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DESAFIOS DA FORMA9AO DO PROFESSOR NO CURSO DE
PEDAGOGIA DA INCLUSAO NA EDUCA9AO SUPERIOR
Curitiba2006
Ingrid Adam
DESAFIOS DA FORMA9AO DO PROFESSOR NO CURSO DE
PEDAGOGIA DA INCLUSAO NA EDUCAC;:AO SUPERIOR
Trabalho de conc/usao de Curso apres.6rltada 30Curso de PedagogiC!! - Magisterio em Anos Iniciaise Gestao Educacional da Faculdade de CienciasHumanas, Letras e Aries da Universidade Tuiutido Parana, como requisito parcial para a obten9Aodo Iftulo de licenciado em PedaQogia
Qrientadora: Prof. Dr. lolanda Cortelazzo
Curitiba2006
&J Universidade Tuiuti do ParanaFACULDADE DE CI£NCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
Curso de Pedagogia
TERMO DE APROVA<;AO
NOME DO ALUNO: INGRID ADAM
TfTULO: Desafios da Formarao do Professor no Curso de Pedagogiada Inclusao na Educarao Superior
TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO APROVADO COMO REQUISITO PARCIAL
PARA A OBTEN<;AO DO GRAU DE LlCENCIADO EM PEDAGOG lA, DO CURSO DE
PEDAGOG lA, DA FACULDADE DE CI£NClAS HUMANAS, LETRAS E ARTES, DA
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA.
MEMBROS DA CO ISS1I.0.AVALIADORA:/~""
PROF(a). Dra. IOLAND~UENO DE' - MARGO CORTELAZZO
ORIENTADOR A)
PROF(a).JO~UENO
MEMBRO,DA BA ~7I-i ~
PROF(al MfRCIA SILVA DI PALMA
MEMBRO DA BANCA
DATA: 20/05/2006
CURITIBA - PARANA
2005
DEDICA T6RIA
Dedico estes pensamentos a minha mae, grande exemplo de mestra, a meu pai,maior responsBvel par minha conduta etica e a meu amor, amigo e companheiro que
em muitos momentos partilhou de minhas angustias e esperan9Bs.
AGRADECIMENTOS
Agradec;:o ao grande voto de confian98 e encOiajamento que meus pais me aferiramdurante toda minha vida. A paciemcia e contribuic;:oes de minha orientadora e
professores envolvidos no processo de pesquisa. E um grande obrigada a todosmeus amigos e amigas que me acalentaram em momentos de apreensao e
angustia.
RESUMO
o objetivo deste estudo e levantar os principais desafios da incilisao na Educa9aoSuperior com foco na forma9ao do pedagogo sob a visao do professor do curso dePedagogia. Definiu-se entao, par uma pesquisa qualitativa, envolvendo osprofessores do ultimo ana do curso de Pedagogia com entrevista, depoimento equestionarios como instrumentos de coleta de dedos. Destes relatos e dadoscolhidos, p6de-se definir tres grandes dificuldades com a incilisao na Educa9aoSuperior: participa980 dos alunos com necessidades educativas especiais,adequa980 metodol6gica e avaliac;a,o do desempenho desses alunos. Para a analisedas quest6es levantadas, a pesquisa deparou-se com lima situac;ao frequente naarea da inclusao, as refer~nciasde autores de Dutra nacionalidade, que trazemrelatos embasados em outra realidade e cultura, 0 que acarreta na inadequ898.0 dealguns conceitos, cabendo entao aD pedagogo, analisar essas obras com olhoscriticos para a melhor adequa~o a nossa realidade; alem de ser importantedestacar a necessidade de autores brasileiros construirem um referencial te6riconacional.
Palavras-cllave: inclusao, forrnayao, recursos tecnologicos, ANEE (alunos comnecessidades educativas especiais e defici~ncias.
LlSTA DE GRAFICOS
GRAFICO 1: AREA DE FORMA<;:AO NA GRADUA<;:AO - 2006. . .44GRAFICO 2: PROFESSORES QUE POSSUEM MESTRADO - 2006 ..45GRAFICO 3: CAMPO DE FORMA<;:Ao NO MESTRADO - 2006 . . .46GRAFICO 4: PROFESSORES QUE POSSUEM DOUTORADO - 2006 .46GRAFICO 5: CAMPO DE FORMA<;:Ao NO DOUTORADO - 2006 .47GRAFICO 6: FAZ. usa DE RECURSOS TECNOL6GICOS - 2006 48GRAFICO 7: JA TEVE CONTATO COM AS TAs? - 2006 .48GRAFICO 8: TIPO DE RECURSO UTILIZADO - 2006 . .. ..49GRAFICO 9 TIPOS DE DEFICIENCIA DE SEUS ALUNOS - 2006 50GRAFICO 10: COMPREENSAo SOBRE 0 TERMO INCLusAo - 2006 52GRAFICO 11: MAIORES DIFICULDADES COM A INCLusAo - 2006 53
LlSTA DE QUADROS
QUADRO 1 - DADOS EDUCAC;;iio ESPECIAL NO BRASIL .. . 27QUADRO 2 - CATEGORIA X DEFINIC;;AO DOS ANEEs .. . 30QUADRO 3 - CARACTERisTICAS - SUPERDOTAC;;iiO..... . 33QUADRO 4 - CARACTERisTICAS - DEFICIENCIA VISUAL .. . 34QUADRO 5 - CARACTERisTICAS - SURDEZ 36QUADRO 6 - CARACTERisTICAS - DEFICIENCIA MENTAL .. . 38
SUMARIO
LlSTA DE GRAFICOS . . 09LlSTA DE QUADROS. . 101 INTRODU9AO... 112 HISTORICO DO CURSO DE PEDAGOGIA 182.1 0 CURSO DE PEDAGOGIA NO PARECER CNE/CP N° 0512005 223 INCLUSAO. . 263.1 ENSINO INCLUSIVO . . 283.2 ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS . .. 303.2.1 Caracteristicas dos tipos de necessidades educativas especiais 323.2.1.1 Superdotac;ao. .. 333.2.1.2 Deficiimcia Visual. .. 343.2.1.3 Deficiencia Auditiva . .. 353.2.1.4 Deficiencias Multiplas . .. 363.2.1.5 Deficiencia Mental. . 373.3 TECNOLOGIAS. . 394 INCLUSAO NA EDUCA9AO SUPERIOR .' .424.1 FORMA9AO DO PROFESSOR DA GRADUA9AO. .444.2 PERFIL DO ANEE . . 504.3 FUN9AO DA UNIVERSIDADE . . 545 CONSIDERA90ES FINAIS.......... ...55REFERENCIAS. . 59APENDICES 62
II
INTRODUCAO
Esle trabalho apresenta 0 resultado de constata90es e refiexoes realizadas
ao longo da pesquisa sobre a forma,ao de professores no curso de Pedagogia na
perspectiva de uma cultura de inclusao.
o curso de Pedagogia passou por varias reformula90es de suas fun90es,
habilita90es, area de atua,ao e grade curricular. No ano de 2005, houve novamenIe
uma mudan,. na historia do curso pelo Parecer CNE/CP nO 0512005 (BRASIL,
2005), que visa estabelecer as principais fun,oes do curso e reeslabelecer a
forma9iio inicial do pedagogo.
As mudanyas sao inevitaveis, uma vez que educar;.§o aconteee em uma
sociedade que se transforma cada vez mais rapidamente com a formulayao de
politicas publicas para a prome><;8o e efetivayao da inclusao na escola, bem como no
mercado de trabalho, com a utilizac;ao de tecnologias presentes no dia-a-dia, para
citar apenas alguns aspectos.
A pressao de segmentos da sociedade ligados aos deficientes visuais,
auditivos, menta is, etc, provoca a discussao sobre a insen;.ao de fundamentos e
metodologia da educa9iio especial e da inclusao na forma,ao do pedagogo.
Ha alguns anos, foram estabelecidas diretrizes para a inser9ao de Alunos
com Necessidades Educativas Especiais (que chamarei de ANEE) no ensino
regular, educa,ao superior e mercado de trabalho. Essas politicas estiio presenles
ha apenas alguns anos, e atualmente algumas institui¢es de ensine superior tern
em seus cursos ANEE como alunos regulares.
Esse processo de inc1usao requer diversos cuidados, tais como, urn curso
basica para os professores universitarios em cantato com esse aluno, tecnologias
12
para a comunicat;ao efetiva do aluno e uma metodologia adequada as suas
necessidades de forma a respeltar seu rltmo e suas necessidades sem prejudicar a
restante dos alunos. Esse e 0 grande desafio dos professores da graduayao em
institui<;oes de educa<;8o superior com inclusao. e porque nao, nos Qutros nlveis de
ensina tambem - ensina fundamental, ensina medic e p6s-gradua90es - cada urn
com suas especificidades.
Pensando na formayao do pedagogo para a inclusao dos ANEE, temos duas
grandes perspectivas para estudo: a formayao do pedagogo para trabalhar com
ANEE em sua pratica profissional e a formayao do pedagogo ANEE na educayao
superior, vista que atualmente temas varies colegas deficientes au com algum outro
tipo de necessidade educativa especial presentes nas salas de aula do curso de
Pedagogia.
Este estudo teve par objetivQs levantar quais sao os principais desafios e as
maiores dificuldades do professor do curso de Pedagogia para inclusao de seus
ANEEs e identificar contribui<;6es significativas da inclusao na educaC;:8o superior
para a formag80 continuada do professor da Graduayao.
Pensando nisso, faz-s8 necessaria lembrar de alguns pontcs fundamentais
para a discussao da inclusao e da educayao superior, em especifico no curso de
Pedagogia, tais como: qual a fungao do curso de Pedagogia, 0 que se entende por
inclusao e quais sao suas principais diretrizes, quais sao a fun9ao e a contribui9aO
das tecnologias nesse contexto e final mente, como estabelecer a rela980 teoria e
pratica proftssional com esse estudante.
Mesmo pensando no foco da inclusao, faz-s8 necessario observar alguns
pontos sobre a qualidade de ensino nas Institui<;iies de Educayao Superior (IES).
Atualmente, 0 Ministerio da Educagao vem divulgando os resultados do SINAES
13
(Sistema Nacional de Avaliayao da Educayiio Superior', instituida pela Lei 10.861 de
14 de abril de 2004), uma proposta nova que abrange a avaliayiio a diversas
caracteristicas institucionais (infra-estrutura, qualificaty8.o docente, perfil de alunos,
desempenho de alunos, etc). Com esses resultados, essa proposta difunde a cultura
da classificayao das Instituiyoes de Ensino Superior e apresenta Qutros dados
necessarios para maior entendirnento da qualidade da Educayao Superior, tais como
a comparayao dos alunos ingressantes com os egressos. Esse dado e de suma
importancia para verificar a efetiva contribuiyao da educayEio superior na forma98o
do profissional ali inserido. No primeiro ENADE (EXAME NACIONAL DE
DESEMPENHO DOS ESTUDANTES), realizado no final de 2004, foram avaliados
2.184 cursos, tendo 143.170 estudantes participantes, e concluiu-se que a diferenya
do desempenho dos ingressantes e dos egressos e muito pequena:
Surpreende, no entanlo, nAG $6 que e diferenc;;a seja pequena em lodasas 13 areas avaliadas, mas tambem que em urna d2ls areas de mais aliademanda nos veslibulllres (Medicinal as ingressanles e conduinleslenham niveia tao proximos de desempenho, como se os anos detrajet6ria pelo campus livessem contribuido muito pouco para 0
desenvolvimento das competencias e saberes demandados par estaparte da Prova (lNEP, 2004, p.21).
