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1 - Depósitos Lateríticos 1.1 - Definição Os processos que levam a formação dos solos podem na zona intertropical, levar também à formação de importantes recursos minerais, que são os depósitos lateríticos, também chamado residuais. Os processos genéticos que atuam na formação de um depósito laterítico classificam-se em dois grupos: Preservação do mineral primário de interrese de sua concentração por acumulação relativa por causa da perda de matéria do perfil durante a alteração. Nesse caso, o mineral portador do elemento de interrese econômico é relativamente resistente ao inteperismo e permanece no perfil, enquanto os outros minerais são alterados, e pelo menos parte da matéria é lixiviada do perfil. Destruição do mineral primário e formação de minerais secundários mais ricos que o mineral primário no elemento de interrese. Isso ocorre com elementos de baixa solubilidade, como o Al e o Ti, por exemplo, que formam minerais secundários (gibbsita e anatásio, respectivamente), logo após sua liberação dos minerais primários portadores. Ocorre também com elementos mais solúveis, que migram no perfil de alteração e precipitam como fases secundárias nos horizontes que apresentam condições propícias para tal. Em algumas situações, ocorre um processo misto, pelo qual o mineral primário portador do elemento de interesse permanece inalterado em relação ao seu arcabouço essencial, mas sofre transformações que podem melhorar ou piorar sua qualidade como mineral minério. Um bom exemplo dessa situação são os depósitos lateríticos de nióbio. Como conseqüência de seu modo de formação, por processos de acumulação 1

Depóstitos Lateriticos

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Principais Depóstitos Lateriticos Brasileiros

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Page 1: Depóstitos Lateriticos

1 - Depósitos Laterí t icos

1.1 - Def in ição

Os p roce s sos que l evam a fo rmação dos so lo s podem na zona i n t e r t r op i ca l , l eva r t ambém à fo rmação de impor t an t e s r e cu r sos m ine ra i s , que s ão o s depós i t o s l a t e r í t i co s , t ambém chamado r e s idua i s . Os p roce s sos gené t i cos que a tuam na fo rmação de um depós i t o l a t e r í t i co c l a s s i f i c am-se em do i s g rupos :

Pre se rvação do mine ra l p r imá r io de i n t e r r e se de sua concen t r ação po r a cumulação r e l a t i va po r c ausa da pe rda de ma t é r i a do pe r f i l du ran t e a a l t e r ação . Nes se ca so , o m ine ra l po r t ado r do e l emen to de i n t e r r e se e conômico é r e l a t i vamen te r e s i s t en t e ao i n t epe r i smo e pe rmanece no pe r f i l , enquan to o s ou t ro s m ine ra i s s ão a l t e r ados , e pe lo menos pa r t e da ma t é r i a é l i x iv i ada do pe r f i l .

Des t ru i ção do mine ra l p r imá r io e f o rmação de mine ra i s s ecundá r io s ma i s r i co s que o mine ra l p r imá r io no e l emen to de i n t e r r e se . I s so oco r r e com e l emen tos de ba ixa so lub i l i dade , como o A l e o T i , po r exemplo , que fo rmam mine ra i s s ecundá r io s (g ibbs i t a e ana t á s io , r e spec t i vamen te ) , l ogo após sua l i be r ação dos mine ra i s p r imá r io s po r t ado re s . Oco r r e t ambém com e l emen tos ma i s so lúve i s , que mig ram no pe r f i l de a l t e r ação e p r ec ip i t am como f a se s s ecundá r i a s nos ho r i zon t e s que ap re sen t am cond i ções p rop í c i a s pa r a t a l .

Em a lgumas s i t uações , oco r r e um p roces so mi s to , pe lo qua l o m ine ra l p r imá r io po r t ado r do e l emen to de i n t e r e s se pe rmanece i na l t e r ado em r e l ação ao s eu a r cabouço e s senc i a l , mas so f r e t r ans fo rmações que podem me lho ra r ou p io r a r sua qua l i dade como mine ra l m iné r io . Um bom exemplo de s sa s i t uação s ão o s depós i t o s l a t e r í t i co s de n iób io . Como conseqüênc i a de s eu modo de fo rmação , po r p roce s sos de acumulação r e l a t i va ou abso lu t a de e l emen tos no pe r f i l de a l t e r ação , em ambien t e s de abundânc i a de água e de ox igên io , a s j a z ida s l a t e r í t i c a s ap re sen t am a lgumas ca r ac t e r í s t i c a s comuns . Oco r r e s empre na supe r f í c i e da t e r r a ou p róx imo de l a , sob fo rma de bo l sõe s ou man tos , o que pe rmi t e a l av ra a c éu abe r t o . No ca so de e l emen tos que admi t em ma i s de um número de ox idação , e s t e s s e encon t r am com seus números de ox idação ma i s a l t o s .

Pa r a que um depós i t o l a t e r í t i co s e fo rme , é nece s sá r i o que oco r r a uma conve rgênc i a de f a t o r e s de o rdem l i t o lóg i ca , c l imá t i c a e mor fo t ec tôn i ca .

