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Desde a sua fundação, em 1995, o Instituto “O Direito por ... · Homenagem ao Professor Leonardo Boff A voz corajosa e suave da Ética Ambiental Existem aqueles que imaginam poder

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  • Desde a sua fundao, em 1995, o Instituto O Direito por um Planeta Verde cumpre um papel fundamental nodesenvolvimento e consolidao do Direito Ambiental brasileiro. Nesse perodo, o Instituto teve importante participaona elaborao das leis e normas ambientais aprovadas pelo Congresso Nacional e pelo CONAMA Conselho Nacionaldo MeioAmbiente. Reunindo renomados especialistas do pas, o Instituto edita a conhecida Revista de DireitoAmbientale realiza cursos em todas as regies do pas. Pelo seu trabalho srio e dedicao, tornou-se uma referncia nacional einternacional.

    O Instituto O Direito por um Planeta Verde a maior e mais conhecida instituio jurdico-ambiental do Brasil. Integradopor especialistas de todo o pas, muitos deles professores das melhores universidades brasileiras, o Instituto em poucosanos se transformou em ator indispensvel e sempre presente nos grandes debates ambientais, tanto no Parlamento,como na academia. Seja propondo inovaes legislativas, como a Lei dos Crimes contra o MeioAmbiente de 1998, sejaopondo-se s tentativas de enfraquecimento das leis existentes, o Instituto, pela sua credibilidade cientfica eacadmica, virou ponto de apoio para todos aqueles que se preocupam com a nossa ameaada biodiversidade.

    O Brasil conta hoje com uma das mais avanadas legislaes ambientais do mundo. Por outro lado, publica-se maissobre Direito Ambiental aqui do que em todos os pases da Amrica Latina somados. No obstante tantos avanos,continua a degradao dos nossos recursos naturais. Nesse contexto de boa lei e cumprimento insuficiente, o trabalhodo Instituto O Direito por um Planeta Verde imprescindvel. Responsvel por muito do que h de bom no DireitoAmbiental brasileiro, o Instituto, pela excelncia de seu trabalho, sempre encontra as portas abertas por onde passa. Foia primeira instituio brasileira a abordar o tema da implementao ambiental. E, mais recentemente, foi tambmpioneira ao iniciar um Projeto Piloto sobre indicadores de implementao ambiental. O Brasil deve muito aos membrosdo Instituto O Direito por um Planeta Verde.

    Since it was founded in 1995, the Law for a Green Planet Institute has played a fundamental role in the development andconsolidation of Brazilian environmental law. In this period, the Institute has participated in the drafting of environmentallaws and regulations enacted by the National Congress and the National Council on the Environment. Bringing togetherrenowned Brazilian experts, the Institute publishes the prestigious Revista de Direito Ambiental (Journal ofEnvironmental Law) and conducts capacity-building programs in all regions of the country. Due to its serious anddedicated work, the Institute has become a national and international reference in the field of Environmental Law.

    The Law for a Green Planet Institute is the largest and best known legal-environmental think tank in Brazil. Withmembers from the entire country, many of them professors at leading Brazilian universities, the Institute in only a fewyears has been transformed into an indispensable and always-present participant in the great environmental debates ofour country, as often in Parliament as in the academy. At times proposing legislative innovations, such as the Crimesagainst the Environment Act of 1998, or at times opposing efforts to weaken existing environmental laws, the Institute with its academic and scientific credibility has become a resource for all those who are worried about our endangeredbiodiversity.

    Brazil today has some of the most advanced environmental legislation in the world. And we publish more onEnvironmental Law than in all the countries of Latin America combined. Despite such progress, the degradation of ournatural resources continues. In this context of good law and insufficient implementation, the work of the Law for a GreenPlanet Institute is crucial. Responsible for much of what is good about Brazilian environmental law, the Institute, becauseof its excellent reputation, always finds doors open to it. Green Planet was the first Brazilian institution to study thetheme of implementation of environmental legislation. And, more recently, it was again a pioneer in initiating a PilotProject on environmental compliance and enforcement indicators. Brazil owes much to the members of the Law for aGreen Planet Institute.

    Senadora Marina SilvaEx-Ministra do Meio Ambiente

    Deputado Jos Sarney FilhoEx-Ministro do Meio Ambiente

    Jos Carlos CarvalhoEx-Ministro do Meio Ambiente

    Senator Marina SilvaFormer Minister of the Environment

    Congressman Jos Sarney FilhoFormer Minister of the Environment

    Jos Carlos CarvalhoFormer Minister of the Environment

    apoio grfico

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  • Dados Internacionais de Catalogao na PublicaoBiblioteca do Ministrio Pblico do Estado de So Paulo

    Congresso Internacional de Direito Ambiental (14.: 2010 : So Paulo, SP) C76m Florestas, mudanas climticas e servios ecolgicos / coords. Antonio

    Herman Benjamin, Carlos Teodoro Irigaray, Eladio Lecey, Slvia Cappelli. So Paulo : Imprensa Oficial do Estado de So Paulo, 2010.

    2v.

    Co-patrocnio: Instituto O Direito por um Planeta Verde Trabalhos apresentados no 14. Congresso Internacional de Direito Ambiental, 15. Congresso Brasileiro de Direito Ambiental, 5. Congresso de Estudantes de Direito Ambiental, 5. Congresso de Direito Ambiental dos Pases de Lngua Portuguesa e Espanhola, realizados em So Paulo de 22 a 26 de maio de 2010

    1. Direito ambiental Congresso internacional. I. Benjamin, Antonio Herman de Vasconcelos e, coord. II. Irigaray, Carlos Teodoro Jos Hugueney, coord. III. Lecey, Eladio, coord. IV. Cappelli, Slvia, coord. V. Instituto O Direito por um Planeta Verde. VI. Ttulo.

    CDU 349.6(100)(063)

    Criao de Capa: Armando de Lima Sardinha

    Cover Designer: Armando de Lima Sardinha

    Miolo em papel 100% reciclado (Papel Reciclato da Suzano)Pages printed on 100% recycled paper (Reciclato Suzano Paper)

    Coordenadores Cientficos/Academic CoordinatorsAntonio Herman Benjamin

    Carlos Teodoro IrigarayEladio Lecey

    Slvia Cappelli

    Comisso de Organizao do 15 Congresso Brasileiro de Direito AmbientalSteering Commitee of 15th Brazilian Conference on Environmental LawAnnelise Monteiro Steigleder, Carlos Teodoro Jos Hugueney Irigaray,

    Cristina Godoy de Arajo Freitas, Eladio Lecey, Jos Carlos Meloni Scoli, Jos Eduardo Ismael Lutti, Jos Rubens Morato Leite, Mrcia Dieguez Leuzinguer,

    Paulo de Tarso Siqueira Abro, Patryck de Araujo Ayala, Rogrio Hetmanek, Rogrio Portanova, Slvia Cappelli, Vansca Buzelato Prestes

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  • SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DE SO PAULO

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  • www.imprensaoficial.com.br/livraria

    RazesValdir Cruz

    H neste livro mais do que

    paixo, h f, obsesso. As

    rvores se mostram como so

    realmente, ligao entre terra

    (razes) e cu e luz (galhos e

    troncos). Na simbologia mais

    primria ela vida, assim como

    a gua. Por que cada povo elege

    uma rvore como divindade?

    Alguns a tm como sagrada.

    o que Valdir Cruz faz aqui,

    querendo que cada um pense

    e decifre e chegue ao cerne, ao

    smbolo das rvores, encontre a

    alma delas e a nossa. Mas que

    se deixe levar, tocar, capturar

    entregues a estas imagens,

    pela ternura dessas nossas

    rvores solitrias, espalhadas,

    esparramadas, soltas, resistentes.

    Igncio de Loyola Brando.

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  • www.imprensaoficial.com.br/livraria

    RazesValdir Cruz

    H neste livro mais do que

    paixo, h f, obsesso. As

    rvores se mostram como so

    realmente, ligao entre terra

    (razes) e cu e luz (galhos e

    troncos). Na simbologia mais

    primria ela vida, assim como

    a gua. Por que cada povo elege

    uma rvore como divindade?

    Alguns a tm como sagrada.

    o que Valdir Cruz faz aqui,

    querendo que cada um pense

    e decifre e chegue ao cerne, ao

    smbolo das rvores, encontre a

    alma delas e a nossa. Mas que

    se deixe levar, tocar, capturar

    entregues a estas imagens,

    pela ternura dessas nossas

    rvores solitrias, espalhadas,

    esparramadas, soltas, resistentes.

    Igncio de Loyola Brando.

    AGRADECIMENTOS

    O Instituto O Direito por um Planeta Verde agradece Procuradoria Geral de Justia de So Paulo pelo apoio ao 14 Congresso Internacional de Direito Ambiental, fazendo-o nas pessoas dos doutores Fernando Grella Vieira (Procurador Geral de Justia), Francisco Stella Jnior, Wilson Alencar Dores, Jorge Luiz Ussier, Eloisa de Sousa Arruda, Cristina Godoy de Arajo Freitas, Jos Eduardo Ismael Lutti e Jos Carlos Meloni Scoli.

    Outras pessoas e instituies contriburam, decisivamente, para o sucesso do evento, cabendo em especial lembrar:

    Governo do Estado de So Paulo (Governador Alberto Goldman; Secretrios Luiz Antnio Guimares Marrey e Francisco Graziano Neto; Humberto Rodrigues da Silva e Joo Germano Bottcher Filho)Superior Tribunal de Justia (Ministro Cesar Asfor Rocha)Ministrio do Meio Ambiente (Izabella Mnica Vieira Teixeira, Maria Ceclia Wey de Brito, Guilherme Estrada Rodrigues e Nilo Srgio de Mello Diniz)Procuradoria Geral da Repblica (Roberto Gurgel e Sandra Cureau)PNUMA - Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (Cristina Montenegro e Andrea Brusco)Tribunal de Justia do Estado de So Paulo (Desembargador Viana Santos)UICN - Comisso de Direito Ambiental (Sheila Abed)INECE - (Durwood Zaelke e Kenneth J. Markowitz) FMO - Fundao Mokiti Okada (Tetsuo Watanabe, Hidenari Hayashi, Mitsuaki Manabe, Hajime Tanaka, Yoshiro Nagae, Rogrio Hetmanek, Agner Bastoni, Luiz Fernando dos Reis, Fernando Augusto de Souza, Jorge Bulhes, Erisson Thompson de Lima Jr, Yugi Yaginuma e Rosana Cavalcanti)Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo (Pedro Ubiratan Escorel de Azevedo e Jaques Lamac)Secretaria da Agricultura do Estado de So Paulo (Antnio Jlio Junqueira de Queiroz)Imprensa Oficial do Estado de So Paulo (Professor Hubert Alqures, Professora Vera Lucia Wey, Teiji Tomioka, Manoel Carlos de Oliveira Novaes, Nanci Roberta da Silva Cheregati, Marli Santos de Jesus, Maria de Ftima Alves Consales, Vanessa Merizzi, Sandra Regina Brazo, Aline Navarro, Ana Lcia Charnyai, Fernanda Buccelli e Solange Aparecida Couto Brianti).Embaixada da Frana no Brasil (Yves Edouard Saint-Geours, Pierre Colombier e Marina Felli)Embaixada e Consulado Geral dos Estados Unidos em So Paulo (Laura Gould, Cezar Borsa, Karla Carneiro e Vera Galante)Conselho Nacional de Procuradores Gerais de Justia (Olympio de S Sotto Maior Neto)