Verifica-se, entao, que a Educayiio Superior tem fragilidades na formayao
acad~mica e profissional de seus estudantes e professores, e que a pratica do
professor e ponto decisivo para a aprendizado de seus alunos. Sendo assim, a
qualidade do ensino em salas inclusivas tera maior peso, uma vez que a inclusao
requer um numero maior de estrategias de ens ina par parte do professor.
Nesta pesquisa qualitativa, optou-se pela abordagem fenomenol6gica-
hermeneutica', que tem como fen6meno estudado a formayao/pratica docente. 0
1 Disponive[ no ender~ htlo:/f.Nwo. ••..inep.oov.brlsuperiorf.sinaes/1Conformc classificayao feita por Gamboa (l'Jpud SOUZA, 2001)
14
estudo partiu de revisao bibliografica sobre torma9iio de protessores e inclusiio para
compreensiio dos dados resultantes do trabalho de campo.
Foram coletados dados por meio de questionarios (Apendice 01),
distribuidos a todos as professores do ultimo ana do curSQ de Pedagogia, uma
entrevista (Ap,mdice 02) e um depoimento de pratessores do curso de Pedagogia de
turmas inclusivas, que por terem uma melhor percep<;ao do perfil do ANEE como
pedagogo profissional, e maior tempo de vivencia com esse aluno em sua vida
academica, poderiam dar maior contribuic;aoa esta pesquisa.
Para estudar e pesquisar sobre 0 processo de formac;ao do professor em
uma pratica inclusiv8, buscararn-se autores, artigos e resultados de pesquisas
oficiais sobre 0 tema au que trouxessem alguma contribuityao sobre 0 mesmo. Todo
esse material formulou urn primeiro caminho para a pesquisa do tema.
Primeiramente, foi revisto 0 hist6rico do curso de Pedagogia no Brasil. Esse
estudo e fundamental para verificar as mudan~s sofridas pelo curso no decorrer de
sua trajetoria. Essas mudan9as sao provenientes das novas necessidades da
sociedade no geral, pelo governo e suas politicas em educac;ao. Para uma revisao
historica, tomaram-se, como base, os estudos de Silva (1999), que trazem um
resumo da historia e da identidade do curso de Pedagogia no Brasil desde 1962,
quando a curso era considerado um curso "espera marido" ate as reformula96es
mais atuais com as novas especificidades de cada habilitac;ao do pedagog a e com
as principais demand as de sua formac;ao, tomando-s8, tamoom, como refen§ncia a
estudo de Scheibe e Bazzo (2001). De torma a complementar esse historico,
referencia-se 0 novo decreto divulgado em fevereiro de 2006, sobre as tres
principals fun90es do curso de Pedagogia, a saber, docencia, gestao e pesquisa.
15
Esse decreta restabelece e\ou refor<;a as funy6es, as areas de atuayao e a formac;ao
academica do pedagogo.
Sabre inclusao, um ponto muito importante neste estudo, referebncia-se
Stainback e Stainback (1999), para definir 0 que e inclusao, para indicar quais sao
as principais estrategias para a comunicagBo, administrac;:ao e desenvolvimento da
inclusao na organiz8<;ao educacional e para restabelecer a funyao da instituiyao de
ensino na sociedade atual. Fundamenta-se Cortelazzo (2005), para a reflexao sabre
a pratica inclusiva no contexte social no momento atua!.
Para definigiies de ordem mais pratica como, a que 8 uma tecnologia
assistiva (TA), baseou-se King (1999) e Damasceno e Filho (2006), que al8m da
defini<;ao do terma, trazem reflex6es sabre a usa das TAs no ensina inclusivD. Uma
dessas reflex6es mostra que, em muitos momentos, a trabalho realizado no
ambiente escolar perde sua forya no ambito familiar, portanto nao basta implantar 0
laborat6rio de informatica, ou iniciar a utilizac;ao de uma TA sem uma preparayao da
parte humana da tecnologia, sendo necessaria uma preparayao (educayao au
treinamento) da familia e pessoas mais pr6ximas para 0 real envolvimento e
sucesso no uso de uma tecnologia para a autonomia do ANEE (KING, 1999, p.02).
Quando se discute inclusao, usa-se 0 termo ANEE para definir qual e 0
aluno deficiente e 0 aluno com necessidades educativas especiais, quais sao suas
diferenyas, e utilizam-se as diretrizes da Secretaria de Educayao Especial - MEC e
a propria LOB. Mas para discorrer sobre as caracteristicas cornportamentais au
perfil desses alunos fundamentou-se em Bursuck&Friend (2005), e Kirk&Galiagher
(1996), duas obras que funcionam como guias praticos para professores sobre a
inclusao de alunos com necessidades educativas especiais, que nurn primeiro
momento, definem que a inclusao atende aos ANEEs (alunos com necessidades
16
educativas especiais). Esse publico e subdividido em duas categorias: os deficientes
- fisioos au mentais, e os alunos com algum outro tipo de necessidade especial -
dificuldades de aprendizagem, alunos estrangeiros, altas habilidades, etc.
A partir destas leituras, buscoLl-se um caminho para os aprofundamentos
quanta ao contexto encontrado atualmente, a inclusao na educa<;ao superior, seus
desafios e contribui~6es na pratica do professor da graduayiio.
Sendo assim. 0 presente trabalho dividiu-se em 3 capitulos que abordam os
temas: pedagogia, inclusao e inclusao na educa~o superior, respectivamente; al8m
desta introduyao e das considera¢es finais.
No capitulo 1, encontra-se urn breve hist6rico do curse de Pedagogia, com
algumas reflex6es sabre essas mudangas e sabre suas influencias na forrna<;ao do
pedagogo e sua area de atuayao. Nesse mesma capitulo, abre-se urn sub-titulo para
a analise do novo parecer divulgado peto MEG, sabre as novas diretrizes do cursa
de pedagogia. para melhor entender 0 contexto do curso, dos professores e de seus
alunos.
No capitulo 2, faz-s8 urn estudo sobre os diversos termos e conceitos
provenientes da inclusao. Sendo assim, primeiramente define~se 0 que e inclusao.
Em um sub-titulo. define-se a que e ens ina inclusivo, estabelece-se quais as praticas
pedagogicas previstas pela LOB para a efetivayao da inclusao, quem sao as alunos
atendidos pelas polfticas publicas de inclusao. quais os principais recursos de
acessibilidade e 0 que sao esses recursos e, finalmente, listam-se algumas
caracteristicas das principais deficiencias atendidas pela SEESP/MEC.
No capitulo 3, tem-se lim relato da inclll~o na Educayiio Superior por meio
de uma analise qualitativa de dados levantados com os professores do ultimo ana do
17
curso de Pedagogia, segundo categorias apontadas pelas entrevistas tambem feitas
com professores do mesma curso.
E, final mente, as Considera90es Finais trazem urna analise da pesquisadora
sobre todo 0 processo de pesquisa, e do discurso dos professores do ultimo ana da
graduca9iio em Pedagogia. Alem disso aponta algumas sugestoes para futuras
pesquisas.
18
2 HISTORICO DO CURSO DE PEDAGOGIA
Em 1930, iniciou-se a construt;:ao das grandes universidades, e tambem a
frustra~o da area da educac;ao com a descaracterizac;ao do profissional docente,
foriemente influenciada peto boicote a exigencia da formac;ao universitiuia como
formaC;8o inicial desse profissional. Atrav8S dessa atitude e de Qutras como: a
redu<;:iiodo conhecimento pedagogico, a perda salarial e a constru9ao de diferentes
escolas, serviram para tornar essa descaracterizac;ao urn processo historicD.
Nessa epoca, os cursos de educayao S8 subdividiram em quatros categorias:
filosofia, ciancias, tetras e pedagogia. 0 curse de Pedagogia teve seu inicio par urn
decreto-Iei em 1939, que tinha duas fun¢es principais, formar bachareis e
licenciados para diveffias areas da educa<;:iio,para que 0 bacharel tivesse 0 titulo de
licenciado precisaria cursar mais urn ana, referente ao curso de Didiltic8, para a
pratica docente. 0 profissional "bacharel em pedagogia" nao tinha sua fun<;:iio
definida na sociedade, nem tampouco 0 licenciado.
A faculdade de Pedagogia se destinava a formar 0 tecnico de educa<;:iio,
concorrendo com as profissionais do Cursa Normal, em urn campo ainda muita vag a
e nao exclusivo. Com isso, 0 pedagogo tornou-se um profissional vazia e sem
significado no mercado de trabalho e no campo educacional. (SCHEIBE&BAZZO,
2001, p. 93).
Em 1946, a confusao na area de forma<;:iiodo profissional de educa9ao
continuava, pois a Lei Organica do mesmo ana criou os Institutos de Educayao, as
Escolas Normais Regionais e as Escolas Normais. Todas essas instituic;6es
objetivaram formar 0 professor prima rio. Poram, cada uma tinha uma regra propria
19
para admissao e aprovayao dos alunos, sendo em alguns cases necessaria apenas
a conclusao do ensina prima rio.
Com a Lei de Oiretrizes e Bases da Educa~ao Nacional (LOB) de 1961, 0
cenario ainda nao havia mud ado muito, os Institutes de Educayao continuavam a
formar as professores primarias, e apenas as Escolas Normais a formar os
prolessores do grau ginasial e colegial (ginasial - diploma de regente do ensino
primario e colegial - diploma de docente primario). Para ser docente do ensino
secundario era necessaria a formalY8o superior pela Faculdade de Filosofia.
Uma mudanga mais significativa ocorreu em 1962, com a Prof. Valnir
Chagas, 0 qual estabeleceu durayao e curricula mfnimos para 0 curso de
Pedagogia. Para Chagas, ate 1970, os cursos deveriam ser redefrnidos de acordo
com seu parecer, sendo a forma98o do professor primario no ensina superior e a
lorma~ao do "pedagogista" apes a gradua~o. Porem, esse novo parecer nO251,
nao diminuiria as dificuldades de forma9ao ou area de atua~o dos professores
primarios e pedagogos bachareis e licenciados; a unica distin~ao loi a de que os
bachareis - tecnicos ou especialista da Educa9Ao - seriam as responsaveis pelas
funry6es nao-docentes na instituiQ80 de ensino.
Esse momenta foj de grande repercussao, principalmente par parte dos
alunos, Que reinvidicavam maior definiQ80 da formar;ao do pedagogo, pois a
formar;ao ~enciclopedica~ ofertada na epoca era insuficiente para a pratica
pedagogica. Outro ponto presente nesta epoca era a lalta de defrni~ao do mercado
de trabalho para a pedagogo, uma vez Que medicos, advogados, engenheiros e
professores primarios, tomavam seus pastas de trabalho, pela indefinir;ao de sua
forma~o e area de atua~o.
