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CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REVISÃO DE COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL COMISSÃO ESPECIAL - PL 1483/99 - COMÉRCIO ELETRÔNICO EVENTO: Reunião ordinária N°: 000421/01 DATA: 23/05/01 INÍCIO: 15:12 TÉRMINO: 16:16 DURAÇÃO: 1:04 TEMPO DE GRAVAÇÃO: 1:05 PÁGINAS: 30 QUARTOS: 14 REVISORES: IRMA SUPERVISÃO: GILZA CONCATENAÇÃO: GILZA DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO SUMÁRIO: Avaliação dos trabalhos da Comissão e fixação do calendário para votação do parecer do Sr. Relator Julio Semeghini. OBSERVAÇÕES Há intervenção inaudível.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO

NÚCLEO DE REVISÃO DE COMISSÕES

TEXTO COM REDAÇÃO FINAL

COMISSÃO ESPECIAL - PL 1483/99 - COMÉRCIO ELETRÔNICOEVENTO: Reunião ordinária N°: 000421/01 DATA: 23/05/01INÍCIO: 15:12 TÉRMINO: 16:16 DURAÇÃO: 1:04TEMPO DE GRAVAÇÃO: 1:05 PÁGINAS: 30 QUARTOS: 14REVISORES: IRMASUPERVISÃO: GILZACONCATENAÇÃO: GILZA

DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO

SUMÁRIO: Avaliação dos trabalhos da Comissão e fixação do calendário para votação doparecer do Sr. Relator Julio Semeghini.

OBSERVAÇÕESHá intervenção inaudível.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial - PL 1483/99 - Comércio EletrônicoNúmero: 000421/01 Data: 23/05/01

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) – Declaro aberta a

presente reunião, convocada para avaliação dos trabalhos desta Comissão e fixação

do calendário para votação do parecer do relatório.

Temos uma ata para aprovar, mas vamos deixar para votá-la no final da

reunião.

O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI - Sr. Presidente, para uma questão

de ordem. Desejo solicitar a dispensa da leitura da ata. Ela não é da reunião

anterior? Então, gostaria de colocá-la em votação agora, para não haver

necessidade de sua leitura.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) – Pois não. Fica

registrado. Depois faremos a votação da ata.

Tenho em mãos ofício da Liderança do PFL, indicando a Deputada Kátia

Abreu como membro suplente, em substituição ao Deputado Darci Coelho, que está

licenciado; ofício da Secretaria-Geral da Mesa, comunicando o afastamento do

Deputado Dr. Evilásio, do PSB de São Paulo, e a renúncia dos Deputados Jorge

Costa, do PMDB do Pará, e Raimundo Colombo, do PFL de Santa Catarina; ofício

da Liderança do PSB, indicando o Deputado Sérgio Novais como membro titular;

correspondência do gabinete do Deputado Celso Russomanno, justificando sua

ausência na reunião do dia 10 de março; ofício da Liderança do PFL, indicando o

Deputado José Carlos da Fonseca Júnior como membro suplente; ofício da

Liderança do PT, solicitando o desligamento do Deputado Walter Pinheiro desta

Comissão.

A presente reunião foi convocada para que possamos fazer uma avaliação

dos trabalhos até aqui apresentados e, a partir daí, estabelecer o calendário de

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votação, quer dizer, distribuição do parecer e do relatório, e, depois, votação do

relatório na Comissão.

Passo a palavra ao Relator, Deputado Julio Semeghini.

O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI – Sr. Presidente, senhor autor do

projeto, Dr. Hélio, gostaria de deixar claro o seguinte: estamos trabalhando com

nossos assessores no sentido de preparar um projeto de lei do nosso relatório, que

será um substitutivo.

Nosso trabalho, feito nos últimos dias — vou até pedir para tirar uma cópia,

não sei se já foi distribuído o resumo de todas as audiências públicas que tivemos —

, está bem feito, aborda os pontos essenciais de cada audiência pública, para que

possamos, na hora do relatório, saber o que estamos considerando ou não.

Apresenta os pontos fortes de todas as audiências, como a audiência pública

internacional, com representantes da IBM, com os autores do projeto, da infra-

estrutura, enfim, tem toda a história registrada dos nossos trabalhos. É um material

muito importante, para que possamos verificar se todas as considerações e posições

foram inseridas no substitutivo que estou preparando.

Em relação ao substitutivo, vou apresentar à Comissão, para esses

assessores, uma proposta na forma de redação do substitutivo. A primeira grande

dificuldade que estamos sentindo — e vamos tê-la — é quanto à forma de fazer o

substitutivo. Temos visto que esse projeto, desde o projeto americano, como o

projeto português, ou o italiano, ou o de alguns outros países do Leste Europeu, ou

mesmo de algumas outras partes do mundo, tem variado muito na sua redação.

Alguns têm dado foco exclusivo ao comércio eletrônico e não instituem, com a

amplitude desejada no Brasil, a validade do documento eletrônico e da assinatura

digital ampla. O foco de alguns deles é essencialmente no comércio eletrônico.

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O projeto português, um dos que está mais ou menos em linha com os

projetos da Comunidade Européia, tem um foco que não se refere a comércio

eletrônico. Ele cita, como exemplo, a validade, mas trata profundamente da parte do

que é uma mensagem eletrônica; como essa mensagem é considerada enviada;

como e quando ela é considerada recebida; quem tem de armazená-la; por quanto

tempo é necessário; como será dada a tecnologia que se usa; qual será a entidade

que vai credenciar ou não os certificadores; institui a assinatura digital; entra em

detalhe de cada papel desses elementos na sua responsabilidade — qual a

responsabilidade da entidade que vai credenciar, como será o papel das empresas

que vão certificar. Enfim, entra em detalhes muito importantes que, no meu

entender, precisarão ser considerados.

Partindo desse formato, optamos por um o mais enxuto possível, que foi

discutido com todos os Deputados, para tratar desses assuntos no sentido de como

vamos considerá-los. No entanto, se entregássemos a alguns amigos do setor este

projeto para ser lido e entender se ele estaria claro, qual a conclusão a que

chegariam quanto ao papel do documento eletrônico e da assinatura digital? Percebi

que ainda pairavam muitas dúvidas.

Temos um relatório praticamente pronto, exceto na área em que faz a

definição das introduções do termo do documento eletrônico, do comércio eletrônico,

da assinatura e do intermediário. Porque o papel do intermediário é tratado por

diversos países de forma diferente: um, trata o intermediário como uma única coisa.

Alguns países, como Portugal e a Comunidade Européia, determinam duas

categorias de intermediários: aquele que é de acesso e, com isso, definem os

provedores de maneira muito clara; depois, os portais, que também têm a

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responsabilidade de estar vendendo a imagem para o cliente. Vimos, em projetos no

Brasil, que ninguém atentou para isso.

