Desenvolvimento Crianca Piaget Resumo

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  • 7/29/2019 Desenvolvimento Crianca Piaget Resumo

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    O desenvolvimento mental da criana

    em Jean Piaget

    O desenvolvimento psquico, que comea quando nascemos e termina

    na idade adulta, comparvel ao crescimento orgnico: como este, orienta-

    se, essencialmente, para o equilbrio. Caracterizado pela concluso do

    crescimento e pela maturidade dos rgos, tambm a vida mental pode ser

    concebida como evoluindo na direo de uma forma de equilbrio final,

    representada pelo esprito adulto. O desenvolvimento, portanto, uma

    equilibrao progressiva, uma passagem contnua de um estado de menorequilbrio para um estado de equilbrio superior. Assim, do ponto de vista da

    inteligncia, fcil se opor a instabilidade e incoerncia relativas das idias

    infantis sistematizao de raciocnio do adulto.

    Comparando-se a criana ao adulto, ora se surpreendido pela

    identidade de reaes fala-se ento de uma pequena personalidade

    para designar a criana que sabe bem o que quer e age, como ns, em

    funo de um interesse definido ora se descobre um mundo de diferenas

    nas brincadeiras, por exemplo, ou no modo de raciocinar, dizendo-se

    ento que a criana no um pequeno adulto. As duas impresses so

    verdadeiras. Do ponto de vista funcional, isto , considerando as motivaes

    gerais da conduta e do pensamento, existem funes constantes em

    comuns a todas as idades.

    As estruturas variveis sero, ento, as formas de organizao da

    atividade mental, sob um duplo aspecto: motor ou intelectual, de uma parte

    e afetivo, de outra, com suas duas dimenses individual e social

    (interindividual). Distinguiremos, para maior clareza, seis estgios ou

    perodos do desenvolvimento, que marcam o aparecimento dessas

    estruturas sucessivamente construdas: 1. O estgio dos reflexos, ou

    mecanismos hereditrios; 2. O estgio dos primeiros hbitos motores e das

    primeiras percepes organizadas; 3. O estgio da inteligncia senso-

    motora ou prtica (anterior linguagem); 4. O estgio da inteligncia

    intuitiva, dos sentimentos interindividuais espontneos e das relaes

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    sociais de submisso ao adulto; 5. O estgio das operaes intelectuais

    concretas (comeo da lgica); 6. O estgio das operaes intelectuais

    abstratas, da formao da personalidade e da insero afetiva e intelectual

    na sociedade dos adultos. Cada estgio caracterizado pela apario de

    estruturas originais, cuja construo o distingue dos estgios anteriores.

    Podemos agora compreender o que so os mecanismos funcionais

    comuns a todos os estgios. Pode-se dizer de maneira geral (no

    comparando somente cada estgio ao seguinte, mas cada conduta, no

    interior de qualquer estgio conduta seguinte) que toda ao isto , todo

    movimento, pensamento ou sentimento corresponde a uma necessidade.

    A criana, como o adulto, s executa alguma ao exterior ou mesmo

    inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz

    sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar ou

    um interesse, uma pergunta, etc.).

    Comer ou dormir, brincar ou conseguir suas finalidade, responder a

    perguntas ou resolver problemas, ser bem sucedido na imitao,

    estabelecer um lao afetivo, sustentar seu ponto de vista, so outras

    satisfaes que, nos exemplos precedentes, daro fim conduta especfica

    suscitada pela necessidade. A ao humana consiste neste movimento

    contnuo e perptuo de reajustamento ou de equilibrao. Antes de

    examinarmos o desenvolvimento em detalhes, devemos precisar a forma

    geral das necessidades e interesses comuns a todas as idades. Pode-se

    dizer que toda necessidade tende: 1, a incorporar as coisas e pessoas

    atividade prpria do sujeito, isto , assinalar o mundo exterior s estruturas

    j construdas, e 2, a reajustar estas ltimas em funo das transformaes

    ocorridas, ou seja, acomod-las aos objetos externos.

