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VIVIAN LOPES NASCIMENTO Advogada ______________________________________________________________________________ ________________ EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DA __ VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTO ANDRÉ/SP. CLÁUDIO MIRANDA , brasileiro, viúvo, aposentado, portador da cédula de identidade RG nº 6.522.041-9 SSP/SP e inscrito no CPF/MF sob nº 059.785.568-49, residente e domiciliado na Avenida Capitão Mario Toledo de Camargo, 50 – apt. 202 – Bloco C – Vila Pires – Santo André /SP - CEP 09121- 455, por sua advogada infra-assinado, mandato incluso, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor a presente: AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE DESAPOSENTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DE BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA “INAUDITA ALTERA PARS” e “INITIO LITIS” em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS , Autarquia Federal representada por sua Procuradoria Especializada, com sede na Rua Vinte e Quatro de ________________________________________________________________ _____________ Rua Tirana, n° 606 – sala 02 – Vila Matarazzo – Santo André / SP, Tel.: 4479-1591 e-mail: [email protected]

Desaposentação - Cláudio Miranda

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VIVIAN LOPES NASCIMENTO

Advogada

______________________________________________________________________________________________

EXCELENTSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ZA) FEDERAL DA __ VARA DA SEO JUDICIRIA DE SANTO ANDR/SP.

CLUDIO MIRANDA, brasileiro, vivo, aposentado, portador da cdula de identidade RG n 6.522.041-9 SSP/SP e inscrito no CPF/MF sob n 059.785.568-49, residente e domiciliado na Avenida Capito Mario Toledo de Camargo, 50 apt. 202 Bloco C Vila Pires Santo Andr /SP - CEP 09121-455, por sua advogada infra-assinado, mandato incluso, vem, respeitosamente presena de Vossa Excelncia, propor a presente:

AO PREVIDENCIRIA DE DESAPOSENTAO PARA OBTENO DE BENEFCIO MAIS VANTAJOSO COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA INAUDITA ALTERA PARS e INITIO LITIS

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS, Autarquia Federal representada por sua Procuradoria Especializada, com sede na Rua Vinte e Quatro de Maio, n 250, 5 Andar, Centro, So Paulo-SP, CEP. 01041-000, pelas razes de fato e de direito a seguir expostos: I - DOS FATOS

O Autor aposentou-se por Aposentadoria por Tempo de Contribuio Proporcional em 23/03/1999 e na poca contava estimadamente com 30 anos, 09 meses e 19 dias de contribuio. O seu benefcio atualmente tem o nmero 112.422.399-9, espcie 42, com DIB 23/03/1999.Ocorre que o Autor, mesmo se aposentando, e, supe-se, estaria podendo enfim desfrutar do seu merecido descanso aps anos de labor, no obteve a renda desejada e foi obrigado a retornar ao mercado de trabalho.

Continuou desta forma o Autor, a recolher contribuies ao INSS em virtude de seu registro de trabalho e em decorrncia de ser contribuinte obrigatrio da Previdncia. Com a simulao do clculo da nova RMI da parte autora, restou observado um aumento mensal, onde fica comprovado que o benefcio pleiteado mais vantajoso quando comparado com o valor atual da sua aposentadoria.

Analisando o CTPS da Parte Autora, consta-se que este trabalhou e contribuiu nos seguintes perodos, e deseja aproveitar estas contribuies para fazer jus aposentadoria numa Renda Mensal Inicial, num valor mais compatvel com suas contribuies e com os padres monetrios e econmicos vistos nos dias de hoje:Contribuio no segundo perodo aps a aposentadoria Abril/1999 a janeiro/2000 Plstica Metalrgica Bristol Ltda.

Maro/2004 at os dias atuais Bristol e Pivaudran Indstria e Comrcio LtdaE assim, conforme ser esposado a seguir, seu direito poder renunciar ao seu benefcio para optar por outro mais vantajoso. II FUNDAMENTO

A concesso da aposentadoria materializada por meio de um ato administrativo, pois consiste em ato jurdico emanado pelo Estado, no exerccio de suas funes, tendo por finalidade reconhecer uma situao jurdica subjetiva conforme cita o eminente doutrinador Jos Cretella Jnior em sua obra Direito Administrativo Brasileiro, Rio: Forense, 1999, p.229. ato administrativo na medida em que emana do Poder Pblico, em funo tpica (no contexto do Estado Social) e de modo vinculado, reconhecendo o direito do beneficirio em receber sua prestao.

