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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE GEOGRAFIA BACHARELADO EM GEOGRAFIA MARCELO PEREIRA DE MELO DESAFIOS PARA A MANUTENÇÃO DA FEIRA DA AGRICULTURA FAMILIAR EM UBERLÂNDIA (MG) Uberlândia (MG) 2015

DESAFIOS PARA A MANUTENÇÃO DA FEIRA DA … · curso, além de muitas noites em claro, trocando fraldas, fazendo mamadeiras ou até mesmo dormindo sentado de tão cansado em frente

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE GEOGRAFIA

BACHARELADO EM GEOGRAFIA

MARCELO PEREIRA DE MELO

DESAFIOS PARA A MANUTENÇÃO DA FEIRA

DA AGRICULTURA FAMILIAR EM UBERLÂNDIA

(MG)

Uberlândia (MG)

2015

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MARCELO PEREIRA DE MELO

DESAFIOS PARA A MANUTENÇÃO DA FEIRA

DA AGRICULTURA FAMILIAR EM UBERLÂNDIA (MG)

Monografia apresentada como requisito final

para obtenção do título de bacharel em

Geografia do instituto de Geografia da

Universidade Federal de Uberlândia.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Cervo Chelotti.

UBERLÂNDIA

2015

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MARCELO PEREIRA DE MELO

DESAFIOS PARA A MANUTENÇÃO DA FEIRA DA AGRICULTURA FAMILIAR EM

UBERLÂNDIA (MG)

Banca Examinadora:

______________________________

Prof. Dr. Marcelo Cervo Chelotti - UFU

(Orientador)

_______________________________

Prof. Dr. João Cleps Júnior – UFU

(Membro examinador)

______________________________

Prof. Dr. Willian Ferreira – UFU

(Membro examinador)

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“Nunca deixe alguém dizer que você não pode

fazer alguma coisa. Se você tem um sonho, tem

que correr atrás dele até alcança-lo. As pessoas

que não conseguem vencer e desanimam pelo

caminho, dizem que você também não vai vencer.

Se quiser algo de verdade, corre atrás, pois a pior

barreira para o sucesso é colocada por nós

mesmos”.

(Will Smith, filme “A Procura da Felicidade”).

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida a mim concedido, aos meus pais, Sebastião e

Andrezina, que me deram educação simples, mas que foi fundamental para fortalecer a base

da minha jornada na universidade e em vários momentos de dificuldade, ansiedade e

desanimo, e pela força e dedicação que adquiri nesta caminhada e na esperança de alcançar os

meus sonhos.

Aos meus irmãos que mesmo não tendo cursos superiores puderam de alguma forma

me incentivar em busca do meu tão sonhado diploma.

A minha esposa Izabella que me ajudou nesta jornada, que de uma forma ou outra

conseguiu segurar os diversos problemas do dia-a-dia junto comigo.

Aos meus filhos muito amados Julia, Pedro e Davi que incentivaram muito a seguir

em frente, mesmo estando cansado do trabalho e dos incessantes esforços para terminar o

curso, além de muitas noites em claro, trocando fraldas, fazendo mamadeiras ou até mesmo

dormindo sentado de tão cansado em frente ao computador, mais todo este esforço valeu

muito a pena.

Aos meus colegas de sala e principalmente os meus colegas de trabalhos acadêmicos,

Daniela Afonso, Loren Evellin, Igor Antônio, Dércio Ronieri, Lidiane Aparecida, Kathlleen

Terra, Fabiana Victor, dentre outros, que me ajudaram muito na conclusão dos meus

trabalhos, e que não me deixaram desanimar nesta caminhada.

Ao meu orientador Prof. Dr. Marcelo Cervo Chelotti pela amizade confiança e

paciência além da compreensão, que foram de extrema importância para a realização

deste trabalho.

Ao meu amigo e grande mestre Prof. Dr. Tulio Barbosa que me ajudou muito no

decorrer do curso.

E por fim obrigado a todos que de uma forma ou de outra contribuíram para dar

suporte na minha caminhada acadêmica até aqui, e acima de tudo agradecer pelo

entusiasmo e perseverança nesta longa caminhada que culminou na realização deste

trabalho e nos desafios que virão.

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RESUMO

Por meio do presente estudo busco contribuir para o debate sobre as transformações na Feira

da Agricultura Familiar e na realidade vivida pelos pequenos produtores rurais que trabalham

e lutam pelo seu reconhecimento como legítimos representantes da arte do saber e do fazer da

“roça” em meio a tantas mudanças que o meio rural vem sofrendo nos dias de hoje. Esta feira

é realizada em dois locais: Praça Cívica do Centro Administrativo Virgílio Galassi da

Prefeitura Municipal de Uberlândia todas as quartas-feiras, e na Praça Clarimundo Carneiro

no centro da cidade de Uberlândia, esta feira ocorre desde 1999, com isso apresentamos a

importância da mesma pelo tempo histórico e pelos elementos geográficos analisados.

Metodologicamente a elaboração deste trabalho foi realizada por meio de entrevistas com oito

feirantes, e com oito frequentadores e com isso foi possível compreender o dinamismo da

mesma pelos sujeitos envolvidos. Deste modo, contribuir para o fortalecimento e o

reconhecimento identitário da feira e dos seus produtores feirantes junto à comunidade. Este

trabalho sobre a realidade vivida pelos pequenos produtores rurais do Município de

Uberlândia tem como objetivo demonstrar as vivências com suas dificuldades e lutas para

conseguir produzir e vender seus produtos.

Palavras-chaves: Feira da Agricultura Familiar. Pequenos Produtores Rurais. Produtores

Feirantes. Frequentadores. Município de Uberlândia.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa indicando as datas e o movimento de expansão territorial da Europa

Ocidental realizado pelas cruzadas até a Terra Santa...............................................................14

Figura 2 - Mapa indicando o movimento de domínio dos novos territórios realizado pelas

quatro primeiras cruzadas mais importantes para o comércio na Europa Ocidental, e o

domínio territorial cristão e mulçumano deste período............................................................16

Figura 3 - Cidade de Lucca (Antiga Santa Gemma), Itália importante burgo de comércio no

Período Medieval......................................................................................................................17

Figura 4 - Cartaz de divulgação da feira até início de 2014....................................................25

Figura 5 - Cartaz do Segundo dia de Campo do (PAA) Programa de Aquisição de alimentos

de 2015......................................................................................................................................32

LISTA DE FOTOS

Foto 1 - Cartaz de divulgação da feira a partir do 2° Semestre de 2014..................................26

Foto 2 - Feira da Agricultura Familiar na Praça Cívica da Prefeitura de Uberlândia..............27

Foto 3 - Feira da Agricultura Familiar na Praça Clarimundo Carneiro no centro de

Uberlândia.................................................................................................................................28

Foto 4 - Cartaz sobre a Agricultura Familiar no Pavilhão da Agroindústria Familiar (FEMEC

2014) ........................................................................................................................................31

Foto 5/6 - Curral com ordenha com duas teteiras na propriedade do Senhor Vilmar Maciel

Diaz, 49 anos, e tanque de 1000 litros para resfriamento do leite, fornecido para o PAA.......34

Foto 7/8 - Fossa séptica implantada na propriedade do Senhor Vilmar Maciel Diaz, como

projeto piloto a ser implantado nas outras propriedades do Assentamento Luciano

Zapata........................................................................................................................................34

Foto 9/10 - Produção de verduras em sistema de mandala como sugestão de produção

sustentável para melhoria da produção nas pequenas propriedades rurais do Município de

Uberlândia.................................................................................................................................35

Foto 11 - Cartaz da 27ª Semana da Família Rural....................................................................37

Foto 12 - Sociabilização durante a 27ª Semana da Família Rural 2015...................................38

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Foto 13 - Galpão do DAD Diretoria de Abastecimento e Distribuição do PAA e PMAE em

Uberlândia.................................................................................................................................40

Foto 14/15 - Os alimentos distribuídos pelo DAD Diretoria de Abastecimento e Distribuição

para as escolas municipais de Uberlândia.................................................................................41

Foto 16 - Sede da propriedade dos feirantes A e B que está em reforma.................................42

Foto 17/18/19/20 - O curral com a ordenha, o tanque resfriador que armazena o leite, galinhas

caipiras e o chiqueiro com porcos para a produção de carne para o consumo..........................43

Foto 21 - Vista parcial da propriedade do Feirante C localizada no km 10 da Rodovia Pau

Furado primeira entrada a direita andar 3 km da terra, próxima à comunidade Tenda dos

Morenos....................................................................................................................................44

Foto 22 - Irrigação de hortaliças na prorpiedade do Feirante C...............................................44

Foto 23/24/25/26/27/28 - Hortaliças cultivadas durante o ano na propriedade do Feirante

C................................................................................................................................................45

Foto 29/30/31 - O curral, o tanque resfriador de leite, e a ordenha na propriedade dos feirantes

A e B.........................................................................................................................................49

Foto 32/33/34/35 - Comercialização de produtos do feirante D..............................................50

Foto 36/37/38 - Pesque e Pague para recreação de visitantes na propriedade dos feirantes F e

G................................................................................................................................................51

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - A idade dos Feirantes, se todos residem na propriedade, quantidade de filhos......46

Tabela 2 - Tamanho da propriedade e há quantos anos trabalha na feira................................47

Tabela 3 - Se o produtor recebe subsídio do governo federal, qual destes subsídios recebe

(PRONAF), (PAA), (PNAE), ou nenhum, e se tem outra renda familiar além da feira...........48

Tabela 4 - Idade dos frequentadores assíduos da feira, á quantos anos frequenta a feira, e

sempre encontra o que procura na feira....................................................................................52

Tabela 5 - Você reconhece a diferença entre agricultura Familiar e o Agronegócio, estes

produtos da “roça” não seriam encontrados na feira convencional, Você se preocupa com a

qualidade dos alimentos que está consumindo.........................................................................53

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACAMPRA - Associação Camponesa de Produção da Reforma Agrária do Município de

Uberlândia

AMU - Associação dos Mandaleiros de Uberlândia

CEASA - Centrais de Abastecimento de Hortigranjeiros

CEEU - Centro de Educação Especial de Uberlândia

CONSEA - Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

COOPERVEL - Cooperativa dos Prestadores de Serviços em Veículos Automotivos de

Uberlândia Ltda.

DAP - Declaração de Aptidão do Pronaf

EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

FEMEC - Feira do Agronegócio do Estado de Minas Gerais

FERUB - Fundação de Excelência Rural de Uberlândia

IFTM - Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (Campus Uberlândia)

IMA - Instituto Mineiro de Agropecuária

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário

MDS - Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome

PAA - Programa de Aquisição de Alimentos

PMAE - Programa Municipal de Alimentação Escolar

PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

SMAA - Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento

SME - Secretaria Municipal de Educação

UFU - Universidade Federal de Uberlândia

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

1. CONTEXTUALIZANDO A FEIRA LIVRE E SEUS SABORES 14

1.1 A Origem das Feiras Livres 14

1.2 Saberes e sabores presentes nas feiras brasileiras 19

1.2.1 A influência da cultura e da culinária trazida pelos tropeiros 19

1.2.2 A comida como expressão da cultura: saberes e sabores 21

2. O PODER PÚBLICO NA ORGANIZAÇÃO DA FEIRA DA

AGRICULTURA FAMILIAR EM UBERLÂNDIA

24

2.1 Da feira do Produtor Rural a feira da Agricultura Familiar 24

2.2

2.2.1

2.2.2

2.2.3

2.2.4

2.2.5

2.2.6

Atividades da Secretaria Municipal de Agropecuária e

Abastecimento (SMAA) para a promoção da melhoria da produção

agrícola na agricultura familiar

Feira de produtos orgânicos do município de Uberlândia

FEMEC - Feira de Máquinas, Equipamentos, Implementos,

Insumos Agrícolas e Veículos Utilitários, para os agricultores e

agroindústrias familiares de Uberlândia

O segundo dia de Campo do PAA Uberlândia

Mutirão no Campo

Projeto Mandala

27ª Semana da Família Rural

29

29

30

31

33

35

36

2.3 Os programas do Governo Federal de apoio à Agricultura Familiar 38

3. PERFIL DOS AGRICULTORES E FREQUENTADORES E

OS DESAFIOS PARA A MANUTENÇÃO DA FEIRA

42

3.1 O perfil dos feirantes 42

3.2 O perfil dos frequentadores 52

3.3 Os desafios da manutenção da feira da agricultura familiar 56

CONSIDERAÇÕES FINAIS 58

REFERÊNCIAS

APÊNDICE

60

64

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INTRODUÇÃO

O intuito desta feira é inserir os pequenos produtores da Agricultura Familiar no

mercado de trabalho, gerando emprego e renda para estes produtores e melhorando as

condições de vida no campo, estes produtores vendem seus produtos na cidade em especial na

feira da Agricultura Familiar que acontece na Praça Cívica do Centro Administrativo da

prefeitura municipal de Uberlândia e na Praça Clarimundo Carneiro no centro desta cidade.

Os produtores que participam da feira da Agricultura Familiar participam de vários

programas, sendo: Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa Nacional de

Alimentação Escolar (PNAE), e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar (PRONAF). Esses programas de incentivo à produção agrícola servem para dar

suporte técnico e financeiro aos pequenos produtores do município de Uberlândia, inserindo-

os no mercado de trabalho e na produção de alimentos, visto que a partir desta produção de

hortifrútis os produtores rurais conseguem um complemento na renda familiar muito

importante e consequentemente melhoram suas qualidades de vida.

