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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA DESCOLORAÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS REATIVOS POR FUNGOS LIGNINOLÍTICOS E POR LACASE DAIANE CRISTINA LENHARD Engenheiro Químico, UNIOESTE, 2004 Orientadoras: Prof a Dr a Célia R. G. Tavares Prof a Dr a Sandra Mª G. da Costa Prof a Dr a Alessandra Z. dos Santos Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Química, área Desenvolvimento de Processos. Maringá - PR - Brasil Fevereiro de 2006

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

DESCOLORAÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS REATIVOS POR FUNGOS

LIGNINOLÍTICOS E POR LACASE

DAIANE CRISTINA LENHARD

Engenheiro Químico, UNIOESTE, 2004

Orientadoras: Profa Dra Célia R. G. Tavares

Profa Dra Sandra Mª G. da Costa

Profa Dra Alessandra Z. dos Santos

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Química, área Desenvolvimento de Processos.

Maringá - PR - Brasil

Fevereiro de 2006

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

Esta é versão final da dissertação de Mestrado apresentada por DAIANE

CRISTINA LENHARD perante a Comissão Julgadora do Curso de Mestrado em

Engenharia Química em 10 de fevereiro de 2006.

Comissão Julgadora

Profa Dra Célia Regina Granhen Tavares Profa Dra Sandra Maria Gomes da Costa

Orientadora Co-orientadora

Profª Drª Alessandra Zacarias dos Santos

Co-orientadora

Profª Drª Rosane Peralta Profa Dra Eneida Sala Cossich

Membro Membro

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LENHARD, DAIANE CRISTINA

Descoloração de Corantes Têxteis

Reativos por Fungos Ligninolíticos e por

Lacase [Paraná] 2006.

XV, 68p., 29,7 cm (PEQ/UEM,

M.Sc., Engenharia Química, 2006).

Dissertação – Universidade Estadual

de Maringá – PEQ.

1. Corantes têxteis. 2. Fungos

ligninolíticos. 3. Lacase.

I. PEQ/UEM II. Título (série)

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Dedico esta Dissertação

à minha família.

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O propósito do aprendizado é crescer,

e nossas mentes, diferentes de nossos corpos,

podem continuar crescendo enquanto continuamos a viver”.

Mortimer Adler

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vi

Agradecimentos

Às minhas orientadoras, Célia Regina Granhen Tavares, Alessandra Zacarias

dos Santos e Sandra Maria Gomes da Costa, pela confiança e paciência em

todas as etapas da pesquisa.

Ao meu pai Hélio, à minha mãe Délia, aos meus irmãos Luana e Oziel pelo apoio

e compreensão nos momentos mais complicados. Amo vocês.

Ao meu namorado, Raul, por estar sempre comigo, com seu carinho e paciência,

nos momentos mais confusos.

Às minhas grandes amigas, Araceli, Roselene e Camila por estarem sempre por

perto nos momentos difíceis e por tornarem minha vida mais alegre e

divertida. Adoro vocês.

À Thais, Cristiane, Gisele e Érica pela amizade e carinho.

À Raquel, Fábio, Vandré, Edmilson, Luciana, Marta, Eliane e Juliana pela

amizade e por tornarem a convivência no laboratório mais divertida.

Ao Departamento de Engenharia Química e seus funcionários, especialmente à

Elenice, Luiza, Lauro e Luiz pelas ajudas cruciais e pelo apoio técnico e

material.

À CAPES pelo suporte financeiro.

À Deus.

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DESCOLORAÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS REATIVOS POR FUNGOS

LIGNINOLÍTICOS E POR LACASE

AUTORA: DAIANE CRISTINA LENHARD

ORIENTADORAS: CÉLIA REGINA GRANHEN TAVARES

ALESSANDRA ZACARIAS DOS SANTOS

SANDRA MARIA GOMES DA COSTA

Dissertação de mestrado; Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química;

Universidade Estadual de Maringá; Av. Colombo, 5790, BL E46-09; CEP: 87020-900 –

Maringá – PR, Brasil, defendida em 10 de fevereiro de 2006, 68p.

RESUMO Neste trabalho a descoloração de corantes têxteis foi avaliada utilizando-se fungos

ligninolíticos e a enzima lacase. Inicialmente, foi avaliada a descoloração do corante

reativo Remazol Brilliante Blue R (RBBR) por culturas de isolados de Pleurotus

Pulmonarius, Lentinus edodes e Ganoderma lucidum em diferentes meios. Em seguida, as

descolorações de nove corantes reativos e de um efluente de lavanderia foram avaliadas,

utilizando-se a enzima lacase produzida por P. pulmonarius.

Em um primeiro teste, discos de meio sólido com cada um dos fungos foram

inoculados em tubos contendo meio mínimo com glicose e 0,5 g/L do corante RBBR. Após

15 dias de experimento verificou-se que todos as espécies estudadas degradaram o corante

em alguma proporção. No entanto, apesar do G. lucidum e do P. pulmonarius degradarem

o corante em mais de 90%, a degradação por L. edodes não passou de 20%.

Para os testes em que uma solução do corante RBBR 0,5 g/L foi inoculada com

cultura líquida dos fungos G. lucidum, L. edodes e P. pulmonarius, por 10 dias a 28ºC,

somente o G. lucidum foi capaz de degradar o corante, atingindo uma descoloração de

90%. Um teste sucessional dos fungos, na seqüência G. lucidum - G. lucidum - L. edodes,

foi avaliada nas mesmas condições, sendo que cada isolado permaneceu sete dias em

contato com a solução do corante. Uma degradação final de 78,5% foi observada no

vigésimo primeiro dia de experimento.

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A degradação do corante foi então avaliada em meio mínimo com glicose (1 g/L)

concentrado e diluído 1:10, 1:50 e 1:100, acrescido de 0,5 g/L do corante. As mesmas

espécies fúngicas foram utilizadas sendo que a maior descoloração observada foi de 89%

em meio mínimo com glicose concentrado utilizando-se G. lucidum.

Devido às baixas descolorações obtidas pelos isolados de P. pulmonarius e L.

edodes nos meios utilizados anteriormente, foi avaliada a adição de outros nutrientes

(extrato de malte e peptona, além da glicose) ao meio mínimo.

Os melhores resultados para P. pulmonarius e L. edodes foram observados

utilizando-se meio mínimo acrescido de 1g/L de glicose, 1g/L de extrato de malte e 0,1g/L

de peptona e 0,5 g/L de RBBR, e meio mínimo acrescido de 1g/L de extrato de malte e 0,5

g/L de RBBR. Para ambos os fungos a descoloração foi em torno de 90% utilizando-se

estes meios. Em todos os meios testados, G. lucidum descoloriu em mais de 85% o corante.

Os melhores resultados para este fungo, em torno de 96%, foram obtidos utilizando-se

meio mínimo acrescido de 0,1g/L de glicose e 0,5 g/L de RBBR, e meio mínimo acrescido

de 1g/L de extrato de malte e 0,5 g/L de RBBR.

Com base nestes resultados, um novo teste sucessional foi realizado. A mistura

reacional consistiu de meio mínimo acrescido de 1g/L de glicose, 1g/L de extrato de malte,

0,1g/L de peptona e 0,5 g/L do corante RBBR. A primeira espécie inoculada à mistura foi

P. pulmonarius, permanecendo sete dias. Em seguida, após filtração e autoclavagem do

meio, este foi inoculado com L. edodes que permaneceu por mais sete dias e em seguida,

repetiu-se o procedimento inoculando-se G. lucidum. Ao final do experimento foi

verificada uma descoloração de 69%.

Os experimentos de descoloração fúngica mostraram que os isolados de P.

pulmonarius e L. edodes necessitam de outras fontes de nutrientes além da glicose,

enquanto G. lucidum mostrou-se capaz de descolorir o corante mesmo em meio acrescido

somente de pequena quantidade de glicose.

Em uma segunda etapa do trabalho utilizou-se a enzima lacase bruta de P.

pulmonarius para descoloração dos corantes reativos: RRBB, Azul BF-R, Azul turquesa,

Azul marinho-BLE, Amarelo-3R, Amarelo-GLE, Vermelho-4B, Vermelho escarlate,

Preto, Cinza, além do efluente de uma lavanderia local. Verificou-se que todos os corantes

foram descoloridos em alguma extensão pela lacase, no entanto, os resultados de

descoloração para os corantes vermelho escarlate, vermelho 4b, amarelo 3r e cinza (em

480 nm) foram inferiores a 20%. O efluente foi descolorido em 40% pela lacase purificada.

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DECOLORIZATION OF REACTIVE TEXTILE DYES BY USING THE

LIGNOLITIC FUNGI AND LACASE

AUTORA: DAIANE CRISTINA LENHARD

ORIENTADORAS: CÉLIA REGINA GRANHEN TAVARES

ALESSANDRA ZACARIAS DOS SANTOS

SANDRA MARIA GOMES DA COSTA

Master Thesis; Chemical Engineering Graduate Program; State University of Maringá;

Av. Colombo, 5790, BL E46-09; CEP: 87020-900 – Maringá – PR, Brasil, presented on

10th February 2006, 68p.

ABSTRACT

In this work, textile dyes decolorization was evaluated using ligninolitic fungi and

the lacase enzyme. Firstly, the reactive dye Remazol Brilliant Blue R (RBBR)

decolorization by Pleurotus pulmonarius, Lentinus edodes and Ganoderma lucidum

cultures was evaluated using different media. Next, the decolorization of nine reactive dyes

and a laundry effluent was evaluated using the lacase enzyme produced by Pleurotus

pulmonarius.

In a first test, solid media disks of each species were inoculated in test tubes

containing minimum media and glucose, added by RBBR 0.5 g/L. After fifteen days of

experiment it was verified that all of the species degraded the dye in some extension.

Although G. lucidum and P. pulmonarius degraded the dye more than 90 %, the dye

degradation by L. edodes was about 20 %.

For the tests in which a 0.5 g/L RBBR solution was inoculated with liquid culture

of the fungi, G. lucidum, L. edodes and P. pulmonarius, for 10 days at 28ºC, only G.

lucidum was able to degrade the dye, reaching a decolorization of 90 %. A succession of

the fungi G. lucidum – G. lucidum – L. edodes was evaluated at the same conditions. Each

fungus stayed in contact with the dye solution during seven days. The final degradation

observed was 78,5 % at the twenty-first day.

Then, the dye degradation was evaluated in concentrated and diluted 1:10, 1:50 and

1:100 minimum medium and glucose (1g/L), added by RBBR 0.5 g/L. The same species of

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fungi were used again. The best decolorization observed was 89 % using concentrated

minimum medium and glucose and the fungus G. lucidum.

Due to the low decolorization obtained using the isolate of P. pulmonarius and L.

edodes in the media previously used, the addition of other nutrients (malt extract and

peptone, besides glucose) to the media was evaluated.

The best results for P. pulmonarius and L. edodes were observed using minimum

medium added by glucose 1 g/L, malt extract 1 g/L and peptone 0.1 g/L and RBBR 0.5

g/L, and minimum medium added by malt extract 1 g/L and RBBR 0.5 g/L. For both

species the decolorization was about 90 % using these media. For all evaluated media the

dye decolorization by G. lucidum was over than 85 %. The best results, about 96 %, were

obtained using minimum media added by glucose 0.1 g/L and RBBR 0.5 g/L, and

minimum media added by malt extract 1 g/L and RBBR 0.5 g/L.

Based on these results, a new succession of the fungi was carried out. The

reactional solution consisted of minimum medium added by glucose 1g/L, malt extract1g/L

and peptone 0.1g/L and RBBR 0.5 g/L. The first fungus inoculated into the solution was P.

pulmonarius, wich remained in this medium for seven days. Next, after filtering and

autoclaving the medium, this was inoculated with L. edodes which remained in the

medium for more seven days. Then, the procedure was repeated inoculating G. lucidum. In

the end of the experiment, a decolorization of 69 % was verified.

The experiments of fungal decolorization showed that the isolate P. pulmonarius and

L. edodes needed other sources of nutrients besides glucose, while the fungal G. lucidum

was be able to decolorize the dye even in medium added by a little quantity of glucose.

In a second stage of this work, crude lacase enzyme from P. pulmonarius was used to

decolorize the reactive dyes: RBBR, Blue-BF-R, Turquoise blue, Navy blue-BLE, Yellow-

3R, Yellow-GLE, Red-4B, Scarlet red, Black, Grey, besides the effluent of a local laundry.

It was verified that all the dyes were decolorized in some extension by the crude lacase.

However, the results of Scarlet red, Red-4B, Yellow-3R and Grey (380nm) decolorization

were under 20%. The laundry effluent was decolorized in 40 % by the crude lacase.

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ÍNDICE

Capítulo 1 - Introdução e Objetivos .................................................................................. 1

Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica ..................................................................................... 3

2.1 A indústria têxtil e o seu efluente ................................................................................... 3

2.2 Corantes têxteis ............................................................................................................... 6

2.3 Processos de remoção de cor de efluentes têxteis ......................................................... 10

2.4 Os fungos ....................................................................................................................... 13

2.5 Degradação de corantes e efluentes têxteis por fungos ................................................. 15

2.6 Degradação de corantes e efluentes têxteis por enzimas de fungos .............................. 25

Capítulo 3 - Materiais e Métodos .................................................................................... 31

3.1 Descoloração do corante reativo Remazol Brilliant Blue R (RBBR) por fungos

ligninolíticos ....................................................................................................................... 31

3.1.1 Corante ............................................................................................................ 31

3.1.2 Fungos ligninolíticos ........................................................................................ 31

3.1.3 Meios de cultura e preparo de inóculo .............................................................. 32

3.1.4 Ensaios de descoloração fúngica ....................................................................... 33

3.2 Degradação de corantes reativos pela lacase do fungo P. pulmonarius ........................ 35

3.2.1 Enzima .............................................................................................................. 35

3.2.2 Corantes reativos e efluente têxtil ..................................................................... 35

3.2.3 Ensaios de descoloração enzimática ................................................................. 36

3.3. Metodologia das análises realizadas ............................................................................. 36

Capítulo 4 - Resultados e Discussão................................................................................. 38

4.1 Descoloração do corante reativo Remazol Brilliant Blue R (RBBR) por fungos

ligninolíticos ........................................................................................................................ 38

4.2 Degradação de corantes reativos pela lacase do fungo P. pulmonarius ....................... 52

Capítulo 5 – Conclusões .................................................................................................... 56

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Capítulo 6 - Perspectivas para trabalhos futuros ........................................................... 58

Capítulo 7 - Referências bibliográficas ............................................................................ 59

Anexos ................................................................................................................................. 65

Anexo I - Determinação de Demanda Química de Oxigênio por micro método ................ 65

Anexo II - Determinação de atividade enzimática .............................................................. 67

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ÌNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1– Fluxo tradicional do processo têxtil (ABRAHÃO & SILVA, 2002,

citado por OMORI, 2004).................................................................................. 5

Figura 4.1 – Resultados de redução de glicose (¦ ), redução de DQO (¦ ),

descoloração em 590nm (- ) e aumento de cor em 455nm (¦ ) para os

isolados P. pulmonarius, L. edodes e G. lucidum............................................ 38

Figura 4.2 – Descoloração de uma solução 0,5g/ de RBBR pelos isolados P.

pulmonarius (?), L. edodes (¦ ) e G. lucidum (? ). ....................................... 40

Figura 4.3 – Redução de DQO nos meios inoculados com os isolados fúngicos............... 40

Figura 4.4 – Porcentagem de descoloração do corante RBBR pela sucessão dos

fungos G.lucidum - G.lucidum - L. edodes. .................................................. 41

Figura 4.5 – Concentração de (¦ ) DQO (mg/l) e (?) glicose (mg/l)durante o

experimento de sucessão dos fungos G.lucidum - G.lucidum - L.

edodes. ........................................................................................................... 42

Figura 4.6 – Atividades enzimáticas de MnP (?), LiP (? ) e lacase (¦ ) durante os

experiemtno de sucessão dos fungos G.lucidum - G.lucidum - L.

edodes. ........................................................................................................... 43

Figura 4.7 – Descoloração do corante RBBR pelos Isolados (a) G. lucidum, (b) P.

pulmonarius e (c) L. edodes, em diferentes diluições de meio mínimo

+ glicose: (?) sem diluição; (¦ ) diluído 1:10; (? ) diluído 1:50 e

(x) diluído 1:100. ......................................................................................... 44

Figura 4.8 – Resultados de descoloração e aumento de cor do corante RBBR pelo

fungo P. pulmonarius em meio mínimo acrescido dos nutrientes: (?)

glicose 0,1g/l; (¦ ) glicose 1g/l; (? ) extrato de malte 0,1g/l; (x) extrato

de malte 1g/l; (?) peptona 0,01g/l; (?) peptona 0,1g/l; (+)glicose

0,1g/l, extrato de malte 0,1g/l e peptona 0,01g/l; (-)glicose 1g/l, extrato

de malte 1g/l e peptona 0,1g/l. ....................................................................... 46

Figura 4.9 – Resultados de descoloração e aumento de cor do corante RBBR pelo

fungo L. edodes em meio mínimo acrescido dos nutrientes: (?) glicose

0,1g/l; (¦ ) glicose 1g/l; (? ) extrato de malte 0,1g/l; (x) extrato de

malte 1g/l; (?) peptona 0,01g/l; (?) peptona 0,1g/l; (+)glicose 0,1g/l,

extrato de malte 0,1g/l e peptona 0,01g/l; (-)glicose 1g/l, extrato de

malte 1g/l e peptona 0,1g/l. ............................................................................ 46

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Figura 4.10 – Resultados de descoloração e aumento de cor do corante RBBR pelo

fungo G. lucidum em meio mínimo acrescido dos nutrientes: (?)

glicose 0,1g/l; (¦ ) glicose 1g/l; (? ) extrato de malte 0,1g/l; (x)

extrato de malte 1g/l; (?) peptona 0,01g/l; (?) peptona 0,1g/l;

(+)glicose 0,1g/l, extrato de malte 0,1g/l e peptona 0,01g/l; (-)glicose

1g/l, extrato de malte 1g/l e peptona 0,1g/l. ................................................ 47

Figura 4.11 – Porcentagem de descoloração em 590nm (x) e de aumento de cor em

455nm (? ) durante o experimento de adição sucessiva dos fungos P.

pulmonarius, L. edodes e G. lucidum. ......................................................... 49

Figura 4.12 – Concentração de (? ) DQO (mg/L)e (?) glicose (mg/L) durante o

experimento de adição sucessiva dos fungos P. pulmonarius - L.

edodes - G. lucidum. .................................................................................... 50

Figura 4.13 – Atividades enzimáticas de MnP (?), LiP (x) e lacase (? ) durante o

experimento de adição sucessiva dos fungos P. pulmonarius - L.

edodes - G. lucidum. ................................................................................... 51

Figura 4.14 – Descoloração enzimática dos corantes reativos: (?) cinza (596nm), (-)

preto (596nm), (?) Azul BF-R (590nm), (+) RBBR (590nm), (x)

Amarelo GLE (403nm), (?) Azul Marinho (590nm), (¦ ) amarelo 3r

(417nm), (?) vermelho 4B (542nm), (? ) vermelho escartale (495nm)

e (?) cinza (480nm). .................................................................................... 52

Figura 4.15 – Descoloração enzimática de: (?) efluente em 625nm; (¦ ) efluente em

663nm; (?) azul turquesa em 625nm e (?) azul turquesa em 663nm. ......... 55

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xv

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 3.1 – Composição do meio mínino com glicose. .................................................... 32

Tabela 3.2 – Composição do meio de extrato de malte. ..................................................... 32

Tabela 3.3 – Nutrientes adicionados ao meio mínimo........................................................ 34

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xvi

LISTA DE SÍMBOLOS

DQO Demanda Química de Oxigênio

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

LiP Enzima lignina peroxidase

MnP Enzima manganês peroxidase

Lcc Enzima Lacase

RBBR Remazol brilliant blue-R

CCB Coleção de cultura do Instituto Botânico de São Paulo

HRV5 Violeta reativo 5

HRB38 Azul reativo 38

AVO Álcool veratrílico oxidase

ST Sólidos totais

SST Sólidos suspensos totais

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A implementação de leis ambientais rigorosas com relação ao descarte de efluentes

coloridos, bem como a crescente conscientização sobre o impacto ambiental negativo dos

mesmos, têm sido os principais fatores para o aumento no interesse da indústria têxtil em

desenvolver tecnologias efetivas no tratamento de seus efluentes.

