros de pesquisa e
guarda do acervo do Mestre Gonzagão: o Museu Fonográfico Luiz Gonzaga.
O Museu Fonográfico Luiz Gonzaga foi organizado pelo professor e
pesquisador José Nobre de Medeiros. Atendendo a um pedido do próprio Gonzagão,
feito em 1988, ele reuniu sua coleção de recortes de jornal, discos de vinil,
instrumentos e roupas numa pequena casa e transformou-os em peças de um
museu particular.
Todos os objetos expostos no local foram adquiridos pelo próprio professor,
com recursos próprios. Hoje, o espaço é considerado o maior museu fonográfico a
abrigar a obra gonzaguiana — superando, inclusive, o Museu do Baião, instalado em
Exu, terra natal do artista — e uma referência nacional na preservação e divulgação
do talento dos músicos de origem nordestina da MPB.
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Além de discos, CDs, fitas cassetes e até discos de cera de carnaúba
(antecessores dos discos de vinil), alguns pertences de Luiz Gonzaga, a exemplo de
sanfona, gibão e blusões, também estão expostos, bem como 250 pôsteres, 25
livros, oito monografias, três dissertações de mestrado e três de doutorado, 150
entrevistas, 14 filmes e mais de 500 jingles.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é louvável a iniciativa da
Universidade Estadual da Paraíba, representada pela Magnífica Reitora Marlene
Alves e pelo Prof. José Nobre, por meio do museu por ele idealizado. Juntos, eles
irão realizar tão importante evento, que irá reverenciar a vida e a obra de Luiz
Gonzaga, um exemplo a ser perpetuado.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência vai começar o
Grande Expediente exatamente às 15h30min.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para uma breve intervenção, tem a
palavra, pela ordem, o ilustre Deputado Pedro Wilson, por um minuto.
O SR. PEDRO WILSON (PT-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, ontem houve mais uma ação positiva do Presidente Lula, que, com o
Ministro Fernando Haddad, enviou a esta Casa o novo Plano Nacional de Educação.
Sabe V.Exa., grande líder de Serra Talhada e de Pernambuco, que o
Presidente Lula colocou a educação em primeiro lugar no Brasil. A expansão das
universidades federais, das escolas técnicas e dos institutos federais de ciência e
tecnologia possibilitaram avanço extraordinário, com a realização de 40% das metas
do Plano Nacional de Educação.
Agora, o Ministro Haddad e o Presidente Lula lançam o novo Plano Nacional
de Educação. Oxalá seja a realização do sonho da educação brasileira!
Obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Edio Lopes, anteriormente chamado.
O SR. EDIO LOPES (Bloco/PMDB-RR. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste exato momento, no plenário da Comissão
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, está sendo realizada audiência
pública para que seja discutida a ampliação de três reservas ambientais no Estado
de Roraima.
A situação está se tornando insustentável naquela Unidade da Federação. A
área territorial de Roraima é de quase 24 milhões de hectares, e hoje, com a
legislação em vigor, nós não podemos explorar, de forma racional e econômica,
mais do que 1 milhão de hectares, uma vez que mais de 65% do nosso território
correspondem a reservas indígenas ou ambientais.
Nós estamos discutindo com o Instituto Chico Mendes a possibilidade de
aquele órgão federal ampliar três áreas ambientais no Estado, mas, da forma
contundente como a União vem intervindo em Roraima, seja quanto à questão
indígena, seja quanto à questão ambiental, não resta outra saída para aquela
Unidade da Federação a não ser a sociedade começar a se insurgir contra os
ditames da União.
Se prosseguir esse estado de coisas, não restará ao povo de Roraima outra
saída a não ser a desobediência civil. Não é mais possível que a União continue
abusando daquela unidade federada da forma como tem feito, sobretudo nos últimos
anos. A população é surpreendida ora com nova reserva indígena, ora com nova
reserva ambiental. Vivemos permanentemente numa insegurança jurídica absoluta.
Portanto, fica aqui o meu protesto.
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O SR. ERNANDES AMORIM - Sr. Presidente, conto com a compreensão de
V.Exa. para fazer uma reclamação, com base no art. 96 do Regimento Interno.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - V.Exa. tem a palavra.
O SR. ERNANDES AMORIM (PTB-RO. Reclamação. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, há quase 2 anos venho discutindo na Comissão de Agricultura a
respeito de uma fiscalização no BNDES sobre recursos do Governo Federal
transferidos para empresas falidas no ramo da carne. Não tendo sucesso, recorri à
Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, que praticamente tem poder de
CPI. O Deputado Moreira Mendes foi o Relator e deu parecer favorável. O
documento foi encaminhado pelo Presidente da Câmara dos Deputados ao Tribunal
de Contas da União, onde foi distribuído a um Ministro-Relator e aprovado em
plenário. Isso ocorreu há mais de 1 ano, mas ainda não houve resposta.
Tudo é compreensível, até por causa do momento político passado. Não
queriam molestar o sistema político passado, porque isso talvez prejudicasse a
eleição de A ou de B. A política passou, e agora esperamos uma resposta técnica.
Estou encaminhando um requerimento à Mesa — peço que essa
reivindicação seja publicada, se possível — para que cobre do Tribunal de Contas
da União, por ser um órgão auxiliar desta Casa, o resultado dessa fiscalização. É
caso de polícia, de cadeia, pior do que o caso da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Sou Deputado Federal e preciso dessa resposta antes que termine o
mandato. Até porque não me candidatei à reeleição e no mês que vem deixarei esta
Casa. Nesse período, desejo ter essa resposta, para que faça parte dos arquivos do
meu trabalho na Câmara dos Deputados. O próprio Relator, Deputado Moreira
Mendes, que tem interesse na moralidade, dará continuidade a esse trabalho.
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Sr. Presidente, era essa a reivindicação que gostaria de deixar ao Tribunal de
Contas da União e à Mesa desta Casa.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Deputado Ernandes Amorim, a
Presidência recolhe a reclamação de V.Exa. e vai encaminhá-la à Secretaria-Geral
da Mesa para que possa providenciar a resposta.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Manoel Junior.
O SR. MANOEL JUNIOR (Bloco/PMDB-PB. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, serventuários desta Casa, ocupo a tribuna nesta
tarde para fazer uma saudação especial à paraibana Rossana Dias Costa, de 17
anos, que venceu a Olimpíada de Língua Portuguesa. Ela está no sétimo mês de
gestação e hoje brilha no cenário nacional. Estuda no Município de Pedra Lavrada,
Paraíba — cursa o terceiro ano do ensino médio na Escola Estadual Graciliano
Fontini Lordão —, e reside no Curimataú paraibano.
O Nordeste e as regiões mais pobres e longínquas deste País, Deputado
Vilson Covatti, já deram figuras ilustres a esta Casa do povo e ao Senado Federal.
Deputado Rogério Marinho, V.Exa., que luta pela educação do nosso povo
não só no Rio Grande do Norte, mas também nesta Casa, como militante da
Comissão de Educação e Cultura, sabe que precisamos tratar dos temas
fundamentais para a melhoria da qualidade de vida neste País. As condições de
habitabilidade, Deputado Roberto Magalhães, passam pelo ensino de qualidade,
pelos investimentos em pesquisa, ciência e tecnologia.
Está aqui a prova de uma pessoa humilde, do Curimataú paraibano.
No final do meu discurso, saúdo, mais uma vez, não só Pedra Lavrada, Cuité,
Picuí, mas toda a região do Curimataú paraibano.
Parabéns a essa paraibana ilustre, Rossana Dias Costa, de 17 anos. Que o
seu primeiro filho já chegue não só coroado do êxito que sua mãe conseguiu nas
Olimpíadas, mas, principalmente, com muita saúde, fazendo a felicidade da família.
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Sr. Presidente, era isso que eu gostaria de anunciar, nesta tarde, ao povo
brasileiro, parabenizando a Paraíba.
O Sr. Inocêncio Oliveira, 2º Secretário, deixa a
cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Givaldo
Carimbão, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.
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O SR. PRESIDENTE (Givaldo Carimbão) - Concedo a palavra ao Sr.
Deputado Inocêncio Oliveira.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PR-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Brasil vem mudando o seu relacionamento
econômico com Portugal, entre os países de língua oficial portuguesa. Ficou no
passado a época do “comércio de compras natalinas” ou de cortiça e a emigração
de mão de obra para o comércio a varejo ou em grosso nos grandes centros
urbanos brasileiros.
Nos últimos 10 anos, multiplicaram-se os investimentos portugueses em
telecomunicações, na indústria de hotelaria e na construção civil, na área de
laminados de aço e no setor bancário.
Por outro lado, houve uma corrente inversa, com o Brasil distinguindo-se,
como ocorreu em 2010, entre os países que estão a investir em Portugal, algumas
vezes em joint ventures com investidores portugueses na África — em particular, em
Angola.
O atual presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de
Portugal, Basílio Horta, acaba de declarar que se 2010 foi muito bom, com a
presença marcante de investimentos brasileiros no território português, isso
representou apenas o começo.
Só no primeiro semestre de 2010, grupos empresariais brasileiros aplicaram,
em Portugal, perto de 1 bilhão e 800 milhões de euros. Outros projetos brasileiros,
ademais da construção civil, vão dinamizar a atividade empresarial portuguesa,
como a construção aeronáutica. Isso ficou provado no interesse manifestado, em
Portugal, pela EMBRAER, que neste momento finaliza o projeto do avião cargueiro
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KC 390 para a Força Aérea Portuguesa, que irá substituir os antigos C 130.
Embora a situação econômica de Portugal apresente setores críticos, com
baixa produtividade e altos índices de desemprego, o país tem atraído inversões
estrangeiras em nível que atingiu, de janeiro a julho último, um saldo líquido de 1
bilhão e 885 milhões de euros.
O governo português, que teve o seu orçamento de 2011 aprovado há poucas
semanas, terá de sair da crise, provocada, principalmente, pelo déficit orçamentário,
com o aumento das exportações e quer ampliar suas relações com a China e outros
países que constituem o bloco BRIC. Também o Magreb — o norte da África — é
área considerada prioritária para os investidores de Portugal, que têm tido, todavia,
no Brasil, seus retornos maiores e mais rápidos, nos últimos anos.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa — CPLP também está
sofrendo transformações na sua atuação, voltando-se mais para as áreas de
intercâmbio econômico com Moçambique, além de Angola, Guiné-Bissau e Cabo
Verde.
Essa estratégia não exclui ampliar as relações com o MERCOSUL, que tem
um mercado de 267 milhões de habitantes.
O Brasil, como polo dinâmico do MERCOSUL, continua a ser considerado
área de prioridade 1 pelos investidores portugueses que buscam expandir seus
negócios externos, pois o mercado interno de Portugal é limitado. Há uma nítida
vocação para investimentos fora da Península Ibérica, e o idioma comum facilita
muito o relacionamento comercial com o Brasil e os países que integram a CPLP.
No setor do turismo, o Nordeste do Brasil já é bastante conhecido em suas
potencialidades, faltando, talvez, da nossa parte, para consolidar a presença dos
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investidores portugueses, criar melhores condições de infraestrutura no litoral, para
permitir fluxo mais regular para construção dos resorts, principalmente estradas de
acesso, ampliação de aeroportos e reaparelhamento dos portos, telecomunicações e
treinamento de pessoal em hotelaria e turismo receptivo.
Muito obrigado.
O Sr. Givaldo Carimbão, § 2º do art. 18 do
Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é
ocupada pelo Sr. Inocêncio Oliveira, 2º Secretário.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.
Deputado Carlos Bezerra.
O SR. CARLOS BEZERRA (Bloco/PMDB-MT. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não há nada de mais perverso e
cruel ao futuro de uma sociedade que almeja a plenitude democrática do que a
manutenção de práticas discriminatórias entre as diversas categorias de
trabalhadores.
Lamentavelmente, é isso o que vemos acontecer hoje no Brasil no que se
refere à absurda desigualdade entre os direitos dos empregados domésticos e os
dos demais trabalhadores.
Por esse motivo, e na perspectiva de avançarmos na consolidação da
democracia e na efetivação de um projeto nacional de desenvolvimento com
soberania, sustentabilidade e verdadeira igualdade de oportunidades para toda a
nossa sociedade, comunico a este Plenário que apresentei, em 14 de abril de 2010,
a Proposta de Emenda à Constituição nº 478/2010, que “revoga o parágrafo único
do art. 7º da Constituição Federal, para estabelecer a igualdade de direitos
trabalhistas entre os empregados domésticos e os demais trabalhadores urbanos e
rurais”.
Caros Parlamentares, há muito o Estado brasileiro é cobrado no que diz
respeito à iniciativa de corrigir um processo histórico de discriminação contra os
trabalhadores domésticos. O próprio Governo Federal chegou a discutir, em 2008,
por intermédio de grupo multidisciplinar que envolveu a Casa Civil e os Ministérios
do Trabalho, Previdência Social, Fazenda e Planejamento, mudanças na legislação
da maior categoria profissional do Brasil, formada por 6,8 milhões de trabalhadores.
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A intenção era encaminhar uma PEC ao Congresso Nacional até o final de 2008.
Como isso não aconteceu, Sr. Presidente, resolvi avocar a mim essa
responsabilidade, pois considero inaceitável convivermos com um sistema normativo
que permite a existência de trabalhadores de “segunda categoria”, uma verdadeira
nódoa na Constituição Cidadã de 1988.
Por incrível que pareça, a nossa Carta Magna possui inequívoca contradição:
proíbe qualquer tipo de discriminação, ainda que salarial; no entanto, o parágrafo
único do próprio art. 7º, ao mesmo tempo em que elenca 34 direitos fundamentais
laborais aos trabalhadores urbanos e rurais, assegura aos domésticos apenas 10,
criando uma verdadeira discriminação social contra esses trabalhadores e os
mantendo numa categoria de “menos iguais”.
Senhores, o meu propósito é claro e transparente: mudanças no regime
jurídico dos trabalhadores domésticos, permitindo-lhes acesso obrigatório ao FGTS,
ao seguro-desemprego, ao pagamento de horas extras, ao adicional noturno, ao
salário-família e ao benefício previdenciário por acidente de trabalho, prerrogativas
que estão excluídas do rol dos direitos a eles assegurados no parágrafo único do art.
7º da Constituição Federal.
É importante dizer ainda que esse assunto vem ganhando cada vez mais
corpo, por ser um tema incorporado à atual pauta de organizações da sociedade civil
que promovem a defesa dos direitos da mulher e dos negros, segmentos da
população que compõem majoritariamente a categoria. Segundo dados da Pesquisa
Nacional por Amostragem de Domicílio — PNAD de 2006, o trabalho doméstico
representa 16,7% da força de trabalho feminina no País, sendo que, entre as
mulheres negras com ocupação, esse percentual chega a 21,7%, quase o dobro do
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contingente formado por brancas, amarelas e indígenas (13%).
Sr. Presidente, tenho um vasto currículo no mister político — iniciei como
Deputado Estadual em 1975, e já fui Prefeito, Governador e Senador da República
— e sei que projeto desse porte encontrará forte resistência.
Os argumentos adversários são de longa data conhecidos, em especial o de
que o aumento da proteção legal elevaria os encargos sociais e trabalhistas, o que
conduziria a categoria à informalidade e diminuiria as oportunidades de emprego.
É fato que a informalidade é grande nessa categoria de trabalhadores, uma
vez que apenas 27,8% dos domésticos possuem registro em carteira, de acordo
com dados da PNAD de 2006. Mas é duvidoso que isso possa ser atribuído ao
excesso de legislação, até porque atualmente a legislação é mais flexível do que a
do trabalhador comum, e nem por isso há um aumento de formalidade em relação à
média dos demais trabalhadores. Pelo contrário.
Senhores, não há como conciliar democracia com as sérias injustiças sociais,
as variadas formas de exclusão e reiteradas violações aos direitos dos trabalhadores
domésticos que ocorrem em nosso País. A sociedade brasileira está empenhada em
promover uma democracia verdadeira. E é preciso dizer a essa mesma sociedade
que o Poder Legislativo tem compromisso real com a promoção dos direitos sociais
de nossa população.
É chegada a hora, portanto, de o País se livrar de uma das mais indignas e
execráveis heranças do regime do trabalho servil pelo qual a nossa civilização
infelizmente passou, que é a discriminação jurídica dos trabalhadores domésticos,
situação que frequentemente leva a sentimentos de inferioridade e situações de
preconceito.
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Conto com o apoio dos colegas Parlamentares para fazermos andar com
celeridade essa proposição. Afinal, não podemos deixar que a apatia, a indiferença e
a discriminação contaminem a nossa democracia.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. OSMAR SERRAGLIO (Bloco/PMDB-PR. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, comemora-se hoje em Curitiba o
Dia do Taxista, pois, por meio de lei municipal da Capital paranaense, o dia 30 de
novembro foi consagrado aos taxistas.
Na condição de Parlamentar que recebeu expressivo apoio dessa prestigiada
categoria, cumprimento efusivamente todos os seus integrantes, agradecendo não
só o seu empenho, mas, acima de tudo, também os gestos de amizade com que se
dedicaram à minha recondução a este Parlamento.
Embora seja a de taxista uma profissão quase centenária, até agora não se
encontra regulamentada. Está na decisão desta Casa fazê-lo, aliás, está muito
próxima essa aprovação, uma vez que a matéria já se encontra na Comissão de
Constituição e Justiça e de Cidadania para deliberação em caráter conclusivo.
Em Curitiba, estão autorizados 2.252 táxis e cerca de 5 mil motoristas,
contando-se os titulares e colaboradores, segundo dados da URBS — Urbanização
de Curitiba, órgão a que está afeto o serviço.
Em sua grande maioria, os taxistas curitibanos estão integrados a centrais de
táxis, o que lhes permite maior eficiência e presteza no atendimento à população e
os dispensa de ficar rodando à procura da clientela. As centrais também servem de
apoio profissional aos filiados, na medida em que melhor os habilitam a prestar um
serviço qualificado, valendo-se de intercomunicação moderna e de facilidade na
identificação dos locais pretendidos, além de lhes oferecer a proteção especial que
decorre do espírito associativista.
Nossos taxistas nos orgulham por sua permanente disposição de prestar
excepcional serviço, a despeito dos problemas diuturnos que os acometem, como as
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dificuldades do trânsito, cada vez mais congestionado e estressante, além da
insegurança e da violência que têm até mesmo ceifado a vida de alguns
companheiros.
Nada os esmorece: socorrem em emergências, auxiliam no transporte de
objetos, ajudam crianças e idosos. São sempre a mão amiga estendida a quem lhes
solicitar os préstimos.
Para os que nos visitam, são nossos mensageiros, traduzindo as
características e peculiaridades da pujante Curitiba. São eles que firmam a primeira
impressão sobre nossa gente e fazem conhecida nossa Capital, ao conduzir os
turistas aos locais que emprestam à cidade tanto destaque, não só nacional, como
também internacional.
Em troca, são privilegiados e se enriquecem com o contato com tantas
pessoas, das mais diferenciadas categorias, às vezes fazendo do trabalho uma
aventura, pelas histórias ouvidas, vividas e compartilhadas com os passageiros.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, desejo, por tudo isso,
cumprimentar os taxistas curitibanos pelo transcurso de seu dia, augurando-lhes
sucesso no exercício dessa nobre profissão.
Muito obrigado.
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A SRA. LÍDICE DA MATA (Bloco/PSB-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ontem pela manhã, esta Casa realizou
sessão solene em homenagem ao Dia Mundial do Turismo. Como ocorre todo ano,
desde 27 de setembro de 1980, a Organização Mundial do Turismo, define um
grande tema para reflexão e debate de todo o setor turístico mundial e objeto central
de mobilização no Dia Mundial do Turismo. Para este ano de 2010, o tema proposto
foi Turismo e diversidade biológica.
Por iniciativa da Deputada Professora Raquel Teixeira, Presidenta da
Comissão de Turismo e Desporto desta Casa, a sessão solene contou com a
presença do Ministro do Turismo, Luiz Barretto; do Secretário-Executivo do Fórum
Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo — FORNATUR, Marcos
Pompeu, e do representante do Conselho Nacional de Turismo, Cláudio Magnavita.
Entre outras importantes entidades do trade turístico, ali estavam representadas a
Associação Brasileira dos Agentes de Viagens, a Associação Brasileira de Cruzeiros
Marítimos, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo e a
Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação.
Em sua mensagem oficial, o Sr. Taleb Rifai, Presidente da Organização
Mundial do Turismo destacou a importância da biodiversidade para o turismo, em
particular para a inclusão das comunidades locais nos benefícios das atividades
turísticas.
Há muito tempo superamos a visão ingênua do passado de que o turismo
seria uma atividade sem impacto ambiental. Não existe, infelizmente, atividade
humana que não exerça maior ou menor impacto sobre o meio ambiente. Mas é
crescente a visão no setor de que apenas o desenvolvimento ambientalmente
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sustentável do turismo poderá oferecer uma perspectiva de futuro para a atividade,
bem como para a própria sobrevivência da humanidade.
No País, vivemos a expectativa da realização de dois dos maiores eventos
mundiais: a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos e
Paraolímpicos, em 2016.
Na defesa de nossa candidatura perante a FIFA, foi proposta a realização de
uma copa verde. Se é evidente que eventos com essa envergadura já nos impõem
imensos desafios na área de infraestrutura, tais como mobilidade urbana, sistema
aeroportuário, estádios modernos, seguros e confortáveis e hotelaria de padrão
internacional, esses compromissos com a sustentabilidade ambiental nos trazem
novos e complexos desafios.
Entre esses desafios, destacam-se: assegurar prioridade ao transporte
coletivo e ao uso de biocombustíveis, priorizando alternativas como o veículo leve
sobre trilhos ou sobre rodas, monotrilho e metrô; assegurar a requalificação do
transporte ferroviário; incrementar a oferta de produtos orgânicos; promover o
ecoturismo e o turismo rural, e exigir a certificação ambiental para reforma ou
construção dos estádios e hotéis para aprovação de empréstimos em bancos
públicos.
Sabemos os caminhos a percorrer. Resta ao setor turístico nacional, ao setor
governamental e a toda a sociedade brasileira aceitar sem vacilação esses desafios,
para realizarmos uma Copa e uma Olimpíada dignas do novo Brasil que estamos
construindo.
Atos como o que foi promovido pela Comissão de Turismo e Desporto na
manhã de ontem, em comemoração ao Dia Mundial do Turismo, significam a
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confirmação desses compromissos por parte da Câmara dos Deputados, do
Governo Federal e do trade turístico.
Feito o registro, passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente.
Sras. e Srs. Deputados, no dia 25 de novembro, Dia Internacional pela Não
Violência Contra a Mulher, o Governador da Bahia, Jaques Wagner, participou do
Ato Solene pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, em Salvador.
Esse ato fez parte da programação nacional realizada pelo Governo Federal,
por meio da Secretaria de Políticas para as Mulheres, em parceria com a Secretaria
de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia, e reafirmou o compromisso dos
Governos Federal e Estadual com o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência
Contra as Mulheres.
Durante a solenidade, o Governador Jaques Wagner entregou 22 carros para
Prefeituras de Municípios baianos, para auxiliar no combate à violência de gênero. O
ato contou também com a presença da Ministra da Secretaria de Políticas para as
Mulheres, Nilcéa Freire, que apresentou os avanços alcançados pelo Governo
Federal com as políticas públicas para as mulheres.
A celebração se encerrou com o show Por Uma Vida Sem Violência II,
comandado pela cantora Margareth Menezes.
Para concluir, Sr. Presidente, solicito a V.Exa. a divulgação deste
pronunciamento pelos canais de comunicação da Casa.
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O SR. WELLINGTON FAGUNDES (PR-MT. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o setor industrial de Mato Grosso está
comemorando os 35 anos de criação da Federação das Indústrias no Estado. A
instituição congrega um dos setores que mais impulsiona o desenvolvimento de
Mato Grosso e que tem prestado um importante trabalho na elaboração de políticas
e programas para o setor.
A Federação das Indústrias nasceu em 25 de novembro de 1975 e para
comemorar o seu aniversário lançou um selo comemorativo e uma placa alusiva à
data, colocada na sede da instituição, em Cuiabá.
O selo personalizado será utilizado em todas as correspondências da
entidade encaminhadas ao Estado, às demais localidades brasileiras, e também nas
que forem enviadas ao exterior. Ele ilustra um Estado em franco desenvolvimento,
moderno e em vertiginoso crescimento. Quero aqui parabenizar o Presidente em
exercício do Sistema FIEMT, Jandir Milan, e o Diretor Regional dos Correios, Milton
do Nascimento, pelo evento.
Quero aqui ressaltar o papel do Governo do Estado, que tem adotado uma
competente política de incentivos para atração de novos investimentos.
E os resultados estão aí. Mato Grosso avança no sentido de transformar-se
num grande polo têxtil. Temos matéria-prima para isso. Somos o maior produtor de
algodão. Duas novas indústrias já estão instaladas no Estado — a Santana e a
Vicunha Têxtil.
Também estamos recebendo os investimentos da Cluster Bioenergia e da
BRENCO para a produção de etanol. O Grupo Votorantim está instalando mais uma
fábrica. E assim os exemplos são muitos.
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Enfim, quero deixar registrado aqui, Sr. Presidente, Srs. Deputados, os
parabéns à Federação das Indústrias e o nosso compromisso com esse setor para
avançarmos ainda mais no caminho do desenvolvimento e da geração de emprego e
renda.
Obrigado.
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O SR. ALEX CANZIANI (PTB-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Comissão de Trabalho, de Administração e
Serviço Público vem desenvolvendo uma atividade além do trabalho de rotina. Nós
criamos o programa Trabalho em Debate, que consiste de um ciclo de palestras com
temas relacionados ao mercado de trabalho.
Já trouxemos três palestrantes de peso. O primeiro foi o professor,
empresário e escritor Carlos Alberto Júlio, que falou sobre Perspectivas para o
mercado de trabalho. O segundo foi o sociólogo e professor de relações do trabalho
da USP José Pastore, que falou sobre O futuro do trabalho para o jovem brasileiro.
E na nossa terceira palestra recebemos o empresário da área de recursos humanos
Bernt Entschev, que discorreu sobre Como construir a sua marca.
Em todas as palestras, convidamos alunos universitários. A TV Câmara
transmitiu ao vivo as três palestras. A repercussão entre os estudantes e o restante
do público superou as nossas expectativas.
Sr. Presidente, estou certo de que esse tipo de iniciativa faz a diferença. É
nossa contribuição para aqueles que têm interesse em aprender mais, em se
atualizar num mercado de trabalho tão competitivo, que exige cada vez mais do
profissional. Discutimos as profissões do futuro, a maneira como o jovem deve se
preparar para o mercado de trabalho e o modo como deve se diferenciar para
alcançar o sucesso.
Há muito tempo trabalhamos por uma educação de qualidade, por
acreditarmos que este seja o caminho para o desenvolvimento do País. Estamos
certos de que essa iniciativa da Comissão de Trabalho vem contribuindo para
aumentar o leque de conhecimento. Até o final do ano teremos mais uma palestra,
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que vai encerrar o ciclo de quatro a que nos propusemos. Será mais uma palestra
que jogará luz sobre o tema “mercado de trabalho”, contribuindo para uma educação
de qualidade e diferenciada.
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O SR. VITAL DO RÊGO FILHO (Bloco/PMDB-PB. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero começar este
pronunciamento relembrando frase de uma música composta por Renato Russo,
vocalista já falecido do conjunto musical Legião Urbana, imortalizada na voz de
Cazuza e que o Brasil inteiro cantou: “Que país é este?”.
Nas últimas semanas, esta foi a minha grande interrogação: “Que país é
este?”. Todos nós estamos vendo o noticiário da televisão dar conta da verdadeira
guerra urbana em curso no Rio de Janeiro, algo sem precedentes e que vem
estarrecendo o Brasil inteiro.
E essa guerra nos traz uma preocupação adicional: estamos às vésperas de
sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, e, hoje, as imagens que o mundo
inteiro vê deste País são essas que a televisão tem mostrado, imagens que mais
lembram uma guerra civil, como as ocorridas recentemente no Iraque e no
Afeganistão.
Somos uma potência mundial, a oitava economia do planeta, um país de
destaque no bloco dos emergentes. Mas, por outro lado, estamos passando por
situação preocupante, e não apenas para nós, brasileiros, mas para o resto do
mundo também.
Essa caricatura social nos leva a uma corresponsabilidade, pois o dever de
buscar soluções para esse grave problema social está nas mãos não apenas da
Polícia Militar, do BOPE, da Polícia Civil e da Marinha, Força que em boa hora
entrou no combate. Também pesa sobre todos nós, Deputados e Senadores, a
responsabilidade de tomar providências.
É preciso que nos dediquemos a criar um novo Código de Direito
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Penitenciário, pois é justamente dos presídios que saem as ordens para a
bandidagem agir. Temos de criar ainda uma política nacional de combate às drogas,
uma política eficaz de enfrentamento às drogas também como um problema de
saúde pública. Só assim vamos extirpar esse mal, pois a droga é a origem do tráfico
e é o que gera tudo isso.
Está feito o alerta e também um pedido para envidarmos esforços para
combater a criminalidade, em nome de um Brasil tranquilo para os brasileiros e para
todos os visitantes estrangeiros.
Mas, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho também a esta tribuna
manifestar meu apoio e um abraço amigo à família Gadelha que, no início da última
quinta-feira, dia 25, recebeu a triste notícia do falecimento do querido ex-Prefeito de
Sousa, Salomão Gadelha, vítima de trágico acidente automobilístico.
Nessa hora de pesar, quero tecer aqui minha singela homenagem a Salomão
Gadelha, expondo um pouco de sua vida particular e de sua trajetória política:
1957 - Salomão Gadelha nasce em Sousa, em 29 de agosto. Filho de José de
Paiva Gadelha e Miriam Benevides Gadelha, é o caçula de sete irmãos e uma irmã.
1960 - Brasília é inaugurada. Jânio Quadros é eleito Presidente da República.
Jango é seu Vice. Na Paraíba, Pedro Gondim se elege Governador com ampla
maioria. Zabilo Gadelha, tio de Salomão, é o Vice.
1963 - Salomão Gadelha faz seu primeiro discurso, aos seis anos de idade,
em prol da candidatura de Felinto da Costa Gadelha, primo legítimo de seu pai e avô
de sua esposa, Aline. Feliz ironia em diversos sentidos, visto que Felinto, ou como
era mais conhecido, Cozinho, foi o Prefeito que levou água encanada à cidade de
Sousa. Anos mais tarde, Salomão seria o Prefeito a levar água de graça para a
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população carente da Cidade Sorriso, por meio da criação do Departamento de
Águas e Esgotos de Sousa (DAESA).
1966 - Seu pai, José de Paiva Gadelha, é eleito Deputado Federal pelo
recém-fundado Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Também foram eleitos, no
mesmo ano, o senador Ruy Carneiro e os sousenses Antonio de Paiva Gadelha, seu
tio, e Laércio Pires de Sousa, todos pelo MDB.
1968 - Salomão Gadelha é aprovado no concurso de admissão ao ginásio e
ingressa na primeira série ginasial do Colégio Comercial Cônego José Viana.
1970 - São eleitos Deputados Federais por Sousa Marcondes Gadelha
(MDB), seu irmão, e Antonio Mariz (ARENA). Também são eleitos por Sousa os
Deputados Estaduais Ananias Gadelha, tio de sua esposa, Aline; Laércio Pires
(MDB) e Eilzo Nogueira Matos (ARENA).
1970 - O Brasil é tricampeão do mundo. Salomão assiste à final da Copa do
Mundo de Futebol ao lado dos irmãos Paulo, Marcondes e Dalton Gadelha, na
cidade de Sousa.
1971 - Salomão é eleito Presidente do grêmio secundarista de Sousa e,
juntamente com Lucio Mattos, Ricardo Gadelha e Lauremília Lucena, realiza a I
Semana Secundarista de Sousa.
1972 - Transfere-se para Recife e inicia o curso científico no Colégio Torres,
pertencente ao famoso gramático Manoel Torres, paraibano de Catolé do Rocha.
1973 - Salomão Gadelha conhece pessoalmente o grande escritor Ariano
Suassuna, que proferiu palestra em sua sala de aula, no Colégio Torres.
1974 - Dos 22 Estados brasileiros, o MDB vence as eleições para o Senado
em 16. Em Pernambuco, Salomão engaja-se na campanha de Marcos Freire para o
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Senado e também participa da campanha de Senador de Ruy Carneiro, na Paraíba,
bem como da dos irmãos Paulo e Marcondes, respectivamente candidatos a
Deputado Estadual e Federal, ambos saindo vitoriosos do pleito.
1975 - É aprovado em primeiro lugar para o curso de Direito na Universidade
Católica de Pernambuco e em sétimo lugar no vestibular unificado de Pernambuco e
eleito representante de turma.
1976 - Salomão é eleito presidente de classe mais uma vez e inicia a luta pela
reabertura dos Diretórios Acadêmicos da Universidade Católica de Pernambuco.
1977 - Após dez anos de fechamento, os DAs são reabertos e eleições
convocadas. Salomão é eleito Presidente do Diretório Acadêmico do Centro de
Ciências Sociais da UNICAP, com 82% dos votos, numa eleição que envolveu 18
cursos, nos quais estavam inseridos 4 mil alunos. Encampa, ao lado de Raul
Jungmann e Paulo Resende, a luta pela libertação do preso político Cajá. Lidera
diversas manifestações pela revogação do AI-5 e do Decreto-Lei nº 477, que proibia
debates políticos nos colégios e universidades e permitia a cassação de direitos
estudantis.
1978 - Nasce sua primeira filha, Mirella, em Recife, fruto do seu casamento
com a escritora Marília Arnaud. Integra a coordenação geral das campanhas de
Jarbas Vasconcelos (MDB) ao Senado; Roberto Freire, à Câmara dos Deputados, e
Mano Teodósio, à Assembleia Legislativa de Pernambuco. Também participa
ativamente das campanhas de Humberto Lucena, ao Senado; Marcondes Gadelha,
à Câmara dos Deputados, e Paulo Gadelha, à Assembleia Legislativa, na Paraíba.
1979 - Conclui o curso de Direito, sendo eleito orador de turma. Pronuncia
discurso no Teatro de Parque. É eleito orador geral de todos os cursos da
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Universidade Católica de Pernambuco e realiza contundente pronunciamento contra
a ditadura militar, denunciando as duras violações aos direitos humanos promovidas
durante o regime, na presença do general comandante do Quarto Exército,
integrante da Mesa. Participa da comissão organizadora do comício de recepção ao
ex-Governador Miguel Arraes, que, em razão da Lei de Anistia, retornava ao Brasil
depois de longo exílio, e de grande comício no Largo de Santo Amaro.
1980 - Retorna a Sousa, assume a gerência-adjunta da Algodoeira André
Gadelha Ltda. e passa a lecionar a disciplina de Direito Penitenciário na Faculdade
de Direito de Sousa. Também ensina Direito Usual e Legislação aplicada no curso
de técnico em contabilidade do Colégio Comercial Cônego José Viana. O papa João
Paulo II visita o Brasil.
1981 - Inaugura a Rádio Jornal de Sousa. Em 14 de novembro, morre o seu
pai, José de Paiva Gadelha, vítima de enfisema pulmonar.
1982 - Há eleições gerais no Brasil, exceto para Presidente da República.
Salomão coordena as campanhas de Marcondes Gadelha, ao Senado; Doca
Gadelha, à Assembleia Legislativa; Cozinho Gadelha, à Prefeitura, e Tarcísio Burity,
à Câmara dos Deputados, todos vitoriosos pelo PDS.
1983 - É eleito Presidente do Sindicato das Indústrias de Beneficiamento de
Algodão da Paraíba e passa a integrar o Conselho da Federação das Indústrias do
Estado da Paraíba.
1984 - Hospeda em sua residência em Sousa o Ministro Mário Andreazza,
pré-candidato à Presidência da República.
1985 - Idealiza e põe em prática o Projeto Juventude, que propicia atividades
culturais para jovens.
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1987 - É eleito 1º Vice-Presidente da Associação dos Maquinistas de Algodão
do Nordeste (AMANE), com sede em Fortaleza.
1988 - É promulgada a Constituição Cidadã. Na noite de Natal, noiva com sua
futura esposa, Aline Pires Gadelha. Idealiza e inaugura a Rádio Líder FM.
1989 - Assume a função de primeiro juiz classista da então Junta de
Conciliação e Julgamento de Sousa, representando os empregadores. Casa-se com
Aline Pires Gadelha. Nasce a sua filha Myriam. Depois do imbróglio jurídico Sílvio
Santos/Marcondes Gadelha, Fernando Collor é escolhido Presidente da República,
após 29 anos sem eleições diretas.
1990 - É eleito pela terceira vez Presidente do Sindicato das Indústrias de
Beneficiamento de Algodão da Paraíba.
1991 - Nasce o seu filho José Lafayette.
1994 - O Brasil é tetracampeão mundial de futebol. Salomão assiste à final da
Copa do Mundo com seus filhos e sua mãe, Miriam Gadelha. Antônio Mariz e
Marcondes Gadelha fazem as pazes. Sousa unida consegue eleger seu primeiro
Governador.
1997 - Inicia as obras do Cotton Shopping Center.
1998 - Falece sua mãe, Miriam Benevides Gadelha. Marcondes Gadelha volta
à Câmara dos Deputados.
1999 - Nasce sua filha Maria Alice.
2000 - Disputa e vence sua primeira eleição para Prefeito de Sousa. Morre
seu irmão Doca Gadelha, brilhante Deputado, advogado e professor universitário.
2002 - Assume a Presidência do Consórcio de Turismo Intermunicipal do Vale
dos Dinossauros. Lula é eleito pela primeira vez Presidente da República. A saúde
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de Sousa é municipalizada graças aos esforços e à visão desbravadora de Aline
Gadelha.
2004 - É reeleito Prefeito de Sousa, com confortável maioria.
2005 - É eleito membro do Diretório Estadual do PMDB na Paraíba.
2006 - É eleito Presidente da União Nordestina de Prefeitos, no 2º Encontro
Nordestino de Prefeitos, realizado na cidade de Natal. Os serviços de água e esgoto
de Sousa são municipalizados. É recebido pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Coordena, junto com sua esposa, Aline, as candidaturas de Marcondes e Leonardo
Gadelha, ambos são eleitos. Falece Aline Gadelha, em 7 de dezembro de 2006.
2007 - É inaugurado em Sousa o Centro Cultural Banco do Nordeste, com a
presença do Ministro da Cultura, Gilberto Gil. O petróleo da Bacia do Rio do Peixe é
licitado. Como Presidente da UNEP, realiza o 3º Encontro Nordestino de Prefeitos,
em Recife. Promove, em João Pessoa, o 1º Seminário Interdisciplinar de Políticas
Públicas para a Geração de Energia Solar.
