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VALLI, A. M. F. Descoberta de Restos Fósseis de Preguiça Gigante no Município de Mauriti, CE, Brasil
Fumdhamentos (2016), vol. XIII. PP. 31-59. 31
DESCOBERTA DE RESTOS FÓSSEIS DE PREGUIÇA GIGANTE NO MUNICÍPIO
DE MAURITI, CE, BRASIL
Andrea M. F. Valli 1
Resumo: Durante a escavação dos canais para a realização do Projeto de Integração do Rio São
Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF), foram encontrados restos fósseis
de uma preguiça gigante, na localidade de Agrovila do Coité, município de Mauriti (CE, Brasil). As feições
anatômicas e tafonômicas dos fósseis são aqui descritos: o padrão dos processos tafonômicos da
preguiça gigante é compatível com uma chegada dos ossos ainda articulados e espalhados
subsequentemente. Ressaltamos, também, que é a primeira vez que restos fósseis pleistocênicos foram
assinalados neste município. Palavras-Chave: Agrovilla do Coité; Fósseis; Preguiça Gigante.
Abstract: During the realization of the channels for the "Projeto de Integração do Rio São Francisco com
as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional" (PISF), were found fossil remains of a giant sloth in the
locality Agrovila of Coité, municipality of Mauriti (Ceará, Brazil). The anatomical and taphonomic
features of the fossils are described herein: the pattern of taphonomic processes of the giant sloth
remains is compatible with an arrival of the bones still articulated and subsequently spread apart. We
also point out that is the first time that Pleistocene fossils are signaled from this municipality. Keywords:
Agrovila of Coité; Fossil; giant sloth.
1 Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), Istituto Italiano di Paleontologia Umana (IIPU) e Sociedade Brasileira de
Paleontologia (SBP).
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Introdução
Durante as obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do
Nordeste Setentrional - Ministério da Integração Nacional (PISF) foram encontradas algumas
localidades de interesse paleontológico. Os resultados preliminares foram indicados nos
relatórios realizados para o IPHAN (Fumdham, 2011).
Aqui descreve-se, mais em detalhe, de uma descoberta efetuada perto da localidade Agrovila
do Coité (Figura 1), na zona rural do município de Mauriti (CE). Esta área tem as coordenadas
38o 42’ 13”W e 7o 22’ 38”S e é localizada no segmento de canal 1232, entre as estacas 510 e
513, no Lote 6, Trecho II do projeto (Fumdham, 2011).
Figura 1: Esquerda, localização geográfica do sítio Agrovila do Coité (Mauriti, CE). Direita, imagem da área escavada (Fonte foto: MATOS, 2011).
Bem que já foram reportadas ocorrências de megafauna quaternária no Ceará (Castelanos,
1942; Paula Couto, 1954, 1980; Moreira, 1965; Rolim, 1974; Guérin, 1993; Cartelle e de Iuliis,
1995; Berqvist et al., 1997; Andrade et al., 1999; Viana et al., 2007, 2010; Ximenes, 2009;
Oliveira, 2010; Beltrame et al., 2013; Porpino et al., 2014, e bibliografia citada), o interesse
destes restos reside no fato que:
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1) seria a primeira evidência de fósseis plestocênicos no município de Mauriti, uma área
situada no interior da Formação Mauriti, quem é paleozóica (Reis, 2011);
2) os ossos de preguiça gigante descritos no presente artigo pertencem todos ao mesmo
indivíduo.
Os restos foram encontrados durante a abertura do canal, a uma profundeza de cerca 4 m do
solo. A este respeito, foi realizada uma escavação em uma área de 12,40 m de comprimento
per 4 m de largura, atingindo uma profundeza de mais de 5 m (Figura 1; Fumdham, 2011). No
entanto, a superfície onde foram coletados os fósseis media acerca de 16 m2 (mais ou menos
um quadrado de 4 m de lado). Foram prospectados os arredores, para procurar vestígios
ulteriores, mas não foi encontrado nenhum outro tipo de restos de interesse paleontológico.
A Figura 2 apresenta a seção estratigráfica do depósito reinterpretada a partir dos desenhos
efetuados no campo, das informações obtidas da escavação (Matos, 2011; Fumdham, 2011) e
dos dados do relatório geológico (Reis, 2011). Foi possível reconhecer, pelo menos, sete
camadas com os fósseis posicionados na última.
A primeira unidade, aquela do topo (Figura 2), é formada por uma camada composta de areia
escura onde foi observada a presença de raízes. Em essa, como em todos os seis primeiros
estratos, predominam o quartzo e o feldspato, sendo os grãos subangulosos a subesféricos.