Na verdade, o portal é como uma rede de distribuição. É como se estivesse

oferecendo, no Brasil, o produto de uma empresa que está vendendo como num

supermercado. Ele oferece uma gôndola para uma empresa vender seu produto.

Não apenas o supermercado, mas também a empresa que vende seu produto na

gôndola têm a responsabilidade, porque as pessoas entram no processo de compra

confiantes de que aquele supermercado ou portal é sério.

Às vezes, as informações não são atualizadas, nem os preços ou a

disponibilidade do produto, por contrato comercial realmente discutido entre a

empresa que oferta o produto e aquela que faz o papel deste outro intermediário, o

que acaba sendo mais confuso.

Percebo que meu projeto precisa ser melhor discutido, principalmente se

estamos tratando só da função de um intermediário ou se vamos separar esses dois

intermediários.

O projeto está totalmente pronto, e poderia distribuí-lo a V.Exas., mas não vou

fazê-lo agora. Posso receber em meu gabinete qualquer Deputado que tenha

interesse nele, para eu explicar como está ficando. Convidei representantes da

Câmara Americana para os debates. Eles têm todas as leis internacionais. Como

estarão aqui amanhã, às 9h, vou precisar dos assessores para que, juntos, façamos

uma avaliação objetiva de cada um deles.

Na linha dos projetos da Comunidade Européia, há um tratamento mínimo

quanto à responsabilidade dos provedores, para que depois se possa assinar o

tratado do comércio eletrônico com esse bloco.

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Acho que teremos de revisar vários pontos. Listei os mais críticos, que

precisaremos discutir neste documento. O primeiro versa exatamente sobre

tecnologia. No nosso caso, tiramos a tecnologia, não citamos a criptografia — nós a

deixamos de maneira geral, ou seja, qualquer tecnologia. Entretanto, sinto que há

justificativas claras, para uma sociedade que começa a se beneficiar dessa lei, e

esse exemplo deveria estar detalhado. São aspectos que nós mesmos decidimos

enxugar no nosso projeto de lei.

Perguntamos a essas pessoas por que nesses países esses exemplos foram

detalhados. Porque no debate com o Congresso as pessoas não conseguiam

entender isso direito — de que se trata, de que não se trata — e acabava

permanecendo uma dúvida muito grande para a sociedade quanto ao que realmente

se deseja com este projeto de lei, até onde ele causa ou não problemas.

Esses representantes estão nos trazendo não apenas a lei portuguesa, que já

estudamos, mas também a italiana e outras para podermos debater com eles

amanhã de manhã. Se decidirmos com os assessores colocar esse detalhamento

sobre o uso de uma tecnologia, assegurando com clareza o uso de qualquer nova

tecnologia, não como ocorre em alguns países, que dizem que a cada dois anos terá

de ser revista, como no caso do projeto de lei que estamos discutindo — não se

amarra em dois anos, porque a tecnologia pode aparecer a qualquer momento —,

concluiremos essa etapa.

No entanto, ainda temos uma dúvida no que respeita às cópias, uma vez que

há países que não aceitam cópia tirada de um documento original; só tiram cópia

exatamente da estrutura totalmente digital. Quando se transforma um documento

eletrônico em papel, o resultado, sim, é considerado cópia, dada a falta do conceito

básico dessa lei, que é o de se poder recuperar a qualquer momento.

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Se esse documento está digitalizado em algum lugar, é preciso que ele esteja

disponibilizado para quando for requisitado. Assim, cabe-nos discutir, no Brasil, se

podemos tratar cópia da maneira como o nosso projeto de lei original está tratando e

se realmente tem essa validade, porque aparentemente está havendo uma

incoerência em nosso relatório. Depois de pronto, percebemos esse erro.

Outro erro que temos de corrigir, também importante, diz respeito aos deveres

das entidades certificadoras. No Brasil, só tratamos do papel da entidade

certificadora. No entanto, deveriam ser analisados alguns elementos de que o nosso

Código Civil não trata. Se quisermos aderir a esse acordo internacional com alguns

blocos, teremos de detalhar um pouco mais essa responsabilidade, não apenas os

objetivos, mas, principalmente, seu papel.

Vou dar o exemplo claro de uma dificuldade que temos: a Comunidade

Européia está começando a exigir que se tenha um cadastro informatizado dos

registros, os quais devem ser acessados por rede de computadores. Imaginem a

possibilidade de citar várias vezes esse documento. Nem sempre eu quero tê-lo,

mas é preciso saber se ele existe, porque a sociedade não está acostumada,

inicialmente, a ter uma cópia. Quando pego um papel assinado, eu sei de que se

trata e guardo minha cópia. Agora, eu pegar um documento que tenha o número de

um processo, será que vou acreditar que isso realmente existe? As pessoas

poderão estar falsificando, e a sociedade não está acostumada a saber se se trata

de um documento falso ou não.

Países que estão reestruturando e reformulando suas lei colocam a

necessidade de as entidades certificadoras disponibilizarem um cadastro

informatizado, por meio da rede de computadores, com a ordem cronológica de

todos os registros feitos, de tal maneira que qualquer membro da sociedade possa

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consultar se realmente tal cadastro existe. Assim, pode-se pedir a liberação a quem

tem o poder de fazê-lo.

Portanto, são pontos importantes que precisamos ajustar em nosso relatório.

Gostaria de ter conversas pessoais. Vou estar alguns dias a mais aqui, fazer

um resumo da nossa conversa de hoje, mandar para o Presidente e todos os

Deputados um pequeno cronograma, convidando-os para algumas consultas

importantes.

A primeira delas será realizada amanhã, repito, às 9h, com alguns membros

da Câmara Americana, que trarão vários tipos de leis utilizadas no mundo, para

vermos quais são as tendências e como devemos ou não formular o nosso relatório

final, o nosso substitutivo.

Logo em seguida, na terça-feira — ficou combinado confirmarmos isso hoje —

, faremos uma entrevista com o Ministro Ruy Rosado, para decidirmos com S.Exa.

alguns pontos do projeto de lei encaminhado a esta Casa pela Ordem dos

Advogados, que expõe claramente o papel do notário, embora ninguém trate dessa

questão, mesmo quem tem seu sistema de cartório. De nossa parte, também não

vamos fazê-lo. Conversaremos com o Ministro para que S.Exa. nos dê um pouco

mais de dados. Receberemos, logo no dia seguinte, o Presidente da OAB, que

deseja conversar conosco, e o diretor da área de informática, o autor desse projeto,

Dr. Marcos. Com isso, poderemos proceder a esses esclarecimentos, até a semana

que vem, quando terei o relatório pronto.

Tenho uma sugestão que gostaria de submeter à apreciação do Presidente. A

Câmara sugeriu que fizéssemos uma ou duas viagens. Na verdade, não é preciso

fazermos viagens, se quisermos ficar disponíveis. Acho que deveríamos fazê-las,

para verificar na prática como isso está acontecendo, até mesmo para aprendermos.