2008 - Último ano de mandato. Construído o Centro de Tradições Ciganas em
parceria com a ELETROBRAS. Realiza o 4º Encontro Nordestino de Prefeitos, em
Fortaleza. Promove o 2º Seminário Interdisciplinar de Políticas Públicas para
Geração de Energia Solar, em Natal, e o 3º Seminário Interdisciplinar de Políticas
Públicas para Geração de Energia Solar, em Brasília.
2009 - Inaugura seu escritório de advocacia em João Pessoa. É lançado
candidato a Deputado Estadual na convenção do PMDB em Sousa. É reeleito
membro do Diretório Estadual do PMDB na Paraíba.
2010 - No dia 6 de fevereiro, nasce sua primeira neta, Marina, filha do médico
Gustavo Andrade e de sua filha Mirella Gadelha.
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Salomão Gadelha falece aos 53 anos, deixando três filhos e a recém-chegada
neta Marina. Sua morte enluta a família, os amigos e a população de Sousa,
Município de que foi Prefeito por dois mandatos.
Dessa forma, nobres colegas, rendo minha homenagem a Salomão Gadelha,
um dos grandes representantes da política paraibana, externando mais uma vez
meu afetuoso e fraterno abraço à família enlutada, ao povo de Sousa e a todos que
o admiravam.
Que o conforto e o consolo que vêm de Deus sejam refúgio e refrigério a
todos neste momento de tristeza profunda.
Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. Sras. e Srs. Deputados,
demorou, mas aconteceu finalmente: o Governo anunciou amplas mudanças no que
diz respeito à regulação do mercado de cartões de crédito que começarão a valer a
partir de 1º de junho de 2011. A principal delas é determinação de um limite mais
alto para o pagamento mínimo da fatura, que, a partir de junho, será de 15% e, a
partir de dezembro de 2011, de 20%. A intenção, segundo o Banco Central, é evitar
o superendividamento das famílias.
Atualmente, a prática do mercado é o pagamento de, no mínimo, 10% da
fatura, mas isso é apenas uma convenção, não uma norma. A Diretoria de Política
Monetária do Banco Central acredita na eficácia da medida para reduzir o nível de
endividamento dos usuários de cartões de crédito, a despeito dos altos juros
praticados na rolagem desse tipo de dívida. Todavia, o limite para pagamento
mínimo poderá ser revisto ao longo do tempo.
O número de tarifas cobradas pelas operadoras de cartões é outra alteração
relevante nas regras do mercado de cartões. Com a redução do número de tarifas
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autorizadas a serem cobradas, os clientes pagarão apenas cinco das cerca de 80
hoje existentes, conforme ficou definido pelo Conselho Monetário Nacional. São
elas: anuidade, emissão de segunda via de cartão, utilização de saque na função
crédito, pagamentos de contas e, quando houver necessidade, avaliação
emergencial do limite de crédito. Essa regra, assim como as demais, passa a vigorar
em junho de 2011 para os cartões emitidos a partir desta data. Para os cartões já
existentes, a migração ocorrerá um ano depois, em junho de 2012. Esse
cronograma só não vale para o novo limite de pagamento mínimo, que atingirá todos
os cartões, novos e antigos.
Ao reduzir para cinco o número de tarifas e padronizá-las, o Governo busca
garantir aos consumidores a possibilidade de compararem preços e escolherem o
que melhor lhes convier. Além disso, os operadores de cartão terão de enviar aos
clientes um extrato detalhado sobre as despesas com tarifas, juros e encargos. E,
mais: terão de deixar claro aos clientes o custo efetivo total das operações de crédito
contratadas (juros e encargos cobrados, em termos percentuais).
Outra novidade nesse mercado definida pelo CMN foi a definição de dois tipos
de cartões de crédito: o “básico”, para clientes que só desejarem realizar as
operações clássicas de pagamento à vista ou parcelado de bens e serviços em
estabelecimentos credenciados; ou o “diferenciado”, modalidade mais sofisticada,
que vai incorporar em sua anuidade os custos dos benefícios adicionais, como os
programas de milhagem.
O cartão “básico” terá, obrigatoriamente, anuidade mais barata do que a do
“diferenciado”. Além disso, os cartões básicos nacionais terão anuidade mais barata
do que o básico autorizado para uso no exterior, o mesmo ocorrendo com o cartão
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diferenciados.
O Conselho Monetário Nacional também proibiu o envio de cartão sem pedido
expresso do cliente, prática já era vedada pelo Código de Defesa do Consumidor.
O JPMorgan Chase, a maior empresa de cartões de crédito do País, reclama
das novas regras que limitam o aumento de taxas e juros dos cartões, sob a
alegação de que a nova lei poderá causar prejuízos de até 750 milhões de reais este
ano. Para conter esse prejuízo, as empresas poderão aumentar outras taxas, como
a de transferência de balance, adiantamento de dinheiro e outras.
As novas regras não proíbem totalmente as empresas de buscarem clientes
menores de 21 anos, mas especialistas em Direito do Consumidor têm criticado o
marketing violento direcionado aos jovens, que pode acabar fazendo com que eles
entrem em dívidas cedo, sem pensar nas consequências. Com a nova lei, será
proibido aprovar um cartão para menores de 21 anos, sem uma segunda assinatura
e sem comprovação de renda.
Essas novas regras têm significativa relevância face aos estudos feitos a
cerca do endividamento da população e que visam à adequação das normas à
legislação consumidora.
Era o que tinha a dizer.
A todos, o meu muito obrigado.
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O SR. VANDER LOUBET (PT-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a morte do radialista Rui Pimentel trouxe
consternação geral e abriu uma grande lacuna no jornalismo brasileiro. A esse
respeito, já tive a oportunidade de dizer que é difícil encontrar palavras para
expressar a grandeza de alguém que fez da profissão um sacerdócio e que, ímpar
como figura humana, soube disseminar na sociedade as possibilidades de um
mundo generoso, fraterno e justo.
Aos 65 anos, o baiano Rui Pimentel sofreu uma parada cardíaca na manhã do
dia 18 de novembro, quinta-feira, na CTI da Clínica Campo Grande, onde havia sido
internado para tratar de um enfisema pulmonar.
Seu nome verdadeiro era Rui Alves de Araújo, estava radicado em Mato
Grosso do Sul desde 1975 e foi um dos principais agentes do fortalecimento e da
projeção do jornalismo radiofônico do Estado, principalmente na área esportiva.
Dono de diversos prêmios locais e nacionais, como o Bola de Ouro, e alvo de
honrarias diversas, entre as quais os títulos de Cidadão Sul-Mato-Grossense e
Cidadão Campo-Grandense, Rui Pimentel foi campeão em coberturas de eventos
internacionais, transmitiu diversos campeonatos mundiais e nacionais de futebol. Era
também um respeitado e mordaz crítico social e político, campeão de audiência nas
emissoras em que trabalhou, a última delas a Capital FM, de Campo Grande, na
qual era âncora do Tribuna Livre, um dos programas de maior audiência durante
anos.
Acredito, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, que os exemplos de
Pimentel serão mantidos pelas gerações futuras. O radiojornalismo de Mato Grosso
do Sul tornou-se mais forte e mais respeitado, dentro e fora de seu território, graças
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a pessoas como ele. Rui Pimentel sempre respeitou, valorizou e estimulou os
profissionais locais, foi um incentivador de novos talentos e amava aquele Estado
com todas as forças.
Perdemos uma excepcional figura humana, mas o céu ganhou uma alma
iluminada cujas lições permanecerão encorajando e oxigenando a caminhada dos
que ficaram.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
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O SR. SANDES JÚNIOR (PP-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, temos hoje em nosso País um número bastante
significativo de pessoas portadoras de diabetes mellitus. São brasileiros de todas as
idades, etnias e classes sociais. Sofrem diariamente com essa doença que, se não
os limita totalmente para uma vida social produtiva, faz com que fiquem à mercê de
medicamentos e de alimentação bastante controlada para que tenham uma vida
social limitada.
O diabetes pode provocar cegueira, é impeditivo para a realização de
cirurgias devido a questões de coagulação e ainda pode ser agente indutivo para
lesões de alta gravidade motivadas por problemas circulatórios. Neste quesito, um
dos pontos mais atingidos são as extremidades, notadamente os pés. O diabético é
altamente propenso a sofrer lesões nos dedos que podem induzir posteriormente até
mesmo à amputação total do membro afetado.
Uma das formas de prevenir essas lesões nos pés é com o uso de palmilhas
e sapatos especiais. Mas ocorre que esse tipo de produto tem custo mais elevado
do que de sapatos normais. O resultado é que seu uso acaba ficando restrito a uma
parcela menor de nossa população. A pessoa com menor poder aquisitivo acaba
ficando mais sujeita a ter essas terríveis lesões.
Pensando nesse problema que afeta milhões de pessoas é que propus, nesta
Casa de leis, um projeto para que o Sistema Único de Saúde — SUS forneça esse
tipo de sapato e palmilha aos brasileiros que deles necessitam. Esse fornecimento
será gratuito, após avaliação e indicação médica. Recursos para isso existem e creio
que o projeto de lei possa ser aprovado ainda este ano e ser colocado em prática já
no início do ano vindouro.
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Acredito que essa nova legislação irá se associar ao que vem sendo proposto
pela candidata Dilma Rousseff que, em seus programas eleitorais, se compromete
em fornecer remédios para os diabéticos brasileiros de forma também gratuita nos
milhares de postos de atendimento da rede de farmácias populares hoje existentes
em todo o território nacional.
Essas duas medidas, senhoras e senhores — o fornecimento de
medicamentos e de palmilhas e sapatos especiais aos diabéticos brasileiros —, vai
proporcionar-lhes uma vida muito mais saudável. Os custos dessas duas iniciativas
para o Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, vão se pagar apenas com
a redução de internações e cirurgias amputativas, que serão evitadas. Investiremos
por um lado e economizaremos muito mais por outro, sem contar a qualidade de
vida que será preservada.
Por tudo isso, venho solicitar a meus pares nesta Casa maior empenho para
que votemos ainda nesta Legislatura essa tão importante lei em defesa de nossos
irmãos diabéticos.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
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O SR. PAULO DELGADO (PT-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, imaginem 28 possibilidades de cardápio para o
almoço na cabeça de uma cozinheira, 28 nomes de batismo para um filho ou quase
três dezenas de diagnósticos brotarem de uma junta médica. Não haverá almoço, o
nome do rebento acabará sendo sorteado, e o paciente morrerá depois de ser
operado do que não tinha. Não é normal!
Pergunto: existem 28 maneiras diferentes para se governar o Brasil? Por que
é possível tolerar a existência de quase três dezenas de partidos capazes de eleger
para o Congresso Nacional arremedos de bancadas? A política sem sentido de
ordem é cobiçada pelo mundo feudal da representação de interesses particulares
dos que compram mandatos. Enquanto isso, os partidos políticos cuidam de si,
estimulando a dissociação entre eleição, episódios monetários e ação política, um
problema contornável de gestão de ambições. Assim, acumulam perícia para a
autossobrevivência. O que se vê é um clube privado onde o medo de inovar se
soma à indisposição para a crítica negativa.
Os principais mecanismos legais que levaram a esse estado de coisas têm
farta contribuição da Justiça, que, em decisões erráticas, impede a mudança do
quadro atual. Férrea visão de tribunais superiores considera inconstitucional exigir
que um partido tenha um número mínimo de votos, 5%, para existir e ser nacional.
Na prática, tornou-se irrelevante o principio da quantidade de votos para se ter
representação política. Viramos o paraíso legal da legenda de aluguel.
Da mesma maneira, o presidencialismo de cooptação, filho problemático da
Constituinte, fez da adesão política, por medo de desestabilização parlamentar, um
critério mais importante para formar um governo do que a capacidade técnica — ou
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política, evidentemente — do convidado para o exercício da função. É justo
reconhecer que apoio verdadeiro é aquele dado quando se precisa! Mas, se é bom
que o aliado seja amigo, melhor que ele seja bom.
No Legislativo, é um escândalo predominar o compadrismo, prática que
impede dar racionalidade ao quadro partidário, destrói os partidos relevantes que a
democracia brasileira conseguiu formar nos últimos anos e os substitui por caricata
plutocracia parlamentar.
Coligação proporcional, não exigência mínima de votos para existir e compra
de votos são a cara da bagunça partidária e eleitoral e seu balaio de gatos, artistas,
atletas, religiosos, ratos e até políticos por vocação. Verdadeira sopa de legendas se
apresenta ao eleitor como partido único, numa engenharia construída com esmero
pelas direções partidárias em busca de tempo de televisão para campanhas
majoritárias. Mãe da ficção do partido sem eleitor, tal aberração dá vida a mais de
duas dezenas de legendas em fricção no Congresso Nacional, todas atrás de três
coisas principais: participar do milionário fundo partidário, vender o horário eleitoral
gratuito e ajudar a produzir crises políticas artificiais para arrancar concessões reais
do Governo.
Os inconvenientes da tolerância à abundância de erros são
incomparavelmente maiores do que os da injustiça e da miséria a longo prazo. O
sistema partidário e sua resistência à mudança são a fina flor da conivência com as
mazelas do País. E isso pode, em situações de crise, bloquear o recurso à política,
colocando em risco a legitimidade da democracia.
Fazer-se excessivamente importante é o ardil da má política, e a boa política,
como representação de interesses gerais, aceita ser relativamente importante. Uma
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combinação de cegueira institucional, dispersão do foco de atenção sobre
problemas reais e apego obstinado ao status quo entre as elites do Estado mantêm
a diversidade partidária como sinônimo de vitalidade democrática, quando não
passa de caos instrumentalizado.
Para o cidadão que vive a vida real não há mais valores na política. E isso
constitui princípio desastroso para as relação humanas e para o progresso material
e espiritual. Um símbolo de prestígio que vira símbolo de estigma passa
rapidamente de atividade desacreditada para “desacreditável” e atrai pessoas
indiferentes à reputação.
Salvar a política do estigma do descrédito é dever dos partidos políticos reais
e essencial contribuição ao novo Governo que se inicia com esperança.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
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O SR. MARCOS MONTES (DEM-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o tema “aborto” foi debatido de forma crescente
nesse pleito eleitoral. Esse é um caso de saúde pública. O assunto assumiu tom
religioso e tomou conta do debate político, mas morreu no nascedouro. Na condição
de cristão, médico e homem público, serei sempre contra essa prática. Por isso,
acredito que não devemos esquecer essa discussão que envolve vidas de seres
indefesos.
A discussão sobre esse tema deve se concentrar nas causas que levam a tal
pratica. É necessário saber onde e como são feitos esses abortos ilegais e acabar
com a venda indiscriminada de medicamentos. Clínicas que realizam abortos ilegais
devem ser monitoradas e devidamente punidas. Devemos ter cautela para não criar
um clima unicamente religioso em relação a esse delicado assunto. Precisamos
ouvir os diversos setores antes de tomar qualquer decisão. Somos um país
gigantesco, com crenças e valores socioculturais imensuráveis, que não podem ser
desprezados na discussão.
Defendo a inclusão de normas de ordem penal e civil no Estatuto da Criança
e do Adolescente para proteção dos nascituros e de suas mães. Ressalto ainda que
qualquer movimento nesse sentido deve sempre ter como foco a preservação da
vida intrauterina e da mulher. Por esse motivo, penso que, por uma questão
simétrica, o comércio ilegal de medicamentos abortivos deve ser combatido com o
mesmo rigor com que se combate o tráfico de drogas. Da mesma forma, devem ser
punidos aqueles que usarem qualquer artifício para induzir à prática abortiva ou
forçá-la.
Esse assunto foi posto em debate de forma equivocada, mas nem por isso
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devemos abandoná-lo sem uma discussão aprofundada. Esse é um problema de
saúde pública e de polícia e ocorre no mais elevado grau de perversidade, pois
acontece no seio de milhares de famílias, trazendo às mulheres danos muitas vezes
irreparáveis. Logo, como o direito à vida é uma conquista irrenunciável da
humanidade, temos de criar mecanismos capazes de impedir o seu cerceamento.
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O SR. EUNÍCIO OLIVEIRA (Bloco/PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.)
- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há vários dias o Ceará está em festa, unido
na celebração do centenário de nascimento da sua maior escritora: Rachel de
Queiroz.
Natural de Fortaleza, onde nasceu em 17 de novembro de 1910, Rachel de
Queiroz consagrou-se nacionalmente como pioneira do romance do Nordeste.
Em 1930, ao publicar O Quinze, obra que a fez conhecida em todo o País,
Rachel de Queiroz tinha apenas 20 anos de idade. Num estilo simples, sem adorno,
que anunciava a prosa da futura cronista e, ao mesmo tempo, assimilava uma linha
expressiva de tendência moralista, esse livro narra a historia de um grupo de
retirantes, o vaqueiro Chico Bento e a sua família, ao redor do qual se move a
sociedade dos fazendeiros e dos colonos perseguidos no sertão pela famosa seca
de 1915.
Recebida com referências elogiosas pela critica nacional, a obra O Quinze
levou Rachel de Queiroz a, em 1927, fixar-se no Rio de Janeiro, onde iniciou
vitoriosa trajetória no jornalismo brasileiro como cronista cintilante. Na avaliação da
escritora norte-americana Luciana Stegagno Picchio, autora do livro História da
Literatura Brasileira, Rachel manteve-se sempre fiel, por um lado, à temática
regional nordestina e, por outro, à problemática feminista, tema que, posteriormente,
explorou com finura e com intrusão de material autobiográfico.
As etapas seguintes da sua atuação no campo cultural foram marcadas pela
publicação de contos e romances, a saber: João Miguel (1932), retratando o
ambiente natural e humano cearense; Caminho de Pedras (1937), obra em que se
faz mais forte a instância política e social, com acentuada influência trotskista; As
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Três Marias (1939); Lampião (1935); A Beata Maria do Egito (1958), e as crônicas: A
Donzela e a Moura Torta (1948); Crônicas Escolhidas (1958); O brasileiro perplexo
(1963); O caçador de tatu (1967), em que se revelou mestre no gênero; Dora
Doralina (1967), romance de amor; As meninas e outras crônicas (1976), e o
consagrado Memorial de Maria Moura (1992).
Sua primeira peça para o teatro, Lampião, foi montada no Teatro Municipal,
no Rio de Janeiro, e no Teatro Leopoldo Fróes, em São Paulo, no ano de 1953,
quando foi agraciada com o Prêmio Saci, conferido pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Em 1957, recebeu da Academia Brasileira de Letras e Prêmio Machado de
Assis.
No ano de 1964, ganhou projeção internacional com a publicação de As Três
Marias em língua inglesa, pela University of Texas Press, com ilustração do
consagrado pintor Aldemir Martins. Em 1978, o seu livro de estreia na literatura
brasileira, O Quinze, foi publicado no Japão, pela Editora Shinsekaisha, e na
Alemanha, pela Suhrkamp. Dois anos depois, em 1980, a editora francesa Stock
lançou Dora e Doralina. Nesse mesmo ano, deu-se o seu lançamento no cinema,
com direção e adaptação de Pery Sales.
O ápice da trajetória literária dessa escritora cearense, porém, deu-se em 4
de agosto de 1977, quando por 23 votos a 15 e um em branco, venceu o
consagrado jurista brasileiro Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda e se tornou a
primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras, ocupando, em 4
de novembro de 1977, a Cadeira nº 5. Essa cadeira, fundada por Raimundo Correia,
tem como patrono Bernardo Guimarães e foi ocupada sucessivamente pelo médico
Oswaldo Cruz, pelo poeta Aloísio de Castro e pelo jurista, critico e jornalista Cândido
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Mota Filho.
Em 1985, foi inaugurada em Ramat Gan, Tel Aviv, em Israel, a creche Casa
de Rachel de Queiroz, e O Galo de Ouro, publicado em livro. Quatro anos depois,
em 1989, a Editora José Olympio lançou, em cinco volumes, sob o título Obra
Reunida, todos os livros que Rachel publicara até então.
Em 1993, recebeu dos Governos do Brasil e de Portugal o Prêmio Camões e,
da União Brasileira de Escritores, o Juca Pato, sendo ainda destaque o lançamento,
pela Siciliano, de sua obra completa.
Em 1995, iniciou seu livro de memórias, escrito em colaboração com a irmã,
Maria Luiza, publicado posteriormente com o titulo Tantos Anos.
Publicou ainda, em parceria, o romance Brandão entre o mar e o amor, com
José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Jorge Amado; O mistério
dos MMM (romance policial, 1962), com Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz,
Lucio Cardoso, Herberth Sales, Jorge Amado, José Condé, Guimarães Rosa,
Antônio Callado e Orígenes Lessa; Luís e Maria (cartilha de alfabetização de
adultos, 1971), com Marion Vilas Boas Sá Rego; Meu Livro de Brasil (Educação
Moral e Cívica 1º Grau, volumes III, IV e V, 1971), com Nilda Bethlem, e O Nosso
Ceará(1994), Tantos Anos (1998) e Não me Deixes — Sua história e sua cozinha
(2000), com a irmã Maria Luiza Queiroz Salek.
Em sua intensa atividade cultural, Rachel de Queiroz traduziu para o
português 44 obras clássicas (romances), sendo a primeira em 1942, Mansfield
Parlz, de Jane Austen, e a última, em 1944, Memorial, de Leon Tolstoi. Nesse
mesmo ano, deixou de colaborar nos jornais Correio da Manhã, O Jornal e Diário da
Tarde, passando a ser cronista exclusiva da famosa revista O Cruzeiro, condição em
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que permaneceu até 1975.
Apesar de todo o sucesso conquistado fora de seu Estado natal, jamais
esqueceu o Ceará. Passava boa parte do ano na fazenda Não me Deixes, no
Município de Quixadá, onde, segundo costumava dizer, “encontrava uma paz de
espírito incomparável”.
Em 4 de novembro de 2003, enquanto dormia numa rede, Rachel de Queiroz
faleceu na cidade do Rio de Janeiro, onde viveu a maior parte de sua existência.
Deixou, aguardando publicação, o livro Visões: Maurício Albano e Rachel de
Queiroz, uma fusão de imagens do Ceará fotografadas por Maurício com textos da
autora de O Quinze.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, se viva estivesse, Rachel de Queiroz
teria completado, em 17 de novembro corrente, 100 anos de idade. E o centenário
de seu nascimento está sendo lembrado nacionalmente de forma consagradora, a
exemplo da grandiosa homenagem da Academia Brasileira de Letras, instituição da
qual foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira. Sua memória está sendo
reverenciada por redes nacionais de televisão, com programações especiais, e pelos
principais e maiores jornais e revistas do País.
No Congresso Nacional, o Senado da República prestou-lhe homenagem, em
sessão magna, e a Câmara dos Deputados registrou, na sexta-feira, 19 de
novembro, calorosos pronunciamentos de representantes de todos os partidos a seu
respeito.
No Ceará, sua terra natal, o centenário de nascimento de Rachel de Queiroz
vem sendo celebrado com uma sucessão de lançamentos de livros, premiações,
saraus literários e sessão solene na Academia Cearense de Letras, além de
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homenagens da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal.
Em Fortaleza, as homenagens estão sendo coordenadas e realizadas pelo
prestigioso grupo de comunicação O Povo e pela Fundação Demócrito Rocha, em
parceria com a Academia Cearense de Letras.
Ainda na linha de festa literária, a Editora Armazém da Cultura lança o livro
inédito de Rachel intitulado Serenata, reunindo poemas publicados entre 1925 e
1930 em jornais e revistas cearenses. O manancial foi entregue à editora pelo
bibliófilo José Augusto Bezerra, que dirige o Memorial Rachel de Queiroz.
Inúmeros outros eventos vêm se sucedendo, evidenciando o orgulho dos
cearenses com a projeção nacional e internacional de Rachel de Queiroz como
romancista, cronista e jornalista.
Homenagens justas e merecidas. E a elas me associo desta tribuna, certo de
que, assim, estou a traduzir também a solidariedade do povo cearense, orgulhoso
da sua romancista e da sua ascensão vitoriosa à Academia Brasileira de Letras.
Faço-o, sobretudo, na condição de admirador do seu extraordinário talento, do seu
espírito de criatividade, da sua erudição; de admirador do seu trabalho, desde
quando se tornou pioneira do romance do Nordeste, e de admirador da jornalista
atuante em alguns dos principais e maiores jornais e revistas brasileiras e também
da sua erudição, que propiciou a tradução para a língua portuguesa de mais de 40
clássicos da literatura universal, o que fez sempre com reconhecida fidelidade e
competência.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao concluir, resta-me dizer que, por
seus méritos pessoais, Rachel de Queiroz igualou-se aos maiores nomes das letras
do Ceará e do Brasil: José de Alencar, Farias Brito, Clóvis Beviláqua e Capistrano
de Abreu, expoentes maiores da cultura nacional em suas áreas de atuação.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. FÉLIX MENDONÇA (DEM-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há duas décadas o cacau vem enfrentando
grandes dificuldades quanto ao seu manejo e produção.
A cabruca é a forma de plantio do cacau no sul da Bahia e consiste um
sistema ecológico de cultivo agroflorestal. Baseia-se na substituição de estratos
florestais por uma cultura de interesse econômico, implantada no sub-bosque de
forma descontínua e circundada por vegetação natural, não prejudicando as
relações mesológicas com os sistemas remanescentes.
Nessa toada, o cacau possui o status de fruto verde, e sua plantação é
classificada como ecológica.
Partindo dessa premissa a Central Nacional dos Produtores de Cacau, no
último dia 10 de novembro, reuniu-se em Itabuna, na sede da AMURC, com
importantes nomes da cultura do cacau, a exemplo de Edward Bastos de Oliveira,
Kátia Curvelo, Dan Lobão, Miguel Tanure Correia, Hauri Azevedo, Valdir Ribeiro,
Glauber Peixoto, José Vivaldo Peixoto, Marcelo Batista dos Santos, Adailton Ferraz
do Prado, Frederico Vesper S. Rodrigues, Walter Santos Magalhães Junior, Walson
Araújo, Valdemir José dos Santos, Paulo Roberto Ferreira, Wallace Setenta, com
objetivo de criar a Frente Cacau Bahia, em que se propõe um programa exequível
que possibilite a recuperação da cacauicultura baiana em bases sustentáveis.
Para tanto, é imprescindível implantar um programa capaz de compatibilizar
crescimento com conservação e preservação do Bioma Mata Atlântica e
ecossistemas associados baseado no conhecimento da natureza e que, para isso,
inclua, financiamento agroambiental que estenda os benefícios a pelo menos 90%
dos produtores. Além disso, deve tal programa promover o desenvolvimento de
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atividades agrícolas lastreadas na conservação produtiva que propiciem ou
estimulem a preservação, a conservação e a recuperação ambiental, com foco na
sustentabilidade e competitividade das empresas rurais e das cadeias produtivas.
Do mesmo modo, precisa esse programa incentivar os produtores rurais a se
ajustarem à legislação ambiental vigente, de forma a estimular a recuperação de
reserva legal e áreas de preservação permanente.
A conservação produtiva dos recursos naturais consiste em estabilizar os
serviços ecossistêmicos básicos que o agroecossistema cacaueiro foi capaz de
gerar e conservar: manutenção da biodiversidade (flora e fauna); proteção e
regulação de recursos hídricos; proteção de solos; preservação de espécies
ameaçadas de extinção; produção de oxigênio e fixação de carbono; plantio de
essências arbóreas nativas; instalação de corredores de biodiversidade;
conservação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) com vegetação natural
ou com sistema cabruca; preservação e conservação produtiva de árvores matrizes
cadastradas; conservação do patrimônio nacional e natural da humanidade (beleza
cênica); formação de povoamentos florestais com base nos conceitos de
conservação produtiva para diminuição da pressão por desmatamento e eficiência
da produção agrícola.
Pontos focais:
I. Forte conotação ambiental com conservação e preservação dos recursos
naturais renováveis; e serviços ecossistêmicos básicos;
II. Programa de Financiamento Agroambiental Sustentável com recuperação
da capacidade de investimento do produtor rural e adequação a legislação ambiental
vigente;
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III. Inclusão social com ampliação do mercado de trabalho e da renda, com a
ampliação da rede de solidariedade — a ideia é zerar a miséria absoluta;
IV. Diversificação da produção agrícola e consolidação da verticalização
agroindustrial;
V. Fortalecimento institucional.
Resultados esperados:
- Elevação do patamar da produção de 150 mil toneladas para 250 mil
toneladas de cacau, internalizando U$750 milhões, de modo a garantir a
competitividade do cacau brasileiro;
- Criação de um mínimo de 80 mil empregos diretos na cacauicultura com
redução das pressões sociais;
- Plantio de 33 milhões de espécies arbóreas nativas e exóticas
ecologicamente adaptadas, melhorando a capacidade de resiliência do
agroecossistema;
- Reincorporação ao sistema produtivo das áreas de cacau imobilizadas pela
legislação ambiental e aquelas abandonadas pela baixa produtividade, atingindo 400
mil hectares de cacau;
- Garantia de conservação do Bioma Mata Atlântica e ecossistemas
associados;
- Constituição de compensação monetária por serviços ambientais (bônus
ambiental), incluindo-os como garantias reais ao patrimônio ambiental (ativos
ambientais) das propriedades cacaueiras, em face do estado de risco em que se
encontra esse agroecossistema regional.
- Recuperação da liquidez e da capacidade de pagamento e margem
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disponível de garantia do produtor de cacau, superando os impasses do atual
modelo de credito rural;
- Incorporação da Bahia e do Brasil aos interesses globais, apresentando um
novo modelo agroambiental de conservação produtiva dos recursos naturais
renováveis, incluindo o Estado nos fóruns internacionais de debate;
- Alcance de outros estágios do processamento agroindustrial via
cooperativismo e associativismo e retomada da tradição do cacau como cultura de
exportação, favorecendo a balança de pagamentos; e
- Retomada do processo do desenvolvimento regional interrompido com a
crise do cacau, beneficiando o conjunto da sociedade.
Fontes de recursos institucionais e financeiros:
Os recursos financeiros, normativos e operacionais, salvo algumas
apropriações, poderão ser oriundos de programas do Governo Federal já existentes:
Fundo Constitucional do Nordeste, amparado sob a rubrica FNE Verde; Programa
de Financiamento à Conservação e Controle do Meio Ambiente; FNE Pró-
Recuperação Ambiental, Programa de Financiamento à Regularização e
Recuperação de Áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente
Degradadas, do Ministério da Integração Nacional e operacionalizado pelo Banco do
Nordeste do Brasil, sob o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC do
CACAU); Programa ABC, Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito
Estufa na Agricultura; Resolução nº 3.896, de 17 de agosto de 2010, do Banco
Central do Brasil, no âmbito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social.
Quanto aos recursos técnico-científicos, temos a Comissão Executiva do
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Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), o Instituto do Meio Ambiente (IMA) e a
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).
Sr. Presidente, a agricultura moderna não prescinde do binômio
produção/conservação ambiental, portanto essa é uma importante iniciativa dos
cacauicultores baianos para o cacau e para a Mata Atlântica.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Passa-se ao
V - GRANDE EXPEDIENTE
Concedo a palavra ao Sr. Deputado Moreira Mendes, por permuta com o
Deputado Augusto Carvalho. S.Exa. dispõe de 25 minutos na tribuna.
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O SR. MOREIRA MENDES (PPS-RO. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje, por volta das 14 horas, recebi a notícia de
que meu colega Augusto Carvalho não usaria o seu tempo no Grande Expediente e
teria a gentileza de transferi-lo para mim. Pensei comigo: “Que assunto trazer neste
horário tão nobre?”. É um dos espaços mais cobiçados pelos Deputados, desejosos
de prestarem informações a respeito do seu trabalho e de projetos importantes para
o País que tramitam nesta Casa.
Como não poderia deixar de ser, vou tratar nesta tarde, mais uma vez, ainda
que sucintamente, da defesa dos interesses do produtor rural do meu Brasil, do meu
Estado de Rondônia. Quero falar um pouco das modificações que, juntamente com
outros bravos Deputados, estamos tentando introduzir no Código Florestal Brasileiro,
já vencido, arcaico. Aproveitarei este espaço também, antes de entrar nesse tema
muito específico, para falar, por alguns pouquíssimos minutos, de uma história que
tem 40 anos, completados e comemorados no último domingo, na cidade de São
José do Rio Preto, para onde me dirigi: a comemoração dos 40 anos de formatura
da primeira turma da Faculdade de Direito, da qual tive a honra de ser um dos
integrantes.
Foi uma festa movida a boa comida e a boa bebida, com fortíssimas
emoções. Em várias oportunidades, deixei de participar de eventos como esse. E lá
estava participando da comemoração dos 40 anos de formatura da primeira turma
da Faculdade de Direito.
Faço este registro com muita alegria. Deixo um abraço aos meus colegas
Adirson Siqueira, José Vitta Medina e Pedro Origa, que estiveram à frente da
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organização desse dia de comemoração pela formatura da primeira turma da
FADIR.
Registro também, Sr. Presidente, que tivemos a alegria de receber naquela
ocasião dois dos nossos professores — muitos deles já não estão mais entre nós.
Estavam presentes o Dr. Sylvio de Melo e o Dr. Carlos Corrêa Gomes.
Peço que seja registrado nos Anais da Casa o nome de todos os integrantes
da primeira turma da Faculdade de Direito, muitos dos quais já não estão mais entre
nós. Essa é uma maneira singela de homenagear todos os meus colegas de turma,
a própria Faculdade de Direito de São José do Rio Preto e o nosso Diretório
Acadêmico.
Por fim, apresento-lhes o primeiro número do jornal O Movimento, que foi
publicado por aquela primeira turma e teve apenas cinco edições.
Sr. Presidente, volto ao tema que focarei desta tribuna. Ao fazê-lo, lembro que
amanhã esta Casa, em sessão solene, prestará homenagem a inúmeros brasileiros.
Se a minha memória não falha, cerca de 20 homenageados receberão a Medalha
Mérito Legislativo. Se o meu discurso pretende focar a defesa da produção, a defesa
da propriedade privada, a defesa do produtor rural, a defesa da modificação do
Código Florestal, por que começo falando exatamente sobre essa homenagem que
será feita amanhã?
A solenidade anual de entrega da Medalha Mérito Legislativo é a maior
honraria que esta Casa concede a um cidadão brasileiro ou estrangeiro, por
relevantes serviços prestados à sociedade.
Creio, Sr. Presidente, que a entrega da Medalha Mérito Legislativo é para
muitos um momento único na vida, especialmente para aqueles que fazem de sua
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vida uma eterna doação ao próximo, sem pedir nada em troca, nem mesmo alguns
minutinhos de fama e holofotes.
Cito como exemplo disso um nome que consta da relação dos
homenageados: Regina Lilian Leitão de Carvalho Magalhães, Chefe de Gabinete da
Liderança do PPS, servidora exemplar, com uma história de 35 anos de relevantes
serviços prestados a esta Casa. Essa é uma homenagem justa.
Também merece ser destacada a outorga da Medalha Mérito Legislativo à
Dra. Zilda Arns, que dedicou praticamente toda a sua vida à luta pelos mais pobres,
por meio da Pastoral da Criança. A Dra. Zilda foi merecidamente agraciada nesta
Casa, no ano de 2002, com essa honraria; aliás, uma entre tantas que recebeu em
sua vida, no Brasil e no exterior.
Mas hoje, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para dizer que me
sinto, de certa forma, constrangido — para não dizer envergonhado — por ver
constar da lista dos agraciados o nome de um sujeito que, no meu entender, não
merece a honra do povo brasileiro, que se faz representado aqui por todos nós,
Parlamentares. Esta Casa jamais poderia conceder a Medalha Mérito Legislativo ao
Sr. João Stédile, pois, para mim e para milhões de brasileiros, esse senhor, que será
agraciado com essa honraria amanhã, não passa de um baderneiro. Seu grande
feito como líder, mentor intelectual e não sei o que mais do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra tem sido arregimentar homens e mulheres
socialmente fragilizados para promover invasões pelo Brasil afora, provocando
arruaça e desordem nos Estados e nas cidades, invadindo propriedades privadas,
prédios públicos e fazendas produtivas, destruindo plantações, queimando tratores,
derrubando barracões, matando gado alheio, depredando propriedades privadas,
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assim como públicas — ele esteve também por trás da anarquia feita há anos nesta
Casa; sem punição, diga-se de passagem —, enfim, levando terror ao campo, em
nome de uma suposta luta pela reforma agrária.
Com tudo isso, nós ainda temos que bater palmas para esse tipo de cidadão?
Certamente que não. O Parlamento já deveria ter aprovado moção de repúdio a ele
ou tê-lo declarado persona non grata — é o que ele é. Infelizmente, amanhã, será
agraciado por esta Casa.
Não posso esconder minha indignação. Onde está o mérito do Sr. João
Stédile para ser homenageado por esta Casa? É bom que se diga que um dos
objetivos da Medalha Mérito Legislativo é homenagear qualquer pessoa cujo
trabalho recebeu a admiração do povo brasileiro. Não é este o caso, Sr. Presidente.
O MST, hoje, não desfruta de apoio popular. Tornou-se um movimento antipático.
Por isso, volto a perguntar: que serviços relevantes o Sr. João Stédile prestou ou
presta à sociedade brasileira? Espalhar o terror no campo? É isso?
É inadmissível que uma casa como a nossa porte dessa maneira. Vivemos
num país democrático, sim, mas é preciso respeitar o bom senso. É preciso respeitar
o povo brasileiro. É preciso, acima de tudo, premiar os bons exemplos. E o Brasil
está repleto de bons exemplos.
Eu me referi, no início do meu pronunciamento, ao bom exemplo da Sra.
Regina Lilian Leitão de Carvalho Magalhães, Chefe de Gabinete da Liderança do
PPS, servidora de carreira da Câmara dos Deputados, digna dessa homenagem e
de tantas outras. Trata-se de um ser humano magnífico, de uma profissional
dedicada, responsável e respeitada por todos. Essa, sim, faz um trabalho
maravilhoso, competente, que beneficia todos os brasileiros.
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Como eu disse, Regina é uma funcionária exemplar. Ela é casada com
Galdino Ribeiro, médico, servidor público do Senado Federal, tem três filhos e dois
netos. Essa, sim, deixa um bom exemplo à sua família e aos demais funcionários
desta Casa. E quando uma servidora da Câmara dos Deputados é homenageada,
essa honraria estende-se a todos os bons exemplos e aos bons funcionários desta
Casa, a quem também quero cumprimentar e homenagear.