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  • ENM - Escola Nacional da Magistratura (Eladio Lecey)AJUFE - Associao dos Juzes Federais do Brasil (Fernando Cesar Baptista de Mattos)AMB - Associao dos Magistrados Brasileiros (AirtonMozart Valadares Pires)ANPR - Associao Nacional dos Procuradores da Repblica (Antonio Carlos Alpino Bigonha)CONAMP - Associao Nacional dos Membros do Ministrio Pblico (Jos Carlos Consenzo)ABRAMPA - Associao Brasileira do Ministrio Pblico e Meio Ambiente (Jarbas Soares Junior)APMP - Associao Paulista do Ministrio Pblico (Washington Epaminondas Medeiros Barra)AASP - Associao dos Advogados de So Paulo (Fbio Ferreira de Oliveira e Arystbulo de Oliveira Freitas)IPAM - O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaznia (Joo Herbety e Andr Lima)Fundao Moore - Gordon and Betty Moore Foundation (Georgia Pessoa)Escola Superior do Ministrio Pblico da Unio (Rodrigo Janot Monteiro de Barros)Procuradoria Geral de Justia do Rio Grande do Sul (Simone Mariano da Rocha e Delmar Pacheco da Luz)Procuradoria Geral de Justia de Minas Gerais (Alceu Jos Torres Marques)Procuradoria Geral de Justia do Estado do Acre (Sammy Barbosa Lopes)Procuradoria Geral do Estado de Mato Grosso (Dorgival Veras de Carvalho)Procuradoria Geral do Municpio de Porto Alegre (Joo Batista Linck Figueira)Caixa Econmica Federal (Maria Fernanda Ramos Coelho, Antnio Carlos Ferreira e Clauir Luiz Santos)Banco do Brasil (Aldemir Bendine e Orival Grahl)Petrobrs (Jos Srgio Gabrielli, Flavio Torres, Dozin Ramos Filho, Jos Aparecido Barbosa e Adriana de Oliveira Molina) CNI Confederao Nacional das Indstrias (Armando Monteiro Neto e Grace Dalla Pria)Instituto Biolgico de So Paulo (Antonio Batista Filho)Escola Paulista da Magistratura (Pedro Luiz Ricardo Gagliardi)Escola Superior do Ministrio Pblico de So Paulo (Eloisa de Sousa Arruda)Escola Superior da Magistratura do Rio Grande do Sul (Ricardo Pippi Schmidt)Editora Revista dos Tribunais (Antonio Bellinello, Carlos Henrique de Carvalho Filho, Nivia Rocha e Roseli Jonas Cavalcante)UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Claudia Lima Marques)BRASILCON - Instituto Brasileiro de Poltica e Direito do Consumidor (Leonardo Bessa)Polcia Militar Ambiental do Estado de So Paulo (Cel. PM Ronaldo Ramos, Cap. PM Walter Nyakas Junior, Ten. PM Marcelo Robis Francisco Nassaro e Ten. Wlader Eduardo Santos)

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  • Homenagem ao Professor Leonardo BoffA voz corajosa e suave da tica Ambiental

    Existem aqueles que imaginam poder construir, ensinar e aplicar o Direito Ambiental a partir das premissas e da estrutura jurdica do Direito tradicional. Para ns, essa tarefa impossvel ou levar a lugar nenhum. Primeiro, porque o ordenamento jurdico convencional no recepciona ou acomoda facilmente os novos conceitos e categorias jurdicos que o combate crise ambiental requer. Segundo, porque a teoria e sobretudo a prtica dos direitos e obrigaes clssicos so pobres em contedo tico, pelo menos numa perspectiva de tica lastreada na solidariedade com todos os seres vivos.

    Sem tica Ambiental, portanto, no h Direito Ambiental, ou, se houver, no passar de um retoque cosmtico ao velho pensamento jurdico, ele prprio, em boa medida, uma das principais causas da explorao predatria dos recursos ambientais do Planeta.Homenagear o Prof. Leonardo Boff, ento, reconhecer, pela via transversa, essa conexo prxima, inseparvel, entre tica Ambiental e Direito Ambiental. Coube a ele a misso de acordar um Pas despreocupado com valores outros que no aqueles associados prosperidade material e prosperidade material individualista, s custas da degradao da Natureza e da extino de espcies. Os professores universitrios, magistrados, membros do Ministrio Pblico, advogados pblicos e privados, integrantes de rgos ambientais e estudantes que integram o Instituto O Direito por um Planeta Verde, alm de festejar o intelectual extraordinrio que o Prof. Boff, com essa homenagem tm, pois, o propsito de agradecer a grande contribuio que os seus escritos vm dando ao Direito Ambiental brasileiro.

    Como nunca, impe-se ao terico e ao profissional do Direito Ambiental ler Leonardo Boff. De um lado, pelo simples fato, visvel a todos, de que a crise ambiental se agrava em todo o mundo, no obstante a crescente promulgao de leis e criao de rgos especializados. De outro, em razo de que, sutilmente, e por isso mesmo de forma mais perigosa, h o risco de a mesma lex mercatoria, que esgarou a teia humanista dos fundamentos jurdicos de nossa sociedade e resultou em todo tipo de atentado dignidade da pessoa humana, vir tambm a poluir o prprio Direito Ambiental. Aqui e acol aparecem estudos de Direito Ambiental que no passam de pareceres encomendados e bem pagos por grandes degradadores do meio ambiente. Em tais casos, sobretudo quando publicados em livros e revistas especializados, sem uma nota que seja de alerta aos leitores desavisados, o que sucumbe primeiro no o Direito Ambiental, mas a prpria fundao tica que lhe permitiu surgir e desabrochar no inspito meio jurdico tradicional.

    Nessas duas situaes de crise ambiental aparentemente inestancvel e de ruptura do compromisso pessoal com as geraes futuras as lies de Leonardo Boff serviro de apoio tanto aos que acabam de chegar como queles que, j instalados, hesitem, por uma razo ou outra, entre colocar o Direito a servio do lucro do negcio ou da causa da Natureza.

    Antonio Herman BenjaminProfessor, Ministro do Superior Tribunal de Justia e Vice-Presidente da Comisso de Direito Ambiental da UICN

    Carlos Teodoro IrigarayProfessor e Presidente do Instituto O Direito por um Planeta Verde

    Eladio LeceyProfessor, Diretor da Escola Nacional da Magistratura (AMB) e da Escola Brasileira de Poltica e Direito Ambiental

    Sheila AbedProfessora e Presidente do IDEA e da Comisso de Direito Ambiental da UICN

    Slvia CappelliProfessora, Procuradora de Justia (RS)

    Queremos uma justia social que combine com a justia ecolgica. Uma no existe sem a outra (Leonardo Boff)

    L e o n a r d o

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  • CARTA DE SO PAULO13 CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO AMBIENTAL

    SO PAULO, 31 DE MAIO A 04 DE JUNHO DE 2009

    DESAFIOS ATUAIS E FUTUROS DA POLTICA AMBIENTAL BRASILEIRA

    A sociedade passa por duas grandes crises, econmica e ambiental. Ela deve, por isso, se unir sobre princpios ticos para passar por esse momen-to de reconstruo. O mercado no funciona eficazmente apenas com me-canismos de auto-regulao. So necessrias instituies virtuosas para a sua sustentao. A sociedade deve saber atuar de acordo com os limites da prpria natureza. Isso no significa uma perda de liberdade, mas sim uma das maiores formas de liberdade, pois a prpria sociedade que coloca os seus prprios limites.

    DESAFIOS ATUAIS DO DIREITO AMBIENTAL: UMA PERSPECTIVA GLOBAL

    1. Os instrumentos de mercado que estabelecem o sistema de comrcio de emisses de carbono so eficientes, porm necessitam de regulao esta-tal, pois faltam aos instrumentos econmicos requisitos ticos e de eqi-dade. Deve-se ter em mente que o sistema de comrcio de emisses de carbono limitado, pois no abarca todas as emisses de gases de efeito estufa, porm somente o dixido de carbono. Sugere-se a integrao do sistema vermelho (emisses decorrentes do desmatamento e degradao ambiental) ao sistema de comrcio de crditos de carbono, o que poderia ser feito atravs do financiamento do sistema vermelho por vendas e lei-les de permisses de crdito de carbono.

    2. O direito internacional e o direito nacional devem ser utilizados de forma holstica de modo a criar um sistema de instrumentos e mecanismos de controle para lidar com a conservao do patrimnio cultural. As medidas de precauo devem ser aplicadas o mais cedo possvel perante ameaas potenciais, tendo em vista que o patrimnio cultural um recurso no renovvel.

    3. Os furaces esto aumentando em nmero e intensidade e os brasileiros podem no estar a salvo. preciso combinar prticas para o enfrenta-mento de desastres com as ferramentas preventivas do direito ambiental, sempre invocando o princpio da precauo.

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  • 4. importante pensar nos recursos naturais sob o enfoque da doutrina do public trust, entendendo as obrigaes do Estado como sendo de guarda e conservao de um patrimnio que pertence a todos.

    5. A idia trazida pelas clnicas de prtica ambiental preparar a prxima gerao de operadores do direito ambiental para desenvolver novas ferra-mentas capazes de fazer frente a esta nova realidade de desastres naturais com a qual nos deparamos, priorizando a conciliao e no apenas a for-mao de litgios ambientais.

    PATRIMNIO CULTURAL NOS PASES LATINOS

    1. A proteo do patrimnio cultural no Peru: O Peru um pas multicultural, tendo todas as culturas peruanas uma

    relao ntima com o sol. A produo cultural do Peru rica em peas em ouro, alm de outras expresses como a huaqueria. Essas peas so contra-bandeadas para todo o mundo e existem litgios para reav-las.

    Desastres naturais como terremotos, o vandalismo e a urbanizao desre-grada contribuem para o desaparecimento do patrimnio cultural peruano.

    H uma ampla legislao de proteo do patrimnio cultural no Peru. O problema o seu no cumprimento. Nos ltimos anos, o Poder Pblico tem manifestado a necessidade de revalorizar o seu patrimnio, existindo, atualmente, vrias instituies empreendendo esforos nesse sentido.

    2. O patrimnio cultural e a sua importncia para o turismo em Moambique: A Constituio de Moambique consagra a responsabilidade do Poder Pbli-

    co para a proteo dos bens culturais e para o desenvolvimento da cultura. Mesmo com os problemas decorrentes de um Estado recentemente inde-

    pendente, que demanda outras prioridades sociais, a legislao editada a partir da independncia busca conferir proteo do patrimnio cultural moambicano.

    A lei de turismo tem grande preocupao com a proteo do meio am-biente e do patrimnio cultural para a promoo do desenvolvimento sus-tentvel. Moambique atrai o turismo internacional apresentando grande vocao para o desenvolvimento. No entanto, para que isso acontea, necessrio a concertao entre o Poder Pblico e os setores financiadores, alm de uma constante sistematizao da legislao.

    3. A defesa do patrimnio cultural sob a perspectiva da magistratura argentina: anlise de jurisprudncia:

    O patrimnio cultural, juntamente com o patrimnio natural, o que con-fere identidade a determinado povo. O patrimnio cultural toda forma

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  • de vida de um povo e sua preservao representa a sua memria histrica. No caso de danos ao patrimnio cultural, a jurisprudncia analisa os

    danos coletivos e morais. Devido carncia provocada pelos limites da proteo poltica pelo Poder Pblico, confere-se a titularidade queles que so os destinatrios do uso dos bens de interesse difuso para deman-dar a sua proteo.

