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SUZANA MAZZINGHY DE SALES TOMÁZ DEPRESSÃO: O DISCURSO CIENTÍFICO E O DISCURSO NEOPENTECOSTAL SOB A ÓTICA BÍBLICA PINDAMONHANGABA 2008

Depressão - Doença ou opressão maligna

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Monografia Suzana

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  • SUZANA MAZZINGHY DE SALES TOMZ

    DEPRESSO: O DISCURSO CIENTFICO E O DISCURSO NEOPENTECOSTAL SOB

    A TICA BBLICA

    PINDAMONHANGABA

    2008

  • 2

    SUZANA MAZZINGHY DE SALES TOMZ

    DEPRESSO: O DISCURSO CIENTFICO E O DISCURSO NEOPENTECOSTAL SOB

    A TICA BBLICA

    Monografia apresentada objetivando a

    obteno do grau de Bacharel em

    Teologia ao Instituto Bblico das

    Assemblias de Deus.

    Orietadora: Prof. Ana Cludia Arajo

    PINDAMONHANGABA/SP

    2008

  • 3

    SUZANA MAZZINGHY DE SALES TOMZ

    DEPRESSO: O DISCURSO CIENTFICO E O DISCURSO NEOPENTECOSTAL SOB

    A TICA BBLICA

    Monografia apresentada objetivando a

    obteno do grau de Bacharel em

    Teologia ao Instituto Bblico das

    Assemblias de Deus.

    Aprovada em: / /

    _______________________________

    Prof. Ana Cludia Arajo

    Orientadora

    _______________________________

    Avaliador

    Obs.:__________________________________________________________________

  • 4

    A todas as pessoas que passaram ou esto passando por uma depresso

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    Ao meu Bondoso Deus, por acreditar em mim e me vocacionar para sua santa

    obra. Eu nada seria sem Ele!

    Ao meu mui digno esposo, pelas incessantes cooperaes e estmulos nos

    momentos de maiores dificuldades na elaborao deste trabalho.

    minha querida orientadora, psicloga e professora Ana Cludia, que sem medir

    esforos me orientou, esclarecendo dvidas e apontando caminhos para que esta

    pesquisa fosse realizada.

  • 6

    RESUMO

    Depresso: O discurso cientfico e o discurso neopentecostal sob a tica bblica.

    A depresso uma das doenas mais comuns na ps-modernidade. uma

    doena que faz parte do sistema emocional, exclusiva do ser humano. Ela pode ser

    causada por uma desordem dos neurotransmissores como a serotonina, a dopamina e

    a norodrenalina. A caracterstica principal da depresso o humor deprimido ou triste

    na maior parte do tempo ou por um perodo prolongado. Todavia existe tratamento para

    a depresso e estes so obtidos com o uso conjunto de medicaes e psicoterapias,

    pois a terapia ir trabalhar nas causas da depresso e no apenas nos seus efeitos. O

    apoio oferecido pelo terapeuta vai ser somado aos benefcios da medicao, no caso

    os antidepressivos, que iro atuar no aumento da concentrao dos

    neurotransmissores, em especial a serotonina.

    A depresso no bem vista no meio neopentecostal, ela no aceita e at

    demonizada pelos adeptos da confisso positiva. Isso se d devido a no aceitao de

    enfermidades nos cristo, pois segundo esses adeptos as enfermidades so resultados

    de falta de f e pecado cometido. Sendo assim a depresso tambm entra na lista

    destas enfermidades, s que bem mais refutada e demonizada devido os seus

    sintomas de profunda tristeza e perda de interesse e prazer.

    No entanto, interessante observar que a Bblia faz muitas inferncias acerca da

    depresso, relatando casos de depresso vivenciada por personagens renomados e

    fiis a Deus, a Bblia chega a expressar os sintomas da depresso e mostra at algum

    tratamento para esta doena.

  • 7

    SUMRIO

    1 INTRODUO........................................................................................................ 9

    2 O QUE DEPRESSO.......................................................................................... 11

    2.1 SINTOMAS DA DEPRESSO............................................................................. 13

    2.2 COMO SE CONSIDERA A DEPRESSO ATUALMENTE.................................. 14

    2.3 TRANSTORNO DE HUMOR............................................................................... 14

    2.4 CLASSIFICAO................................................................................................ 16

    2.5 EPIDEMIOLOGIA................................................................................................. 16

    2.6 DEPRESSO....................................................................................................... 17

    2.7 CAUSAS DA DEPRESSO................................................................................. 17

    2.7.1 Fatores hereditrios........................................................................................ 19

    2.7.2 Podem os eventos negativos da vida causarem depresso...................... 19

    2.8 O CREBRO E A MENTE................................................................................... 20

    2.9 DEPRESSO PS PARTO................................................................................ 20

    2.10 TRATAMENTOS DEPRESSO.................................................................... 21

    2.11 DEPRESSO NA PS MODERNIDADE.......................................................... 23

    3 O EMBASAMENTO DA CULTURA NEOPENTECOSTAL SOBRE A

    DEMONIZAO DA DEPRESSO...........................................................................

    24

    3.1 O MOVIMENTO DA CONFISSO POSITIVA..................................................... 24

    3.2 DEFININDO O MOVIMENTO DA CONFISSO POSITIVA................................. 24

    3.3 AS ORIGENS...................................................................................................... 25

    3.4 OS CONES DA CONFISSO POSITIVA........................................................... 25

    3.5 A CONFISSO POSITIVA E A SUA PREGAO QUANTO

    ENFERMIDADES........................................................................................................

    26

    3.5.1 Depresso a partir do ponto de vista da confisso positiva......... 29

    3.5.2 Possveis fatores contribuintes que levam os neopentecostais a

    demonizao da depresso.....................................................................................

    30

    3.5.2.1 Angstia........................................................................................................ 31

    3.5.2.2 Perda de interesse e prazer.......................................................................... 31

    3.5.2.3 Suicdio.......................................................................................................... 31

    4 INFERNCIAS BBLICAS ACERCA DA DEPRESSO........................................ 32

  • 8

    4.1 UM BREVE RELATO SOBRE O SOFRIMENTO NA BBLIA.............................. 32

    4.2 A DEPRESSO NA BBLIA................................................................................. 33

    4.2.1 Falas de personagens bblicos bob a realidade da depresso.................. 33

    4.2.2 O que J sentia diante da depresso............................................................ 35

    4.2.3 O que J pensava diante da depresso........................................................ 36

    4.2.4 O que J queria diante da depresso........................................................... 36

    4.2.5 O que J experimentava no seu corpo diante da depresso..................... 37

    4.3 TRATAMENTOS QUE A BBLIA OFERECE PARA A DEPRESSO.................. 38

    5 CONCLUSO......................................................................................................... 40

    6 REFERNCIAS...................................................................................................... 41

  • 9

    1 INTRODUO

    Nos ltimos anos tem se percebido um aumento significativo dos casos de

    depresso em todas as sociedades. Segundo Aguiar, (2004, p. 11) h um dado sobre a

    Organizao Mundial de Sade que, apontou a depresso como a quarta enfermidade

    mais comum do planeta e que ela ser o principal problema de sade global em 2020.

    Observa-se que nem mesmo os evanglicos pentecostais esto isentos, mesmo no a

    aceitando.

    Sendo assim surgem alguns questionamentos:

    O que vem a ser a depresso?

    Existe uma tendncia de espiritualizao das doenas emocionais

    especialmente da depresso por parte dos neopentecostais?

    Quais so as possveis causas que levam a espiritualizao da mesma?

    O que leva a cincia a acreditar que se trata apenas de uma doena fsica?

    Existe alguma inferncia bblica com relao depresso?

    A pesquisa parte do seguinte tema: Depresso: O discurso cientfico e o discurso

    neopentecostal sob a tica bblica.

    O assunto a ser abordado de suma importncia em se tratando dos nossos

    dias quando muitas pessoas evanglicas neopentecostais tm sido acometidas por

    depresso e no sabendo lidar com a situao partem pra pressupostos que podero

    ser equivocados. O tema conseqentemente vivel e disponibiliza de recursos, pois

    atual e sua relevncia altamente significativa para a famlia, a Igreja e a sociedade

    brasileira.

    Os objetivos desta pesquisa so:

    Buscar entender as causa fisiolgicas da depresso.