O nível 2 é uma camada arenosa de coloração branca clara com estruturas alongadas da
mesma cor e composição do arenito e do mesmo tamanho do que os grãos. A presença de
raízes é menor do que na camada superior. Neste estrato, como no 1, são indicadas
bioturbações (acima da parte oeste da seção: Figura 2), mas não é claro,dos relatórios, se essas
incluem também as marcas de raízes (camadas 1 e 2) e as estruturas alongadas (camada 2).
A camada 3 é constituída por um arenito branco e mosqueado de amarelo. As raízes são pouco
comuns (como na camada 2) e, na base da unidade, foram encontrados raros seixos, indicando
uma diferença de energia de deposição.
A camada 4 é formada por um arenito esbranquiçado e mosqueado de amarelo. Foram
encontradas poucas raízes, mas tiveram sido evidenciados vários minerais, também muito
intemperizados. Alguns foram interpretados como um começo de um ambiente anóxico (Reis,
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2011). Estes minerais não são indicados na Figura 2, porque falta uma indicação precisa do seu
posicionamento tanto no relatório técnico geológico quanto nos desenhos de campo.
Figura 2: Seção estratigráfica da área escavada: as linhas contínuas indicam as limites de camadas; as duas linhas pontilhadas superiores os degraus da escavação (o primeiro coincide com o limite entre as camadas 2 e 3) e a inferior a profundidade do bloco onde foi encontrada a maioria dos fósseis; ossos em preto e seixos em branco; a banda preta, no baixo da seção, é a camada de rocha de base (ver o texto); os números das camadas são indicados a direita. Modificado do desenho original de Saldanha e Matos (Matos, 2011).
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A camada 5 é formada por um arenito de cor cinza mosqueado de amarelo com muitas raízes.
A 6, por um arenito lutáceo de cor esverdeada com fragmentos de carbonatos. Neste estrato
foram observadas marcas de raízes.
A camada 7 é aquela onde foram encontrados os fósseis. Alguns fragmentos foram coletados
no seu topo (Figura 2); a maioria jazia abaixo de 4,61 m de profundidade (Matos, 2011;
Fumdham, 2011). A parte superficial da camada é formada por um argilito, com matéria
orgânica de cor verde, indicando um ambiente anóxico (Reis, 2011). Juntos com os fósseis,
haviam também seixos avermelhados (de dimensões entre 3 e 4 cm) e concreções. Os seixos
indicam uma energia relativamente importante, uma situação análoga aquela encontrada em
algumas camadas fossilíferas dos depósitos brasileiros de tanques (Araújo-Júnior et al., 2013a).
Ao final, a base da sequência, estava a camada de rocha base (que encontrava-se friável) com
presença de argilito (Figura 2, faixa preta do baixo).
Apesar das dificuldades da reconstituição estratigráfica, o material preservado, o seu
posicionamento e o contexto geral permitem não somente de descrever os fósseis mas
também de avançar alguns padrões tafonômicos que os afetaram.
Material e métodos
Os fósseis de Agrovila do Coité estão atualmente conservados no Laboratório de Paleontologia
da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) em São Raimundo Nonato (PI). No
artigo, eles serão indicados pelo código numérico marcado na cima de cada um deles. Ele inclui
a sigla do projeto (PISF "Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas
do Nordeste Setentrional"), o código atribuído ao sítio (161), e o número de etiqueta (podendo
incluir um dígito) que identifica sem ambiguidade cada espécime preciso (por exemplo, PISF-
161-5041-1).
No caso de série de números, os elementos idênticos (por exemplo, PISF-161) não serão
repetidos no texto. O termo "/" considera todos os números incluídos nos dois extremos de
ambos os lados da barra.
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Na literatura científica existe uma discordância de interpretação relativa ao número de
espécies de Eremotherium Spillmann, 1948 e à taxônomia da forma gigante no Nordeste do
Brasil. Alguns autores pensam que existem dois taxa de dimensões bem diferentes (Guérin e
Faure, 2000; Faure et al., 2014): eles designam a espécie maior, do tamanho de um elefante, E.
rusconii (Schaub, 1935) e a menor, das dimensões aproximativas de uma anta, E. laurillardi
(Lund, 1842).
Outros cientistas, em particular os paleontólogos brasileiros, consideram que os
representantes do táxon de tamanho menor seriam simplesmente os indivíduos jovens da
espécie gigante. Esta teria que ser apelada E. laurillardi por razões de prioridade (Cartelle & de
Iuliis, 2006; Fariña et al., 2013; Cartelle et al., 2014).
Na nossa opinião, no estado atual dos conhecimentos, é difícil preferir uma das duas
hipóteses: tanto uma que a outra poderiam revelar-se válida. De fato, nenhuma prova
definitiva foi avançada para comprovar a primeira sugestão como a segunda. No entanto, no
sítio de Agrovila do Coité, foi reconhecida apenas uma espécie, a gigantesca e, nesta
publicação, seguimos a tradição da revista (Guérin e Faure, 2008; Faure e Guérin, 2013),
chamando o animal E. rusconii.