Em razo desta natureza que BRAMANTE, ao dispor sobre a desaposentao, a define como:

o desfazimento do ato administrativo concessivo do benefcio previdencirio, no regime de origem, de modo a tornar possvel a contagem de tempo de servio prestado em outro regime. (Ivani Contini Bramante, Desaposentao e Nova Aposentadoria. Revista de Previdncia Social, n 244, maro 2001, pg, 150/155 (g.n.).

Como todo ato administrativo, o provimento da aposentadoria um ato jurdico, praticado em observncia aos ditames legais. Aps seu regular trmite, atinge o status de pleno e acabado, alando a categoria de ato perfeito, apto a produzir efeitos, in casu, o incio do pagamento da renda mensal do benefcio.

semelhana dos atos jurdicos em geral, na medida em que efetiva uma prerrogativa legal do indivduo, completando todo seu trmite, pode ser definido como ato jurdico perfeito, resguardado contra alteraes futuras em privilgio da segurana jurdica.Apesar de freqentemente utilizados como expresses sinnimas, aposentao e aposentadoria apresentam significados distintos, sendo aquela o ato capaz de produzir a mudana do status previdencirio do segurado, de ativo para inativo, enquanto esta nova condio jurdica assumida pela pessoa. A aposentadoria surge com a aposentao, prosseguindo seu curso at sua extino.

Em razo disto, a desaposentao seria a reverso do ato que transmudou o segurado em inativo, encerrando, por conseqncia, a aposentadoria. Aqui tal conceito utilizado em sentido estrito, como normalmente tratado pela doutrina e jurisprudncia, significando to-somente o retrocesso do ato concessivo de benefcio almejando prestao maior.

A desaposentao ento, como conhecida no meio previdencirio, traduz-se na possibilidade do segurado renunciar aposentadoria com o propsito de obter benefcio mais vantajoso, no regime geral de previdncia social ou em regime prprio de previdncia, mediante a utilizao de seu tempo de contribuio. O presente instituto utilizado colimando a melhoria do status financeiro do aposentado, no caso do Autor.

A desaposentao pode existir em qualquer regime previdencirio, desde que tenha como objetivo a melhoria do status econmico do segurado. A idia da desaposentao liberar o tempo de contribuio utilizado para a aquisio da aposentadoria, de modo que este fique livre e desimpedido para averbao de novo benefcio no mesmo sistema previdencirio, quando o segurado tem tempo de contribuio posterior aposentao, em virtude da continuidade laborativa.

Como afirmam CASTRO e LAZZARI, a desaposentao ato de desfazimento da aposentadoria por vontade do titular, para fins de aproveitamento do tempo de filiao em contagem para nova aposentadoria, no mesmo ou em outro regime previdencirio.

H possibilidade de desaposentao dentro do mesmo regime, em especial no RGPS, caso do Autor, quando o segurado, muitas vezes jubilado pela aposentadoria proporcional, continua seu mister profissional por vrios anos, mantendo-se a contribuio prevista em lei (art. 12, 4, Lei n 8.212/91, com a redao dada pela Lei n 9.032/95), mas sem qualquer incremento em seu benefcio.

A lei, em momento algum, impede expressamente a reverso destes benefcios, sendo, ao contrrio, categrica na reversibilidade da aposentadoria por invalidez, na ocorrncia de recuperao laborativa deste segurado.

J o Regulamento da Previdncia Social, com evidente contedo praeter legem, aprovado pelo Decreto n 3.048, de 06 de maio de 2001, com redao dada pelo Decreto n 3.265/99, no artigo 181-B, prev que:

As aposentadorias por idade, tempo de contribuio e especial concedidas pela previdncia social, na forma deste Regulamento, so irreversveis e irrenunciveis.

Certamente o benefcio previdencirio direito inalienvel do segurado e de seus dependentes, assegurado pela lei e pela Constituio, no podendo ser excludo pelo Poder Pblico, uma vez preenchidas as condies a seu implemento. Qualquer tentativa neste sentido ser eivada do vcio da inconstitucionalidade. Uma vez obtidos, no haveria a possibilidade jurdica do interessado em revert-lo, no s em razo do ato jurdico perfeito, mas tambm devido prpria lgica protetiva do sistema previdencirio.Em razo de tais preceitos, normativos e teleolgicos, a desaposentao ainda questo controversa, at mesmo na definio, pois freqentemente conceituada restritivamente, como renncia aposentadoria para aproveitamento do tempo de contribuio neste regime previdencirio com vistas nova aposentadoria mais favorvel em outro regime previdencirio.