Dentre as águas residuárias industriais, a proveniente de indústrias têxteis e de

materiais corantes é uma das mais difíceis de tratar. Isto porque geralmente os corantes têm

origem sintética e estruturas moleculares aromáticas complexas que fazem deles mais

estáveis e difíceis de serem biodegradados (FU & VIRARAGHAVAN, 2001).

Como estes corantes são relativamente recalcitrantes à biodegradação, a remoção

de cor de efluentes em sistemas de tratamento de águas residuárias é baseado,

principalmente, em processos físicos ou químicos como adsorção, concentração,

transformação química e incineração. Estas formas de tratamento são geralmente caras,

limitando suas aplicações (BOER et al., 2004).

A grande motivação de todos os pesquisadores envolvidos em estudos de

biodegradação se expressa na busca contínua de microrganismos versáteis, capazes de

degradar, de maneira eficiente, grande número de poluentes a um baixo custo operacional

(ESCOBAR & BARNETT, 1993).

A descoloração microbiológica tem sido proposta com uma alternativa menos

dispendiosa e menos agressiva ao ambiente. Muitas bactérias e fungos têm habilidade de

descoloração e uma grande publicação de trabalhos sobre descoloração microbiológica está

disponível (GLENN & GOLD, 1983).

Fungos ligninolíticos têm sido estudados como possíveis agentes de degradação

devido ao seu sistema de biodegradação extracelular ser basicamente não-específico, fato

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Introdução e Objetivos ___________________________________________________

2

que permite a degradação de misturas de substâncias recalcitrantes (KIRK & FARREL,

1987).

Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo principal a avaliação da

descoloração de corantes têxteis reativos por fungos ligninolíticos e pela enzima lacase.

Este trabalho teve os seguintes objetivos específicos:

- verificar a descoloração do corante Remazol Brilliant Blue R (RBBR) por

Ganoderma lucidum, Lentinus edodes e Pleurotus pulmonarius, em meios de cultivo com

diferentes concentrações de nutrientes;

- avaliar a sucessão destes fungos ligninolíticos para a descoloração do corante

RBBR;

- avaliar a descoloração do corante reativo RBBR, de nove corantes reativos

comerciais e de um efluente têxtil utilizando a enzima lacase produzida por Pleurotus

pulmonarius.

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CAPÍTULO 2

REVISÃO

2.1 A INDÚSTRIA TÊXTIL E O SEU EFLUENTE

Os processos industriais e os despejos gerados pela indústria têxtil variam à medida

que a pesquisa e o desenvolvimento produzem novos reagentes, novos processos e novas

técnicas, e também de acordo com a demanda do consumo por outros tipos de tecidos e

cores. Numerosas operações são necessárias a fim de dar ao tecido o máximo de

propriedades, gerando assim, em cada etapa, diferentes despejos (HASSEMER & SENS,

2002).

A indústria têxtil compreende grupos diversos e fragmentos de estabelecimentos,

que produzem e/ou processam artigos relativos à produção têxtil (fibras, fios, tecidos) para,

posteriormente, serem transformados em vestuário, artigos domésticos e bens industriais.

As empresas têxteis recebem e preparam fibras; transformam fibras em fios, linhas de

costura; convertem os fios em tecidos, tingem e dão tratamentos especiais a esses materiais

em vários estágios de produção. Nesse sentido a indústria têxtil pode ser dividida em três

etapas de produção: formação de fios, formação de tecidos e processos molhados

(acabamentos) (ABRAHÃO & SILVA, 2002).

No que diz respeito à produção e ao número de trabalhadores que ocupa, a indústria

têxtil é uma das maiores do mundo, e todas se caracterizam por requerer grandes

quantidades de água, corantes e produtos químicos utilizados ao longo de uma complexa

cadeia produtiva (SANIN, 1997).

A indústria têxtil gera efluentes líquidos, gasosos e resíduos sólidos. Os efluentes

originários dos diversos processos têxteis são uma função direta do tipo de substrato têxtil

que está sendo processado, dos corantes utilizados e do tipo de equipamento. Portanto,

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pode-se observar uma gama enorme de variações das características quantitativas e

qualitativas dos efluentes, principalmente dos efluentes líquidos (CPRH, 2001).

Geralmente, os despejos de várias etapas do processamento têxtil apresentam

compostos orgânicos como amido, dextrinas, gomas, graxas, pectinas, álcoois, ácido

acético, corantes, sabões e detergentes; e, compostos inorgânicos como hidróxido de sódio,

carbonato, sulfato e cloreto. O pH varia entre 8 e 11 e a cor depende do corante utilizado.

Os sólidos totais (ST) e em suspensão (SSP) variam entre 1000 e 1600 mg/L e de 30 a 50

mg/L, respectivamente. O volume de água utilizado por metro de tecido processado varia

entre 120 e 380 litros (BRAILE & CAVALCANTI, 1993).

Um estudo com as águas residuárias de 60 indústrias têxteis de Santa Catarina,

realizado por LONGO em 1987 (citado por BALAN, 1998), apresentou valores de

demanda bioquímica de oxigênio (DBO) entre 130 e 1200 mg O2/L e demanda química de

oxigênio (DQO) entre 540 e 5400 mg O2/L. Também foi observada a presença de corante e

pigmentos diversos de difícil remoção e de detergentes não biodegradáve is; fibras

removíveis por processos mecânicos, além de pequena concentração de material orgânico

biodegradável, poucos sólidos sedimentáveis e grande variação num ciclo de 24 horas.

De acordo com vários estudos apresentados por VALDEVIVERE (1998) os

efluentes têxteis são tóxicos à vida aquática. CONSTAN et al. (2003, citado por

VALDEVIVERE, 1998) classificou o efluente têxtil em segundo lugar em termos de

toxicidade, dentre oito setores industriais, utilizando uma série de bioensaios verificando a

toxicidade aguda, subletal e crônica, em vários níveis tróficos.

Sem dúvida o maior problema no tratamento de efluentes têxteis deve-se à presença

de corantes oriundos, principalmente, da etapa de tingimento, durante os chamados

beneficiamentos secundários do processamento têxtil (Fig. 2.1). Estes corantes

normalmente são recalcitrantes (compostos que permanecem num determinado ambiente

de forma inalterada, podendo ser naturais ou xenobióticos) ou apresentam uma cinética de

degradação muito lenta para processos biológicos convencionais, e geram efluentes finais

(após o tratamento) com coloração ainda muito intensa (KUNZ,1999).

A princípio o volume de corante lançado no ambiente pode parecer pouco

significativo quando comparado com o parque de máquinas instalado, no entanto devemos

atentar para o alto potencial colorante destes compostos. O olho humano pode detectar

concentrações de corantes reativos na ordem de 5 ? g/L em águas claras de rios,

particularmente nas regiões do espectro entre o vermelho e o púrpuro (KUNZ,1999).

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FILAMENTOS SINTÉTICOS

TEXTURIZAÇÃO

PREPARAÇÃO À FIAÇÃO

FIBRAS NATURAIS FIBRAS QUÍMICAS

URDIMENTO

ENGOMAGEM

TECELAGEM

PREPARAÇÃO AO TINGIMENTO

FIAÇÃO

TINGIMENTO e ESTAMPARIA

ACABAMENTO

CONFECÇÃO

Operações com geração de efluentes líquidos Figura 2.1 – Fluxo tradicional do processo têxtil (ABRAHÃO & SILVA, 2002, citado por

OMORI, 2004).

A poluição dos corpos d’água com estes compostos provoca, além da poluição visual,

alterações em ciclos biológicos afetando principalmente mecanismos de fotossíntese.

Algumas classes de corantes e seus subprodutos, especialmente azocorantes, podem ser

carcinogênicos e/ou mutagênicos (KUNZ, 1999).

A abundância de normas e regulamentações desenvolvidas ao longo dos anos para

controle de rejeitos coloridos tem criado um grande impacto na indústria de corantes e seus

correlatos, além de ter criado grande confusão aos consumidores. Relativamente, encontra-

se na literatura muito pouca informação sobre o impacto desses rejeitos na qualidade da

água e em ecossistemas aquáticos. Alguns autores têm até defendido a tese de que devido à

alta diluição, poucos corantes solúveis poderiam causar efeitos ecológicos agudos em

concentrações em que não sejam visíveis a olho nu. No entanto, dependendo do tipo de

corante e do modo de aplicação requerido, a etapa final da tintura pode contribuir

significativamente no lançamento de rejeitos de diversas substâncias químicas com

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composição variável (corante, umectante, antiespumante, eletrólitos, dispersantes, etc.)

utilizadas nas etapas de montagem e fixação (GUARATINI & ZANONI, 2000).

2.2 CORANTES TÊXTEIS

Corantes têxteis são substâncias coloridas usadas para garantir uma cor permanente

em outras substâncias. Seu uso mais importante é na coloração de fibras em fábricas têxteis

(GUARATINI & ZANONI, 2000).

Os corantes são moléculas orgânicas altamente estruturadas e de difícil degradação

biológica. Grandes quantidades de corantes estruturalmente diversos são utilizadas na

tintura de tecidos, assim como em outras aplicações industriais (ZOLLINGER, 1991,

citado por HEINFLING et al.,1997).

Muitos corantes sintéticos têm sido cada vez mais usados em indústrias têxteis, de

papel, de cosméticos, farmacêuticas e de comida devido a sua facilidade de uso, eficácia de

custos nas sínteses, estabilidade e variedade de cor, comparada com corantes naturais

(CHAGAS & DURRANT, 2001). Aproximadamente 10000 corantes e pigmentos

diferentes são produzidos anualmente em todo mundo e usados nas indústrias de

tingimento e estamparia, e mais de 7.105 toneladas desses corantes são anualmente

produzidas em todo o mundo (ZOLLINGER, 1987, citado por SELVAM et al., 2003).

Muitos destes corantes são estáveis à luz, temperatura e ataques microbiológicos, fazendo

deles compostos recalcitrantes, além de muitos deles serem também tóxicos (GREGORY,

1993, citado por LEVIN et al., 2004).

A molécula de corante utilizada para tingimento de fibra têxtil pode ser dividida em

duas partes principais, o grupo cromóforo e a estrutura responsável pela fixação à fibra.

Baseados na estrutura química do grupo cromóforo, os corantes são classificados como azo

corantes, antraquinones, trietilmetino, phtalocianino, etc. (ZOLLINGER, 1991, citado por

HEINFLING et al.,1997). Aproximadamente metade de todos os corantes conhecidos são

azo corantes, fazendo deles o maior grupo de corantes sintéticos (ZOLLINGER, 1987,

citado por SELVAM et al., 2003).

Os corantes também podem ser classificados de acordo com a forma pela qual ele é

fixado à fibra têxtil. De acordo com GUARATINI & ZANONI (2000), os principais

grupos de corantes classificados pelo modo de fixação são:

Corantes Reativos - são corantes contendo um grupo eletrofílico (reativo) capaz de

formar ligação covalente com grupos hidroxila das fibras celulósicas, com grupos amino,

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hidroxila e tióis das fibras protéicas e também com grupos amino das poliamidas. Existem

numerosos tipos de corantes reativos, porém os principais contêm a função azo e

antraquinona como grupos cromóforos e os grupos clorotriazinila e sulfatoetilsulfonila

como grupos reativos. Neste tipo de corante, a reação química se processa diretamente

através da substituição do grupo nucleofílico pelo grupo hidroxila da celulose.

Corantes Diretos - este grupo de corantes caracteriza-se como compostos solúveis

em água capazes de tingir fibras de celulose (algodão, viscose, etc.) através de interações

de Van der Waals. A afinidade do corante é aumentada pelo uso de eletrólitos, pela

planaridade na configuração da molécula do corante ou a duplaligação conjugada que

aumenta a adsorção do corante sobre a fibra. Esta classe de corantes é constituída

principalmente por corantes contendo mais de um grupo azo (diazo, triazo e etc.) ou pré-

transformados em complexos metálicos.

Corantes Azóicos - são compostos coloridos, insolúveis em água, que são realmente

sintetizados sobre a fibra durante o processo de tingimento. Nesse processo a fibra é

impregnada com um composto solúvel em água, conhecido como agente de acoplamento

(e.g. naftol) que apresenta alta afinidade por celulose. A adição de um sal de diazônio

(RN2 +) provoca uma reação com o agente de acoplamento já fixado na fibra e produz um

corante insolúvel em água.

Corantes Ácidos - o termo corante ácido corresponde a um grande grupo de

corantes aniônicos portadores de um a três grupos sulfônicos. Estes grupos substituintes

ionizáveis tornam o corante solúvel em água, e têm vital importância no método de

aplicação do corante em fibras protéicas (lã, seda) e em fibras de poliamida sintética. No

processo de tintura, o corante previamente neutralizado (solução contendo cloreto, acetato,

hidrogenossulfato, etc.) se liga à fibra através de uma troca iônica envolvendo o par de

elétrons livres dos grupos amino e carboxilato das fibras protéicas, na forma não-

protonada. Estes corantes caracterizam-se por substâncias com estrutura química baseada

em compostos azo, antraquinona, triarilmetano, azina, xanteno, ketonimina, nitro e nitroso,

que fornecem uma ampla faixa de coloração e grau de fixação.

Corantes à Cuba - é uma grande e importante classe de corantes baseada nos

índigos, tioindigóides e antraquinóides. Eles são aplicados praticamente insolúveis em

água, porém durante o processo de tintura eles são reduzidos com ditionito, em solução

alcalina, transformando-se em um composto solúvel (forma leuco). Posteriormente, a

subsequente oxidação pelo ar, peróxido de hidrogênio, etc., regenera a forma original do

corante sobre a fibra.

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Corantes de Enxofre - é uma classe de corantes que após a aplicação se

caracterizam por compostos macromoleculares com pontes de polissulfetos (- Sn -), os

quais são altamente insolúveis em água. Em princípio são aplicados após pré-redução em

banho de ditionito de sódio que lhes confere a forma solúvel, são reoxidados

subsequentemente sobre a fibra pelo contato com ar. Estes compostos têm sido utilizados

principalmente na tintura de fibras celulósicas, conferindo cores preto, verde oliva, azul

marinho, marrom, apresentando boa fixação. Entretanto, estes corantes usualmente

apresentam resíduos altamente tóxicos.

Corantes Dispersivos - constituem uma classe de corantes insolúveis em água

aplicados em fibras de celulose e outras fibras hidrofóbicas através de suspensão

(partículas entre 1 a 4 micra). Durante o processo de tintura, o corante sofre hidrólise e a

forma originalmente insolúvel é lentamente precipitada na forma dispersa (finalmente

dividido) sobre o acetato de celulose. O grau de solubilidade do corante deve ser pequeno,

mas definido, e influencia diretamente o processo e a qualidade da tintura. Usualmente o

processo de tintura ocorre na presença de agentes dispersantes com longas cadeias que

normalmente estabilizam a suspensão do corante facilitando o contato entre o corante e a

fibra hidrofóbica. Esta classe de corantes tem sido utilizada principalmente para tinturas de

fibras sintéticas, tais como, acetato celulose, nylon, poliéster e poliacrilonitrila.

Corantes Pré-Metalizados - são úteis principalmente para tintura de fibras protéicas

e poliamida. Os corantes são caracterizados pela presença de um grupo hidroxila ou

carboxila na posição ortho em relação ao cromóforo azo, permitindo a formação de

complexos com íons metálicos. Neste tipo de tintura explora-se a capacidade de interação

entre o metal e os agrupamentos funcionais portadores de pares de elétrons livres, como

aqueles presentes nas fibras proteicas. Exemplos mais comuns deste grupo são os

complexos estáveis de cromo: corante (1:1) ou (1:2). A desvantagem ecológica deste tipo

de corante está associada ao alto conteúdo de metal (cromo) nas águas de rejeito.

Corantes Branqueadores - as fibras têxteis no estado bruto por serem compostas

primariamente de materiais orgânicos, apresentam como característica uma aparência

amarelada por absorver luz particularmente na faixa de baixo comprimento de onda. A

diminuição dessa tonalidade tem sido efetuada na indústria ou na lavanderia pela oxidação

da fibra com alvejantes químicos ou utilizando os corantes brancos também denominados

de branqueadores ópticos ou mesmo branqueadores fluorescentes. Estes corantes

apresentam grupos carboxílicos, azometino (-N=CH-) ou etilênicos (-CH=CH-) aliados a

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sistemas benzênicos, naftalênicos, pirênicos e anéis aromáticos que proporcionam reflexão

por fluorescência na região de 430 a 440 nm quando excitados por luz ultravioleta.

Com relação aos corantes, é importante salientar que muitos contêm metais pesados

em sua composição, como por exemplo, alguns corantes de enxofre que possuem

dicromato de potássio como oxidante, gerando, no despejo, cromo hexavalente solúve l em

água. Outros corantes de cromo também liberam cromo hexavalente no efluente. Alguns

corantes diretos também possuem metais (CETESB, 1993).

Os corantes reativos são extensivamente utilizados na indústria têxtil,

principalmente em função de características como: facilidade de produção, baixo custo,

constância de estrutura e grande variedade de cores. Esse conjunto de adequadas

características, aliado à sua capacidade de fixar-se nas fibras via ligações covalentes, faz

com que a produção e utilização de corantes reativos sejam cada vez mais difundidas

(ZAMORA et al., 2002).

Estima-se que pelo menos 20% dos corantes têxteis sejam descartados em

efluentes, devido às perdas ocorridas durante o processo de fixação da tintura às fibras. A

remoção desses compostos dos rejeitos industriais é um dos grandes problemas ambientais

enfrentados pelo setor têxtil (ZANONI & CARNEIRO, 2001).

No caso de corantes reativos, mais de 50% do corante é perdido a partir da hidrólise

durante o processo de tingimento e por isso estão presentes no efluente (PAGGA E

BROWN, 1986; SHAUL et al, 1991, citados por HEINFLING et al., 1997)

Os corantes empregados na indústria têxtil estão continuamente sendo melhorados e

substituídos por compostos superiores. Os fabricantes vêm sofrendo uma pressão constante

para o desenvolvimento de corantes que possam ser aplicados com sucesso de forma a

empregar menores quantidades de reagentes auxiliares, especialmente sais, e assim reduzir

problemas ambientais associados aos efluentes texteis (O’NEILL et al., 1999).