Para as medidas foi utilizado um paquímetro; as mediações são sempre indicados em mm, o
erro sendo posto a 0,5 mm. As medidas sobre o astrágalo foram realizadas como em Cartelle e
de Iuliis (1995). Os termos anatômicos utilizados são aqueles dos tratados de Paula Couto
(1979) e de Benton (2004).
Relativamente as feições tafonômicas, as condições da escavação (obra de resgate a realizar-se
em um tempo mínimo) não permitiram um estudo completo desta disciplina. Além da
descrição anatomo-taxonômica dos restos, apenas puderam ser analisadas as marcas
(interperismo e algo) presentes na cima dos ossos uma vez que esses foram trazidos para o
laboratório e restaurados.
Igualmente, não foi possível realizar um estudo espacial completo, porque a equipe de campo
não teve a oportunidade de conseguir um mapa detalhado com o posicionamento preciso de
cada fóssil no área de escavação. Foram apenas tiradas algumas fotografias (Figura 3) que
testemunham a proximidade dos restos maiores. Por outro lado, o tamanho restrito da área
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onde foram encontrados todos os espécimes (acerca de 16 m2), juntamente a algumas feições
tafonômicas, permite de avançar algumas hipóteses sobre as modalidades de acumulo dos
restos.
Figura 3: Ossos de E. rusconii na camada 7. Escala métrica = 20 cm. Fonte: Fumdham 2011.
O intemperismo (o "weatering" dos autores ingleses) e as marcas biológicas foram analisados,
respectivamente, segundo as indicações preconizadas na publicação de Behrensmeyer (1978)
e nas principais obras consagradas ao segundo assunto (Binford, 1981; Gifford, 1981; Shipman
et al., 1984; Olsen e Shipman, 1988; Blumenschine et al., 1996; Domíniguez-Rodrigo, 1999;
Lyman, 1994; Dominato et al., 2011; Andrés et al., 2012).
Relativamente ao intemperismo, as suas marcas foram investigadas sobre porções não demais
comprometidas da superfície óssea, mesmo se tal ação significou limitar fortemente a
superfície disponível, a causa do estado extremamente danificado dos ossos. Porém, esta
escolha permitiu de garantir a qualidade das observações.
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Resultados anatomo-taxonômicos
Foram coletados 229 restos fósseis do sítio de Agrovila do Coité. Contudo, a maioria resultam
fragmentos não identificáveis, tanto anatomicamente quanto taxonomicamente.
Praticamente, todos os ossos (o quase; ver abaixo) que podem ser atribuídos a um táxon certo
pertencem a um único indivíduo de E. rusconii. As rações da atribuição desses ossos a um
único animal serão indicadas abaixo, no item consagrado aos resultados tafonômicos. A seguir,
são descritos os elementos mais significativos.
Não formam encontrados fragmentos notáveis de crânio ou das mandíbulas. Porém, foram
coletados alguns restos dentários (PISF-161-2457-1/2;-2472-1/2;-2482-5/6), todos
incompletos, mas pertencente a animais de grande tamanho e caracterizados pelo padrão
paralelo dos seus lados, feições típicas dos dentes molariformes de E. rusconii (Figura 4). Não
foi possível identificar mais precisamente a anatomia destes restos, exceto no caso do
espécime PISF-161-2482-5, que poderia ser um IV molariforme inferior esquerdo.
Figura 4: Fragmento de dente molariforme de E. rusconii (PISF-161-2457-2). Escala métrica = 50 mm. Fonte: arquivo Fumdham.
Ao lado de alguns elementos incompletos do esterno (PISF-161-2477-4/5;-2481-1), a cintura
escapular está representada por uma clavícula direita (PISF-161-2480-1). Este último é um osso
forte, com o lado anterior bem marcado, e em forma de "S" relativamente curto. Este
impressão, neste espécime, é fortalecida pela falta da extremidade proximal do osso.
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Reportamos as dimensões da terminação distal: os diâmetros transversal e anteroposterior
medem, respectivamente, 106,5 mm e 54 mm.
O membro anterior é representado por uma porção articular proximal de úmero (PISF-161-
2462) que, devido à sua incompletude, não pode ser determinado como direito ou esquerdo, e
dois fragmentos do rádio direito (PISF-161-2482-1), o primeiro terço proximal e a parte central.
O terço distal falta completamente. Os dois fragmentos de rádio necessitaram de várias
restaurações e apresentam-se relativamente danificados. A articulação proximal, circular e
côncava, é completa, mas é sulcada no meio par uma fenda cheia de sedimento (uma fratura
que se abriu durante os processos do depósito e/ou do enterramento do osso). O diâmetro
transversal da extremidade proximal mede 111 mm, o anteroposterior 95 mm.