No entanto, o entendimento no deve ser to restrito, pois a desaposentao, como visto, pode ser solicitada com o propsito de benefcio mais vantajoso no prprio regime previdencirio em que se encontre o segurado, e no somente para efeitos de contagem recproca em outro sistema.De modo algum se sustenta a reversibilidade pura e simples da aposentadoria, em flagrante insegurana para o segurado, em contrariedade ao direito social, mas somente quando evidenciado seu intuito de obter prestao mais vantajosa no mesmo regime previdencirio. Esta a idia da perenidade no benefcio, ou seja, proteger seu titular contra eventuais excluses.

A desaposentao, desde que vinculada melhoria econmica do segurado, ao contrrio de violar direitos, somente os amplia. Seu objetivo ser sempre a primazia do bem-estar do indivduo, algo desejvel por toda a sociedade.

A Parte Autora continuou a contribuir para a Previdncia e solicitou o seu benefcio na poca, mas por necessidades financeiras no deixou de laborar e, principalmente, a contribuir, e agora vem requerer seu novo benefcio com o devido acrscimo.O ato jurdico perfeito, questo central do debate sobre a desaposentao, sabidamente resguardado pela Constituio, no Captulo referente aos direitos e deveres individuais e coletivos, no artigo 5, inciso XXXVI, dispondo que a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada. No mesmo artigo, no caput, dispe a Lei Maior que todos so iguais perante a lei, (...), garantindo-se (...) a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana, e propriedade (...).

Sem embargo, segundo regra comezinha de hermenutica jurdica, todo inciso e pargrafo devem ser interpretados de acordo com o caput do artigo, o qual traz disposio geral sobre o assunto normatizado. Por isso injustificvel a irreversibilidade absoluta do ato jurdico perfeito em favor do segurado, pois a prpria Constituio assegura o direito liberdade, inclusive de trabalho. Naturalmente, insere-se no contexto do direito ao trabalho a prerrogativa dos benefcios sociais, incluindo a previdncia.

As prerrogativas constitucionais no podem ser utilizadas contra as pessoas objeto da salvaguarda constitucional.

O ato concessrio da aposentadoria, aps o translado completo previsto na legislao, finalizado todo o seu iter legal, assume a condio de ato jurdico perfeito, semelhana dos atos de direito privado, sendo ento inalcanvel por novas disposies legais. Esta a regra determinada pela prpria Constituio.

Como afirma BANDEIRA DE MELLO, o ato administrativo perfeito quando esgotadas as fases necessrias sua produo. Portanto, o ato perfeito o que completou o ciclo necessrio sua formao. Perfeio, pois, a situao do ato cujo processo est concludo.

Como se sabe, o direito adquirido, ao lado do ato jurdico perfeito e da coisa julgada tem guarida constitucional (art. 5, XXXVI, CRFB/88), configurando-se em Clusula Ptrea, a priori, imodificvel at por emenda constitucional (art.60, 4, IV, CRFB/88). Tal preceito tem o evidente propsito de resguardar direitos individuais e coletivos, mantendo-os a salvo de eventuais mudanas legislativas.

O debate sobre o ato jurdico perfeito surge no prprio contexto do direito adquirido, pois este freqentemente obtido por meio daquele, em especial no segmento previdencirio. Da a norma constitucional disciplinar os institutos em conjunto. Como afirma BEVILQUA:O direito quer que o ato jurdico perfeito seja respeitado pelo legislador e pelo interprete na aplicao da lei, precisamente porque o ato jurdico gerador, modificador ou extintivo de direitos. Se a lei pudesse dar como inexistente ou inadequado o ato jurdico, j consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou, o direito adquirido dele oriundo desapareceria por falta de ttulo ou fundamento.

O ato jurdico perfeito resulta muitas vezes na concretizao de algum direito, seja pelo desejo das partes interessadas, ou por fora de lei. Da a salvaguarda do ato perfeito e acabado, pois evidentemente meio indireto de proteo ao prprio direito adquirido.