O intuito deste trabalho é o reconhecimento da realidade destes pequenos produtores

rurais do Município de Uberlândia, que produzem e vivem nas suas terras, vivenciar os modos

de produção destes, e arte do saber e do fazer presente nestes pequenos produtores,

acompanhar o cotidiano destes na lida com a terra para a produção e a manipulação dos

alimentos trazidos e vendidos na Feira da Agricultura Familiar, além de ouvir suas

expectativas para o futuro junto à feira, e a busca pelo seu espaço e reconhecimento na

sociedade, como autores e detentores do saber fazer do campo, analisar suas parcerias junto

ao governo municipal e federal para o subsídio da produção, entender como se deu o processo

histórico da feira livre no mundo e sua chegada no Brasil.

Analisar os processos de interiorização da feira com o movimento tropeirista e o

fortalecimento do comércio nas feiras que foram surgindo nos pousos e paragens das tropas,

analisar sua chegada no território Mineiro, principalmente no Triângulo Mineiro no

Município de Uberlândia, observar os costumes e as práticas alimentares que os tropeiros

deixaram e que podem ser encontradas nesta feira da agricultura familiar até os dias de hoje, e

as expectativas dos pequenos produtores com relação ao futuro da feira que surgiu há mais de

16 anos em 1999 com o intuito de valorizar a arte do saber fazer destes alimentos e promover

a inclusão do pequeno produtor rural no cenário de produção agrícola familiar nacional.

Tendo estas reflexões busco sugerir soluções possíveis para valorizar a arte do saber

fazer local que neste caso é a pequena propriedade rural a “roça”, e fomentar propostas para

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viabilizar a produção destes pequenos produtores para que estes possam ter condições

financeiras e técnicas, que possibilitem amenizar as dificuldades produtivas que estes

produtores encontram e fortalecer sua permanência no campo.

Este trabalho tem como objetivo investigar e vivenciar a realidade dos pequenos

produtores rurais participantes da Feira da Agricultura Familiar do município de

Uberlândia/MG, cidade localizada no Triângulo Mineiro que se destaca pela diversidade e

singularidade do “saber fazer” que pode ser visto nos alimentos vendidos na feira (quitandas,

derivados de leite, derivados de milho, derivados de cana-de-açúcar e os hortifrúti granjeiros)

que vem direto da “roça” para o consumidor.

Além disso, podermos demostrar a realidade vivida pelos pequenos produtores rurais

que com seu trabalho na “roça” e com os cursos de capacitação que lhes é oferecido,

conseguem melhorar sua condição de vida e sustentar suas famílias, que lutam para conservar

os hábitos e costumes simples do campo.

Os procedimentos metodológicos para desenvolver esta pesquisa basearam-se na

análise de dados obtidos em levantamentos bibliográficos, dados históricos; trabalhos de

campo; sistematização/contextualização dos dados; análise, retrabalhamento e reflexão

críticas sobre as informações obtidas na pesquisa.

E com o objetivo de compreender e reconhecer a identidade cultural dos pequenos

produtores rurais do município de Uberlândia/MG, cidade localizada no Triângulo Mineiro

que se destaca pela diversidade/singularidade do “saber fazer” local, preservado na extensa

área rural em torno do município, foram adotados princípios de analises pautados na

interpretação da Geografia Física, Agrária, Humana e Cultural.

Além da produção de dados primários executando-se trabalhos de campo nas

pequenas propriedades rurais, onde foi realizada aplicação de questionário sócio econômico e

cultural para os oito (8) pequenos produtores (feirantes) que são assíduos na feira há mais de 8

anos e que por este motivo são informantes qualificados para este trabalho, da mesma forma

ocorreu com os consumidores/frequentadores foram no total de oito (8) consumidores, que

também frequentam a feira há mais de 8 anos e que responderam às perguntas que constam

nas entrevistas realizadas na Feira da Agricultura Familiar e que constam neste trabalho.

Para a realização deste trabalho foram necessárias várias visitas à feira da

Agricultura Familiar e nas pequenas propriedades, pelo menos umas 25 vezes no total que

começaram em janeiro de 2010 e terminaram recentemente no mês de dezembro de 2015, a

princípio fui à feira como consumidor para poder começar a conhecer os feirantes, pois, como

pude perceber a aproximação junto aos pequenos produtores não foi simples, eles são muito

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receptivos e carismáticos como vendedores, mas quando se trata de expor seu lado pessoal de

pequeno produtor rural, ai o assunto foi outro, boa parte destes a princípio ficaram

desconfiados, como diz o bom mineiro “com o pé atrás”, mesmo me identificando como

aluno e pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia, demorou um pouco umas 4

visitas na feira conversando e me apresentando até conseguir ganhar a confiança deles, aí

depois disso, nossas conversas ficaram bem melhores e as informações para este trabalho

foram sendo adquiridas mais facilmente, e na medida que foi passando o tempo acabei me

tornando muito conhecido pelos pequenos produtores ao ponto ser chamado como “Marcelo

da UFU” e depois disso, fui convidado para ir visita-los nas suas pequenas propriedades o

que facilitou muito meu trabalho e minha pesquisa de campo, onde busquei nos

reconhecimentos como meta principal reinterpretar as manifestações culturais, aspectos

gastronômicos e alimentos tradicionais locais, frutas, verduras, doces, e várias “quitandas” e

procurando-se captar aí uma multiplicidade de sentidos para os temas pesquisados juntamente

aos pequenos produtores rurais e seus familiares.

Sendo assim, estruturamos o trabalho em Três fases (capítulos,) no primeiro capítulo

abordamos o surgimento das Feiras Livres no mundo e no Brasil, e a influência das culturas

trazidas pelos tropeiros que chegaram nesta região, à importância dos nomes dados aos

alimentos pelas tribos indígenas que viviam na região do Triangulo Mineiro e pelos negros

trazidos como escravos, e que deixaram um vasto vocabulário alimentar que é usado até os

dias de hoje.

No segundo capítulo, apresentamos a Agricultura Familiar como ponto principal de

estudo, onde trazemos o conhecimento dos projetos do Governo Federal (PNAE) (PAA) e

(PRONAF) que tem o intuito de dar subsídios para estes Pequenos Produtores da Agricultura

Familiar junto a suas famílias que estão cadastrados nos programas de apoio à Agricultura

Familiar e da produção de alimentos, bem como as atividades que a Secretaria Municipal de

Agropecuária e Abastecimento realiza junto aos Pequenos Produtores rurais da Agricultura

Familiar, para promover a melhoria da produção Agrícola nestas Pequenas Propriedades.

No terceiro capítulo buscamos realizar uma análise do perfil dos feirantes, analisando

os questionários que os produtores e os consumidores da feira responderam, e a partir destes

elaboramos, tabelas com dados relevantes ao tema proposto na pesquisa para dar veracidade

ao trabalho realizado. Posteriormente, e como etapa final deste trabalho são pontuadas as

considerações finais que visam dar continuidade e suporte a este trabalho.

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1 - CONTEXTUALIZANDO A FEIRA LIVRE E SEUS SABORES

1.1 Origem das feiras livres

A formação de excedentes de produção e a necessidade de novos domínios de terras

transformaram a Europa Ocidental na maior potência comercial a partir do século XI, uma vez

que apoiada pela igreja católica juntamente com as cruzadas que teve o intuito de combater os

pagãos pela Europa, África, Ásia e Oriente Médio E difundir a fé cristã e principalmente

defender a Terra Santa, estas cruzadas foram de fundamental importância para a Europa

Ocidental, pois seus territórios de domínio e de comércio se expandiram maciçamente, estas

cruzadas foram no total de oito e que deram domínio de todo o Mar Mediterrâneo com suas

rotas comerciais e tendo como pontos de grande comércio várias cidades como: Londres

(Inglaterra), Lisboa (Portugal), Lion, Marselha, (França), Gênova, Veneza, Roma (Itália),

Túnis capital da Tunísia extremo norte da África, Constantinopla (atual Istambul) na

península dos Balcãs, Antióquia ou Antakya (Turquia) chegando ao berço do cristianismo á a

terra Santa (Palestina, Jerusalém).

Figura 1: Mapa indicando as datas e o movimento de expansão territorial da Europa Ocidental

realizado pelas cruzadas até a Terra Santa.

Fonte: http://www.apoioescolar24horas.com.br/salaaula/estudos/historia/622_cruzadas/#pag15-tab

Com este movimento de expansão de território com as cruzadas, tomaram as terras

dos mulçumanos e das tribos da Europa Oriental tanto por terra quanto por mar, e devido a

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este grande movimento de expansão territorial se fez necessário ter provisões para garantir a

alimentação dos exércitos.

Surge então, a figura do mercador ou comerciante que abastecia os exércitos com

mantimentos e provisões que eram expostos em feiras que se instalavam pelo caminho das

tropas. Os produtos eram trazidos de diversas partes dos territórios recém-conquistados, daí

surgia uma grande variedades de mercadorias dando a entender ser a principal causa da

origem das feiras que durante séculos, esteve junta com a religião e com o comércio de certa

forma, deste modo percebe-se que a feira ganhou força principalmente por ser de grande

importância para todos.

É importante destacar que a palavra “feria” (latim) significa "dia santo" ou "feriado",

e foi a partir da idade média, que começou as negociações, com as sobras de uns, contra as

faltas de outros, surgiu a necessidade de intercâmbio de mercadorias, entre os diversos grupos

sociais da época.

Sem a exigência de um lugar específico, mas sempre próximo dos exércitos ou dos

reinos para garantir a segurança dos mercadores, onde a busca das mercadorias que

necessitam é mais intensa, a existência das feiras foi uma solicitação natural para a falta de

mercadorias. A criação de um ambiente que congregasse todos os produtos que se estivessem

disponíveis para outrem; e, neste contexto, era de suma importância que se trocasse seus

excessos em busca de outros produtos que não se houve condições de produzir.

Para Souto Maior (1978, p. 190), verifica-se a importância das feiras naquele tempo

e nos os tempos modernos:

A história das feiras surge com a formação das cidades na Idade Média, a maior

parte da população da Europa ocidental vivia no campo, isso acabou gerando a

redução da vida urbana e a diminuição da atividade comercial, e foi a partir das

Cruzadas, no século XI, é que essa realidade começou a se transformar, o

movimento provocado pelas Cruzadas trouxe o crescimento das rotas comerciais

entre o Oriente e o Ocidente, pelo mar Mediterrâneo, assim como o aumento das

rotas localizadas no interior da própria Europa, a intensa atividade comercial, por

sua vez, favoreceu o desenvolvimento das cidades e do comércio, com isso a

formação das novas cidades provocaram profundas mudanças no cenário europeu

(SOUTO MAIOR, 1978, p.190).

Após alguns séculos, a estrutura da sociedade feudal não seria mais predominante no

continente, surgiram, então, novos grupos sociais enriquecidos pelo comércio e desejos de

controlar também o poder político, além disso, com as Cruzadas, os europeus passaram a usar

novos produtos trazidos do Oriente, como gengibre, pimenta, canela, cravo-da-índia, óleo de

arroz, açúcar, figos, tâmaras e amêndoas, e alguns deles tornaram-se conhecidos como

especiarias como é o caso, por exemplo, da pimenta e do gengibre.

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Este foi o estímulo à expansão territorial e comercial, que teve seu principal ponto de

apoio nas quatro primeiras cruzadas que deu a Europa Ocidental a maior rota de comércio

daquela época, e que fez com que os produtos do Extremo Oriente fossem distribuídos via

mediterrâneo com grandes lucros.

Assim, com a abertura para o Oriente surgiram grandes comércios que se instalaram

fundamentalmente nas regiões do Champanha, na França, na atual Itália (Gênova e Veneza) e

em Flandres (atual Bélgica). Inicialmente as feiras exerciam atividades comerciais mais

locais, mas com o passar do tempo elas se tornaram amplos espaços de negócios, recebendo e

comercializando produtos de diferentes regiões da Europa, África e Ásia como mostra o

mapa.

Figura 2: Mapa indicando o movimento de domínio dos novos territórios realizado pelas quatro

primeiras cruzadas mais importantes para o comércio na Europa Ocidental, e o domínio territorial

cristão e mulçumano deste período

Fonte: http://schafergabriel.blogspot.com.br/2015/02/o-feudalismo.html

Em verdade, atribui-se à idade média, a oficialização das feiras, e sua consolidação e

descrita por SOUTO MAIOR (1978):

Que as influências das atividades comerciais de Bizâncio foram vis não somente

para a Idade Média, mas até para a Idade Moderna, pois o renovado contato

comercial com o Oriente foi uma das causas principais do aparecimento de muitas

cidades do Ocidente Europeu e a concorrência comercial estimulou os

descobrimentos e a expansão da civilização Européia no século XVI (SOUTO

MAIOR, 1978, p.190).

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A partir deste novo modo de vida dos mercadores que não estava fundamentado mais

na agricultura ou na posse da terra, mas no comércio e no acumulo de riquezas (dinheiro), de

maneira geral, eles utilizavam como rota comercial, as antigas estradas romanas onde estes

mercadores (feirantes) transportavam seus bens em caravanas de animais de carga muitas

vezes se encontravam no ponto de confluência das principais rotas comerciais.

Nas grandes feiras vendiam-se e compravam-se mercadorias vindas de diversas

partes do mundo, à medida que o comércio se expandia, formavam-se vilas e cidades. Por

razões de segurança, os mercadores procuravam se concentrar em lugares próximos a uma

zona fortificada, cercada de muralhas, denominada burgo, muitas vezes, nesses lugares

fortificados, localizava-se a catedral, a moradia do bispo e, por vezes, o castelo do senhor das

terras.

Nos burgos, como atual cidade de Lucca (antiga Santa Gemma), na Itália, na idade

média além dos mercadores encontravam-se as oficinas de vários artesãos, como: sapateiros,

ourives, ferreiros, oleiros e carpinteiros, que como pode se ver os produtos eram expostos na

praça central.