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Paralelamente, apresentamos o relatório, para que depois façamos uma viagem a

fim de conhecer de perto as sociedades que estão usando essa legislação,

principalmente alguns dos países da Comunidade Européia.

Acredito que poderíamos fazer, na semana que vem ou na seguinte, algumas

videoconferências, Dr. Hélio, como já fizemos da outra vez, com as pessoas deste

País que estão lidando com a lei, pessoas que estão se propondo a ajudar, a

agendar isso.

Em dois dias, escolheremos dois horários diferentes, faremos duas

videoconferências rápidas. Com isso, com mais duas semanas, acredito, poderemos

ter um relatório pronto para apresentar.

Vamos cientificar todos sobre as datas das reuniões. Assim que estiverem

confirmadas — a de amanhã já está confirmada, as outras o serão na semana que

vem —, minha Secretária passará todas as datas a V.Exas. Antes, porém, gostaria

de lançar uma data limite. Neste caso, terá de ser resolvida até semana que vem. A

partir daí, teremos todos os dados para apresentar uma proposta oficial de relatório,

o que aconteceria na outra semana.

É importante conversarmos com essas pessoas, para não cairmos numa série

de contradições. Seria muito mais fácil dessa forma. Começamos a elaborar um

relatório — já fiz duas versões —, e ele está crescendo a cada dia. Gostaria de

continuar detalhando melhor esse processo.

Volto a palavra ao Presidente, que fará os encaminhamentos para ver como

poderemos concluir o cronograma da parte final e termos o relatório pronto.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) – Deputado Jorge Bittar,

como chegou agora, vou informar V.Exa. do que o Sr. Relator já expôs.

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O Deputado Julio Semeghini fez a apresentação das dificuldades que ainda

tem para fechar o relatório. S.Exa. já está com o projeto concluído e pediu que ainda

não fosse distribuído, mesmo que em reunião de trabalho, para não gerar

expectativas, porque participará de reuniões importantes ainda esta semana para

definir a parte conceitual. Já existe o esboço bastante avançado de um relatório e,

na parte final, S.Exa. lança alguns dados para tentarmos fazer um calendário de

votação: a apresentação oficial do relatório e, depois, o processo de votação.

Simultaneamente, poderiam ser feitas algumas videoconferências

internacionais, o que é muito importante para testarmos e avaliarmos melhor algum

desses dispositivos. Isso só para resumir para V.Exa., que é uma das pessoas

bastante interessadas e que vai nos ajudar nessa convergência final.

O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI – Uma questão de ordem. Seria

importante, dada a relevância da participação do Deputado Jorge Bittar, eu explicar

três ou quatro pontos para que S.Exa. pudesse depois participar do debate com o

Dr. Hélio, ou, se S.Exa. quiser, pessoalmente, eu poderia fazer um resumo do que

foi dito.

Como o Presidente disse, tenho aqui uma proposta do relatório, mas alguns

pontos são importantes, e estamos percebendo que eles devem mudados desse

formato para o de outros países.

Tentamos fazer o mais simples possível, mas quando perguntamos a essas

pessoas sobre o que as motiva a fazer o detalhamento, verificamos que é a

mudança que a sociedade sofre ao ler um projeto de lei. Estamos pensando em um

projeto de lei para nós, da Comissão de Ciência e Tecnologia, mas na verdade é um

projeto de lei que terá de valer para a sociedade. Mesmo quando fazemos de

maneira sucinta, a tecnologia precisa estar suficientemente clara — como vai

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acontecer no seu detalhamento, como alguém envia uma mensagem para alguém,

quando se tem certeza que foi recebida.

São dados que tínhamos enxugado do relatório, mas quando os lemos e

conversamos com especialistas, fomos alertados sobre esses problemas. Buscamos

várias legislações, e amanhã teremos uma reunião com três ou quatro membros da

Câmara Americana, que trarão vários projetos de lei que têm estudado.

Amanhã, às 9h, estaremos na Comissão de Ciência e Tecnologia. Vou pedir

esta sala para o Presidente. Se houver alguma reunião, pegaremos alguma outra

sala aqui perto.

A idéia deles é que possamos ver o modelo da lei americana — que todos já

conhecemos —, da UNCITRAL, mas principalmente o da italiana, o da portuguesa e

de outros países que estão aprovando esse projeto de lei este ano. Essas pessoas

têm usado experiências anteriores para detalhar, simplificar ou não seu projeto.

Feito isso, teremos mais duas ou três reuniões, uma com o Ministro Ruy

Rosado, para tentarmos ver questões sobre os direitos dados ou atribuídos aos

notários no projeto enviado pela OAB. Não queremos considerar esse detalhe,

achamos que isso já está em outros projetos de lei. Mas gostaríamos de ver com o

próprio Ministro se isso é suficiente, porque parece que quem tem esse poder não é

o Executivo, mas o Judiciário. Então, nosso projeto de lei seria inconstitucional. Eu

teria de já estar prevendo alguma participação ou não dizer que será um membro do

órgão executivo que vai estar legislando sobre a parte dos notários. Precisamos

prever a participação do Poder Judiciário nisso.

São detalhes desse tipo que até a semana que vem é possível que tenhamos

esclarecido. Semana que vem, tentaremos fazer uma ou duas videoconferências

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com outros países que estão utilizando a lei, para podermos esclarecer algumas

dúvidas.

Estou à disposição dos Deputados que estão participando mais, não para

entregar o projeto, mas para explicar pessoalmente como ele está, a fim de não ter

nada encoberto. Gostaria que dessem opiniões e que pudéssemos caminhar

paralelamente num trabalho bastante duro na semana que vem, junto com os

nossos assessores e consultores.

Gostaria de fazer um esclarecimento. Eu, o Dr. Hélio e outros Deputados do

PT estivemos com a Diretoria da Abril. Li uma nota na revista Veja desta semana

que não é verídica, e ficamos muito chateados com isso. Saiu num painel da Internet

mensagem dizendo que o projeto de Internet não tem avançado no Congresso por

lobby dos cartórios. Falei com o Diretor de Redação, que me disse que isso foi fruto

daquela nossa conversa e que está muito contente: “Não, Julio, aquilo foi uma forma

de poder dar apoio a vocês. Estamos muito contentes com as explicações dadas,

percebemos que os Deputados sabem o que estão fazendo. Não foi com a intenção

de querer fazer qualquer pressão ou cobrar; foi no sentido de que alguns Deputados,

depois, num bate-papo informal, me disseram que os cartórios têm feito pressão

sobre a Lei de Comércio Eletrônico. E deixamos claro que a posição da mídia será

discutir inclusive com qualquer lobby que aconteça para complicar esse projeto de

lei”.