    I. O recm-nascido e o lactente O perodo que vai do nascimento at

    a aquisio da linguagem marcado por extraordinrio desenvolvimento

    mental. Mas, na verdade, decisivo para todo o curso da evoluo psquica:

    representa a conquista, atravs da percepo e dos movimentos, de todo o

    universo prtico que cerca a criana. Ora, esta assimilao senso-motora

    do mundo exterior imediato realiza, em dezoito meses ou dois anos, toda

    uma revoluo coprnica em miniatura. No recm-nascido, a vida mental sereduz ao exerccio de aparelhos reflexos, isto , s coordenaes sensoriais

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    e motoras de fundo hereditrio, que correspondem a tendncias instintivas,

    como a nutrio. Mas estes diversos exerccios, reflexos que so a

    prenncia da assimilao mental, vo rapidamente se tornar mais

    complexos por integrao nos hbitos e percepes organizados,

    constituindo o ponto de partida de novas condutas, adquiridas com ajuda da

    experincia.

    Os conjuntos motores (hbitos) novos e os conjuntos perceptivos, no

    incio, foram apenas um sistema; a esse respeito, pode-se falar de

    esquemas senso-motores. Mas comose constroem estes conjuntos? Um

    ciclo reflexo sempre, no ponto de partida, mais um ciclo cujo exerccio, em

    ligar de se repetir, incorpora novos elementos, constituindo com eles

    totalidades organizadas mais amplas, por diferenciaes progressivas.

    Terceiro estgio, que mais importante ainda para o curso do

    desenvolvimento: o da inteligncia prtica ou senso-motora. A inteligncia

    aparece, com efeito, bem antes da linguagem, isto , bem antes do

    pensamento interior que supe o emprego de signos verbais (da linguagem

    interiorizada). Mas uma inteligncia totalmente prtica, que se refere

    manipulao dos objetos e que s utiliza, em lugar de palavras e conceitos,

    percepes e movimentos, organizados em esquemas de ao.

    Investiguemos como se constroem estes atos de inteligncia. Pode-se falar

    de dois tipos de fatores. Primeiramente, as condutas precedentes se

    multiplicam e se diferenciam cada vez mais, at alcanar uma maleabilidade

    suficiente para registrar os resultados da experincia. assim que nas

    reaes circulares o beb no se contenta mais apenas em reproduzir os

    movimentos e gestos que conduziram a um efeito interessante, mas os varia

    intencionalmente para estudar os resultados destas variaes, entregando-se a verdadeiras exploraes ou experincias para ver. De outro lado, os

    esquemas de ao, construdos desde o nvel do estgio precedente e

    multiplicados graas a essas novas condutas experimentais, tornam-se

    suscetveis de se coordenarem entre si, por assimilao recproca, tal como

    faro mais tarde as noes ou conceitos do pensamento.

    A objetivao das sries temporais paralela causalidade. Em suma,

    em todos os domnios encontramos esta espcie de revoluo coprnica.Esta permite inteligncia senso-motora sair do seu egocentrismo

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    inconsciente radical para se situar em um universo, no importando quo

    prtico e pouco reflexivo este seja.

    II. A primeira infncia: de dois a sete anos Com o aparecimento da

    linguagem, as condutas so profundamente modificadas no aspecto afetivo

    e no intelectual. Alm de todas as aes reais ou materiais que capaz de

    efetuar, como no curso do perodo precedente, a criana torna-se, graas

    linguagem, capaz de reconstituir suas aes passadas sob forma de

    narrativas, e de antecipar suas aes passadas sob forma de narrativas, e

    de antecipar suas aes futuras pela representao verbal. Da resultam

    trs conseqncias essenciais para o desenvolvimento mental: uma

    possvel troca entre os indivduos, ou seja, o incio da socializao da ao:

    uma interiorizao da palavra, isto , a apario do pensamento

    propriamente dito, que tem como base a linguagem interior e o sistema de

    signos, e, finalmente, uma interiorizao da ao como tal, que, puramente

    perceptiva e motora que era at ento, pode da em diante se reconstituir no

    plano intuitivo das imagens e das experincias mentais. No momento da

    apario da linguagem, a criana se acha s voltas, no apenas com o

    universo fsico como antes, mas com dois mundos novos e intimamente

    solidrios: o mundo social e o das representaes interiores. Da mesma

    maneira, a criana reagir primeiramente s relaes sociais e ao

    pensamento em formao com um egocentrismo inconsciente que prolonga

    o do beb. Ela s se adaptar, progressivamente, obedecendo s leis do

    equilbrio anlogas s do beb, mas transpostas em funo destas novas

    realidades. por este motivo que se observa, durante toda a primeira

    infncia, uma repetio parcial, em planos novos, da evoluo j realizada

    pelo lactente no plano elementar das adaptaes prticas. A. A socializao da ao: A troca e a comunicao entre indivduos so