Por sorte não vou listar o nome de todos aqueles que serão homenageados
—amanhã a imprensa vai saber quem são eles. Lamentavelmente, entre eles, estará
o nome do Sr. João Stédile, que nada tem a ver com decência, honra e dignidade.
Não tem um único bom serviço prestado a este País, mas infelizmente será
homenageado por esta Casa.
Parabenizo antecipadamente as personalidades homenageadas. O único
nome com o qual não concordo nessa lista é o do Sr. João Stédile, que, na minha
opinião, presta um desserviço ao Brasil.
Deixo registrado o meu protesto, em nome de milhões de brasileiros,
principalmente daqueles que lidam com a terra e que não concordam com as ações
terroristas do MST, as quais o Sr. João Stédile tão bem personifica.
Por que me referi a essa questão? Porque quero abordar tema relacionado à
agricultura, à pecuária e às modificações no Código Florestal, exatamente para
deixar claro que a insegurança jurídica que toma conta do campo preocupa muito os
produtores rurais brasileiros. Cito, por exemplo, a questão das invasões. Elas são
comandadas por esse cidadão que amanhã, repito, será homenageado por esta
Casa.
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Vejam que a agricultura e a pecuária do nosso querido e imenso Brasil são
responsáveis por quase 40% das exportações. Nosso País é hoje o segundo maior
produtor de alimentos do mundo. E, às vezes, uma parte da população e deste
Parlamento — Deputados e Senadores — vira as costas para esses brasileiros por
conta de uma suposta defesa do meio ambiente.
Li hoje duas matérias muito interessantes. A maioria dos grandes jornais
brasileiros traz notícias do resultado final do Censo publicado pelo IBGE.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Censo mostra que o Brasil tem hoje 190
milhões, 732 mil, 694 brasileiros.
Para surpresa nossa — e tristeza também —, segundo dados do Censo de
2010, o número de pessoas que vivem nas cidades subiu de 81,2% para 84,3%. Ou
seja, a cada ano que passa o campo vem sendo abandonado, deixando de ser
produtivo. A surpresa é que o crescimento tem ocorrido nas cidades de médio porte.
O Censo aponta que o Brasil cresceu, nestes dez anos, cerca de 12,3%. Se
fizermos um rápido cálculo, 12,3% significam que, daqui a 50 anos, teremos algo em
torno de 61,5% a mais de brasileiros. Vamos ter, daqui a 50 anos, cerca de 310
milhões de brasileiros. Aí está a gravidade da situação.
O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. me permite um aparte, nobre Deputado
Moreira Mendes?
O SR. MOREIRA MENDES - Com o maior prazer, ilustre Senador,
Governador e Deputado Mauro Benevides.
O Sr. Mauro Benevides - Em relação ao Censo, divulgado hoje em meu
Estado, 40 Municípios tentam contestar os dados que foram tornados públicos pelo
IBGE. É uma manifestação, portanto, de discordância com aquele trabalho, que,
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embora meticulosamente processado, indica distorções alegadas por aqueles que
se sentem subestimados no cômputo efetuado pelo IBGE. É o dado que transmito a
V.Exa., porque foi registrado hoje pela imprensa do Ceará.
O SR. MOREIRA MENDES - Agradeço a V.Exa. o aparte. Certamente irei
incorporar a sua interferência ao meu discurso. Essa reclamação não é feita apenas
em seu Estado. Vários Municípios brasileiros têm feito reclamações contra o
resultado do Censo publicado.
Concluirei meu raciocínio sobre o Censo. Portanto, daqui a 50 anos, haverá
em torno de 308 milhões de brasileiros, que precisam comer, precisam viver,
precisam vestir-se. E não será diferente no resto do mundo.
Falarei agora sobre a irracionalidade de alguns que nunca querem
modificações no Código Florestal, objeto do meu pronunciamento nesta tarde, Sr.
Presidente.
Informações da ONU publicadas há cerca de oito meses dão conta de que em
torno de 1 bilhão de pessoas no mundo, o que representa cinco vezes a população
brasileira, passa fome, literalmente. Essas pessoas não têm o que comer. E o Brasil,
hoje, sem aumentar muito a área ocupada, passa de importador a exportador de
alimentos e segundo maior produtor de alimentos do mundo. Mesmo assim há essa
insegurança jurídica no campo; há o problema das invasões; há uma legislação
ambiental retrógrada, uma colcha de retalhos, emenda em cima de emenda, com um
Código Florestal que data de 1965. Só o Brasil convive com essa figura esdrúxula da
reserva legal. Ela não existe em lugar nenhum do mundo. Mesmo assim querem
excluir, porque a lei que aí está serve para retirar de áreas produtivas e reflorestar.
Meu Deus do Céu, onde está o bom senso? Aonde vamos chegar? O que vai haver
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de positivo para o meio ambiente com essa falácia de que aquilo que está
produzindo, que está antropizado, que está derrubado pode contribuir para a
preservação do meio ambiente? Isso é conversa fiada. Isso é um discurso sem
fundamento técnico-científico.
Nós temos dificuldade, hoje, em trazer à pauta o brilhante trabalho executado
pelo Relator, Deputado Aldo Rebelo. S.Exa. elaborou um texto exemplar, que cuida
das questões do meio ambiente, mas vendo como cidadão brasileiro aquele que
está no campo e produz.
Concedo um aparte a V.Exa., Deputado Celso Maldaner.
O Sr. Celso Maldaner - Meu caro Deputado Moreira Mendes, cumprimento
V.Exa., Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, pelo pronunciamento,
porque essa é a maior preocupação de todo brasileiro que vive no campo. O Censo
apresenta números e mostra como diminuiu a quantidade de produtores rurais.
Precisamos trazer urgentemente ao plenário as mudanças do Código Florestal
Brasileiro para dar mais segurança e mais tranquilidade aos nossos produtores
rurais. Quero cumprimentá-lo por abordar este tema tão importante. Temos feito
muita cobrança. Inclusive, o nosso partido, PMDB, está fechando questão para
votarmos ainda este ano, aqui no plenário, as mudanças no Código Florestal
Brasileiro, conforme o relatório do Deputado Aldo Rebelo. Pela importância do tema
e para dar mais tranquilidade e segurança aos produtores rurais, a exemplo de
outros países que pagam por serviços ambientais, o Brasil também deveria decidir
que quem preserva deve receber. E são os nossos produtores os que mais
preservam. Quem mais polui hoje são as cidades, com seus esgotos nos perímetros
urbanos. Os nossos produtores merecem um tratamento diferenciado pelo que estão
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fazendo. Quero cumprimentá-lo por este pronunciamento. Conte com o nosso apoio,
Deputado Moreira Mendes.
O SR. MOREIRA MENDES - Obrigado, Deputado.
Realmente, as grandes cidades, ou melhor, as cidades de modo geral
poluem, mas quem paga a conta é o produtor rural. Isso tem de mudar. Essa lógica
tem de ser invertida. Temos de valorizar o produtor que trabalha com seriedade.
Temos de valorizar, sim, as questões relacionadas ao meio ambiente, mas não
podemos aceitar o discurso chulo de que não há o que mudar e de que o Código
Florestal não precisa ser revisto. Isso não é verdade! Isso não tem fundamento! Isso
não tem fundamento técnico!
Na verdade, ou nós mudamos a legislação ambiental ou haverá uma
revolução neste País, porque o povo vai deixar de produzir. Os dados do Censo
mostram que o povo está abandonando a roça e vindo para as cidades. Vai comer o
quê? É o que pergunto àqueles que criticam.
Aprovamos as modificações na Comissão Especial. Está na hora de trazê-las
ao plenário. E o que se vê são artigos publicados nos jornais, como se não tivesse
havido discussão. Isso é uma mentira! Isso é uma farsa! Este ano audiências
públicas foram realizadas em todo o Brasil. Só não deu opinião quem não quis, pois
teve tempo e oportunidade. Não me interessa ver os ambientalistas virem com
propostas concretas. Eles querem deixar a coisa do jeito que está apenas para
inviabilizar a produção.
Registro também, Sr. Presidente, um artigo fantástico que li hoje, da
Senadora Kátia Abreu, Presidente da Confederação Nacional da Agricultura e
Pecuária do Brasil, sob o título O Código Florestal precisa ser revisto?
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Nesse artigo, Kátia Abreu traz uma série de informações lógicas, com um
raciocínio bem construído. Elas nos levam à conclusão de que é imperiosa a
modificação do Código Florestal, sob pena de virarmos as costas para aquilo que
hoje é uma grande riqueza: o fato de sermos o segundo maior produtor de alimentos
do mundo, com perspectivas de, em 10 anos, sermos o maior produtor, tornando-
nos novamente importador de alimentos.
Peço a transcrição desse artigo da Senadora Kátia Abreu nos Anais da Casa.
Vou ler alguns poucos trechos que anotei:
“As mudanças propostas ao Código Florestal não
contêm uma só norma que facilite o desmatamento”. Essa
é uma das inverdades que se colocam. “O que se prevê é
uma moratória para suspender o desmatamento em áreas
de florestas por cinco anos”.
Fala-se muito de anistia, como se estivéssemos propondo alguma anistia. Ao
contrário, o que estamos propondo é uma moratória.
Em outro trecho ela diz:
“As propriedades que não tenham hoje essa ‘reserva’ (e
aqui ela fala da reserva legal) devem, sob as penas da
atual lei, replantar a vegetação nativa, mesmo nas áreas
abertas antes dessa exigência.”
Olhem que absurdo! Tirar uma área que está produzindo e tentar transformá-
la novamente numa área de floresta!
Quem paga essa conta? É o produtor? É o Governo? Somos nós, Deputados,
que permitimos que a legislação fosse modificada sem que o produtor fosse ouvido?
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E continua:
“A reserva legal não existe em nenhum outro país
do mundo. As propriedades rurais nos Estados Unidos, na
Europa, na Argentina ou em qualquer outro país podem
ser exploradas integralmente, em 100% de sua área.”
São os membros ambientalistas de outros países que vêm aqui ditar normas
e dizer que temos que respeitá-las.
Diz ainda a Senadora Kátia Abreu:
“O Brasil tem hoje 354,9 milhões de hectares
ocupados com lavouras e pastagens. Desse total, 272
milhões de hectares, ou seja, 68%, eram explorados em
1965 (...).”
Isso ocorreu antes do Código Florestal de 1965, e nós éramos importadores
de alimentos. Portanto, crescemos 60% na área, mas somos hoje o segundo maior
produtores de alimentos do mundo.
Que conversa é essa de dizer que estamos querendo devastar? Não é nada
disso! Não há embasamento científico para quem critica. Venham para este plenário
discutir! Vamos trazer esse assunto para o plenário! Vamos levar essa questão ao
Senado da República! Vamos continuar lá essa discussão!
Vou ler aqui mais um trecho do artigo da Senadora Kátia Abreu:
“De lá para cá os produtores acrescentaram
apenas 83 milhões de hectares para produção, o que
significa menos de 10% de nosso território, de 850
milhões de hectares.”
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Sr. Presidente, a luta pela conservação ambiental só será efetiva se houver
mais consenso, como disse a Senadora, menos conflitos ideológicos e,
principalmente, paz, harmonia no campo e segurança jurídica. É o que temos hoje e
o que buscamos.
Este é o meu pronunciamento nesta tarde.
O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - A Presidência cumprimenta o
nobre Deputado Moreira Mendes pelo seu pronunciamento na tarde de hoje e
assegura a S.Exa. que procederá a inserção do trabalho da nobre Senadora Kátia
Abreu, que preside a Confederação Nacional da Agricultura e tece abalizadas
considerações em torno do desmatamento registrado em algumas áreas do território
brasileiro.
Portanto, em nome da Mesa, garanto ao nobre Deputado Moreira Mendes
que se fará a inserção, na íntegra, do artigo da Senadora Kátia Abreu como parte
integrante do brilhante pronunciamento de S.Exa. nesta tarde.
DOCUMENTOS E ARTIGOS A QUE SE REFERE O ORADOR
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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 140 A 140 -P)
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Durante o discurso do Sr. Moreira Mendes,
assumem sucessivamente a Presidência os Srs. Pastor
Manoel Ferreira, § 2º do art. 18 do Regimento Interno,
Alceni Guerra, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, e
Mauro Benevides, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.
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O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Concedo a palavra à Sra.
Deputada Rita Camata.
A SRA. RITA CAMATA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem, para dar
como lido meu pronunciamento.
O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Pois não. Com a anuência do
nobre Deputado Vicente Arruda, inscrito para o Grande Expediente, a Mesa se
predispõe a receber, como lido, o discurso de V.Exa.
A SRA. RITA CAMATA (PSDB-ES. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -
Antes, porém, nobre Deputado Mauro Benevides, que ora preside esta sessão,
quero cumprimentar V.Exa. e agradecer ao Deputado Vicente Arruda.
O pronunciamento que trago ao Plenário e para o qual peço seja dada
publicidade nos meios de comunicação da Casa diz respeito a minha preocupação
com matérias importantes que estão prontas para serem votadas, mas que não
conseguem andar. Entre essas propostas, estão a licença-maternidade de 180 dias
e a PEC que possibilita às famílias que seus filhos portadores de deficiência
continuem nas escolas após os 17 anos, idade em que hoje eles estão sendo
expulsos dos estabelecimentos de ensino devido ao entendimento equivocado de
que a partir daí eles não aprendem mais.
Além desses, há vários outros projetos prontos para votação, trabalhos de
anos e anos. Infelizmente, somos reféns de medidas provisórias e não conseguimos
votar matérias essenciais para a população brasileira, como a regulamentação da
Emenda Constitucional nº 29, que trará mais recursos para a saúde.
Peço, portanto, a V.Exa. a divulgação desse pronunciamento e agradeço ao
Deputado Vicente Arruda a paciência.
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O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - A Mesa acolhe como lido o
pronunciamento em que V.Exa., nobre Deputada Rita Camata, aborda, entre outras,
a questão relacionada aos deficientes.
Durante o debate Constituinte que aqui se registrou, esse tema esteve
presente, e naturalmente os deficientes se integram àquele rol de cidadãos
protegidos pela Carta Magna, juntamente com a criança, o adolescente, o idoso, o
negro, o índio. Todos esses, portanto, passaram a integrar a Constituição cidadã —
e daí a cognominação atribuída pelo Presidente Ulysses Guimarães à Carta
promulgada em 5 de outubro de 1988.
PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELA ORADORA
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez, desta tribuna, reitero
alguns apelos que se fazem não apenas providenciais, mas também
verdadeiramente essenciais para que esta Casa dê uma resposta às justas
reivindicações trazidas pela sociedade — demandas efetivamente importantes ao
progresso, saúde, bem-estar e qualidade de vida dos brasileiros.
Estão prontas para votação no plenário iniciativas legislativas que trarão
inegáveis benefícios à população brasileiras e das quais tenho o orgulho de ter
participado na acolhida e elaboração, como a licença-maternidade de 180 dias (PEC
30/2007); a revisão do Código de Trânsito (PL 2872/2008); a regulamentação da
Emenda Constitucional nº 29/2000 e a consequente garantia de recursos definitivos
para a saúde pública; a educação sem limite de idade para pessoas com deficiência
(PEC 347/2009); as consolidações das legislações da saúde (PL 3.343/08) e da
Previdência (PL 7078/02). O mesmo esforço de sistematização e ordenamento
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jurídico foi conferido às leis de assistência social (PL 3.800/08), mas o projeto ainda
se encontra na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania, da Câmara dos
Deputados.
São meses e meses de trabalho — por vezes, anos — que acumulamos a
partir da acolhida de sugestões e reivindicações de setores representativos e
diversos da sociedade, que, com cuidado e respeito aos destinatários das
proposições, dispomos em elaboradas construções legislativas. Ou seja, percursos
que se valeram das vias democráticas e legítimas para agregar o que é de direito do
povo.
Não se pode desconsiderar, Sr. Presidente, o mérito, a legitimidade e o
alcance social dessas iniciativas. São bandeiras que vêm de longa data e merecem
a devida atenção e priorização desta Casa.
A regulamentação da Emenda Constitucional nº 29 ilustra uma caminhada
que se arrasta há praticamente dez anos — uma luta empunhada pelos movimentos
associados à saúde pública.
Na condição de integrante da Frente Parlamentar da Saúde, venho me
empenhando para sua efetivação, visando à resolução do problema crônico do
subfinanciamento do setor por meio da clara definição do que são ações e serviços
e do estabelecimento da obrigação de os gestores cumprirem o mínimo estipulado
nesses investimentos. Não nos esqueçamos de que 100% da população utiliza o
Sistema Único de Saúde, seja na vacinação, seja em procedimentos de alta
complexidade, como a hemodiálise, por exemplo — 90% dos pacientes renais
crônicos recorrem à rede pública.
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Outra ação que está prestes a ser convertida em realidade, aguardando
apenas vontade política para apreciação no plenário, é a PEC 30/07, da qual sou
Relatora.
Em um país em que boa parte dos lares é chefiado e provido por mulheres,
destaco essa iniciativa associada à rede de proteção da mulher e seus filhos, bem
como a aprovação, em Comissão Especial, após meses de reuniões e audiências
públicas, da ampliação do período da licença-maternidade de 120 para 180 dias
para todas as seguradas do INSS. A medida agrega nutrição adequada, segurança
e aconchego ao bebê, instâncias fundamentais à sua imunização e desenvolvimento
pleno, além de conferir a legítima tranquilidade à mãe, contribuindo ainda para a
estruturação da família como um todo.
Um primeiro passo veio com a Lei nº 11.770/2008: desde o final de janeiro
deste ano, é facultado ao setor privado aderir ao Programa Empresa Cidadã —
projeto do qual também fui relatora —, que aumenta de 120 para 180 dias a licença-
maternidade e permite o abatimento da despesa no Imposto de Renda. Avanço
obtido, mas que ainda deixa lacunas, uma vez que mais de 70% das mulheres que
estão no mercado formal estão em empresas que não são regidas pelo regime de
lucro real, mas pelo SIMPLES. A proposta de emenda à Constituição objetiva
justamente universalizar o benefício. Em julho, porém, o Senado Federal aprovou
PEC de autoria da Senadora Rosalba Ciarlini, do DEM do Rio Grande do Norte, com
o mesmo objetivo. Prestes a ser votada em segundo turno, a proposta depois virá à
Câmara, onde poderemos apensar a ela a PEC 30/07, agregando alguns
importantes diferenciais, como a alteração do termo de licença-gestante para
licença-maternidade, incluindo, assim, as mães adotantes, bem como a manutenção
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do INSS como fonte pagadora do benefício e a ampliação do período de estabilidade
de cinco para sete meses.
Há ainda, Senhoras e Senhores Parlamentares, outra iniciativa que comporta
consenso, algo simples, factível e que tanta diferença fará na vida de milhares de
famílias: a Proposta de Emenda Constitucional nº 347/09, de minha autoria, que
prevê o atendimento educacional especializado, e em qualquer faixa etária e nível
de instrução, para pessoas com deficiência. A propósito, sublinho o mérito das
famílias e entidades que me confiaram bandeira tão importante para sua vida. No dia
17 de agosto, no esforço concentrado da Câmara, a Comissão Especial acatou, por
unanimidade, o parecer favorável à proposição.
É nossa obrigação dar o passo final para a concretização de pleito tão
legítimo, honrando o preceito constitucional de que todos são iguais perante a lei. É
preciso saber conviver com as diferenças, extraindo a beleza e a riqueza que há
nessa diversidade. A escola deve ser um espaço afetuoso e verdadeiro de
aprendizagem. e o Estado não pode fechar essa porta: é seu dever abrir janelas de
oportunidades e inclusão social.
Contudo, Sr. Presidente, uma boa notícia veio na semana passada,
confirmando que basta disposição política para conferir as devidas prioridades ao
que é importante ao conjunto de brasileiros. O Calendário Básico de Vacinação da
Criança incluirá imunização contra meningite, varicela, pneumonia e hepatite A. Fui
Relatora da proposta na Comissão de Seguridade Social e Família, e meu
substitutivo resultou no projeto aprovado na Câmara e no Senado e encaminhado à
sanção presidencial no dia 17 de novembro. Fico muito feliz por ter colaborado para
algo que a Organização Mundial de Saúde já recomendava — afinal, as doenças
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pneumocócicas constam em primeiro lugar no mundo em número de mortes de
crianças até cinco anos por causas que poderiam ser prevenidas com vacinação.
Por fim, outro projeto pronto para votação em Plenário e que certamente
contribuirá para preservar de milhares de vidas é a revisão do Código de Trânsito
Brasileiro (PL 2.872/2008), acatada no final do ano passado na Comissão de Viação
e Transportes, e com acordo para que os pareceres da Comissões de Finanças e
Tributação e de Constituição e Justiça lá sejam dados.
A partir do tripé fiscalização, educação e penalização, apresentei substitutivo
ao PL 2.872/2008. O texto — democraticamente construído ao longo de um ano a
partir de sugestões de entidades representativas e instituições envolvidas — resulta
mais rigoroso que o atual Código, especialmente em relação a infrações graves e
gravíssimas associadas a excesso de velocidade, ultrapassagens perigosas, direção
sob o efeito do álcool ou utilização de telefone celular. É necessária uma legislação
mais rigorosa que amplie a responsabilidade do condutor, pois é inaceitável a
estatística de 30 mil mortes por ano em acidentes de trânsito nas vias e rodovias
deste País. A nova realidade das estradas e rodovias justifica essa atualização,
motiva o ajuste de uma lei que já soma 13 anos. E o nosso propósito é
simplesmente o de preservar vidas e diminuir os prejuízos bilionários com a
vitimização de milhares de pessoas.
Não podemos perder de vista, Sr. Presidente, nosso papel de legisladores,
nossa responsabilidade e comprometimento com os pleitos a nós apresentados.
Deixo, assim, meu apelo para que proposições de tamanho alcance social e
que repercutirão em melhorias imediatas para uma população que tanto sofre com
os efeitos perversos da desigualdade e políticas públicas insuficientes em áreas
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vitais, como saúde, segurança pública, educação e trabalho, sejam devidamente
priorizadas e acolhidas.
Que restem, neste final de legislatura, bom-senso e atitude política majoritária
para alcançarmos, em nome da sociedade, do valor público e do progresso desta
Nação, o horizonte que todos brasileiros merecem, o que inclui a efetivação de
iniciativas para o bem do País e a legitimação e credibilidade dos gestores e
legisladores brasileiros.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigada.
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O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Com a palavra, para o período do
Grande Expediente, o nobre Deputado Vicente Arruda, que integra a bancada do PR
no Estado do Ceará.
O SR. VICENTE ARRUDA (PR-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente
Mauro Benevides, é uma honra e um privilégio vê-lo na Presidência desta Casa, no
momento em que inicio o meu discurso no Grande Expediente. V.Exa. já faz parte
da história do País, pela sua atuação, pela sua permanência e pelos assuntos que
abordou e que muito ajudaram para o desenvolvimento democrático do nosso País.
Sras. e Srs. Parlamentares, desde o início do meu primeiro mandato, em
1995, por conseguinte seis anos após a promulgação da Constituição de 1988,
ecoava nos corredores, no plenário e nas Comissões desta Casa, com repercussão
na imprensa e em setores da opinião pública, o mantra da reforma política, que, para
alguns, é a mãe de todas as reformas.
Agora, ao final do ano de 2010, o rumor e o ruído da reforma se acentuam,
uma vez que o nosso Presidente Lula já declarou que dedicará o seu tempo, o seu
lazer e o seu prestígio na concretização da reforma política.
Recentemente, a Ordem dos Advogados do Brasil realizou um seminário para
criar um projeto de reforma política, que será eventualmente apresentado a esta
Casa.
Ao longo destes 16 anos, assisti a muitos projetos serem discutidos na
Comissão de Constituição e Justiça. Numa Comissão Especial, presidida pelo
Deputado Ronaldo Caiado, tentou-se realizar uma reforma de maior profundidade,
criando as listas preordenadas e o financiamento público de campanha.
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Mas o que é reforma política? No meu entender, a reforma política deve
necessariamente começar pelo fortalecimento do regime político criado pela
Constituição de 1988.
Temos assistido a influências cada vez maiores do Poder Executivo na vida
do Legislativo.
O Presidente legisla, o Presidente é responsável pela elaboração do
Orçamento. Em suma, a Presidência está transformando o Congresso Nacional em
um apêndice que obedece servilmente ao voluntarismo da Presidência.
O Sr. Mauro Benevides - Permite-me V.Exa. um aparte?
O SR. VICENTE ARRUDA - Com prazer, Excelência.
O Sr. Mauro Benevides - Deputado Vicente Arruda, primeiramente, quero
saudar a presença de V.Exa. na tribuna no Grande Expediente da sessão de hoje,
sobretudo porque V.Exa. se ocupa de um tema que empolga esta Casa, mas que,
lamentavelmente, não se chegou ainda a uma concretização positiva que
restabelecesse a credibilidade da classe política brasileira. Veja V.Exa. que se
tentou, seguidamente, nesta Casa, em duas excelentes oportunidades, a aprovação
de uma reforma substantiva na estrutura política brasileira. Se V.Exa. remontar ao
passado, a grande reforma que se fez foi ainda ao tempo do Presidente Castelo
Branco, quando S.Exa. enviou ao Congresso Nacional três documentos básicos: a
Lei de Inelegibilidade, o Código Eleitoral e o Estatuto dos Partidos. De lá para cá,
temos, seguidamente, tentado uma reforma política que consubstancie modificação
fundamental com financiamento público de campanha que terá de ser
operacionalizado com a lista preordenada. Mas até hoje não se conseguiu promover
essa reforma política. E V.Exa. faz muito bem quando, ao ocupar a tribuna da
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Câmara na tarde de hoje, reclama de todos nós essa omissão, essa negligência e
essa desídia, imperdoáveis diante da opinião pública brasileira. Meus cumprimentos
a V.Exa. pelo pronunciamento que faz.
O SR. VICENTE ARRUDA - Agradeço a V.Exa. o aparte.
Pergunto: o financiamento público de campanha, a lista preordenada irão
eliminar da vida política brasileira as mazelas que todos nós apontamos? Reside aí
o grande defeito, a grande falha do regime político brasileiro? É evidente que não.
Vejam bem. O financiamento de campanha já existe, e já existe com o fundo
partidário, com os programas eleitorais gratuitos e também com a limitação dos
recursos privados nas campanhas eleitorais. Isso já está prescrito. A legislação já
prevê a punição do uso excessivo do poder econômico e do poder político nas
eleições, mas até hoje está aí o caixa dois.
O que existe não é um problema político, não é a falta de legislação, não é a
falta de reforma, mas a falta de cumprimento da lei existente.
Vemos que tem razão o nobre Presidente desta Casa, Michel Temer, quando
diz que há dois brasis: o Brasil real e o Brasil formal. O erro está na pletora de
legislação e não de cumprimento. A própria Ficha Limpa, tão decantada como uma
reforma política, não é uma reforma política, é uma reforma judicial, porque todos os
fatos, setores e condições que impediam o acesso de certas pessoas à vida pública
já estavam previstos na legislação atual: a improbidade, o abuso de poder
econômico, a falta de decoro parlamentar. O que se fez foi alterar a Constituição
Federal, porque aqueles que violaram a lei eleitoral e a lei comum não foram
julgados pelo Poder Judiciário. Usou-se um artifício para criar uma nova ordem de
punição, a chamada decisão pelo colegiado, quando a Constituição prevê que só
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será considerado culpado depois de transitada em julgado a sentença condenatória.
São paliativos que não resolvem a questão.
Então, por que se fala, por exemplo, na cláusula de barreira? A cláusula de
barreira é uma consequência absoluta do sistema de votação proporcional, instituído
na Constituição justamente para dar aos vários segmentos da opinião pública a
oportunidade de se manifestarem e de se fazerem presentes no Parlamento
nacional. Ela é que confere essa pluralidade de partidos, que não faz mal à
democracia. Ao contrário. Vejam o PCdoB e o PV, que têm dado uma grande
contribuição ao País com suas ideias, suas ideologias, seus programas! Aí não está
a raiz do mal da política brasileira.
Eu digo que a política brasileira só poderá ser reformada para reduzir a
invasão da Presidência na competência dos demais Poderes. O Poder Judiciário,
diante da fragilidade do Poder Legislativo, está legislando. Vejam o caso da
fidelidade partidária: mediante uma simples consulta, o Tribunal Superior Eleitoral
criou a fidelidade partidária, repudiada na Constituição de 1988, ao revogar, com a
Emenda Constitucional nº 25, de 1985, o sistema da fidelidade partidária, instituído
pela ditadura militar.
Não é possível admitir-se a intromissão da Justiça Eleitoral nas questões
políticas. Sua função é logística: criar o calendário eleitoral; fazer o cadastro dos
eleitores; promover a eleição e a apuração. Não é baixar resoluções
regulamentando leis. E ninguém fala disso. Só se fala e só se quer reduzir o poder
do Legislativo.
Penso ser necessário que o Parlamento discuta e vote uma reforma política
que realmente mexa no sistema de governo.
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É fundamental, meus amigos, que haja, por outro lado, melhor repartição dos
recursos provenientes dos impostos entre os entes federados. Hoje, a União tem
60% dos impostos; os Estados, 24%; os Municípios, apenas 16%.
É preciso ajustar essa repartição para adequá-la às demandas e aos
encargos cometidos a Estados e Municípios, que hoje são párias da Federação,
vivem à mercê das benesses e da vontade da União — ao dizer União, digo Poder
Executivo.
A Ordem dos Advogados do Brasil pretende fazer um projeto de reforma
mudando o sistema presidencialista, para introduzir no Brasil o sistema vigente em
Portugal e França, onde há equilíbrio entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo.
Acho que devemos caminhar nessa direção, para restabelecer a dignidade do
Parlamento, que foi confiscada, vilipendiada com o mensalão. Nós não fomos os
autores do mensalão, fomos uma vítima dele.
É preciso, meus amigos, que o Brasil reordene suas prioridades, crie novos
instrumentos de liberdade, de ordenamento jurídico, para que possamos, de uma
vez por todas, expulsar do País a corrupção e o acesso a cargo público de pessoas
que não têm história, que não têm biografia, que não têm interesse em contribuir
para o desenvolvimento do Brasil.
Eu participei de todas as Comissões desta Casa que trataram da reforma
política. Em todas fui opinião isolada, porque não acredito de maneira nenhuma que
o financiamento público de campanha venha a solucionar nossos problemas.
Nós não podemos afastar o povo da participação na vida política e nas
campanhas eleitorais. Vejam o caso de Barack Obama, que se elegeu com
contribuição anômala de todo o povo norte-americano. O povo precisa participar do
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processo político, precisa estar presente, contribuir com sua experiência,
entusiasmo, reivindicações e inspirações para a melhoria das condições políticas do
País.
Isso só será possível se abrirmos a campanha eleitoral para acolher a opinião
popular. Nós não podemos impedir, nem devemos, que pessoas físicas, os cidadãos
brasileiros contribuam para ver no Parlamento ou no Governo do Estado uma
pessoa que sente que tem sintonia com suas aspirações, com seu bem-estar e de
sua família.
Sinceramente, acho que não é hora de se fazer uma reforma política que não
tenha como base o reequilíbrio entre os Poderes da República. Se não começarmos
por aí, faremos uma reforma capenga, que não resolverá os problemas institucionais
que vivemos.
Meus amigos, um dos graves problemas da nossa República também é o
sistema de voto proporcional, porque exige, para sua apuração, que se estabeleça
um sistema partidário em que o candidato é obrigado a pertencer a um partido,
porque não se poderia computar a imensidão de votos.
Já existiu esse problema no primeiro Código Eleitoral, de 1930, de Assis
Brasil, quando não havia a obrigatoriedade de o candidato ser filiado a nenhum
partido. A filiação ocorreu no segundo Código Eleitoral, de 1945, justamente devido
ao sistema proporcional de votação. Se nós acabarmos com o sistema proporcional
e introduzirmos o sistema distrital ou distrital misto, acabaremos com o problema dos
pequenos partidos, porque o voto passará a ser majoritário, como é na Inglaterra e
nos Estados Unidos. Então, teremos menores gastos de campanha e maior eficácia
do Deputado que cuidará do...
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O Sr. Chico Lopes - Deputado Vicente Arruda, V.Exa. me permite um
aparte?
O SR. VICENTE ARRUDA - Pois não, Deputado Chico Lopes.
O Sr. Chico Lopes - Deputado Vicente Arruda, ao sair do meu gabinete para
vir apartear V.Exa., percebi que tenho uma dificuldade. Para se fazer a reforma
política no País, acho que é necessário primeiro o Poder Judiciário passar por uma
reestruturação. Parece-me que o financiamento de campanha pública talvez comece
quando o candidato se acosta ao partido e ao que esse pensa. Assim, as lideranças
começam a se renovar, dando mais oportunidade aos eleitores. Essa campanha —
não sou eu que estou dizendo — talvez tenha sido a mais cara deste País. Se
continuar assim, os movimentos populares, as lideranças de certos segmentos da
sociedade, ficarão cada vez mais sem a possibilidade de concorrer. A campanha no
Ceará foi uma brincadeira. V.Exa., uma pessoa experiente — nós conhecemos a
sua liderança —, deve concordar quando digo que essa situação está-se tornando
impraticável. Nós pensamos em lista fechada, em financiamento de campanha, bem
como em aprofundar ainda mais a participação do povo. Mas eu acho que deve
haver uma reforma política imediatamente. Muito obrigado, Deputado Vicente
Arruda.
O SR. VICENTE ARRUDA - Deputado Chico Lopes, agradeço-lhe o aparte,
porque me dá a oportunidade de reformular uma pergunta a V.Exa. e aos demais
Deputados: o financiamento público de campanha evitará os gastos eleitorais ou irá
multiplicá-los? Além dos recursos públicos, certamente virão os recursos privados,
por meio do caixa dois.
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De acordo com a Lei nº 9.504, hoje já existem limites para os gastos
eleitorais, além dos tetos gastos com campanhas que a lei dos partidos políticos
estabelece. Há uma punição severa, até mesmo a perda do mandato, para quem
extrapola os limites de gastos estabelecidos na lei. Como disse V.Exa., as eleições
estão cada vez mais caras. Portanto, o problema não está no financiamento público
de campanha, mas na diferença entre o País real e o formal.
Acho impossível se fazer a reforma política neste momento, porque ninguém
quer perder. O Poder Executivo não quer perder seus privilégios. O Judiciário,
embora esteja avançando no processo político, como acentuou V.Exa., hoje nos faz
reféns. A Justiça Eleitoral deveria ser de logística, para tornar possíveis as eleições,
mas não para defender os parâmetros e as condições em que se operarão as
eleições. Isso é responsabilidade dos partidos políticos.
Perdoe-me V.Exa., mas os partidos políticos não terão nenhuma expressão,
porque não têm programa de governo. Quando eles assumem o Parlamento, quem
dita o programa a ser executado é o Presidente da República. Voluntariamente, é o
Presidente da República quem o define.
Muito me preocupa o açodamento que há na reforma política, do qual todos
falamos. É muito difícil fazer tanto a reforma política quanto a reforma tributária.
Fazemos remendos, casuísmos, coisas que às vezes tornam pior o que consta na
legislação vigente. Nunca se procurou fazer um estudo real das deficiências do
nosso regime político.
Sempre achei e continuo achando que o erro, o mal, está na hipertrofia, no
imperialismo presidencial, porque é o Presidente que legisla. Ele é o dono dos
recursos, não obedece a critérios, somente à própria vontade.
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Devemos levar em consideração que é preciso, em primeiro lugar, mudar o
sistema de governo, em qualquer reforma política. Mas ninguém tem a coragem de
tocar nessa ferida.
Durante o discurso do Sr. Vicente Arruda,
assumem sucessivamente a Presidência os Srs. Marcelo
Itagiba, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, e Arnaldo
Faria de Sá, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.
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O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria de Sá) - Concedo a palavra, pela ordem,
ao nobre Deputado Marcelo Itagiba. S.Exa. dispõe de 3 minutos.
O SR. MARCELO ITAGIBA (PSDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, farei um importante pronunciamento a
respeito da segurança pública no meu Estado.
Há anos venho defendendo a integração de todas as instituições policiais e
militares que têm corresponsabilidade pela segurança pública nacional, para a
realização de ações conjuntas contra o tráfico de drogas.
Em 2002, à frente da Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro,
consegui fazer com que a Polícia Federal e as Polícias Civil e Militar do Estado se
unissem, trocassem informações e realizassem a operação conjunta denominada
Camisa Preta contra traficantes do Complexo do Alemão.
A operação resultou na desarticulação da quadrilha do traficante Uê, líder da
facção criminosa incrustada numa das comunidades daquela região.
Naquele ano de 2002, publiquei um artigo no Jornal do Brasil, no dia 16 de
maio, defendendo a constituição de uma força-tarefa, com missão delimitada e
específica, composta por todos aqueles que fazem parte do aparato de segurança
do Estado.
Propus que, com o respaldo legal de inquéritos policiais regularmente
instaurados, a força-tarefa fosse integrada pela Polícia Federal, pela Polícia Civil,
pela Polícia Militar e pelas Forças Armadas, para, em conjunto, de forma
coordenada, apurarem na esfera de suas atribuições os crimes praticados pelas
quadrilhas.
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A Operação Camisa Preta, contra o tráfico do Complexo do Alemão, foi uma
ação conjunta pioneira, mas a formação da força-tarefa em caráter permanente,
incluindo a participação das Forças Armadas, não foi à frente em razão de
inaceitáveis obstáculos político-partidários postos no caminho pelo Governo do PT
no Estado do Rio de Janeiro.
Em 2004, à frente da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro,
publiquei no jornal O Globo o artigo intitulado Legitimidade para agir. Demonstrei
que não havia qualquer impedimento constitucional para que as Forças Armadas
atuassem, nos campos logísticos e operacionais, no combate ao crime organizado,
em parceria com as forças policiais.
Naquele artigo, em 2004, expus que as Forças Armadas já dispunham dos
instrumentos legais para realizar tarefas de cunho policial para investigar crimes
militares, como é o caso dos armamentos de guerra extraviados de unidades
militares e usados pelos traficantes.
Mostrei naquele artigo que o inquérito policial militar, o IPM, já oferece aos
militares os mesmos dispositivos legais dos quais se utilizam as polícias judiciárias
estaduais para investigar os crimes comuns.
Esclareci que, a partir da abertura do IPM, os militares encarregados da
apuração de um crime militar podem investigar, tomar depoimentos, promover
acareações, realizar interceptações telefônicas mediante autorização concedida pela
Justiça Militar, solicitar mandados de prisão e de busca e apreensão, e realizar
incursões nos locais relacionados à elucidação do crime, com o emprego da força
policial-militar adequada à operação.