Figura 5: Lunar direito de E. rusconii (PISF-161-5047-1), em vista lateral. Escala métrica = 50 mm (Fonte: arquivo Fumdham).
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Figura 6: Pisiforme (?) de E. rusconii (PISF-161-2473-2). Escala métrica = 50 mm (Fonte: arquivo Fumdham).
Foi encontrado também um lunar direito (PISF-161-5047-1) quase completo (Figura 5), com o
lado antero-medial danificado, afetando a superfície articular proximal. Ao contrário, as
articulações distais são praticamente intactas. Estas superfícies são fortemente côncavas, para
adaptar-se à morfologia do magno e do unciforme (De Iuliis e Cartelle, 1993). O seu
comprimento anteroposterior e a sua altura, as únicas mensurações possíveis deste espécime,
medem respectivamente 100,5 mm e 79,5 mm.
Um outro osso que poderia pertencer ao carpo é o espécime PISF-161-2473-2, identificado
tentativamente como um pisiforme. É um osso subtriangular (Figura 6) de 71,5 mm de altura.
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O comprimento transversal mede 70 mm e aquele anteroposterior 47 mm. A articulação com
o cuneiforme é oval e côncava.
Às pélvis podem ser atribuídos alguns fragmentos: PISF-161-2456-13;-30/31;-37;-2480-3. Em
particular, o último corresponde a uma porção do acetábulo direito.
São presentes também três fragmentos da superfície articular proximal de fêmur, mas o
estado de conservação não permite de precisar se trata-se de elementos de ambos os ossos
(do direito e do esquerdo), ou apenas de um dos dois.
O espécime PISF-161-5041-1 é uma tíbia direita (Figura 7), enquanto o dígito "2" é associado a
fragmentos da fíbula. A tíbia de Eremotherium é um osso muito maciço, com a espinha tibial
reduzida e as extremidades articulares, distal e proximal, relativamente comprimidas
anteroposteriormente. Este espécime apresenta uma fraturarão importante ao nível das
bordas posteriores de ambas as extremidades. No entanto, foi possível medir o comprimento:
555,5 mm. Os diâmetros transversais proximal e distal avaliam, respectivamente, 291,5 mm e
232 mm. As regiões de contato com a fíbula não estão preservadas e a articulação distal
apresenta-se parcialmente deformada. Porém, foi possível verificar que se adaptava com o
astrágalo direito PISF-161-5041-1.
Figura 7: Tíbia direita de E. rusconii (PISF-161-5041-1), em vista anterior. Escala métrica = 100 mm (Fonte: arquivo FUMDHAM).
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Este último osso (Figure 8), espesso e arredondado, apresenta no seu meio uma apófise, dita
odontóide, para encaixar-se com a parte laterodistal da tíbia (Faure e Guérin, 2013). A grande
superfície, onde esta apófise se ergue, se articula com a sessão medial da extremidade distal
da tíbia e com a fíbula. O osso é praticamente completo, mesmo se necessitou várias
restaurações depois da sua extração e apresenta-se danificado. A sua altura proximodistal
mede 201 mm, enquanto que o seu comprimento anteroposterior é de 217 mm.
Figura 8: Astrágalo direito de E. rusconii (PISF-161-2451), em vista proximal. Notam-se também as marcas de raízes em cima da superfície proximal da articulação com a tíbia. Escala métrica = 100 mm (Fonte: arquivo FUMDHAM).
Relativamente aos calcâneos, foram coletados fragmentos dos dois ossos: do direito e do
esquerdo. O primeiro (PISF-161- 2351-1) é representado pela porção central com a articulação
maior para o astrágalo, uma superfície côncavo-convexa (côncava no sentido anteroposterior,
convexa naquele proximodistal).
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O esquerdo (PISF-161-5042-1/5) é bem mais fragmentado: são presentes a base do tuber calcis
com a parte proximal da articulação maior para o astrágalo e quatro outros fragmentos com
partes de superfícies articulares.
Completam a série vários fragmentos de costelas e de vértebras, cujo tamanho (e morfologia)
acorda-se com as dimensões de E. rusconii. Uma lista completa dos elementos determináveis
que podem ser atribuídos a este táxon é apresentada na Tabela 1.
Ao final, é necessário relatar sobre um espécime particular (PISF-161- 2480-9), que não parece
pertencer ao esqueleto da preguiça gigante. Pela morfologia assemelha mais a um fragmento
distal, porção lateral, de um fêmur (Figura 9) de grande mamífero (o seu tamanho acorda-se
aquele de um asno). No entanto, a presença de uma projeção lateral entre as articulações
posterior e anterior, permite de excluir os perissodátilos e os artiodáctilos sul-americanos,
fósseis ou recentes. A sua morphologia é bem diferente daquela de um fêmur de Xenarthra. A
sua aparência lembra mais um fragmento do fêmur de Toxodontidae, sem, no entanto, ser
igual àquele de um dos dois táxons conhecidos na região, Toxodon platensis Owen, 1840 e
Piauhytherium capivarae Guérin e Faure, 2013 (Guérin e Faure, 2013).