Por outro lado, os corantes mais modernos são desenvolvidos para resistirem à ação

do tempo, à exposição da luz solar, à água, ao sabão, aos alvejantes e à transpiração. A

durabilidade da cor, a estabilidade e a resistência à degradação, têm dificultado a remoção

de cor dos efluentes têxteis (CAMMAROTA & COELHO, 2001). Desta forma, verifica-se

a necessidade do estudo de novas formas de degradação destes corantes que sejam

realmente efetivas e satisfatórias.

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2.3 PROCESSOS DE REMOÇÃO DE COR DE EFLUENTES TÊXTEIS

A indústria têxtil contribui significativamente para a poluição dos rios em algumas

regiões do Brasil, ao transformar fibras naturais e sintéticas em tecidos e outros produtos.

Em algum ponto do processo de fabricação de tecidos, operações de processamento

químico úmido são necessárias para preparar, purificar, colorir ou acabar adequadamente o

produto. Isso resulta na geração de efluentes, cuja carga de poluentes provém não somente

da remoção de impurezas das próprias matérias-primas, como também dos reagentes

químicos residuais usados no processamento (CAMMAROTA & COELHO, 2001).

Enquanto compostos orgânicos colorantes geralmente conferem apenas uma fração

minoritária da carga orgânica residuária, sua coloração presta- lhe um aspecto inaceitável.

A descarga de efluente da indústria têxtil e de materiais corantes nas vizinhanças de corpos

receptores hídricos, assim como os atuais sistemas de tratamento das águas residuárias, têm

causado, atualmente, significantes preocupações para as agência s regulatórias do meio

ambiente (BANAT et al., 1996).

Águas residuárias de indústrias têxteis, de papel e de estamparia, e de tinturarias

são caracterizadas por altas demandas químicas e bioquímicas de oxigênio (DQO e DBO),

sólidos suspensos e cor intensa devido ao uso intensivo de corantes sintéticos. O descarte

direto destes efluentes no esgoto municipal e/ou no ambiente pode causar a formação de

produtos tóxicos cancerígenos. Como corantes de estrutura molecular complexa são

resistentes à remoção por populações microbiológicas típicas e podem ser tóxicos para os

microrganismos presentes no tratamento de esgoto, o descarte destes no sistema de

tratamento de esgotos pode levar ao seu fracasso (NYANHONGO et al., 2002).

Deste modo, métodos para remoção da cor das águas de rejeito têm recebido

enorme atenção nos últimos anos. De um modo geral, a efetividade da remoção da cor

pode ser avaliada por um padrão espectrofotométricamente permitido, o qual pode ser

usado para controlar a diluição do corante nas águas dos rios. Assim, através da

comparação direta entre absorbância da amostra de um efluente e o padrão de qualidade

requerido para coloração em rios, é possível avaliar o grau de contaminação previsto.

Entretanto, a níveis não detectáveis em escala espectrofotométrica, o problema é mais sério

e envolve acumulação, bio-disponibilidade, etc (GUARATINI & ZANONI, 2000).

As discussões em torno da eficiência, viabilidade e custos dos métodos de

tratamento empregados, estão bastante presentes nas investigações sobre efluentes têxteis.

Comumente, são determinadas as propriedades físicas, como temperatura, turbidez, teor de

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sólidos, odor, cor, vazão, material retido, removido ou produzido; químicas: DBO, DQO,

formas de nitrogênio (orgânico, amoniacal, nitritos e nitratos), fósforo, óleos e graxas, sais,

metais, pH, alcalinidade e propriedades biológicas: número e tipos de microrganismos

(BALAN, 1999).

Têm-se utilizado vários métodos de remoção de corantes e de outros compostos

químicos existentes no efluente. Normalmente utilizam-se processos físico-químicos como

oxidação química (empregando como agentes oxidantes cloro, H2O2 ou ozônio),

coagulação/floculação, precipitação, troca iônica, adsorção (em carvão ativado e bio-

adsorventes), tecnologias com membranas (ultrafiltração, microfiltração e nanofiltração) e

processos biológicos convencionais, em que o processo de lodo ativado é

reconhecidamente o mais representativo, dentre os mais utilizados na indústria têxtil

(BRÁS et al., 2002).

Processos físico-químicos e biológicos convencionais, como coagulação química e

lodo ativado, apresentam bons resultados na redução carbonácea, no entanto têm como

inconveniente a alta produção de lodo e a necessidade de disponibilidade de grandes áreas

para a implantação do processo de tratamento e de aterros sanitários industriais para a

disposição deste lodo (HASSEMER & SENS, 2002).

A adsorção parece ser o método de remoção de cor mais eficiente dentre os

testados. O adsorvente mais comumente usado é carvão ativado em pó, que é caro.

Recentes relatórios indicaram a possibilidade de uso de outros adsorventes como zeólitas,

bentonitas, banosintéticos, lava, etc. no lugar do carvão ativado em pó, para a remoção de

cor do efluente. No entanto, os corantes não podem ser convertidos em CO2 a partir da

adsorção, eles são transferidos da fase líquida para a sólida (KAPDAN et al., 2000).

O uso da técnica de coagulação/floculação usando polieletrólitos e/ou floculantes

inorgânicos (sais de ferro e alumínio) apresenta grau variável de sucesso como tratamento

terciário para remoção da cor do efluente têxtil. O método pode efetivamente remover a

coloração de rejeitos tratados logo na fonte de saída, ou seja, antes da descarga nos

reservatórios a níveis de padrão permitidos. O resultado depende do tipo de corante a ser

removido, composição, concentração e fluxo de produção do rejeito. Entretanto, para se

obter uma alta eficiência da técnica normalmente utiliza-se um excesso de polieletrólito

(Al2(SO4)3, amônia, etc.), que por sua vez irá acrescentar um resíduo potencial no efluente

(GUARATINI & ZANONI, 2000).

Processos de separação molecular, fundamentados na utilização de membranas,

podem ser bastante eficientes. Entretanto, a completa remediação deste tipo de efluente

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implica a utilização de processos de ultra ou nanofiltração, economicamente inviáveis para

o tratamento de grandes volumes de efluente (ZAMORA et al., 2002).

É importante verificar que os processos descritos anteriormente como alternativa no

tratamento do efluente gerado pela indústria têxtil, além das desvantagens assinaladas,

correspondem a processos não destrutivos. Desta forma, novos processos envolvendo a

degradação dos compostos presentes no efluente estão sendo desenvolvidos.

Segundo GUARATINI & ZANONI (2000) as técnicas de tratamento utilizando-se

degradação química baseiam-se principalmente na reação oxidativa pelo cloro ou ozônio.

As técnicas de destruição baseadas no uso de ozônio têm se mostrado mais efetivas do que

aquelas com cloro, que são insatisfatórias para alguns tipos de corantes (corantes dispersos

e diretos), além de apresentarem a vantagem adicional de não produzir íons inorgânicos,

como no tratamento com cloro. O método é baseado na remoção da cor do efluente através

da clivagem das moléculas do corante em processo catalítico ou radiação ultravioleta. Tais

técnicas podem ser usadas em grandes volumes de efluente, sendo razoavelmente rápidas,

porém apresentam um alto custo.

De acordo com os autores, processos de eletrólise dos corantes também têm sido

utilizados como medida alternativa. Neste sistema a degradação da molécula é realizada

eletroquimicamente pela aplicação de potencial ou corrente controlada, ou através de

reagentes secundários gerados eletrolíticamente. O alto gasto com a energia usada, além da

produção de reações paralelas, tais como cloro, radicais hidroxila e outras reações

indesejáveis, têm diminuído a potencialidade do método. Entretanto, alguns autores têm

demonstrado que métodos de degradação destes produtos via oxidação química ou

eletroquímica poderiam ser melhor aproveitados com investimento em novos estudos

visando a geração de metabólitos com características menos tóxicas e diminuição no custo.

Como corantes sintéticos são resistentes à degradação biológica, a remoção de cor

por bioprocessos é difícil. A descoloração geralmente ocorre pela adsorção de corantes na

bactéria, mais que pela oxidação em sistemas aeróbicos. Alguns microrganismos

anaeróbicos podem biodegradar corantes por atividade de azoredução. No entanto, o

efluente pode se apresentar tóxico, no fim da biodegradação do corante. Além disso, se

expor os produtos da degradação anaeróbica ao oxigênio, pode ocasionar uma coloração

reversa (KAPDAN et al., 2000). Estes problemas limitam a utilização em larga escala da

descoloração por bactérias.

Novos estudos e pesquisas vêm sendo desenvolvidos de forma a se resolver o

problema do tratamento dos efluentes têxteis e manter o equilíbrio ecológico. Neste

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contexto, a descoloração de resíduos com corantes utilizando fungos ligninolíticos e suas

enzimas têm se tornado uma alternativa promissora para substituir ou complementar os

processos de tratamento convencionais.

2.4 OS FUNGOS

Os fungos, também chamados bolores, mofos ou cogumelos, estão presentes

constantemente em nossas atividades diárias (AZEVEDO, 1997). Durante muito tempo

eles foram considerados como vegetais e, somente em 1969, passaram a ser classificados

em um reino à parte denominado Fungi (TRABULSI & ALTERTHUM, 2004).

Os fungos apresentam um conjunto de características que permitem sua

diferenciação das plantas: não sintetizam clorofila nem qualquer pigmento fotossintético;

não têm celulose na parede celular, e não armazenam amido como substancia de reserva. A

presença de substâncias quitinosas na parede da maior parte das espécies fúngicas e a

capacidade de armazenar glicogênio os assemelham às células animais (TRABULSI &

ALTERTHUM, 2004).

Os fungos são seres vivos eucarióticos e unicelulares, como as leveduras, ou

multicelulares, como os fungos filamentosos ou bolores e os cogumelos (fungos

macroscópicos) (TRABULSI & ALTERTHUM, 2004).

Os fungos, na maioria, são terrestres e aeróbios, e crescem rapidamente. As hifas o

qualquer outra estrutura somática e, portanto não necessariamente as estruturas

reprodutivas, são capazes de regene rar um novo indivíduo. As hifas freqüentemente se

anastomosam, mesmo originadas de micélios ou esporos diferentes, aumentando assim a

superfície e as relações que podem estabelecer com o ambiente (BONONI, 1999).

Os fatores climáticos que mais influenciam no desenvolvimento dos fungos são a

umidade e a temperatura. Para que o esporo germine é preciso uma umidade relativa

ambiental alta para a maioria das espécies. Com relação à temperatura, esta deve se

manter entre os limites suaves de 10 a 25ºC, para a grande maioria dos fungos. No entanto,

existem espécies que se desenvolvem em baixas ou altas temperaturas, em pleno inverno,

ou em pleno verão (CALONGE, 1990).

Com relação ao pH, é conhecido e demonstrado que os fungos suportam pH ácido,

de forma que para a grande maioria dos fungos o pH ótimo oscila entre 4 e 6, o que não

indica que seja uma regra geral, uma vez que na natureza podemos observar espécies

fúngicas adaptadas aos mais diferentes solos (CALONGE, 1990).

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Além destes, existem outros fatores que podem influenciar no crescimento dos

fungos, tais como luz, anidrido carbônico, oxigênio, entre outros. Existem espécies que

para se formarem necessitam de uma determinada intensidade de luz e, ás vezes de um tipo

especial de comprimentos de onda nas radiações recebidas, que atuam como estimulantes.

Outras, no entanto, se desenvolvem em escuridão completa, outras em penumbra e

algumas, ainda, sofrem de fototropismo (CALONGE, 1990).

A parede celular dos fungos é uma estrutura rígida que dá forma à hifa e a protege

das agressões do meio externo. É constituída principalmente de quitina, glucanas,

mananas, proteínas e lipídios, porém a quitina é o constituinte principal pois, é o que

realmente dará o componente estrutural da parede. Além disso, se tem demonstrado que

fatores externos tais como: composição do meio, valores do pH e a temperatura influem

profundamente sobre a composição das paredes (RAVEN et al., 2001).

O Reino Fungi é constituído pelos filos Cytridiomycota, Zygomycota, Ascomycota

e Basidiomycota. Dentro do filo Basidiomycota, uma das classificações mais aceitas em

nível de Classe é: Classe Basidiomycetes, que inclui todos os fungos com basidiomas

macroscópicos, Classe Teliomycetes, que inclui as ferrugens e Classe Ustomycetes

incluindo os carvões (BONONI, 1999). Fungos pertencentes à Basidiomycetes vem sendo

muito estudados quanto à sua utilização em processos bioctenológicos.

A maioria dos processos biotecnológicos utilizando fungos basiodiomicetos baseia-

se nos seus produtos metabólicos, como enzimas e polissacarídeos. A importância do

aparato enzimático dos basidiomicetos está diretamente relacionada à bioconversão de

resíduos lignocelulósicos, tanto para a produção de alimento quanto para a produção de

polissacarídeos. Além disso, este mesmo aparato enzimático está relacionado com os

processos de biodegradação de compostos xenobióticos, como por exemplo na

biorremediação de solos contaminados e no tratamento de efluentes da indústria papeleira e

têxtil (BONONI, 1999).

A maioria das espécies de basidiomicetos utiliza os componentes da madeira para

seu crescimento. Dentre os degradadores de madeira, pode-se destacar dois grande grupos:

1) fungos causadores da podridão branca e 2) fungos causadores da podridão parda. Os

causadores da podridão branca são providos de sistema enzimático que os tornam capazes

de utilizar fontes complexas de carbono, sendo assim responsáveis pela degradação da

celulose, hemicelulose e lignina, quebrando-a em moléculas menores de CO2 e água. Por

isso, são denominados fungos lignocelulíticos. Esta capacidade está associada, pelo menos

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em parte, ao fato dos fungos secretarem peróxido de nitrogênio e uma família de enzimas

peroxidades (lignina peroxidades-LiP, manganês peroxidase-MnP) (BONONI, 1999).

De modo geral o processo de degradação inicia-se com a liberação das enzimas

extracelulares para o meio externo à hifa do fungo, onde irá ocorrer a degradação das

moléculas complexas do substrato, como lignina, celulose e hemicelulose, quebrando-as

em moléculas menores para então serem absorvidas pelo fungo para sua nutrição

(BONONI, 1999).

Foi a partir do entendimento deste mecanismo básico de degradação da lignina por

fungos de podridão branca que se propôs a utilização destes fungos na degradação de

poluentes ambientais (BONONI, 1999).

Os estudos acerca da utilização de basidiomicetos tanto na biorremediação de

materiais e ambientes contaminados quanto no tratamento de efluentes industriais é

bastante recente no mundo e está começando a despertar interesse no Brasil. Sabendo-se

que a biodiversidade brasileira é uma das fontes de recursos a ser melhor conhecida e

estudada, pode-se afirmar que existe grande potencial de aplicação de espécies de fungos

basidiomicetos a ser pesquisado e adaptado a processos de descontaminação ambiental

(BONONI, 1999).

2.5 DEGRADAÇÃO DE CORANTES E EFLUENTES TÊXTEIS POR FUNGOS

Nos últimos anos, os estudos de degradação de xenobióticos por fungos

basidomicetos, têm-se intensificado e diferentes taxas de degradação têm sido

demonstradas, considerando as diferenças entre as espécies e as condições de crescimento

utilizadas para tanto. Considerando-se a enorme diversidade dos fungos basidiomicetos é

necessário, inicialmente, selecionar as espécies que apresentem maior potencialidade de

degradação de xenobióticos e que consigam se desenvolver nas condições de meio ou

materiais a serem biorremediados (BARR & AUST, 1994).

A capacidade dos basidiomicetos em degradar compostos xenobióticos deve-se à

semelhança entre as estruturas da molécula de lignina e as moléculas de alguns compostos

sintéticos, principalmente compostos aromáticos.

Segundo BONONI (1999), a natureza inespecífica deste mecanismo de degradação

permite que até mesmo misturas complexas de poluentes sejam degradadas. Esta

capacidade de mineralizar uma grande variedade de compostos químicos estruturalmente

diferentes pode ter muitas vantagens na biodegradação de poluentes ambientais. AUST

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(1990) resumiu algumas das vantagens de se utilizar os fungos lignocelulósicos em

processos de biorremediação e tratamento de resíduos, quais sejam:

1. o sistema enzimático, sendo extracelular, pode atuar em substratos insolúveis ou

complexados aos solos, e, portanto pouco acessíveis à ação bacteriana;

2. o sistema, sendo inespecífico, pode ser usado para uma ampla variedade de poluentes

orgânicos ou mesmo de misturas deles;

3. o sistema, sendo produzido em resposta às condições de limitação de nutrientes, não

necessita ser induzido pela exposição prévia ou pela presença de lignina ou do composto

poluente;

4. este grupo de fungos possui vantagens competitivas, com relação aos outros

microrganismos, quando materiais lignocelulósicos são utilizados como fontes de carbono;

5. a degradação da lignina ocorre até que sua concentração seja reduzida a níveis não

detectáveis e os produtos finais são CO2 e água. Este é o tipo de processo desejável na

degradação de xenobióticos.

Como os fungos da podridão branca não requerem precondicionamento para

poluentes em particular, porque a secreção da enzima depende mais da limitação de

nutriente, tanto nitrogênio como carbono, do que da presença de poluentes, o sistema de

enzimas extracelulares possibilita a estes fungos tolerarem altas concentrações de

poluentes (KAPDAN et al., 2000).

Os primeiros estudos relatando a descoloração de corantes por fungos ligninolíticos

foram publicados no início da década de 80 quando GLENN & GOLD (1983) utilizaram

corantes poliméricos em seus ensaios, buscando compostos mais simples, baratos e

disponíveis comercialmente com alto grau de pureza em substituição as ligninas

radiomarcadas utilizadas como substratos nos ensaios de biodegradação de lignina. Os

ensaios revelaram que a descoloração era conseqüência do metabolismo secundário do

Phanerochaete chrysosporium, ocorrendo paralelamente à degradação da lignina, sendo

também reprimida por altos níveis de nitrogênio, fortemente dependente da concentração

de oxigênio e inibida por inibidores conhecidos da degradação da lignina.

Os estudos prévios, em sua maioria, enfocam as enzimas degradadoras de lignina

de Phanerochaete chrysosporium e Trametes versicolor. Recentemente, no entanto, tem-se

verificado aumento no interesse em estudar as enzimas modificadoras de lignina de grande

número de fungos da podridão branca, não apenas do ponto de vista da biologia

comparativa, mas também com a expectativa de encontrar melhores sistemas degradadores

de lignina para o uso em várias aplicações biotecnológicas (LEVIN et al., 2004).

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Com o intuito de testar a atividade ligninolítica e celulósica de microrganismos, o

complexo celulose-RBBR (“remazol brilhante blue R”) foi empregado por VYAS &

MOLITORIS (1995) para detectar a quebra e a descoloração do corante. A remoção do

corante por Phanerochaete chrysosporium foi devida à ação da enzima lignina peroxidase

(LiP), por ele produzida. No entanto, a descoloração por Pleurotus ostreatus ocorreu

mesmo sem a presença de LiP.