Li to lóg i ca : Po r f a t o r l i t o lóg i co en t ende - se a na tu r eza da rocha sob re a qua l o i n t epe r i smo va i a t ua r . Em ge ra l , na s j a z ida s l a t e r í t i c a s há um en r iquec imen to p r év io do e l emen to em ques t ão na rocha pa ren t a l que ne s se con t ex to , e denominada de p ro tominé r io .

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Cl imát i ca : O c l ima t em um pape l impor t an t e na gênese dos depós i t o s l a t e r í t i co s . Ge ra lmen t e s ão nece s sá r i a s cond i ções de a l t a p luv io s idade de t empe ra tu r a pa r a que a a l t e r ação t enha na tu r eza l a t e r í t i c a , c a r ac t e r i z ado pe lo i n t enso a t aque aos m ine ra i s p r imá r io s e l i x iv i ação dos í ons ma i s so lúve i s . Po r e s se mo t ivo , a ma io r pa r t e da s j a z ida s l a t e r í t i c a s do mundo encon t r am-se na f a ixa t r op i ca l do g lobo , sob re tudo na s r eg iõe s úmidas .

Morfo tec tôn i ca : Po r f a t o r e s mor fo t ec tôn i cos f avo ráve i s à gênese de j a z ida s l a t e r í t i c a s en t endem-se a s c a r ac t e r í s t i c a s do r e l evo que pe rmi t em uma boa d r enagem, pos s ib i l i t ando o e scoamen to da s so luções de a t aque da s rochas pa r a que o i n t epe r i smo se j a i n t enso . São de s sa fo rma , a s á r ea s bem d renadas e t e c ton i camen te e s t áve i s a s ma i s f avo ráve i s pa r a a f o rmação de depós i t o s e spe s sos e evo lu ídos .

1.2 - Depósi tos la ter í t icos no Bras i l

No Bra s i l , s i t uado quase t odo na f a ixa t r op i ca l do g lobo , a s cond i ções pa r a o i n t epe r i smo l a t e r í t i co vem ex i s t i ndo pe lo menos de sde o Te rc i á r i o , o que r e su l t ou em uma á r ea de ce r ca de 70% do t e r r i t ó r i o nac iona l cobe r t a po r fo rmações l a t e r í t i c a s . Es sa s fo rmações e s t ão ausen t e s apenas na r eg i ão Nordes t e , c l ima s emi -á r i do , e na r eg i ão Su l de c l ima sub t rop i ca l . Os p r i nc ipa i s bens mine ra i s concen t r ados po r l a t e r i z ação no Bra s i l s ão : Fe , Mn , A l , N i , Nb e fo s f a to .

Depós i t o s l a t e r í t i co s de f e r ro : Em todas a s j a z ida s de f e r ro b r a s i l e i r a s , a p r ime i r a concen t r ação é de o r i gem sed imen ta r qu ímica , como no Quad r i l á t e ro f e r r í f e ro (MG) e em Ca ra j á s (PA) , e pa r c i a lmen t e den t r í t i c a , como Urucum (MS) . Os s ed imen tos depos i t a r am-se em bac i a s vu l cano - sed imen ta r e s que so f r e r am pos t e r i o rmen te uma ou ma i s f a se s de me t amor f i smo . O p ro tominé r io que r e su l t a de s se s p roce s sos é o i t ab i r i t o , r ocha de e s t ru tu r a bandada ca r ac t e r í s t i c a , com a l t e rnânc i a de l e i t o s f e r rug inosos (hema t i t a p r edominan t e ) e s i l i co sos (qua r t zo ) . No ca so dos depós i t o s de f e r ro o s con t ro l e s p r edominan t e s na gênese do miné r io s ão de o rdem l i t o lóg i ca e mor fo t ec tón i ca .

Depos to s l a t e r í t i co s de manganês : Há , no Bra s i l , numeroso depós i t o s de manganês , pa r a o s qua i s a l a t e r i z ação con t r i bu i dec i s i vamen te . Os p r i nc ipa i s s i t uam-se no Ma to Gros so do Su l (Urucum) e na Amazôn i a (Se rá do Nav io , Azu l , Bu r i t i r ama) . Quando a s p ropo rções de mine ra l manganês j á s ão e l evadas no p ro tominé r io , e s s e pode s e r exp lo rado economicamen te , como e o c a so do depós i t o de Conse lhe i ro La fa i e t e (MG) .