20
Em 1964, foi instaurada a ditadura militar no Brasil, periodo caracterizado
pelo controle de todo e qualquer movimento, principalmente 0 estudantil. Mesmo
assim, em 1967, um movimento dos estudantes do curso de Pedagogia, propunha
que todas as funt;6es na eseela, tais como: diretor, coordenador, orientador e
inspetor de ensina media e tecnico em educac;ao, fassem reservadas a pratica do
educador - licenciado em Educa<;:lio.E tambem, fun¢es de cunho educativo fora do
ambiente escolar, como por exemplo: orientador pedagogico, delegado de ensino
elementar, etc; cargos estes muitas vezes vinculados a alguma Secretaria, tambem
deveriam ser exercidas pelo pedagogo via concurso publico, uma vez que exigiam 0
conhecimento da area educacional,.
Nos anos seguintes, a discusseo voltou-se para as especialidades, sendo
proposto quase que uma especialidade para cada fun<;:lio. Entao, seguindo a
tendencla de todos as cursos universitarios, 0 curso de Pedagogia foi alterado por
mais urn pareeer CFE n° 252/69, que estabelece novo curriculo, durar;ao de curso e
regime de ensina de acordo com cada especializayao que 0 mesma ofere cera. Essa
adequayao da relayao formayao superior aos requisitos profissionais (de mercado),
e urna das principais caracteristicas estabelecidas pela Reforma Universitaria de
1968. Essa educac;ao superior voUada para a formayao profissional, com novo
sistema de creditos de matriculas par disciplinas, com cursas de pequena durayao e
estanques, foi chamada "tecnocn;tica" pelo seu aspecto mercadol6gico e pouco
critico.
Com 0 CFE n' 252/69, 0 curso de Pedagogia passou a ser composto de
duas partes: uma base comum, constituida de disciplinas fundamentais para todas
as especializagOes, e uma parte especifica e diversificada, com disciplinas voltadas
a cada area de formayao especifica.
21
Dentro da base comum, faziam parte as disciplinas de Didatica e Sociologia
geral, disciplinas que nao eram ministradas para todas as habilit8c;oes
anteriormente. 0 parecer tambem estabeleceu, que mesma os estudos das
especialidades pedag6gicas antes feitos apenas na pOs-graduayiio, teriam inicio
ainda na gradua~o atraves das disciplinas da parte diversificada do curricula. Mas a
priori, ficou estabelecido que 0 diplomado em Pedagogia seria professor do ensino
normal.
A exigencia de formayao universitaria para os professores primarias veia
apenas em 1970, com a Lei nO 5.692, que previa a formac;ao em llcenciatura plena
para estes profissionais. A mesma lei, estabelecia a formayao docente em varios
niveis, vinculando a faixa salarial e a area de atu8c;ao ao nivel de formayao.
Tambem, instituiu que 0 curso de magisterio passasse para 0 ensina media.
Finalmente em 1996, a Nova LDB 9394196, aboliu as licenciaturas de curta
durayao, 0 que garantiu aos professores com a mesma forma<;ao uma remunera<;ao
diferenciada, com isso reapareceram os Institutos de Educa~o - valorizando a ideia
da formayiio na~ universitaria. (SCHEIBE&BAZZO, 2001, p. 94).
A partir dessas tentativas de regulamentar a formayiio do pedagogo, 0
professorado iniciou um movimento pela formayao de uma base nacional comum,
tendo como principal fundamento 0 carater docente da pratica profissional. Dentre
muitos aspectos propostos, algumas caracteristicas seriam mais aprofu'ndadas no
universo da educa<.;ao,como: 0 dominic filos6fico, sociolOgico, politico e psicol6gico
com carster critico-cientifico.
Segundo Scheibe e Bazzo (2001), as propostas pedag6gicas das institui<;6es
de ensino superior destina-se as seguintes fun<;6es:formar docentes para atuar em
ambientes escolares e nao-escolares; gestores e organizadores
22
pedag6gico em ambientes escolares e nao-escolares, e tambem produzir saberes
cientificos da area de educac;iio. Esse pensamento, ainda que escrito em 2001, esta
reiterado nas afirmac;6es do novo parecer CNE/CP n° 0512005 de dezembro de
2005, sobre a identidade do curso de Pedagogia e de seus profissionais.
2.1 0 CURSO DE PEDAGOGIA NO PARECER CNE/CP N° 0512005
o Parecer CNE/CP n° 0512005 estabelece que 0 curso de Pedagogia tem tres
principais fun90es: formar profissionais docentes para magisterio ern anos iniciais,
educac;:ao infantil e ensina media na modalidade normal, formar gestores
profissionais e desenvolver pesquisas cientificas em sua gradu8c;:8o. Estas func;:6es,
saO essenciais, devido a necessidade de profissionalizac;ao, conforme defende
Scheibe e Bazzo.
A formzl(;.ao do profiS$ionai de educa<;ao para contemplar as dimensOesacima ciladas sO sera possivel s.e oonslruida sobre uma solida atividade depesquisa, compreendida como parte integranle de sua format;ao e de suapriltica profissional (2001, p. 98).
Ficaram estabelecidas entao, a func;:ao e a area de atua~o dos profissionais
do curso de Pedagogia mais adequados as dernandas de uma sociedade dinamica e
mutante, bem descritas no trecho do proprio parecer 05/2005, logo abaixo.
o curso de Ucenciatura em Pedagogia destina-se a forma~o deprofessores para exercer funy6es de magisterio na Educeyao Infanlil 8 nosanos iniciais do Ensino Fund!lmenlal, nos cursos de Ensino Medio, namodalidade Normal, de Edu(;8(fOO Profissional na area de serviyos e apoioescolar e em outras areas nas quais sejam previslos conhecimentospedag6gicos (CNE/CP n' 0512005, 2005, p. 01)
Essa caracteristica faz com que 0 processo de organizac;:ao e de produc;:ao
do conhecimento pedagogico esteja vincutado as reta90es sociais e produtivas de
seu tempo.
° profissionat de educa9iio precisa ter, a partir de sua forma9ao, a
compreensao de que ele e 0 autor da exclusao ou da inclusao dos indivfduos
atraves da formatyao recebida, seja ela fundamental, geral, profissional, universitaria
ou especifica - como no caso de jovens e adultos, ANEEs (alunos com
necessidades educativas especiais) ou ainda pavos indfgenas.
No Brasil, tal compreensao quer dizer enfrentllr incisiva e radical mente aexclusao sob lodas llS suas formas. A educa9AO tem duplo papel noprocesso de inclusao: eo uma das formas de enfrentamento da e)(cluS-ao e desua supera9C1o, ao mesmo tempo em que e tambem determinante daexc1usoo (SCHEIBE&BAZZO, 2001, p, 96),
° educador tera, em sua forma9ao, condi9iies de ser produtor da ciencia
pedag6gica - concep¢es e praticas escolares e nao-escolares, atraves da
sociedade produtiva em que esta inserido (KUENZER, apud SCHEIBE&BAZZO,
200t), considerando entao a docencia, ou trabalho pedagogico como, um ato
intencional, que relaciona teoria e pratica, nao podendo ser segmentado ou
fracionado.
Com isso, a sua formac;:ao ira prepara-Io para:
- articular e usufruir do saber produzido em outras areas do conhecimento;
- atuar no processo pedagogico em diferentes niveis e modalidades, em
instituic;:6esescolares ou nao;
- construir coletiva e processualmente os conteudos trabalhados de acordo
com as relac;:6es socia is existentes no ambiente em que atua;
- participar da concep9iio e implementa9iio de novas politicas publicas;
14
- propiciar urn trabalho em urn ambiente democn3tico.
Para que 0 pedagogo ou profissional da educayao seja capaz de atuar sob
todos esses aspectos, e necessaria urn trabalho crftico de pensar e repensar sua
realidade, que segundo Scheibe e Bazzo precisa estar presente em sua forma<;ao:
- forma<;:Ao inicial dos profissionais da educay.ao atraves dos cursosde Pedagogia e Licenciaturas;- formac;:.ao em nivel de pOs-graduayao, Jato e stricto sensa;- formac;:.ao continuada, presencial e a distancia. (2001, p. 101).
Para discutir sabre a formar;ao do profissional da educa<;ao, destacaram-se
as especificidades de seu trabalho, 0 contexto social e suas interferencias, 0 perfil
desse profissional e toda a trajetoria das politicas publicas (Inclusao). Pocem, fez-se
necessaria 0 estudo do ambiente formador - a universidade, suas caracteristicas e
compromissos diante de toda eSSB reformular;a,o e novos desafios.
A universidade, par conceitu8c;:ao, e um ambiente de produyao cientifica e
conseqOentemente de pesquisas e reformulac;:Oes te6ricas e praticas em diferentes
areas do conhecimento. Nas faculdades de Educayao nao e diferente, para que a
construc;ao e produyao de novos saberes pedagogicos se tornem possiveis e
atuantes no meio social, faz-se necessaria a pesquisa para a produC;:80 do trabalho
pedagogico e espac;:os de troca de informac;:6es entre gestores e docentes. Para que
essa produyao acontec;a, as faculdades precisam buscar articulac;:6es internamente
- entre diversos cursos de licenciatura, gestao, etc; e externamente - entre as
outras IES, colegios, escolas e outras instituic;:6es da sociedade.
Para atender a toda essa demanda do trabalho pedagOgico, e exigido cada
vez mais dos profissionais de educayao urna formava,o salida, principalmente no
25
trabalho com as alunos excluidos, pais uquanto mais excluido for 0 aluno, maior sera
a exigencia de formayao do seu professor" (SCHEIBE&BAZZO, 2001, p.100).
Podem-se considerar varios aspectos como principais na implementa~iio do
curso de Pedagogia: sociedade em que esta inserido, politicas publicas e formayao
do seu corpo docente.
Quanto a sociedade, a autora Scheibe e Bazzo (2001) descreve a
necessidade de aten~o ao processo de exclusao, seja ela social, educacional au
fisica nas instituic;oes de ensina e sociedade. Quanta as politicas publicas, pode~se
destacar 0 grande movimento da inclusao de alunos com necessidades educativas
especiais - ANEE no ensina regular, polftica eSSB que pretende diminuir 0 apartheid
existente dentro das escolas de alunos ditos comuns dos alunos especiais,
promovendo uma cultura inclusiva, que se pretende estender para teda a sociedade.
E final mente, a descrit;ao do profissional, cabe pensar suas atribuiycSes, demandas
profissionais e condic;oes de trabalho, vinculanda-as ao contexto s6cio-politico-
econ6mico.
Diante de todo esse cenario, em constantes mudan~as, 0 professor da
gradua~iio tem papel fundamental na formayao profissional da sociedade,
principal mente no curso de Pedagogia, que se prop6e formar os docentes e
gestores que tern como principais desafios educar todos os individuos de forma
democratica respeitando suas limita90es.