Ele está aberto para receber qualquer nota da nossa parte, se tivermos

interesse. Vou subir até ao gabinete e ver se vale a pena perder tempo com essa

questão, senão nem vou me ater a isso. Se V.Exas. concordarem, não vamos perder

tempo com isso. Vamos continuar. O mais importante é que estamos perto de

concluir nosso relatório e apresentá-lo à sociedade. Não houve nada. Percebi

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claramente que ele mesmo, o Diretor de Redação, pediu para um redator colocar

uma pequena nota, mas não tem interesse contrário a ninguém. Pelo contrário, disse

que está muito contente com o nível dos Deputados com os quais teve acesso

naquela visita que fizemos à Diretoria. Vamos dizer para ele esquecer isso, não

vamos ficar dando resposta, senão vão dizer que estamos discutindo com a Veja.

Volto a palavra ao Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) – Antes de passar ao Dr.

Hélio, tenho um aspecto importante a apresentar e é oportuno que eu fale agora.

Temos de pensar que existe, talvez, a necessidade de uma regulamentação por

parte do Poder Executivo sobre temas que tenham um ciclo tecnológico muito curto.

E talvez tenhamos de prever em algum canto onde não se possa engessar o que vai

mudar. Sabendo disso, remetemos ao Poder Executivo, que está bem adiantado

nessa matéria. E ele vai regulamentar, deixando aqui os princípios. Só falei isso para

provocar.

Concedo a palavra ao nobre Deputado Dr. Hélio.

O SR. DEPUTADO DR. HÉLIO – Em primeiro lugar, Sr. Presidente, Sras. e

Srs. Deputados, quero parabenizar o nobre Relator pelo esforço de conseguir

simplificar todos os documentos, encaminhamentos, produtos de audiência pública,

a própria colaboração da OAB nesse processo, e efetivamente enxugar esse

processo.

Quando fomos chamados a conversar com alguns grupos que se interessam

pelo comércio eletrônico, vimos que a maior preocupação é que seja colocada uma

enorme quantidade de artigos e aspectos que acabem impedindo as pessoas de se

utilizarem dessa ferramenta de trabalho.

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De fato, nosso Relator conseguiu dar uma simplificada muito boa. Penso que,

depois da discussão da semana que vem, com as videoconferências, e de amanhã,

com os representantes da Câmara Americana, que vêm trazendo a experiência de

outros países, teremos o ponto de partida dessa discussão na Casa. A reunião de

amanhã não vai poder ser às 9h, porque essa é a hora da instalação da nossa

Comissão de Resíduos de Serviço de Saúde. Não sei como vamos poder trabalhar.

O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI – Eles falaram que ficam à

disposição até a hora do almoço. Terminamos a outra reunião e assumimos essa.

O SR. DEPUTADO DR. HÉLIO – Poderíamos trabalhar um pouco mais na

questão da tese do que buscamos com proposta de Lei de Comércio Eletrônico. A

tese é tornar a questão a mais simplificada possível e, com a simplificação, tornar as

coisas o mais livre possível. Assim, num segundo momento, daqui a dois ou três

anos, poderemos ter um capital de conhecimentos e de práticas passíveis de nos

levar a algumas especificidades.

Por exemplo, quando falamos da questão de normas de proteção e de defesa

do consumidor ou de oferta de bens e serviços, vimos, nas audiências públicas, que

as leis que temos são uma das melhores e mais completas em termos de proteção e

defesa do consumidor. Poderíamos, então, criar uma seção para tratar do assunto,

reconhecendo que essa é uma das melhores leis que há no País e que se adapta

seja ao plano real, seja ao plano virtual. E não se trata de omitir, porque já existe de

fato esse tipo de lei. Estou trabalhando com a tese da simplificação.

O fato de existir contrato eletrônico não significa que, numa lei, possamos ter

forma de atos jurídicos que possam dar credibilidade a esse meio eletrônico. Estou

dizendo isso porque só a UNCITRAL publica a cada ano um documento enorme,

falando de arbitragem de aspectos jurídicos que mudam a cada dois, três ou quatro

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meses. Se abrirmos um capítulo que remeta à discussão do meio eletrônico e

estabeleça uma jurisprudência, certamente será um ponto de dificuldade quando

relacionado aos avanços daqueles contratos que queremos manter de integração

com a UNCITRAL e outros.

A negociação que se faz no mundo virtual, evidentemente, é feita com mais

de 100, 120, 180 países. Quando se coloca um arcabouço jurídico nacional,

obviamente poderá se confrontar com um, dez, quinze ou cem países outros, que

fazem parte de uma comunidade — estou dando exemplo do caso específico da

UNCITRAL, mas existem outras comunidades que discutem o assunto. Colocar um

aspecto jurídico inserido dentro de um setor, que é o meio eletrônico, dentro de uma

lei, que é uma ferramenta, que é o comércio eletrônico, é uma limitação. Fazemos

uma lei dentro de outra lei, quando há setores internacionais que a cada três meses

estão produzindo novas ordenações jurídicas em função das questões que vão

surgindo.

O Deputado Julio Semeghini abriu uma seção de intermediários que é uma

visão extremamente técnica. É importante estudarmos como se dá isso

tecnicamente. Agora, a questão dos intermediários é um aprofundamento, porque

mais adiante — S.Exa. deu o exemplo do Pão de Açúcar — os sistemas terão seus

portais, seus próprios provedores, e essa intermediação será diferente. Hoje, o

indivíduo tem um portal que está dentro do provedor de outro cidadão. Portanto,

temos de fazer na própria lei uma seção que fale das intermediações. Mas, no

futuro, quando der certo aquele portal, ele poderá ter sua própria provedora,

ampliando seus negócios e passando a não contar somente com o portal. Exemplo:

a indústria automobilística internacional poderia ter um portal no Brasil, mas, em

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âmbito internacional, poderá haver um provedora que venda todos os produtos da

linha Honda, desde peças, acessórios, até o próprio automóvel.

Essa visão é importante e fundamental, para saber quem é o responsável,

mas engessa. Por isso estou falando na tese da simplificação. Parece que a

generalidade traz perigo, mas penso o contrário. Muitas vezes você faz uma lei tão

específica que ela caduca rapidamente. Vou dar um exemplo: no Senado

americano, foi aprovado um aspecto da Lei de Comércio Eletrônico só para tratar da

questão das assinaturas eletrônicas.

Outra questão que gostaria de levantar diz respeito à entidade certificadora.

Excelente, foi bem claro. Deixou-se aberta essa questão. Assinaturas digitais,

excelente. Muito bem. Aí vêm: dos subscritores da assinatura eletrônica e das

entidades certificadoras. Dois capítulos distintos. Agora, por que criar entidades

certificadoras, se posso partir da premissa de que tenho de colocar a coisa de tal

forma livre que abro mão de ter entidades privadas, entidades públicas?

Quando apresentei pela primeira vez o projeto, disse: responsabilizei o setor

público por creditar e certificar, como uma provocação. Muitos setores públicos, que

deveriam ter conhecimento desse processo — Receita Federal, Banco do Brasil,

Ministério da Fazenda —, acabam preparando seu pessoal para, nesse campo,

impedir determinadas sonegações e situações irregulares.

