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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA CURSO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN ELTON DE OLIVEIRA RODRIGUES DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIO UTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS VOLTA REDONDA 2011

DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

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trabalho de conclusão de curso

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Page 1: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN

ELTON DE OLIVEIRA RODRIGUES

DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIO UTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

VOLTA REDONDA 2011

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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN

DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIO UTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Design do UniFOA, como requisito à obtenção do título de bacharel em Design de Produto. Aluno: Elton de Oliveira Rodrigues Orientador: Moacyr Ennes Amorim

VOLTA REDONDA

2011

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DEDICATÓRIA

A DEUS, por tudo providenciar.

AOS FAMILIARES, meu porto seguro de

todos os momentos.

AOS AMIGOS, fonte eterna da recarga de

minhas baterias.

AOS PROFESSORES, por sua

dedicação, parceria e confiança em minha

capacidade.

Page 4: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Fizdecontas, na pessoa de

Maria Inês Lavinas por todos os

esforços dispensados para a

conclusão do projeto, aproximando a

teoria da prática do empreendedorismo

social. Aos professores e profissionais

da instituição que colaboraram com

ideias, opiniões, críticas e sugestões

ao projeto, em especial o orientador

Moacyr Ennes Amorim e o técnico

Paulo Ricardo Alves. Agradeço

também a todos os que colaboraram

com o fornecimento de materiais para a

execução do modelo.

Page 5: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso tem por tema o “Desenvolvimento de

uma linha de mobiliário utilizando como base materiais reutilizáveis”. Como elemento

de estudo projetual, foi definido como peça a ser desenvolvida um acento. O projeto

objetiva o desenvolvimento de uma peça que possa ser utilizada como fonte de

renda para um negócio social, tendo como cliente o microempreendimento social

Fizdecontas (Barra do Piraí-RJ). A metodologia projetual baseia-se nas

considerações de Bruno Munari que engloba as seguintes etapas: levantamento e

analise de dados (onde foram obtidas informações acerca do ecodesign,

sustentabilidade e o usuário, projetos similares, estudos ergonômicos, normas

técnicas e materiais disponíveis), síntese e geração de alternativas. As opções

projetuais desenvolvidas na fase de geração de alternativas tinham como matérias

primas: folhas de polionda descartadas pela Peugeout Citroen e garrafas PET. O

produto recebeu ainda uma identidade visual, manual e embalagem, sendo

nomeado como LEVPET.

Palavras-chave: produto; acento; reutilização; garrafa pet; polionda.

Page 6: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 13

3 OBJETIVO ............................................................................................................. 21

3.1 Objetivos Operacionais .......................................................................... 21

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 23

5 PROBLEMATIZAÇÃO ........................................................................................... 25

5.1 Quanto ao lixo ......................................................................................... 25

5.2 Quanto ao mobiliário .............................................................................. 29

5.3 Quanto ao uso de materiais reutilizados .............................................. 30

6 REQUISITOS E RESTRIÇÕES .............................................................................. 31

6.1Requisitos ................................................................................................ 31

6.2 Restrições ............................................................................................... 31

7 DEFINIÇÃO DA LINHA DE PRODUTOS A SER DESENVOLVIDA ..................... 32

7.1 Definição do produto projetual .............................................................. 32

8 LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE DADOS .......................................................... 33

8.1 Definição de Termos ............................................................................... 33

8.1.1 Desenvolvimento Sustentável ou Sustentabilidade ............... 33

8.1.2 Ecodesign .................................................................................. 35

8.1.2.1 Abordagens do Ecodesign ......................................... 37

8.1.2.1.1 Design por componentes ............................ 37

8.1.2.1.2 Redução do material .................................... 38

8.1.2.1.3 Redução dimensional .................................. 38

8.1.2.1.4 Reciclagem e Reutilização .......................... 39

8.1.2.1.5 Substituir o objeto por um serviço ............. 39

8.1.2.2 Design Ecológico x Design Sustentável .................... 39

8.1.3 Greenwashing ............................................................................ 41

8.1.3.1 Os sete pecados do Greenwashing ........................... 41

8.1.4 Reciclagem ................................................................................ 43

8.1.5 Reutilização ............................................................................... 45

8.1.6 Design Social ............................................................................. 46

8.17 Setor 2.5 ...................................................................................... 47

8.2 Público Alvo ............................................................................................ 49

Page 7: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

8.2.1 Usuário Final .............................................................................. 49

8.2.2 Fabricante .................................................................................. 49

8.3 Espaço Projetual ..................................................................................... 51

8.4 Similares .................................................................................................. 52

8.4.1 SIE43 (S01) ................................................................................. 53

8.4.1.1 SIE43 – Análise de funções ........................................ 54

8.4.2 Truly Yours (S02) ....................................................................... 55

8.4.2.1 Truly Yours – Análise de funções .............................. 56

8.4.3Re:Pose (S03) ............................................................................. 57