Figura 3: Cidade de Lucca (Antiga Santa Gemma) importante burgo italiano de comércio no Período

Medieval

Fonte: http://coisasdojota.wordpress.com/2012/07/01/idade-media-que-liberta/

Os moradores dos burgos acumulavam muitas riquezas e, aos poucos, foram se

constituindo em um novo grupo social no interior do mundo medieval, e a partir dai surgia

então a burguesia, que teve nas feiras livres medievais o grande alicerce para seu

fortalecimento e enriquecimento a partir das atividades comerciais que realizavam em toda a

Europa Ocidental.

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Este foi o estímulo à expansão, que fez com que os produtos do Extremo Oriente

fossem distribuídos via mediterrâneo com grandes lucros nas cidades de Veneza, Gênova e

Pisa; o comércio era muito forte, desta forma, o aumento da concorrência entre os vendedores

da época forçou-os a buscar novas aventuras em busca de compra e venda de produtos

supérfluos e necessários, nos longínquos pontos da terra, com a missão (comércio) dos

mercadores da Idade Média, estimulou-se a transação de compra e venda, e por extensão, a

formação e fortalecimento das feiras livres no novo mundo.

Por isso, ao pensar em feiras na idade média já se tinha a idéia da grandeza e da

importância destas feiras para a população, que negociavam mercadorias por atacado, que

provinham de todos os pontos do mundo conhecido, a feira era o centro distribuidor onde os

grandes mercadores, que se diferenciavam dos pequenos revendedores errantes e artesãos

locais, compravam e vendiam às mercadorias estrangeiras procedentes do Oriente e Ocidente,

Nordeste e do Sul.

Huberman (1959) faz referência a uma das mais importantes feiras da Europa, com a

seguinte conclamação de 1349, sobre as feiras de Champagne;

Pois, todas as companhias de mercadores e também os mercadores individuais,

lianos, transalpinos, florentinos, milaneses, luqueses, genoveses, venezianos, alemãs,

provençais e os de outros países, que não pertencem ao nosso reino, se desejarem

comerciar aqui e desfrutar os privilégios e os impostos vantajosos das mencionadas

feiras, podem vir sem perigo, residir e partir - eles, sua mercadoria, e seus guias,

com o salvo-conduto das feiras, sob o qual os conservamos e recebemos, de hoje em

diante, juntamente com sua mercadoria e produtos, sem que estejam jamais sujeitos

a apreensão, prisão ou obstáculos, por outros que não os guardas das feiras.

(HUBERMAN, 1959, p. 31)

E é neste contexto histórico de busca de novos mercados e mercadorias (especiarias)

que surge a primeira referência ao estabelecimento de uma feira no Brasil data de 1548,

quando no Regimento enviado ao Governador Geral o rei Dom João III ordenava “que nas

ditas vilas e povoados se faça em um dia de cada semana, ou mais, se vos parecerem

necessária à feira [...]” (MOTT, 1975, p. 309, grifo do autor).

Tal medida foi tomada para que os nativos pudessem vir vender seus produtos e

comprar aquilo de que necessitavam. Como já destacamos anteriormente, os europeus

(portugueses) já estavam acostumados com o comércio na feira, lá na Europa e desta forma,

há princípio, tais instituições pareciam ter uma eficiência que deveria ser reproduzida na

recém-descoberta colônia. No entanto, ao ordenar a instalação das feiras, a intenção do rei não

era que elas abastecessem somente os moradores, mas principalmente, fazer a reunião da

produção dos nativos com o objetivo de exportá-los (MOTT, 1975).

E chegam ao novo continente, e após o reconhecimento deste novo território que foi

explorado pelos bandeirantes a princípio e mais tarde com os tropeiros que adentraram pelo

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interior do país, neste sentido, a origem das feiras livres se confunde com a própria história do

período colonial no Brasil, elas multiplicaram-se, assumindo importante papel, não apenas no

abastecimento dos primeiros adensamentos humanos nas colônias, mas também com os

tropeiros na marcha para o interior do país e desbravamento das novas terras, os comerciantes

e as feiras sempre estavam juntos abastecendo e mantendo os povoados com suas

mercadorias, gerando uma reciprocidade muito grande nos povoados e como fundamental

elemento da estrutura da própria organização social e econômica das populações daquela

época até nos dias de hoje.

Mesmo hoje, em plena sociedade da informação e da economia globalizada, as feiras

persistem como um traço sociocultural que identifica regiões e realidades muito distantes,

como exemplo, podemos citar a Feira do Ver-o-Peso em Belém do Pará, no Nordeste são

famosas as feiras de gado de Feira de Santana Bahia, a feira de Caruaru, cantada em prosa e

versos, as feiras de gado da Paraíba que originaram muitas cidades do interior nordestino,

também demonstram claramente a necessidade e a utilidade das feiras de um modo geral.

Neste sentido percebesse que a feira é um lugar repleto de sons, saberes e sabores

que, talvez por isto chame a atenção de quem passa próximo e gera curiosidade muita

curiosidade, as frutas, os legumes, as quitandas que ficam expostas nas barracas proporcionam

um visual bonito que agrada aos olhos, de quem vê, as pessoas que circulam pela feira,

examinam, pechincham, conversam ou simplesmente estão à procura do que desejam outras já

tem suas barracas preferidas, conhecem o feirante de longa data e às vezes parecem mais

amigos do que fregueses.

1.2 Saberes e sabores presentes nas feiras brasileiras

1.2.1 A influência da culinária trazida pelos tropeiros

No século XVIII, com a descoberta de ouro nas Gerais, criadores da Bahia,

começaram a levar o seu gado para as minas, seguindo o curso do Rio São Francisco (o rio

dos currais), onde as reses encontravam pastos e depósitos salinos, nas rotas dos tropeiros, os

pontos de pouso e de feiras davam apoio com alimentos, ferramentas, armas, couro e carne,

para que estes viajantes continuassem a caminhada rumo ao interior do país.

Os pousos e feiras assumiram importância também como centros de fabricação e

difusão de tecidos de teares manuais, para abastecer os tropeiros e o próprio povoado, com a

melhoria dos caminhos que ligavam São Paulo às Minas Gerais, os tropeiros levavam no

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lombo de mulas as cargas os mantimentos, e gradativamente, estes muares foram substituindo

os escravos neste tipo de transporte para a área mineradora, assim como na descida do ouro

para os portos de Santos ou de Parati, estas mulas atravessaram os sertões brasileiros, levando

cargas e realizando longas viagens a fim de ser comercializá-las, estes animais eram levadas

do Rio Grande do Sul para a feira de Sorocaba, no estado de São Paulo (STRAFORINI, 2001,

p.130), em Santos que também era um centro de negócios desses animais de carga, assim

como Congonhas do Campo, em Minas Gerais,

Assim como acontecia com a divisão do trabalho, o tropeirismo permitiu que uma

série de atividades pudessem garantir a permanência e o abastecimento das tropas ao longo

dos caminhos que ligavam às áreas fornecedoras de animais, as áreas de comercialização dos

mesmos e, ainda, até as áreas onde esses animais seriam utilizados.

Antônio Filho (2009) mostra a importância dos tropeiros e dos caminhos da região

do Vale Histórico da Serra da Bocaina para, inicialmente, transporte do ouro, mas que

posteriormente serviu também para o escoamento do café produzido na região do Vale do

Paraíba.

O autor discute também a proliferação de serviços ao longo desses caminhos para

atender o fluxo tropeiro que passava para a região, dinamizando os núcleos populacionais que

se encontravam ao longo desses caminhos percorridos pelas tropas, assim, nesse período

surgiram algumas atividades acessórias para dar suporte ao desenvolvimento da atividade

principal que era o comércio dos muares: como exemplo, temos a agriculturas de

abastecimento dos caminhos para fornecer às tropas e aos tropeiros os gêneros alimentícios

como milho, mandioca e outros grãos secos, servindo assim de alimento para que estes

pudessem continuar a longa viagem de volta pelos caminhos das tropas.

Com isso, os locais de pouso para condutores que muitas vezes traziam de longe,

mensagens, cartas e notícias para os moradores e merece destaque, ainda, então, a criação de

suínos cujos subprodutos toucinho e banha, eram amplamente consumidos pela população das

Minas Gerais (muitas vezes a criação era desenvolvida nos quintais urbanos ou rurais), a dieta

dos tropeiros marcou a culinária dos brasileiros nas várias regiões por eles percorridas.

Neste exercício de compreensão do lugar da comida na constituição da identidade

mineira, Abdala (1997) procurou compreender a consolidação dos hábitos alimentares a partir

de determinantes históricos e simbólicos específicos que, por sua vez, auxiliaram na

composição do mito da mineiridade, a periodização que a autora toma como variável

operacional; como elemento que possibilitou verificar sociabilidades em torno dos alimentos e

forjar uma imagem dos mineiros para si mesmos e para os outros.

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Os alimentos empregados no preparo de suas comidas tinham que ser duráveis secos

e fáceis de carregar além de proporcionarem energia suficiente para o trabalho, com sua

atividade, aos poucos foi se regionalizando hábitos alimentares que faziam parte do seu dia-a-

dia, do seu espaço vivido, sua dieta baseava-se, em geral, em alimentos não sujeitos à fácil

deterioração, como feijão, toucinho, fubá, farinha, café e carne salgada.

Quando os pousos se davam próximos a algum vilarejo, se buscava nas vendas, carne

e linguiça, além de outros alimentos, que lhes permitiam uma diversificação de dieta, em cada

localidade, novos produtos eram adquiridos para serem consumidos; e outros, eram aí

vendidos.

O “feijão tropeiro” se expandiu por todo o caminho percorrido por esses viajantes

intrépidos, seus ingredientes básicos são: feijão, ovos, farinha de milho ou de mandioca, carne

seca (de boi ou de porco), ou ainda linguiça, porém sabe-se que, dependendo da região, o

prato apresenta variantes em relação aos tipos de carnes salgadas, ou mesmo, em relação à(s)

forma(s) de preparo da iguaria e ao local onde os tropeiros cozinhavam o feijão.

Além da culinária, a atividade do tropeirismo contribuiu para a integração territorial

das diversas regiões de Minas Gerais, e teve grande importância no desenvolvimento

econômico do Triângulo Mineiro em especial do município de Uberlândia e região, no seu

povoamento e na formação de uma identidade regional, e mesmo com o fim do movimento

tropeirista, as influências deixadas podem ser percebidas atualmente nos pequenos produtores

rurais da Agricultura Familiar que são fortes dispersores desta culinária mineira e tropeira que

tem grande influência no nosso dia-a-dia.

1.2.2 A comida como expressão da cultura: saberes e sabores

Não há como negarmos a influência indígena, que juntamente com a expansão

tropeirismo, influenciaram na nomenclatura da culinária mineira. Essa influência pode ser

evidenciada pelos vocábulos que designam iguarias, hortaliças, temperos do nosso dia-a-dia

como: (aipim, amendoim, beiju, macaxeira, mandioca, mingau, mocotó, paçoca, pipoca,

pirão, taioba, tapioca, urucum...), ou frutas (abacaxi, araçá, araticum, biribá, buriti, caju,

Cambuci, goiaba, ingá, jabuticaba, jatobá, jenipapo, juá, maracujá, murici, pitanga, pequi...),

etc. (CUNHA, 1999, TIBIRIÇÁ,1984), e incorporados à língua portuguesa ao longo do

processo de colonização, onde ocorreu forte intercâmbio cultural entre os europeus (DEUS,

NOGUEIRA, FANTINEL, 1998).

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O mesmo ocorreu com neologismos da língua portuguesa derivados de línguas

africanas, sobretudo de origem Banto e os de língua Quimbundo como: andu (feijão-guandu),

canjica, farofa, fubá, quiabo e jiló, esses alimentos de origem africana e indígena constam

como ingredientes de vários pratos típicos da cozinha mineira (alguns deles também

conhecidos e consumidos em outras regiões do Brasil e até no exterior), como o “leitão à

pururuca” o frango caipira; o frango com quiabo; o frango ao molho pardo; o angu com

quiabo; a suã de porco com mandioca; o tutu de feijão com torresmo, a moqueca de surubim;

a farofa de feijão andu; as farinhas de mandioca e beiju; o mingau de milho verde; a goiabada;

o bolo de fubá; o “pé-de-moleque”, a geléia de mocotó; o doce de buriti; a mousse de

maracujá; o suco de caju; os licores de jenipapo, jabuticaba, pequi.

Para Barbosa (2008, p. 211):Negros, índios e brancos proporcionaram uma interação de

saberes e sabores na construção de uma identidade culinária, saberes e sabores esses que constituíram

importantes elementos culturais na caracterização do verdadeiro sentido de mineiralidade e brasilidade.

Analisando o contexto histórico de formação das cidades de Minas Gerais, em

especial a cidade de Uberlândia no Triângulo Mineiro, apesar das distâncias sociais que

separavam cada grupo, todos eles trazem consigo costumes e culinários trazidos dos seus

antepassados como ressalta Barbosa, 2008, p.211/212:Contribuíram substancialmente com métodos

culinários herdados de seus antepassados e trazidos para cá durante o descobrimento do território brasileiro no

período da colônia pelos seus integrantes.

Paul Claval (1999) discute a importância dos processos culturais na relação da

geografia com a dimensão espacial, ao enfatizar o caráter transdisciplinar, ele mostra através

de fortes argumentos, que a geografia não é uma ciência de síntese e que: Alimentar-se, beber e

comer: não há terreno de análise mais fascinante para os geógrafos as relações ecológicas dos homens com seu

ambiente exprimem-se diretamente nos consumos alimentares. (Claval, p. 453)

A alimentação é a temática abordada por Barbosa (2008), o qual faz um histórico do

modo como os seres humanos se relacionam com a comida, por meio dos princípios

metodológicos da Geografia Cultural, sua análise busca mostrar a que a espacialidade é

essencial para a constituição da Gastronomia contemporânea.