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Com base neste princípio, no Rio de Janeiro as forças estaduais e o Exército
promoveram, em 2005, várias ações conjuntas, inclusive em favelas, destinadas a
recuperar — no que tivemos êxitos — fuzis roubados de unidades militares na
capital do Estado.
As episódicas operações com o Exército se deram de forma concomitante às
deflagradas regularmente pelas forças estaduais, por determinação minha. Naquele
momento, o tráfico de drogas foi duramente combatido pelas Polícias Civil e Militar
nas Operações Pressão Máxima, Asfixia e, por fim, inclusive com troca de
informações com a área de inteligência da PF, na Operação Inteligência, Massa e
Força, que foi a primeira ação a reunir mais de mil policiais numa só incursão
policial.
Os excelentes resultados já são de conhecimento público: 64 mil prisões e 45
mil armas apreendidas — recordes até hoje não superados —, além das prisões ou
mortes em confrontos dos chamados 80 chefes do tráfico de drogas no Rio.
No mesmo ano de 2005, em janeiro, ou seja, um mês após assumir o cargo
de Secretário de Segurança Pública, elaborei e levei a Brasília o Plano 001, que
previa uma série de ações conjuntas entre as forças estaduais e federais contra o
tráfico no Rio. Apenas uma operação nesses moldes foi realizada — ainda que com
pequenos contingentes da PF e das Forças Armadas —, mas novamente os
obstáculos político-partidários impediram que houvesse a continuidade necessária.
Ainda como Secretário de Segurança, para garantir a integridade dos policiais
e permitir que eles avançassem no terreno sem ter que revidar de longa distância os
ataques dos traficantes — situação que aumenta os riscos para os moradores
inocentes —, comprei dez blindados para incursões nas comunidades.
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Houve muitas críticas injustas à aquisição dos veículos que batizei de
“Pacificadores”. Mas a redução dos casos de policiais e moradores feridos ou mortos
em operações demonstra que compra dos blindados foi acertada. Tanto foi, que
grande parte do sucesso da ocupação do Alemão é atribuída à presença decisiva
dos blindados da Marinha, que são ainda mais poderosos do que os “Pacificadores”
que comprei para as polícias do Rio.
Aquelas operações em parceria com o Exército, em 2005, foram a prova
incontestável de que as Forças Armadas poderiam e deveriam ajudar as polícias
estaduais, não somente impedindo a entrada de armas e drogas pelas nossas
fronteiras, como também atuando efetivamente no combate urbano aos traficantes
de drogas.
Contudo, obstáculos político-partidários impediram novamente que a força-
tarefa de caráter permanente se concretizasse. Por isso, hoje vejo com grande
felicidade que, enfim, houve o apoio político e o respaldo da mídia e da opinião
pública às ações conjuntas que permitiram que o braço armado do Estado, agora
com todas as suas forças disponíveis, voltasse ao Complexo do Alemão e
dominasse aquele território sob o jugo dos traficantes.
Eu tenho sido um dos maiores críticos do Governo do Estado, por entender
que não há efetivo suficiente para atuar nas duas pontas, ou seja, nas UPPs e no
policiamento ostensivo. É preciso dobrar o efetivo da Polícia Militar, que é de 38 mil,
para que o envio de policiais para as UPPs não deixe desguarnecido o policiamento
ostensivo, como está ocorrendo e propiciando o aumento dos crimes de rua.
Há muito tenho dito que entrar em qualquer comunidade em que o tráfico está
presente não é difícil. Difícil é permanecer lá, sem diminuir o policiamento nas ruas.
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Mas, independentemente das críticas ao Governo do Estado, faço questão de
aplaudir a ação do último domingo.
Como Superintendente, tive dificuldade em fazer que essa ação se realizasse,
porque o Governo do PT no Estado do Rio de Janeiro, por não concordar com ela,
impediu-a. Posteriormente, como Secretário, não obtive respaldo da parte do
Governo do PT no Governo Federal. Portanto, fico feliz em ver que o Governo,
agora, dá o suporte necessário.
Como carioca e delegado da Polícia Federal, dou os meus parabéns a todos
os policiais civis, militares e federais e aos militares da Marinha e do Exército
investidos na operação e recebidos de braços abertos pela população, como
também aos bombeiros que combateram nas ruas o fogo e socorreram as vítimas
das ações terroristas que incendiaram centenas de veículos.
Sempre afirmei que a Polícia do meu Estado entra em qualquer lugar, a
qualquer hora, para combater todo tipo de bandido, apenas não tem efetivo
suficiente para tornar permanente essa ação. Decorre daí a necessidade do
concurso das Forças Armadas. Além disso, quando comprei os blindados, eles
foram altamente criticados. Hoje, são reconhecidos como equipamentos necessários
à consecução dos objetivos da segurança pública.
Parabenizo por essa façanha todos os policiais civis e militares, todos os
militares das Forças Armadas e todos os bombeiros militares.
Parabenizo o Secretário de Segurança Pública e meu colega de profissão,
José Mariano Beltrame, que foi o terceiro delegado da Polícia Federal a assumir o
posto. Beltrame foi precedido pelo Delegado Roberto Precioso Júnior, que me
sucedera no cargo de Secretário de Segurança.
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Beltrame fez o que devia ser feito e que venho defendendo nos últimos anos:
integração de todas as forças de segurança e ação conjunta para livrar os
moradores das áreas mais pobres do terror promovido pelos traficantes.
As diretrizes por mim implementadas e lançadas no Plano de Combate ao
Crime 001, de 2005, aprovado em Brasília, agora estão sendo colocadas em prática.
Antes não o foram, porque o Governo Federal não havia participado com as tropas
militares, embora a Secretaria de Segurança Pública tenha realizado operações para
recuperar, ao lado do Exército brasileiro, os armamentos que foram subtraídos,
furtados e roubados dessa força.
A cúpula da Segurança Pública atual conta com um Delegado de Polícia e um
Coronel PM que tiveram funções de grande relevância na minha gestão como
Secretário de Segurança Pública.
O Chefe de Polícia Civil, Delegado Allan Turnowski, na minha administração
foi o Chefe do Departamento de Polícia Especializada.
O Comandante-Geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, foi Comandante do
Batalhão da Maré — primeiro quartel da PM erguido dentro de uma comunidade —
e, principalmente, comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais, o
BOPE, a Tropa de Elite da PM do Rio.
Aliás, foi na minha gestão que os policiais do BOPE passaram a receber a
justa gratificação especial, que, naquele momento, representava mais de 50% do
salário de um PM.
O que eu desejo neste momento, e que certamente também é o desejo de
todos os cariocas e brasileiros, é que a mobilização policial e militar não se desfaça,
e que se crie já a força-tarefa permanente, conforme venho conclamando há anos.
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A força-tarefa permanente é imprescindível para que o Complexo do Alemão
se torne definitivamente um lugar de paz para os moradores e, também, para que
esta mesma ação conjunta continue a percorrer toda a cidade, para livrar todas as
outras quase 600 favelas existentes que ainda estão sob o controle de traficantes e
milicianos.
O que eu também desejo, e que certamente também é o desejo de todos os
cariocas e brasileiros, é que o Governador do Rio, Sérgio Cabral, a quem critico de
forma recorrente em face da sua má administração, de fato reconheça os atos dos
policiais e, em vez de vir a Brasília pedir pela não votação da Proposta de Emenda à
Constituição nº 300 e mandar seus enviados, venha a este Congresso Nacional
dizer à bancada do Estado do Rio de Janeiro e ao Governo Federal que a PEC 300
tem de ser votada agora, já, como forma de reconhecimento ao heroísmo dos
nossos policiais no combate ao tráfico de drogas na cidade e no Estado do Rio de
Janeiro.
Então desafio S.Exa. o Governador a mudar sua postura e aqui comparecer
para apoiar os policiais, para que eles recebam a justa e correta remuneração e
tenham dignidade no exercício da sua atividade.
Sr. Governador, venha a Brasília, venha honrar os seus policiais, venha
honrar a atitude dos policiais que combateram o tráfico! Eles estão, com certeza, de
parabéns.
Essa luta não pode terminar, ela tem que continuar. Não basta fazer apenas
fazer incursões, há que se ocupar, de forma permanente, aquelas comunidades que
estão sob o jugo da milícia — que cresceu mais de 100% em nosso Estado — e sob
o jugo do tráfico de drogas. Há que se combater não apenas uma facção, a
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Comando Vermelho, há que se combater também a ADA, que está no Complexo da
Rocinha.
Mais uma vez, meus parabéns a todos. Vamos à luta, porque é ela que traz a
liberdade. O direito nada mais é do que o meio termo entre o despotismo do Estado
e a barbárie praticada por esses indivíduos.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria de Sá) - Concedo a palavra, pela ordem,
ao Deputado Mauro Benevides.
O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pela ordem. Pronuncia o
seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Município de
Mombaça comemorou, neste final de semana, 159 anos de autonomia política, em
meio à programação festiva, comandada pelo Prefeito Wilame Alencar, que, ali,
empreende gestão profícua com o apoio dos Vereadores e de todos os segmentos
sociais.
As minhas raízes familiares ali se acham incrustadas, com participação no
processo político e em todas as iniciativas que contribuíram para o desenvolvimento
daquela comuna.
Não poderia deixar de relacionar, entre os seus filhos mais ilustres, o ex-
Deputado e Embaixador Antonio Paes de Andrade, que presidiu esta Casa e, na
condição de nosso dirigente máximo, chegou a ocupar, por algumas vezes, em
caráter interino, a Presidência da República, fazendo-o com dignidade e
autorizando, em gesto histórico, a criação dos Açudes Castanhão — o maior
reservatório de nossa Unidade Federada, com capacidade de armazenamento ao
nível de 6 milhões de metros cúbicos —, e o Serafim Dias, localizado naquela
região.
No passado, pontificaram o Constituinte Augusto Tavares de Sá e Benevides,
bem assim o seu irmão Paulo Feijó Benevides, que se alçou à Presidência da
Assembleia, da mesma forma como eu, em décadas anteriores.
Mencione-se, por oportuno — e isso relatei, ontem, ao dinâmico empresário
Orlando Benevides Cavalcante —, que um dos mais ilustrados cearenses, Plácido
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Aderaldo Castelo, ali também nascido, chefiou o Governo do Estado, como
administrador consciente e intelectual de méritos comprovados.
O seu filho, Pedro Castelo, ocupa a subchefia da Casa Civil, herdando do pai
o talento e espírito público, postos a serviço de nossa Unidade Federada.
No recente pleito, ao postular a reeleição, obtive naquela prestigiosa cidade
mais de 5 mil votos, o que me obriga a trabalhar, ingentemente, para tornar efetivas
as mais justas aspirações de sua gente.
No Sertão Central do nosso Estado, sob as bênçãos de Nossa Senhora da
Glória e o esforço permanente de suas lideranças, Mombaça ajuda a construir o seu
progresso, ajustado ao momento auspicioso por que passa a nossa terra e o próprio
País.
Saúdo, pois, desta tribuna, mais um aniversário daquela urbe, que é orgulho
para os seus habitantes e para nós, que ali identificamos um estruturado polo de
crescimento econômico e bem-estar social, a serviço do Nordeste e do País.
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O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria de Sá) - Concedo a palavra, pela ordem,
ao Deputado Wellington Fagundes.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (PR-MT. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, gostaria de saudar toda a classe industrial do meu Estado
de Mato Grosso, visto que hoje a Federação das Indústrias no Estado de Mato
Grosso — FIEMT completa 35 anos.
Parabenizo toda a Diretoria da FIEMT, através do seu Presidente Jandir
Milan, que hoje lança um selo estadual, juntamente com os Correios, em
comemoração aos 35 anos da entidade que enobrece o nosso Estado.
Embora Mato Grosso seja um grande produtor de matéria-prima, seu setor
industrial tem crescido muito. Com o Governador Silval Barbosa, estamos na busca
incessante de verticalizar nossa economia e fazer com que toda a matéria-prima
seja industrializada no Estado. Assim vamos agregar valores e, principalmente, dar
oportunidade de empregos à população.
Sem dúvida, a Federação tem sido uma grande parceira da sociedade e do
Governo do Estado na capacitação e na profissionalização dos trabalhadores, bem
como na área de lazer e no atendimento médico-odontológico. Portanto, a FIEMT,
que está levando suas unidades para o interior do Estado, merece os nossos
parabéns.
Mais uma vez, registro o reconhecimento do Deputado Wellington Fagundes a
toda a Diretoria da Federação, na pessoa do Presidente Jandir Milan.
Muito obrigado.
Durante o discurso do Sr. Wellington Fagundes, o
Sr. Arnaldo Faria de Sá, § 2º do art. 18 do Regimento
Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada
pelo Sr. Marcelo Itagiba, § 2º do art. 18 do Regimento
Interno.
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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Itagiba) - Com a palavra, pela ordem, o
Deputado Arnaldo Faria de Sá.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, quero registrar que ontem a Câmara Municipal de São
Paulo, através do Vereador José Police Neto, fez uma homenagem à Lima
Contabilidade e Auditoria. Envio o meu abraço ao Reinaldo, o pai, e ao Reinaldo
Júnior.
Também registro que, por iniciativa do Vereador Gilberto Natalini, foi realizada
ontem uma sessão solene na Câmara Municipal de São Paulo, em comemoração
aos 75 anos da Ordem dos Economistas do Brasil. Parabéns ao Francisco Coelho,
Presidente da OEB.
Comunico ainda que, hoje, pela manhã, estive em Serra Negra, no seminário
da Confederação Nacional dos Servidores Públicos, lutando juntamente com eles
pela aprovação das PECs 555 e 270, que são extremamente importantes.
Também estive, na sexta-feira passada, num jantar da Associação dos
Serventuários de Justiça. Mando um abraço ao seu Presidente pela grande reunião.
Por fim, registro a homenagem que recebi do SINDEPRESTEM e da
ASSERTTEM, muito relevante. Sem dúvida nenhuma, a nossa luta para valorizar o
serviço público é extremamente importante.
Nós estamos indignados, Sr. Presidente, porque ouvimos comentários de que
as Lideranças fizeram um acordo para não se votar a PEC 300 neste ano e jogar a
votação para o ano que vem. Parece que ninguém está vendo o que acontece no
Rio de Janeiro, brilhantemente relatado por V.Exa., em pronunciamento anterior.
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Aquilo, inclusive, é mais do mesmo, pois, na verdade, houve apenas uma ocupação
midiática e não aconteceu a ocupação real.
O veneno vai vir de forma contundente. Portanto, a única solução que nós
temos para resolver a questão da insegurança pública em nosso País — repito, da
insegurança pública — é votar a PEC 300.
O policial militar do seu Estado, Sr. Presidente Marcelo Itagiba, recebe, no
início de carreira, 900 reais, 30 reais por dia, ou seja, recebe menos do que uma
diarista que faz serviços de faxina. É assim que se trata a segurança pública neste
País: com total desprezo, falta de consideração e falta de respeito.
Não adianta ficar em gabinete, saudando Presidente que sai, Presidente que
entra, Presidente que fica, dizendo que foi uma grande vitória e dando aquelas
entrevistas laudatórias. Na verdade, a realidade é outra: o policial militar precisa
receber um salário digno, como também precisam o policial civil e o bombeiro.
Nós estamos denunciando aqui que querem colocar na gaveta a PEC 300.
Havia um acordo entre o Presidente desta Casa, Michel Temer, e o Líder do
Governo, Cândido Vaccarezza, de que, depois das eleições, votaríamos o segundo
turno da PEC 300. Agora querem colocá-la na gaveta. Estão brincando com coisa
séria.
O que aconteceu no Rio de Janeiro é algo que tem de ser educacional e
sociologicamente estudado. Sem dúvida alguma, os riscos da Copa do Mundo e das
Olimpíadas são flagrantes e permanentes. Por isso, eu queria chamar à
responsabilidade todos aqueles que não querem votar a PEC 300. Estão brincando
com fogo, é um barril de pólvora prestes a explodir a qualquer momento.
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Votaremos a PEC 300 contra a vontade das Lideranças, porque a maioria dos
Srs. Deputados quer cumprir o compromisso de votá-la. Governadores que, em
campanha, jamais falaram dessa questão, vêm agora procurar a Presidente eleita e
pedir para que não seja votada a PEC 300. São irresponsáveis. Não têm o mínimo
de compromisso com a sociedade.
A insegurança pública neste País é culpa da não votação da PEC 300. Tenho
certeza de que aqueles que jogam contra estão torcendo pelo “quanto pior, melhor”.
Não é essa a nossa posição; nós queremos votar a PEC 300 custe o que custar.
Luiz Eduardo Soares, ainda ontem, no programa Roda Viva, falava da
necessidade de se votar a PEC 300. Vários antropólogos e sociólogos falam da
necessidade de se votar a PEC 300. Só os curiosos de plantão não querem votar a
PEC 300, os Governadores de plantão que não sabem a realidade da insegurança
pública neste País.
Votação da PEC 300 já, custe o que custar! Não vamos votar mais nada em
sessão extraordinária!
(O microfone é desligado.)
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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Itagiba) - Concedo a palavra, pela ordem, ao
nobre Deputado Fernando Marroni.
O SR. FERNANDO MARRONI (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero registrar que, no final da semana
passada, nós da Comissão Especial da PEC da Escola de Tempo Integral
conseguimos aprovar, por unanimidade, importante emenda constitucional que
estabelece a obrigatoriedade da permanência das crianças na escola por, no
mínimo, sete horas.
Juntamente com isso, veio uma boa notícia no jornal Zero Hora de quinta-feira
passada, cuja matéria peço seja anexada a este pronunciamento: a Escola Estadual
Neusa Mari Pacheco, de Canela, no Rio Grande do Sul, com 97 anos de história,
recebeu o Prêmio SESI de Qualidade na Educação. Por que isso aconteceu?
Porque a escola implantou o tempo integral e, com isso, a evasão caiu de 34% para
os atuais 1,3%, e a taxa de repetência recuou de 28% para 3,5%.
Está clara e mais do que provada a necessidade de que o ensino básico dê à
sociedade a resposta de que ela precisa, que a escola de tempo integral seja uma
obrigatoriedade em nosso País e efetivamente instalada em todos os Municípios.
Assim poderemos caminhar para uma boa qualidade da educação e disputar o
nosso jovem, que luta, muitas vezes, contra a ociosidade, a violência e a rua.
Junto com esse fato, comemora-se a instalação de 30 escolas técnicas
federais e de 25 novos campi de 15 universidades federais inauguradas no Governo
Lula, deixando inequivocamente claro o compromisso do Governo com a educação
no nosso País.
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Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero também comentar o problema da
aviação civil no nosso País. Nós, que vivemos nas asas dos aviões para cima e para
baixo, fomos surpreendidos, no sábado, ao ver escrito na tela: “Procure a empresa
aérea”. Procurei a TAM e me informaram que estavam aguardando uma tripulação.
O avião estava no pátio, mas não poderia decolar. Duas semanas atrás, foi a vez da
Gol, que não tinha pessoal para tocar as suas aeronaves. Ontem a Gol finalmente
admitiu que está com falta de pessoal. Disse que houve uma troca de escala, etc.
Na verdade, as companhias aéreas estão com dificuldades em relação à mão de
obra.
Aqui na Casa tramitou um projeto para que houvesse a contratação de pilotos
estrangeiros para tocar a frota nacional da aviação civil. O problema das
companhias não pode ser transferido para o Governo, porque quem apanha é a
INFRAERO.
Procurei a ANAC no aeroporto. E, ao chegar lá, havia uma recepcionista
sentada na frente do computador que me disse: “A reclamação é feita pelo
www.anac.com.br”.
Ora, Sr. Presidente, como é que o cidadão deste País poderá exercer a sua
cidadania se não pode mais confrontar com o responsável pela aviação civil? E o
que é mais intrigante: nos dois blecautes aéreos, um da Gol e outro da TAM, não
houve uma multa. Se um passageiro chega atrasado e perde o seu bilhete, é
obrigado a pagar uma multa para transferir a sua passagem. E a ANAC assiste a
tudo calada, não aplica multa, não exerce as suas funções, nem com a Gol nem com
a TAM, como ficou provado nesse episódio. Suspendeu a venda de passagem, vai
fazer uma auditoria, para depois ver se aplica ou não a multa.
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Ora, os passageiros todos nos aeroportos, o Governo apanhando, porque a
culpa é da INFRAERO, e a ANAC, que deve exercer a sua função de fiscalização e
controle aéreo, nada fez nesses dois episódios.
Estamos aqui, na tribuna, pedindo providências, porque vai chegar o final do
ano e já sabemos qual será a receita da grande mídia: “A INFRERO é incompetente,
tem que ser privatizada”. Temos, sim, que tocar o dedo na INFRAERO, mas temos
também de tratar de controlar as companhias aéreas, que estão fazendo o que bem
entendem com os passageiros.
PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cidadãos que assistem a esta sessão,
ontem o Presidente Lula e o Ministro da Educação, Fernando Haddad, fizeram a
entrega, em cerimônia no Palácio do Planalto, de mais 30 escolas federais de
educação profissional e outros 25 novos campi de 15 universidades federais. Esses
lançamentos cumprem a meta que havia sido firmada pelo atual Governo de
expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e
pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades
Federais, o REUNI.
O simples fato de um Presidente fazer um lançamento como esse ocorrido
ontem já seria motivo suficiente para merecer elogios nesta Casa. No entanto, essas
30 novas escolas profissionalizantes e os 25 campi são apenas uma parte de um
feito histórico do Governo Federal, conquistado nos últimos anos. Afinal de contas,
os números da expansão do ensino brasileiro sob os dois mandatos do Presidente
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Lula são absolutamente surpreendentes, se comparados ao que o Brasil viu ao
longo de sua história.
Somente nos últimos cinco anos foram implantadas 214 novas escolas
federais de ensino profissionalizante. Durante um período de oito anos, foram
constituídos 126 novos campi e unidades universitárias. Quando se fala de novas
universidades, são 14. Dez delas em Municípios do interior e as demais planejadas
de forma a atender regiões antes esquecidas pelo ensino superior ou, até mesmo, a
integrar o Brasil a outras nações.
Esse avanço brasileiro no ensino superior e profissionalizante é gigantesco.
Para que aqueles que nos acompanham possam ter noção do que esses números
representam, basta considerar, por exemplo, que entre 1909 e 2002 o Brasil contou
com apenas 140 escolas técnicas federais. Ou seja, somente o atual Governo
construiu mais do que aquilo com que o País contou durante um século de sua
história. Hoje são 342 escolas técnicas espalhadas por todo o território nacional.
Outro dado importante: nos últimos sete anos, houve aumento de 148% no
número de matrículas em toda a rede federal de ensino. De 2003 para cá, o Brasil
saltou de 140 mil estudantes no ensino profissionalizante para 348 mil, fruto de um
investimento que chegou a 4,9 bilhões de reais, entre 2003 e 2010, enquanto que
antes desse período o Brasil aplicou apenas 1,2 bilhão de reais na Rede Federal de
Educação Profissional. Os recursos para custeio de toda essa rede foram
incrementados e passaram de 6,7 bilhões de reais, em 2003, para 19,7 bilhões de
reais ente ano; praticamente o triplo.
Além disso, outros fatores, como o crescimento do quadro de professores e
técnicos administrativos, têm permitido que essa expansão do ensino federal no
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Brasil não fique restrita apenas a números, mas se consolide também com
qualidade. O reflexo disso é que temos uma nova geração de alunos saindo da
nossa rede educacional com muito mais capacidade para entrar no mercado de
trabalho em condições de competir, evoluir socialmente e fazer do Brasil uma nação
cada vez mais forte. Um ciclo que só tende a fazer nosso País alcançar cada vez
melhores indicadores, transformando nossa realidade e nos colocando dentre as
nações mais desenvolvidas.
Por isso, não poderia deixar de registrar mais este passo dado pelo Governo
do Presidente Lula ontem, ao lançar essas novas unidades de ensino
profissionalizante e campi universitários. Tenho plena convicção da importância
disso para o presente e o futuro do Brasil, da mesma forma como tenho certeza de
que a Presidenta eleita, Dilma Rousseff, dará continuidade a esse trabalho que está
mudando a cara do nosso País.
Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. No final da semana passada,
logo que passei a fazer a leitura diária dos jornais, deparei-me com uma ótima
notícia que, coincidentemente, possui relação direta com um importante avanço
previsto em uma proposta de emenda à Constituição aprovada na última quarta-
feira, nesta Casa. Trata-se da implantação da escola de turno integral, iniciativa
sempre defendida durante toda a minha vida pública e que foi aprovada pela
Comissão Especial da Câmara que está analisando o tema.
A boa notícia ligada a esse fato está no jornal Zero Hora de quinta-feira
passada. A Escola Estadual Neusa Mari Pacheco, de Canela, no Rio Grande do Sul,
conquistou o Prêmio SESI Qualidade da Educação, maior reconhecimento já obtido
em seus 97 anos de história.
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Dentre os diversos fatores que levaram essa escola gaúcha a merecer esse
reconhecimento, um é primordial: a permanência dos alunos no local de ensino
durante todo o dia, todos os dias da semana. Ou seja, os estudantes chegam à
escola por volta das 8 horas da manhã e lá permanecem até as 5 horas da tarde.
E o ganho com isso é bastante claro: além de assistirem às aulas tradicionais
que compõem o currículo de todas as escolas, os jovens podem aproveitar o tempo
a mais dentro do ambiente escolar para participar de outras atividades, que se
tornam importantíssimas para a formação social de cidadãos. No caso específico
dessa escola de Canela, os alunos da educação infantil ao ensino médio recebem
inclusive aulas de ecologia e agricultura, que auxiliam no processo de ensino e
promovem a conscientização sobre a preservação ambiental. O resultado disso,
evidentemente, é que esses jovens ganham muito em conhecimento e sentem-se
estimulados a permanecer dentro da escola.
Uma prova do quanto a implantação do turno integral pode mudar a realidade
do ensino está na redução dos índices de evasão escolar. No caso da escola Neusa
Mari Pacheco, desde que se passou a aplicar esse tipo de ação, a evasão caiu de
34%, em 1994, para apenas 1,3%, atualmente. Já a taxa de repetência recuou de
28% para 3,5% nos últimos 15 anos.
É por isso, Srs. Deputados, que vejo motivos para comemorar o avanço da
PEC do Turno Integral. Acredito que a implantação dessa modalidade de ensino em
todas as escolas brasileiras seja algo essencial para que os avanços que o Brasil
vem conquistando no plano da educação sejam reforçados, e o País possa dar um
salto definitivo rumo a um patamar digno da sociedade que pretendemos para um
futuro próximo.
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A aprovação da PEC na Comissão Especial foi um grande passo para mudar
a educação no Brasil. Agora precisamos dar o passo final e definitivo: aprovar a PEC
no plenário. Para isso será preciso uma grande mobilização e interação da
sociedade brasileira com o tema, apelo que faço neste pronunciamento.
É evidente que a aplicação do turno integral em todas as escolas regulares de
ensino básico, fundamental e médio de todo o Brasil requer um grande esforço, já
que mudará bastante a forma de ensino com relação à praticada atualmente na
maioria das escolas. Entretanto, é por isso que a Comissão fez alterações no texto
original da PEC, sugerindo a implantação do turno integral de modo progressivo,
com uma jornada máxima de sete horas e um prazo total de dez anos para ser
completamente implantado em todo o País. Acreditamos que dessa forma e com o
apoio técnico da União a Estados e Municípios será possível aplicar esse projeto e
mudar a educação brasileira.
E nada melhor do que ver uma escola pública como a de Canela, que usa o
turno integral como ferramenta para formar cidadãos e receber uma premiação
nacional de qualidade. É isto que nos dá a certeza de que estamos lutando por uma
causa que pode mudar o Brasil e fazer evoluir a nossa sociedade.
Parabéns a alunos, professores e colaboradores da escola Neusa Mari
Pacheco pela conquista. Tenham certeza de que o exemplo de vocês serve como
estímulo à nossa luta pela aprovação da PEC do Turno Integral em Plenário.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR
Colégio de Canela é a melhor escola pública do país
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Instituição se destacou entre 1,8 mil por atividades extras em turno integral
Na tarde de ontem, a diretora da Escola Estadual Neusa Mari Pacheco, Vera
Morais, foi recepcionada pelos estudantes com palmas e assobios. Ela voltava de
Brasília, onde recebeu o troféu mais importante dos 97 anos da instituição: o de
melhor escola pública no Prêmio Sesi Qualidade da Educação.
Basta entrar na escola para perceber por que o troféu e um cheque gigante
de R$20 mil decoram a sala da direção. Nos corredores, todos os alunos
cumprimentam quem passa. A coleção de “Boas Tardes” leva a salas de aula
especiais que incentivam os 1.120 alunos a permanecerem na escola em turno
integral, das 7h35min às 17h15min, todos os dias da semana.
Além das aulas tradicionais do currículo pedagógico, esses estudantes têm
oportunidades de cair na piscina e aprender natação nas aulas de educação física.
Ou ainda entrar numa sala de aula onde o quadro-negro foi substituído por espelhos,
e as classes, por aparelhos de ginástica.
As aulas de ecologia e agricultura em dois centros especiais, em linhas no
interior de Canela, também são programas que qualificam a escola e justificam o
destaque nacional. O prêmio foi disputado com 1,8 mil escolas na primeira fase e 75
na segunda. A escola canelense foi a única gaúcha entre as 10 premiadas.
— Esse prêmio é o resultado de anos de gestão em disciplina e educação.
Vejo como nosso diferencial o respeito à opinião dos pais e nosso plano pedagógico
voltado às necessidades da cidade, preparando os alunos para o mercado de
trabalho — entende a diretora.
Os alunos, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, respondem aos
programas da escola com participação e aprovação. Desde 1994, quando o turno
integral foi implantado, a evasão caiu de 34% para 1,3% em 2009, e o de repetência
despencou de 28% a 3,5% em 15 anos.
A escola tem matérias para aprender a lidar com vários tipos de plantas,
animais. O ensino da escola é muito bom, reforçado, e com o turno integral se pode
tirar várias dúvidas — elogia a aluna Reicla Machado dos Santos, 14 anos.
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Durante o discurso do Sr. Fernando Marroni, o Sr.
Marcelo Itagiba, § 2º do art. 18 do Regimento Interno,
deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pela Sra.
Vanessa Grazziotin, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.
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O SR. MANATO - Sra. Presidente, gostaria de fazer um registro muito triste.
A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Pois não. V.Exa. tem 1 minuto.
O SR. MANATO (PDT-ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Com muito
pesar, registro nos Anais desta Casa que ontem, às 20 horas, faleceu um grande
amigo meu, o Vereador Joãozinho, da cidade de Cariacica. Com 43 anos, teve um
enfarte fulminante assistindo à aula. É triste, porque era um rapaz jovem, de 43
anos. Estava no seu primeiro mandato de Vereador. Era funcionário efetivo de
carreira do INSS. É uma perda muito grande, tendo em vista que eu, nesses 3
meses de campanha, estive lado a lado com ele. Ele coordenou a minha campanha.
E, no Município onde ele coordenava, nós tivemos 7.500 votos.
Então, à sua família, à Giovana, sua esposa, a seu filho, quero desejar um
carinho, um conforto. Estive ontem à noite com a família, mas hoje tive que vir a esta
Casa para trabalhar.
Sra. Presidenta, dos 10 segundos que me restam, vou fazer 9 segundos de
silêncio.
Muito obrigado.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Vamos dar continuidade à
relação dos inscritos, lembrando que cada Deputado ou Deputada disporá de
exatamente 3 minutos na tribuna, para que um maior número de Parlamentares
possa se pronunciar antes do início da Ordem do Dia.
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A SRA. PRESIDENTA (Vanessa Grazziotin) - Concedo a palavra pela ordem
ao Deputado Domingos Dutra, que fez uma troca com o Deputado Fernando
Marroni.
O SR. DOMINGOS DUTRA (PT-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Obrigado, Sra. Presidente.
Quero, inicialmente, registrar a presença no plenário do nosso colega Carlito
Merss, do PT, Prefeito de Joinville, Santa Catarina.
Sra. Presidente, amanhã vou entregar à Comissão de Direitos Humanos o
relatório da diligência que fizemos no Estado do Maranhão sobre as investigações
de várias execuções, com destaque para a execução de 18 presos no Complexo
Penitenciário de Pedrinhas. Vou apresentar um relatório escrito e um DVD de 11
minutos, DVD este revelador das imagens da barbárie.
Nesta breve comunicação quero apenas dar uma pequena sugestão à
Presidente Dilma, que está compondo seu Governo. Vários nomes já foram
escolhidos; todos da maior qualidade e de competência já testada. Creio que, nos
próximos dias, o restante da equipe do primeiro escalão será definido.
Eu queria aqui sugerir humildemente à Presidente Dilma que escolha um
técnico ou militante político que tenha um mínimo de sensibilidade social para o
Ministério de Minas e Energia. A Presidente Dilma começou sua carreira na
administração pública como Secretária de Minas e Energia no Rio Grande do Sul.
Depois, no Governo Lula, exerceu a função de Ministra de Minas e Energia, Pasta
cuja importância para a população brasileira não está ligada apenas à construção de
barragens.
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As barragens que estão sendo construídas no Brasil atualmente, como a de
Belo Monte e outras que serão construídas no Rio Parnaíba, não apenas se
destinam à produção brasileira de energia, que é fundamental para o
desenvolvimento nacional, como também envolvem milhões de brasileiros.
O Presidente Lula está saindo, mas não conseguiu pagar todas as dívidas
aos atingidos por barragens. Hoje, o Presidente Lula esteve em Estreito, no
Maranhão, inaugurando o enchimento da Barragem do Estreito.
Se há um Ministério que está intimamente ligado à identidade da Presidente
Dilma é o de Minas e Energia. E acho que a Presidente Dilma deveria escolher para
esse Ministério não apenas um burocrata que vai cuidar dos interesses das
empreiteiras, mas alguém do campo democrático e popular, do PT, do PDT, do PSB,
do PCdoB, alguém que tenha sensibilidade social.
Não adianta colocar em um Ministério importante como esse alguém que só
tenha sensibilidade para escutar as empreiteiras, que não tenha sensibilidade para
escutar os atingidos, pessoas pobres que estão sendo vítimas dessas barragens,
respondendo apenas com o discurso de que é para a produção de energia, para o
desenvolvimento nacional.
Da minha parte, não há discordância sobre a necessidade de produção de
energia no País. Mas é preciso que esse discurso de desenvolvimento nacional não
seja feito para encobrir a violência e a vitimação de milhões de brasileiros que
perdem as suas terras, que perdem o acesso à água e à produção.
Portanto, deixo aqui minha humilde contribuição. Sei que talvez eu não seja
ouvido, mas seria muito importante que a Presidente Dilma escolhesse para esse
Ministério alguém que estivesse intimamente ligado à sua identidade. Se houvesse
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um Ministério da quota pessoal da Presidente Dilma, seria o Ministério de Minas e
Energia, pela importância que tem para o País, pelo valor social que tem, pelo
envolvimento direto com milhões de brasileiros que são atingidos por barragens.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
Durante o discurso do Sr. Domingos Dutra, a Sra.
Vanessa Grazziotin, § 2º do art. 18 do Regimento Interno,
deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr.
Luiz Couto, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Por permuta com o Deputado Luiz Couto,
concedo a palavra pela ordem à Deputada Vanessa Grazziotin.
A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB-AM. Pela ordem. Sem
revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o IBGE divulgou
ontem, e hoje está publicado em todos os jornais do País, o resultado do censo
realizado no ano de 2010.
A cidade de Manaus desponta, mais uma vez, assim como no censo da
década anterior, como a que mais cresce no Brasil. No período de 1991 a 2000,
Manaus foi a cidade que mais cresceu, atingindo o índice de 39%, e, nesse último
período, nos últimos 10 anos, seu crescimento ficou em torno de 22%, sendo o
maior índice entre todas as cidades e Capitais dos Estados brasileiros.
Manaus, de acordo com os dados oficiais do IBGE, tem hoje população
superior a 1 milhão e 800 mil habitantes. De acordo com o IBGE, as razões que
levam Manaus a ser a cidade que mais cresce no Brasil estão centradas
basicamente em dois pontos: primeiro, oportunidades de emprego, e, segundo,
oportunidades de novos negócios na sua Zona Franca.
Sr. Presidente, é importante que Manaus atinja tal crescimento por ser a
sinalização de que a cidade é vigorosa do ponto de vista do seu desenvolvimento
econômico.
Eu não me canso de dizer que a Zona Franca tem sido — se não é — o
modelo que mais deu certo no Brasil no que diz respeito ao desenvolvimento
regional.
Todos nós sabemos que a Zona Franca nasceu no final da década de 60 com
um objetivo claro, o objetivo geopolítico de fazer com que uma região de
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desenvolvimento insignificante e de população praticamente isolada das outras
regiões do País pudesse alcançar um índice melhor de crescimento. E, de fato,
algumas décadas depois colhemos o resultado.
A Zona Franca de Manaus tem sido um modelo muito importante, não apenas
para a dinamização da economia. Hoje, posso afirmar com absoluta segurança, Sr.
Presidente, que a Zona Franca de Manaus tem sido muito importante para a política
ambiental brasileira, sobretudo para a preservação da Amazônia, porque é o maior
bioma e possui a maior biodiversidade do planeta.
O Amazonas ostenta hoje também o título de Estado mais preservado da
região amazônica. Não é à toa. É porque temos alternativa de desenvolvimento, de
geração de emprego e renda.
Entretanto, quero dizer que alguns gargalos foram destacados pela pesquisa
do IBGE. Um deles é a baixa qualificação do trabalhador do Estado do Amazonas, o
que faz com que muita gente de outras regiões encontre na cidade de Manaus
colocação no mercado de trabalho, sobretudo nas vagas que exigem qualificação
mais significativa.
Isso é um alerta, não só para o Governo do Estado, mas também para o
Governo Federal, a respeito da necessidade de ampliarmos as ações de
qualificação, de formação de homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras
brasileiros.
E um outro gargalo, Sr. Presidente, é o baixo nível salarial dos trabalhadores
do meu Estado, sobretudo aqueles que atuam no distrito industrial, nas fábricas.
Temos de desenvolver uma grande campanha para elevar o nível salarial da nossa
gente.
Obrigada, Sr. Presidente.
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O SR. BETO FARO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Tem V.Exa. a palavra por até 1 minuto.