Sem dvida a questo previdenciria abarcada por tal concluso, pois o aposentado ver-se-ia em situao de eterna insegurana caso seu benefcio pudesse ser revisto a qualquer momento, em especial quando da reviso dos requisitos de elegibilidade previdencirios, os quais so freqentemente alterados, em virtude de questes atuariais.Todavia, como lembra MARTINEZ, ressaltando a viabilidade da desaposentao:

(...) o ordenamento jurdico se subordina Carta Magna, e esta assegura a liberdade de trabalho, vale dizer, a de permanecer prestando servios ou no (at depois da aposentao). Deste postulado fundamental deflui a liberdade de escolher o instante a se aposentar ou no faz-lo. Ausente essa diretriz, o benefcio previdencirio deixa de ser libertador do homem para se tornar o seu crcere.Sem embargo da necessria garantia ao ato jurdico perfeito e ao direito adquirido, no podem tais prerrogativas constitucionais compor impedimentos ao livre exerccio do direito. A normatizao constitucional visa, com tais preceitos, assegurar que direitos no sejam violados, e no limitar a fruio dos mesmos. O entendimento contrrio viola frontalmente o que se busca na Lei Maior.

Segurana jurdica, de modo algum, significa a imutabilidade das relaes sobre as quais h a incidncia da norma jurdica, mas, muito pelo contrrio, a garantia da preservao do direito, o qual pode ser objeto de renncia por parte de seu titular em prol de situao mais benfica.

No mesmo sentido, a Procuradora do Tribunal de Contas do Estado da Paraba, Dra. Elvira Smara Pereira de Oliveira, no Parecer PN TC 03/00:(...) Destarte, resulta cristalino que os defensores da irrenunciabilidade vm dando exegese distorcida e equivocada ao tema, posto que esto a interpretar s avessas a norma constitucional, transformando garantia individual em bice legal.(...)

V-se, assim, que a possibilidade de renncia, em casos como este (renncia exclusivamente para averbar tempo de servio anterior, para obteno de novo benefcio mais vantajoso), em hiptese alguma fere os princpios regentes do sistema previdencirio ptrio, mas, ao contrrio, com eles perfeitamente se entrosa.Sem dvida, o ato jurdico perfeito, semelhana do direito adquirido, uma garantia individual, mas a vedao constitucional sua excluso no impede o acerto de relaes jurdicas no sentido da melhor adequao aos princpios fundamentais da Carta Magna ptria.

Nunca demais repetir, as garantias do ato jurdico perfeito, do direito adquirido e da coisa julgada, os quais visam assegurar a prpria razo de ser do direito, ou seja, a pacificao social, por meio da permanente intencionalidade do valor Justia. E justamente em razo deste componente valorativo, no devem tais prerrogativas transmudar-se em impedimentos insuperveis consecuo de determinado propsito, em detrimento da coletividade.

Neste sentido a jurisprudncia, que tem admitido a renncia da aposentadoria em diversas hipteses, seja para averbar seu tempo de contribuio no RGPS ou em regime prprio de previdncia:EMENTA: Previdencirio. Procesual Civil natureza da Ao Declaratria e Condenatria. Hipteses de observncia do princpio da fungibilidade. Renncia aposentadoria previdenciria. Opo para fins de contagem de tempo de servio no servio pblico (art. 202, pargrafo segundo, da CF/88). Situao mais benfica. Direito do Segurado. (TRT 5 Regio. AC n 133529-CE. 98.05.09283-6 Relator Juiz Araken Mariz).

Como afirmou o Relator, Juiz Araken Mariz, no obstante a louvvel vedao a priori da reversibilidade do benefcio, como proteo dada ao segurado, h que se distinguir a renncia pura e simples, da renncia que possui, tambm, a natureza de opo e que permite ao segurado obter uma vantagem em sua fonte de sobrevivncia.Isto , desde que a renncia tenha objetivos que se coadunam com o iderio previdencirio, no h razo tcnica ou legal para seu impedimento. Este o caso do Autor, obter um benefcio mais vantajoso em virtude das contribuies vertidas aps a sua aposentao.

Da mesma forma o Relator Juiz Wellington Mendes de Almeida, ao decidir:EMENTA: Previdencirio. Renncia aposentadoria. Contagem do mesmo tempo de servio considerado para a aposentadoria para fins de aposentadoria no servio pblico estadual direito incorporado ao patrimnio do trabalhador. Certido de tempo de servio. (TRF 4 Regio. 0404738-1, 6 Turma, Relator Juiz Wellington Mendes de Almeida)

Duas recentes decises do Superior Tribunal de Justia do azo ao pedido do Autor, e ilustram o posicionamento dos eminentes Juzes:ACRDO: Resp 692.628 DF