Abdala (1997) buscou, em “Receita de Mineiridade”, construir uma proposta que

explicasse a associação entre cozinha e identidades, de maneira mais específica, a pergunta

que se colocou foi à seguinte: por que, e através de que caminhos, a cozinha se constituiu em

elemento tão importante na construção da imagem regional de Minas Gerais.

Em sua análise a autora, trabalhou com a literatura que evidenciasse a associação

entre o chamado “típico mineiro” e a cozinha em um período que abrange desde a obra dos

viajantes do século XIX, até algumas obras do início da década de 1990, foi uma periodização

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que reconhece duas temporalidades distintas na História de Minas: a temporalidade referente

ao auge da mineração e aquela que corresponde a ruralização da economia, e o surgimento de

boa parte das cidades mineiras, e a autora incorpora também uma terceira etapa

correspondente à industrialização que traz várias mudanças na forma de se produzir

alimentos.

A hipótese que Abdala (1997) sustenta é que a tais temporalidades distintas,

correspondem ritmos sociais e também sociabilidades distintas e, portanto, configurações

diferenciadas da cozinha mineira que vêm com o intuito de resgatar tal processo histórico,

com variação das receitas, ingredientes disponíveis, e graus diferenciados da importância

atribuída à cozinha no cotidiano.

A agricultura familiar na sua tradição de saberes e sabores trazem consigo uma

grande bagagem cultural e de trabalho presentes historicamente na pequena propriedade rural,

que influenciaram muito na elaboração deste trabalho a partir dos modos de vida e dos

costumes, os saberes e dos sabores estão inseridos nos modos de vida dos pequenos

produtores rurais do município de Uberlândia, e que estão inseridos na discussão que é

proposta no contexto do tempo presente, marcado pela aceleração das mudanças e

transformações no cenário rural, e inclusive no universo da culinária e da cozinha mineira.

Toda essa herança cultural e gastronômica pode ser visualizada na Feira da

Agricultura Familiar, pois, os costumes culinários herdados são transmitidos de geração em

geração entre os pequenos produtores rurais e seus familiares, e na contemporaneidade são

cada vez mais valorizados enquanto mercadorias diferenciadas que trazem consigo a arte do

saber fazer destes feirantes e os modos como estes se relacionam com seus produtos com a

comunidade que frequenta a feira.

Tendo em vista a organização espacial que se configura na Feira da Agricultura

Familiar e num conjunto complexo de territórios, que carregam marcas temporais e espaciais

que podem ser encontradas na forma de abordagens sobre a dimensão espacial: diversidade de

paisagens e territórios; elementos culturais; representações territoriais; religiosidade;

alimentação, que juntos somam uma série de fatores que transformam a feira de agricultura

familiar num pequeno universo de relações que se configuram diariamente para os

frequentadores que de uma forma ou de outra contribuem para o reconhecimento desta

atividade comercial.

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2 - O PODER PÚBLICO NA ORGANIZAÇÃO DA FEIRA DA AGRICULTURA

FAMILIAR EM UBERLÂNDIA

2.1 Da feira do Produtor Rural à feira da Agricultura Familiar

A Feira do produtor rural da Agricultura Familiar surgiu em 1999, com o nome de

Feira de Produtos Rurais de Uberlândia. Inicialmente o intuito desta feira era a difusão,

divulgação e comercialização de produtos direto da “roça”, hortifrútis, e frutas de época

como: (abacate, mexerica, manga, mamão, laranja,... outros), além de comidas típicas

produzidas na “roça” como: Arroz com Suã e Tutu de Feijão, Galinhada com quiabo e Angu

de Fubá, Frango Caipira no molho com arroz e Feijão de Caldo com Torresmo e por ai vai,

essas comidas típicas mineiras eram trazidas para a feira juntamente com as quitandas, doces

e derivados de leite, estes produtos eram produzidos e cultivados pelos pequenos produtores

rurais nas suas chácaras e nas suas pequenas propriedades rurais do município de Uberlândia,

assim como são até hoje.

Desde sua fundação a Feira de Produtos Rurais de Uberlândia ficou nas mãos da

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), no período de 1999 até 2009,

e depois de 2009 a EMATER passou esta função de cuidar da feira para à Fundação de

Excelência Rural de Uberlândia (FERUB) que cuidou e comandou a Feira durante três anos

de 2009 até 2012.

Nesse período aconteceram vários projetos de melhoria desta feira, como o aumento

na quantidade de produtores cadastrados na feira, e nos projetos e programas de subsídios do

governo Federal como: Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional

de Alimentação Escolar (PNAE), juntamente com o Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar (PRONAF).

Um número significativo de agricultores aderiram a estes programas e aos subsídios,

que melhoraram muito sua a produção. Mas, em 2012 houve á transição política municipal, ou

seja, eleição municipal do novo prefeito e vereadores.

Com essa mudança, o comando da Feira de Produtos Rurais de Uberlândia que

estava com a FERUB vai para a Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento

(SMAA), com o intuito de atender mais agricultores, e foi a partir destas mudanças

administrativas que no primeiro semestre do ano de 2014 a Feira de Produtos Rurais de

Uberlândia passou a se chamar Feira da Agricultura Familiar, como mostra a figura.

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Figura 4: Cartaz de divulgação da feira até inicio de 2014

Fonte: Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento (SMAA)

Mas a que a partir do segundo semestre de 2014 a Feira de Produtos Rurais de

Uberlândia passou a se chamar Feira da Agricultura Familiar, como mostra a foto.

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Foto 1: Cartaz de divulgação da feira a partir do 2° Semestre de 2014.

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

De acordo com o Assessor de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria

Municipal de Agropecuária e Abastecimento do município de Uberlândia, Bruno Maia disse:

Esta mudança se deu devido à abrangência dos programas do Governo Federal em

parceria com a prefeitura municipal que buscam cadastrar o maior número possível

de Pequenos Produtores Rurais da nossa região, e que no ano de 2013 havia cerca de

70 produtores cadastrados e aptos para a produção, com a intensificação do trabalho

pela Secretaria de Agropecuária e Abastecimento, esse número foi triplicado em

2014 e o município passou a ter 238 agricultores familiares cadastrados, e em 2015

esse número chegou aos 315 produtores à meta é chegar até 400 produtores rurais

cadastrados e legalizados para que estes possam produzir e atender a demanda

alimentar de hortifrútis do município, estes produtores cultivam a terra com os mais

variados produtos, são verduras, legumes, tubérculos e frutas que saem fresquinhos

do campo para a alimentação de crianças, jovens, adultos e idosos.

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A feira da Agricultura Familiar é exclusivamente para atender os pequenos

produtores rurais que são atendidos pelos programas de agricultura familiar, e caracterizam-

se, a propósito, por estar intimamente e estreitamente ligados ao território, ou seja, a “Terra”,

e por seguirem métodos tradicionais de cultivo que crescentemente lhes conferem um

diferencial qualitativo muito importante, tais produtos são em geral, fruto do trabalho destes

núcleos familiares.

A Feira da Agricultura Familiar localiza-se em dois espaços públicos organizados

pela SMAA, sendo um destes a Praça Cívica do Centro Administrativo da Prefeitura

Municipal de Uberlândia como mostra a foto:

Foto 2: Feira da Agricultura Familiar na Praça Cívica da Prefeitura de Municipal de Uberlândia

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

Neste local em todas as quartas-feiras de cada mês, acontece a feira da agricultura

familiar, que tem o intuito de trazer o homem do campo com seus produtos direto da roça para

a mesa dos consumidores/frequentadores que, podem encontrar nesta feira produtos

fresquinhos com boa qualidade direto da roça, além é claro de poder saborear ali mesmo

quitandas, caldo de cana, queijos e doces variados além de desfrutar da hospitalidade e

simpatia que o “jeitinho mineiro” de ser que todos os produtores (feirantes) têm e podem

oferecer.

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O outro local disponibilizado pela SMAA é a Praça Clarimundo Carneiro no centro

de Uberlândia, onde, nas duas primeiras sextas feiras de cada mês ocorrem à feira.

Foto 3: Feira da Agricultura Familiar na Praça Clarimundo Carneiro no centro de Uberlândia

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2014

Esses produtores trazem para a feira seus produtos e suas práticas e saberes

alimentares, e demonstram à diversidade de dimensões da vida social com as quais as pessoas

e os alimentos se relacionam. A feira é um espaço de interação social da vida cotidiana, pois

no diálogo surgem questões políticas, sociais como futebol, novelas dentre outras, questões

econômicas, e até mesmo da, de seu núcleo mais íntimo e mais compartilhado que neste caso

é a família.

Os consumidores da feira buscam nela produtos de boa qualidade, além das relações

interpessoais que só ocorrem entre estes grupos sociais, e as relações que podem ser

observadas entre o rural e o urbano, e buscar entender um pouco mais os sentidos e

significados atribuídos aos alimentos produzidos e consumidos por estes grupos sociais.

Os agricultores (feirantes) se utilizam destes espaços públicos para exposição e

venda de seus produtos típicos da nossa região, e que tem influências históricas desde o

período da colonização, a partir da vinda de imigrantes de outras partes do país juntamente

com os tropeiros que aqui chegaram, deixaram seus costumes, seus saberes e fazeres, que

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auxiliaram muito na manipulação e armazenamento dos alimentos para que estes durassem

mais tempo, além das trocas e das relações pessoais que até hoje podem ser encontradas entre

os produtores e os consumidores.

2.2 Atividades da Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento (SMAA) para

a promoção da melhoria da produção agrícola na agricultura familiar

Hoje o pequeno produtor da Agricultura Familiar do município de Uberlândia pode

contar com vários cursos de capacitação profissional. Estes programas dão apoio técnico e

financeiro para estes pequenos produtores capacitando-os e treinando-os para que a partir

destes, possam produzir e vender os produtos com mais qualidade e melhores lucros, seguindo

as normas da vigilância sanitária que é o órgão que fiscaliza a qualidade e as boas práticas de

manipulação dos alimentos na Feira da Agricultura Familiar de Uberlândia, dentre estes

eventos disponibilizados para os pequenos produtores rurais da Agricultura Familiar

destacamos alguns com:

2.2.1 Feira de produtos orgânicos do município de Uberlândia

Esta feira de produtos orgânicos que tem como idealizador a Rede Agroecológica

Pachamama, e tem o apoio da SMAA (Secretaria Municipal de Agropecuária e

Abastecimento) a idéia nasceu do movimento social Aldeias para um Novo Mundo, através

das Aldeias de Alimentação, uma rede de grupos comunitários e de Ongs não governamentais,

que discute e promove a alimentação saudável, esta feira é realizada todos os domingos no

(CEEU) Centro de Educação Especial de Uberlândia a idéia de comercializar alimentos nesta

feira de orgânicos sem o uso de agrotóxicos é bem recente, aproximadamente 1 ano e seu

objetivo principal é fomentar e fornecer alimentos e produtos orgânicos mais saudáveis á

população de Uberlândia e região como: artesanato com matéria-prima natural ( fibras,

palhas, sementes,...outros), sabonetes naturais, mudas de plantas ornamentais e de ervas

medicinais para chás e temperos e comidas naturais muito saborosas, para a população que

busca novas formas de alimentação mais saudável, neste sentido a (AMU) Associação dos

Mandaleiros de Uberlândia iniciou a comercialização dos seus produtos na Feira da

Agricultura Familiar apoiada pela Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento,

que tem a seguinte ressalva com relação aos produtos orgânicos:

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Para o produto ser considerado orgânico é necessário ter a produção dentro das

técnicas especificadas por lei e com inspeção que acompanha o processo de

produção, dentre as exigências está o uso de composto orgânico no lugar de

fertilizante e caldas específicas para o combate às pragas no lugar de agrotóxicos.

Ainda segundo a Secretaria de Abastecimento produzir alimentos orgânicos ainda é

um novo ramo de produção, mas que vem crescendo cada dia mais o mercado consumidor

destes produtos no Brasil e no mundo:

O produto orgânico é comercializado, em média, 30% com maior valor de mercado,

se comparado ao produto produzido com técnicas convencionai, isso gera uma

melhor receita e lucro para o pequeno produtor que aderir a este modo de produção,

pois, a uma demanda e uma tendência de se produzir evitando o uso de agrotóxicos

para atender a um público cada vez maior e mais exigente em Uberlândia.

2.2.2 FEMEC - Feira de Máquinas, Equipamentos, Implementos, Insumos Agrícolas

para os agricultores e agroindústrias familiares de Uberlândia

Esta feira de agronegócio acontece no Parque de Exposições do Camaru, em

Uberlândia, no Triângulo Mineiro desde 2012, e é organizada e realizada pelo Sindicato Rural

em parceria com a EMATER-MG, esta feira é o ponto de encontro das principais indústrias

do agronegócio do interior brasileiro, e como acontecem todos os anos desde 2012 no

Pavilhão montado especialmente para a Agroindústria Familiar, os agricultores familiares

expõem seus produtos e os vendem para o público que frequenta a feira, além é claro de

participar de cursos e palestras que melhoram a produção e o aproveitamento dos alimentos,

estes realizam vários negócios durante os quatro dias de feira.

E ainda dentro da FEMEC ocorre o Feirão Mais Alimentos, realizado pelo Ministério

do Desenvolvimento Agrário, em parceria com a Secretaria de Agropecuária e Abastecimento

de Uberlândia, que disponibiliza para os agricultores familiares barracas e estandes dentro do

Pavilhão da FEMEC para exposição e venda de seus produtos agrícolas, para consumidores

de diversas partes do Brasil que visitam esta feira.

