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DESENVOLVIMENTO DE BANHEIRO PRÉ-FABRICADO VOLTADO PARA CONSTRUÇÕES
EMERGENCIAIS
Fernando Barth (1) Cláudia Vasconcelos (2) Jackson Bunn (3) Priscilla Becsi (4)
(1) Engenheiro Civil, Prof. Dr. do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, UFSC, e-mail:
(2) Arquiteta, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, UFSC, Bolsista da Fundação de
Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas, e-mail: [email protected]
(3) Acad. do curso de Arquitetura e Urbanismo, UFSC, e-mail: [email protected]
(4) Acad. do curso de Arquitetura e Urbanismo, UFSC, Bolsista de Iniciação Científica, CNPQ, e-mail:
Resumo
Este trabalho apresenta o desenvolvimento do projeto de um protótipo de banheiro pré-fabricado voltado
para construções emergenciais. O trabalho busca apresentar as principais condicionantes e requisitos de
projeto de banheiros comumente utilizados nas habitações e na identificação de características e tipos mais
adequados ao projeto, de modo a gerar algumas soluções construtivas capazes de contribuir para a melhoria
das condições de habitabilidade. O banheiro costuma apresentar grande quantidade de requisitos projetuais e
adversidades na construção, que frequentemente produzem atrasos na execução da obras. Nesta proposta
desenvolveu-se o projeto de um banheiro, com estrutura mista de aço e concreto, cujas instalações elétricas e
hidrossanitárias estão compatibilizadas em projeto integrado. Buscou-se a racionalização dos serviços, a
industrialização dos componentes e de suas interfaces, criando condições para sua produção em larga escala.
Abstract
This paper presents the development of a prefabricated bathroom in a emergency buildings approach. This
work aims to present the main design requirements of the toilets commonly used in homes and in identifying
the characteristics and types most suitable for the design of a bathroom in order to generate some
constructive solutions to help improve housing conditions. The bathroom use to show an elevate number of
requirements for projects and adversities in its construction, which often lead to delay in execution of works.
This proposal develops the design of a bathroom, with mixed structure of steel and concrete, whose
plumbing and electrical systems are aligned in the integrated project. The aim is to rationalize services, to
industrialize components and their interfaces, creating conditions for its large scale production.
1. Introdução
Na região de Santa Catarina frequentemente são observados desastres naturais que geram conseqüências
alarmantes em regiões rurais e centros urbanos, atingindo populações de diversas classes, entre elas, de modo
acentuado, populações de baixa renda que costumam estar localizadas em áreas de risco. Para Kuhnen
(2010), a psicologia ambiental oferece uma maneira nova de olhar situações catastróficas, como sendo um
advento da interação entre o contexto ambiental e as pessoas, integrando conhecimentos psicológicos, sociais
e físicos acerca da sustentabilidade, vulnerabilidade e riscos. O conjunto de características do meio ambiente,
das pessoas e grupos em termos da capacidade de antecipar, lidar, resistir e recuperar-se dos impactos
sofridos devem ser considerados no contexto de gênero, tempo, espaço e escala.
Segundo Calheiros (2007), o conceito de vulnerabilidade está relacionado a probabilidade de uma
determinada comunidade ou área geográfica a ser afetada por uma ameaça ou risco potencial de desastre. A
incerteza dos acontecimentos e o grau de complexidade e de urgência impõem maior agilidade na tomada de
decisões para o equacionamento dos problemas resultantes, requerendo, desta forma, maior agilidade na
resposta das instituições responsáveis nas esferas municipal, estadual e federal.
As construções emergenciais configuram-se como soluções potenciais para resolver situações de pós-
desastres. Estruturas desmontáveis, portáteis, de fácil transporte são exigidas para responder prontamente as
necessidades das populações atingidas, entre elas os abrigos, habitações emergenciais, unidades de pronto
atendimento, creches e escolas provisórias. No projeto e execução destas construções devem ser
considerados alem das exigências normativas, aspectos econômicos, logísticos e sócio-culturais, que possam
prover a adequação às particularidades locais e atender as expectativas da população atingida.
Neste contexto, esta pesquisa busca caracterizar e desenvolver uma proposta modular que possam atender as
necessidades básicas de uma habitação emergencial. O banheiro pré-fabricado coloca-se como uma maneira
de acelerar as obras das moradias que atenderão de forma emergencial e também com a perspectiva de sua
transformação e ampliação futura.