26
INCLUSAO
Com a LOB n' 9.394/96, a inclusao tornou-se nao s6 um sonho, uma
possibilidade, como tambem urna ac;ao prevista par lei, logo em seu primeiro artigo
dedicado iI Educa,ao Especial, a LOB dispae que:
Artigo 58 - Entende-,se por edl..lC.aCOOespecial, para efeitos desta Lei, amodalidade de ed~ esrolar, oferecida preferencialmente na rederegular de ensine para educandos com necessidades espedais (LDB inSOUZA&SILVA, 1997, p. 93).
De acordo com Souza e Silva (1997), esse foi um grande avan,o dessa
nova legisla~o, pois a LOB anterior nao havia previsto a possibilidade de inclusao
dos alunos com necessidades especiais nas classes de ensina regular.
Oesde 0 inrcia da implantaC;80 dessa lei em 1997, 0 conceito inclusao foi
discutido e reformulado par diversos teoricos, gerando uma serie de reac;oes
contradit6rias entre professores da educa9BD basica e superior - que de uma forma
ou de Qutra, contribuiram para diversas alterac;oes na educayao superior,
principal mente no curso de Pedagogia. Sendo assim, este capitulo esclarecera
varios termos reeorrentes das paHticas inclusivas presentes na vida dos pedagog os
e de outros profissionais da edueac;ao e por projetos propostos par diversos 6rg80s
publicos e privados com grande impaeto no cenario educativo naeional.
Como exemplo traz-se as situa.yoes geradas pelo Programa Ineluir - MEC,
que propae diversas frentes de trabalho juntamente com a Secretaria de Educa~o
Especial, com 0 objetivo de aumentar a inclusiio de ANEEs nas institui¢es federais
de educa980 superior. Vale lembrar que, apesar de ser um programa das
instituic;6es publicas federais, muitas instituic;6es privadas ja trabalham com a pratiea
inclusiva.
Alem disso, a SEESP/MEC vem trabalhando para aumentar os n"meras da
inclusao no ensina basico e superior, que ja trazem mudanc;as significativas como
mostra 0 quadro abaixo.
QUADRO 1 - DADOS EDUCAc;:iio ESPECIAL NO BRASIL
Secretaria de Educa~ao Especial """,,,,'0Coordena~ao Geral de Planejamento ".;.~EvOluljAo da Politica de Atendimento da Educ3ljl0 Especial - de 1998 a 2004
IT04.118'iIlll: S6i.1Sl I
"o.o~----- _-.;)3-'4·,",
- -~ - 2·l.!;-. 7.&8~<r- 16.9~ 21"', 20 I'';'IJ.~
,..,. ,m 2000 """ '""2 2003 "'"
2O.0'~10_0~1o0,0'. l _
Disponivel em-http://portal.mec.gov.brlseespJindex. php?oplion=conlent&lask=view&id=63&llemid=1 91
o quadro aeima mostra 0 aumento de matriculas de alunos com
necessidades educativas especiais no ensina regular no periodo de 1998 a 2004.
Essas mudan\<ls reformulam 0 cenario de trabalho dos futuros pedagogos. Com
isso, esses profiss;onais da educagao encontram termos, conceitos e processos
novas em sua pratica profissional, tais como: ensino inclusivo, ANEE - alunos com
necessidades educativas especiais e recursos tecnol6gicos - tecnologias assitivas,
tecnologias de informat;8o e comunica980.
27
Mit1l~h~rio
28
3.1 ENSINO INCLUSIVO
Ensino inclusivo, de acordo com Stainback e Stainback e:( ... ) &l pratica da inciuslio de lodos - independentemenle de sell ICilento,defidencia, origem socioec0n6mica ou origem cultural - em escolas e salasde aula provedoras, code lodas as necessidades dos alunas sao satisfeitas(1999, p. 21).
A apresentayao dessa defini980 tenta desfazer urn conceito muito comum na
sociedade em geral, que e 0 de que os alunos atendidos pela Educa~o Especial ou
pela inclusao no ensina regular, sao individuos com algum tipo de deficiencia fisica
au mental. Como a autora bem caloca, a inclusao destina-se aDs alunos que de
alguma forma foram excluidos de seus direitos sociais e educacionais, sejam
deficientes au nao.
Para a Secretaria de Ensino Especial (2006), 0 ensino inclusivo est;;
vinculado a universa[JZ8C;80do acesso ell. educa.yao e na atengEio a diversidade, de
qualquer tipo au natureza. Sendo esse conceito urn pouco mais abrangente, nao
deixa de englobar a defini<;aode Stainback e Stainback (1999), do atendimento a
todos os alunos com algum tipo de necessidade educativa especial.
E importante lembrar alguns aspectos que 0 ensino inclusivo precisa atender
- pn3.ticasinclusivas: integrac;ao do aluno fisicamente, sQCialmente por colegas e
professores, e integrac;ao instrucional - que e a modificac;ao au alterac;ao do
curricula, metadalagia de ensina rearganizada para melhor atender a esses
individuos. (BURSUCK&FRIEND, 2005, p.04). Portanto, a inclusao nao Eo apenas a
aloca<;aodo ANEE em salas de ensino regular, mas e todo um movimento para a
integra9ao total desse aluno no ambiente educativo.
E para que 0 ensino inclusivo se concretize, a SEESP/MEC acredita serem
necessarias algumas ac;6es, como a formac;8.ode professares e multiplicadores;
29
formayao de rede de apoio a inclusao; e, a participayiio da familia e comunidade nas
institui90es de ensina. Com issa, esperam que haja a efetiva constru~o de
metodologias educacionais e praticas colaborativas que atendam as necessidades
de alunDs e professores envolvidos no ensina inclusivo.
o ensina inclusivo e aquele que prev~ 0 atendimento integral e nao-
discriminatorio de ANEEs, sendo um promotor da inclusao social desses indivfduos.
No casa da educa9ao superior, e necessario recordar que a sua funt;:i3oe a
forma9ao para 0 mercado de trabalho, portanto a inclusao na educac;ao superior
pode basear-s8 no seguinte conceito:
A educ.ayao nAo e prerrogativa apenas da escols. Na verdade, a educar;OOescolilr tern de dar conta de trabaJh2r 0 conhecimento sistematizado demodo que 0 individuo sej21 capaz de S8 integrar ns sociedade em que 'Vi'Ve,quer no meroado de trabalho, quer como cidad~o (CORTELAZZO, 2005, p.219)
o foco da educa9ao superior nao pode deixar de lado 0 processo de en sino-
aprendizagem do conhecimento sistematizado para a pratica profissional,
principalmente com a inc1usao dos ANEEs, pois todos os alunos da Educar;ao
Superior tern como objetivo a obtenr;ao de urn grau - uma profissao, e para que isso
se concretize, a inc1usao precisa favorecer as habilidades dos alunos e nao as suas
deficiencias. Portanto, para que 0 professor de graduayiio com salas inclusivas
obtenha exito em seu processo de ensino-aprendizagem, faz-se necessario que ele
conhe9a muito bern seus alunos - suas deficiencias ou necessidades. Mas quem
sao os ANEEs - alunos com necessidades educativas especiais?
30
3.2 ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
Embora muitos te6ricos tenham definido seus padr6es, tabelas e categorias,
nesle trabalho estar-se-a utilizando a categoriza9ao do Ministerio de Educa9ilo e
Cultura, que assim define as alunos com necessidades educativas especiais:
Apresenlarn, durante 0 processo educadonal, dificuldades acentuadas deaprendizagem que podem 58r: nAo vinculadas a uma causa organicaespecifica ou relacionadas a condi¢es, disfunyOe5, limila<;6es oudeficiencias, abrangendo dificuldades de comunjca~o e sinalizacaodiferenciadas dos demais alunos, bern como altas habilidadeslsuperdotac;ao(SEESP/MEC, 2006)
Para me thor entender 0 processo de inclusao dos ANEEs, e necessaria
visualizar algumas diferen9as e analisar mais profunda mente as leis e pareceres que
conduzem essas pr<iticas.Como relatado acima, a SEESP/MEC define como ANEE,
todo individuo que mostra uma dificuldade acentuada no processo de aprendizagem,
e a mesma secreta ria determina ern algumas classes um grupo de deficiencias que
devem ser atendido pela inclusao. Para 0 melhor atendimento, os ANEEs foram
classificados nas seguintes categorias e com as seguintes defini¢es:
QUADRO 2 CATEGORIA X DEFINIGAO DOS ANEEs-Altas habilidades/superdota9ao lndividuos com notavel desempenho e/ou
elevado potencial em diversos aspectos, isoladosou combinados, sendo alguns desses aspectos:capacidade intelectual geral, aptidao academicaespecifica, pensamento criativo ou produtivo,capacidade de lideran9a, talento especial paraartes e capacidade psicomotora.
Autismo Transtorno envolvendo as areas da comunicac;aoe interac;ao, por pad roes restritos, repetitivos eestereotipados de comportamento, interesses eatividades.
Condutas tipicas Manifestac;iies de comportamento, quadrosps;coI6gicos, neurologicos ou psiquiatricos,relacionados a alguma sindrome ou nao, que
31
ocasionem prejuizDs no desenvolvimento einteracao social.
Deficiencia auditiva Perda parcial ou total bilateral de 25 decibeis (dB)ou mais, variando as niveis ou acuidade auditivanas seguintes formas: surdez leve a moderada -de 25 a 70 dB; e surdez severa a profunda -acima de 71 dB.
Deficiencia fisica Altera9iio completa au parcial de um au maissegmentos do corpo humano, decorrente dediversos motivDs - paralisia cerebral, acidentesau Qutros, que comprometam ou dificultem 0
desempenho de diferentes fun¢es: fisicas,-ESiquicas e emocionais.
Defrciencia multipla E a associa9iio de duas ou mais deficienciasprimarias, com diversos graus e tipos decomprometimento.
Deficiemcia mental Limita¢es significativas no funcionamentomental, interferindo na conduta adaptativa,habilidades pn;ticas, sociais e conceituais.
Deficiencia visual E a perda parcial ou total, congenita ou adquirida,do nivel ou acuidade visual, pcdendo ser:cegueira - perda total; e baixa vis~o ou visaosubnormal.
Surdocegueira : E 0 conjunto das defici€!ncias surdez e cegueiranum mesma individuo.
Sindrome de Down Alterat;ao genetica no par cromoss6mico nO 21,que forma caracteristicas fisicas marcantes eimphcac;oes para 0 desenvolvimento fisiologico ecoQnitivo.
Fonte: SEESP/MEC, 2006
Como cad a deficiencia tern suas caracterfsticas proprias, que implicara em
um tipo de atendimento, metodologia e assistencia, a SEESP definiu algumas
frentes de atendimento, a saber: apoio pedag6gico especializado, atendimento
pedagogico domiciliar, cia sse hospitalar e estimulayao precoce. Em cada urn desses
atendimentos, faz-se necessaria a formayao especializada dos profissionais
envolvidos no atendimento educacional, !isioo e emocional; ah~m da utilizac;ao de
diferentes recursos para promover a acessibilidade do educando ao conhecimento,
ao processo de ensino-aprendizagem e aos locais de ensino. Esses recursos
podem ser: reestruturac;ao curricular, reestruturac;ao arquitetonica e 0 usa de
32
tecnologias de informal'ao e comunical'iio (TIC), alem das tecnologias assistivas,
conforme determina 0 Artigo 59 da LDB de 1996 (SOUZA&SILVA, 1997, p. 93).