    As municipalidades so titulares do direito de ao para a proteo de interesses difusos decorrentes de danos ao patrimnio cultural, podendo demandar por danos morais.

    4. Proteo do entorno de bens culturais: A finalidade do art. 18 do DL 25/37 a proteo da ambincia do entor-

    no do bem tombado. A proteo do entorno deve ser considerada desde o momento da instituio do tombamento provisrio em decorrncia do art. 10 do DL 25/37. A vizinhana deve estar em harmonia com o bem. O fato de o bairro estar degradado no significa que este no possa vir a ser restaurado e a ambincia recuperada.

    MUDANAS CLIMTICAS NA AMRICA LATINA

    1. A precariedade do Direito Internacional Pblico frente s conseqncias da mudana climtica:

    O aquecimento global e o conseqente aumento do nvel do mar podem produzir efeitos no ambiente que incidem em modificaes territoriais dos Estados, notadamente, o desaparecimento de Estados Ilhas. A de-sertificao, outro possvel efeito das mudanas climticas, pode gerar conflitos pelo uso da gua. Por outro lado, a ordem jurdica internacio-nal afetada pela dicotomia existente entre o direito ao desenvolvimen-to dos Estados emergentes e o consumo energtico que eles necessitam para o seu prprio desenvolvimento, ainda que dentro da idia de desen-volvimento sustentvel. Finalmente, surge o refugiado ambiental, que necessita de definio e proteo, mas para o qual o Direito Internacio-nal ainda apresenta poucas respostas.

    2. As mudanas climticas e legislao brasileira: algumas concluses do proje-to Mudanas climticas nos pases amaznicos:

    Um marco normativo geral sobre mudanas climticas importante, mas no imprescindvel para a utilizao de instrumentos j existentes. necessrio, antes de tudo, uma releitura dos instrumentos e medidas j existentes, a partir da considerao da varivel climtica. O aquecimento global e as mudanas climticas dele decorrentes constituem um novo e relevante argumento para reforar as normas de proteo florestal.

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  • 3. Programa Brasileiro de Mudana Climtica: O Programa Brasileiro de Mudana Climtica foi concebido pela Comisso

    Interministerial sobre Mudana do Clima, criada pelo Decreto 6263/2007. Tal diploma legislativo estabeleceu processos de consulta pblica para garantir a transparncia do Plano de Mudana do Clima. No Programa constam as oportunidades de mitigao, os impactos, vulnerabilidades e adaptao, a pesquisa e o desenvolvimento, a educao, a capacitao e a comunicao e os instrumentos para a implementao das aes. Especial referncia deve ser feita insuficincia dos instrumentos legais previstos para a implementao do plano, assim como inconsistncias entre o Plano de Mudanas Climticas e outros instrumentos de planejamento, como o Plano de Acelerao do Crescimento (PAC).

    4. Pagamento por servios ambientais na Costa Rica: O pagamento por servios ambientais um mecanismo, reconhecido pelo

    Estado, que remunera os proprietrios ou possuidores de florestas pelos servios ambientais produzidos, incidindo na melhor qualidade do meio ambiente. O financiamento realizado pelo imposto seletivo pelo consumo de hidrocarburantes, pela taxa incidente sobre o aproveitamento de gua potvel, por doaes e pela participao de empresa privada. O instru-mento possui, ainda, debilidades, especialmente diante da inexistncia de metodologia especfica para medir e monitorar os servios proporciona-dos, a exemplo do aumento da biodiversidade e da diminuio da pobreza e diante de carncias materiais e humanas para realizar uma fiscalizao adequada.

    O DIREITO AMBIENTAL DAS CIDADES TICA DA CIDADE E CIDADE DA TICA

    1. O no tratamento adequado dos resduos domsticos gera desperdcio de materiais reciclveis e de recursos pblicos, em funo dos altos custos da gesto dos resduos, alm da no valorizao do trabalho dos catadores.

    A sociedade deve cobrar a inverso da lgica na gesto dos resduos, desenvolvendo a poltica do no desperdcio da matria-prima e da destinao adequada dos resduos. Essa inverso de lgica deve ocorrer atravs da implantao de polticas pblicas que considerem a partici-pao do catador enquanto prestador de servios na recuperao dos resduos, no o reconhecendo apenas como destinatrio de polticas as-sistencialistas.

    2. Uma percepo do desenvolvimento das cidades passa pela anlise do se-guinte questionamento: a cidade cresce como resultado de um crescimento

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  • econmico ou causa do crescimento econmico? Atualmente, observa-se que o espao urbano organiza-se de modo voltado ao consumo.

    necessria uma poltica governamental baseada numa legislao voltada para a melhoria do con-viver, isto , o viver com o outro. Esta legislao seria o Estatuto da Cidade. No entanto, esse instrumento no traz mecanis-mos para controlar a excluso, de quais so exemplos as favelas e os condo-mnios de luxo. Idealmente, a poltica urbana deveria propiciar o reajusta-mento e o reencontro do ser humano.

    3. H diversos instrumentos para a gesto do risco urbano-ambiental, como, por exemplo, o plano diretor, zoneamento ambiental, cdigo de obras do-tado de sensibilidade ambiental, estudo prvio de impacto de vizinhana e o licenciamento ambiental.

    H uma irresponsabilidade organizada quando criamos normas aqum das necessidades de um determinado espao. Assim, para gerir adequa-damente as questes do risco urbano-ambiental importante a adoo de uma responsabilidade compartilhada em relao qualidade devida ao futuro da cidade.

    4. Um dos grandes desafios da urbanizao diz respeito ao padro de consu-mo, que extrapola os limites territoriais da cidade. O processo de urbani-zao gera impactos que transcendem os limites da cidade, especialmente quando se busca insumos em reas diversas para manter o espao urbano.

    As administraes locais tm alcanado resultados positivos nas questes de planejamento, desde que haja boa vontade e recursos financeiros. No mbito global, porm, necessrio todo um processo de reestruturao promovido por mudanas tecnolgicas.

    5. A cidade o lugar, por excelncia, de efetivao dos direitos humanos, sendo, para tanto, muito importante a participao da comunidade. A qualidade de vida influenciada pela questo econmica, mas esta no determinante daquela. essencial que haja um equilbrio dos recursos para se alcanar essa qualidade almejada.

    A cidade deve ser pensada local e globalmente. A diminuio de riscos e a avaliao de possibilidades viveis a um determinado panorama exigem as duas abordagens, de percepo da cidade enquanto ncleo local e en-quanto agente multiplicador de experincias, podendo alcanar bem-estar global.

    Falta, ainda hoje, uma ligao mais evidente entre o direito ambiental e o direito social. O combate degradao ambiental deve ocorrer de modo simultneo persecuo aos direitos fundamentais sociais.

    De modo a possibilitar a tutela integral da dignidade humana no se pode

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  • fragmentar os direitos fundamentais. Nesse sentido, a preservao ambien-tal e o direito moradia devem ser compatibilizados, a garantia de um no pode ocorrer em detrimento do outro.A legitimidade do poder judicirio para intervir em polticas pblicas surge diante da omisso ou da atuao insuficiente do administrador pblico ou do legislador. A existncia dessa legitimidade s poder ser avaliada no caso concreto, quando o mnimo de qualidade de vida no estiver sendo garantido.

    DIREITO CIDADE SUSTENTVEL: CONCEITOS FUNDAMENTAIS

    1. Ainda h, no dia-a-dia, contrariedade flagrante s boas prticas ambien-tais nas cidades, principalmente por parte dos governantes. H, infeliz-mente, pouca ou nenhuma utilizao e aplicao do Estatuto da Cidade na elaborao dos espaos pblicos.

    2. Os problemas urbanos devem ser divididos entre todos os moradores, to-dos devem se preocupar e se envolver na sua resoluo. O direito urbans-tico existe, porm ele no objeto de estudo sistemtico pela academia.

    3. O objeto protegido na ordem urbana a qualidade de vida. A qualidade de vida no implica apenas na qualidade dos servios pblicos, mas tambm na qualidade dos recursos naturais. Assim, compreende-se a qualidade do meio ambiente urbano, conceito amplo que engloba a qualidade de todos os aspectos da vida, ou seja, a vida na cidade com qualidade.

    O acesso a qualidade de vida no espao urbano deve ocorrer de forma isonmica, pois as cidades so resultado de uma deciso pblica, processo de deciso do qual participam o Poder Pblico e a coletividade, com o fim ltimo de produzir a qualidade de vida para todos.

    4. A ocupao do espao urbano se faz marcada pelo dficit habitacional, pela m qualidade dos servios urbanos, pela degradao dos recursos na-turais, pelo aparecimento de um Estado paralelo instalado nas favelas, pela inoperncia do Poder Pblico e pela violncia mtua nas relaes in-terpessoais na cidade. Deve-se ter como objetivo tornar efetivo o Estatuto da Cidade e todos os seus instrumentos que visam orientar a expanso urbana.

    5. Deve-se buscar o direito cidade democrtica, incluindo todos os direi-tos articulados, que compem a qualidade de vida. A paisagem urbana deve ser reconhecida como patrimnio pblico, concretizando o direito paisagem.

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  • 6. Governana envolve identificar quem e como so tomadas as decises so-bre as polticas urbanas. H grandes dificuldades no equacionamento de problemas urbanos em cidades conurbadas, onde ocorre, por exemplo, o recolhimento de resduos em um municpio e a deposio em outro.

    FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO AMBIENTAL DA CIDADE

    1. H grande dificuldade em definir os limites e as restries ao direito ci-dade. O direito cidade um direito humano, porm diferente dos direitos fundamentais. Trata-se do direito ao lugar, onde o indivduo se posiciona espacialmente e se exercem todos os outros direitos. J o princpio da proi-bio do retrocesso a garantia de que os direitos e a sua modalidade de exerccio no retrocedam, isto , que o nvel de proteo no seja diminu-do. A sustentabilidade o critrio para definir at onde se pode avanar ou retroceder.

    2. Os municpios que compem as metrpoles no devem ser considerados plenamente autnomos, pois fazem parte de outra realidade espacial. Se-ria interessante a criao de uma autarquia intergovernamental para a sua gesto.

    3. A revitalizao do patrimnio cultural pode servir como meio para ala-vancar a economia da cidade. O Estado desempenha uma importante fun-o nesse aspecto, estabelecendo parcerias com a iniciativa privada para promover a recuperao do espao urbano.

    4. O esgotamento dos recursos ambientais e, conseqentemente, das cida-des, torna necessria a criao de novas polticas pblicas voltadas ao planejamento urbano, o que se coaduna com o atual paradigma de Es-tado Socioambiental, no qual se prope a superao da dicotomia entre o pblico e privado, substituindo a idia de eu para o Estado pela de ns pelo planeta.

    5. A propriedade, tanto a rural quanto a urbana, deve exercer a funo socio-ambiental, conforme previsto na Constituio. O texto constitucional traz princpios que estabelecem a necessidade de se promover o desenvolvimento sustentvel quando do exerccio da funo socioambiental da propriedade.