    conseqncia mais evidente do aparecimento da linguagem. Sem dvida,

    estas relaes interindividuais existem em germe desde a segunda metade

    do primeiro ano, graas limitao, cujos progressos esto em ntima

    conexo com o desenvolvimento senso-motor.

    B. A gnese do pensamento: durante a primeira infncia, uma

    transformao da inteligncia que, de apenas senso-motora ou prtica que no incio, se prolonga doravante como pensamento propriamente dito sob

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    a dupla influncia da linguagem e da socializao. A linguagem, permitindo

    ao sujeito contar suas aes, fornece de uma s vez a capacidade de

    reconstituir o passado, portanto, de evoc-lo na ausncia de objetos sobre

    os quais se referiram as condutas anteriores, de antecipar as aes futuras,

    ainda no executadas, e at substitu-las, s vezes, pela palavra isolada.

    Este o ponto de partida do pensamento. A linguagem conduz

    socializao das aes; estas do lugar, graas a ela, a atos de

    pensamento que no pertencem exclusivamente ao eu que os concebe,

    mas, sim, a um plano de comunicao que lhes multiplica a importncia.

    Mas acontece com o pensamento o que acontece com a conduta global. Em

    vez de se adaptar logo s realidades novas que descobre e que constri

    pouco a pouco, o sujeito deve comear por uma incorporao laboriosa dos

    dados ao seu eu e sua atividade; esta assimilao egocntrica caracteriza

    tanto o incio do pensamento da criana como o da socializao. Para ser

    mais exato, preciso dizer que durante as idades de dois a sete anos,

    encontram-se todas as transies entre duas formas extremas de

    pensamento. A primeira destas formas a do pensamento por incorporao

    ou assimilao puras, cujo egocentrismo exclui, por conseqncia, toda

    objetividade. A segunda destas formas a do pensamento adaptado aos

    outros e ao real, que prepara, assim, o pensamento lgico.

    C. A intuio: O sujeito afirma todo o tempo, sem nunca demonstrar.

    Esta carncia de provas decorre das caractersticas sociais da conduta

    nesta idade, isto , do egocentrismo concebido como indiferenciao entre

    o ponto de vista prprio e o dos outros. Voltando ao pensamento prprio

    deste perodo de desenvolvimento, procuraremos analis-lo sob perspectiva

    no mais verbal, mas sim experimental. Como se vai comportar a crianaem presena de experincias precisas. Em que consistem tais intuies?

    Dois outros exemplos nos faro compreend-las. 1. Tomam-se trs bolas

    de cores diferentes A, B e C, que circulam em um tubo. Vendo-as partir na

    ordem ABC, as crianas esperam encontr-las no outro extremo do tubo na

    mesma ordem ABC. A intuio , portanto, exata. Mas se se inclina o tubo

    no sentido de volta? Os mais jovens no prevem a ordem CBA e ficam

    surpresos ao constatarem-na. E que falta a estas instituies para setornarem operatrias e se transformarem, assim, em sistema lgico?

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    Simplesmente, prolongar a ao j conhecida do sujeito nos dois sentidos,

    de maneira a tornar estas intuies mveis e reversveis. A intuio

    articulada avana nesta direo. Enquanto que a intuio primria apenas

    uma ao global, a intuio articulada a ultrapassa na dupla direo de uma

    antecipao das conseqncias desta ao e de uma reconstituio dos

    estados anteriores. O incio destas antecipaes e reconstituio prepara a

    reversibilidade, constituindo uma regulao das instituies iniciais; esta

    regulao prenuncia as operaes.

    D. A vida afetiva: As transformaes da ao provenientes do incio da

    socializao no tem importncia apenas para a inteligncia e para o

    pensamento, mas repercutem tambm profundamente na vida afetiva.