Porem, deixam de fora Qutros grupos, que em alguns paises tambem sao
considerados ANEEs, tais como: alunos estrangeiros, dislexicos, alunos com
dificuldades de aprendizagem, com deficit de atenl'ao, entre outros. Cabe aos novos
pedagogos analisarem as necessidades de atendimento especffico a esses alunos,
e lutarem pela inserc;ao desses grupos na le9i518980 para provimento de politicas
publicas de atendimento especializado.
Para que essa analise seja mais profunda, 0 pedagogo precisa conhecer
quais sao as principais caracteristicas, e nao apenas as definic;oes dos tipos de
necessidades educativas especiais que a SEESP/MEC instituiu como base na
educaC;Bobrasileira.
3.2.1 Caracteristicas dos tipos de necessidades educativas especiais
Sendo necessario um estudo mais aprofundado do perfil de desenvolvimento
e comportamento de cada tipo de necessidade educativa especial, este sub-titulo
traz algumas observac;6es sabre as seguintes categorias: superdotac;ao, deficiencia
visual, deficiencia auditiva, deficiencias multiplas, severas e fisicas e defrci€mcia
mental. Essas observa¢es englobam as princlpais caracteristicas comportamentais,
fisicas, educacionais, intelectuais e sociais, variando de acordo com cada tipo de
necessidade, devido a sua relevancia no processo de desenvolvimento do individuo.
33
3.2.1.1 Superdotac;;ao
Apesar da SEESP definir 0 superdotado como urn individuo com notilVel
desempenho, e importante ressaltar que em algumas culturas e para alguns autores,
o ambiente tern papel fundamental na definic;;aoda superdotac;;ao."As crianyas
superdotadas e talentosas precisam de um ambiente tertii, onde possam manifestar
as suas capacidades' (KIRK&GALLAGHER, 1996, p.68).
QUADRO 3 - CARACTERisTICAS - SUPERDOT~AOFisica Altura e forca superiores a media de sua faixa etaria.
Intelectuais e Interessawse por diversos assuntos, mudandoEducacionais constantemente de foco de interesse. Capacidade mental
de 4 a 5 anos superior a sua faixa etaria.Carster Estaveis emocionalmente, com menor tendencia a
enqanar e a exaQerar.Fonte.KIRK&GALLAGHER, 1996
Essas caracteristicas, analisadas por Kirk e Gallagher (1996), apontam para
dais grandes desafias aa professor em seus estudas; primeiro, adequar os temas e
atividades as habilidades intelectuais e mentais desses alunos, e, em segundo lugar,
tarnar os assuntos interessantes para manter a atenc;ao e desenvolver suas
habilidades, uma vez que os superdotados sao muito instaveis em seu foco de
interesse.
A superdata9f30 e urn dos tipos de necessidades especiais mais dificeis de
se identificar e talvez, per isso, tenha-se a impressao da quase inexistencia desses
individuos nas instituic;oes de ensino.
34
3.2.1.2 Deficiencia Visual
A Deficiencia Visual e dividida em dois grupos: cegueira total e parcial,
parem e interessante observar a divisiio que Barraga (in KIRK&GALLAHER, 2000)
traz seguindo 0 aspecto fisiologico - funcional da visao, sao elas: cegos - individuos
que apenas percebem a Iuz au vivem na escuridao total, e que h~em par meio do
braile e Qutros meies de comunicayao; yisao parcial - individuos com limitac;oes da
vi sao a distimcia; e visao reduzida - individuos com visao que necessitam de
alguma correy8o, como 0 usa de lentes, par exemplo.
E importante ressaltar que a deficiencia visual vai interferir diferentemente,
no desenvolvimento do individuo. Se a crian~ ja nasceu cega au ficou cega apas
algum tempo, bern como 0 periodo de tempo que enxergou tambem interferira no
processo cognitiv~, e na possibilidade de associayoes e em outras experiencias.
Oiferentemente dos superdotados que apresentam caracteristicas
vinculadas ao ambiente em que vivem, 0 deficiente visual tem caracteristicas mais
vinculadas ao tempo de cegueira, ou ao tipo de estimulo, ou ainda a cultura em que
esta inserido. Abaixo sao apresentadas algumas caracteristicas encontradas mais
frequentemente nesses deficientes de um modo geral.
QUADRO 4 CARACTERisTICAS DEFICIENCIA VISUAL- -Fisica Desajeitados, dificuldade para estabelecer sua lateralidade.
Emocional Agressividade quanto a sua de·ficiencia, comportamentode pendente para iniciar atividades.
Intelectual Dificuldade de fazer associac;:oes, grande aptidiiomneumonica3.
Fonte. KIRK&GALLAGHER, 1996
l Mneulm)nlca: relJ.l!V3 :i mt'lnOri".
35
Uma ide-ia comumente divulgada e a de que 0 deficiente visual tern a
capacidade de compensar sua deficiencia com Qutros senti dos, pOrl3messa idela
esta par vezes equivocada de acorda com muitos estudos. Muitas vezes, tem-S8 a
impressao de que a compensaya,o existe, porem faz-s8 necessaria a aten~o
redobrada em saber se 0 deficiente esta encobrindo uma dificuldade ou se
realmente tem a aptidao de compensa,ao.
3.2.1.3 Defici€mciaAuditiva
A deficiencia auditiva e considerada uma das mais desafiadoras para toda a
sociedade, mas em especial para a educa~o, principalmente par interierir na
recepyao e na produ~ao da linguagem, dificultando 0 ajustamento social e
academico.
Sendo a deficiencia auditiva definida como parcial ou total pela SEESP, vale
citar uma segunda divisao dessa deficiencia, estabelecida de acordo com 0 tempo
em que ocorreu essa perda. Surgem entao, duas categorias: surdez pre-lingual -
ocorrida antes do desenvolvimento da fala e da lingua,gem,e aos que nasceram com
a surdez; e a surdez pas-lingual - perda ocorrida apos a desenvolvimento da fala e
da linguagem (KIRK&GALLAGHER, 1996, p. 230).
Cada condiyao interfere em seu desenvolvimento educacional, necessitando
de diferentes tipos e graus de interven,ao.
36
QUADRO 5 - CARACTERisTICAS - SURDEZCognic;iio Dificuldade de abstrair facilidade de pensamento 16gico.Linguagem Estrutura S-V-O: sujeito - verbo - objeto. sem elementos de
coesao e articulacao entre as orac~es.Social Sentimentos de solidao e rejeh;;ao.Sao comumente rotulados de
C!9r8SsivQs.Emocional Rigidez, egocentrismo, impulsividade e ausenda de controle
interno.Fonte. KIRK&GALLAGHER, 1996
3.2.1.4 Deficiencias Multiplas
Apesar de ser dificil prever qualquer caracteristica ou tracer um perfil do
individuo com deficitfmciasmultiplas devido a vasta possibilidade de associac;ao, epossivel categorizar essa condiyao pela caracteristica predominante OLl principal,
Foram constatados, tres grandes grupos a partir da deficiencia mais acentuada ou
da dimensao principal: mental, distUrbio emocional e defici€mcia de deis sentidos.
Nessa classificayao, vale ressaltar a principal caracteristica de cada
categoria e suas passiveis combinaQ6es.
Primeiramente, fala-s8 sabre a deficiencia multi pia tendo a questao mental
como dimensao principal, que se caracteriza pela lentideo com que esses individuos
aprendem e a dificuldade de expresseo. As possiveis combinac;oes sao: deficiencia
mental e paralisia cerebral, deficiencia mental e auditiva; e deficiencia mental e
problemas graves de comportamento.
Em segundo lugar, cita-se a deficiencia multipla com dimensao principal 0
disturbio de comportamento. A principal dificuldade dos educadores com esses
individuos e a rea~o as suas tentativas de ensino, normalmente, esses individuos
reagem de modo incomum, algumas se isolam, outras sao agressivas. As principais
37
combina~es sao: disturbio de comportamento e deficiencia auditiva, e autismo. 0
autismo e aqui considerado urna deficie!ncia multi pia pDr S8 tratar de urna deficiencia
que apresenta dificuldades e comprometimento em diversas areas - social,
comportamental e de comunicac;ao (KIRK&GALLAGHER, 1996, p. 421). Vale
lembrar que para SEESP/MEC, 0 autismo e uma deficiencia especifica.
E em terceiro lugar, as deficiencias sensoriais duplas, que S8 referem ao
comprometimento dos dais principais sentidos - visao e audi~o, que compoe urn
tipo isolado na classificac;aoda SEESP/MEC, a surdocegueira. 0 trabalho com esse
tipo de deficiemcia sera direcionado dependendo de qual desses sentidos e 0 mais
severamente afetado.
3.2.1.5 Deficiencia Mental
A deficiencia mental pace ser definida como uma limitac;ao que afeta 0
individuo em seu funcionamento mental. Kirk e Gallagher (1996) apresentam essa
limitacyao classificada comumente em tres niveis - treinavel, grave e profunda. Cada
nivel de comprometimento necessitara de urn atendimento e trabalho especificos.
Eo importante colocar a definic;ao de deficiencia mental da AAMD -
Associa<;ao Americana de Defici€mcia Mental, que e de Grossman:
A deficibncin mental refere-se 80 funcionamento inteledual garalsignificativamente abaixo da media, que coexiste com falhas docomportamento adaptador e se manifesta durante 0 periodo dedesenvolvimento (spud KIRK&GALLAGHER, 1996, p. 121).
38
Portanto, urna caracteristica importante dessa deficiencia e 0
comportamento adaptatiY04, anteriormente nao considerado em Qutras defini~oes. 0
comportamento adaptativo indica a possibilidade do individuo em ser treini:IVel au
nao, tendo diversos niveis de adapta980 e treinamento.
Aqui, vale a caracterizacao mais ampla e geral dos deficientes mentais,
tendO-S8 em consideragao os aspectos intelectual, educacional, emocional e social,
de acordo com a quadro logo abaixo.
QUADRO 6 - CARACTERisTICAS - DEFICIENCIA MENTALIntelectual Dificuldade acentuada de memoria
Educacional Dispersao, desenvolvimento motor abaixo da media, de 2 a 5series de atraso em rela<;ao a idade - serie.
Emocional Instavel, algumas vezes 8gressivD.Social Dificuldade com relacionamentos interpessoais.
Fonle. KIRK&GALLAGHER, 1996
Lembrando que, assim como todas as outras deficiencias, nao ha uma
caracteristica (mica e inflexivel. A cultura, ambiente e estimulayao influenciam mUlto
a perfil do individuo com necessidades especiais, assim como as recursos utilizados
no seu processo de ensino - aprendizagem.
Considerando·se as diferentes perspectivas - politicas publicas, alterac;ao
curricular, entre outras; a que se refere as tecnologias necessita de urn
esclarecimento especial, devido as particularidades de sua influencia e destaque no
processo inclusivo.
~0 Icrnl() C'Ompon~meJ1IOlId:\putlivo e tradlll:ido conl() (omporta1nellto "da.ptluior em Kirk&G0111a.gher.