A construção de um banheiro convencional pode segundo Lopes (2005), recorrer no uso de 150 a 250 itens
que devem ser comprados, instalados e verificados na obra. Esta quantidade de produtos e serviços costuma
acarretar desperdícios, atrasos e elevação dos custos da construção. Os ganhos globais que podem ser obtidos
pela industrialização de banheiros relacionam-se com a racionalização dos projetos e a padronização dos
produtos e serviços, a escala de produção destes elementos pode conduzir a uma construção enxuta e
sistematizada.
Segundo Covelo (2001), os sistemas industrializados ganharam relevância devido à demanda por
empreendimentos que exigem retorno rápido e principalmente resposta emergencial quando adotadas como
solução a população que tenham sido vítimas ou estejam vulneráveis a desastres naturais. Entretanto estes
sistemas exigem conhecimento técnico e integração dos projetos de arquitetura, estrutura, esquadrias e
instalações.
Os banheiros pré-fabricados vêm sendo desenvolvidos na Europa desde a década de 80 e aplicado em
construções com elevada exigência de desempenho e durabilidade. Esses tipos de banheiros aportam
inovações tecnológicas no processo de fabricação dos painéis constituintes e monoblocos, na utilização de
shafts para tubulações e caixas embutidas e no uso de tubulações flexíveis de água quente e fria. Estas
inovações facilitam a produção, o controle, as inspeções e as manutenções necessárias sem grandes
transtornos no uso destes equipamentos.
Deste modo, a pré-fabricação de banheiros pode simplificar consideravelmente a gestão da obra
possibilitando o controle de custos e dos prazos de entrega. Segundo Sabbatini (1989), o banheiro pré-
fabricado pode ser fornecido com todo o revestimento, louças, elementos de metais, sanitários e demais
acessórios assemelhando-se aos banheiros construídos in loco de maneira convencional.
Os banheiros tipo célula são constituídos por pisos, paredes e painéis de teto cujas variantes construtivas
possibilitam adaptação às características de cada obra, dos elementos de encestes para elevação e transporte e
dos recursos disponíveis.
No Brasil iniciou-se a fabricação de banheiro pré-fabricado, na década de 90, por meio da empresa italiana
Rivoli, que produzia os banheiros voltados para as construções de hotéis. O sistema de produção adotado
fundamentava-se na produção de painéis de pisos e de paredes que soldados formavam as células
tridimensionais. Este tipo de banheiro utiliza shaft que pode ser acessado externamente no corredor do hotel,
possibilitando a manutenção simultânea a cada dois banheiros justapostos.
2. Condicionantes e requisitos do projeto de um banheiro pré-fabricado
Os requisitos de habitabilidade que podem estar associados aos banheiros são os mesmos que tocam a
habitação como um todo, porém alguns destes são acentuados por estar concentrados neste ambiente diversas
funções. O controle de temperatura pode ser feito pela abertura de janelas e portas, porém como é o caso dos
banheiros, que possuam chuveiro e banheira costumam fornecer altos índices de calor, tais temperaturas
elevadas produzem no usuário sensações de desconforto, no entanto na situação de banho esta característica
não é apresenta-se tão desfarovável ao usuário.
2.1. Calor e umidade
O grau de umidade encontrada no interior dos banheiros é bastante elevado, em função da utilização da água
e do vapor de água produzido quando a água é aquecida. Isto faz com que seja indispensável a remoção das
águas utilizadas e a condução da água resultante da condensação do vapor de água nas superficies internas do
banheiro. Estas medidas evitam que a proliferação de fungos e outros micro-organismos no banheiro
prejudiciais à saude, principalmente quando o usuário possui algum tipo de deficiência imunológica.
Em regiões de clima frio é necessário verificar também os riscos de condensações interstíciais nas paredes
dos banheiros. A norma NBE-CT-79 (1979) apresenta o cálculo simplificado de verificação de condensação
intersticial, onde é assumido uma temperatura interna de 18º C com umidade relativa de 85%.
2.2. Ruídos
No interior do banheiro os ruídos são frequentes no decorrer do desenvolvimento da atividades e nem sempre
são percebidos ou causam desconforto. No entanto, tais ruídos podem provocar situações desagradáveis,
desconfotáveis, de insegurança e até de medo tanto ambiente interno quanto em ambientes do entorno. Tal
situação pode gerar em alguns usuários sensação de desconforto, constrangimento e sentimento de inibição,
quando realiza suas funções fisiológicas, em função da possibilidade de outros perceberem e identificarem
tais atividades.