BANAT et al. (1996) testaram a degradação de dezoito azo-corantes em várias

concentrações, sendo que o fungo P. chrysosporium mostrou-se capaz de descolorir os

corantes, particularmente quando o álcool veratrílico estava presente no meio. Acredita-se

que o álcool veratrílico estimula a atividade das ligninases, aparentemente ligadas à

descoloração. Entre os dezoito azo-corantes testados, somente oito foram degradados com

40-70% de remoção de cor, sendo essa degradação devida ao sistema enzimático

degradador de lignina ou por adsorção desses à massa miscelial.

YOUNG & YU (1997) compararam a capacidade de degradabilidade de oito

corantes (incluindo índigo, complexos metálicos, antraquinona e azo) por Phanerochaete

chrysosporium e Trametes versicolor. De acordo com os autores, P. chrysosporium é um

degradador versátil de corantes sintéticos de várias estruturas químicas, sendo as reações

catalisadas por ligninases e não peroxidades dependentes de manganês. Os corantes com

diferentes estruturas foram descoloridos em taxas diferentes e geralmente altas

concentrações do corante resultaram em menores taxas de descoloração.

Tem-se demonstrado que culturas vários fungos ligninolíticos da podridão branca

degradam e descolorem vários tipos de corantes e, que outras enzimas, tais como

manganês peroxidase, lacase e aril álcool peroxidase, além da lignina peroxidase, estão

envolvidas nestes processos (VYAS & MOLITORIS, 1995; RODRIGUEZ et al., 1999).

Além disso, os estudos demonstraram que entre os fungos capazes de descolorir e degradar

corantes, utilizando suas enzimas ligninolíticas, estão as espécies pertencentes aos gêneros

Pleurotus, Coriolus, Lentinus, Trametes, Bjerkandera, entre outros. CHAGAS &

DURRANT (2001) avaliando a descoloração de azocorantes afirmam que as enzimas Mn-

peroxidase e ? -glucosidase podem estar envolvidas na descoloração dos corantes por P.

chrysosporium e, que para Pleurotus sajorcaju, além da lacase, a enzima glucose-1-

oxidase pode participar do processo.

Dezesseis linhagens de fungos, conhecidas por sua habilidade em degradar

materiais ligninocelulósicos ou derivados de lignina, foram testadas por HEINFING et al.

(1997) em seu potencial em descolorir corantes têxteis reativos comercialmente usados.

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Primeiramente, os autores testaram a descoloração de três azo corantes, laranja reativo 96,

violeta reativo 5 e Preto reativo 5, e dois corantes phthalocyanine, azul reativo 15 e azul

reativo 38, em placas de meio sólido de glicose, contendo os corantes na concentração de

200 mg/L e 15 g/L de ágar, utilizando dezesseis espécies de fungos da podridão branca.

Dos dezesseis fungos testados apenas Bjerkandera adusta, Trametes versicolor e

Phanerochaete chrysosporium foram capazes de descolorir todos os corantes testados.

Em seguida, B. adusta, P. chrysosporium e T. versicolor foram escolhidos pelos

autores para um detalhado estudo de transformações do violeta reativo 5 (HRV5), um

corante que contém cobre, e do azul reativo 38 (HRB38), um complexo de níquel-

phthalocyanina, em meio líquido. Os autores verificaram que HRB38 foi descolorido por

volta de 40% por B. adusta e T. versicolor em 24 horas e 95% de descoloração foi

alcançada em 4 dias. Houve redução de 30% da concentração de níquel durante o

tratamento com B. adusta e T. versicolor. A descoloração de HRV5 começou mais

lentamente que a descoloração de HRB38 e alcançou 95% de descoloração em 6 dias com

B. adusta e T. versicolor. A concentração de cobre permaneceu constante durante o

experimento.

A descoloração em meio sólido dos corantes amaranto, new coccine (vermelho),

orange G (alaranjado) e tartrazina, foi avaliada utilizando Phanerochaete chrysosporium e

Pleurotus sajorcaju. Foram determinadas as atividades enzimáticas de lignina peroxidase,

álcool veratrílico oxidase (AVO), lacase (o-dianisidina e siringaldazina) e manganês

peroxidase. Após oito dias P. chrysosporium não havia descolorido totalmente tartrazina e

amaranto, porém descoloriu totalmente new coccine e orange G, enquanto Pleurotus sajor-

caju descoloriu totalmente amaranto e new coccine e, parcialmente, orange G. Nenhum

dos fungos apresentou atividade de LiP ou AVO nas condições experimentais. P.

chrysosporium praticamente não mostrou atividade de lacase (o-dianisidina), mas

apresentou atividade de MnP, CBQ, ? -glucosidase e lacase (siringaldazina). P. sajor-caju

não apresentou atividade de MnP, no entanto mostrou atividade de lacase (CHAGAS &

DURRANT, 1999).

Segundo SHIN et al. (1997), Pleurotus produz um tipo de peroxidase extracelular

(PoP), glucose oxidase e um sistema gerador de H2O2. A especificidade da PoP ao

substrato é similar à conhecida para MnP que não oxida compostos fenólicos, mas não é

dependente da atividade catalítica do manganês. De acordo com estes autores, a correlação

entre a degradação da lignina e a descoloração de RBBR já foi demonstrada. O RBBR é

semelhante a certos compostos poliméricos aromáticos que são substratos para LiP.

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Embora ainda não se conheça com precisão qua is as enzimas que são capazes de degradar

a lignina “in vivo”, dois grupos de peroxidases, a lignina peroxidase (LiP) e a manganês

peroxidase (MnP), parecem estar associadas à atividade ligninolítica. Essas enzimas têm

sido extensivamente estudadas em P. chrysosporium e outros fungos da podridão branca,

tais como Panus tigrinus, Panus brevispora, Trametes versicolor e Phlebia radiata.

Trametes versicolor, Bjerkandera sp., Pleurotus ostreatus e Trametes hirsuta, além

de Phanerochaete chrysosporium, foram utilizados por SWAMY & RAMSAY (1999),

para avaliar a habilidade de descoloração de amaranto, tropaeolin O, preto remazol B,

laranja remazol 3R, azul brilhante remazol R e azul reativo 15 em placas de agar-malte

2%. Das cinco espécies testadas, P. chrysosporium, T. versicolor e Bjerkandera sp.

apresentaram a maior extensão de descoloração. As três espécies não descoloriram os

corantes em cultivo estático. Em cultivo agitado, a 200 rpm e com formação de “pellets”,

Bjerkandera sp. descoloriu amaranto, preto remazol B e laranja remazol. Os “pellets” de P.

chrysosporium e T. versicolor foram capazes de descolorir a maioria dos corantes, sendo

que a descoloração por T. versicolor foi muito mais rápida. Culturas em batelada de

Bjerkandera sp. e P. chrysosporium apresentaram habilidade limitada para descolorir

adições repetidas de corantes. Entretanto, T. versicolor descoloriu rapidamente adições

repetidas de diferentes corantes e misturas dos mesmos, sem se verificar qualquer adsorção

visual do corante aos “pellets”. A escolha da solução tampão teve um profundo efeito

sobre a adição repetida de corante, e conseqüentemente, à descoloração. A utilização de

ácido 2,2’-dimetilsuccínico permitiu um excelente controle de pH e resultou em alta

habilidade de descoloração.

Culturas de P. sanguineus foram testadas por THOMAS & PINKOSKI (1999) na

descoloração dos corantes vermelho congo e verde malaquita. Verificou-se que houve

redução da concentração do vermelho congo em todas soluções inoculadas com

Pycnoporus sanguineus, sendo que as maiores variações ocorreram quando foi adicionada

glicose às soluções, tanto em pH 5,0 como em pH 6,0. Constatou-se que as maiores taxas

de redução do corante aconteceram nas primeiras 48 horas. Ao final do período de

incubação as porcentagens de remoção variaram de 52%, nas soluções de glicose com pH

5,0, a 92% nas soluções de glicose a pH 6,0. Porém, com relação ao corante verde

malaquita em pH 5,0, não houve muita diferença na remoção do corante, na presença ou

não de glicose, alcançando uma redução de 28% da concentração inicial ao final do

período de incubação. Em pH 6,0, houve um máximo de 40% de descoloração.

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RODRÍGUEZ et al. (1999) estudaram a descoloração de 23 corantes industriais por

fungos da podridão branca. Culturas dos fungos Phanerochaete chrysosporium (ATCC

24725) e Pleroutus ostreatus (IE8) crescendo em meio complexo de agar contendo um dos

23 corantes testados mostraram que P. ostreatus foi capaz de descolorir 12 dos 23 corantes

industriais, enquanto P. chrysosporium descoloriu apenas cinco. Extratos extracelulares de

Trametes híspida crescidos em grãos de cereais foram capazes de descolorir “in vitro” 11

dos 23 corantes industriais. Segundo os autores, todas as linhagens de P. ostreatus

apresentaram alta atividade de lacase e manganês peroxidase, mas a maior atividade

volumétrica de lacase foi encontrada em T. hispida.

Segundo BALAN (1998), a descoloração por basidiomicetos em meio líquido

contendo uma concentração de 0,02% do corante índigo, indicou a descoloração e remoção

do corante. A descoloração iniciou-se em poucas horas, sendo 100% do corante degradado

por Phellinus gilvus no quarto dia. As porcentagens de descoloração obtidas por Pleurotus

sajor-caju, Pycnoporus sanguineus e Phanerochaete chrysosporium foram de 94%, 90% e

70-75%, respectivamente. Uma quantidade parcial do corante índigo foi removida do meio

por adsorção no micélio.

A descoloração do corante cristal violeta por fungos foi estudada em cultura líquida

e monitorada por espectrofotometria. Phanerochaete chrysosporium apresentou a menor

porcentagem de descoloração, 62%, no entanto, Coriolus versicolor e Fumagalia troggi

descoloriram 92% e 82%, respectivamente (YESILADA, 1995).

KAPDAN et al. (2000) testaram a descoloração dos corantes amarelo everzol 4GL,

vermelho everzol RBN, Orange K-GL, Amarelo supra everdirect PG e Azul turquesa

everzol G por Phanerochaete chrysosporium 671.71, P. chrysosporium MUCL, Coriolus

versicolor e Coriolus versicolor MUCL em frascos agitados por um período de 9 dias de

incubação. Os autores verificaram uma descoloração pelo P. chrysosporium por volta de

90% para todos os corantes testados. Para o Coriolus versicolor o grau de descoloração

variou entre 34% a 100%.

TEKERE et al. (2001) estudaram o crescimento, descoloração de corantes,

atividade ligninolítica e temperatura ótima de fungos da podridão branca do Zimbábue. A

temperatura ótima foi encontrada entre 25-37ºC, variando de acordo com os isolados. Os

isolados foram testados por sua habilidade em degradar os corantes poliméricos azul

dextran e Poly R478 e os corantes trifenilmetanos vermelho cresol, violeta cristal e azul

bromofenol. Os autores não detectaram presença de lignina peroxidase nos isolados, mas

todos os isolados apresentaram atividade de manganês peroxidase e lacase. Os autores

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verificaram que as maiores taxas de descoloração em culturas líquidas para o corante Poly

R478 foram obtidas utilizando Trametes cingulata, Trametes versicolor, Trametes poças,

DSPM95 (uma espécie a ser identificada), Datronia concentrica e Pycnoporus sanguineus.

CHAGAS & DURRANT (2001) examinaram a descoloração de quatro azo-

corantes em duas culturas de fungos da podridão branca. Em meio de cultura solidificado,

Phanerochaete chrysosporium descoloriu parcialmente todos os corantes testados,

enquanto Pleurotus sajorcaju descoloriu totalmente amaranto, new coccine e laranja G,

mas não tartrazina. Em meio de cultura líquido, P. chrysosporium descoloriu totalmente

amaranto, new coccine e laranja G e 60% tartrazina. P. sajorcaju descoloriu totalmente

amaranto e new coccine, 50% laranja G e no máximo 20% tartrazina. Segundo as autoras

nenhum dos fungos apresentou atividade de lignina peroxidase ou álcool veratrílico

oxidase. Atividades de manganês peroxidase e ? -glucosidase podem estar envolvidas na

descoloração dos corantes por P. chrysosporium, enquanto para P. sajorcaju, lacase e

glicose-1 oxidase podem participar no processo de descoloração.

GUGLIOTA (2002), citado por OMORI (2004), recentemente avaliou a capacidade

de basidiomicetos em descolorir o corante índigo carmim em meio sólido de extrato de

malte acrescido de corante. Todas as linhagens foram capazes de crescer neste meio de

cultura, sendo que das 30 linhagens avaliadas, 28 foram capazes de descolorir o corante.

Apenas as linhagens Pycnoporus sanguineus CCB277 e Hydnopolyporus fimbriatus

CCB289 não formaram halo de descoloração no período de quatorze dias. As linhagens

que apresentaram maior halo de descoloração associado a maior taxa de extensão micelial

foram: Hygrocybe sp. CCB342, Panaeolus papilionaceus CCB187, Psilocybe castanella

CCB444, Stereum ostrea CCB267, Trametes villosa CCB165 E CCB291. Numa segunda

etapa, três linhagens foram selecionadas e avaliadas quanto à capacidade de descolorir um

efluente têxtil em meio de cultura líquida (batata-dextrose) adicionada de efluente. As

porcentagens de remoção de cor do efluente foram 75,32% para Panaeolus papilionaceus

CCB187, 87,82% para Trametes villosa CCB165 e 92,89% para Hygrocybe sp. CCB342.

HARAZONO et al. (2003) investigaram a descoloração de um corante azo-reativo,

vermelho reativo 120, por um fungo da podridão branca, Phanerochaete sordida linhagem

YK-624. Em cultura líquida de P. sordida em um meio contendo 3% de extrato de malte e

200mg/l do corante, obteve-se uma descoloração do corante de 90,6 % após sete dias. A

atividade de Manganês Peroxidase (MnP) foi detectada durante o processo de

descoloração. Os autores verificaram que o corante pode ser descolorido por MnP

purificada de P. sordida na presença de Mn(II) Tween 80. Sob agitação, o corante pode ser

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descolorido sem adição de peróxido de hidrogênio. Além disso, observaram que a

descoloração não ocorre em condições anaeróbicas, sugerindo que a descoloração do

corante por MnP é influenciada por oxigênio dissolvido.

A habilidade do fungo da podridão branca Lentinus edodes em descolorir vários

corantes sintéticos foi investigado por BOER et al. (2004) usando culturas em estado

sólido com sabugo de milho como substrato. Para testar a habilidade deste sistema em

estado sólido em descolorir corantes industriais, cada corante foi adicionado na cultura de

espiga de milho e glicose em uma concentração de 200 ppm. As autoras observaram,

visualmente, uma completa descoloração, após dezoito dias, de oito dos dez corantes

testados: preto amido, vermelho congo, azul trypan, verde metil, RBBR, violeta metil,

violeta etil e Poly R478. Dois corantes, azul cresyl brilhante e azul metileno, foram

parcialmente descoloridos.

A produção de enzimas ligninolíticas pelo L. edodes em culturas de espiga de milho

também foi analisada pelas autoras, que detectaram alta atividade de manganês peroxidase

e muito baixa atividade de lignina peroxidase e lacase.

SANTOS (2004) selecionou fungos ligninolíticos para descoloração do corante

RBBR. Os fungos estudados foram Lentinus edodes CCB047, Lentinus edodes 1, Lentinus

edodes 2, Phanerochaete chrysosporium CCB478, Pleurotus cornucopiae var.

citrinopileatus CCB085, Pleurotus ëous CCB016, Pleurotus ëous CCB440, Pleurotus

ostreatus CCB002, Pleurotus pulmonarius CCB017, Pleurotus pulmonarius CCB019,

Pleurotus pulmonarius CCB020, Agaricus blazei, Pleurotus ostreatus, Schizophuyllum

comumne, Rhyzopus arrhyzus, e quatro fungos isolados de efluente têxtil não identificados.

Na seleção dos fungos foi utilizado meio agar extrato de malte-2% acrescido de 0,05 % de

“Remazol Brilliant Blue R”. Todos os fungos avaliados apresentaram crescimento no meio

utilizado, entretanto, nem todos foram capazes de descolorir o meio corante. Dentre os

fungos avaliados, os isolados Pleurotus ëous CCB016 E CCB040 e Pleurotus pulmonarius

CCB019 foram os que se destacaram, apresentando potencial para descoloração deste

corante.

LEVIN et al. (2004), comparando com o bem conhecido degradador de corante

Phanerochaete chrysosporium, identificaram um novo fungo potencialmente candidato ao

uso em processos de biodescoloração: Coriolus versicolor antarcticus. Segundo os autores

culturas de dezoito dias deste fungo foram capazes de descolorir em uma hora 28 %, 30 %,

43 %, 88 % e 98 % de Xylidine (24 mg/L), Poly R-478 (75 mg/L), Remazol Brilliant Blue

R (9 mg/L), verde malaquita (6 mg/L) e Índigo Carmine (23 mg/L), respectivamente. Os

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autores também verificaram a presença da enzima lacase nos fluidos extracelulares no dia

de incubação. Manganês peroxidase e lignina peroxidase não foram detectadas.

KIM et al. (2004) estudaram a descoloração de soluções coloridas em um biorreator

com membrana (MBR) usando fungos da podridão branca. Os autores combinaram a

descoloração das soluções coloridas por Trametes versicolor (KCTC 16781) com filtração

em membrana. A aplicabilidade do MBR usando biodegradação por fungos foi estudada

com membranas de nanofiltração e osmose inversa para melhorar o fluxo de permeado a

eficiência da separação. Os autores verificaram que a combinação do MBR fúngico com

RO se apresenta eficiente para descoloração e remoção orgânica de efluente colorido.

CHRISTIAN et al. (2005) avaliaram a descoloração do corante Remazol Brilliant

Blue R (RBBR) pelo fungo Trametes versicolor. Os autores verificaram que a

descoloração do RBBR por T. versicolor envolve a atividade de LiP e uma atividade

dependente de H2O2 a qual não é influenciada por álcool veratrílico e Mn(II). No entanto a

descoloração do RBBR foi observada largamente como uma função de LiP durante os

últimos estágios do crescimento.

EICHLEROVÁ et al. (2005) recentemente avaliaram a descoloração, em meio

líquido, dos corantes Alaranjado G e Remazol Brilliant Blue R (RBBR) pelos fungos da

podridão branca Dichomitus squalens, Ischonoderma resinosum e Pleurotus calyptratus.

As três linhagens de fungos descoloriram tanto Alaranjado G como RBBR, mas eles se

diferenciaram na capacidade de descoloração dependendo das condições de cultivo e da

produção de enzimas ligninolíticas. Duas tendências diferentes de descoloração foram

encontradas nas linhagens: a descoloração do Alaranjado G por I. resinosum e P.

calyptratus foi causada principalmente por lacase, enquanto a descoloração do RBBR foi

afetada por manganês peroxidase (MnP); no caso de D. squalens, lacase e MnP

cooperaram nos processos de descoloração.