39
3.3 TECNOLOGIAS
Sabre as tecnologias, diz-se que essas podem ter grande importancia no
processo inclusivo como facilitador do aprendizado dos ANEEs. Conforme afirmam
Damasceno e Filho, ·0 acesso aos recursos oferecidos pel a sociedade, escola,
tecnologias, etc., influenciam determinantemente nos processos de aprendizagem
da pessoa" (2005, p. 01), se adequadamente escolhidas e utilizadas.
Urn exemplo pratico e a utilizayao de programas de troca de mensagens
instantaneas na internet, como via de comunicac;ao eficaz entre alunos, professores
e alunos deficientes auditivos. Porern, a utilizayao das tecnologias em geral e ainda
pauec difundida em nosso pais. Sendo assim, esclarece-se alguns termos comuns
no mundo inclusivo: tecnologias assistivas (TAs) e tecnologias de informa98o e
comunica<;iio (TICs).
Quanta ao primeiro conceito, cabe aqui urn esclarecimento e diferenciac;ao.
Com base nos conceilos de King (1999, p. 13) e Damasceno e Filho (2005, p. 02) as
TAs sao recursos ou suportes que atendam a um propOsito especifico no
atendimento de individuos deficientes ou com necessidades especiais, possibilitando
maior autonomia e inclusao social, como livros em braile, cadeiras de roda, teclados
modificados, speakers5, entre outros.
As tecnologias de informa<;iio e comunica<;iio (TICs) sao consideradas
instrumentos culturais, sendo utilizadas como meios de interac;ao e inclusao social.
Assim, as tecnologias (TICs ou TAs) nao sao mais consideradas meras ferramentas
que desempenham uma au mais tarefas, mas precisam ser vistas como meios que
, Spca/i:crs: IIlto-fllllllte au caixa de som utilizadill como um ••T A p;trJ. It comunic!\~o.
40
podem promover 0 bern viver de todas, principalmente de pessoas com algum tipo
de limite fisico ou mental.
Sobre 0 usa das tecnologias, Damasceno e Filho (2005), apresentam uma
caracteristica muito importante: as diferentes maneiras de usa das TICs como
tecnologias assistivas. Nessa observayao, as pesquisadores propuseram as
seguintes categorias:
1. As TICs como sistema., auxiliares au pr6tese para a comunicayao2. As TICs utitizadas pare controle do ambienle3. As TICs como ferramentas ou ambientes de aprendizagem4.As TICs como meio de inseryAo no muncie do trabalho profissional(DAMASCENO&FILHO, 2005, p. 03)
Essa mesda de diferentes tecnologias pode promover a inseryao do
indivfduo com necessidades especiais, e 0 que Damascene e Filho chamam de
recursos de acessibilidade. Desmembrando as t6picos aeima, tern-S8 como primeira
categoria, a promoyao da autonomia e comunica98.0 pela comunicac;ao, uma das
areas com maiores resultados. Utilizando-se softwares de troca de mensagens, e-
mails e tambem softwares mais espedficos para a leitura de textos, como urn meio
de comunica~o entre pessoas, que anteriormente nao conseguiam se comunicar
com sua propria fala ou escrita. A segunda categoria refere-se a utilizac;ao de
comandos com ou sem uso de voz para controle de aparelhos domesticos e Qutras
taretas de uso diiuio, possibilitando maior independencia aos ANEEs. Na terceira
categoria, TICs como ambientes de aprendizagem, as tecnologias podem possibilitar
aos ANEEs a constru~iio de ambientes de aprendizado atraves dos computadores,
internet e outras redes e softwares. Finalmente, a quarta categoria que se refere ainseryao no mundo do trabalho, muitas pessoas podem se tornar economicamente
produtivas e alcanc;ar sua cidadania, atraves de recursos tecnologicos, que
promovam sua independencia.
~I
Assim, se as tecnologias forem vistas e usadas como recursos de
acessibilidade tanto pelos deficientes, como lambem per alunos excluidos
socialmente, a sua contribui~o para urna educayao inclusiva poderia ser um
diferencial, urna vez que sao muitas as possibilidades de uso. Mas e necessaria que
os professores e pedagogos as conheyam e saibam como usa-las, alem de terem
projetos para sua utiliza<;ao, como se verifica em Schlunzen:
Logo, pude verificar que e passive! melhorar 0 processo de ensino-aprendizagem de crianyas com necessidades especials fisicas, as quaisconslruiram conhecimento, aprenderam de forma contextualizada esignific.aliva. 0 computador foi 0 polencializador de suas habflidades, 0
curricula foi ronstruido durante as abvidades desenvolvidas, houvemudarn;as na pnllica pedag6gica do professor e nns rela<;:6escom os pais,entre outros resultados expreuivos (SCHLONZEN apud MEG/SEED,2005, p. 83).
A fun9iio dos supertes tecnol6gicos e propiciar um ambiente de
aprendizagem e intera9ao dos ANEEs com seus colegas, professores, familia e
comunidade em geral, porem para que isso ac~rra, e impartante a divulgac;:aoe
disseminayaa do usa desses supartes nas instituic;:6esde ensino. Mais uma vez, a
participa9ao do pedagogo no processo de constru9ao de conhecimento, aceita9iio,
usa e adequa9iio desses suportes, na pratica pedagogica desde a educa9ao infantil
ate a educac;.aosuperior, se faz necessaria para a inclusao social de seus alunos.
42
4 INCLUSAO NA EDUCA<;:AO SUPERIOR
Como forma de aprofundamento do tema inelusao, fez-sa urn levantamento
de dados e impressoes sabre a pratica inclusiva na educa~o superior, em especial
no curso de Pedagogia. Essa o~o deu-se pela importancia do pedagogo na
promcx;:ao do ensina inclusiva no ensina regular.
A inelusao s6 S8 efetivara quando esse processo se tamar habitual e
comum, portanto, S8 houver uma cultura inclusiva que nortei8 a prcltica inclusiva de
sucesso, ja na formayao inieia! do pedagogo, ele S8 tarnara urn profissional com urn
repertorio pratico da inelusao, atraves da sua vivencia como aluno da graduayao em
urn ambiente inclusiva.
Essa experiencia contribuira com a vivencia de possiveis dificuldades, de
superagoes, metodologias alternativas e 0 convivio social com a diversidade.
Oiante desse contexto, a pesquisa focou seu estudo nos desafios da
inclusao para os professores da gradua<;3o, que sao os maiores envolvidos no
processo te6rico - pnitico de aprendizado dos alunos do curso de Pedagogia.
Sendo assim, a pesquisa foi feita a partir de uma perspectiva
fenomenol6gica-hermeneutica. A perspectiva fenomenologica busca compreender a
fen6meno a partir de depoimentos ou entrevistas.que tem como principais aspectos
a intersubjetividade, intencionalidade, interacionalidade e a comunica<;8o. A
intersubjetividade esta presente no processo pel a troca de informac;6es e
conhecimento entre as pessoas envolvidas na pesquisa - professores e
pesquisadora. 0 carater intencional constitui a natureza desse estudo, uma vez que
o tema surgiu do interesse da pesquisadora, que engloba os aspectos seguintes:
interacionalidade e comunica<;8o.
43
No caso deste estudo, foram utilizados como instrumentos de coleta: urn
questionario, que foram distribuidos aos professores do curso de Pedagogia para
melhor ilustrar 0 perfil desses profrssionais, a ideia que fazem sobre 0 tema inclusao
e quais as principais dificuldades com a inclusao em sua pratica diaria; urna
entrevista (conversa a partir de urn roteiro de perguntas, sendo todas discutidas) e
urn depoimento (conversa sobre os principais temas da entrel/ista) complementar
aos questionarios.
Nos relatas em depoimento e na entrel/ista, as principais ideias sobre 0
assunto e eixos tematicos emergiram, a partir dos quais, definiram-se algumas
categorias: formagao do professor da graduagao, perfil do ANEE e fungao da
universidade. Contudo, foram acrescidos as levantamentos dos questionarios como
forma de definir urnpouco mais a cenario da inclusao no curso de Pedagogia.
Todo 0 processo de pesquisa foi realizado com professores do ultimo ano do
curso de Pedagogia de uma IES!5 no Paranacom turmas inclusivas. Essa escolha
deu·se pelo interesse sabre a formag80 inicial do pedagogo abordando a inclusao.
Sendo assim, a perspectiva do professor da graduagao no lJltimo ana sabre 0 perfil
desses alunos, tanto ANEEs, como alunos regulares, e muito rica, per sua
convivencia de alguns anos e seu processo de trabalho, no decorrer do curso com
esses alunos, paden do entao, descrever melhor em seus relatos, as dificuldades
encontradas no processo inclusivo e as principais caracteristicas dos alunos e das
salas inclusivas.
, IES: hl"ilui\~lo de EduclS\,.l10 Superior
44
4.1 FORMAyAO DO PROFESSOR DA GRADUAyAO
Foram distribuidos 12 questionarios aos professores do ultimo ana da
graduayao. Destes, 8 foram devolvidos, tabulados e suas respostas analisadas e
posteriormente cruzadas com aquelas obtidas durante as entrevistas. Urn dos
pontcs mais ressaltados, na entrevista enos questionarios, e a falta de prepare que
as professores da gradu8<;ao dizem ter para trabalhar com a inclusao. Para urn
retrato melhor sobre 0 perfil do professor da gradua~o, e interessante a
observal'iio de alguns aspectos de sua forma~iio: formal'iio inicial, capacita~iio e
cursos na p6s·gradu8<;Bo.
GRAFleO 1: AREA DE FORMAyAO NA GRADUAyAO - 2006
14 ,--------------------------------------------------,
12
10
PedagogiB Lei •.•• Olmcias S~~O Sociii!l FHosDfia Total
Fonte: Dados colelados direlamente pe!a pesquisadora
o primeiro aspecto analisado foi a forma980 inicial destes professores.
Como representado no grafico 1, a maloria dos professores tern sua formayao inicial
em Pedagogia e em alguma licenciatura. Um dado interessante e que 3 dos 8
professores entrevistados possuem mais de uma gradua98a em seu curricula, e
-15
essa segunda gradua,ao, em todos os cases, esta dentro da area de Educa,ao,
sendo essa area representada por 84% das gradua90es. Em relato, 0 professor
entrevistado diz nao ter tido em nenhuma de suas graduayoes, alguma disciplina
vinculada a inclusao.
Outro ponto interessante, que compoe a forma,ao do professor da
gradua980 e seu trabalho como mestre. 0 grafico 2, abaixD, mostra que 6
professores possuem 0 mestrado concluido, representando 75% do corpo docente
do ultma ana e composto par mestres, portanto, esses profissionais possuem um
aprofundarnento de estudos em sua area de formayao.
GRAFleO 2: PROFESSORES QUE POSSUEM MESTRADO - 2006
Fonte: Dados coIetsdolO dire\'ament13 pala pesquisadora
Oesses professores com mestrado, 5 direcionaram seus estudos para a area
da Educa9ao. representando 84% dos mestres, confonne 0 resultado dos dados a
seguir.