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Foto 4: Cartaz sobre a Agricultura Familiar no Pavilhão da Agroindústria Familiar (FEMEC 2014)

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2014

2.2.3 Dia de Campo do PAA

Este Evento aconteceu no lote 13 do acampamento Emiliano Zapata, sede da

Associação Camponesa de Produção e Reforma Agrária (ACAMPRA), a associação é um

exemplo de que o trabalho com a agricultura familiar traz bons frutos, a associação surgiu em

2013 e reúne agricultores familiares dos assentamentos Emiliano Zapata e Canudos, na região

de Miraporanga, os produtores foram motivados pela Secretaria de Agropecuária e

Abastecimento, em um trabalho conjunto com a Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

com o objetivo de fornecer alimentos para o Programa Municipal de Alimentação Escolar

(PMAE) e para o Restaurante Universitário (RU-UFU).

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Figura 5: Cartaz do Segundo dia de Campo do (PAA) Programa de Aquisição de alimentos de 2015

Fonte: Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento

Nesta terça-feira (09), o assentamento Emiliano Zapata recebeu o “II Dia de Campo

do PAA Uberlândia”. Desenvolvido pela Prefeitura de Uberlândia, o projeto chega à sua

segunda edição e trouxe para os agricultores familiares, educação e conhecimento sobre a

produção de diversas culturas, segurança no uso de agroquímicos e manejo de mudas de

hortaliças, no evento, foram montados vários estandes, e em cada um, foi apresentado aos

produtores um tipo diferente de cultura, sua produção, manejo e possíveis pragas e doenças,

durante as palestras, os produtores familiares tiveram algumas ideias de como diversificar sua

produção e como devem fazer para participar do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)

com a intenção de melhorar a renda da propriedade e garantir mais qualidade de vida às suas

famílias.

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De acordo com o presidente da Associação Camponesa de Produção da Reforma

Agrária do Município de Uberlândia (ACAMPRA), Juarez Moura, os valores recebidos

devem aumentar em 70% a renda de cada família assentada, e que pode superar os R$ 2,5 mil,

por mês, ainda segundo o presidente da associação os acordos firmados entre os produtores e

a prefeitura “Vão dar a garantia de fornecimento, e com isso podemos planejar a produção do

assentamento e criar um cronograma de plantio para minimizar os custos e melhorar a

produção”.

Ainda Segundo Juarez Moura “o agricultor que participa destes projetos e que tem

um amor pelo seu “pedaço de chão”, a satisfação é ainda maior ao saber para onde são

destinados os alimentos produzidos aqui no assentamento, estes alimentos vão servir os pratos

das crianças da rede municipal de ensino, que por sua vez irão se beneficiar com verduras

frescas e de qualidade”, inclusive as duas filhas, da agricultora Teresa do Carmo, assentada

desde 2004, e que segundo ela “é muito bom saber que estes alimentos produzidos por nós

irão servir de alimento na merenda dos nossos filhos e dos filhos de muita gente aqui do

município além do mais este público de fato precisa muito destes alimentos pra poder ficar

forte e aprender “as coisas” na escola, e isto é o que nos dá ainda mais felicidade para

continuar produzindo” afirma a produtora rural.

2.2.4. Mutirão no Campo

Este é o segundo evento no mês de junho de 2015 que aconteceu no assentamento

Dom José Mauro no dia 10, o Mutirão no Campo, outro projeto da SMAA, proporcionou aos

produtores do “Luciano Zapata” e dos assentamentos Eldorado dos Carajás, Canudos e Flávia

Nunes e os pequenos produtores rurais não assentados, um dia de conhecimento e

aprendizagem, cerca de 80 produtores participaram das palestras sobre agroindústria com foco

na produção de leite e derivados, além de instalação de fossa séptica, alimentação de bovinos,

e produção de hortifrútis no sistema de mandala.

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Foto 5/6: Curral com ordenha com duas teteiras na propriedade do Senhor Vilmar Maciel Diaz, 49 anos, e tanque

de 1000 litros para resfriamento do leite, fornecido para o PAA

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

Durante este evento foi instalado na propriedade do senhor Vilmar Maciel Diaz uma

fossa séptica feita com pneus usados como mostra à foto.

Foto 7/8: Fossa séptica implantada na propriedade do Senhor Vilmar Maciel Diaz, como projeto piloto

a ser implantado nas outras propriedades do Assentamento Luciano Zapata

Fonte:http://www.uberlandia.mg.gov.br/2014/noticia/7310/projeto_do_municipio_beneficia_agricultores_famili

ares

O DMAE (Departamento Municipal de Água e Esgoto) juntamente com a Secretaria

Municipal de Agropecuária e Abastecimento da Prefeitura Municipal de Uberlândia instalou

uma fossa séptica fabricada a partir de pneus velhos da própria frota do DMAE, o intuito

destas foças é acabar com as foças negras que não dão tratamento aos efluentes (fezes e urina)

humanos, contaminando o solo e, por vezes, atingindo os aquíferos, ou correndo a céu aberto

comprometendo a saúde de crianças e animais, fato este observado no assentamento rural

Luciano Zapata, estas fossas, serão instaladas em propriedades rurais a princípio que praticam

a Agricultura Familiar e os agricultores beneficiados estão sendo selecionados pela Secretaria

de Agropecuária e Abastecimento o intuito deste projeto é acabar com as fossas negras.

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A coleta e tratamento dos efluentes nas propriedades rurais é um problema que o

Brasil está longe de resolver, Orlando Resende, diretor geral do DMAE, explica que a

contaminação da água pelas fossas negras é uma situação que o Brasil ainda não solucionou e

que se repete na zona rural de Uberlândia. “Entendemos que o morador da zona rural possui

os mesmos direitos ao saneamento que o morador da zona urbana, em nosso município, e que

precisamos eliminar as fossas negras, pois elas são fonte de contaminação dos lençóis

subterrâneos e um meio propagador de doenças”, explica.

2.2.5. Projeto Mandala

De acordo com a Secretaria de Agropecuária e Abastecimento (SMAA), o Sistema

Integrado de Produção Mandalla ou Projeto Mandalla é uma forma de agricultura familiar

autossustentável peculiar que tem tido bons resultados em muitos estados do país,

principalmente nas pequenas propriedades rurais e nos assentamentos rurais, como é o caso

do município de Uberlândia como mostra as fotos.

Foto 9/10: Produção de verduras em sistema de mandala como sugestão de produção sustentável para melhoria

da produção nas pequenas propriedades rurais do Município de Uberlândia

Fonte: Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento, 2015.

O sistema mandala, foi criado pelo administrador Willy Pessoa há cerca de trinta

anos, e sua filosofia tem como base a recapacitação para a auto sustentabilidade do homem do

campo dentro de suas próprias condições culturais tradicionais, o que inclui o meio ambiente

e a cultura do cultivo da “terra,” levando em conta, os recursos ambientais, sociais,

econômicos e culturais de cada região.

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Segundo a Secretaria de Agropecuária e Abastecimento em todas as regiões onde

tem sido adotado o sistema Mandalla ocorreu um bom crescimento econômico familiar e

social e esperemos que não seja diferente aqui no munícipio de Uberlândia, e que haja uma

ampla divulgação deste modelo de plantio no campo, pautado em valores na terra e humanos

essenciais, para fomentar e recuperar os modelos de produção agrícolas tradicionais.

2.2.6. Semana da Família Rural

Este é outro evento muito importante para o produtor rural, e foi promovido pelo

Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM - Campus Uberlândia)

antiga Escola Agrotécnica juntamente com Prefeitura de Uberlândia e em parceria com a

EMATER-MG.

O evento tem como objetivo a capacitação das famílias rurais através cursos,

palestras e feiras que ocorreram nos 4 dias de evento , e neste evento o IFTM disponibilizou

750 vagas em 30 cursos de diversas áreas como avicultura caipira, piscicultura, bovinocultura

de leite, cultivo de hortaliças orgânicas e plantas medicinais, artesanato, apicultura além das

boas práticas de reaproveitamento das cascas dos alimentos e armazenagem destes produtos

que são consumidos na “roça” pelas famílias destes agricultores que moram e vivem na zona

rural do município de Uberlândia.

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Foto 11: Cartaz da 27ª Semana da Família Rural 2015

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

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Foto 12: Sociabilização durante a 27ª Semana da Família Rural 2015

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

2.3 Os programas do Governo Federal de apoio à Agricultura Familiar

Tendo em vista a Feira da Agricultura Familiar e a produção dos pequenos

produtores rurais do município de Uberlândia, houve a necessidade de disponibilizar um

espaço para os produtos vindos das pequenas propriedades, por isso além da Praça

Clarimundo Carneiro e Da Praça Cívica da Prefeitura de Uberlândia o PAA (Programa de

Aquisição de Alimentos), criado pelo art. 19 da Lei nº 10.696, de 02 de julho de 2003, possui

um galpão na Av: José Andraus Gassani 3115, no Distrito Industrial de Uberlândia para

receber os produtos destes pequenos Produtores rurais da Agricultura Familiar, este

Departamento de Abastecimento e Distribuição (DAD) é o responsável por armazenar e

distribuir os alimentos para a rede municipal de ensino, para as creches e ONGs cadastradas

no PAA, PMAE e o restaurante universitário da UFU.

O PAA e o PMAE têm duas finalidades básicas: promover o acesso à alimentação

escolar do município e incentivar a agricultura familiar dando suporte técnico para os

pequenos produtores.

Para o alcance desses dois objetivos, o Programa compra alimentos produzidos pela

agricultura familiar, com dispensa de licitação, e os destina às pessoas em situação de

insegurança alimentar e nutricional e àquelas atendidas pela rede sócio assistencial, pelos

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equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional e pela rede pública e filantrópica

de ensino que tem o apoio da prefeitura municipal de Uberlândia, o PAA também contribui

para a constituição de estoques públicos de alimentos produzidos por agricultores familiares e

para a formação de estoques pelas organizações da agricultura familiar, além disso, o

Programa fortalece circuitos locais e regionais e redes de comercialização, valoriza a

biodiversidade e a produção orgânica e agro ecológica de alimentos; incentiva hábitos

alimentares saudáveis e estimula o cooperativismo e o associativismo.

Desta forma verificamos que o PAA funciona assim: O orçamento do PAA é

composto por recursos do (MDS) Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e

do (MDA) Ministério do Desenvolvimento Agrário, que executa os procedimentos legais para

a compra e aquisição dos alimentos, insumos e sementes e a execução do Programa pode ser

feita por meio de seis modalidades: compra com doação simultânea, compra direta, apoio à

formação de estoques, incentivo à produção e ao consumo de Leite, compra institucional e

aquisição de sementes que serão repassadas aos produtores atendidos pelo programa PAA.

O Programa vem sendo executado por estados e municípios em parceria com o

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e pela (CONAB) Companhia

Nacional de Abastecimento.

Outro programa que é muito importante é o PNAE (Programa Nacional de

Alimentação Escolar) é um programa de assistência financeira suplementar com vistas a

garantir no mínimo uma refeição diária aos alunos beneficiários, a criação do PNAE ocorreu

em 1.983, contudo, a origem do mesmo remonta à 1.954, com a Campanha da Merenda

Escolar, no governo de Getúlio Vargas, o PNAE representa a maior e mais abrangente

experiência em programas de alimentação e nutrição na América do Sul, a clientela atendida

atualmente no país ultrapassa 37 milhões de alunos, com um investimento superior a 1,025

bilhão de reais ao ano, dados do (FNDE) Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

O gerenciamento do programa é bastante complexo em virtude de estarem

envolvidos diretamente no processo, União, Estados, Municípios, Conselhos e

estabelecimentos de ensino, no município de Uberlândia estes recursos são administrados pela

secretaria municipal de educação que presta conta dos recursos repassados para cada escola

junto a Secretaria do Estado da Educação, no município de Uberlândia este programa foi

criado após a descentralização da “Merenda Escolar”, isto é, o município deixou de receber

direto do estado o repasse financeiro para a compra de alimentos que compunham a

alimentação escolar das escolas do município, este repasse ficou a cargo da Secretaria do

Estado da Educação que repassa a verba para a Secretaria Municipal de Educação isso

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aconteceu a partir dos anos de 1986 e 1987 e a partir desta data foi montada a equipe que

prestaria serviços ao PMAE (Programa Municipal de Alimentação Escolar) no município de

Uberlândia.

Atualmente, em conformidade com a proposta de governo, está sendo acentuada a

fiscalização acerca da qualidade e quantidade dos produtos adquiridos para compor os

cardápios do PMAE, são realizadas visitas técnicas nas indústrias fornecedoras dos alimentos,

e nas propriedades dos pequenos produtores rurais da Agricultura Familiar do município de

Uberlândia e é através dos nutricionistas, e dos técnicos de segurança alimentar que fazem

uma avaliação com base nas normas de Boas Práticas de Fabricação, qualidade nutricional e

sensorial e a segurança físico-química e microbiológica de seus produtos, não se limitando

apenas à comprovação do prazo de validade e da segurança das embalagens no

armazenamento, todos os lotes de produtos adquiridos têm também que ser entregues com

laudos de análise laboratorial para garantir qualidade dos alimentos trazidos para o PMAE.

Com base nos estudos de seus nutricionistas, o PMAE se propôs ao desafio de

oferecer cardápios mais saudáveis, com a redução dos teores de cloreto de sódio (sal), de

gorduras vegetais hidrogenadas e eliminação de produtos formulados e industrializados,

colocando no cardápio estudantil mais verduras e legumes comprados dos produtores rurais

da Agricultura Familiar do município de Uberlândia e distribuídos pelo (DAD) Diretoria de

Abastecimento e Distribuição.