Além de avaliar fungos e corantes de forma isolada, alguns autores também

avaliaram a descoloração fúngica de misturas de corantes, a utilização seqüencial dos

fungos, bem com a descoloração de efluentes têxteis.

SANTOS et al. (2002) estudou o isolado Pleurotus pulmonarius CCB019 quanto a

descoloração de uma mistura de corantes comerciais reativos: azul R (122 ppm), vermelho-

4B (3 ppm) e azul-5G (4 ppm) em meio líquido. As variáveis testadas foram quantidade de

biomassa (10, 20 e 30 % (v/v)) e pH (4.5, 5.0 e 5.5). No sétimo dia de experimento 2 mL

de uma solução com 5 g/L de glicose foi acrescentada ao meio. A descoloração iniciou

somente depois da adição de glicose e as porcentagens de descoloração obtidas foram

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maiores que 30 %. A melhor descoloração foi 85 % quando se utilizou 30 % de inóculo em

pH 4,5, no décimo nono dia experimental.

Recentemente, HAZAROMO & NAKAMURA (2005) avaliaram a descoloração de

misturas dos corantes RB5, RG5, RO14 e RR120 por um fungo basidiomiceto da podridão

branca Phanerochaete sordida. O fungo P. sordida descoloriu em 90 %, após 48 h, as

misturas de corantes (200 mg/L) em meio líquido de glicose-amônia com nitrogênio

limitante. Os autores verificaram que para a descoloração das misturas de corantes foi

preciso a adição de Mn2+ e Tween 80 ao meio.

Os autores testaram o efeito da presença de PVA, SDBS e amido na descoloração

das misturas de corantes e verificaram que SDBS e amido nas concentrações de 10-1000

mg/L não afetaram a descoloração por culturas de P. sordida na presença de 1 % de Tween

80. Para verificar o efeito inibitório de PVA, cada corante foi tratado com MnP adicionado

de Tween 80 na presença de várias concentrações de PVA. Apesar do PVA não afetar na

descoloração de RB5, RG5 e RO14 com MnP, ele inibiu a descoloração de RR120 com

MnP.

Após avaliar diferentes meios de cultivo para descoloração do corante RBB-R e do

corante amarelo BF-3R pelos fungos Pleurotus pulmonarius, Phanerochaete

chrysosporium e Lentinula edodes e determinar o meio de extrato de levedura como sendo

o melhor para o três fungos, OMORI (2004) avaliou a descoloração dos corantes de forma

seqüencial pelos mesmos. A autora utilizou a seqüência Phanerochaete chrysosporium - P.

pulmonarius - L. edodes para descolorir 0,5 g/L de cada corante, sendo o tempo de contato

entre o meio e cada fungo de 15 dias. A percentagem de descoloração no final da sucessão

foi de 93,2% para o corante RBB-R e de 21% para o amarelo reativo BF-3R, indicando que

a ordem sucessional aplicada foi mais eficiente para a descoloração do corante RBB-R. Da

percentagem total de remoção dos corantes 75,9% e 20,9% foi proporcionada pelo fungo

P. chrysosporium; 5,6% e 20,9% pelo P. pulmonarius e 11,7% e 0% pelo isolado L.

edodes, respectivamente, para os corantes RBB-R e amarelo BF-3R. Segundo a autora, não

ocorreu adsorção de corante ao micélio e o sistema enzimático fúngico, representado pelas

enzimas lacase, manganês peroxidase e lignina peroxidase, foi responsável pelo processo

de descoloração.

O fungo da podridão branca Thelephora sp. foi usado por SELVAM et al. (2003)

para a descoloração de corantes como alaranjado G (50?M), vermelho congo (50?M) e

preto amido 10B (25 ? M) em meio limitado de carbono. As descolorações obtidas foram

de 33,3%, 97,1% e 98,8% para alaranjado G, vermelho congo e preto amigo 10B,

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25

respectivamente. Os autores também utilizaram o fungo para tratar um efluente têxtil em

modo batelada e contínuo. Uma descoloração máxima de 61% foi alcançada no terceiro

dia, em modo batelada, e uma máxima descoloração de 50% foi obtida no sétimo dia, em

modo contínuo.

2.6 DEGRADAÇÃO DE CORANTES E EFLUENTES TÊXTEIS POR ENZIMAS DE

FUNGOS

Uma vez que os fungos ligninolíticos têm sido apontados como os mais eficientes

degradadores de corantes sintéticos devido, principalmente, às suas enzimas ligninolíticas

extracelulares, vários estudos têm sido desenvolvidos para otimizar a produção das

mesmas e aplicá- las na degradação/descoloração de corantes (WESENBERG et al., 2003).

As principais enzimas ligninolíticas produzidas pelos fungos são oxiredutases, ou

seja, dois tipos de peroxidases, lignina peroxidase (LiP) e manganês peroxidase (MnP), e

uma fenoloxidase, a lacase. Alguns fungos produzem todas estas enzimas enquanto outros

produzem apenas uma ou duas delas. O interesse pelas lacases tem aumentado nos últimos

anos devido ao seu grande potencial de aplicação na degradação de vários corantes

industriais (WESEMBERG et al., 2003; ZILLY et al., 2002; SOUZA et al., 2002).

A lacase (benzenodiol oxigênio redutase [EC 1.10.32]) pertence a um grupo de

enzimas chamado cobre azul oxidase capaz de oxidar fenóis e aminas aromáticas a partir

da redução de oxigênio molecular da água. A lacase está espalhada na natureza e tem sido

encontrada em plantas, fungos, bactérias e insetos. Esta enzima é a mais encontrada em

sistemas de fungos ligninolíticos envolvidos na degradação de lignina (HOU et al., 2003).

Em basidiomicetos, as lacases extracelulares são formadas em metabolismos secundários e

são geralmente produzidas em pequenas quantidades, por isso é ainda importante aumentar

a habilidade dos microrganismos em produzir lacases para aplicação industrial. A produção

de lacase pode ser estimulada por compostos aromáticos ou fenólicos, como ABTS, ácido

ferulicos, 2-5-xilidina, ou álcool veratrílico. Além disso, a produção de lacase pode ainda

ser influenciada por diferentes condições de cultivo (HOU et al., 2003).

Estudos recentes indicaram que as lacases têm especificidade de substrato, sendo

que esta especificidade pode ser estendida a sub-unidades não-fenólicas usando

mediadores, representando um papel importante no ciclo global do carbono e podendo

ajudar na degradação de uma grande variedade de xenobióticos como corantes têxteis

(HOU et al., 2003).

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HOU et al. (2003) verificaram que a produção de lacase a partir de Pleurotus

ostreatus 32 foi influenciada pelas condições de cultivo. Os autores observaram que o

crescimento e a produção de lacase sob cultivo estático foi superior ao cultivo sob

agitação, tanto para meio rico ou limitado de nitrogênio. Também verificaram que a

produção de lacase também pode ser influenciada pela concentração de nitrogênio no meio

de cultivo. A atividade observada em meio com 5 g/L de uréia foi cerca de 80% a da

observada utilizando meio com 0,5 g/L, o que sugere que uma alta concentração de

Nitrogênio pode inibir a produção de lacase.

De acordo com WONG & YU (1999), T. versicolor libera lacase como sua

principal enzima extracelular, a qual catalisa a oxidação de compostos fenólicos e a

redução de uma molécula de oxigênio para duas moléculas de água. O mecanismo de

descoloração de corantes por lacase catalisadora não é muito claro ainda. Comparada à

lignina peroxidase de P. chrysosporium, no entanto, lacase pode ser produzida por T.

versicolor sob condições associadas ao crescimento na presença de carbono e/ou

nitrogênio como nutrientes. O mais importante é que lacase é uma oxidase com um

potencial redox de 780 mV e pode catalisar a oxidação de poluentes orgânicos por redução

de oxigênio molecular diretamente a água na ausência de peróxido de hidrogênio ou ainda

outros metabólitos secundários. Esta simplicidade de descoloração enzimática de corantes

pode ser valiosa para tratamento de águas residuárias reais se o mecanismo e versatilidade

da descoloração de corantes sintéticos por lacase puder ser entendida.

Pesquisadores têm relatado diversos dados relacionados à degradação de diversos

corantes reativos por lacase, estudados pelo processo de descoloração (grupo cromóforo de

degradação) ou pelo desaparecimento do produto por metodologia espectrofotométrica ou

cromatográfica. Como exemplo, PERALTA-ZAMORA et al. (2003) citam a

desintoxicação de derivados de metil, metoxi, cloro e nitro substituintes de 4(4’-sulfofenil-

azo)-fenol a partir da utilização de um lacase de Pirycularia oryzae disponível

comercialmente. Estes autores relatam, ainda, que a lacase de Coriolopisis gallica foi

imobilizada em agarose ativada e testada para descoloração repetida de corantes

industriais. A lacase imobilizada reteve 85% da atividade inicial depois de 10 ciclos e 70%

após 3 meses de uso intermitente na descoloração do corante reativo Azul 198. Além disso,

os autores reportam que corantes antraquinones representaram substratos que foram

diretamente oxidados pela lacase, enquanto que a descoloração de corantes azo e índigo

exigiu a utilização de pequenas moléculas metabólicas (mediadores, como HOBT).

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Segundo os estudos realizados por WONG & YU (1999), a descoloração de

corantes por lacases mostrou-se limitada muito mais pela concentração de compostos

mediadores do que pela atividade da enzima na solução.

Corantes têxteis industriais como triarilmetano, antraquinones e índigos foram

eficientemente descoloridos por enzimas preparadas de diferentes fungos. A na tureza dos

substituintes nos anéis benzênicos do corante influenciou a atividade enzimática, e grupos

amino e hidroxil aumentaram a descoloração (ABADULLA et al., 2000).

Muitas iso-enzimas da lacase de Pleurotus ostreatus têm sido purificadas e

caracterizadas: POXC, a mais abundantemente produzida sob todas as condições de

crescimento examinadas, etos, POXA1b, POXA3a, e POXA3b. Remazol Brilliant Blue R

(RBBR) foi degradado pelas isoenzimas de lacase POXC, POXA3a e POXA3b na

ausência de mediadores redox. O nível final de descoloração do corante e a taxa final de

reação foram as mesmas usando POXA3a ou POXA3b, apesar da eficiência do processo

aumentar usando misturas das isoenzimas POXC e POXA3a/b (PALMIERI et al., 2005).

O potencial da polpa de coco como matéria-prima para a produção de lacase

extracelular pelo fungo da podridão branca Trametes hirsuta foi investigado por COUTO

& SANROMÁN (2004), assim como a aplicação do líquido extracelular na descoloração

do corante Lissamine Green B. Uma máxima atividade de lacase de 333,280 nkat/L foi

produzida, a qual foi aumentada quase 3 vezes quando sulfato de cobre (2mM) foi

adicionado no meio de cultura. A descoloração do corante têxtil Lissamine Green B foi

testada tanto in vitro com in vivo. In vitro foi investigado o efeito de diferentes tempos de

cultivo (14, 21 e 32 dias). Os autores observaram que o líquido extracelular de 14 dias

apresentou o menor percentual de descoloração. O maior percentual correspondeu ao

líquido extracelular de 21 dias. In vivo foi observada uma descoloração superior a 96 % em

2,5 horas.

A habilidade de descolorir corante antraquinonas pela enzima lacase de Pleurotus

ostreatus 32 foi estudada por HOU et al. (2003). Os autores testaram lacase bruta na

descoloração do corante Remazol Brilliant Blue SN4R e após 2, 4, 6, e 8 h de incubação e

verificaram percentagens de descoloração de 8,8, 18,4, 27,1, 48,3 e 66,3%,

respectivamente. Ou autores também testaram a descoloração do corante utilizando

pequenas adições do mediador ABTS e uma ótima taxa de descoloração foi observada

quando adicionado 0.16% do mediador. Após uma incubação de 1, 2, 3, 4 e 5 horas a taxa

de descoloração foi de 9,7, 31,8, 57,5, 76,9 e 90%, respectivamente.

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PERALTA-ZAMORA et al. (2003) estudaram a descoloração de corantes reativos

(Remazol brilliant blue R, Remazol Black B, Reactive orange 122 e Reactive Red 25)

utilizando enzima livre e imobilizada de Trametes versicolor. Para todos os corantes a

descoloração mostrou-se maior usando enzima imobilizada quando comparada com a

enzima livre. Os autores também estudaram o efeito da utilização de HOBT como

mediador da lacase e não verificaram diferença significativa nas descolorações para os

corantes RBBR, preto remazol B and vermelho reativo 25. No entanto, para o corante

alaranjado reativo 122 foi observada uma pequena diferença na descoloração. Neste caso,

um aumento de aproximadamente 10 pontos foi observado quando a enzima imobilizada

foi usada na presença de HOBT, atingindo uma descoloração de aproximadamente 55%, a

maior dentre os testes realizados.

ABADULLA et al. (2000) testaram a descoloração de sete corantes têxteis (azul

reativo 221, preto reativo 5, azul direto 71, vermelho básico 9, azul reativo 19, azul ácido

225, azul ácido 74) por Trametes hirsusta e pela lacase purificada do mesmo fungo. Exceto

para o preto reativo 5 e para o vermelho básico 9, uma tendência similar foi observada para

degradação microbiológica e enzimática, sugerindo que a lacase extracelular seria a

principal responsável pela degradação dos corantes. Corantes antraquinônicos e índigo

carmim (azul ácido 74) foram degradados duas vezes mais rapidamente que os outros

corantes, por ambos T. hirsuta e a enzima purificada. A adsorção dos corantes no micélio

não contribuiram na descoloração microbiológica uma vez que um máximo de 1,5% do

corante adicionado foi encontrado junto ao micélio, exceto para vermelho básico 9 para o

qual 7% do corante foi encontrado no micélio após 6 dias de incubação.

Os autores também testaram a desintoxicação dos corantes pela lacase imobilizada

de T. hirsusta. Vários dos corantes têxteis foram descoloridos pela lacase imobilizada, e a

toxicidade dos produtos degradados foi determinada. O grau das descolorações foi

padronizado em 80% para todos os corantes. Sob estas condições, os corantes

antraquinônicoss foram degradados em aproximadamente 80%, enquanto a toxicidade dos

corantes azo preto reativo 5 e azul direto 71 reduziu 13% e 40%, respectivamente. O

corante que contém cobre, azul reativo 221, foi levemente degradado pelo tratamento

enzimático (4,1%).

Quatro espécies de basidiomicetes ligninolíticos, Trametes modesta, Trametes

hirsuta, Trametes versicolor e Sclerotium rolfsii, foram comparados pela habilidade em

produzir lacases. A lacase dos fungos foi testada em sua habilidade de descolorir oito

corantes sintéticos (antraquinonicos, azo, índigo e triarilmetano). A taxa de descoloração

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dependeu tanto da fonte da enzima preparada como da estrutura do corante. Baseado na

produção de lacase e capacidade de descoloração do corante, T. modesta foi selecionado

para estudos subseqüentes. Todos os corantes testados foram descoloridos pela lacase de T.

modesta mais eficientemente sob condições de pH ácido (pH 3-6), mas o pH ótimo para

descoloração de cada corante variou. A taxa de descoloração usando esta lacase aumentou

na faixa de temperatura de 50-60ºC. A eficiência da descoloração pela lacase de T.

modesta foi aumentada extraordinariamente na presença de mediadores como HBT e MPT

(NYANHONGO et al., 2002).

SOARES et al. (2001) estudaram a descoloração do corante RBBR por uma

formulação comercial de lacase (CLF), contendo lacase, um mediador redox e um

surfactante não iônico. Componentes de baixo peso molecular foram removidos da CLF

por filtração a gel, o que tornou possível a comparação da utilização da lacase isolada.

Exceto por uma termoestabilidade ligeiramente melhor da CLF quando comparada com a

da enzima isolada, os perfis do pH e da temperatura foram similares apesar da presença dos

compostos de baixo peso molecular. A lacase isolada não descoloriu o corante RBBR. Um

mediador redox de baixo peso molecular (HBT) foi necessário para a descoloração ocorrer.

A descoloração utilizando CLF também foi testada. As descolorações utilizando a lacase

isolada adicionada de HBT e utilizando a CLF foram comparadas e apresentaram

resultados semelhantes, chegando a 100 % após 2 horas.

Uma mistura preparada de lacase bruta de culturas de Pleurotus ostreatus

suplementada com cobre e ácido felúrico foi usada por PALMIERI et al. (2005) para

descolorir o corante antraquinonico Remazol Brilliant Blue R (RBBR). A performance

deste sistema enzimático foi testada e uma descoloração máxima de 70 % foi alcançada

sob condições ótimas. A mistura bruta da enzima foi imobilizada por encapsulamento em

gotas de alginato de cobre alcançando 65 % de rendimento da atividade enzimática. A

estabilidade da lacase imobilizada foi extraordinariamente aumentada em comparação com

enzima livre. A eficiência do sistema com enzima imobilizada foi avaliada durante adições

sucessivas de corantes em operações em batelada. Sob as condições ótimas, 70 % de

descoloração do RBBR foi alcançada depois de 20 ciclos, apesar do tempo de descoloração

aumentar exponencialmente após o décimo ciclo.

Com relação ao gênero Pleurotus, muitas espécies têm sido descritas como

produtoras de lacase. Apesar do uso potencial de P. pulmonarius em processos de

biorremediação já ter sido descrito, muitos aspectos relacionados com a produção e

caracterização da enzima lacase continuam inexplorados (SOUZA et al., 2002).

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SOUZA et al. (2002) estudaram a produção de lacase por P. pulmonarius em

fermentação no estado sólido usando grãos de trigo. Dentre as enzimas oxidativas e

hidrolíticas avaliadas (lacase, álcool arílico oxidase, lignina peroxidase, manganês

peroxidase, xilanase e celulase), lacase foi a principal enzima produzida por P.

pulmonarius. O pH e temperaturas ótimos para atividade de lacase foram obtidos como

sendo 6.5 e 50ºC. A enzima mostrou-se altamente estável em pH alcalino, mas o mesmo

não ocorreu em pH ácido. Além disso, as autoras constataram que a atividade de lacase

parece estar correlacionada com a habilidade do extrato bruto em descolorir vários corantes

industriais.

ZILLY et al. (2002) avaliaram a habilidade de Pleurotus pulmonarius em

descolorir corantes sintéticos de diferentes estruturas em estado sólido e em culturas

submersas. As autoras também avaliaram a produção de quatro enzimas nas culturas

filtradas (lacase, álcool arílico oxidase, lignina peroxidase e manganês peroxidase) e

verificaram que somente a lacase foi produzida pelo fungo. As autoras avaliaram, então, a

descoloração in vitro de três corantes (Remazol Brilliant Blue R, Trypan Blue e Methyl

green) e verificaram que todos os corantes foram descoloridos pelos extratos extracelulares

brutos. A lacase pode, portanto, ser considerada a principal enzima envolvida na habilidade

do P. pulmonarius em descolorir corantes industriais

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CAPÍTULO 3

MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi dividido em duas etapas de acordo com a forma de descoloração

utilizada. A primeira etapa consistiu de vários ensaios para avaliar a habilidade dos

isolados fúngicos Ganoderma lucidum, Lentinus edodes e Pleurotus pulmonarius em

descolorir o corante Remazol Brilliant Blue R, o qual é um importante corante industrial.