    6. O objetivo do estudo de impacto de vizinhana harmonizar o urbanismo e o meio ambiente, buscando-se uma cidade sustentvel a partir do plano diretor. No imprescindvel uma lei especfica para possibilitar a aplica-o do estudo de impacto de vizinhana, j que o Estatuto da Cidade, no

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  • seu artigo 37, j estabelece os requisitos para a aplicao desse instrumen-to. Esse entendimento, no entanto, no pacfico.

    AO CIVIL PBLICA NO DIREITO AMBIENTAL DAS CIDADES

    1. O meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado bem de todos e, por isso, no admite relao de dominialidade. A expresso todos, empre-gada no art. 225 da Constituio, abrangente, no se restringindo aos limites do territrio brasileiro.

    2. O projeto de lei da ao civil pblica pretende ser uma norma processual mestra para o processo civil coletivo. Nesse diploma legal se prope a pos-sibilidade de alterar os pedidos e as partes at o julgamento da ao. Da mesma forma, os meios executivos so fungveis, cumulativos e sucessivos, podendo ser alterados caso no se mostrem efetivos. De acordo com o projeto de lei, nenhuma ao civil pblica poder ser extinta por falta de alguma das condies da ao, nem mesmo no Supremo Tribunal Federal, sendo sempre possvel a sanao do vcio. A eventual condenao pecu-niria, de acordo com o projeto de lei, ter seu destino deliberado pela comunidade afetada pelo dano. Trata-se, essencialmente, de um projeto de lei voltado para a sociedade e no para o Ministrio Pblico.

    3. No possvel converter o direito de ao em dever de ao para o parti-cular. O demandismo insufla a coletividade, o que vem em detrimento paz social. Numa viso reducionista de acesso justia, o Poder Judicirio s tem a ganhar se ficar com as causas realmente complexas, transcenden-tes e as que no possam ser resolvidas por outras vias. As solues consen-suais sempre geram uma predisposio espiritual para cumprir as medidas pactuadas, enquanto que nas decises condenatrias o vencido pode no restar convencido e continuar resistindo.

    RESDUOS SLIDOS URBANOS E SANEAMENTO AMBIENTAL

    1. A tica aplicada reflete sobre problemas morais, sociais e jurdicos em certas reas do desenvolvimento cientfico, com participao de grupos e pessoas com interesses compartilhados. Posturas ticas s podem ser de-finidas mediante o debate, o dilogo e a discusso. A falta de saneamento est ligada ineficcia dos direitos fundamentais sade, ao meio ambien-te equilibrado e vida digna.

    2. A palavra contrapartida significa dar algo em troca de algum benefcio. Os fundamentos da contrapartida so: a funo social da propriedade, o

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  • princpio do poluidor-pagador, a motivao no interesse pblico, transpa-rncia e publicidade e participao democrtica.

    3. A Unio Europia se ope a diversas medidas brasileiras no tocante aos pneus reformados, como, por exemplo, o banimento da importao de pneus reformados, a multa sobre a importao de pneus reformados, a iseno de proibio da importao de pneus reformados do MERCO-SUL. O Brasil foi escolhido pela Unio Europia pelos seguintes motivos: descarte de 40 milhes de pneus por ano, importao de pneus reformados pelo Brasil para o seu segundo e ltimo ciclo e registro da entrada de quase 10 milhes de unidades de pneus usados em 2005.

    4. Existem diversas modalidades de saneamento como, por exemplo: abas-tecimento de gua, esgotamento sanitrio, desenvolvimento institucional, saneamento integrado e manejo de resduos slidos. Quando da anlise tcnica do projeto, so observados quatro aspectos: a engenharia, os as-pectos jurdicos, a viabilidade econmico-financeira e a social.

    5. Das 168.500 toneladas de resduos slidos que so gerados no Brasil, ape-nas 141 mil toneladas so coletadas. Deste grupo, apenas 31% so tratados. Observa-se que, na verso preliminar do projeto de lei da poltica nacio-nal de resduos slidos, vislumbra-se o princpio do protetor-recebedor e privilegiam-se os planos de gerenciamento e o licenciamento dos resduos slidos, como forma de conciliar reclamos da indstria quanto logstica e aos incentivos na gesto, entre outras.

    6. O progresso econmico contemporneo marcado pelo consumo como estilo de vida, sendo a atividade produtiva integrada ao consumo, criando e inventando novas necessidades de consumo. Diante desse cenrio, desta-cam-se a exigncia contempornea de necessidade de proteger e defender o meio ambiente, exigindo uma reviso da conduta humana, a prudncia do consumidor na escolha de bens e servios prejudiciais ao meio ambiente e a observncia do princpio da precauo.

    ESTATUTO DA CIDADE, PLANOS DIRETORES E MEIO AMBIENTE

    1. A metodologia utilizada pela CEF para a avaliao ambiental de terre-nos com potencial de contaminao visa a prevenir riscos ambientais, principalmente atravs da identificao e da avaliao o nvel e poten-cial de contaminao. Sendo encontrados indcios de contaminao, o terreno classificado como rea potencialmente contaminada e o caso

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  • encaminhado ao rgo ambiental competente. Sendo constatada a con-taminao do terreno, pode ser feita a revitalizao do terreno, de modo a possibilitar o seu uso pblico.

    2. No que tange s unidades de conservao, o planejamento urbano deve ser realizado em junto com a anlise de legislaes municipais. Os planos diretores so, ainda, a forma mais eficiente de planejamento ambiental.

    3. necessria uma reformulao do direito administrativo, de modo a tor-n-lo mais adequado para tratar sobre questes ambientais e urbansticas.

    4. O estudo de impacto de vizinhana um excelente instrumento para a concesso de licenas urbansticas, sendo a lei municipal responsvel pela definio dos casos e atividades que se sujeitaro ao EIV.

    REGULARIZAO FUNDIRIA

    1. O problema das ocupaes de reas de preservao ambiental tem origem social, sendo invivel a simples remoo das moradias irregulares. As so-lues tm sido pensadas pelo Ministrio das Cidades em trs frentes: (a) garantia da moradia (com acesso terra urbanizada, auxlio produo de moradias e aluguel social; (b) urbanizao e regularizao dos assenta-mentos precrios; (c) reviso da legislao ambiental urbana. Necessria a remoo de obstculos legais, com a flexibilizao e padronizao de procedimentos para a obteno de ttulo e registro.

    2. A ocupao e a explorao de terras amaznicas do-se, primordialmente, s margens do Amazonas e demais rios de grande dimenso, tendo gran-de influncia no desenvolvimento da regio. No entanto, essas atividades trazem consigo a degradao ambiental, inclusive pela ineficincia de pro-jetos decorrentes do desconhecimento das peculiaridades regionais, da aglomerao urbana no planejada e da especulao fundiria, alm da dificuldade de acesso e ausncia de infra-estrutura. A soluo para esses problemas exige, necessariamente, o estabelecimento de polticas agro-am-bientais para promover um desenvolvimento sustentvel.

    3. Existe uma tendncia regularizao em reas de preservao permanen-te. Neste sentido foi editada a MP n. 459-09, com contedo mais flexvel e preocupante, que revogou a Resoluo CONAMA n. 369, pois hierar-quicamente superior e superveniente. Embora possvel, em tese, a regula-rizao fundiria de interesse social (no a de interesse especfico) em rea de preservao permanente, deve ela ser feita com muita responsabilidade,

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  • exigindo-se as devidas medidas reparatrias, compensatrias e mitigat-rias, sob pena de responsabilizao civil, criminal e por improbidade ad-ministrativa.

    Um dos caminhos para a facilitao da regularizao o reconhecimento da posse como direito passvel de ser supedneo para o licenciamento am-biental, pois a ausncia da propriedade tem acarretado a impossibilidade de licenciamento e, em decorrncia, a absoluta ausncia de regras para a interveno degradante do ambiente.

    4. A regularizao fundiria em rea de preservao permanente, embora se apresente como problema relevante a ser resolvido, deve ser feita com pla-nejamento e estudos rigorosos para afastar riscos urbansticos e ambien-tais. Na Amaznia, importante a regularizao porque o grande nmero de moradias flutuantes torna difcil o monitoramento das ocupaes. De modo geral, a soluo do problema de moradia e dos problemas ambien-tais deve observar a necessidade de fixao no local onde se encontram as moradias, quando possvel.

    A MP n. 459-09 no revogou a Resoluo CONAMA n. 369, pois os m-bitos de incidncia tm diferenas, sendo uma referente a um projeto espe-cfico, e a outra uma norma de planejamento. A MP tambm no interfere na disciplina estabelecida pela legislao da Mata Atlntica, pois ela es-pecfica, s aplicvel aos remanescentes da Mata Atlntica.

    5. Estabelecidos na Constituio os princpios da funo social da proprie-dade e da cidade, bem como a concentrao das competncias referentes poltica urbana no Municpio, prevendo-se instrumentos de regularizao fundiria no texto constitucional, no Estatuto da Cidade, na MP n. 2220-01 e na Resoluo CONAMA n. 369, deve haver reflexo sobre a forma de realizao da regularizao fundiria e o acerto da aposta na autonomia municipal. Deve ser pensado o papel da Unio e dos Estados, muitas vezes dotados de mais recursos.

    6. Defender a regularizao fundiria no o mesmo que defender novas ocupaes em APP, o que no se deve admitir. O mais importante que exista uma poltica urbana que garanta o acesso terra, pois as ocupaes ilegais existem em funo da insuficiente oferta de terras para a populao de baixa renda.

    H negociaes para inserir no projeto de reforma da lei de parcelamento do solo a previso de que a aprovao de cada empreendimento esteja vinculada criao de habitao de interesse social em proporcionalidade com a dimenso do empreendimento, o que seria um avano.

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  • 7. preocupante, quanto ao contedo da MP 459-09, a extenso regulari-zao de interesse especfico (o foco era de interesse social). Especialmente o art. 63 estende as regras previstas para a regularizao de interesse social para loteamentos em reas pblicas e loteamentos de pessoas com nico imvel, independentemente da renda, o que beneficiar proprietrios de loteamentos de alta renda com estas caractersticas.

    POLUIO NAS CIDADES (SONORA, VISUAL, ELETROMAGNTICA E AR)

    1. Os sistemas de controle legal da tecnologia de telefonia mvel no esto restritos legislao federal, porquanto o problema transcende ques-to das telecomunicaes, matria sobre a qual compete privativamente Unio legislar (art. 22, inc. IV, da CF), atingindo a proteo e defesa da sade e do meio ambiente (matrias de competncia legislativa comum entre Unio, estados e Distrito Federal - art. 24, inc. XII, combinado com art. 30, I e II, da CF) e, segundo entendimento majoritrio, tambm de competncia dos municpios.

    A Lei Federal n. 11.934/09 no ostenta hierarquia superior s leis munici-pais que estabelecem limites mais protetivos sade e ao meio ambiente do que os atualmente preconizados pela ICNIRP.

    2. Mesmo que a implantao de estao de rdio-base no figure no rol do Anexo 1 da Resoluo 237/97 do CONAMA, possvel e aconselh-vel que se exija o respectivo licenciamento ambiental atravs de rgo integrante do SISNAMA, pois a atividade potencialmente poluidora. As ERBs podem causar danos sade, em decorrncia das radiaes no-ionizantes e poluio sonora por elas gerada, bem como causar danos paisagem e segurana das edificaes.

    3. Os conceitos de meio ambiente e de poluio esto positivados no sistema jurdico brasileiro, na lei n. 6938/81. H, na cidade, especificidades que exigem a adaptao desses conceitos, notadamente o de poluio urbana, que envolve a poluio econmica, social, cientfica, espacial, axiolgica e hdrica. As respostas a esses tipos de poluio so distintas.