2.3. Ventilação e odores
Os ambientes de uma habitação devem, preferecialmente oferecer condições para que a ventilação ocorra de
forma natural e permanente. Banheiros, cozinhas e lavanderias costumam produzir muita umidade. Os
banheiros produzem grande quantidade de vapor de água, que na ausência de ventilação podem condensar
nas superficies das paredes e tetos, resultando em instalação de microorganismos. Além disso, os banheiros e
lavabos são usados não somente para se lavar as mãos e o corpo, mas para evacuar, quando são expelidos
também os gases intestinais.
Os odores, ricos em metano, produzidos no interior do ambiente podem causar sensações desagradáveis e de
riscos à saude, principalmente quando se manifestam comitantemente as atividades de alimentação e
cozimento. Estas considerações, um tanto óbvias, são frequentemente observadas em auto-construções e até
mesmo em alguns projetos institucionais, em função de não ser respeitadas áreas minimas para as atividades
dos usuários.
A locação do banheiro na habitação deve prever não apenas a sua ventilação com o ambiente exterior, por
meio de janelas que possam ser facilmente acessadas e controladas pelos usuários, mas também o
fluxograma entre os demais ambientes que não deve criar conflito com atividades de cozimento,
armazenamento de alimentos, alimentação e lazer.
2.4 Luz natural e artificial
Cada tipo de atividade exige certo nível de iluminação, que pode ser obtido naturalmente por meio da
radiação solar direta e indireta ou por meio de fontes artificiais, que induzem a um aumento no consumo de
energia e aquecimento naquele ambiente. Os lavabos e banheiros não exigem grande nível de iluminação, no
entanto, a radiação solar direta contribui para a higienização destes ambientes.
Os raios ultravioleta contido na radiação solar têm um poder germicida e ajudam na profilaxia, deste modo, a
radiação solar quando incide diretamente nos lavabos e banheiros elimina grande parte dos microorganismos
existentes. De outra parte, lavabos e banheiros mal iluminados criam condições favoráveis a proliferação de
fungos, bactérias e outros microorganismos.
2.5 Privacidade
Privacidade é a capacidade ou o poder de revelar-se seletivamente ao mundo. Está relacionada com a
capacidade ou habilidade de uma pessoa em controlar sua exposição ou em disponibilizar informações
acerca de si. Cada ambiente exige certo grau de privacidade, de acordo com o tipo de atividade a ser
desenvolvida.
Os lavabos e os banheiros costumam ser ambientes de uma habitação com grau máximo de exigência quanto
ao requisito de privacidade. Este requisito diz respeito não somente a possibilidade de vizualização do seu
interior, bem como a identificação de odores e ruídos que possam revelar informações e criar situações
constrangedoras no âmbito familiar e com visitantes da habitação.
Figura 1: a) banheiro integrado; b) banheiro compartimentado com lavatório e banho; e c) proposta da empresa Rivoli
de ambiente compartimentado para o vaso, lavatório e ducha.
Neste aspecto, a compartimentação do banheiro que separa as diversas funções realizadas possibilita o uso
simultâneo dos equipamentos, porém requer maior atenção a respeito do tratamento acústico nas vedações.
Observa-se que ao possibilitar esta flexibilização de uso do equipamento, as vedações devem garantir a
privacidade, sem, no entanto reduzir ou impedir a ventilação e a iluminação deste ambientes. Segundo
Gifford (1987), para muitas pessoas existem dois tipos de privacidade: a de estar à parte dos demais e a
certeza de que outros indivíduos não têm acesso a determinadas informações, a qual somente o usuário tem o
controle seletivo de acesso. Deste modo, a privacidade no banheiro abrange os dois conceitos a capacidade
do isolamento e a segurança para realização das atividades e o controle das informações correlatas.
2.6 Acessibilidade
A NBR 9050 (2005) que trata da acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos,
estabelecem dimensões mínimas para a abertura de portas e espaços mínimos para garantir o acesso e
movimentações aos equipamentos e mobiliários das edificações.
O Projeto de Norma da ABNT (2006) que trata do Desempenho de Edifícios Habitacionais de até cinco
pavimentos, estabelece dimensões mínimas e áreas mínimas para os cômodos da habitação. Este Projeto de
Norma também estabelece requisitos mínimos quanto à integridade estrutural das vedações internas/externas
e procedimentos de ensaios para verificar a estanqueidade das vedações, e em sua sexta parte estabelece os
requisitos para o projeto e construção das instalações hidrossanitárias.
A partir destes requisitos e critérios elaboraram-se duas propostas de banheiro pré-fabricado, apresentadas na
Figura 2. Na primeira buscou-se equacionar as dimensões mínimas para o uso dos equipamentos
convencionalmente utilizado na construção e nos mobiliários comercializados no varejo, buscando garantir o
acesso dos usuários de baixa renda ao comércio de moveis usados.
Figura 2: a) banheiro com dimensionado com mobiliário e equipamento usual; e b) banheiro com acessibilidade
atendendo a NBR5090 ( 2005)
Pode-se observar na Figura 2 que o banheiro convencional apresenta dimensões internas 1,20x2,20m com
área útil de 2,64 m². Para atender a NBR9050 as dimensões do banheiro passam para 1,40x2.80m,
totalizando uma área útil de 3,92 m². A porta de acesso usual com abertura de 0.60x2.1m passa para
0.80x2.10 m, medida mínima proposta pela NBR9050. Além disto, é necessário prever áreas de manobra
para o cadeirante no interior do ambiente, assim como barras laterais e equipamentos para auxiliar o usuário
com mobilidade restrita na execução de diversas atividades, de modo a garantir autonomia do usuário.
3. Aspectos construtivos no desenvolvimento de um banheiro pré-fabricado
Os banheiros pré-fabricados caracterizam-se por transferir para a fábrica os processos de produção dos
componentes e elementos construtivos, que formam uma célula monolítica, também denominado de
monobloco, onde todos os equipamentos e acabamentos estão finalizados, deixando apenas para ser
executado no local, as conexões com a rede de energia e de água e esgoto, bem como a expansão do sistema
elétrico da habitação.
Os requisitos deste projeto pré-fabricado são todos aqueles que devem ser observados para os banheiros
construídos no local, acrescidos dos requisitos da produção industrializada. Estes banheiros devem ser
compactos, leves e resistentes de modo a facilitar à fabricação, manipulação, transporte e montagem no local
da obra. A produção dos componentes deve ser em série para obtenção de ganhos de produtividade na
repetição de operações ou em atividades simultâneas, na qual é possível reduzir o tempo de produção de cada
unidade.
Os componentes podem ser totalmente finalizados num só processo de produção, como o exemplo de painéis
que já tem o revestimento cerâmico incorporado, ou ainda realizar a sua colocação após a finalização do
monobloco. Neste último caso, o processo de assentamento é convencional, mas a produção é seriada,
podendo ser realizado o controle de tempo de execução e de qualidade final de acabamento do produto.
O projeto de um monobloco pré-fabricado é constituído dos seguintes elementos: banheiro com os
equipamentos mínimos necessários ao seu funcionamento, buscando também agregar à parede hidráulica
sistema elétrico com as tomadas para fogão e geladeira, bem como a torneira da pia da cozinha e instalação
de espera para uma área de serviço com tanque de lavar roupa, como observado na Figura 3. Esta iniciativa
visa suprir também outra demanda básica da habitação, que são os equipamentos mínimos da cozinha e área
de serviço.
Figura 3: a) planta baixa do banheiro; b) modelo tri-dimensional do banheiro pré-fabricado; e c) vista aérea do banheiro.
A Figura 4 mostra o processo construtivo das vedações laterais do banheiro, onde os painéis sanduíches são
constituídos por camadas de argamassa e tela metálica, uma segunda com reforço de barra de aço, uma
terceira camada de poliestireno expandido que propicia leveza ao conjunto, e uma última camada de
argamassa para solidarização de todo monobloco.
Figura 4: modelo tri-dimensional ilustrativo do processo de construção do banheiro.
Na figura 5 pode-se observar a fixação dos fechamentos da porta, da janela e dos painéis das paredes, que
são realizadas por meio de parafusos nos montantes estruturais. Os painéis apresentam reforços verticais e
horizontais para conferir rigidez e leveza ao conjunto. Esta técnica construtiva é frequentemente utilizada,
segundo Barth (2007) em painéis de concreto arquitetônico, para se obter maior precisão dimensional e
qualidade no acabamento. Os reforços verticais também são utilizados para reforçar o banheiro pré-
fabricado, possibilitando seu içamento, transporte, bem como suportar o reservatório de água da futura
habitação.
Figura 5: a) colocação das placas na estrutura de aço galvanizada; e b) colocação dos azulejos no box do banheiro.
3.1 Instalações sanitárias do banheiro pré-fabricado
Os banheiros costumam apresentar grande diversidade de materiais e equipamentos, tipo revestimentos,
louças e registros, assim como devem ter acabamentos que facilitam a limpeza e a conservação. A bacia
sanitária é o elemento mais vulnerável à sujidade e que necessita maiores cuidados na limpeza, deve ter
formato anatômico dotado de um conteúdo de água destinado a receber os resíduos e de um dispositivo
interno capaz de removê-los mediante um fluxo de água, que rompe momentaneamente o fecho hídrico, sem
permitir, no entanto que os gases das tubulações invadam o ambiente.
A energia hidrodinâmica utilizada neste processo é, segundo o fabricante Montana, provida por um
dispositivo de descarga que supre a bacia sanitária com água em volume e velocidade adequados não apenas
para a remoção dos resíduos depositados na bacia, mas também para conduzi-los pela tubulação de esgoto.
O banheiro pré-fabricado, em função das características de produção e transporte, geralmente é composto de
dispositivos de arraste horizontal do esgoto do vaso sanitário. Isto possibilita uma redução significativa da
espessura da laje de piso. Na Figura 06 são apresentados modelos de bacias sanitárias adequadas a este tipo
de banheiro, pois podem ser fixadas tanto no piso como nas paredes tipo Dry Wall nos montantes da parede.
Figura 6: a bacia sanitária por arraste horizontal apoiada no piso e bacia horizontal fixada na parede. Catálogo Bacia
Sanitária Montana.
A água necessária ao funcionamento da bacia sanitária pode ser provida por meio de um reservatório de água
embutido na parede, otimizando o espaço interno do banheiro, como mostrado na Figura 6. Outra opção é a
utilização das caixas acopladas à bacia sanitária possibilitando uma redução significativa do uso de água
quando comparada com as válvulas fluxíveis e que apresenta maior facilidade na sua manutenção.
As instalações de água fria e água quente podem ser flexíveis através de tubulações de polietileno reticulado
facilitando a instalação e evitando riscos de vazamento ao dispensarem as conexões no interior das paredes.
A manutenção pode ser feita através dos shafts inspecionáveis desde o interior dos banheiros ou de ambiente
externo.
4. Finalização e transporte do banheiro
Após a colocação dos revestimentos e aparelhos, mostrados na Figura 7b, o banheiro pré-fabricado que pesa
cerca de duas toneladas, pode ser facilmente transportado por caminhão guindaste até o local da obra. Na
Figura 7a é mostrado o içamento do banheiro por meio de seus quatros insertes superiores.
Figura 7: a) içamento transporte do banheiro com caminhão guindaste; e b) perspectiva interna do banheiro após
colocação de revestimentos e aparelhos.
5. Considerações finais
O desafio de aplicar técnicas de pré-fabricação num sistema construtivo esbarra em algumas práticas
construtivas, que apesar de aceitas e difundidas, necessitam de maior racionalidade. Entre outros aspectos
destacam-se a coordenação e a padronização dos componentes formados por painéis, janelas, portas,
elementos de revestimento, equipamentos e instalações. Esta sistematização e padronização é que permite
alcançar o desejado aumento na produtividade e na qualidade de nossas construções. Neste contexto, os
banheiros apresentam-se como um ponto crítico nas construções, em função da diversidade de produtos, de
serviços, da exigência de mão de obra qualificada para sua execução e da complexidade da montagem e
funcionamento das instalações.
Neste trabalho, buscou-se analisar os principais requisitos projetuais de um banheiro capaz de adapatar-se a
distintas construções emergenciais, desde a sua incorporação a um abrigo provisório ou até mesmo servir de
núcleo embrionário da habitação definitiva. Os principais requisitos e critérios a serem atendidos como
variáveis de projeto de um banheiro pré-fabricado foram agregados ao atendimento das funções da cozinha,
da área de serviço e da colocação do reservatório de água, de modo a atender as necessidades básicas das
populações afetadas.
O estudo abordou algumas soluções construtivas que podem apresentar uma viabilidade técnica e econômica,
no sentido de colocar-se como opção alternativa para a execução de produtos pré-fabricados, na qual
atendam a perspectiva da expansão futura da habitação a critério da logística construtiva, peculiaridade local
e possibilidade de ampliação da habitação. A execução do protótipo possibilitou também uma avaliação das
soluções construtivas adotadas e uma interação com a comunidade sobre as características formais e
funcionais durante o período em que esteve em exposição durante a Semana de Pesquisa e Extensão da
UFSC, em outubro de 2009.
6. Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS – ABNT - NBR 9050 – Acessibilidade a
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro. ABNT. 2005.
______. NBR 17575 – Desempenho de Edifícios Habitacionais de até cinco pavimentos – Parte 6:
sistemas hidrossanitários. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
______. ABNT. Projeto de Norma 02:136.01.0001/6 – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos.
Desempenho parte 6: sistemas hidrossanitários. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
BARTH, Fernando e VEFAGO, Luiz H. Maccarini. Tecnologia de fachadas pré-fabricadas. Florianópolis:
Letras Contemporâneas, 2007.
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uma metodologia. Tese – Universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 1989.