O SR. BETO FARO (PT-PA. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, quero destacar desta tribuna a viagem
que o Presidente Lula e a Presidente eleita Dilma Rousseff realizam hoje ao Pará
para, entre outras atividades de grande relevância para os interesses do Estado e da
região, inaugurar o sistema de transposição de desnível dos Rios Tocantins e
Araguaia e assinar contratos do Programa Luz para Todos para Municípios da Ilha
do Marajó.
Na solenidade em Tucuruí será também anunciada a contratação de 39
engenheiros formados pela Universidade Federal do Pará, que trabalharão na Usina
Hidrelétrica de Belo Monte. Especificamente neste caso, parece ato de pouco
significado. Todavia, essas contratações têm valor simbólico de monta à medida que
demarcam a mudança na prática histórica de contratação fora do Estado de mão de
obra especializada para as grandes obras no Pará.
Compromissos políticos inadiáveis em Brasília, afora as atividades legislativas
nesta Casa, impossibilitaram que acompanhasse essa agenda de Lula e Dilma no
meu Estado e que resgata aspirações antigas da nossa população.
A inauguração do sistema de transposição de desnível dos Rios Tocantins e
Araguaia é um sonho que permeava, há 30 anos, as aspirações dos paraenses. De
fato, as obras das eclusas de Tucuruí ficaram paradas por quase 30 anos e, agora
prontas, permitirão a retomada na navegação para transporte de cargas e
passageiros pelo Rio Tocantins.
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O projeto inicial data de 1981, mas só foi retomado em 2006, sob o comando
do Ministério dos Transportes, em parceria com a ELETROBRAS. O custo total do
empreendimento foi de 1,6 bilhão de reais.
Com a inauguração das eclusas de Tucuruí, teremos a plena navegabilidade
do Rio Tocantins, o que constituirá passo decisivo para a implantação da Hidrovia
Araguaia-Tocantins, ligando os portos de Belém e Vila do Conde à região do Alto
Araguaia, no Estado do Mato Grosso, numa extensão de aproximadamente 2 mil
quilômetros.
A navegabilidade do Rio Tocantins, antes impossível para grandes
embarcações, incrementará a economia do Estado, permitindo o tráfego de
comboios com capacidade de carga de até 20 mil toneladas. A exploração, em larga
escala, dos recursos minerais e agropecuários das Regiões Centro-Oeste e Norte do
Brasil ganhará impulso com as eclusas, abrindo grande horizonte de
desenvolvimento econômico, não apenas para o Pará, mas também para toda a
região beneficiária.
A obra possibilitará, ainda, a geração de empregos para a população da
própria bacia hidrográfica e de outras áreas e deverá estimular as condições para o
desenvolvimento industrial daquele território do País.
Conforme explicita a ELETRONORTE, o sistema de transposição de Tucuruí
inclui duas eclusas: uma a montante da barragem, outra a jusante, de retorno à
calha do Rio Tocantins. Entre elas, um canal intermediário, com 5.580 metros de
extensão e 32,5 metros de profundidade, permitirá a navegação de embarcações
com calado máximo de 4,5 metros. As eclusas de Tucuruí são as maiores do mundo
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em desnível, tendo capacidade para dar passagem a 40 milhões de toneladas de
cargas por ano.
Enfim, Sr. Presidente, trata-se de mais uma grande obra estruturante do PAC
que contribuirá vigorosamente para o desenvolvimento de uma região do País que
antes do Governo Lula jamais mereceu a atenção adequada.
Além da inauguração das eclusas, o Presidente Lula, na companhia da
Presidente Dilma, assinará com a Associação dos Municípios do Marajó
compromissos pela ampliação do Programa Luz para Todos naquela região, com a
inclusão de vários Municípios.
Até a presente data, o programa já levou energia elétrica para mais de 1
milhão de paraenses que viviam sob o constrangimento e o desconforto da
lamparina e do candeeiro. Nas áreas rurais, ribeirinhas e quilombolas, o programa já
beneficiou 349 mil residências, em 141 dos 144 Municípios do Estado.
Portanto, Sr. Presidente, com esses atos no Pará o Presidente Lula vai
fechando com chave de ouro o seu Governo e repassando à Presidente Dilma o
bastão da corrida que comandou pelas transformações no Brasil, envolvendo,
sobretudo, as regiões a segmentos sociais vítimas históricas do apagão das políticas
dos governos do passado.
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O SR. CHICO LOPES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. CHICO LOPES (Bloco/PCdoB-CE. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, ocupo a tribuna desta Casa para fazer um apelo ao
Supremo Tribunal Federal para que seja dada celeridade ao julgamento da ADI
4.167, que trata de medida cautelar contra o art. 2º, § 1º; 3º e 4º, caput, I, II, III e VIII,
todos da lei do piso salarial nacional do magistério.
É urgente que seja dada uma solução para o problema, que se estende há
pelo menos dois anos. A luta dos professores por melhores condições de trabalho
não é de hoje. Há décadas a categoria, através de suas entidades e organizações
sindicais, trabalha no sentido de conseguir melhores salários, condições mais dignas
e o tão almejado plano de cargos e salários, já determinado pela lei do piso, mas
que, infelizmente, em muitos Estados e Municípios, ainda se encontra apenas no
papel.
A falta de articulação entre os entes federativos é uma das razões para essa
dificuldade de cumprimento da lei do piso.
A Lei nº 11.738/2008, que foi sancionada pelo Presidente Lula em 2008,
precisa ser implantada em sua integralidade, pois tem por objetivo resgatar as
condições laborais e sociais dos profissionais do magistério e criar equidade para o
trabalho desses profissionais em todo o País, visto que em sua essência esta posto
o resgate histórico-social dos direitos da categoria dos professores. Ansiosos por
essa resposta, educadores de todo o Brasil aguardam o julgamento dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, cientes de que prevalecerá o bom senso e a justiça.
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Apesar de já sancionada, a lei do piso ainda encontra resistência de alguns
Prefeitos e Governadores, que afirmam ser impossível pagar aos professores o que
lhes é devido. Desse modo, muitos professores continuam sem receber seus
vencimentos de acordo com o que determina a lei.
A implantação geral e irrestrita da lei do piso salarial dos professores não é
apenas uma questão legal, mesmo sendo isso de extrema importância. É também
uma atitude de respeito e justiça aos milhões de professores deste País.
É extremamente relevante que o STF coloque em pauta essa ação com a
máxima urgência, para que se possa avançar e sair do embate jurídico. O piso,
infelizmente, ainda é uma lei que vem sendo aplicada de modo particular, de acordo
com a compreensão de cada gestor. Esse problema precisa ser resolvido pelo
Supremo, e a lei deve ser colocada em prática tal qual foi aprovada e sancionada.
É o que esperam e merecem todos os educadores deste País. É o mínimo
que nós legisladores e os Ministros do STF podemos fazer por esta categoria, que é
responsável pela formação de nossas crianças e jovens. Se quisermos um País
melhor, teremos que olhar a categoria com mais respeito e atenção, dando-lhes
bons salários e investindo na formação desses profissionais. É a nossa expectativa.
Sr. Presidente, pedimos ao Supremo Tribunal Federal que dê oportunidade
aos professores para que voltem a ter sua dignidade, algo de que tanto precisam.
Fala-se muito em educação como prioridade, mas quando se fala de
vencimento, de salário de professor, é necessário submeter-se à vontade do juiz, da
Suprema Corte.
Obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PAES DE LIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PAES DE LIRA (Bloco/PTC-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, brasileiros, observando o painel de
presença, verificamos o número de 247 Deputados Federais com presença marcada
em plenário. Portanto, podemos afirmar que logo mais o quorum será obtido — em
torno das 17h05min —, o que representa, em relação às últimas etapas de trabalho
depois do retorno do segundo turno da eleições, uma antecipação de 35 a 40
minutos. Isso indica ser hoje um bom dia, indica que certamente teremos, lá pelas
18 horas, 18h30min, quem sabe, 440 ou talvez mais Parlamentares prontos para
votar, com a presença registrada no painel eletrônico.
Portanto, é excelente dia para que o ilustre Presidente desta Casa de leis,
Deputado Michel Temer, cumpra a sua reiterada promessa de que a PEC 300 será
votada, será resolvida ainda nesta Legislatura e sob sua Presidência.
S.Exa. está evidentemente afastado nos últimos tempos da Presidência, que
tem sido exercida pelo ilustre Deputado Marco Maia, porque possui pesados
compromissos na equipe de transição governamental, afinal de contas é Vice-
Presidente da República eleito. No entanto, continua Presidente da Casa e continua
válida a sua promessa. Não pode a sua palavra não ter validade porque
momentaneamente não está fisicamente presente na Câmara.
É excelente dia para uma sessão extraordinária, uma vez resolvida a questão
das medidas provisórias. E eu sei que será mais uma sessão desgastante, com 11
medidas provisórias trancando a pauta — é a canga do Poder Executivo, como
sempre tenho dito, no Poder Legislativo, no Parlamento —, mas a sessão terá o seu
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deslinde. Alguma coisa será votada, acredito. Será perfeitamente possível, após
essa etapa de trabalho, lá pelas 8 horas da noite, a convocação de sessão
extraordinária. Mas de sessão extraordinária contendo apenas e tão somente em
sua pauta a votação da PEC 300, porque, se forem inseridas medidas provisórias
como em outras ocasiões, em um verdadeiro jogo de cena, é claro que nada
acontecerá. Haverá o processo de obstrução, haverá o arrastamento, e não se
chegará à votação da matéria.
Eu repito: votar em segundo turno uma proposta de emenda à Constituição já
aprovada em primeiro turno, além de um dever com a Nação, o que é o mais
importante, além de começar a fazer justiça a essa categoria que nós vemos em
combate no Rio de Janeiro para devolver a paz à população, representada e atuante
em todo o nosso País, é um dever constitucional, é um imperativo constitucional
claramente estabelecido no art. 60, § 2º, da Constituição da República. Não votar
essa PEC em segundo turno, engavetá-la, empurrar com a barriga, expressões que
tanto estamos ouvindo, é violação da Constituição da República. E isso não pode
acontecer! O que acontecerá se esta Casa de leis violar a Constituição da
República? Tudo estará perdido. É nosso dever votar a PEC 300 em segundo turno
e começar a fazer justiça. Vamos cumprir com o nosso dever!
Obrigado pela atenção.
Durante o discurso do Sr. Paes de Lira, o Sr. Luiz
Couto, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a
cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Inocêncio
Oliveira, 2º Secretário.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Quero saudar o General de
Brigada Luiz Arnaldo Barreto Araújo, que há pouco participou conosco da solenidade
de lançamento da publicação A Política Espacial Brasileira no Conselho de Altos
Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara dos Deputados, do qual, com muita
honra, sou Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Luiz Couto.
O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, temos preocupação com a violência que cresce
em todas as vertentes, principalmente a agressão contra os idosos.
De acordo com dados de nossa Capital, João Pessoa, a Delegacia
Especializada de Crimes Contra os Idosos já possui 217 inquéritos policiais sobre
crimes contra pessoas com mais de 65 anos.
Essa violência é praticada muitas vezes na própria relação familiar. Muitas
vezes, aparece alguém que quer ficar com a aposentadoria do idoso e que usa da
violência contra ele. Sabemos que a maioria desses inquéritos fica sem qualquer
encaminhamento. São os chamados inquéritos misteriosos, que vão crescendo cada
vez mais. O número de queixas tem aumentado não apenas em nossa Capital. Em
muitos outros Estados há violência, espancamento, maus-tratos, tratamento
desumano, cruel, degradante, inclusive tortura contra pessoas idosas.
Mostro essa situação porque é importante que a enfrentemos.
O Estatuto do Idoso requer tratamento digno ao idoso, com o respeito que
todos nós devemos ter. Mas ocorre o contrário; o idoso é maltratado, o tratamento
dispensado a ele é desumano e cruel. Os inquéritos são realizados mas, no final, os
casos ficam na impunidade. Infelizmente, a violência, a corrupção e a impunidade se
juntam para que os crimes não sejam investigados e os responsáveis não sejam
punidos na forma da lei.
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Nesse sentido, é importante que possamos cada vez mais ter políticas
públicas para os idosos, que deram toda sua contribuição ao País, mas,
infelizmente, são desrespeitados.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre
Deputado João Oliveira, por 1 minuto.
O SR. JOÃO OLIVEIRA (DEM-TO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, apresento à Mesa projeto de lei que altera a Lei nº 9.504, de 1997, que
no seu art. 1º veda a participação de Presidente da República, de Governadores de
Estado e do Distrito Federal e de Prefeitos, quando não candidatos à reeleição, em
atos de campanhas eleitorais de quaisquer outros candidatos; estabelece sanções
para o caso de violação dessa regra e configura como abuso de poder político a
múltipla reincidência, punindo com multas e a perda de mandatos.
Vou passar o documento às mãos de V.Exa.
Era essa a minha manifestação.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Fernando Chiarelli, do PDT de São Paulo, por 3 minutos.
O SR. FERNANDO CHIARELLI (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, povo do Brasil, o Padre que me antecedeu falou dos maus-
tratos aos velhos. País que tem de fazer leis para que mulher e velho não sejam
maltratados é um país selvagem. E, por sinal, o País não é só selvagem, mas uma
comédia ao redor do mundo. Todo mundo comemorou quando o Exército, a
Aeronáutica e a Marinha subiram o morro para bater nesse ou naquele desnorteado,
naquele perdido, naqueles que não tiveram chance alguma na vida. Como desceram
as Forças Armadas, hein? As Forças Armadas, que já enfrentaram Solano e o
nazismo, agora estão aí para proteger sabe-se lá o quê. Porque, evidentemente, o
tráfico de drogas vai continuar.
Lima Barreto, em Os Bruzundangas, já explicava coisas desse tipo. E que o
povo vá às Bruzundangas para ver o que está acontecendo no Rio de Janeiro.
Fernando Marrone também esteve aqui para reclamar da ANAC. Lembro o
Brasil do acidente da TAM que vitimou 170 pessoas, inclusive um colega nosso, e a
Ministra do Turismo disse “Relaxa e goza”.
Essa é a desgraça de Governo que aí está, mantido inclusive pela fraude
eleitoral — fraude eleitoral feita nas urnas eletrônicas, conforme estou provando. O
ITA, a UNESP, a USP, nenhum desses técnicos aprova a urna; só o TSE, só o TSE!
O Pinóquio, sem dúvida, é cidadão brasileiro.
Por sinal, Sr. Presidente, eu quero gritar a plenos pulmões aqui para o Brasil
escutar. Hoje, lá na minha região, a Polícia Federal apreendeu 400 caça-níqueis.
Quem é que fabrica os caça-níqueis? A Diebold. Quem é que fabrica as urnas
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eletrônicas? A Diebold. A Polícia Federal fechou o bingo, fechou os caça-níqueis.
Quem vai fechar o caça-níquel mentiroso do Lewandowski?
Tenho certeza absoluta de que o Brasil, o povo brasileiro, de Norte a Sul, não
merece essa desgraça, essa insídia, essa empulhação.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Marcelo Itagiba.
O SR. MARCELO ITAGIBA (PSDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o assunto está presente, está latente e merece ser
sempre discutido. Refiro-me à segurança pública no Estado do Rio de Janeiro. Nós
observamos que a conjunção de esforços foi benéfica para o Estado e para a
população e muito ruim para a criminalidade. Porém, para manter o que foi
conquistado é necessário ampliar o efetivo e as áreas.
Por isso me causa certa preocupação o avanço das milícias no Estado do Rio
de Janeiro — já estão em mais de 130 comunidades. Essas milícias não estão
entrando lá à toa, estão entrando subvencionadas e bancadas pela contravenção e
pelo jogo do bicho. Sabem por quê? Nas localidades onde a milícia se instala,
patrocinada pela contravenção, se instalam, por conseguinte, as máquinas caça-
níqueis.
É isso que precisa ser visto, porque, na verdade, esse combate só vem sendo
feito pela Polícia Federal. É preciso que as autoridades públicas do Estado do Rio
de Janeiro também façam esse tipo de combate, porque milícia e contravenção
estão interligadas para a exploração da boa-fé da população no nosso Estado.
Por isso me causa muita preocupação ver a vontade, o desejo de alguns
Parlamentares de votar, a toque de caixa, o bingo nesta Casa, até porque no projeto
dos bingos estão incorporados os caça-níqueis. Uma coisa levará a outra que, por
consequência, levará a outra também, fazendo com que a criminalidade e a lavagem
de dinheiro aumentem no nosso País.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Arnaldo Faria de Sá.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, estive hoje pela manhã na
cidade de Serra Negra, no seminário da Confederação Nacional dos Servidores
Públicos. Quero agradecer ao Presidente Tuccillo o convite.
O grande número de pessoas representativas que lá estavam pediram um
empenho especial para colocarmos em votação em plenário, no começo do ano,
depois da tomada de poder pelos novos Parlamentares, a Proposta de Emenda à
Constituição nº 555, de 2006, que trata da supressão da cobrança de contribuição
previdenciária dos inativos. Essa proposta teve um voto em separado, declarado
voto vencedor, na Comissão Especial; portanto, tem condições de ser votada em
plenário a supressão gradativa a partir dos 60 anos até os 65 anos, quando poderá
ser zerada.
Sem dúvida nenhuma, há grande expectativa na votação da PEC 555, bem
como da Proposta de Emenda à Constituição nº 270, de 2008, que trata do retorno
da integralidade e paridade para os aposentados por invalidez. É um absurdo!
Quando se comenta o assunto, ninguém imagina que a reforma da Previdência de
2003 tenha suprimido a integralidade e a paridade para os aposentados por
invalidez. Essa proposta está pronta para ser votada. Esperamos que seja votada o
mais rapidamente possível.
Também quero deixar registrado que estivemos ontem na inauguração do
Poupatempo de Cidade Ademar, onde era o sacolão do Jardim Miriam, uma grande
reivindicação de toda a população, que está contente porque, depois de 20 anos,
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conseguimos inaugurar também o corredor de ônibus Diadema-Brooklin, uma obra
que estava parada havia muito tempo. Quero deixar registrado o empenho do ex-
Governador Cláudio Lembo para a retomada da obra.
Quero também informar que já está alocado pela Previdência Social um
prédio na Avenida Santa Catarina, onde será instalada a Agência da Previdência
Social de Cidade Ademar, Jardim Miriam, Santa Catarina, o que, sem dúvida
nenhuma, será extremamente importante para a região, que obtém três grandes
conquistas: o Poupatempo inaugurado, a nova linha do corredor de ônibus Diadema-
Brooklin e agora a instalação, no começo do ano, da agência da Previdência Social
de Cidade Ademar.
Esse é um grande sonho de todos os que esperam que isso possa tornar-se
realidade. Sem dúvida nenhuma, estamos bem próximos, completando, porque
aquele setor já tem a agência da Previdência Social de Jabaquara e já tem a
agência da Previdência Social de Pedreira e Sabará, e agora poderemos facilitar o
acesso do segurado da Previdência, já com a chamada Lei da Aposentadoria em
Meia Hora, em que são utilizados os dados do CNIS para a concessão dos
benefícios da Previdência Social. Foi uma grande conquista da Lei Complementar nº
128, de 2008, trazida à legislação como uma grande conquista, já que tanto as
Varas Previdenciárias quanto o Juizado Especial Federal utilizavam os dados do
CNIS para a concessão de benefícios.
Quero cumprimentar o Dr. Antônio Cedenho, designado pelo Dr. Roberto
Haddad, Presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, para ampliar as
conciliações nas varas previdenciárias em recursos para o Tribunal Regional Federal
da 3ª Região, o que é extremamente importante. Estamos lutando inclusive para
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ampliar o prazo para as Turmas Recursais do Juizado Especial Federal porque, sem
dúvida nenhuma, dez dias é um prazo muito exíguo para quem não tinha advogado
constituir um, e nem sempre a pessoa consegue o apoio da Defensoria Pública.
Mais uma vez quero deixar registrado que queremos votar a Proposta de
Emenda à Constituição nº 300, de 2008. Esta é a resposta ao que aconteceu no Rio
de Janeiro: o piso nacional de salário para os policiais civis e militares. PEC 300 já,
sem outra votação!
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, para uma
breve intervenção, ao ilustre Deputado Albano Franco.
Em seguida, falará o Deputado Arolde de Oliveira.
O SR. ALBANO FRANCO (PSDB-SE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uso a tribuna para registrar o
centenário de nascimento do ex-Governador Luiz Garcia, que, com proficiência e
visão de futuro, governou o Estado de Sergipe no quadriênio 1959-1962.
Seu governo foi marcado por iniciativas modernizantes, notadamente nos
campos institucional e do desenvolvimento econômico ao criar o Instituto de
Previdência do Estado de Sergipe (IPES) e o Conselho do Desenvolvimento
Econômico de Sergipe (CONDESE), órgão responsável pela montagem de um
sistema de planejamento que marcou época na administração pública sergipana.
Edificou obras estruturantes para o desenvolvimento do Estado como a
Estação Rodoviária, o Aeroporto de Aracaju e o Hotel Palace, além de iniciar os
estudos pioneiros que culminaram, posteriormente, com as descobertas de petróleo
e sais minerais, pela PETROBRAS, na região de Carmópolis, que mudaram a face
da economia sergipana.
Desejo neste momento, Sr. Presidente, externar meus cumprimentos aos
familiares do ilustre aniversariante, especialmente ao ex-Deputado e ex-Governador
do Amapá Gilton Garcia, seu filho, e acrescentar que o Dr. Luiz Garcia foi, sem
dúvida, um dos melhores homens públicos de Sergipe.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Arolde de Oliveira.
O SR. AROLDE DE OLIVEIRA (DEM-RJ. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, colegas Parlamentares, quero aproveitar esta oportunidade
para registrar o sucesso que foi a ação conjunta dos três níveis de Governo no
Estado do Rio de Janeiro, em particular na cidade do Rio de Janeiro, no controle do
quartel general do crime organizado do tráfico.
A ocupação transcorreu sem maiores problemas, com um mínimo de baixas.
Isso foi muito importante, porque houve o entendimento de que se tratava de
guerrilha urbana e que as Forças Armadas deveriam trazer as suas estratégias de
combate para debelar o crime organizado.
Agora, nessa situação em que estamos vivendo, precisamos pensar que esse
processo poderá ser o início da interrupção de 30 anos de permissividade e
complacência das autoridades com o crime organizado.
Neste momento, temos de pensar no futuro, no que fazer, como incluir essas
comunidades como bairros comuns, normais, com os serviços públicos presentes,
com os programas sociais presentes, enfim, com o pleno exercício da cidadania.
Dentre os problemas, o principal é a corrupção. Como o Governador do
Estado pediu praticamente um ano de permanência das Forças Armadas naqueles
locais para garantir a ordem e a ocupação, a preocupação é que nesse período haja
o envolvimento e a contaminação pela corrupção da tropa de soldados que estará
presente.
É preciso que se pense nisso e que se proponha, então, um rodízio dessas
Forças, para que elas não cheguem a ser contaminadas pela corrupção.
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Outro aspecto importante é a necessidade de se gerar emprego nessas
comunidades. O tráfico, pela sua ação maléfica, também traz emprego e
oportunidade de receita. E essa receita deixa de existir nessas comunidades. É
preciso que a autoridade, que o Estado traga emprego, traga atividade para dentro
dessas comunidades, para que possamos garantir essa ocupação e a inclusão
dessas comunidades na vida normal da cidade.
Com isso, evidentemente, serão garantidos os projetos de longo prazo que a
cidade aguarda, tais como as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Que esses projetos
sejam realmente “cenouras” a atrair os investimentos principalmente nessa área de
segurança. Que não se permita que volte a ocorrer nessas comunidades o que já
aconteceu no passado: dois, três meses depois do espetáculo midiático, tudo volta
ao normal e o tráfico retoma as suas posições.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Celso Maldaner.
O SR. CELSO MALDANER (Bloco/PMDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Organização das Cooperativas
do Estado de Santa Catarina — OCESC promove, no dia 3 de dezembro, em
Florianópolis, o 2º Encontro Estadual de Jovens Lideranças Cooperativistas. O
evento abordará temas relacionados ao protagonismo juvenil, visando estimular o
desenvolvimento do perfil de liderança e de sucessão nas cooperativas
catarinenses.
O objetivo é promover o intercâmbio e a troca de experiências entre os
alunos. Participarão do encontro 105 alunos das quatro turmas — Cooper Alfa, de
Chapecó; Cooper A1, de Palmitos e todo o extremo oeste, como Itapiranga;
Cooperativa Auriverde, de Cunha Porã; e Cooper Itaipu, de Pinhalzinho — e os
professores do Programa Jovens Lideranças Cooperativistas, que é uma iniciativa
do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo — SESCOOP.
O programa tem como objetivo para os participantes desenvolver habilidades
e competências que levem os jovens a se organizar por meio do cooperativismo,
despertar o interesse pelo cooperativismo e capacitar os jovens para gerir o negócio
cooperativo de forma competitiva, exercendo seu papel de liderança.
Já as cooperativas pretendem fomentar estratégias de gestão, tornar viáveis
alternativas de sucessão e garantir a continuidade e o fortalecimento do
cooperativismo.
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O programa terá continuidade em 2011 nas cooperativas Auriverde, Cooper
Itaipu e Cooper A1. O SESCOOP/SC planeja abrir pelo menos mais duas turmas em
outras regiões do Estado.
Outro programa de formação juvenil, o Cooperjovem, passou por um
processo de evolução neste ano. O sistema OCESC/SESCOOP elaborou uma nova
proposta de estruturação de todo o processo metodológico e de implementação do
Cooperjovem para a rede de ensino público municipal e estadual de Santa Catarina.
As inovações foram orientadas para o fortalecimento e expansão do programa para
as escolas que já participam e para as novas escolas que estão aderindo.
Esse trabalho começou a ser desenvolvido em março de 2010, com base em
um levantamento de informações, visitas e reuniões realizadas nas escolas
integradas ao programa desde a sua implantação em 2001.
Após esse levantamento, foi estruturada uma nova metodologia, que culminou
na realização do 1º Encontro Estadual do Programa Cooperjovem, no mês de julho,
em Florianópolis. Ali se reuniram mais de 120 representantes de todas as escolas,
cooperativas, secretarias municipais e gerências regionais de educação parceiras do
programa.
Os objetivos foram compartilhar experiências e definir o cronograma das
capacitações de formação de professores que estão sendo realizadas em cinco
diferentes regiões do Estado até dezembro.
Até o fim do ano serão concluídas todas as etapas dos cursos de formação de
professores e iniciada a ampliação do Cooperjovem para novas escolas, no ano
letivo de 2011.
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O Cooperjovem é uma ação prioritária para o Sistema OCESC/SESCOOP e
passa por uma nova fase em Santa Catarina, com formalização de novas parcerias
e aperfeiçoamento das etapas de implantação e acompanhamento nas escolas.
Até o final de 2010, o programa terá formalizado parceria com 17
cooperativas e 41 escolas municipais e estaduais de todas as regiões do Estado.
Envolve mais de 200 professores capacitados e preparados para executar o
programa que beneficia 5 mil alunos do ensino fundamental.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Miro Teixeira.
O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Exmo. Sr. Presidente, Exmas. Sras. Deputadas, Exmos. Srs. Deputados, o Rio de
Janeiro, mais uma vez, foi palco de ações de violência por um lado e, de outro, de
emprego da força pelo aparelho de Estado. Foi muito aplaudido pela população o
emprego da força. A força foi democraticamente apresentada aos cidadãos, que
aplaudiram, receberam bem os soldados, os policiais. Havia uma aparência de
libertação de um país em estado de guerra. A cena era essa.
Depois ouvi comentários nas estações de televisão e algumas opiniões,
especialmente do Dr. José Vicente da Silva, que foi Secretário Nacional de
Segurança Pública, e do Dr. Wálter Maierovitch, que foi Secretário Nacional
Antidrogas, pessoas que estão familiarizadas com o que está se passando em
vários lugares do mundo. O Dr. José Vicente disse que “não é possível um policial
militar ganhar mil reais”. Bom, eu quase comecei a gritar com a televisão — uma
cena de louco, eu querendo falar com a televisão: “Nós temos a PEC 300
exatamente por isso!”. E o Wálter Maierovitch dizia que era preciso criar a Polícia
Penal. Mas temos está aqui a PEC 308.
O que está acontecendo aqui na Câmara dos Deputados? Agora digo eu. Nós
assistimos, na resistência a essas PECs, quando o Governo Federal quis romper o
acordo feito com os petroleiros em greve. Aquela não era mais uma discussão
financeira. O objetivo era quebrar a espinha daquele sindicato dos petroleiros e do
movimento sindical. Pois eu lhes digo, neste momento, que o que está sendo feito é
uma tentativa de quebrar a espinha da Câmara dos Deputados, o que ainda resta da
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imagem da Câmara dos Deputados. O foco não é mais o mérito da Proposta de
Emenda à Constituição nº 300, de 2008, ou da Proposta de Emenda à Constituição
nº 308, de 2004. Isso está socialmente entendido como necessário. Estão tentando
quebrar a espinha desta Casa do Poder Legislativo, para que nada represente, para
que represente apenas uma fileira de pedintes de pires nas mãos pela liberação de
algumas emendas que já viraram lei e que deveriam ser executadas pelo Executivo!
De minha parte, farei aqui a obstrução possível.
Presidente Inocêncio Oliveira, vou lhe pedir mais um minuto.
Não importa o mérito da pauta que queiram colocar em sessão extraordinária.
E já escuto que existem PECs. Uma delas é sobre o Fundo Nacional de Combate à
Pobreza, de cujo mérito somos todos a favor. Agora pode chegar aqui uma PEC
sobre a salvação do planeta Terra — e nós todos queremos salvar o planeta Terra
—, mas ela tem que ser votada depois da PEC 300. Essa é a questão.
Então, eu não tenho mais nenhuma esperança em Líder partidário. Eu
desconsidero a palavra de todos aqueles que não a honram. E apelo aos Deputados
que tenham compromisso para que assumam aqui uma postura de resistência. Não
pode haver sessão extraordinária sem que se vote inicialmente a PEC 300! Vamos
resistir, como o povo do Rio de Janeiro pediu resistência aos soldados que
participaram daquela operação.
Agora está na hora de também mostrarmos que já tínhamos examinado essa
situação e que já temos a solução. Isso não pode ser levado como um capricho. E a
Câmara dos Deputados não pode curvar-se à vontade de quem quer que seja, a não
ser do povo brasileiro.
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Vamos, neste primeiro momento, sustentar a resistência aqui no Parlamento
— e sem qualquer sentido de ameaça. Nós, que viemos do voto obtido nas ruas,
vamos buscar essa solução também nas ruas se ela não sair daqui.
Obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, pela ordem, ao
nobre Deputado Silvio Costa.
O SR. SILVIO COSTA (PTB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tenho pautado meu mandato nesta Casa,
sobretudo na Comissão de Finanças, com a agenda do gasto público.
Eu acho que esta Casa tem que dar uma solução final, até por respeito a
todos os militares deste País, à Proposta de Emenda à Constituição nº 300.
Vejam que os Governadores argumentam que não existem recursos
estaduais para pagar aos militares. Esse é o argumento dos Srs. Governadores.
Muito bem. Argumentam que essa PEC é inconstitucional, porque segurança pública
é dever do Estado. Também é uma tese.
Agora, há uma tese nesta Casa que não pode continuar. A PEC é aprovada
em primeiro turno e depois a Casa fica no reino do faz de conta: não a vota e
simplesmente não toma uma atitude, os Líderes e o Sr. Presidente não dão uma
resposta a este Parlamento.
Deputado Arnaldo Faria de Sá, baluarte da PEC 300, eu acho sinceramente
que está na hora de votar a matéria, sim, independentemente de compromisso com
o mérito.
Eu quero alertar aqueles que defendem a PEC 300. Se nós tivermos a
competência de indicar a origem dos recursos para pagar os salários dos militares, é
evidente que nós não teremos dificuldade. Então, acho que o debate que temos que
começar a travar aqui é no sentido de que, se a maioria é a favor da PEC, devemos
discutir a origem dos recursos. Como vamos viabilizar isso? De onde virão os
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recursos para pagar aos militares do Brasil? Penso que esse é o debate que o País
e esta Casa efetivamente precisam fazer.
Sr. Presidente, era o que tinha a dizer.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, pela ordem, ao
ilustre Deputado Arnaldo Faria de Sá.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, quero registrar, com alegria e satisfação, a formatura dos
aprovados no concurso para a Guarda Civil Metropolitana de São Paulo e
cumprimentar o Comandante Joel Malta de Sá, presente a essa ocasião. Temos de
lutar pela Proposta de Emenda à Constituição nº 534, de 2002, para dar poder de
polícia às guardas municipais.
Registro também o almoço que tive na SEAM (Sociedade de Engenheiros e
Arquitetos Municipais). Cumprimento o seu presidente e todos aqueles que
estiveram presentes, que têm preocupação com alguns projetos de seu interesse
que tramitam nesta Casa.
Deixo registrada a realização da Caravana da Anistia no auditório do Instituto
Sedes Sapientiae, em São Paulo.
Quero ainda cumprimentar Paulo Abrão, Presidente da Comissão de Anistia,
pelo trabalho que tem feito — mesmo com a falta de funcionários, que não lhe foram
repassados pelo Ministério do Planejamento — para que possamos superar todas as
dificuldades e começar a fazer os pedidos importantes.
Sr. Presidente, queremos votar a Proposta de Emenda à Constituição nº 300,
de 2008.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, pela ordem, ao
ilustre Deputado Raimundo Gomes de Matos, do PSDB do Ceará.
O SR. RAIMUNDO GOMES DE MATOS (PSDB-CE. Pela ordem. Sem
revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobres Parlamentares, creio que manchetes
como esta, do Diário do Nordeste, do Ceará, circulem em todos os jornais do País:
Mais de três mil pessoas na fila por uma cirurgia.
Isso é o caos na saúde; é o apagão do Temporão; é o apagão da área
econômica; é a falta de investimentos no setor saúde. Mais de três mil pessoas em
Fortaleza, no Estado do Ceará, aguardam uma cirurgia. Isso é custo para o País,
para as famílias. Isso é falta de sensibilidade do atual Governo, que não faz
investimentos na área.
No Estado do Ceará, o Ministério Público, através do Juiz Federal Dr. José
Eduardo de Melo Vilar Filho, tomou a decisão de que, a partir de agora, não poderá
ocorrer nenhuma despesa com festanças promovidas pela Prefeitura de Fortaleza.
O Governo do PT local deve a fornecedores de materiais cirúrgicos e hospitalares
desde 2008, mas todo dia realiza uma festança num bairro. E para quê? Para fazer
cooptação, como ocorreu no período eleitoral.
O Dr. José Eduardo fez com que parasse esse festival. Foi dado um prazo de
90 dias para que o Governo do Estado e a Prefeitura de Fortaleza solucionem esse
problema, que está nas manchetes e praticamente não dignifica o povo do Ceará
nem o povo brasileiro.
A maior parte da imprensa nacional tem sempre advertido que a falta de
investimento na saúde é patente. E fica o Governo afirmando: “Ah, é a Emenda
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Constitucional nº 29. Nós precisamos ressuscitar a CPMF! Foi a falta da CPMF.”
Não é nada disso. É a gastança.
E os jornais de hoje noticiam que o Governo quer comprar o Aerodilma. Há
poucos anos, o Presidente Lula comprou um avião. Eu acredito que essa é a maior
enganação que o atual Governo vem fazendo com a população brasileira. Como a
equipe da Presidente que mal assumiu já está sinalizando gastos para comprar um
novo avião? E há gente morrendo na fila dos hospitais por falta de assistência
médica, por falta de medicamento, por falta de uma ação concreta na saúde pública
deste País.
Esse problema não será solucionado com a criação de impostos, mas com a
reforma tributária, com a diminuição da gastança. Mais de 30 Ministérios são
mantidos para apadrinhar os compadres e as comadres.
O Brasil não precisa de trinta e poucos Ministérios. O Brasil precisa de ação.
O Brasil precisa, acima de tudo, que os recursos públicos sejam bem aplicados em
todas as esferas na área da saúde, na área da educação, na área da assistência
social, na área do turismo, tendo em vista a necessidade que temos de garantir a
infraestrutura para o nosso desenvolvimento. Estão aí os gargalos das BRs e os
gargalos dos aeroportos. Isso é inconcebível!
Este nosso pronunciamento é para parabenizar o Ministério Público Federal
do Estado do Ceará, na pessoa do Juiz Federal Eduardo de Melo Vilar, que deu um
prazo de 90 dias para que o problema do caos na saúde de Fortaleza seja
solucionado, tanto pela Prefeitura quanto pelo Governo do Estado.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Carlos Santana.
O SR. CARLOS SANTANA (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, venho prestar minha solidariedade aos
que promoveram a ocupação do Complexo do Alemão neste final de semana no Rio
de Janeiro.
Quero elogiar o nosso Governador Sérgio Cabral pelo pulso forte e o nosso
Secretário de Segurança e o Presidente Lula por terem compreendido e mandado
tropas do Exército para atuar em nossa defesa. Isso se fez necessário, Sr.
Presidente, porque sabemos que há mais de 40 anos o Rio de Janeiro vem sofrendo
enormemente com tudo o que vem acontecendo dentro das nossas comunidades.
Hoje, evidentemente, a população daquela região — são mais de 500 mil
pessoas — vai começar a sua vida normal no complexo.
Quero elogiar novamente o nosso Governador pelo pulso, pela coerência no
trabalho realizado. E elogio o belíssimo trabalho feito por todos os militares e civis
que atuaram na incursão.
Mas, Sr. Presidente, tenho uma preocupação. Agora é a hora de o Poder
Público entrar naquela comunidade. E o Poder Público só pode entrar depois de
fazer um grande levantamento, com a participação dos moradores que estão ali.
Sabemos que aquela região tem um número de desempregados muito grande e
uma juventude sem perspectivas. Por isso é importante chamar todas as
associações de moradores, a Igreja, o pessoal do samba, todo mundo que está
envolvido naquela região para fazer um grande esforço interno, a fim de reerguer a
comunidade.
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Agora é importantíssimo os órgãos públicos se fazerem presentes, como as
Secretarias de Educação, de Saneamento, de Cultura e do Esporte, mas junto com
a comunidade. Não basta chegar lá com um cordão e dizer que vai ser assim e
assado. É preciso discutir com a comunidade, pois ela está ali e sabe do que mais
necessita.
Quero deixar aqui o meu agradecimento e, ao mesmo tempo, elogiar a
atuação do nosso Governador no episódio da ocupação do Complexo do Alemão.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Apresentação de proposições.
Os Senhores Deputados que tenham proposições a apresentar queiram
fazê-lo.
APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SRS.:
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VI - ORDEM DO DIA
PRESENTES OS SEGUINTES SENHORES DEPUTADOS:
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A lista de presença registra o
comparecimento de 285 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Item 1.
Medida Provisória nº 500, de 2010
(do Poder Executivo)
Discussão, em turno único, da Medida Provisória nº
500, de 2010, que autoriza a União e as entidades da
Administração Pública Federal Indireta a contratar,
reciprocamente, ou com fundo privado do qual seja o
Tesouro Nacional cotista único a aquisição, alienação,
cessão e permuta de ações, a cessão de créditos
decorrentes de adiantamentos efetuados para futuro
aumento de capital, a cessão de alocação prioritária de
ações em ofertas públicas ou a cessão do direito de
preferência para a subscrição de ações em aumentos de
capital; autoriza a União a se abster de adquirir ações em
aumentos de capital de empresas em que possua
participação acionária, e dá outras providências.
Pendente de parecer da Comissão Mista. As Emendas
nºs 3, 6, 8, 9 e 10 foram indeferidas liminarmente por
versarem sobre matéria estranha, nos termos do art. 4º, §
4º, da Resolução nº 1, de 2002-CN, combinado com o art.
125 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. As
Emendas nºs 3, 6 e 8 foram retiradas pelo autor.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Há sobre a mesa o seguinte
requerimento:
“Requeremos a V.Exa., nos termos do art. 117, VI,
do Regimento Interno, a retirada da pauta da MP
500/2010, constante do item 1 da presente Ordem do Dia.
Sala das sessões, em 30 de novembro de 2010.”
Assina o Deputado Paulo Bornhausen, Líder do Democratas.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência pergunta se vai ser
mantido o requerimento. (Pausa.)
Está retirado o requerimento.
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O SR. PAES DE LIRA (Bloco/PTC-SP. Questão de ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
Com a devida vênia da Mesa, eu não observei a Liderança do DEM retirar
esse requerimento.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Nobre Deputado, sempre se vai
basear no painel eletrônico. Na hora em que começar a discussão da matéria, na
hora de pedir orientação, todos virão ao plenário. E aqueles que estão inscritos
devem comparecer imediatamente, para discutirmos a matéria.
O SR. PAES DE LIRA - Perdão, Sr. Presidente, mas não é isso. É que eu não
vi aqui ninguém pela Liderança do DEM retirar o requerimento, só isso. Não vi Líder
do DEM retirando requerimento.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Já foi retirado, nobre Deputado. É
matéria vencida.
O SR. PAES DE LIRA - Sr. Presidente, apresentei uma questão de ordem e
recorro!
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - É matéria vencida.
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O SR. EMANUEL FERNANDES - Sr. Presidente, só um esclarecimento.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - V.Exa. tem a palavra, nobre Líder
Emanuel Fernandes.
O SR. EMANUEL FERNANDES (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - A retirada do requerimento está condicionada, nesta sessão, a só se fazer
a leitura desta matéria?
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Só se faz a leitura. Em seguida, se
não chegarmos a um acordo, vamos suspender e continuar o período de breves
comunicações.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para oferecer parecer, pela
Comissão Mista, à medida provisória e às emendas e ela apresentadas, concedo a
palavra ao ilustre Deputado Geraldo Simões.
O SR. GERALDO SIMÕES (PT-BA. Para emitir parecer. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em relação à Medida Provisória nº
500, eu gostaria de obter autorização deste Plenário para ir direto à leitura do voto e
da medida de conversão.
II - Voto do Relator
II.1 - Admissibilidade
O art. 62...
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - V.Exa. já perguntou ao Plenário se
poderia ler apenas o voto?
O SR. GERALDO SIMÕES - Foi a primeira pergunta que fiz.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - E o Plenário concordou.
V.Exa. tem a palavra.
O SR. GERALDO SIMÕES - O art. 62 da Constituição Federal delegou ao
Presidente da República prerrogativa para edição de medida provisória, com força
de lei, para posterior exame do Congresso Nacional. O Poder Executivo, ao
encaminhar ao Congresso Nacional a MP 500, de 2010, arrolou as razões para a
sua adoção, nos termos da Exposição de Motivos nº 132/2010, do Ministério da
Fazenda, de 25 de agosto de 2010, assinada pelo Ministro de Estado da Fazenda,
Guido Mantega.
A edição da presente medida provisória aperfeiçoa os instrumentos de gestão
à disposição da União nas participações societárias com vistas à preservação do
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patrimônio público, especialmente quando se requer o aumento do capital social de
empresas estatais federais cotadas na bolsa de valores.
O papel da Medida Provisória é destacado por ocasião da realização de
ofertas públicas primárias de distribuição de ações para a captação de recursos em
aumentos de capital de grande vulto, como no caso recente do aumento de capital
da PETROBRAS, haja vista a possibilidade de contar com a demanda dos grandes
investidores nacionais e estrangeiros. Nestes casos, o tempo é um elemento que
tem que ser considerado na decisão.
A nosso ver, foram cumpridas, portanto, as condições listadas na Constituição
Federal e na Resolução nº 1, de 2002, do Congresso Nacional, quanto ao
encaminhamento das medidas provisórias. Nos termos postos, as razões apontadas
acima parecem suficientes para justificar a admissibilidade da Medida Provisória nº
500, de 2010.
II.2 - Constitucionalidade, Juridicidade e Técnica Legislativa
A MP não apresenta vícios de inconstitucionalidade ou injuridicidade ou má
técnica legislativa e se inscreve entre as competências legislativas atribuídas à
União pelo texto constitucional (art. 24, I) e às atribuições do Congresso Nacional,
com posterior pronunciamento do Presidente da República (art. 48, I).
A MP não se reporta a matérias da competência exclusiva do Congresso
Nacional ou de qualquer de suas Casas, nos termos dos arts. 49, 51 e 52 da
Constituição Federal. Não verificamos vícios de inconstitucionalidade, injuridicidade
ou técnica legislativa que obstem a apreciação das emendas a ela oferecidas.
Nosso voto é pela constitucionalidade, juridicidade e boa técnica legislativa da
MP n.º 500, de 2010, e das emendas que lhe foram apresentadas.
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II.3 - Adequação Financeira e Orçamentária
A MP autoriza a União, observada a equivalência econômica na operação, a
contratar com a Administração Pública Federal Indireta ou com fundo privado do
qual seja cotista única a aquisição, alienação, permuta e cessão de ações, inclusive
seus respectivos rendimentos e direitos, representativas do capital social de
empresas nas quais participe minoritariamente ou aquelas excedentes ao
necessário para manutenção do controle acionário em sociedades de economia
mista federais, bem como a cessão de créditos decorrentes de adiantamentos para
futuro aumento de capital.
A MP 500, de 2010, autoriza a União a contratar, com ou sem ônus para o
Tesouro Nacional, a cessão da alocação prioritária de papéis em ofertas públicas de
distribuição de ações de sociedades de economia mista, ou de cessão do direito de
preferência para a subscrição de ações em aumento de capital, desde que
preservado o seu controle acionário.
A maior parte das operações amparadas pela medida provisória estão
associadas a alterações patrimoniais derivadas das permutas de ações entre a
União e as empresas e fundos controlados pela própria União. Eventuais
desembolsos do Tesouro Nacional nas referidas operações observarão
naturalmente as efetivas disponibilidades financeiras da União ou a sua capacidade
de endividamento, o que assegura, em última análise, sua compatibilidade com as
metas fiscais fixadas na Lei de Diretrizes Orçamentárias para o corrente exercício
financeiro.
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No que concerne às emendas, entendemos que elas não implicam grande
impacto financeiro para o Tesouro Nacional, o que não significa concordância do
ponto de vista do mérito.
Diante do exposto, somos pela adequação orçamentária e financeira das
matérias colocadas em prática no âmbito da MP 500, de 2010, e das emendas a ela
apresentadas.
II.4 - Exame de Mérito
A Medida Provisória nº 500, de 2010, autoriza a União a contratar com as
entidades da Administração Pública Federal Indireta, ou com fundo privado do qual
seja cotista única, a aquisição, alienação, permuta e cessão de ações, inclusive os
respectivos rendimentos e direitos, representativas do capital social de empresas
nas quais participe minoritariamente ou aquelas excedentes ao necessário para
manutenção do controle acionário em sociedades de economia mista federais, bem
como a cessão de créditos decorrentes de adiantamentos efetuados para futuro
aumento de capital.
Em termos práticos, a União poderá ceder ações ou requisitar ações em
poder de suas entidades da Administração Indireta ou de fundo privado do qual seja
cotista única, como forma de reforçar sua posição acionária no capital de empresas
estatais federais, nem sempre com o desembolso de recursos do Tesouro Nacional.
As providências adotadas ao amparo deste diploma aprimoram os
instrumentos de gestão das participações da União nos fundos privados, nos quais a
União é cotista única, e nas empresas públicas, incluindo as sociedades de
economia mista, particularmente nas ofertas públicas de distribuição de ações
dessas sociedades.
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As medidas aqui defendidas são consentâneas com as práticas
contemporâneas de mercado e sua dinâmica que exigem do Poder Público o
emprego em tempo hábil de instrumentos ágeis na gestão das participações
societárias, como nos aumentos do capital social das empresas estatais federais
cotadas em bolsas de valores, aproveitando-se da prerrogativa prevista na Instrução
Normativa nº 400, de 2003, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sobre as
ofertas públicas de distribuição de ações, que assegura tratamento equitativo aos
destinatários e aceitantes das ofertas, permitindo, no entanto, prioridade aos antigos
acionistas.
É estratégico para a União em passar a deter ações que eventualmente
possam estar em poder de suas entidades ou de fundo privado do qual seja cotista
única, como forma de aumentar o capital de empresas estatais federais com esses
papéis, ou garantir a manutenção do controle acionário do Tesouro Nacional nas
empresas estatais em operações de aumento de capital como no caso citado.
Nesse contexto inserem-se as providências aqui trazidas ao nosso exame.
Elas criam, de fato, condições institucionais mais favoráveis, além de flexíveis, para
a atuação da União em situações especiais e de grande monta, como na recente
operação de capitalização da PETROBRAS, cujo sucesso pode ser medido pela
expressiva demanda de grandes investidores institucionais e privados nacionais e
estrangeiros, que acabou não colocando em risco o controle acionário da União
naquela empresa.
Mas não estamos tratando de uma novidade, já que são iniciativas emuladas
às constantes na MP 487, de 2010, que perdeu validade porque não foi apreciada
em tempo hábil no Congresso Nacional, quais sejam: ampliar os mecanismos pelos
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quais a União e suas empresas e instituições financeiras podem dispor sobre as
respectivas participações acionárias nas empresas estatais, preferencialmente sem
desembolso efetivo de dinheiro, para não exercer com essas operações pressões
adicionais sobre as contas públicas. A única inovação é a possibilidade de utilização
dos recursos do Fundo Soberano do Brasil (FSB) na compra de ações de empresas
de economia mista, o que acabou ocorrendo na capitalização da PETROBRAS.
As decisões do Governo Federal e das empresas e instituições financeiras e
fundos federais amparadas na presente norma são todas formalizadas por meio de
decretos específicos, o que facilita a transparência das operações e o seu
acompanhamento por parte dos interessados. Assim é que tivemos ao longo dos
últimos meses, especialmente a partir da publicação da MP 487, de 2010, diversas
permutas de ações não só entre a União e suas empresas, fundos e instituições
financeiras como também entre tais instituições.
Em resumo, as iniciativas do Poder Executivo amparadas neste diploma se
justificam pela necessidade de implementação, em tempo oportuno, de ações
capazes de propiciar condições para a execução de operações em iminentes
aumentos de capital de empresas estatais federais, inclusive em ofertas públicas de
ações, dotando a União de mecanismos imprescindíveis à administração de sua
carteira de participações societárias.
De outra parte, inserimos dispositivos no PLV de nossa autoria à presente MP
para atender reivindicação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
no sentido de ampliar prazos para a liquidação e a renegociação de dívidas rurais,
de agricultores espalhados por todo o País, prevista pela Lei nº 11.775, de 17 de
setembro de 2008, bem como de estender tal renegociação a dívidas rurais em
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execução pela Advocacia-Geral da União, à semelhança do já autorizado para as
inscritas em Dívida Ativa da União. Parte dessas medidas constou de outros projetos
de lei de conversão, mas não logrou êxito porque as correspondentes medidas
provisórias perderam eficácia por transcurso de prazo.
II.5 - Voto
Diante do exposto, votamos pela:
I) urgência, relevância e consequente admissibilidade da Medida Provisória nº
500, de 2010;
II) constitucionalidade, juridicidade e adequação à técnica legislativa dessa
MP e das emendas apresentadas;
III) compatibilidade e adequação orçamentária e financeira da MP 500/2010 e
das emendas apresentadas; e
IV) aprovação, no mérito, da MP 500, de 2010, na forma do Projeto de Lei de
Conversão (anexo) e pela rejeição das Emendas nºs 1, 2, 4, 5 e 7, restando
indeferidas liminarmente pela Presidência da Casa as Emendas nºs 3, 6, 8, 9 e 10,
em conformidade com o disposto na Questão de Ordem nº 478, de 2009.
Sala das Sessões
Deputado Geraldo Simões, Relator.
Projeto de Lei de Conversão à Medida Provisória nº 500, de 2010
Autoriza a União e as entidades da administração pública federal indireta a
contratar, reciprocamente, ou com fundo privado do qual seja o Tesouro Nacional
cotista único a aquisição, alienação, cessão e permuta de ações, a cessão de
créditos decorrentes de adiantamentos efetuados para futuro aumento de capital, a
cessão de alocação prioritária de ações em ofertas públicas ou a cessão do direito
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de preferência para a subscrição de ações em aumentos de capital; autoriza a União
a se abster de adquirir ações em aumentos de capital de empresas em que possua
participação acionária, e dá outras providências.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º Ficam a União, por meio de ato do Poder Executivo, e as entidades da
administração pública federal indireta autorizadas a contratar, reciprocamente, ou
com fundo privado do qual o Tesouro Nacional seja cotista único:
I - a aquisição, alienação, permuta e cessão de ações, inclusive seus
respectivos direitos econômicos, representativas do capital social de empresas nas
quais participe minoritariamente ou aquelas excedentes ao necessário para
manutenção do controle acionário em sociedades de economia mista federais;
II - a cessão de créditos decorrentes de adiantamentos efetuados para futuro
aumento de capital; e
III - a cessão de alocação prioritária de ações em ofertas públicas de
sociedades de economia mista federais ou a cessão do direito de preferência para a
subscrição de ações em aumento de capital, desde que mantido, nos casos exigidos
por lei, o controle do capital votante.
§ 1º Nas operações de que tratam os incisos I e II do caput deverá ser
observado o princípio da equivalência econômica.
§ 2º As operações efetuadas ao amparo do inciso III do caput poderão ser
celebradas com ou sem ônus para o Tesouro Nacional.
Art. 2º Fica a União, por meio de ato do Poder Executivo, autorizada a se
abster de adquirir ações em aumentos de capital de empresas em que possua
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participação acionária, minoritária ou majoritária, devendo preservar o controle do
capital votante nos casos exigidos por lei.
Art. 3º A Lei nº 11.775, de 17 de setembro de 2008, passa a vigorar acrescida
dos seguintes artigos 7º-A e 8º-A:
“Art. 7º-A. As operações de crédito rural destinadas
à atividade de produção de cacau no Estado da Bahia
contratadas com recursos do Fundo Constitucional de
Financiamento — FNE ou ao amparo do Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar —
PRONAF até 30 de abril de 2004 poderão ser
renegociadas ou liquidadas nas condições estabelecidas
para a etapa 4 do Programa de Recuperação da Lavoura
Cacaueira Baiana, definidas no inciso III do art. 7º desta
Lei, devendo ser observadas as demais condições
estabelecidas no referido art. 7º.”
“Art. 8º-A. Fica a Advocacia-Geral da União
autorizada a adotar as medidas de estímulo à liquidação
ou à renegociação previstas no art. 8º desta Lei, para as
dívidas originárias de operações do PRODECER — Fase
II, do PROFIR e do PROVÁRZEAS, contratadas com o
extinto Banco Nacional de Crédito Cooperativo, cujos
ativos foram transferidos para o Tesouro Nacional, e cujos
respectivos débitos, não inscritos na Dívida Ativa da
União, estejam sendo executados pela Procuradoria-
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Geral da União, nos casos em que os devedores
requererem nos autos judiciais a liquidação ou a
renegociação até 31 de janeiro de 2011.
§ 1º Ficam suspensos até 31 de janeiro de 2011 os
processos de execução e os respectivos prazos
processuais, cujo objeto seja a cobrança de crédito rural
de que trata este artigo;
§ 2º A adesão à renegociação de que trata este
artigo importa em confissão irretratável da dívida e
autorização à Procuradoria-Geral da União para promover
a suspensão do processo de execução até o efetivo
cumprimento do ajuste que, se descumprido, ensejará o
imediato prosseguimento da execução;
§ 3º O valor das parcelas, por ocasião do
pagamento, será acrescido de juros equivalentes à taxa
referencial do Sistema Especial de Liquidação e de
Custódia — SELIC para títulos federais, nos termos do §
1º, do art. 2º, da Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997;
§ 4º Os bens penhorados em garantia da execução
deverão desta forma permanecer, para a garantia da
renegociação, até a quitação integral do débito,
ressalvado o art. 59 desta Lei;
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§ 5º Caberá a cada parte arcar com os honorários
de seu advogado e ao devedor o pagamento das demais
despesas processuais;
§ 6º Fica a União, por intermédio da Advocacia-
Geral da União, autorizada a contratar, com dispensa de
licitação, instituições financeiras integrantes da
Administração Pública Federal, para adotar as
providências necessárias no sentido de facilitar o
processo de liquidação ou renegociação de dívidas rurais,
nos termos desta Lei;
§ 7º A liquidação e a renegociação de que trata
este artigo serão regulamentadas por ato do Advogado-
Geral da União.”
Art. 4º Os arts. 7º, 8º, 15, 29, 30 e 31 e os títulos dos anexos III, V, VII e IX da
Lei nº 11.775, de 17 de setembro de 2008, passam a vigorar com a seguinte
redação:
“Art. 7º.....................................................................
I -..............................................................................
..................................................................................
b) para a liquidação das operações até 30 de junho
de 2011, uma vez ajustado e consolidado o saldo devedor
das etapas 1 e 2, nos termos da alínea ‘a’ deste inciso:
..................................................................................
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c) para a renegociação das operações até 30 de
junho de 2011, uma vez ajustado e consolidado o saldo
devedor das etapas 1 e 2, nos termos da alínea ‘a’ deste
inciso:
II - ............................................................................
..................................................................................
b) para a liquidação das operações de crédito até
30 de junho de 2011, uma vez ajustado e consolidado o
saldo devedor, nos termos da alínea ‘a’ deste inciso:
..................................................................................
c) para a renegociação das operações até 30 de
junho de 2011, uma vez ajustado e consolidado o saldo
devedor, nos termos da alínea ‘a’ deste inciso:
.................................................................................
III - ...........................................................................
..................................................................................
b) para a liquidação das operações de crédito até
30 de junho de 2011, uma vez ajustado e consolidado o
saldo devedor, nos termos da alínea ‘a’ deste inciso:
..................................................................................
c) para a renegociação das operações até 30 de
junho de 2011, uma vez ajustado e consolidado o saldo
devedor, nos termos da alínea ‘a’ deste inciso:
..................................................................................
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IV - ............................................................................
..................................................................................
b) para a liquidação das operações até 30 de junho
de 2011, pelo saldo devedor ajustado e consolidado, nos
termos da alínea ‘a’ deste inciso;
c) para a renegociação das operações até 30 de
junho de 2011, pelo saldo devedor ajustado e consolidado
nos termos da alínea ‘a’ deste inciso, mediante a
contratação de uma nova operação, nas condições
definidas no inciso V do caput deste artigo;
V - .............................................................................
a) limite de crédito: até o valor suficiente para
liquidação do saldo devedor das operações das etapas de
1 a 4, apurado na forma dos incisos I a III do caput deste
artigo, do saldo devedor do financiamento para aquisição
de títulos do Tesouro Nacional, apurado na forma do
inciso IV deste artigo, e do saldo devedor das operações
de custeio e investimento contratadas até 30 de abril de
2004, de que trata o art. 7º desta Lei;
..........................................................................(NR)”
“Art. 8º ......................................................................
I - concessão de descontos, conforme quadro
constante do anexo IX desta Lei, para a liquidação da
dívida até 30 de junho de 2011, devendo incidir o
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desconto percentual sobre a soma dos saldos devedores
por mutuário na data da renegociação, observado o
disposto no § 10 deste artigo e, em seguida, ser aplicado
o respectivo desconto de valor fixo por faixa de saldo
devedor;
II - permissão da renegociação do total dos saldos
devedores das operações até 30 de junho de 2011,
mantendo-as na DAU, observadas as seguintes
condições:
..................................................................................
§ 3º Ficam suspensas até 30 de junho de 2011 as
execuções fiscais e os respectivos prazos processuais,
cujo objeto seja a cobrança de crédito rural de que trata
este artigo.
..................................................................................
§ 5º O prazo de prescrição das dívidas de crédito
rural de que trata este artigo fica suspenso a partir da data
de publicação desta Lei até 30 de junho de 2011.
..................................................................................
§ 7º As dívidas oriundas de operações de crédito
rural ao amparo do Programa de Cooperação
Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados —
PRODECER — Fase II, inscritas na Dívida Ativa da União
até 31 de outubro de 2010, que forem liquidadas ou
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renegociadas até 30 de junho de 2011, farão jus a um
desconto adicional de 10 (dez) pontos percentuais, a ser
somado aos descontos percentuais previstos nos quadros
constantes dos Anexos IX e X desta Lei. (NR)”
“Art. 15. .....................................................................
..................................................................................
§ 6º O produtor rural que renegociar sua dívida
relativa à operação de investimento, nas condições
estabelecidas neste artigo, ficará impedido, até que
amortize integralmente as prestações — parcelas do
principal acrescidas de juros — previstas para o ano
seguinte ao da realização da renegociação, de contratar
novo financiamento de investimento rural com recursos
controlados do crédito rural ou dos Fundos
Constitucionais de Financiamento, em todo o Sistema
Nacional de Crédito Rural — SNCR, exceto quando esse
financiamento se destinar a obras de irrigação, drenagem,
proteção ou recuperação do solo ou de áreas
degradadas, fruticultura, carcinicultura, florestamento ou
reflorestamento, cabendo-lhe, nos demais casos,
apresentar declaração de que não mantém dívida
prorrogada, nas referidas condições impeditivas, para
com o SNCR.
..........................................................................(NR)”
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“Art .29......................................................................
..................................................................................
Parágrafo único. O produtor rural que renegociar
sua dívida relativa a operação de investimento, nas
condições estabelecidas neste artigo, ficará impedido, até
que amortize integralmente as prestações — parcelas do
principal acrescidas de juros — previstas para o ano
seguinte ao da realização da renegociação, de contratar
novo financiamento de investimento rural com recursos
controlados do crédito rural ou dos Fundos
Constitucionais de Financiamento, em todo o Sistema
Nacional de Crédito Rural — SNCR, exceto quando esse
financiamento se destinar a obras de irrigação, drenagem,
proteção ou recuperação do solo ou de áreas
degradadas, fruticultura, carcinicultura, florestamento ou
reflorestamento, cabendo-lhe, nos demais casos,
apresentar declaração de que não mantém dívida
prorrogada, nas referidas condições impeditivas, para
com o SNCR. (NR)”
“Art. 30.......................................................................
.................................................................................
§ 3º O produtor rural que renegociar sua dívida
relativa a operação de investimento, nas condições
estabelecidas neste artigo, ficará impedido, até que
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amortize integralmente as prestações — parcelas do
principal acrescidas de juros — previstas para o ano
seguinte ao da realização da renegociação, de contratar
novo financiamento de investimento com recursos
controlados do crédito rural ou dos Fundos
Constitucionais de Financiamento, em todo o Sistema
Nacional de Crédito Rural — SNCR, exceto quando esse
financiamento se destinar a obras de irrigação, drenagem,
proteção ou recuperação do solo ou de áreas
degradadas, fruticultura, carcinicultura, florestamento ou
reflorestamento, cabendo-lhe, nos demais casos,
apresentar declaração de que não mantém dívida
prorrogada, nas referidas condições impeditivas, para
com o SNCR.
........................................................................(NR)”
“Art 31........................................................................
..................................................................................
§ 2º Fica o gestor financeiro do FNE autorizado a
contratar, até 30 de junho de 2011, nova operação de
crédito para liquidação das dívidas oriundas de operações
de crédito rural, contraídas no âmbito do Programa de
Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos
Cerrados — PRODECER — Fase III, observando que:
.........................................................................(NR)”
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“ANEXO III
Programa de Recuperação da Lavoura Cacaueira
Baiana — etapas 1 e 2: desconto para liquidação da
operação até 30 de junho de 2011 (NR)”
“ANEXO V
Programa de Recuperação da Lavoura Cacaueira
Baiana — etapa 3: desconto para liquidação da operação
até 30 de junho de 2011 (NR)”
“ANEXO VII
Programa de Recuperação da Lavoura Cacaueira
Baiana — etapa 4: desconto para liquidação da operação
até 30 de junho de 2011 (NR)”
“ANEXO IX
Operações de Crédito Rural inscritas em Dívida
Ativa da União: desconto para liquidação da operação até
30 de junho de 2011 (NR)”
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Câmara dos Deputados
Deputado Geraldo Simões
Relator.
PARECER ESCRITO ENCAMINHADO À MESA
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247
(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 247 A 247-T)
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248
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência vai determinar que
se façam cópias para distribuir ao Plenário. Como houve acordo para não
prosseguirmos com a Ordem do Dia, a Presidência, até que se decida algo nessa
reunião do Colégio de Líderes, vai prosseguir os trabalhos concedendo a palavra
para breves comunicações.
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249
O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Questão de ordem. Sem revisão do orador.)
- Faço parte de um grupo de Deputados que quer votar as Propostas de Emenda à
Constituição nºs 300, de 2008, e 308, de 2004. Temos conhecimento de que está
havendo um conjunto de reuniões para acertar uma pauta, que vai ter um
“dinheirinho” para governador aqui, um “dinheirinho” para o Governo Federal ali, mas
que não vai contemplar as PECs 300 e 308. De minha parte não concordarei — e
basta um — com a realização de uma sessão extraordinária sem que esteja na
pauta a PEC 300, com o aproveitamento do painel.
Convoco os Deputados que têm compromisso com a PEC 300 a não marcar
presença na sessão extraordinária, se não estiver na pauta a PEC 300 como
primeiro item. Depois de votar a PEC 300, pode votar a PEC da salvação do planeta
Terra. Não há ninguém aqui contra a salvação do nosso planeta, todos somos a
favor. Agora, ela só poderá ser votada depois da votação da PEC 300, porque é
uma questão de compromisso e de honra.
Disse eu, da tribuna, que passou a ser uma tentativa de setores do Executivo
de quebrar a espinha do Legislativo. É muito perigoso o que está se passando.
A discussão não é mais financeira, não. A discussão agora é uma queda de
braço entre Poderes, para mostrar que esta Câmara dos Deputados pouco vale, no
meu ponto de vista, em relação à análise. Não concordo com esse conceito, é claro.
A Câmara dos Deputados está aí a sustentar a normalidade democrática de que
desfrutamos.
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O SR. JOSÉ GENOÍNO - Para contraditar, Sr. Presidente.
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251
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Com a palavra o Deputado
Arnaldo Faria de Sá.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, V.Exa. anunciou o início do período de breves
comunicações. Então está encerrada a Ordem do Dia?
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Não, está suspensa a Ordem do
Dia. Vamos, a seguir, concedendo a palavra para breves comunicações.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para contraditar, com a palavra o
Deputado José Genoíno.
O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
quero fazer a seguinte observação, independentemente do mérito.
As tentativas de acordo são para votar dois projetos de lei que têm urgência
constitucional: o projeto do pré-sal e um projeto de lei complementar.
A pretensão do Deputado Miro Teixeira, em relação à PEC 300, terá que ser
em uma sessão exclusiva para votação dessa PEC, que não está vinculada com a
sessão extraordinária para votar o Projeto de Lei Complementar nº 352, de 2002, e o
projeto do pré-sal.
A sessão para votação da PEC 300 é exclusiva e única. Não podemos fazer a
vinculação entre votar a PEC 300, o projeto de lei complementar e o projeto do pré-
sal.
Esta é a observação que eu faço a V.Exa., para que fique registrada nos
Anais desta sessão da Câmara dos Deputados.
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O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Insisto em que o nosso procedimento será de obstrução, para começar, depois vai
crescer um pouco mais.
O Sr. Inocêncio Oliveira, 2º Secretário, deixa a
cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Marco
Maia, 1º Vice-Presidente.
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O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, estamos na Ordem do Dia. O Sr. Relator já leu o relatório.
Qual será a sequência dos trabalhos?
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - A discussão da matéria.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Está bem. Então vamos a ela.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Há requerimento do Deputado Paulo
Bornhausen, Líder do Democratas, para o adiamento da discussão.
Mantém o Democratas esse requerimento? (Pausa.)
Não há Líder para defendê-lo. Vou retirar de ofício.
O SR. FERNANDO GABEIRA (PV-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Não estou vendo nenhum Democrata no auditório.
O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Retire
o requerimento. O autor não está presente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como?
O SR. JOSÉ GENOÍNO - É lógico, o autor não está presente. Não há autor,
não há requerimento.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Não há Líder. Onde está?
O SR. EDUARDO CUNHA (Bloco/PMDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, não é regimental a manutenção de requerimento sem a
presença de autor.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Vamos esperar. S.Exa. está vindo aí.
S.Exa. vai retirar o requerimento.
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O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, não foi distribuído ainda...
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Já está sendo distribuído.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - ...o relatório lido pelo Deputado Geraldo
Simões em plenário. Isso é fundamental para que possamos tomar a posição sobre
se vai ou não ser mantida a discussão.
Então, solicito a V.Exa. que, enquanto não for distribuído o relatório,
suspenda a sessão temporariamente para que tenhamos conhecimento do relatório
e, a partir daí, possamos decidir o que deverá ser feito.
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O SR. JILMAR TATTO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Na
medida em que o autor do requerimento não se encontra, retire de ofício, Sr.
Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Líder Aleluia, há um requerimento aqui
de retirada.
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, segundo fui informado, o que estava previsto era apenas a
leitura do parecer.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Já terminou a reunião e estou a postos
para discutir, votar.
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA - Ah, já mudou?
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Já. A leitura era só até terminar a
reunião de Líderes. Como já terminou, nós podemos ir adiante e discutir a matéria.
Se V.Exa. não tem nenhum problema de mérito em discuti-la, nenhum
problema com sua discussão, pode retirar o requerimento.
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA - Vamos retirar o requerimento, em atenção
à solicitação de V.Exa.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Muito obrigado, Deputado José Carlos
Aleluia.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Em discussão.
Sei que o Deputado Arnaldo Faria de Sá pediu para suspender a sessão, mas
vamos discutindo a matéria, porque há bastantes oradores inscritos. Neste meio
tempo deve chegar o relatório para V.Exa. ter conhecimento.
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O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Questão de ordem. Sem revisão
do orador.) - Sr. Presidente, questão de ordem.
Nós não podemos iniciar a discussão, enquanto não for distribuído o relatório.
Peço a V.Exa. que suspenda a sessão por 5 minutos, até que chegue o relatório. É
regimental meu pedido; não é implicância minha.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Deputado Arnaldo Faria de Sá, é uma
questão menor, porque o relatório vai chegar em dois minutos.
O SR. MOREIRA MENDES (PPS-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, o PPS pensa da mesma forma. Nós não temos relatório ainda.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, a questão não é menor. O
objetivo não é esta medida provisória, mas o que vem depois dela, em sessão
extraordinária. Nós não queremos que sejam colocadas matérias em votação
diferentes daquela em que há compromisso: a Proposta de Emenda à Constituição
nº 300, de 2008.
Abrindo o jogo, essa é a verdade, Sr. Presidente. Não é pela questão menor,
mas pela questão regimental que queremos impedir que se possa votar outra
matéria depois desta medida provisória que não seja a PEC 300.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Mas uma coisa não tem nada a ver com
outra, nobre Deputado. Uma coisa é uma medida provisória, outra coisa é...
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Politicamente, tem sim, Sr. Presidente.
Regimentalmente, eu tenho razão.
O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Mas
o movimento do Plenário é político, Deputado Arnaldo Faria de Sá. É um movimento
político: nós vamos obstruir e ponto.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Por isso quero a distribuição do relatório.
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O SR. JILMAR TATTO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, a essência do Parlamento é o debate.
Há na Casa 513 Deputados. Muitas vezes não dá tempo de lermos as
matérias que são inseridas na pauta. Temos a oportunidade agora de debater esta
medida provisória que está na pauta. O importante é não suspender a sessão. Deixe
os Deputados debaterem, inscreverem-se, falarem, opinarem a respeito do sistema.
Por isso, é importante que os inscritos possam falar. Não há sentido em suspender a
sessão. Se a essência do Parlamento é o debate, e temos de debater cada vez mais
os temas do País — esta Casa existe para isso —, não faz sentido suspendermos a
sessão. Vamos tocar o barco. Com certeza, daqui a pouco chega o relatório.
É o apelo que faço ao Deputado Arnaldo Faria de Sá: vamos ao debate.
Debate sempre faz bem para a democracia, faz bem para esta Casa.
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O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Cumpra-se o Regimento.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Vamos cumprir o Regimento Interno.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Obrigado, Presidente. Parabéns pela sua
atitude.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como foi distribuída cópia do relatório,
passemos à discussão da matéria.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - O.k., Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para falar contra a matéria, concedo a
palavra ao nobre Deputado Emanuel Fernandes. (Pausa.)
Deputado Luiz Carlos Hauly. (Pausa.)
Deputado Paes de Lira.
O SR. PAES DE LIRA (Bloco/PTC-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, brasileiros, aqui sou o pregador no deserto
novamente.
Esta é mais uma medida provisória inconstitucional. Não que não tenha
relevância; a matéria é efetivamente relevante. Aliás, é uma medida provisória como
deveriam ser as medidas provisórias, pelo menos no seu corpo: objetiva, simples e
curta, tratando de um tema político-jurídico relevante.
Relevância ela tem. Ela não tem urgência, porque trata de estabelecer novas
normas para a participação acionária da União, seja minoritariamente, seja naquelas
sociedades de economia mista em que a União detenha o controle acionário. Isso
tudo é matéria que não traz nenhum problema de urgência, não causará prejuízo
algum ao País, se vier normalmente por projeto de lei.
Nessa hipótese, mesmo considerando o Poder Executivo que tivesse
urgência suficiente — mas não a urgência que justifique uma medida provisória —,
poderia tê-la encaminhado mediante o devido projeto de lei com pedido de urgência
constitucional do Presidente da República, porque a solução para esses casos está
contemplada na Constituição.
Mas não! O Executivo atulha o Parlamento de medidas provisórias. Quantas
estão na pauta de hoje? Quinze? São 11 trancando a pauta. Não se faz outra coisa
aqui senão a Câmara dos Deputados caminhar como uma junta de bois — eu repito
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264
a expressão —, sob a canga do Poder Executivo, que, como disse o Deputado Miro
Teixeira há pouco, tenta quebrar a coluna dorsal do Parlamento brasileiro, tenta
apequenar quase ao ponto da anulação o Parlamento brasileiro. E nós aceitamos.
Esta medida provisória deveria ter sido devolvida pela Presidência da Mesa
exatamente por sua inconstitucionalidade.
Continuamos nesta marcha, e o relatório vem e aumenta, porque acrescenta,
por exemplo, questões de refinanciamento da dívida da lavoura cacaueira da Bahia,
que são relevantes, é claro, mas completamente estranhas à matéria original.
Para terminar, associo-me aqui aos protestos por mais esta tentativa de
subverter a votação da PEC 300, de 2008, uma violação ao art. 60, § 2º, da
Constituição da República.
Se houver sessão extraordinária, deverá ser para votar a PEC 300.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para falar a favor da matéria, concedo a
palavra ao Deputado Dr. Ubiali.
O SR. DR. UBIALI (Bloco/PSB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, esta medida provisória, na verdade, veio no lugar de outra,
a Medida Provisória nº 487, de 2010, que perdeu a validade porque não foi
apreciada a tempo no Congresso Nacional. Ela busca criar instrumentos de gestão
das participações societárias da União nos aumentos de capital social das empresas
estatais federais cotadas em bolsas de valores. Esta medida provisória é muito
importante.
O substitutivo do Relator traz à tona ações importantes, que tratam do
problema rural, da economia cacaueira e do refinanciamento de dívidas que
precisam ser organizadas.
Eu entendo realmente que essa medida provisória talvez não seja o ambiente
adequado para discutir o assunto, uma vez que a matéria tratava especificamente de
instrumentos de gestão da União para que esta não perdesse o controle acionário
das empresas quando houvesse aumento de capital. Aliás, essa medida provisória
foi criada basicamente para resolver o problema de capitalização da PETROBRAS,
que realmente precisava de mais recursos, pois apresentava um endividamento
perigoso, próximo de 35%, considerado crítico pela empresa, e a União não poderia
se endividar com isso.
O artifício utilizado foi vender antecipadamente para a PETROBRAS 5 bilhões
de barris do petróleo a ser retirado da camada do pré-sal. A PETROBRAS devolveu
à União títulos da dívida pública que tinham sido utilizados para a sua capitalização.
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Esse artifício contábil fez com que a União tivesse, em setembro, o maior
superávit primário, que, na verdade, não envolveu dinheiro, mas sim artifícios
contábeis.
Aproveito este momento para defender essa medida provisória, pois
considero que ela tem de ser aprovada como está, lembrando que precisamos ter do
Poder Executivo, na execução das emendas orçamentárias individuais apresentadas
pelos Deputados, instrumentos de gestão e agilidade que não estamos percebendo.
As emendas individuais não estão sendo empenhadas no tempo correto.
Aquilo que foi indicado e visto na base do Deputado como uma necessidade, algo
absolutamente justo, não tem sido complementado.
Por isso, deixo este recado: precisamos agilizar o empenho das emendas
individuais apresentadas pelos Deputados. Do contrário, esta Casa poderá parar.
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O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA - Sr. Presidente, peço a palavra para uma
questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Pois não, Deputado José Carlos Aleluia.
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Questão de ordem. Sem revisão
do orador.) - O Deputado Dr. Ubiali, como membro da base do Governo, disse com
muita clareza e objetividade que essa medida provisória era a reedição da Medida
Provisória nº 487, de 2010. Eu ouvi muito bem quando o Deputado Ubiali disse isso.