    O princpio do poluidor-pagador possui trs facetas distintas: a reparao, pela responsabilidade ambiental; a preveno, pelas polticas pblicas am-bientais; e a precauo, pela proibio do uso cientfico incerto.

    Entre incertezas e desafios, temos por seguro o fato de que salutar a ur-gncia da concretude dos efeitos jurdicos do conceito legal de poluio e de seu alcance projetado pelo princpio do poluidor-pagador, notadamen-te, no mbito das cidades.

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  • 4. de competncia do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) a regulamentao dos nveis de emisso de poluentes, o que foi feito atra-vs da resoluo n. 315 de 2002 do CONAMA. Essa resoluo estabelece, de forma flexvel, a reduo dos nveis de enxofre no leo diesel, com vi-gncia apenas a partir de 1 de janeiro de 2009, o que foi resultado de uma negociao travada entre os setores representados no CONAMA. Caberia Agncia Nacional do Petrleo (ANP) estabelecer o nvel de emisso de enxofre, o que, no entanto, no foi feito. Sob presso de diversos setores da sociedade, a ANP editou a resoluo n. 37/2007 regulamentando a ques-to, mas no fixou prazo especfico para a entrada em vigor da mesma, estabelecendo, somente, que a resoluo entraria em vigor no momento em que a logstica nacional de distribuio de combustveis estivesse adequada. Essa resoluo da ANP foi objeto de contestao em sede de ao civil pblica, na qual se demandava sobre a definio do momento em que as novas exigncias relativas ao enxofre no leo diesel entrariam em vigor. Celebrou-se, ao final, termo de ajustamento de conduta, sendo fixado pra-zo at o ano de 2014 para atender s exigncias da resoluo do CONA-MA de 2002, o que causa estranheza, vez que se trata de um ajustamento da conduta do CONAMA s exigncias do poder econmico.

    5. A paisagem urbana harmonizada um direito difuso, relacionando-se di-retamente com a qualidade de vida e com o bem-estar da populao. No entanto, no que tange poluio visual, somente deve ser repelida a in-fluncia nociva e inconveniente, sob pena de inviabilizar certas atividades econmicas.

    A lei paulista da Cidade Limpa tornou-se um modelo no Brasil no combate da poluio visual. Esse diploma legal veda o anncio publicitrio em lo-cais pblicos e privados, visando proteo da paisagem urbana e do meio ambiente cultural e fazendo prevalecer a funo social da propriedade e da cidade.

    Os operadores do direito devem fazer valer os instrumentos jurdicos co-locados disposio e dar o remdio que o meio ambiente artificial e cul-tural merece, em prol da vida e sade das atuais e futuras geraes, pois cerca de 82% da populao brasileira vive no meio urbano e tem o direito irrefutvel ao bem-estar e conforto visual.

    6. A poluio sonora possui caractersticas especiais, o que a distingue dos outros tipos de poluio: no deixa resduos, tem efeito cumulativo, requer pouca quantidade de energia para ser produzida, tem raio de ao peque-no e no transportada atravs de fontes naturais.

    A poluio sonora causa diversos prejuzos, interferindo na comunicao falada, perturbando o sono, impedindo o descanso, a concentrao e a

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  • aprendizagem. Alm disso, ela cria um estado nocivo de cansao e tenso, ao afetar o sistema nervoso e cardiovascular.

    INFRAES PENAIS NO ORDENAMENTO URBANO E PATRIMNIO CULTURAL

    1. O patrimnio cultural e o ordenamento urbano constituem aspectos do meio ambiente, configurando bens jurdicos protegidos diretamente e de forma autnoma. Em razo de suas qualidades, justifica-se a utilizao de elementos normativos e de normas penais em branco.

    O titular do bem dotado de valor cultural ou do solo no edificvel pode-r ser sujeito ativo de tais tipos penais previstos na lei 9605/98. Quando, de uma mesma conduta, forem atingidos bens de valor cultural e outros elementos do meio ambiente, possvel o concurso formal com os crimes previstos nos outros dispositivos da mesma lei. admissvel a responsabili-zao criminal da pessoa jurdica nos crimes contra o patrimnio cultural e o ordenamento urbano, estejam eles previstos ou no na lei n. 9605/98. Possvel a denncia isolada de pessoa jurdica, quando evidenciada a deliberao em seu interesse ou benefcio e no identificada a pessoa fsica.

    2. A legislao penal voltada proteo do ordenamento urbano muito tmida, pois h apenas um tipo penal especfico e que visa tutela to-somente dos aspectos visuais dos monumentos e edificaes. Trata-se do art. 65 da lei n. 9605/98. Nos artigos 62 a 64, essa tutela apenas indireta.

    O crime de loteamento clandestino, previsto no artigo 50 da lei n. 6766/79 (lei do parcelamento do solo urbano) tambm tutela o ordenamento ur-bano.

    3. O ordenamento jurdico brasileiro no est completamente aparelhado para a proteo efetiva do patrimnio cultural. H vrias condutas alta-mente lesivas ao patrimnio cultural que no esto penalmente tipificadas. Por outro lado, h tipos legais que tutelam o patrimnio cultural, mas que esto inutilizadas, a exemplo do art. 48, da LEP.

    A pessoa jurdica pode ser sujeito ativo de crime contra o meio ambiente no tipificado na lei n. 9605/98. Tal concluso extrai-se da interpretao da Constituio e dos artigos 3 e 21 a 23 da lei 9605/98, que constituem um micro-sistema de responsabilizao da pessoa jurdica.

    4. Seria interessante que o projeto de novo Cdigo de Processo Penal previs-se que as organizaes no-governamentais (ONG) pudessem atuar como assistentes de acusao.

    A previso no projeto de novo Cdigo de Processo Penal de que o juiz que atue na fase de investigao estaria impedido de atuar na fase pro-

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  • cessual desnecessria, gerando, igualmente, custos e problemas prticos desnecessrios.

    5. O direito penal deve extrapolar seu mbito tradicional de atuao (direitos in-dividuais indisponveis) e lanar-se na proteo de interesses transindividuais, como o meio ambiente, a ordenao do territrio e o patrimnio cultural.

    O comprometimento da adequada tutela penal do patrimnio cultural de-corre de seu tratamento conjunto com o meio ambiente e a ordenao do territrio. O patrimnio cultural no integra o meio ambiente, vez que este sempre natural e aquele produto do pensar e agir humanos. O mundo natural e o mundo artificial so diferentes e, por isso, merecem tratamentos substancialmente diferentes.

    6. A meno deciso judicial no art. 62, I, da lei n. 9605/98 decorre do dever do Poder Pblico de proteger o patrimnio cultural. Inexistindo discricio-nariedade e atestado o valor cultural do bem, no viola a separao de po-deres a prolao de deciso judicial que obriga o Poder Pblico a cumprir o seu dever.

    7. A garantia de efetividade da tutela penal do patrimnio cultural ainda um caminho a ser trilhado. Inexiste estrutura estatal voltada adequada e efetiva represso dos crimes contra o patrimnio cultural.

    necessria a definio de limites claros entre a Unio, os Estados e os Municpios no que tange o exerccio da competncia concorrente em ma-tria de patrimnio cultural. Alm disso, imprescindvel a definio de critrios para a elaborao de propostas de transao penal para os crimes que a admitem.

    LICENCIAMENTO AMBIENTAL E URBANSTICO

    1. Atualmente, busca-se um licenciamento ambiental voltado para o desenvolvi-mento sustentvel, o qual ser obtido atravs do necessrio aperfeioamento das polticas de desenvolvimento estatais. As discusses sobre licenciamento ambiental devem estar inseridas nas polticas de Estado com relao gesto do territrio.

    Constata-se a falta de critrios para valorao dos impactos ambientais no Brasil e a ausncia de planejamento de territrio em mbito nacional. H possibilidade de implantao de novas medidas compensatrias, fora as pre-vistas na lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservao (SNUC).

    2. A legislao nacional em matria ambiental muito avanada, mas carece de implementao. Para reverter esse quadro, deve-se buscar uma maior

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  • participao social nas tomadas de deciso, resolvendo os problemas am-bientais em um nvel mais prximo do cidado.

    O sistema federativo brasileiro muito bem estruturado, porm consta-ta-se um nvel baixo de municipalizao dos licenciamentos ambientais, com hiperconcentrao de atividades licenciadoras no mbito estatal. Ademais, o ritmo da municipalizao dos licenciamentos extremamente lento, verificando-se a tendncia de o licenciamento ambiental tornar-se um instrumento cartorial.

    Deve-se buscar a transformao dos grandes empreendimentos em veto-res de desenvolvimento para o pas e, tambm, para o local da instala-o, com o conseqente fortalecimento do municpio dentro da federao. Uma alternativa adequada para tanto a implementao de consrcios de municpios visando resoluo de problemas comuns e implantao e desenvolvimento de polticas conjuntas.

    3. Federalismo Brasileiro; municpios interesse local; licena urbanstica e licena ambiental integrada; natureza jurdica da licena ambiental; proce-dimentos para parcelamento do solo.

    4. A cidade de So Paulo, no que concerne o licenciamento ambiental, vem desenvolvendo instrumentos de controle urbanos complexos e abrangen-tes. So exemplos a criao de rgos ambientais locais, a capacitao dos tcnicos (especializao para nova frente de licenciamento) e o desenvolvi-mento de um RIMA objetivo e com linguagem acessvel populao.

    5. O CONAMA, ao legislar sobre a matria ambiental, produz legislao inconstitucional e invlida, apesar de despertar a ateno sobre o tema meio ambiente. H necessidade de licenciamento das obras potencialmen-te impactantes e nos casos que geram dvida. Esses casos dbios devem ser decididos, ponderados, luz do caso concreto. Admite-se o impacto ambiental, desde que haja medidas compensatrias.

    TEMAS CONTEMPORNEOS E AS CIDADES

    1. A proteo da rea de preservao permanente decorre da declarao das reas como de interesse pblico. A conservao das reas e a responsabili-dade sobre eventuais danos independem do domnio da rea.

    O primeiro passo para se alcanar a proteo das reas de preservao permanente em reas urbanas a identificao das reas para que possam ser adotadas polticas efetivas para a proteo do meio ambiente.

    Os instrumentos disposio dos municpios so limitados, o que prejudi-ca a formao de uma conscincia ambiental para a proteo das reas de preservao permanente.

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  • 2. O Cdigo Florestal de 1934 foi o primeiro dispositivo legal a prever a pro-teo das florestas como bens de interesse pblico, devendo ser respeitados os limites previstos na legislao. O Cdigo Florestal declarava a extenso da rea de preservao permanente de apenas cinco metros para o entorno de recursos hdricos. Aps a edio da lei n. 6766/79, as reas de preser-vao permanente existentes passaram a ter quinze metros de extenso, restringindo a edificao no entorno das guas correntes.

    A lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservao revogou o artigo 18 da lei n. 6938/81. No entanto, com a aprovao das resolues n. 302 e n. 303 do CONAMA, foram mantidos os limites das reas de preservao permanente, havendo, inclusive, a necessidade de interveno em obras que no respeitavam o limite de cem metros no entorno de cursos dgua.

    3. A Constituio Alem, muito embora no faa meno expressa prote-o do meio ambiente, reconhece a perspectiva do Estado socioambiental.