O Senado americano aprovou a assinatura eletrônica sem necessidade de

nenhum setor para certificar, apenas partindo da premissa de que o indivíduo que

apôs sua assinatura virtual é um cidadão honesto, regular, tem endereço próprio,

nome, residência fixa e, portanto, não é preciso ninguém dizer se é honesto. Parte-

se da premissa constitucional de que não é criminoso, mas um cidadão sério. Por

que, então, vamos passar a estabelecer subscrições, entidades certificadoras, enfim,

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trazendo a questão do comércio eletrônico para um campo que passa a ser de

múltiplos interesses e que torna a discussão mais complexa?

A entidade certificadora deveria ser só pública? Eu disse isso como

provocação. Mas, se tivesse de optar por uma entidade certificadora, esta deveria

ser de um órgão público. Por que vou abrir possibilidades para operadoras privadas

certificarem? Quais serão os critérios emitidos na lei que possam estabelecer

credibilidade para essas entidades certificadoras atuarem no plano internacional,

certificando se um documento é sério ou falso? A Internet não tem limites

geográficos. O brasileiro, portanto, estará sendo julgado por uma entidade

certificadora da Alemanha, que dirá se o indivíduo ou o documento tem

credibilidade.

Quando se abre esse capítulo de entidade certificadora, subscrição de

assinatura digital, em tese, abrimos a possibilidade de uma grande discussão.

Vamos discutir, em tese, e credenciar essas entidades certificadoras ou o próprio

órgão que subscrever uma assinatura digital. Mas, para isso, teremos de nos

aprofundar nessa discussão, para ver se para o nosso País, para a nossa lei de

comércio eletrônico tal decisão irá estabelecer abertura ampla e irrestrita às

operadoras internacionais; se vamos usar o sistema cartorial convencional, já

existente — e para isso é preciso que seja habilitado —, ou se vamos, de fato, fazer

com que o Poder Público inicie o processo, já que ele, no nosso meio, é um dos

grandes, não o único, usuários desse tipo de sistema.

Para concluir, quero dizer que foi um esforço fantástico, mas algumas seções

e capítulos abrem oportunidade para uma grande discussão. Vamos colocar

certificadoras? Então, vamos debater o assunto, já que não tivemos oportunidade de

fazê-lo nas audiências públicas. Vamos convocar setores de operadores

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internacionais que têm interesse de ser certificadores em diversos países. Nos

Estados Unidos, existem várias operadoras, várias certificadoras. Vamos usar o

sistema convencional dos cartórios que, no meu modo de entender, traz gastos

tremendos. Não sei se essa situação é eficaz, mas deve ser debatida. Assim, no

momento em que acrescentarmos um capítulo que possa dar especificidade a

determinada ferramenta do comércio eletrônico, vamos ter de debater, porque daqui

a discussão vai para plenário. Quando debatemos, nesta Comissão, se devemos ter

certificadores nacionais ou internacionais, se devemos ter sistema clássico,

convencional, cartorial ou sistema não-clássico, não-cartorial...

O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI – Nobre Deputado, deve estar

havendo algum equívoco em seu posicionamento. Concordo plenamente com o que

V.Exa. está dizendo. V.Exa. diz que, se colocarmos no nosso projeto o papel do

certificador, vamos abrir um grande debate. Então, vamos colocar. Não podemos

liberar para a sociedade um projeto dessa grandeza dando margem a dúvidas.

O que me deixa surpreso é que em todos os debates aqui realizados foi dito

por vários Deputados, inclusive por V.Exa. — podemos ver as notas taquigráficas —,

que não aceitaríamos que o regime das empresas responsáveis pela certificação

eletrônica tivesse papel cartorial. Não daríamos nenhuma reserva de mercado.

O SR. DEPUTADO DR. HÉLIO – Exatamente.

O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI – Daríamos isso ao setor público e

privado, desde que atendessem a uma série de exigências de segurança, que não

seriam detalhadas neste projeto, porque, isso sim, varia com a tecnologia — e à

medida que varia a tecnologia, varia o nível de segurança do sistema. Não

entraríamos nesse detalhe. Agora, a questão do papel do certificador, a amplitude

de quem poderá sê-lo ou não, foi debatida; debatemos todos esses pontos.

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Suas considerações deixaram-se preocupado, pois comecei a temer ter feito

um relatório em sentido contrário. V.Exa. tem toda a razão, quando diz que devemos

caminhar para a simplificação. E é isso o que estou fazendo. Uma das coisas que

disse há cinco minutos é que tenho de checar alguns pontos com o Ministro Ruy

Rosado, porque S.Exa., em uma de nossas audiências — e consta do resumo que

vou pedir seja encaminhado a todos os Srs. Deputados ainda hoje —, sugeriu que,

tratada da importância e da inovação desta lei, a especificidade seja sempre

ressaltada quando necessário.

Portanto, por sugestão do Sr. Ministro é que foi acrescentado este capítulo, o

qual muito superficialmente faz referência ao Código de Defesa do Consumidor.

Minha preocupação é dar a impressão de que fiz sozinho este relatório, quando, na

verdade, todos os pontos foram discutidos por todos nós.

O SR. DEPUTADO DR. HÉLIO – Sr. Relator, estou dizendo que a maior parte

do projeto de lei é produto de um esforço considerável. Entretanto, vou dar um

exemplo a V.Exa: o capítulo das entidades certificadoras...

O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI – Por favor, Deputado, gostaria que

V.Exa. tratasse do geral e não do detalhe, porque ainda não concluí o projeto. O

formato do relatório é muito importante para que eu possa concluí-lo.

O SR. DEPUTADO DR. HÉLIO – Quero falar em tese mesmo. Quando

falarmos de entidades certificadoras e subscritoras de assinaturas digitais, estamos

abrindo um grande debate.

Lembro-me que, e V.Exa. deve lembrar-se também, quando fomos

procurados por dois ou três representantes de Governo — e parece que devem ser

as pessoas às quais V.Exa. se referiu nominalmente, relacionadas a algum setor do

Executivo —, a maior preocupação apresentada naquele encontro foi a discussão da

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entidade certificadora. Como se dizia, ela é o que daria credibilidade à assinatura

eletrônica. Na ocasião, lembro-me de ter dito que nem países que já apresentaram

Lei de Comércio Eletrônico há algum tempo se preocuparam em detalhar esse

ponto. Por quê? Porque demanda um debate, diria, até doutrinário.

Quer dizer, devemos começar por uma lei que se está iniciando e dando

condições a que se faça uma prática de comércio eletrônico? Ou devemos, sim,

discutir entidades certificadoras e promover debates a respeito?

Concordo com V.Exa.: nunca, em nenhum momento, em nenhuma discussão,

falamos em sistema cartorial. Para mim foi mesmo uma surpresa saber que a revista

Veja está dizendo que existe pressão cartorial. Existem, claro, os cartórios, que,

relacionados a documentos concretos, devem estar interessados no mercado virtual.