Depós i t o s l a t e r í t i co s de n íque l : Os depós i t o s de n íque l l a t e r í t i co s s ão numerosos , de t i pos va r i ados , e d i spe r sos po r t odas a s zonas c l imá t i c a s . Os ma i s impor t an t e s e s t ão no Cen t ro -Oes t e (N ique l ând i a e Ba r ro s A l to ) , r eg i ão de c l ima t rop i ca l de e s t a ções con t r a s t ada s e , em menor g r au , na Amazôn i a , sob re c l ima t rop i ca l

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úmido . O con t ro l e l i t o lóg i co é mu i to impor t an t e ne s se c a so , po i s a s r ochas u l t r abá s i ca s s ão a s ún i ca s que pos suem t eo re s de n íque l su f i c i en t e pa r a ge r a r depós i t o s po r i n t empe r i smo . Nes se ca so , en t r e t an to , o f a t o r c l imá t i co t ambém con t a mu i to , s endo a s r eg iõe s de c l ima ma i s con t r a s t ados a s ma i s f avo ráve i s pa r a a gênese de depós i t o s de n íque l l a t e r í t i co .

Depós i t o l a t e r í t i co de a lumín io : Es t ão p r e sen t e s no Bra s i l eno rmes r e se rva s de baux i t a (m iné r io de a lumín io ) , concen t r adas p r i nc ipa lmen t e na Amazôn i a (Pa ragominas , T rombe t a s e t c ) . D i f e r en t emen te dos ou t ro s m iné r io s l a t e r í t i co s , qua lque r rocha pode ge ra r baux i t a , po i s o a l umín io é um e l emen to abundan t e na s rochas comuns , e mu i to pouco so lúve l na supe r f í c i e , de modo que concen t r a f a c i lmen t e com a l i x iv i ação i n t ensa dos ou t ro s componen t e s . O p r i nc ipa l m ine ra l de m iné r io é um h id róx ido de a lumín io (g ibbs i t a ) . Não há , po r t an to , con t ro l e l i t o lóg i co na fo rmação de j a z ida s de baux i t a , s endo o s f a t o r e s ma i s i n f l uen t e s a s cond i ções mor fo t ec ton i ca s , que devem p rop i c i a r uma a l t e r ação em um ambien t e de d r enagem l i v r e pa r a que a l i x iv i ação dos ou t ro s e l emen tos pos sa oco r r e r , e c l imá t i c a s c a r ac t e r i z adas po r p r ec ip i t a ção i n t ensa e de t empe ra tu r a s a l t a s .

Depós i t o s l a t e r í t i t i co s de n iób io e fo s f a to : O Bra s i l pos su i g r andes r e se rva s de n iób io e fo s f a to , cu j a o r i gem e s t á r e l a c ionada à a l t e r ação de mac i ços í gneos ca rbona t í t i co s . Es sa s rochas t êm o r ig ina lmen t e t eo re s e l evados de n iób io (NB) e fó s fo ro (P ) , e s ão f ac i lmen t e a l t e r áve i s , po i s s eus cons t i t u in t e s p r i nc ipa i s s ão ca rbona to s . A gênese da s j a z ida s é , po r t an to , e s t r i t amen te con t ro l ada pe lo f a t o r l i t o lóg i co . As ma io re s j a z ida s de n iób io do Bra s i l e s t ão s i t uadas em Araxá (MG) e Ca t a l ão (GO) . A p r ime i r a Araxá cons t i t u i a ma io r r e se rva de n iób io do mundo .

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Principa is Depósi tos la ter í t icos de Al , Mn, Fe , Ni , P e Nb do Bras i l .

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2- CONCLUSÃO

Ao f i na l i z a rmos o s egu in t e t r aba lho , podemos conc lu i r que a t r avé s de e s tudos e pe squ i s a s encon t r amos impor t an t e s fon t e s de ma t e r i a i s u sados em nos so d i a a d i a .

Os depós i t o s l a t e r í t i co s , t ambém chamados de r e s i dua i s , s ão impor t an t e s r e cu r sos m ine ra i s , e s ão fo rmados a t r avé s do i n t empe r i smo . Es se s depós i t o s s e fo rmam em c l ima t rop i ca l , sob re tudo na s r eg iõe s úmidas . Quando s e encon t r am fo ra de s t a f a i xa i nd i cam que fo r am o r ig inados em ou t r a s épocas geo lóg i ca s .

No Bra s i l , o c l ima t rop i ca l con t r i bu i pa r a a f o rmação de s se s depós i t o s . Podemos c i t a r como exemplos de depós i t o s l a t e r i t í co s no Bra s i l , o s depós i t o s de f e r ro , manganês , n íque l , n i ób io , a l umín io e fo s f a to s .

3- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 º h t t p : / /www. ige .un i camp .b r / s i t e / au l a s /99 /04_Dep%F3s i t o s . pd f

2 º L iv ro dec i f r ando a t e r r a 2 ª ed i ção , au to r e s : Wi l son Te ixe i r a , Fab io Ta io l i , Mar i a C r i s t i na Mot t a de To l edo , Thomas R ich Fa i r ch i l d , ed i t o r a : Companh i a Ed i t o r a Nac iona l , pag ina s : 236 ,237 ,238 e 239 .

3 º ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023 : i n fo rmação e documen tação – r e f e r ênc i a s – e l abo ração . R io de J ane i ro , 2002 .

4 º ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724 : i n fo rmação e documen tação – t r aba lhos acadêmicos – ap re sen t ação . R io de J ane i ro , 2002 .

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