RELATOR: Ministro Nilson NavesDATA: 17.05.2005

A aposentadoria previdenciria, na qualidade de direito disponvel, pode sujeitar-se renncia, o que possibilita a contagem do respectivo tempo de servio para aposentadoria estatutria. Note-se no haver justificativa plausvel que demande devolverem-se os valores j percebidos quele ttulo e, tambm, no se tratar de cumulao de benefcios, pois uma se iniciar quando finda a outra. Precedentes citados: REsp 497.683 PE, DJ 04.08.2003; RMS 17.874 MG, DJ 21.02.2005, e MS 7.711 DF, DJ 09.09.2002.Aqui, ilustra-se o ideal de que no deve o segurado devolver os valores recebidos ora recebidos, o que demais correto, posto que o segurado contribuiu para receber estes valores, e no caso de renunciar a Aposentaria para optar nova Aposentadoria, ele voltou a verter contribuies e faz jus novo benefcio, muito mais vantajoso.Na outra deciso, mais atual, o prprio STJ novamente, quase que pacificando o tema, decide:RECURSO ESPECIAL N 310.884 - RS (20010031053-2) STJ Relatora Laurita Vaz 13.09.2005 5 Turma. EMENTA.

Previdencirio. Recurso Especial. Renncia a benefcio previdencirio. Possibilidade. Direito Patrimonial disponvel. Abdicao de aposentadoria por idade rural para a concesso de aposentadoria por idade urbana.

1. Tratando-se de direito patrimonial disponvel, cabvel a renncia aos benefcios previdencirios. Precedentes.2. Faz jus o Autor renncia da aposentadoria que atualmente percebe aposentadoria por idade, na qualidade de rurcola para o recebimento de outra mais vantajosa aposentadoria por idade, de natureza urbana.3. Recurso especial conhecido e provido.

Prosseguiu a Relatora:

Ressalto, por fim, que a pretenso do Autor no a cumulao de benefcios previdencirios, mas sim, a renncia da aposentadoria que atualmente percebe (aposentadoria por idade, na qualidade de rurcola) para o recebimento de outra mais vantajosa (aposentadoria por idade, de natureza urbana), que, por sinal, segundo o juiz sentenciante, o segurado perfaz todos os requisitos para sua concesso. Dessa forma, merece reforma o aresto impugnado, porquanto no h falar em cmputo do "tempo de servio j utilizado para a concesso do primeiro" benefcio. Assevero que, no caso em apreo, no se trata da dupla contagem de tempo de servio j utilizado por um sistema, o que pressupe, necessariamente, a concomitncia de benefcios concedidos com base no mesmo perodo, o que vedado pela Lei de Benefcios. Trata-se, na verdade, de abdicao a um benefcio concedido no valor de um salrio mnimo aposentadoria por idade, de natureza rural , a fim de obter a concesso de um benefcio mais vantajoso aposentadoria por idade, como contribuinte autnomo , haja vista, segundo afirma o Autor, ter contribudo para Previdncia Social com um valor muito acima de um salrio mnimo.

(destaque nosso)Do ponto de vista atuarial, a desaposentao plenamente justificvel, pois se o segurado j goza de benefcio, jubilado dentro das regras vigentes, atualmente definidas, presume-se que neste momento o sistema previdencirio somente far desembolsos frente a este beneficirio, sem o recebimento de qualquer cotizao, esta j feita durante o perodo passado.

Todavia, caso o beneficirio continue a trabalhar e contribuir, esta nova cotizao gerar excedente atuarialmente imprevisto, que certamente poderia ser utilizado para obteno de novo benefcio, abrindo-se mo do anterior de modo a utilizar-se do tempo de contribuio passado.

Da vem o esprito da desaposentao, que renncia de benefcio anterior em prol de outro melhor. Nesta hiptese, o ideal seria a legislao prever a reviso do benefcio original, em razo do novo perodo contributivo, semelhana do que ocorre em diversos pases.

A desaposentao em mesmo regime previdencirio , em verdade, um mero reclculo do valor da prestao em razo das novas cotizaes do segurado. No faz o menor sentido determinar-se a restituio de valores frudos no passado.Outro no o entendimento da Ministra Thereza de Assis Moura do Superior Tribunal de Justia no AgRg no Resp n328.101 SC (2001/0069856-0), que deixa claro em seu parecer proferido no acrdo que a troca do benefcio de quem j se aposentou e continuou trabalhando indiscutivelmente devida sem que haja quaisquer devolues de valores a Autarquia-R:PREVIDENCIRIO. APOSENTADORIA NO REGIME GERAL DA PREVIDNCIA SOCIAL. DIREITO DE RENNCIA. CABIMENTO. POSSIBILIDADE DE UTILIZAO DE CERTIDO DE TEMPO DE CONTRIBUIO PARA NOVA APOSENTADORIA EM REGIME DIVERSO. NO-OBRIGATORIEDADE DE DEVOLUO DE VALORES RECEBIDOS. EFEITOS EX TUNC DA RENNCIA APOSENTADORIA. JURISPRUDNCIA DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