O estado incompleto do osso não permite uma identificação satisfatória. Aqui, nós limitamo-
nos dizendo que este espécime pertence a um grande mamífero indeterminado, diferente de
E. rusconii.
Resultados tafonômicos
Todos os restos fósseis determináveis de Agrovila do Coité pertencem a E. rusconii, exceto o
fragmento de osso PISF-161- 2480-9. A equipe de campo não teve a oportunidade de mapear
precisamente o posicionamento e a orientação de cada fóssil, mas sabemos que todo o
material mencionado neste artigo foi coletado em uma superfície relativamente pequena,
cerca de 16 m2, abaixo de 4 m da superfície do solo. Alem disso, o tamanho e a anatomia de
cada elemento do esqueleto de E. rusconii é compatível com a presença de apenas um
indivíduo.
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Figura 9: Espécime etiqueta PISF-161-2480-9. Escala métrica = 50 mm (Fonte: arquivo FUMDHAM).
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É possível também que os numerosos fragmentos não identificáveis coletados na área (ou
parte deles) possam pertencer ao mesmo animal. Então, nenhum osso foi encontrado
articulado, mas os membros dos diversos grupos de Voorhies (as categorias que representam
vários graus de mobilidades; Voorhies, 1969; Araújo-Júnior et al., 2012) estavam todos
relativamente próximos.
Os restos analisados jazem em uma camada concrecionada mexidos com seixos de vários
dimensões. Neste último aspecto, a jazida fossilífera assemelha aquela encontrada
normalmente nas tanques naturais e nas lagoas, onde os fósseis estão associados a
sedimentos que indicam condições hidroenergéticas mais importante daquelas das camadas
sobrejacentes (ver, por exemplo, Araújo-Júnior et al., 2013a e bibliografia citada).
É também importante precisar que os fósseis foram encontrados no baixo da uma camada
com sedimentos que testemunham a existência de um ambiente anóxico (Fumdham, 2011;
REIS, 2011). Esta última feição deixa pensar que os restos se acumularam dentro de uma
depressão do solo (tanque ou lagoa?).
Da Tabela 1, apesar de vários fragmentos de vértebras e de costelas (cuja lateralidade não foi
possível definir) a grande maioria dos ossos identificados pertence ao lado direito do animal (a
clavícula, o rádio, o lunar, a porção do acetábulo, a tíbia, o astrágalo, um fragmento de
calcâneo). Relativamente os elementos dos membros, do lado esquerdo foram encontrados
apenas fragmentos do calcâneo. Como o estado dos restos de úmero e de fêmur não permite
de investigar a lateralidade, não é possível relatar sobre este aspecto dos dois elementos.
Também o osso tentativamente identificado como um pisiforme é problemático relativamente
à atribuição desta feição. No entanto, no estado atual de nosso conhecimento, os elementos
do lado direito predominam no acervo.
Nenhum resto apresenta clara marca de abrasão (Tabela 1). Os ossos são muitos fraturados e
cinco dele têm bordas suaves. Porém, este não significa necessariamente que eles foram
transportados: o significado mais certo é que as suas fraturas não são recentes.
Na Tabela 1 é mostrado também o resultado da análise do intemperismo. Se a maioria dos
restos não se presta a este tipo de estudo ("Não aplicável"), segundo os parâmetros de
Behrensmeyer (1978), nos outros o estágio predominante é o "1" (Figura 10), encontrado
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sobre 17 fósseis diferentes. O estágio "0" foi encontrado apenas seis vezes, enquanto cinco
ossos, a causa do estado da superfície, mesmo se potencialmente aptos à análise, não
permitiram algum exame. Todavia, as numerosas fraturas limitaram muito a superfície
disponível e o estágio máximo real poderia ser subestimado. De fato, é bem possível que
vários danos afetaram os ossos, superpondo-se os efeitos do intemperismo, e puderam
contribuir a mascarar a verdadeira aparência da superfície óssea.
Figura 10: Seta = estágio "1" na escala de intemperismo de Behrensmeyer (1978). Asterisco = fenda cheia de sedimento. Observados na cima da superfície da tíbia de E. rusconii (PISF-161-5041-1). Escala métrica = 50 mm (Fonte: arquivo FUMDHAM).
A presença do estágio "1" indica que os restos foram expostos ao ar livre algum tempo antes
de ser recobertos pelos sedimentos (Behrensmeyer, 1978).