O § 10 do art. 62 da Constituição Federal reza o seguinte:
“Art. 62. ....................................................................
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão
legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada
ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.”
O Deputado Ubiali reconhece que essa medida provisória é eivada de
inconstitucionalidade.
Por isso, solicito à Mesa, com os poderes de que dispõe, considere a matéria
liminar e flagrantemente inconstitucional. Por essa razão, não pode tramitar.
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O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
peço a palavra para contraditar.
O Deputado José Carlos Aleluia faz uma questão de ordem que, na verdade,
não é questão ordem. S.Exa. está fazendo uma questão de ordem sobre o discurso
de um Deputado. Questão de ordem diz respeito à matéria, ao conteúdo da medida
provisória. Criou-se agora a questão de ordem do discurso.
O Deputado tem a liberdade de interpretar uma proposta à sua maneira e a
seu modo e de argumentar a favor ou contra ela, o que não significa que a matéria
está prejudicada por causa do discurso de um Deputado.
O Deputado José Carlos Aleluia está sendo muito criativo em matéria de
questão de ordem. Não procede essa questão de ordem feita pelo Deputado José
Carlos Aleluia.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Indefiro a questão de ordem do
Deputado José Carlos Aleluia, para matarmos esse ponto e continuarmos a
discussão.
Deputado José Carlos Aleluia, essa questão de ordem que V.Exa. apresentou
só caberia se a medida provisória tivesse vindo de novo, vírgula por vírgula,
rigorosamente igual à medida provisória anterior. Ela pode ter o mesmo conteúdo,
mas não é a mesma medida provisória, porque sofreu alterações.
De qualquer forma, ela vai ser julgada e votada pelo Plenário quanto à sua
admissibilidade. O Relator deu parecer favorável à sua admissibilidade, mas V.Exa.
poderá votar contra a sua admissibilidade no plenário.
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O SR. DR. UBIALI (Bloco/PSB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, é exatamente sobre esse ponto que eu quero me pronunciar.
A medida provisória, quanto ao conteúdo, realmente contém tudo o que havia
na Medida Provisória nº 487, de 2010, mas inova em alguns aspectos, como a
aplicação do Fundo Soberano na compra de ações. Mas, como ela não é
exatamente igual, não procede a argumentação do Deputado José Carlos Aleluia.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Já que a medida provisória foi recebida
no Senado e está tramitando na Câmara, ela se encontra em fase congressual.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Dando continuidade à discussão,
concedo a palavra, para falar contrariamente à matéria, ao Deputado Duarte
Nogueira. (Pausa)
Com a palavra o Deputado Antonio Carlos Mendes Thame. (Pausa)
Com a palavra o Deputado José Carlos Aleluia.
Está encerrada a inscrição de oradores para falar contra a matéria.
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, como tive oportunidade de dizer há pouco, esta medida provisória é, não
só porque o Deputado Dr. Ubiali o disse, de fato a reedição da Medida Provisória nº
487, de 2010, que sofreu um processo de caducidade, perdeu a validade por não ter
sido aprovada pelo Congresso em tempo. Portanto, na forma do § 10 do art. 62 da
Constituição Federal vigente, ela é inconstitucional.
No que diz respeito ao mérito, esta é mais uma das químicas construídas pelo
Governo que estão fazendo com que as contas públicas percam totalmente a
credibilidade. Os bancos que analisam as contas públicas do Brasil já começaram a
fazer as próprias contabilidades. Ninguém mais acredita na contabilidade feita pelo
Tesouro.
Este Fundo Soberano foi aprovado pelo Congresso. Nós dizíamos, no
entanto, que de soberano ele não tinha nada, que se tratava de um fundo que
estava sendo criado para inversões internas.
O Fundo foi criado com cerca de 14 bilhões de reais. Ele se valorizou pelas
aplicações até o dia em que foram feitas as desastradas operações autorizadas por
esta medida provisória. Quando se aplicou no fundo, ele valia aproximadamente 17
bilhões e 900 milhões de reais. Hoje, ele vale 200 milhões de reais a menos.
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Esta medida provisória empobreceu cada brasileiro em pouco mais de 1 real.
Esta medida provisória é contra os interesses do povo brasileiro. Nós vamos votar
contra mais essa tentativa de maquiar as contas públicas.
Aproveito a oportunidade para advertir o Líder do Governo para que diga à
Presidente eleita que não embarque na aventura proposta pelo Ministro da Fazenda,
Guido Mantega, reconfirmado no cargo, e que pretende retirar dos índices da
inflação os alimentos e combustíveis, como mais uma forma de enganar as pessoas.
As pessoas não vão parar de comer porque o Ministro Guido Mantega deixará a
alimentação fora dos índices da inflação e não deixarão de andar de ônibus porque
Mantega vai retirar os combustíveis dos índices da inflação.
Começa muito mal o Ministro da Fazenda, ao anunciar essa maquiagem.
Votamos contra essa medida provisória, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para discutir, concedo a palavra ao
nobre Deputado Maurício Quintella Lessa, que falará a favor da matéria. (Pausa.)
Deputado Vicentinho. (Pausa.)
Deputado Antonio Carlos Pannunzio. (Pausa.)
Concedo a palavra ao Deputado Eduardo Valverde.
O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, a medida provisória, no seu mérito, confere maior flexibilidade à gestão
das participações societárias do Tesouro Nacional. Permite à União, quando
participar do capital de entidades, alienar ou permutar sua participação nesse
capital, desde que não perca o controle acionário, ou, quando for sócia minoritária,
não ser obrigada a subscrever ampliação de capital.
Em nosso País, o Estado atua na economia. É importante registrarmos isso,
porque, no passado, durante os oito anos do Governo FHC, a visão era a de um
Estado reducionista, que não tinha que atuar na economia, pois lhe bastava tão
somente regular as relações sociais através do mercado. Isso se choca com a visão
de um Estado que tem responsabilidades. A crise por que passou o mundo fez o
Brasil ver o quanto é importante a participação do Estado, das empresas estatais,
citando nominalmente a PETROBRAS, e dos bancos oficiais. Isso só foi possível
porque o Estado tinha o controle acionário e o poder de voto, e acionou
corretamente esse instrumento de política econômica, para blindar o País,
movimentando e aquecendo nossa economia.
É preciso continuar com esse modelo, que deve ter maior flexibilidade. Essa é
a razão da medida provisória. Em caso de expansão de capital, nem sempre a União
teria que aportar recursos para participar; deixando a critério da própria gestão. O
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controle de capital necessariamente não exigiria investimentos e aporte de recursos
públicos para que fosse feita essa subscrição de recursos.
O mesmo ocorreria no caso de alienação ou de permuta, quando a União
fosse majoritária, desde que não perdesse o controle acionário. Isso daria ao gestor
público maior condição de movimentar os interesses da União e manter as
empresas estatais de maneira eficiente.
Mas a questão que se coloca, neste momento, diz respeito a visões de
contexto político, visões do Estado Nacional. São elas que se chocam ao
analisarmos essa medida provisória. Certamente, o paradigma do Governo passado
não era o atual: antes as empresas estatais eram um estorvo, eram um equívoco
que o modelo neoliberal não poderia suportar. Foi por essa razão que se privatizou
boa parte dos setores de telecomunicações e petroquímico.
Hoje, a PETROBRAS tenta recompor o seu ramo petroquímico, porque ele é
a ponta do setor do petróleo. Ou seja, não há como abrir mão desse setor, que hoje
investe em pesquisa e mobiliza a economia brasileira.
Hoje a nossa pauta de importação está prenhe de produtos que, no passado,
o Brasil produzia. No entanto, com a privatização do setor petroquímico, perdemos
expertise no assunto. Essa é razão de estar sendo recomposta, através da
PETROBRAS, toda a cadeia produtiva do petróleo, desde a química fina até a
exploração e a produção. Esse é o caminho que deve seguir um País que busca ter
competitividade, ocupar os espaços no cenário econômico mundial e,
principalmente, fortalecer sua base industrial.
Por essa razão, sou favorável a que se aprove a medida provisória que ora
estamos analisando. O questionamento que se faz no tocante à constitucionalidade
já foi expressamente defendido pelo nosso companheiro de partido, no sentido de
que, uma mudança no conteúdo não vicia a matéria em questão.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - NÃO HAVENDO MAIS ORADORES
INSCRITOS, DECLARO ENCERRADA A DISCUSSÃO.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Há três requerimentos sobre a mesa: um
requer o adiamento da votação; outro requer que a votação seja feita artigo por
artigo; e o último requer a votação das emendas uma a uma. Todos estão assinados
pelo Líder Paulo Bornhausen.
Pergunto se serão mantidos os requerimentos, Deputado.
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, se V.Exa. nos esclarecer qual será a sequência dos
trabalhos hoje, nós poderemos analisar a manutenção ou não dos requerimentos
que estão sobre a mesa.
Qual é a pauta que V.Exa. pretende cobrir hoje?
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Na verdade, nós temos a votação desta
medida provisória, que seria feita na sessão ordinária. Superada a votação desta
medida provisória, nós encerraríamos esta sessão.
Está se tentando construir um acordo entre os Líderes, para que haja a
convocação de uma sessão extraordinária no dia de hoje, que teria como pauta o
projeto do pré-sal e a votação a Lei Kandir — essas duas matérias.
Então, está se tentando um entendimento entre os Líderes, para votação
desses dois projetos em uma sessão extraordinária. Havendo acordo, nós
convocaremos uma sessão extraordinária com esses dois pontos de pauta. Não
havendo entendimento, nós votaremos esta medida provisória e encerraremos a
sessão e os trabalhos no dia de hoje.
O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Mas,
Sr. Presidente, para prevenir — e muito ostensivamente —, pode haver o acordo
que houver, de Líderes, sobre a pauta. Se não houver sessão extraordinária para
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apreciação da PEC 300, eu, pelo menos, vou pedir novo painel para a extraordinária
e vou fazer a obstrução possível.
Desde já, peço aos Deputados comprometidos com a votação da PEC 300
que dificultem o quorum da extraordinária, não marcando presença.
Obrigado.
O SR. MARCELO ITAGIBA (PSDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, a posição externada pelo Deputado Miro Teixeira será também a
minha: em não se colocando em votação a PEC 300, vamos pedir novo painel e
obviamente estaremos em obstrução pessoal, haja vista a necessidade de se votar
essa matéria, que já foi aprovada em primeiro turno nesta Casa.
A situação do Rio de Janeiro demonstrou a necessidade de termos forças
policiais bem remuneradas, pois os policiais estão colocando suas vidas em defesa
da população. Para reconquistar o território, nada melhor do que o Parlamento
reconhecer esse direito a todos os policiais.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, mesmo que haja acordo de Líderes, qualquer Parlamentar
pode pedir para zerar o painel.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - É claro.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Então, esse pedido já está sendo
formulado a V.Exa. Ainda que haja acordo de Líderes, não há acordo de Plenário,
então, na extraordinária, o painel terá que ser zerado.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Eu quero só chamar a sensibilidade dos
Srs. Parlamentares. Nós recebemos aqui, na semana passada, os Srs.
Governadores, que, em reunião com os Líderes partidários, levantaram a
preocupação da votação de duas matérias importantíssimas para o País e para os Estados: a Lei
Kandir e o Fundo contra a Pobreza. São duas matérias que, inclusive, viabilizam
recursos para os Estados. Então, nós precisamos tratar desses temas aqui para que
os Estados tenham efetivamente condições de equilibrar suas finanças este ano.
É um pedido dos Governadores. V.Exas. terão que avaliar os prejuízos que
pode haver se nós não tivermos um acordo para votação dessas matérias aqui na
Casa.
Volto a ressaltar que esta Presidência só convocará sessão extraordinária se
houver acordo.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, os Governadores estão preocupados com recursos, mas
não se preocupam com os recursos para pagar seus policiais.
Os Governadores são irresponsáveis, e nós vamos agir da mesma maneira
aqui. Não vamos votar nada: nem Fundo contra a Pobreza nem Lei Kandir.
O SR. IVAN VALENTE - Sr. Presidente, pela ordem.
O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, eu fundamento a posição em que estava. Não tem pedido de
Governador que altere essa posição, que é uma tentativa de manter a espinha
dorsal da Câmara dos Deputados no lugar.
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V.Exa. participou de sessão aqui, em que foi dada a palavra de que isso seria
votado. Agora o que está em xeque é o Poder Legislativo, que não pode ser
enfraquecido dessa maneira. Não pode se vergar.
De minha parte, vou fazer o que dita o meu mandato.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Com a palavra o Deputado Ivan Valente.
Depois, vamos continuar o encaminhamento.
O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, em primeiro lugar, o PSOL manifesta a posição de pedir outro painel.
Em segundo, nós só aceitamos discutir globalmente a pauta. Não vamos
empurrar nada com a barriga. Temos três semanas pela frente; ou se marca uma
questão em que há acordo total, ou não se vota. Então, nós somos favoráveis a
manter o requerimento da PEC 300. Nós vamos manter esse requerimento. Nós
vamos apoiar todos aqueles que vão manter, conosco, essa PEC. E tem que ser
global. Não dá para votar como pinga-pinga, votar um, votar o pré-sal, votar isso,
votar aquilo. Não dá. Não há acordo sobre isso.
O PSOL manifesta sua posição publicamente aqui.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Deputado José Carlos Aleluia.
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, a discussão que V.Exa., de maneira muito hábil, deixou
acontecer iluminou o nosso partido, e nós vamos retirar os requerimentos porque
sabemos que em seguida haverá uma discussão muito importante. Nós queremos
votar a Lei Kandir, mas nós queremos votar também a PEC 300.
Quanto à questão do pré-sal, V.Exa. sabe a nossa posição de divergência
quanto a esse festival de besteira que assola o petróleo no Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Então, estão retirados os requerimentos?
(Pausa.)
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Passa-se à votação.
O SR. JILMAR TATTO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Isso,
Sr. Presidente. Vamos tocar os trabalhos, já que V.Exa. assumiu o compromisso lá
no Colégio de Líderes de convocar a sessão extraordinária, visto que temos projetos
importantíssimos para serem votados, como o que trata do Fundo da Pobreza e o do
pré-sal.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Novo painel, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Relação de inscrição de oradores para
encaminhamento.
Para falar contrariamente, Deputado Emanuel Fernandes. (Pausa.)
Deputado Luiz Carlos Hauly. (Pausa.)
Deputado Duarte Nogueira. (Pausa.)
Deputado Antonio Carlos Mendes Thame. (Pausa.)
Deputado José Carlos Aleluia. (Pausa.)
Para falar a favor, Deputado Dr. Ubiali. (Pausa.)
Deputado Maurício Quintella Lessa. (Pausa.)
Deputado Vicentinho. (Pausa.)
Deputado Eduardo Valverde. (Pausa.)
Está encerrado o encaminhamento.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Em votação o parecer do Relator na
parte em que manifesta opinião favorável quanto ao atendimento dos pressupostos
constitucionais de relevância e urgência e de sua adequação financeira e
orçamentária, nos termos do art. 8º da Resolução nº 1, de 2002, do Congresso
Nacional.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para falar contra a matéria, concedo a
palavra ao Deputado José Carlos Aleluia. (Pausa.)
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA - Para orientar.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para orientar. (Pausa.)
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA - Para orientar contra.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para falar a favor, concedo a palavra ao
Deputado Eduardo Valverde.
O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, obviamente eu não poderia ser contrário a uma medida provisória com
os pressupostos que foram apontados de relevância e urgência devidamente
relatados pelo nosso colega, o que só me faz apontar o encaminhamento favorável a
esta matéria, considerando que a medida provisória é muito importante para dar
condição ao Governo brasileiro de se preparar e se blindar contra possíveis crises
internacionais, fortalecendo sua economia e, principalmente, dando condições ao
Tesouro Nacional de utilizar corretamente os seus recursos, aportando ou não em
ações que possam fortalecer as empresas estatais, cuja ação no Brasil é muito
importante para dar segurança econômica ao nosso País.
Por essa razão, a matéria é de relevância e é de urgência.
Encaminho o voto favorável.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para encaminhar, concedo a palavra ao
Deputado José Carlos Aleluia, que falará contra a matéria.
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, como V.Exa. deve ter observado, e todos os que nos ouviram, desde
quando discuti o assunto deixei claro que esta medida provisória é inconstitucional,
na forma do que estabelece o § 10 do art. 62 da Constituição. Eu mencionei o
Deputado Dr. Ubiali, mas aqui tenho uma comparação: ela é a reedição de uma
medida provisória que não teve sucesso e contraria o § 10.
Ela é inadmissível. Deve ser rejeitada por inadmissibilidade, e, portanto, por
não atender à Constituição.
Esse é o meu encaminhamento.
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288
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como votam os Srs. Líderes?
Como vota o PMDB?
O SR. EDUARDO CUNHA (Bloco/PMDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, o PMDB vota “sim”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PT?
O SR. JILMAR TATTO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o PT vota “sim”.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Prorrogo a sessão por mais 1 hora, a
partir das 19 horas.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PSDB?
O SR. EMANUEL FERNANDES (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, o PSDB vota “não” pelo motivo bastante claro: esta medida
provisória é a reedição clara, em seu conteúdo, em seu objeto principal, da MP 487.
Escutei V.Exa. dizer que qualquer mudança na vírgula configuraria outra
medida provisória. Se for esse o entendimento, Sr. Presidente, pode fechar o
Congresso, porque qualquer coisa aqui pode ser feita. Perdeu hoje, em vez de
“contudo”, coloca “mas”; em vez do “e”, coloca uma vírgula.
Sr. Presidente, não concordo com isso; este Parlamento não é para isso; este
Parlamento tem quer erguer a cabeça, não pode se curvar a isso,
independentemente do mérito. A Oposição faz oposição, o Governo procura aprovar
as matérias, mas nós, que estamos aqui, temos mandato. Isso tem que ser
respeitado. Esse argumento não pode prevalecer.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Democratas?
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, votamos contra a admissibilidade de uma medida
provisória que contraria o espírito do legislador profissional.
O Deputado Inocêncio Oliveira, atento observador deste Congresso, sabe
que, quando aprovamos o § 10 do art. 62, foi exatamente para evitar que o Poder
Executivo mantivesse em vigor uma medida provisória que o Congresso rejeitou.
Existem duas formas de rejeitar: uma delas é votar contra e mandar para o
arquivo; a outra é não votar e ir igualmente ao arquivo.
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Portanto, a medida é inconstitucional. Se a aprovarmos, estaremos aprovando
o que o cidadão eleitor não nos autorizou, que é algo em desacordo com a
Constituição brasileira.
Então, votamos contra.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Bloco?
O SR. GIVALDO CARIMBÃO (Bloco/PSB-AL. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, o Bloco vota “sim”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PR?
O SR. LÉO ALCÂNTARA (PR-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o PR vota “sim”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PP?
O SR. ROBERTO BRITTO (PP-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o PP vota “sim”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PDT? (Pausa.)
O PDT vota “sim”.
Como vota o PTB?
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, a orientação da Liderança é pelo voto “sim”, mas não
podemos deixar de registrar o desplante que se faz com esta Casa, porque esta
medida provisória é a reedição de uma medida provisória que perdeu a eficácia. Isso
é, sem dúvida nenhuma, desrespeito para com esta Casa, e tem-se de fazer o
registro.
O registro deve ficar marcado no sentido de que o Executivo não pode utilizar-
se de expediente como este, de editar uma nova medida provisória de uma anterior
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que perdeu a eficácia, até porque, enquanto esteve em vigência aquela anterior, ela
manteve seu efeito. E, na perda da eficácia, o Governo dá um “passa-moleque” no
Congresso e edita outra medida provisória.
Esse registro tem de ser feito.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PSC?
O SR. REGIS DE OLIVEIRA (PSC-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, o PSC vota “sim”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PPS?
O SR. MOREIRA MENDES (PPS-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, o PPS vota “sim”, ressalvados os destaques que vamos discutir lá na
frente.
Mas quero deixar um registro. A medida provisória tem dois ou três artigos, e
o relatório vem com várias modificações, sem chance de discussão. Estamos
recebendo esse assunto agora, há questão de 15 ou 20 minutos. Não é possível
discutir. Fica apenas esse registro, porque as coisas não funcionam dessa forma.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PV?
O SR. EDSON DUARTE (PV-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, V.Exa tem sido testemunha de que o Partido Verde tem defendido o
acordo e quer votar as matérias importantes de interesse do meu Estado, a Bahia, e
do Brasil. Agora, não dá para empurrar pela janela propostas que não foram
discutidas com a sociedade, com o Governo, com esta Casa como um todo;
propostas que interessam apenas ao setor da economia, que tem interesse direto e
que quer impor ao País e a esta Casa os seus interesses, fazendo chantagens.
Portanto, nós, do PV, não concordamos com a matéria.
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Vou encaminhar o voto “sim”, mas na condição de que o acordo
preestabelecido seja mantido; se não, não contará com o PV nas demais votações.
Sr. Presidente, estou-me referindo ao Código Florestal.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PMN? (Pausa.)
Como vota o PSOL?
O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, quero me referir a dois artigos da medida provisória. Um, que permite às
estatais que do Fundo Soberano aportem capital à PETROBRAS, e o outro, que
autoriza a União a se abster de adquirir ações em aumento de capital de empresas
que possuam participação acionária. É interessante, porque são 2 artigos que
viraram vários.
Vou citar o art. 3º do Projeto de Conversão, que diz: “As operações de crédito
rural destinadas à atividade de produção de cacau no Estado da Bahia contratadas
com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste...”
O que isso tem a ver com a medida original? Na verdade, o Governo faz
política aqui, com setores da Base e da Oposição também.
Os Deputados inserem na medida provisória o que querem. Isto aqui é “gato”.
Medida provisória não foi feita para isso. Não podemos mais admitir isso aqui nesta
Casa, porque desrespeita o Poder Legislativo brasileiro. Medida provisória tem
objetivo e fim definidos, tem urgência e relevância. Isso não é levado em
consideração. Cada dia mais, colocam-se novas questões e não se discute. O
Relator vem com um montão de coisas que ele absorveu de pressões daqui e dali,
de interesses corporativos, de interesses setoriais, e o Governo tem interesse
político nisso, de absorver essa questão.
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Nós não admitimos, não vemos urgência e relevância nessa questão e vamos
votar contrariamente, porque isso desmoraliza a Casa.
O PSOL vota “não”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O PSOL vota “não”.
Como vota o PHS? (Pausa.)
Como vota a Representação do PTdoB? (Pausa.)
Como vota a Minoria? (Pausa.)
Como vota o Governo?
O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o Governo recomenda o voto “sim”. Acha que esta medida provisória é
importante. Só quero alertar e chamar a atenção, para deixar claro aqui, porque está
havendo várias coisas no encaminhamento dela. O Governo apresentou ao Colégio
de Líderes, com o apoio da base do Governo, uma pauta consensual. E nessa pauta
consensual apresentada não consta o Código Florestal — já explicando ao Líder do
PV —, nem o requerimento da PEC 300. Quero deixar isso bem claro para o Líder
do PV, Deputado Edson Duarte.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Em votação o parecer.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Os Srs. Deputados que o aprovam
permaneçam como se encontram. (Pausa.)
APROVADO O PARECER.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Em votação o projeto de lei de
conversão oferecido pelo Relator da Comissão Mista, ressalvados os destaques.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Os Srs. Deputados que o aprovam
permaneçam como se encontram. (Pausa.)
APROVADO.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Em votação os destaques.
Primeiro destaque.
“Requeiro, nos termos do art. 161, I, e § 2º,
combinado com o art. 117, IX, do Regimento Interno da
Câmara dos Deputados, destaque para votação em
separado da expressão ‘com ou’ constante do § 2º do
inciso III do art. 1º do PLV oferecido à MP 500/10”.
Assinado pelo Líder do PSDB.
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O SR. MARCELO ITAGIBA (PSDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, V.Exa. poderia frisar que foi aprovado com votos contrários.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O parecer foi aprovado com votos
contrários do PSDB e do Democratas.
O SR. JOÃO ALMEIDA (PSDB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Do
PSDB e Democratas, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Está registrado nos Anais da Casa.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para falar contra...
O SR. JOÃO ALMEIDA - Sr. Presidente, não há inscritos para esse destaque.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Há inscritos.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para encaminhar, concedo a palavra ao
nobre Deputado Jilmar Tatto, que falará contra o destaque.
O SR. JILMAR TATTO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nós
acabamos de votar a Medida Provisória nº 500. Ela tem um sentido global e tem
coerência do ponto de vista de redação e do mérito. Então, a proposta do PT é a de
que se mantenha o original e não votemos os destaques.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para encaminhar, concedo a palavra ao
nobre Deputado Emanuel Fernandes, que falará a favor da matéria.
O SR. EMANUEL FERNANDES (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nosso destaque visa criar ônus para o Tesouro
Nacional.
Diz o § 2º do inciso III do art. 1º: “As operações efetuadas ao amparo do
inciso III — é o principal do caput — poderão ser celebradas com ou sem ônus para
o Tesouro Nacional.”
Ora, a função principal deste Parlamento é autorizar despesas com base no
Orçamento. Todos pagam imposto, e a divisão desse imposto, para onde vão os
gastos, é feita por este Congresso Nacional. Do jeito que estamos fazendo,
passamos um cheque em branco para o Executivo capitalizar sua empresa ou fazer
suas operações de capital com o dinheiro do Tesouro também sem consultar este
Parlamento. Se ele quiser comprar uma grande empresa sem consultar este
Parlamento, ele poderá fazê-lo, se incluirmos a expressão “com ou sem ônus para o
Tesouro Nacional”.
Queremos resgatar um pouco o papel original do Congresso Nacional: O.k.,
autorizadas a efetuar, ao amparo do inciso III do caput, poderão ser celebradas sem
ônus para o Tesouro Nacional. Se for com ônus, abriremos mão de analisar os
gastos do Orçamento, principal tarefa deste Parlamento. Aliás, temos reiterado que
o Parlamento foi criado na Inglaterra para que se fizesse análise de orçamento.
Estamos abrindo mão, mais uma vez, de analisar os gastos do Orçamento.
O que é o Orçamento? Todos colaboram com o caixa, pobre, rico, remediado
pagam impostos, e a divisão desse dinheiro também tem de ser feita entre todos,
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baseada na sensibilidade e na representatividade dos membros do Parlamento.
Estamos delegando para uma pessoa, para um Governo.
O Parlamento, se acabar essa possibilidade de dividir o Orçamento, não tem
função. Por isso apoiamos este destaque. Os governistas hão de concordar que
vamos abrir mão de uma coisa muito importante que está aqui, que é analisar gastos
do nosso Orçamento.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para falar contra, tem a palavra o
Deputado José Genoíno.
O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o
BNDES e a Caixa Econômica são empresas públicas. Essas empresas públicas, ao
fazerem esse processo de capitalização... O Tesouro Nacional é majoritário. Não se
pode criar uma camisa de força que prejudique o fortalecimento do objetivo da
própria medida provisória, que é a capitalização dessas empresas públicas.
Portanto, essa emenda anula o sentido mais geral, estratégico, da própria
medida provisória, porque são empresas públicas, têm garantia do Tesouro
Nacional, que é majoritário.
Por isso, somos contra esta emenda.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para falar a favor, tem a palavra o
Deputado José Carlos Aleluia.
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, vou tentar traduzir o que diz o artigo que está sendo destacado.
O que propuseram o Democratas e o PSDB foi retirar a seguinte expressão:
“sem ônus”. Com ônus para a União.
O que significa isso? Nesta lei está autorizado que a empresa A do Governo
venda ações para a empresa B e compre do fundo C, e a D. Maria, o Sr. José e o
Sr. João, que pagam imposto e estão em casa, vão pagar. Quando se diz “com ônus
para a União”, significa: as empresas podem fazer a bobagem que for, as estatais
perdem dinheiro, mas o dinheiro perdido não é dos acionistas e muito menos do
diretor ou dos Ministros, o dinheiro perdido é de quem paga imposto.
Portanto, o destaque que apresentamos é para dizer o seguinte: os cidadãos
brasileiros que compram carne, que compram feijão, que pagam luz, que pagam
água, que pagam Imposto de Renda, não terão obrigação de pagar pelos erros
cometidos pelas empresas.
“Sem ônus” significa: eu não quero pagar isso. Eu e todos os que nos apoiam.
Ninguém aguenta mais pagar tanto imposto para o Governo fazer discurso de que
está mandando as empresas estatais para a frente. Mandam para a frente com o
dinheiro do nosso bolso.
Portanto, somos favoráveis à aprovação do destaque do PSDB, para o qual
apresentamos destaque da mesma forma, para impedir que o pagador de imposto
fique obrigado a pagar pelos erros. Só na operação inicial de compra com o Fundo
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Soberano das ações da PETROBRAS, cada cidadão, cada pessoa no Brasil pagou
do seu bolso uma parcela de dinheiro.
O que está em jogo, e o cidadão precisa ver isso, é o gasto desenfreado
deste Governo, gasto do nosso dinheiro. Quando eles dizem aqui “com ônus do
Governo”, significa: nós pagamos a bobagem que eles fazem.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Está encerrado o encaminhamento.
Passa-se à votação.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PMDB?
Quem vota “sim” mantém a expressão da forma como foi aprovada no parecer
do Relator.
O SR. EDUARDO CUNHA (Bloco/PMDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - O PMDB vota “sim”, Sr. Presidente.
O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, o PT vota “sim” também.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PSDB?
O SR. EMANUEL FERNANDES (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, o PSDB vota “não”. E gostaria de reiterar aqui a discussão.
Você que está em casa não sabe se vai comprar na empresa A, empresa B
ou empresa C. Do jeito que estão fazendo aqui, o dinheiro vai sair do seu bolso.
Dinheiro não cai do céu, não dá em árvore; não existe dinheiro para tudo. E aí
priorizaram. O Congresso é que prioriza. O que nós estamos fazendo é autorizando
o Governo a adquirir ações com dinheiro seu. Isso vai aumentar o imposto.
É por isso que nós votamos “não”. O Governo precisa baixar a carga
tributária, sabe por quê? Você sabe melhor do que o Governo o que faz com o seu
dinheiro.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Democratas?
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Nós votamos para não pagar pelos erros do Governo e das empresas,
portanto votamos “não”.
O Democratas quer representar as pessoas que pagam imposto, as pessoas
que pagam Imposto de Renda, as pessoas que não aguentam mais ser molestadas
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pelos cobradores de impostos, as pessoas que estão revoltadas porque pagam
impostos e não têm segurança, não têm saúde.
Nós votamos “não”. Não queremos pagar por esse erro que está sendo
cometido pelo Governo. Por isso nós votamos essa expressão complicada “sem
ônus para o Tesouro”, ou seja, sem custo para o bolso de Dona Maria e de Seu
José.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Bloco?
O SR. MÁRCIO FRANÇA (Bloco/PSB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Bloco é “sim”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Bloco, “sim”.
PR, como vota? (Pausa.)
Como vota o PP?
O SR. ROBERTO BRITTO (PP-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O
PP vota “sim”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PDT?
O SR. PAULO PEREIRA DA SILVA (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - O PDT é pela manutenção do texto e vota “sim”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PTB?
O SR. PEDRO FERNANDES (PTB-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- O PTB quer manter o texto, Sr. Presidente, e vota “sim”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PSC? (Pausa.)
Como vota o PPS?
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O SR. MOREIRA MENDES (PPS-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, o PPS, em homenagem ao contribuinte brasileiro, que não aguenta
mais a carga tributária sobre as suas costas, encaminha o voto “não”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PV?
O SR. EDSON DUARTE (PV-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
“Sim”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PMN? (Pausa.)
Como vota o PSOL?
O SR. CHICO ALENCAR (PSOL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, nós já fizemos crítica a esta medida, que sempre, como de péssimo
hábito nesta Casa, vai sendo ampliada, alongada, e foge ao seu perfil inicial. É muito
nefasto esse processo legislativo de concessões e penduricalhos.
No caso desta emenda, nós queremos remediar um pouco. Portanto, a favor
da emenda. O nosso voto é “não” ao texto.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PHS? (Pausa.)
Como vota o PTdoB? (Pausa.)
Como vota o Minoria? (Pausa.)
Como vota o Governo?
O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB-PB. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, o Governo vota “sim”. O Governo encaminha o voto “sim”.
O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, nós não estamos criando tributo nem aumentando a carga tributária.
Isso é uma falácia. Nós estamos discutindo um processo de capitalização, e essa
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exigência sem ônus que eles querem tirar é exatamente para dificultar essas
operações de capitalização.
Portanto, não há aumento de carga tributária. Isso não é verdade. O Governo
recomenda o voto “sim”.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Em votação.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Os Srs. Deputados que forem pela
manutenção da expressão permaneçam como se encontram. (Pausa.)
APROVADA.
Mantida a expressão.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Segundo destaque, assinado pelo
Deputado Paulo Bornhausen, Líder do Democratas, é igual ao anterior.
Portanto, está prejudicado.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Terceiro destaque. (Pausa.)
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O SR. TAKAYAMA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Pois não.
O SR. TAKAYAMA (PSC-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, enquanto os assuntos continuam na Casa, gostaria de fazer uma
denúncia aqui da mais alta responsabilidade.
Peço a atenção dos nobres Parlamentares porque há poucos instantes eu,
Deputado Takayama, fui vítima de uma mensagem enviada ao jornal Congresso em
Foco que atribui palavras que eu nunca citei ou falei, mesmo porque no horário em
que foi inserido esse texto no Congresso em Foco eu estava na Casa Civil com a
bancada do Paraná, entre 18 horas e 18h30min. Essa mensagem apareceu no
jornal às 18h17min, de maneira maldosa, que acaba achincalhando o Parlamentar,
denigre a imagem dos Parlamentares desta Casa.
Então, gostaria de pedir, carinhosamente, aos companheiros que dirigem o
jornal Congresso em Foco para que haja critério maior, a fim de que mensagens
como essa não venham a ser atribuídas a qualquer pessoa. Qualquer um de nós
pode ser vítima de maldade, a exemplo dessa mensagem que apareceu nesse
jornal, como se fosse deste Deputado.
Volto a reiterar, peço aos jornalistas do Congresso em Foco que analisem
com critério e que não permitam a entrada de qualquer mensagem ou de qualquer
pessoa utilizando o nome de outros, para denegrir a imagem de um Parlamentar.
Sr. Presidente, gostaria de direcionar esta minha indignação à Procuradoria
desta Casa, para que cada Parlamentar fique ciente de que estamos sendo aqui
achincalhados ao tentarem denegrir a nossa imagem. Estamos aqui trabalhando e
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muitas vezes temos de perder tempo com fatos irreais e maldosos como este que
apareceu no jornal Congresso em Foco.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Pois não. V.Exa. tem todo o direito de
encaminhar a representação e o pedido para que a Procuradoria da Casa tome
medidas em relação a esta sua denúncia.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Terceiro destaque.
“Requeremos a V.Exa., nos termos do art. 161, §
2º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados,
destaque para votação em separado do art. 2º do PLV à
MP 500/2010.
Deputado Paulo Bornhausen.
Líder do Democratas.”
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para encaminhar, concedo a palavra ao
Deputado José Genoíno, que falará contra.
O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o
destaque quer suprimir exatamente o seguinte:
“Fica a União, por meio de ato do Poder Executivo,
autorizada a se abster de adquirir ações em aumentos de
capital de empresas em que possua participação
acionária, minoritária ou majoritária, devendo preservar o
controle do capital votante nos casos exigidos por lei.”
Suprimir o art. 2º, conforme o DVS, no meu modo de entender, representa
prejuízo para o papel da União, representa prejuízo para a ação do Poder Executivo,
porque aqui está garantido aquilo que se refere a adquirir as ações em aumentos de
capital de empresas em que possua participação minoritária ou majoritária, e,
portanto, preserva o controle do capital votante.
Assim, eu acho fundamental manter o art. 2º, que o DEM quer simplesmente
suprimir.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para encaminhar, concedo a palavra ao
Deputado José Carlos Aleluia, que falará a favor.
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, não imaginei que um dia no Parlamento eu diria que a União teria de
manter a sua participação nas empresas em que ela tem participação acionária.
Por quê? Qualquer pessoa que tenha ações em uma empresa, quando a
empresa abre a possibilidade de subscrever, as pessoas subscrevem; quando
abrem mão da subscrição, é porque o preço está inadequado. Logo, não precisaria
de autorização.
Estou dizendo que a União pode não comprar ações em uma subscrição, ou
seja, que a União pode fazer um movimento para reduzir a sua presença nas
empresas.
É isso o que o Deputado Genoíno, em nome do Governo, está defendendo:
que a União reduza a sua participação acionária em empresas, e a reduza não de
forma transparente, mas de forma que a decisão seja tomada apenas pelos
burocratas.
Vou citar um exemplo: a União tem participação na CHESF, empresa
importante do Nordeste e que eu tive oportunidade de presidir. Se a CHESF abre
subscrição, a União poderá deixar de fazer a subscrição e deixar que outros o
façam. Isso é um movimento de privatização — um movimento de privatização
escondido. Eu prefiro fazer movimentos explícitos, que a sociedade possa
acompanhar.
É inadmissível que se aprove uma lei delegada para que os burocratas da
União possam decidir quando comprar ou não comprar ações de empresas de que
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participam. Por isto aqui, a participação da União pode ser levada a próximo de zero,
porque, se a empresa dobra o capital, e a União tem 20% e não subscreve, ela
passa a ter 10%. No próximo aumento, ela passa a ter 5%; no aumento seguinte,
passa a ter 2,5%, e daí a União se retira da empresa.
É inteiramente equivocada essa delegação em aberto para que a burocracia
decida o futuro da participação da União.
Portanto, nós somos favoráveis à retirada do art. 2º, votamos “não”.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para falar ainda contra, com a palavra o
Deputado Jilmar Tatto.
O SR. JILMAR TATTO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
considero este debate profundo e de fundamental importância, porque se trata aqui,
na verdade, de uma privatização velada. E a supressão desse art. 2º significa que os
interesses dos acionistas estão acima dos interesses do povo brasileiro.
Deputado Aleluia, nós acompanhamos recentemente a capitalização da
PETROBRAS e a venda de ações da empresa. O que estava em jogo ali na verdade
quando a União se intrometeu de uma forma justa e correta? Quando descobriu a
riqueza natural em águas profundas, a União foi lá, capitalizou, investiu e comprou
ações, porque ali estava um patrimônio, a riqueza do povo brasileiro.
A supressão desse artigo significa que, em momentos importantes de
empresas, no caso, por exemplo, da PETROBRAS, a União pode, sim, comprar
ações. E na hora em que vir que não interessa comprar ações, a União permite que
o mercado possa adquirir essas ações.