Uma segunda etapa consistiu em avaliar a descoloração de diferentes corantes reativos e de

um efluente têxtil utilizando a enzima lacase produzida pelo fungo Pleurotus pulmonarius.

3.1 DESCOLORAÇÃO DO CORANTE REATIVO REMAZOL BRILLIANT BLUE R

POR FUNGOS LIGNINOLÍTICOS

3.1.1 Corante

Para os ensaios de descoloração desta etapa utilizou-se o corante reativo Remazol

Brilliant Blue R. Este corante é derivado de antraceno e representa uma importante classe

de organopoluentes geralmente tóxicos e recalcitrantes (CHRISTIAN et al., 2005). Os

comprimentos de onda de máxima e mínima absorbância deste corante são 590nm e

455nm, respectivamente.

3.1.2 Fungos ligninolíticos

Os isolados de Ganoderma lucidum e Lentinus edodes foram cedidos pelo

Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Maringá. O isolado Pleurotus

pulmonarius (CCB019) foi doado pela Coleção de Culturas de Basidiomicetos do Instituto

de Botânica de São Paulo.

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Materiais e Métodos ____________________________________________________

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3.1.3 Meios de cultura e preparo de inóculo

Para o preparo de inóculo sólido os isolados foram inicialmente cultivados em

placas-de-Petri contendo meio mínimo de Pontecorvo, descrito por BALAN (19980,

acrescido de glicose (Tabela 3.1) e 8 g/L de ágar por 7-10 dias a 28ºC. O inóculo líquido

de cada fungo foi preparado inoculando-se discos de inóculo sólido (? 6mm) colonizados

pelos fungos em erlenmeyers de 250 mL contendo 50 mL de meio mínimo com glicose. As

culturas submersas foram incubadas a 28ºC, por 7-10 dias, e então o meio foi

homogeneizado e utilizado nos testes.

Tabela 3.1 – Composição do meio mínino com glicose.

Nutrientes Concentração (g/L)

KH2PO4 6,0

KCl 0,5

MgSO4 0,5

FeSO4 0,02

ZnSO4 0,001

NaNO3 0,03

Glicose 1,0

Em algumas etapas do trabalho os isolados foram cultivados em meio extrato de

malte-ágar (MEA) e meio de extrato de malte líquido (Tabela 3.2). O preparo de inóculos

utilizando estes meios seguiu o mesmo procedimento descrito anteriormente utilizando

meio mínimo com glicose.

Tabela 3.2 – Composição do meio de extrato de malte.

Nutrientes Meio sólido

Concentração (g/L)

Meio líquido

Concentração (g/L)

Extrato de malte 20 2,0

Peptona 1,0 0,1

Glicose 20 2,0

Agar 15 ----

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Materiais e Métodos ____________________________________________________

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3.1.4 Ensaios de descoloração fúngica

Os experimentos, com exceção do primeiro, foram realizados em batelada e em

duplicata, a 28ºC. Experimentos controles foram realizados conforme os experimentos

teste, porém utilizando-se biomassa morta dos fungos. O tempo de incubação variou de

acordo com o experimento. Para todos os testes foi utilizada uma proporção de 1mL de

inóculo para cada 5 mL de meio reacional.

Para o primeiro teste, realizado para avaliar a capacidade de descoloração do

corante pelos fungos P. pulmonarius, L. edodes e G. lucidum, discos de inóculo sólido (?

6mm) colonizados pelos fungos foram transferidos para tubos de ensaio contendo 5 mL de

meio mínimo com glicose acrescidos de 0,5 g/L do corante, na proporção de 1 disco para

cada 5 mL de meio. Os tubos foram mantidos à temperatura ambiente, ao abrigo da luz,

por 14 dias quando as amostras foram filtradas e o filtrado foi utilizado para a

determinação da descoloração, redução de DQO e redução de glicose. Os ensaios foram

realizados em batelada e em triplicata para cada fungo. Controles foram preparados

utilizando-se o mesmo meio sem adição de fungo e com adição de meio sólido sem fungo.

Em seguida, novos testes foram propostos a fim de se avaliar a descoloração do

corante em meio com limitação de nutrientes, de forma a não se aumentar a DQO do meio

reacional.

Desta forma, erlenmeyers de 250 mL contendo 50 mL de uma solução do corante

RBBR (0,5 g/L), sem adição de outros nutrientes, foram inoculados com 10 mL de cada

cultura dos fungos. Os erlenmeyers foram incubados por 14 dias, durante os quais

alíquotas foram retiradas periodicamente para acompanhamento da descoloração e da

redução de DQO.

Avaliou-se, em seguida, a descoloração do corante por inoculação sucessiva dos

fungos. Para este teste, erlenmeyers contendo 50 mL de uma solução 0,5 g/L do corante

RBBR foram inoculados com 10 mL de inólculo do isolado de G. lucidum. Os frascos

foram incubados por 7 dias, e então, as amostras foram filtradas em membrana Millipore

de 0,45 µm e retirou-se alíquotas para análises. Os meios filtrados foram então

autoclavados, novamente inoculados com G. lucidum e incubados por mais 7 dias, quando

foram novamente filtrados, seguindo o procedimento anterior. Os meios filtrados foram

então inoculados com o isolado de L. edodes e incubados por mais 7 dias, sendo então

filtrados e utilizados para realização de análises finais. Alíquotas também foram retiradas

em dias intermediários do experimento e centrifugadas, sendo o sobrenadante usado para

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Materiais e Métodos ____________________________________________________

34

análises. Durante este experimento foram determinadas a descoloração do corante em

590nm, atividade das enzimas lacase, MnP e LiP e redução de DQO e glicose.

Como os resultados obtidos no testes sucessional não foram os esperados, outro

teste foi realizado. Erlenmeyers de 50 mL contendo 10mL de meio mínimo com glicose

sem diluir e diluído 1:10, 1:50 e 1:100, adicionados de 0,5 g/L do corante, foram

inoculados com 2mL de cada cultura dos fungos e incubados por 14 dias. Alíquotas foram

retiradas periodicamente e centrifugadas para monitoramento da descoloração.

Como os resultados obtidos nestes primeiros testes não foram satisfatórios para que

se pudesse concluir a respeito do meio ideal para a descoloração do corante pelos fungos,

avaliou-se ainda meios de cultivo ricos em outros substratos além da glicose. Desta forma,

erlenmeyers de 50 mL contendo 10 mL de meio mínimo acrescido de glicose, peptona e

extrato de malte, nas quantidades apresentadas na Tabela 3.3, e 0,5 g/L de corante foram

inoculados com 2 mL de inóculo de G. lucidum, L edodes e P. pulmonarius. Os frascos

foram incubados por 10 dias e alíquotas foram retiradas a cada 2 ou 3 dias para verificar a

descoloração.

Tabela 3.3 – Nutrientes adicionados ao meio mínimo.

I. TESTE Glicose (g/L) Extrato de malte

(g/L)

Peptona (g/L)

1 0,1 0 0

2 1 0 0

3 0 0,1 0

4 0 1 0

5 0 0 0,01

6 0 0 0,1

7 0,1 0,1 0,01

8 1 1 0,1

Em função dos resultados obtidos no teste anterior, realizou-se um segundo teste

sucessional. Assim, erlenmeyers de 500 mL contendo 150 mL de meio mínimo acrescido

de 1g/L de glicose, 1 g/L de extrato de malte, 0,1 g/L de peptona e 0,5 g/L do corante

RBBR foram inoculados inicialmente com 30 mL de inóculo de P. pulmonarius, o qual

permaneceu no meio reacional por sete dias. No sétimo dia os meios foram filtrados e

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Materiais e Métodos ____________________________________________________

35

foram retiradas alíquotas do filtrado para realização das análises. Os meios foram então

autoclavados e inoculados com 30 mL de inóculo de L. edodes o qual permaneceu no

meio por mais 7 dias, sendo, então, filtrados seguindo-se o procedimento anterior.

Finalmente o meio foi inoculado com G. lucidum, seguindo o mesmo procedimento dos

isolados anteriores.

Alíquotas também foram retiradas, a cada 2 ou 3 dias de experimento, e

centrifugadas, sendo o sobrenadante utilizado para determinação da descoloração em

590nm, aumento de cor em 455nm, redução de DQO e glicose, além da atividade das

enzimas LiP, MnP e lacase.

3.2 DEGRADAÇÃO DE CORANTES REATIVOS PELA LACASE DO FUNGO

P. PULMONARIUS

3.2.1 Enzima

A Lacase preparada a partir do cultivo de P. pulmonarius foi cedida pelo

Departamento de Bioquímica da Universidade Estadual de Maringá. O procedimento de

preparação da mesma foi descrito por SOUZA & PERALTA (2003). A atividade

enzimática da solução de lacase era de 7360 U/L.

3.2.2 Corantes reativos e efluente têxtil

Além do RBBR, foram utilizados nove corantes reativos obtidos junto a uma

lavanderia local. Também foi avaliada a descoloração enzimática do efluente de um banho

de tingimento da mesma lavanderia. Realizou-se uma varredura espectrofotemétrica do

efluente e de uma solução 1 g/L de cada corante para determinar os comprimentos de onda

de máxima aborbância. Para o efluente, 665nm, 624nm, 340nm, 265nm, e 194nm foram

identificados como os comprimentos de onda de máxima absorbância. Os corantes e seus

respectivos comprimentos de onda de máxima absorbância foram: Azul BF-R: 590nm;

Azul turquesa: 663 and 625nm; Azul marinho-BLE: 590nm; Amarelo-3R: 417nm;

Amarelo-GLE: 403nm; Vermelho-4B: 542nm; Vermelho escarlate: 495nm; Preto: 496nm;

Cinza: 480 and 596nm.

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Materiais e Métodos ____________________________________________________

36

3.2.3 Ensaios de descoloração enzimática

A mistura reacional utilizada para avaliar a descoloração dos corantes, com exceção

do corante Azul turquesa, consistiu de: 0,5 mL de uma solução aquosa de corante (1 g/L),

0,7 mL da solução preparada de enzima (7360 U/L) e tampão fosfato 0,1M pH 6,5 em um

volume total de 10 mL.

Como o corante azul turquesa é o principal corante presente no banho de

tingimento que gerou o efluente estudado neste trabalho, a sua concentração na mistura

reacional foi estabelecida de forma a ser semelhante a sua concentração no efluente. Desta

forma a mistura reacional utilizada na descoloração enzimática do corante Azul turquesa

consistiu de: 4,3 mL de uma solução aquosa do corante (0,0375 g/L) e 0,7 mL da solução

preparada de enzima (7360 U/L), em um total de 5 mL de mistura reacional.

Para avaliar a descoloração enzimática do efluente foi utilizada a seguinte mistura

reacional: 4,3 mL do efluente (diluído 1:2 e pH corrigido para 6,5) e 0,7 mL da solução de

enzima (7360 U/L).

Cada experimento foi realizado em duplicata, a 45ºC e 100 rpm. Para cada teste as

amostras eram retiradas em diferentes intervalos de tempo durante 4 horas (com exceção

do corante Turquesa e do efluente, cujos experimentos duraram 6 horas), para verificação

da descoloração. Iniciou-se a contagem do tempo de cada teste a partir da adição da enzima

à mistura reacional. Foram realizados experimentos controles, sem adição de enzima e sem

adição de corante ao meio reacional, nas mesmas condições dos experimentos teste.

3.3 METODOLOGIA DAS ANÁLISES REALIZADAS

Determinou-se a glicose residual do meio utilizando o Kit para glicose oxidase da

Laborclin.

A demanda química de oxigênio foi determinada de acordo com a metodologia

descrita no STANDARD METHODS – APHA (1995) que está apresentada no anexo I.

A atividade das enzimas lacase, manganês peroxidase e lignina peroxidase foi

determinada de acordo com as metodologias modificadas descritas por SOUZA et al.

(2002), RODRÍGUEZ et al. (1999) e TIEN & KIRK (1983), respectivamente. Estas

análises estão descritas no Anexo II.

Além das análises citadas acima, fez-se a varredura espectrofotométrica dos meios

de descoloração para determinar a descoloração do corante pelo fungo, assim como a

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Materiais e Métodos ____________________________________________________

37

descoloração dos corantes reativos e do efluente pela enzima. Esta foi determinada em

termos de percentagem de descoloração no comprimento de onda de máxima absorbância

dos corantes e do efluente e percentagem de aumento de cor no comprimento de onda de

mínima absorbância, em relação aos experimentos controle.

Todos os reagentes utilizados foram de grau analítico. A varredura

espectrofotométrica e as leituras de absorbância foram realizadas utilizando os

espectrofotômetros da marca Shimadzu, modelo UV-1601PC e HACH, modelo DR/2010.

O cultivo dos microrganismos e os ensaios de descoloração foram realizados em

incubadoras da marca Tecnal, modelos TE390 e TE422.

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CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 DESCOLORAÇÃO DO CORANTE REATIVO REMAZOL BRILLIANT

BLUE R (RBBR) POR FUNGOS LIGNINOLÍTICOS

No primeiro teste realizado para avaliar a descoloração do corante RBBR pelos

isolados de P. pulmonarius, L. edodes e G. lucidum, observou-se descoloração acima de

90% por P. pulmonarius e G. lucidum, enquanto o isolado de L. edodes não chegou a

descolorir 20% do corante (Fig. 4.1).

-20

0

20

40

60

80

100

P. pulmonarius L. edodes G. lucidum

% redução glicose

% redução DQO

% descoloração (590nm)

% aumento cor (455nm)

Figura 4.1 – Resultados de redução de glicose, redução de DQO, descoloração em 590nm

e aumento de cor em 455nm para os isolados P. pulmonarius, L. edodes e G. lucidum.

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

39

O consumo de glicose no presente trabalho acompanhou a descoloração do corante

por P. pulmonarius e G. lucidum, ficando entre 40 e 50%. Para L. edodes a redução de

glicose foi levemente superior à descoloração, não ultrapassando 30% de redução.

De acordo com KAPDAN et al. (2000), os fungos consomem e crescem em fontes

de carbono prontamente disponíveis nas fases inc iais de crescimento e então produzem

metabólitos secundários e enzimas extracelulares, para biodegradação de corantes em

baixas concentrações de carbono ou nitrogênio. A fonte de carbono mais prontamente

utilizada pelos fungos da podridão branca é a glicose.

Apesar de uma redução de glicose de até 50%, a redução de DQO não passou de

10% nos tubos inoculados com G. lucidum e nos meios inoculados pelos outros isolados a

redução de DQO ficou entre 5 e 7%. Isto pode ter ocorrido em função da difusão de

compostos presentes no inóculo sólido para o meio líquido. Observou-se aumento de cor

em 455 nm para os isolados que conseguiram descolorir o corante, indicando que houve

formação de um novo composto, cuja cor era visivelmente mais pronunciada neste

comprimento de onda. Os resultados foram obtidos com base nos controles, para os quais

foram utilizados discos de meio sólido sem micélio dos isolados, de forma que os valores

de descoloração obtidos não incluem a descoloração por adsorção do corante nos discos de

meio sólido.

Os resultados demonstraram a capacidade dos fungos testados em descolorir o

corante RBBR. A descoloração deste mesmo corante por L. edodes também foi verificada

por BOER et al. (2004), que avaliou a descoloração em meio sólido de sabugo de milho e

glicose e após 18 dias de incubação verificou a completa descoloração do corante pelo

fungo.

A habilidade de P. pulmonarius e L. edodes em descolororir o corante RBBR

também foi avaliada por OMORI (2004). A autora utilizou meio mínimo com celulose

como substrato e após 14 dias verificou descolorações de 40% e 30% do corante por P.

pulmonarius e L. edodes, respectivamente. Apesar da autora ter utilizado um meio

semelhante ao utilizado neste trabalho, o resultado obtido por ela utilizando o isolado de P.

pulmonarius foi inferior, o que pode significar que celulose não seja um substrato tão bom

para este fungo, quanto a glicose.

A descoloração do corante RBBR por outros fungos também foi verificada por

diversos autores. SWAMY & RAMSAY (1999) avaliaram a descoloração deste corante

por P. chrysosporium, T. versicolor e Bjerkandera sp. em meio de Kirk tamponado com

2,2’-dimetil succinato (2,2’-DMS) e sob agitação de 200 rpm. Os autores verificaram

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

40

descolorações de 65% por Bjerkandera sp., 83% pelo fungo P. chrysosporium e 100% por

T. versicolor, após 20, 11 e 1 dia de incubação, respectivamente. KASINATH et al. (2003)

avaliaram a descoloração do mesmo corante por Irpex lacteus em estado estacionário e sob

agitação. As descolorações obtidas foram de 100 e 95%, respectivamente, utilizando uma

concentração de 150 µg/mL do corante RBBR. LEVIN et al. (2004) verificaram uma

descoloração de 43% do corante RBBR (9 g/L) em meio de extrato de malte e glicose por

Corioulus versicolor f. antarcticus, após uma hora de incubação.

Com o intuito de reduzir a DQO inicial dos meios utilizados nos ensaios de

descoloração e avaliar o desempenho dos fungos em concentrações mínimas de nutrientes,

avaliou-se a descoloração de uma solução 0,5 g/L do corante RBBR sem adição de

nutrientes. Os únicos nutrientes presentes eram aqueles presentes no inóculo dos fungos.

Os resultados demonstraram que somente G. lucidum foi capaz de degradar o

corante nestas condições, atingindo mais de 90% de descoloração (Fig. 4.2). No entanto,

não houve redução de DQO do meio, o que se observou foi um aumento do valor deste

parâmetro, provavelmente devido à formação de compostos que conferiram DQO ao meio

(Fig 4.3).

0

20

40

60

80

100

5 10 15Tempo (dias)

Des

colo

raçã

o (%

)

Figura 4.2 – Descoloração de uma solução

0,5g/ de RBBR pelos isolados de P.

pulmonarius (?), L. edodes (¦ ) e G.

lucidum (? ).

-20

0

20

40

60

P. pulmonarius L. edodes G. lucidum

Red

ução

de

DQ

O (

%)

Figura 4.3 – Redução de DQO nos meios

inoculados com os isolados fúngicos.

P. pulmonarius e L. edodes não foram capazes de descolorir o corante neste meio,

no entanto, verifica-se que houve um consumo dos nutrientes presentes no meio, uma vez

que houve redução na DQO.

Estes resultados, assim como os do experimento anterior, indicaram a necessidade

de maior concentração de nutrientes no meio reacional para que ocorresse a descoloração.

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

41

A partir dos resultados deste teste, decidiu-se realizar um teste de descoloração

sucessiva do corante por G. lucidum, de forma a se obter maior descoloração. A

descoloração sucessiva foi proposta considerando que o fungo perde sua atividade de

descoloração e a adição sucessiva do isolado faria com que houvesse continuidade da

mesma.

Com a primeira inoculação de G. lucidum obteve-se uma descoloração de 75,8% do

corante no sétimo dia de experimento. No entanto, a adição sucessiva de G. lucidum do

sétimo ao décimo quarto dia não proporcionou um aumento significativo na descoloração,

de forma que, do décimo quarto ao vigésimo primeiro dia de experimento, inoculou-se o

meio com L. edodes (Fig. 4.4). Entretanto, esta mudança de fungo nos últimos dias da

sucessão também não proporcionou a continuidade na descoloração do meio com corante.

