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AMORÉSIO SOUZA SILVA FILHO DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO SUPLEMENTADAS COM CONCENTRADOS CUIABÁ - MT SETEMBRO/2015

DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

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Page 1: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

AMORÉSIO SOUZA SILVA FILHO

DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO SUPLEMENTADAS

COM CONCENTRADOS

CUIABÁ - MT

SETEMBRO/2015

Page 2: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

AMORÉSIO SOUZA SILVA FILHO

Desempenho de novilhas de corte em pastejo suplementadas com

concentrados

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal da Universidade

Federal de Mato Grosso para a obtenção do

título de Mestre em Ciência Animal.

Área de Concentração: Produção Animal

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Lima de Souza

Co-orientador: Prof. Dr. Anderson de Moura Zanine

CUIABÁ - MT

SETEMBRO/2015

Page 3: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE

ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

F481d Filho, Amorésio Souza Silva. DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM

PASTEJO SUPLEMENTADAS COM CONCENTRADOS / Amorésio Souza Silva Filho. -- 2015

46 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientador: Alexandre Lima de Souza. Co-orientador: Anderson de Moura Zanine. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato

Grosso, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Cuiabá, 2015.

1. Brachiaria brizantha. 2. composição química. 3. concentrado. 4. ganho de peso. 5. massa de forragem. I.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a)

autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

Page 4: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

Aluno: Amorésio Souza Silva Filho

Título: Desempenho de novilhas de corte em pastejo suplementadas com

concentrados

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal da Universidade

Federal de Mato Grosso para a obtenção do título de

Mestre em Ciência Animal.

Aprovado em: 11/09/2015.

Banca examinadora:

_________________________

Prof. Dr. Anderson de Moura Zanine

Prof. Adjunto IV UFMT Co-orientador

______________________

Prof. Dr. Mário Luiz Santana Júnior

Prof. Adjunto III UFMT Membro Interno Banca Examinadora

____________________________

Prof. Dra. Daniele de Jesus Ferreira Profª. Adjunto UFMA

____________________________

Prof. Dr. Emerson Alexandrino

Prof. Associado II UFTO Membro Externo Banca Examinadora

____________________

Prof. Dr. Alexandre Lima de Souza Prof. Associado II UFMT

(Orientador)

Page 5: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

DEDICATÓRIA

A toda minha família, em especial aos meus pais,

Amorésio Souza Silva (in memorian) e Maria

Auxiliadora da Silva.

Aos meus irmãos, Paulo Marcos, Joab Vinicius e

Amanda Carolina. Às minhas avós, tios, primos,

padrinhos, sobrinhos, amigos e familiares, pelo apoio e

incentivo durante toda minha vida.

Page 6: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

AGRADECIMENTOS

À Deus, pelo eterno amparo para a concretização desse sonho.

A minha família, que me ajudou da melhor maneira possível, principalmente

nos momentos mais difíceis, não me deixando desanimar nunca diante dos

obstáculos.

À minha namorada Carla Suele Semim, por toda paciência e incentivo que me

dedicou durante todo esse tempo.

Ao meu padrinho Lazaro Moraes e sua esposa Juliane (Caju) e minha Avô

Izirlene, que me ajudaram para realização deste sonho.

À Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, que me viabilizou o curso de

mestrado em Ciência Animal.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal/UFMT, pela oportunidade

de realizar o mestrado e pelo crescimento pessoal e profissional.

Ao coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal Dr.

Eduardo Eustáquio de Souza Figueiredo.

A secretária do curso de Pós-Graduação em Ciência Animal Elaine Silva

Alegre, pela paciência e amizade.

Ao professor Dr. Alexandre Lima de Souza, pela orientação, ensinamentos,

amizade, respeito durante todas as etapas de realização desse trabalho. Agradeço

também pelas oportunidades e pela confiança depositada em mim.

Aos professores, membros da banca examinadora, Dr. Anderson de Moura

Zanine, Dr. Mário Luiz Santana Júnior, Dra. Daniele de Jesus Ferreira e Dr. Emerson

Alexandrino pelo apoio na elaboração desse trabalho.

A Promotora Dra. Joana Maria Bertoni que nas atribuições da Promotoria de

Justiça do Meio Ambiente tornou possível a implantação da área experimental

utilizada nesta pesquisa.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES,

pela concessão da bolsa de estudo, contribuindo para a realização de mais uma

etapa de vida.

Ao Laboratório de Nutrição Animal Rondonópolis/MT, coordenado pela Dra.

Carla Heloisa Cabral, e técnica Lucimar, pela oportunidade de realizar as análises

laboratoriais.

Page 7: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

Aos professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de

Rondonópolis: Dr. Guilherme Ribeiro Alves, Dra Edna Bonfim e MSc. Elton Cabral

campus de Cuiabá: Dr. Joadil Gonçalves de Abreu, Dra. Luciana Keiko Hatamoto

Zervoudakis, Dr. João Garcia Caramori, Dr. Luciano Cabral, Dr. Nelcino Francisco de

Paula e Dr. Marinaldo Divino Ribeiro, campus de Sinop: Dr. Douglas dos Santos

Pina, Dr. André Soares de Oliveira, Dr. Cláudio Vieira de Araújo.

Aos velhos amigos: Murilo Oliveira, Mailson Leonardo, Elton Rogério, Vagno

Junior, Guilherme Barbosa, Reginaldo Meira (Crovin), Danilo Pimenta, Rodrigo da

Penha, Rogério Sampaio, Nilmar Cunha, Marcelo Correia, José Vicente, Marcos

Antonio, Edmar, Marcos, Vinicius Anunciação, Claudio Cleber, Thiago Patrique,

Cássia Araújo, (in memorian) Marcela Alvez e Watila Alvez.

À todos os companheiros, campus de Cuiabá: Renata Pereira da Silva,

Wanderson José Rodrigues de Castro, Angela Aparecida da Fonseca, Vítor Tavares

Oliveira Borges, Pedro Paulo Tsuneda, Larissa Alves Berte Barbosa, Lucien Bissi da

Freiria, Mérik Rocha Silva, Karina Ferro Cervelati, Camilla Gabriela Miranda, Claudio

Jonasson Mousquer, Larissa Cardoso Feijó, Verônica Bandeira, Ana Carolina

Dalmaso, Lisandro Alfredo, Laura Caroline Almeida, Gilcler Alcino Sabaini, Daiane

Alves Cardoso e Fernando Sleder.

Aos colegas da UFMT, campus de Rondonópolis: Mariane Moreno Ferro,

Gabriel Henrique Borghetti Lemes, Douglas, Flavio, Deyse Baron, Franciele,

Fraegue, Guilherme Lazarin, Laziele, Bianca, Silmara, Cintia Baraviera, Franciele,

Vanessa Rêgo, João Junior, Gabriela Palmas, Daniela Prado e Lorraine Faria.

Ao Zootecnista da empresa Coperphós nutrição animal Msc. Danilo Martis

Lozano e Felipe Sarter proprietários das novilhas do experimento.

As empresas Coperphós nutrição animal e Fertilizantes Heringer pelo apoio e

suporte dado a pesquisa.

Ao Proprietário da fazenda Afonso Celso e toda sua família e ao funcionário da

fazenda Daniel Alves e toda sua família pelo apoio em todos os momentos durante o

experimento.

À todos aqueles que não couberam nesse espaço, mas têm espaço irrestrito e

incondicional na minha mente. Sinto-me honrado e feliz por dispor de pessoas como

vocês.

MUITO OBRIGADO!

Page 8: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.

Albert Einsten

Page 9: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

RESUMO

SILVA FILHO, Amorésio Souza. Desempenho de novilhas de corte em pastejo

suplementadas com concentrados. 2015, 127f. Dissertação (Mestrado em Ciência

Animal), Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade

Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT, 2015.

Resumo: Nesta pesquisa objetivou-se avaliar os efeitos da suplementação

concentrada sobre o desempenho de novilhas de corte em pastejo no período das

águas. O experimento foi realizado em propriedade rural localizada no município de

Rondonópolis-MT nas coordenadas geográficas Latitude 16°28’ S e Longitude 54°

38’W. O Período experimental foi de dezembro de 2013 a maio de 2014, com

duração 136 dias. Os tratamentos, constituídos pelo fornecimento de suplementação

concentrada ao nível de 0; 0,5 e 1,0% do peso corporal (PC) dos animais, foram

distribuídos em um delineamento em blocos casualisados com duas repetições

(área). Cada uma das seis áreas experimentais foi composta por oito piquetes de 0,1

hectares e por uma área de 200 m2 de livre acesso aos animais, na qual foram alocados os

comedouros e bebedouros. O método do pastejo adotado foi o de lotação rotacionada

com carga animal variável. Foram utilizadas 36 novilhas (animais testes) com peso

corporal (PC) médio 249,3 Kg e aproximadamente 16 meses de idade. Estes

animais foram pesados no início e final do experimento após jejum de sólidos e

líquidos de 14h. Outras dezesseis novilhas (animais reguladores) de iguais

composições genéticas e contemporâneas aos animais testes foram adicionadas e

removidas das áreas experimentais sempre que houve a necessidade de se ajustar

a taxa de lotação à capacidade de suporte dos pastos. O ganho de peso diário dos

animais testes foi utilizado para estimar o desempenho individual das novilhas. O

ganho de peso por área (kg/ha) foi calculado com base nos ganhos de pesos

individuais médios dos animais testes e no número de animais totais (testes e

reguladores) de cada área experimental, animais dia/ha. Os componentes da massa

de forragem (lâmina foliar, colmo e material senescente), e composição química da

forragem foram estimados por ciclo de pastejo, a partir da amostragem de três

piquetes de cada área experimental. Em cada um destes piquetes foram coletadas,

no pré-pastejo e no pós-pastejo, três amostras de forragens para determinação dos

componentes da massa de forragem. Para a composição química foi coletada, no

pré-pastejo, uma amostra de forragem por piquete. A análise financeira por

tratamento foi realizada considerando como receita a quantidade de arrobas

produzidas e o preço de venda da arroba e como desembolsos os gastos com

suplemento mineral, concentrado, adubos, vermífugo e mão de obra. As variáveis

relacionadas à forragem foram analisadas estatisticamente considerando a estrutura

da matriz de covariâncias composta simétrica com a utilização do procedimento

MIXED do programa SAS. As variáveis relacionadas ao desempenho dos animais

foram analisadas utilizando-se o procedimento GLM do mesmo programa. As

Page 10: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

médias foram comparadas pelo teste de tukey a 5% de probabilidade. Foram

observados ganhos de pesos de individuais de 0,562; 0,746 e 0,895 kg/dia para os

animais que receberam 0; 0,50 e 1,0% do PC de suplemento concentrado,

respectivamente. Valores médios de 653, 958 e 1438 kg/ha de ganho de peso e

5,44; 6,02 e 7,70 UA/ha de taxa de lotação foram obtidos com 0; 0,50 e 1,0% do PC

de suplementação concentrada, respectivamente. Não houve efeito de tratamento

sobre a massa de lâmina foliar, massa de colmo, massa de material morto e massa

de forragem total no pré-pastejo e no pós-pastejo. Todavia, essas variáveis foram

influenciadas pelo ciclo de pastejo. As alturas do pasto no pré-pastejo foram

influenciadas pela suplementação concentrada, com valores de 37,2; 37,6 e 42,9 cm

para os níveis de suplementação concentrada de 0; 0,50 e 1,0% do PC,

respectivamente. A composição química da forragem no pré-pastejo não foi alterada

pelas estratégias de suplementação concentrada, com valores médios de médios de

7,7; 8,9 e 8,3% de PB e 64,1; 63,8 e 64,4% de FDN para os níveis de 0; 0,50 e 1,0%

do PC de suplementação concentrada, respectivamente. A margem bruta obtida foi

de 1081,5; 1131,6 e 1242,2 R$/ha para os níveis de 0; 0,50 e 1,0% do PC,

respectivamente. A suplementação concentrada de novilhas de corte em pastejo no

período das águas intensifica os ganhos de pesos individuais e por área e contribui

com a rentabilidade do sistema de produção.