8.4.3.1 Re:Pose – Análise de funções .................................... 58

8.4.4 Rough and Ready (S04) ............................................................ 59

8.4.4.1 Rough and Ready – Análise de funções .................... 60

8.4.5 T-Shirt Chair (S05) ..................................................................... 61

8.4.5.1 T-Shirt Chair – Análise de funções............................. 62

8.4.6 Mousso Koroba Chair (S06) ..................................................... 63

8.4.6.1 Mousso Koroba Chair – Análise de funções ............. 64

8.4.7A La Lata (S07) ........................................................................... 65

8.4.7.1 A La Lata – Análise de funções .................................. 66

8.4.8 Sofá Pet (S08) ............................................................................ 67

8.4.8.1 Sofá Pet – Análise de funções .................................... 68

8.4.9 Poltronas Pet Ama/Go (S09) ..................................................... 69

8.4.9.1 Poltronas Pet Ama/Go – Análise de funções ............ 70

8.4.10 Sofá Away (S10) ...................................................................... 71

8.4.10.1 Sofá Away – Análise de funções .............................. 72

8.4.11 Diferencial Semântico ............................................................. 73

8.4.12Análise dos Similares .............................................................. 74

8.5 Ergonomia ............................................................................................... 76

8.5.1 O ato de sentar .......................................................................... 76

8.5.2 Antropometria ............................................................................ 76

8.5.3 Adequação ergonômica ........................................................... 79

8.5.4 Ângulos de conforto ................................................................. 80

8.6 Materiais ................................................................................................. 81

8.6.1 Garrafas Pet .............................................................................. 81

8.6.2 Polipropileno corrugado .......................................................... 86

Page 8: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

9 SÍNTESE ............................................................................................................... 88

10 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ........................................................................ 90

10.1 Alternativa 1 ......................................................................................... 93

10.2 Alternativa 2 ......................................................................................... 94

10.3 Alternativa 3 ......................................................................................... 95

10.4 Definição da alternativa escolhida ..................................................... 97

10.4.1 Aprimoramentos da alternativa adotada .............................. 97

11 DETALHAMENTO TÉCNICO ............................................................................. 99

11.1 Desenho Técnico ................................................................................. 99

11.2 Processo de Fabricação .................................................................... 100

11.2.1 Limpeza do Material ............................................................. 100

11.2.2 Corte das Peças de Polionda .............................................. 100

11.2.2.1 Aproveitamento ....................................................... 101

11.2.3 Corte das garrafas PET ........................................................ 102

11.2.4 Montagem dos módulos PET .............................................. 103

11.3 Resíduos ............................................................................................. 103

12 COMPONENTES ADIOCIONAIS ...................................................................... 104

12.1 Identidade Visual ............................................................................... 104

13 CONCLUSÃO ................................................................................................... 105

14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 107

Page 9: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Mana Bernardes, colar Manda Lá e Cá em pet. ................................... 12

Figura 1 – Mana Bernardes, colar Manda Lá e Cá em pet. .................................. 15

Figura 2 – Um dos itens da empresa Recycline, feito a partir de garrafas pet. 15

Figura 3 – Shigeru Ban, Miyake Design Studio Gallery,

Shibuya, Tokyo, 1993. ............................................................................................ 16

Figura 4 – Nido Campolongo, instalação da exposição Viva a Mata, 2009. ...... 16

Figura 5 – Obra do artista plástico Vik Minuz, composta inteiramente de lixo. 17

Figura 6 – Esculturas compostas de restos plásticos,

de Sayaka Kajita Ganz. .......................................................................................... 17

Figura 7 - Tartarugas marinhas ingerem detritos plásticos. .............................. 26

Figura 8 – Lixo acumulado dificultando o escoamento de águas pluviais. ...... 29

Figura 9 - Copinho de plástico descartado com larvas da dengue. ................... 29

Figura 10 – Ciclo de vida de um produto (Fonte: Haverá o tempo das Coisas

Leves, p 36) ............................................................................................................. 36

Figura 11 – Roda da ecoconcepção (Fonte: Haverá o tempo das Coisas Leves,

p 37) ......................................................................................................................... 36

Figura 12 – Mosaico salas de estar/tv .................................................................. 52

Figura 13 – Assento SIE43 ..................................................................................... 54