    Identificar a relao do aumento dos casos de depresso e a ps modernidade

    Identificar qual o embasamento que a cultura neopentecostal possui diante de

    uma possvel demonizao das doenas emocionais, especificamente a depresso.

    Procurar compreender o que a bblia diz a respeito do assunto que est sendo

    abordado e, a partir disto levantar possveis pontos de equilbrio.

    As hipteses desta pesquisa so estas:

  • 10

    Os evanglicos neopentecostais costumam demonizar as doenas do sistema

    emocional, que no podem ser concretamente visveis, e aqui se tratando da depresso

    como se este sistema fosse separado do corpo fsico.

    Por se tratar de uma doena em que os sintomas so de profunda tristeza,

    quando no h tratamento e no existe o temor de Deus por parte do doente, este pode

    cometer o suicdio. Devido a estas e outras circunstncias os evanglicos espiritualizam

    a depresso, chegando a afirmar que um cristo no deve ficar depressivo.

    A bblia relata casos de depresso e ou sintomas depressivos como, por

    exemplo, na vida dos seguintes personagens: Davi, Elias, Jeremias, J e outros mais.

    A primeira parte da pesquisa trata-se da depresso em si. O que a depresso

    bem como os sintomas da depresso, como a depresso classificada atualmente, o

    transtorno de humor, a classificao da depresso, a epidemiologia, as causas da

    depresso e a relao da depresso com o crebro e a mente, a depresso ps- parto,

    a depresso na ps-modernidade, tambm so apresentados os possveis tratamentos

    depresso.

    J na segunda parte da pesquisa, trata-se do embasamento que a cultura

    neopentecostal sobre a demonizao da depresso, seguindo, o movimento da

    confisso positiva e sua origem, os principais cones da confisso positiva, a pregao

    da confisso positiva quanto as enfermidades, a depresso sob o ponto de vista da

    confisso positiva e os possveis fatores que levam os neopentecostais a demonizarem

    a depresso.

    A terceira parte da pesquisa refere-se sobre as inferncias que a Bblia faz

    acerca da depresso, o sofrimento de acordo com a Bblia, a depresso na Bblia, e o

    tratamento que a Bblia oferece para a depresso.

    Para a realizao desta pesquisa, foram feitas pesquisas bibliogrficas, leituras de

    artigos publicados em revistas, jornais e web sites, e outros materiais que se fizeram

    pertinentes ao decorrer da pesquisa.

  • 11

    2 O QUE DEPRESSO

    Muito se houve falar atualmente sobre a depresso. comum o encontro com

    pessoas depressivas ou com algum que saiba de pessoas que esto com depresso.

    De acordo com Marcelo Aguiar (2004, p.11) a depresso no nova, ela sempre

    existiu, porm nos ltimos anos ela tem se tornado quase que epidemia.

    No dicionrio de Psicologia Prtica (s/d, p. 129,130) define-se a depresso como:

    Estado mental mrbido, que se caracteriza por lassido, fadiga e freqentemente acompanhado por ansiedade mais ou menos acentuada. A depresso considerada a forma mnima de melancolia, sendo caracterizados por sentimentos de tristeza, desalento, solido e isolamento. Muitas vezes os sentimentos de depresso se encontram disfarados por outros males, tais como sonolncia, anorexia, insnia, perda de peso, mal-estar geral, irritabilidade e diversas outras enfermidades fsicas. De acordo com a descrio encontrada no site,

    http://www.espacovidaclinica.com.br, a depresso caracterizada por desorganizar as

    reaes emocionais, um desequilbrio bioqumico dos mensageiros qumicos do

    impulso nervoso, que so os neurotransmissores, so estes os responsveis pelo

    controle do humor, das emoes, da capacidade mental e do bem estar geral do

    organismo. Estes elementos qumicos so conhecidos como dopamina, serotonina,

    noradrenalina, cido gama-aminobutrico e acetilcolina.Estando estes

    neurotransmissores em desordem, bem provvel que uma depresso possa ser

    desencadeada. A caracterstica principal da depresso o humor deprimido ou triste na

    maior parte do tempo ou por um perodo prolongado.

    Um artigo no site http//gballone.sites.uol.com.br/voce/dep.html#1(acessado s

    20:40 em 17/06/08) diz que:

    A depresso mdicamente mais entendida como um mau funcionamento cerebral do que uma m vontade psquica ou uma cegueira mental para as coisas boas que a vida pode oferecer. A pessoa deprimida sabe e tem conscincia das coisas boas de sua vida,

  • 12

    sabe que tudo poderia ser bem pior, pode at saber que os motivos para seu estado sentimental no so to importantes assim, entretanto apesar de saber isso tudo e de no estar dessa forma, continua muito deprimido. Por diversas vezes encontra-se pessoas dizendo estar com "depr", mas na

    realidade esto apenas estressadas, chateadas com algo ou coisa parecida.

    Indiscutivelmente existe diferena entre uma tristeza normal e a depresso em si. Uma

    pessoa poder ficar triste com algum que lhe magoou, com a morte de um ser querido,

    porque foi demitida do emprego, por causa de um acidente etc. No entanto, esta

    tristeza passa com o decorrer dos dias ou dentro de algumas semanas e com a

    chegada de coisas boas, atraentes e novas. A tristeza propriamente dita no dura tanto

    tempo e no to intensa quanto a depresso que tambm um mal que apresenta

    sintomas fsicos e psicolgicos, enquanto que a tristeza puramente, de acordo com a

    Revista Ultimato (maro/abril 2001, p.24) " uma experincia humana universal e

    esperada diante de experincias desfavorveis, como o luto por exemplo". Segundo

    Isabelle Filliozat (1998, p. 183) tristeza no depresso. A depresso marca um

    fracasso do luto. A tristeza uma etapa, assinala o fim do luto.

    importante ressaltar que depresso e estado depressivo tambm so duas

    coisas diferentes. A depresso como j foi citado acima uma doena que pode ser

    causada pela desordem dos neurotransmissores, ou seja, a prpria doena em si. J

    um estado depressivo seria uma tendncia maior ou menor para a depresso, mas no

    a depresso no seu sentido original. claro que algum que esteja num estado

    depressivo poder estar bem prximo depresso, mas no necessitar de tratamento

    intenso quanto algum que est em depresso literalmente. bem verdade que todos

    os seres humanos j passaram por um estado depressivo pelo menos uma vez na vida,

    principalmente na fase da adolescncia quando o corpo e a mente esto suscetveis

    muitas mudanas e estas por sua vez geram intensos conflitos internos ocasionando

    uma profunda melancolia e um estado depressivo. De acordo com Ls Parrot (2003,

    p.117) a depresso, resfriado comum da psicopatologia, afeta a vida de todos. Quer

    seja um estado temporrio ou uma psicose suicida, ningum escapa a ela,

    especialmente os adolescentes.

  • 13

    Nos subtpicos seguintes, pretendem-se levantar algumas causas da depresso

    bem como os vrios tipos da mesma, seus respectivos sintomas e possveis

    tratamentos.

    2.1 SINTOMAS DA DEPRESSO

    De acordo com Antnio Egidio Nardi (2006, p 39 60) o diagnstico de

    depresso feito com base no exame clnico do paciente, mediante os sintomas. Os

    exames corriqueiros laboratoriais tais como exame de sangue, exame de urina,

    ressonncia magntica, tomografia, eletroencefalograma etc. servem para diferenciar a

    depresso de outras doenas. Logo a pesquisa dos sintomas fundamental para o

    diagnstico depressivo, j que so tambm os sintomas responsveis por caracterizar a

    intensidade da depresso, diferenciando-a de leve, moderada e grave.

    Eis aqui os principais sintomas:

    Humor triste;

    Perda de Interesse e Prazer;

    Perda de Energia (cansao);

    Alteraes do Apetite e do Peso;

    Alteraes no sono;

    Sintomas fsicos tais como: dificuldade para caminhar, vertigens,

    m digesto, dores de cabea, dores musculares, dores nas

    costas, dores abdominais etc.

    Estes sintomas geralmente so passageiros e podem sumir com os demais

    sintomas da sndrome depressiva com o tratamento adequado, pois os sintomas citados

    podem ser confundidos com os sintomas resultantes do dia-a-dia da ps modernidade,

    onde h, excesso de atividades, horrios no regulares, estresse devido a muita

    correria, a qualidade do sono em risco em decorrncia de alteraes dos horrios de

    trabalho etc.