1. A renncia aposentadoria perfeitamente possvel, por ser ela um direito patrimonial disponvel. Sendo assim, se o segurado pode renunciar aposentadoria, no caso de ser indevida a acumulao, inexiste fundamento jurdico para o indeferimento da renncia quando

ela constituir uma prpria liberalidade do aposentado. Nesta hiptese, revela-se cabvel a contagem do respectivo tempo de servio para a obteno de nova aposentadoria, ainda que por outro regime de previdncia. Caso contrrio, o tempo trabalhado no seria computado em nenhum dos regimes, o que constituiria uma flagrante injustia aos direitos do trabalhador.

2. O ato de renunciar ao benefcio, conforme tambm j decidido por esta Corte, tem efeitos ex tunc e no implica a obrigao de devoluo das parcelas recebidas, pois, enquanto esteve aposentado,o segurado fez jus aos seus proventos. Inexistindo a aludida inativao onerosa aos cofres pblicos e estando a deciso monocrtica devidamente fundamentada na jurisprudncia desta Corte, o improvimento do recurso de rigor. 3. Agravo regimental improvido. AgRg no REsp 328101 /SC - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA - Publicado em DJe 20/10/2008.Quanto necessidade de previso legal para que pudesse o segurado renunciar a um benefcio por outro, argumento claramente equivocado, e ainda muito invocado at mesmo devido perplexidade da Administrao Pblica perante o fato do segurado desejar se desaposentar. Freqentemente, o Estado prefere negar direitos a adequar-se s novas demandas sociais.Ademais, no se pode alegar ausncia de previso legal para o exerccio das prerrogativas inerentes liberdade da pessoa humana, pois cabe a esta, desde que perfeitamente capaz, julgar a condio mais adequada para sua vida, de ativo ou inativo, aposentado ou no-aposentado. O princpio da dignidade da pessoa humana repulsa tamanha falta de bom senso, sendo por si s fundamento para a reversibilidade plena do benefcio.Enfim, perfeitamente adequado o desfazimento do ato administrativo de aposentadoria, visando novo benefcio. A desaposentao visa interesse exclusivo do aposentado, seja pelo RGPS ou mesmo algum regime prprio de previdncia e por isso o Autor se socorre do Poder Judicirio para ver satisfeitos os seus direitos. III - DA TUTELA ANTECIPADA

O Autor, respaldado pelo artigo 273 do Cdigo de Processo Civil, requer seja-lhe deferida a antecipao de tutela inaudita altera pars, para garantir-lhe o direito de perceber, eminentemente, o novo benefcio previdencirio derivado da desaposentao, a qual j requer, tendo em vista no pairar qualquer resqucio duvidoso quanto ao direito ora requerido, pois a demora na soluo da demanda acarretar como j vem ocorrendo, dano irreparvel ao suplicante, por tratar-se de crdito de natureza alimentcia. Ademais insta observar, como se ver a seguir que no h obste legal ao direito do Autor de ter revisto e, conseqentemente, acrescido o valor de sua Renda Mensal Inicial que pleiteia, servindo a tutela antecipada como instrumento da efetividade da prestao jurisdicional.A urgncia e o perigo de dano decorrente da demora se mostram presentes levando-se em conta fatos prprios da situao pessoal e econmica do Autor, atendendo pretenso de direito material vinculada pelo autor da ao, mesmo que provisoriamente e j respondendo de forma eficaz ao intuito protelatrio do Instituto-ru.

A verossimilhana a probabilidade de uma situao ftica ser concluda como verdadeira quando sobre esta incidem fundamentos jurdicos, neste caso, posicionamento jurisprudencial, que se apresentam de forma inequvoca e revestida de contornos tais que permitam ao Juiz um convencimento razovel.

Quanto ao periculum in mora a possibilidade do autor experimentar prejuzo irreparvel ou ao menos de difcil reparao j basta para a antecipao aqui requerida, pois a parte interessada no pode aguardar a tramitao do processo sem que sofra prejuzo seja material, seja moral ou psicolgico, insuscetvel de recomposio.