    Desde o perodo pr-verbal, existe um estreito paralelismo entre o

    desenvolvimento da afetividade e o das funes intelectuais, j que estes

    so dois aspectos indissociveis de cada ao. Nunca h ao puramente

    intelectual (sentimento mltiplos intervm, por exemplo; na soluo de um

    problema matemtico, interesses, valores, impresso de harmonia,

    etc.).tambm no h atos que sejam puramente afetivos (o amor supes a

    compreenso). O interesse apresenta-se, como se sabe, sob dois aspectos

    complementares. De um lado, regulador de energia, como mostrou

    Claparde. Sua interveno mobiliza as reservas internas de fora,

    bastando que um trabalho interesse para parecer fcil e para que a fadiga

    diminua. por isto que, por exemplo, os escolares alcanam um rendimento

    infinitamente melhor quando se apela para seus interesses e quando os

    conhecimentos propostos correspondem s suas necessidades.

    III. A infncia de sete a doze anos A idade mdia de sete anos, que

    coincide com o comeo da escolaridade da criana, propriamente dita,marca uma modificao decisiva no desenvolvimento mental. Observa-se o

    aparecimento de formas de organizaes novas, que completam as

    construes esboadas no decorrer do perodo precedente, assegurando-

    lhes um equilbrio mais estvel e que tambm inauguram uma srie

    ininterrupta de novas construes.

    A. Os progressos da conduta e da socializao: Quando se visitam as

    diversas classes em um colgio ativo, onde dada s crianas a liberdade

    de trabalhar tanto em grupos como isoladamente e de falar durante o

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    trabalho, fica-se surpreso com a diferena entre os meios escolares

    superiores a sete anos e as classes inferiores. Nos pequenos, no se

    consegue distinguir com nitidez a atividade privada da feita em colaborao.

    As crianas falam, mas no podemos saber se se escutam. Acontece que

    vrios se dediquem ao mesmo trabalho, mas no sabemos se realmente

    existe ajuda mtua.

    B. Os progressos do pensamento: Quando as formas egocntricas de

    causalidade e de representao do mundo, ou seja, aquelas moldadas na

    prpria atividade, comeam a declinar sob a influncia dos fatores que

    acabamos de ver, aparecem novas formas de explicao,procedentes, em

    certo sentido, das anteriores, embora corrigindo-as. Uma das formas mais

    simples destas relaes racionais de causa a efeito a explicao por

    identificao. A experincia mais simples a esse respeito consiste em

    apresentar criana dois copos de gua de forma semelhantes e

    dimenses iguais, cheios at uns trs quartos.

    C. As operaes racionais: As operaes do pensamento, depois dos

    sete anos, correspondem intuio, que a forma superior de equilbrio

    que o pensamento atinge na primeira infncia. por este motivo que o

    ncleo operatrio da inteligncia merece um exame detalhado, j que seu

    estudo fornece a chave de uma parte essencial do desenvolvimento mental.

    Por volta de sete anos, se constitui, precisamente, toda uma srie destes

    sistemas de conjunto. O pensamento infantil s se torna lgico por meio da

    organizao de sistemas de operaes, que obedecem s leis de conjuntos

    comuns.

    D. A afetividade, a vontade e os sentimentos morais: A afetividade, entre

    os sete e os doze anos, caracteriza-se pela apario de novos sentimentos

    morais e, sobretudo, por uma organizao da vontade, que leva a uma

    melhor integrao do eu e a uma regulao da vida afetiva. Os primeiros

    sentimentos morais se originaram do respeito unilateral da criana em

    relao a seus pais, ou ao adulto, e tambm como este respeito estabelece

    a formao de uma moral de obedincia ou heteronomia. O respeito mtuo

    conduz a formas novas de sentimentos morais, distintas da obedincia

    exterior inicial. Primeiro lugar, as transformaes referentes ao sentimentoda regra, tanto a que liga as crianas entre si, como aquela que as une ao

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    adulto. Respeito unilateral que sentem pelos mais velhos, - se bem que, na

    prtica, brinquem sem se importar muito em obedecer s regras

    estabelecidas. As regras de verdade, que so eternas, portanto, no

    provm de crianas, mas, sim, dos pais, dos homens da poltica, das

    pessoas importantes, ou do prprio Deus, que impuseram as regras

    (vendo-se at que ponto pode chegar o respeito pelas regras transmitidas

    pelos Mais Velhos!).