Palavras–chave: Brachiaria brizantha, composição química, concentrado, ganho de

peso, massa de forragem, pasto

Page 11: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

ABSTRACT

SILVA FILHO, Amorésio Souza. Beef heifers performance on pasture

supplementation with concentrat ed. 2015, 127f. Dissertation (Master in Animal

Science), Faculty of Agronomy, Veterinary Medicine and Zootecnia, Federal

University of Mato Grosso, Cuiabá-MT, 2014.

Abstract: This study aimed to evaluate the effects of concentrate supplementation

on performance of grazing beef heifers in the rainy season. The experiment was

conducted in a rural property in the city of Rondonópolis-MT, located in the

geographical coordinates Latitude 16°28’S, Longitude 54°38’W. The experimental

period was from December of 2013 to May of 2014, lasting 136 days. The treatments

were consisted of concentrated supplementation at the level of 0; 0.5 and 1.0% of

body weight (BW) of the animals, being distributed in a randomized blocks with two

repetitions (area). Each of the six experimental areas was composed of eight

paddocks of 0.1 hectares and an area of 200 m2 with free access to the animals, in

which the feeders and water drinkers were allocated. The grazing method adopted

was the rotational stocking with variable stocking rate. It was used 36 heifers (testing

animals) with BW with average of 249.3 kg and approximately 16 months old. These

animals were weighed at the beginning and end of the experiment after 14 hours of

solid and liquid fasting. Other 16 heifers (regulators animals) of the same genetic and

contemporary compositions to the testing animals were added and removed from the

experimental areas whenever there was a need to adjust the stocking rate on the

pasture carrying capacity. The animal testing daily weight gain was used to estimate

the performance of individual heifers. The weight gain per area (kg/ha) was

calculated based on the average of individual weight gain of the testing animals and

the total number of animals (testing and regulators) of each experimental area,

animals day/ha. The components of the herbage mass (leaf blade, stem and

senescent material) accumulation of forage and chemical composition of the forage

were estimated by grazing cycle, from the sample of three paddocks of each

experimental area. In each of these paddocks were collected three samples of

forage, in the pre-grazing and post-grazing, to determine the mass of the

components of forage. For the chemical composition, was collected a sample of

forage per paddock in the pre-grazing. The financial analysis by treatment was

Page 12: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

carried out considering as revenue the amount of kilos produced and the selling price

of kilos and as disbursements the expenditures on mineral supplement, concentrate,

fertilizers, vermicides and labor. The variables related to the forage were analyzed

statistically considering the structure of the compound symmetric covariance matrix

using the SAS PROC MIXED. The variables related to the performance of the

animals were analyzed using the GLM procedure of the same program. The

averages were compared by Tukey test at 5% probability. It was observed individual

gain of 0.562; 0.746 and 0.895 kg/day in animals were fed with 0; 0.50 and 1.0% of

BW of concentrated supplement, respectively. Mean values of 653; 958 and 1438

kg/ha of weight gain and 5.44; 6.02 and 7.70 AU/ha of stocking rates were obtained

with 0; 0.50 and 1.0% of concentrated supplementation of PC, respectively. There

was no treatment effect on the leaf blade mass, stem mass, dead material mass and

forage mass of the pre-grazing and post-grazing. However, these variables were

influenced by grazing cycle. The grass heights in the pre-grazing were influenced by

concentrated supplementation, with values of 37.2; 37.6 and 42.9 cm for the levels of

supplementation of 0; 0.50 and 1.0% of BW, respectively. The forage chemical

composition in the pre-grazing was not affected by concentrate supplementation

strategies, with average mean values of 7.7; 8.9 and 8.3% crude protein and 64.1;

63.8 and 64.4% of NDF to levels of 0; 0.50 and 1% of concentrated supplementation

of BW, respectively. The gross margin obtained was 1081.5; 1131.6 and 1242.2

R$/ha for levels of 0; 0.50 and 1.0% of BW, respectively. The concentrated

supplementation of grazing beef heifers in the rainy season intensifies the individual

weight gain by area and contributes to the production system profitability.

Keywords: Brachiaria brizantha, chemical composition, concentrated, weight gain,

forage mass, grazing

Page 13: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

LISTA DE FIGURAS

Página

Capitulo I- Desempenho de novilhas de corte em pastejo suplementadas com

concentrados ...........................................................................................................17

Figura 1. Esquema da estrutura dos piquetes e distribuição dos tratamentos..........24

Figura 2. Separação dos componentes morfológicos lâmina foliar, colmo e material senescente.................................................................................................................26 Figura 3. Animais sendo suplementados em cocho coletivo......................................28

Page 14: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

LISTA DE TABELAS

Página

CAPÍTULO I. Desempenho de novilhas de corte em pastejo suplementadas

com concentrados ..................................................................................................17

Tabela 1. Temperaturas máximas, mínimas, médias e pluviosidade mensal durante o período experimental...............................................................................................23 Tabela 2. Médias de peso corporal inicial, peso corporal final, e ganho médio diário, taxa de lotação inicial, taxa de lotação média, ganho de peso/ha e ganho de peso Kg/ha em função dos níveis de suplementos.............................................................30 Tabela 3. Componentes do custo operacional efetivo e margem bruta em função das estratégias de suplementação concentrada...............................................................34 Tabela 4. Valores médios dos componentes da massa forragem dos pastos no pré-pastejo para cada ciclo de pastejo.............................................................................36 Tabela 5. Valores médios dos componentes da massa forragem dos pastos no pós-pastejo para cada ciclo de pastejo.............................................................................37 Tabela 6. Valores médios das alturas dos pastos por ciclo de pastejo em resposta aos níveis de suplementação concentrada dos animais............................................38 Tabela 7. Valores médios das alturas dos pastos no pós-pastejo em resposta aos níveis de suplementação concentrada dos animais dentro de cada ciclo de pastejo........................................................................................................................39 Tabela 8. Composição química (% da matéria seca) do pasto de Brachiaria Brizantha cv Marandu de acordo com os ciclos de pastejo.......................................40

Page 15: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

SUMÁRIO

Página

1. Introdução Geral....................................................................................... 1

2. Revisão de Literatura................................................................................ 2

2.1. Gramínea forrageira e manejo do pastejo................................................ 2

2.2. Estacionalidade de produção e valor nutricional da forragem.............,.... 3

2.3 Suplementação de bovinos em pastejo.................................................... 5

2.4. Suplementação no período da seca......................................................... 6

2.5. Suplementação na época das águas....................................................... 8

2.6 Efeitos associativos entre pasto e suplemento........................................ 9

2.7 Viabilidade econômica da suplementação de bovinos............................. 10

3. Referências Bibliográficas........................................................................ 12

Capítulo I - Desempenho de novilhas de corte em pastejo

suplementadas com concentrados.......................................................

17

Resumo.................................................................................................... 17

Abstract..................................................................................................... 19

1. Introdução................................................................................................. 21

2. Material e Métodos................................................................................... 23

3. Resultados e Discussão........................................................................... 29

4. Conclusões............................................................................................... 41

5. Referências Bibliográficas........................................................................ 42

Page 16: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

1

1. Introdução Geral

O Brasil apresenta enorme potencial de produção de carne a pasto, em regiões

de clima tropical o pasto constitui na forma mais prática e econômica de produzir e

oferecer alimentos para os bovinos, sendo que o Brasil, pela extensão da sua área

territorial e pelas condições climáticas favoráveis possui grande potencial de

produção nesse sistema.

O manejo dos pastos tem sido uma preocupação constante da pesquisa com

plantas forrageiras no Brasil. No entanto, foi nas últimas décadas que ocorreram

grandes mudanças e um avanço na compreensão de fatos e processos

determinantes da correta utilização das plantas forrageiras tropicais em pastagens

(Da Silva e Nascimento Jr., 2006).

O princípio básico e universal de qualquer sistema de produção animal é a

obtenção do equilíbrio entre suprimento e demanda por alimentos. Para sistemas de

produção envolvendo pasto essa afirmativa não poderia ser diferente, pois o pasto

está devidamente inserido no sistema de produção como um dos principais fatores

produtivos (Silva e Pedreira, 1996). No entanto, animais mantidos exclusivamente a

pasto não conseguem expressar todo o seu potencial genético, sendo a

suplementação uma das alternativas mais práticas para adequar suprimento de

nutrientes aos requeridas pelos animais.

Segundo Paulino et al., (2004), a suplementação de bovinos a pasto é uma das

principais estratégias para a intensificação dos sistemas primários regionais. Esta

tecnologia permite corrigir dietas desequilibradas, aumentar a eficiência de

conversão do pasto, melhorar o ganho de peso dos animais, encurtar os ciclos

reprodutivos, de crescimento e engorda dos bovinos e aumentar a capacidade de

suporte dos sistemas produtivos, incrementando a eficiência de utilização dos pasto

em seu pico de produção e elevando o nível de produção por unidade de superfície

(kg/ha/ano).

A suplementação de animais em pastejo no período das águas é feita com o

objetivo principal de elevar a taxa de lotação dos pastos e melhorar o desempenho

animal, com isso reduz a idade de abate dos animais, consequentemente maior

rendimento e boa qualidade de carcaça. Assim deve-se levar em conta os custos de

produção e a otimização de todos os fatores que os envolvem (Zamperlini et al.,

2005).

Page 17: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

2

Enquanto a viabilidade técnica da suplementação de animais em pastejo é

considerada praticamente consolidada, questionamentos quanto a sua viabilidade

econômica existem desde longa data, muito embora comparações econômicas entre

os sistemas intensivos e extensivos de pecuária tenham apontado para resultados

superiores para os sistemas intensivos (Pilau et al., 2003). Os produtores devem

buscar formas de reduzir custos ou aumentar receitas, visando à obtenção de

resultados econômicos satisfatórios na atividade (Valadares Filho et al., 2002).

Nesta pesquisa, objetivou-se avaliar as características do pasto de Brachiaria

brizantha cv. Marandu e o desempenho de novilhas de corte em resposta a

suplementação concentrada no período das águas.

2. Revisão Bibliográfica

2.1 Gramínea forrageira e manejo do pastejo

A pecuária brasileira tem como base a utilização de pasto para toda produção

de carne no país, que é praticamente oriunda de animais que passaram a maior

parte da vida sob pastejo (Santos et al., 2007). A maioria dos pastos no território

nacional é formada por gramíneas cultivadas, dentre as quais se destacam o gênero

Panicum e Brachiaria. Dentro do gênero Brachiaria, o capim-marandu é uma planta

forrageira de grande importância no cenário da pecuária de corte brasileira,

principalmente em sistemas mais intensificados (Casagrande et al., 2011).

Conhecido popularmente como braquiarão, sua origem é de uma região vulcânica

de Zimbábue na África, tendo sido introduzida no Brasil em 1967, mas somente em

1984 foi lançada pela Embrapa, como mais uma das opções para a diversificação de

áreas de pastagens cultivadas, após estudos e avaliações (Embrapa, 2006).

Segundo Alves et al., (2011) o capim-marandu se desenvolve bem em

condições tropicais, com precipitação pluviométrica superior a 700 mm por ano,

resiste bem até cerca de 5 meses de seca, adaptada a solos de média a boa

fertilidade, sendo a textura média a mais adequada. É uma planta de ciclo C4, ou

seja, apresenta alta taxa fotossintética em grande luminosidade (Taiz e Zeiger,

2004). Não tolera solos encharcados e é suscetível a geadas (Alvez et al., 2011).

O princípio do manejo do pasto com base no ajuste da intensidade de pastejo

permite obter altos rendimentos por animal e por área (Reis et al., 2007). De acordo

Page 18: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

3

com Mott, (1960) pressão de pastejo abaixo da ótima maximiza a produção por

animal em detrimento da produção por área, que inicialmente cresce linearmente

com a pressão de pastejo. Todavia, a máxima produção por área ocorre em

pressão de pastejo em que a produção por animal é ligeiramente comprometida. A

pressão de pastejo ótima corresponde a uma faixa que engloba a máxima produção

por animal e por área. Pressão de pastejo acima da ótima compromete

simultaneamente a produção por animal e por área (Gomide et al, 1999).

De acordo com Reis et al., (2007), o planejamento adequado para garantir a

melhor utilização dos recursos forrageiros é a chave para o sucesso da exploração

intensiva de pastagens. Desta forma, tem-se que o ajuste da pressão de pastejo,

através da combinação de fontes disponíveis de alimento para atender as demandas

quantitativas e qualitativas do rebanho é a base do sistema de planejamento

pasto/alimento suplementar.

A escolha do método de pastejo deve ser feita de modo que se tenha uma

melhor eficiência no aproveitamento do sistema de produção e que cubra as

necessidades do rebanho de acordo com a rotina de cada propriedade. Deve ser

fundamentada em previsões reais de produção e não deve ser influenciada pelas

previsões superestimadas das produções animal e forrageira (Hodgson, 1990).

O manejo pela altura do pasto permite o ajuste da intensidade de pastejo,

independente do sistema de pastejo adotado, objetivando conciliar máximo ganho

por área e animal sem comprometer o sistema em longo prazo. Vale ressaltar que

intensidade de pastejo é dinâmica, mudando com a taxa de consumo pelos animais

e também pelo crescimento das plantas variando ao longo do tempo (Blaser, 1988).

2.2 Estacionalidade de produção e valor nutricional da forragem

O Brasil, por se caracterizar como um país de clima tropical apresenta

condições favoráveis ao crescimento de plantas forrageiras, que constituem na

principal fonte de alimentação dos bovinos. Entretanto, esse crescimento é

concentrado no período das águas (outubro a abril), que apresenta condições

climáticas favoráveis ao crescimento de gramíneas tropicais. No período da seca,

devido a limitação de fatores climáticos, a produção das gramíneas forrageiras

compreende de 10 a 30% da produção obtida no período das águas (Resende et al.,

2005; Carloto, 2008).

Page 19: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

4

A estacionalidade da produção forrageira que é apontada como uma das

principais causas responsáveis pelos baixos índices de produtividade da nossa

pecuária (Rolim, 1994), visto que ocorre redução de produção do pasto em períodos

em que há diminuição da disponibilidade de luz (dias são mais curtos), a

temperatura média é menor e o índice pluviométrico é drasticamente reduzido

(Balsalobre, 2002; Moreira et al., 2003). Esses três fatores juntos impedem que a

pasto cresça de uma forma uniforme durante o ano todo (Resende et al., 2005).

A taxa de acumulo de crescimento (kg de MS/ha/dia) são maiores nos meses

de verão, intermediárias nos meses de primavera e outono e muito baixas nos

meses de inverno. Contudo, este fato deve ser considerado no planejamento

produtivo de cada propriedade rural (Garcez Neto, 2000).

A disponibilidade e a qualidade das forrageiras são influenciadas pela espécie

e pela cultivar, pelas propriedades químicas e físicas do solo, pelas condições

climáticas, pela idade fisiológica e pelo manejo a que a forrageira é submetida

(Euclides, 2001). Sendo assim, a melhor eficiência da utilização das forrageiras

dependerá desse conjunto de fatores e de sua manipulação adequada.

O valor nutritivo do pasto refere-se à composição química da forragem e sua

digestibilidade. As maiores mudanças que ocorrem no valor nutricional das

forrageiras são determinadas pelo avanço de sua idade fisiológica, e geralmente

coincide com o início da estação seca (Garcez Neto, 2000; Euclides, 2000). À

medida que o estádio fisiológico da planta avança há redução no teor proteico e no

acúmulo de matéria seca, com consequente espessamento e aumento da

lignificação da parede celular, ambos comprometendo o valor nutricional do alimento

para os ruminantes por reduzir a digestibilidade da forragem (Brito et al., 2003). Esta

afirmação corrobora com o experimento realizado por Queiroz. (2007), que observou

redução da concentração de proteína e aumento do teor de fibra, além de queda na

digestibilidade, quando o capim-marandu foi colhido com 60 dias de rebrotação ao

invés de 30 dias.

O manejo do pasto com animais envolve o uso adequado de forrageiras, com o

intuito de atender as exigências nutricionais dos mesmos, mantendo o sistema de

produção estável. Em qualquer região, limitações nutricionais ocorrem em

consequência da disponibilidade e valor nutritivo da forragem disponível não serem

adequadas ao longo do ano devido às flutuações estacionais. Essas limitações

podem ocorrer por períodos curtos ou longos, dependendo da extensão da estação

Page 20: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

5

de crescimento (Hoffmann et al., 2014). Estas flutuações estacionais na

disponibilidade e valor nutritivo do pasto resultam na elevada idade ao abate dos

animais (PoppiI e Mclennan, 1995).

A digestibilidade das forrageiras pode variar de 60% nas águas a 40% na seca,

devido ao aumento no teor de lignina e de fibra na planta e redução do teor de

proteína que pode variar de 10-12% (período das águas) no início do crescimento

vegetativo a 2-4% (período da seca) no final do ciclo, após a floração, (Van Soest,

1994; Lana, 2002).

2. 3 Suplementação de bovinos em pastejo

Os suplementos são comumente usados para adicionar nutrientes extras, ou

suprir aqueles limitantes ao desempenho do animal (Poppi e Mclennan, 2007). A

suplementação pode ser definida como o ato de complementar, completar ou suprir

nutrientes num processo composto por três unidades: o animal, o pasto e o manejo,

tendo como objetivo a obtenção de maior desempenho físico e econômico (Cibilis et

al., 1997).

A suplementação de animais em pastejo é uma ferramenta que permite corrigir

dietas desequilibradas, melhorando a conversão alimentar e os ganhos de peso

corporal e, por conseqüência, diminuindo os ciclos da pecuária de corte (Peruchena,

1999).

Quando se almeja uma pecuária de ciclo curto com altos ganhos por área e

produtividade acima da média nacional, algumas tecnologias tornam-se

imprescindíveis no sistema, no que tange a produção de bovinos em pastejo. Para

obtenção de tais metas, a suplementação dos animais a pasto surge como uma

ferramenta para o suprimento de nutrientes limitantes, bem como para o aumento da

eficiência de utilização das forragens (Poppi e Mclennan, 1995).

Para produzir animais em quantidade e qualidade, a suplementação da dieta é

uma alternativa tecnológica que permite o ajuste nutricional entre a curva de oferta

de forragem e a demanda dos bovinos em pastejo, o que é fundamental para

aumentar a precocidade dos sistemas de produção de carne (Zervoudakis et al.,

2008).

As vantagens da suplementação podem ser elencadas como: aumento do

fornecimento de nutrientes para os animais, utilizar os pastos de modo mais

Page 21: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

6

adequado, evitar a subnutrição, melhorar a eficiência alimentar, auxiliar na desmama

precoce, reduzir a idade do primeiro parto, reduzir o intervalo entre partos, diminuir a

idade de abate, aumentar a taxa de lotação das pastagens e desocupação de áreas

para entradas de animais mais jovens, ou seja, mais eficientes, aumento de taxa de

desfrute e planejamento para venda em momentos mais oportunos (Restle et al.,

1999; Hoffmann et al., 2014).

2.4 Suplementação no período da seca

A suplementação para bovinos de corte já vem sendo empregada há muito

tempo quando a forragem apresenta deficiência que impede o animal de produzir ou

se reproduzir de forma satisfatória (Santos et al., 2007), durante o ano a

disponibilidade e valor nutricional das forrageiras variam. A medida que a planta

floresce e entra em maturação há um declínio no valor nutricional, provocada pela

movimentação dos açúcares solúveis do caule e folhas para as inflorescências e

sementes, pelo aumento do teor de fibras e pela queda na proporção folha/caule

(Carloto, 2008).

Segundo Reis et al., (2005), o rebanho na época seca do ano se alimenta de

forragem de baixo valor nutritivo, caracterizada por um elevado valor de fibra

indigerível e teores de proteína bruta inferiores ao nível crítico de 7% MS. Sendo

assim, a utilização de suplementos que visam apenas a mantença ou ganhos em

peso moderados a médios vem como alternativa para uma pecuária moderna com

ciclos de produção curtos (Moreira et al., 2003).

Paulino et al., (2006) mencionaram que o fornecimento de pequenas

quantidades de suplemento pode incrementar o consumo voluntário de forragem de

baixa qualidade devido ao aumento nos níveis de substratos nitrogenados

disponíveis para as bactérias, com elevação na taxa de digestão e síntese de

proteína microbiana. Este efeito contribui para aumentar o consumo voluntário de

forragem e ampliar a extração energética a partir de carboidratos fibrosos da

forragem, via ampliação do consumo de nutrientes digestíveis totais (Paulino et al.,

2008).

No período da seca, onde o principal nutriente limitante é a proteína bruta (PB),

deve-se corrigir a deficiência da forragem segundo os patamares de desempenho

desejados incluindo tanto proteína verdadeira como nitrogênio não protéico (NNP)

Page 22: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

7

na dieta. Quando a inclusão de proteína degradável no rúmen (PDR) que atenda as

necessidades das bactérias fibrolíticas, a população desta pode aumentar

significativamente uma vez que a principal fonte de nitrogênio (N) requerido por elas

é na forma de amônia, liberado a partir da degradação ruminal dessa proteína

(Russell et al., 1992).

Zanetti et al., (2000) afirmam que os suplementos protéicos geralmente

aumentam o desempenho animal a pasto, devido a vários fatores, sendo o aumento

na ingestão de forragem o principal. No caso de pasto com menos de 7% de

proteína, o nitrogênio suplementar fornecido aos microorganismos aumenta a

síntese protéica e a taxa de digestão; também é importante a proteína que passa

pelo rúmen sem ser degradada. O maior fluxo de proteína melhora a eficiência da

utilização da energia, em nível de tecido, pelo fornecimento de aminoácidos

deficientes, provendo substratos glicogênios e também melhorando o N ruminal por

intermédio da reciclagem do N.

Thiago e Silva (2000) sugeriram que, para animais em recria, o nível de

suplementação a ser fornecida na época seca varie entre 0,1 e 0,5% do peso

corporal/animal/dia e apresente alto teor de PB (acima de 25% de PB) e minerais. ,

Deve-se priorizar fontes de proteína natural, sendo aceitável até 30% de nitrogênio

não proteico para atender às exigências ruminais. Para animais em engorda, os

autores recomendaram um suplemento com teor médio de PB (18 a 25% de PB) e

alta densidade energética (acima de 75% de NDT), com fornecimento diário de 0,7 a

1,7% do peso corporal.

O fornecimento de suplementos em muitos casos pode melhorar o

desempenho animal, mas nem sempre a resposta é satisfatória, podendo ser maior

ou menor que a esperada (Silva et al., 2009). Essa variação entre o esperado e o

observado pode ser explicada por interações entre o suplemento e o consumo de

forragem e energia da dieta, podendo haver modificações da condição metabólica

ruminal e do próprio animal (Góes et al., 2005).

Segundo Correia (2006) a suplementação concentrada pode suprir a

deficiência da forragem disponível, com aumento da capacidade de suporte das

pastagens e viabilizar o fornecimento de aditivos ou promotores de crescimento. Ao

avaliarem os efeitos da suplementação concentrada de novilhos em pastejo de

capim-marandu no período de transição águas-secas e no período das águas Goes

et al., (2005) verificaram aumento linear no desempenho e na taxa lotação. Foram

Page 23: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

8

registrados valores de 1,33; 1,59; 1,61 e 1,71 UA/ha com o fornecimento diário de 0;

0,125; 0,5 e 1,0% do peso corporal de um suplemento concentrado com 24% de PB,

respectivamente. O aumento na taxa de lotação é fator fundamental para viabilizar

economicamente essa prática Poppi e Mclennan (2007).

2.5 Suplementação na época das águas

De modo geral, no período das águas as plantas forrageiras encontram

condições favoráveis de desenvolvimento, e apresentam alto valor nutritivo, assim,

um aspecto que deve ser considerado é a oferta de forragem, que pode ser

manejada com ajustes na taxa de lotação (Sollenberger et al., 2005). Sendo que na

época das águas o teor de proteína nas forrageiras tropicais tende a ser superior a

7% PB na matéria seca, contudo, respostas à suplementação energética ou proteica

têm sido observadas durante esse período (Poppi e Mclennan, 1995).

A utilização de suplementos concentrados para animais no período das águas

visa otimizar o ganho de peso animal, (Euclides, 2002). De acordo com Sibert e

Hunter (1982), a resposta na produção de animais em pastejo ao uso de suplemento

é, provavelmente influenciada pelas características do pasto e do suplemento, bem

como pela maneira de seu fornecimento e pelo potencial de produção do animal.

A utilização de suplementos concentrados pode aperfeiçoar o desempenho de

animais a pasto e acelerar o sistema de produção de carne, pelo abate de animais

mais jovens e pesados, encurtando o tempo necessário para a terminação dos

animais e cumprindo uma exigência do mercado moderno por carne de melhor

qualidade (Poppi e Mclennan, 1995).

A suplementação com proteína de baixa degradação ruminal permite a

absorção de aminoácidos no intestino, resultando em efeito positivo sobre o

consumo de forragem e desempenho animal (Siebert e Hunter, 1982).

Nas águas, a disponibilidade de nitrogênio para as bactérias do rúmen

normalmente não é um fator limitante e a energia torna-se prioridade na

suplementação (Thiago e Silva, 2000). Assim, suplementos energéticos a nível

ruminal e suplementos com alto teor de proteína não degradada no rúmen (PNDR)

podem ter efeitos benéficos similares.

De acordo com Moore et al., (1999) relatam que o fornecimento de energia

prontamente digestível, diminui a perda de N disponível e a amônia no rúmen,

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9

aumentando a síntese de proteína microbiana, permitindo um melhor desempenho

animal. O consumo de energia e proteína do bovino deve ser balanceado para

otimizar a fermentação e maximizar a produção de proteína microbiana.

Segundo Poppi e Mclennan, (1995), os tipos de suplementos energéticos para

forragens são divididos em três categorias: amido, açucares e fibras sendo que este

último é eficiente em captação de amônia, além de apresentar fibra de alta

digestibilidade e baixa proteína, entretanto seu conteúdo de fibra pode ter efeito

substitutivo, e preferencialmente deve ser usado em dietas com baixos conteúdos de

fibra.

Correia (2006) avaliando a recria de novilhos de corte em sistema de pastejo

rotacionado verificou aumento linear da taxa de lotação e do desempenho de

novilhos em pasto de capim-marandu com doses crescentes de suplemento

concentrado, 0; 0,3; 0,6 e 0,9 % do peso corporal/animal/dia. Registrando-se valores

de 4,5; 5,3; 5,6 e 6,1 UA/ha respectivamente.

Segundo Ferreira (2005), a suplementação concentrada na época das águas

ajudaria a tornar mais eficiente o sistema de recria, principalmente de fêmeas, o que

constitui um desafio para a maioria dos produtores.

2.6 Efeitos associativos entre pasto e suplemento

Efeito associativo é entendido como sendo o efeito da interação entre os

componentes da dieta (Moore et al., 1999). Suplementos energéticos e protéicos são

frequentemente fornecidos para aumentar o desempenho animal de bovinos em

pastejo, no entanto esse acréscimo pode ser maior ou menor que o esperado

dependendo da quantidade e do tipo de suplemento. Esses desvios do desempenho

esperado são consequência das interações entre a forrageira e suplemento, que

aumenta ou decresce o consumo de forragem e consequentemente a

disponibilidade de energia ingerida (Euclides, 2004).

Segundo Moore (1980), o efeito associativo pode ser de divididos em três tipos:

aditivo, substitutivo e associativo (Figura 3).

Os efeitos do suplemento sobre o consumo de MS podem ser aditivos, quando

o consumo de suplemento se agrega ao consumo atual do animal, substitutivo

quando ocorre o consumo de suplemento e diminui o de forragem, sem melhorar o

desempenho animal, podendo ser utilizado quando se espera aumento da taxa de

Page 25: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

10

lotação de determinada área (Goes et al., 2005). O efeito associativo é aquele em

que se observam ambos os efeitos, ou seja, há decréscimo no consumo de forragem

e ao mesmo tempo elevação na ingestão total de energia digestível (Moore. 1980).

Estes efeitos são influenciados pelo valor nutricional da forragem e de modo

geral, forrageiras de baixa valor nutricional não têm o seu consumo reduzido pelo

fornecimento de concentrado, uma vez que a sua ingestão é normalmente baixa. No

caso de forrageiras de bom valor nutricional, o fornecimento de suplementos pode

causar uma redução na ingestão de forragem, caracterizando dessa forma o efeito

substitutivo (Euclides, 2002).

Dessa maneira, quando um suplemento é fornecido, o consumo de forragem

dos animais mantidos em pastagens pode permanecer inalterado, aumentar ou

diminuir, sendo que as respostas, muitas vezes, dependem da disponibilidade e do

valor nutritivo da forragem disponível e das características do suplemento, bem

como da maneira como o mesmo é fornecimento e do potencial de produção dos

animais (Hodgson, 1990).

2.7 Viabilidade econômica da suplementação de bovinos

O uso de suplementos alimentares, no sistema de produção de bovinos,

ocasiona maior desembolso de capital no início do trabalho. Para que essa técnica

seja difundida é necessário que seja economicamente viável. O ganho em peso do

animal tem de pagar o investimento com a suplementação e os outros custos de

produção (Barbosa et al., 2008).

De acordo com Antunes e Ries (1998) a análise econômica tem como objetivo

primordial desvelar e demonstrar as condições econômicas que as atividades das

empresas estão sujeitas quanto à realização de custos, receitas e lucros, justamente

objetivando a sua permanência no mercado.

Embora a suplementação de bovinos em pastejo seja considerada uma das

grandes aplicações do conhecimento de nutrição de ruminantes no Brasil (Valadares

Filho et al., 2002), deve-se considerar que o incremento na produtividade não deve

comprometer a sustentabilidade do sistema de produção (Hoffman et al., 2014).

Assim, aspectos relacionados com os custos de distribuição dos suplementos devem

ser avaliados com a finalidade de otimizar o sistema de produção implantado.

Page 26: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

11

De acordo com Zervoudakis et al., (2002) ao trabalharem com novilhas

mestiças Holandês – Zebu, em pasto de Brachiaria brizantha suplementadas

diariamente com 0,5 kg de milho e farelo glúten milho (MFGM) e 0,5 kg de milho e

farelo de soja (MFS), durante a época das águas. O tratamento MFGM proporcionou

um ganho excedente em relação ao controle (suplemento mineral) de 0,175

kg/animal/dia enquanto o MFS de 0,212 kg/animal/dia. O que significa R$ 0,25 /dia

para MFGM e R$ 0,30/dia para o MFS. Os custos da suplementação foram de R$

0,24 / dia para MFGM e de R$ 0,22 para o MFS.

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SBZ, 2002.

Page 32: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

17

Capítulo I

Desempenho de novilhas de corte em pastejo suplementadas com

concentrados

Resumo: Nesta pesquisa foram avaliadas as características estruturais do pasto, a

composição química da forragem e o desempenho de novilhas de corte em resposta

a suplementação concentrada com 0; 0,5 e 1,0% do peso corporal (PC) de

suplemento concentrado na estação das águas. Foram utilizadas seis áreas

experimentais para manejo do pastejo dos animais, duas para cada estratégia de

suplementação concentrada (0; 0,5 e 1,0% do PC). Cada área, composta por oito

piquetes de 0,1 hectares, foi manejada sob lotação rotacionada com carga animal

variável. Os tratamentos foram distribuídos em um delineamento em blocos

casualisados com duas repetições. Em cada uma das áreas foram utilizadas seis

novilhas (animais testes) com composição gentética ½ Nelore x ½ Angus e peso

corporal médio de 249,2 kg. Outras quatorze novilhas (animais reguladores)

provenientes do mesmo rebanho e contemporâneas aos animais testes foram

adicionadas e removidas de cada área experimental para ajuste da taxa de lotação à

capacidade de suporte dos pastos. Todos os animais foram pesados a cada 21 dias

para monitoramento do ganho de peso individual, ganho de peso por área e ajuste

da quantidade de suplemento fornecido. Os componentes da massa de forragem e a

composição química da forragem foram estimados para cada ciclo de pastejo. Os

ganhos de pesos por animal foram alterados pela suplementação concentrada, com

registros de 0,562; 0,746 e 0,895 kg/dia para os níveis de 0; 0,50 e 1,0% do PC de

suplemento concentrado, respectivamente. Valores médios de 653, 958 e 1438

kg/ha de ganho de peso e 5,44; 6,02 e 7,70 UA/ha de taxa de lotação foram obtidos

com 0; 0,50 e 1,0% do PC de suplementação concentrada, respectivamente. As

estratégias de suplementação concentrada não alterou o peso seco de lâmina foliar,

de colmo e de material senescente no pré-pastejo e no pós-pastejo. Todavia, a

massa de forragem e os pesos secos de lâmina foliar, de colmo e de material

senescente, no pré-pastejo e do pós-pastejo, foram alterados pelos ciclos de

pastejo. As alturas do pasto no pré-pastejo foram influenciadas pela suplementação

concentrada, com valores de 37,2; 37,6 e 42,9 cm para os níveis de suplementação

concentrada de 0; 0,50 e 1,0% do PC, respectivamente. A composição química da

forragem no pré-pastejo não foi alterada pelas estratégias de suplementação

concentrada, com valores médios de médios de 7,7; 8,9 e 8,3% de PB e 64,1; 63,8 e

Page 33: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

18

64,4% de FDN, na matéria seca, para os níveis de 0; 0,50 e 1,0% do PC de

suplementação concentrada, respectivamente. A suplementação concentrada de

novilhas de corte aumenta a eficiência de produção de carne em áreas tropicais com

maior ganho de peso por novilha e por área. A escolha da melhor estratégia de

suplementação depende da combinação custo da arroba e do seu preço de venda.

Palavras–chave: altura de pasto, Brachiaria brizantha, lotação rotacionada, manejo

do pastejo, massa de forragem

Page 34: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

19

Chapter I

Beef heifers performance on pasture supplementation with concentrated

Abstract: This study evaluated the pasture structural features, forage chemical

composition and beef heifers performance in response to a dietary supplementation

with 0; 0.5 to 1.0% of body weight (BW) of concentrated supplement in the rainy

season. It was used six experimental areas for animal grazing, two areas for each

supplementary feeding strategy (0; 0.5 and 1.0% of BW). Each area, with eight

paddocks of 0.1 hectares, was managed under rotational stocking with variable

stocking rate. The treatments were distributed in a randomized block design with two

repetitions. In each area were used six heifers (testing animals) with genetic

composition Nelore x ½ Angus and average body weight of 249.2 kg. Other 14

heifers (regulators animals) from the same herd and contemporary to the testing

animals were added and removed from each experimental area for stocking rate

adjustment to the carrying capacity of pastures. All animals were weighed every 21

days for monitoring of individual weight gain, weight gain per area and adjusting the

amount of supplement provided. The forage mass components and the forage

chemical composition were estimated for each grazing cycle. The animal weight

gains were altered by dietary supplementation with records of 0.562; 0.746 and 0.895

kg/day to levels 0; 0.50 and 1.0% of BW of concentrated supplement, respectively.

Mean values of 653; 958 and 1438 kg/ha of weight gain and 5.44; 6.02 and 7.70

AU/ha of stocking rates were obtained with 0; 0.50 and 1.0% of BW of concentrated

supplementation, respectively. The concentrated supplementation strategies did not

change the dry weight of leaf blade, stem and senescent material in the pre-grazing

and post-grazing. However, forage mass and the dry weight of leaf blade, stem and

senescent material in the pre-grazing and post-grazing were changed by grazing

cycles. The pasture heights in the pre-grazing were influenced by concentrated

supplementation, with values of 37.2; 37.6 and 42.9 cm for the levels of concentrated

supplementation of 0; 0.50 and 1.0% of BW, respectively. The forage chemical

composition in the pre-grazing was not affected by concentrate supplementation

strategies, with average mean values of 7.7; 8.9 and 8.3% of crude protein and 64.1;

63.8 and 64.4% of NDF of dry matter, for levels of 0; 0.50 and 1.0% of concentrate

supplementation of BW, respectively. The concentrate beef heifers supplementation

increases the efficiency of beef production in tropical areas with greater weight gain

Page 35: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

20

per heifer and area. The choice of the best supplementation strategy depends on the

combination cost of arroba and its selling price.

Keywords: pasture height, Brachiaria brizantha, rotational stocking, grazing

management, forage mass

Page 36: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

21

1. Introdução

As regiões tropicais e subtropicais do globo são responsáveis por

aproximadamente metade da produção mundial de carne, com considerável

crescimento nas últimas décadas (Jank et al., 2005). Dentre os países inseridos

nessas regiões, o Brasil se destaca por apresentar um rebanho comercial de

bovinos, 212 milhões de cabeças, (IBGE, 2014) e por ser o segundo maior

exportador de carne bovina do mundo.

Em valores econômicos, a carne bovina é o segundo principal produto do

agronegócio nacional, perdendo apenas para o agronegócio da soja (Cepea, 2014).

Esta posição é sustentada pela forte tradição agrícola, por condições

edafoclimáticas favoráveis e por extensas áreas de pastos, que constitui a fonte

menos onerosa de alimentação dos rebanhos.

No Brasil os pasto totalizam mais de 212 milhões de hectares (IBGE 2014),

com mais de 60% destas áreas ocupadas com pastos cultivados (Da Silva et al.,

2013) dos quais 85% são constituídos por espécies do Gênero Brachiaria (Fonseca

e Martuscello, 2010), que possuem boa adaptabilidade às condições tropicais, sendo

a cultivar Marandu a mais utilizada (Costa et al., 2007; Da Silva et al., 2013).

Apesar das potencialidades, a produção animal em pastos tropicais tem sido

caracterizada por apresentar baixos índices de produtividade (Paciullo et al., 2011;

Da Silva et al., 2013; Detmann et al., 2014;). Esta condição está associada à

diminuição acentuada da taxa de crescimento das forrageiras no período da seca, a

variação observada no valor nutritivo das forragens ao longo do ano, a falta de

suplementação alimentar dos animais, além de práticas inadequadas do manejo do

pastejo.

O aumento da eficiência na produção de bovinos está incondicionalmente

relacionado à melhoria das condições de alimentação, sendo a suplementação uma

das alternativas mais práticas para adequar suprimento de nutrientes aos

requerimentos dos animais (Paulino e Ruas, 1988). A suplementação de animais a

pasto é uma técnica de grande importância, gerando impacto no solo, planta, animal

e na lucratividade do sistema de produção. A mensuração das características

estruturais do pasto é de fundamental importância em ensaios de suplementação

animal, para melhorar o entendimento do sistema de criação a pasto (Roman et al.,

2008).

Page 37: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

22

A suplementação concentrada de animais a pasto tem sido utilizada com

objetivos de melhorar o desempenho individual dos animais, aumentar a taxa de

lotação dos pastos, incrementar a produção total de carne por unidade de área e

melhorar a qualidade da carcaça obtida (Correia, 2006). Todavia, em sua maioria, as

pesquisas concentram-se em avaliações realizadas durante a época seca do ano

(Couto et al. 2010; Moraes, 2006; Paula et al. 2011;) quando os pastos apresentam

reduzida produção de forragem e de baixo valor nutritivo.

Nessa realidade, objetivou-se com o experimento avaliar as características

estruturais do pasto, a composição química da forragem e o desempenho de

novilhas de corte em resposta a diferentes estratégias de suplementação

concentrada para o período das águas.

2. Material e Métodos

O experimento foi realizado em propriedade rural localizada a 6 Km do Campus

Universitário de Rondonópolis da Universidade Federal de Mato Grosso nas

coordenadas geográficas Latitude 16°28 S e Longitude 54° 38’W e altitude de 227

m. O período experimental foi de dezembro de 2013 a maio de 2014, com 136 dias

de avaliação.

O clima da região, segundo sistema internacional de classificação de Köepen,

é do tipo Aw- clima tropical com estação seca no inverno. Os dados de precipitação

pluviométrica, das temperaturas máximas, mínimas e médias (Tabela 1) foram

coletados em estação meteorológica do Campus de Rondonópolis, credenciada

junto ao Instituto Mato-grossense de Meteorologia.

Page 38: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

23

Tabela 1 – Temperaturas máximas, mínimas, médias e pluviosidade mensal durante

o período experimental.

Mês Temperatura

máxima(ºC)

Temperatura

mínima(ºC)

Temperatura

média(ºC)

Pluviosidade

(mm/mês)

Dezembro 37,7 21,4 27,5 331,7

Janeiro 34,1 19,4 27,2 162,5

Fevereiro 35,9 20,4 27,4 385,0

Março

Abril

33,7

34,5

20,9

18,4

27,3

27,2

159,4

123,9

Maio 34,1 14,4 25,5 33,1

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

Foram utilizadas seis áreas experimentais estabelecidas com Brachiaria

brizantha cv. Marandu, duas para cada estratégia de suplementação alimentar (0;

0,50 e 1,0% do PC). Cada área foi composta por oito piquetes de 0,1 hectares e de

uma área de 200 m2 de livre acesso aos animais, na qual foram alocados os

comedouros e bebedouros (Figura 1). Assim, a área experimental foi formada por 48

piquetes (0,1 ha/piquete), 16 para cada estratégia de suplementação concentrada.

Todos os animais tiveram livre acesso ao sal mineral. As divisões dos piquetes

foram estabelecidas por cercas de arames lisos de três fios, sendo um eletrificado.

Page 39: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

24

Figura 1. Esquema da estrutura dos piquetes e distribuição dos tratamentos

Uma semana antes do inicio do experimento foi realizado o controle químico de

plantas invasoras utilizando-se do principio ativo 2,4D + Piclorran e aplicação com

pulverizadores costais. Neste mesmo período foram coletadas amostras de solo na

profundidade de 0 a 20 cm para caracterização física e química. Foram coletadas 48

amostras e foram confeccionadas duas amostras compostas, uma para cada bloco.

Estas amostras foram encaminhas a um laboratório de análises de solos

credenciado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. As características

físicas e químicas dos solos amostrados foram:

Bloco 1 - pH em CaCl2 = 4,7; P = 320 mg/dm3; K = 93 mg/dm3; Ca2+ =

2,0cmolc/dm3; Mg2+ = 0,4cmolc/dm3; H + Al3+ = 4,3cmolc/dm3; Al3+ = 0,0 cmolc/dm3;

MO = 16,8 g/Kg; SB = 2,6cmolc/dm3; CTC = 6,9cmolc/dm3; V% = 38,0%; argila = 200

g/Kg; silte = 75 g/Kg e areia total = 725 g/Kg.

Bloco 2 - pH em CaCl2 = 5,0; P = 135,3 mg/dm3; K = 93 mg/dm3; Ca2+ =

3,6cmolc/dm3; Mg2+ = 0,5 cmolc/dm3; H + Al3+ = 3,0cmolc/dm3; Al3+ = 0,0 cmolc/dm3;

MO = 20,0 g/Kg; SB = 4,4cmolc/dm3; CTC = 7,4cmolc/dm3; V% = 59,2%; argila = 135

g/Kg; silte = 75 g/Kg e areia total = 790 g/Kg.

A adubação do capim-marandu foi realizada com base nos resultados das

análises de solos e nas recomendações de Cantarutti (1999) para nitrogênio, fósforo

e potássio em sistemas de exploração de médio nível tecnológico. Na adubação

fosfatada foi utilizado um fosfato natural reativo, aplicando em dose única o

Page 40: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

25

equivalente a 54,8 kg/ha de P2O5. Quanto a adubação nitrogenada foram aplicados

o equivalente a 120 kg/ha de N, divididos em quatro doses de 30 kg/ha. As

adubações com uréia foram realizadas no primeiro, segundo, terceiro e quarto ciclo

de pastejo, sempre após a saída dos animais do piquete.

O método do pastejo adotado foi o de lotação rotacionada com carga animal

variável. O período de ocupação e descanso dos piquetes foi variável, com o

momento de entrada dos animais nos piquetes determinado pela condição de 35 cm

de altura média do pasto. Próximo ao valor médio de 34 cm registrados por Souza et

al., (2014) para a condição de 95% de interceptação luminosa do pasto registrado

nessa mesma área experimental. A altura pós-pastejo foi determinada pelo momento

em que os pastos atingiam altura média de 20 cm.

As medições das alturas do pasto no pré e no pós-pastejo foram realizadas em

todos os piquetes, amostrando-se, de forma aleatória, 45 pontos por piquete. Nesse

procedimento foi utilizada uma régua de madeira graduada em centímetros, as

leituras foram obtidas na inflexão das folhas mais altas (Barthram, 1985).

As estimativas da massa de forragem, por ciclo de pastejo, foram obtidas a

partir da amostragem de três piquetes de cada uma das seis áreas experimentais

utilizadas. Para massa de forragem foram coletadas três amostras por piquete no

pré e no pós-pastejo, respectivamente. Estas amostras foram obtidas com uso de

uma moldura metálica de 0,25 m x 1 m, com o corte da forragem a 5 cm do solo. As

amostragens foram realizadas em locais representativos da condição do pasto, de

acordo com os valores obtidos para as alturas do pasto no pré-pastejo e no pós-

patejo, respectivamente (Gomide et al., 2009).

Para avaliação da composição química da forragem, por ciclo de pastejo, foram

amostrados três piquetes de cada uma das seis áreas experimentais utilizadas.

Foram coletadas, no pré-pastejo, uma amostra por piquete. Para avaliação da

composição química da forragem foi coletada, no pré-pastejo, uma amostra por

piquete. As amostras foram obtidas por meio de simulação de pastejo no perfil de

pastejo (Gibb e Treacher, 1976).

Após serem coletadas e acondicionadas em sacos plásticos, as amostras de

massa de forragem e avaliação da composição química da forragem foram

transportadas até o Campus Universitário de Rondonópolis, onde permaneceram

congeladas em freezer a temperatura –15°C até o momento do seu fracionamento

morfológico. As amostras utilizadas para quantificação da massa de forragem foram

Page 41: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

26

separadas em lâmina foliar, colmo (colmo + bainha) e material senescente (Figura

2). Em seguida, todas as amostras foram acondicionadas em sacos de papel,

pesadas e submetidas a secagem em estufa de circulação forçada de ar, a

temperatura de 65°C (para massa de forragem) e 60°C (para composição química)

por 72 horas. A massa de forragem total de cada amostra foi estimada pela soma da

massa das três frações morfológicas, expressos em kg/ha de MS.

Figura 2 – Separação dos componentes morfológicos lâmina foliar, colmo e material senescente.

Na composição química da forragem e suplemento concentrado, foram

determinados os teores de proteína bruta, proteína bruta insolúvel em detergente

ácida, matéria mineral, matéria orgânica, hemicelulose, fibra em detergente neutro e

fibra em detergente ácido. O método de análise seguiu as orientações da AOAC.

(2005).

O delineamento experimental foi o de blocos inteiramente casualizados, com

duas repetições de área com doze novilhas por tratamento. Os tratamentos foram

compostos pelo fornecimento de 0; 0,50 e 1,0% de suplemento concentrado em

relação a peso corporal (PC) de novilhas de corte criadas a pasto no período das

águas.

Na suplementação concentrada, formulada para conter 17% de PB, foram

utilizados 31,49% de fubá de milho, 27% de casca de soja, 13,01% de farelo de soja,

27% de sorgo e 1,5% de uréia, na base da matéria seca. Para o suplemento

concentrado foram registrados valores de 16,7% proteína bruta (PB), 2,3% PB

insolúvel em detergente ácida, 4,2% matéria mineral, 95,8% matéria orgânica, 14%

hemicelulose, 32,2% fibra em detergente neutro e 18,2 fibra em detergente ácido,

expressos em base da matéria seca.

Page 42: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

27

O suplemento concentrado foi fornecido diariamente aos animais, no período

da manhã, nas quantidades de 0; 0,5 e 1,0% PC, de acordo com cada tratamento.

Foram utilizados cochos de madeira com acesso bilateral que permitiram o consumo

simultâneo dos animais (Figura 3).

Todos os animais tiveram livre acesso ao sal mineral, fornecido ad libitum em

cochos descobertos e separados da ração concentrada. Os cochos de sal mineral

foram conferidos diariamente, com a reposição feita sempre que necessário. O sal

mineral, continha os seguintes níveis de garantia por kg do produto: 110 g cálcio, 40

g de fósforo, 5,5 g de magnésio, 130 g sódio, 5,5 g de enxofre, 42 mg de cobalto,

1200 mg de cobre, 48 mg de iodo, 500 mg de manganês, 8,50 mg de selenio e 3000

mg de zinco e1400 mg de virginiamicina.

Figura 3 - Animais sendo suplementados em cocho coletivo.

No início do experimento todos os animais foram identificados com brincos

plásticos e vermifugados com medicamento a base de ivermectina. Para controle de

endo e ectoparasitos foi feita a aplicação na linha dorso-lombar de um produto pour-

on com ação bernecida, mosquicida e carrapaticida. Os animais foram pesados no

início e final do experimento em jejum alimentar prévio de 14 horas. Para

monitoramento do peso corporal e ajuste da quantidade de suplemento ofertada aos

animais foram realizadas durante o experimento pesagens intermediárias a cada 21

dias, sem jejum alimentar.

Em cada uma das seis áreas experimentais foram utilizadas do início ao fim do

experimento seis novilhas (animais testes) com composição genética (½ Nelore x ½

Page 43: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

28

Angus) e peso corporal médio de 249,2 kg com aproximadamente 16 meses de

idade. Outras dezesseis novilhas (animais reguladores) de igual composição

genética e contemporâneas aos animais testes foram adicionadas e retiradas das

áreas experimentais sempre que houve a necessidade de se ajustar a taxa de

lotação à capacidade de suporte dos pastos. O ajuste da taxa de lotação foi

realizado sempre que houve efeito de substituição do consumo de forragem por

suplemento.

Antes de serem colocadas nos piquetes, registravam-se os pesos e o número

de animais reguladores adicionados em cada tratamento, posteriormente foram

registradas as horas de entrada e de saída dos animais do piquete.

O ganho de peso diário dos animais testes foi utilizado para estimar o

desempenho individual das novilhas (Paciullo et al., 2011). O ganho de peso por

área (kg/ha) foi calculado com base nos ganhos de pesos individuais médios e no

número de animais (testes e reguladores) em cada área experimental, animais

dia/ha (Casagrande, 2010; Paciullo et al., 2011). A taxa de lotação (unidade animal

por hectare), foi calculada com base nos quantitativos, pesos e tempo de

permanência dos animais testes e reguladores presentes em cada área

experimental (Casagrande, 2010; Paciullo et al., 2011).

Na análise financeira foram considerados o custo de produção, a produção de

arrobas e a remuneração desta arroba obtida com a venda dos animais para o

frigorífico. A análise do custo de produção para cada estratégia de suplementação

concentrada incluiu as despesas com sal mineral, ração concentrada, adubação

nitrogenada, aplicação de herbicida, vermifugação dos animais e mão-de-obra

necessária ao manejo diário dos animais. Para cálculo das receitas foram

considerados as quantidades de arrobas produzidas e o preço pago na arroba da

novilha no frigorífico. Nesta análise financeira não foram utilizados os valores de

compra e venda dos animais, mas a quantidade de arrobas produzidas.

A avaliação financeira do desempenho animal foi realizada considerando a

relação margem e custo de produção, ou seja, receita gerada a partir do ganho de

peso por tratamento e despesas com suplemento mineral, concentrado, adubação,

vermífugo e mão de obra. Foi obtido através da padronização do peso inicial e final e

dos animais que convertido em arrobas (@) pelo qual foi multiplicado por valor da

arroba na região, cento e cinco reais, valor de comércio da arroba na época do

experimento.

Page 44: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

29

As variáveis, massa de lâmina foliar, massa de colmo, massa de material

morto, massa de forragem, matéria orgânica, matéria mineral, proteína bruta,

proteína insolúvel em detergente ácido, fibra em detergente neutro, fibra em

detergente ácido e hemicelulose foram analisadas estatisticamente considerando a

estrutura da matriz de covariâncias composta simétrica com a utilização do

procedimento MIXED do programa SAS University Edition (2014). Esta estrutura de

covariância foi utilizada devido à presença de medidas repetidas por piquete. Este

método permite avaliar a homogeneidade das variâncias e ajustar para a covariância

entre amostras. O tipo "CS" do procedimento MIXED foi utilizado na análise para

incluir cada piquete como uma unidade experimental. Os modelos estatísticos

consideraram os seguintes efeitos: tratamento, ciclo, bloco e o resíduo como efeito

aleatório.

As variáveis relacionadas ao desempenho dos animais foram analisadas

utilizando-se o procedimento GLM do programa SAS University Edition (2014). Os

efeitos incluídos nos modelos estatísticos foram tratamento, bloco e o resíduo como

efeito aleatório. Para ganho de peso individual a novilha foi a unidade experimental

(doze novilhas por tratamento). Os resultados são apresentados como médias

estimadas por quadrados mínimos. As médias foram comparadas utilizando o teste

Tukey a 5% de probabilidade.

3. Resultados e Discussão

Os valores de PC, taxa de lotação e de ganho de peso em função da

suplementação concentrada são descritos na (Tabela 2). A suplementação

concentrada influenciou (P<0,05) os ganhos de pesos médios diários, com

acréscimos de 0,184 e 0,333 kg/dia para os animais suplementados com 0,5 e 1,0%

do PC, respectivamente. Os ganhos de pesos das novilhas suplementadas com 0 e

0,5% de suplemento concentrado, foram superiores em 0,124 e 0,187 kg/dia

comparados aos ganhos obtidos com novilhas Nelore para mesmo nível de

suplementação concentrada em condições semelhantes de manejo de pastejo na

mesma área experimental (Souza et al., 2014a).

Foram observados ganhos de pesos individuais de 76,4; 101,6 e 121,7 kg para

os animais que receberam 0; 0,5 e 1,0% do PC de suplementação concentrada,

Page 45: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

30

respectivamente. Os acréscimos observados nos ganhos de pesos individuais

obtidos com a suplementação no período das águas contribuem para antecipar a

idade à puberdade sexual e reduzir o tempo gasto na fase de recria. Outra vantagem

é o fato de poder antecipar a liberação de área para outras categorias (Euclides et

al., 1998).

Para sistemas de produção mais intensivos a dependência do uso exclusivo do

pasto aumenta os riscos de fracasso, principalmente no que se refere ao

acasalamento das fêmeas com 14 ou 18 meses de idade (Santos et al., 2005). Ao

fornecerem suplementação concentrada para novilhos Nelore em pastos de

Brachiaria brizantha cv marandu, El-Memari Neto et al. (2003) não verificaram

diferenças (P>0,05) entre ganhos médios diários de 0,489 e 0,645 kg/animal/dia

obtidos com o fornecimento de 0,7 e 1,4% do PC de suplemento concentrado,

respectivamente. Valores que estão abaixo do ganho de peso registrado neste

experimento para o nível de 0,5% do PC de suplementação concentrada (Tabela 2).

Tabela 2 – Valores médios do peso corporal inicial, peso corporal final, ganho médio

diário, taxa de lotação inicial, taxa de lotação média, ganho de peso individual e por

área em função dos níveis de suplementos.

Suplementação (% do PC)

Variáveis 0 0,5 1,0 CV (%)

Peso corporal inicial (Kg) 251,6 248,9 247,4 ---

Peso corporal final (Kg) 328, 1 350,5 369,2 ---

Ganho de peso diário (Kg) 0,562a 0,746b 0,895c 13,7

Taxa de lotação inicial (UA/ha) 4,19 4,15 4,12 ---

Taxa de lotação média (UA/ha) 5,44 6,02 7,70 ---

Ganho de peso por área (Kg/ha) 653 958 1438 ---

Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

Os incrementos de 32,7 e 59,2% no ganho de peso dos animais

suplementados ao nível de 0,5 e 1,0% do PC podem ser atribuídos ao maior aporte

de nutrientes fornecidos pelo concentrado, respectivamente. O fornecimento de

suplemento concentrado nas quantidades de 0,5 e 1,0% do PC resultou em um

consumo diário de 1,5 e 2,9 kg/animal, respectivamente (Tabela 3). Ao considerar as

Page 46: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

31

quantidades consumidas e a concentração de nutrientes do concentrado e as

exigências nutricionais de novilhas de corte cruzadas (BR-Corte 2010), estima-se

que o fornecimento de 0,50 e 1,0% do PC de suplemento concentrado seja

suficiente para atender 33,1 e 64,1% das exigências proteicas total de animais de

300 kg de PC para ganhos médios de 0,750 Kg/animal/dia em sistema de

confinamento, respectivamente.

O animal, ainda jovem, apresenta alta eficiência alimentar, justificado por

menores exigências de energia e proteína metabolizáveis para mantença (NRC,

2000). Na fase de recria, os efeitos do suplemento concentrado são potencializados

e constitui numa boa estratégia para acelerar o ganho de peso de novilhas a pasto

no método de lotação rotacionada.

A suplementação concentrada alterou a taxa de lotação média dos pastos

(Tabela 2), com incrementos de 0,75 e 2,34 UA/ha para os animais suplementados

com 0,5 e 1,0% do PC, respectivamente. Esse resultado pode ser explicado pelo

maior ganho de peso dos animais suplementados (Tabela 2) e pelo acréscimo do

número de animais nos tratamentos com suplementação concentrada (Tabela 2). De

acordo com Silva et al., 2010, o uso de suplementos concentrados no período das

águas reduz o tempo de pastejo e o uso da forragem pelos animais (Gomide et al.,

2009), estimando-se um coeficiente médio de substituição de 2,11 g de MS de

pasto/g de MS de suplemento (Costa et al., 2011). Fatores que justificam os

aumentos na taxa de lotação observados nessa pesquisa.

O uso de suplementação concentrada para bovinos a pasto provoca a

substituição do consumo de forragem pelo suplemento, proporcionando aumento na

carga animal suportada pelo pasto e, consequentemente, maior número de animais

em uma mesma área (Agulhon et al., 2005). Assim, com a adição de suplemento ao

sistema é necessário ajustar a taxa de lotação do pasto para que o excedente de

forragem, gerado pela redução do consumo de forragem, possa ser colhida de forma

eficiente, minimizar as perdas e manter a estrutura do pasto adequada.

A capacidade de suporte dos piquetes ao longo dos ciclos de pastejo depende,

principalmente, da taxa de crescimento da forrageira, que por sua vez, é influenciada

pelas variações das condições edafoclimáticas (Tabela 1) e dos fatores de manejo,

dentre os quais: a suplementação concentrada. Assim, ajustes na carga animal

foram realizados com objetivo de se alcançar as metas de pastejo preestabelecidas

Page 47: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

32

para esta pesquisa. Não foi utilizada a oferta de forragem na orientação do manejo

do pastejo e sim altura de pasto.

Ao analisar os resultados obtidos, verifica-se que manejo do pastejo utilizado

nessa pesquisa associado a uma mineralização do rebanho proporcionou elevados

ganhos de pesos por área (Tabela 2) quando comparados à média nacional 96

kg/ha/ano (IBGE, 2011), ou mesmo aos valores de 490,2; 683,5; 775,8 e 1014,6

kg/ha registrados por Correia (2006) para novilhos a pasto no período das águas

suplementados diariamente com 0; 0,3; 0,6 e 0,9% do PC de uma mistura múltipla

com 22,2% PB na matéria seca, respectivamente. Já Fernandes et al., (2010) ao

utilizarem novilhos de composição genética ½ Nelore + ½ Blonde D'Aquitaine

manejados em pastos de Brachiaria brizantha cv. Marandu no método de lotação

rotacionada, observaram ganhos de 1064 e 1888 kg/ha para os animais

suplementados com 0 e 0,6% do PC, respectivamente.

Os ganhos de pesos por hectare foram influenciados pela suplementação

concentrada, com aumentos de 305 e 785 kg/ha para os animais suplementados

com 0,5 e 1,0% do PC, respectivamente. Estes resultados demonstram que em

condições adequadas de manejo de pastejo o uso da suplementação concentrado

no período das águas constitui em uma ótima tecnologia para aumento da produção

de carne a pasto em regiões tropicais. As diferenças observadas na produção por

área são explicadas pelos efeitos positivos da suplementação concentrada sobre os

ganhos de pesos individuais e sobre a taxa de lotação (Tabela 2). Além de, suportar

ganhos individuais adicionais, a suplementação alimentar no período das águas

permite aumentar a capacidade de suporte dos pastos (Reis et al., 2009) o que

favorece o aumento da produtividade por área e a intensificação do sistema de

produção.

Os componentes do custo operacional efetivo, o ganho de peso em arrobas e a

margem bruta obtida para cada estratégia de suplementação concentrada são

descritos na (Tabela 3).

Verificou-se aumento nos custos de produção por hectare com a

suplementação concentrada, com acréscimos de R$ 1073,1 e 2963,3 para o nível de

0,5 e 1,0% do PC comparado aos animais que não receberam suplementação,

respectivamente. Esta resposta é atribuída, principalmente, aos maiores

desembolsos realizados com aquisição do suplemento concentrado. De acordo com

Holmes e Wilson (1989), os custos são sensivelmente diminuídos quando se

Page 48: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

33

consegue manter rebanhos produtivos a pasto, utilizando recursos forrageiros

naturais.

O fornecimento de suplemento concentrado nas quantidades de 0,5 e 1,0% do

PC proporcionou ganhos adicionais de 10,69 e 29,75 @/ha em relação ao

tratamento no qual os animais não receberam concentrado, respectivamente.

Todavia, cabe destacar que a suplementação ao nível de 0,5 e 1,0% do PC elevou o

custo da arroba produzida em R$ 12,27 e 21,89, respectivamente. Nesta condição, o

ponto de equilíbrio financeiro, definido como margem bruta igual a zero, e expresso

em produção de carne por área, foi de 13,57; 23,69 e 41,69 @/ha para as

estratégias de 0; 0,5 e 1,0% do PC de suplementação concentrada,

respectivamente. O ponto de equilíbrio é aquele em que o custo dos insumos

empregados na formulação do suplemento utilizado no plano nutricional do rebanho

é igual ao ganho adicional de desempenho (kg/PC) proporcionado pela estratégia de

suplementação (Figueiredo et al., 2007).

Apesar de apresentar maior custo da arroba produzida, a suplementação

alimentar ao nível de 1,0% do PC proporcionou maior rentabilidade por hectare

comparado aos níveis de 0 e 0,5% do PC (Tabela 3). Esta maior rentabilidade pode

ser explicada pelo diferencial favorável obtido entre o incremento na produção de

arrobas por área (124,8%) e do incremento do custo da arroba (36,6%) em relação

ao tratamento sem suplementação concentrada. Estes resultados demonstram que a

suplementação concentrada constitui em tecnologia capaz de ampliar a eficiência

econômica da pecuária de corte. Esses resultados estão de acordo com os

reportados por Souza et al. (2014b), os quais ao utilizarem novilhas Nelore

manejadas na mesma área experimental e em condições semelhantes de pastejo

verificaram aumento da rentabilidade por área com aumento da quantidade de

concentrado fornecido.

Page 49: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

34

Tabela 3 – Componentes do custo operacional efetivo e margem bruta em função

das estratégias de suplementação concentrada.

Níveis de suplementação

(% do PC)

Variáveis 0 0,5 1,0

Consumo de Sal Mineral (g/animal/dia) 99,7 83,4 100,2

Consumo de concentrado (kg/animal/dia) 0,0 1,5 2,9

Despesas com Sal Mineral + concentrado (R$/ha) 196,7 1.344,5 3.088,1

Despesa com Adubação (R$/ha) 882,1 882,1 882,1

Despesa com Herbicida (R$/ha) 90,0 90,00 90,0

Despesa com Vermífugo LA (R$/ha) 15,4 17,0 21,2

Despesa com mão de obra (R$/ha) 174,0 192,4 240,7

Gasto Total (R$/ha) 1.414,0 2.487,1 4.377,3

Ganho (@/ha) 23,8 34,5 53,5

Custo da @ produzida (R$) 59,9 72,2 81,8

Margem bruta (R$/ha) 1.081,5 1.131,6 1.242,2

Sal Mineral = 1,70 R$/kg; Ração = 0,59 R$/kg; Mão de obra = 4,50 R$/cab/mês; Herbicida = 30,00

R$/L; Vermífugo LA = 360,00 R$/L adubo fosfatado 1.100,00 R$/ton;Uréia agrícola 1.250,00R$/ton@

R$ 105,00.

Ao realizar uma análise financeira da suplementação mineral em relação a

suplementação concentrada de novilhos Silva et al., (2010) verificaram que apesar

da renda bruta ter aumentado 26,9; 35,2 e 59,7% o custo de produção aumentou em

uma magnitude bem maior, com acréscimos de 252,8; 470,5 e 600,8% para o

fornecimento de suplemento concentrado ao nível de 0,3; 0,6 e 0,9% do PC,

respectivamente. Neste caso, o uso da suplementação concentrada em níveis

superiores a 0,35 do PC foi economicamente inviável (Silva et al., 2010).

Durante o experimento foram realizados cinco ciclos de pastejo, com duração

de 30, 30, 26, 26 e 24 dias para o primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto ciclo,

respectivamente. A variação na duração dos ciclos de pastejo é explicada pela

variação das condições ambientais (Tabela 1) associada aos objetivos de se

alcançar as metas de pastejo preestabelecidas para esta pesquisa. As estratégias

Page 50: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

35

de suplementação concentrada não alteraram (P>0,05) as massas de forragem ,

lâmina foliar, colmo e material senescente na condição de pré-pastejo (Tabela 4).

Os valores de massa de forragem total foram 3375; 3605 e 3611 kg de

MS/ha/ciclo de pastejo para os níveis de 0; 0,50 e 1,0% do PC de suplementação

concentrada, respectivamente. Assim, o aumento na taxa de lotação (Tabela 2) é

atribuído ao efeito de substituição do consumo de forragem por suplemento e não

por um aumento da produção de forragem do pasto, tornando a suplementação em

níveis crescentes, atrativa para o produtor, pois, além de suprir a exigência animal,

pode aumentar a capacidade de suporte dos sistemas produtivos, melhorando a

eficiência de utilização dos pasto em seus picos de produção e aumentando o nível

de produção por unidade de superfície (kg/ha/ano) (Paulino et al., 2004).

Em avaliações para condições de manejo semelhantes Souza et al., (2014c)

registraram valores de 3370,6; 3678,0 e 3598,1 kg/ha de massa de forragem total

para os tratamentos de pastejo para níveis de 0; 0,25 e 0,50% do PC de

suplementação concentrada, respectivamente. Os autores determinam que o

momento de entrada dos animais nos piquetes foi determinado pelo nível de 95% de

interceptação luminosa do pasto.

Uma vez que não foram observadas diferenças entre tratamentos para

componentes da massa de forragem no pré-pastejo, optou-se por agrupar os dados

de tratamentos e apresentar os resultados por ciclo de pastejo (Tabela 4).

A massa de lâmina foliar, de colmo, de material senescente e total foram

alteradas (P<0,05) em função dos ciclos de pastejo no pré-pastejo. A maior

quantidade de colmo registrada no primeiro e segundo ciclos de pastejo (Tabela 4),

constitui no principal fator associado às diferenças observadas na massa de

forragem do pasto na condição de pré-pastejo. Nessas condições, o colmo

representou 43,9; 41,0; 33,9; 27,6 e 25,3% da massa de forragem total no primeiro,

segundo, terceiro, quarto e quinto ciclos de pastejo, respectivamente.

Em gramíneas tropicais a taxa de crescimento do colmo pode representar de

35 a 89% da taxa de crescimento da lâmina foliar (Pereira et al., 2014), o que

confere alta participação de colmo no pasto. Para gramíneas tropicais o colmo

representa uma barreira física ao pastejo (Benvenutti et al.,2008), além de possuir

menor valor nutritivo comparado à lâmina foliar (Stabile et al., 2010). Durante o

experimento foi verificado melhoria da estrutura do pasto, determinada pelo aumento

Page 51: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

36

da relação lâmina:colmo, com valores de 0,77; 0,91; 1,21; 1,67 e 1,87 para o

primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto ciclo de pastejo, respectivamente.

A matéria seca da massa de forragem em pré-pastejo variou de 2088,7 a

3140,9 kg/ha/ciclo de pastejo ao longo do experimento. Superiores a variação de

1823 a 2283 kg/ha/ciclo de pastejo para a Brachiaria decumbens durante a estação

chuvosa (Paciullo et al., 2011).

Tabela 4 – Valores médios dos componentes da massa forragem dos pastos no pré-

pastejo para cada ciclo de pastejo.

Massa de forragem (kg/ha) Pré-pastejo

Variáveis Ciclo I Ciclo II Ciclo III Ciclo IV Ciclo V

Lâmina foliar 1368a 1385a 1720b 1307a 1399a

Colmo 1759a 1512b 1421b 782c 746c

Senescência 880ab 791a 1017b 739a 800ab

Total 4007bc 3688b 4168c 2828a 2945a

Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

As estratégias de suplementação concentrada não alteraram (P>0,05) as

massas de forragem total, lâmina foliar, colmo e material senescente na condição de

pós-pastejo. Os valores de massa de forragem total foram 2263,8; 2371,3 e 2309,6

kg de MS/ha/ciclo de pastejo para os níveis de 0; 0,50 e 1,0% do PC de

suplementação concentrada, respectivamente. Valores estes, abaixo de 3186 kg de

MS/ha registrado para a Brachiaria brizantha cv. Marandu manejado em sistema de

lotação rotacionada com 15 cm de altura do pasto no pós-pastejo (Costa 2007).

Como não foram observadas diferenças entre tratamentos para os

componentes da massa de forragem no pós-pastejo, optou-se por agrupar os dados

de tratamentos e apresentar os resultados por ciclo de pastejo (Tabela 5).

A massa de forragem (kg/ha) de lâmina foliar, colmo, material senescente e

massa de forragem (kg/ha) foram alterados (P<0,05) com os ciclos de pastejo na

condição de pós-pastejo (Tabela 5). Foram observados maiores massa de forragem

(kg/ha) de lâmina foliar para o primeiro e segundo ciclo de pastejo, com tendência

semelhante para a fração colmo (Tabela 5). Este comportamento resultou em

relações lâmina:colmo com variação de 0,33 a 0,66 do primeiro para o quinto ciclo

de pastejo, respectivamente.

Page 52: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

37

As massas de forragem total residual (MFT) foi maior no primeiro ciclo do que

nos demais sendo que na MFT foi observada uma grande participação da fração de

colmo (Tabela 5). Este efeito de ciclo observado na MFT assemelha-se à do pré-

pastejo, no qual esta característica apresentou valores decrescentes, apresentado

32,5% menos forragem no quinto ciclo de pastejo em comparação ao primeiro.

A composição morfológica do pasto foi alterada pelos ciclos de pastejo, com

redução da fração colmo e aumento de material senescente. A variação do peso

seco de colmo e de material senescente com os ciclos de pastejo corroboram com

aqueles descritos por Neto. (2010), que trabalhou com três níveis de suplementação

concentrada controle, constante 0,6 e crescente 0,3-0,6-0,9% PC, pastejado em

Brachiaria brizantha cv. Marandú que registraram valores de 1591; 1325 e 1166

kg/ha e de 1871, 1707 e 2393 kg/ha para o primeiro, segundo e terceiro ciclos de

pastejo respectivamente em pasto de Brachiaria Brizantha cv marandu.

Tabela 5 – Valores médios dos componentes da massa forragem dos pastos no pós-

pastejo para cada ciclo de pastejo.

Massa de forragem (kg/ha) Pós pastejo

Variáveis Ciclo I Ciclo II Ciclo III Ciclo IV Ciclo V

Lâmina foliar 541ab 628b 454a 461a 487a

Colmo 1632d 1087c 1035bc 885ab 736a

Senescência 593a 632abc 776abc 743abc 864c

Total 2766d 2347c 2265abc 2089ab 2087a

Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

Uma vez que não foram observadas diferenças entre tratamentos para

componentes do acumulo de forragem, optou-se por agrupar os dados de

tratamentos e apresentar os resultados por ciclo de pastejo. Houve efeito (P<0,05)

dos ciclos de pastejo para acumulo total de forragem e as características

morfológica de folha e colmo, já para material senescente não diferenciaram entre

os ciclos de pastejo (P>0,05) os resultados são apresentados da (Tabela 6). Ao

avaliar a massa total de acumulo registraram valores de 988; 1342; 1894; 579; e 658

kg/ha para o primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto ciclos de pastejo

respectivamente.

Verificou-se efeito (P<0,05) dos níveis de suplementação concentrada sobre as

alturas do pasto no pré-pastejo, com valores de 37,2a; 37,7a e 43b cm para os

Page 53: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

38

níveis de suplementação concentrada de 0; 0,50 e 1,0% do PC, respectivamente

(Tabela 6). Todavia, a maior altura do pasto registrada para o nível de

suplementação de 1,0% do PC não influenciou (P>0,05) a massa de forragem e a

massa de colmo no pré e no pós-pastejo. Variáveis relacionadas com a estrutura e

altura do pasto.

No trabalho de Gomide et al., (2009) que trabalharam com níveis de

suplementação concentrada 0,2; 0,6 e 1,0% PC, com 18% PB, utilizando o capim-

marandu manejado em sistema de lotação rotacionada, registrou valor pré pastejo

médio de 55 cm de altura do pasto com 94,6% de interceptação luminosa valor

superior ao observado no trabalho.

Foi observado efeito (P<0,05) de ciclo de pastejo sobre alturas dos pastos no

pré-pastejo (Tabela 6), com decréscimo de 29,9% do primeiro para o quinto ciclo de

pastejo. Para o primeiro ciclo de pastejo houve dificuldade de se atingir as metas de

35 cm de altura pré-pastejo e de 20 cm de altura pós-pastejo definidas para esta

pesquisa. Fato atribuído a menor carga animal e maior massa de forragem no pré-

pastejo do primeiro ciclo de pastejo.

Tabela 6 – Valores médios das alturas dos pastos por ciclo de pastejo em resposta

aos níveis de suplementação concentrada dos animais.

Tratamento Altura Pré-pastejo (cm)

Ciclo I Ciclo II Ciclo III Ciclo IV Ciclo V Média

0% PC 41,4 37,0 35,8 36,3 35,3 37,2A

0,50% PC 44,6 37,5 34,9 35,4 36,0 37,7A

1% PC 55,2 46,5 39,3 38,7 35,1 43,0B

Média 47,1c 40,3b 36,7ab 36,8ab 35,5a

Médias seguidas de letra maiúsculas na coluna minúscula na linha diferem entre si pelo teste Tukey a

5% de probabilidade.

A suplementação concentrada não alterou (P>0,05) as alturas dos pastos no

pós-pastejo, com valores médios de 20,2; 19,4 e 19,9 cm para os níveis de

suplementação de 0; 0,5 e 1,0% do PC, respectivamente. As alturas do pasto no

pós-pastejo foram muito próximas das metas preestabelecidas de 20 cm. O manejo

de pastejo com taxa de lotação variável permitiu controle adequado desta

característica. Já para efeito do ciclo de pastejo a (P<0,05) houve diferença

significativa sobre as alturas de pasto na condição de pós-pastejo (Tabela 7).

Page 54: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

39

Semelhante ao comportamento observado no pré-pastejo, verificou-se redução nas

alturas dos pastos no pós-pastejo com os ciclos de pastejo, registrando-se redução

de 17,2% do primeiro para o quinto ciclo.

Tabela 7 – Valores médios das alturas dos pastos no pós-pastejo em resposta aos

níveis de suplementação concentrada dos animais dentro de cada ciclo de pastejo.

Tratamento Altura pós-pastejo (cm)

Ciclo I Ciclo II Ciclo III Ciclo IV Ciclo V Média

0 % PC 22,0 20,8 19,8 19,1 19,5 20,2A

0,50 % PC 21,5 20,2 18,3 18,3 18,6 19,4A

1 % PC 22,7 21,0 19,0 18,5 18,3 19,9A

Média 22,1c 20,7b 19,0a 18,6 a 18,8 a

Médias seguidas de letra maiúsculas na coluna minúscula na linha diferem entre si pelo teste Tukey a

5% de probabilidade.

Os teores de matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB),

proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), hemicelulose (HEM), fibra em

detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) não foram alterados

pelas estratégias de suplementação concentrada. Foram observados valores médios

de 7,7; 8,9 e 8,3% de PB na matéria seca para os níveis de 0; 0,50 e 1,0% do PC de

suplementação concentrada, respectivamente.

Valores médios de 1,2; 1,2 e 1,3 % de PIDA e 64,1; 63,8 e 64,4% de FDN,

expressos em porcentagem da MS, foram estimados para os níveis de 0; 0,50 e

1,0% do PC de suplementação concentrada, respectivamente. Uma vez que não

foram observadas diferenças entre tratamentos na composição química da forragem

no pré-pastejo, optou-se por agrupar os dados de tratamentos e apresentar os

resultados por ciclo de pastejo (Tabela 8).

Esse resultado já era esperado, pois todos os tratamentos, em relação ao

pasto tiverem o mesmo manejo e a mesma adubação e resultante da semelhança

nas quantidades de folha em seus dosséis na qual foram semelhantes entre os

tratamentos.

Houve efeito (P<0,05) dos ciclos de pastejo para os teores de PB e PIDA, já os

teores de MO, MM, HEM, FDN e FDA não diferenciaram entre os ciclos de pastejo

(P>0,05) os resultados estão na (Tabela 8).

Os resultados para a composição química pode também ser explicado, pelo

estágio de maturação das plantas devido a vedação do pasto antes do inicio

Page 55: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

40

experimental. No primeiro ciclo de pastejo as lâminas foliares presentes na estrutura

do pasto eram oriundas do acúmulo de forragem anterior ao período experimental.

Nos período referente aos ciclos posteriores de pastejo, houve uma resposta do

pasto quanto à modificação de sua estrutura em decorrência do rebaixamento do

pasto através do pastejo dos animais e adubação e consequentemente o surgimento

de lâminas foliares novas, com valor nutritivo mais elevado.

Santos et al., (2009) concluíram que o período de diferimento aumenta a

massa de forragem morta e o índice de tombamento do pasto, reduzindo o valor

nutritivo da forragem, com queda no teor de PB e aumento no de FDN. Casagrande

(2010) avaliando pastos de capim-marandu manejados sob lotação contínua nas

alturas de 15, 25 e 35cm encontrou redução no teor de PB e aumento na fibra, à

medida que elevou a altura do pasto.

Tabela 8 – Composição química (% da matéria seca) do pasto de Brachiaria

Brizantha cv Marandu de acordo com os ciclos de pastejo.

Variáveis CicloI CicloII CicloIII Ciclo IV CicloV

Matéria orgânica 92,3a 92,0a 91,4a 91,1a 91,5a

Matéria mineral 7,9a 7,8a 7,9a 8,3a 8,3a

Proteína bruta 5,7a 7,7ab 7,0ab 9,1bc 11,8c

PIDA 0,6a 1,0a 1,7b 1,7b 0,9a

Hemicelulose 35,2a 31,9a 30,3a 31,3a 32,6a

FDN 67,5a 63,0a 63,0a 63,7a 63,2a

FDA 32,3a 31,1a 32,7a 32,4a 30,5a

Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), Fibra em Detergente Neutro (FDN), Fibra em Detergente Acido (FDA).

Os teores de FDN e FDA tenderam a reduzir no decorrer do período avaliado

(Tabela 8). Esta redução nos teores de FDN é importante para melhorar o valor

nutricional da forragem e o aumento do consumo de massa seca de forragem pelos

animais, uma vez que o teor de FDN é importante para definir a qualidade da

forragem, tanto como limitar a capacidade de consumo dos animais.

Foi observada uma variação crescente no teor de PB do capim Brachiaria

brizantha cv. Marandu ao longo dos ciclos de pastejo. Esta variação foi na ordem de

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41

107% entre o primeiro e quinto ciclo de pastejo. E os teores de PB da forragem só

não foram equivalente preconizado por Van Soest (1994), no primeiro ciclo, mas

apartir do segundo ciclo em diante foram equivalentes ao valor relatado por Van

Soest (1994), de no mínimo 7%, para que a microbiota ruminal tenha condições de

utilizar os substratos energéticos da forragem.

4. Conclusões

A suplementação concentrada ao nível 0,50 e 1,0% do PC foi mais eficiente

para a recria de novilhas de corte cruzadas comparado ao sistema de produção

exclusivo a pasto e sal mineral, devido aos maiores ganhos de peso diário e por

área.

A escolha do melhor nível de suplementação concentrada depende da relação

entre custo de produção da arroba e seu preço de venda.

A massa de forragem e sua composição química foram semelhantes para os

diferentes níveis de suplementação.

Page 57: DESEMPENHO DE NOVILHAS DE CORTE EM PASTEJO …

42

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