    Os sintomas a seguir so mais especficos da depresso enquanto patologia, e

    estes so:

  • 14

    Alteraes nos movimentos: Agitao ou Retardo Psicomotor;

    Baixa Auto-Estima e Culpa;

    Dificuldades de concentrao;

    Dificuldades sociais;

    Uso e abuso de drogas: bem possvel em pessoas com

    depresso, a o risco do suicdio aumenta;

    Dificuldades de produtividade no trabalho e ou escola;

    Irritabilidade;

    Distoro da Realidade;

    Ideao Suicida;

    Diminuio da Libido;

    Vale considerar que o diagnstico correto essencial para um bom tratamento.

    Isso se d atravs de um exame mdico e psiquitrico.

    2.2 COMO SE CONSIDERA A DEPRESSO ATUALMENTE

    Novamente segundo Nardi (2006, p.63 82), a depresso pode ter trs

    significados. Pode descrever uma alterao de humor podendo ocorrer isoladamente ou

    em sucesses, persistentemente ou se apresentam misturadas ao mesmo tempo,

    causando as mais variadas flutuaes do humor nos indivduos, sendo estas alteraes

    marcadas por tristeza, alegria, euforia, lentido etc.; Sndrome (como, por exemplo,

    depresso em pessoas que utilizam corticides) e transtorno especfico (episdio

    depressivo)

    2.3 TRANSTORNO DE HUMOR

    De acordo com um artigo no site http://www.g1.globo.com, explica que o

    "transtorno de humor" pode manifestar-se na forma de depresso ou de mania. "Mania,

    nesse caso, no significa necessariamente obsesso por algo, mas o contrrio de

  • 15

    depresso, um estado de euforia excessiva"

    Tanto a depresso quanto a mania podem provocar sintomas psicticos que

    podem levar o paciente a atitudes extravagantes. Esse comportamento extico no

    raro em pacientes com este perfil. O site da globo.com ainda afirma que "Pode haver

    sintomas psicticos tanto na depresso quanto na mania, mas os sintomas psicticos

    so mais comuns na depresso".

    Uma pessoa com transtorno de humor normalmente apresenta quadro de insnia

    ou at mesmo "insnia severa" (quando a insnia tem grande impacto na vida do

    paciente).

    Para atenuar a ansiedade que acompanha o transtorno de humor e a

    conseqente "insnia severa", o paciente pode ser aconselhado pelo mdico (e s pelo

    mdico) a complementar o tratamento com medicamentos conhecidos como "hipnticos

    diazepnicos", os chamados "tarja preta", cuja marca mais conhecida pela populao

    o Diazepam.

    Esses medicamentos podem provocar confuso mental e amnsia (ausncia de

    memria). Tomados em excesso, ou de forma "imoderada", podem provocar

    dependncia fsica e psicolgica. Nesse estgio, em vez de atenuar a ansiedade e os

    transtornos de humor, podem agrav-los e aumentar a possibilidade de o paciente

    adotar comportamentos anti-sociais.

    H alguns subtipos de transtorno de humor que so quadros com sintomas mais

    leves do que a apresentao tpica, mas que pela sua gravidade podem tornar-se bem

    mais prejudiciais. So estas, a Distimia e a Ciclotimia.

    A Distimia uma depresso crnica com uma durao de pelo menos dois anos,

    tendo como os sintomas principais a irritao ou o mal-humor.

    A Ciclotimia um diagnstico referente ao grupo de pacientes que apresentam

    variaes de humor caracterizado por perodos de bem estar e energia mais elevado

    que a mdia, podendo durar at quatro dias alternados com perodos de depresso

    leve, no entanto pode agravar-se tornando mais evidentes e prejudiciais.

  • 16

    2.4 CLASSIFICAO

    A classificao dos transtornos de humor comeou a ser pautada por um

    psiquiatra alemo chamado Emil Kraepelin em 1899. Foi este alemo que fez uma

    distino entre as doenas mentais graves. Primeiro, demncia precoce (esquizofrenia),

    segundo, insanidade manaco-depressiva (transtorno de humor). O que Emil fez, foi

    caracterizar o que j fora descrito pelos franceses Alret e Baillager no sculo XIX

    sobre folie circulaire e de ciclotimia. O que Kraepelin fizera foi de muita importncia, que

    at hoje taxonomistas psiquitricos usam seus escritos para proporem novas

    subcategorias para os transtornos de homor.

    A Classificao de Transtornos Mentais, 10 edio, da Organizao Mundial da Sade (CID-10), divide os transtornos de humor nas seguintes subcategorias: - episdio manaco: fase de humor eufrico ou exaltado, acelerao motora, insnia e acelerao do pensamento; - transtorno bipolar: episdios de mania recorrentes, - episdio depressivo: fase de humor excessivamente triste, com distrbios do sono, do apetite, dificuldade de concentrao, lentido motora etc; - transtorno depressivo recorrente: mais de um episdio depressivo; - transtornos persistentes do humor: distimia (depresso crnica com sintomas leves) e ciclotimia (fases de hipomania). Por sua vez, a verso atual do sistema classificatrio americano DSM IV divide os transtornos de humor do seguinte modo: - transtorno depressivo maior (equivalente ao episdio depressivo da CID 10); -transtorno bipolar I (equivalente ao transtorno bipolar da CID 10); - transtorno bipolar II episdio de Depresso maior peridicos, entremeados por fases de hipomania; - distimia - ciclotimia (NARDI, 2006, p. 65,66)

    2.5 EPIDEMIOLOGIA

    A incidncia de transtornos de humor bastante elevada. Situa-se em torno de 15% nos homens e pode atingir 25% nas mulheres

  • 17

    observao comum e universal que o transtorno depressivo de 50% a 75% mais diagnosticado em mulheres do que no sexo masculino. As causa de tal diferena so desconhecidas e hipteses variadas vinculam-na a influncias hormonais, predisposio gentica ligada ao cromossoma X, ao aprendizado de reaes depressivas culturalmente mais observveis no sexo feminino ou a maior facilidade do sexo feminino em expor suas emoes e procurar tratamento. No transtorno bipolar, a incidncia igual em ambos os sexos. Incide mais precocemente na segunda ou terceira dcadas de vida que o transtorno depressivo recorrente que costuma ter seu incio comumente em torno dos 40 anos de idade. No se detectam diferenas de incidncia no que se diz respeito etnia ou condio socioeconmica. (NARDI, 2006, p. 67)

    2.6 DEPRESSO

    A Depresso uma condio exclusivamente humana. Sendo assim, na

    presena de um quadro depressivo, existem diversas possibilidades que devem ser

    avaliadas mdicamente, sendo estas:

    Depresso como transtorno psiquitrico

    Depresso como sintoma de doena fsica

    Depresso associada a outras doenas

    Depresso como conseqncia de efeitos colaterais de medicamentos ou de

    tratamentos especializados.

    O episdio depressivo em si, em seus trs estgios (leve, moderado e grave)

    caracteriza-se pelos sintomas que, para o clnico geral importante estabelecer-se o

    diagnstico diferencial entre depresso e transtornos de ansiedade, estes sintomas

    so:

    Humor deprimido;

    Perda de interesse e prazer;

    Energia reduzida levando a fadiga extrema;

    Atividade diminuda;

    Pensamentos pessimistas quanto ao futuro;

    Sentimento de culpa e inutilidade;

    Idias ou atos auto-agressivos ou suicdio;

    Sono perturbado;

  • 18

    Apetite diminudo.

    O transtorno de ansiedade generalizado (TAG), segundo Nardi (2006,p. 168,169)

    um transtorno grave de ansiedade que se caracteriza por preocupaes irreais e

    excessivas, tendo como sintoma principal a preocupao demasiada com pequenas

    coisas do cotidiano, porm os sintomas gerais podem ser incapacidade para relaxar,

    inquietao cefalia, fadiga, mal-estar, queimao gstrica, sudorese, tonteiras, ondas

    de frio e de calor, insnia, irritabilidade, sensao de que algo negativo ir acontecer,

    preocupaes exacerbadas, dificuldade de concentrao.

    As diferenas entre depresso e transtorno de ansiedade no so muito grandes

    partindo dos sintomas, no entanto necessita ser diferenciado corretamente no momento

    do diagnstico para que se tenha o tratamento adequadamente correto.