H que se observar que os aspirantes dos direitos contra a Fazenda Pblica, no grosso de sua universalidade, constituem parte hipossuficiente por serem mais fracos jurdica e economicamente, convergindo para a proteo das prestaes alimentares, reforado pelo princpio da dignidade da pessoa humana.

A natureza alimentar da prestao aqui buscada, somada hipossuficincia do requerente, trazem margem concesso da tutela antecipada lastreada no fundado receio de dano irreparvel, ou de difcil reparao acarretada pelo prolongamento da falta do benefcio aqui pleiteado. No obstante a regra insculpida no 4 do artigo 273 do Cdigo de Processo Civil, impondo limitaes execuo da tutela antecipada quando se refere aos incisos II e III do artigo 588, a cauo idnea a que aludem estes dispositivos torna-se dispensvel na execuo provisria de provimento antecipado em matria previdenciria, tanto que h orientao jurisprudencial tratando desse assunto:Na execuo provisria de sentena que condena a prestao de alimentos no cabe exigir cauo, instituto que por sua ndole no se compatibiliza a condio de quem deles necessita (RJTESP 107/246)

Entre outros, o que se postula agora a este Meritssimo Juzo o sopesamento entre os eventuais prejuzos que decorrero da antecipao de tutela com os correlatos prejuzos de sua denegao, que infligir diretamente o autor desse pleito. Caso no seja concedido este pedido de antecipao de tutela o autor, ao aguardar o desfecho dessa lide, j estar sofrendo um prejuzo que pode tornar-se irreparvel.No mais, urge salientar que este pedido vem embasado em questes de direito, as quais na sua maioria no deixam margens a discusses quando, principalmente, seguidas das necessrias e cabveis provas materiais em direito admitidas, restando clara demonstrao da presena da hipossuficincia do autor, seguido do carter alimentar do benefcio pleiteado, reforados pelo periculun in mora, assim como do fumus boni iuris.

No obstante, prega o disposto no artigo 273, 6, do Cdigo de Processo Civil, que: Art. 273. 6, CPC: A tutela antecipada tambm poder ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso

Assim, diante das concluses abordadas e seguindo o exposto na documentao que acompanha esta inicial, sopesado o direito aqui aplicvel, mostrando-se facilitado o exame da verossimilhana, e observando que tanto a presena de prova inequvoca do direito do autor, assim como a de qualquer defesa apresentada pelo ru contestando fato concreto, requer-se seja determinada, inaudita autera parte, o mais urgente possvel a implementao do benefcio aqui requerido.

Portanto, Excelncia, o segurado faz jus ao novo clculo de seu benefcio pelos argumentos acima apresentados, requerendo a concesso da nova aposentadoria no seu valor integral relevando o perodo de contribuio posterior a primeira aposentao. IV - CONCLUSES

Dessa forma, demonstra o Autor como incontestvel o preenchimento dos requisitos necessrios para a positiva utilizao do instituto da Desaposentao, haja vista:

1) A Parte Autora conta agora com perodo superior ao estabelecido de tempo de contribuio pelo Regime Geral da Previdncia Social, a saber, mais de de 35 anos se homem, sendo certo que supera o exigido para a Aposentadoria Integral nos moldes demonstrados, totalizando o quantum necessrio para um novo clculo da Renda Mensal Inicial e consequentemente do benefcio em si, conforme demonstrado nos documentos anexos a esta petio;

2) O fato de j ter se aposentado pelo Regime Geral da Previdncia Social. Do que no h impeditivo legal para que renuncie a uma para poder optar pela que mais lhe beneficie.

3) Tratar-se a renncia de um ato unilateral da Parte Autora, atravs do qual se despoja de um direito de que titular, tratando-se de ato jurdico perfeito, na forma do artigo 6, 1 da Lei de Introduo ao Cdigo Civil.4) O Ru, com as constantes decises administrativas e mais especificamente neste caso, contraria todas as normas legais que devem nortear a administrao pblica, no podendo persistir a errnea utilizao de dispositivos e at de princpios constitucionais para amparar suas decises completamente colidentes com os interesses pblicos e sociais advindos das relaes envolvendo benefcios previdencirios. V - DOS PEDIDOS

Requer, outrossim, que lhe seja concedida a ASSISTNCIA JUDICIRIA GRATUITA, uma vez que a Parte Autora hipossuficiente conforme a Lei 1060 de 1950, sendo certo que o Autor , declara, desde j, que no tem condies de arcar com as custas processuais sem o prejuzo do seu prprio sustento e de sua famlia, motivo pelo qual com base no Art. 4 da Lei 1060/50 requer, diante da sua condio, e por fora da natureza da causa, os benefcios da gratuidade de justia.

