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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS PATO BRANCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA PPGEE EDIVAN LAERCIO CARVALHO DESENVOLVIMENTO DE CONVERSOR BIDIRECIONAL ISOLADO PARA CONTROLE DE CARGA E DESCARGA DE BANCOS DE BATERIAS DISSERTAÇÃO PATO BRANCO 2018

DESENVOLVIMENTO DE CONVERSOR BIDIRECIONAL …repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/3179/1/PB_PPGEE_M_Silva... · O candidato foi arguido pela Banca ... a quem serei eternamente

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS PATO BRANCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

PPGEE

EDIVAN LAERCIO CARVALHO

DESENVOLVIMENTO DE CONVERSOR BIDIRECIONAL ISOLADO

PARA CONTROLE DE CARGA E DESCARGA DE BANCOS DE

BATERIAS

DISSERTAÇÃO

PATO BRANCO

2018

EDIVAN LAERCIO CARVALHO

DESENVOLVIMENTO DE CONVERSOR BIDIRECIONAL ISOLADO

PARA CONTROLE DE CARGA E DESCARGA DE BANCOS DE

BATERIAS

Dissertação apresentada como requisito parcial para

obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica

do Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Elétrica, Universidade Tecnológica Federal do

Paraná. Área de Concentração: Sistemas e

Processamento de Energia.

Orientador: Prof. Dr. Rafael Cardoso

Coorientador: Prof. Dr. Carlos M. de Oliveira Stein.

PATO BRANCO

2018

C331d Carvalho, Edivan Laercio.

Desenvolvimento de conversor bidirecional isolado para controle de carga e descarga de banco de baterias / Edivan Laercio Carvalho. -- 2018. 174 f. : il. ; 30 cm

Orientador: Prof. Dr. Rafael Cardoso Coorientador: Prof. Dr. Carlos Marcelo de Oliveira Stein Dissertação (Mestrado) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica. Pato Branco, PR, 2018.

Bibliografia: f. 160 - 167.

1. Conversores de corrente elétrica. 2. Controladores elétricos. 3. Baterias elétricas. 4. Energia – Armazenamento. I. Cardoso, Rafael, orient. II. Stein, Carlos Marcelo de Oliveira, coorient. III. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica. IV. Título. CDD 22. ed. 621.3

Ficha Catalográfica elaborada por Suélem Belmudes Cardoso CRB9/1630 Biblioteca da UTFPR Campus Pato Branco

Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Câmpus Pato Branco Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

TERMO DE APROVAÇÃO

Título da Dissertação n.° 059

“Desenvolvimento de Conversor Bidirecional Isolado para Controle de Carga e

Descarga de Bancos de Baterias”

por

Edivan Laercio Carvalho

Dissertação apresentada às oito horas e trinta minutos, do dia vinte e um de fevereiro de dois mil e dezoito, como requisito parcial para obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA ELÉTRICA, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Pato Branco. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho APROVADO. Banca examinadora:

Prof. Dr. Rafael Cardoso

UTFPR/PB (Orientador) Prof. Dr. Leandro Michels

UFSM/Santa Maria

Prof. Dr. César Rafael Claure Torrico

UTFPR/PB

Prof. Dr. Juliano de Pelegrini Lopes

UTFPR/PB

Prof. Dr. Jean Patric da Costa

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Elétrica - PPGEE/UTFPR

A via original devidamente assinada, encontra-se na Biblioteca da UTFPR – Câmpus Pato Branco.

À minha mãe Alzira Elena Carvalho por todo seu

zelo, amor e carinho em mim depositados.

AGRADECIMENTOS

À minha família pelo apoio em cada momento da minha vida, por acreditarem em

meus objetivos e por toda sua fé em minha capacidade. Especialmente à minha mãe Alzira,

principal motivo de todo meu esforço diário.

Com todo carinho à Daniela por toda sua compreensão, carinho e apoio nos momentos

mais difíceis.

Ao meu orientador e amigo Professor Dr. Rafael Cardoso, pelos seus ensinamentos,

exemplo e companheirismo, a quem serei eternamente grato.

Ao meu coorientador Professor Dr. Carlos Marcelo de Oliveira Stein e em seu nome a

todos os professores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná que tiveram contribuição

significativa em minha formação.

Aos amigos Anderson Felipe Cherobin, Bruno Frey, Diogo Zortea, Giovani Cella,

Guilherme Fontaniva, Handrey Emanuel Galon, Juan Schneider, Natan Risso, Leo Bruno

Caranhato, André Luzzi, Thiago Felipe Fruhauf Machado, Renan Renato Manfrin, Rodrigo

Bronca e Wiliam Andrei Verlindo, os quais sempre contaram com minha consideração e

carinho.

Aos colegas de Graduação, que mesmo à distância torcerei pelo sucesso em suas

carreiras: Alan Junior Cibulski, Denisson Luan Vargas, Diogenes Santin, Geancarlos Martini,

Igor Lucas Ramiro, Ionatan Guntzel e Milton Carlos Ruaro Marcante.

Aos colegas de Pós-Graduação Andrei Bordingon, Bruno Monte, Cleidimar Nardi,

Felipe Luzza, Ithalo Hespanhol de Souza, Luiz Henrique Meneghetti, Mainara Cristina

Lorencena, Odilio Souza Duarte, Paulo Roberto Cagnini, Rafael Zamodzki, Ronner Liston

Júnior, Samuel Valerio Kholer e especialmente ao amigo João Vitor da Silva por todos os dias

de luta compartilhados.

RESUMO

CARVALHO, Edivan Laercio. DESENVOLVIMENTO DE CONVERSOR BIDIRECIONAL

ISOLADO PARA CONTROLE DE CARGA E DESCARGA DE BANCOS DE BATERIAS.

2018, 174 f. Dissertação – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica. Universidade

Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco, 2018.

Os conversores bidirecionais e isolados abordados nesse trabalho são de grande interesse para

aplicação como UPS’s (Uninterrupted Power Supply) e sistemas híbridos de produção.

Possibilitam realizar a carga e descarga das baterias em um único equipamento, podendo

apresentar alto ganho de tensão e fornecer isolação galvânica para o banco de baterias. No

desenvolvimento deste trabalho é proposto o projeto e implementação de um conversor com

baixos níveis de ondulação de tensão e corrente em ambos os lados do conversor, além da

possibilidade de atuar na regulação do barramento CC com valor fixo de tensão e operar sem o

uso de circuitos auxiliares a fim de garantir a operação bidirecional. O estudo se baseia no

projeto, simulações e implementação do conversor, analisando o seu comportamento sob

diferentes pontos de operação das baterias. Para atuar no controle dos processos de carga e

descarga das baterias, o conversor foi modelado a partir do modelo médio em espaço de estados,

possibilitando projetar os controladores envolvidos no sistema. Neste sentido, com a

implementação do conversor em laboratório tem-se como principais contribuições do trabalho

a modelagem do conversor, implementação do projeto de controle para a carga das baterias,

regulação da tensão no barramento CC e a proposta de modulações que permitem que o

conversor opere sem o uso de circuitos auxiliares.

Palavras-chave: Conversores Bidirecionais Isolados; Controlador de Carga e Descarga de

Baterias; Sistemas de Armazenamento de Energia; Sistemas Ininterruptos de Energia;

ABSTRACT

CARVALHO, Edivan Laercio. DEVELOPMENT OF BIDIRECTIONAL CONVERTER

ISOLATED FOR CONTROL OF CHARGING AND DISCHARGING OF BATTERY

BANKS. 2018, 174 p. Master Thesis – Electric Engineering Postgraduate Program. Federal

University of Technology – Paraná, Pato Branco, 2018.

The bidirectional and isolated converters discussed in this work are of great interest for

applications such as UPS’s (Uninterrupted Power Supply) and hybrid generation power

systems. They allow the charging and discharging of the batteries in a single equipment, which

can present high voltage gain and provide galvanic insulation to the battery bank. In the

development of this work, it is proposed the design and implementation of a converter with low

levels of voltage and current ripple on both sides of the converter, besides the possibility to

operate in the regulation of the DC link with fixed voltage value and to operate without the use

of auxiliary circuits to ensure bidirectional operation. The study is based on the design,

simulations and implementation of the converter, analyzing its behavior under different points

of operation of the batteries. In order to control charge and discharge processes of the batteries,

the converter was modeled from the state space model, allowing the design of the controllers

involved in the system. In this sense, with the implementation of the converter in the laboratory,

has as main contributions of the work modeling of the converter, implementation of the design

of control for the charge of the batteries, regulation of the voltage in the DC link and the

proposal of modulations that allow the converter to operate without the use of auxiliary circuits.

Keywords: Bidirectional and Isolated Converters; Charge and Discharge Controller of

Batteries; Energy Storage Systems; Uninterruptible Power Systems.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Sistema de energia hibrido, envolvendo diferentes fontes de produção e banco de

baterias. ..................................................................................................................................... 21

Figura 2: Configuração básica de uma UPS do tipo On-Line. ................................................. 22

Figura 3: Diagrama de sistemas envolvendo conversores em paralelo; a) Conversores e baterias

em paralelo; b) Conexão direta de conversores em paralelo. ................................................... 23

Figura 4: Célula eletroquímica e seus processos de carga e descarga; a) Descarga; b) Carga. 33

Figura 5: Associações de Baterias; a) Série; b) Paralelo. ......................................................... 35

Figura 6: Curvas de carga por Tensão Constante. .................................................................... 40

Figura 7: Curvas de carga por Corrente Constante. ................................................................. 41

Figura 8: Curvas de carga por corrente constante com limitação de tensão............................. 42

Figura 9: Circuito equivalente de Thevenin para representação de baterias. ........................... 43

Figura 10: Diagrama de operação de um conversor CC-CC isolado. ...................................... 48

Figura 11: Diagrama de operação de um conversor Bidirecional Isolado. .............................. 48

Figura 12: Circuito de potência do conversor em Meia-Ponte alimentado em tensão ............. 50

Figura 13: Circuito de potência do conversor em Meia-Ponte Bidirecional. ........................... 50

Figura 14: Circuito de potência do conversor em Ponte-Completa alimentado em corrente. .. 53

Figura 15:Circuito de potência do conversor em Meia-Ponte alimentado por corrente. .......... 56

Figura 16: Circuito de potência do conversor proposto. .......................................................... 57

Figura 17: Circuito de potência do conversor Dual-Active Bridge. ......................................... 57

Figura 18:Primeira etapa de operação do conversor no modo de carga. .................................. 60

Figura 19:Segunda etapa de operação do conversor no modo de carga. .................................. 61

Figura 20:Terceira etapa de operação do conversor no modo de carga. .................................. 62

Figura 21: Quarta etapa de operação do conversor no modo de carga. .................................... 62

Figura 22: Formas de onda teóricas do conversor em Ponte-Completa Bidirecional, operando

no modo de carga. ..................................................................................................................... 63

Figura 23: Forma de onda da corrente no Capacitor C2............................................................ 65

Figura 24: Primeira etapa de operação do conversor no modo de descarga. ............................ 67

Figura 25: Segunda etapa de operação do conversor no modo de descarga. ............................ 68

Figura 26: Terceira etapa de operação do conversor no modo de descarga. ............................ 69

Figura 27: Quarta etapa de operação do conversor no modo de descarga. .............................. 69

Figura 28: Formas de onda teóricas do conversor em Ponte-Completa Bidirecional, operando

no modo de descarga. ............................................................................................................... 70

Figura 29: Circuito elétrico equivalente de um transformador................................................. 73

Figura 30: Gráfico da indutância L2 em relação a variação da razão cíclica. ........................... 77

Figura 31: Tensões sobre os semicondutores do conversor no modo de carga, considerando uma

razão cíclica de 0,443; a) Tensão sobre a chave S1 b) Tensão sobre a chave S2; c) Tensão sobre

a chave S3; d) Tensão sobre a chave S4; ................................................................................... 80

Figura 32: Resultados de simulação para o modo de carga, com razão cíclica igual a 0,443; a)

Corrente no indutor L1; b) Corrente no indutor L2; c) Tensão sobre o lado de alta tensão do

transformador; d) Tensão de carga do banco de baterias. ........................................................ 81

Figura 33: Resultados de simulação para o modo de carga, com razão cíclica igual a 0,635; a)

Corrente sobre o indutor L1; b) Corrente sobre o indutor L2; c) Tensão sobre o lado de alta

tensão do transformador; d) Tensão de carga do banco de baterias; ........................................ 83

Figura 34: Sinais de acionamento e tensões sobre as chaves do conversor no modo de descarga,

considerando uma razão cíclica de 0,48; a) Tensão sobre a chave S5 b) Tensão sobre a chave

S7; c) Tensão sobre a chave S2; d) Tensão sobre a chave S4; ................................................... 84

Figura 35: Resultados de simulação para o modo de descarga, com razão cíclica igual a 0,48;

a) Corrente sobre o indutor L2; b) Corrente sobre o indutor L1; c) Tensão sobre o lado de baixa

tensão do transformador; d) Tensão no barramento CC. .......................................................... 85

Figura 36: Resultados de simulação para o modo de descarga, com razão cíclica igual a 0,55;

a) Corrente sobre o indutor L2; b) Corrente sobre o indutor L1; c) Tensão sobre o lado de baixa

tensão do transformador; d) Tensão sobre o capacitor C1. ....................................................... 87

Figura 37: Circuito de acionamento do driver IR2110. ............................................................ 90

Figura 38: Resultados experimentais para as tensões sobre os semicondutores do conversor no

modo de carga para uma razão cíclica igual a 0,43; a) Tensão sobre a chave S1; b) Tensão sobre

a chave S2; c) Tensão sobre a chave S3; d) Tensão sobre a chave S4; ...................................... 92

Figura 39: Resultados experimentais das tensões sobre o transformador e tensão e corrente de

saída do conversor para o modo de carga, com uma razão cíclica igual a 0,43; a) Corrente sobre

o indutor L2; b) Tensão sobre o lado de alta tensão do transformador; c) Tensão sobre o lado de

baixa tensão do transformador; d) Tensão de carga do banco de baterias. .............................. 94

Figura 40: Resultados experimentais das tensões sobre o transformador e tensão e corrente de

saída do conversor para o modo de carga, com uma razão cíclica igual a 0,62; a) Corrente sobre

o indutor L2; b) Tensão sobre o lado de alta tensão do transformador; c) Tensão sobre o lado de

baixa tensão do transformador; d) Tensão de carga do banco de baterias. .............................. 95

Figura 41: Resultados experimentais das tensões sobre os semicondutores do conversor no

modo de carga para uma razão cíclica igual a 0,48; a) Tensão sobre a chave S5 b) Tensão sobre

a chave e S7; c) Tensão sobre a chave S2; d) Tensão sobre a chaves S4. .................................. 97

Figura 42: Resultados experimentais das tensões sobre o transformador e tensão do barramento

CC e corrente de descarga das baterias, para uma carga de 113W; a) Corrente no indutor L2; b)

Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador; c) Tensão sobre o lado de alta tensão do

transformador; d) Tensão do barramento CC. .......................................................................... 98

Figura 43: Resultados experimentais das tensões sobre o transformador e tensão do barramento

CC e corrente das baterias para o modo de descarga, para uma carga de 215,11 W; a) Corrente

no indutor L2. b) Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador; c) Tensão sobre o lado

de alta tensão do transformador; d) Tensão do barramento CC. .............................................. 99

Figura 44: Resultado experimental da curva de rendimento do conversor para diferentes níveis

de potência. ............................................................................................................................. 100

Figura 45: Circuito elétrico equivalente de Thevenin, escolhido como modelo da bateria. .. 103

Figura 46: Circuito elétrico equivalente de Thevenin, considerando a associação de

impedâncias. ........................................................................................................................... 104

Figura 47: Curva de carga da bateria GP12170. ..................................................................... 104

Figura 48: Comparação entre a curva de carga da bateria GP12170, com a simulação do circuito

equivalente; a) tensão de carga da bateria; b) tensão de carga do capacitor CB. .................... 105

Figura 49: Circuito de potência do conversor para efeitos de modelagem. ........................... 107

Figura 50: Circuito equivalente da primeira etapa de operação do conversor no modo de carga.

................................................................................................................................................ 108

Figura 51: Circuito equivalente da segunda etapa de operação do conversor no modo de carga.

................................................................................................................................................ 109

Figura 52:Circuito equivalente da terceira etapa de operação do conversor no modo de carga.

................................................................................................................................................ 111

Figura 53: Circuito equivalente da quarta etapa de operação do conversor no modo de carga.

................................................................................................................................................ 112

Figura 54: Comparação entre a resposta transitória de grandes sinais do modelo médio em

espaço de estados com os resultados experimentais e simulação do circuito para o modo de

carga das baterias. ................................................................................................................... 114

Figura 55: Comparação entre o Modelo médio em Espaço de Estados e a Função de

Transferência simplificada de GA(s). ...................................................................................... 115

Figura 56: Resposta do modelo médio ao longo da curva de carga das baterias; a) considerando

as baterias com uma tensão de carga igual a 54 V; b) considerando as baterias com uma tensão

de carga igual a 70 V. ............................................................................................................. 115

Figura 57: Comparação entre a resposta do modelo de pequenos sinais com os resultados

experimentais e simulação do circuito para uma perturbação sobre a razão cíclica do conversor

no modo de carga das baterias. ............................................................................................... 118

Figura 58:Circuito equivalente da primeira etapa de operação do conversor no modo de

descarga. ................................................................................................................................. 119

Figura 59: Circuito equivalente da segunda etapa de operação do conversor no modo de

descarga. ................................................................................................................................. 121

Figura 60: Circuito equivalente da terceira etapa de operação do conversor no modo de

descarga. ................................................................................................................................. 122

Figura 61: Circuito equivalente da quarta etapa de operação do conversor no modo de descarga.

................................................................................................................................................ 123

Figura 62: Comparação entre as simulações realizadas para o circuito e modelo médio do

conversor no modo de descarga; a) Circuito simulado através do software PSIM; b) Modelo

médio simulado através do Matlab. ........................................................................................ 125

Figura 63: Comparação entre a resposta do modelo médio de pequenos sinais com os resultados

experimentais e simulação do circuito para o modo de descarga das baterias. ...................... 126

Figura 64: Estrutura de controle do sistema de carga e descarga do banco de baterias. ........ 128

Figura 65: Processo de carga das baterias, para a implementação do projeto de controle. .... 130

Figura 66: Lugar das raízes da função de transferência GA(s). .............................................. 131

Figura 67: Lugar das raízes de GA(s) compensado pela a inserção do controlador PI. .......... 132

Figura 68: Comparação entre o Diagrama de Bode do sistema GA(s) em malha aberta; a) sistema

em malha aberta não compensado; b) sistema compensado pelo controlador PI. .................. 133

Figura 69: Comparação entre o Diagrama de Bode do sistema GA(s) em malha fechada; a)

sistema em malha fechada não compensado; b) sistema compensado pelo controlador PI. .. 134

Figura 70: Resposta do sistema GA(s) compensado para uma referência de 1,7 A para a corrente

de carga das baterias. .............................................................................................................. 135

Figura 71: Resposta do sistema GA(s) compensado para uma referência de 68,4 V para a tensão

de carga das baterias. .............................................................................................................. 135

Figura 72: Lugar das raízes da função de transferência GB(s). .............................................. 136

Figura 73: Lugar das raízes de GB(s) compensado. ................................................................ 137

Figura 74: Comparação entre o Diagrama de Bode do sistema GB(s) em malha aberta; a) sistema

em malha aberta não compensado; b) sistema compensado pelo controlador PID. ............... 138

Figura 75: Comparação entre o Diagrama de Bode do sistema GB(s) em malha fechada, com o

sistema em malha fechada compensado pelo controlador PID. ............................................. 139

Figura 76: Resposta transitória do sistema GB(s) compensado para uma referência de 230 V.

................................................................................................................................................ 140

Figura 77: Circuito de instrumentação para a leitura da tensão no lado das baterias. ............ 141

Figura 78: Circuito de instrumentação para a leitura da tensão no lado do barramento CC. . 142

Figura 79: Circuito de instrumentação para a leitura das correntes no barramento CC e baterias.

................................................................................................................................................ 143

Figura 80: Diagrama de blocos da implementação do projeto de controle. ........................... 143

Figura 81: Resultado de simulação do projeto de controle em malha fechada para a carga das

baterias: a) Comparação entre o sinal de referência e corrente de carga das baterias b) Sinal de

erro calculado; c) Sinal da ação de controle. .......................................................................... 145

Figura 82: Resultado de simulação da resposta transitória da tensão de carga das baterias em

malha fechada; a) Comparação entre o sinal de referência e tesão de carga; b) Corrente de carga.

................................................................................................................................................ 146

Figura 83: Resultado de simulação da resposta transitória da tensão do barramento CC em

malha fechada; a) Tensão do barramento CC em malha fechada; b) Tensão sobre o lado de

baixa tensão do transformador; c) Sinal do erro calculado; d) Sinal da ação de controle. ..... 147

Figura 84: Resultado de simulação do projeto de controle da regulação da tensão do barramento

CC; a) Tensão do barramento CC em malha fechada; b) Corrente no barramento; c) Tensão

sobre o lado de baixa tensão do transformador. ..................................................................... 148

Figura 85: Resultado experimental do projeto de controle do conversor no modo de carga; a)

corrente de carga das baterias em malha fechada b) tensão de carga das baterias. ................ 150

Figura 86: Resultados experimentais das curvas de carga das baterias durante a alteração das

malhas de controle; a) Tensão de carga; b) Corrente de carga. .............................................. 151

Figura 87: Resultado experimental do projeto de controle em malha fechada para a resposta

transitória da tensão do barramento CC; a) tensão sobre o barramento CC; b) tensão sobre o

lado de baixa tensão do transformador. .................................................................................. 152

Figura 88: Resultado experimental do projeto de controle em malha fechada para a regulação

da tensão do barramento CC; a) tensão no barramento CC; b) corrente no barramento; c) tensão

sobre o lado de baixa tensão do transformador. ..................................................................... 153

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 20

1.1 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 24

1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 28

1.2.1 Objetivos específicos ....................................................................................................... 29

1.3 CONTRIBUIÇÕES ....................................................................................................... 30

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ............................................................................ 30

2. PRINCÍPIOS DE OPERAÇÃO, PROPRIEDADES E MÉTODOS DE CARGA

PARA BATERIAS ESTACIONÁRIAS ............................................................................... 32

2.1 PRINCÍPIOS DE OPERAÇÃO E PROPRIEDADES DAS BATERIAS ..................... 32

2.2 TECNOLOGIAS DE CONSTRUÇÃO ......................................................................... 36

2.3 CARGA E DESCARGA DE BATERIAS .................................................................... 39

2.3.1 Carga por Tensão Constante ............................................................................................ 40

2.3.2 Carga por Corrente Constante ......................................................................................... 41

2.3.3 Carga por corrente constante com limitação de tensão ................................................... 42

2.5 CIRCUITO EQUIVALENTE DA BATERIA ................................................................... 43

2.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO .................................................................. 44

3. CONVERSORES BIDIRECIONAIS APLICADOS A SISTEMAS DE

ARMAZENAMENTO DE ENERGIA ................................................................................. 45

3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO ......................................................................... 45

3.2 PRINCÍPIO DE CONVERSÃO CC-CC EM CONVERSORES ISOLADOS .................. 48

3.2.1 Conversores Alimentados em Tensão ............................................................................. 49

3.2.2 Conversores Alimentados em Corrente ........................................................................... 52

3.3 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO E ESCOLHA DO CONVERSOR ....................................... 54

3.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO .................................................................. 58

4. ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DO CONVERSOR PROPOSTO ............... 59

4.1 ANÁLISE DO CIRCUITO PROPOSTO ...................................................................... 59

4.1.1 Conversor em Ponte-Completa no modo de Carga ................................................... 60

4.1.2 Conversor em Ponte-Completa no modo de Descarga .............................................. 66

4.2 INFLUÊNCIA DO TRANSFORMADOR .................................................................... 72

4.3 DIMENSIONAMENTO DO CONVERSOR E BANCO DE BATERIAS .................. 74

4.3.1 Definição do banco de baterias .................................................................................. 75

4.3.2 Cálculo dos filtros ...................................................................................................... 77

4.4 RESULTADOS DE SIMULAÇÕES ............................................................................ 79

4.4.1 Simulação do conversor no modo de Carga .............................................................. 79

4.4.2 Simulação do conversor no modo de descarga .......................................................... 83

4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ............................................................. 87

5. IMPLEMENTAÇÃO DO CONVERSOR E RESULTADOS EXPERIMENTAIS

EM MALHA ABERTA .......................................................................................................... 89

5.1 IMPLEMENTAÇÃO DO CONVERSOR .................................................................... 89

5.2 RESULTADOS EXPERIMENTAIS ............................................................................ 91

5.2.1 Ensaio do conversor no modo de Carga .................................................................... 91

5.2.2 Ensaio do conversor no modo de Descarga ............................................................... 96

5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ........................................................... 101

6. MODELAGEM DO CONVERSOR E BATERIAS ............................................... 103

6.1 MODELO DA BATERIA ........................................................................................... 103

6.2 MODELO DO CONVERSOR .................................................................................... 106

6.2.1 Modelo do conversor para o modo de Carga ........................................................... 107

6.2.1.1 Modelo de pequenos sinais para o conversor no modo de Carga ........................ 116

6.2.2 Modelo do conversor para o modo de Descarga ...................................................... 119

6.2.2.1 Modelo de pequenos sinais para o conversor no modo de Descarga ................... 125

6.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ........................................................... 127

7. PROJETO DO SISTEMA DE CONTROLE E RESULTADOS EXPERIMENTAIS

EM MALHA FECHADA ..................................................................................................... 128

7.1 DESCRIÇÃO DO SISTEMA ...................................................................................... 128

7.2 PROJETO DE CONTROLE PARA O MODO DE CARGA ..................................... 130

7.3 PROJETO DE CONTROLE PARA A REGULAÇÃO DO BARRAMENTO CC .... 136

7.4 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO DE CONTROLE ............................................. 140

7.5 RESULTADOS DE SIMULAÇÃO DO PROJETO DE CONTROLE ...................... 143

7.6 RESULTADOS DE EXPERIMENTAIS DO PROJETO DE CONTROLE .............. 149

7.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPITULO ........................................................... 154

8. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 155

8.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ....................................................... 157

9. PUBLICAÇÕES ........................................................................................................ 159

APÊNDICE A - PROJETO DOS ELEMENTOS MAGNÉTICOS ................................. 167

A.1 PROJETO DOS INDUTORES ................................................................................... 167

A.1.1 Projeto do indutor L1 ................................................................................................ 169

A.1.2 Projeto do indutor L2 ................................................................................................ 171

A.2 PROJETO DO TRANSFORMADOR ........................................................................ 172

1. INTRODUÇÃO

As smart grids, ou redes inteligentes, representam um avanço para o sistema elétrico de

potência ao integrar sistemas de armazenamento de energia e diferentes fontes de energia

renováveis com uma rede de alta produção (SULTAN, KADDAH, ELHOSSEINI, 2017). Essa

característica modifica diretamente a estrutura do sistema elétrico, especialmente do ponto de

vista de planejamento e operação, onde há grandes interesses de pesquisa, associados

principalmente ao acompanhamento em tempo real da demanda e no gerenciamento das

diferentes fontes de geração (TUSHAR et al. 2016).

A alta inserção de fontes de energia renováveis na rede elétrica representa um dos

grandes desafios para a implementação de forma eficiente das smart grids. Devido à natureza

sazonal das fontes de geração, é necessário amenizar problemas relacionados com a incerteza

da produção (XING, LIN, FU, HOBBS, 2017). Uma abordagem possível para esse problema

está na criação de redes integradas, onde diferentes fontes de geração são interligadas através

de sistemas de armazenamento de energia. Nesses sistemas, períodos de geração excedente são

utilizados para armazenar energia, que posteriormente passa a ser utilizada em períodos de

baixa produção, falhas da rede elétrica ou de grande demanda (YANG et al. 2001).

A forma mais comum de armazenamento de energia ocorre através de bancos de

baterias, amplamente aplicados em sistemas híbridos de produção, assim como na criação de

UPS’s (Uninterrupted Power Supply – Fonte Ininterrupta de Energia), utilizadas em diversas

aplicações que necessitam de maior confiabilidade no fornecimento de energia (YANG et al.

2001). De um modo geral, baterias podem ser aplicadas na geração e distribuição de energia

com o objetivo de aumentar a confiabilidade e estabilidade da rede elétrica, atuando como

fontes secundárias ou como armazenadores de energia de acordo com as condições de geração

ou do estado de operação da rede (FREESCALE, 2004). Em sistemas fotovoltaicos por

exemplo, as baterias têm papel fundamental em sua operação, acumulando energia durante os

períodos de maior geração e atuando como uma fonte auxiliar em períodos de produção nula

ou alta demanda (LUQUE, HEGEDUS, 2003).

O armazenamento de energia baseado em conversores de tensão e bancos de baterias

tem papel fundamental na produção de energia elétrica proveniente de fontes alternativas. Em

sistemas que envolvem diferentes fontes de geração como no caso apresentado pela Figura 1,

painéis fotovoltaicos e geradores eólicos são conectados a bancos de baterias que atuam como

21

acumuladores de energia em casos de produção elevada e eventualmente como fonte auxiliar

em casos de baixa produção ou falha da rede elétrica (RASHID, 2011). Nesse tipo de aplicação,

o armazenamento de energia contribui para o gerenciamento da produção e da rede de

distribuição, atuando no aproveitamento de energia através do controle do fluxo de potência

entre a energia demandada e a energia gerada e armazenada (YANG, 2001).

Conversor

CC/CC

Conversor

CA/CC

Carregador de

Baterias

Barramento CC Rede CA

Fonte

Fotovoltaica

Gerador Eólico

Banco de Baterias

Inversor CC/CACarga CA

Figura 1: Sistema de energia hibrido, envolvendo diferentes fontes de produção e banco de baterias.

Fonte: adaptado de Rashid (2011).

Na distribuição de energia, princípio semelhante é aplicado na construção de UPS’s

implementadas para alimentar cargas consideradas como críticas, por não permitirem falhas no

fornecimento de energia. Pode-se citar como exemplo hospitais, centros cirúrgicos e centros de

processamento de dados, onde as UPS’s atuam como proteção para a carga servindo como uma

fonte secundária em casos de falha da rede elétrica (CURTIS, 2011).

Em uma UPS, durante as condições normais de operação da rede elétrica, a carga é

alimentada pela rede, que também armazena energia no banco de baterias. Em situações de

falha do fornecimento, as baterias passam a operar como fonte, provendo energia para carga

(RASHID, 2011). Com esse objetivo, as UPS’s podem assumir diferentes configurações;

essencialmente formadas por um circuito retificador, carregador de baterias, banco de baterias

e inversor de tensão, assim como apresentado pela Figura 2.

22

Retificador CA/CC

Carregador de

Baterias

Barramento CC

Rede CA

Banco de Baterias

Inversor CC/CA Carga CA

Figura 2: Configuração básica de uma UPS do tipo On-Line.

Fonte: Adaptado de IEEE STD 466 (1995).

Em ambos os casos apresentados pelas Figuras 1 e 2, tanto em UPS’s como em sistemas

de geração existe a necessidade da conexão de baterias a um barramento CC de tensão elevada,

seja esse proveniente de uma fonte geradora como um painel fotovoltaico, ou da saída de um

circuito retificador como no caso das UPS’s.

Devido aos bancos de baterias geralmente apresentarem baixos níveis de tensão, esse

processo é realizado através de conversores CC-CC, que buscam adequar a tensão processada

entre o barramento CC e baterias (LINDEN, REDDY, 2011). O uso de conversores CC-CC é

comum em sistemas de armazenamento de energia, porque atuam como carregadores ou

descarregadores de baterias, de acordo com o estado de operação do sistema. Neste sentido, a

utilização de conversores que possuam características bidirecionais é de grande interesse para

esse tipo de aplicação, porque permitem realizar a carga e descarga das baterias em um único

equipamento, reduzindo o número de estruturas envolvidas e consequentemente simplificando

a implementação desses sistemas (WEN, XIAO, SU, 2014).

Essa característica também é de interesse para a implementação de sistemas em paralelo

como nos casos ilustrados pela Figura 3, onde é verificada a presença de conversores

bidirecionais conectando diferentes bancos de baterias a um barramento CC em comum. A

utilização de conversores em paralelo é interessante por permitir aumentar gradativamente a

capacidade de armazenamento de energia conforme o aumento de demanda, sendo assim

possível evitar sistemas sobredimensionados, o que reduz custos relativos ao número de baterias

(LAZZARIN, 2010), (CHOI, LEE, WON, 2014).

23

Barramento CC

Conversor 1

Conversor 2

Conversor 3

Barramento CC

Banco de Baterias

Conversores em Paralelo

Bancos de Baterias

(a) (b)

Figura 3: Diagrama de sistemas envolvendo conversores em paralelo; a) Conversores e baterias em paralelo; b)

Conexão direta de conversores em paralelo.

Outra vantagem significativa da conexão de conversores em paralelo diz respeito ao

aumento da estabilidade do sistema, visto que a falha de uma estrutura não compromete a

totalidade do fornecimento de energia (LAZZARIN, 2010). Em relação a resposta transitória

da rede elétrica, ao apresentar um inversor acoplado é possível obter uma resposta dinâmica

rápida quando comparada a sistemas tradicionais de backup, como os geradores de emergência

por exemplo. Neste sentido é possível aumentar a estabilidade transitória e dinâmica no

fornecimento de energia (YANG, 2001).

O desenvolvimento de conversores adequados para a conexão de baterias a barramentos

CC proveniente de fontes de geração ou circuitos retificadores, contribuem para o

aperfeiçoamento de UPS e para criação de redes integradas, envolvendo diferentes fontes de

geração e bancos de baterias (GUERRERO et al., 2011). Os conversores bidirecionais têm papel

fundamental para o desenvolvimento desses sistemas, porque são capazes de controlar os níveis

e a direção do fluxo de potência entre as fontes de geração, cargas e bancos de baterias. Portanto,

este trabalho foca no desenvolvimento, análise e implementação de um conversor CC-CC

bidirecional, aplicado no controle dos modos de carga e descarga de um banco de baterias.