    4. As cidades brasileiras ainda no podem ser consideradas sustentveis. Em relao fauna, observa-se a omisso do Estado e dos Municpios na pro-teo dos animais, havendo pouca participao da sociedade nessas ques-tes.

    As zoonoses mais comuns so provocadas especialmente pela falta de con-dies sanitrias e de estrutura dos rgos competentes.

    5. O desastre ocorrido em Santa Catarina est, tambm, relacionado s al-teraes do Cdigo Florestal do Estado. As reas de preservao perma-nente possuem funes estratgicas ao evitarem a eroso no entorno de lagos de hidreltricas. O desrespeito aos limites previstos em lei para a rea de preservao permanente e a ocupao irregular das mesmas agravam ainda mais o impacto de desmoronamentos e ocasionam a morte e a des-truio de casas instaladas na regio.

    TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA

    1. A lei da ao civil pblica (lei n. 7.347/85) se omitiu quanto efic-cia do termo de ajustamento de conduta, remetendo interpretao no sentido de que no h, portanto, qualquer condicionante para sua ocorrncia. A eficcia do termo de ajustamento de conduta ao mesmo tempo imediata e condicional. A sua homologao pelo ou Cmara de Reviso uma condio de eficcia deste ttulo executivo extrajudicial. Todavia, esta condio resolutiva. Desta forma, a eficcia imedia-ta, porm no plena. A eficcia plena somente ser alcanada se o Conselho Superior do Ministrio Pblico homologar o arquivamento

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  • do inqurito civil e, conseqentemente, do termo de ajustamento de conduta, quando ento se afasta o risco do compromisso perder total-mente sua eficcia.

    2. necessrio criar uma ambincia propcia concertao e negociao, tanto pelo rgo pblico, quanto pelos advogados da parte investigada. A negociao no um termo pejorativo e no equivale negociata, signi-ficando sentar com as pessoas que possuem opinies diferentes e dotadas de vontade de conciliao. A negociao, para ser efetiva, deve ser obje-tiva, estabelecendo-se a extenso do dano, as medidas reparatrias suge-ridas, tudo amparado em conhecimentos tcnico-cientficos. Finalmente, o termo de ajustamento de conduta deve ser, evidentemente, exeqvel, com obrigaes claras, lquidas e certas, identificao clara do investigado, representao adequada, tudo para fazer valer a sua funo, de evitar o ajuizamento da ao civil pblica.

    3. No possvel, sob invocao da preveno ou da precauo ambiental, im-pedir que seja feito o licenciamento ambiental, porque a eventual recomen-dao estaria ferindo o pacto federativo, e, portanto, seria exigncia ilcita e desbordada das suas funes constitucionais, atuando como verdadeira coao indevida do agente pblico que teve sua funo usurpada pela in-timidao feita. Dessa forma, a eventual discusso das escolhas feitas pelo administrador polticas pblicas deve ser levada para o Poder Judici-rio, mas no recomendada ou imposta pelo parquet ao sujeito passivo da recomendao. Cabe ao parquet levar para o poder judicirio a discusso e controle das polticas pblicas, mas no ele definir no caso concreto por intermdio das recomendaes.

    4. Pode-se executar a Fazenda Pblica quando ela no consta do termo de ajustamento de conduta, pois o obrigado aquele responsvel pela prtica de atos de seu agente.

    5. No que concerne a efetividade do termo de ajustamento de conduta, observa-se a tendncia de aumento progressivo da quantidade de TACs, com o estabelecimento de regulamentao e disciplina para uniformizar a atuao em procedimentos administrativos. A atuao ministerial passa a ser cada vez mais preventiva do que repressiva, com uma atuao mais global do que pontual (polticas pblicas). H, ainda, necessidade de me-lhor coordenao e cooperao entre os rgos com atuao ambiental e de melhor definio de atribuies e competncias, sendo imprescindvel a regulamentao da destinao ambiental dos valores oriundos de TACs e a fiscalizao da sua utilizao.

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  • 6. O termo de ajustamento de conduta, apesar de sua importncia para a resoluo de problemas ambientais, carente de regulamentao. Afora a sua meno na Lei da Ao Civil Pblica, includa pelo Estatuto da Crian-a e do Adolescente, em 1990, no h outras disposies regulamentando a matria. O grande problema do termo de ajustamento de conduta, por-tanto, que acarreta dvidas e hesitaes nos operadores de direito, a sua deficiente regulamentao.

    7. Termo de ajustamento de conduta tem a sua origem no resgate do passivo ambiental, vocao essa que no se pode esquecer. Esse instrumento apre-senta muitas vantagens em comparao ao civil pblica, notadamente o seu controle, o seu custo diferido e os seus efeitos. No entanto, algumas questes merecem maior ateno e aperfeioamento, como a possibilidade de se trazer para dentro do termo de ajustamento de conduta a questo penal, o que serviria de incentivo celebrao de termos de ajustamento de conduta, e a regulamentao do termo de ajustamento de conduta pre-ventivo, que tenha por objeto o risco de dano ambiental.

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  • CONFERNCIAS / INVITED PAPERS

    01. PAGAMENTO POR SERVIOS AMBIENTAIS: ASPECTOS JURDICOS PARA A SUA APLICAO NO BRASIL Alexandre Altmann .......................................................................................3

    02. DESAFIOS JURDICOS PARA A GOVERNANA SOBRE AS EMISSES DE CO2 POR DESMATAMENTO E A TITULARIDADE DO CARBONO FLORESTAL - Andr Lima ............................................17

    03. OS PROBLEMAS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL E A REFORMA DO INSTRUMENTO - Andrea Vulcanis .......................27

    04. A IMPUTAO DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS ASSOCIADOS S MUDANAS CLIMTICAS Annelise Monteiro Steigleder .......................................................................43

    05. PAGAMENTO POR SERVIOS ECOLGICOS E O EMPREGO DE REDD PARA CONTENO DO DESMATAMENTO NA AMAZNIA - Carlos Teodoro Jos Hugueney Irigaray .............................65

    06. THE CAFO HOTHOUSE:CLIMATE CHANGE, INDUSTRIAL AGRICULTURE AND THE LAW - David N. Cassuro .............................89

    07. MUDANAS CLIMTICAS E AS IMPLICAES JURDICO-PRINCIPIOLGICAS PARA A GESTO DOS DANOS AMBIENTAIS FUTUROS NUMA SOCIEDADE DE RISCO GLOBAL - Dlton Winter de Carvalho ..................................................... 107

    08. MUDANAS CLIMTICAS: A NOVA FRONTEIRA DE EXCLUSO DOS POVOS TRADICIONAIS? - Eliane Moreira ............. 125

    09. AS MUDANAS CLIMTICAS PERANTE O DIREITO Jos Renato Nalini .................................................................................... 143

    10. MUDANAS CLIMTICAS, AGROBIODIVERSIDADE E DIREITO - Juliana Santilli ...................................................................... 161

    11. POLUIDOR E USURIO: FIGURAS DISTINTAS QUE PODEM (DEVEM) ENSEJAR O CMULO OBJETIVO NAS AES CIVIS PBLICAS AMBIENTAIS - Marcelo Abelha Rodrigues ......................... 183

    12. LA PROBLEMTICA ANALIZADA POR LOS TRIBUNALES DE LA REPBLICA ARGENTINA - Mara Cristina Garros Martnez ....... 189

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  • 13. MUDANAS CLIMTICAS NO CONTEXTO AMAZNICO BRASILEIRO: UMA ANLISE DAS TCNICAS NUCLEADORAS DE RESTAURAO AMBIENTAL - Melissa Ely Melo ....................... 213

    14. DIREITO AMBIENTAL DAS MUDANAS CLIMTICAS: NOVOS PARADIGMAS DA ATUAO JUDICIAL - Ney de Barros Bello Filho ................................................................................................. 233

    15. MUDANCAS CLIMTICAS E RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AO MEIO AMBIENTE: DANO E NEXO DE CAUSALIDADE - Patrcia Faga Iglecias Lemos...................................... 247

    16. O DIREITO AMBIENTAL DAS MUDANAS CLIMTICAS: MNIMO EXISTENCIAL ECOLGICO, E PROIBIO DE RETROCESSO NA ORDEM CONSTITUCIONAL BRASILEIRA Patryck de Araujo Ayala............................................................................ 261

    17. OS DESASTRES E A LEGISLAO BRASILEIRA: UMA NECESSRIA REFLEXO COM VISTAS ADAPTAO S MUDANAS CLIMTICAS - Paula Cerski Lavratti e Vansca Buzelato Prestes ........................................................................................ 295

    18. OS DESAFIOS PARA UMA PECURIA MAIS SUSTENTVEL NA AMAZNIA - Paulo Barreto e Daniel Silva ...................................... 317

    19. PSA E REDD NA POLTICA AMBIENTAL ACREANA - Rodrigo Fernandes das Neves e Andr Lima ............................................................ 325

    20. BIOCOMBUSTVEIS NO CONTEXTO DA REGULAO DO RISCO CLIMTICO NO BRASIL - Rmulo Silveira da Rocha Sampaio ......................................................................................... 343

    21. REFLEXES SOBRE O PAPEL DO MINISTRIO PBLICO FRENTE MUDANA CLIMTICA: CONSIDERAES SOBRE A RECUPERAO DAS REAS DE PRESERVAO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL - Slvia Cappelli .................. 361

    22. A RESPONSABILIDADE DO ESTADOPELOS DANOS CAUSADOS S PESSOAS ATINGIDAS PELOS DESASTRES AMBIENTAIS ASSOCIADOS S MUDANAS CLIMTICAS: UMA ANLISE LUZ DOS DEVERES DE PROTEO AMBIENTAL DO ESTADO E DA PROIBIO DE INSUFICINCIA NA TUTELA DO DIREITO FUNDAMENTAL AO AMBIENTE - Tiago Fensterseifer ...................................................... 389

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  • TESES DE PROFISSIONAIS / INDEPENDENT PAPERS

    23. PAGAMENTO POR SERVIOS AMBIENTAIS COMO PROMOTOR DA AGROECOLOGIA E DA SEGURANA ALIMENTAR - Alexandre Altmann e Alindo Butzke ............................... 423

    24. TRATADO DE COOPERAO AMAZNICA: O EQUILBRIO E A HARMONIA ENTRE A PROTEO ECOLGICA E O DESENVOLVIMENTO ECONMICO E O ORDENAMENTO TERRITORIAL - Andiara Flores e Queli Mewius Boch ........................... 435

    25. NEOCONSTITUCIONALISMO E ESTADO DE DIREITO AMBIENTAL: O PAPEL DO JUDICIRIO NA APLICAO DO PRINCPIO DA PRECAUO FRENTE LIBERAO DE ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS Andr Soares Oliveira e Rogrio Silva Portanova ....................................... 451

    26. NANOTECNOLOGIAS E O IN DBIO PRO AMBIENTE: UM OLHAR AMBIENTAL SOBRE OS RISCOS DO EMPREGO DE MATERIAIS COM ESCALA NANOMTRICA - Andr Stringhi Flores e Wilson Engelmann ........................................................................ 469

    27. O REGISTRO DE IMVEIS E A TUTELA DO MEIO AMBIENTE Anelise Grehs Stifelman ............................................................................ 479

    28. NEUTRALIZAO DE CARBONO LUZ DO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: IMPERATIVO DE INTEGRIDADE JURDICO-CLIMTICA - Bruno Kerlakian Sabbag e Miguel Franco Frohlich ......................................................................................... 489