Figura 14 – Assento SIE43e seus componentes ................................................. 55

Figura 15 – Truly Yours .......................................................................................... 56

Figura 16 – Truly Your e seus componentes ....................................................... 57

Figura 17 - Poltrona Re:Pose ................................................................................ 58

Figura 18 – Re:Pose e seus componentes. ........................................................... 59

Figura 19 - Cadeira Rough and Ready .................................................................. 60

Figura 20 - Rough and Ready e seus componentes............................................. 61

Figura 21 – T-Shit Chair ......................................................................................... 62

Figura 22 – T-Shirt Chair e seus componentes ................................................... 63

Figura 23 – Mousso Korouba Chair ...................................................................... 64

Figura 24 – Mousso Koroba Chair e seus componentes. ................................... 65

Figura 25 – A La Lata ............................................................................................. 66

Figura 26 – A La Lata e seus componentes ......................................................... 67

Figura 27 - Sofá Pet ................................................................................................ 68

Page 10: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

Figura 28 – A La Lata e seus componentes ......................................................... 69

Figura 29 - Mobiliários diversos desenvolvidos pela AMMA .............................. 70

Figura 30 - Poltrone Pet Ama/Go e seus componentes ...................................... 71

Figura 31 – Sofá Away ........................................................................................... 73

Figura 32 – Sofá Away e seus componentes ....................................................... 74

Figura 33 – Dimensões do assento ....................................................................... 77

Figura 34 – Mulher percentil 2,5, plano sagital .................................................... 78

Figura 35 – Mulher percentil 2,5, plano cranial .................................................... 78

Figura 36 – Homem, percentil 97,5, plano sagital ................................................ 79

Figura 37 – Homem, percentil 97,5, plano cranial ................................................ 79

Figura 38 – Área de compatibilização entre usuários extremos ........................ 80

Figura 39 – Inclinação do acento e encosto ........................................................ 81

Figura 40 – Estrutura básica da garrafa pet ......................................................... 83

Figura 41 - Modelos diferenciados de Garrafa Pet .............................................. 83

Figura 42 – Dimensões da garrafa pet adotada para o projeto. .......................... 84

Figura 43 – Garrafas separadas para o envio à reciclagem ............................... 86

Figura 44 – Folha de polionda ............................................................................... 87

Figura 45 – Sofás e Put de garrafa pet, construídos com

a técnica do professor Sebastião Feijó ................................................................ 91

Figura 46 –A técnica de construção da cadeira pet. ........................................... 92

Figura 47 - Embarcação Plastiki, que usa de garrafas pet infladas com

CO2 (a partir do gelo seco) para sua flutuação ................................................... 93

Figura 48 – O Plastiki visto por baixo d´água e o posicionamento

das garrafas ............................................................................................................ 93

Figura 49 - Kaypet .................................................................................................. 94

Figura 50 – Alternativa 1 ........................................................................................ 95

Figura 51 – Alternativa 2 ........................................................................................ 96

Figura 52 – Alternativa 2: variações ..................................................................... 96

Figura 53 – Alternativa 3 ........................................................................................ 97

Figura 54 – Aprimoramento da alternativa adotada (rafes e rendering inicial) 99

Figura 55 – Aproveitamento da lâmina de polionda .......................................... 102

Figura 56 – Corte das Garrafas ........................................................................... 103

Figura 57 – Identidade visual LEVPET ................................................................ 105

Page 11: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Municípios com coleta seletiva no Brasil .......................................... 27

Gráfico 2 - Média da composição gravimétrica da coleta seletiva ...................... 27

Page 12: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tempo de decomposição dos materiais ............................................ 26

Quadro 2 – SIE43 .................................................................................................... 53

Quadro 3 – SIE43 – análise de funções ................................................................. 54

Quadro 4 – Truly Yours ........................................................................................... 55

Quadro 5 – Truly Your – análise de funções ......................................................... 56

Quadro 6 – Re:Pose ................................................................................................ 57

Quadro 7 – Re:Pose – análise de funções ............................................................ 58

Quadro 8 – Rough and Ready ................................................................................ 59

Quadro 9 – Rough and Ready – análise de funções ............................................ 60

Quadro 10 - T-Shirt Chair ........................................................................................ 61

Quadro 9 – T-Shirt Chair – análise de funções ..................................................... 62

Quadro 12 – Mousso Koroba Chair........................................................................ 63

Quadro 13 – Mousso Koroba Chair – análise de funções.................................... 64

Quadro 14 – A La Lata............................................................................................. 65

Quadro 15 – A La Lata – análise de funções ......................................................... 66