A danificação intensa rendeu difícil a análise da superfície óssea para detectar as marcas. Os
resultados são relatados na Tabela 1: ao lado de cinco fraturas com sedimento no interior
(Figura 10) e das bordas suaves, há um claro choque (Figura 11) e uma possível marca causada
pelo pisoteamento (depressão assimétrica - em apenas um lado do fóssil - com exposição do
osso esponjoso).
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Figura 11: Seta = marca de choque na cima do fragmento de superfície articular proximal do fêmur de E. rusconii (PISF-161-2456-34). Escala métrica = 50 mm (Fonte: arquivo FUMDHAM).
Não foram encontradas marcas de dentes de carnívoros nem marcas antrópicas. As que
predominam são aquelas de raízes (Figura 8): o 63,64% dos ossos da Tabela 1 (35 em um total
de 55) apresenta este tipo de traço. Pelo menos 29 outros fragmentos indeterminados (não
incluídos na Tabela) possuem marcas de raízes. O espécime PISF-161- 2480-9, o fragmento de
fêmur indeterminado, também. Então, no total, pelo menos o 28,38% dos restos coletados a
Agrovila do Coité as apresentam.
Todavia, o resultado mais importante, não é a quantidade, mas simplesmente a sua presença.
Além disso, os ossos apresentam-se todos brancos mosqueados de cinzento com manchas
marron-ferrugem onde foram recobertos pelas raízes.
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Comparação e discussão
As características morfológicas observadas nos ossos de Agrovila do Coité permitem de
atribuir-los, sem dúvidas, à espécie sul-americana gigante do gênero Eremotherium, aqui
chamada E. rusconii. O comprimento total da tíbia (555 mm) é muito próximo da meia medida
por Faure e Guérin (2013) sobre um amostra de 11 até 15 indivíduos do Nordeste brasileiro.
Trata-se, por conseguinte, de um animal adulto de tamanho médio.
Um outro táxon, também, poderia ter sido presente no depósito fossilífero; ele deixou o
fragmento com etiqueta PISF-161- 2480-9. Por causa da incompletude do resto, é impossível
identificar com precisão o táxon. É um fragmento de fêmur de um grande mamífero (do
tamanho de um asno) não identificado.
Os restos fósseis foram encontrados em uma camada concrecionada com evidencia de
hidrodinamismo importante (presença de seixos associados aos ossos), uma situação
relativamente semelhante aquela dos restos da Lagoa Uri de Cima (Salgueiro, PE; Mutzenberg
et al., 2013). De fato, nos tanques naturais, os fósseis estão praticamente sempre
acompanhados de sedimentos que testemunham de uma energia hídrica relativamente
importante (Araújo-Júnior et al., 2013a, b), come se uma enxurrada os tivesse acumulados em
uma "armadilha" natural.
No caso específico de Agrovila do Coité, nada da geomorfologia do lugar deixa pensar à
existência de um tanque ou de algo de semelhante. Porém, a presença de um nível anóxico,
associado com os ossos, acredita que, no passado, havia uma depressão neste lugar: nessa
teriam podido acumular-se os restos de E. rusconii. Depois dos ossos terem sido depostos e
parcialmente enterrados, no fundo cheio de água da bacia, se formou uma camada anóxica,
cujas marcas ainda se encontram na sedimentologia, sob forma de um nível com matéria
orgânica verdeada (Reis, 2011).
Os vários elementos encontrados do esqueleto de E. rusconii, as suas dimensões, assim que o
pequeno tamanho da área onde foram coletados, são coerentes com a presença de um único
indivíduo. Porém nenhum resto estava em conexão. Os ossos estão muitos danificados e
fragmentados; além disso, faltam também marcas certas de abrasão e de transporte na sua
superfície.
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Fumdhamentos (2016), vol. XIII. PP. 31-59. 49
A maioria dos fósseis dos membros, cuja lateralidade foi possível reconhecer, pertencem ao
lado direito: sete espécimes, contra um do esquerdo (o calcâneo). Além disso, há pelo menos
um fêmur e um úmero cujo estado fragmentário não permite de certificar, com segurança, a
lateralidade correta: eles poderiam ser tão direitos que esquerdos. Há também vários restos
incompletos de vértebras e de costelas, mais numerosos fragmentos de ossos indeterminados.
Parte da incompletude do esqueleto poderia ser devida à ação dos escavadores do PISF, que
contribuíram ao descobrimento dos fósseis. Porém, os elementos que carecem poderiam
apenas não ter-se preservados durante os processos de fossilização.
À luz de todos estes dados, é possível avançar uma hipótese: que este indivíduo tinha sido
trazido no lugar onde foi encontrado como carcaça, pelo menos parcial, ou que o animal tinha
sido falecido in situ. Uma situação semelhante foi já documentada na Lagoa Uri de Cima,
mencionada acima (Valli e Mutzenberg, no prelo) e no sítio de Picos II, município de Piranhas,
estado brasiliano de Alagoas (Asakura et al., 2014). Este fenômeno poderia ser mais frequente
do que resulta das várias análises de depósitos de tanques naturais resumidas por Araújo-
Júnior et al. (2013a).