Entretanto, em se tratando de certificação, entidade certificadora e

subscritores de assinatura, o único lugar em que ouvi esses pontos serem discutidos

foi em uma mesa na sala da Presidência. Lembro-me de ter estranhado que se

começasse discutindo um processo que não fazia parte do formato da tese de

comércio eletrônico, para um país que está ingressando nessa discussão. Pode

existir? Claro que sim. Vamos nos sentar com essas pessoas que defendem a

discussão das entidades certificadoras, se devem ser nacionais ou internacionais.

O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI – Nobre Deputado, permita-me

interrompê-lo novamente. Não gostaria de discutir o mérito do projeto, uma vez que

não é isso o que está em pauta. O Relator fez considerações sobre a dificuldade de

enxugar o texto e fazê-lo mais simplificado, já que sempre foi essa a orientação que

esta Comissão deu a mim, Relator, a quem caberá preparar o substitutivo.

Assim, gostaria que não nos ativéssemos ao mérito. Mas volto a insistir com

V.Exa., e foi discutido nesta Comissão — e entendo que V.Exa. não tenha falado por

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mal, nem insinuou isso, porque não é típico do nosso relacionamento —, que não

há, de modo algum, interesse por parte de nenhuma certificadora específica. O que

aqui está sobre certificadores e credenciadores, deverei fazer um trabalho mais esta

semana, de modo a tender para o lado das leis européias e de outros continentes

que têm esses pontos muito mais detalhados do que imagina V.Exa., com o fim de

que fiquem claros à sociedade.

O fato de apenas quatro Deputados terem votado contrariamente na Câmara

Americana e de todos os Senadores terem aprovado o projeto de lei que V.Exa.

comentou tem dado margem a críticas no sentido de que não têm capacidade de

entender como será na prática esse mundo virtual.

Portanto, preocupa-me saber como vamos contemplar essas questões num

País como o nosso, já bastante avançado no uso da tecnologia, mas ainda muito

menos do que os Estados Unidos, onde Deputados defendem, com posição

partidária, a idéia de que o assunto precisa ser melhor esclarecido à população.

Por isso, estamos tentando tirar daqui qualquer papel que caiba à

regulamentação, sob pena de engessar nosso projeto, que rapidamente ficaria

obsoleto. O que estamos tentando é aproveitar ao máximo todo nosso debate.

Discutimos várias vezes o papel do credenciador, quem poderá desempenhá-lo e

com que amplitude — aqui estamos falando de contratos eletrônicos, e nossa lei não

é apenas sobre contratos eletrônicos, mas sobre documentos eletrônicos e

assinatura digital, com toda a amplitude que se dá no País. É mais ou menos o que

prevêem algumas leis de outros países.

A questão é, portanto, um pouco mais importante. Leis que tratam

exclusivamente do comércio eletrônico dizem: “Dar-se-á através do Código Civil ou

do Código Comercial”, etc. E, onde for exigida a assinatura manual: “Será entendida

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como suficiente uma assinatura digital, que terá de ter os cuidados da integridade”,

etc. Mas isso é outra coisa.

Estamos discutindo para o Brasil um projeto sobre documento eletrônico e

assinatura digital na mais ampla validade possível — e é dentro desse conceito que

estamos preparando o projeto.

Tenho certeza de que está havendo um mal entendido entre nós e gostaria de

pedir uma oportunidade para explicar pessoalmente as dificuldades que tenho

encontrado. Estou à disposição hoje, amanhã e a semana que vem. Posso atender

um, dois, quantos Parlamentares quiserem debater o projeto. Eu também tenho

dúvidas sobre certos pontos deste projeto. Portanto, V.Exa. não se preocupe.

Entretanto, vou consultar o Ministro Ruy Rosado, que já está fazendo

algumas pesquisas, e ver se S.Exa. realmente continua firme em seu propósito de

que é importante tratar de uma coisa nova e a especificidade que lhe seja

relacionada. Então, poderemos apresentar aqui essas duas alterações. Vamos

consultar os juristas do nosso partido para o que for melhor.

Não pretendo inserir neste projeto nada mais do que o necessário. V.Exa. não

se preocupe quanto a isso. Sei que foi recomendado, em todos os debates

promovidos por esta Comissão, que fosse feito um relatório o mais simples possível.

Agora, temos de atentar para o fato de que estamos elaborando um projeto que não

trata só do comércio eletrônico, mas do documento eletrônico e da assinatura digital

no País.

O SR. DEPUTADO DR. HÉLIO – Sr. Presidente, quero concluir dizendo que o

Deputado Julio Semeghini talvez seja a pessoa tecnicamente mais capaz de tratar

da questão com profundidade. Não coloco em dúvida, absolutamente, a

competência e a capacidade técnica de S.Exa.

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Quero também deixar claro que não estou insinuando que S.Exa. esteja

sugerindo entidade certificadora ou subscritora de assinatura digital. De modo

algum. Quando abordei esses dois itens, estava partindo da tese de dar

especificidade e controle às questões relacionadas aos certificados digitais e às

assinaturas eletrônicas por meio de mecanismos subscritores e entidades

certificadoras. São dois entes criados dentro de uma lei. No meu modo de entender,

muitos países que já elaboraram leis não chegaram a esse tipo de discussão. Mas,

obviamente, penso que deva.

Se o nobre Relator, que é uma pessoa capaz tecnicamente, estabelecer que

chegaremos a esse nível, sem dúvida nenhuma, iremos discuti-lo. Vamos ver até

que nível chegaremos, em cima de alguns conhecimentos e de algumas práticas de

alguns países nesse sentido.

Em conclusão, nobre Deputado Julio Semeghini, esse trabalho é da Câmara

Federal e não do Poder Executivo, mesmo que um ou outro Ministro discuta normas,

se deve haver certificadora ou não. Para nós, da Câmara dos Deputados, temos de

ver o melhor. Se vamos sofrer medidas supressivas, emendas nas discussões de

Plenário, não há problema. Mas, na discussão de mérito, nesta Comissão Especial,

devemos tratar da matéria até para valorizar esta Comissão e a nós, que somos do

Poder Legislativo. Muitas vezes, queremos legislar representando várias correntes

externas que querem as questões da forma mais simplificada possível e que menos

encareça a atividade que se está iniciando no País.

Deputado Julio Semeghini, gostaria de não deixar dúvida de que minhas

argumentações vão na direção de uma sistematização, de impedir que haja cada

vez mais itens reguladores. Agora, se vamos discutir essas entidades subscritoras,

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gostaria de participar da discussão. Não tenho restrição a isso. Gostaria ainda de

parabenizá-lo pelo trabalho parcial apresentado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) – Agradeço sua

participação, Deputado Dr. Hélio. Suas últimas considerações foram no sentido de

que o projeto enxuto, como tem de ser, de princípios, de qualquer forma não deverá

remeter nada à regulamentação. Tem de ser auto-aplicável em todos os seus

artigos? Isso é para limitar o contorno do projeto?