    IV. A adolescncia A maturao do instinto sexual marcada por

    desequilbrios momentneos, que do um colorido afetivo muito

    caracterstico a todo este ltimo perodo da evoluo psquica. De outro

    lado, se h um desequilbrio provisrio, no se deve esquecer que todas as

    passagens de um estgio a outro so suscetveis de provocar tais

    oscilaes temporrias. Na verdade, apesar das aparncias, as conquistas

    prprias da adolescncia asseguram ao pensamento e afetividade um

    equilbrio superior ao que existia na segunda infncia. Os adolescentes,

    inicialmente, perturbam a afetividade e o pensamento, mas, depois, os

    fortalecem.

    A. O pensamento e suas operaes: O adolescente u indivduo que

    constri sistemas e teorias. O que surpreende no adolescente o seu

    interesse por problemas inatuais, sem relao com as realidades vividas no

    dia-a-dia, ou por aqueles que antecipam, com uma ingenuidade

    desconcertante, as situaes futuras do mundo, muitas vezes quimricas.

    Nova forma de pensamento, por idias gerais e construes abstratas,

    efetua-se, na verdade, de modo bastante contnuo e menos brusco do que

    parece, a partir do pensamento concreto prprio segunda infncia. Onze a

    doze anos efetua-se uma transformao fundamental no pensamento dacriana, que marca o trmino das operaes construdas durante a segunda

    infncia; a passagem do pensamento concreto para o formal, ou como se

    diz em termo brbaro, mas claro, hipottico-dedutivo. At esta idade, as

    operaes da inteligncia infantil so, unicamente, concretas, isto , s se

    referem prpria realidade e em particular aos objetos tangveis,

    suscetveis de serem manipulados e submetidos a experincias efetivas.

    Ora, aps os 11 ou 12 anos, o pensamento formal torna-se possvel, isto ,as operaes lgicas comeam a ser transpostas do plano da manipulao

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    concreta para o das idias, expressas em linguagem qualquer. O

    pensamento formal , portanto, hipottico-dedutivo, isto , capaz de

    deduzir as concluses de puras hipteses e no somente atravs de uma

    observao real.

    B. A afetividade da personalidade no mundo social dos adultos: Em

    paralelo exato com a elaborao das operaes formais e com o trmino

    das construes do pensamento, a vida afetiva do adolescente afirma-se

    atravs da dupla conquista da personalidade e de sua insero na

    sociedade adulta. O eu um dado, se no imediato, ao menos,

    relativamente primitivo. E como se fosse o centro da atividade prpria,

    caracterizando-se, precisamente, por seu egocentrismo, inconsciente ou

    consciente. A personalidade comea no fim da infncia (8 a 12 anos) com a

    organizao autnoma das regas, dos valores e a afirmao da vontade,

    com a regularizao e hierarquizao moral das tendncias. Existe

    personalidade, pode-se dizer, a partir do momento em que se forma um

    programa de vida (lebensplan), funcionando este, ao mesmo tempo, como

    fonte de disciplina para a vontade e como instrumento de cooperao. O

    adolescente, ao contrrio, graas sua personalidade em formao, coloca-

    se em igualdade com seus mais velhos, mas sentindo-se outro, diferente

    deles, pela vida nova que o agita. Quanto vida social do adolescente,

    pode-se encontrar a como nos outros campos uma fase inicial de

    interiorizao e uma fase positiva. Durante a primeira, o adolescente

    parece, muitas vezes, completamente anti-social. No entanto, pois ele

    medita continuamente sobre a sociedade, mas a sociedade que lhe

    interessa aquela que quer reformar.

    Assim o desenvolvimento mental. Pode-se constatar a unidadeprofunda dos processos que, da construo do universo prtico, devido

    inteligncia senso-motora do lactente, passando pelo conhecimento do

    universo concreto devido ao sistema de operaes da segunda infncia.

    sempre a afetividade que constitui a mola das aes das quais resulta, a

    cada nova etapa, esta ascenso progressiva.