GRAFICO 3: CAMPO DE FORMACAO NO MESTRADO - 2006
Ouiros Nilo Respondido$
46
TotalEducaJ;ao Gestao
Fonte: Oados colelados diretamenle pela pesquisadora
Ale esse ponto, pode-se tra9ar 0 seguinte perfil do professor do curso de
Pedagogia: forma9ao inicial como licenciado e continuidade de seus estudos na area
de educa9iio durante 0 mestrado. Ainda sobre a forma9iio, foi perguntado a todos os
professores S8 eles possuem doutorado. 0 resultado mostrou que apenas um
professor possui 0 grau de doutor, porem 2 professores estao cursando. Sendo
assim, em poueD tempo 0 quadro de doutores aumentara de 1 para 3 professores
doutores, ou em porcentagem de 13% para 38%, conforme grafico 4 abaixo.
GRAFICO 4: PROFESSORES QUE POSSUEM DOUTORADO - 2006
N'o Cursando NaoRespondidosSim
Fonte: Oados coletados diretamenle peta pesquisadora
Total
47
de estudo, que e mostrado logo abaixo no grafico 5.
Em questao a forma~ao no doutorado, tambem foi perguntado 0 seu campo
GRAFICO 5: CAMPO DE FORMA~AO NO DOUTORADO - 2006~~- -- ~ -~--,! : a l
Fonte: Dados coletados diretamente pela pesquisadora
Total
E 0 resultado mostrou que todos os professores - doutor (1) e os
doutorandos (2) continuaram a aprofundar seus estudos na area da educa~ao.
Portanto, as professores do ultimo ana do curso de Pedagogia da IES pesquisada
tem sua forma~ao inicial na area da educa~ao - curso de Pedagogia e outras
e as doutorandos continuam seus estudos na educac;ao.
licenciaturas, e mestre com campo de estudos em educ8yao, e finalmente, 0 dautor
Mesma assim, esses profissionais se dizem povca preparados para 0
trabalho com a inclusao. Sendo assim, fo; perguntado se receberam algum tipo de
capacitayao au treinamento na instituivao de ens ina em que atuam para 0 trabalho
com os ANEEs. Dos 8 questionarios respondidos, todos afirmaram ter recebido
alguma capacitayao. Ja 0 professor entrevistado diz que 0 treinamento englobou
apenas a defini~ao de ANEE e de algumas deficiencias em forma de oficina. Neste
48
treinamento tiveram pauca informa~o sabre 0 usa dos recursos tecnol6gicos, uma
vez que contribui para 0 cenario de usa dos recursos tecnol6gicos na gradua980.
GRAFICO 6: FAZ usa DE RECURSOS TECNOLOGICOS - 2006
,,,,Fonte: Dado! coIetados diretamente pels pesqui$8dora
1550 refiete na utiliz8980 desses recursos no auxilio do ensina inclusivD, que
mesma a maiaria de 6 professores dizerem que utilizam algum recurso tecnol6gico,
conforme a grafico logo aeirna. Complementarmente, 0 grafico 7 mostra que apenas
a metade dos professores ja teve algum tipo de cantata com as tecnologias
assistivas, aspeeto bastante enfatizado pelos relatos eolhidos. As teenologias
assistivas ainda sao pouco divulgadas e utilizadas no meio educacional.
GRAFICO 7: JA TEVE CONTATO COM AS TAs? - 2006
1;-]-
~ TQ/al
Fonte: Oados coletados diretarnenle pela pesquisadora
49
Nesse panorama, tem-se professores que utilizam apenas as recursos
tecnol6gicos como urn meio de comunicac;ao, e naD como "urn recurso de
acessibilidade e autonomia do ANEE" (DAMASCENO&FILHO, 2000), mostrado pelo
tipo de recurso utilizado como mostra a grafico 8. Faz-s8 necessaria ressaltar que
urn mesma professor pode utilizar mais de urn tipo de recurso, 0 que e demon strada
no total de recursos (15), maior que 0 total de questionarios respondidos (8),
GRAFICO 8: TIPO DE RECURSO UTILIZADO - 2006
16 ,- --c
14 ~------~----- --~~- --- - ~
12 J-----------10 t------------.--- ---- -- -- --.--.
Fonte: Oad05 coletados diretamente pela pe:squisadora
De acorda com a levantamento dos dadas, apenas 1 dos profissionais,
utilizam as recursos tecnol6gicos como uma tecnologia assistiva. Outro ponto de
reflexllo e a usa frequente da TV, urn recurso pauec adequado, considerando-se que
a maieria dos professores tern urn deficiente auditiv~ como aluno, mas a maio ria
utiliza algumas combinac;6es com internet, tv e datashow em sala de aula, porem
sao utilizadas apenas como recursos pedag6gicos.
50
4.2 PERFIL DO ANEE
Nesta categoria, e interessante apresentar novamente a definiyao utilizada
de ANEE.
Apresentam, durante 0 processo educacional, dificuldades acentuadas deaprendizagem que podem ssr: nao vincu!adas a uma causa organica9specifica ou relacionadas a condi¢es, disfun¢es, limita¢es oudeficibncias, abrangendo dificuldades de comunica~o e sinaliza9A<>diferenciadas dos demais alunes, bern como altas habilidadeslsuperdotayao(SEESPIMEC, 2005)
A partir da compreensao deste conceito, foram question ados quais sao os
tipas de defrciencia as professores tiveram cantato.
GRAFICO 9: TIPOS DE DEFICIENCIA DE SEUS ALUNOS - 2006~1--141111.
11
Auditiw Visual PC Quiros- -- Aulismo
Fonte; Dado! coletados diretamente pela pesquisadora
Para a analise deste grafico, e interessante esclarecer que, foram 8
professores a responderem as questionarios, e destes, a maioria atua em mais de
uma turma inclusiva, portanta, tiveram cantata com mais de um tipa de deficiencia, 0
que explica um total de 11. Mesmo assim, a defrci~ncia auditiva oj a mais freqOente,
tendencia confrrmada na entrevista e no depoimento recolhidos.
51
Como forma de aprofundar 0 tema, foi questionado em entrevista, de todas
as defrciEmcias com que ja teve cantata, qual a que leve maior dificuldade em lidar.
Tanto 0 depoimento, quanta a entrevista confirmam a abservayao de
KIRK&GALLAGHER (1996), de que a deficiencia auditiva e a mais dificil de lidar, por
seus padroes de comportamento e formas de rea~ao. Em depoimento, um dos
professores aponta que seu aluno exige que ele viva au atue em sua func;ao. Esse
comportamento, tambem e previsto, palo aspecto egocentrico do perfil de
desenvolvimento dessa deficiencia
Como forma de mapear as principals dificuldades na inclusao mars
profundamente, alem de levantar quais as principais dificuldades, buscou-se levantar
qual 0 entendimento desses professores sobre 0 que e inclusao.
Para definir 0 que e incluseo, foram propostas 3 defini~oes para que se
atribuisse valores de 1 a 3 para classifica-Ias de menos apropriada (3), apropriada
(2) e mais apropriada (1). As defini~oes foram:
a) E a acomodayao dos alunos deficientes nas turmas regulares de ens ina.
b) Eo a adequa~ao do ambiente para 0 recebimento do aluno deficiente.
c) E a integray80 dos alunos deficientes ao ambiente escolar - fisicamente
e metodologicamente.
De todas as defini¢es nenhuma contempla a defini~o proposta pela
SEESP/MEC, que e a de atender todos os alunos com qualquer tipo de necessidade
educativa especial em salas de aula.
o grafico 10, abaixo mostra que, a defini~o de que a inclusao seja a
acomodac;ao dos alunos deficientes nas turmas regulares de ensino, foi a
considerada mais adequada pela maioria dos professores. Poram, a maioria
52
acrescentou em suas considera90es que os aspectos socia is, ambientais e
cognitivos, deveriam estar presentes no trabalho inclusivo.
GR.A.FICO 10: COMPREENSAo SOBRE 0 TERMO INCLUsAo - 2006I-
I : j, 6-
I 5
1 4
I 3-
I 211', __I 0 ~ Valor 1 .2" Valor 11.1 3"
L_ .::en~ ~ .-:nt~a ~ ~entenva_Fonte: Dedos coletados diretamente pela pesquisadora
Valor 2 a 3"'senl.en<;a
Valor 2 a 2'
-,
-----
IiII1
I,
IValor 3 a 1- )
_~sente~ _I
Complementarmente, 0 profissional entrevistado, acrescentou que a inclusao
na EducaryaoSuperior precisa contemplar e trabalhar a formaryaoprofissional desse
aluno para a sua inser9ao no mercado de trabalho.
Quanta as dificuldades mais freqQentes no trabalho com as ANEEs, as
professores destacam mais profundamente 3 itens.
53
GRAFICO 11: MAIO RES DIFICULDADES COM A INCLUSAO - 2006
'.5
j•353
2.5
1.~ _
0510-
Fonte: Dados colelados dlrelamente pela pesquisadorn
A participa9iio do aluno, avalia9iio e adequa~ao metodologica sao as
majores dificuldades encontradas pelos professores da gradua<;8o com a inclusao.
Ambos as professores, em depoimento e entrevistado, apontam a
participayao do aluno como maior dificuldade. Eres descrevem 0 comportamento de
seu ANEE - deficiente auditiv~ - como disperso e sem interesse.
Estes aspectos poderiam ser amenizados S8 a forma<;ao dos profissionais
contemplasse maiores estudos sabre as recvrsos tecno16gicos e sabre informa<;oes
do perfil de desenvolvimento das deficilmcias e as passlveis estrategias de ensina.
Finalmente, os dados e depoimentos demonstram que as profissionais,
muitos com a formac;ao em pedagogia, com continuidade de estudos no mestrado,
nao conseguem atender plena mente as necessidades dos ANEEs, provavelmente,
por nao conhecerem mais profundamente as caracteristicas principais desses
alunos, algumas estrategias de ensino - com a utilizayao de recursos tecnol6gicos,
por exemplo.
54
4.3 FUNc;:Ao DA UNIVERSIDADE
Como j<i definido anteriormente por Cortelazzo (2005), a universidade tem
por fun~o principal preparar 0 aluno para 0 mercado de trabalho atraves do
conhecimento sistematizado.
Sendo apontado pelos professores, uma grande dificuldade em atender as
necessidades dos ANEEs para que ocorra 0 processo de ensino-aprendizagem,
denota-s8 maior dificuldade ainda para prepara-Io para sua vida profissionaL
Outro ponto levantado pelos dados recolhidos e a falha no curso de
pedagogia e tambem, nas licenciaturas, sabre 0 ensina inciusivD, uma vez que a
maieria dos professores de graduac;ao tern sua formayao inicial nesses cursos. E
tambem, traz 0 pauec interesse desses profissionais em estender seus estudos
sabre a inclusao, uma vez que todos continuaram seus estudos, e mesma assim
dizem conhecer pouco sabre 0 tema.
E finalmente, sendo 0 curso de pedagogia destinado aos estudos e
produc;ao cientifica nas areas de docencia, gestao e pesquisa, fica a lacuna sabre a
discussao e trabalho sobre 0 tema ainda hOje, uma decada ap6s a decisao de
favorecer a inclusao dos alunos com necessidades especiais no en sino regular.