    A depresso associada a outras doenas muito freqente. Diversas doenas

    podem causar sintomas depressivos que podem ser confundidos com os sintomas do

    transtorno depressivo de humor. Algumas dessas doenas so: tuberculose,

    hipotireoidismo, sndrome de Cushing, doena de Addison, doena de Huntington,

    aldosteronismo primrio, infeces crnicas (mononucleose infecciosa, hepatite, aids),

    diabetes, lpus eritematoso sistmico, anemias, deficincia de tiamima, pelagra,

    esclerose mltipla, epilepsia, hidrocefalia, porfiria e artrite reumatide.

    Os estgios iniciais de doena de Parkinson e a doena de Alzheimer so

    associados depresso, pois so precedidos por sintomas depressivos. Como o

    deprimir-se faz parte do ser humano, a depresso tambm pode ser sintoma de doena

    fsica comuns em pacientes com doena cardiovascular, infarto do miocrdio, traumas,

    cncer e uremia nos submetidos hemodilise. Os sintomas mais relatados por esses

    pacientes so situaes d apatia, desnimo, fadiga, diminuio da libido, mesclados

    com queixas imprecisas, como palpitao, constipao intestinal, dores musculares,

    dores na coluna, cefalia e dificuldades respiratrias. A depresso tambm pode ser

    causada por efeitos colaterais de medicamentos e drogas.

    2.7 CAUSAS DA DEPRESSO

    Segundo Nardi, ( 2006, p.85 91 ) assim como as causas da maioria das

  • 19

    doenas no so conhecidas, a depresso tambm possui causas desconhecidas,

    porm fatores genticos, psicolgicos, ambientais e bioqumicos esto envolvidos na

    sua gnese, lembrando que tais fatores tero pesos especficos diversos em cada

    indivduo com depresso.

    O funcionamento bioqumico anormal facilita que as pessoas desenvolvam

    depresso. A maioria dos casos de depresso parece ser geneticamente transmitida e

    quimicamente produzida, o que significa, a depresso parece ser hereditria, e o que

    herdado uma tendncia para o funcionamento bioqumico cerebral anormal. Enfatiza-

    se que esta hiptese foi desenvolvida aps as observaes feitas a partir dos efeitos

    dos medicamentos antidepressivos.

    importante saber que os efeitos biolgicos esto presentes em todas as

    doenas, inclusive na depresso, mas os fatores psicolgicos podem desencade-las

    ou agrav-las.

    2.7.1 Fatores hereditrios

    A depresso bem como os demais transtornos de humor acontece dentro dos

    padres familiares. Os irmos, pais e filhos de pessoas que j tiveram depresso

    possuem chances de 20% a 25% de desenvolver a doena em algum momento da

    vida. J uma famlia sem histria de depresso a chance de um dos membros t-la ser

    bem menor, cerca de 5% a 6%.

    2.7.2 Podem os eventos negativos da vida causarem depresso?

    De acordo com Antonio Nardi (2006) sim, pois impossvel provar o contrrio,

    mas nem todas as pessoas desenvolvem depresso em conseqncia dos eventos

    negativos, porm as que desenvolvem podem ter uma vulnerabilidade maior aos

    eventos negativos ou estressantes.

    As teorias psicolgicas e psicanalticas, enfatizam que os fatores psquicos

  • 20

    conscientes ou inconscientes so contribuintes para o desenvolvimento da depresso.

    Fatores estes como as crises existncias e agentes estressores.

    2.8 O CREBRO E A MENTE

    O crebro composto por aproximadamente 100 bilhes de neurnios, cada um

    conectado a centenas ou milhares de clulas. Os sinais de um neurnio passam para

    ou para vrios outros neurnios atravs de mecanismos neuroqumicos que so os

    neurotransmissores. Alguns neurotransmissores tm seu mecanismo de ao

    intimamente ligado depresso, principalmente a serotonina, a noradrenalina e a

    dopamina como j foi citado anteriormente. Essas evidncias vm da observao que

    drogas que atuam sobre os neurotransmissores, alteram o humor para melhor ou para a

    depresso. Os exames do liquor ou lquido cefalorraquidiano, que corresponde ao fluido

    que banha o sistema nervoso central, feitos em alguns pacientes, tambm mostraram a

    diminuio da concentrao de alguns neurotransmissores e seus metablitos. nessa

    rea que os antidepressivos atuam.

    2.9 DEPRESSO PS PARTO

    A depresso ps parto tambm muito questionada hoje em dia, quase todos os

    livros que tratam sobre depresso procuram reservar um espao para a depresso ps

    parto. Segundo Tim Lahaye (1981, p.53), a me pode experimentar depresso aps o

    nascimento do filho; Muitas vezes isso se d devido exausto emocional seguida,

    aps dar a luz. A me geralmente alimenta a conscincia de que por nove meses uma

    vida est crescendo dentro dela, quando derrepente ela se encontra vazia e ainda sofre

    a presso de ter que se habituar nova maneira de viver.

    Segundo um artigo publicado no site http://www.policlin.com.br/drpoli/001/, e

    acessado no dia 15/10/08 s 17:58, a depresso puerperal (ps-parto) um problema

    psiquitrico / obsttrico que aparece na mulher que deu luz recentemente e

    caracteriza-se por insnia, ansiedade, tristeza severa e desesperana, entre outros

  • 21

    sintomas. O problema comea em geral entre os primeiros dois e trs meses aps o

    parto.

    diferente da angstia comum aps o parto em que, em decorrncia das

    alteraes hormonais, a mulher tem sentimentos de tristeza passageira (em 50 a 80 por

    cento das novas mes), mas que em geral acaba por volta da 3. semana.

    Estima-se que a depresso ps-parto afete de 10% a 15% das mes. Os fatores de

    risco identificveis mais comuns que podem levar uma mulher a desenvolver a

    depresso ps-parto so:

    Antecedentes de depresso, inclusive numa outra gravidez,

    Mulheres com problemas de sade durante a gravidez,

    Um casamento complicado,

    Me solteira,

    Falta de apoio pela famlia ou amigos,

    Dificuldades para aceitar o recm-nascido, especialmente um beb no

    desejado,

    Mes de bebs que tiveram de ficar hospitalizados aps o parto (prematuridade,

    por exemplo).

    A causa permanece desconhecida, porm existem evidncias que o problema

    possa estar relacionado s mudanas, depois do parto, nos nveis de hormnios como

    o estrognio e a progesterona.

    Embora a depresso ps-parto possa afetar seriamente o bem-estar da paciente

    e seu beb, menos que 50 por cento das mulheres com depresso ps-parto buscam

    tratamento mdico, seja por no verem o problema como uma doena "real" ou por

    terem vergonha de seus sintomas.

    2.10 TRATAMENTOS DEPRESSO

  • 22

    Ao contrrio do que muitos pensam, existe sim tratamento para a depresso

    assim como as outras doenas. De acordo com a organizao mundial de sade

    (OMS), os melhores resultados no tratamento da depresso so obtidos com o uso

    conjunto de medicaes e psicoterapias, pois a terapia ir trabalhar nas causas da

    depresso, e no apenas nos seus efeitos. O apoio oferecido pelo terapeuta vai ser

    somado aos benefcios da medicao, no caso os antidepressivos, que iro atuar no

    aumento da concentrao dos neurotransmissores, em especial a serotonina. Dessa

    forma o tempo de recuperao poder ser abreviada e a melhora ser mais duradoura.

    Marcelo Aguiar (2004), um Pastor e psiclogo cristo, faz a seguinte considerao

    sobre a psicoterapia:

    Por todas as razes, a psicoterapia constitui-se um recurso valioso. Umas das principais vantagens do acompanhamento psicolgico sobre o tratamento exclusivamente medicamentoso que ele reduz de forma significativa a possibilidade de recadas. Esse fato comprovado por vrias pesquisas e estatsticas. Para que isso acontea, terapeuta e paciente precisam construir uma relao de confiana e cooperao mtuas. O indivduo deprimido dever sentir-se acolhido, acreditando ter encontrado no especialista um aliado competente. Por sua vez, o psiclogo ou conselheiro dever mostrar-se acessvel, agindo com pacincia e respeito, mesmo quando precisar confrontar o paciente ou apontar-lhe seus erros. (AGUIAR, 2004, p.34) Segundo Antonio Nardi (2006, p.196), o tratamento com medicamentos constitui

    o fundamento da interveno teraputica a fim de reduzir a durao e a intensidade dos

    sintomas do episdio presente. Existem dois pontos essenciais no tratamento com

    qualquer antidepressivo, sendo estes, o tempo de uso correto e a dose adequada.