Foto 13: Galpão do DAD Diretoria de Abastecimento e Distribuição do PAA e PMAE em Uberlândia

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

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Foto 14/15: Os alimentos distribuídos pelo DAD Diretoria de Abastecimento e Distribuição para as escolas

municipais de Uberlândia

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

Segundo a Secretaria de Agropecuária e Abastecimento até o início da década 90 não

existia nenhuma política pública no Brasil com abrangência nacional voltada ao atendimento

das necessidades específicas do segmento social de agricultores familiares, e foi neste período

em 1995, que surgiu o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

(Pronaf), criado em 1990, mas colocado em prática apenas em 1996 com o decreto

presidencial número 1946 de 28/07/96 (MA/SDR/DATER), este programa tem três linhas de

ação principais quais sejam, o crédito de custeio, infraestrutura e comercialização e é a

primeira política pública deste seguimento, diferenciada e voltada aos agricultores familiares,

que até então eram marginalizados em relação ao acesso aos benefícios da política agrícola do

estado brasileiro, e só a partir 1996 que o programa se tornou uma conquista dos movimentos

sociais e sindicais dos trabalhadores rurais brasileiros.

Neste sentido houve uma distribuição mais equilibrada da população no território,

além da valorização da cultura local, preservação ambiental e fixação das famílias rurais no

campo. Assim, a criação do Pronaf representa a legitimação, pelo Estado, de uma nova

categoria social os agricultores familiares que passaram a ter mais espaço no cenário agrícola

nacional uma vez que antes deste período pouco se falava de Agricultura Familiar, e que além

de contribuir com a produção agrícola nacional contribui com geração de empregos e renda

familiar.

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3 - O PERFIL DOS AGRICULTORES FEIRANTES E FREQUENTADORES E OS

DESAFIOS PARA A MANUTENÇÃO DA FEIRA

3.1. O perfil dos feirantes

As propriedades rurais visitadas durante o trabalho estão localizadas no entorno da

cidade de Uberlândia, onde predomina o bioma Cerrado que é facilmente reconhecido pelas

suas características paisagísticas, com clima que tem verão quente e chuvoso, inverno frio e

seco além da sua vegetação típica.

Os feirantes A e B residem na propriedade rural que se chama Fazenda Sobradinho,

localizada próximo ao Distrito de Cruzeiro dos Peixotos. Para chegar nesta propriedade é

preciso seguir pela rodovia Neuza Resende até o km 12 virar à direita na placa que indica

Fazenda Sobradinho e seguir mais 3 km em estrada de terra até chegar à sede da propriedade.

O referido casal reside na propriedade há mais de 35 anos, e a casa está passando por uma

grande reforma.

Foto16: Fazenda Sobradinho: vista frontal da sede da propriedade dos feirantes A e B

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

É uma casa antiga que segundo o casal, está passando por uma reforma geral, e

quando terminarem a casa ficará mais aconchegante, pois segundo eles:

Nunca tiveram tempo nem dinheiro para fazer esta obra, e agora depois destes anos

todos nós conseguimos juntar um “dinheiro” para arrumar a casa, tem mais de 40

anos quando terminarmos nossa casa vai fica muito bonita (Feirantes A e B, 2015).

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Esta propriedade fica a 3 km da rodovia para chegar lá é necessário descer por uma

estrada de terra que passa dentro de um vale rodeado por árvores típicas do cerrado como

aroeiras, pequizeiro, jatobás, ipês, dentre outras, além de várias árvores frutíferas que ao

chegar à propriedade podem ser reconhecidas árvores como; goiabeira, laranjeira, bananeira,

mangueira, abacateiro, mexerica ponkan e a jabuticabeira, que segundo o feirante A:

Havia um pomar na propriedade que ficou abandonado por muito tempo, mas agora

com as reformas pretendem revitaliza-lo para que este possa produzir frutas para nós

e para os bichos que temos aqui, micos, maritacas, tucanos e muitos outros (Feirante

A, 2015).

Foto17/18/19/20: O curral com a ordenha, o tanque resfriador que armazena o leite, galinhas caipiras e o

chiqueiro com porcos para a produção de carne para o consumo

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

Como estas propriedades estão localizadas geralmente em áreas de fundo de vale,

devido as nascentes que fornecem água para a manutenção das propriedades, podemos

observar a relação direta da água com o manejo e cultivo das terras destas propriedades, como

pode ser visto nas imagens da propriedade do feirante C, que tem acesso pela Rodovia Pau

Furado no km 10, primeira entrada a direita próxima à comunidade Tenda dos Morenos.

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Foto 21: Vista parcial da propriedade do Feirante C localizada no km 10 da Rodovia Pau Furado primeira

entrada a direita andar 3 km da terra, próxima à comunidade Tenda dos Morenos

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

Esta propriedade que tem 45 hectares de extensão das quais 12 hectares é cultivada

durante todo o ano graças à declividade baixa do solo, pois, por se tratar de uma área plana o

manejo e o cultivo do solo são favorecidos e o sistema de irrigação fornece água para toda a

área de cultivo para as hortaliças folhosas produzidas nesta propriedade durante todo o ano.

Foto 22: Vista parcial do sistema de irrigação na prorpiedade do Feirante C

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

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As hortaliças produzidas nesta propriedade são vendidas na Feira da Agricultura

Familiar, no Ceasa, em alguns restaurantes, e em sacolões na cidade de Uberlândia a produção

é toda programa para atender a demanda do comércio, pois, segundo o Feirante C:

Nossa terra de cultivo é pequena e nós não podemos desperdiçar nosso plantio e nem

perder nossa colheita, por isso procuramos produzir de acordo com a demanda das

nossas hortaliças que são: alface romana, alface crespa, alface roxa, alface bailarina,

couve, brócolis, espinafre, rabanete que são colhidas todos os dias bem cedinho e

levadas para o comercio na cidade de Uberlândia.

Foto 23/24/25/26/27/28: Hortaliças cultivadas durante todo o ano na propriedade do Feirante C

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

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E segundo o Feirante C toda a produção é vendida para o comercio de Uberlândia, e

que se não for assim não dá para manter a despesa, pois segundo ele que já morou na cidade e

não conseguiu se adaptar a este ritmo agitado, conseguiu estas terras vendendo a casa dele e

um terreno em Uberlândia e aos poucos comprou outro pedaço de terra ao lado e assim aos

poucos ele vai comprado e aumentado sua pequena propriedade.

Para a elaboração e tabulação dos dados dos roteiros de entrevistas foram observadas

e analisadas os dados dos informantes qualificados, tanto dos feirantes, quanto dos

consumidores/frequentadores da feira da Agricultura Familiar, conforme mostra a tabela 1.

Tabela 1: A idade, local de residência e quantidade de filhos dos feirantes

IDADE/ANOS RESIDEM NA PROPRIEDADE N DE FILHOS

FEIRANTE A 66 SIM 3

FEIRANTE B 62 SIM 3

FEIRANTE C 71 SIM 3

FEIRANTE D 48 SIM 4

FEIRANTE E 64 SIM 3

FEIRANTE F 50 SIM 0

FEIRANTE G 36 SIM 0

FEIRANTE H 50 NÃO 2

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

Ao analisar a tabela 1, é possível perceber que os feirantes têm em média mais de 55

anos de idade, e isso demonstra que são pessoas já de idade mais avançada e que todos

residem e trabalham nas suas terras. O feirante G reside na cidade, mas que durante a semana

trabalha na roça com sua família e nos dias de feira vem para a cidade.

Com relação à quantidade de filhos todos tem mais de dois filhos, exceto pelos

feirantes G e H que não tem filhos, mas como foi analisado no questionário que foi aplicado

para estes produtores ficou constatado que os filhos (as) destes, não querem viver na “roça”

como seus pais e buscaram á cidade para poder estudar, trabalhar e ter uma vida melhor, pois

segundo o filho mais velho do feirante H, que tem 21 anos de idade diz que: o trabalho na

roça” não é fácil não, tem que acordar muito cedo, e trabalhar no sol o dia todo, e que apenas um

filho, geralmente o mais novo dos feirantes A, B, C, D, e H moram e trabalham com eles, os

outros moram na cidade e vão pra fazenda só a passeio.

A partir da pesquisa de campo, foi possível constatar que dos oito produtores rurais

(feirantes) analisados, apenas cinco deles tem ajuda de um dos filhos, mesmo tendo em média

mais de 2 filhos. Esta situação demonstra que há uma mudança no que diz respeito a morar e

viver na roça, e de acordo com os feirantes A, B, D e H, 2015, quando questionados sobre esta

questão, todos deram respostas que convergiram para a seguinte a mesma afirmação:

Os nossos outros filhos que saíram de casa para morar na cidade foram em busca de

trabalho e melhores condições vida para eles, pois as terras são poucas e a renda não

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é muita pra todos, e com estas mudanças no ritmo de vida deles na cidade o tempo

que sobra só dá pra vir aqui na “roça” a passeio. (Feirantes A, B, D e H, 2015).

Estas observações foram feitas na visita a campo, e de acordo com as respostas dos

feirantes as alegações dos filhos são muito variadas, uns acham que o serviço na roça é muito

desgastante, outros acham que as terras são poucas para a sobrevivência de todos da família e

preferiram se mudar pra cidade em busca de outros tipos de trabalho para sustentar suas

próprias famílias. De todos os filhos dos feirantes entrevistado, apenas o filho do feirante D e

do feirante G são solteiros, e moram com os pais nas suas propriedades.

A tabela 2 demonstra que se trata de pequenas propriedades familiares. Esta tabela

traz alguns dados interessantes, ou seja, as propriedades rurais são pequenas e devido á este

motivo acontece uma mudança forçada dos meios de sobrevivência das famílias rurais, pois se

não tem “terra” para todos plantarem para ter seu próprio sustento, fica claro a necessidade de

mudar pra outro lugar em busca de melhores condições de sobrevivência, que neste caso a

cidade é a melhor opção.

Os produtores rurais que participam da feira da Agricultura Familiar estão há muitos

anos trabalhando nesta feira, pois quando estes são cadastrados na Secretaria Municipal de

Agropecuária e Abastecimento para receber os subsídios do governo federal, eles são

convidados a participar da feira da Agricultura Familiar, desta forma estes produtores podem

produzem nas suas propriedades e podem vir pra feira comercializar seus produtos como já o

fazem há vários anos como mostra a tabela 2.

Tabela 2: Quantidade de filhos que trabalham na propriedade, o tamanho da propriedade e há quantos anos

trabalham na feira.

QTDE FILHOS QUE TRABALHAM

NA PROPRIEDADE

TAMANHO DA PROPRIEDADE

EM HECTARES (ha)

TRABALHA NA FEIRA HÁ

QTOS ANOS

FEIRANTE A Apenas 1 41,14 8 ANOS

FEIRANTE B Apenas 1 41,14 8 ANOS

FEIRANTE C Apenas 1 45 8 ANOS

FEIRANTE D Apenas 1 43 8 ANOS

FEIRANTE E NENHUM 12 5 ANOS

FEIRANTE F NENHUM 18,4 2 ANOS

FEIRANTE G NENHUM 18,4 2 ANOS

FEIRANTE H Apenas 1 36 7 ANOS

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

Faz-se necessário demonstrar como é a realidade econômica de cada feirante, pois

quando foi perguntado á eles se tinham algum subsidio do governo, todos foram unanimes em

dizer que sim, pois, sem estes subsídios nenhum destes produtores poderia participar da Feira

da Agricultura Familiar e também não conseguiria produzir e se manter no campo, como

demonstra a tabela 3.

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Tabela 3: Subsídio do governo federal, e outra renda além da feira.

RECEBE SUBSIDIO

DO GOVERNO FEDERAL

QUAL FINANCIAMENTO RECEBE

(PRONAF) (PAA) (PNAE) OU NENHUM

TEM OUTRA RENDA FAMILIAR

ALÉM DA FEIRA

FEIRANTE A SIM (PRONAF) (PAA) ENTREGA LEITE/APOSENTADO

FEIRANTE B SIM (PRONAF) (PAA) ENTREGA LEITE/APOSENTADO

FEIRANTE C SIM (PRONAF) ENTREGA LEITE/APOSENTADO

FEIRANTE D SIM (PRONAF) (PAA) (PMAE) VENDE QUEIJO NA CIDADE

FEIRANTE E SIM (PRONAF) APOSENTADO

FEIRANTE F SIM (PRONAF) (PAA) TEM UM PESQUE E PAGUE

FEIRANTE G SIM (PRONAF) (PAA) TEM UM PESQUE E PAGUE

FEIRANTE H SIM (PRONAF) VENDE DOCES POR ENCOMENDA

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

Dentre os subsídios, podemos destacar (PRONAF) Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar, (PAA), Programa de Aquisição de Alimentos, (PAA)

que o governo federal disponibiliza para estes pequenos produtores. A mediação entre os

programas e os produtores é realizada pela Secretaria Municipal de Agropecuária e

Abastecimento (SMAA), que por sua vez é o órgão gestor do município responsável em

realizar o cadastro destes pequenos produtores, que segundo feirante A:

Os subsídios mal dão para custear a nossa produção, dai é necessário uma

complementação da renda das “terras” como é o caso da entrega do leite para o

laticínio, venda de queijo e doces por encomenda no comércio de Uberlândia,

utilização do pesque e pague para recreação de visitantes no final de semana, além

da aposentadoria que alguns produtores já recebem é uma pequena ajuda esta, pois

não é muito apenas um salário mínimo mais ajuda na despesa (Feirante A, 2015).