O estágio de intemperismo encontrado na cima de alguns ossos prova que foram expostos ao
ar. Portanto, tiveram podido estar sujeitos ao pisoteamento dos outros componentes da
megafauna, passando pela área. Pelo menos duas marcas (Tabela 1) encontradas na cima dos
ossos (o choque do espécime, etiqueta PISF-161-2456-34, Figura 11, e o dano sofrido pela
costela, etiqueta PISF-161-2456-33), podem ser explicadas graça a esta causa.
Tabela 1: Fósseis de E. rusconii coletados no sítio Agrovila do Coité (CE).
Espécime (PISF-161)
Elemento anatômico
Intemperismo Abrasão Raízes Marcas
particulares
2351-1 Frag. calcâneo D Não aplicável Não evidente Sim
2451 Astrágalo D Não aplicável Não evidente Sim
2452 Frag. costela 1 Não Sim
2456-4 Frag. costela 1 Não evidente Sim
2456-13 Frag. pélvis Não visível Não evidente Sim
2456-30 Frag. pélvis 1 Não Sim
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2456-31 Frag. pélvis Não visível Não evidente Sim
2456-33 Frag. costela 1 Não Não Sedimento na fenda e pisoteamento?
2456-34 Frag. fêmur Não aplicável Não Sim Choque
2456-35 Frag. fêmur Não aplicável Não evidente Sim Sedimento na fenda
2456-36 Frag. fêmur Não aplicável Não evidente Sim
2456-37 Frag. pélvis 1 Não Sim
2457-1 Frag. dente Não aplicável Não Sim
2457-2 Frag. dente Não aplicável Não Sim
2458 Frag. costela 1 Não Sim
2462 Frag. úmero Não aplicável Não evidente Sim
2469-1 Frag. costela 1 Não Sim
2469-2 Frag. costela 1 Não Sim
2472-1 Frag. dente Não aplicável Não evidente Sim Bordas suaves
2472-2 Frag. dente Não aplicável Não Não
2473-2 Pisiforme? Não aplicável Não Não
2475 Frag. costela 1 Não Sim
2476-1 Frag. vértebra Não aplicável Não Não
2476-2 Frag. costela 1 Não Sim
2477-1 Frag. vértebra Não visível Não evidente Não
2477-2 Frag. vértebra Não visível Não evidente Sim
2477-4 Frag. elemento do esterno
Não aplicável Não evidente Não
2477-5 Frag. elemento do esterno
Não aplicável Não evidente Não
2477-7 Frag. costela 0 Não Não
2479-2 Frag. vértebra 0 Não Sim
2480-1 Clavícula D inc. 0 Não evidente Sim
2480-2 Frag. vértebra 0 Não Sim
2480-3 Pélvis (acetábulo D) 0 Não evidente Sim
2480-4 Frag. vértebra Não aplicável Não Não
2480-6 Frag. vértebra Não aplicável Não Não
2480-7 Frag. costela 0 Não Não
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2480-8 Frag. costela 1 Não Sim
2480-10 Frag. costela 1 Não Sim
2480-11 Frag. costela 1 Não Sim
2480-12 Frag. costela Não visível Não Sim
2480-14 Frag. costela Não aplicável Não Não
2481-1 Frag. elemento do esterno
Não aplicável Não Não
2482-1 Rádio D inc. 1 Não Sim Sedimento na fenda
2482-2 Frag. costela 1 Não Sim
2482-5 Frag. dente Não aplicável Não Não
2482-6 Frag. dente Não aplicável Não Não
2485-1 Frag. vértebra Não aplicável Não Não
5041-1 Tíbia D 1 Não Não Sedimento na fenda
5041-2 Frag. fíbula Não aplicável Não Não
5042-1 Frag. calcâneo E (tuber calcis)
1 Não Não Sedimento na fenda e bordas suaves
5042-2 Frag. calcâneo E Não aplicável Não Sim Bordas suaves
5042-3 Frag. calcâneo E Não aplicável Não Sim Bordas suaves
5042-4 Frag. calcâneo E Não aplicável Não Sim Bordas suaves
5042-5 Frag. calcâneo E Não aplicável Não Não
5047-1 Lunar D Não aplicável Não Sim
Feições anatômicas e tafonômicas: a expressão "Sedimento na fenda" indica a presença de fenda(s), no osso, com sedimento no seu interior; " Não aplicável " significa que o osso ou o fragmento não se presta para a análise de interperismo como indicado em Behrensmeyer, 1978; D = direito(a); E = esquerdo(a); Frag. = fragmento; inc. = incompleto(a). Os restos indeterminados não foram incluídos nesta tabela: no entanto, eles não apresentam nenhuma marca particular, exceto a de raízes, discutida no texto.