    29. MUDANAS CLIMTICAS NO MUNDO PS-QUIOTO E O POSICIONAMENTO BRASILEIRO - CAROLINA GLADyER RABELO E CARLA LIGUORI.............................................................. 509

    30. O PAPEL DA CIDADANIA AMBIENTAL NA EFETIVIDADE DA TUTELA JURDICA AO MEIO AMBIENTE - Caroline Pires Coriolano, Kerley Mara Barros Cmara de Azevedo e Isabella Faustino Alves ........................................................................................... 519

    31. O SISTEMA BRASILEIRO DE CRIAO INTENSIVA DE ANIMAIS DESTINADOS ALIMENTAO HUMANA LUZ DA CONVENO EUROPEIA SOBRE PROTEO DE ANIMAIS DE CRIAO - Clia Regina Ferrari Faganello Noirtin .......................... 529

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  • 32. DA DISPENSA JUDICIAL DO REQUISITO DE PR-CONSTITUIO PARA O INGRESSO DE AES COLETIVAS AMBIENTAIS POR ASSOCIAES - Christian Reny Gonalves e Silvio Alexandre Fazolli .......................................................................... 543

    33. RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL: ANLISE DA TEORIA DO RISCO LUZ DOS FUNDAMENTOS DA IMPUTAO OBJETIVA DE GNTHER JACKOBS - Clarisse Lindanor Alcntara ................................................................................... 557

    34. ECOLOGIZAO DAS JURISDIES REGIONAIS DE PROTEO DOS DIREITOS HUMANOS: NOVOS ESPAOS DE ACESSO JUSTIA EM MATRIA AMBIENTAL - Fernanda de Salles Cavedon e Francelise Pantoja Diehl ................................................. 569

    35. ACESSO E USO DA BIODIVERSIDADE: A PROTEO JURDICA DA DIVERSIDADE BIOLGICA BRASILEIRA NA CONSECUO DO DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE - Fernanda Matos Badr e Fernanda Miranda Ferreira de Mattos ..................................................................................... 583

    36. BREVE ESTUDO COMPARATIVO SOBRE A PROTEO DO CONHECIMENTO TRADICIONAL INDGENA NO BRASIL E NO PERU - Gabriela de Carvalho Funes ............................................... 597

    37. A CIDADE E AS MUDANAS CLIMTICAS NA PERSCPECTIVA DOS NOVOS DIREITOS - Gabriela Fauth ................ 613

    38. O LICENCIAMENTO AMBIENTAL EM ILHAS FLUVIAIS Geize Aranha de Medeiros, Sarah de Moraes Camacho Carvalho e Tatiana Corra da Silva Fraga ................................................................ 623

    39. A BALANA TERICA DO ESTADO DE DIREITO AMBIENTAL Germana Parente Neiva Belchior ............................................................... 635

    40. AS INCERTEZAS CIENTFICAS E A TEORIA DA PROBABILIDADE NA CONFIGURAO DA RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL - Graziela de Oliveira Khler...................................................................................... 647

    41. ANLISE JURDICA DA VIABILIDADE DE PARQUES MUNICIPAIS MARINHOS NA LEGISLAO BRASILEIRA Jamile Serra Azul, Gil Marcelo Reuss Strenzel e Guilhardes de Jesus Jnior .......................................................................................... 657

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  • 42. MEIO AMBIENTE URBANO E REAS DE RISCO - Jos ngelo Remdio Jnior ......................................................................................... 667

    43. A QUESTO AMBIENTAL INSTITUCIONALIZADA: DO LOCAL AO GLOBAL - Jos Irivaldo A. O. Silva .................................................. 679

    44. CERTIFICAO FLORESTAL COMO INSTRUMENTO DE SUSTENTABILIDADE - Juliana Moraes Frias ...................................... 695

    45. O PRINCPIO DA RESPONSABILIDADE COMUM PORM DIFERENCIADA E A 15 COP DA CONVENO DO CLIMA Karina Mesquita Vieira ............................................................................. 711

    46. O DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO: ARTIGO 225, CAPUT, DA CONSTITUIO FEDERAL DE 1988 - Karine da Silva Duarte ...... 729

    47. A CONSTRUO DO MEGA-EMPREENDIMENTO DO COMPLEXO PORTURIO INDUSTRIAL DO AU E A PRODUO DA INJUSTIA AMBIENTAL EM SO JOO DA BARRA/RJ - Karla Aguiar Kury, Carlos Eduardo de Rezende, Marcos Antonio Pedlowski, Walter Mansilla e Jerry Lamour .................... 747

    48. EXTRAFISCALIDADE TRIBUTRIA E PROTEO AMBIENTAL: A REDUO DA ALQUOTA DO IPI PARA PRODUTOS RECICLADOS UTILIZADOS NO CICLO PRODUTIVO COMO MATRIA-PRIMA, PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL - Leonardo Dias da Cunha ....... 763

    49. O PROCESSO DECISRIO DE IMPLANTAO DE PROJETOS HIDRELTRICOS NO BRASIL. UMA ANLISE CRTICA LUZ DO ESTADO DE DIREITO AMBIENTAL Madalena Junqueira Ayres ........................................................................ 775

    50. ASPECTOS JURDICOS E AMBIENTAIS DA EXTRAO DO PALMITO EuTERPE EDulIs MARTIus POR INDGENAS NA ESTAO ECOLGICA JUREIA-ITATINS, IGUAPE, SP Maria Aparecida Cndido Salles Resende, Valdely Cardoso Brito, Claudio de Moura e Joaquim do Marco Neto ............................................. 791

    51. AMICus CuRIAE COMO INSTRUMENTO PARA A CIDADANIA AMBIENTAL: USO DO INSTITUTO POR ENTIDADES AMBIENTALISTAS E RELATO DA PARTICIPAO FEEC/GPDA NA ADI/STF 4252 (CDIGO AMBIENTAL CATARINENSE) Pery Saraiva Neto e Nicolau Cardoso Neto................................................ 809

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  • 52. O MARCO REGULATRIO DO PETRLEO OFFSHORE, O PR-SAL E A QUESTO AMBIENTAL - Pilar Carolina Villar ..................... 823

    53. A ESTRUTURA DO CDIGO FLORESTAL E UMA PROPOSTA PARA APRIMORAR OS SEUS FUNDAMENTOS - Sergio Ahrens ..... 835

    54. NORMATIZAO DOS CONHECIMENTOS TRADICIONAIS NA PAN-AMAZNIA - Sheilla Borges Dourado .................................... 847

    55. A MEDIAO COMO PROCESSO DIRECIONADOR DA PRECAUO AMBIENTAL - Sidney Rosa da Silva Junior ................... 859

    56. STANDING PARA OS ANIMAIS: UM NOVO DEBATE SOBRE OS INSTRUMENTOS DA SUBSTITUIO E REPRESENTAO PROCESSUAL - Tagore Trajano de Almeida Silva ................................... 875

    57. AO POPULAR: O EFETIVO E AMPLO ACESSO JUSTIA AMBIENTAL NO ESTADO DEMOCRTICO DE DIREITO Tiago Ferreira da Cunha ............................................................................ 889

    58. DIREITO FUNDAMENTAL DE ACESSO GUA POTVEL: UMA PROPOSTA DE CONSTITUCIONALIZAO - Zulmar Fachine Deise Marcelino Silva ............................................................................. 907

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  • Conferncias

    Invited Papers

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  • Book vol-I.indb 2 04/05/10 18:24

  • PAGAMENTO POR SERVIOS AMBIENTAIS: ASPECTOS JURDICOS PARA A SUA

    APLICAO NO BRASIL

    ALEXANDRE ALTMANNProfessor da Universidade de Caxias do Sul UCS

    Pesquisador do Grupo de Pesquisa Pagamento por Servios Ambientais PPGD/UCS

    1. INTRODUO

    Grandes desafios enfrentados pelo Direito Ambiental Brasileiro dizem respeito ao uso do solo. o caso do desmatamento em todos os biomas, da recuperao de reas degradadas e das fontes difusas de poluio. Alm dis-so, outros temas complexos, como a gesto das bacias hidrogrficas e a mu-dana do clima, tambm demandam solues urgentes. Os instrumentos de comando e controle demonstram-se limitados para deter a corrente devasta-o ambiental no pas. E, apesar da avanada legislao repressiva, a lacuna na fiscalizao e a consequente impunidade constituem verdadeiro incentivo negativo para a preservao ambiental. Alm disso, fortes investidas contra a legislao ambiental enfraquecem o Direito Ambiental ptrio ano aps ano.

    Nesse contexto, os instrumentos de incentivo positivo s condutas am-bientalmente desejveis tm recebido grande ateno. Em vista do xito de programas conservacionistas como o da Costa Rica, tramitam no Congresso Nacional diversos projetos de lei que propem a instituio do conceito de servios ambientais no Brasil. De acordo com esse conceito, a natureza presta servios essenciais ao suporte da vida no planeta. No obstante a necessidade do fluxo contnuo desses servios para o bem-estar humano, os ecossistemas que os geram so degradados pelas atividades econmicas em decorrncia de uma falha de mercado: os servios ambientais sempre foram considerados como livres ou gratuitos, ou seja, externalidades.

    A recepo desse conceito pelo Direito positivo ptrio permitiria a concep-o de novos mecanismos de conservao do meio ambiente, especialmente em reas privadas e no tocante ao valor de uso indireto dos ecossistemas. Tal concei-to fez emergir um instrumento capaz de operacionalizar os incentivos positivos para a preservao: o Pagamento por Servios Ambientais (PSA). O PSA obje-tiva a correo da falha de mercado apontada acima atravs da internalizao das externalidades positivas. Considerando o valor dos servios ambientais para a economia, o PSA compensa o custo de oportunidade do uso do solo por meio da remunerao daqueles que contribuem para a preservao dos ecossistemas.

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  • 4 14 CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO AMBIENTAL

    Neste estudo so abordados os aspectos ecolgicos, econmicos e jur-dicos do sistema de PSA e, a partir disso, discute-se acerca da recepo desse mecanismo pelo Direito Ambiental Brasileiro.

    2. SERVIOS AMBIENTAIS E O BEM-ESTAR HUMANO

    Os ecossistemas prestam vrios servios ao homem, dentre os quais se destacam a regulao do clima, a proviso de gua em qualidade e quanti-dade, a ciclagem de nutrientes, a polinizao, proteo contra enxurradas e eventos extremos. A Avaliao Ecossistmica do Milnio AEM define os servios ambientais como os benefcios que o homem obtm dos ecossiste-mas, dividindo-os em servios de proviso, de regulao, culturais e de supor-te (AEM, 2005). Em que pese a sua importncia para o bem-estar humano, esses servios nunca foram considerados pela economia. No entanto, com a crescente degradao dos ecossistemas que prestam os servios ambientais, verifica-se um declnio do fluxo desses servios. A partir desse declnio, a es-cassez de servios ambientais passa a orientar a economia no sentido de con-siderar o valor de uso indireto dos ecossistemas que proveem ditos servios.