Estas pequenas propriedades têm como formação o núcleo familiar e desta forma

praticavam a agricultura para sua subsistência, a princípio esta produção de leite tinha o

intuito apenas de suprir as necessidades básicas de fornecer alimento para estas famílias, mas

com o passar dos anos e as mudanças na renda destas famílias, passaram há produzir não mais

para sua subsistência e sim gerar recursos para melhorar o plantel leiteiro e para aumentar a

renda familiar como pode ser visto na tabela 3 que demonstra a importância da atividade

leiteira para a geração de renda, pois todos estes pequenos produtores tem produção de leite

nas suas propriedades, como explica o feirante A:

Há princípio o leite era produzido apenas para o nosso próprio consumo, mas com o

passar dos anos e as mudanças na renda familiar, foi necessário investir mais no

gado de leite e aumentar a produção para complementar a renda da propriedade

explica o e feirante B que começou seu plantel leiteiro apenas com duas vacas há 6

anos atrás e hoje possui mais de 60 vacas em lactação produzindo em média 1250

litros de leite por dia, hoje além da Feira nos todos temos uma renda a mais com a

entrega do leite para os laticínios aqui do município (Feirante B, 2015)

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Foto: 29/30/31 Curral, tanque resfriador de leite, e ordenha mecânica na propriedade dos feirantes A e B

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

Ao serem indagados sobre os motivos que os levaram a vender seus produtos na

Feira da Agricultura Familiar e não nas feiras livres da cidade grande parte dos produtores

(feirantes) foi unanime, em dizer que:

Primeiro, porque é um pré-requisito para poder fazer parte dos programas da

Agricultura Familiar que dão apoio ao pequeno produtor rural que é oferecido pela

prefeitura e pelo governo federal, e segundo, a feira é especifica para o pequeno

produtor rural que faz parte da Agricultura Familiar e é bem diferente das feiras

livres que acontecem pela cidade de Uberlândia, na feira convencional você não

precisa ser produtor rural para ser feirante, basta apenas ter a barraca o alvará de

autorização e pagar as taxas municipais, já nós não, para ser Feirante da Feira da

Agricultura Familiar, temos que estar cadastrado na SMAA, ser produtor rural e ter

o DAP (Declaração de Aptidão do Pronaf), este documento garante que o pequeno

produtor rural como nós podemos produzir nas nossas terras e vender na feira

(Feirante D, 2015).

No entanto ao realizar o mesmo questionamento para os feirantes E, e H, 2015, estes

responderam que:

Fornecem para a Feira da Agricultura Familiar e para os supermercados e sacolões

da cidade, pois levar os produtos somente para a feira não está dando o retorno

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financeiro que nós precisamos para custear nossas despesas, portanto é necessário

vender em outros lugares para garantir nossa renda (Feirantes E e H, 2015).

Foto: 32/33/34/35 Comercialização de produtos do feirante D

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

O feirante D além de fornecer seus produtos para a feira também produz queijos do

tipo frescal que segundo ele:

Demorou muito tempo para nós conseguirmos produzir nossos queijos dentro das

normas da vigilância sanitária, pois nosso sitio está dentro de uma área de

assentamento aqui no Assentamento Terra Branca e as dificuldades de estrutura

física como vocês puderam ver dificultaram bastante e demorou muito, e após 3

anos conseguimos estas adequações e solicitamos ao (IMA) Instituto Mineiro de

Agropecuária o nosso cadastro que com muita dificuldade saiu, agora a partir deste

cadastro poderemos comercializar nossos queijos na feira e nos supermercados em

Uberlândia, e o nosso intuito também é levar nossos queijos para outros estados.

Além de vender seus produtos na feira da Agricultura Familiar os produtores feirantes

F e G tem um pesque e pague na sua propriedade que é aberto aos visitantes nos fins de

semana, lá os visitantes podem andar no meio dos canteiros de verduras, descansar embaixo

das sombras das árvores, tomar sucos, e bebidas variadas no bar e acima de tudo podem

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pescar o comer o seu peixe na hora, pois este é preparado (cozido, assado ou frito), bem

rapidinho pelos próprios donos do pesque e pague, e que segundo eles (feirantes F e G):

Nosso trabalho aqui na nossa propriedade aumentou bastante com a criação do

pesque e pague, pois os peixes que temos aqui (tilápia, pacu caranha, piau e pintado)

requer muitos cuidados desde a alimentação até a limpeza dos tanques, mas está

valendo a pena e está dando o retorno que esperávamos graças a Deus (Feirante A,

2015).

Foto: 36/37/38 Pesque e pague para recreação de visitantes na propriedade dos feirantes F e G.

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

No entanto, analisando a feira constatei que nos últimos dias de realização desta que

a quantidade de feirantes vem diminuindo e conversando com o feirante A, este me disse que:

Como a gente pode ver aqui na feira nem sempre todos os agricultores (feirantes)

vêm pra cá sempre tem alguém que não pode vir, seja por algum motivo de colher à

produção, ou de saúde ou mesmo da dificuldade de transporte, enfim estes fatores

dão muito descredito para nós pequenos produtores rurais, pois, se não produz na

roça não come, se não traz pra feira não ganha um dinheiro a mais pra completar a

renda por isso que a feira tá ficando cada vez com menos produtores (feirantes),

além do mais depois que a feira passou pra Secretaria Municipal de Agropecuária e

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Abastecimento no mandato do atual prefeito, de 2012 pra cá ficou muito mais difícil,

antes quando era comandada pela (FERUB) Fundação de Excelência Rural de

Uberlândia tínhamos muito mais apoio e a nossa renda com a feira era muito boa,

agora só tá ficando com menos gente e mal dá para custear as despesas, desse jeito a

feira vai acabar ai vai ficar muito mais difícil pra “nóis” conseguir alguma ajuda da

prefeitura. (Feirante A, 2015).

3.2 O perfil dos frequentadores

Outro ponto importante a ser analisado são as informações que obtivemos dos

frequentadores a partir do questionário com perguntas e respostas das quais, pudemos analisar

e tabular muitas informações que são muito importantes par entender a feira e suas múltiplas

relações.

Tabela 4: Idade dos frequentadores assíduos anos, frequenta a feira á quantos anos, sempre encontra o que

procura na feira.

IDADE DOS

FREQUENTADORES (ANOS)

FREQUENTA A FEIRA Á

QUANTOS ANOS

SEMPRE ENCONTRA O QUE

PROCURA NA FEIRA

FREQUENTADOR A 65 8 SIM

FREQUENTADOR B 44 8 SIM

FREQUENTADOR C 35 3 SIM

FREQUENTADOR D 32 8 SIM

FREQUENTADOR E 45 2 SIM EM PARTE

FREQUENTADOR F 49 1,5 SIM

FREQUENTADOR G 43 2,5 SIM EM PARTE

FREQUENTADOR H 51 8 SIM

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

Ao observar esta tabela nota-se que o público que frequenta a Feira da Agricultura

Familiar na sua maioria são pessoas mais velhas, acima de trinta anos de idade, no entanto

quando se vai a feira se observa que estes adultos estão sempre acompanhados de crianças,

ou seja o público da feira é bastante variado, e como podemos perceber estes frequentadores

participam da feira a bastante tempo, apenas com excesso do consumidor E,F,G que

frequentam a menos tempo, os frequentadores já são fregueses assíduos da Feira.

Os consumidores E, G, quando questionados se sempre encontravam o que

procuravam na feira responderam que;

Sim em parte, porque, se não encontram o que procuravam nesta semana estes

consumidores encomendam seus produtos para os produtores que na próxima

semana trazem sem nenhum problema, (frequentadores E, G, 2015).

E é a partir desta troca que surge o compromisso e o comprometimento do feirante

com o frequentador e vice versa neste mesmo tempo ocorrem às trocas entre estes agentes, os

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saberes e os sabores da feira dão forma ás relações entre frequentadores e produtores rurais

(feirantes) que se encontram semanalmente nesta feira.

Ao analisar as questões sobre os frequentadores da feira percebemos que quando

questionados sobre o reconhecimento da diferença entre agricultura Familiar e Agronegócio,

os frequentadores em boa parte das perguntas sabem diferenciar a agricultura familiar do

agronegócio (Tabela 5).

Tabela 5: Percepção sobre a diferença entre agricultura Familiar e o Agronegócio, produtos da “roça”, e

qualidade dos alimentos consumidos

Diferença entre

agricultura Familiar e o

Agronegócio

Estes produtos da “roça” não

seriam encontrados na feira

convencional

Preocupação com a qualidade

dos alimentos que está

consumindo FREQUENTADOR A SIM NÃO SIM

FREQUENTADOR B SIM NÃO SIM

FREQUENTADOR C SIM NÃO SIM

FREQUENTADOR D NÃO MUITO TALVEZ SIM EM PARTE

FREQUENTADOR E SIM NÃO SIM EM PARTE

FREQUENTADOR F SIM NÃO SIM

FREQUENTADOR G SIM NÃO SIM EM PARTE

FREQUENTADOR H NÃO MUITO TALVEZ SIM EM PARTE

Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Autor: MELO. M. P., 2015

Exceto pelos frequentadores D e H que, ao serem questionados sobre estas diferenças

disseram que: Não conseguiram reconhecer as diferenças entre estes dois tipos de produção agrícola, e ao

serem questionados sobre os produtos vindos direto da roça para a feira da Agricultura

Familiar, e se estes produtos não seriam encontrados na feira convencional, a maioria disse

que:

Não os encontraria, pois, por se tratar de produtos cultivados pelos produtores e

vendidos por eles mesmos, há uma história produtiva um cuidado com estes

produtos que dá pra nós mais confiança na qualidade e na origem além é claro do

contato com o produtor rural que faz toda a diferença (frequentadores E, G, 2015).

No entanto os frequentadores D e H ficaram na dúvida com relação ao

reconhecimento destes produtos, pois, segundo eles como tem a cidade vários tipos de feira e

sempre vão à feira muito rápido pois, não tem tempo de ficar conhecendo as feiras de fato e

ainda disseram que: Não veem muita diferença entre estes produtos da roça e da feira convencional, afinal

são todos produzidos na roça né.

E quando foram questionados sobre a preocupação com a qualidade dos alimentos

que estão comprando os frequentadores, A, B, C e F disseram que com o uso de várias

sementes transgênicas que produzem mais e em menor tempo o risco de ingerir alimentos

com muitos agrotóxicos é muito grande, pois, da mesma forma que tem alimentos produzidos

em menor tempo as pragas de insetos e de ervas daninhas também cresce mais rápido daí

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estas empresas especializadas em produzir sementes, também produzem os agrotóxicos para

combater estes vários tipos de pragas, e quando questionados sobre a preocupação com o uso

de agrotóxicos os alimentos que estão comprando disseram que: Sim se preocupam, tanto é que eles

buscam a feira da Agricultura Familiar, pois sabem que nestes produtos há um cuidado especial com relação ao

cultivo e o uso de agrotóxicos.

No entanto, os frequentadores D, E, G e H se preocupam sim, mas disseram que de

modo geral:

Se não encontrar o produto que procuram na feira, compram em outro lugar como

supermercados e sacolões, pois alegam que nem sempre tem muito tempo para ficar

na feira às vezes passam muito depressa, e ainda alegam que de certa forma todos os

alimentos e hortifrútis de um jeito ou de outro tem algum tipo de agrotóxico

(frequentadores D, E, G e H 2015).

Ao serem indagados sobre o que os motiva a vir á esta feira, obtivemos várias respostas

que me proporcionaram uma análise muito interessante sobre este pequeno mundo de relações e de

trocas que acontece na feira e conforme o frequentador A, ao ser questionado sore o que o

motiva a vir a esta feira ele disse que:

Os produtos que são de boa qualidade e que não tem este monte de veneno que os

outros produtos dos supermercados e das feiras comuns que ocorrem na cidade têm,

as quitandas que tem aqui lembra o gosto das quitandas da casa da minha avó lá no

interior do Rio de Janeiro em Duque de Caxias, e me fazem lembrar o tempo de

criança correndo lá quintal da casa dela, e o bate papo com os produtores que são

maravilhosos, e nos tornamos amigos, e quando algum deles falta à gente até fica

preocupada, né, além de trocarmos receitas, e quando não encontro o que preciso é

só encomendar que na outra semana eles trazem como é o caso das mudas de

jabuticaba, limão Taiti e mexerica ponkan que encomendei faz três meses, e que já

plantei no fundo do meu quintal no mês passado (frequentador A, 2015).

Os frequentadores B e D também têm bons motivos para ir a esta feira, o

frequentador B trabalha com um projeto de uma ONG na cidade de Uberlândia e sempre está

na prefeitura e segundo ele: Sempre estou por aqui há mais de oito anos, gosto muito da comida, do bate

papo com os produtores e de ter contato com as pessoas que frequentam esta feira (frequentadores E, 2015).

Já o frequentador D vem na feira para se alimentar e conversar, pois, ele é de outra

cidade do interior também, trabalha e estuda aqui na cidade de Uberlândia e meus parentes

não vêm aqui me visitar com tanta frequência, e analisado esta condição do frequentador D

fica claro que este procura a feira para suprir suas necessidades físicas e sentimentais, pois

segundo ele os pequenos produtores desta feira em especial lembram bastante seus parentes e

além do mais segundo ele:

A feira é Um lugar muito legal além de ser próxima do meu trabalho fica mais

barato comer aqui do que em um self-service, e também gosto de ficar aqui vendo as

pessoas enquanto almoço e fico conversando com os feirantes, que são pessoas de

bem sabe e que tem uma simplicidade única (frequentador D, 2015).

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Ao serem indagados sobre o significado da feira, e as sugestões com relação à feira

obtive muitas respostas e opiniões que se convergem para o mesmo ponto, ou seja; a feira

segundo os frequentadores A, B, C, E, F e G é um lugar que:

Encontramos pessoas que se preocupam com o que produzem e gostam muito do

que fazem, além disso, nós nos preocupamos com qualidade de vida que começa a

partir do que comemos, e o bate papo com os produtores é muito prazeroso, além de

trocarmos várias receitas e curiosidades, além de ter produtos que se não tem nesta

semana encomendamos para que possa ser trazido na próxima, e nós nos

identificamos muito com os produtores, pois, a simplicidade e hospitalidade destes

nos traz boas lembranças do interior e do jeitinho mineiro de ser que podemos

observar a partir das conversas e principalmente das comidas que, ao saboreá-las

percebemos e temos boas lembranças de bons momentos que passamos nas cidades

do interior de Minas em especial aqui em Uberlândia e na “roça” na casa dos nossos

avós e parentes, enfim é muito prazeroso vir há esta feira(frequentadores A,

B,C,E,F, 2015). .