O pisoteio pode também esclarecer outros tipos de dano, como a suavidade das bordas das
fraturas e a destruição de elementos do esqueleto (Hill, 1979; Laporte e Behrensmeyer, 1980;
gifford, 1981; Andrews e Cook, 1985; Behrensmeyer et al., 1986; Lyman, 1994). Ele pôde
também ter causado o espalhamento dos ossos dos seus posicionamentos originários (Hill e
Behrensmeyer, 1984).
Infelizmente, a diferença da Lagoa Uri de Cima, no sítio de Agrovila do Coité careceu a
oportunidade de medir exatamente a posição de cada fóssil coletado e também de reconhecer
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o lado dos ossos exposto à atmosfera daquele em contato com o solo. Por isso, não é possível
testar mais precisamente a hipótese da sequência dos eventos considerada até agora
(presença dos restos esqueléticos ainda recoberto pela carne, intemperismo dos elementos
atmosféricos sobre os ossos descarnados e pisoteio causado por outros animais).
Em seguida, os ossos foram recobertos pelos sedimentos e subterrados. O depósito
sedimentário acrescentou-se até alcançar mais de 4 metros, causando danos e fraturas
ulteriores, talvez superpondo-se as marcas devidas ao intemperismo. O padrão de várias
fraturas observadas sobre muitos ossos de Agrovila do Coité, paralelas aos eixos longitudinal,
são consistentes com os danos causados pela pressão dos sedimentos sobrejacentes (Villa e
Mahieu, 1991).
Depois do enterramento, as raízes das plantas, em busca de água e de íons minerais, afetaram
os restos ósseos, deixando as suas marcas características (Fernández-Jalvo et al., 2002). A
presença de raízes atuais é acertada nas diferentes camadas acima da fossilífera e de marcas
de raízes nesta mesma (Fumdham, 2011).
Conclusões
O patrimônio fósseis do Ceará é conhecido sobretudo graça à rica fauna mesozóica da Bacia de
Araripe (Pinheiro & Fernandes-Ferreira, 2014). Das suas camadas fossilíferas, foram coletadas
numerosas espécies extintas de plantas, insetos, peixes, crocodilos, pterossauros e também
dinossauros (ver, por exemplo, Maisey, 1991; Kellner, 1999, 2002; Kellner e Tomida, 2000;
Fortier & Schltz, 2009; Martill et al., 2011; Vila-Nova et al., 2011, e bibliografia citada).
Porém, são também conhecidos alguns restos de mamíferos quaternários, encontrados no
Ceará. As majores descobertas pleistocênicas neste estado foram feitas por Paula Couto, em
Itapipoca (Pinheiro & Fernandes-Ferreira, 2014). Ainda hoje, esta localidade é lembrada por o
seu patrimônio de fósseis quaternários, onde destacam-se as preguiças gigantes
(Eremotherium e Glossotherium Owen, 1840), o mastodonte Haplomastodon Hoffstetter,
1950, o Glyptodontidae Glyptodon Owen, 1839 e o Toxodontidae Toxodon Owen, 1837 (Paula
Couto, 1954, 1980; Berqvist et al., 1997; Ximenes, 2009; Beltrame et al., 2013). Além disso, a
lista dos sítios pleistocenos e dos fósseis do Ceará é bem maior, incluindo outros municípios,
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assim bem que outros taxa (ver por exemplo, Castelanos, 1942; Moreira, 1965; Rolim, 1974;
Guérin, 1993; cartelle e de Iuliis, 1995; Andrade et al., 1999; Viana et al., 2007, 2010; Oliveira,
2010; Porpino et al., 2014, e a bibliografia citada).
Agora, a megafauna quaternária é também conhecida no município de Mauriti, onde foi
recolhido o esqueleto de um indivíduo adulto de E. rusconii, muito parcial e fragmentado.
Apesar das condições particular para retirar o material dos sedimentos (tratou-se de uma
escavação de resgate a realizar-se rapidamente), os dados coletados e as evidências de campo
permitiram de especular que os restos recolhidos de E. rusconii tivessem chegado juntos,
sendo-se espalhados e fraturados posteriormente (provavelmente a causa do pisoteio de
outros elementos da megafauna).
Juntamente ao caso da Lagoa Uri de Cima (Valli & Mutzenberg, no prelo) e do sítio de Picos II
(município de Piranhas, Alagoas; Asakura et al., 2014) é pelo menos a terceira vez que esta
particular combinação de eventos (chegada in situ dos restos ainda retidos pela carne ou, de
qualquer jeito, articulados, e espalhamento sucessivo) é evocada para explicar a acumulação
fóssil de uma localidade. O fenômeno poderia ser mais comum do que os tafônomos pensam,
sobretudo em depressões situadas nas planícies aluviais.
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