    Em 1997 um estudo calculou quanto custaria substituir os servios am-bientais prestados por 16 ambientes diferentes, se isto fosse possvel. A esti-mativa chegou a cifra de 33 trilhes de dlares. Importante lembrar que, na poca, o Produto Interno Bruto mundial era de 18 trilhes de dlares.1 Vale ressaltar, tambm, que, medida que os ambientes so alterados e os servios ambientais comprometidos, o valor de cada um tende a aumentar significati-vamente (BENSUSAN, 2002). Estimativas recentes apontam que este valor atinge hoje a soma de 60 trilhes de dlares, tendo em vista o declnio da ofer-ta de muitos servios ambientais e o aumento de sua demanda (IUCN, 2008). Alm disso, diante do atual estgio da tcnica, impossvel substituir muitos dos servios prestados pela natureza por meios artificiais.

    A inovao verificada que o conceito de servios ambientais pode con-ciliar as questes econmicas e sociais com a preservao dos ecossistemas. Nesse sentido, a Unio Mundial para a Conservao da Natureza IUCN (2006) afirma que o mais atrativo do conceito de servios ambientais se deve a sua capacidade de prover uma unificao da linguagem entre as comunidades econmica, de negcios e ecolgica.

    1 Nos ambientes estudados, foram considerados os seguintes servios ambientais: regulao da composio qumica da atmosfera; regulao do clima; controle da eroso do solo e reteno de sedimentos; suprimento de matria-prima; absoro e reciclagem de materiais j utilizados; regulao do fluxo da gua; suprimento e armazenagem de gua; recuperao de distrbios naturais; polinizao; controle biolgico de populaes; refgio de populaes mi-gratrias e estveis; utilizao de recursos genticos; lazer e cultura. As florestas e reas midas responderam por 9,3 trilhes de dlares (28,1% dos 33 trilhes de dlares) e os sistemas costeiros por 10,6 trilhes de dlares (32,1% do total). O servio mais caro a ciclagem de nutrientes, que equivale a 17 trilhes de dlares por ano. Outros servios, como a regulao da composio atmosfrica, a recuperao dos distrbios naturais, a regulao do fluxo de gua, o suprimento de gua, a reciclagem de materiais j utilizados, a produo de alimentos, custariam mais de 1 trilho de dlares cada, por ano, se precisassem ser substitudos.

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  • 5Conferncias / Invited Papers

    Importante ressaltar que os servios ambientais sempre foram vistos como livres ou gratuitos pela economia.2 O conceito de servios ambientais, portanto, remete ao conceito econmico de externalidades positivas, assim como o conceito de poluio foi vinculado ideia de externalidades negati-vas. O reconhecimento da importncia dos servios ambientais atravs de sua valorao e remunerao, portanto, significaria a internalizao das externa-lidades positivas. De acordo com Stefano Pagiola et. al. (2005), as externali-dades so os custos ou benefcios gerados a terceiros e que no so levados em conta nos preos de mercado. Em caso de manifestar-se nos preos de mercado, o preo diminuiria se a atividade gera custo ou externalidade nega-tiva, ou aumentaria, se gera um benefcio ou externalidade positiva. A FAO (2004) incluiu a noo de externalidade na prpria caracterizao dos servi-os ecolgicos, dispondo que servios ambientais referem-se s externalida-des positivas - que afetam um bem de consumo - associado com determinadas condies ambientais, por exemplo, um determinado uso do solo.3

    Sob a perspectiva econmica, a maior causa da degradao dos ecossis-temas que prestam os servios ambientais se deve a uma falha de mercado as-sociada com a caracterstica de bens livres dos mesmos. Com a concepo dos servios ambientais enquanto externalidade positiva vislumbra-se a pos-sibilidade de novas estratgias para internaliz-las, reconhecendo seu valor.

    3. PAGAMENTO POR SERVIOS AMBIENTAIS

    Os servios ambientais historicamente foram percebidos pelas socieda-des como livres, ou seja, como algo que a natureza prov gratuitamente ao homem, ainda que estes servios lhes fossem essenciais vida e s atividades produtivas. Isso se explicava diante da abundncia dos servios ecolgicos. Com a explorao exacerbada dos ecossistemas em busca de espao fsico (fragmentao dos habitats) e de recursos naturais, verificou-se a escassez de alguns dos servios ambientais antes prestados gratuitamente pela natureza nesses ecossistemas. Em resposta a escassez desses servios, bem como dian-te da constatao de que os instrumentos de comando e controle no eram suficientes para garantir o provimento dos servios ambientais, alguns pases adotaram experincias de remunerao pela manuteno de tais servios.

    2 Os bens pblicos [bens livres n.a.] so um tipo especial de externalidade, que distinguem-se por serem no-exclusivos e no-rivais. A no-exclusividade refere-se a que no se pode evitar que os consumidores desfrutem dos bens ou servios em questo mesmo quando no paguem por eles. A no-rivalidade acontece quando uma pessoa consome um bem ou servio, mas isto no diminui a quantidade disponvel para os outros. De maneira geral haver insuficincia na oferta dos bens pblicos no mercado, em decorrncia da dificuldade de conseguir que os consumi-dores paguem por eles para que se produzam em uma quantidade suficiente. Normalmente, requere-se de uma ao coletiva para assegurar uma oferta adequada destes bens. (Pagliola et. al., 2005, p. 03). 3 Conceito extrado do Frum Regional sobre Pagamento por Servios Ambientais em Bacias Hidrogrficas, reali-zado durante o 3 Congresso Latino-americano sobre Gesto de Bacias Hidrogrficas, em Arequipa, Peru, em 9-13 de junho de 2003. Traduo livre de environmental services refers to positive externalities affecting a consumer good associated with particular environmental conditions, e.g. a certain land use.

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  • 6 14 CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO AMBIENTAL

    3.1 Concepo do sistema de Pagamento por Servios Ambientais

    Como resultado da escassez dos servios ecolgicos, surge a necessidade de preservao dos ecossistemas que os prestam. As estratgias de preserva-o da natureza, antes focada na proteo integral contra o uso direto dos recursos naturais, diante da referida escassez se voltam para viabilizar o uso indireto dos ecossistemas (atravs da proviso dos servios ecolgicos). As perdas econmicas e sociais decorrentes da escassez dos servios ambientais fizeram com que a economia atribusse valor a tais servios.

    A considerao dos servios ambientais pela economia, portanto, diz respeito ao valor econmico total (VET). De acordo com o VET, os servios ambientais podem ser classificados dentro da diviso valor de uso e valor de no-uso, onde o valor de uso divide-se em valor de uso direto, valor de uso indireto e valor de opo. Os valores de uso direto so considerados por uma gama de instrumentos econmicos utilizados pelos gestores ambientais hoje, enquanto os valores de uso indireto foram olvidados pela economia (PA-GIOLA et. al., 2005). A capacidade do sistema de Pagamento por Servios Ambientais de internalizar os servios ambientais que possuem valor de uso indireto o grande diferencial deste mecanismo, comparado-o a outros ins-trumentos da poltica ambiental (WERTZ-KANOUNNIKOFF, 2006).

    Internalizar as externalidades positivas, no caso dos servios ambien-tais, significa reconhecer o valor desses servios para o bem-estar humano. Entretanto, isso constitui um processo complexo, pois o aspecto de exter-nalidade se relaciona com a percepo da importncia (especialmente a im-portncia econmica) dos servios ecolgicos, aspecto este diametralmen-te oposto percepo de bem livre. Da a implicao dialtica: a escassez determina a percepo da importncia do servio ambiental. Assim, a es-cassez de gua determina a importncia que o consumidor dgua dar preservao do manancial.

    Com a internalizao das externalidades positivas, o beneficirio dos servios ambientais instado ou mesmo compelido a pagar pelos bene-fcios obtidos dos ecossistemas (princpio do usurio-pagador). Essa lgi-ca foi adotada no Brasil pela Poltica Nacional dos Recursos Hdricos (Lei 9.433/97), a qual institui a cobrana pelo uso dgua. No mesmo sentido, o produto que tem embutido no preo o custo da preservao do servio ecol-gico essencial para sua produo (bebidas em relao gua, por exemplo).

    A despeito da crtica de que a internalizao dos custos da preservao dos servios ambientais seria oneroso ao consumidor ou usurio, basta referir que o custo de recuperar um ecossistema que deixa de prestar um servio eco-lgico essencial seria muito mais dispendioso do que o custo da preveno. Alm disso, a internalizao das externalidades positivas constitui um meio justo, pois onera apenas o beneficirio ou consumidor do servio ambiental considerado e no toda a sociedade.

    Em muitos casos verifica-se at mesmo uma disposio a pagar por parte dos beneficirios da preservao do servio ambiental, tendo em vista que a

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  • 7Conferncias / Invited Papers

    remunerao do provedor garante o fluxo desse servio. E a garantia do fluxo ou at mesmo o seu incremento interessa diretamente ao usurio ou be-neficirio. No obstante isso, investir em preveno pode significar economia na reparao de danos ambientais, na recuperao ou substituio do servio ambiental. Como exemplos pode-se citar a economia no tratamento de gua verificado com a preservao do manancial e a conservao de complexos hidroeltricos atravs da diminuio dos sedimentos e consequente eroso.

    Por outro lado, mostra-se razovel conferir uma contrapartida queles que contribuem para a manuteno dos ecossistemas que oferecem os servi-os ambientais. Essa contrapartida considerada um incentivo positivo que-les que optarem pela preservao dos ecossistemas. Com os recursos obtidos com a internalizao dos servios ambientais no processo produtivo e de con-sumo isso se torna possvel economicamente. Sendo hoje o servio ambiental considerado uma externalidade, aquele que contribui para sua preservao no recebe nada em troca, ou seja, quem contribui para a manuteno dos ecossistemas que prestam os servios ambientais no recebe nenhuma com-pensao por isso e, em muitos casos, ainda arca com o custo de oportunida-de do uso do solo.

    O reconhecimento econmico das funes ambientais como valiosas e escassas ao bem-estar humano conduziram os esforos para valorizar os servi-os ambientais atravs de esquemas que visam a sua remunerao (WERTZ-KANOUNNIKOFF, 2006). Surge assim o sistema de PSA. A ideia principal do sistema consiste em pagamentos espontneos por parte dos beneficirios dos servios ambientais aos provedores desses servios, remunerao esta condicionada sua manuteno. O sistema de PSA, portanto, tambm uma estratgia de incentivo queles que preservam, atravs da qual o provedor recebe uma contrapartida pelo custo de oportunidade do uso do solo. Da a concepo do conceito de provedor-recebedor.

    3.2 Conceito de Pagamento por Servios Ambientais

    Em uma das mais aceitas definies, Wunder (2005) conceitua o paga-mento por servios ambientais como [I] uma transao voluntria atravs da qual [II] um servio ecolgico especfico [III] adquirido por um (ou mais) adquirente [IV] de um (ou mais) provedor do servio ecolgico [V] se, e somente se, o provedor do servio ecolgico assegurar sua proviso (condicionalmente).

    O primeiro requisito do conceito acima (transao voluntria) remete a um acordo entre as partes, o que se concretiza atravs de um contrato. Por isso Wunder (2005) reconhece que o Pagamento por Servios Ambientais parte de um novo e mais direto paradigma de conservao, o qual reconhece explicitamente a necessidade de ligar os interesses dos detentores da terra e

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  • 8 14 CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO AMBIENTAL

    dos beneficirios.4 O requisito de transao voluntria confere ao PSA clara diferena em relao aos instrumentos de comando e controle, bem como aos eco-subsdios ou tributos ambientais. A faculdade do provedor de servios ambientais de participar de um projeto de PSA faz com que aquele que se disponha a participar seja um agente da preservao, uma v