Requer-se, ainda, que seja deferida a tutela antecipada inaudita altera pars e initio litis, nos termos do artigo 273 do Cdigo de Processo Civil, condenando o Instituto-Ru a implantar, incontinenti, a aposentadoria integral em favor da parte autora em virtude dos preenchimentos inequvocos dos requisitos do inciso I, do 7, da Emenda Constitucional de n 20 de 16/12/1998, observando-se as regras contidas no artigo 29 e 53 ambos da Lei 8.213/91, ordenando-se para que o Instituto-requerido proceda ao reclculo nas normas acima descritas, expedindo desde logo nova carta de concesso a partir da competncia da protocolizao desta exordial com observncia no inciso II, do artigo 49, da Lei 8.213/91;

Diante de todo o exposto, requer-se seja a Autarquia citada e intimada, na pessoa de seu representante legal, no endereo declinado no prembulo para, querendo, apresentar a contestao que entender cabvel, devendo a demanda, ao final, ser julgada procedente, condenando-a a reconhecer a renncia do Autor pelo seu benefcio n 102.255.137-7, espcie 42, denominado Aposentadoria por Tempo de Contribuio, e tambm recalcular o novo benefcio, agora denominado de APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIO INTEGRAL, nas regras dos artigos 29 e 53 da Lei n 8.213/91, implantando o novo benefcio a partir do ajuizamento da ao e no valor apurado nesta inicial, caso o Instituto-Ru no comprove tecnicamente outro valor mais benfico para o novo benefcio;Requer-se a produo de todos os meios da prova em direito admitidos, sem exceo de natureza alguma, especialmente a prova documental inclusa, bem como outras que se fizerem necessrias, entre elas, a realizao de percia tcnica-contbil, neste caso, o reclculo, e que, restaure em um plano contnuo e de acordo com a legislao em vigor a evoluo dos valores litigados a serem recebidos, para que se alcancem os valores reais, a serem pagos pelo ru ao Autor.O Autor informa que as peas anexadas serviro como provas materiais a seu favor, reiterando serem cpias fiis das que foram juntadas aos autos do processo administrativo, por ocasio do seu requerimento de pedido de aposentadoria. Requer-se, por fim que as futuras publicaes sejam realizadas, exclusivamente, em nome de Dra. Vivian Lopes Nascimento, inscrita na OAB/SP 283.463.

Requer, por derradeiro, honorrios advocatcios em 20% do valor total da condenao.D causa o valor de R$ 50.000,00 (Cinquenta mil reais) para fins de alada.

Nestes termos,

Pede-se deferimento.

So Paulo, 01 de Julho de 2010.

VIVIAN LOPES NASCIMENTO OAB/SP 283.463 Cf. MARTINEZ, Wladimir Novaes. Princpios..., p.409.

Merece aqui destaque o texto de WLADIMIR NOVAES MARTINEZ sobre o tema, o qual foi o primeiro especialista a buscar uma soluo para a questo, externando seu pensamento sobre a possibilidade da desaposentao em artigo intitulado Direito Desaposentao, publicado no Jornal do 9 Congresso LTr de Direito Previdencirio, 1996.

CASTRO, Alberto Pereira de Castro e LAZZARI, Joo Batista. Manual de Direito Previdencirio. 4 ed. So Paulo: LTr, 2000,p.488.

Cf. CUNHA FILHO, Roseval Rodrigues da. Desaposentao e Nova Aposentaodria. Disponvel em HYPERLINK "http://www.ucg.br/Institutos/nucleos/nepjur/pdf/desaposentao.PDF,%20em%2023/01/2004"http://www.ucg.br/Institutos/nucleos/nepjur/pdf/desaposentao.PDF, em 23/01/2004.Acesso em 30/03/2004.ASTRO, Alberto Pereira de Castro e LAZZARI, Joo Batista. Manual de Direito Previdencirio. 4 ed. So Paulo: LTr, 2000,p.488.

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antnio. Curso de Direito Administrativo. 10 ed. So Paulo: Malheiros, 1997.p.272.

Apud Maria Helena Diniz, Lei de Introduo do Cdigo Civil Brasileiro. So Paulo: Saraiva, 1998. p. 183.

MARTINEZ, Wladimir Novaes. Direito Adquirido na Previdncia Social.So Paulo: LTr.2000,p.82.

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