O SR. DEPUTADO DR. HÉLIO – Quanto mais matérias certificadoras de

cada ferramenta, mais você dá especificidade e cria oportunidade de ampliar esse

projeto com mais artigos, aprofundando cada um dos capítulos. Entidades

certificadoras e assinaturas tem toda uma discussão.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) – Obrigado, Dr. Hélio.

O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI - Sr. Presidente, antes que V.Exa.

conceda a palavra ao Deputado Jorge Bittar, gostaria de lembrar, Dr. Hélio, o

seguinte: não podemos esquecer que o grande debate desta matéria foi sobre seu

projeto, o primeiro apresentado nesta Casa, e sobre o projeto do Deputado Luciano

Pizzatto, na verdade, da OAB. Este projeto trata, com cem vezes mais detalhes, dos

órgãos que estamos mencionando. Não se trata de nada novo que o Deputado

Relator produziu. Isso fez parte de todos os debates, porque todos os nossos

convidados, antes de virem para a Comissão, recebiam os dois projetos de lei e

discutiam baseados neles.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) – Tem a palavra o Sr.

Deputado Jorge Bittar.

O SR. DEPUTADO JORGE BITTAR - Sr. Presidente, na verdade, não me

sinto plenamente em condições de debater a matéria, porque não pude acompanhar

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os aspectos de contorno, ou seja, da abordagem proposta pelo Deputado Julio

Semeghini. Vou procurar me inteirar deles depois. No entanto, estou acompanhando

vivamente o diálogo estabelecido e gostaria de emitir algumas opiniões.

Estou de acordo que temos de elaborar um projeto que seja enxuto, como se

tem denominado; que temos de trabalhar conceitos importantes. Estamos, de fato,

buscando criar um ambiente no qual se possa trabalhar com segurança com

documentos eletrônicos, com assinatura digital, entendendo que esse é um

ambiente mais amplo do que o comércio eletrônico stricto senso, para que

possamos viabilizar, na sociedade, a troca de documentação, que hoje é feita

apenas por meio de papel, através de instrumentos eletrônicos que tenham toda a

confiabilidade necessária.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) - Apenas para ajudar no

raciocínio. Na realidade, o comércio eletrônico entrou nesta Comissão Especial e

nesta lei porque no projeto de lei está assim. Mas o assunto essencial aqui é a

assinatura e a certificação.

O SR. DEPUTADO JORGE BITTAR - Perfeito. Estou de acordo com isso. Eu,

de fato, fui um dos que mais enfaticamente se manifestou desde o início no sentido

de criticar o projeto da OAB, primeiro, porque ele, no meu entender, praticamente

vincula a certificação à estrutura cartorial hoje existente. Na prática, ele reproduz no

ambiente virtual o paradigma do ambiente real em que trabalhamos secularmente.

Não me parece ser o mais adequado para uma sociedade mais exigente, na qual

precisamos de mais agilidade e simplicidade nos processos. Então, parece-me que

temos de fugir desse paradigma.

Agora, temos, sim, de tratar do tema da certificação. Com isso estou

plenamente de acordo. Temos de estabelecer o conceito de certificação, algumas

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normas e procedimentos, sem, evidentemente, invadir o campo específico da

tecnologia, sem precisar que a certificação vai se dar com código de tantos bites,

dessa ou daquela forma, quando sabemos que a ciência e tecnologia estão em

evolução permanente.

Fazendo um paralelo com outra matéria sobre a qual tenho refletido —

inclusive apresentei um projeto de lei sobre o assunto —, cito a história famosa da

urna eletrônica. Uma das dúvidas que existe sobre ela é como permitir a auditagem,

a posteriori, do processo. Antigamente tínhamos a recontagem, como aconteceu

nos Estados Unidos. Como permitir isso, sem reproduzir os paradigmas antigos.

Depois de avaliar pessoalmente o problema, conversar com várias pessoas,

coloquei no meu texto o seguinte: deve-se prover condições de rastreabilidade do

voto, evidentemente, sem quebrar o sigilo do voto. Agora, se essa rastreabilidade vai

ser através de um papel que vai estar numa urna ou através de um sistema de

registro dessas informações, confiáveis, invioláveis, do ponto de vista do sigilo voto,

mas que permita a recontagem, a posteriori, o conceito tem de estar omitido. Mas a

forma como isso vai ocorrer vai depender da tecnologia disponível no sentido de que

ela seja a mais eficiente, a mais barata possível e acessível a todos, enfim, todos

esses conceitos que são importantes.

A abordagem que temos de dar é com esses princípios. Temos, sim, de

trabalhar certificação, assinatura digital; enxugar; alargar as possibilidades daqueles

que vão promover a certificação, seja no espaço público, seja no espaço privado,

criando, evidentemente, condições para que haja rigor no sentido de que aqueles

que certifiquem estejam verdadeiramente credenciados para exercer essas funções.

E, aí sim, de alguma maneira, incorporar neste projeto tudo aquilo que possa criar

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condições mais confiáveis e eficazes para o exercício do comércio eletrônico, o que

é absolutamente fundamental.

Há algo que eu gostaria de indagar ao Relator. Um dos temas sobre os quais

abordamos, às vezes tangencialmente, às vezes um pouco mais profundamente, é

aquele que diz respeito a questões relativas à privacidade. Pergunto se

abordaremos esse tema em nosso trabalho. Esta é a dúvida que tenho.

O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI - Nobre Deputado, meu projeto

aborda esse tema, e temos dúvida do quanto devemos abordá-lo. Ele aborda até por

causa de sugestão do Ministro Ruy Rosado, no debate que está no resumo, quando

o representante do IDEC diz que a proteção das informações já estava prevista no

Código de Defesa do Consumidor. Mas o Ministro achava que tinha de ficar mais

claro. Quando fomos estudar profundamente esse detalhe no Código de Defesa do

Consumidor, vimos que ele está previsto, mas não atende ao que queremos, porque

lá diz que as informações privadas, que são as mais sigilosas, deverão estar

disponíveis quando consultadas pelo proprietário, por quem refere essas

informações.

Lembro-me de que, ao discutir o assunto num dos debates, gostaríamos que

fosse o contrário. Ficou muito claro ali que as informações privadas só poderão ser

usadas por ele ou em qualquer outro banco de dados cedido por ele, quando por

nós autorizadas. Então, é por isso que deverá estar sendo citada, porque ela não é

suficientemente atendida no Código de Defesa do Consumidor. E esse é um dos

detalhes que está no relatório. Por isso foi debatido.