24

1.1 JUSTIFICATIVA

Como é apresentado na literatura, os conversores bidirecionais são parte fundamental

de sistemas de armazenamento de energia, essencialmente formados por conversores de tensão

e baterias, a principal forma de armazenamento em sistemas de geração e UPS’s (LINDEN,

REDDY, 2011). Para o desenvolvimento desses sistemas é importante conhecer as diferentes

situações que envolvem o dimensionamento e operação adequada das baterias, responsáveis

efetivas pelo acúmulo de energia.

O dimensionamento de um sistema de armazenamento se inicia pela escolha das

baterias. Como são componentes com alto custo de produção, sua construção é realizada através

de associações de células de menor tensão (BERNDT, 2003). De maneira semelhante, bancos

de baterias são formados por associações de baterias de baixa tensão, desvantagem compensada

ao conectar baterias em série ou em paralelo, aumentando gradativamente a tensão nominal e

capacidade de carga do conjunto de acordo com a aplicação em que estão inseridas (BERNDT,

2003), (LINDEN, REDDY, 2011).

A definição dos níveis de tensão e capacidade de carga do banco de baterias depende

principalmente da autonomia requerida pelo sistema. Em aplicações de baixa potência, são

comumente utilizados bancos de baterias com baixos níveis de tensão e alta capacidade de

carga, tornando necessário a utilização de conversores de alto ganho de tensão a fim de elevar

a tensão de um banco de baterias para níveis adequados de tensão de barramentos CC, que se

apresentam na ordem de algumas centenas de volts (LUQUE, HEGEDUS, 2003). Em UPS’s e

sistemas de telecomunicações por exemplo, comumente se utilizam bancos de baterias de 12 V

a 60 V para recriar barramentos de 200 V até 500 V (TAO, DUARTE, HENDRIX, 2008), (HU,

GONG, 2014), (JAYABALU, SARBHAM, 2015).

Outro aspecto importante na operação de baterias diz respeito aos processos de carga e

descarga. Apesar de diferentes aplicações, tanto no caso de sistemas fotovoltaicos como em

UPS's, existem os mesmos problemas associados a esses processos, visto que as baterias são

carregadas e descarregadas diversas vezes e em diferentes estados de carga. Situações extremas

como sobrecargas ou descargas profundas podem causar reações químicas irreversíveis, que

diminuem a vida útil e comprometem a operação, não somente de uma bateria, mas do sistema

como um todo, tornando o controle desses processos indispensável para a operação correta das

baterias (WU, CHANG, MOO, 20015).

25

A carga de uma bateria é realizada por diferentes métodos que envolvem a inserção de

carga por tensão ou corrente, onde o projeto de controle deve prever e evitar situações

prejudiciais ao equipamento, como por exemplo aquecimento e sobrecarga. Nesse processo, o

desenvolvimento do conversor também é importante porque é necessário apresentar baixos

níveis de ondulação tanto de tensão, como de corrente inserida na bateria (UNIPOWER, 2003).

No processo de descarga, as baterias possuem limitações em relação ao nível de

descarregamento, estimado em aproximadamente 80% da sua capacidade total, entretanto, os

níveis mínimos de tensão de descarga são indicados para cada tipo de bateria de acordo com

seu material ativo e tecnologia de construção (LINDEN, REDDY, 2011). É necessário notar

que em muitas situações é inevitável que a descarga das baterias ocorra a níveis muito abaixo

da capacidade recomendada pelos fabricantes, onde por exemplo, a carga de interesse tem maior

relevância do que a operação das baterias, como no caso das UPS’s. Para a situação de descarga,

as principais especificações do conversor dizem respeito a velocidade de resposta, devido a

necessidade de manter constante a tensão do barramento, como também é desejável manter

baixos níveis de ondulação de tensão e corrente em ambos os lados do conversor.

Devido às diferentes situações envolvidas nos processos de carga e descarga das

baterias, várias questões devem ser consideradas no desenvolvimento do conversor. Alguns dos

principais aspectos de projeto a serem citados incluem: grandes diferenças de tensão presentes

entre a fonte primária e banco de baterias, temperatura de operação e ondulações de tensão e

corrente nas baterias e barramento CC (LINDEN, REDDY, 2011), (WU et al., 2014), (BARBI,

DENIZAR, 2006).

Os níveis de ondulação de tensão e corrente das baterias são normalmente indicados

pelos fabricantes e padronizados pelas normas técnicas ABNT NBR 14197 (2017) para

Acumulador Chumbo-Ácido estacionário ventilado e ABNT NBR 14204 (2011), para

Acumulador Chumbo-Ácido estacionário regulado por válvula, aplicada também a outros tipos

de baterias. Estes fatores são críticos uma vez que podem aumentar a temperatura de operação

das baterias de maneira indesejada. Do lado do barramento CC, a corrente pulsada também é

um ponto crítico, podendo criar interferências eletromagnéticas na fonte, assim como em

equipamentos conectados a ela (WU et al. 2014), (BARBI, DENIZAR, 2006).

Uma abordagem possível para o processamento de energia em sistemas de

armazenamento com baterias se dá através de conversores CC-CC unidirecionais. Neste caso,

26

um conversor é responsável pelo processo de carga e outro pela descarga das baterias. A

abordagem unidirecional tem como vantagem o número reduzido de componentes ativos e

simplicidade de implementação, entretanto, resulta em um número maior de estruturas

envolvidas no processamento de energia entre barramento CC e baterias (SCHUCH et al.,

2006), (PINHEIRO, JAIN, JOÓS, 2006), (JAIN, PINHEIRO, 1998), (RASHID, 2011).

Em alguns casos, não há conversor para a descarga, sendo que o banco de baterias atua

diretamente conectado ao barramento. Para tanto, é necessário que a tensão do banco de baterias

seja alta o suficiente para a operação do sistema que será alimentado pelo arranjo

baterias/inversor de tensão. Nessa situação as baterias podem ser submetidas a ondulações de

tensão provenientes do barramento CC, além de aumentar os custos relacionados com a

implementação do sistema, devido a construção do banco de baterias com tensão elevada

(SCHUCH et al., 2006), (PINHEIRO, JAIN, JOÓS, 2006), (JAIN, PINHEIRO, 1998),

(BERNDT, 2003), (RASHID, 2011).

Uma alternativa a essas estruturas é o uso de conversores bidirecionais, normalmente

implementados a partir de configurações unidirecionais, substituindo diodos simples por chaves

semicondutoras com diodos em antiparalelo, ou seja, os semicondutores devem atuar como

chaves ou diodos retificadores, permitindo que exista fluxo de energia em ambas as direções de

acordo com a ordem de acionamento do conversor (RASHID, 2011), (FOROUZESH et al.

2017). Dessa forma, apesar de apresentar maior complexidade de implementação, conversores

bidirecionais permitem controlar o fluxo de potência entre fontes de geração e bancos de

baterias, reduzindo o número de estruturas envolvidas nos processos de carga e descarga

(FOROUZESH et al. 2017).

Pensando nas diferentes situações relacionadas a operação das baterias, muitos trabalhos

científicos propuseram o uso de conversores bidirecionais e isolados para garantir a segurança

do banco de baterias e aumentar o ganho de tensão do conversor, dessa forma, é possível manter

a tensão das baterias reduzida e aumentar o nível de segurança do sistema devido a isolação

galvânica do conversor (WEN, XIAO, SU, 2014), (WU et al. 2014). Em relação a isolação, o

uso do transformador em alta frequência como elemento de segurança para o banco de baterias

permite eliminar transformadores volumosos de baixa frequência e garantir maiores faixas de

ganho ao conversor (GUERRERO et al., 2011).

27

Para a escolha do conversor de tensão, são abundantes as configurações presentes na

literatura, tanto para conversores isolados quanto para não-isolados, entretanto, devido ao

interesse deste trabalho, a pesquisa realizada se restringiu aos conversores isolados com

possibilidade de operação bidirecional.

Nos casos apresentados por Tan et al. (2012), Akagi et al. (2015) e Wen et al. (2014),

os conversores bidirecionais são implementados a partir de dois inversores em Ponte-Completa

em ambos os lados do transformador de isolação. Nesse tipo de configuração, a operação

bidirecional requer que ambos os inversores atuem também como retificadores para a tensão

alternada do transformador de isolação.

O principal problema desses conversores é que são fortemente afetados por problemas

de sobretensão, relacionados com a presença das indutâncias parasitas do transformador e

possíveis erros de comutação. Devido a operação bidirecional, a utilização de circuitos

auxiliares de comutação como snubbers RCD ou circuitos de grampeamento ativo é limitada,

visto que em muitos casos a presença desses circuitos afeta a operação do semicondutores como

retificadores de tensão.

Em Tan et al. (2012) esse problema é contornado utilizando snubbers RC em paralelo

com cada uma das chaves do conversor em Ponte-Completa. Dessa maneira é possível reduzir

as exigências sobre os semicondutores e manter a característica dos inversores de atuar também

como retificadores de tensão. Nos trabalhos realizados por Akagi et al. (2015) e Wu et al.

(2014), o número de componentes é reduzido ao utilizar apenas um capacitor de grampeamento

de tensão em paralelo com cada uma das chaves dos inversores, assim é eliminado um elemento

dissipativo do circuito. Em Wen et al. (2014), não são citados circuitos com objetivos neste

sentido, entretanto, seus resultados experimentais apresentam sobretensões sobre o

transformador e semicondutores.

Outro problema comumente encontrado em conversores bidirecionais e isolados diz

respeito a regulação da tensão do barramento CC em um nível fixo para ambos os modos de

operação do conversor, ou seja, carga e descarga das baterias. Como esses conversores são

muitas vezes implementados a partir de configurações alimentadas por tensão na entrada dos

inversores em ambos os lados do transformador de isolação, tanto do lado das baterias quanto

do lado do barramento o conversor apresenta como característica operar como redutor de

tensão, cabendo apenas ao transformador elevar a tensão do banco de baterias. Isto limita a

28

regulação da tensão do barramento CC quando considerados os processos de carga e descarga

(LIU, DUAN, CAI, 2011).

Em Tan el al. (2012) e Wu et al. (2014) essa característica faz com que a tensão de saída

no modo de descarga seja diferente da tensão do barramento CC no modo de carga. Em

determinadas situações é aceitável que a tensão do barramento CC seja variável, entretanto,

para a aplicação em inversores de tensão por exemplo, essa característica é indesejável por

exigir índices de modulação elevados. Por tanto, é de interesse que durante o processo de carga

a tensão do barramento seja reduzida nos terminais do transformador, enquanto na descarga

seja elevada de forma a manter a relação de transformação constante e aumentar as faixas de

ganho de tensão do conversor.

Entre as diferentes configurações encontradas na literatura foram identificados como

principais problemas em conversores bidirecionais e isolados o uso de circuitos auxiliares de

comutação que limitam a etapa de retificação da operação bidirecional, os níveis de ondulação

de tensão e corrente em ambos os lados do conversor, capacidade reduzida de regulação da

tensão do barramento CC e limitações de ganho de tensão do conversor.

Pensando nos problemas relacionados a operação de conversores bidirecionais isolados,

o presente trabalho propõe o desenvolvimento de um conversor a fim de realizar a regulação

do barramento CC em um nível constante, assim como controlar a carga e descarga das baterias

em um único equipamento. O objetivo é desenvolver um sistema de armazenamento de energia

que conecta um banco de baterias a um barramento CC. O conversor proposto atua controlando

a direção do fluxo de potência entre o barramento e banco de baterias, situação comumente

encontrada em sistemas de geração e UPS’s. Dos problemas citados e níveis de tensão e

potência indicados para as aplicações de interesse, o trabalho é desenvolvido de acordo com os

objetivos apresentados na sequência.

1.2 OBJETIVOS

O objetivo geral do trabalho é desenvolver um conversor capaz de atuar em sistemas de

armazenamento de energia, realizando a interface entre um barramento CC e banco de baterias.

Devido as grandes relações de transformações presentes no sistema o conversor deve ser

isolado, realizando a carga e descarga das baterias em um único equipamento. Portanto, o

29

mesmo apresenta características bidirecionais, restringindo a pesquisa realizada aos

conversores bidirecionais isolados.

O projeto se baseia na conexão de um banco de baterias de 60 V a um barramento CC

de 230 V, parâmetros escolhidos de acordo com valores típicos de baterias encontradas em

sistemas de baixa potência, como indicado por Jayabalu & Sarbham (2015). O reduzido valor

de tensão do banco de baterias evita custos associados a equipamentos de maior tensão.

O sistema como um todo foi desenvolvido pensando na conexão do banco de baterias a

rede elétrica, portanto, para a escolha do barramento CC foram adotados os níveis de tensão

encontrados na entrada de inversores de tensão monofásicos. Dessa forma, facilmente pode-se

obter tensões senoidais de 127 Vrms evitando o uso de índices de modulação elevados. O uso

de barramentos de 200 V por exemplo, acarretaria em um índice de modulação próximo a 0,9

para o pico de tensão senoidal de 127 Vrms. Essa característica é indesejável devido ao fato de

limitar o controle do inversor. Em contrapartida, ao adotar 230 V de barramento o inversor atua

com um índice de modulação máximo de 0,78.

Para a conclusão do trabalho, as etapas de pesquisa, projeto e implementação do

conversor, foram divididas de acordo com os objetivos específicos apresentados na subseção

1.2.1.

1.2.1 Objetivos específicos

Estudo da operação, propriedades, métodos de carga e aspectos construtivos de

diferentes tecnologias de baterias estacionárias.

Estudo de diferentes configurações de conversores isolados, com possibilidade de

atuação bidirecional.

Definição da configuração que melhor se adeque as especificações do projeto.

Operação em alta frequência a fim de reduzir o volume dos filtros envolvidos e

transformador.

Dimensionamento do banco de baterias.

30

Análise e dimensionamento do conversor proposto.

Modelagem do conjunto conversor e banco de baterias.

Projeto de controle do conversor para o modo de carga do banco de baterias.

Projeto de controle para realizar a regulação da tensão do barramento CC.

Validação experimental da operação do conversor.

1.3 CONTRIBUIÇÕES

A partir da pesquisa realizada e conversor proposto, são tomadas como as principais

contribuições do trabalho, além da operação bidirecional:

Implementação do conversor sem o uso de circuitos auxiliares de comutação, visto que

a sua presença é indesejável para retificadores na operação bidirecional;

Proposta de uma modulação aplicada a conversores do tipo fonte de corrente, com

objetivo de atenuar os efeitos das indutâncias parasitas do transformador;

Capacidade de realizar a regulação do barramento CC em um nível de tensão constante,

quando considerados os modos de carga e descarga do banco de baterias;

Obtenção e validação do modelo do conversor para fins de projeto de controle;

Projeto de controle do conversor para a regulação da tensão do barramento CC, assim

como para a carga do banco de baterias;

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Os capítulos seguintes apresentam o embasamento teórico e a descrição do sistema

proposto. São distribuídos da seguinte forma:

31

CAPÍTULO 2: Nesse capítulo são demonstrados os princípios de operação e

conceitos envolvendo bancos de baterias, destacando as diversas tecnologias construtivas,

associação de baterias, circuito equivalente e métodos de carga.

CAPÍTULO 3: Diz respeito a escolha do conversor de tensão. São apresentadas

as diversas situações envolvidas no projeto, definindo os critérios para a seleção do conversor,

assim como diferentes configurações possíveis para a implementação do conversor

bidirecional. O objetivo é justificar a escolha de um conversor para o desenvolvimento do

trabalho.

CAPÍTULO 4: Trata da análise e dimensionamento do conversor proposto. Esse

capítulo aborda o dimensionamento dos filtros envolvidos, baterias e semicondutores, assim

como a análise matemática do conversor. Simulações em malha aberta são realizadas a fim de

validar o cálculo dos filtros.

CAPÍTULO 5: Apresenta os detalhes da construção do conversor de acordo com

os filtros dimensionados no capítulo anterior. São realizados testes em laboratório para as

diferentes situações de carga e descarga das baterias, apresentando os resultados experimentais

em malha aberta.

CAPÍTULO 6: Da implementação prática do conversor, o mesmo é modelado

através da abordagem pelo modelo médio em espaço de estados. São comparadas as respostas

do circuito simulado, modelo e resultados experimentais com o objetivo de validar a análise do

conversor.

CAPÍTULO 7: O modelo levantado no decorrer do Capítulo 6 serve de base para

o projeto de controle, tanto da carga das baterias, quanto para a regulação da tensão do

barramento CC. Dessa forma, é apresentado o projeto de controle, sensores envolvidos e

detalhes de implementação, assim como resultados experimentais em malha fechada para

ambos os modos de operação do conversor.

CAPÍTULO 8: Trata das conclusões do trabalho.

CAPÍTULO 9: São apresentadas as publicações resultantes deste trabalho, até o

momento em que esta dissertação foi escrita.

32

2. PRINCÍPIOS DE OPERAÇÃO, PROPRIEDADES E MÉTODOS DE CARGA

PARA BATERIAS ESTACIONÁRIAS

Neste capítulo é introduzido o estudo sobre os princípios de operação e características

das baterias. As principais tecnologias de construção são apresentadas. Em relação a sua

operação, são conceituados os principais parâmetros envolvidos, conceitos de carga e descarga

e questões para a formação de bancos de baterias. Também são apresentados os métodos de

carga para as baterias estacionárias, visto que são parte fundamental do desenvolvimento do

projeto do conversor e controle.

2.1 PRINCÍPIOS DE OPERAÇÃO E PROPRIEDADES DAS BATERIAS

Uma bateria é um dispositivo eletroquímico, construído com o propósito de converter

energia química em energia elétrica. Quando esse processo é reversível, são classificadas como

secundárias ou recarregáveis, podendo servir como um acumulador ou fonte de energia em

diversas aplicações, como no caso de UPS’s e em sistemas de geração (BERNDT, 2003),

(LINDEN, REDDY, 2011). As baterias primárias são aquelas que não podem ser recarregadas,

portanto, não aplicáveis nas situações de interesse deste trabalho, assim apenas as baterias

secundárias serão abordadas no decorrer do capítulo.

Devido sua flexibilidade, as baterias secundárias podem ser encontradas nas mais

diversas aplicações, como em veículos elétricos, aparelhos eletrônicos, dispositivos móveis e

centrais de produção de energia, onde são comumente associadas a fontes renováveis.

Em sua construção, uma bateria é formada pela associação – em série ou paralelo – de

células eletroquímicas de menor tensão. Como uma célula possui tensão nominal muito baixa,

as baterias são construídas a partir da associação de várias células, os elementos mais básicos e

os responsáveis efetivos pelo acumulo de energia em baterias. Uma célula é formada

fundamentalmente por (BERNDT, 2003):

Ânodo: eletrodo negativo, sendo oxidado durante o processo de descarga, cedendo

elétrons para o circuito externo.

Cátodo: eletrodo positivo, aceita elétrons e é reduzido durante a reação química.

33

Eletrólito: condutor iônico, serve como meio de transferência de carga entre o ânodo e

cátodo.

A partir das reações químicas entre cátodo, ânodo e eletrólito uma célula pode acumular

ou ceder elétrons para um circuito externo de acordo com a direção do fluxo dos elétrons.

Quando uma carga é ligada à bateria, os elétrons livres do eletrodo negativo, o ânodo,

se deslocam para o eletrodo positivo, criando uma diferença de potencial entre os terminais da

bateria. Dessa forma os eletrodos reagem quimicamente com o eletrólito liberando energia

elétrica, como ilustrado pela Figura 4-a. No processo de carga, deve ser aplicada à bateria uma

tensão superior a sua tensão de circuito aberto, forçando os elétrons a circularem em sentido

contrário ao processo de descarga, assim ocorre a reação química inversa, apresentada na Figura

4-b (BERNDT, 2003).

ÂnodoCátodo

Carga

Cátodo Ânodo

Eletrólito

Fonte CC

Eletrólito

(a) (b)

Figura 4: Célula eletroquímica e seus processos de carga e descarga; a) Descarga; b) Carga.

Além dos princípios eletroquímicos envolvidos, as propriedades elétricas das baterias

são um fator importante para a operação e dimensionamento correto de uma associação, ou

banco de baterias.

A norma A.I.E.E. nº 36, referente ao armazenamento de baterias, apresenta as

terminologias referentes a pilhas e acumuladores de energia, sendo as principais a sua tensão

nominal, capacidade de carga e taxa de descarga:

Tensão nominal: resultado das tensões de cada célula que forma uma bateria, ou banco

de baterias;

Tensão final de descarga: valor de tensão no qual deve-se considerar uma bateria

descarregada.

Tensão de circuito aberto: tensão entre os terminais das baterias em circuito aberto.

34

Capacidade de carga: quantidade de energia que pode ser fornecida por uma bateria antes

de atingir a sua tensão final de descarga. Como a capacidade de carga representa uma

taxa de transferência de carga, pode ser medida em Ah (amperes fornecidos durante o

período de uma hora), ou watt-h. Comumente representada por C.

Carga: restauração do material ativo através da passagem de corrente de sentido oposto

a corrente de descarga, ou seja, conversão de energia elétrica em energia química.

Taxa de Carga: corrente em que a bateria é carregada.

Descarga: conversão de energia química em energia elétrica.

Autodescarga: descarga em circuito aberto.

Sobrecarga: prolongamento de carga que ocorre além do instante final de carga de uma

bateria.

Resistência interna: resistência medida entre os terminais de uma bateria em circuito

aberto.

Vida útil: tempo no qual uma bateria é capaz de operar com condições adequadas, até

ser considerada inutilizada. Esse tempo está diretamente relacionado com a perda de

capacidade das baterias.

Dessas propriedades define-se que trabalhando como acumuladores de energia, as

baterias estão no modo de carga, e enquanto atuando como fonte estão no modo de descarga.

Para o dimensionamento adequado de um banco de baterias é necessário avaliar critérios

como a tensão nominal, capacidade de carga, autonomia e vida útil do equipamento.

Em relação à capacidade de armazenamento, dada em Ah, é definida pelo produto entre a

corrente de descarga pelo tempo em que leva para ser totalmente descarregada (UNIPOWER,

2003), (A.I.E.E. 36, 1994). Isto equivale a dizer que uma bateria que possui capacidade igual a

10 Ah, pode ser descarregada com uma corrente de 5 A com uma autonomia de duas horas. Esta

mesma bateria deverá fornecer uma autonomia de quatro horas ao ser descarregada com uma

corrente de 2,5 A (UNIPOWER, 2003). Dessa forma, é necessário analisar não somente a

capacidade de corrente das baterias, mas também a autonomia desejada, a fim de definir o

equipamento adequado para cada aplicação.

35

Também é necessário avaliar que mesmo com a associação de várias células que elevam

os níveis de tensão de uma bateria, diversos equipamentos ou aplicações exigem valores de

tensão e corrente superiores aos comumente encontrados em baterias comerciais. Esse

problema pode ser resolvido pelo uso de bancos de baterias, formados por associações em série

ou (e) paralelo (BERNDT, 2003), (CI, LIN, WU, 2016).

A associação em série é a mais utilizada e apresenta a vantagem de aumentar a tensão

nominal do banco de acordo com o número de baterias. A desvantagem desse tipo de associação

diz respeito a capacidade total do conjunto, que será o equivalente a uma única bateria. Para

aumentar a corrente de saída do banco de baterias, deve-se utilizar uma conexão em paralelo,

dessa maneira, tem-se o aumento da capacidade total do banco e a manutenção da tensão de

saída. Ambos os tipos de associação são representados na Figura 5. A escolha pelas conexões

série ou paralelo depende da necessidade da carga de interesse e o tipo da aplicação em que

estão inseridas.

(a) (b)

Figura 5: Associações de Baterias; a) Série; b) Paralelo.

Além do tipo de conexão adotada na formação de um banco, é importante que todas as

baterias apresentem características semelhantes, como por exemplo: capacidade e tensão

nominal. Na ABNT NBR 14204 (2011), é indicado que não deve-se instalar baterias com

capacidades, idades ou características construtivas diferentes. Essas propriedades são de

extrema importância para a associação de baterias, visto que desequilíbrios entre baterias de um

mesmo banco podem diminuir a vida útil do conjunto como um todo e consequentemente

comprometer a capacidade total de armazenamento do conjunto (CI, LIN, WU, 2016).

Outro ponto a ser observado está relacionado aos conceitos de vida útil e sua relação com

sobrecarga e profundidade de descarga. Como a vida útil de uma bateria depende da sua

capacidade de armazenar energia, situações que envolvam sobrecargas ou descargas profundas

podem causar reações químicas irreversíveis que diminuem sua capacidade de carga e

consequentemente a vida útil do equipamento (LINDEN, REDDY, 2011). Manter boas

condições de operação ao evitar situações indesejáveis para as baterias ajuda a manter o bom

36

funcionamento do equipamento e de maneira indireta colabora para a confiabilidade do

fornecimento de energia, ao evitar falhas dos sistemas nas quais estão inseridas (LUQUE,

HEGEDUS, 2003).

As diferentes baterias que existem no mercado diferem de acordo com seu material ativo

e propriedades elétricas, dessa maneira, apresentam características diferentes em relação ao

perfil de descarga, métodos de carga, tensão de circuito aberto e capacidade de armazenamento

de energia. Esses fatores devem ser considerados na escolha das baterias de acordo com a

aplicação em que estão inseridas.

A seção subsequente apresenta as principais tecnologias de construção, em que serão

abordadas as baterias secundárias, analisando critérios como densidade de potência, eficiência,

tempo de vida, custo e necessidade de manutenção.

2.2 TECNOLOGIAS DE CONSTRUÇÃO

Ao se tratar especificamente de UPS’s o IEEE std. 446-1995, referente a sistemas de

energia emergenciais, indica que para aplicações estacionárias as baterias de Níquel-Cádmio e

Chumbo-Acido são as mais indicadas.

As baterias de Níquel-Cádmio são construídas por células de 1,3 V, compostas por

cádmio metálico e hidróxido de níquel. A principal característica dessa construção é a boa

capacidade de retenção de carga, porém a baixa densidade energética exige maiores quantidades

de material ativo, elevando o volume dos componentes (LUQUE, HEGEDUS, 2003).

Para esse tipo de bateria é indicado utilizar a menor taxa de descarga possível, onde os

valores típicos de descarga se encontram entre 1,0-1,1 V por célula, entretanto, podem suportar

descargas profundas sem grandes perdas de capacidade. Essa característica permite que sejam

indicadas para aplicações em que o fornecimento de energia demande sistemas de maior

autonomia (LUQUE, HEGEDUS, 2003), (IEEE STD 1184, 2006).

A principal desvantagem da opção por baterias de Níquel-Cádmio está relacionada com

o alto custo inicial quando comparadas com as baterias de Chumbo-Ácido, porém o maior ciclo

de vida pode compensar investimentos a longo prazo (LUQUE, HEGEDUS, 2003).

37

Em relação ao processo de carga é indicado para as baterias de Níquel-Cádmio processos

de carga rápidos, como por exemplo, carga por corrente constante (LUQUE, HEGEDUS, 2003),

(CURTIS, 2011), (BERNDT, 2003).

Sobre as baterias de Chumbo-Ácido, são geralmente construídas a partir de células de

2,1 V, baseadas em eletrodos de chumbo e eletrólito de ácido sulfúrico dissolvido em água. Em

comparação com as baterias de Níquel-Cádmio, as baterias de Chumbo-Ácido apresentam

menor custo de fabricação e baixa manutenção, fatores que a fazem altamente difundida no

mercado. O ponto negativo de se utilizar as baterias de Chumbo-Ácido está relacionado com o

fato de que não permitem descargas profundas, mesmo sendo comumente encontradas em UPS’s

(LUQUE, HEGEDUS, 2003), (CURTIS, 2011), (BERNDT, 2003).

Por apresentarem alta sensibilidade a variações de carga é indicado que sejam carregadas

por métodos de carga lentos, ou seja, que envolvem a regulação da tensão e menores níveis de

corrente (LUQUE, HEGEDUS, 2003), (CURTIS, 2011), (BERNDT, 2003).

Entre outras alternativas para a escolha de uma bateria, se destacam as baterias de Níquel

Metal-Hidreto e Lítio-Íon; ambas apresentam vantagens em relação as suas propriedades

elétricas quando comparadas com as baterias de Níquel-Cádmio e Chumbo-Ácido, entretanto

seu uso ainda é limitado em aplicações estacionárias.

Em comparação a outras tecnologias, as baterias de Níquel Metal-Hidreto surgem como

uma alternativa menos poluente em comparação as baterias de Níquel-Cádmio, porém possuem

uma eficiência menor do que as baterias de Lítio-Íon, e ciclo de vida igual ou inferior as baterias

de Chumbo-Ácido (LINDEN, REDDY, 2011).

As baterias de Lítio-Íon apresentam características interessantes como menor peso e

volume, assim como alta eficiência, porém o custo elevado faz com que sua aplicação seja

reduzida a casos que exijam menores níveis de tensão como dispositivos móveis e aparelhos

eletrônicos. Devido suas vantagens em relação as características elétricas, quando comparadas

com baterias de Chumbo-Ácido ou de Níquel, seu uso em aplicações estacionárias é crescente

nos últimos anos (LINDEN, REDDY, 2011).

Neste ponto pode-se concluir que as diferentes tecnologias de construção de baterias

diferem principalmente de acordo com seu material ativo. Isso resulta em características elétricas

diferentes e consequentemente melhores resultados de acordo com a aplicação em que estão

38

inseridas. No Quadro I são apresentados critérios de desempenho para baterias de acordo com

sua tecnologia de construção. Fatores como níveis de tensão, ciclos de vida, temperatura e

capacidade de carga são tomados como critérios de comparação, apresentados em resumo como

uma forma de análise das características das baterias apresentadas neste trabalho.

Quadro I: Comparação entre as características principais do baterias estudadas.

Parâmetros Chumbo-Ácido Níquel-Cádmio Lítio-Íon

Tensão por célula (V)

Nominal 2,00 1,20 3,30

Circuito Aberto 2,10 1,29 3,60

Tensão Final de Descarga 1,75 1,00 3,00

Temperaturas de operação (ºC) -40 a 60 -40 a 45 -30 a 70

Densidade energética Alta Baixa Alta

Perfil de descarga Plano Muito plano Plano

Auto descarga (% por mês) 4,00-8,00 10,00-15,00 2,40

Ciclos de vida 250-500 300-700 300-500

Vantagens Livre de manutenção,

bom desempenho em baixas

e altas temperatura e menor

custo.

Capacidade de carga

elevada, ciclo de vida longo

quando não submetida a

descargas profundas,

carregamento rápido.

Alta capacidade de

carga, maior nível de

tensão por célula,

menor volume e auto

descarga reduzida.

Limitações Não pode ser

armazenada descarregada,

menor ciclo de vida ao

comparadas com as

baterias de Níquel-

Cadmio.

Baixa densidade de

energia, alto custo, maior

volume e desempenho

reduzido em altas

temperaturas.

Exige maiores

cuidados em relação a

operação e segurança,

além de apresentar

custo elevado de

fabricação.

Fonte: adaptada de D. Linden, T. B. Reddy (2011).

Analisando as informações presentes no Quadro I, é possível verificar que as baterias de

Chumbo-Ácido apresentam bom desempenho em relação a tensão nominal e densidade

energética. Essas características, juntamente com o menor preço, torna-se interessante para a

formação de um banco de baterias ao diminuir custos relativos a cada bateria e necessitar de um

menor número de componentes para se obter tensões mais elevadas. Outro ponto de interesse é

a temperatura de operação e auto descarga, que apresentam valores mais apropriados quando

comparados com as baterias de Níquel-Cadmio. Em relação as baterias de Lítio-Íon, o custo

elevado torna-se um limitador para a implementação do protótipo em laboratório.

39

É importante destacar que o trabalho não tem como objetivo realizar uma comparação

entre diferentes tipos de baterias para projeto em questão. Pensando apenas no dimensionamento

e na aplicação em que estão inseridas, a partir do comparativo apresentado anteriormente, as

baterias do tipo Chumbo-Ácido foram escolhidas para o desenvolvimento do trabalho.

2.3 CARGA E DESCARGA DE BATERIAS

Em relação a descarga de baterias, duas situações são de interesse: quando há descarga

constante até a descarga total da bateria, chamada de descarga contínua, e quando a descarga

ocorre em períodos descontínuos, chamada de descarga intermitente. Nos dois casos há

cuidados a serem tomados com a bateria para evitar situações de descarga profunda.

O estado de subcarga, ou descarga profunda, representa o ponto em que a bateria é

considerada descarregada e não pode mais atuar como uma fonte de energia. Como tratado

anteriormente, nesse caso continuar solicitando energia da bateria pode significar danos ao

equipamento, reduzindo significativamente a sua capacidade de armazenamento (LINDEN,

REDDY, 2011).

Como tratado na seção 2.1, para que ocorra o carregamento de uma bateria é necessário

que a tensão de carga seja sempre maior do que a tensão entre os terminais da bateria. O cuidado

a ser tomado com esse processo diz respeito a situação em que uma bateria atinge uma carga

excedente aos valores recomendados pelo seu fabricante. Nesse caso diz-se que a bateria está

operando em uma situação de sobrecarga (BERNDT, 2003).

Como as baterias são fortemente influenciadas pelos processos de carga e descarga, é

interessante mantê-las em condições que permitam a manutenção de sua vida útil. Em casos

que a carga de interesse apresenta maior valor agregado que a bateria, ou banco de baterias,

descargas profundas não podem ser impedidas, entretanto, situações de sobrecarga podem ser

evitadas ao utilizar métodos de carga adequados para cada tipo de bateria.

Para o desenvolvimento do trabalho, na subseção sequente são apresentadas as

principais estratégias de carga que podem ser aplicadas em baterias estacionárias. Neste

trabalho são apresentados os métodos de carga por tensão constante, corrente constante e carga

por corrente constante com limitação de tensão. As mesmas se baseiam na inserção de carga na

bateria através do controle de seus níveis de tensão e corrente.

40

É necessário notar que as diferentes estratégias de carga apresentam princípios

semelhantes, mantendo a tensão ou corrente de carga constantes de acordo com o estado de

carga das baterias. Entretanto, diferem em relação aos níveis de tensão e corrente inseridos na

bateria. Através dos métodos de carga, posteriormente é desenvolvido o carregador de baterias

e seu projeto de controle.

2.3.1 Carga por Tensão Constante

O método de carga por tensão é ilustrado pela Figura 6. Consiste na inserção de carga

por uma corrente inicial que é regulada durante determinado intervalo de tempo (t0-t1) com o

objetivo de elevar a tensão das baterias para o valor indicado para sua carga. Em um segundo

momento (t1-T) a tensão deve ser mantida constante enquanto a corrente é reduzida

gradualmente devido a reação natural de carga das baterias

ICARGA

Te

nsã

o (V

)

Co

rren

te (

A)

VCARGA

Tempo (h)t0 t1 T

Figura 6: Curvas de carga por Tensão Constante.

Como é considerado um método de carga lenta, tem como principal desvantagem o

tempo de carga, entretanto, esse método é indicado para casos em que as baterias apresentem

maior sensibilidade a variações de tensão, por exemplo, as baterias de Chumbo-Ácido, para as

quais não são recomendados métodos de carga rápidos (IEEE STD. 446, 1995), (UNIPOWER,

2003).

41

2.3.2 Carga por Corrente Constante

O método de carga por corrente constante é implementado de maneira simples,

mantendo a corrente de carga constante enquanto a tensão da bateria se eleva de acordo com o

seu estado de carga, conforme apresentado pela Figura 7.

Como se trata de um método de carga que mantém por maiores períodos a corrente de

carga constante, é considerado um método de carga rápido, indicado para baterias que tenham

maior retenção de carga, como no caso das baterias de Níquel-Cádmio (OSMAR, RAHIM,

JEYRAJ, 2014), (CHEN, LAI, 2012).

As vantagens desse método estão relacionadas com a simplicidade de controle e a

velocidade de carregamento. Em contrapartida deve-se ter cuidado para não ultrapassar os

limites de carga da bateria, resultando em sobrecarga. Por esse motivo é desejável manter a

tensão de carga constante na etapa final de carregamento, garantindo que não ocorram elevações

indesejáveis de tensão (CBS, 2017), (UNIPOWER, 2003), (OSMAR, RAHIM, JEYRAJ,

2014), (CHEN, LAI, 2012).

Tensã

o (V

)

VCARGA

Corr

ente

(A

)

Tempo (h)

ICARGA

t0 T

Figura 7: Curvas de carga por Corrente Constante.

Apesar de não ser um método usual, é eficiente no processo de carga de várias baterias

ao mesmo tempo, sendo indicado para a carga de baterias associadas em série, muitas vezes

servindo de equalizador para baterias com diferentes estados de carga. Uma limitação a ser

observada, está relacionada com a necessidade de distribuição igualitária de corrente entre as

baterias, neste sentido esse método não é indicado para associações de baterias em paralelo,

onde não se pode garantir que isso aconteça (UNIPOWER, 2003).

42

2.3.3 Carga por corrente constante com limitação de tensão

Para compensar a desvantagem do tempo de carga apresentada pelo método por tensão

constante, a utilização de uma etapa inicial com a manutenção de uma corrente constante de

valor elevado permite que esse tempo seja diminuído. Portanto, esse método une as

características de carga por tensão e corrente constante, conforme ilustrado pela Figura 8.

A primeira etapa (t0-t1) diz respeito a um processo de carga rápida, em que se aplica uma

corrente constante na bateria, até atingir um valor próximo a sua tensão nominal, representando

cerca de 80% da capacidade total da bateria. Nesse momento, o processo de carga passa para

uma segunda etapa (t1-T) em que opera através de uma tensão constante. A corrente injetada na

bateria deve diminuir gradualmente até a bateria ser completamente carregada (LINDEN,

REDDY, 2011), (CHEN, LAI, 2012), (UNIPOWER, 2003).

ICARGA

Tensã

o (V

)

Corr

ente

(A

)

VCARGA

Tempo (h)t0 t1 T

Figura 8: Curvas de carga por corrente constante com limitação de tensão.

Como é um método eficiente e une as vantagens de carga por tensão constante e corrente

constante, atualmente é a estratégia mais comum aplicada na carga de baterias, permite reduzir

o tempo de carga e protege a bateria contra sobrecarga. Contudo, esse método de carga não

pode ser usado em associações de baterias em paralelo devido a etapa inicial de carga por

corrente constante (LUQUE, HEGEDUS, 2003), (UNIPOWER, 2003).

Outros métodos de carga mais elaborados podem ser implementados, porém, como se

baseiam nas estratégias apresentadas até aqui, não serão abordados.

É interessante observar que as estratégias de carga dependem do controle dos níveis de

tensão e corrente inseridos na bateria, para que ocorram de maneira adequada o projeto de

controle deve se basear em modelos que representem adequadamente a dinâmica do conjunto

baterias e conversor de tensão. Para tanto, na seção sequente serão apresentados aspectos

43

relacionados a representação das baterias com objetivo de fornecer um modelo suficientemente

adequado para a análise do conversor e projeto de controle.

2.5 CIRCUITO EQUIVALENTE DA BATERIA

Para a elaboração correta do projeto de controle é importante obter um modelo elétrico

que represente a bateria, ou conjunto de baterias. Contudo, a representação de uma bateria não

é algo trivial, visto que existem diversos estudos que buscam definir o modelo matemático das

baterias de Chumbo-Ácido.

Os diferentes modelos de representação de baterias variam entre modelos mais simples,

que representam as baterias apenas pela sua tensão nominal até modelos mais complexos.

Dentre as diferentes representações para a bateria, o modelo mais utilizado é através do circuito

equivalente de Thevenin (EL GHOSSEIN, SALAMEH, KARAMI, 2015). Esse modelo,

presente na Figura 9, é representado pela tensão de circuito aberto (VB), pela resistência interna

(Ri) e por uma rede RC que visa representar variações no estado de carga da bateria.

VB

RB

RO

C

VBAT

Figura 9: Circuito equivalente de Thevenin para representação de baterias.

Para a definição dos parâmetros do circuito equivalente de Thevenin, parte-se do

princípio que VB é conhecida e tem seu valor dependente do estado de carga da bateria. Ri deve

ser fornecida pelo fabricante e geralmente é dada na ordem de mΩ. Esta é uma boa

representação para a bateria em casos que desconsideram alterações em seu estado de carga (EL

GHOSSEIN, SALAMEH, KARAMI, 2015).

Para representar as variações de tensão na bateria durante o processo de carga, o

capacitor (C) em paralelo com uma resistência (Ro) apresenta característica exponencial,

aproximando-se da resposta transitória observada nas curvas que representam os métodos de

carga apresentados anteriormente (EL GHOSSEIN, SALAMEH, KARAMI, 2015).

44

Mesmo considerando os principais elementos que definem a dinâmica de operação das

baterias esse modelo ainda é limitado, tendo em vista que considera todos os parâmetros

constantes. Como é mostrado pelas curvas de carga, a medida em que exista inserção de carga

na bateria, ocorrem elevações de tensão, assim como um aumento da resistência interna da

mesma. Essa característica é comprovada ao observar que a corrente de carga diminui

gradativamente de acordo com o estado de carga da bateria (LUQUE, HEGEDUS, 2003),

(LINDEN, REDDY, 2011).

Na literatura são encontrados modelos mais elaborados que representam melhor as

variações de carga da bateria. El Ghossein et. al (2015) apresentam uma revisão bibliográfica

referente a esses modelos, no entanto o nível de complexidade para definir seus parâmetros e

representá-los não justifica a utilização de um modelo diferente, visto que requerem maiores

esforços computacionais para a realização de simulações e análises matemáticas mais

complexas.

Das mesmas curvas de carga apresentadas anteriormente é possível observar também

que a bateria possui uma dinâmica lenta ao ser comparada com a resposta típica de conversores

estáticos que se dá na ordem de milissegundos a microssegundos. Dessa forma, mesmo sendo

um modelo variante no tempo, a dinâmica da bateria pouco influenciará na resposta transitória

do conversor. Para se realizar a modelagem do conversor, que é de fato a base para o

desenvolvimento do projeto de controle, definiu-se um modelo simplificado para a bateria,

através do circuito equivalente de Thevenin. Para as baterias de Chumbo-Ácido esse modelo é

uma boa aproximação devido as dificuldades relacionadas com a estimação do seu estado de

carga (OGAWA, 2011).

2.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

Este capítulo apresentou a fundamentação teórica acerca dos princípios de operação,

processos de carga e descarga e principais propriedades de baterias para aplicações

estacionárias. Esses conceitos são de fundamental importância para o desenvolvimento do

trabalho. Através deles é possível direcionar a definição de componentes, a construção do banco

de baterias e operação do conversor, responsável pela carga e descarga das mesmas. O

capítulo seguinte apresenta a teoria acerca dos conversores de tensão com o objetivo de

desenvolver o carregador de baterias bidirecional.

45

3. CONVERSORES BIDIRECIONAIS APLICADOS A SISTEMAS DE

ARMAZENAMENTO DE ENERGIA

As diferentes estratégias de carga de uma bateria exigem o controle do fluxo de potência

entre uma fonte de tensão e as bateria. Esse controle é realizado por meio de conversores

estáticos que tem como principal função adequar os níveis de tensão entre a fonte e bateria.

Neste capítulo serão estudadas as principais configurações de conversores e seus princípios de

operação. O objetivo é definir uma configuração que melhor se adeque ao projeto do conversor

bidirecional. Após essa definição o conversor em estudo será dimensionado e analisado.

3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO

Para o aproveitamento correto de energia em bancos de baterias se faz necessário o

controle eficiente do fluxo de potência inserida na carga, assim como para a descarga das

baterias. Esse controle permite manter a vida útil do equipamento, evitando danos causados por

sobrecargas, elevação de temperatura e descargas profundas. Para realizar o controle dos modos

de operação das baterias são utilizados carregadores ou descarregadores de baterias baseados

em conversores estáticos de tensão. Esses circuitos são formados por elementos passivos e

ativos, utilizados para adequar os diferentes níveis de tensão presentes entre as baterias e fontes

de geração (BARBI, DENIZAR, 2006).

A escolha do conversor tem como principal critério a necessidade da aplicação em que

está inserido, de se elevar ou reduzir determinada tensão de entrada. Essa característica é de

grande interesse em diversas aplicações, assim como fontes chaveadas, controle de motores,

carregadores de baterias e filtros ativos de potência (BARBI, 2006).

Para o caso em questão o conversor atua reduzindo a tensão do barramento CC para a

carga das baterias, ou elevando a tensão do banco de baterias para a tensão do barramento CC

em casos de falhas na operação do barramento. Também deve apresentar baixa ondulação de

tensão e corrente em ambos os lados do conversor, assim como indicado pelas normas vigentes

para acumuladores de energia e recomendações dos fabricantes (BARBI, DENIZAR, 2006),

(ABNT NBR 14204, 2011), (CBS, 2017).

Os modos de carga e descarga das baterias envolvem fluxo de potência bidirecional –

tanto da entrada do conversor para a saída, como da saída para a entrada – assim como em

46

muitas aplicações envolvendo armazenamento de energia. Como exemplo tem-se sistemas

como UPS’s, veículos elétricos e sistemas híbridos de produção de energia, situações para as

quais são indicados conversores com características bidirecionais.

Um conversor bidirecional é normalmente implementado a partir de configurações

unidirecionais, substituindo diodos simples por chaves semicondutoras com diodos em

antiparalelo. Dessa forma é permitido que exista fluxo de energia em ambas as direções de

acordo com a ordem de acionamento do conversor (RASHID, 2011). Devido a característica

bidirecional, esses conversores permitem realizar a carga e a descarga das baterias em um único

equipamento, evitando a utilização de diferentes estruturas para os diferentes modos de

operação das baterias (FOROUZESH et al. 2017). Dessa forma, os conversores bidirecionais

controlam a direção do fluxo de potência processada entre baterias e barramento CC,

característica que é de fundamental importância para este trabalho.

Outra questão importante para a escolha do conversor diz respeito a sua implementação,

que pode ser realizada na forma de conversores isolados e não isolados. Apesar de ter estrutura

mais simples, os conversores não isolados não são indicados para casos que exijam grandes

relações de transformação entre a entrada e saída do conversor. Para esses casos é adequado o

uso de conversores isolados (WEN, XIAO, SU, 2014), (WU et al. 2014), (FOROUZESH et al.

2017). Além de apresentar a vantagem de operar com grandes diferenças de tensões os

conversores isolados fazem o uso de transformadores para isolar eletricamente as diferentes

partes do circuito, aumentando assim a segurança das baterias.

Nas configurações tradicionais de UPS’s, por exemplo, é comum a utilização de

transformadores de baixa frequência para isolar e adequar os níveis de tensão entre a rede,

carregador e banco de baterias. A desvantagem de se utilizar esses componentes é que são

volumosos e responsáveis pela redução da eficiência do sistema (BOCK et al., 2001),

(GUERRERO, 2011).

Ao se optar por utilizar conversores isolados, é possível através da operação em alta

frequência reduzir o volume do transformador e consequentemente as perdas relacionadas com

o cobre e indutâncias de dispersão (BOCK et al., 2001). Para o projeto em questão essa

característica é interessante não somente por aumentar os ganhos de tensão do conversor, mas

também por permitir isolar eletricamente o banco de baterias do barramento CC, dessa forma é

47

possível aumentar a segurança de operação, assim como das baterias, que apresentam grande

custo agregado.

Devido as diferentes situações apresentadas para o desenvolvimento do trabalho é

definido que o conversor deve atender os seguintes critérios:

Possuir características bidirecionais a fim de integrar o banco de baterias ao barramento

CC, realizando a carga e descarga das bateiras em um único equipamento.

Reduzir a tensão do barramento CC de 230 V fornecendo um nível de tensão adequado

para a carga das baterias.

Elevar o nível de tensão do banco de baterias de 60 V para 230 V, em casos de falha do

barramento.

Processar uma potência nominal de 200 W.

Ser implementado de forma isolada devido as grandes relações de transformação

presentes no circuito, além de servir como elemento de proteção para o banco de

baterias.

Para reduzir o tamanho do transformador e filtros envolvidos, o conversor deve operar

em alta frequência.

Em relação a tensão do banco de baterias, o mesmo foi escolhido de acordo com os

valores apresentados na literatura e citados anteriormente no Capítulo 1. O barramento CC de

230 V foi assim definido pensando nos valores de tensão tipicamente adotados na entrada de

inversores de tensão monofásicos de 127 Vrms. A ideia é permitir que o trabalho desenvolvido

tenha prosseguimento com o projeto do inversor, possibilitando a conexão do banco de baterias

à rede elétrica.

Para os valores da frequência de operação, os trabalhos encontrados na literatura

relacionados a conversores bidirecionais de baixa potência, se utilizam de frequências de

comutação na ordem de 20 kHz até 100 kHz. Como frequências mais elevadas acarretariam em

maiores problemas relacionados com as perdas em comutação, circuitos de driver e indutâncias

de dispersão do transformador, a frequência de 50 kHz foi escolhida por representar um valor

intermediário e dentro de uma faixa de valores que permita comparações com os demais

48

trabalhos citados. A operação em alta frequência permite reduzir o volume dos elementos

magnéticos e capacitores, consequentemente, o custo agregado ao conversor. Para definir uma

topologia que se adeque ao caso em estudo, a seção seguinte investiga as principais

configurações de conversores unidirecionais com possibilidade de atuação na configuração

bidirecional.

3.2 PRINCÍPIO DE CONVERSÃO CC-CC EM CONVERSORES ISOLADOS

O processo de conversão CC-CC apresentado na Figura 10 para conversores isolados é

uma técnica bastante difundida. Em um primeiro momento um inversor tem como finalidade

fornecer uma tensão alternada para o transformador de isolação a partir de uma fonte de tensão

contínua. Posteriormente, a tensão alternada deve ser retificada, retornando uma tensão

novamente contínua para a saída do conversor (MAGNA-POWER, 2017).

Conversor Retificador

Transformador

VA VO

Figura 10: Diagrama de operação de um conversor CC-CC isolado.

Para o caso de conversores bidirecionais esse processo é realizado de forma semelhante

por dois conversores CC-CA. Neste caso, ambos os conversores devem possuir capacidade

bidirecional de transferência de energia e devem atuar como um inversor ou retificador

dependendo da direção do fluxo de potência. Esse processo é ilustrado na Figura 11 (JAIN et

al., 2011). Como é de interesse deste trabalho os conversores CC-CC isolados serão abordados

com o objetivo de aplicá-los no projeto do conversor bidirecional.

Conversor A Conversor B

Transformador

VA VB

Figura 11: Diagrama de operação de um conversor Bidirecional Isolado.

Dentre as diferentes configurações possíveis para conversores isolados, em Hart (2011),

são apresentados os conversores Flyback, Forward, Push-Pull, além dos conversores em ponte

49

Half-Bridge e Full-Bridge (Meia-Ponte e Ponte-Completa). Em muitos trabalhos que

necessitam do uso de conversores bidirecionais isolados, comumente é encontrado o conversor

denominado Dual-Active Bridge (DAB). Essa configuração utiliza dois conversores em Ponte-

Completa em ambos os lados do transformador, que atuam como um inversor de tensão ou

retificador, dependendo do sentido do fluxo de potência.

Apesar dos conversores DAB atingirem elevado rendimento, como nos trabalhos

apresentados por Tan et al. (2012) e Akagi et al. (2015), essa configuração mostra limitações

ao se basear em dois inversores que apresentam como característica fundamental atuar como

redutores de tensão. Neste sentido, o inversor do lado do banco de baterias ao atuar como

redutor de tensão exige que o transformador apresente grandes relações de transformação para

elevar a tensão das baterias, não sendo adequado para aplicações que exigem a regulação da

tensão do barramento CC. Em Tan et al. (2012) por exemplo, a tensão do barramento CC varia

entre 305 V a 355 V de acordo com o estado de operação do barramento e modo de operação

das baterias, impossibilitando adotar um valor fixo para a tensão do barramento.

Para a escolha da configuração a ser utilizada, foram analisadas diferentes formas de

implementação de conversores isolados, divididos em dois grupos apresentados nas subseções

subsequentes: conversores alimentados em tensão e conversores alimentados em corrente

(HART, 2011), (JAIN et al., 2011), (FOROUZESH, 2017).

3.2.1 Conversores Alimentados em Tensão

Os conversores alimentos em tensão, ou chamados de conversores do tipo fonte de

tensão, são comumente implementados através de inversores do tipo Ponte-Completa ou Meia-

Ponte. Seu princípio de operação é baseado em uma fonte de tensão constante na entrada que

deve ser alternada através da sequência de comutação do conversor (RASHID, 1999). Um

exemplo típico desses conversores é a configuração em Meia-Ponte, originalmente

implementada de acordo com o circuito apresentado pela Figura 12. A presença dos capacitores

C1 e C2 mantêm a tensão de entrada VCC dividida entre ambos, sendo os semicondutores S1 e S2

acionados de forma alternada, criando uma forma de onda alternada no enrolamento primário

do transformador (HART, 2011).

50

VCC VO

CO

L

S2

S1C1

C2

D1 D3

Figura 12: Circuito de potência do conversor em Meia-Ponte alimentado em tensão

No momento em que a chave S1 está em condução o primário do transformador é

alimentado pela tensão sobre o capacitor C1. Num segundo momento, enquanto a chave S2 está

em condução o transformador é alimentado por uma tensão negativa igual a tensão do capacitor

C2. No enrolamento secundário existe uma etapa de retificação representada pelos diodos D1 e

D2 (HART, 2011). É possível observar que o conversor em Meia-Ponte processa apenas metade

do valor da tensão de entrada, dividida entre os capacitores C1 e C2. Como resultado, tem-se

que a potência total processada é reduzida, limitando o seu uso a aplicações de baixa potência

(NAM, WON, NGO, 2012).

A configuração bidirecional do conversor em Meia-Ponte é proposta por Nan et al.

(2012), de acordo com o circuito presente na Figura 13. De forma semelhante ao conversor

unidirecional, é verificado que nessa configuração existem dois inversores em Meia-Ponte

alimentados em tensão.

VA

S1

S2 C4

S3

S4

VB

C3

L

Conversor A Conversor B

C1

C2

Figura 13: Circuito de potência do conversor em Meia-Ponte Bidirecional.

Pelas etapas de operação do conversor em Meia-Ponte é possível observar que atuando

como retificador, a utilização de dois capacitores em série dá ao circuito a característica de um

51

dobrador de tensão, porém a operação desse conversor exige grandes valores de capacitâncias

a fim de manter a tensão de entrada constante (LIU, DUAN, CAI, 2011).

Em relação a atuação dos inversores é necessário observar que o tempo de comutação

das chaves deve ser semelhante, aplicando ao transformador uma tensão média igual a zero.

Dessa forma é possível evitar a saturação do núcleo do transformador. Em muitos casos esse

problema é contornado com a conexão de um capacitor em série com os enrolamentos do

transformador, em outros é preferível o acréscimo de um entreferro de ar no núcleo, criando

uma relutância ao fluxo magnético induzido (MAGNA-POWER, 2017).

A operação dos conversores alimentados por tensão tem como característica o

surgimento de correntes pulsadas na entrada, resultando em elevado conteúdo harmônico na

fonte. Esse efeito é indesejável por dois motivos: do lado do barramento CC resulta em

perturbações a outros equipamentos que podem estar conectados à ele; do lado das baterias, alta

ondulação de corrente acarreta em elevação de temperatura e consequentemente diminuição da

vida útil do equipamento (BARBI, 2006), (LINDEN, REDDY, 2011). Outro problema

comumente encontrado em conversores alimentados por tensão está relacionado com a proteção

contra sobrecorrentes: a medida em que existam erros de comutação, a corrente nos

semicondutores aumenta rapidamente, levando os dispositivos à destruição (MAGNA-

POWER, 2017).

Para a implementação desses conversores é necessário a utilização de circuitos de

proteção ou auxiliares, como circuitos amortecedores, que limitam as tensões transitórias e

absorvem a energia originadas da comutação, os snubbers. Outra alternativa, é a implementação

de técnicas de comutação aprimoradas com a inserção de atrasos de comutação, garantindo que

chaves em série não entrem em condução ao mesmo tempo (MAGNA-POWER, 2017).

Apesar da possibilidade de se alcançar boa eficiência com o uso de circuitos auxiliares,

a sua aplicação em conversores bidirecionais é indesejável, visto que a presença de diodos,

comumente encontrados em snubbers não permite que o inversor se comporte adequadamente

como um retificador.

Os conversores alimentados por tensão são originalmente implementados para atuar

como redutores de tensão. A utilização do transformador com o objetivo de reduzir a tensão de

entrada, permite que os semicondutores operem com menor tempo de condução, reduzindo

perdas de comutação e a exigência sobre os filtros e transformador. Em contrapartida, a

52

operação desses conversores atuando como elevadores de tensão diminui a vantagem de se

utilizar um transformador para elevar o ganho do conversor: à medida que o transformador tem

como objetivo elevar a tensão de entrada através de sua relação de espiras, o conversor opera

com o objetivo de diminuí-la. Esta é a principal desvantagem da operação de conversores como

o DAB, que se baseia em dois inversores alimentados em tensão, sendo assim, limitado ao atuar

elevando a tensão do banco de baterias.

Se tratando de aspectos construtivos, atuando como elevadores de tensão os conversores

alimentados por tensão são limitados por exigir grandes relações de transformação, o que resulta

em transformadores mais volumosos devido ao aumento do número de espiras (LIU, DUAN,

CAI, 2011). Liu et al. (2011) citam problemas relacionados com a escolha da capacitância de

entrada, onde geralmente são utilizados capacitores eletrolíticos. Também há limitações em

relação a inserção de filtros de corrente, que ao serem posicionados do lado de alta tensão

sofrem grandes exigências, aumentando consideravelmente seu volume.

Uma alternativa possível para a implementação de conversores elevadores de tensão é

a utilização de conversores alimentados em corrente, abordados na subseção (3.2.2).

3.2.2 Conversores Alimentados em Corrente

Outro método de se estabelecer uma tensão alternada nos enrolamentos do

transformador é através de uma fonte de corrente constante na entrada do inversor. A partir

desse princípio são construídos os conversores do tipo fonte de corrente, onde o conversor opera

comutando a corrente de entrada no lugar da tensão, como no exemplo apresentado na Figura

14 onde é representado um conversor em Ponte-Completa alimentado em corrente (HART,

2011), (RASHID,1999).

53

VCC

S1

S2

CO

S3

S4

D1

D2

D3

D4

VO

L1

Figura 14: Circuito de potência do conversor em Ponte-Completa alimentado em corrente.

É possível observar que para esse caso a posição do filtro de corrente L, ao lado da fonte

de tensão tende a manter a corrente de entrada constante. Essa característica provê ao conversor

a capacidade de operar como uma fonte de corrente, tornando imprescindível que exista a todo

momento um caminho para a corrente de entrada, devido a presença do indutor L (MAGNA-

POWER, 2017), (FOROUZESH, 2017).

Como são implementados como elevadores de tensão, são indicados para aplicações em

que a tensão de entrada é menor do que a tensão de saída. Para esse caso a atuação do conversor,

auxiliada pela relação do transformador de isolação garante maiores faixas de ganho ao

conversor e reduz os esforços sobre o filtro de corrente e transformador (MAGNA-POWER,

2017), (FOROUZESH, 2017).

A operação do conversor em Ponte-Completa alimentado por corrente é descrito por

Rashid (1999). Em um primeiro momento as chaves S1 e S2 estão em condução enquanto S3 e

S4 são bloqueadas, dessa forma o indutor de entrada (L) é carregado armazenando energia

proveniente da fonte CC. Em uma segunda etapa apenas as chaves S1 e S4 conduzem, aplicando

no transformador uma corrente positiva igual a corrente de entrada. Para o semiciclo negativo

duas etapas semelhantes ocorrem, colocando em condução as chaves S3 e S4 para carregar o

indutor L e S3 e S2 para aplicar uma corrente negativa no transformador.

O principal problema da operação desse conversor está no momento de abertura das

chaves. A interação entre as indutâncias de dispersão do transformador e o filtro de entrada,

provoca surtos de tensão nas chaves visto que dois indutores com correntes diferentes estão

sendo conectados em série. Como ambos tendem a se opor a variações bruscas de corrente,

provocam sobretensões nos semicondutores e transformador. Sendo essa uma característica

comum em conversores alimentados por corrente, a presença de circuitos auxiliares para limitar

picos de tensão sobre o transformador e semicondutores é usual nesse tipo de conversor.

54

Essa configuração de conversor é apresentada em Prassana et al. (2013) e Li et al.

(2017). Nos trabalhos citados esse problema é contornado através de técnicas de grampeamento

ativo, entretanto, a presença desses circuitos é indesejável em diversas situações pelo fato de

aumentar a complexidade do circuito assim como aumentar o número de semicondutores e

consequentemente o custo agregado ao conversor.

Para amenizar esse problema a solução tradicional se dá através da inserção de snubbers

ou circuitos de grampeamento de tensão. Esses circuitos auxiliares são amplamente discutidos

na literatura. Font (2003) traz uma revisão bibliográfica acerca de diferentes circuitos de

grampeamento de tensão aplicados em conversores de tensão, entretanto, a utilização desses

circuitos depende da configuração do conversor e da aplicação em que estão inseridos. Para o

caso em questão, a operação bidirecional limita o uso desses circuitos, principalmente pela

necessidade dos inversores atuarem também como retificadores.

De modo a garantir a operação bidirecional, assim como para reduzir o número de

dispositivos envolvidos na operação do conversor, esse trabalho busca realizar a implementação

do conversor sem o uso de circuitos auxiliares de comutação, como amortecedores ou circuitos

de grampeamento de tensão.

3.3 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO E ESCOLHA DO CONVERSOR

De acordo com as diferentes situações envolvidas na operação das baterias, assim como

as características dos diferentes conversores estudados, a seleção do conversor proposto tem

como critérios:

Baixa ondulação de corrente para a carga das baterias, assim como do lado do barramento

CC;

Tensão média no transformador igual a zero, a fim de evitar a saturação do núcleo sem a

inserção de capacitores ou entreferro.

Capacidade de atuar como elevador de tensão no modo de descarga das baterias, regulando

a tensão do barramento CC em um nível constante.

Atuar como redutor de tensão durante o processo de carga das baterias.

55

Operação adequada como inversor e como retificador em ambos os modos de operação do

conversor, garantindo ao circuito características bidirecionais.

A partir dos critérios citados, a configuração do conversor deve ser escolhida com o

propósito de atender os modos de operação das baterias e barramento CC. Em relação ao modo

de carga das baterias, o conversor deve ser capaz de reduzir a tensão do barramento de 230 V

fornecendo uma tensão adequada a carga das baterias de 60 V. No modo de descarga, o

conversor deve ser capaz de elevar a tensão do banco de baterias, regulando o barramento em

230 V.

Para manter a tensão do barramento CC constante, inicialmente foi desconsiderada a

possibilidade da implementação do conversor DAB. Apesar dessa configuração ser

amplamente difundida na literatura, devido suas maiores facilidades de implementação,

apresenta grandes desvantagens quando o objetivo do projeto é atuar na regulação do

barramento CC. Esse problema é encontrado nos trabalhos realizados por Tan et al. (2012) e

Zhao et al. (2014) que apresentam níveis de tensão variáveis no barramento, quando

considerados os modos de carga e descarga das baterias.

Para superar as limitações do conversor DAB, de acordo com a revisão bibliográfica,

são tomadas duas considerações para atender as situações envolvidas no projeto: primeiro, do

lado do barramento CC o conversor deve ser alimentado em tensão para reduzir a tensão do

barramento durante carga das baterias; para a descarga é ideal que do lado do banco de baterias

o conversor apresente características de fonte de corrente, visto que essa propriedade é mais

adequada para conversores elevadores de tensão.

A dificuldade encontrada em relação a corrente pulsada no barramento CC devido a

operação do conversor atuando como fonte de tensão pode ser superada com a inserção de um

filtro LC do lado do barramento. A presença do filtro mantêm a característica do inversor de

atuar como fonte de tensão e reduz a ondulação da corrente no barramento CC.

Do lado do banco de baterias a escolha por um conversor do tipo fonte de corrente

garante baixa ondulação de corrente tanto para a carga quanto para a descarga das baterias. Em

relação a tensão sobre o transformador, tanto o conversor em Meia-Ponte quanto o conversor

em Ponte-Completa podem apresentar tensão média no transformador igual a zero.

56

Para o lado do barramento CC configurações em Ponte-Completa são indicadas por

operar como um retificador de onda completa, no caso da descarga do banco de baterias. Para

o modo de carga, apresentam maiores possibilidades de operar como redutor de tensão visto

que processam maiores níveis de potência.

Para a implementação do conversor do tipo fonte de corrente, do lado das baterias, os

conversores em Ponte-Completa assim como os conversores em Meia-Ponte são opções. Em

Teston et. al. (2016) o conversor em Meia-Ponte, com dois indutores de entrada é implementado

alcançando elevado rendimento de acordo com o circuito apresentado pela Figura 15.

VCC

C1

L1 L2LP

S1 S2

SAux1 SAux2

CAux

CO

D2 D4

D1 D3

VO

Figura 15:Circuito de potência do conversor em Meia-Ponte alimentado por corrente.

Observando o circuito do conversor em Meia-Ponte é possível verificar a adição de um

grampeamento ativo de tensão através de duas chaves (SAux1 e SAux2) e de um capacitor auxiliar

(CAux). Os componentes inseridos no circuito contornam o problema relacionado com a corrente

no transformador. A adição do circuito auxiliar e a necessidade da utilização de dois indutores

de entrada, faz com que o circuito do conversor em Meia-Ponte se torne mais complexo do que

o conversor em Ponte-Completa alimentado por corrente. Em relação ao número de

componentes, ambos apresentam o mesmo número de semicondutores, entretanto, o conversor

em Ponte-Completa utiliza de apenas um indutor na entrada, assim como reduz a necessidade

do capacitor auxiliar de grampeamento de tensão. Adicionalmente, a configuração apresentada

pela Figura 15 necessita de maiores investigações em relação a sua aplicação em conversores

bidirecionais, enquanto a configuração em Ponte-Completa é apresentada em diversos trabalhos

relacionados a essa aplicação.

Frente as características apresentadas, propõe-se que o conversor seja desenvolvido a

partir de dois inversores em Ponte-Completa, com características de fonte de corrente do lado

das baterias e como fonte de tensão do lado do barramento CC; circuito apresentado pela Figura

16.

57

Os filtros L1 e C1 do lado de alta tesão reduzem a ondulação de corrente no barramento

e dá a característica de fonte de tensão ao conversor A, que atua reduzindo a tensão do

barramento para a carga das baterias. Do lado de baixa tensão, o indutor L2 serve para reduzir

a ondulação de corrente no processo de carga; durante a descarga, dá a característica de fonte

de corrente ao conversor B, que atua na regulação da tensão do barramento CC em casos de

falha no fornecimento de energia. Em relação ao capacitor C2, sua presença é necessária para

atenuar as variações de tensão nas baterias.

S1

S2

S3

S4

S5

S6

S7

S8

L1 L2

C2C1VCC

n:1

Conversor A Conversor B

VBAT

Figura 16: Circuito de potência do conversor proposto.

Neste ponto é possível comparar a configuração proposta, com o conversor Dual-Active

Bridge, apresentado na Figura 17.

S1

S2

S3

S4

S5

S6

S7

S8

L1 L2

C1VCC

n:1

Conversor A Conversor B

VBATC2

Figura 17: Circuito de potência do conversor Dual-Active Bridge.

O conversor DAB é construído a partir de dois conversores em Ponte-Completa

alimentados por tensão. Essa característica garante ao conversor a operação bidirecional, além

da possibilidade de atuar com técnicas de comutação suave. Devido a característica de fonte de

tensão, apresenta baixa sensibilidade a elementos parasitas, o que não corre nos conversores

alimentados por corrente. Por esse motivo é amplamente encontrado na literatura. Em

contrapartida o conversor DAB é limitado ao operar na regulação do barramento CC. Como o

58

conversor do lado de baixa tensão também é alimentado por tensão, opera reduzindo a tensão

do banco de baterias, cabendo apenas ao transformador de isolação elevá-la (CARVALHO et

al., 2017), (MAMEDE, 2016), (TAN, et al., 2012).

A principal vantagem de se utilizar diferentes configurações em ambos os lados do

conversor está relacionada ao uso do transformador. Dessa maneira é possível fazer com que o

conversor opere com o mesmo objetivo do transformador, reduzindo a relação de transformação

e garantindo maiores faixas de ganho ao conversor. Essa característica faz com que a

configuração proposta seja mais adequada para o caso em questão porque permite manter a

tensão do barramento CC constante.

A partir da definição da configuração do conversor, as técnicas de modulação aplicadas

são propostas com a finalidade de eliminar o uso de circuitos auxiliares. O objetivo é garantir a

operação bidirecional do conversor e eliminar a necessidade de se adicionar novos componentes

à configuração proposta.

3.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

Buscando definir a melhor configuração para o conversor aplicado na conexão do banco

de baterias ao barramento CC, o presente capítulo apresentou diferentes topologias de

conversores com características bidirecionais e isolados, justificadas pelas diversas situações

de interesse do trabalho.

De acordo com os diferentes critérios de seleção apresentados, para a implementação

do conversor optou-se pelo uso de inversores do tipo Ponte-Completa em ambos os lados do

transformador de isolação. Os mesmos possuem características de fonte de tensão do lado do

barramento CC e fonte de corrente do lado das baterias. Assim, durante o processo de carga a

tensão do barramento deve ser reduzida nos terminais do transformador enquanto na descarga

elevada de forma a se manter a relação de transformação do transformador constante. O

próximo capítulo apresenta a análise e dimensionamento do circuito proposto, onde são

detalhadas as técnicas de modulação e projeto dos filtros envolvidos na operação do conversor.

59

4. ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DO CONVERSOR PROPOSTO

O presente capítulo trata dos princípios de operação do conversor proposto, onde

apresenta-se uma análise de suas etapas de operação, assim como os procedimentos de projeto

para os filtros envolvidos. O objetivo é realizar o dimensionamento dos filtros e dispositivos

semicondutores presentes no circuito. Simulações em malha aberta foram realizadas para

verificar a análise e metodologia apresentada.

4.1 ANÁLISE DO CIRCUITO PROPOSTO

De acordo com os critérios apresentados no capítulo anterior, o conversor proposto é

apresentado pela Figura 16. Conforme o estado de operação do barramento CC, o conversor

apresenta dois modos de operação distintos para a carga e descarga das baterias. Em um modo

de operação o conversor A atua como um inversor reduzindo a tensão do barramento CC para

a tensão requerida pelo banco de baterias. Neste caso é definido que o conversor está operando

no modo de carga. Para a descarga das baterias o conversor B opera como um inversor,

elevando a tensão do banco de baterias para o valor do barramento CC, caso denominado de

modo de descarga.

Para melhor entender o processo de operação do conversor, neste capítulo são

detalhadas cada etapa de operação assim como o cálculo dos filtros presentes nesta

configuração. Simulações do conversor proposto são realizadas através do software PSIM, de

modo a auxiliar a análise do circuito.

É necessário mencionar a possibilidade do conversor operar em modo de condução

descontinua, quando consideradas as correntes presentes nos indutores L1 e L2, entretanto, como

é de interesse do trabalho que os filtros projetados resultem em baixas ondulações de corrente

em ambos os lados do circuito, o mesmo será analisado apenas para o modo de condução

continua, tanto para a corrente iL1, quanto para a corrente iL2.

A análise do conversor é realizada considerando que: a) os dispositivos semicondutores

são ideais; b) a indutância de magnetização do transformador é grande o suficiente para ser

negligenciada; c) para o modo de carga das baterias a tensão sobre o capacitor C1 é considerada

constante e igual a tensão VCC; d) para a descarga, a tensão sobre o capacitor C2 é considerada

60

constante e igual a VBAT; f) a bateria é considerada como uma fonte de tensão ideal; e) o

conversor opera em modo de condução continua em ambos os modos de operação.

4.1.1 Conversor em Ponte-Completa no modo de Carga

O conversor em Ponte-Completa alimentado por tensão atua através de quatro estágios

de operação, divididos em um intervalo de tempo que varia de t0 a T. A energia proveniente do

barramento CC é armazenada nos filtros L2 e C2 e posteriormente transferida para a bateria.

Inicialmente a análise do conversor considera que o mesmo opera no semiciclo positivo e em

regime permanente.

Etapa 1 - Figura 18, t0 -t1: Na primeira etapa de operação o conversor atua através das

chaves S1 e S4 que estão em condução enquanto as chaves S2 e S3 estão bloqueadas. Dessa forma

é inserido um fluxo de potência positivo no transformador através da tensão do barramento,

VCC.

Do lado de baixa tensão, os diodos das chaves S6 e S7 são polarizados diretamente,

carregando o indutor L2 e o capacitor C2. Os semicondutores polarizados reversamente

assumem uma tensão igual a VT’, enquanto S7 e S6 conduzem a corrente iL2.

VCC VBAT

L1 L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

iL1 iL2

iC2

iBAT

VT VT Ld

Figura 18:Primeira etapa de operação do conversor no modo de carga.

Como é observado pelo circuito equivalente na Figura 18, os diodos polarizados

reversamente assumem o valor da tensão no transformador, enquanto os diodos polarizados

diretamente devem suportar uma corrente igual a corrente de carga das baterias. Neste sentido

devem ser dimensionados para o maior valor de tensão e corrente, presentes no lado de baixa

tensão do transformador.

61

Do lado de alta tensão o mesmo ocorre com os semicondutores bloqueados, que

apresentam uma tensão igual a VCC, enquanto os semicondutores em condução apresentam uma

corrente igual a corrente iL1. Da análise de malhas do circuito equivalente tem-se que:

2CBAT VV , (1)

BAT

CC2L V

n

V=V , (2)

ni=i 1L2L , (3)

BAT2C2L ii=i . (4)

Etapa 2 - Figura 19, t1-t2: Na segunda etapa de operação, ainda no semiciclo positivo,

deve-se aplicar uma tensão zero no transformador. Para isso a chave S1 é bloqueada,

interrompendo o fluxo de corrente da fonte primária para o lado de baixa tensão do

transformador.

Nesta etapa de operação o indutor L2 tende a manter o sentido da corrente sendo

descarregado para a bateria, assim como ocorre com o capacitor C2. Para garantir que exista um

caminho para a corrente excedente no transformador – presente nas indutâncias de dispersão,

representadas por Ld – a chave S4 é mantida em condução, criando um caminho de corrente

juntamente com o diodo intrínseco da chave S2.

VCC

L1 L2

C1 C2

S3

S4S2

S5 S7

S8S6

VBAT

S1iL2

iC2

iBAT

VT VT

n:1

Ld

Figura 19:Segunda etapa de operação do conversor no modo de carga.

Para esta etapa de operação tem-se as equações (5) e (6) de acordo com a análise nodal

e de malhas do circuito apresentado pela Figura 19, isto é:

,V=V BAT2L (5)

BAT2C2L ii=i . (6)

62

Etapa 3 - Figura 20, t2 -t3: Para aplicar uma tensão negativa no transformador são

colocadas as chaves S2 e S3 em condução, enquanto as chaves S1 e S4 são bloqueadas. Neste

caso os diodos das chaves S5 e S8 são polarizados diretamente, enquanto as chaves S6 e S7,

apresentam diodos reversamente polarizados assumindo uma tensão igual a VT’. Nesta etapa

L2 e C2 voltam a ser carregados semelhantemente ao que ocorre na Etapa 1. Novamente as

equações (2) e (3) são válidas.

VCC VBAT

L1 L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

iL1 iL2

iC2

iBAT

VT VT Ld

Figura 20:Terceira etapa de operação do conversor no modo de carga.

Etapa 4 – Figura 21, t3 -T: Na última etapa de operação do conversor deve-se aplicar

novamente uma tensão nula no transformador, onde no semiciclo negativo a chave S3 é

bloqueada. Similarmente a Etapa 2, a chave S2 deve ser mantida em condução para criar um

caminho para a corrente do transformador. Novamente L2 e C2 do lado das baterias são

descarregados, retornando as equações (5) e (6).

VCC VBAT

L1 L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

iL2

iC2

iBAT

VT VT Ld

Figura 21: Quarta etapa de operação do conversor no modo de carga.

Para o funcionamento adequando do conversor é fundamental a presença das quatro

etapas de operação aplicando ao transformador uma tensão média igual a zero, evitando a

saturação do núcleo. Por esse motivo os tempos relativos as etapas 1 e 3 devem ser iguais, assim

como para as etapas 2 e 4.

63

Dessa maneira é definido que os intervalos de tempo t0-t1 e t2-t3 são iguais e responsáveis

pelo período de tempo em que o conversor permanece ligado, carregando o capacitor e indutor

do lado das baterias. Os intervalos de tempo t0-t1 = t2-t3 = tON definem a razão cíclica do

conversor (D) através da equação (7):

T

t2

T

tt

T

ttD ON2301

. (7)

De acordo com o princípio de funcionamento e a análise de cada etapa de operação do

conversor para o modo de carga, a Figura 22 apresenta as formas de onda teóricas do conversor,

onde são apresentadas as tensões sobre os semicondutores, a corrente no indutor L2, a tensão

sobre o capacitor C2, assim como a tensão sobre o enrolamento de alta tensão do transformador

(VT), que para esse caso deve ser igual a VCC.

VS1

iL2

VT

t1 t2 t3 T ...

VCC

0

VCC

0

VCC

0

VCC

0

t0

VCC

- VCC

VS2

VS3

VS4

VC2

VC2+

VC2-

iL2+

iL2-

Figura 22: Formas de onda teóricas do conversor em Ponte-Completa Bidirecional, operando no modo de carga.

Das formas de onda apresentadas pela Figura 22 é possível observar que a tanto a

corrente no indutor L2, quanto a tensão sobre o capacitor C2 apresentam uma componente

alternada com frequência igual ao dobro da frequência de comutação do inversor. Essa é uma

64

característica dos circuitos retificadores de onda completa e interessante por reduzir as

exigências sobre os filtros.

Durante os intervalos de tempo t0-t1 e t2-t3 as chaves que permanecem em condução,

apresentam tensão zero, armazenando energia nos filtros do lado das baterias. Quando

bloqueadas, as chaves apresentam tensão igual a VCC. Durante os intervalos de tempo t1-t2 e t3-

T a energia armazenada nos filtros é transferida para a carga da bateria.

Para simplificar a análise do circuito, de maneira semelhante ao que foi definido para o

tempo tON, os tempos t1-t2 e t3-T são definidos como tOFF, visto que representam o tempo em que

o conversor permanece desligado. Assim o período de comutação pode ser representado por:

OFFON t2t2T . (8)

Através da razão cíclica do conversor, conclui-se que o mesmo fica ligado durante uma

proporção de tempo igual a D, onde ocorrem as etapas 1 e 3, da mesma forma que é desligado

durante uma proporção de tempo igual a 1-D, nas etapas 2 e 4. Essa consideração é importante

para a definição do ganho estático do conversor e também é utilizada posteriormente durante a

modelagem do sistema.

É possível definir o ganho estático do conversor ao considerar que a tensão média sobre

o indutor L2 é nula durante um período completo de operação. Da análise de malhas de cada

etapa de operação tem-se as equações referente a tensão sobre o indutor. Na equação (9), as

tensões sobre o indutor aparecem ponderadas pela proporção de tempo em que ocorrem, assim:

)D1(V)D(V

n

V0 BATBAT

CC

.

(9)

Definindo o ganho estático como sendo a relação entre a tensão de saída sobre a tensão

de entrada do conversor (BARBI, 2006), da equação (9) obtém-se:

n

D

V

V

CC

BAT . (10)

Para o dimensionamento dos filtros utiliza-se a metodologia apresentada por Hart

(2001), que propõe analisar as etapas individuais de operação do conversor.

A indutância L2 é obtida a partir da equação (11), que define o valor da tensão sobre um

indutor qualquer;

65

dt

diL=V L

L . (11)

Assim L2 pode ser expresso através de (12).

2L

2L2i

tVL

. (12)

Considerando as etapas 2 ou 4, onde não há interferência direta da tensão do barramento

para a carga das baterias, a tensão sobre o indutor L2 é igual a tensão VBAT. Essas etapas são

válidas para um tempo igual a tOFF. Substituindo VBAT e tOFF na equação (12) tem-se:

2L

OFFBAT2

i

tVL

. (13)

tOFF deve ser expresso em função da razão cíclica e da frequência de comutação ( f ),

fornecendo a equação (14):

f

2

D1

2

TD1tOFF . (14)

Substituindo (14) em (13) obtém-se L2, isto é:

f

2in

)DD(V

f2i

)D1(VL

2L

2

CC

2L

BAT2 . (15)

Para o cálculo do capacitor parte-se da definição da variação de carga no capacitor (ΔQ):

.VCQ C (16)

Hart (2001) apresenta que, sendo a corrente média no capacitor C2 nula, o mesmo se

carregará apenas quando sua componente alternada – igual a ΔiL2 – for positiva. Esse fato ocorre

durante um quarto do período de operação do conversor, conforme apresentado pela forma de

onda presente na Figura 23.

ΔiL2

2

-ΔiL2

2T

4

iC2

Figura 23: Forma de onda da corrente no Capacitor C2.

66

A variação de carga ΔQ é definida por:

16

iLT

2

iL

4

T

2

1Q

,

(17)

onde o valor ½ nesta equação diz respeito a forma de onda triangular sobre o capacitor. Das

equações (16) e (17) define-se o valor do capacitor através de:

2C

2L2

V16

iTC

.

(18)

A variação da corrente no indutor (ΔiL2) na equação (18), pode ser expressa por:

f

2L

)D1(Vi BAT

2L . (19)

Substituindo (19) em (18), obtém-se o valor da capacitância C2 referente ao filtro de

tensão do lado das baterias, isto é:

2

22C

2

CC

2

22C

BAT2

LV)n(32

)DD(V

LV32

)D1(VC

ff

.

(20)

Novamente, uma vez que a frequência do sinal da tensão é maior do que a frequência

de comutação, o valor da capacitância a ser obtida será reduzido.

4.1.2 Conversor em Ponte-Completa no modo de Descarga

Para o modo de descarga o conversor em Ponte-Completa do lado do banco de baterias,

deve atuar elevando a tensão das baterias para o nível do barramento CC de 230 V. Dessa

maneira o conversor B, do lado das baterias atua como um inversor de tensão, enquanto o

conversor A atua como um retificador.

Em um primeiro estágio o inversor deve carregar o indutor L2 enquanto descarrega o

capacitor C1, que atua como um filtro para a tensão do barramento. Em um segundo estágio o

indutor deve ser descarregado enquanto o capacitor C1 é carregado. Para realizar esse processo

é proposta uma técnica de modulação que se utiliza dos semicondutores do lado de alta tensão

67

do transformador com o objetivo de reduzir os problemas de sobretensão relacionados com as

indutâncias de dispersão (Ld).

Na técnica de modulação apresentada por Rashid (1999), as chaves do lado de baixa

tensão são utilizadas para colocar o indutor em curto-circuito com a fonte de entrada do

conversor, enquanto os enrolamentos do transformador permanecem em aberto. Em Prassana

et al. (2013), o transformador também é colocado em curto-circuito para garantir que exista um

caminho de corrente para suas indutâncias de dispersão. Em ambos os casos existem grandes

diferenças entre a corrente do transformador e a corrente do indutor de entrada, causando

problemas relacionados com sobretensão nos semicondutores e transformador. Para amenizar

esses problemas, na modulação proposta o indutor (L2) é carregado através das chaves do lado

de alta tensão do transformador, colocando as indutâncias de dispersão Ld em série com L2,

consequentemente atenuando as diferenças de corrente entre transformador e indutor.

A partir desse objetivo, segue a análise do conversor e apresentação da modulação

proposta. Para simplificar a análise, é considerado que o circuito opera em regime permanente

e que a tensão sobre L1 é nula.

Etapa 1- Figura 24, t0 -t1: Na primeira etapa de operação é aplicada uma tensão positiva

no transformador. Para isso as chaves S7 e S6 estão em condução enquanto as chaves S5 e S8

bloqueadas, assumem uma tensão igual a tensão do transformador VT’.

VT’ deve ser igual a tensão do barramento CC, refletida no lado de baixa tensão do

transformador, ou seja VT’=VCC/n, sendo diretamente dependente da razão cíclica do conversor.

VCC VBAT

L1 L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

iL1 iL2

iC1

VT VT

cLd

Figura 24: Primeira etapa de operação do conversor no modo de descarga.

Nessa situação, o indutor L2 é descarregado – visto que VT’ deve ser maior que VBAT –

enquanto o capacitor C1 é carregado conforme o circuito equivalente apresentado pela Figura

24, de onde obtém-se que:

68

1CCC VV , (21)

n

VV=V CC

BAT2L ,

(22)

1L

2L1C i

n

i=i .

(23)

Etapa 2 - Figura 25, t1 -t2: Para que o indutor L2 seja novamente carregado é necessário

que a chave S2 do lado do retificador entre em condução. Essa etapa de operação é ilustrada

pela Figura 25.

VCC VBAT

L1 L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

iL1

iL2

iC1

VT VT

Ld

Figura 25: Segunda etapa de operação do conversor no modo de descarga.

A ideia de se utilizar os semicondutores do lado de alta tensão do transformador é fazer

com que a mesma corrente que circula pelo filtro L2, passe também pelas indutâncias Ld, assim

são reduzidas as diferenças entre a corrente do filtro e a corrente nas indutâncias de dispersão

do transformador, causa comum de problemas relacionados com sobretensão em conversores

alimentados em corrente.

É necessário notar que na prática não é possível manter a corrente do transformador

exatamente igual a corrente do indutor L2. Como é necessário garantir que sempre exista um

caminho para a corrente iL2, deve-se levar em consideração o período de transição entre o estado

de bloqueio e condução das chaves. Dessa forma, o par de chaves bloqueado é colocado em

condução instantes antes da abertura das chaves S7 e S6, então durante pequenos períodos de

tempo todos os semicondutores do lado do inversor de baixa tensão devem estar em condução,

o que garante a operação adequada do conversor. Como essa etapa ocorre durante um período

de tempo muito pequeno, é desconsiderada na análise do conversor.

Da análise do circuito equivalente apresentado na Figura 25, obtém-se as equações (24),

(25) e (26).

69

1CCC VV , (24)

BAT2L V=V , (25)

1L1C i=i . (26)

Etapa 3 - Figura 26, t2 –t3: Para o semiciclo negativo são acionadas as chaves S5 e S8,

enquanto as chaves S7 e S6 são bloqueadas. De maneira similar a etapa 1, as equações (21), (22)

e (23) também são válidas.

VBAT

L1 L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

VCC

iL1iL2

iC1

VT VT

Ld

Figura 26: Terceira etapa de operação do conversor no modo de descarga.

Etapa 4 - Figura 27, t3 -T: Para carregar novamente o indutor de L2, no semiciclo

negativo a chave S4 é acionada, mantendo S5 e S8 em condução. Dessa forma o indutor volta a

ser carregado retornando às equações (24), (25) e (26).

VBAT

L1 L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

VO

iL1 iL2

iC1

VT VT

Ld

Figura 27: Quarta etapa de operação do conversor no modo de descarga.

A razão cíclica do conversor para esse caso é definida pela proporção de tempo em que

as chaves S2 e S4 permanecem em condução, pois são responsáveis pela carga do indutor L2.

Novamente, o funcionamento do circuito é verificado através das formas de onda teóricas do

conversor apresentadas pela Figura 28. Observa-se que a corrente iL2 e a tensão VCC apresentam

uma componente alternada defasadas, conforme pressuposto anteriormente na análise das etapas

de operação do conversor.

70

VT

t1 t2 t3t0...

VT

0

VCC

0

VCC

0

T

VT

0

VS5

VS8

VS6

VS7

VS2

VS4

iL2

VC1VC1-

VC1+

iL2-

iL2+

VCC

-VCC

Figura 28: Formas de onda teóricas do conversor em Ponte-Completa Bidirecional, operando no modo de descarga.

Para o modo de descarga, a razão cíclica do conversor é definida por t1-t2 e t3-T = tON,

onde a energia do sistema é armazenada no indutor L2. Assim:

T

t2

T

tT

T

ttD ON312

. (27)

De maneira semelhante ao que foi realizado para o modo de carga, o ganho estático do

conversor é definido considerando que a tensão média sobre o indutor L2 é nula. As equações

de malhas das etapas de operação do conversor são ponderadas por D e fornecem:

)D(V)D1(

n

VV0 BAT

CCBAT

. (28)

Como resultado, o ganho estático do conversor é definido por:

)D1(

n

V

V

BAT

CC

. (29)

71

Da equação (29) é possível concluir que no transformador, devido ao acumulo de

energia em L2, a tensão VT’ para esse modo de operação é VT’=VBAT/(1-D), visto que VCC é

dado por VBAT∙n/(1-D).

Para o cálculo dos filtros C1 e L1 considera-se as etapas 2 e 4 onde a corrente do capacitor

é igual a corrente iL1. Dessa forma o cálculo da capacitância C1 é obtido através de:

1C

1C1

V

tiC

.

(30)

Considerando que a corrente iL1 circula pelo capacitor C1 durante um intervalo de tempo

igual a tON; sendo tON igual a D /( 2∙f ), a capacitância C1 é definida por:

f

2V

DiC

1C

1L1 .

(31)

Deve-se observar ainda que para o modo de carga também é possível calcular um valor

para o capacitor C1, entretanto, a operação bidirecional requer que um mesmo filtro seja

calculado para atender as especificações de ambos os modos de operação do conversor.

Portanto, foi escolhido para o cálculo do filtro o caso da descarga das baterias, onde o conversor

bidirecional deve atuar na regulação da tensão do barramento CC. No modo de carga, é

considerado que a tensão do barramento apresenta valor constante.

A mesma ideia foi usada para definir o valor da indutância L2, visto que esta é um dos

principais elementos para ambos os modos de operação do conversor, entretanto, o modo de

carga das baterias apresenta maiores variações percentuais de corrente ao considerar que a

corrente de carga das baterias apresenta valores reduzidos, assim é possível atender ambos os

casos com baixa ondulação de corrente na bateria.

Para a simplificação do projeto do indutor L1, responsável pela ondulação da corrente

pulsada do lado do barramento CC, considera-se a frequência de corte do filtro L1 e C1, dada

por:

11

1CL2

1

f .

(32)

A frequência de ressonância do filtro deve ser definida em uma faixa de valores abaixo

da frequência de comutação do conversor, atenuando as componentes de maior frequência

72

presentes nas formas de onda de tensão e corrente do barramento CC. Usualmente f1 é escolhida

em uma década abaixo da frequência de comutação do conversor (BARBI, 2006). Assim, L1

pode ser escrito como:

1

2

1

1C2

1L

f .

(33)

Dessa forma, utilizando as equações (15), (20), (31) e (33) dimensiona-se os filtros do

circuito.

4.2 INFLUÊNCIA DO TRANSFORMADOR

Durante a análise do conversor considerou-se o transformador representado apenas pela

relação de transformação (n:1) e indutâncias de dispersão (Ld) responsáveis por possíveis

problemas de sobretensão durante o processo de comutação. Como explanado na análise de

ambos os modos de operação do conversor, as não idealidades do transformador interferem no

funcionamento do circuito e diminuem a eficiência do processamento de energia entre baterias

e barramento CC.

Essas não idealidades do transformador estão relacionadas com as perdas, que divididas

entre elétricas e magnéticas diminuem a eficiência do transformador. As perdas elétricas dizem

respeito a perdas por efeito Joule nos enrolamentos do transformador, enquanto as perdas

magnéticas estão relacionadas com a dispersão de fluxo magnético no núcleo (FITZGERALD,

2006).

Neste sentido, todas essas interferências devem aparecer no circuito elétrico equivalente

do transformador, como apresentado de maneira simplificada pela Figura 29. Para esse caso,

RP e RS representam as perdas por efeito Joule nos enrolamentos primário e secundário

respectivamente. As indutâncias LP e LS são as indutâncias de dispersão do primário e

secundário, representadas na análise anterior pela indutância Ld referida ao lado de alta tensão

do transformador; por último LM é a indutância de magnetização. Todas estas indutâncias estão

relacionadas com perdas magnéticas.

73

RP RSLP LS

LM

Figura 29: Circuito elétrico equivalente de um transformador.

As indutâncias de dispersão são geralmente menores que a indutância de magnetização,

entretanto, podem ser responsáveis por interferências eletromagnéticas como o aparecimento

de picos de tensão em semicondutores e distorção nas formas de onda de corrente (EBERT,

2008), tratados na análise das modulações propostas.

As técnicas de comutação empregas neste trabalho são propostas para que a operação

do conversor ocorra de maneira correta, mesmo que o transformador não seja construído de

maneira otimizada. Entretanto, para a melhor operação do conversor, é de interesse que o

projeto do transformador seja realizado com o objetivo de reduzir seus valores de indutâncias

de dispersão, assim como aumentar o valor da indutância de magnetização. Essa característica

garante um melhor acoplamento magnético e consequentemente reduz as perdas magnéticas do

transformador. O projeto do transformador, juntamente com as modulações indicadas, atenuam

os problemas de sobretensão, principalmente durante a comutação do conversor alimentado por

corrente, onde encontra-se o caso crítico em estudo.

Devido ao valor elevado da indutância de magnetização do transformador, não é

necessário sua inclusão na análise do conversor, visto que a maior parte da corrente do

transformador passa apenas pelas indutâncias de dispersão, porém, mesmo não aparecendo na

análise do conversor as não idealidades do transformador são consideradas para efeitos de

simulações e implementação prática do mesmo.

No que diz respeito a relação de transformação (n:1), a mesma deve ser definida de

acordo a análise das equações de ganho estático para ambos os modos de operação do

conversor. Na sequência é apresentado o dimensionamento dos filtros, transformador e

baterias, avaliados posteriormente através de resultados de simulação.

74

4.3 DIMENSIONAMENTO DO CONVERSOR E BANCO DE BATERIAS

Para o dimensionamento do conversor são tomadas como critérios de projeto as

seguintes especificações:

Tensão de barramento (VCC): 230 V;

Ondulação de tensão no barramento: 11,5 V máximos de pico a pico (5% da tensão

nominal do barramento CC);

Tensão nominal do banco de baterias (VBAT): 60 V;

Ondulação de tensão no banco de baterias: 6 V máximos de pico a pico (10% da tensão

do banco de baterias);

Autonomia do sistema: 5:00 horas;

Corrente de carga das baterias: 0,05 C (0,85 A) à 0,10 C (1,7 A) de acordo com os

valores indicados pelo fabricante;

Ondulação de corrente na bateria: 0,2 A conforme indicado pelo fabricante das baterias;

Potência nominal do conversor: 200 W;

Frequência de comutação ( f ): 50 kHz;

Relação de espiras do transformador (n:1): 2:1;

Frequência de ressonância do filtro L1C1: 10 kHz;

O projeto se inicia com a definição do banco de baterias. A partir da escolha das baterias

foram analisadas as especificações do equipamento para definir o restante dos critérios de

projeto, assim como ondulação da tensão e corrente na bateria e níveis de corrente de carga. De

acordo com as especificações do fabricante, a bateria não deve apresentar uma ondulação de

corrente maior do que 0,2 A. O caso da tensão na bateria não é um ponto crítico para o projeto

do conversor, devido ao seu efeito capacitivo que tende a manter a tensão em seus terminais

constante, entretanto, como regra de projeto é definido que a ondulação máxima de tensão deve

ser 10% da sua tensão nominal, valor típico encontrado em projetos de conversores CC-CC.

75

Em relação a tensão do barramento CC é escolhido como máximo valor de ondulação

5% de sua tensão nominal, que representam 11,5 V. O menor valor de ondulação para esse caso

é definido para atender um dos objetivos do trabalho, que é a regulação da tensão do

barramento. Outro ponto de interesse é que assim também é possível reduzir o valor da

indutância no lado do barramento, visto que a menor ondulação de tensão, exige maiores valores

de capacitores, consequentemente reduzindo o valor de L1, de acordo com as equações (31) e

(33).

Considerando que as formas de onda de tensão e corrente nos filtros C1 e L1 apresentam

o dobro da frequência de comutação (100 kHz), os mesmos foram projetados para uma

frequência de ressonância igual a 10 kHz, que está uma década abaixo da frequência das formas

de onda de tensão e corrente nos filtros.

Em relação ao projeto do transformador, é interessante que sua relação de transformação

apresente valores que permitam que os semicondutores não atuem em condução por longos

períodos de tempo. Pensando também na implementação do projeto de controle é de interesse

que a razão cíclica do conversor apresente valores próximos a 0,5 em condições nominais, para

ambos os modos de operação. Esse resultado permite que o projeto de controle apresente uma

boa faixa de atuação.

Das equações (10) e (29), relativas aos ganhos estáticos do conversor é definido para o

projeto do transformador a relação de 2:1, que representa um valor intermediário dentro de uma

faixa de interesse para a atuação do conversor.

Os demais detalhes do projeto são apresentados nas sessões subsequentes.

4.3.1 Definição do banco de baterias

Para a construção do banco de baterias foram escolhidas cinco baterias de 12 V,

formadas por 6 células de 2 V. A capacidade de carga total do banco é de 17 Ah. Esses valores

foram escolhidos a fim de atender aos critérios de autonomia e potência, considerando que o

banco de baterias possua tensão nominal igual a 60 V.

As baterias em questão GP12170, do fabricante CSB, se tratam de um conjunto de

Chumbo-Ácido, reguladas por válvula. Esse equipamento foi escolhido devido a sua tensão

76

nominal e capacidade de carga, assim é possível atender os requisitos mínimos de autonomia e

potência exigidos pelo projeto. De acordo com as especificações apresentadas anteriormente, a

bateria deve ser capaz de atender uma carga de 200 W a partir de uma tensão de 60 V. Neste

sentido exige uma corrente de descarga igual a 3,62 A, considerando que o conversor possua

um rendimento teórico de 92%.

A autonomia do sistema é definida de acordo com os dados apresentados pelo fabricante

das baterias. O Quadro II apresenta os valores de tensão final de descarga e corrente em relação

ao tempo em que a bateria leva para ser descarregada. Através dos valores apresentados pode-

se concluir que a autonomia do sistema é maior do que 5 horas, visto que é descarregada com

uma corrente menor do que 3,63 A, que resultaria em uma tensão final de descarga igual a 1,60

V, por célula.

Quadro II: Características de descarga por corrente constante da bateria GP12170

T.F * / Tempo 5 min 10 min 15 min 30 min 60 min 2 H 3 H 5 H 8 H

1,6 80,2 50,9 38,5 23,4 13,8 8,03 5,72 3,63 2,37

1,67 71,2 47,5 36,5 22,9 13,7 7,99 5,69 3,61 2,35

1,7 67,4 45,8 35,6 22,7 13,6 7,97 5,67 3,61 2,35

1,75 61,0 43,1 34,1 22,3 13,4 7,92 5,64 3,59 2,32

1,8 54,5 40,2 32,7 21,8 13,3 7,87 5,61 3,58 2,30

1,85 48,0 37,3 31,0 21,2 13,1 7,80 5,56 3,56 2,27

*Tensão final de descarga por célula.

Fonte: adaptada de CSB (2017).

Em relação a corrente de carga, de acordo com as especificações das baterias é possível

se utilizar valores entre 0,05 C e 0,3 C, que representam correntes de 0,85 A à 5,1 A. Esses

valores dependem principalmente da estratégia adotada para se realizar a carga das baterias. O

manual técnico da bateria GP12170 indica que para a realização da carga por tensão constante,

deve-se utilizar uma corrente inicial igual a 0,05 C a 0,1 C, resultando em uma faixa de valores

entre 0,85 A e 1,7 A. Para cargas por corrente constante maiores valores de correntes podem

ser utilizados com o objetivo de reduzir o tempo de carga, entretanto, o tempo de carga deve

ser reduzido para evitar problemas de sobrecarga.

A escolha do método de carga depende principalmente da aplicação em que o banco de

baterias está inserido e de suas características construtivas. Para aplicações em que as baterias

são constantemente submetidas a situações de descarga é indicado a utilização de métodos de

carga por corrente constante por se tratar de um método de carga rápido. Para aplicações em

77

que existam longos períodos entre uma descarga e outra é indicado o método de carga por tensão

(CBS, 2017).

Em relação a ondulação de corrente na bateria, deve-se citar que as normas técnicas

ABNT NBR 14204 (2011) relacionada a operação das baterias, permite maiores variações de

corrente, entretanto, o valor de 0,20 A foi escolhido por representar o máximo valor de

ondulação recomendado pelo fabricante CBS. Considerando que o valor mínimo da corrente de

carga é igual a 0,20 A, ao atender o critério de ondulação de corrente é possível garantir que o

conversor não irá operar em modo de condução descontinua.

Após a definição do banco de baterias e apresentação dos critérios de projeto é possível

definir os valores dos filtros envolvidos na operação do conversor.

4.3.2 Cálculo dos filtros

O projeto do conversor inicia-se pela definição dos filtros L2 e C2 através de (15) e (20).

Para o cálculo do indutor, é analisado o caso em que a variável D resulte no maior valor para

L2. O objetivo é definir um valor para o indutor que atenda as especificações de projeto para

qualquer variação de D, em ambos os modos de operação do conversor.

Inicialmente a equação (15) foi analisada com o auxílio do software Matlab. A razão

cíclica do conversor D é variada de 0 a 1 avaliando a resposta da equação para o cálculo do

indutor. O resultado é apresentado na forma do gráfico presente na Figura 30.

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 10

0,5

1,0

1,5D: 0,500L2: 1,435

L2 (

mH

)

L2 em relação a variação da razão cíclica

Figura 30: Gráfico da indutância L2 em relação a variação da razão cíclica.

De acordo com o resultado da equação (15), o maior valor para a indutância L2 é

encontrado para uma razão cíclica igual a 0,5. Essa situação garante que a indutância calculada

atenda ao pior caso de ondulação de corrente ao longo da curva de variação da razão cíclica.

Assim:

78

5,02

V230

V5,57

n

D

V

V D

CC

BAT

,

mH44,1

)kHz50(22,0

)25,05,0()V230(

2i

)DD(VL

2L

2

CC2

f.

O cálculo da capacitância C2 é realizado de maneira direta através de (20).

.nF67,41

)kHz50()m44,1()V6()2(32

)25,05,0()V230(

LVn32

)DD(VC

22

22C

2

CC2

f

Devido ao valor calculado para a capacitância C2 não ser encontrado comercialmente,

para a construção do conversor foi utilizado 47 nF por representar o valor mais próximo à

capacitância projetada. Do valor adotado para C2 é possível recalcular a variação de tensão do

banco de baterias, que a partir da equação (20) resulta em 5,31 V.

Para o cálculo do filtro do lado do barramento CC, são utilizadas as equações (31) e

(33). O valor da frequência de ressonância do filtro é escolhida como 10 kHz, representando

um valor dez vezes menor do que a frequência da tensão e corrente presentes no barramento.

A corrente no barramento CC no modo de descarga é dada através da relação entre potência e

tensão de saída (200 W / 230 V), fornecendo iL1 igual a 0,87 A.

Considerando o pior caso de ondulação de tensão no barramento, a razão cíclica do

conversor é definida para o menor nível de tensão do banco de baterias, que de acordo com

indicação do fabricante, descarregadas apresentam uma tensão final de descarga igual a 1,70 V

por célula, resultando em um banco de baterias com tensão mínima igual a 51 V. Neste caso D

deve ser igual a 0,56. Assim para o cálculo da capacitância C1 tem-se:

nF423)kHz50(2)V50,11(

)56.0(87.0

2V

DiC

1C

1L1

f.

Novamente, o valor do capacitor calculado deve ser aproximado de um valor

comercial; para esse caso o valor escolhido foi de 470 nF, resultando em uma variação de tensão

igual a 10,13 V. Substituindo o valor do capacitor C1 na equação (33), obtém-se o valor de L1.

mH16,2

)nF470()kHz102(

1

C2

1L

21

21

1

f

.

79

Para validar o projeto dos filtros envolvidos na operação do conversor, a subseção

sequente apresenta os resultados de simulação do conversor projetado.

4.4 RESULTADOS DE SIMULAÇÕES

De acordo com os critérios de projeto apresentados na seção (4.3) e os valores dos

componentes calculados, o conversor foi simulado através do software PSIM. Os componentes

foram considerados ideais a fim de validar o projeto dos filtros, sendo: L1 = 2,16 mH, C1 = 470

nF, L2 = 1,44 mH, C2 = 47 nF e n = 2:1. A razão cíclica do conversor é definida para cada caso

considerando o modo de operação do conversor e estado de carga das baterias.

Para efeitos de simulação a bateria foi representada por um modelo simplificado,

considerando apenas a sua tensão de circuito aberto e resistência interna; indicada pelo

fabricante como sendo 14 mΩ por bateria.

4.4.1 Simulação do conversor no modo de Carga

Iniciando pelo modo de carga, o conversor deve fornecer ao banco de baterias uma

corrente igual a 0,85 A, a partir do barramento de 230 V. Para essa situação, são considerados

dois casos: a) inicialmente a bateria descarregada apresenta tensão igual a 51 V (1,70 V por

célula); b) a bateria próxima a carga total, apresenta tensão máxima igual a 73V (2,43 V por

célula). Dessa forma o conversor foi simulado para diferentes pontos de operação de acordo

com os diferentes níveis de tensão presentes na carga das baterias.

Para a tensão de 51 V do banco de baterias, a razão cíclica do conversor resulta em

0,443. Os resultados de simulação são apresentados pela Figura 31, que mostra as formas de

onda das tensões sobre as chaves S1, S2, S3 e S4.

80

(b)

(c)

0

100

200

0

100

200

Tempo (ms)

(d)

(a)

0

100

200

0

100

200

20,005 20,010 20,015 20,020 20,025 20,030 20,035 20,040

Tensão sobre a chave S1

Tensão sobre a chave S2

Tensão sobre a chave S3

Tensão sobre a chave S4

20,005 20,010 20,015 20,020 20,025 20,030 20,035 20,040

20,005 20,010 20,015 20,020 20,025 20,030 20,035 20,040

20,005 20,010 20,015 20,020 20,025 20,030 20,035 20,040

Figura 31: Tensões sobre os semicondutores do conversor no modo de carga, considerando uma razão cíclica de

0,443; a) Tensão sobre a chave S1 b) Tensão sobre a chave S2; c) Tensão sobre a chave S3; d) Tensão sobre a chave

S4;

De modo similar ao que foi apresentado pelas formas de onda teóricas do conversor, as

tensões sobre as chaves S1 e S2 apresentam formas de onda complementares, assim como S3 e

S4. Os semicondutores bloqueados assumem uma tensão igual a tensão do barramento CC, 230

V, enquanto os semicondutores em condução apresentam tensão zero.

A Figura 32-a apresenta o resultado para a corrente no barramento CC, enquanto a

Figura 32-b apresenta a corrente de carga das baterias. Em ambos os casos é verificada baixa

ondulação, onde a corrente de carga apresentou variação de 0,2 A e a tensão 3 V, de acordo

com os parâmetros do projeto do indutor L2.

81

0,185

0,190

0,195

0,70

0,85

1,00

-200

0

200

48

51

54

Corrente no indutor L1

Corrente no indutor L2

Tensão sobre o lado de alta tensão do transformador

Tensão de carga do banco de baterias

(b)

(c)

Tempo (ms)

(d)

20,005 20,010 20,015 20,020 20,025 20,030 20,035 20,040

20,005 20,010 20,015 20,020 20,025 20,030 20,035 20,040

20,005 20,010 20,015 20,025 20,035 20,040

20,005 20,010 20,015 20,020 20,025 20,030 20,035 20,040

(a)

20,020 20,030

Figura 32: Resultados de simulação para o modo de carga, com razão cíclica igual a 0,443; a) Corrente no indutor

L1; b) Corrente no indutor L2; c) Tensão sobre o lado de alta tensão do transformador; d) Tensão de carga do banco

de baterias.

Na Figura 32-c é verificada a tensão sobre o transformador, que apresenta uma forma

de onda simétrica, resultando em uma tensão média igual a zero. No momento em que é aplicada

uma tensão sobre o transformador, o capacitor C2 e o indutor L2 são carregados; posteriormente

descarregados enquanto a tensão sobre o transformador é zero; coerente com as formas de onda

teóricas do conversor apresentadas no início deste capítulo.

Em relação a ondulação de tensão no banco de baterias, o resultado apresentado pela

Figura 32-d também está de acordo com os parâmetros de projeto, visto que resulta em uma

ondulação de 3V, sendo 5,31 V definido como valor máximo de ondulação. A presença da

82

ondulação de tensão no banco de baterias se deve a presença da resistência interna, visto que

idealmente a tensão das baterias deve ser constante.

Resultados semelhantes são encontrados na Figura 33, onde é apresentada a simulação

do conversor com razão cíclica igual a 0,635, considerando que a bateria está próxima a carga

total com uma tensão igual a 73 V. Para esse caso o conversor foi simulado para carregar a

bateria com uma corrente igual a 1,7 A, equivalente a 0,1 C.

Tanto para a corrente no barramento CC quanto para a corrente de carga das baterias

são novamente obtidos baixos valores de ondulação. Para a tensão de saída são medidos 3 V de

ondulação para uma tensão média igual a 73 V. Dos resultados de simulação é possível verificar

que os critérios de projeto são atendidos para as diferentes situações que envolvem a carga das

baterias, confirmando que os filtros foram dimensionados de maneira adequada para esse modo

de operação do conversor.

83

0,398

0,400

0,402

1,600

1,700

1,800

-200

0

200

70

73

76

Corrente no indutor L1

Corrente no indutor L2

Tensão sobre o lado de alta tensão do transformador

Tensão de carga do banco de baterias

(b)

(c)

Tempo (ms)

(d)

20,005 20,010 20,015 20,020 20,025 20,030 20,035 20,040

20,005 20,010 20,015 20,020 20,025 20,030 20,035 20,040

20,005 20,010 20,015 20,025 20,035 20,040

20,005 20,010 20,015 20,020 20,025 20,030 20,035 20,040

(a)

20,020 20,030

Figura 33: Resultados de simulação para o modo de carga, com razão cíclica igual a 0,635; a) Corrente sobre o

indutor L1; b) Corrente sobre o indutor L2; c) Tensão sobre o lado de alta tensão do transformador; d) Tensão de

carga do banco de baterias;

4.4.2 Simulação do conversor no modo de descarga

Para a descarga das baterias, o conversor é simulado elevando a tensão nominal do

banco de baterias de 60 V para a tensão do barramento CC, 230 V. Para esse caso o conversor

atua com uma razão cíclica igual a 0,48.

De acordo com as formas de onda apresentadas pela Figura 34, são verificadas as

tensões sobre os semicondutores S7 e S5 assim como em S2 e S4. As tensões sobre S6 e S8 não

84

são apresentadas, visto que são iguais as formas de onda das chaves S7 e S5 respectivamente.

Comparando o resultado da simulação, com as formas de onda teóricas apresentadas na seção

(4.1) pela Figura 28, é possível verificar a implementação correta da técnica de comutação,

visto que assim como apresentado pelas formas de onda teóricas do conversor, as chaves S5 e

S2 apresentam tensões em fase, da mesma forma que ocorre com as chaves S7 e S3.

0

100

200

0

100

200

10,025 10,030 10,035 10,04010,005 10,010 10,015 10,020

10,025 10,030 10,035 10,04010,005 10,010 10,015 10,020

0

50

100

0

50

100

10,025 10,030 10,035 10,04010,005 10,010 10,015 10,020

10,025 10,030 10,035 10,04010,005 10,010 10,015 10,020

(b)

(c)

Tempo (ms)

(d)

(a)

Tensão sobre a chave S5

Tensão sobre a chave S7

Tensão sobre a chave S2

Tensão sobre a chave S4

Figura 34: Sinais de acionamento e tensões sobre as chaves do conversor no modo de descarga, considerando uma

razão cíclica de 0,48; a) Tensão sobre a chave S5 b) Tensão sobre a chave S7; c) Tensão sobre a chave S2; d) Tensão

sobre a chave S4;

Do lado de baixa tensão do transformador os semicondutores assumem uma tensão igual

a 115 V quando em estado de bloqueio e tensão zero em condução. Do lado de alta tensão, as

chaves bloqueadas devem suportar uma tensão igual a 230 V.

85

A Figura 35 apresenta os resultados de simulação para a corrente no indutor L2 e a tensão

do barramento CC, onde novamente são encontrados baixos valores de ondulação, assim como

para o modo de carga. Na descarga das baterias o indutor L2 manteve a ondulação de corrente

inferior a 0,2 A, como definido inicialmente nos critérios de projeto. Desta forma a metodologia

de projeto do filtro é validada porque o valor calculado atende as especificações para a

ondulação de corrente em ambos os modos de operação do conversor.

(a)

3,300

3,400

3,500

(b)

0,865

0,870

0,875

(c)

-100

0

100

Tempo (ms)

228

230

232

(d)

10,025 10,030 10,035 10,04010,005 10,010 10,015 10,020

10,025 10,030 10,035 10,04010,005 10,010 10,015 10,020

10,025 10,030 10,035 10,04010,005 10,010 10,015 10,020

10,025 10,030 10,035 10,04010,005 10,010 10,015 10,020

Corrente no indutor L2

Corrente no indutor L1

Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador

Tensão no barramento CC

Figura 35: Resultados de simulação para o modo de descarga, com razão cíclica igual a 0,48; a) Corrente sobre o

indutor L2; b) Corrente sobre o indutor L1; c) Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador; d) Tensão no

barramento CC.

Do resultado apresentado pela Figura 35-d a tensão no barramento CC apresenta baixa

ondulação, medida em 2 V de pico a pico, porém diverge da forma de onda teórica do conversor.

86

Essa característica é explicada pela presença do indutor L1 em série com a carga. Como o

indutor assume uma parcela da componente alternada da tensão no barramento, altera a forma

de onda da tensão, que passa a ter forma arredondada e não mais triangular. Entretanto, é

possível verificar o bom funcionamento do conversor visto que essa característica não é

significante em sua operação.

Para verificar essa afirmação o conversor foi novamente simulado, onde foi verificada

a tensão sobre o capacitor C2. Com o objetivo de avaliar o comportamento dos filtros para

diferentes situações de descarga das baterias, é considerado que a bateria descarregada

apresenta menor nível de tensão, igual a 51 V, levando a razão cíclica do conversor para 0,55.

O resultado é apresentado pela Figura 36 onde novamente são apresentadas as formas de onda

de corrente nos indutores L2 e L1 e a tensão no lado de baixa tensão do transformador.

Para a situação em questão, a corrente das baterias apresenta uma elevação, devido ao

menor valor da tensão. Em relação a ondulação de corrente, de acordo com a Figura 36-a, a

mesma se manteve dentro dos limites estabelecidos pelo projeto, 0,2 A.

A Figura 36-d apresenta a forma de onda da tensão sobre o capacitor C1. Como o

esperado, sem a presença do indutor L1 o resultado é uma forma de onda triangular, de acordo

com as formas de onda teóricas apresentadas para o conversor no modo de descarga. O resultado

apresentou uma ondulação de 10 V de tensão, conforme o requerido pelo projeto, calculado em

10,13 V.

87

(a)

3,800

3,900

4,000

0,865

0,870

0,875

-100

0

100

225

230

235

(b)

(c)

Tempo (ms)

(d)

10,025 10,030 10,035 10,04010,005 10,010 10,015 10,020

10,025 10,030 10,035 10,04010,005 10,010 10,015 10,020

10,025 10,030 10,035 10,04010,005 10,010 10,015 10,020

10,025 10,030 10,035 10,04010,005 10,010 10,015 10,020

Corrente no indutor L2

Corrente no indutor L1

Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador

Tensão sobre o capacitor C1

Figura 36: Resultados de simulação para o modo de descarga, com razão cíclica igual a 0,55; a) Corrente sobre o

indutor L2; b) Corrente sobre o indutor L1; c) Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador; d) Tensão

sobre o capacitor C1.

4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

O presente capítulo apresentou o desenvolvimento e análise do conversor proposto

durante a revisão bibliográfica apresentada no Capítulo 3.

Para o modo de carga, o conversor atua fornecendo uma corrente constante para a

bateria, enquanto na descarga, eleva a tensão do banco de baterias para a tensão do barramento

CC. Neste sentido, a configuração proposta se mostra adequada ao garantir a regulação da

88

tensão do barramento CC em um nível constante, fato que não ocorre em outras configurações

bidirecionais comumente encontradas na literatura.

Após uma análise inicial, o conversor foi dimensionado e simulado de forma ideal

através do software PSIM. De acordo com os critérios adotados para a seleção do conversor,

assim como para as diferentes situações de carga do banco de baterias, o conversor apresentou

baixos níveis de ondulação de tensão e corrente no banco de baterias e barramento CC, em

ambos os modos de operação.

Para validar o estudo realizado até aqui, o conversor foi construído em laboratório. O

capítulo seguinte apresenta os detalhes da implementação e resultados experimentais do

conversor em malha aberta.

89

5. IMPLEMENTAÇÃO DO CONVERSOR E RESULTADOS EXPERIMENTAIS

EM MALHA ABERTA

Este capítulo apresenta os detalhes da implementação do protótipo do conversor

desenvolvido em laboratório. Também descreve os ensaios realizados e apresenta os resultados

experimentais em malha aberta que validam o projeto do conversor ao serem comparados com

os resultados de simulação apresentados no capítulo anterior.

5.1 IMPLEMENTAÇÃO DO CONVERSOR

Após o projeto dos elementos magnéticos, detalhados no Apêndice A, o conversor foi

construído em laboratório de acordo com os parâmetros resumidos na Tabela I.

Tabela I: Detalhes dos componentes dimensionados.

Componentes Especificações

Transformador Primário: 20 espiras 2 condutores 24 AWG Núcleo : EE 55/21

Secundário: 10 espiras 5 condutores 24 AWG Relação de transformação : 2:1

Indutor L1 2,14 mH 2 condutores 26 AWG 55 espiras Núcleo: EE 30/14/07

Capacitor C1 470 nF x 250 V *

Semicondutores IRFP264N 250 V 24 A (em 100º) IRFP260N 200 V 35 A (em 100º)

Indutor L2 1,48 mH 5 condutores 26 AWG 81 espiras Núcleo: EE 42/21/15

Capacitor C2 47 nF x 150 V *

Driver de acionamento IR2110

*Componentes selecionados de acordo com valores comerciais.

Para a construção do circuito foram escolhidas as chaves IRFP264N para o lado de alta

tensão do transformador e as chaves IRFP260N para o lado de baixa tensão. As mesmas se

tratam de MOSFET’s de alta tensão e corrente, superiores aos requisitos mínimos envolvidos

no projeto (230 V e 0,87 A para o lado de alta tensão e 115 V e 4,05 A para o lado de baixa

tensão).

De acordo com a folha de dados do semicondutor IRFP264N, o mesmo possui um atraso

de comutação igual a 70 ns, enquanto o IRFP260N apresenta 72 ns, que representam menos de

1 % do período de comutação do conversor; portanto conclui-se que ambas se adequam a

frequência de operação exigida pelo conversor.

90

O acionamento das chaves é realizado através do circuito integrado IR2110, que tem

como objetivo gerar sinais de diferentes referências a partir de um capacitor de bootstrap. Dessa

forma é possível evitar o uso de transformadores para gerar os sinais isolados de acordo com as

diferentes referências requeridas para o acionamento do conversor.

A geração dos sinais de acionamento é realizada através do DSP (Digital Signal

Processor) C2000 Delfino F28377S do fabricante Texas Instruments. O mesmo fornece aos

circuitos integrados IR2110, oito sinais diferentes, referentes a cada semicondutor que compõe

o circuito de potência do conversor.

Cada circuito integrado é capaz de gerar duas referências diferentes a partir de uma fonte

auxiliar e de um capacitor de bootstrap (CBS). Dessa forma o DSP, fornece a cada IR2110 dois

sinais de PWM de acordo com o circuito indicado pela Figura 37, apresentado pela folha de

dados do fabricante.

VDD

HIN

LIN

VSS

HOUT

VB

VS

VCC

COM

LOUT

S1

S2

PWM1

PWM2

CBS

C

DCB

RH

RL

CSDVAux

VAux

Figura 37: Circuito de acionamento do driver IR2110.

Os circuitos integrados recebem dois sinais de PWM (PWM1 e PWM2) de 0 a 5 V e

retornam os mesmos sinais com amplitude igual a tensão de alimentação (VAux), que deve ser

fornecida por uma fonte auxiliar de 12 V. Em relação ao IR2110, o mesmo apresenta um tempo

de atraso igual a 210 ns, aproximadamente 2% do período de comutação do conversor. Como

o tempo de atraso do circuito integrado não representa um problema de desempenho para o

conversor, a utilização do IR2110 é interessante considerando sua boa resposta e custo

reduzido.

Devido a implementação do conversor de forma isolada, a alimentação dos circuitos

IR2110 é realizada através de duas fontes auxiliares de 12 V isoladas. Cada fonte é responsável

pelo acionamento de quatro chaves através de dois circuitos integrados em cada lado do

91

conversor, gerando referências diferentes para os semicondutores e mantendo a isolação do

sistema.

Definido os semicondutores, circuitos de acionamento e filtros envolvidos, o projeto do

conversor foi implementado em laboratório a fim de validar o estudo teórico e resultados de

simulação.

5.2 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

A partir da construção do conversor em laboratório, o mesmo foi ensaiado de acordo

com os seus diferentes modos de operação. Para o ensaio do conversor foram utilizados

diferentes pontos de operação referentes as diferentes situações de carga e descarga das baterias.

Os resultados foram obtidos através de medições realizadas com o osciloscópio

DPO4034 do fabricante Tektronix, e do analisador de energia WT1800 do fabricante

Yokogawa.

5.2.1 Ensaio do conversor no modo de Carga

Para realizar o processo de carga das baterias inicialmente é verificada sua tensão de

circuito aberto. O conversor deve iniciar operando com uma razão cíclica que resulte em uma

tensão próxima à tensão do banco de baterias; a partir desse ponto deve-se elevar tensão de

carga até atingir os níveis adequados de corrente. Para o caso em questão, as baterias devem ser

carregadas com correntes entre 0,05 C e 0,10 C de acordo com indicações do fabricante; esses

valores representam correntes de 0,85 A e 1,70 A, respectivamente.

Para validar o projeto dos filtros envolvidos, a operação do conversor foi monitorada

para diferentes pontos de operação de acordo com o estado de carga das baterias. Os ensaios

foram realizados modificando a razão cíclica do conversor de acordo com a elevação de tensão

nos terminais das baterias. Para cada caso são apresentadas as tensões sobre o transformador e

ondulação de tensão e corrente nos filtros.

92

Em um primeiro momento o banco de baterias foi descarregado atingindo uma tensão

próxima a 46 V. Para essa situação a razão cíclica do conversor é definida como 0,43 carregando

o banco de baterias com uma corrente eficaz de 0,87 A.

Através do osciloscópio DPO4034 inicialmente foram verificadas as tensões sobre os

semicondutores do lado do barramento CC. Os resultados são apresentados pela Figura 38, que

mostram que as chaves bloqueadas apresentam uma tensão próxima a 230 V, enquanto as

chaves em condução apresentam tensão próxima de zero.

0

100

200

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035

0

100

200

0

100

200

0

100

200

(b)

(c)

Tempo (ms)

(d)

(a)

Tensão sobre a chave S1

Tensão sobre a chave S2

Tensão sobre a chave S3

Tensão sobre a chave S4

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035

Figura 38: Resultados experimentais para as tensões sobre os semicondutores do conversor no modo de carga para

uma razão cíclica igual a 0,43; a) Tensão sobre a chave S1; b) Tensão sobre a chave S2; c) Tensão sobre a chave

S3; d) Tensão sobre a chave S4;

93

Como resultado, as formas de onda da Figura 38 mostram que a técnica de comutação

foi implementada de maneira correta, coerente com o resultado de simulação apresentado pela

Figura 31, onde chaves S1 e S2 apresentam formas de onda complementares, assim como as

chaves S3 e S4. Também é verificado que não há sobretensão nos semicondutores durante os

transitórios de comutação, comprovando que a modulação é adequada.

Em um segundo momento foram obtidas as formas de onda da tensão sobre o

transformador, assim como as formas de onda de tensão sobre o capacitor C2 e corrente no

indutor L2, de modo a verificar seus níveis de ondulação. Esse resultado é apresentado pela

Figura 39, onde novamente constata-se a correta operação do conversor que apresenta uma

tensão média no transformador igual a zero, evitando possíveis problemas de saturação.

94

0,4

0,8

-200

0

200

-100

0

100

40

45

50

(b)

(c)

Tempo (ms)

(d)

(a)

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040

Corrente no indutor L2

Tensão sobre o lado de alta tensão do transformador

Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador

Tensão de carga do banco de baterias

1,2

Figura 39: Resultados experimentais das tensões sobre o transformador e tensão e corrente de saída do conversor

para o modo de carga, com uma razão cíclica igual a 0,43; a) Corrente sobre o indutor L2; b) Tensão sobre o lado

de alta tensão do transformador; c) Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador; d) Tensão de carga do

banco de baterias.

Após uma carga inicial na bateria, o conversor foi novamente ensaiado. Nesta situação

o banco de baterias se encontra com uma tensão igual a 68,7 V, levando o conversor a operar

com uma razão cíclica igual a 0,62, resultando em uma corrente de carga igual a 1,7 A.

O resultado apresentado na Figura 40, mostra que a ondulação de corrente novamente

apresentou valor próximo a 0,2 A, resultando em um valor eficaz igual a 1,68 A. A ondulação

de tensão apresentou uma variação de 1,5 V para uma tensão eficaz igual a 69,39 V.

95

1,2

1,6

-200

0

200

-100

0

100

60

70

80

(b)

(c)

Tempo (ms)

(d)

(a)

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040

Corrente no indutor L2

Tensão sobre o lado de alta tensão do transformador

Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador

Tensão de carga do banco de baterias

2,0

Figura 40: Resultados experimentais das tensões sobre o transformador e tensão e corrente de saída do conversor

para o modo de carga, com uma razão cíclica igual a 0,62; a) Corrente sobre o indutor L2; b) Tensão sobre o lado

de alta tensão do transformador; c) Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador; d) Tensão de carga do

banco de baterias.

É necessário notar que os valores de corrente para ambos os casos atingiram valores

próximos ao ideal para a carga das baterias (0,85 A e 1, 7 A) entretanto, verificando a operação

correta do conversor, este valor passa a ser corrigido pelo projeto de controle. Essas diferenças

são justificáveis visto que pequenas variações no ponto de operação do conversor causam

variações significativas nos níveis de corrente das baterias.

96

Para verificar o rendimento do conversor para o modo de carga, foram medidas as

tensões e correntes no barramento CC e baterias através do analisador de energia WT1800.

Como resultado, foi obtido um rendimento de 80,96 % para uma potência igual a 64,58 W. O

rendimento reduzido do conversor no modo de carga pode ser explicado pelo nível de potência

processada, que representa 32,30 % da potência nominal do conversor.

5.2.2 Ensaio do conversor no modo de Descarga

Para o modo de descarga, o conversor foi ensaiado para diferentes níveis de potência,

variando a carga conectada ao barramento e consequentemente a potência processada. Nessa

situação o conversor deve atuar na regulação da tensão do barramento CC, fornecendo para a

carga de saída uma tensão contínua igual a 230 V.

Os ensaios foram realizados considerando o banco de baterias completamente

carregado, com uma tensão de circuito aberto igual a 60 V. A razão cíclica do conversor é

definida em torno de 0,48 para adequar a tensão das baterias ao barramento CC, de 230 V.

Inicialmente o conversor foi ensaiado com uma carga resistiva de aproximadamente

115 W. Para essa situação, através do analisador de energia WT1800 é verificado um

rendimento igual a 87,68% onde foram medidas as potências de 129,14 W do lado das baterias

e 113,24 W no barramento CC.

Para avaliar a implementação da modulação proposta, foram obtidas pelo osciloscópio

as formas de onda das tensões sobre os semicondutores do conversor operando no modo de

descarga.

Na Figura 41 são apresentadas as formas de onda de tensão nos semicondutores, de onde

é possível concluir que a modulação proposta foi implementada de maneira correta, resultando

em uma resposta similar aos resultados de simulação mostrados anteriormente na Figura 34.

Como as tensões sobre as chaves S8 e S6 são similares as tensões sobre as chaves S5 e S7, as

mesmas não são apresentadas.

97

0

100

200

300

0

100

200

300

0

50

100

150

0

50

100

150

0,025 0,030 0,035 0,0400,005 0,010 0,015 0,020

0,025 0,030 0,035 0,0400,005 0,010 0,015 0,020

0,025 0,030 0,035 0,0400,005 0,010 0,015 0,020

0,025 0,030 0,035 0,0400,005 0,010 0,015 0,020

(b)

(c)

(d)

(a)

Tensão sobre a chave S5

Tensão sobre a chave S7

Tensão sobre a chave S2

Tensão sobre a chave S4

Tempo (ms)

Figura 41: Resultados experimentais das tensões sobre os semicondutores do conversor no modo de carga para

uma razão cíclica igual a 0,48; a) Tensão sobre a chave S5 b) Tensão sobre a chave e S7; c) Tensão sobre a chave

S2; d) Tensão sobre a chaves S4.

Pelos resultados experimentais é observado que as tensões sobre as chaves do lado do

barramento CC apresentam tensão igual a 230 V, sem sobretensão durante o transitório de

comutação. O mesmo ocorre com as chaves do lado do banco de baterias, onde é verificada

uma tensão igual a 115 V, correspondente a tensão do barramento CC, refletida no lado de baixa

tensão do transformador.

Na Figura 42 são apresentadas as tensões sobre o transformador e barramento CC, como

também a corrente de descarga das baterias.

98

2,25

2,50

-100

0

100

-200

0

200

150

225

300

(a)

(b)

(c)

Tempo (ms)

(d)

Corrente no indutor L2

Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador

Tensão sobre o lado de alta tensão do transformador

Tensão no barramento CC

0,025 0,030 0,035 0,0400,005 0,010 0,015 0,020

0,025 0,030 0,035 0,0400,005 0,010 0,015 0,020

0,025 0,030 0,035 0,0400,005 0,010 0,015 0,020

0,025 0,030 0,035 0,0400,005 0,010 0,015 0,020

2,75

Figura 42: Resultados experimentais das tensões sobre o transformador e tensão do barramento CC e corrente de

descarga das baterias, para uma carga de 113W; a) Corrente no indutor L2; b) Tensão sobre o lado de baixa tensão

do transformador; c) Tensão sobre o lado de alta tensão do transformador; d) Tensão do barramento CC.

No que diz respeito a ondulação da tensão do barramento e corrente de descarga das

baterias, ambos os casos resultaram em baixa ondulação como o estabelecido pelos critérios de

projeto do conversor. Para a tensão do barramento foram medidos 9 V de ondulação, sendo

permitido 10,13 V máximos de pico a pico. Na corrente de descarga, novamente tem-se uma

ondulação de 0,2 A, confirmando que o projeto do indutor L2 atende as especificações de

ondulação de corrente para ambos os modos de operação do conversor.

Para avaliar o comportamento do circuito em relação a diferentes valores de potência,

as mesmas formas de onda foram verificadas para uma potência próxima da nominal. Nesse

99

caso conversor foi ensaiado para uma carga resistiva de 215 W. Através do analisador de

energia WT1800 obteve-se um rendimento igual a 89,51% para uma potência de entrada igual

a 240 W e potência de saída de 215,11 W.

Em relação as formas de onda do conversor, o resultado é apresentado pela Figura 43.

Novamente são encontrados baixos níveis de ondulação na tensão no barramento onde foram

medidos 10,45 V de pico a pico e na corrente de descarga uma ondulação de 0,2 A.

3,25

4,00

-100

0

100

-200

0

200

150

225

300

(a)

(b)

(c)

Tempo (ms)

(d)

Corrente no indutor L2

Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador

Tensão sobre o lado de alta tensão do transformador

Tensão no barramento CC

0,025 0,030 0,035 0,0400,005 0,010 0,015 0,020

0,025 0,030 0,035 0,0400,005 0,010 0,015 0,020

0,025 0,030 0,035 0,0400,005 0,010 0,015 0,020

0,025 0,030 0,035 0,0400,005 0,010 0,015 0,020

4,75

Figura 43: Resultados experimentais das tensões sobre o transformador e tensão do barramento CC e corrente das

baterias para o modo de descarga, para uma carga de 215,11 W; a) Corrente no indutor L2. b) Tensão sobre o lado

de baixa tensão do transformador; c) Tensão sobre o lado de alta tensão do transformador; d) Tensão do barramento

CC.

100

Para as tensões sobre o transformador, assim como nos semicondutores, são encontradas

pequenas distorções em suas formas de onda, entretanto, mesmo atuando fora dos limites de

potência para o qual foi projetado, o conversor não apresenta problemas, visto que não resulta

em sobretensões nos semicondutores e transformador.

Uma vez que o conversor tem características de fonte de corrente, a partir dos resultados

experimentais é evidente que a modulação proposta evita sobretensões nos semicondutores,

assim como não acarreta em grandes distorções nas formas de onda de tensão sobre as chaves

e transformador. Esse resultado comprova a eficiência da técnica de comutação proposta, visto

que o mesmo não ocorre em outras modulações encontradas na literatura, como nos trabalhos

propostos por Prassana et al. (2013) e Rashid (1999).

Para avaliar a eficiência do conversor o mesmo foi ensaiado para diferentes níveis de

potência, onde foram medidas através do analisador de energia WT 1800 as potências de

entrada e saída do conversor. Os resultados das medições foram tabelados e são apresentados

em forma de gráfico pela Figura 44. Dos resultados experimentais é verificado um rendimento

de 89,50 % com o conversor operando em sua potência nominal.

40 60 80 100 120 140 160 180 200 22078%

80%

82%

84%

86%

88%

90%

Curva de rendimento do conversor para diferentes níveis de potência

Potência fornecida ao barramento CC (W)

Figura 44: Resultado experimental da curva de rendimento do conversor para diferentes níveis de potência.

Por não utilizar de circuitos auxiliares como grampeadores de tensão ou snubbers

passivos, a modulação proposta se mostra adequada ao não resultar em sobretensão nos

semicondutores ou distorções significativas nas formas de onda do conversor. Esse resultado é

de grande importância para o trabalho em questão, visto que permite o desenvolvimento do

projeto com um número reduzido de componentes, da mesma forma que garante a operação

bidirecional de maneira adequada.

101

Em relação os níveis de tensão processadas entre o barramento CC e banco de baterias,

o conversor proposto se mostrou adequado para a aplicação em questão, atuando como um

redutor ou elevador de tensão, considerando uma tensão fixa no barramento CC para os

diferentes estados de operação das baterias e barramento. Esses resultados são fundamentais

para a desenvolvimento de sistemas de armazenamento de energia, pois dão ao conversor

características necessárias para atender os diferentes casos de carga e descarga das baterias.

5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

Após a realização de simulações em malha aberta que validaram o dimensionamento

dos filtros envolvidos no projeto, o presente capítulo tratou dos detalhes da implementação do

conversor.

Inicialmente foram construídos os elementos magnéticos, dimensionados os

dispositivos semicondutores e detalhados os circuitos de acionamento do conversor, construído

e ensaiado em laboratório.

Para o modo de carga das baterias, foram analisados diferentes pontos de operação, onde

o conversor atuou com o objetivo de fornecer para a bateria uma corrente de carga constante.

Nesse modo de operação, a razão cíclica do conversor foi variada sendo verificadas as

ondulações de tensão e corrente na bateria. Como resultado, os filtros projetados mantiveram

os níveis de ondulação dentro dos limites de projeto.

No modo de descarga, foram realizados testes de variação de carga no conversor. Para

esse modo de operação o conversor foi ensaiado operando com potências que variaram na faixa

de 110 W a 215 W. Através dos resultados experimentais, novamente foi verificado que os

filtros de tensão e corrente mantiveram as especificações do projeto para ambos os modos de

operação do conversor bidirecional. Assim é validada a análise do conversor realizada no

capítulo anterior.

Por não utilizar de circuitos auxiliares como grampeadores de tensão ou snubbers

passivos, as técnicas de comutação implementadas se mostraram adequadas ao atenuarem

problemas de sobretensão nos semicondutores e transformador. Este resultado é de grande

importância para o trabalho, visto que ao comparadas com técnicas de comutação

102

convencionais, as modulações propostas apresentaram melhor resposta para o conversor

bidirecional, garantindo a operação adequada do sistema.

Após a implementação do conversor e obtenção dos resultados em malha aberta, o

capítulo a seguir apresenta a modelagem do conjunto conversor e banco de baterias para fins

de projeto de controle.

103

6. MODELAGEM DO CONVERSOR E BATERIAS

Para a correta operação do conversor, deve-se projetar um controlador e para isso, se

faz necessária a obtenção de um modelo que represente o conversor e baterias.

Inicialmente é avaliado o modelo do banco de baterias a fim de representar a sua

influência na dinâmica conversor. A partir da definição dos parâmetros do circuito equivalente

das baterias, o conjunto conversor e banco de baterias é modelado matematicamente através da

abordagem pelo modelo médio em espaço de estados. Os resultados são analisados através dos

softwares Matlab e PSIM, onde suas respostas foram confrontadas com os resultados

experimentais do conversor para validação do modelo.

6.1 MODELO DA BATERIA

Até o presente momento, a bateria foi representada por um modelo simplificado, através

de sua tensão de circuito aberto e resistência interna, entretanto, de acordo com a revisão

bibliográfica apresentada ao decorrer do Capítulo 2, a bateria deve ser representada pelo circuito

equivalente de Thevenin. Esse modelo foi escolhido para o desenvolvimento do trabalho por

ser um modelo simples e amplamente encontrado na literatura.

O circuito equivalente de Thevenin representa a bateria através de sua tensão de circuito

aberto (VB), a resistência interna (RB) e por uma capacitância (C) e sua resistência em paralelo

(RO) que visam representar as alterações no estado de carga da bateria, conforme apresentado

na Figura 45.

VB

RB

RO

C

VBAT

Figura 45: Circuito elétrico equivalente de Thevenin, escolhido como modelo da bateria.

Para se obter experimentalmente os parâmetros do circuito equivalente de Thevenin,

Kurisawa et al. (2004) indicam que a resistência interna da bateria é definida através da relação:

104

BAT

BATB

i

VR

. (34)

O valor de RB foi obtido descarregado o conjunto de baterias de 60 V com uma corrente

inicial de 5 A. A tensão do banco de baterias foi monitorada apresentando uma variação de 0,24

V. A corrente de descarga final foi medida, sendo igual a 3 A. Da relação (34) a resistência

equivalente do conjunto de baterias é igual a 0,12 Ω, sendo que o valor teórico de acordo com

os dados do fabricante é de 0,07 Ω.

Para simplificar a modelagem do conversor, é realizada a associação em paralelo das

impedâncias referentes a C e RO de forma a se obter o circuito equivalente apresentado pela

Figura 46. Este circuito só pode ser adotado como modelo para a bateria ao considerar que a

capacitância C é grande o suficiente para representar uma impedância muito menor do que RO,

por esse motivo desconsiderado.

VB

RB CB

VBAT

Figura 46: Circuito elétrico equivalente de Thevenin, considerando a associação de impedâncias.

A capacitância CB é obtida através da análise da curva de carga encontrada no manual

técnico das baterias GP12170, reproduzida pela Figura 47.

iBAT

VBAT

Tempo (h)

14,0

13,0

12,0

11,0

10,0

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

Ten

são d

e C

arga

( V

)

Corr

ente

de

Car

ga

(A)

Figura 47: Curva de carga da bateria GP12170.

Moubayed et al. (2008), propõem a identificação dos parâmetros das baterias de

Chumbo-Ácido. Neste trabalho é indicado que a capacitância equivalente da bateria pode ser

105

obtida através da relação direta da constante de tempo de carga ( τ ), pela resistência equivalente

da bateria, conforme apresentado na equação (35). Essa abordagem consiste em aproximar a

curva da tensão de carga da bateria de uma curva típica de carga de capacitores, portanto, a

constante τ é definida como o tempo que resulta em 63% do valor máximo de tensão da carga

da bateria. Assim a capacitância equivalente da bateria é

BRC

. (35)

De acordo com a curva apresentada pela Figura 47, τ resulta em uma variação de tensão

igual a 1,7 V, atingida em um tempo igual a 7:30 horas. Substituindo os valores de τ e RB na

equação (35), o valor de CB é definido como 11020 F para o conjunto formado por cinco

baterias.

Para verificar a validade do modelo, os parâmetros levantados foram simulados através

do software PSIM. Para uma entrada igual a 14,7 V, que representa a tensão final de carga da

bateria, a simulação foi realizada para um tempo igual a 10:00 horas com um passo de simulação

de 0,1 segundos, justificado pela tempo de carga do capacitor, que representa uma dinâmica

lenta, assim como ocorre para a carga da bateria. O resultado da simulação é apresentado pela

Figura 48, onde são comparadas as respostas de elevação de tensão para a carga da bateria e

para a carga do capacitor calculado no modelo equivalente.

Tempo (h)

2 4 6 8 10

Ten

são

de

Carg

a d

a B

ate

ria (

V)

Tempo (h)

14,0

13,5

13,0

12,5

12,0

2 4 6 8 10

Ten

são

de

Carg

a d

o C

ap

acit

or

CB (

V)

14,0

13,5

13,0

12,5

12,0

14,5 14,5

Curva de carga apresentada pelo fabricante Simulação do circuito equivalente

(a) (b)

Figura 48: Comparação entre a curva de carga da bateria GP12170, com a simulação do circuito equivalente; a)

tensão de carga da bateria; b) tensão de carga do capacitor CB.

106

Considerando que circuito equivalente de Thevenin é uma aproximação simplificada do

modelo da bateria, a resposta apresentada pela Figura 48 valida os parâmetros calculados, uma

vez que durante o transitório de carga, ambas as curvas se aproximam, mesmo que o capacitor

não atinja a tensão final de carga no mesmo tempo que a bateria.

Modelos mais elaborados de representação das baterias podem ser encontrados na

literatura, todavia apresentam maior complexidade e exigem maiores esforços computacionais

para serem simulados. Visto que uma revisão acerca da representação das baterias foge do

escopo deste trabalho, não é justificável a escolha de um modelo mais complexo. Considerando

que a obtenção do modelo das baterias não é um objetivo específico do trabalho, a aproximação

pelo circuito equivalente de Thevenin foi adotada. O prosseguimento do capítulo foca na

análise do conjunto conversor e banco de baterias.

6.2 MODELO DO CONVERSOR

Para a representação do conversor foi adotada a metodologia proposta por Erikson e

Maksimovic (2001), que se utiliza da abordagem pelo modelo médio em espaço de estados.

Essa estratégia consiste em realizar uma média ponderada dos modelos referentes a cada etapa

de operação do conversor. Portanto é necessário analisar de forma individual ambos os modos

de operação do conversor visto que apresentam etapas de operação distintas e

consequentemente dinâmicas diferentes.

A modelagem do conversor utiliza os parâmetros apresentados pela Tabela II.

Tabela II: Parâmetros utilizados na modelagem do conversor.

Componentes Especificações

Transformador Relação de transformação (n:1): 2:1

Indutor L1 2,65 mH Resistência CC equivalente (RL1): 0,026 Ω

Capacitor C1 470 nF

Indutor L2 148 mH Resistência CC equivalente (RL2) : 0,037 Ω

Capacitor C2 47 nF

Bateria

Resistência equivalente de Thevenin (RB): 0,12 Ω

Capacitância equivalente de Thevenin (CB): 11020 F

Tensão Inicial (VB): 54

Barramento CC 230 V

D Modo de carga: 0,52 Modo de descarga: 0,40

107

A partir dos valores apresentados na Tabela II, a modelagem do conversor é realizada

através da análise do circuito equivalente apresentado Figura 49, considerando que: a) a

indutância de magnetização do transformador é grande o suficiente para ser negligenciada; b)

as indutâncias de dispersão do transformador não são consideradas visto que tanto a corrente

quanto a tensão no transformador apresentam valores médios iguais a zero; c) os dispositivos

semicondutores são considerados ideias.

VCC

L1 L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1VB

CB

RB

Figura 49: Circuito de potência do conversor para efeitos de modelagem.

A análise realizada tem como objetivo representar os modelos do conversor tendo como

variável de entrada a razão cíclica D. Para o modo de carga é considerada como saída a ser

controlada a corrente iL2 – que representa a corrente de carga das baterias –, enquanto para o

modo de descarga a variável de saída é VC1, visto que o controlador deve atuar na regulação da

tensão do barramento CC.

6.2.1 Modelo do conversor para o modo de Carga

Para o modo de carga, o conversor apresenta quatro etapas de operação conforme

descrito anteriormente no decorrer do Capítulo 4. Para a obtenção do modelo médio em espaço

de estados que representa o conjunto conversor e banco de baterias, deve ser realizado o

equacionamento de todas as etapas de operação do conversor. Entretanto, como é de

conhecimento prévio, as etapas referentes ao semiciclo positivo de operação do conversor

apresentam o mesmo equacionamento que as etapas do semiciclo negativo.

A análise do conversor se inicia considerando o semiciclo positivo, onde os

semicondutores S1 e S4 estão em condução. O circuito equivalente é apresentado pela Figura 50.

108

VCC

L1 L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

iL1

iL2

iC2

iCB

VB

CB

RB

iC1

Figura 50: Circuito equivalente da primeira etapa de operação do conversor no modo de carga.

Da análise de malhas do circuito presente na Figura 50 tem-se:

1CCC1L VVV , (36)

2C

1C2L V

n

VV ,

(37)

n

iii 2L

1L1C , (38)

B

BCB2CCB

R

VVVi

,

(39)

B

BCB2C2L2C

R

VVVii

.

(40)

Na forma de variáveis de estados, as equações nodais e de malhas são descritas por:

1L1 iX 2

1

CC

11

1L1 X

L

1V

L

1

L

VX

, (41)

1C2 VX 3

1

1

11

1C2 X

Cn

1X

C

1

C

iX

, (42)

2L3 iX 5

2

2

22

2L3 X

L

1X

nL

1

L

VX

, (43)

CB4 VX B

BB

5

BB

4

BBB

CB4 V

RC

1X

RC

1X

RC

1

C

iX

, (44)

2C5 VX B

B2

5

B2

4

B2

3

22

2C5 V

RC

1X

RC

1X

RC

1X

C

1

C

iX

. (45)

109

Para a primeira etapa de operação, o modelo em espaço de estados é definido em (46) e

(47), considerando como entrada do sistema a energização das fontes de tensão VCC e VB,

representada pela função degrau unitário u(t). A saída escolhida é a corrente a ser controlada,

iL2.

)t(u

RC

V

RC

V0

0

L

V

X

X

X

X

X

RC

1

RC

1

C

100

RC

1

RC

1000

L

100

nL

10

00Cn

10

C

1

000L

10

X

X

X

X

X

B2

B

BB

B

1

CC

5

4

3

2

1

B2B22

BBBB

22

11

1

5

4

3

2

1

,

(46)

5

4

3

2

1

X

X

X

X

X

00100Y , (47)

Na segunda etapa de operação a chave S1 é bloqueada enquanto a chave S2 entra em

condução, resultando no circuito equivalente da Figura 51.

VCC

L1 L2

C1 C2

S3

S4S2

S5 S7

S8S6

S1iL2

iC2

n:1

iCB

VB

CB

RB

iL1 iC1

Figura 51: Circuito equivalente da segunda etapa de operação do conversor no modo de carga.

De acordo com a análise da segunda etapa de operação, a corrente no capacitor C1 é

igual a iL1 e a tensão no transformador igual a zero. Assim tem-se

1CCC1L VVV , (48)

2C2L VV , (49)

110

1L1C ii , (50)

B

BCB2CCB

R

VVVi

,

(51)

B

BCB2C2L2C

R

VVVii

.

(52)

Para esse caso, as variáveis de estado se relacionam da seguinte forma,

1L1 iX 2

1

CC

11

1L1 X

L

1V

L

1

L

VX

, (53)

1C2 VX 1

11

1C2 X

C

1

C

iX

, (54)

2L3 iX 5

22

2L3 X

L

1

L

VX

, (55)

CB4 VX B

BB

5

BB

4

BBB

CB4 V

RC

1X

RC

1X

RC

1

C

iX

, (56)

2C5 VX B

B2

5

B2

4

B2

3

22

2C5 V

RC

1X

RC

1X

RC

1X

C

1

C

iX

(57)

Na forma matricial, o espaço de estados referente a segunda etapa de operação do

conversor é apresentado por:

)t(u

RC

V

RC

V0

0

L

V

X

X

X

X

X

RC

1

RC

1

C

100

RC

1

RC

1000

L

10000

0000C

1

000L

10

X

X

X

X

X

B2

B

BB

B

1

CC

5

4

3

2

1

B2B22

BBBB

2

1

1

5

4

3

2

1

,

(58)

5

4

3

2

1

X

X

X

X

X

00100Y ,

(59)

111

onde u(t) é a função degrau unitário que representa a energização do sistema.

Na terceira etapa de operação do conversor, as chaves S2 e S3 entram em condução,

deixando S1 e S4 bloqueadas. Novamente, é realizada a análise de malhas do circuito

equivalente, apresentado na Figura 52.

L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

iL2

VCC

L1

iL1 iC2

iCB

VB

CB

RB

iC1

Figura 52:Circuito equivalente da terceira etapa de operação do conversor no modo de carga.

De acordo com o circuito equivalente, as equações levantadas para essa etapa são

semelhantes a primeira etapa de operação do conversor. Dessa maneira, o modelo em espaço

de estados é definido pelas equações (60) e (61), que possuem os mesmos parâmetros

apresentados pelas equações (46) e (47) referentes a primeira etapa, assim:

)t(u

RC

V

RC

V0

0

L

V

X

X

X

X

X

RC

1

RC

1

C

100

RC

1

RC

1000

L

100

nL

10

00Cn

10

C

1

000L

10

X

X

X

X

X

B2

B

BB

B

1

CC

5

4

3

2

1

B2B22

BBBB

22

11

1

5

4

3

2

1

,

(60)

5

4

3

2

1

X

X

X

X

X

00100Y .

(61)

O mesmo ocorre para a quarta etapa de operação, onde a chave S3 é bloqueada enquanto

a chave S2 é colocada em condução, conforme apresentado na Figura 53.

112

L2

C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

iL2 iCB

VB

CB

RB

iC2

VCC

L1

C1

iL1 iC1

Figura 53: Circuito equivalente da quarta etapa de operação do conversor no modo de carga.

Devido a quarta etapa de operação do conversor apresentar o mesmo equacionamento

da segunda etapa, a representação em espaço de estados é dada por:

)t(u

RC

V

RC

V0

0

L

V

X

X

X

X

X

RC

1

RC

1

C

100

RC

1

RC

1000

L

10000

0000C

1

000L

10

X

X

X

X

X

B2

B

BB

B

1

CC

5

4

3

2

1

B2B22

BBBB

2

1

1

5

4

3

2

1

,

(62)

5

4

3

2

1

X

X

X

X

X

00100Y .

(63)

Após analisar de maneira individual cada etapa de operação do conversor, o modelo

médio surge da média ponderada de cada um dos modelos obtidos. É considerado que cada uma

das quatro etapas podem ser representadas pelo modelo genérico em espaço de estados, da

seguinte forma:

XCY

BXAX

1

11 )t(u

, (64)

XCY

BXAX

2

22 )t(u,

(65)

113

XCY

BXAX

3

33 )t(u,

(66)

XCY

BXAX

4

44 )t(u.

(67)

Conforme apresentado na subseção (4.1.1), as etapas 1 e 3 devem ocorrer por um tempo

igual a tON, sendo ponderadas no modelo médio pela variável D/2. As etapas 2 e 4 ocorrem por

um tempo igual a tOFF, e são ponderadas por 1/2-D/2. Dessa forma o modelo médio é

representado por:

)t(u BXAX ,

XCY ,

(68)

onde:

)

2

D

2

1(

2

D)

2

D

2

1(

2

D4321 AAAAA , (69)

)

2

D

2

1(

2

D)

2

D

2

1(

2

D4321 BBBBB , (70)

)

2

D

2

1(

2

D)

2

D

2

1(

2

D4321 CCCCC . (71)

O modelo obtido é chamado de modelo médio para grandes sinais, visto que representa

o comportamento do conversor como um todo, apresentando como resposta a dinâmica

transitória do conversor assim como seus valores médios em regime permanente. Para validar

o modelo em espaço de estados, o mesmo foi simulado através do software Matlab, onde foram

comparados os resultados experimentais, modelo e circuito simulado através do PSIM. As

simulações do modelo são realizadas com uma razão cíclica definida em 0,47 para uma corrente

de carga das baterias igual a 0,85 A. Experimentalmente, a razão cíclica do conversor foi

definida como 0,49 de maneira a compensar as perdas do circuito e resultar na mesma corrente

de 0,85 A. Os ensaios foram realizados com a bateria descarregada, apresentando uma tensão

igual a 54 V, portanto para o modelo e simulações é considerado que VB = 54 V. O resultado é

apresentado pela Figura 54, onde é verificado que a resposta do modelo médio em espaço de

estados se comporta de maneira semelhante a resposta transitória do conversor e do circuito

simulado.

114

0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,040

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Tempo (s)

Co

rren

te d

e c

arg

a d

as

Bate

rias

(A)

Resultado Experimental

Simulação do Circuito - PSIM

Simulação do Modelo - MATLAB

Resposta ao degrau de 0,47 da razão cíclica do conversor

Figura 54: Comparação entre a resposta transitória de grandes sinais do modelo médio em espaço de estados com

os resultados experimentais e simulação do circuito para o modo de carga das baterias.

De acordo com o resultado apresentado pela Figura 54, é validado o modelo médio em

espaço de estados para o modo de carga, visto que este assume os valores médios da resposta

experimental do conversor, assim como ocorre em relação ao circuito simulado pelo PSIM.

Para a obtenção do modelo foi considerado que o filtro C1, do lado do barramento CC,

está carregado com uma tensão igual a 230 V, evitando assim a dinâmica da ressonância entre

C1 e L1. O mesmo aconteceu na obtenção dos resultados experimentais, visto que primeiramente

a tensão do barramento CC é regulada para 230 V e posteriormente são ativados os sinais de

acionamento do conversor.

Para fins de projeto de controle, o modelo obtido foi simplificado, desconsiderando a

capacitância C1 assim como o indutor L1. Essa consideração é necessária porque permite definir

uma função de transferência que representa o conversor sem a interferência das condições

iniciais desses filtros. Por representar uma dinâmica muito lenta a capacitância CB também foi

desconsiderada de modo a resultar em um modelo simples de segunda ordem. A mesma

análise das etapas de operação foi realizada para o circuito simplificado, obtendo-se novamente

o modelo médio em espaço de estados. Na Figura 55, são comparadas as respostas do modelo

médio em espaço de estados com o sistema simplificado de segunda ordem – considerando

apenas iL2 e VC2 como variáveis de estado –, onde verifica-se que ambas apresentam respostas

semelhantes

115

0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,040

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Tempo (s)

Co

rren

te d

e c

arg

a d

as

Bate

rias

(A)

Resposta ao degrau de 0,47 da razão cíclica do conversor

Modelo médio em espaço de estados

Função de transferência simplificada

Figura 55: Comparação entre o Modelo médio em Espaço de Estados e a Função de Transferência simplificada de

GA(s).

Após validar o modelo obtido é necessário observar que o modelo médio depende não

apenas dos parâmetros do circuito, mas também do ponto de operação em que o conversor está

operando. Neste sentido é necessário avaliar o comportamento do modelo sob diferentes níveis

de tensão das baterias, que apresenta variações durante seu processo de carga e dessa forma

exige que o conversor trabalhe em diferentes pontos de operação.

Para avaliar o modelo obtido ao longo da curva de carga das baterias o conversor

também foi simulado para uma tensão de carga igual a 70 V, próxima a máxima tensão de carga

das baterias. Assim a razão cíclica do conversor foi definida como 0,61 para resultar na corrente

de 0,85 A. A Figura 56 apresenta a resposta do modelo médio para os diferentes pontos de

operação do conversor. Em ambos os casos o modelo médio se comportou de maneira adequada

representando corretamente o conjunto formado por conversor e baterias.

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,0400

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

54,00

54.05

54,10

54,15

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

70,00

70,05

70,10

70,15

Tempo (s)Tempo (s)

Corr

ente

de

carg

a (A

)T

ensã

o d

as B

ater

ias

(V)

Ten

são

das

Bat

eria

s (V

)

Simulação do Circuito - PSIM

Simulação do Modelo - MATLAB

Co

rren

te d

e ca

rga

(A)

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040

0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040

(b)(a)

Simulação do Circuito - PSIM

Simulação do Modelo - MATLAB

Simulação do Circuito - PSIM

Simulação do Modelo - MATLAB

Simulação do Circuito - PSIM

Simulação do Modelo - MATLAB

Resposta ao degrau de 0,47 da razão cíclica do conversor Resposta ao degrau de 0,61 da razão cíclica do conversor

Figura 56: Resposta do modelo médio ao longo da curva de carga das baterias; a) considerando as baterias com

uma tensão de carga igual a 54 V; b) considerando as baterias com uma tensão de carga igual a 70 V.

116

Para a implementação do projeto de controle da carga do banco de baterias é necessário

notar que o modelo médio em espaço de estados depende das variáveis VCC e VB, sob as quais

não se tem ação de controle. Neste sentido o modelo obtido não é interessante para o projeto

dos controladores de carga do banco de baterias. Para definir um modelo adequado ao projeto

de controle é necessário realizar uma manipulação matemática apropriada no modelo médio do

conversor. O objetivo é representá-lo em função da razão cíclica D, sendo assim, possível

realizar uma modulação PWM para implementar o controle do conversor.

A análise matemática realizada na subseção seguinte resulta na obtenção do chamado

modelo de pequenos sinais. Esse modelo é obtido em torno de um ponto de operação, tendo

como variável de entrada uma grandeza associada a manipulação da razão cíclica, sendo assim,

adequado para o projeto dos parâmetros do controlador.

6.2.1.1 Modelo de pequenos sinais para o conversor no modo de Carga

O modelo médio de pequenos sinais para um conversor qualquer é definido seguindo a

metodologia apresentada por Erikson e Maksimovic (2001), onde o conversor é analisado

aplicando-se uma perturbação sobre as variáveis de estado do sistema.

As equações (72)-(75) representam o resultado das variáveis perturbadas, onde X, Y, U

e D são constantes associadas ao ponto de operação do sistema e x , y , u e d são as perturbações

aplicadas ao sistema.

xXX ˆ, xX ˆ ;

(72)

yYY ˆ , yY ˆ ; (73)

uUU , uU ; (74)

dDD , dD ; (75)

Para a obtenção do modelo de pequenos sinais considera-se que o modelo médio do

conversor pode ser representado de maneira simplificada por

)t(u)D1()D()D1()D( 2121 BBXAAX ,

XCCY 21 )D1()D(

(76)

117

visto que as matrizes A3 e A4 são iguais a A1 e A2 e D é a razão cíclica que leva o conversor ao

ponto de operação desejado.

Aplicando as perturbações x , y , u e d sobre as variáveis de estado em (76), obtém-se:

,uU)]dD1()dD([ˆ)]dD1()dD([ˆ 2121 BBxXAAxX

xXCCyY 21ˆ)]dD1()dD([ˆ .

(77)

Expandindo os termos da equação (77), tem-se:

)ˆdˆDˆdD()ˆdˆDdD(

)ˆuuDuUdUDU()uduDUdUD(

)ˆdˆDˆdD()ˆdˆDdD(

xxxXXXCxxXXC

xBB

xxxXXXAxxXXA

21

21

21

. (78)

Considerando que o produto entre duas perturbações é pequeno o suficiente para ser

desprezado, os termos apresentados em (78) são simplificados e fornecem:

dˆ)D1(D)D1(D

dUu)D1(DU)D1(D

dˆ)D1(D)D1(D

XCCxCCXCC

BBBBBB

XAAxAAXAA

212121

212121

212121

. (79)

Do conjunto de equações presente em (79) é possível deduzir o modelo em espaço de

estados representado por

dUuˆˆ 2121 BBXAABUBxAXAxX ,

dˆDˆ XCCxCCyY 21,

(80)

sendo A, B e C definidos nas equações (69), (70) e (71).

A partir do conjunto de equações (80) é definida a matriz Bs como

U 2121s BBXAAB . (81)

Para o prosseguimento da análise é considerado na equação (82) que em regime

permanente as matrizes que representam valores constantes, assim como X, possuem derivada

igual a zero. Dessa forma, é possível definir o valor de X em regime permanente, e

consequentemente BS.

118

UU0 1 BAXBXA . (82)

Para simplificar o modelo considera-se que a entrada U não deve sofrer variações em

regime permanente, dessa forma o termo û deve ser igual a zero, resultando no espaço de estados

referente ao modelo de pequenos sinais, dado por

,dˆˆ

xCy

BxAx s

(83)

A partir da equação (83), é observado que o modelo em espaço de estados depende da

entrada d que representa uma variação na razão cíclica do conversor, sendo assim adequado

para o projeto de controle.

Para comprovar a validade do modelo, inicialmente o conversor foi simulado com razão

cíclica igual 0,47, resultando em uma corrente de carga igual a 0,85 A em regime permanente.

Após atingir o ponto de operação é aplicada uma perturbação de 0,001 sobre a razão cíclica do

conversor, levando a corrente de carga para 1,7 A. Ensaio semelhante foi realizado em

laboratório, com o objetivo de comparar a resposta do conversor com as simulações realizadas.

Do resultado apresentado pela Figura 57 é observado que o modelo médio de pequenos

sinais apresenta resposta semelhante ao resultado experimental, assim como ao circuito

simulado. A partir desse resultado é verificada a validade do modelo.

0,050 0,100 0,150

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

0,750 0,125 0,175

Tempo (s)

Resposta a uma variação de 0,001 sobre a razão cíclica do conversor

Co

rren

te d

e c

arg

a d

as

Bate

rias

(A)

Resultado Experimental

Simulação do Circuito - PSIM

Simulação do Modelo - MATLAB

0,0

Figura 57: Comparação entre a resposta do modelo de pequenos sinais com os resultados experimentais e

simulação do circuito para uma perturbação sobre a razão cíclica do conversor no modo de carga das baterias.

119

Da equação (83), que define o modelo de pequenos sinais, é obtida a função de

transferência (84), adotada para a realização do projeto de controle para o processo de carga

das baterias.

1082

132L

A1033,1s10773,1s

10549,2s143750

)s(d

)s(i)s(G

. (84)

6.2.2 Modelo do conversor para o modo de Descarga

Para definir o modelo do conversor no modo de descarga, novamente são analisadas

de maneira individual cada etapa de operação do conversor. Para esse modo de operação,

novamente o objetivo é definir o modelo de pequenos sinais através da obtenção do modelo

médio em espaço de estados.

A análise do conversor se inicia no semiciclo positivo, no momento em que as chaves

S7 e S6 estão em condução. Na saída do conversor, com a ausência do barramento CC, é

considerada a presença de uma carga qualquer, representada por RO. Para simplificação da

análise, não serão consideradas variações no estado de carga das baterias, sendo assim é tomado

que a tensão da bateria é constante e igual a VB. O circuito equivalente da primeira etapa de

operação é apresentado pela Figura 58.

L1 L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

iL1 iL2

iC1

VB

RB

iCB

iC2

RO

Figura 58:Circuito equivalente da primeira etapa de operação do conversor no modo de descarga.

Da análise nodal e de malhas do circuito equivalente são obtidas as seguintes relações:

O1L1C1L RiVV , (85)

n

VVV 1C

2C2L (86)

120

1L

2L1C i

n

ii ,

(87)

2L

B

2CB2C i

R

VVi

.

(88)

Na forma de variáveis de estados, as equações de malhas do circuito são escritas através

das equações

1L1 iX 2

1

1

1

O

1

1L1 X

L

1X

L

R

L

VX

, (89)

1C2 VX 3

1

1

11

1C2 X

Cn

1X

C

1

C

iX

, (90)

2L3 iX 4

2

2

22

2L3 X

L

1X

nL

1

L

VX

, (91)

2C4 VX

B

B2

4

B2

3

22

2C4 V

RC

1X

RC

1X

C

1

C

iX

. (92)

O modelo em espaço de estados é dado por

B

B24

3

2

1

B22

22

11

1

4

3

2

1

V

RC

10

0

0

X

X

X

X

RC

1

C

100

L

10

nL

10

0Cn

10

C

1

00L

10

X

X

X

X

,

(93)

4

3

2

1

X

X

X

X

0010Y . (94)

Na segunda etapa de operação do conversor a chave S2 é colocada em condução,

resultando no circuito equivalente apresentado na Figura 59.

121

L1 L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

iL1

iL2

iC1

VB

RB

iCB

iC2

RO

Figura 59: Circuito equivalente da segunda etapa de operação do conversor no modo de descarga.

Nesse modo de operação, as equações do conversor são alteradas visto que não há mais

a influência direta da tensão das baterias para o barramento CC. Dessa forma, são obtidas as

equações:

O1L1C1L RiVV , (95)

n

VV 2C

2L , (96)

1L1C ii , (97)

2L

B

2CB2C i

R

VVi

. (98)

Para a obtenção do modelo médio, as equações de malha foram novamente colocadas

na forma de variáveis de estado. Assim,

1L1 iX 2

1

1

1

O

1

1L1 X

L

1X

L

R

L

VX

, (99)

1C2 VX 1

11

1C2 X

C

1

C

iX

, (100)

2L3 iX 4

22

2L3 X

L

1

L

VX

, (101)

2C4 VX B

B2

4

B2

3

22

2C4 V

RC

1X

RC

1X

C

1

C

iX

. (102)

122

Estas equações fornecem o modelo em espaço de estados da segunda etapa de operação

do conversor que é dado por

B

B24

3

2

1

B22

2

1

11

O

4

3

2

1

V

RC

10

0

0

X

X

X

X

RC

1

C

100

L

1000

000C

1

00L

1

L

R

X

X

X

X

,

(103)

4

3

2

1

X

X

X

X

0010Y .

(104)

No semiciclo negativo de operação do conversor, a chave S2 volta a ser bloqueada e as

chaves S5 e S8 entram em condução aplicando uma tensão negativa nos enrolamentos do

transformador. O circuito equivalente é apresentado pela Figura 60.

L1 L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

iL1iL2

iC1

VB

RB

iCB

iC2

RO

Figura 60: Circuito equivalente da terceira etapa de operação do conversor no modo de descarga.

Semelhante a primeira etapa referente ao semiciclo positivo, o modelo em espaço de

estados apresentado pelas equações (105) e (106), é equivalente ao modelo das equações (93)

e (94).

123

)t(u

RC

V0

0

0

X

X

X

X

RC

1

C

100

L

10

nL

10

0Cn

10

C

1

00L

1

L

R

X

X

X

X

B2

B

4

3

2

1

B22

22

11

11

O

4

3

2

1

,

(105)

4

3

2

1

X

X

X

X

0010Y .

(106)

Em um último momento, a quarta etapa de operação do conversor no modo de descarga

é apresentada pela Figura 61, onde a chave S4 entra em condução.

L1 L2

C1 C2

S1 S3

S4S2

S5 S7

S8S6

n:1

iL1 iL2

iC1

VB

RB

iCB

iC2

RO

Figura 61: Circuito equivalente da quarta etapa de operação do conversor no modo de descarga.

Novamente, devido a essa etapa ser similar a segunda etapa do semiciclo positivo, é

representada pelo modelo em espaço de estados das equações (107) e (108), equivalente as

equações (103) e (104).

)t(u

RC

V0

0

0

X

X

X

X

RC

1

C

100

L

1000

000C

1

00L

1

L

R

X

X

X

X

B2

B

4

3

2

1

B22

2

1

11

O

4

3

2

1

,

(107)

124

4

3

2

1

X

X

X

X

0010Y .

(108)

Para definir o modelo médio do conversor no modo de descarga, deve ser considerado

que as matrizes A1 e A3 referentes a primeira e a terceira etapa de operação são ponderadas por

1/2-D/2, enquanto as matrizes A2 e A4 devem ser ponderadas por D/2. Assim as matrizes que

definem o modelo médio do conversor em espaço de estados são dadas por:

2

D)

2

D

2

1(

2

D)

2

D

2

1( 4321 AAAAA , (109)

2

D)

2

D

2

1(

2

D)

2

D

2

1( 4321 BBBBB , (110)

2

D)

2

D

2

1(

2

D)

2

D

2

1( 4321 CCCCC . (111)

Do modelo médio de grandes sinais, o conversor é representado na forma da equação:

)t(u BXAX ,

XCY ,

(112)

onde u(t) representa a energização do sistema através da tensão VB do banco de baterias.

O modelo obtido foi simulado através do Matlab com o objetivo de confrontar sua

resposta com a simulação do circuito realizada através do software PSIM. As simulações foram

realizadas considerando os parâmetros do circuito apresentados no início do capítulo pela

Tabela II.

Para comprovar a validade do modelo, a Figura 62 apresenta a comparação entre os

resultados obtidos através do PSIM e Matlab para uma razão cíclica igual a 0,48.

125

Tempo (ms)

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,20

50

100

150

200

250

300

Ten

são

no b

arr

am

en

to C

C

Resposta ao degrau de 0,48 da razão cíclica do conversor

Simulação do Circuito - PSIM

Simulação do modelo - MATLAB

Figura 62: Comparação entre as simulações realizadas para o circuito e modelo médio do conversor no modo de

descarga; a) Circuito simulado através do software PSIM; b) Modelo médio simulado através do Matlab.

Para o modo de descarga, não foram levantados os resultados experimentais do

conversor em malha aberta devido a sua resposta transitória apresentar níveis elevados de

tensão, o que não é adequado para os semicondutores e demais componentes do sistema.

Entretanto, de acordo com o resultado apresentado pela Figura 62 é possível observar que o

modelo levantado assume os valores médios do circuito simulado, assim como o esperado.

Neste sentido, ambos os sistemas simulados apresentam o mesmo comportamento visto que

resultam na mesma resposta transitória e assumem o mesmo valor médio em regime

permanente.

Para validar experimentalmente o modelo obtido foram feitos ensaios no conversor em

relação a variações sobre a razão cíclica do conversor. Dessa maneira é possível comprovar o

modelo médio de pequenos sinais para o conversor no modo de descarga. Uma vez que o

modelo de grandes sinais dado por (112) não evidencia a variável controlável D, não pode ser

utilizado para o projeto de controle. Assim, novamente se faz necessária obtenção do modelo

de pequenos sinais para representar o conversor.

6.2.2.1 Modelo de pequenos sinais para o conversor no modo de Descarga

A partir da dedução do modelo médio para pequenos sinais realizada para o modo de

carga, tem-se que um conversor qualquer pode ser representado por

126

,dˆˆ

xCy

BxAx s

(113)

onde Bs para esse caso é

U 2121s BBXAAB . (114)

Com o objetivo de representar o sistema através de uma função de transferência, a partir

do modelo de pequenos sinais para o modo de descarga representado pelas equações (113) e

(114) é definida a função de transferência (115), adotada para o desenvolvimento do projeto de

controle que visa realizar a regulação da tensão no barramento CC.

2117213384

231921436

CCB

10633,2s10007,2s10171,2s10774,1s

10267.8s10059.5s104,695s10647,2

)s(d

)s(V)s(G

. (115)

Pelo modelo médio de pequenos sinais, o conversor foi simulado com uma razão cíclica

igual a 0,40. Para essa condição a tensão de saída é igual a 200 V. Após um período de 1,50 ms

é aplicada uma perturbação sobre a razão cíclica do conversor com o valor de 0,08 levando a

tensão do barramento CC para 230 V. De maneira semelhante o conversor foi ensaiado em

laboratório com os mesmos pontos de operação. O resultado é apresentado na Figura 63, que

confronta a resposta das simulações com o resultado experimental do conversor em malha

aberta.

Tempo (ms)

Ten

são

do B

arr

am

en

to C

C (

V)

1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8

190

200

210

220

230

240

Resultado Experimental

Simulação do Circuito - PSIM

Simulação do Modelo - MATLAB

Resposta a uma variação de 0,08 sobre a razão cíclica do conversor

Figura 63: Comparação entre a resposta do modelo médio de pequenos sinais com os resultados experimentais e

simulação do circuito para o modo de descarga das baterias.

127

Comparado as respostas do circuito simulado e modelo médio de pequenos sinais com

o resultado experimental do conversor em malha aberta é possível observar que ambos os

sistemas simulados – circuito e modelo médio de pequenos sinais – apresentaram resposta

transitória similar ao resultado experimental, verificando a validade do modelo obtido.

6.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

Através da abordagem do modelo médio em espaço de estados o conversor foi modelado

para os diferentes modos de operação, de acordo com o estado de operação do barramento CC.

Tanto para a carga, quanto para a descarga das baterias foram levantados os modelos de grandes

e pequenos sinais que representam a dinâmica do conversor para ambos os casos.

Para a carga das baterias a partir do modelo de pequenos sinais foi definida uma função

de transferência de segunda ordem que representa a dinâmica do conversor. O modelo

simplificado é adotado pelo fato de que ao desconsiderar a presença dos filtros do lado do

barramento CC, é excluído o efeito das condições iniciais do sistema. Dessa maneira torna-se

possível representar o sistema através de uma função de transferência, que posteriormente é

adotada para a realização do projeto de controle, como objetivo controlar a corrente de carga

das baterias.

Para o caso da descarga, novamente foi obtido o modelo de pequenos sinais,

considerando como variável a ser controlada a tensão do barramento CC. Em ambos os modos

de operação o conversor foi ensaiado, confrontando modelos e simulações, com os resultados

experimentais em malha aberta.

128

7. PROJETO DO SISTEMA DE CONTROLE E RESULTADOS

EXPERIMENTAIS EM MALHA FECHADA

A partir dos modelos do conversor apresentados no capítulo anterior, pode-se realizar o

projeto de controle do sistema. O objetivo é controlar a corrente e tensão de carga das baterias,

assim como a tensão do barramento CC. O controle correto da tensão e corrente de carga garante

que o conversor mantenha as baterias operando de acordo com as indicações do fabricante. Em

relação à descarga, em casos de falha na fonte primária de energia, o conversor deve atuar na

regulação da tensão do barramento CC.

7.1 DESCRIÇÃO DO SISTEMA

O desenvolvimento do projeto de controle do conversor bidirecional se baseia na

estrutura de apresentada pela Figura 64.

Conversor CC-CC Bidirecional

Banco

de B

ateriasB

arr

amen

to C

C

Controle e regulação

do Barramento CC

Modulador PWM

Referência de Tensão

Condicionamento

de Sinais

Controle de carga do

Banco de Baterias

Referência de Tensão

Condicionamento

de Sinais

L1

C1

L2

C2Cb

Microprocessador

Referência de Corrente

Identificação do estado de

operação do Barramento CC

Figura 64: Estrutura de controle do sistema de carga e descarga do banco de baterias.

Inicialmente deve-se identificar o estado de operação do barramento CC definindo os

modos de operação do conversor e suas malhas de controle. Em condições normais de operação

do barramento, o conversor atua no controle dos níveis de tensão e corrente inseridos no banco

129

de baterias. Na ocorrência de falhas no fornecimento de energia, o conversor opera

descarregando as baterias e realizando a regulação da tensão do barramento CC.

Em relação barramento CC as leituras de tensão e corrente são realizadas através de

sensores de efeito hall, garantindo a isolação do sistema. Através do nível de tensão e sentido

da corrente no conversor, deve-se identificar o estado de operação do barramento e definir o

modo de operação do conversor, ou seja, carga ou descarga do banco de baterias. Para a leitura

da corrente de carga das baterias também utilizou-se sensor de efeito hall, enquanto a leitura da

tensão é realizada de forma diferencial.

Do lado do barramento CC é verificada a adição de um capacitor Cb, necessário para

estabelecer o barramento em casos de falhas da fonte primária. A capacitância Cb juntamente

com cargas conectadas ao barramento emulam a possível conexão de um inversor de tensão ao

conversor CC-CC. Essa situação é de interesse pensando na conexão do sistema de

armazenamento de energia a rede.

De modo a definir o valor de Cb, é utilizada a metodologia proposta por Felgemacher et

al. (2014), que estabelece o valor da capacitância a partir da definição da ondulação de tensão

(ΔV) permitida ao barramento. Assim Cb é projetado por meio da equação (116):

VVf2

PC

CCr

Ob

, (116)

onde PO é a potência de saída do conversor e fr é a frequência da rede CA.

Tomando como critério de projeto o valor de 11,5 V de ondulação de tensão – de modo

a estabelecer uma variação máxima de 5% na tensão no barramento – e 60 Hz como frequência

da rede CA, da equação (116) é definido o valor de Cb como 22 uF. PO é tomado como a potência

nominal do conversor (200 W).

Para a implementação dos controladores de forma digital, inicialmente os modelos da

planta foram analisados de modo a definir os parâmetros dos controladores. O projeto dos

controladores, análise e detalhes de implementação do sistema em malha fechada são

apresentado na sequência.

130

7.2 PROJETO DE CONTROLE PARA O MODO DE CARGA

Como apresentado no decorrer do Capítulo 2, os métodos de carga das baterias se

baseiam no controle da tensão ou corrente de carga. Neste sentido, o projeto de controle do

conversor depende da estratégia de carga e dos níveis de tensão e corrente adotados para esse

processo. Para o caso em estudo é definido que em uma etapa inicial a carga das baterias seja

realizada com a inserção de uma corrente constante; posteriormente, com o objetivo de evitar

situações de sobrecarga, é utilizada uma etapa de carga por tensão, onde o controlador deve

regular a tensão do banco de baterias.

De acordo com as especificações do fabricante e curvas de carga das baterias utilizadas

no protótipo, para a implementação do método de carga o conversor deve atuar mantendo a

corrente das baterias em 1,7 A até a mesma atingir uma tensão máxima igual a 2,28 V por célula

(CBS, 2017). Sendo o banco de baterias formado por 5 baterias de 6 células, a tensão final de

carga deve ser igual a 68,40 V.

Após atingir o valor de tensão indicado, o conversor atua com o objetivo de mantê-la

constante enquanto a corrente das baterias decresce até atingir a carga total (CBS, 2017). Esse

processo é ilustrado pela Figura 65.

Tempo (h)

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Ten

são

de

Car

ga

( V

)

Co

rren

te d

e C

arg

a (

A)

2,1

1,4

0,7

4,2

3,5

2,854

64

59

69

49

44iBAT

VBAT

Figura 65: Processo de carga das baterias, para a implementação do projeto de controle.

De acordo com a curva apresentada na Figura 65, o conversor opera com dois modos de

controle, onde em um primeiro momento tem como objetivo seguir uma referência constante

para a corrente de carga e em um segundo seguir uma referência constante de tensão. Para

simplificar a implementação do projeto do controlador é considerado que em ambos os casos o

sistema pode ser representado pela função de transferência GA(s), dada por (84), entretanto,

131

para o controle da tensão a função de transferência é ponderada por um ganho referente a

resistência interna das baterias, isto é,

)s(d

)s(V

)s(d

)s(iR BBB

. (117)

Dada a função de transferência GA(s), são analisados os polos do sistema, a partir dos

quais o controlador é projetado. O objetivo é comparar o valor da corrente de carga das baterias

com um valor de referência, anulando o erro em regime permanente. Da equação (84) verifica-

se que o sistema possui polos em -75,014 e -1,77299 . 108, além de um zero em -1,773217

. 108 de acordo com lugar das raízes apresentado pela Figura 66.

107-18 -16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0

106

-1,5

-1

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

0,992

0,992

2,5e+07

0,998

0,998

0,999

5e+07

0,999

7,5e+07

1

1

1e+08

1

1

1,25e+081,5e+08

1

1

1

1

1

1

Lugar das Raízes de GA(s)

Eixo Real (s-1)

Eix

o I

mág

inár

io (

s-1)

Figura 66: Lugar das raízes da função de transferência GA(s).

Inicialmente, para zerar o erro em regime permanente – considerando que a entrada é

um degrau da razão cíclica – a estratégia adotada foi inserir um polo na origem do sistema, o

que garante que a corrente de carga das baterias siga determinado valor de referência com erro

nulo em malha fechada.

A inserção do polo na origem modifica o lugar das raízes da planta, que dependendo do

ganho do controlador fornece regiões no lugar das raízes que implicam em sobressinal no

sistema em malha fechada. Assim, para zerar o erro em regime permanente e eliminar o

sobressinal é escolhida como estratégia de controle o uso de um controlador do tipo PI

(Proporcional e Integral), conforme a função de transferência apresentada por (118).

132

s

)K

Ks(

Ks

KK)s(G P

I

PI

PPI

.

(118)

Escolhendo o zero do controlador PI sobre o polo -75,014 é possível reestabelecer o

lugar das raízes da planta, que assume forma semelhante ao sistema original, evitado possíveis

problemas de sobressinal. O resultado é apresentado pela Figura 67, que mostra o lugar das

raízes do sistema compensado com o controlador PI.

107-18 -16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0

106

-2

-1

0

1

2

0,99

0,99

2,5e+07

0,998

0,998

0,999

0,999

5e+07

1

1

7,5e+071e+08

1

1

1,25e+081,5e+08

1

1

1

1

1

1

Lugar das Raízes do Sistema GA(s) Compensado

Eixo Real (s-1)

Eix

o I

mág

inár

io (

s-1)

Figura 67: Lugar das raízes de GA(s) compensado pela a inserção do controlador PI.

A inserção da parcela proporcional também é necessária para compensar a velocidade

de resposta do sistema. Para definir os ganhos do controlador, primeiramente, é escolhido o

ganho proporcional KP, o qual foi definido como 0,001 para manter o polo em malha fechada

próximo à origem sob o eixo real. O ganho KI da equação (118) é definido como 0,07501

considerando o zero do controlador em -75,01. Com a inserção do controlador os polos

dominantes do sistema em malha fechada se encontram em -143,7763 e -75,0141, comprovando

a estabilidade da planta.

Reescrevendo a equação (118) na forma de (119), é definida a função de transferência

do controlador PI, isto é:

s

07501,0001,0

s

KK)s(G I

PPI . (119)

A partir da definição da função de transferência do controlador, o sistema foi simulado

através do Matlab, onde foram comparadas as respostas em frequência e transitória do sistema

original em malha aberta com as respostas do sistema compensado em malha fechada.

133

A Figura 68 apresenta o diagrama de Bode do sistema em malha aberta sem

compensação e após a compensação com o controlador PI. Observa-se que ambas as respostas

apresentam margem de ganho infinita, margem de fase igual a 90º para o sistema compensado

e 180º para o sistema sem compensador, o que garante que o sistema é estável em malha

fechada. Esse resultado é coerente com o lugar das raízes visto anteriormente, que apresenta

todos os polos no semiplano esquerdo do eixo complexo.

-50

0

50

100 101 102 103 104-90

-45

0

Diagrama de Bode: GA(s) não compensada

Fas

e (

deg

)M

ag

nitu

de (

dB

)

Frequência (rad/s)

-50

0

50

100 101 102 103 104-90

-45

0

Diagrama de Bode: GA(s) compensada

Fas

e (

deg

)M

ag

nitu

de (

dB

)

Frequência (rad/s)

(b)

(a)

Figura 68: Comparação entre o Diagrama de Bode do sistema GA(s) em malha aberta; a) sistema em malha aberta

não compensado; b) sistema compensado pelo controlador PI.

A verificação do sistema em malha fechada, ilustrada pela Figura 69, mostra que o

sistema compensado apresenta ganho 0 dB e fase zero nas baixas frequências, indicando que o

sistema é capaz de seguir uma referência constante com erro nulo, assim como o especificado

para o projeto.

134

-40

-20

0

100 101 102 103 104-90

-45

0

Fas

e (

deg

)M

agn

itud

e (

dB

)

Frequência (rad/s)

-40

-20

0

100 101 102 103 104-90

-45

0

Fas

e (

deg

)M

ag

nitu

de (

dB

)

Frequência (rad/s)

Diagrama de Bode: GA(s) não compensada

Diagrama de Bode: GA(s) compensada

(b)

(a)

Figura 69: Comparação entre o Diagrama de Bode do sistema GA(s) em malha fechada; a) sistema em malha

fechada não compensado; b) sistema compensado pelo controlador PI.

Para verificar a resposta transitória do sistema compensado utilizou-se o Matlab para

simular o sistema em malha fechada para uma entrada do tipo degrau. Nessa simulação foram

comparadas as respostas do sistema em malha fechada com a resposta de GA(s) não compensada

para uma corrente de referência igual a 1,7 A. O resultado apresentado pela Figura 70 mostra

que o sistema em malha fechada convergiu para a referência sem sobressinal, comprovando que

o sistema controlado se comporta conforme o projetado.

135

0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,120

0,4

0,8

1,2

1,6

2,0

Tempo (s)

Co

rren

te d

e c

arg

a d

as

bate

rias

(A

)

GA(s) não compensado em malha aberta

GA(s) compensada em malha fechada

Resposta do controle de carga em malha fechada para uma referência de 1,7 A

Figura 70: Resposta do sistema GA(s) compensado para uma referência de 1,7 A para a corrente de carga das

baterias.

Para a implementação da malha de controle por tensão é considerado que a função de

transferência para a tensão das baterias pode ser expressa pela equação (119) ponderada por RB.

Como o valor de RB é menor do que um, o ganho proporcional do controlador para a malha de

tensão é reduzido, tornando o sistema mais lento, entretanto, como essa não é uma característica

de interesse para o modo de carga o mesmo controlador será utilizado a fim de simplificar o

projeto de controle. Essa afirmação é comprovada pela resposta da tensão de carga em malha

fechada apresentada na Figura 71 onde o sistema foi simulado para uma referência de 68,4 V,

máximo valor da tensão de carga das baterias.

0 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60

68,20

68,25

68,30

68,35

68,40

Resposta do controle de carga em malha fechada para uma referência de 68,40 V

Tempo (s)

Ten

são

de

carg

a d

as b

ater

ias

(V)

GA(s) não compensada em malha aberta

GA(s) compensada em malha fechada

Figura 71: Resposta do sistema GA(s) compensado para uma referência de 68,4 V para a tensão de carga das

baterias.

136

7.3 PROJETO DE CONTROLE PARA A REGULAÇÃO DO BARRAMENTO CC

Em relação ao controle do barramento CC, se tratando de um sistema que envolve

inversor de tensão, fontes de geração e conversor CC-CC para armazenamento de energia, em

uma situação normal de produção e da rede elétrica, é de responsabilidade do inversor realizar

a regulação da tensão do barramento, cabendo aos conversores relacionados com as fontes

primárias extrair a máxima potência da geração e carregar o banco de baterias. No caso de falha

da rede CA a responsabilidade pelo controle do barramento passa a ser do conversor CC-CC

conectado as baterias, dessa forma é permitido que as fontes primárias continuem operando no

ponto de máxima potência.

Para o controle da tensão do barramento CC é de interesse que o sistema apresente

resposta rápida e sem sobressinal, assim como erro zero em regime permanente. Essas

características garantem que o conversor atue de maneira correta na regulação do barramento,

mantendo a tensão constante e igual a 230 V.

A partir da função de transferência GB(s), dada pela equação (115) – que representa o

conversor atuando no modo de descarga – tem-se os polos do sistema em -1,7730 . 108, -

1,13 . 105 e um par de polos conjugados em -4.404,12 ±j . 10.547,24. O lugar das raízes é

apresentado pela Figura 72.

104-12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2

104

-2

-1

0

1

2

30,45

2e+04

0,72

0,72

4e+04

0,85

6e+04

0,92

8e+04

0,96

1e+05

0,998

0,992

0998

0,992

0,98

Lugar das Raízes de GB(s)

Eixo Real (s-1)

Eix

o I

mág

inár

io (

s-1)

0,450,850,920,960,98

Figura 72: Lugar das raízes da função de transferência GB(s).

137

É necessário notar que a presença do zero no semiplano direito pode levar o sistema à

instabilidade; o polo -1,7730 . 108 assim como o zero -1,773049 . 108, não são ilustrados por

estarem posicionados muito longe da origem.

Seguindo a mesma metodologia adotada anteriormente para o projeto do controlador do

modo de carga, inicialmente é inserido um polo na origem do sistema a fim de zerar o erro em

regime permanente. É necessário também eliminar o efeito dos polos conjugados mais

próximos da origem, que causam sobressinal na resposta transitória do sistema em malha aberta.

Por esse motivo, é adotada como estratégia de controle a utilização de um controlador do tipo

PID (Proporcional – Integral - Derivativo), por apresentar dois zeros e um polo na origem. Isto é:

s

K

Ks

K

KpsK

sKs

KK)s(G

D

I

D

2

D

DI

PPI

.

(120)

Escolhendo os zeros do controlador PID em -4.404,12 ±j . 10.547,24, para cancelar os

polos complexos da planta, o lugar das raízes é alterado conforme apresentado pela Figura 73.

Observa-se que, próximo da origem, os zeros do controlador anulam o efeito dos polos

complexos conjugados de GB(s), reduzindo problemas de sobressinal.

104-14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0

104

-3

-2

-1

0

1

2

3

0,35

0,35

2e+04

0,62

0,62

0,78

4e+04

0,78

0,88

6e+04

0,88

8e+04

0,935

0,935

1e+05

0,966

0,997

0,986

0,966

0,986

0,97

Lugar das Raízes do Sistema GB(s) Compensado

Eixo Real (s-1)

Eix

o I

mág

inár

io (

s-1)

Figura 73: Lugar das raízes de GB(s) compensado.

Sem o efeito dos polos conjugados complexos é possível – através da definição do ganho

derivativo do controlador – manter os polos em malha fechada do sistema sobre o eixo real,

resultando em um sistema sem sobressinal e com erro nulo em regime permanente devido à

presença do integrador. Dessa maneira, o ganho derivativo do controlador foi escolhido para

resultar em um tempo de resposta menor que 10 ms, sendo assim definido como 3,00 . 10-8 de

acordo com o lugar das raízes analisado pelo Matlab. O resultado é a função de transferência

138

do controlador PID dada por (121), que leva o sistema a apresentar como polo dominante em

malha fechada -422,37.

s100,3s

3,9190,0002642

s

10306,1s8808s100,3)s(G 8

828

PI

. (121)

Após a realização do projeto de controle é analisada a resposta em frequência do sistema

em malha aberta sem compensação e após a compensação do controlador PID.

Fas

e (

deg

)M

agnitude (

dB

)

Frequência (rad/s)

0

100

102 103 104 105 106 107 108 1090

180

360

-100

Fas

e (

deg

)M

agnitude (

dB

)

Frequência (rad/s)

0

100

102 103 104 105 106 107 108 1090

180

360

-100

Diagrama de Bode: GB(s) não compensada

Diagrama de Bode: GB(s) compensada

(b)

(a)

Figura 74: Comparação entre o Diagrama de Bode do sistema GB(s) em malha aberta; a) sistema em malha aberta

não compensado; b) sistema compensado pelo controlador PID.

Conforme o diagrama de bode apresentado pela Figura 74-a, observa-se que a resposta

do sistema não compensado apresenta margem de fase negativa igual a -86,20º e margem de

ganho igual a -50,30 dB, sendo assim instável em malha fechada. Após a compensação do

sistema, a resposta na Figura 74-b apresenta uma margem de fase igual a 88,40º e uma margem

139

de ganho igual a 31,50 dB, tendo assim um aumento significativo em suas margens de

estabilidade.

A Figura 75 apresenta o diagrama de bode do sistema em malha fechada, onde é

observado que sistema é capaz de seguir a referência constante com erro nulo.

-100

-50

0

50

101 102 103 104 105 106 107 108 109-180

0

180

360

Fas

e (

deg

)M

ag

nitu

de (

dB

)

Frequência (rad/s)

-100

-50

0

50

101 102 103 104 105 106 107 108 109-180

0

180

360

Fas

e (

deg

)M

ag

nit

ud

e (

dB

)

Frequência (rad/s)

Diagrama de Bode: GB(s) não compensada

Diagrama de Bode: GB(s) compensada

(b)

(a)

Figura 75: Comparação entre o Diagrama de Bode do sistema GB(s) em malha fechada, com o sistema em malha

fechada compensado pelo controlador PID.

Novamente, para comprovar o resultado do projeto de controle, através do Matlab é

verificada a resposta transitória do sistema compensado. Para esse caso foi aplicado ao sistema

uma variação de 0,08 sobre a razão cíclica do conversor, adotada inicialmente como 0,40. Este

ensaio foi realizado considerando que o projeto de controle deve atuar em uma região próxima

a tensão nominal do barramento, assim é possível comparar as respostas transitórias do sistema

compensado e não compensado.

140

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016 0,018 0,02

200

210

220

230

240

250

Resposta em malha fechada para uma referência de 230 V

Tempo (s)

Ten

são

do b

arr

am

en

to C

C (

V)

GA(s) não compensada em malha aberta

GA(s) compensada em malha fechada

Figura 76: Resposta transitória do sistema GB(s) compensado para uma referência de 230 V.

Do resultado apresentado pela Figura 76 é verificado que o sistema em malha fechada

não apresenta sobressinal, atingindo o valor de referência em um tempo de aproximadamente

10 ms, enquanto o sistema não compensado apresenta um tempo de estabilização igual 0,78 ms.

O tempo de resposta mais lento do sistema com controlador é justificado pela dinâmica do

barramento CC, que por apresentar valores elevados de capacitância, resulta em transitórios

lentos, exigindo maiores quantidades de energia para serem compensados.

A resposta transitória e em regime estacionário presente na Figura 76, mostra que o

controlador foi projetado de maneira correta, atendendo todas as especificações do projeto,

mantendo a tensão do barramento constante de acordo com o valor de referência e sem

sobressinal durante o período transitório. Ao reduzir o tempo de resposta do conversor é

possível evitar possíveis problemas relacionados com saturação da ação de controle, tornando

viável a implementação do controlador, sem a aplicação de técnicas Anti-Windup.

7.4 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO DE CONTROLE

Após o projeto dos controladores analógicos para os modos de carga e descarga das

baterias, é necessário implementar o sistema de controle, que foi realizado utilizando-se o

microcontrolador Delfino F283777S.

Conforme apresentado anteriormente no diagrama da Figura 64, para realizar o

processamento digital de sinais inicialmente o microcontrolador deve identificar o estado de

141

operação do barramento CC e a partir dessa informação definir o modo de operação do

conversor, assim como suas malhas de controle. Essa etapa inicial de decisão é realizada de

acordo com a medição da corrente e tensão do barramento CC, de onde é possível identificar a

direção do fluxo de potência no conversor. Neste sentido, é necessário realizar a instrumentação

das correntes e tensões em ambos os lados do conversor.

Para a medição das correntes de interesse a estratégia adotada foi a utilização de sensores

de efeito Hall, onde foram escolhidos os sensores ACS712 do fabricante Allegro

MicroSystems. As medições das tensões foram realizadas de forma diferencial do lado do banco

de baterias e através de sensor de efeito Hall no lado do barramento, de forma a manter a

isolação do conversor.

Para realizar a leitura da tensão do banco de baterias foi adotado o circuito apresentado

pela Figura 77, que utiliza um amplificador de instrumentação na configuração diferencial. Os

resistores de ganho do amplificador foram escolhidos a fim de resultar em um ganho unitário.

No lado das baterias é aplicado um divisor resistivo na tensão de entrada VBAT, formado por R1

e R2. O objetivo é realizar a leitura da tensão em uma escala reduzida, aproximadamente cem

vezes menor que o valor da tensão das baterias.

Na saída do amplificador tem-se um filtro passa-baixas projetado para atenuar as altas

frequências do sinal, visto que apenas o valor médio da leitura é de interesse para o projeto de

controle. Os valores de R7 e C1 do circuito presente na Figura 77 foram calculados para uma

frequência de corte de aproximadamente 10 kHz.

100 kΩ

100 kΩ 100 kΩ

100 kΩ

10 kΩ 120 Ω

150nF DZ

985 kΩ

VBAT

VO

+

_

_

+

R1

R2

R3

R4

R5 R6

R7

C1

Figura 77: Circuito de instrumentação para a leitura da tensão no lado das baterias.

Para realizar a leitura de tensão do lado do barramento CC é utilizado o sensor de efeito

Hall no lugar do divisor resistivo, o que garante a operação do conversor de forma isolada. O

142

sensor escolhido foi o LV-25P, que possui uma corrente nominal de entrada igual a 0,010 A e

corrente de saída igual a 0,025 A para tensões de até 500 V.

Considerando 300 V como máximo valor de tensão do sistema, do lado de alta tensão

foi utilizado um resistor R1 igual a 75 kΩ/2 W. O resultado é uma corrente de entrada igual a

0,004 A, quando aplicada ao sensor a tensão de 300 V. Para esse caso, a corrente do lado da

instrumentação é igual a 0,01 A. Para o lado de baixa tensão do sensor, o resistor R2 foi

escolhido como 300 Ω/ 0,25 W, resultando novamente em uma leitura em escala reduzida, cem

vezes menor que a tensão do barramento. O circuito de instrumentação é apresentado pela

Figura 78.

100 kΩ

100 kΩ 100 kΩ

100 kΩ

300 Ω 120 Ω

150nF DZ

VCC

VO

+

_

_

+

R1

R2

R3

R4

R5 R6

R7

C1

75 kΩ

LV-25P

Figura 78: Circuito de instrumentação para a leitura da tensão no lado do barramento CC.

Em ambos os casos apresentados, a presença do diodo zenner DZ em paralelo com a

tensão de saída se faz necessária para regular a tensão VO, que é limitada em um valor máximo

de 3,3 V, de acordo com o nível máximo de tensão aceito pelo microcontrolador. O diodo zenner

foi escolhido para simplificar a instrumentação ao evitar a utilização de um saturador

implementado com amplificadores operacionais. Como ambas as leituras de tensão – do

barramento CC e do banco de baterias – não atingem valores negativos, não foi necessário a

adição de offset no sinal.

Para a leitura da corrente tem-se o circuito apresentado pela Figura 79. Os sensores de

efeito hall ACS712 apresentam uma leitura proporcional a 66 mV/A, para uma faixa de leitura

de 0 a 5 V. Devido a capacidade do sensor de ler correntes negativas, o mesmo possui um offset

igual 2,5 V que representa o valor de 0 A. Para tornar o sinal do sensor adequado à leitura do

microcontrolador utilizou-se um divisor resistivo que limita a leitura entre 0 a 3 V, resultando

em uma em escala de 39,60 mV/A.

143

Ip+

Ip-

VCC

Viout

C1

5 V

1 nF

100 kΩ

120 Ω R1

ACS712

VO

_

+

Filter

GND

Figura 79: Circuito de instrumentação para a leitura das correntes no barramento CC e baterias.

A partir do condicionamento dos sinais de tensão e corrente do conversor, para o projeto

de controle ser implementado de maneira digital é necessário realizar a discretização dos

controladores projetados no início do capitulo. Com o auxílio do Matlab, as funções de

transferências dos controladores analógicos foram discretizadas por meio da aproximação

trapezoidal e escritas na forma de equações de diferenças, permitindo assim serem

implementadas em um microcontrolador.

Após a obtenção dos parâmetros do controlador digital, a resposta do sistema em malha

fechada foi simulada através do software PSIM e posteriormente validada com os resultados

experimentais.

7.5 RESULTADOS DE SIMULAÇÃO DO PROJETO DE CONTROLE

O sistema de controle foi implementado no software PSIM de acordo com o diagrama de

blocos apresentado pela Figura 80.

CPI(z) PWM G(s)

S(s)Q(z)

Referência

Controlador

Digital

Modulador

PWMPlanta

Sensor e

Condicionamento

de SinaisQuantizador

PROCESSAMENTO DIGITAL

Figura 80: Diagrama de blocos da implementação do projeto de controle.

O controlador digital foi implementado utilizado o bloco C, que executa a leitura dos

sinais de interesse e através da comparação com o valor de referência, realiza o controle e

144

acionamento do conversor. Para simplificação do projeto de controle, a dinâmica do sensor de

corrente, assim como do circuito de instrumentação foram desprezadas, sendo consideradas

como um ganho unitário no sistema em malha fechada.

De acordo com o diagrama de blocos da Figura 80, inicialmente o conversor foi

simulado para o modo de carga considerando diferentes valores de referência para a corrente

das baterias e para o máximo valor da tensão de carga.

O resultado apresentado pela Figura 81-a mostra que o circuito simulado se comportou

de maneira coerente com o especificado pelo projeto de controle, atingindo o valor de referência

sem sobressinal ou erro em regime permanente. Em relação a tensão das baterias presente na

Figura 81-b, o resultado mostra pequenas variações com o aumento da corrente de carga, assim

como esperado devido a dinâmica de carga das baterias, que se opõe a variações bruscas de

tensão.

Para validar o resultado do projeto de controle, também foram verificados os sinais de

erro assim como a ação de controle, calculados pelo processador digital de sinais. Os resultados

são apresentados pelas Figura 81-c e 81-d respectivamente. Não havendo saturação da ação de

controle é possível concluir que o controlador é implementável.

145

-1,5

-0,75

0,00

0,75

0,5931

0,5932

0,5933

0,5934

Tensão de carga das baterias

0,24 0,26 0,28 0,3 0,32 0,34 0,36 0,38 0,40

66,0

67,0

68,0

69,0

(b)

Sinal de erro

0,24 0,26 0,28 0,3 0,32 0,34 0,36 0,38 0,40

(c)

Sinal da ação de controle

0,24 0,26 0,28 0,3 0,32 0,34 0,36 0,38 0,40

(d)

Tempo (s)

Corrente de carga das baterias em malha fechada

0,24 0,26 0,28 0,3 0,32 0,34 0,36 0,38 0,40

0,5

1,0

1,5

2,0

(a)

Figura 81: Resultado de simulação do projeto de controle em malha fechada para a carga das baterias: a)

Comparação entre o sinal de referência e corrente de carga das baterias b) Sinal de erro calculado; c) Sinal da ação

de controle.

Para o controle da tensão de carga o conversor foi simulado para valores próximos da

tensão das baterias em plena carga, conforme ocorre durante o processo de carregamento das

baterias onde o controlador deve regular a tensão do banco em um valor próximo a 68,4 V.

Como indicado no desenvolvimento do projeto de controle, o ganho representado pela

resistência interna da bateria faz com que a resposta da malha de controle de tensão fique mais

lenta do que a malha de controle da corrente de carga, entretanto, do resultado presente na

Figura 82-a conclui-se que os mesmos ganhos do controlador podem ser utilizados para regular

146

a tensão de carga das baterias, visto que novamente a resposta do conversor atinge o valor de

referência sem sobressinal.

No que diz respeito a corrente de carga, a Figura 82-b mostra que quando o controlador

atua sobre a tensão das baterias, a corrente apresenta uma elevação significativa com pequenas

variações de tensão, neste sentido é necessário evitar transitórios elevados de tensão durante o

processo de carga.

68,1

68,2

68,3

68,4

0,35 0,40 0,45 0,50 0,55 0,60 0,65 0,70 0,75 0,800

0,5

1,0

1,5

0,3 0,35 0,40 0,45 0,50 0,55 0,60 0,65 0,70 0,75 0,80

Tensão de carga das baterias em malha fechada

(b)

Tempo (s)

Corrente de carga das baterias

(a)

Figura 82: Resultado de simulação da resposta transitória da tensão de carga das baterias em malha fechada; a)

Comparação entre o sinal de referência e tesão de carga; b) Corrente de carga.

No modo de descarga, para o controle da tensão do barramento, o conversor foi simulado

para dois casos distintos. Inicialmente, foram considerados diferentes valores de referência em

torno da tensão nominal do barramento CC. Posteriormente, a carga de saída foi variada,

alterando os níveis de potência processadas pelo conversor. Ambos os ensaios são importantes

para evidenciar a operação do controlador em relação a resposta transitória e regulação da

tensão do barramento CC em malha fechada.

Para verificar a resposta transitória do conversor em malha fechada no modo de

descarga, considerou-se diferentes valores para a tensão de referência de acordo com o resultado

apresentado pela Figura 83. Neste ensaio o conversor opera em sua potência nominal, sendo

conectada ao barramento uma carga de 200 W.

147

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08

200

220

240

-100

0

100

-50

0

50

0,2

0,4

0,6

(a)

Tensão do barramento CC em malha fechada

Sinal de erro

(d)

Tempo (s)

Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador

(b)

Sinal da ação de controle

(c)

0,01 0,03 0,05 0,07

0,00 0,02 0,04 0,06 0,080,01 0,03 0,05 0,07

0,00 0,02 0,04 0,06 0,080,01 0,03 0,05 0,07

0,00 0,02 0,04 0,06 0,080,01 0,03 0,05 0,07

Figura 83: Resultado de simulação da resposta transitória da tensão do barramento CC em malha fechada; a)

Tensão do barramento CC em malha fechada; b) Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador; c) Sinal

do erro calculado; d) Sinal da ação de controle.

Da Figura 83-a verifica-se que a inserção do controlador leva a tensão do barramento

para o valor de referência em aproximadamente 10 ms atuando próximo ao ponto de operação.

A resposta do conversor em malha fechada não apresenta sobressinal durante o período

transitório e segue os valores de referência sem erro em regime permanente, assim como

especificado pelo projeto do controlador.

Para evidenciar detalhes da operação do conversor, na Figura 83-b é apresentada a

tensão sobre o transformador no lado de baixa tensão. Nos enrolamentos do transformador

resulta uma tensão de valor médio igual a zero e amplitude igual a tensão do barramento,

148

refletida no lado de baixa tensão, dessa forma é evidente a operação do projeto de controle sobre

a razão cíclica do conversor.

A implementação do controlador é validada examinando as formas de onda do sinal de

erro e ação de controle apresentadas nas Figura 83-c e Figura 83-d. Novamente é possível

concluir que o controlador é implementado de maneira adequada, não havendo saturação da

razão cíclica.

Em um segundo momento, o conversor foi novamente simulado tomando como

referência a tensão nominal do barramento CC, isto é, 230 V. Na saída do conversor é variada

a carga conectada ao barramento de modo a verificar a atuação do controlador em relação a

regulação da tensão. A simulação foi realizada conectando e desconectando cargas de 150 Ω

em série com a uma carga de 264,5 Ω, referente a potência nominal do conversor.

0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0,22 0,24 0,26 0,28

200

250

300

0,5

0,7

0,9

-100

0

100

0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0,22 0,24 0,26 0,28

0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0,22 0,24 0,26 0,28

(a)

Tensão do barramento CC em malha fechada

Corrente no barramento CC

(b)

Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador

(c)

Tempo (s)

Figura 84: Resultado de simulação do projeto de controle da regulação da tensão do barramento CC; a) Tensão do

barramento CC em malha fechada; b) Corrente no barramento; c) Tensão sobre o lado de baixa tensão do

transformador.

149

Nas Figura 84-a e Figura 84-b são apresentadas a tensão e corrente do barramento CC,

comprovando a variação da impedância de saída e regulação da tensão do barramento pelo

projeto de controle do conversor. Novamente a tensão de saída atinge o valor de referência sem

sobressinal ou erro em regime permanente. Na Figura 84-c é apresentada a tensão sobre o

transformador, demonstrando a operação do conversor.

Verificando através das simulações o bom funcionamento do sistema de controle para

ambos os modos de operação do conversor, o mesmo foi implementado através do DSP Delfino

F283777S. Os resultados experimentais são apresentados e detalhados na seção seguinte.

7.6 RESULTADOS DE EXPERIMENTAIS DO PROJETO DE CONTROLE

Para validação do projeto de controle, o mesmo foi implementado através das equações

de diferença dos controladores declaradas no DSP. Através do osciloscópio, foram verificadas

as formas de onda da corrente e tensão de carga das baterias e posteriormente da tensão e

corrente do barramento CC durante a descarga. Os ensaios realizados foram semelhantes as

situações simuladas anteriormente no PSIM.

Inicialmente durante a carga das baterias, foram definidos diferentes valores de referência

para a corrente de carga de modo a verificar sua resposta transitória em malha fechada. Os

valores de referência foram escolhidos de acordo com as indicações do fabricante. Nesse ensaio,

o sistema de controle levou a corrente das baterias para o valor de referência, sem erro em

regime permanente, conforme o resultado ilustrado na Figura 85, onde são apresentadas a

corrente e tensão de carga das baterias. Esse resultado é coerente com o resultado da simulação

apresentada na Figura 81, onde o mesmo ensaio foi realizado. Em relação a tensão de carga,

como o esperado, a mesma não apresenta grandes variações mesmo com a alteração nos níveis

de corrente das baterias.

150

0,08 0,09 0,1 0,11 0,12 0,13

0,0

1,0

2,0

65

70

75

600,08 0,09 0,10 0,11 0,12 0,13

Corrente de carga das baterias em malha fechada

(a)

Tensão de carga das baterias

(b)

Tempo (s)

0,5

1,5

Figura 85: Resultado experimental do projeto de controle do conversor no modo de carga; a) corrente de carga das

baterias em malha fechada b) tensão de carga das baterias.

Validando a operação do projeto de controle, o banco de baterias foi carregado com uma

corrente constante. Devido ao tempo elevado de carga das baterias, que dificulta o levantamento

de suas curvas de carga pelo osciloscópio, para verificar a implementação do projeto de controle

foi utilizado o sistema de aquisição de dados NI USB-6259 da National Instruments. Os dados

coletados foram tratados e armazenados em ambiente LabVIEW, onde os sinais de tensão e

corrente são amostrados e exibidos em tempo real. Posteriormente, os mesmos foram

armazenados em forma de tabelas, utilizadas para a obtenção das curvas apresentadas pela

Figura 86, que representam o processo de carga das baterias.

Na etapa inicial de carga, as baterias recebem uma corrente constante igual a 1,7 A até

atingir a tensão máxima de carga, indicada pelo fabricante como 68,4 V. Nesse momento o

microcontrolador altera a malha de controle para seguir uma referência constante de tensão. A

mesma é mantida constante em 68,4 V, enquanto a corrente de carga decresce gradualmente até

a bateria ser carregada completamente.

151

10:30 10:45 11:00 11:15 11:30 11:45 12:00 12:15 12:3064

66

68

10:30 10:45 11:00 11:15 11:30 11:45 12:00 12:15 12:300,0

0,5

1,0

1,5

2,0Corrente de carga das baterias

Tensão de carga das baterias

(a)

(b)

Tempo (h)

65

67

Figura 86: Resultados experimentais das curvas de carga das baterias durante a alteração das malhas de controle;

a) Tensão de carga; b) Corrente de carga.

O resultado apresentado na Figura 86, mostra que durante o processo de carga por

corrente constante, a tensão da bateia se eleva até atingir o valor indicado pelo fabricante. A

partir desse ponto a tensão é regulada pelo sistema de controle enquanto a corrente é reduzida.

Através desse resultado é possível observar também a comutação correta dos controladores,

verificando que o sistema é capaz de atuar tanto no controle da corrente de carga, quanto na

regulação da tensão das baterias. A atuação correta do sistema de controle também pode ser

confirmada ao comparar o resultado experimental com as curvas teóricas de carga das baterias,

apresentadas pela Figura 47, visto que ambas apresentam formas similares.

Para a descarga das baterias, inicialmente é verificada a resposta transitória do conversor

em malha fechada, considerando diferentes valores de referência para a tensão do barramento

CC. Neste ensaio foram escolhidos como referência os valores de 200 V e 230 V, semelhante

a simulação apresentada pela Figura 83.

É verificado que a tensão do barramento atinge o ponto de operação em

aproximadamente 40 ms, sem sobressinal e com erro zero em regime permanente, de acordo

com o resultado apresentado pela Figura 87-a. Para comprovar a atuação do conversor na Figura

87-b é apresentada a tensão sobre os enrolamentos do transformador. Ambos os resultados são

coerentes com o resultado da simulação apresentado pela Figura 83 onde o mesmo ensaio foi

realizado.

152

0,04 0,08 0,12 0,16 0,20 0,24 0,28 0,32190

210

230

Tempo (s)

Tensão do barramento CC em malha fechada

-100

0

100

(a)

Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador

(b)

0,36

0,04 0,08 0,12 0,16 0,20 0,24 0,28 0,32 0,36

Figura 87: Resultado experimental do projeto de controle em malha fechada para a resposta transitória da tensão

do barramento CC; a) tensão sobre o barramento CC; b) tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador.

Para verificar a regulação da tensão do barramento CC o conversor foi ensaiado

operando em sua tensão nominal onde foi variada a carga conectada ao barramento. Semelhante

aos resultados de simulação apresentados pela Figura 84, no ensaio experimental foram

conectadas e desconectadas cargas ao barramento, variando a potência de saída entre 75 W a

200 W. Para a realização do ensaio foi utilizada a carga eletrônica programável 8526 do

fabricante BK Precision.

De acordo com os resultados experimentais apresentados pela Figura 88, novamente o

projeto de controle atua levando a tensão do barramento para o valor de referência, sem

sobressinal ou erro em regime permanente.

153

0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50200

220

240

0,4

0,6

0,8

1,0

-100

0

100

(a)

Tensão do barramento CC em malha fechada

Corrente no barramento CC

(b)

Tensão sobre o lado de baixa tensão do transformador

Tempo (s)

0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50

0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50

(c)

Figura 88: Resultado experimental do projeto de controle em malha fechada para a regulação da tensão do

barramento CC; a) tensão no barramento CC; b) corrente no barramento; c) tensão sobre o lado de baixa tensão do

transformador.

Na Figura 88-a é apresentada a tensão sobre o barramento CC, de onde é possível

comprovar que mesmo com variações significativas nos níveis de potência do conversor, não

ocorrem grandes variações de tensão no barramento, sendo medidos aproximadamente 15 V

máximos de elevação de tensão com a redução da carga e aproximadamente 20 V de

afundamento, no caso de inserção de carga conectada ao barramento. Essa é uma característica

de grande interesse para o projeto de controle pensando na possível conexão do conversor CC-

CC a um inversor de tensão. Ao obter baixas variações de tensão no barramento é possível

evitar índices de modulação elevados na operação do inversor, portanto o projeto de controle

se apresenta adequado para a regulação da tensão do barramento.

A variação da carga conectada ao barramento CC é evidenciada pela Figura 88-b que

apresenta os níveis de corrente presente no barramento. Em relação a operação do conversor na

154

Figura 88-c são verificadas variações nos níveis de tensão do transformador, provocadas pela

ação do projeto de controle sobre a razão cíclica do conversor.

7.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPITULO

Neste capítulo, os modelos do conversor foram utilizados para o projeto dos

controladores necessários para realizar a carga das baterias, assim como para a regulação da

tensão do barramento CC durante a descarga. Através da análise do lugar das raízes para ambos

os casos, foram escolhidos os parâmetros dos controladores. Os mesmos foram analisados de

acordo com sua resposta em frequência e transitória, verificando a coerência do projeto.

Após a definição dos parâmetros dos controladores, estes foram discretizados e

simulados através do PSIM para verificação prévia de seu funcionamento. No modo de carga

das baterias foram realizados testes em relação a resposta transitória da corrente de carga em

malha fechada. Durante a descarga, o projeto de controle foi analisado em relação a resposta

transitória da tensão do barramento, assim como para a regulação da tensão, onde foram

variadas as cargas conectadas ao barramento CC. Em ambos os modos de operação os

controladores apresentaram desempenho coerentes com o projetado.

Para validar a análise do sistema em malha fechada, a implementação dos controladores

foi realizada através do DSP Delfino F28377, a partir da qual foram obtidas as curvas de carga

das baterias, assim como os resultados experimentais do controle da tensão do barramento CC.

Em relação a carga das baterias, os controladores foram projetados considerando-se as

curvas de carga apresentadas pelo fabricante; neste sentido, duas malhas de controle são

utilizadas, uma regulando a corrente de carga e posteriormente, outra regulando a tensão. Os

resultados obtidos foram similares aos fornecidos pelas curvas teóricas de carga das baterias.

Para a descarga, o projeto de controle foi realizado considerando-se sistemas que envolvam

fontes de geração, inversores de tensão conectados à rede elétrica e baterias. Neste sentido, cabe

ao conversor CC-CC bidirecional regular a tensão do barramento em casos de falha da rede

elétrica. Os resultados obtidos garantem uma boa regulação do barramento CC mesmo sob

variações de carga.

155

8. CONCLUSÕES

Neste trabalho foi apresentado o desenvolvimento de um conversor de tensão CC-CC

com característica bidirecional e isolado para ser empregado em sistemas de backup e

principalmente, em sistemas de geração, tais como os fotovoltaicos que necessitam de

elementos acumuladores de energia para melhorar seu desempenho de despacho de potência.

O conversor desenvolvido faz a conexão entre o banco de baterias e um barramento CC

utilizado para inversores de tensão e controla o fluxo de potência durante os processos de carga

e descarga das baterias. O sistema opera adequando os níveis de tensão entre as baterias e

barramento CC para seus diferentes modos de operação. Devido as grandes diferenças de tensão

presente entre barramento e baterias, o conversor foi implementado de forma isolada, provendo

ao circuito maiores faixas de ganho de tensão, assim como aumenta segurança de operação das

baterias devido à isolação galvânica.

O projeto do conversor foi desenvolvido a fim de realizar a carga das baterias com uma

corrente ou tensão constante, enquanto na descarga atua elevando a tensão do banco de baterias

para os níveis adequados ao barramento CC. Devido as diferentes exigências presentes em

ambos os modos de operação do conversor, este foi concebido com características de fonte de

tensão do lado do barramento CC e como fonte de corrente do lado do banco de baterias. Essa

característica, juntamente com a relação de espiras do transformador garante ao conversor

maiores faixas de ganho e permite que se adote um valor fixo para a tensão do barramento CC.

Neste sentido a configuração proposta se mostra adequada por realizar a regulação da tensão

do barramento em um nível constante, fato que não ocorre em outras configurações

bidirecionais comumente encontradas na literatura.

Outra preocupação recorrente em configurações bidirecionais é a presença de circuitos

auxiliares de comutação. A configuração do conversor utilizada neste trabalho, foi analisada

em detalhes e proposta para ser implementada sem o uso de circuitos auxiliares. Para não

utilizar circuitos de grampeamento de tensão ou snubbers passivos, foram propostas técnicas

de modulação com o objetivo de reduzir as exigências sobre os semicondutores e transformador.

Devido a esse não ser um assunto devidamente abordado em outros trabalhos envolvendo

conversores bidirecionais, este resultado é de grande importância para esta pesquisa. Como

principal contribuição cientifica, quando comparadas com técnicas de comutação

156

convencionais, as modulações propostas apresentaram melhor resposta para o conversor

bidirecional, com um reduzido número de componentes envolvidos no circuito.

A partir das técnicas de modulação, as etapas de operação do conversor foram

analisadas, sendo apresentadas as metodologias para o cálculo dos filtros e transformador,

permitindo que o mesmo fosse construído e ensaiado em laboratório. Testes iniciais em malha

aberta foram realizados para as diferentes situações envolvidas na carga e descarga das baterias,

onde foi possível validar a implementação das modulações propostas e análise do conversor.

Para confirmar a metodologia de projeto dos filtros, as ondulações de tensão e corrente

pertinentes a cada um dos modos de operação foram verificadas e estas se mantiveram dentro

dos níveis especificados, corroborando o projeto dos filtros.

O conversor apresentou rendimento de 80,96 % durante a carga das baterias, onde

processa-se uma potência igual a 64,58 W. Para a descarga, operando em potência nominal,

obteve-se um rendimento de 89,50 %. O rendimento limitado do conversor durante o processo

de carga é resultado da reduzida potência processada, entretanto, também deve-se citar as

restrições de projeto, visto que os filtros precisam atender critérios de ondulação de tensão e

corrente para os diferentes modos de operação do conversor. Sendo assim não foi possível

otimizar o projeto dos filtros para a configuração bidirecional. Este problema também foi

enfrentado por outros trabalhos presentes na literatura.

Na etapa final de projeto, o conjunto conversor e banco de baterias foi modelado através

do modelo médio em espaço de estados. O mesmo foi validado experimentalmente através das

respostas transitórias de ambos os modos de operação do conversor. Com base nos modelos

obtidos, projetou-se o sistema de controle para os modos de carga e descarga, o que permitiu

realizar a regulação do barramento CC, assim como implementar os métodos de carga do banco

de baterias nos modos de corrente e tensão constante. A obtenção dos modelos também são

uma contribuição da pesquisa realizada, visto que permitem definir os parâmetros dos

controladores e incluem o modelo simplificado das baterias.

Para a carga das baterias o método de carga por corrente constante foi escolhido por

reduzir o tempo de carga. Em uma etapa final de carregamento uma malha de controle por

tensão foi implementada com o objetivo de evitar elevações de tensão nas baterias. Em sistemas

de geração que envolvem diferentes fontes de produção, é de interesse a implementação de

métodos de carga rápidos e que mantenham a vida útil das baterias conectadas ao barramento.

157

Os resultados obtidos demonstraram a capacidade do conversor de prover carga a corrente

constante com baixa ondulação bem como realizar a carga a tensão constante, ambas com

resultados satisfatórios.

Durante a descarga das baterias, novamente os controladores foram projetados pensando

no sistema de geração. Neste sentido cabe ao conversor bidirecional regular a tensão do

barramento durante falhas da rede elétrica. Foram verificadas as respostas do conversor em

malha fechada para a regulação da tensão do barramento assim como para a resposta transitória.

Em ambos os casos os resultados experimentais comprovaram a coerência do projeto dos

controladores, que mesmo sob variações significativas de carga mantém a tensão do barramento

CC devidamente controlada.

8.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para trabalhos futuros, sugerem-se pesquisas em relação aos seguintes temas:

Investigar se as distorções nas formas de onda das tensões do conversor no modo de

descarga podem reduzir a confiabilidade do sistema;

Investigar formas de construção dos elementos magnéticos que possam colaborar com

o aumento do rendimento do conversor, visto que esta é uma dificuldade comumente

encontrada na implementação de conversores bidirecionais;

Conexão do banco de baterias com rede elétrica CA a partir do projeto do inversor de

tensão. Estudar e analisar o comportamento do projeto de controle do conversor

bidirecional quando conectado ao inversor de tensão;

Integração do sistema com módulos fotovoltaicos e análise da operação do conversor

em situações reais de geração;

Conectar diversos bancos de baterias ao barramento CC por meio de conversores em

paralelo. A operação paralela de conversores bidirecionais permite estudos em relação

ao estado de carga das baterias, sendo a construção de equipamentos na forma de

módulos de grande interesse para a área de eletrônica de potência;

158

Projeto e implementação do conversor bidirecional para potências elevadas, com o

objetivo de confirmar a eficiência da configuração e modulações propostas neste

trabalho;

Implementar e comparar as técnicas de modulação apresentadas, com outras técnicas

presentes na literatura. A aplicação de diferentes estratégias de comutação em um

mesmo conversor colabora para consolidar ou não as modulações propostas;

Investigar meios de otimizar o projeto de instrumentação. Devido a implementação do

conversor de forma isolada e da necessidade de se utilizar sensor de efeito Hall para a

leitura da tensão do barramento, é de interesse estudar meios alternativos para a leitura

da tensão com objetivo de reduzir os custos agregados ao sistema.

159

9. PUBLICAÇÕES

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167

APÊNDICE A - PROJETO DOS ELEMENTOS MAGNÉTICOS

A.1 PROJETO DOS INDUTORES

A construção dos indutores se baseia na metodologia apresentada por Barbi (2006) e

Melo (1996), que a partir da lei de Faraday busca definir o tamanho do núcleo e o número de

espiras que resultam no indutor desejado. A lei de Faraday é detalha em Fitzgerald (2008) de

onde é possível deduzir a equação (122) que relacionada a tensão induzida v(t) com a variação

no tempo do fluxo magnético )t(φ , concatenado N vezes, isto é:

dt

)t(dN)t(v

. (122)

Igualando a equação (11) referente a tensão sobre um indutor qualquer, com a equação

(122), tem-se as expressões (123) e (124) que relacionam a indutância L com o fluxo

concatenado φΔ , sendo:

tN

t

iLV L

L

, (123)

NiL L . (124)

O fluxo magnético também pode ser expresso através densidade de fluxo (B) dada por

(125), onde Ae é a área efetiva do núcleo.

eAB

. (125)

Considerando que máximo valor de B é dado quando a corrente no indutor for igual a

corrente de pico (IPico), calcula-se o número de espiras da indutância através de (126):

eMax

Pico

AB

ILN

. (126)

Como a área Ae é dada em cm² o fator de correção 104 aparece na equação (127), onde

o número de espiras do indutor é calculado de maneira direta.

168

eMax

4

Pico

AB

10ILN

, (127)

Em um segundo momento é necessário definir o tamanho do núcleo para a construção

do indutor. Para esse caso parte-se da definição de densidade máxima de corrente (JMax) que

passa pelo indutor. Assim,

p

EficazaxM

A

INJ

, (128)

onde Ap é a área de ocupação do cobre. Reescrevendo a equação (128) em função de N obtém-

se (129),

Eficaz

wwaxM

I

AkJN

.

(129)

Considerou-se a relação:

w

p

wA

Ak ,

(130)

sendo Aw a área da janela disponível pelo núcleo.

Das equações (128) e (129) é definido obtém-se o produto Ae.Aw que define as

especificações do núcleo a ser utilizado. Dessa forma:

4

waxMaxM

EficazPicowe 10

kJB

IILAA

[cm4],

(131)

Por último, a construção do indutor exige a adição de um entreferro com o objetivo de

evitar a saturação do núcleo. A presença do entreferro permite que o indutor opere com maiores

níveis de corrente e seu tamanho está relacionado com a relutância do circuito magnético

(BARBI, 2006). De acordo com Barbi (2006) a indutância pode ser expressa como:

g

e0

2

E

2

l

AN

R

NL

[cm],

(132)

onde 0 é uma constante igual a permeabilidade do ar (7104 ), RE é a relutância do

entreferro e lg é o entreferro. Isolando lg tem-se:

169

2e0

2

g 10L

ANl

.

(133)

Para a escolha dos condutores, Barbi (2006) afirma que devido ao efeito pelicular, o

condutor não deve possuir diâmetro superior a 2Δ, sendo Δ dado por:

f

5.7 ,

(134)

onde f é a frequência da corrente que passa pelo condutor. A área do condutor (SCond) é calculada

por:

Max

EficazCond

J

IS , (135)

que relaciona a corrente eficaz (IEficaz) do condutor, com a densidade de corrente (JMax) no

material. A partir dessa definição o número de condutores em paralelo é calculado pela relação

entre a área necessária do condutor e a área limitada pelo efeito pelicular (SSkin), isto é,

Skin

CondCond

S

Sn . (136)

A.1.1 Projeto do indutor L1

Para a construção do indutor L1 (2,16 mH) considera-se que a máxima corrente que

circula pelo barramento é igual a uma corrente eficaz de 0,87 A e a corrente de pico igual a

0,876 A de acordo com os resultados de simulação para o modo de descarga das baterias.

Da equação (132) é definido o produto AeAw, considerando um fator de utilização de

0,7 e densidade de corrente igual a JMax = 450 A/cm². Como critério de projeto é definido que o

valor de BMax = 0,3 T, devido as propriedades magnéticas dos núcleos de ferrite (BARBI, 2006).

Assim:

17,010

)7,0(²)cm/A450()T3,0(

)A876,0()A87,0()mH16,2(10

kJB

IILAA 44

waxMaxM

EficazPico

we

170

De acordo com o resultado apresentado pela equação (131) foi selecionado o núcleo E-

30/14/07 do fabricante Thornton Eletrônica por apresentar Ae ∙Aw = 1,02 cm4

, Ae = 1,20 cm² e

Aw = 0,85 cm².

Utilizando a equação (127) calcula-se o número de espiras, isto é,

553,54

²)cm2,1)(T3,0(

10)87,0()mH16,2(

AB

10ILN

4

eMax

4

Pico

.

O entreferro é obtido através do uso da equação (133). Assim,

cm019,010

)mH16,2(

²)cm2,1()104()54(10

L

ANl 2

722e0

2

g

Para a escolha dos condutores, é considerado que a frequência da forma de onda da

corrente sobre ambos os indutores é igual ao dobro da frequência de comutação. Nesse caso,

assume-se que o diâmetro máximo dos condutores deve ser inferior a 0,047 cm, calculado pela

equação (134). Assim os indutores foram construídos a partir dos condutores 26-AWG, que

apresenta diâmetro de 0,04 cm e área com isolação igual a 0,001671 cm².

Para uma corrente eficaz igual a 0,87 A, o indutor L1 deve ser construído utilizando-se

condutores com uma área total igual a 0,002 cm². Como resultado tem-se um total de dois

condutores para a construção do indutor L1.

A partir dessa definição é necessário calcular a área de ocupação efetiva dos condutores,

a fim de verificar a possibilidade de execução do projeto. Através da relação entre a área

ocupada pelos condutores (Ap) e o fator de ocupação kw define-se a área da janela ocupada:

414,0

7,0

56²)cm20,001671(

k

AA

w

p

w

.

Como a janela disponível pelo núcleo é igual a 0,85 cm² conclui-se que o projeto é

executável.

171

A.1.2 Projeto do indutor L2

Para o indutor L2 (1,44 mH) considera-se que a corrente eficaz no indutor é igual a 3,95

A e que a corrente de pico é igual a 4,05 A, de acordo com o resultado da simulação realizada

para a descarga das baterias.

Seguindo o mesmo processo realizado anteriormente, da equação (131) define-se o

produto Ae ∙Aw, que é igual a 2,44 cm4

. Por esse motivo, inicialmente o núcleo escolhido foi o

núcleo E-42/15 que apresenta Ae ∙Aw = 2,84 cm4, Ae = 1,81 cm² e Aw = 1,57 cm² (THORNTON,

2015).

A área necessária para os condutores utilizados na construção do indutor L2 é igual a

0,009 cm² resultando no total de 5 condutores 26-AWG, que deveriam formar 108 espiras, com

um entreferro calculado igual a 0,18 cm. Entretanto, a verificação da possibilidade de execução

do projeto resultou em uma área de ocupação igual a 1,95 cm², que é maior do que a área da

janela disponível pelo núcleo (1,57 cm²). Para esse caso, deve ser escolhido um núcleo maior,

próximo ao valor do Ae ∙Aw desejado.

Refazendo o projeto com o núcleo E-42/20 tem-se uma área Ae = 2,4 cm² e Ae ∙Aw =

2,284 cm4. O número de espiras resultante é igual a 81 e o valor do entreferro é igual a 0,244

cm.

De acordo com os resultados do projeto para o indutor L2, é possível verificar um grande

aumento no volume do núcleo do indutor ao comparado com L1 que possui uma indutância

maior. Essa característica é explicada pela alta densidade de corrente presente em L2.

Apesar do indutor ser projetado para o pior caso de ondulação de corrente, que ocorre

durante a carga das baterias, onde os níveis de corrente são reduzidos, o mesmo deve suportar

a maior corrente de descarga para atender ambos os modos de operação do conversor. Neste

sentido é justificável o aumento do núcleo usado na construção do indutor L2. O mesmo ocorre

na construção do indutor L1 que originalmente foi projetado para a carga das baterias.

Entretanto, também deve suportar as correntes de descarga.

Ambos os indutores foram construídos em laboratório e ensaiados com o auxílio do

medidor de impedâncias LCR Meter 4263B do fabricante Agilent. Através das medições

realizadas o indutor L1 apresentou um valor de indutância de 2,14 mH com resistência CC igual

172

a 0,026 Ω. Para o indutor L2 foram verificados os valores de indutância de 1,48 mH e resistência

de 0,032 Ω.

A.2 PROJETO DO TRANSFORMADOR

O projeto do transformador se baseia em princípios semelhantes aos apresentados para

o cálculo dos indutores. No caso do transformador deve ser considerada a operação do

conversor na descarga das baterias visto que se deseja obter a menor indutância de dispersão

possível no lado de baixa tensão do transformador. O objetivo é reduzir os problemas

relacionados com a operação do conversor alimentado por corrente.

Como a relação que descreve dependência da tensão sobre o transformador (VT) com o

número de espiras (N) e a variação do fluxo magnético (Δ ) pode ser expressa em função da

densidade de fluxo magnético (B), é obtida a equação (137):

t

ABN

tNV e

T

. (137)

Rearranjando a equação (137) para evidenciar o número de espiras tem-se

e

TAB

tVN

.

(138)

Para a descarga das baterias, a tensão sobre o transformador é igual VCC/n, durante uma

proporção de tempo igual a (1-D)∙T. Assim a equação (138) pode ser escrita como

e

CC

ABfn

)D1(VN

. (139)

O número de espiras também pode ser escrito em função da densidade máxima de

corrente, apresentada anteriormente na equação (129). Para o caso dos transformadores a

relação Ap = Aw∙kw também deve incluir um fator de ocupação proporcional ao enrolamento de

alta tensão. Esse fator é chamado de kp. Assim Ap = Aw∙kw∙kp e a equação (129) torna-se

Eficaz

pwwaxM

Eficaz

paxM

I

kkAJ

I

AJN

.

(140)

173

Igualando as equações (138) e (140) é obtido o produto we AA que define o núcleo do

transformador. Dessa forma:

pwaxM

EficazTwe

kkJB

ItVAA

,

(141)

que utilizando (139), fornece

pwaxM

4

EficazCCwe

kkJBfn

10I)D1(VAA

,

(142)

onde novamente o fator 104 coloca o produto Ap = Aw∙kw em cm².

Para o projeto do transformador são considerados kw = 0,4, kp = 0,35 e JMax = 300 A/cm²,

conforme os valores indicados por Mello (1996) para transformadores aplicados em

conversores em Ponte-Completa e Meia-Ponte. Em relação ao ΔB será considerado o valor

igual a BMax (0,3 T), devido ao fato de que a corrente no transformador é simétrica (BARBI,

2002).

Como fator de segurança o projeto do transformador é realizado para uma potência

maior do que a nominal. Para esse caso foram escolhidos 250 W, resultando em uma corrente

eficaz igual a 4,9 A, para a tensão de entrada de 51 V.

Da equação (142) define-se:

44

pwMax

4

EficazCCwe cm03,4

)35,0()4,0(²)cm/A300()kHz50(2

10)A9,4()556,01()V230(

kkJBn

10I)D1(VAA

f. (143)

Como resultado, tem-se a escolha do núcleo E-51/21 com Ae∙Aw = 8,85 cm4. Para o

transformador não deve ser adicionado entreferro, de acordo com a indicação de Barbi (2002).

Dessa forma é possível se obter maiores valores para a indutância de magnetização do

transformador.

O número de espiras do transformador é definido de maneira direta pela equação (140),

resultando em 10 espiras para o enrolamento de baixa tensão e 20 para o enrolamento de alta

tensão, de acordo com a relação de transformação especificada pelo projeto (2:1).

Os condutores escolhidos para a construção do transformador foram os condutores 24-

AWG utilizando 5 fios em paralelo para o enrolamento de baixa tensão e 2 fios para o

174

enrolamento de alta tensão, de acordo com as equações (134), (135), (136) e os condutores

disponíveis.

Para o transformador considera-se que a área ocupada pelos enrolamentos é dada pela

equação (144), onde Np e Ns são os números de espiras dos enrolamentos primário e secundário

respectivamente. Os parâmetros np e ns representam o número de fios dos enrolamentos

primário e secundário respectivamente. Como resultado é verificado a possibilidade de

execução do projeto, visto que a área disponível pela janela do núcleo é igual a 3,54 cm².

²cm69,0

4,0

2205100,002586

k

nNsnNpAA

w

spp

w

. (144)

Após a construção do transformador o mesmo foi ensaiado através do LCR Meter

4263B, resultando em uma relação de transformação de 1,955: 1; coerente com o que foi

projetado. A partir da construção dos elementos magnéticos, o conversor foi construído e

ensaiado a fim de verificar as análises e resultados de simulação apresentados no decorrer do

trabalho.