No entanto os frequentadores D e H ao serem questionados com a mesma questão

disseram que quando a feira começou eram muito mais produtores e tínhamos muito mais

variedades de produtos, mas com o passar dos anos percebemos que a quantidade de feirantes

está diminuindo, e nós como consumidores ficamos preocupados, pois, os produtos são bons e

a feira para nós é:

É um lugar de troca de fato, de informações, de conhecimentos, de sensações como

(cheiro, gosto, olhares, curiosidade e sentimentos) porque todos nós que vamos pra

feira estamos em busca de algo que estamos precisando, seja alimento para o nosso

corpo ou alimento pra nossa memória, mas achamos que a feira deveria crescer e

muito, pois, no começo há uns oito anos atrás havia mais ou menos uns 40

produtores, e hoje são uns 6 ou 8 que vem e trazem seus produtos (frequentadores D,

H, 2015).

O frequentador D ainda durante a entrevista comentou que se a feira esta como está

hoje é por causa da prefeitura que deixou de lado os pequenos produtores para se dedicar a

outras atividades voltadas a outras atividades rurais voltadas para a produção não tradicional o

que fez com que a agricultura familiar nas pequenas propriedades ficasse em segundo plano, e

de fato esta situação pude ver a prática às dificuldades dos produtores em ter contato com a

secretaria é muito grande e os pequenos produtores acabam desistindo de entrar em contato

com a prefeitura e acabam assumindo os custos e riscos da produção quando não conseguem

contato com a prefeitura, fato este questionado pelo frequentador D que acha que:

A prefeitura junto à secretaria municipal de agropecuária e abastecimento deveriam

reavaliar seus conceitos com relação à feira, pois se o papel desta feira é ter este

caráter de valorização do pequeno produtor rural, dando ênfase na produção e

valorização dos saberes e dos sabores da roça que a gente pode encontrar aqui

(frequentador D, 2015).

Já o frequentador H chama a atenção para outra situação muito importante também,

pois, a feira está há muitos anos na cidade e quer se manter aqui a cidade ainda por muitos

anos e segundo os produtores A e B nós não temos a intenção de parar de vir pra feira, pois,

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faz oito anos que trazemos nossos produtos e vedemo-los aqui e do jeito que a feira está fica

mais difícil vir pra cá vender, mais com fé e trabalho vamos vencer mais estes desafios e

segundo o frequentador H estas mudanças estão a forma coma feira está sendo organizada e

questiona que:

Cabe um olhar mais criterioso por parte dos governantes, e ações efetivas para dar o

real valor a Feira da Agricultura Familiar, como é chamada esta feira aqui, e de fato

colocar em prática este trabalho de valorização desta arte do saber e do fazer do

pequeno produtor rural da nossa região junto à comunidade, para que a partir destas

ações possa-se preservar e valorizar estes costumes que são nossos e que devem ser

repassados para as próximas gerações, para que possam vivenciar estes costumes e

sentir estas sensações na prática e não apenas na lembrança ou papel como estamos

vendo (frequentador H, 2015).

3.3 Os desafios da manutenção da feira da agricultura familiar

A feira da Agricultura Familiar tem como intuito principal resgatar a cultura do

interior buscando trazer o homem do campo que vive e trabalha no meio rural na “roça” para

o contato e convívio com quem mora e trabalha na cidade, pois, de acordo com o Ministério

da agricultura quem leva alimentos à mesa dos brasileiros é a agricultura familiar e de fato o

que pude constatar neste trabalho é que os produtores da agricultura familiar de modo geral

trabalham muito para tirar das suas terras o sustento das suas famílias, tanto é que quando

visitei os pequenos produtores nas suas propriedades pude ver como é o serviço no campo e

percebi que estes produtores não acompanham relógio eles simplesmente acordam cedo antes

do sol nascer e trabalha o dia inteiro nas suas propriedades para poder colher seus alimentos e

leva-los para ser vendidos na cidade para poder custear sua produção na “roça”.

E assim como assinala Menezes (2011, p. 3) a polêmica que envolve a produção

artesanal no Brasil “está intrinsecamente relacionada à preservação de um alimento como

identidade, à sua contribuição na reprodução social do agricultor familiar e à controvérsia a

respeito da informalidade e dos entraves, isto é, a problemática higiênico-sanitária no

processo de produção e da legalização”, pois um dos maiores problemas que os produtos

tradicionais enfrentam no Brasil está relacionado com a questão da industrialização em grande

escala e com a noção de qualidade dos alimentos atrelada ao cumprimento de exigências

sanitárias rígidas, visualizadas nos meios oficiais como instrumento necessário para se

garantir a segurança dos alimentos.

E o “saber fazer tradicional” que com o atual processo de revalorização e

revitalização de alimentos tradicionais têm desafiado o sistema agro alimentar moderno, pois

a lógica industrial de produção, ao buscar a padronização perde a identidade e subestima ou

desconsidera a importância do vínculo dos alimentos com seus locais de origem às práticas de

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consumo locais diferenciadas que são de suma importância para ter a valorização da cultura

voltada para a culinária, costumes e práticas de cultivar a terra.

De fato a burocracia que é imposta aos pequenos produtores pelo Ministério da

Agricultura do governo federal, de modo geral dificulta muito sua inserção no mercado de

produção agrícola, uma vez que estes agricultores não dispõem de muito capital financeiro

para custear estas normatizações e exigências e devido estas dificuldades o Assessor de

Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento

(SMAA), Bruno Maia diz que:

Devido a estas dificuldades á Secretaria Municipal de Agropecuária e

Abastecimento busca parcerias junto ao governo federal para dar subsídios para a

produção agrícola destes pequenos produtores rurais que desde o surgimento da feira

em 1999 buscam seu reconhecimento junto á sociedade, e de lá pra cá estes

produtores veem realizando diversos cursos de capacitação para melhorar a

produção nas suas propriedades, e estes produtores também estão realizando

parcerias junto às instituições federais de ensino para o fornecimento de hortifrútis

para a merenda escolar do município.

E durante o trabalho podemos perecer que estes produtores também estão se juntando

com outras associações de produção agrícola, com uma nova visão de produção nas suas

propriedades, como é o caso da ACAMPRA (Associação Camponesa de Produção da

Reforma Agrária) que busca inserir os pequenos produtores rurais dos assentamentos do

Município de Uberlândia no mercado de produção de alimentos e também da Rede

Agroecológica Pachamama, que fomenta junto aos pequenos produtores rurais da região uma

nova forma de produzir alimentos livres de agrotóxicos, gerando uma agricultura com

produtos orgânicos que são mais saudáveis para a população consumidora que busca estes

produtos.

E tendo em vista estes novos processos de produção e comercialização dos produtos

rurais que estão surgindo junto aos pequenos produtores se faz necessário ter o apoio mais

próximo da Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento que segundo Bruno Maia:

A secretaria está trabalhando muito para dar o suporte necessário para estes

produtores rurais dado a eles cursos e certificados e registros juto ao IMA (Instituto

Mineiro de Agropecuária) para que estes produtores consigam seus registros de

produção e certificados de produtores tradicionais para que depois destas

burocracias estes produtores possam criar seus rótulos sua identidade, vender seus

produtos sobre encomenda, gerando assim mais credibilidade juto aos bancos e

garantindo para estes, linhas de credito agrícola e subsídio para a produção além de

fomentar o aumento do mercado consumidor garantindo emprego e renda no campo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este estudo esperamos ter contribuído, para reconhecer a feira da Agricultura

Familiar e seus agentes, os pequenos produtores rurais e os frequentadores da feira do

município de Uberlândia, pois acreditamos que as relações humanas que acontecem na feira

demonstram a arte do saber fazer destes produtores feirantes, que trabalham e produzem nas

suas pequenas propriedades e trazem para o comércio na Feira da Agricultura Familiar seus

produtos e conhecimentos além de suas experiências do trabalho no campo e os compartilham

com os frequentadores da feira, seja nos sabores das quitandas que são produzidas lá na

propriedade, nos doces caseiros ou nos hortifrútis que são trazidos frescos da “roça” para a

cidade.

Ao fazermos essa pesquisa foi possível compreender a importância da Geografia nas

relações sociais, econômicas, políticas e cultuais que se manifestam em todos os espaços

historicamente produzidos e em constante mudança.

E diante disso, entendemos que para produzir e viver nas suas terras, os pequenos

produtores rurais buscam junto às instituições de ensino federais cursos de qualificação

profissional melhoramento na produção rural, e mesmo assim ainda passam por vários

desafios que podemos acompanhamos no cotidiano destes seja na lida com a terra e nos seus

modos de produção e de manipulação dos alimentos, reconhecemos e analisamos seus

conhecimentos culinários que podem ser encontrados nos alimentos comercializados na Feira

da Agricultura Familiar.

Ouvimos suas expectativas para o futuro junto à feira, e percebemos sua busca

incessante junto a sociedade pelo seu espaço e reconhecimento como autores e detentores do

saber fazer do campo, vimos suas parcerias junto ao governo municipal e federal para o

subsídio da produção, e buscamos entender como se deu o processo histórico da feira livre no

mundo e sua chegada ao Brasil e os processos de interiorização com o movimento tropeirista

e o fortalecimento do comércio nas feiras, que foram surgindo nos pousos e paragens das

tropas, analisamos sua chegada no território Mineiro, principalmente no Município de

Uberlândia, observamos que os costumes e as práticas alimentares que os tropeiros deixaram,

os nomes que os alimentos receberam pelos índios e pelos negros que aqui viveram são

encontrados no nosso dia-dia e principalmente na feira da agricultura familiar até os dias de

hoje.

E ao analisarmos os dados das pesquisas de campo e dos questionários percebemos

que a realidade e as expectativas dos pequenos produtores com relação ao futuro da feira da

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agricultura familiar são de otimismo, pois, que por mais difícil que seja produzir os alimentos

estes produtores rurais, não querem deixar de produzir nas suas terras e querem transmitir os

valores simbólicos e culturais que estes alimentos podem oferecer para as futuras gerações e

para quem os consome além de compreender os lugares e entender as relações humanas que

ocorrem entre os pequenos produtores e a comunidade, e que possamos entender as relações

humanas com a natureza

E a partir das análises dos dados obtidos em campo podemos compreender como se

dá a produção no campo a partir das vivências que obtivemos junto aos produtores

observamos suas dificuldade sem produzir, transportar e vender seus produtos, na feira

verificamos as suas parcerias junto ao governo federal que disponibiliza financiamentos e

subsídios para que estes produtores possam produzir nas suas terras e se mantenham no

campo.

Portanto, ao avaliar a feira e seu universo produtivo percebemos que os pequenos

produtores estão buscando seu reconhecimento juto à sociedade demonstrando seu valor como

transmissores de cultura pautada na pequena produção agrícola e na diversidade dos alimentos

produzidos, como vimos nas visitas a campo nas pequenas propriedades, e observamos que os

pequenos produtores buscam ter rendimento em vários tipos de hortifrútis e buscam também a

obtenção de emprego e renda no campo de várias formas, sejam, na produção de leite para

laticínios da região, ou no pesque e pague, ou na Feira da Agricultura Familiar que é o lugar

onde são tecidas as mais diversas relações entre estes agentes rurais e urbanos que fazem

deste lugar um ponto de encontro semanal de grande importância para Uberlândia.

E diante do que foi dito esperamos que este estudo venha contribuir para discussões

futuras sobre este tema que historicamente surgiu como feira livre no século XI e que

atualmente para o nosso estudo se tornou um tema atual que é A Feira da Agricultura Familiar

um tema antigo como havíamos mencionado anteriormente, porém bastante atual e que requer

muitas discussões e debates futuros.

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APÊNDICES

Apêndice 1

ENTREVISTA COM OS PRODUTORES RURAIS DA FEIRA DA AGRICULTURA

FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE UBERLÃNDIA

Produtor rural:

Nome?

Idade?

Localização da propriedade?

Tamanho do imóvel rural?

De que forma adquiriu o imóvel; (herança compra e venda ou INCRA)?

O que produz?

Sempre morou na roça?

Questão 1:

Há Quantos anos você traz seus produtos para a feira?

Questão 2:

Você tem outra renda familiar além da feira ou é somente esta?

Questão 3:

Você tem filhos, todos moram com você e trabalham juntos com você nas suas terras ou se

mudaram para a cidade?

Questão 4:

Seus filhos que moram na cidade pensam em voltar para as terras de vocês, para morar ou só

vai há passeio?

Questão 5 :

Você é beneficiado por algum programa do governo federal, tipo PAA (Programa de

Aquisição de Alimentos) PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar do Governo Federal) ou outro programa, e se tem outro Qual é ele?

Questão 6 :

Porque você resolveu vender seus alimentos aqui nestas feiras dos produtores, e não vender

em outras feiras normais que ocorrem pela cidade?

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Apêndice 2

ENTREVISTA COM OS CONSUMIDORES DA FEIRA DA AGRICULTURA

FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE UBERLÃNDIA

Perfil dos Consumidores:

Nome?

Onde mora?

Quantos anos têm e é casado ou solteiro (a)?

Questão 1 :

Quanto tempo frequenta a feira e porque há frequenta?

Questão 2 :

Você reconhece a diferença entre agricultura Familiar e o Agronegócio?

Questão 3:

Estes produtos você não encontraria na feira convencional?

Questão 4:

O que te motiva a vir há esta feira em especial?

Questão 5:

Você se preocupa com a qualidade dos alimentos que está consumindo?

Questão 6:

O que é a feira pra você, e sua sugestão com relação à feira numa visão geral?