Em um de nossos debates, pretendo dar um projeto de lei, mas junto

destacando os pontos polêmicos que debatemos para aprimorarmos, porque não

espero que todos aprovemos o relatório. Não teria essa capacidade nem estaria me

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propondo a tal coisa. Mas estou tentando colocar de maneira organizada o que

debatemos, destacando os pontos polêmicos, para que, na outra semana, uma vez

que V.Exas. já tenham esses dados em mãos uma semana antes, possamos

debater e acabar de construir o formato do relatório, além de fechar os pontos

polêmicos. Aí, sim, eu pediria uma semana para acabar, junto com os consultores, o

substitutivo e apresentá-lo à votação.

Mas esse ponto está muito claro, e ainda temos dúvida se ele é atendido.

Estou consultando, vou tentar ver se o Ministro me esclarece. Mas, de cara, precisa,

porque acho que o representante do IDEC não entendeu nosso debate. O Código de

Defesa do Consumidor realmente tem isso referido, mas é algo de muito tempo

atrás, quando não se imaginava que haveria disponíveis tantas informações a

respeito de nossa vida privada.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) - Indago ao Deputado

Jorge Bittar se tem algum comentário a fazer.

Creio que com essa rodada já colocamos mais um escantilhão para o nosso

Relator, uma vez que S.Exa. está com todo o interesse na matéria. S.Exa. já fez um

trabalho. E digo isso porque o tenho acompanhado em algumas reuniões e estou

sempre em contato com S.Exa. O trabalho está realmente andando. O problema é

que, se você não tem dúvida, não está confuso, é porque não está entendo nada, já

diz o grande lema. O assunto é realmente muito complexo e as observações são

legítimas.

(Intervenção inaudível.)

O SR. DEPUTADO JORGE BITTAR – Apenas para fazer um comentário

lateral. Esse é um tema que está em evolução, em desenvolvimento. Então, muitas

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vezes é difícil enxergar todos os aspectos que envolvem o problema, identificá-lo e

buscar os melhores caminhos para sua solução.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) - Mas esse é o

entendimento do Relator, Deputado Jorge Bittar. O Deputado Julio Semeghini sabe

que essa é, digamos assim, uma cenoura que tem de definir, principalmente para

passar confiança à sociedade nas relações através dos meios eletrônicos, em

particular da Internet, que é pública, é um espaço aberto. S.Exa. está nessa mesma

linha que já discutimos desde o início, quando fixamos esses parâmetros.

Gostaria agora, Deputado Julio Semeghini, de fazer uma avaliação de

calendário disponível. Temos de convergir rapidamente para um relatório final e para

uma votação, porque já estamos há muitos meses aqui e fomos “prejudicados” —

entre aspas. A Comissão teve seus trabalhos interrompidos no período de eleição, e

todos os problemas que estão acontecendo no Congresso também nos afetam, e

muito. Mas já temos de condições de convergir.

Lembro o seguinte: a semana que vem, do dia 28 de maio a 1º de junho, é

plena para nós, bem como a semana seguinte, de 4 a 8 de junho. Portanto, temos

duas semanas plenas, para as quais poderemos programar nossas reuniões nas

quartas-feiras à tarde. Depois, temos os dias 11 a 15 de junho, com feriado na

quinta-feira. Essa é uma semana truncada, com toda a certeza, porque sabemos

como funciona a Casa. Depois, voltamos às semanas normais, regulares, no dia 18

de junho.

Poderíamos fazer um esforço para concluirmos — pedi prorrogação de prazo

por mais trinta sessões da Câmara, que equivale a mais um mês, aproximadamente.

Portanto, podemos fazer um esforço, Deputado Julio Semeghini, e proponho que a

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rediscussão do assunto, com a proposta de fazermos a leitura oficial, se não for

possível na semana de 4 a 8 de junho, que seja logo na de 18 a 22 de junho.

O SR. DEPUTADO JORGE BITTAR - Sr. Presidente, permita-me uma

sugestão?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) - Pois não.

O SR. DEPUTADO JORGE BITTAR - Sr. Presidente, vamos ter de estar

trabalhando esse assunto juntos. Teremos um dia bastante apertado. Poderíamos

fazer todas as reuniões que estão faltando de 28 de maio a 1º de junho; de 4 a 8 de

junho, debateríamos isso. Talvez, por sugestão, pudesse até ser uma reunião

fechada, para que os Deputados ficassem à vontade para dizer: “Olha, não entendi

isso, não sei o que é isso, não me lembro disso”. Assim, voltaremos a ter de novo o

mesmo nível e passar ponto por ponto, aqueles que foram ou relevantes, ou críticos,

ou mais polêmicos. Desse modo, poderemos esclarecer onde eles estão ou não

estão contidos no relatório e por quê. Na semana do feriado, caberia ao Relator

trabalhar; e, na semana seguinte, já apresentaríamos o relatório na versão final. Se

todos já estiverem de acordo, poderíamos votar ou pelo menos sinalizar, até porque,

se de repente algum Deputado quiser apresentar outro substitutivo — o jogo aqui é

de transparência, é democrático, esta é a nossa Casa —, já dá tempo de S.Exa.,

nessa semana, apresentar projeto alternativo. E já o colocaríamos, se possível, até

em votação na semana logo após o feriado. Poderíamos, de maneira muito

transparente, construir esse compromisso com todos aí.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) - A proposta, se bem

entendi, é a seguinte: a semana que vem é do Relator, para S.Exa. concluir seus

contatos.

O SR. DEPUTADO JORGE BITTAR - De reuniões.

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) – Mas de reuniões

coordenadas pelo Relator. Na quarta-feira da semana seguinte, dia 6 de junho,

faríamos uma reunião para fechar nosso debate.

O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI - Perdão. Sendo uma terça-feira de

tarde...

O SR. DEPUTADO JORGE BITTAR - Vamos ter de chegar um dia mais cedo

e ir embora mais tarde, para fechar isso.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) - Tudo bem. Então,

vamos marcar uma data.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) - Quinta-feira pela manhã

pode ser uma boa idéia.

O SR. DEPUTADO JORGE BITTAR - Se V.Exa. quiser, podemos fazer na

terça-feira de manhã. Se não finalizarmos, encerramos na quinta, ou deixaremos as

últimas dúvidas para quinta-feira. Sobra essa semana para ser conclusiva.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Arolde de Oliveira) - Terça-feira à tarde

também é bom, às 14h30min. Então, vamos fazer essa reunião na terça-feira à

tarde. Essa é a semana do dia 5 de junho, a que antecede a semana do feriado. A

semana seguinte será para concluir o relatório, cuja leitura poderemos fazer numa

terça ou quarta-feira. Nesse dia marcamos. Com esse relatório, encerramos no mês

de junho, porque logo depois virá o recesso e temos de estar com isso votado e

concluído. Assim, encerraríamos isso ainda com uma semana de folga para algum

tipo de problema que possa existir. Fica combinado assim.

Alguma consideração a mais? (Pausa.)

Agradeço a todos os presentes a presença.

Está encerrada as reunião.