55
5 CONSIDERA<;:OES FINAlS
E fatc que a inclusao e uma area ainda poueD discutida, vivenciada, e muitas
vezes mal interpretada pelas refer€!ncias externas a nossa cultum, que nem sempre
refletem nassas necessidades e perspectivas.
Este trabalho teve como objetivo, levantar quais sao os principais desafios e
as maiores dificuldades dos professores do curso de Pedagogia para a inclusao de
seus ANEEs na Educayao Superior. Para issa, foram apJicados questionarios com
todos as professores do ultimo ano deste curse, feita uma entrevista, e um
depoimento, como meio de caracterizar a ideia que os professores tern sabre a
inclusao, qual 0 conhecimento deles sabre 0 tema, e principal mente os maiores
entraves no convivio e na forma9Bo dos alunos com necessidades educativas
especiais.
A analise dos dados apontou tres grandes dificuldades: adequal'80
metodol6gica, adequa,ao da avalia,ao, e a participal'ao do ANEE, sendo esta ultima
a mais citada nos relatos col hid os. A revisao bibliografica aponta diversas
estrategias para contornar e solucionar os provaveis problemas pedagogicos, como
a avaliat;ao, curriculo e metodologia empregados na forma<;8,o do ANEE, porem,
uma das grandes dificuldades e a inadequal'ao dessas obras a realidade da
educa<;ao brasileira, uma vez que os autores em sua maioria sao estrangeiros. Outra
inadequa<;ao ocasionada pel a falta de conhecimento do cenario brasileiro nessas
obras e 8 caracteriZ8<;8,O do perfil de desenvolvimento dos deficientes. Kirk e
Gallagher (1996), em seu livro, colocam que a deficiente muitas vezes nao aceita
8juda, e ate mesma se sente humilhado pela interferencia de outras pessoas em
suas a<;6es. Esse relata reflete questoes culturais dessas pessoas, que nem sempre
56
estao presentes em na cultura brasileira. Portanto, as referencias (bibliog,,;ficas,
eletronicas, etc) sobre 0 assunto sao em grande numero de autores estrangeiros,
relatando estudos de uma Dutra cultura que nao a nossa.
Urn segundo ponto bastante significativo apontado pelos dados, foi 0 alto
indice de professores com formayao em Pedagogia, com mestrado na area de
Educagao, e mesmo assim, se dizerem inaptos ao trabalho com os ANEEs. Esse
fata permite diversas reflex6es. A primeira delas e a de que 0 curso de Pedagogia
ainda esta em debito com a formayao de seus alunos na area de inclusao, isso
devida em muito a falta de formac;ao de seus professores no assunto, uma vez que
S8 os professores da graduayao tivessem conhecimento e vivencia com a inclusao,
isso S8 refletiria em sua pratica pedagogica, e entae teriamos aulas de hist6ria da
educac;:ao com reflexoes sabre 0 pensamento inciusivD, ou entao, aulas sabre a
sociologia da educaC;:8o envolvendc as aspectos das politicas inciusivas na
sociedade, e assim por diante.
E uma ultima reflexao seria que mesmo os professores tendo participado de
uma capacita9ao, de terem continuado seus estudos com Mestrado e Doutorado,
eles nao tern um conhecimento mais profundo sobre a inclusao, suas estrategias,
recursos e reflexoes. Isso indica, que a inclusao nao tern sido a o~~o de muitos
professores em sua continuidade de estudos e que 0 trabalho de capacita9'io esta
sendo ineficaz ou insuficiente as demandas complexas do ensino inclusivo.
Diante dessa realidade, professores que tornam para si toda a
responsabilidade pelo sucesso da inclusao, constata que a falta de forma9ao no
assunto, e poHticas publicas feitas dentro de gabinetes sem qualquer reflexao sobre
a realidade e possibilidades das institui90es de educa9'io brasileiras, contribui para
mascarar 0 real cenario da inclusao na educac;ao e na sociedade.
57
Contudo, todos os professores envolvidos neste processo de pesquisa,
relata ram que a inclusao engrandece muito suas vidas, nao 56 profissional como
pessoal, com as reflex6es que essa pratica requer deles. Dentre algumas das
reflex6es relatadas duas sao rnais frequentes: a aprendizado com a conviv~ncia e
veneer os desafios. Esses relatos trazem urn movimento muito interessante. 0
aprendizado com a convivencia implica em: conviver primeiramente para entao
aprender com; e veneer desafios. E precise conhecer os desafios para entaD agir
sabre eles, como forma de supera-Ios. Esse movimento de 8<;80 - rea<.;Bo e
avalia9iio do resultado, foi prescrito muito tempo antes de qualquer autor citado
anteriormente, Paulo Freire (1996) em seus estudos, proplie que 0 professor precisa
refletir sabre sua pratica, sendo entaD necessaria 0 movimento de agir, pensar e
repensar sua pratica, para que 0 ensina evolua ao inves de ficar estagnado. Freire
(1996) tambem destaca a importancia da autonomia de alunos e professores.
Pensanda nos professores, essa autonomia se da na liberdade de reflexao de sua
realidade, nao tendo que seguir algum manual que nao 0 auxilie em suas
necessidades, sem qualquer vinculo com 0 cenario em que a institui9ao, professor e
aluno estao inseridos. Essa reflexao sabre a sua propria pratica e que fara com que
todos busquem, com sucesso, superar seus limites.
Este estudo n~o responde a todas as perguntas desta pesquisadora sobre 0
sucesso da forma980 e da inclusao, pais um ponto nao fo; analisado ainda. Faz-se
necessaria um esfon;:o de todos para 0 estudo das dificuldades dos alunos
envolvidos neste processo, n§o s6 as ANEEs, mas tambem seus colegas de sala de
aula, que por muitas vezes poderiam cantribuir com algumas dificuldades.
Para melhor entender a inclusao em qualquer instituiyao de educal'ao
brasileira, faz-se necessaria ouvir aos professores, verificar suas fontes de estudo, e
58
ouvir aos alunos, para 56 entaD conseguir trac;ar urn cenario mais fiel da inclusao na
educa<;ao. Com as principais pontos levantados de ambos as ladas, e que poden3
entaD, pensar e repensar essa pratica para superar seus desafios complexos e
muito particulares.
59
REFERENCIAS
BRASIL, Decreta n° 3.860, de 9 de JUl/l0 de 2001. Dispoe sobre a organiza9ao do
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60
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62
APENDICES
Apendice 01: 04 - Ouestionario Professores Inclusao IES
Este formufario e parte da pesquisa do trabalho de conc/usl§o de curso sabre InduslJo. Seuobjetivo e co/etaf dados dos professores do curso de Pedagogia sabre: incluslJo, pn'ncipaisproblemas, dificuldades, contribuh;Oes, tecn%gias - infonnac;lJo e assistivas, e metodo/ogia.Se a/guma questao nlJo se adequar a sua praticalexperiencia nlJo preencha, anole apenasNIA
1.ldade 2. ( )Masculino ( )Feminino Data: _,_, __
3. Qual sua formac;ao universitaria?( ) Pedagogia () Letras ( ) Ciencias( ) Educa,ao Fisica ( ) Servi<;;o Social (( ) Outros _
( ) Histeria) Administra~ao
) Matematica( )Artes
4. Tem Mestrado?( ) Nao () Sim ( ) CursandoSe sim, qual 0 campo?( ) Educa,ao ( ) Educa,ao Especial () Gestao () Artes () HisteriaTema: _
5. Tem Doutorado?( ) Nao () Sim ( ) CursandoSe sim, qual 0 campo?( ) Educa,ao ( ) Educa,ao Especial () Gestao () Artes () HisteriaTema: _
6. Em qual(quais) ano(s) do curso de Pedagogia atua?( ) 1° () 2° ( ) 3° () 4° ( ) Todos
7. Passui alguma turma inclusiva (com algum aluno com necessidades educativasespeciais)?( ) Sim ( ) Nao
8. Se sim, qual tipo de deficiencia:( ) Auditiva ( ) Visual ( ) Sindrome de Down () Autismo () Disturbios Emocionais ( ) Outros (
) Paralisia Cerebral) Nao sei
9. Voce recebeu algum tipo de capacita,ao para receber esses estudantes?( ) Sim ()Nao Se sim, de que tipo _
63
10. Qual a contribuic;ao dessa capacitac;ao na sua pratica profissional?
11. Em sua pratica profissional, voce faz usa de algum tipo de tecnologia paramelhor atender esse aluno?( ) Nao ( ) Sim
12. Se sim, qual?( ) Internet ( ) TV( ) Transparencias (
( ) Videos) Datashow
( ) Musica) Outros _
) Tecnologias Assistivas
13. Ja teve algum contato com alguma Tecnologia Assistiva (por exemplo, aparelhospara melhor comunicat;8o, deslocamento e aprendizado do aluno com algum tipo dedeficiencia, tais como: cadeiras de roda, programas leitores de textc, etc)?( ) Sim ( ) NaoSe sim, quais?
14. Qual a importfmcia das tecnologias na sua pratica pedagogica com essesalunos?
15. Atribua valores para cada uma das definic;6es de Inclusao: 1- mais apropriada; 2-apropriada; 3- pouco apropriada.( ) E a acomoda9ao dos alunos deficientes nas turma regulares de ensina( ) E a adequac;ao do ambiente para 0 recebimento do aluno deficiente.( ) to a integrac;ao dos alunos deficientes ao ambiente escolar - fisicamente e
metodologicamente.16.0 que voce acha que falta nas definic;6es acima para a Educac;ao Inclusiva ?
17. Quais foram as maiores dificuldades encontradas na sua pratica pedagogicacom turmas inclusivas?( ) AdequaC;ao metodologica ( ) Aceitac;ao da turma ( ) Avaliac;ao( ) Ritmo ( ) Escrita ( ) Comportamento ( ) Participac;ao do aluno)Outros _
18. Como voce resolveu essas dificuldades?
19. E as que nao fcram resolvidas, por qu~ nao foram?
20. Qual foi a maior contribui9<3o da Inclusao para sua pratica profissional?
65
Apendice 02: Roteiro de entrevista de Professores do 4° ano do curso de Pedagogiacom turmas inclusivas
1. Qual a disciplina que ministra: .,--;:;-.,-_.,- _2. A quanto tempo oj professora no curso de Pedagogia: _3. 0 que oj educa9ao inclusiva para voce:4. Quantas turmas com inclusao ja teve::-:-,-::-::-=,- _5. Qual au quais as deficiemcias que ja teve contato: _
6. Qual delas teve mais dificuldade em lidar e por que: _
7. Como resolveu OU S8 conseguiu resolver?
8. Quais as principais caracterrsticas dos ANEE em 5ala: _
9. Quais as diferen9"s metodologicas para 0 trabalho em uma salainclusiva: _
10. E a tecnologia, qual sua fun9iio, contribui9ao e frequencia de lIso: _
11. Que tipo de forma9iio e informa90es recebeu para 0 trabalho com os ANEE:
12. Qual 0 impacto sofrido quando leve 0 primeiro aluno com alguma necessidadeespecial em sua turma: _
13.0 que faltou quando iniciou a trabalho com as ANEE: _
14. Qual a maior contribui9iio da politica de inclusao no curso de Pedagogia: