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Emília Nadal Desenhos para Cena Cenários e gurinos para o Teatro e a Dança. Do desenho ao espaço tridimensional do palco.

Desenhos para Cena - Sociedade Nacional de Belas …e Etnologia do Distrito de Setúbal; na Galeria S.Mamede em Lisboa e no Teatro Mirita Casimiro, Estoril. Está Está representada

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Emília Nadal

Desenhos para Cena Cenários e fi gurinos para o Teatro e a Dança. Do desenho ao espaço tridimensional do palco.

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OS ÚLTIMOS SEGUNDOS DO ÚLTIMO SONHO DE FLORBELA ESPANCABallet Gulbenkian 1975COREOGRAFIA - Carlos Trincheiras. Música - Frank MartinCENÁRIO E FIGURINOS - Emília NadalEXECUÇÃO DE CENÁRIO E ADEREÇOS - Inês Guerreiro

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emília nadalNatural de Lisboa, e de ascendência catalã, licenciou-se em Pintura pela ESBAL. Frequentou Ciências da Educa-ção na Faculdade de Letras – U.C.L, cursos de gravura, de holografi a. Foi Bolseira da Fundação C. Gulbenkian para Investigação em Artes Visuais, e para a realização de um projeto de criação de “Embalagens para Produtos Naturais e Imaginários Liofi lizados”.

atividade de artista plástica – Nas áreas da pintura, desenho, gravura, instalação e objectualismo. Expõe desde 1957, realizando numerosas exposições individuais e de grupo em Portugal e no estrangeiro. Entre as mais recentes citam-se as exposições individuais realizadas em 2016 no Museu de Arqueologia e Etnologia do Distrito de Setúbal; na Galeria S.Mamede em Lisboa e no Teatro Mirita Casimiro, Estoril. Está representada nas coleções do Centro de Arte Moderna – CAM, Fundação Gulbenkian; do Museu de Arte Moderna-Serralves; Museu de Arte Moderna, Coleção Berardo; Núcleo de Arte Contemporânea, Coleção José-Augusto França, Tomar; Museu Nacional do Teatro e da Dança; coleções da CGD e BCP e particulares. Arte pública: Realizou um mural em betão para a Biblioteca João Paulo II.

atividade como cenógrafa – Nas área dos espetáculo e das performances.1975> Ballet Gulbenkian – Carlos Trincheiras, O Sonho de Florbela Espanca 1976> Estúdio Coreográfi co do Ballet Gulbenkian – Vasco Wellenkamp, Requiem 1977> Libera me (1ª versão) 1978> Suite Lírica 1979> Lúdica 1981> Libera me (2ª versão) 1993> I Sospiri e le Lacrime e´l Desio; SPA – Jaime Salazar Sampaio 1982> O Sobrinho 1983> Teatro Nacional D. Maria II, Atur Ramos – Fernando (talvez) Pessoa de Jaime Sala-zar Sampaio.. ACARTE / TEC – Carlos Avilez 1988> Erros meus, má Fortuna, Amor ardente 1989> Sonho de uma Noite de verão. – William Shakespeare (não realizado) 1979> RTP 1 – Programa Obrigatório não ver de Ana Haterly, - Performance “Episódios” 1981> Círculo de Artes Plásticas, Coimbra. Performance Slogan´s 1986> Festival dos Capuchos. Mosteiro dos Jerónimos – Requiem de Domingos Bontempo/instalação 1991> Igreja de S. Domingos – Libera me. Constança Capdeville/instalação 2000> Centro Cultural de Belém – Sinais do Presépio/instalação 2001> Festival de Música de Leiria – João Pedro Oliveira, ÍRIS – vídeo/pintura 2015> Fátima – Átrio da Igreja da Ssma Trindade, Sinais do Presépio/instalação 2016> Sinais da Paixão/insta-lação 2016> Sinais da Ressurreição/instalação.

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FERNANDO (TALVEZ) PESSOAJaime Salazar SampaioENCENAÇÃO - Artur RamosCENÁRIO E FIGURINOS - Emília NadalTeatro Nacional D. Maria II

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LIBERA MEBallet Gulbenkian 1977COREOGRAFIA -Vasco Wellenkamp MÚSICA - Constança Capdeville. CENÁRIOS E FIGURINOS - Emília Nadal Grande Auditório da Fundação C. Gulbenkian

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Os trabalhos de Emília Nadal para cena apresentam-se inteiramente coerentes com a sua obra de pintora. Para quem se detenha a analisar esses tra-balhos, um dos maiores aliciantes consiste, precisa-mente, em verifi car como certas constantes transitam da tela dos quadros para o palco, e obtêm novas for-mulações no espaço tridimensional deste último.

Os Últimos Segundos do Último Sonho (1975), o seu primeiro grande trabalho para bailado, pelo facto de ser também o mais complexo de todos eles, é certamente aquele que nos proporciona, a esse respeito, um campo de observação mais amplo.

No cenário do… Sonho encontramos, por exemplo, as nuvens-árvores que têm antecedentes de modo óbvio no quadro Canto XI (1973), ou de modo muito subtil em alguns daqueles outros habitualmente designados como Caixas (1971-1974). Encontramos nesse cenário, também, um certo toque de esoterismo onírico visível em O Festim ou o O Crepúsculo (ambos de 1972). Quanto aos fi gurinos, existem em alguns de-les, traços de uma iconografi a conotada com a fi cção científi ca e que é bem detetável em dois dos quadros da Homenagem a J. Bosch: As Tentações de Santo Antão e O Jardim das Delícias (1975).

Por outro lado, desde a grande complexi-dade do… Sonho até à simplicidade máxima de Lú-dica (1979), desenvolve-se, nas cenografi as de Emília Nadal para bailado, um outro elemento característi-co da sua pintura: o predomínio das linhas oblíquas (elemento fundamental e quase omnipresente desde a série das Caixas até às Paisagens Oblíquas da década de 80, passando por O Festim e o O Crepúsculo).

Por sua vez, no belíssimo cenário, à base de tubos metálicos, da 1ª versão de Libera me (1977) – com a sua sugestão de “um grande movimento ascendente”, que muito contribuía para a criação da “atmosfera sideral” (cito palavras da própria artista) em que o bailado se situava – podemos vislumbrar o que é, por certo, a marca mais profunda da arte e da personalidade de Emília Nadal: a espiritualidade, a aspiração ao Transcendente.

Mas para além do interesse que estes traba-lhos apresentam em si mesmos, o que se me afi gura ainda mais digno de nota é o facto de, ao transitar apara o palco, Emília Nadal abandonar, ou melhor, ultrapassar a dimensão meramente pictórica.

É muito sintomático que, nas suas criações cenográfi cas para bailado, não se inclua, até agora, nenhuma cortina pintada, o que, em princípio, é de espe-rar de um pintor quando começa a trabalhar para cena. Nadal, pelo contrário, construiu estruturas escultóricas (no…Sonho) ou quase arquitetónicas (em… Libera-me – 1ª versão) de envolvimento dos bailarinos.

No entanto, só em aparência isto pode consi-derar-se contraditório ou, pelo menos, surpreendente. O que, pura e simplesmente, aconteceu foi que, ao ser-lhe dada a possibilidade de se expressar no espa-ço fi sicamente tridimensional do palco, Emília Nadal pôde explicitar melhor essa quase-constante da sua obra pictórica que é a presença de um espaço otica-mente tridimensional. Com efeito, muitas das obras de Nadal – designadamente as Caixas, as Decomposições

QUANDO EMÍLIA NADAL ENTROU EM CENA

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(1974-75) ou as Paisagens de 1976 – estruturam-se em torno de um espaço ilusório, ou da ilusão do espaço. A este propósito, falou Manuel Rio-Carvalho do “espa-ço como objeto da pintura” que, a partir do contacto com os pintores do “Quattrocento”, virá a informar uma boa parte da produção de Nadal.

O universo estético do bailado impõe, no entanto, algumas limitações ao cenógrafo. Em bailado, o elemento visual fundamental é o próprio movimento dos corpos dos bailarinos. O cenário não pode, pois, ser interveniente a tal ponto que anule visualmente esse movimento.

Foi assim que, liberta dessas limitações, Emília Nadal pôde levar as suas experiências de construção do espaço cénico a um grau superior de desenvolvi-mento com o cenário da peça Fernando (talvez) Pessoa de Jaime Salazar Sampaio (1983). A exploração máxima da perspetiva, o polimorfi smo e o multi-simbolismo caraterizavam esse espaço – por certo, um dos mais fascinantes e esteticamente ricos que até hoje foram instalados sobre um palco teatral português.

Por quanto fi ca dito, a presente exposição de trabalhos de Emília Nadal, mais do que proporcio-nar-lhe um olhar sobre um passado de grata recorda-ção, faz-nos desejar um futuro em que, quanto antes, Emília Nadal volte a entrar em cena, no sentido literal da expressão.

Carlos de Pontes Leça (Catálogo da Exposição no TEC.Teatro Mirita Casimiro. Estoril 1989)

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Libera me e I Sospiri Le Lacrime e´l DesioDois cenários que Emília Nadal criou para dois bailados meus e que me marcaram profundamente:

Libera me (1977)

Quando a Emília me mostrou a maquete para o cenário do Libera me fi quei entusiasmado.

Atraíu-me pela sua organicidade e por revelar uma sin-tonia espacial com a coreografi a que eu já tinha em fase de criação. Mas, na verdade, só percebi a sua força e a sua beleza quando, na sua dimensão real, subiu à cena.

Suspensos a toda a largura do palco, dois semi-círculos de tubos metálicos, ligeiramente inclinadas e separadas ao centro, circunscreviam um espaço circular, suspen-dendo o da direita, num ponto tangente do seu interior, uma escultura de linhas verticais dirigidas para o céu. Uma outra escultura de formas idênticas, situada no chão do palco, ao fundo do lado esquerdo, completava-o, num equílibrio perfeito. Todo o cenário parecia pronto para levantar voo. Um assombro.