    Deve-se sempre buscar doses eficazes, mesmo sendo doses autas mas toleradas pelo

    paciente. O objetivo a total abolio dos sintomas e no somente a melhora do

    paciente.

    Deve-se se levar em conta que o tratamento no causa resultados muito rpidos,

    alguns tratamentos podem durar mais de dois anos e no devem ser interrompidos,

    diante de uma possvel melhora e ser retomado somente nas fases agudas da doena,

    mas deve ser contnuo at que se tenha o resultado esperado e acompanhado pelo

    mdico.

  • 23

    2.11 DEPRESSO NA PS MODERNIDADE

    A humanidade sempre vivenciou flagelos que marcaram poca como por

    exemplo, a peste a febre amarela, a tuberculose, a sfilis, a gripe epidmica tipo

    espanhola etc. Hoje no cenrio humano figuram na ordem do dia, a agressividade, a

    violncia, a angstia, a depresso, a AIDS. Esta pesquisa se resume apenas

    depresso. De acordo com um dado de Edmundo Maia (s/d, p.113) a incidncia da

    depresso tem aumentado muito nestes ltimos anos. Estima-se que um, em cinqenta

    depressivos, tratado por especialistas, um em trinta hospitalizado e um em cento e

    vinte comete o suicdio.

    Outro dado importante publicado no livro de Marcelo Aguiar (2004) ressalta o

    seguinte:

    De acordo com a ONU, uma pessoa em cada dez ter depresso ao longo da vida. Desse total, 60% sero mulheres, e 40% homens. De cada dez pacientes que se recuperarem, apenas um no sofrer recada. A organizao mundial de sade apontou a depresso como a quarta enfermidade mais comum no planeta. Tambm previu que ela ser o principal problema de sade global em 2020. At l, o nmero anual de suicdios saltar dos atuais 593.000 para 995.000 no mundo em desenvolvimento (AGUIAR, 2004, p. 11)

    Desse modo pode se perceber o porqu desta era ser considerada por muitos

    como sendo a Era da depresso.

    Em todos os segmentos religiosos, comunidades, as classes sociais, as

    diferentes etnias, as pessoas no esto imunes da depresso. Esta pesquisa enfatiza a

    depresso no meio evanglico, especificamente os evanglicos pentecostais e

    principalmente os evanglicos neopentecostais.

  • 24

    3 O EMBASAMENTO DA CULTURA NEOPENTECOSTAL SOBRE A

    DEMONIZAO DA DEPRESSO

    Diante do desafio de buscar compreender quais os fatores que levam os

    evanglicos pentecostais e mais precisamente os evanglicos neopentecostais a

    demonizar a depresso, dizendo ser uma doena exclusivamente maligna, e que

    cristos no podem estar sujeitos adquiri-la, deve-se a isto algumas compreenses a

    fim de se estabelecer o surgimento de tal idia. Ser percorrido um caminho que

    favorea compreenso da construo desta crena.

    3.1 O MOVIMENTO DA CONFISSO POSITIVA

    Segundo Paulo Romeiro (2007, p.19-22) a confisso positiva tem se alastrado no

    meio evanglico brasileiro desde a ltima dcada do sculo passado. tambm

    conhecido por nomes como teologia da prosperidade, evangelho da sade e da

    prosperidade, palavra da f ou movimento da f. Tais seguimentos doutrinrios afirmam

    que qualquer sofrimento do cristo indica falta de f, logo a marca do bom cristo cheio

    de f ser bem sucedido, ter plena sade fsica, emocional e espiritual alm da

    prosperidade material. Pobreza e doena so conseqncias de pecado ou f

    insuficiente.

    Os lderes da confisso positiva pregam que os seres humanos possuem a

    natureza divina, e que ir ao mdico ou tomar remdios pouco recomendvel para os

    cristos, pois Jesus foi milionrio e que a vontade de Deus limitada pela vontade

    humana.

    A confisso positiva tem causado muitas discordncias e deixado um rastro de

    tragdias, confuses, desapontamentos em muitas igrejas, no entanto o movimento da

    confisso positiva tambm tem um lado a ser considerado como, por exemplo, orar com

    f, crer nas promessas de Deus e ter uma mente positiva.

    3.2 DEFININDO O MOVIMENTO DA CONFISSO POSITIVA

  • 25

    Segundo o Dictionary of pentecostal and Charismatic Movements [Dicionrio dos

    movimentos pentecostal e carismtico]

    Confisso Positiva um ttulo alternativo para a teologia da frmula da f ou doutrina da prosperidade promulgada por vrios televangelistas contemporneos, sob a liderana e a inspirao de Essek William Kenyon. A expresso Confisso Positiva pode ser legitimamente interpretada de vrias maneiras. O mais significativo de tudo que a expresso Confisso Positiva se refere verdadeiramente a trazer existncia o que declaramos com nossa boca, uma vez que a f uma confisso. (STANLEY M. BURGESS e GARY B. MCGEE, 1998 apud ROMEIRO, 2007 p. 20-21)

    3.3 AS ORIGENS

    De acordo com Paulo Romeiro (2007, p. 21) a confisso positiva tem suas

    origens numa antiga heresia, o gnosticismo, que quer dizer conhecimento. Esta heresia

    data dos sculos I e II da era crist, e ensinava que havia uma verdade especial, mais

    elevada, acessvel somente aos iluminados por Deus.

    Muitas pessoas da confisso positiva consideram Kenneth Hagin o pai desse

    ensino. Outros pregadores do evangelho da prosperidade consideram-se de fato

    discpulos de Kenneth Hagin,mas quando se investiga o desenvolvimento histrico,

    chega-se concluso de que o verdadeiro pai da Confisso Positiva Essek William

    Kenyon.

    Segundo Romeiro (Ibidem, p.25-43 passim), Kenneth Hagin o principal porta-

    voz da confisso positiva, ele nasceu em McKinney, Texas, Estados Unidos, em 20 de

    agosto de 1917, com srio problema de corao, e foi desenganado pelos mdicos.

    Sua infncia foi muito difcil e emocionalmente turbulenta. Hoje o ministrio de Hagin

    um dos maiores do mundo e sua influncia tem se espalhado por muitas partes da

    terra.

    3.4 OS CONES DA CONFISSO POSITIVA

  • 26

    A confisso positiva (ROMEIRO, 2007, p. 25-43) um mosaico, por isso no se

    podem julgar seus lderes da mesma forma, sendo alguns mais equilibrados que os

    outros. Alm de Kenneth Hagin e Essek W. Kennyon, os nomes mais conhecidos da

    confisso positiva so estes: Ken Hagin Jr., Kenneth e Glria Copeland, T.L. Osborn,

    Fred Price, Hobart Freeman, Charles Capps, Jerry Savelle, John Osteen e Lester

    Sumrall.

    Nos ltimos anos tm surgido vrios outros nomes como Bob Tilton, Marilyn

    Hickey. John Avanzini e Benny Hinn ao lado de Valnice Milhomens.

    No Brasil, o movimento da confisso positiva tem sido muito bem acolhido e j

    alcanou repercusso garantida nos meios de comunicao. Um nome bastante

    conhecido o de R.R. Soares, lder da Igreja Internacional da Graa de Deus, ele

    responsvel pela publicao de vrios livros de Kenneth Hagin e tambm cunhado do

    Bispo Macedo. Outras pessoas que influenciam muito o Brasil so o engenheiro Jorge

    Tadeu, hoje pastor das igrejas Man em Portugal; Cssio Colombo do Ministrio Man

    Cristo Salva ligado as Igrejas Man de Portugal do Pr. Jorge Tadeu; Valnice Milhomens

    estudou na Escola de Hagin, do Ministrio Palavra da F, que agora pastora (no da

    Conveno Batista Nacional); Gernimo Onofre da Silveira, pastor do Templo dos

    Anjos, presidente da Escola de Ministrio Jeov-Jir, diretor do Seminrio. Ministros

    Labareados de Fogo, e presidente do Centro de Convenes Jeov-Jir, conferencista

    internacional e autor de vrios livros. Cristiano Netto, conferencista internacional,

    fundador do ministrio Cristiano Netto, autor dos livros O Melhor Vencedor do Mundo,

    As Sete Chaves da Riqueza, Como Prosperar em Tempos de Crise, e Jorge

    Linhares, pastor da Igreja Batista Getsmani, autor do livro Beno e Maldio. bom

    lembrar que a Igreja Universal do Reino de Deus, fundado pelo Bispo Edir Macedo,

    tambm professa o movimento da confisso positiva.

    3.5 A CONFISSO POSITIVA E A SUA PREGAO QUANTO S ENFERMIDADES

    preciso buscar dentro da confisso positiva, pautas expressivas quanto a

    enfermidades e qual tem sido a viso que este movimento apregoa na

  • 27

    contemporaneidade. Quando se atenta para as verdades expressas na confisso

    positiva, logo se reportado por um excessivo pragmatismo, vitria financeira e o que

    mais apraz ao teor desta pesquisa, que o que pensam sobre a depresso.

    Obviamente, ao reportar depresso dentro da confisso positiva, ou ao movimento

    neopentecostal, no h como desassociar a depresso das demais doenas, pois para

    tal movimento todas as doenas esto dentro dum bojo s de um fator espiritual e que

    so controladas por aquilo que acreditamos e como vivemos.

    Segundo a confisso positiva, (disponvel midia.adcampinasgoiania.com.br)

    todas as foras naturais e todas as circunstncias da nossa vida so controladas por

    nossa lngua. Quando falamos positivamente, uma grande fora espiritual gera-se

    dentro de ns, e esta muda o mundo que nos rodeia. As situaes mais difceis podem

    ser mudadas por nossa lngua. Se prosperam os malvados, porque ns os cristos

    temos declarado que seja assim. Inclusive a salvao das almas depende da nossa

    confisso positiva. Ao no crer, poderamos estar jogando uma maldio a algum, se

    declararmos que esse algum est aponto de escorregar e, quando o faz, seria o

    resultado de nossa maldio, mas no profecia.

    Este e outros conceitos mais, fazem parte do discurso da confisso positiva. Ou

    seja, somos aquilo que professamos. De acordo com tal afirmao, no existir nenhum

    tipo de doena no crente se assim no o quiser, pois tais doenas no vm da parte de

    Deus, mas sim do diabo. A confisso positiva (SMALLING, 2004, p. 31) acredita que

    motivos de eventuais doenas que porventura adquirimos so pelo fato de que Satans

    nos programou insidiosamente para que desde jovens, falemos palavras perversas e de

    morte, assim, doenas so as conseqncias destas palavras perversas em nosso dia-

    a-dia. Devemos elimin-las de nosso vocabulrio j que elas colocam em movimento a

    chama ardente das foras espirituais negativas. Segundo a confisso positiva, tais

    palavras so to horrorosas que Satans nos ensinou a pronunciar. Por exemplo:

    Morro de tal coisa..., Morria de tanto rir, Tal coisa me matou de tanto rir e outras

    expresses similares. Segundo Copeland, so...Discursos perversos! Palavras de

    morte! Contrrias a palavra de Deus! (disponvel: http://solascriptura-

    tt.org/Seitas/Pentecostalismo/DesviosDoutrinariosConfissaoPositiva-AirtonEC.htm)

  • 28

    Os adeptos da confisso positiva ao olharem para 3 Joo 2 Amados, acima de

    tudo, fao votos por tua prosperidade e sade, assim como prspera a tua alma.,

    fazem deste versculo indispensvel para aquilo que acreditam, pois segundo eles o

    versculo confirma de maneira contundente que os cristos sempre prosperaro e tero

    sade em proporo direta condio de sua alma, e que as chaves para isso a

    obedincia e a f. Eles acreditam que a prosperidade e a sade fsica so as mais altas

    prioridades de Deus para o ser humano e que nosso grau de sade e de prosperidade

    um fiel reflexo de nossa condio espiritual.

    Os pregadores da f fazem uso do texto de Isaas 53:4-5 para afirmarem de que

    a cura divina j est totalmente garantida na expiao:

    Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e ns o reputvamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgresses, e modo pelas nossas iniqidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. (ISAAS 53:4-5) Segundo Romeiro (ROMEIRO, 2007. p. 51) adeptos confisso positiva como o

    pastor Jorge Tadeu acreditam que Deus prometeu curar a todas as enfermidades. Ele

    ainda diz que no somente todas as enfermidades, mas que Deus tambm prometera

    partos normais s senhoras. Para os adeptos da confisso positiva, as enfermidades

    so na verdade conseqncia da falta de f, presena do pecado na vida do crente e

    que na verdade toda doena procede do prprio diabo, como o pastor Jorge Tadeu

    afirma (http://pastorjunior.blogspot.com/2007/08/sobre-questo-da-cura-divina.html).

    Para Deus lhe dar uma doena teria que pedi-la emprestada ao diabo, o que uma

    idia absurda. No h, portanto, espao para doenas na pregao da confisso

    positiva, pois pregadores neopentecostais acreditam e pregam que tanto a salvao da

    alma quanto sade fsica esto totalmente garantidas na morte (expiao) de Cristo na

    cruz. Alis, bom que se entenda que muitos conceitos e ensinos bblicos sobre cura

    difundidos no Brasil so oriundos da Amrica do Norte. Tambm importante observar

    as posies de Kenneth Hagin sobre a cura e como elas encontram espao no

  • 29

    neopentecostalismo brasileiro:

    Quando a Bblia fala no sofrimento, no se refere enfermidade. No temos nenhum motivo para sofrer com enfermidades e doenas, porque Jesus nos redimiu delas (...). Faz anos que estou pregando que Deus quer que todos os seus filhos, no apenas alguns de ns, mas todos ns, tenhamos sade e fiquemos curados. Deus quer que vivamos o perodos integral da nossa vida, aqui embaixo, sem enfermidades e sem doenas. o plano melhor que ele tem para ns. Nem todas as pessoas ficam altura desse plano, mas ele no deixa de existir. A gente criticado por pregar essa verdade. No da vontade de Deus que fiquemos doentes. Nos dias do Antigo Testamento, no era da vontade de deus que os filhos de Israel ficassem doentes, e eles eram servos de Deus. Hoje, somos filhos de Deus. Se sua vontade era que nem sequer seus servos ficassem doentes, no pode ser sua vontade que seus filhos fiquem doentes! As doenas e as enfermidade no provm do amor. Deus amor. No tive um s dia de doena em 45 anos. No disse que o diabo no me atacou. Mas antes de findar o dia, j estou curado. Quando o diabo me ataca, digo-lhe: satans, estas enfermidades foram carregadas no corpo de Jesus. Voc no tem o direito de trazer a imagem delas para c a fim de me assustar. Agora, pegue as suas coisas, ponha-as na mala e saia daqui. Eu no aceitarei tais coisas. Essa (sic) declarao profunda de Kenyoun resume o assunto: No h mais necessidade de carregarmos em nossos corpos as nossas doenas, como no h necessidade de carregarmos em nossa natureza espiritual um pecado no perdoado. (HAGIN apud ROMEIRO, 2005, p. 101)

    O Discurso da confisso positiva ou dos neopentecostais reproduz os mesmo

    ensinamentos de Kenneth Hagin. Acreditam que antes de Cristo morrer ramos

    amaldioados pelas doenas, enfermidades, males e misria. Mas agora no h mais

    razo para sermos portadores de qualquer enfermidade. Desfrutar de sade um

    direito que a palavra de Deus nos outorga, na qual todo cristo deve, sem vacilar e sem

    adiar a deciso, exigir o cumprimento do seu direito imediatamente e com certeza ficar

    curado.

    3.5.1 Depresso a partir do ponto de vista da confisso positiva

    Sendo assim, a depresso nada mais do que algo do prprio diabo para as

    pessoas que no possuem f suficiente e que no possuem uma vida espiritual

    saudvel. No somente a depresso, mas segundo os adeptos da confisso positiva o

    cristo que nutre uma vida espiritual saudvel no pode possuir nenhum tipo de

  • 30

    doena. Para eles se um crente est com um cncer nos intestinos, com metstase no

    estmago e no fgado, pode simplesmente afirmar que so apenas sintomas ou

    artimanhas do diabo para que haja confisso negativa.

    Acreditam que a depresso tem vida e como se fosse um germe, que de

    Satans, porque destri, um demnio atuando na vida de uma pessoa. o que Jesus

    chamou de esprito de enfermidade. Este demnio da depresso faz esta enfermidade

    se desenvolve no ser humano. Segundo eles, os cristos tm poder sobre o esprito do

    diabo que traz doenas, pois Jesus disse: Em meu nome expulsaro demnios. [Em

    meu nome temos absoluta autoridade para ordenar que a vida da molstia sai e ela tem

    que obedecer-nos] (ROMEIRO, 2005, p. 103)

    A partir do culos do neopentecostalismo a depresso um demnio que precisa

    ser expulso para que assim o portador de tal esprito venha ser liberto, pois este

    esprito obscurece a capacidade da alma de refletir espiritualmente e a mantm

    afastada das boas obras, impedindo-a de orar e de ler as Sagradas Escrituras.

    3.5.2 Possveis fatores contribuintes que levam os neopentecostais a

    demonizao da depresso

    Como j fora mostrado nos textos anteriores, pregadores da confisso positiva

    afirmam que os crentes no podem sentir angstia em suas vidas, pois segundo eles os

    cristos alm de terem uma vida prspera devem estar livres de quaisquer tristezas e

    viverem em um nvel de espiritualidade avanada. Devem estar livres de aflies

    terrenas; ter alegria da salvao, vida abundante, sade e prosperidade. Sendo assim,

    quaisquer tipo de doenas, aqui especificamente a depresso de maneira alguma deve

    fazer parte da vida de um cristo. Do contrrio seria um ataque demonaco,

    caracterizado por pecados e falta de f do indivduo.

    Os possveis fatores que levam os adeptos da confisso positiva a demonizarem

    a depresso esto estritamente ligados aos sintomas que so decorrentes da

    depresso, que so:

  • 31

    3.5.2.1 Angstia

    Sendo a angstia um dos principais sintomas da depresso, fazendo com que o

    portador de tal doena no sinta prazer em suas atividades normais, torna-se intensa

    sua tristeza, duradoura e angstiante. Caracteriza-se assim pelos neopentecostais

    como algo oriundo de poderes malignos e que conseqentemente devem ser vencidos

    atravs de correntes de oraes, campanhas e quebra de maldio.

    3.5.2.2 Perda de interesse e prazer

    Deprimidos perdem a capacidade de ter esperana e sentem uma clara

    diminuio em sentir prazer. Qualquer tipo de atividade passa a ser enfadonha e

    insatisfatria. De maneira alguma este tipo de sintoma aceito pela confisso positiva,

    haja vista que a esperana e expectativa de sucesso, tm sido um dos fatores

    predominantes nos discursos dos pregadores neopentecostais, segundo afirma

    Romeiro (2005, p. 139)

    .

    3.5.2.3 Suicdio

    Segundo Nardi (2006, p. 105), o suicdio est freqentemente associado

    depresso, pois, 15% dos indivduos, com depresso grave e sem tratamento

    adequado, podem cometer suicdio; o que torna inconcebvel na viso neopentecostal

    pelo fato de acreditarem que o pensamento suicida que muitas vezes poder brotar na

    mente do depressivo vem do prprio diabo. Alegam que se trata no de uma fuga do

    doente, mas de espritos malignos que o impulsiona para cometer tal ato.

  • 32

    4 INFERNCIAS BBLICAS ACERCA DA DEPRESSO

    De acordo com dados j citados no primeiro captulo deste trabalho, a depresso

    no algo novo, sempre existiu apesar de tornar-se mais acentuada nos ltimos

    tempos. Sendo a depresso uma ocorrncia desde os tempos antigos, bem provvel

    que se encontre na Bblia Sagrada passagens acerca da depresso, histrias de

    personagens com depresso, relatos de sintomas vividos por pessoas que esto

    includas no cnon Sagrado. preciso levar em conta que estas pessoas eram servas

    do Deus altssimo, homens e mulheres que temiam ao Senhor e obedeciam a seus

    mandamentos, no entanto, estavam sujeitos aos mesmos conflitos, s mesmas aflies,

    s mesmas crises existenciais que existem hoje, pois eles eram seres humano normais,

    passveis de todos sofrimentos e acontecimentos comuns de qualquer ser humano.

    4.1 UM BREVE RELATO SOBRE O SOFRIMENTO NA BBLIA

    Segundo Paulo Romeiro (2005, p.197-200) o sofrimento necessrio; Ao

    contrrio dos que pregam a teologia da prosperidade, quando dizem que o crente no

    pode passar por tribulaes, angstia, dores e sofrimentos. O sofrimento uma

    experincia na vida dos cristos, mesmo no sendo da vontade direta de Deus, mas

    que Ele permite a fim de ensinar seus filhos., como est escrito em I Pe. 1: 6,7:

    Alegrem-se por isso, se bem que agora possvel que vocs fiquem tristes por algum tempo, por causa dos muitos tipos de provaes que vocs esto sofrendo. Essas provaes so para mostrar que a f que vocs tm verdadeira. Pois at o ouro, que pode ser destrudo, provado pelo fogo. Da mesma maneira, a f que vocs tm, que vale muito mais do que o ouro, precisa ser provada para que continue firme. E assim vocs recebero aprovao, glria e honra, no dia em que Jesus Cristo for revelado.

  • 33

    No livro de Salmos 91:15 diz: Quando eles me chamarem, eu responderei e

    estarei com eles nas horas de aflio. Eu os livrarei e farei com que eles sejam

    respeitados. Nota-se que mesmo a orao sendo respondida, haver sim angstia,

    lembrado que a angstia um dos sintomas da depresso, mas que nem todo mundo

    que sente angstia esta com depresso.

    4.2 A DEPRESSO NA BBLIA

    Como diz Marcelo Aguiar (2004, p. 11,12) nas pginas da Bblia, encontra-se

    homens e mulheres de f que lutaram contra o sentimento de tristeza asfixiante, ou

    seja, uma verdadeira depresso.

    4.2.1 Falas de personagens bblicos sob a realidade da depresso

    Moiss, ao ver os Israelitas murmurando, sentindo que seu cargo de lder era

    muito pesado, isso causou-lhe profunda tristeza e ento disse: Se vais me tratar desse

    jeito, tem pena de mim e mata-me! Se gostas de mim, no deixes que eu continue

    sofrendo deste jeito! (Nm. 11:15).

    Noemi perdera tudo o que possua, inclusive filhos e esposo, encontrou-se em

    profunda angstia ao ponto de dizer: No me chamem de Noemi, a feliz. Chamem de

    Mara, a amargurada, porque o Deus Todo-Poderoso me deu muita amargura (Rt.

    1:20).

    Ana, desejando ter um filho e no podendo e ainda sofrendo humilhaes por

    parte de Penina e do prprio sacerdote Eli, lamentou: No pense que sou uma mulher

    sem moral. Eu estava orando daquele jeito porque sou muito infeliz e sofredora (I Sm

    1:16)

  • 34

    J, diante das grande perdas que sofrera e ainda tomado por enfermidades

    disse:

    Por que os infelizes continuam vendo a luz? Por que deixar que vivam os que tm o corao amargurado? Eles esperam a morte, e ela no vem. Embora a desejem mais do que as riquezas. Eles ficam muito alegres e felizes quando por fim descem para a sepultura. Deus os faz caminhar s cegas e os cerca de todos os lados. Em vez de comer, eu choro, e os meus gemidos se derramam como a gua. Aquilo que eu temia foi o que aconteceu, e o que mais me dava medo me atingiu. No tenho paz nem descanso, nem sossego; s tenho agitao. (J. 3:20-26)

    Davi, em vrias situaes difceis em sua vida, momentos de depresso,

    expressou sentimentos de profunda angstia e sofrimento interior:

    Por isso estou quase desistindo, e o desespero despedaa o meu corao.

    Estou cansado de chorar. Todas as noites a minha cama se molha de lgrimas,

    e o meu choro encharca o travesseiro. (Sl. 6:6)

    Porque estou to triste? Por que estou to aflito? Eu porei a minha confiana em

    Deus e ainda o louvarei. Ele o meu salvador e o meu Deus. (Sl.42:11)

    O grande profeta Elias, ao se ver acuado por Jezabel temeu e a angstia tomou

    conta do seu corao ao ponto de dizer ao Senhor: J chega, Senhor Deus! Acaba

    agora com a minha vida! Eu sou um fracasso, como foram os meus antepassados.

    (I Rs.19:4)

    Jeremias por ter que tratar com um povo to rebelde no ficou isento do

    sofrimento dentro de si: Por que continuo a sofrer? Por que as minhas feridas doem

    sem parar? Por que elas no saram? Ser que no posso confiar em ti? Ser que s

    como um riacho que seca no vero?" (Jr.15:18)

  • 35

    Paulo tambm compreendia o que era sofrer e ter angstia no corao: Irmos,

    queremos que saibam das aflies pelas quais passamos na provncia da sia. Os

    sofrimentos que suportamos foram to grandes e to duros, que no tnhamos mais

    esperana de escapar de l com vida. (I Co. 1:8)

    Jesus, diante do terrvel sofrimento e angstia exclamou: A tristeza que estou

    sentindo to grande, que capaz de me matar. Fiquem aqui vigiando. (Mc. 14:34)

    4.2.2 O que J sentia diante da depresso

    De acordo com Aguiar (2004, p. 20-24), um personagem do Antigo Testamento

    que atravessou um perodo acentuado de depresso foi J, e este expressou seus

    sentimentos. Eis alguns desses sentimentos abaixo:

    Estou cansado de viver. Vou me desabafar e falar da amargura que tenho no

    corao. (J. 10:1)

    Mas, se falo, a minha dor no se acalma, e, se me calo, o meu sofrimento no

    diminui. (J. 16:6)

    Quase no posso respirar. A minha vida est se acabando; o que me espera

    agora a sepultura. (J. 17:1)

    Eu ainda estou revoltado e me queixo diante de Deus; no posso parar de

    gemer. (J. 23:2)

  • 36

    Eu fico apavorado. A minha honra foi como que varrida para longe pelo vento; a

    minha prosperidade passou como se fosse uma nuvem. Agora j no tenho

    vontade de viver; o desespero tomou conta de mim. (J. 30:15,16)

    4.2.3 O que J pensava diante da depresso

    Eis alguns dos pensamentos vivenciados por J diante da depresso que o

    assolava, o mais freqente o sentimento de culpa:

    E se ele acha que sou culpado, no adianta nada lutar. (J. 9:29)

    No tenho mais esperana, pois Deus me matar; mas assim mesmo

    defenderei a minha causa diante Dele. (J. 13:15)

    Os meus parentes se afastaram; os meus amigos no lembram mais de mim.

    Os meus Hspedes fazem de conta que no me conhecem; as minhas

    empregadas me tratam como se eu fosse um estrangeiro. (J. 19:14,15)

    Eu esperava a felicidade, e veio a desgraa; eu aguardava a luz, e chegou a

    escurido. (J. 30:26)

    4.2.4 O que J queria diante da depresso

    Um desejo bastante comum em uma pessoa com depresso o ato de isolar-se,

    desaparecer, fugir da situao e de todos, Isto tambm aconteceu com J.

    Por que no nasci morto? Por que no morri ao nascer? (J. 3:11)

  • 37

    Ah! Se Deus me desse o que estou pedindo! Ah! Se Deus respondesse

    minha orao! Ento Ele me tiraria a vida; Ele me atacaria e acabaria comigo!

    (J. 6:8,9)

    Onde esto as minhas foras para resistir? Por que viver, se no h esperana?

    (J. 6:11)

    Detesto a vida; no quero mais viver. Deixa-me em paz, pois a minha vida no

    vale nada. (J. 7:16)

    Sou inocente, mas no me importo com isso; estou cansado de viver. (J.

    9:21)

    Os meus amigos zombam de mim; e eu me volto para Deus com Lgrimas nos

    olhos. (J. 16:20)

    4.2.5 O que J experimentava no seu corpo diante da depresso

    Vrios sintomas fsicos esto associados depresso como a falta de apetite,

    alteraes do sono, choro, distrbios digestivo, sensao de peito apertado etc. Vemos

    estes sintomas na vida de J e a Bblia faz questo de mencionar tais sintomas:

    Em vez de comer, eu choro, e os meus gemidos se derramam como gua.

    (J. 3:24)

    No tenho apetite para comer essas coisas, e tudo o que como me faz mal.

    (J. 6:7)

    Essas noites so compridas; eu me canso de virar na cama at a madrugada e

    fico perguntando: Ser que j hora de levantar? (J. 7:4)

  • 38

    Ele no me deixa nem respirar e enche de amargura a minha vida. (J. 9:18)

    Tu me puseste na priso, e por isso me acusam. Virei pele e osso,. E por isso

    os outros pensam que sou culpado. (J. 16:8)

    Tenho chorado tanto, que o meu rosto est queimando, e estou com olheiras

    fundas e escuras. (J. 16:16)

    O meu corao est agitado e no descansa; s tenho vivido dias de aflio.

    (J. 20:27)

    4.3 TRATAMENTOS QUE A BBLIA OFERECE PARA A DEPRESSO

    muito interessante perceber que a Bblia alm de relatar casos de depresso e

    pontuar os sintomas, ela tambm oferece tratamento. possvel notar este tratamento

    especfico na vida do profeta Elias, que apesar de ser corajoso encontrou-se num

    estado de depresso e chegou at mesmo a pedir para si a morte.

    Segundo Marcelo Aguiar (2004, p.37-41) os sintomas da depresso no profeta

    Elias eram bem evidentes, abatimento fsico e emocional, presena de idias

    pessimistas, tendncia ao isolamento, alteraes do sono e do apetite etc.

    Outro fato considervel de que Deus viu o abatimento de Elias e tratou dele de

    modo lento, porm persistente a ponto de restaur-lo, usando os mesmos meios que,

    atualmente os especialistas tm receitado para a cura e a preveno da depresso, tais

    como: alimentao adequada, repouso regular, atividades fsicas, entre outras. Deus

    cuidou de Elias em todas as reas de sua vida, fsica, espiritual, social e emocional.

    Deus tambm providenciou para Elias coisas essenciais como: alimentao

    equilibrada, (I Rs. 19:5,6), repouso regular, (I Rs. 19:6), atividade fsica, (I Rs.19:8),

  • 39

    mudana de ambiente, (I Rs.19:8), terapia ocupacional, (I Rs. 19:15,16), reestruturao

    da vida afetiva, (I Rs. 19:16,18) e o crescimento espiritual (I Rs. 19:11,12).

  • 40

    5 CONCLUSO

    Diante dos resultados obtidos atravs desta pesquisa, pode-se perceber que:

    A depresso realmente uma doena do sistema emocional, isto comprovado

    cientificamente, e que todo ser humano pode estar sujeito a t-la.

    Nota-se mediante esta pesquisa, que os evanglicos neopentecostais adeptos

    da confisso positiva, no aceitam nenhum tipo de doena e no somente a depresso.

    Porm, sendo a depresso um doena que possui sintomas diferentes e ligados ao

    sistema emocional, torna-se altamente combatida, refutada e at demonizada pelos

    neopentecostais.

    Percebe-se tambm que a bblia contm inmeras inferncias acerca da

    depresso, sendo que personagens bblicos renomados passaram pelo processo

    depressivo, relatando os sintomas emocionais e fsicos por eles vividos. A bblia chega

    mostrar em alguns casos o tratamento adequado depresso de acordo com os

    recursos da poca, mas no to distantes dos recursos oferecidos hoje.

    Conclui-se que a depresso uma doena a qual os evanglicos

    neopentecostais possuem forte averso, e que, a Bblia faz muitas inferncias sobre a

    depresso.

    Acredita-se que novos desafios surgem a partir desta pesquisa, como:

    O que fazer para que esta viso das doenas emocionais tida no meio

    neopentecostal, seja esclarecida corretamente de maneira cientfica e bblica.

    Quais os meios que podem ser utilizados para que esta corrente de pensamento

    torne-se menos prejudicial e at possivelmente extirpada.

  • 41

    6 REFERNCIAS

    AGUIAR, Marcelo. Porque algumas pessoas sofrem de depresso? . Editora Betnia.

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    NARDI, Antonio Egidio. Questes atuais sobre depresso. 3 Ed. Lemos Editorial. So

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  • 42

    NORMAS DA ABNT, Curitiba. Projetos de pesquisa e monografia: o que ? Como se

    faz?. Curitiba. 2004.

    PARROT, Less. Adolescentes em Conflito. 2 Ed. Editora Vida. So Paulo. 2000

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