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5JORNAL DE BRASÍLIABrasília, sábado,17 de maio de 201 4Cidades.
Preconceito precisa ser vencidoA procuradora do Ministério Pú-
blico do Trabalho (MPT) LysianeChaves Mota, que também está àfrente da Coordenadoria Nacionalde Promoção de Igualdade deOportunidades e Eliminação daDiscriminação do Trabalho (Coor-digualdade), ressalta que é neces-sário abrir mão de iniciativas con-servadoras para acabar com a dis-criminação da profissão.
“Essa condição da não regula-mentação dá uma sensação de des-proteção, como se elas estivessem àmercê da sociedade. Somos total-mente contra aprostituição de me-nores de 18 anos,mas a partir destaidade temos que ter o reconheci-mento da classe e oferecer direitoscomo qualquer outro trabalho”, de-fendeu.
Para ela, existe uma batalha nosbastidores do assunto. “Nosso mer-cado de trabalho é muito discrimi-natório, ao passo que o CongressoNacional é muito conservador. Issonão envolve só a questão das pros-titutas, mas uma série de outrasprofissões que lutam para garantirseus direitos e benefícios perante alegislação”, emendou.
A L I C I AM E N TOJá a delegada-chefe daDelegacia
Especial de Atendimento à Mulher(Deam), Patrícia Bozolan, apontaque o grande desafio da polícia éacompanhar e desmistificar o tra-balho de pessoas que aliciam me-nores e adultos.
“Essas pessoas estão cada vezmais se adequando à situação etentando passar despercebidas pelapolícia. Acredito que a resposta ju-dicial para quem é pego cometendoeste crime ainda é leve. Nós segui-mos fazendo investigações e apu-rando denúncias das próprias pros-
titutas que são coagidas pelos cafe-tões. Mas o número de denúnciasque recebemos, ou aquelas que têma coragem de vir até a delegacia,ainda é muito pequeno”, admitiu,ao reforçar que o maior número deocorrências está ligado a prostitutasque não receberam pelo programa
combinado com o cliente.Patrícia afirmou que o esquema
de prostituição sempre encontraum jeito de se renovar. “S a be m o sque existem prostitutas que fechamum pacote com o dono de um hotelou motel. Ela se prontifica a usarsomente o local, o dono concede umdesconto e também leva uma partedo que é arrecadado com o serviço.Isso pode ser enquadrado como cri-me, e o proprietário está sujeito àspenalidades”, avisou.
Nós seguimos fazendo investigações eapurando denúncias das própriasprostitutas que são coagidas peloscafetões. Mas o número de denúnciasainda é muito pequeno.
Patrícia Bozolan, dele gada
Mais de dez programas por diaEm Taguatinga Sul, próximo ao
setor de motéis, garotas de progra-ma e travestis andam seminus pe-las ruas. Ali, os preços variam de R$60 a R$ 150, dependendo do tipo deserviço que o cliente quer. A rotati-vidade é grande, bem como asabordagens dos motoristas. Muitasdelas chegam a fazer mais de dezprogramas na noite.
“Tem que aproveitar quando odia está bom, fazer algo diferente
para agradar o cliente e também umprecinho bacana. Saio com soltei-ros, casais, homens casados... Vocêacaba criando uma agenda decl i e n t e s ”, conta Luana.
Para ela, a regulamentaçãoda profissão seria uma vitóriapara as mulheres de progra-ma. “É meu emprego, como é o demuitas que não têm outra coisa parafazer e ganhar a vida. Se regula-mentasse, pelo menos estaríamos
contribuindo e teríamos nossos di-reitos assegurados.”
A negociação do programa é rá-pida: um carro encosta próximo àsprostitutas e a pessoa pergunta pelopreço daquela que ele mais gostou.Se topar, eles seguem para um mo-tel próximo (por conta do cliente) efazem o programa por meia hora.“Se quiser ficar mais eu fico,mas aícobro o dobro”, conta Luana.» Leia mais na edição de amanhã
#compar tilhaaí
A favor. Já que
acontece e é um
trabalho que não vai
deixar de existir, não
tem por que elas
ficarem na rua, se
submetendo a
condições precárias de
trabalho. O ideal seria
tipo “clínicas de
massagem”.
Estabelecimentos em
que elas ficam em
salinhas, providas de
preservativos de
qualidade, condições
higiênicas e tudo
arrumadinho, com
segurança.
Lívia Holanda
Depois do anoitecer, prostitutas começam a ser vistas nas vias. Regulamentação da atividade é aguardada pelas profissionais
“Sempre escondi aminha profissão. Hojemeus quatro filhosestão grandes, jáformados ou nafaculdade. Quero dara eles o futuro quenunca terei”.Lúcia, 43 anos, prostituta
O site do JBr. perguntou aosinternautas: Você é a favorda regulamentação?
O corpo é delas, se elas
quiserem vender, que
vendam. Ninguém
tem nada a ver com
isso. Quem não acha
certo que não faça uso,
simples.
Renata Meireles
Infelizmente, o que
importa para o
governo é o quanto a
mais vai ser
"arrecadado" e não de
onde vem a quantia, se
da maconha ou da
prostituição. E, por
fim, não importa como
seu corpo vai ficar; já
que não há saúde
pública para o povo....
Messias Amorim