Portanto, suprimir este art. 2º significa, na verdade, privilegiar os acionistas
em detrimento do povo brasileiro e da Nação brasileira. A União significa aqui o povo
brasileiro, não é Governo, não. União significa cuidar dos interesses de todo o povo
e não apenas dos acionistas.
Por isso, somos contra a supressão deste artigo.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Não há mais oradores inscritos.
Passamos à orientação.
Como vota o PMDB?
O SR. EDUARDO CUNHA (Bloco/PMDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - O PMDB vota “sim” ao texto.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PT? (Pausa.) O PT vota
“sim”.
Como vota o PSDB? (Pausa.) O PSDB vota “não”.
O SR. EMANUEL FERNANDES (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - “Não”. O PSDB vota “não”. O destaque é do PSDB.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Democratas?
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Olha, nós votamos contra a ideia de que a União não compre o direito. Se
ela tem direito a comprar, qualquer cidadão que tenha direito a comprar ações de
uma empresa — normalmente ele compra por um preço menor do que o mercado —
não abriria mão. Quando abre mão, é porque está querendo se retirar da empresa.
Portanto, nosso movimento é para retirar isso. Quando quiser se retirar, a
União pergunte ao Congresso. Isso aqui é lei delegada. Por isso, somos contra.
Queremos retirar.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Bloco Parlamentar
PSB/PCdoB/PRB?
O SR. MÁRCIO FRANÇA (Bloco/PSB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - O Bloco vota “sim”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PR?
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O SR. LÉO ALCÂNTARA (PR-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O
PR vota “sim”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PP?
O SR. ROBERTO BRITTO (PP-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O
PP vota “sim”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PDT?
O SR. PAULO PEREIRA DA SILVA (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - O PDT vota “sim”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PTB?
O SR. PEDRO FERNANDES (PTB-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Pela manutenção do texto, Sr. Presidente. “Sim”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PSC? (Pausa.)
Como vota o PPS?
O SR. MOREIRA MENDES (PPS-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
“Não”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PV?
O SR. EDSON DUARTE (PV-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O
PV vota “sim”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PMN? (Pausa.)
Como vota o PSOL?
O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
“Não”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PHS? (Pausa.)
Como vota o PTdoB? (Pausa.)
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Como vota a Minoria? (Pausa.)
Como vota o Governo?
O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O
Governo vota “sim”, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Em votação.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - As Sras. e os Srs. Parlamentares que
forem pela manutenção do artigo permaneçam como se encontram. (Pausa.)
APROVADA A MANUTENÇÃO DO ARTIGO.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Quarto destaque.
“Requeiro, nos termos do art. 161, II e § 2º,
combinado com o art. 117, IX, do Regimento Interno da
Câmara dos Deputados, destaque para votação em
separado da Emenda nº 7, oferecida à MP 500/10.”
Assina o Líder do PSDB.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Não há orador inscrito para falar contra.
Para falar a favor, concedo a palavra ao Deputado Antonio Carlos Mendes
Thame.
O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB-SP. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a medida provisória que acaba de
ser votada é um marco na submissão desta Casa ao Poder Executivo. É
inacreditável que nós cheguemos ao ponto de aqui receber uma medida provisória
que dá, por meio de uma medida provisória, poderes ao Executivo de, por uma lei
delegada, um cheque em branco, tomar medidas para as quais ele somente terá que
fazer um decreto.
Vejam: é uma dupla submissão. É por meio de uma medida provisória que
estou delegando um amplo leque de prerrogativas ao Executivo para fazer o que
quer, comprar e vender ações, sem submeter o ato previamente à apreciação do
Congresso.
Nós, o tempo inteiro, estamos preocupados com o equilíbrio dos poderes, e,
no entanto, nesse presidencialismo exacerbado em que já vivemos, nós hoje
assistimos a mais um ato flagrante de hipertrofia dos poderes do presidencialismo.
Portanto, essa emenda apenas e tão somente diz que todos aqueles atos
arbitrários, tomados com o poder dado por essa medida provisória, pelo menos o
Poder Executivo tenha que comunicar 15 dias ao final de cada trimestre. Ele deve
comunicar a esta Casa o que fez, fazer o relatório consolidado, mostrando, com
informações pormenorizadas, cada uma das aquisições ou alienações feitas.
Em outras palavras, se nós já abrimos mão de ser copartícipes das decisões,
pelo menos que o Executivo dê a esta Casa o direito de ser plateia — no mínimo, de
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ser plateia —, porque, do jeito que está, ele vai poder fazer o que quiser e nem
precisa comunicar. Quer dizer, esta Casa nem sequer saberá o que vai acontecer.
É isto que estamos pedindo nessa emenda: o direito de receber essas
informações trimestralmente.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para orientar as bancadas.
Como vota o PMDB?
O SR. EDUARDO CUNHA (Bloco/PMDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - O PMDB vota “sim” ao texto.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PT?
O SR. JILMAR TATTO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O PT,
Sr. Presidente, vota “sim”, visto que essa emenda é desnecessária. Ela só
burocratiza, não ajuda, não resolve. No Estado Democrático de Direito, temos o
Tribunal de Contas da União, a CVM, o Ministério Público Federal. Temos, inclusive,
as Comissões funcionando plenamente no Congresso Nacional, tanto no Senado
quanto na Câmara. Isso aqui é só para burocratizar. Não há necessidade de incluir
esse artigo.
Por isso, o PT vota pela manutenção do texto.
O SR. EDUARDO CUNHA (Bloco/PMDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, o PMDB é pela manutenção do texto. Então, é “não” à
emenda.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - E o PT também vota “não” à emenda. É
isso?
O SR. JILMAR TATTO - Sr. Presidente, o PT também vota “não” à emenda.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PSDB?
O SR. EMANUEL FERNANDES (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, eles estavam indo tão bem no sentido da transparência. Se
o Governo pode pegar recursos do Tesouro, por que não mostrar, de vez em
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quando, já feita a operação de quanto pode ser o ônus do Tesouro, a este
Parlamento onde foi gasto? É só isso.
O Parlamento da atual Legislatura vai fechar as portas sombriamente. Hoje,
V.Exas. é que mandam; amanhã pode ser o contrário. O que estamos fazendo aqui
é desmerecendo a atividade parlamentar. Se o Parlamento não tem o direito de
saber, de vez em quando, a cada xis meses, onde foi gasto o dinheiro do Tesouro
ou mesmo operações entre estatais, o Parlamento serve para quê? Os nossos
filhos, os nossos netos nos cobrarão isso.
Sr. Presidente, o Parlamento está no seu ponto mais baixo. Por isso, o PSDB
vota “sim”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Democratas? (Pausa.)
Como vota o Bloco?
O SR. EMANUEL FERNANDES - Sr. Presidente, na minha fala final, “o
Parlamento está no seu ponto mais baixo. Por isso, o PSDB vota ‘sim”, quero dizer
que nós não queremos que o Parlamento seja tão baixo. Por isso é “sim”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Democratas?
O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, não aprovar isto é consequência do processo legislativo
brasileiro e do processo eleitoral, em que o eleitor não leva em conta a atividade
legislativa do Parlamentar; leva em conta apenas o trabalho que ele faz servindo ao
Governo Federal. Por isso enfraquece o Poder Legislativo.
A proposta do PSDB é simples: apenas pede ao Governo que preste contas
do que faz ao Parlamento e à sociedade. Nós não podemos votar contra isso. Vota
contra isso a maioria, que está servida pelos favores do Poder Executivo. É uma
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formação anômala da democracia brasileira um Poder Executivo muito forte, um
Poder Judiciário mediano e um Poder Legislativo cada dia mais fraco e desgastado.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Bloco?
A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB-AM. Pela ordem. Sem
revisão da oradora.) - O Bloco, Sr. Presidente, encaminha o voto “não”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PR?
O SR. LÉO ALCÂNTARA (PR-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O
PR vota “não”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PP?
O SR. ROBERTO BRITTO (PP-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O
PP vota “não”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PDT?
O SR. PAULO PEREIRA DA SILVA (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - O PDT vota “não”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PTB?
O SR. PEDRO FERNANDES (PTB-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- O PTB vai manter o texto e votar “não” à emenda, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PSC? (Pausa.)
Como vota o PPS?
O SR. MOREIRA MENDES (PPS-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
O PPS, pela transparência, Sr. Presidente, vota “sim”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PV?
O SR. EDSON DUARTE (PV-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - O
Partido Verde, Sr. Presidente, antes de anunciar seu voto, quer render homenagens
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a uma grande companheira presente neste plenário e que hoje está aniversariando,
a Deputada Luiza Erundina, que, com sua história, sua presença e seu trabalho,
honra o Congresso Nacional.
Parabéns à Deputada Luiza Erundina pelo seu aniversário! (Palmas.)
Quero encaminhar pelo Partido Verde o voto “não”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Parabéns à Deputada Luiza Erundina!
Como vota o PMN? (Pausa.)
Como vota o PSOL?
O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o PSOL vota “sim”.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o PHS? (Pausa.)
Como vota o PTdoB? (Pausa.)
Como vota a Minoria? (Pausa.)
Como vota o Governo? (Pausa.)
O SR. VANDERLEI MACRIS - Minoria, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota a Minoria, Deputado
Vanderlei Macris?
O SR. VANDERLEI MACRIS (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, é evidente que a questão da transparência é fundamental
na democracia. É exatamente por isso que lutamos aqui: para que a sociedade
brasileira tenha conhecimento do dinheiro gasto, dinheiro de contribuição do próprio
cidadão. É apenas isso que quer o Parlamento.
Portanto, a nossa posição, a posição da Minoria é votar “sim”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Como vota o Governo?
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O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, veja bem: já faz parte das normas, da rotina, da permuta de ações total
transparência. Estou aqui com dois decretos sobre permuta de ações, assinados
pelo Presidente da República e pelo Ministro da Fazenda. Todas essas operações
são objeto de decreto, com total transparência.
Portanto, o nosso Governo não está deixando de lado a transparência. Já faz
parte, está na medida provisória o decreto que autoriza essa permuta.
Em segundo lugar, essa exigência, Sr. Presidente, é uma maneira de impedir,
de enfraquecer o papel do Poder Executivo. Não é dessa maneira que vamos
estabelecer a relação dos Poderes. Não podemos revestir, com a roupagem de
transparência, um objetivo político que já está contemplado nas normas e nos
decretos que tratam da permuta de ações, conforme o exemplo que tenho aqui.
Portanto, somos favoráveis à transparência e votamos “não”.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 208.4.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 30/11/2010 Montagem: 4171/4176
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Em votação.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Quero alertar os Srs. Deputados que
votam pela aprovação da emenda que devem permanecer como se encontram e os
que votam pela rejeição devem se manifestar. (Pausa.)
REJEITADA.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Há sobre a mesa e vou submeter a votos
a seguinte
REDAÇÃO FINAL:
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Os Srs. Deputados que a aprovam
permaneçam como se encontram. (Pausa.)
APROVADA.
A matéria vai ao Senado Federal, incluindo o processado.
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DECLARAÇÃO DE VOTO ESCRITA ENCAMINHADA À MESA REFERENTE À
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 500, DE 2010
DECLARAÇÃO DE VOTO
(Do Deputado Federal Paes de Lira)
Voto NÃO a Medida Provisória 500, de 2010.
Excelentíssimo Presidente da Câmara dos Deputados,
Nos termos do artigo 182, parágrafo único, do Regimento Interno, apresento a
seguinte declaração de voto contra a Medida Provisória 500 de 2010.
A Medida Provisória supracitada autoriza a União e as entidades da
administração pública federal indireta a contratar, reciprocamente, ou com fundo
privado do qual seja o Tesouro Nacional cotista único a aquisição, alienação, cessão
e permuta de ações, a cessão de créditos decorrentes de adiantamentos efetuados
para futuro aumento de capital, a cessão de alocação prioritária de ações em ofertas
públicas ou a cessão do direito de preferência para a subscrição de ações em
aumentos de capital; autoriza a União a se abster de adquirir ações em aumentos de
capital de empresas em que possua participação acionária, e dá outras
providências.
RAZÕES DO VOTO
A Medida Provisória 500/2010, em nada se reveste materialmente de
urgência.
É bem verdade que a matéria é relevante, contudo, o fato de ser relevante
não a faz urgente.
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Assim, a referida Medida Provisória é inconstitucional, uma vez que não
abarca o pressuposto constitucional de urgência. Na exposição de motivos nada foi
exposto que justifique a urgência da matéria.
A matéria poderia vir naturalmente ao Parlamento por meio de Projeto de Lei,
sendo facultado ao Chefe do Poder Executivo da União, o Presidente da República,
dar-lhe a urgência constitucional, caso assim entenda.
Além do que, a apreciação da matéria via Medida Provisória evidencia falta
de planejamento no âmbito da competência ministerial do Poder Executivo.
A Medida Provisória trata de estabelecer novas normas para a participação
acionária da União, seja minoritariamente, seja naquelas sociedades de economia
mista em que a União detenha o controle acionário. Isso tudo é matéria que não traz
nenhum problema de urgência, não causará prejuízo algum ao País, se vier
normalmente por projeto de lei.
Nessa hipótese, mesmo considerando o Poder Executivo que tivesse
urgência suficiente — mas não a urgência que justifique uma medida provisória —,
poderia tê-la encaminhado mediante o devido projeto de lei com pedido de urgência
constitucional do Presidente da República, porque a solução para esses casos está
contemplada na Constituição.
Esta medida provisória deveria ter sido devolvida pela Presidência da Mesa
exatamente por sua inconstitucionalidade.
O relatório acrescenta, ainda, questões de refinanciamento da dívida da
lavoura cacaueira da Bahia, que são relevantes, é claro, mas completamente
estranhas à matéria original.
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A Medida Provisória cuida de matéria corrente da administração pública, cuja
viabilização legislativa, sem qualquer lastro de urgência, deveria ter sido objeto de
Projeto de Lei.
Sendo aprovada, essa medida viola a soberania do Parlamento, abrindo
precedente para que o Poder Executivo usurpe a função de legislador, trazendo à
pauta deste Plenário, e aprovando, uma Medida Provisória eivada de vício
constitucional.
Até porque o que a proposição em questão faz ao abordar o tema por via
inadequada é legislar paralelamente ao Parlamento Nacional.
Ante todo o exposto, voto NÃO à Medida Provisória 500/2010.
Sala de Sessões, de de 2010.
PAES DE LIRA
Deputado Federal
PTC/SP
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Quero consultar os Srs. Líderes.
Nós fizemos uma reunião dos Líderes que apontou, por maioria, que se
produzisse uma sessão extraordinária, quando entraria na pauta o projeto do pré-sal
e o PLP 352, que trata de alterações e prorrogação da Lei Kandir.
A Presidência disse que só procederia a isso se houvesse um acordo.
O SR. MIRO TEIXEIRA - ... sem painel...
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, só poderemos concordar com a votação dessas matérias
que V.Exa. anuncia se estiver incluída a PEC 300. Do contrário...
O SR. MIRO TEIXEIRA - Não. É outra coisa.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - ...iremos zerar o painel e convocaremos
todos os Parlamentares comprometidos com a PEC 300 para não registrarem a
presença no painel, já que o quorum não está tão folgado assim para se votar
matéria dessa ordem.
Sr. Presidente, sem a inclusão da PEC 300, não concordamos com a sessão
extraordinária.
O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, acho que o acordo que pode ser feito em plenário é uma extraordinária
para votar a PEC 300, para não existir dúvida sobre haver projeto do Executivo com
urgência e tudo o mais, o que traria dúvidas sobre a legalidade dessa Ordem do Dia.
Então, uma para a PEC 300. Em seguida, outra com o que V.Exa. está
determinando. Aí nós teríamos um bom acordo. Votaríamos a PEC 300 — em
segundo turno, claro — e em seguida o que quisessem, em outra sessão.
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Senão, peço aos que apoiam a PEC 300 que não marquem a presença no
novo painel. Eu não marcarei. Só marcarei depois, se houver quorum.
Obrigado.
O SR. MOREIRA MENDES - O PPS, Sr. Presidente!
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Deputado Moreira Mendes.
O SR. MOREIRA MENDES (PPS-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, participamos da reunião do Colégio de Líderes representando o PPS.
Lá falei em nome do partido e em nome da Frente Parlamentar da Agropecuária,
que congrega vários Deputados de partidos diferentes.
Para não demonstrar intransigência, quero dizer a V.Exa. que consultei os
pares e concordamos em votar ainda hoje, nesta extraordinária, o pré-sal e a
prorrogação da Lei Kandir, mas deixamos para a semana que vem a discussão da
pauta numa nova rodada, deixando claro que vamos insistir, nas próximas sessões,
para a inclusão da reforma do Código Florestal.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Deputado Ivan Valente...
O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, entendemos que vamos pedir um novo painel.
Enquanto não for feita uma negociação global, não há condições de partir
para o debate de uma a uma das questões propostas. Também somos favoráveis a
votar o requerimento da PEC 300 nessa direção.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Tem a palavra o Deputado José
Genoíno.
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O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, estou falando em nome do Líder Vaccarezza.
Primeiro, nós, do Governo, estamos atendendo ao apelo dos Governadores
para colocar na pauta o PLP 352, de 2002, e a PEC 507, de 2010, que trata do
fundo de combate à pobreza. Portanto, o nosso Governo atende ao apelo dos
Governadores de todos os partidos.
Segundo, atendemos também companheiros da base de apoio ao incluir na
pauta o Sistema Nacional de Viação. Estamos sensíveis ao apelo do DEM de votar a
emenda constitucional do Deputado Alceni Guerra e favoráveis, sem compromisso
com o mérito, a colocar na pauta o projeto sobre os bingos.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Opa!
O SR. JOSÉ GENOÍNO - Deixo isso claro também em relação ao projeto do
pré-sal.
O SR. MIRO TEIXEIRA - A PEC 300, não.
O SR. JOSÉ GENOÍNO - Portanto, vejam bem: essa é a pauta em que
incluímos também outra sugestão da base de apoio do Governo, que tem como
consenso...
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Há ainda o projeto que altera o teto do
Super-SIMPLES.
O SR. JOSÉ GENOÍNO - Era exatamente o que eu ia dizer. Há consenso
para votar o Super-SIMPLES.
Esses projetos compõem o acordo em que nós temos unidade. Nesse
consenso, para deixar isso claro, para não haver dúvida, não está incluída a PEC
300 nem o Código Florestal.
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Nós achamos que é importante fazer um acordo global. Na maioria das
matérias, nós temos acordo de mérito. Com relação ao bingo, não temos acordo de
mérito, mas nas outras matérias temos.
Repito: estamos atendendo a todos os Governadores. Eu acho que é de bom
senso que façamos esse acordo.
Com relação à PEC 300, vamos trabalhar a constituição de uma Comissão da
Câmara para preparar uma proposta global sobre segurança pública, acrescentando
à PEC 300 outros itens, e trazer essa matéria para o próximo ano. Esse é o
encaminhamento mais correto.
Deputado, tenha paciência, eu estou falando em nome do Líder do Governo.
Tenha paciência. V.Exa. já viu que aqui não se ganha nada no grito.
É dessa maneira que podemos fazer uma proposta sensata. Estou deixando
claro que não incluímos nesse acordo global a PEC 300 nem o Código Florestal.
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O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, isso não é acordo. Quando
o Deputado fala em acordo...
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Há Deputados inscritos. O Deputado
Jilmar Tatto está inscrito.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - V.Exa. está inscrito na sequência.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Não podem dizer que a PEC 300...
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Há oradores inscritos, Deputado Miro
Teixeira. O Deputado Jilmar Tatto está com a palavra.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, nós acabamos de ouvir uma
proposta que não pode ser executada. A PEC 300 é segundo turno, não pode ir para
Comissão nenhuma.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O Deputado Jilmar Tatto está com a
palavra.
O SR. JILMAR TATTO (PT-SP. Pela ordem Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, estou aqui representando a bancada do PT, em nome do Líder
Fernando Ferro.
Nós fizemos hoje uma reunião do Colégio de Líderes, que V.Exa. estava
presidindo, em que ocorreu justamente aquilo que o Deputado Genoíno,
representando o Governo, relatou. Nós fizemos um acordo global em que a maioria
das Lideranças desta Casa combinou votar esses cinco projetos. Inclusive, foi
discutida a proposta do Deputado João Almeida, Líder do PSDB, de votar hoje o projeto do
pré-sal e o PLP 352, de 2002. Ficou acordado votar amanhã o restante: a questão dos bingos
e o Super-SIMPLES — a votação do Super-SIMPLES para as microempresas foi
sugestão do Deputado Guilherme Campos, do DEM —, além do fundo contra a
pobreza, que também é uma reivindicação. A questão do Sistema Nacional de
Aviação ficou para ser votada depois de encerrarmos a votação das medidas
provisórias. É isso o que foi acordado pelos Líderes.
Cada Deputado aqui é livre para expressar a sua opinião, mas também cada
partido tem a sua Liderança. Então, o momento agora é de as Lideranças opinarem,
apresentarem sua posição sobre o que foi tratado no Colégio de Líderes.
Com relação à PEC 300, ninguém quer fugir do debate, não. Queremos fazer
um debate sério, profundo, sobre a questão da violência neste País e do que está
acontecendo no Rio de Janeiro.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Muito bem, não vamos fugir, não. Vamos votar.
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O SR. JILMAR TATTO - Estão envolvidos o Governo Federal, o Governo
Estadual, o Governo Municipal, as Forças Armadas. A Força Nacional interveio nas
ações.
A segurança pública, as armas, o narcotráfico são questões profundas.
Felizmente, a própria mídia e esta Casa hoje estão percebendo isso. Agora, não são
com medidas paliativas, não é apenas colocando na Constituição um plano de
cargos e salários, um piso nacional, que vamos resolver o problema da segurança
pública.
Por isso, é sensato, é importante que a sociedade brasileira saiba que nós
temos de resolver de vez a questão do crime neste País. E estamos dando o
primeiro passo. Vamos criar uma comissão de alto nível, vamos envolver os
Governadores, as Forças Armadas, todas as partes interessadas e a sociedade civil.
Temos uma proposta global. Dentro dela, com certeza, como prioridade
número um, estará a qualidade e o salário dos policiais. Por isso, não vamos
tergiversar, não queremos escamotear. Falar aqui “PEC 300! PEC 300!” é enganar
policial, porque, para valer, todo mundo sabe que vários Estados não conseguem
pagar os salários dos professores que está no piso nacional da categoria.
Por isso, neste resto de ano, no fim desta Legislatura, é importante votarmos
matérias importantes como o pré-sal, a Lei Kandir, o fundo de combate à pobreza e
dialogarmos com os Governadores. Estados federados precisam dialogar com os
Governadores e Prefeitos. Nós não podemos, de forma demagógica, aprovar uma
lei, inserir um piso nacional na Constituição e, depois, que se lasquem os
Governadores, que se lasquem os Prefeitos, como ocorreu com o piso nacional dos
professores.
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Debate sério, para valer, é votar matérias importantes que estão em pauta, é
pensar nos interesses do Estado, é pensar nos interesses do País, e não vir com a
demagogia de que é só votar a PEC 300 e estará resolvido o problema da violência
no Brasil. Não é verdade!
Por isso, somos pelo acordo. As Lideranças têm que assumir esse
compromisso. Nós queremos votar matérias importantes para esta Casa, e o
caminho é aquele que o Líder do Governo, o Deputado José Genoíno, apresentou: o
primeiro passo é votar duas matérias importantes hoje — o pré-sal e o fundo de
combate à pobreza, ou outra matéria acordada — e, amanhã, os outras propostas.
A PEC 300 fica a cargo dessa Comissão, para fazermos um estudo profundo
sobre a segurança.
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O SR. MARCELO ITAGIBA - Sr. Presidente, V.Exa. havia me assegurado a
palavra.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O Deputado Marcelo Itagiba está
inscrito.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - O PTB não participou dessa reunião aludida pelo Deputado Jilmar Tatto.
E quero lembrar um detalhe...
O SR. JILMAR TATTO - O Deputado Marquezelli estava presente.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Quero lembrar um detalhe...
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O PTB estava lá representado pelo
Deputado Nelson Marquezelli, Deputado.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Quem defende a PEC 300 não pode ser
tachado pelo Deputado Jilmar Tatto...
O SR. JILMAR TATTO - Participou o Deputado Nelson Marquezelli.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - ...de demagogo. Ele tem que respeitar a
posição dos demais Parlamentares. Defender a PEC 300 não é ser demagogo, não.
E os Governadores querem votar...
O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Eu
também posso considerar corrupto quem defende o bingo.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - ...a Lei Kandir, mas não querem votar a
PEC 300.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Que história é essa de acusar um Deputado de
demagogo por defender uma ideia aqui? Podemos então acusar de corrupto quem
defende bingo? Que história é essa? Temos nós que ouvir isso? Eu defendo a PEC
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300. E demagogia sempre foi uma palavra usada aqui em outras épocas, que não
eram democráticas, para barrar as ideias, para barrar os debates.
O SR. JILMAR TATTO - Posso dizer, Deputado Miro Teixeira, que quem não
defende bingo quer que a situação fique como está, com a corrupção de policiais...
O SR. MARCELO ITAGIBA - Corrupto é V.Exa.!
O SR. JILMAR TATTO - É isso o que acontece.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - A presidência pede aos Srs.
Parlamentares que respeitem a ordem das inscrições. Podem falar de forma
emocionada, de forma acalorada, mas, de preferência, de forma respeitosa com os
seus colegas, porque é dessa forma que o povo brasileiro espera que este
Parlamento se conduza. A Presidência não quer cortar o microfone de V.Exas., que
são pessoas educadas, cordatas e que sabem que há inscrição para falar. Então,
nós não vamos cortar o microfone, mas peço a V.Exas. que garantam a palavra e o
respeito entre os Srs. Parlamentares.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Está inscrito o Deputado Marcelo Itagiba.
O SR. MARCELO ITAGIBA (PSDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, obrigado.
Gostaria de dizer que acho o nível dessa discussão...
O SR. MIRO TEIXEIRA - V.Exa. cortou. Eu quero apoiar as palavras de
V.Exa.
O SR. MARCELO ITAGIBA - Deputado Miro Teixeira, eu estou com a
palavra. Peço a V.Exa. que aguarde meu pronunciamento.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O Deputado Marcelo Itagiba está com a
palavra.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Com respeito, chega-se a qualquer lugar; com falta
de respeito, não.
O SR. MARCELO ITAGIBA - Peço a V.Exa. que aguarde o meu
pronunciamento. Em seguida, V.Exa. poderá falar. Foi-me assegurada a palavra
pelo Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Vou garantir o tempo de dois minutos a
cada Parlamentar, porque o orador não pode querer falar ad aeternum. Dois minutos
para cada um dos Parlamentares que quiser expressar sua opinião.
O Deputado Marcelo Itagiba está com a palavra.
O SR. MARCELO ITAGIBA - Sr. Presidente, muito obrigado.
Quero dizer a V.Exa., com muita tranquilidade, que minha posição é clara, é
favorável à votação da PEC 300, não por nenhum absurdo que queiram colocar a
respeito dela, mas porque esta Casa já votou a PEC 300 em primeiro turno, e vários
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dos Deputados que aqui se encontram, inclusive o Presidente, com a anuência e o
conhecimento de S.Exa., comprometeram-se a votá-la em segundo turno.
Então, aqui não se trata de ato de corrupção, ato de demagogia. Muito pelo
contrário. É preciso ter respeito à posição dos Parlamentares que defendem essa
tese, razão pela qual sou daqueles que se posiciona pela não votação de nada em
sessão extraordinária que não seja aquele compromisso assumido pelos
Parlamentares que fazem parte deste Parlamento e concordaram e anuíram em
votar essa matéria. Como disse, ela já foi votada e aprovada em primeiro turno,
razão pela qual não se trata aqui de discutir uma questão ou outra.
O que me causa estranheza é verificar que a questão dos bingos se torna
mais importante do que a relativa à remuneração dos profissionais de polícia.
Recentemente, estamos vendo, no Rio de Janeiro, os policiais que estão lá de
peito aberto, enfrentando a criminalidade, por isso merecem um piso nacional.
Esse piso nacional não é nenhuma invencionice. Esse piso nacional já foi
aprovado por este Parlamento no que diz respeito aos professores. Essa é a
questão.
Não há demagogia, não há ações de corrupção. O que há, na verdade, é o
desejo de alguns de não aprovar um salário justo e honrado para as polícias do
Brasil, como fizeram para os professores.
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O SR. SILVIO COSTA - Sr. Presidente, por favor.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Deputado Silvio Costa com a palavra.
V.Exa. tem dois minutos, Deputado, nem mais um segundo.
O SR. SILVIO COSTA (PTB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, quero o mesmo tempo do Deputado Marcelo Itagiba, por quem tenho o
maior respeito.
Sr. Presidente, esta Casa já cometeu a irresponsabilidade de aprovar a PEC
dos Vereadores, por 376 votos. Esta Casa cometeu a irresponsabilidade de enrolar
os suplentes do Brasil, e isso caiu no Supremo. Muito bem. Mas não conheço um
Parlamentar desta Casa, dos 513, que seja contra aumento salarial para as
pessoas. Não conheço um. Todos nós somos a favor da PEC 300, agora é preciso
que esta Casa tenha um choque de responsabilidade pública. Se um Parlamentar
tiver o talento, a competência de informar para esta Casa de onde virão os 30
bilhões para pagar a PEC 300, serei o primeiro a capitanear a votação dela.
Isso está passando do limite da responsabilidade! Estão desrespeitando os
militares do Brasil!
Essa PEC não existe. Existiu um fundo; tiraram o fundo. Com todo respeito
àqueles que a defendem — inclusive ao meu partido, que a defende —, é preciso
fazer política com seriedade, com talento e com compromisso. Quem tem
compromisso com os militares do País tem a obrigação de dizer: “Vamos votar, e o
dinheiro vai sair dali”.
Parem de fazer pacotes de bondades, parem de fazer pacotes demagogos!
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Para concluir, Deputado.
O SR. SILVIO COSTA - Vou concluir, Sr. Presidente.
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Na verdade, não estou chamando ninguém de demagogo. Existe uma
diferença entre ser demagogo e procurar falar fácil.
Se eu fosse demagogo, faria o seguinte projeto: todo brasileiro, a partir de
hoje, vai ter um salário mínimo de 5 mil reais. Quem é contra? Agora, pergunto: de
onde virá o dinheiro?
Vamos discutir de onde virá o dinheiro da PEC 300. Essa é a agenda. Na
hora em que encontrarmos esse caminho, podemos votar.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Tem a palavra o Deputado Eduardo
Cunha.
O SR. EDUARDO CUNHA (Bloco/PMDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, apenas quero dizer que o PMDB, que participou da
reunião, concorda em que hoje sejam votados os dois projetos, conforme estava
combinado: o projeto do pré-sal, que tranca a urgência, e, em seguida, o PLP 352.
Discutiremos amanhã o que será feito.
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Tem a palavra o Deputado João
Almeida.
O SR. JOÃO ALMEIDA (PSDB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, não se trata de discorrer sobre preferências. O que nós temos de
enfrentar aqui é uma questão pragmática. Não há acordo, não há apoio para a
votação da PEC 300, e há outros projetos de grande importância, de interesse dos
Estados, porque vão garantir aos Estados a possibilidade de honrar os seus
compromissos até com os seus funcionários, situação que não será fácil para alguns
se, por exemplo, a prorrogação da Lei Kandir não for aprovada. São ações que se
estão impondo na agenda.
E o que se fez? Um entendimento para se votarem essas matérias, que
exigem essa urgência e obtiveram no Colégio de Líderes apoiamento da maioria,
que pode garantir essa votação. Nós não estamos aqui discutindo preferências, nem
acordos do passado, nem circunstâncias do passado. Nós estamos discutindo o
presente, matérias relevantes, de importância para os Estados, que precisam ser
votadas. E foi feito um acordo nesse sentido.
É isto que estamos apoiando: que se dê sequência, votando o pré-sal e a Lei
Kandir hoje; e amanhã, as outras matérias acordadas.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 208.4.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 30/11/2010 Montagem: 4171/4176
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - O Deputado Fernando Chiarelli tem a
palavra.
O SR. FERNANDO CHIARELLI (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, nobres colegas, Brasil que nos escuta, fiquei
profundamente chocado e constrangido ao escutar que quem está defendendo os
militares por meio dessa PEC está fazendo demagogia e é irresponsável.
Demagogia e irresponsabilidade fez este Governo, durante 8 anos, enganando e
tapeando com cesta básica o povo, transformando uma raça de bandeirantes, como
somos nós, numa raça de pedintes e esmoleres.
Nunca, nem na época de Graco, nem na época da Grécia antiga, nem na
época da Roma antiga, no fim do Império, viu-se tanta corrupção! E se acerta a
impunidade dessa gente, no Judiciário, a poder de muito dinheiro.
Até concordo que a PEC 300 não vai resolver o problema da violência. Por
quê? Por exemplo, Sr. Presidente, o dinheiro que era para educar as crianças — as
crianças que agora estão levando tiro na cara, lá num morro do Rio de Janeiro — foi
roubado no FAT pelo Deputado Paulinho da Força. Está aqui se postando como
Líder, está aqui se postando como Deputado, está aqui se postando como Líder do
PDT.
O Brasil tem de escutar isso. O Brasil tem de escutar que neste momento está
correndo risco a sua própria existência. Nem o Maurício de Nassau, quando chegou
ao Brasil, viu tanta dificuldade para colocar este País no eixo!
Lamento! Lamento! Lamento! E rogo a Deus que não deixe este País se
perder em mais oito, dez, duzentos anos de roubalheira.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 208.4.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 30/11/2010 Montagem: 4171/4176
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Na verdade, tenho 30 segundos para
encerrar esta sessão.
Deputado Eduardo Valverde, vou ter de encerrar a sessão. Não há acordo.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, zere o painel.
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Som para o Deputado Miro Teixeira.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Zere o painel, Sr. Presidente.
O SR. EDUARDO VALVERDE - Sr. Presidente, estou aqui na... Vamos ter
igualdade no acesso à fala.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 208.4.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 30/11/2010 Montagem: 4171/4176
362
VII - ENCERRAMENTO
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Nada mais havendo a tratar, vou
encerrar a sessão.
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363
O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - COMPARECEM MAIS OS SRS.:
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364
DEIXAM DE COMPARECER OS SRS.:
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O SR. PRESIDENTE (Marco Maia) - Encerro a sessão, designando para
quarta-feira, dia 1º de dezembro, às 14 horas, a seguinte
ORDEM DO DIA
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(Encerra-se a sessão às 20 horas.)
DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO PAES LANDIM NA SESSÃO
SOLENE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 200, REALIZADA EM 23 DE
NOVEMBRO DE 2010 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:
O SR. PAES LANDIM (PTB-PI.) - Sr. Presidente desta sessão solene,
Deputado Dagoberto, autor da bela iniciativa de homenagear o Ministério do
Trabalho pelo transcurso do seu 80º aniversário de criação; Sr. Ministro Carlos Lupi,
um getulista de coração e de ação e uma das figuras marcantes da política
trabalhista em nosso País; Sras. e Srs. Deputados; minhas senhoras e meus
senhores, o Partido Trabalhista Brasileiro não poderia deixar de se fazer presente
nesta solenidade, não só porque o seu fundador, Getúlio Vargas, foi o grande
responsável pela legislação social dedo País, mas também porque tem tradição em
defender políticas sociais no Brasil. Além do mais, igualmente, eu não poderia
perder a oportunidade de prestar esta homenagem ao grande Ministro Luiz Carlos
Lupi.
Com a Revolução de 1930, Vargas assumiu o Governo do País praticamente
no final de outubro e começo de novembro. Inicialmente, houve uma Junta Militar;
depois, ele veio do Rio Grande do Sul e assumiu a Presidência da República. E um
dos seus primeiros atos foi exatamente a criação do Ministério do Trabalho. Ali já
ficou demonstrada toda a engrenagem intelectual de Vargas, que tinha os
trabalhadores como preocupação fundamental do seu Governo.
Vargas lançou a estrutura capitalista do nosso País com a criação da
Companhia Siderúrgica Nacional, da Vale do Rio Doce e, depois, com os alicerces
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 208.4.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 30/11/2010 Montagem: 4171/4176
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de PETROBRAS e da ELETROBRAS. Vargas sabia que, criando uma estrutura de
capitalismo forte e avançado, induzido pelo Estado, estaria criando emprego,
gerando renda e oportunidade de trabalho para os trabalhadores brasileiros.
A saga de Vargas no País é bonita. Àqueles que pensam que a Era Vargas
passou devo dizer que não, pois os fundamentos do Brasil moderno têm no Governo
Vargas seu alicerce: a legislação sindical, a legislação trabalhista, com a carteira de
trabalho e o salário mínimo, enfim, todos os avanços sociais conquistados à época.
Claro que eles precisam de ajustes nos tempos modernos, mas Vargas teve a
percepção de que a harmonia entre capital e trabalho era essencial para consolidar
um País aberto e moderno. Nada de importante no Brasil hoje deixou de ter o dedo
de Vargas. Estão aí também o BNDES e o Banco do Nordeste. Enfim, é fascinante a
sua visão dos fundamentos do Brasil.
O Partido Trabalhista Brasileiro talvez precisasse divulgar mais ainda as
ideias desse grande Presidente, Getúlio Vargas. O Brasil não pode esquecê-lo. No
contexto político em que viveu — nazismo, bolchevismo e fragilização das
democracias ocidentais —, no pêndulo que arrastou toda a América Latina para
situações autoritárias, Vargas não fugiu à regra. Mas o impulso por modernização
esteve sempre presente na sua vida.
É conhecido seu gesto em 1932, quando São Paulo se rebelou contra o
regime de 1930, ao preconizar a imediata constitucionalização do País, pois o
regime democrático constitucional tinha sido interrompido em 1930. Foi de Vargas a
iniciativa de convocar o grande líder paulista Armando Salles de Oliveira — criador
da Universidade de São Paulo, posteriormente, graças a Vargas — e lhe dizer:
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“Quero homenagear os revolucionários paulistas”. Daí nasceu também a
Constituição de 1934.
Nessa época, 1932, também o grande Anísio Teixeira, maior educador do
Brasil, criou a primeira universidade do Brasil — a Universidade do Distrito Federal.
Então, os alicerces do Brasil moderno estão todos cimentados pela figura
gigantesca de Getúlio Vargas.
Portanto, faz muito bem o PDT — e também é obrigação nossa, do PTB —
em nunca permitir que essa bandeira deixe de tremular no coração dos brasileiros.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Dagoberto) - Muito bem, Deputado Paes Landim.