Assim, a descoloração observada ao final da sucessão foi de 78,5%, ou seja, houve

aumento de somente 2,7% na descoloração do sétimo ao vigésimo primeiro dia de

experimento.

0

20

40

60

80

100

7 14 21Tempo (dias)

% d

esco

lora

ção

(590

nm)

Figura 4.4 – Porcentagem de descoloração do corante RBBR pela sucessão de G.lucidum -

G.lucidum - L. edodes.

Analisando as concentrações de DQO e glicose durante o experimento (Fig. 4.5)

verificou-se diminuição de ambas variáveis, nos sete primeiros dias de experimento,

podendo significar que a redução na DQO do meio nestes dias ocorreu principalmente

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

42

devido ao consumo de glicose por G. lucidum. É importante salientar que ocorreu

descoloração significativa do corante neste período. O aumento da concentração de glicose

a partir do sétimo dia de experimento implica que o consumo de glicose pelos isolados

neste período foi inferior à concentração de glicose do inóculo adicionado ao meio e apesar

de ter-se verificado uma redução da DQO do décimo quarto ao vigésimo primeiro dia de

experimento o mesmo não foi verificado para a glicose, indicando a falta de atividade de L.

edodes no período.

0

200

400

600

800

1000

0 7 14 21Tempo (dias)

Con

cent

raçã

o (m

g/L)

DQO Glicose

Figura 4.5 – Concentração de DQO e glicose residual durante o experimento de sucessão

de G.lucidum - G.lucidum - L. edodes.

No experimento de sucessão fúngica verificou-se diminuição da atividade de MnP e

LiP a partir do sétimo dia de experimento e pequena atividade da enzima lacase durante o

experimento (Fig. 4. 6).

A diminuição na atividade enzimática com a adição sucessiva dos fungos pode

indicar que houve formação de compostos inibidores da atividade dos mesmos, implicando

na não continuidade da descoloração. Além disso, pode indicar a necessidade de adição de

concentrações maiores de nutrientes ao meio a ser descolorido.

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

43

0

2

4

6

8

10

12

14

0 7 14 21

Tempo (dias)

Ativ

idad

e en

zim

átic

a (U

/L)

Figura 4.6 – Atividades enzimáticas de MnP (?), LiP (? ) e lacase (¦ ) durante os

experimento de sucessão de G.lucidum - G.lucidum - L. edodes.

A sucessão de fungos lingninolíticos para a descoloração de corantes têxteis foi

recentemente avaliada por OMORI (2004). A autora utilizou a seqüência Phanerochaete

chrysosporium - P. pulmonarius - L. edodes em meio de extrato de levedura, utilizando um

tempo de contato de 15 dias de cada isolado com o meio. Uma descoloração final de 93,2%

foi verificada, sendo que desta porcentagem 75,9% foi obtida pelo isolado P.

chysosporium, 5,6% por P. pulmonarius e 11,7% por L. edodes. Apesar da autora também

não ter verificado uma grande continuidade na descoloração, os seus resultados foram

melhores que os obtidos neste trabalho. Um fator que pode ter influenciado nos melhores

resultados foi o meio utilizado pela autora em seus experimentos, mais concentrado em

nutrientes. A autora também verificou as maiores taxas de consumo de glicose e redução

de DQO durante os primeiros quinze dias de experimento.

A utilização de um meio com concentrações mínimas de nutrientes para a

descoloração do corante RBBR mostrou-se eficiente somente ao utilizar-se G. lucidum.

Desta forma, novos meios foram avaliados com intuito de se obter maiores descolorações

por P. pulmonarius, L. edodes e G. lucidum, utilizando pequenas quantidade de nutrientes.

Os resultados de descoloração obtidos para G. lucidum, P. pulmonarius e L. edodes,

utilizando meio mínimo com glicose sem diluição e diluído 1:10, 1:50 e 1:100 estão

demonstrados na Figura 4.7.

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

44

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14

Tempo (dias)

Des

colo

raçã

o (%

)

(a)

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14Tempo (dias)

Des

colo

raçã

o (%

)

(b)

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14Tempo (dias)

Des

colo

raçã

o (%

)

(c)

Figura 4.7 – Descoloração do corante RBBR pelos isolados de (a) G. lucidum, (b) P.

pulmonarius e (c) L. edodes, em diferentes diluições de meio mínimo + glicose: (?) sem

diluição; (¦ ) diluído 1:10; (? ) diluído 1:50 e (x) diluído 1:100.

G. lucidum descoloriu melhor o corante em meio mínimo com glicose sem diluição.

Entretanto, a descoloração obtida no décimo quarto dia, 89%, foi menor que a obtida

anteriormente, utilizando-se apenas uma solução com 0,5 g/L de RBBR, sem adição de

nutrientes. Isto pode indicar um enfraquecimento do fungo nos cultivos com meio mínimo

com glicose e agar. Desta forma, optou-se por transferir o cultivo dos isolados para MEA.

Para P. pulmonarius a maior descoloração obtida foi 30% utilizando meio diluído a

1:50 e a 1:10. Uma descoloração muito baixa foi obtida utilizando-se meio mínimo com

glicose sem diluição, podendo indicar que o meio utilizado pode conter nutrientes

inibidores da atividade do fungo. No entanto, a baixa descoloração obtida para todos os

meios também pode indicar que este isolado necessita de outras fontes de substrato além

do carbono fornecido pela glicose.

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

45

Para L. edodes verificou-se um comportamento semelhante ao P. pulmonarius, com

relação aos meios utilizados. Para esta espécie, no entanto, a descoloração chegou a 50%

utilizando-se meio mínimo com glicose diluído a 1:50.

Meio mínimo com baixa concentração de nitrogênio também foi utilizado por

NOVOTNÝ et al. (2001) para descolorir o corante RBBR utilizando o fungo Irpex lacteus.

Após duas semanas de experimento os autores verificaram descoloração de

aproximadamente 92%, semelhante ao resultado obtido no presente trabalho utilizando G.

lucidum.

BALAN & MONTEIRO (2001) também utilizaram meio mínimo para avaliar a

descoloração do corante azul índigo (CI Vat Blue I) por Phellinus gilvus, Phanerochaete

chrysosporium, Pycnoporus sanguineus e Plerotus sajor-caju. Após quatro dias de

experimento os autores verificaram descolorações de 100%, 70-75%, 90% e 94%,

respectivamente.

Os experimentos utilizando somente meio mínimo com glicose em diferentes

diluições não forneceram resultados que indicassem o melhor meio a ser utilizado para

descoloração, principalmente, por P. pulmonarius e L. edodes. Além disso, resultados de

outros trabalhos (OMORI, 2004; LEVIN, 2004; SANTOS, 2004; HARAZONO et al.,

2003) indicaram boa descoloração de diversos corantes com meios adicionados de outros

nutrientes. Desta forma, a adição de extrato de malte e peptona ao meio mínimo foi

avaliada como alternativa para se alcançar maiores descolorações do corante pelos isolados

fúngicos.

P. pulmonarius descoloriu melhor o corante, quando se utilizou meios com maior

concentração de extrato de malte e peptona. Para estes meios, descolorações acima de 80%

foram alcançadas. Uma descoloração acima de 90% foi observada no meio contendo 1g/L

de glicose, 1 g/L de extrato de malte e 0,1 g/L de peptona. Os meios contendo somente

glicose não favoreceram a descoloração por este isolado (Fig. 4.8). Verificou-se também

que as maiores porcentagens de aumento de cor em 455 nm ocorreram nos testes nos quais

houve maior descoloração do corante, confirmando que houve degradação do corante, uma

vez que compostos com nova coloração foram formados.

Resultados semelhantes foram observados nos meios inoculados com L. edodes,

porém com porcentagens de descoloração acima de 80% para cinco dos meios utilizados.

Descolorações entre 40 e 60% foram obtidas para os meio acrescidos de 1 g/L de glicose,

0,1 g/L de glicose e 0,01 g/L de peptona (Fig. 4.9).

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

46

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10

Tempo (dias)

% d

esco

lora

ção

(590

nm)

-10

10

30

50

70

0 2 4 6 8 10

Tempo (dias)

% a

umen

to d

e co

r (4

55nm

)

Figura 4.8 – Resultados de descoloração do RBBR em 590nm e aumento de cor em

455nm por P. pulmonarius em meio mínimo acrescido dos nutrientes: (?) glicose 0,1 g/L;

(¦ ) glicose 1 g/L; (? ) extrato de malte 0,1 g/L; (x) extrato de malte 1g/L; (?) peptona 0,01

g/L; (?) peptona 0,1 g/L; (+)glicose 0,1 g/L, extrato de malte 0,1 g/L e peptona 0,01 g/L; (-

)glicose 1 g/L, extrato de malte 1 g/L e peptona 0,1 g/L.

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10

Tempo (dias)

% d

esco

lora

ção

(590

nm)

-100

-50

0

50

100

150

200

0 2 4 6 8 10

Tempo (dias)

% a

umen

to d

e co

r (45

5nm

)

Figura 4.9 Resultados de descoloração do RBBR em 590nm e aumento de cor em 455nm

por L. edodes em meio mínimo acrescido dos nutrientes: (?) glicose 0,1 g/L; (¦ ) glicose 1

g/L; (? ) extrato de malte 0,1 g/L; (x) extrato de malte 1 g/L; (?) peptona 0,01 g/L; (?)

peptona 0,1 g/L; (+)glicose 0,1 g/L, extrato de malte 0,1 g/L e peptona 0,01 g/L; (-)glicose

1 g/L, extrato de malte 1 g/L e peptona 0,1 g/L.

Para G. lucidum, obteve-se descolorações acima de 85%, no quinto dia de

experimento, para todos os meios testados. A maior descoloração, em torno de 96%, foi

obtida utilizando o meio com 0,1 g/L de glicose, sendo que um resultado semelhante foi

obtido utilizando o meio acrescido de 1 g/L de extrato de malte. Descolorações em torno

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

47

de 93% foram obtidas para os meios acrescidos de 0,1 g/L de extrato de malte, 0,01 g/L de

peptona, 0,1 g/L de peptona, 0,1 g/L de glicose, 0,1 g/L de extrato de malte e 0,01 g/L de

peptona e para o meio acrescido de 1 g/L de glicose, 1 g/L de extrato de malte e 0,1 g/L de

peptona. A menor descoloração, 85%, foi verificada utilizando o meio acrescido de 1g/L

de glicose (Fig. 4.10).

50

60

70

80

90

100

0 2 4 6 8 10Tempo (dias)

% d

esco

lora

ção

(590

nm)

-40

-20

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10

Tempo (dias)

% a

umen

to d

e co

r (4

55nm

)

Figura 4.10 – Resultados de descoloração do RBBR em 590nm e aumento de cor em

455nm por G. lucidum em meio mínimo acrescido dos nutrientes: (?) glicose 0,1 g/L; (¦ )

glicose 1 g/L; (? ) extrato de malte 0,1 g/L; (x) extrato de malte 1 g/L; (?) peptona 0,01

g/L; (?) peptona 0,1 g/L; (+)glicose 0,1 g/L, extrato de malte 0,1 g/L e peptona 0,01 g/L; (-

)glicose 1 g/L, extrato de malte 1 g/L e peptona 0,1 g/L.

Culturas ligninolíticas de vários fungos da podridão-branca têm sido citadas por sua

capacidade de degradação e descoloração de corantes. Entretanto, espera-se que nem todos

os fungos apresentem a mesma habilidade para degradar e descolorir corantes devido às

suas diferentes necessidades qualitativas e quantitativas para produzir enzimas. As

características genéticas das espécies e/ou isolados, o pH, a oxigenação, a temperatura e a

presença de nitrogênio e minerais interferem na produção de enzimas e na atividade

enzimática. A habilidade de descoloração dos fungos também depende da estrutura dos

corantes (WESEMBERG et al., 2003; FU & VIRARAGHAVAN, 2001; BALAN, 1998).

OMORI (2004) avaliou a descoloração de RBBR em três diferentes meios: meio

mínimo com celulose, batata dextrose e extrato de levedura modificado, por P.

chrysosporium, L. edodes e P. pulmonarius. As maiores taxas de descoloração por P.

chrysosporium e P. pulmonarius foram verificadas utilizando o meio de extrato de

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

48

levedura modificado, no entanto para L. edodes a maior descoloração foi observada

utilizando meio mínimo com celulose.

Extrato de malte foi utilizado por HARAZONO et al. (2003), para testar a

descoloração do corante vermelho reativo 120 por Phanerochaete sordida. Os autores

utilizaram um meio reacional contendo 3% de extrato de malte e 200 mg/L do corante.

Após 7 dias de experimento os autores verificaram descoloração de 90,6%.

EICHLEROVÁ et al. (2005) recentemente avaliaram a descoloração do corante

RBBR em meio de Kirk, enr iquecido e limitado em nitrogênio, em condições estáticas e

sob agitação, por D. squalens, I. resinosum e P. calyptratus. Após 14 dias de tratamento,

descolorações semelhantes e próximas a 98% foram obtidas sob todas as condições

testadas para I. resinosum. Utilizando D. squalens melhores resultados foram obtidos em

cultura estática com meio enriquecido de nitrogênio. P. calyptratus foi o que apresentou

menores porcentagens de descoloração sendo o melhor resultado (78%), obtido em

condições estáticas com meio limitado em nitrogênio.

SELVAM et al. (2003) investigaram a descoloração dos corantes: Alaranjado G,

vermelho congo e preto amido 10B em meio limitado em carbono por Thelephora sp. Os

autores verificaram que o fungo descoloriu 33,3% do corante Alaranjado G após 9 dias,

97% do corante vermelho congo após 8 horas e 98,8% do corante Preto amido 10 B após

24 horas.

No presente trabalho, os resultados obtidos mostraram que P. pulmonarius e L.

edodes requerem meios mais ricos em substratos além do carbono, enquanto G. lucidum

mostrou ser capaz de descolorir o corante mesmo em meio acrescido apenas de 0,1 g/L de

glicose. Em função destes resultados, um novo teste sucessional foi proposto utilizando-se

meio mínimo acrescido de 1 g/L de glicose, 1 g/L de extrato de malte e 0,1 g/L de peptona.

O processo de descoloração foi iniciado por P. pulmonarius, uma vez que este isolado

requer maior quantidade de nutrientes, seguido por L. edodes, considerando períodos de

incubação de 7 dias. Supondo que após 14 dias de experimento parte dos nutrientes já teria

sido consumido pelos isolados, completou-se a sucessão inoculando-se o meio com G.

lucidum, o qual mostrou-se capaz de descolorir o corante na presença de baixas

concentrações de nutrientes.

Ao final do sétimo dia de experimento, verificou-se descoloração de 70% por P.

pulmonarius. No entanto, após a autoclavagem do meio e inoculação fungo L. edodes

verificou-se descoloração de apenas 56% no mesmo dia, sugerindo que pode ter ocorrido

alguma reação durante a autoclavagem provocando este aumento de cor. Nos dias que

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

49

seguiram não se verificou significativa descoloração por L. edodes, sendo que no décimo

quarto dia de experimento observou-se uma descoloração de 58%. Neste dia, fez-se nova

autoclavagem e inoculando G. lucidum. Verificou-se aumento na descoloração de 11%

após sete dias de incubação, sendo que a descoloração final foi de 69% (Fig. 4.11).

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

Tempo (dias)

% d

esco

lora

ção

e au

men

to d

e co

r

Figura 4.11 – Porcentagem de descoloração em 590nm (x) e de aumento de cor em 455nm

(? ) durante o experimento de adição sucessiva de P. pulmonarius, L. edodes e G. lucidum.

Assim, como no teste anterior, não foi verificada continuidade significativa na

descoloração do corante a partir da sucessão dos fungos ligninolíticos, o que confirma a

afirmação de OMORI (2004), de que nem sempre a degradação do meio por um

determinado fungo torna-o mais acessível para a ação de outro, mesmo pertencendo ao

mesmo grupo.

Além disso, a descoloração obtida utilizando-se P. pulmonarius, nos sete primeiros

dias de experimento, foi inferior à descoloração por este fungo, verificada anteriormente

utilizando-se este mesmo meio de cultura. Um fator que pode ter influenciado é a

quantidade de meio a ser descolorido, que para este teste foi de 150 mL, 15 vezes maior

que para os testes com diferentes meios (10 mL). Uma vez que os testes foram

desenvolvidos em condições estáticas, acredita-se que com esta quantidade maior de meio

tenha havido dificuldade de difusão do fungo e de suas enzimas em todo o volume do

mesmo.

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

50

Com relação à demanda química de oxigênio durante o experimento, verificou-se

redução considerável da mesma em relação à concentração inicial. Esta redução de DQO

está relacionada ao consumo de glicose somente nos sete primeiros dias de experimento,

uma vez que a partir do sétimo dia não houve redução de glicose (Fig. 4.12).

0

500

1000

1500

2000

2500

0 3 6 9 12 15 18 21

Tempo (dias)

Con

cent

raçã

o (m

g/L

)

DQO GLICOSE

Figura 4.12 – Concentração de DQO e glicose residual durante o experimento de adição

sucessiva dos fungos P. pulmonarius - L. edodes - G. lucidum.

As atividades de Lignina peroxidase (LiP), Manganês peroxidase (MnP) e Lacase

também foram acompanhadas durante o experimento (Fig. 4.13). A máxima atividade

verificada foi de MnP, 47 U/L, no sétimo dia de experimento, diminuindo nos dias

subseqüentes. Atividade de lacase somente foi verificada nos dias de experimento com P.

pulmonarius. Atividade de LiP foi verificada nos dias de experimento com L. edodes e G.

lucidum.

BOER et al. (2003) também acompanharam a atividade destas três enzimas durante

experimentos de descoloração dos corantes RBBR e Poly R478 por Lentinus edodes. As

autoras verificaram grande quantidade de MnP no extrato não purificado do fungo,

enquanto quantidades muito baixas de LiP e lacase foram detectadas no material.

Nos dois testes sucessionais realizados neste trabalho verificou-se decaimento das

atividades enzimáticas de MnP e LiP durante os dias de inoculação de L. edodes ao meio

reacional. No entanto, para os dois experimentos foi verificada uma atividade de MnP

superior a 7 U/L, chegando próximo a 20 U/L no terceiro dia de inoculação deste fungo, no

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

51

segundo teste sucessional. A atividade de LiP produzida por L. edodes no primeiro teste

sucessional apresentou-se menor que de MnP, no entanto, no segundo teste sucessional a

produção de LiP foi semelhante à de MnP no terceiro e quinto dias após a inoculação desta

espécie, e apresentou-se superior no sétimo dia após a inoculação do mesmo. Estes

resultados indicam a influência dos nutrientes do meio na produção das enzimas.

0

10

20

30

40

50

0 5 10 15 20

Tempo (dias)

Ativ

idad

e en

zim

átic

a (U

/L)

Figura 4.13 – Atividades enzimáticas de MnP (?), LiP (x) e lacase (? ) durante o

experimento de adição sucessiva dos fungos P. pulmonarius - L. edodes - G. lucidum.