Durante o espetáculo, o cenário iluminado refl etia raios de luz sobre os corpos dos bailarinos, vestidos com malhas cor de âmbar. Quando a luz desaparecia e só incidia sobre os bailarinos, ganhava distância e um aspeto vagamente lunar, para voltar noutros momentos de luz, a cintilar como matéria estrelar.

Naquele contexto, oferecia-se como metáfora de um espaço espiritual onde se ouviam cantos gregorianos e se viam corpos a interpretar uma dança num lugar sem nome. A mim sugeriu-me sempre um templo contemporâneo.

Passados quase 40 anos tenho bem presente no espírito a atmosfera mística que a cenografi a de Emília Na-dal me proporcionou. Da coreografi a só me lembro da

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belíssima interpretação da Graça Barroso e do Ger Thomas, e lembro-me também do entusiasmo que a obra provocou no Palco do Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, graças à inspiração e ao talento de Emília Nadal e, também o quero lembrar, de Constança Capde-ville que compôs a música.

I Sospiri e le Lacrime e’l Desio (1993)

A obra que a Emília Nadal criou para ser reproduzida num telão de fundo para a coreografi a que fi z, sobre três peças para piano de Franz Lizt, foi inspirada na sua Série de pinturas intituladas Paisagens Oblíquas e Rotu-ras. E foi, a partir dessa linha estética, que Emília Nadal entreteceu a sua ideia cenográfi ca com a obra musical e a minha coreografi a. A cena fi cou deslumbrante.

A coreografi a criada num registo lírico e, ao mesmo tempo debatendo-se entre esse registo a sensualidade subtil que procurava, encontrou na pintura do fundo cenográfi co uma atmosfera ideal para a sua realização. O fundo dominou toda a cena como uma imagem abs-trata a lembrar superfícies marmóreas e, em oposição com essas texturas, a insinuar, com as suas tranquilas nuvens de fogo, qualquer coisa de elegante, clássico e, ao mesmo tempo, indizível.

Sem esse fundo o bailado perderia um dos seus suportes estéticos e toda a atmosfera se perderia. Esta é, em minha opinião, a maior qualidade que uma cenografi a pode ter: a de, na sua ausência, deixar orfã a obra que pressupõe servir.

Obrigado Emília Nadal por tantos momento de beleza que deu aos muitos bailados que cenografou para o Ballet Gulbenkian. Vasco Wellenkamp

ERROS MEUS, MÁ FORTUNA, AMOR ARDENTE Natália Correia ENCENAÇÃO – Carlos AvilezCENÁRIO E FIGURINOS – Emília NadalEXECUÇÃO DE GUARDA-ROUPA – Emília Lima PRODUÇÃO ACARTE. Fundação GulbenkianCAM. Novembro – Dezembro 1988

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SONHO DE UMA NOITE DE VERÃOWilliam ShakespearePROJETO DE ENCENAÇÃO - Carlos AvilezPROJETOS DE CENÁRIO E GUARDA-ROUPA - Emília NadalAuditório de ar-livre, Jardim da Fundação C. GulbenkianEspetáculo não realizado

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Na nossa vida temos muitos encontros, alguns dos quais decisivos e inesquecíveis.

A feliz colaboração com a grande Senhora e Artista que é Emília Nadal foi um dos momentos mais marcantes de todo o meu percurso.

Desse encontro que deu origem ao espetáculo “Erros meus, má fortuna, amor ardente” estiveram envolvidas também, mais duas mulheres que foram decisivas para mim: Madalena de Azeredo Perdigão e Natália Correia.

A realização plástica era de uma grande beleza. Há momentos criados por esta artista plástica, como a cena do Naufrágio e do gigante Adamastor, que considero um dos mais belos em todo o meu tra-balho como encenador.

Mais tarde, em “Sonho de uma noite de Verão”, infeliz espetáculo que foi proibido por alguém cujo nome já me esqueci, e último projeto teatral da Dra. Madalena de Azeredo Perdigão, voltámos a trabalhar juntos e a criar uma cumplicidade enorme. Tenho a certeza que teria sido um grande espetáculo ao ar livre nos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian.

Falar de Emília Nadal é falar de alguém que merece o maior respeito, a maior admiração e a mais respei-tosa amizade.

Minha Senhora e Amiga, muito obrigado por tudo.Carlos Avilez – abril.2016

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Campo Grande, 25, 1ºFtel. 217 989 637email: [email protected] úteis, das 8h às 20h

Centro de Documentação do Edifício Central do Município24 de maio a 06 de junho 2016

CML/SG/DAOSM . Divisão de Gestão e Manutenção de Edifícios e Apoio aos Serviços

COORDENAÇÃO Rui Lourido, Teresa Sancha Pereira ORGANIZAÇÃO E APOIO Cláudia Domingues DESIGN Isilda Marcelino

IMPRESSÃO Imprensa Municipal (DGMEAS)MONTAGEM/ILUMINAÇÃO Jorge Brites, Victor Ribeiro (DGMEAS/Manutenção) Paulo Silva, Manuel Soares (UCT/DO/DEMIEM)