OKINO (1996), citado por BALAN (1998), estudou a atividade ligninolítica de

basidiomicetos brasileiros, apontando a existência de atividade da lacase e peroxidase em

Phellinus gilvus CCB254, Pleurotus ostreatoroseus CCB440, Pleurotus sp e Picnoporus

sanguineus CCB277 e CCB458. A atividade de lacase foi detectada no início do

crescimento, podendo estar relacionada com o metabolismo primário.

De acordo com LANG et al. (1997), Pleurotus sp tem alta atividade de MnP e

lacase em meio enriquecido de glicose. No presente trabalho foi possível verificar este

comportamento utilizando-se P. pulmonarius, que apresentou alta atividade de MnP e

lacase principalmente no sétimo dia após a inoculação do mesmo. Atividade de LiP

também foi verificada nos primeiros dias de inoculação deste fungo.

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

52

4.2 DEGRADAÇÃO DE CORANTES REATIVOS PELA LACASE DE P.

PULMONARIUS

A degradação de 10 corantes reativos, e de um efluente de lavanderia, pela lacase

de P. pulmonarius foi acompanhada por meio de espectrofotometria, durante 4 ou 6 horas

de experimento, dependendo do corante.

Todos os corantes foram descoloridos em alguma extensão pela lacase (Figura 4.14).

No entanto, os resultados de descoloração para os corantes vermelho escarlate, vermelho

4b, amarelo 3r e cinza (em 480 nm) foram inferiores a 20%, o que pode ser devido às

diferenças estruturais, com relação a seus grupos cromóforos.

0

20

40

60

80

100

0 60 120 180 240

Tempo (h)

Des

colo

raçã

o (%

)

0

4

8

12

16

20

0 60 120 180 240

Tempo (h)

Des

colo

raçã

o (%

)

Figura 4.14 – Descoloração enzimática, via lacase de P. pulmonarius, dos corantes

reativos: (?) cinza (596nm), (-) preto (596nm), (?) Azul BF-R (590nm), (+) RBBR

(590nm), (x) Amarelo GLE (403nm), (?) Azul Marinho (590nm), (¦ ) amarelo 3r (417nm),

(?) vermelho 4B (542nm), (? ) vermelho escarlate (495nm) e (?) cinza (480nm).

SANTOS (2004) avaliou a descoloração dos mesmos corantes por P. pulmonarius e

também verificou que todos foram descoloridos em alguma extensão pelo fungo. No

entanto, as porcentagens de descoloração verificadas pela autora variaram entre 47% e

98%. As menores taxas de descoloração, 47 e 60%, verificadas para os corantes vermelho

4b e amarelo 3r, apresentaram-se superiores aos resultados obtidos no presente trabalho

utilizando a enzima lacase do mesmo fungo. Isto ocorreu, muito provavelmente porque,

quando o fungo está presente no meio de descoloração, outras enzimas e produtos do

metabolismo, como mediadores, podem contribuir para o processo de descoloração. No

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

53

entanto, apesar dos resultados obtidos no presente trabalho utilizando a lacase do fungo P.

pulmonarius terem-se apresentado inferiores aos resultados obtidos por SANTOS (2004),

um fator muito importante pode ser considerado quando se trata de tratamento de efluentes,

o tempo utilizado no processo, que no caso da utilização da enzima variou entre 4h e 6h,

enquanto que para a descoloração pelo fungo P. pulmonarius o tempo de incubação foi de

7 dias.

De acordo com PERALTA-ZAMORA et al. (2003), a lacase isolada tem um efeito

limitado na biorremediação devido à sua especificidade por subunidades fenólicas da

lignina. No entanto, a gama de substratos da lacase pode ser extendida a partir da inclusão

de mediadores, como 1-hydroxybenzotriole (HOBT). Apesar dos autores afirmarem que a

descoloração de corantes não-substratos é limitada pela concentração de compostos

mediadores mais do que pela atividade de lacase na solução, corantes têxteis comerciais

triarilmetanos, antraquinones e índigos foram eficientemente descolororidos pela enzima

preparada a partir de vários fungos. A lacase não purificada de Pleurotus ostreatus, por

exemplo, foi utilizada por HOU et al. (2003) para descolorir o corante antraquinonico

SN4R. Os autores verificaram uma descoloração de 66% após 10 horas de incubação a

50ºC e utilizando tampão acetato (20mM) pH 4.5.

ZHANG et al. (2005) também utilizaram a lacase de Panus rudis para descolorir três

corantes. O corante antaquinonico Verde ácido 27 foi descolorido pela enzima em 40%

após 0,5 h utilizando 0,005 mg/mL da proteína e em 74% após 0,5 h utilizando 0,016

mg/mLl da proteína, de forma que a descoloração foi proporcional à concentração de

enzima. Quando uma concentração de enzima de 1,7 µg/mL foi utilizada os autores

verificaram descolorações de 26 e 12% para os corantes Violeta ácido 27 e Índigo Carimne

respectivamente. No entanto na presença do mediador ABTS (16,7 µM), apenas 0,005

µg/mL da enzima foi necessária para descolorir os corantes em 47% e 81%, em 0,5 h de

experimento.

PODGORNIK et al. (2001) avaliaram a descoloração do corante Índigo Carmine

pelas isoenzimas LiP e MnP de Phanerochaete chrysosporium e verificaram que o corante

foi descolorido, em uma grande extensão, pelas enzimas após 2 horas de experimento.

A lacase não purificada preparada a partir de P. ostreatus também foi utilizada por

PALMIERI et al. (2005) para descolorir o corante Remazol Brilliant Blue R (RBBR). Os

autores obtiveram descoloração máxima de 70% em 1 h, sob condições de 20ºC na

presença de 20 ou 100 U/mLda enzima.

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

54

SOARES et al. (2001) estudaram a descoloração do corante RBBR por uma

formulação comercial de lacase (CLF), contendo lacase, um mediador redox e um

surfactante não iônico, e pela lacase isolada. Os autores verificaram que um mediador

redox de baixo peso molecular (HBT) foi necessário para a descoloração total ocorrer após

duas horas. A lacase isolada não descoloriu o corante RBBR.

PERALTA-ZAMORA et al. (2003) avaliaram a descoloração de quatro corantes

reativos (Remazol brilliante Blue R, Remazol Black B, Reactive orange 122 e Reactive

Red 251), por lacase livre e imobilizada produzida por Trametes versicolor. Os melhores

resultados da descoloração foram obtidos utilizando lacase imobilizada. Em 30 minutos, a

descoloração dos corantes RBBR e Reactive orange 122 pela lacase, a qual foi imobilizada

em sílica de imidazol modificado, foi de aproximadamente 45% para ambos os corantes.

Os autores também estudaram o efeito da utilização de HOBT como mediador e nenhuma

mudança significativa foi verificada. A máxima descoloração observada foi de 55% para o

corante Reactive orange 122. Para o corante RBBR, a descoloração foi de 45%.

Enzimas ligninolíticas (LiP, MnP e lacase) de Thelephora sp. foram avaliadas por

SELVAN et al. (2003) quanto à descoloração dos corantes Alaranjado G, vermelho congo

e preto amido 10B. A lacase (15 U/mL) apresentou as maiores degradações dos corantes,

19%, 12% e 15%, respectivamente.

Comparando os resultados de outros autores na descoloração do corante RBBR pela

enzima lacase com o resultado obtido no presente trabalho, observa-se que todos os autores

obtiveram menores descolorações do corante utilizando a enzima livre sem adição de

mediadores ao meio reacional. Melhores resultados foram obtidos somente quando

mediadores foram adicionados ao meio reacional.

Os resultados da descoloração enzimática do efluente e do corante Azul turquesa

estão apresentados na figura 4.15. A máxima descoloração obtida foi de 40% para o

efluente no comprimento de onda de 663 nm. Para o corante azul turquesa obteve-se uma

maior descoloração no comprimento de onda de 625 nm atingindo 35% de descoloração.

Segundo BRAILE & CAVALCANTI (1993), os despejos gerados pela indústria

têxtil possuem diversos compostos orgânicos e inorgânicos, sendo que muitos deles

apresentam propriedades que os tornam difíceis de serem biodegradados. Apesar disto, a

enzima lacase de Pleurotus pulmonarius, mostrou-se eficiente na degradação de um

efluente têxtil uma vez que uma descoloração de 40% foi observada utilizando-se esta

enzima.

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Resultados e Discussão ___________________________________________________

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-10

0

10

20

30

40

0 60 120 180 240 300 360

Tempo (min)

Des

colo

raçã

o (%

)

Figura 4.15 – Descoloração enzimática, via lacase de P. pulmoraius, de: (?) efluente em

625nm; (¦ ) efluente em 663nm; (?) azul turquesa em 625nm e (?) azul turquesa em

663nm.

SANTOS (2004) também avaliou a descoloração do mesmo efluente utilizado neste

trabalho por P. pulmonarius. Após 5 dias de incubação a autora obteve 68,72% da

descoloração do efluente, utilizando agitação de 50 rpm e 50% v/v de inóculo. Apesar do

experimento ter tido duração de 5 dias, bastante superior ao tempo utilizado em nosso

experimento com lacase de P. pulmonarius (6h), os resultados obtidos pela autora foram

sensivelmente maiores.

SELVAN et al. (2003) avaliaram a descoloração de um efluente de indústria de

corantes pela cultura de Theleophora sp. e por suas enzimas ligninolíticas purificadas. O

fungo removeu 61% da cor do efluente no terceiro dia de incubação em modo batelada,

enquanto que em modo contínuo uma descoloração máxima de 50% foi obtida no sétimo

dia. Utilizando as enzimas MnP, LiP e lacase purificadas de Theleophora sp. os autores

observaram descolorações do efluente de aproximadamente 10, 14 e 17%,

respectivamente, após 1h de incubação a 37ºC e utilizando enzimas com atividade de 15

U/mL.

Apesar do resultado obtido neste trabalho, utilizando-se lacase de P. pulmonarius

para descolorir um efluente têxtil, mostrar-se melhor que o obtido por SELVAN et al.

(2003), melhores condições devem ser estudadas de forma a se obter a completa

descoloração do efluente pela enzima. Um parâmetro a ser avaliado é a utilização de

compostos mediadores da enzima lacase nos experimentos de descoloração do efluente.

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CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

Os resultados de descolorações do corante RBBR por P. pulmonarius, L. edodes e

G. lucidum demonstraram que todos são capazes de descolorir o corante, sendo que dentre

estas três espécies o G. lucidum apresentou maior desempenho na descoloração. Os

experimentos também mostraram que as percentagens de descoloração são dependentes do

meio de cultura utilizado.

P. pulmonarius e L. edodes mostraram-se mais eficientes na descoloração quando

se utilizaram meios com outras fontes de nutrientes além do carbono (no caso glicose). Por

outro lado, G. lucidum mostrou-se capaz de descolorir o corante em meio de cultura com

pequena quantidade de glicose.

A remoção de DQO, avaliada durante os experimentos, não acompanhou a

degradação do corante. Em alguns casos, a mesma aumentou durante o processo de

descoloração pelos fungos.

As sucessões de fungos mostraram que não houve continuidade na descoloração do

corante, confirmando a idéia de que nem sempre o produto da degradação do corante por

um fungo seja mais facilmente degradado por outro fungo. Além disso, foi possível

verificar que os compostos formados pela degradação do corante por um isolado fúngico

podem provocar inibição da degradação pelos demais fungos.

A lacase de P. pulmonarius mostrou-se capaz de descolorir todos os corantes

avaliados e o efluente têxtil. Os corantes Azul BF-R, RBBR e Azul Marinho foram

degradados em mais de 70% pela enzima. A descoloração dos outros corantes ficou abaixo

de 60%.

Apesar do efluente têxtil possuir diversos compostos orgânicos e inorgânicos, além

do corante, a enzima lacase foi capaz de descolorir este efluente em 40%. Esta

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Conclusões _____________________________________________________________

57

descoloração foi superior à obtida para o corante azul turquesa, principal corante presente

no efluente. Isto demonstra o grande potencial de aplicação desta enzima no tratamento

deste tipo de efluente, desde que novas condições de utilização da mesma sejam avaliadas

para que maiores taxas de descoloração sejam alcançadas.

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CAPÍTULO 6

PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS

Os resultados obtidos neste trabalho deixam em aberto vários pontos que podem ser

melhor elucidados. A seguir são apresentadas algumas sugestões para dar continuidade à

pesquisa, a fim de esclarecer estes pontos e viabilizar a aplicação de fungos liginolíticos

em processos de tratamento de efluentes:

??Avaliar a descoloração de efluentes têxteis por Ganoderma lucidum uma vez

que este se mostrou muito eficiente na descoloração do corante RBBr em

diferentes meios de cultivo, inclusive em meios com escassez de nutrientes;

??Caracterizar os produtos e os intermediários formados, por meio de

cromatografia líquida-espectro de massa, durante o processo de descoloração de

corantes e efluentes têxteis;

??Avaliar a descoloração seqüencial de corantes e efluentes têxteis pelos fungos

utilizando agitação para maior homogeneização da mistura reacional e

eficiência na descoloração;

??Avaliar diferentes condições de utilização da enzima lacase, como a utilização

da enzima imobilizada e a utilização de compostos mediadores;

??Avaliar a descoloração de corantes por fungos ligninolíticos, e pelas enzimas

purificadas dos mesmos, em escala semi-piloto, considerando os custos do

processo.

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CAPÍTULO 7

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABADULLA, E., TZANOV, T., COSTA, S., et al., 2000, “Decolorization and

detoxification of Textile Dyes with a Laccase from Trametes hirsuta”, Applied and

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ANEXOS

ANEXO I - DETERMINAÇÃO DE DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO POR

MICRO MÉTODO (APHA, 1995)

Reagentes

a) Solução Oxidante:

Dissolver em 500 mL de água destilada 10,216 g de K2Cr2O7, previamente seco à

1030C por 2 h, 33,3 g de HgSO4 e adicionar 167 mL de H2SO4 concentrado. Dissolver,

esperar esfriar e após, completar o volume de 1000 mL com água destilada.

b) Solução Catalítica

Dissolver 10 gramas de Sulfato de Prata (Ag2SO4) em 1 litro de ácido Sulfúrico

(H2SO4) concentrado.

c) Solução padrão

Pesar 0,8509 g de Biftalato de Potássio P.A. (C8H5KO4) seco em estufa à 1000C por

2 horas e dissolver em água destilada, logo após completar o volume a 1000 mL. Esta

solução corresponde a uma concentração de 1000 mg de O2 / L.

Procedimento:

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Anexos ________________________________________________________________

66

Preparação da curva de calibração:

Preparar uma série de soluções padrões de 100 a 700 mg de O2/L a partir da solução

padrão de acordo com a Tabela 1.

Tabela 1 - Série de soluções padrões de 100 a 700 mg de O2/L a partir da

solução padrão

Volume da solução padrão a

elevar a 100 mL

Concentração (mg de O2 / L)

10 100

20 200

30 300

40 400

50 500

60 600

70 700

Conhecida a concentração de oxigênio a ser oxidado em cada amostra, fazer o

procedimento abaixo para cada solução e determinar a absorbância para solução e construir

uma reta de calibração. O branco é preparado substituindo-se a amostra por água destilada.

Determinação da DQO:

Colocar em tubos de oxidação 1,5 mL de solução oxidante; 2,5 mL da amostra

(DQO menor que 600 mg de O2 / L); 3,5 mL de solução catálise. Fechar e agitar. Colocar

no reator (COD – REACTOR HACH) à 1500C durante duas horas. Ler a absorbância a 620

nm após ligeiro resfriamento. Ler a curva de calibração e determinar a concentração de

oxigênio necessário para oxidar a amostra.

Obs.: Se a amostra contiver íons Cl-, a leitura deve ser realizada a quente, pois os

íons Cl- precipitam com a prata, a frio, interferindo na leitura.

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Anexos ________________________________________________________________

67

ANEXO II - DETERMINAÇÃO DE ATIVIDADE ENZIMÁTICA

Lignina peroxidase

A atividade da lignina peroxidase (LiP) foi determinada pela oxidação do álcool

veratrílico a aldeído veratrílico (?310 = 9 300 M-1cm-1), a 37oC, segundo metodologia

modificada de TIEN & KIRK (1983). A mistura reacional foi composta de 0,50 mL de

meio de cultivo filtrado, 0,75 mL de tampão tartarato de sódio 0,5 mM pH 3,0, 0,25 mL de

álcool veratrílico 4 mM, 0,10 mL de peróxido de hidrogênio 10 mM. O aparecimento do

aldeído veratrílico foi determinado por meio da leitura de absorbância após 5 minutos em

310 nm. Utilizou-se como branco, para leitura de absorbância, o mesmo meio reacional

contendo meio de cultivo fervido por 15 minutos. Uma unidade de LiP correspondeu à

quantidade da enzima que oxidou 1,0 µmol de álcool veratrílico por minuto e por mL de

meio de cultivo.

Manganês peroxidase

A atividade da enzima manganês peroxidase foi determinada, segundo metodologia

modificada de RODRÍGUEZ et al. (1999), pela oxidação de sulfato de manganês, a

temperatura ambiente. O meio reacional continha 0,60 mL de tampão malonato de sódio

50 mM pH 4,5, 1,20 mL de meio de cultivo filtrado, 0,60 mL de sulfato de manganês 4,5

mM e 0,30 peróxido de hidrogênio 9 mM. A absorbância foi medida após 5 minutos em

270 nm. Utilizou-se como branco, para leitura de absorbância, o mesmo meio reacional

contendo meio de cultivo fervido por 15 minutos. Uma unidade de MnP correspondeu à

quantidade da enzima que oxidou 1,0 µmol de sulfato de manganês por minuto e por mL

de meio de cultivo (?270 = 11 590 M-1cm-1).

Lacase

A atividade da lacase foi determinada, segundo metodologia modificada de

SOUZA et al. (2002), pela oxidação de siringaldazina a sua forma quinona (?525 = 65 000

M-1cm-1), a 50oC, em meio reacional contendo 1,40 mL de tampão fosfato de potássio 0,1

mM pH 6,5, 0,20 mL de siringaldazina 0,5 mM (em etanol 100%) e 0,20 mL de meio de

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Anexos ________________________________________________________________

68

cultivo filtrado. Após 5 minutos, mediu-se a absorbância em 252 nm. Utilizou-se como

branco, para leitura de absorbância, o mesmo meio reacional contendo meio de cultivo

fervido por 15 minutos. Uma unidade de lacase correspondeu à quantidade da enzima que

oxidou 1,0 µmol de siringaldazina por minuto e por mL de meio de cultivo.

Cálculo da atividade enzimática

Uma unidade enzimática foi definida como a quantidade de enzima capaz de oxidar

1,0 µmol de substrato por minuto e por L de meio de cultivo filtrado, de acordo com a

equação II.1.

(Eq. II.1)

? Abs = diferença entre a leitura de absorbância do meio reacional contendo enzima

ativa e o branco.

? = comprimento de onda de máxima absorbância do produto resultante da

oxidação do substrato

Va = volume da amostra (mL)

Vt = volume total do meio reacional (mL)

d = fator de diluição

e = absortividade molar do produto resultante da oxidação do substrato (M-1cm-1)

I = caminho óptico (cm)

t = tempo de reação (min)

610**)/(tIVdVAbsLUAtividade

a

t

??????

?

?

?

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