Quadro 16 – Sofá Pet .............................................................................................. 67

Quadro 17 – Sofá Pet – análise de funções .......................................................... 68

Quadro 18 – Poltrona Pet Ama/Go ......................................................................... 69

Quadro 20 - Poltrona Pet Ama/Go - análise de funções....................................... 70

Quadro 20 – Sofá Away........................................................................................... 71

Quadro 21 – Sofá Away – analise de funções ....................................................... 72

Quadro 22 - Diferencial Semântico de similares .................................................. 73

Quadro 23 – Medidas antropométricas e medidas extremas .............................. 79

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1 INTRODUÇÃO

O presente projeto que apresenta como tema “Desenvolvimento de uma linha

de mobiliário utilizando como base materiais reutilizáveis”, tem por objetivo propor a

valorização dos materiais descartados no final de seu ciclo de utilização tradicional,

de forma a gerar algum nível de impacto ambiental positivo.

Diversos são os artistas, artesãos, e designers que já perceberam a riqueza

de possibilidades presentes na reutilização de embalagens, peças de roupa, móveis,

eletrodomésticos, enfim, tudo o que é descartado corriqueiramente. Mana

Bernardes, Vick Muniz, Sayaka Kajita, e muitos outros, que através de a reutilização

criam produtos e obras de arte.

A preocupação com o meio ambiente, a cada dia se faz mais urgente em

todos os ambitos da sociedade. E, utilizando das premissas do desenvolvimento

sustentável e do ecodesign, é possível o desenvolvimento de produtos que agridam

menos o ambiente, sejam mais duráveis e até mesmo mais acessíveis a toda a

população.

Um dos âmbitos de atuação da sustentabilidade é o desenvolvimento social,

que preconiza, conforto e bem estar para todas as pessoas. No entanto, a atual

situação brasileira, e porque não dizer, mundial, mostra uma minoria que concentra

em suas mãos a maior parte dos recursos disponíveis. Por que não desenvolver

produtos de qualidade que sejam acessíveis às camadas rejeitadas pelo

capitalismo? Por que não desenvolver formas de renda para promover o

desenvolvimento econômico e social para pessoas abaixo da linha da pobreza?

De encontro a estes questionamentos, o design social e o setor 2,5

apresentam caminhos alternativos através dos chamados negócios sociais, com o

objetivo de gerar renda de forma ética e ecológicamente responsável, para pessoas

que estão à margem dos serviços básicos necessários a um ser humano. Projetos

como o REVALE, onde o design agregou valor aos produtos desenvolvidos por uma

cooperativa de reciclagem de palets, são um exemplo claro de aplicação do design

social.

Page 14: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

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Por fim, o presente projeto objetiva o desenvolvimento de um mobiliário que

utilize como materias-primas itens reutilizáveis, encontrados em abundância e que

em condições normais iriam diretamente para o lixo ou seriam descartados de forma

inapropriada no meio ambiente. O projeto objetiva ainda que, este possa ser

utilizado como um produto de fabricação e venda para um negócio social.

Utilizando uma metodologia de desenvolvimento de projeto baseada na

identificação do problema, levantamento de dados pertinentes e analise destes,

chegou-se a determinação da proposta ideal, posteriormente parametrizada e

prototipada e testada.

O projeto apresenta os dados inerentes levantados, como o Ecodesign,

Sustentabilidade, Setor 2.5, Design Social, entre outros, além de um levantamento e

análise de projetos similares já existentes; adequação ergonômica; e levantamento

de materiais disponíveis, com o objetivo de determinar a melhor alternativa para o

desenvolvimento deste mobiliário.

Em seus capitulos são apresentados os desdobramentos de cada etapa da

metodologia adotada, a saber: problematização, levantamento e análise de dados,

Síntese, gerações de alternativas, detalhamentos técnicos, prototipagem,

experimentações, verificação e desenvolvimento do modelo final.

Page 15: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

13

2 JUSTIFICATIVA

“Encontro-me na mesma situação de Gustave Eiffel, que na sua época deixava

arquitetos e engenheiros perplexos com suas estruturas de ferro”

Shigeru Ban

Diversos materiais já processados, resultantes do descarte consumista tem se

constituído verdadeiras matérias para a construção de novos produtos, instalações e

obras de arte. Sob o ponto de vista da sustentabilidade, tais materiais se tornaram o

combustível para a criatividade de diversos designers, comprovando que a

reutilização é um grande nicho a ser explorado.

Conforme cita Theirry Kazazian (2005), em Haverá o Tempo das Coisas

Leves, o ideal é que todo produto retorne ao ciclo de produção com vistas a lhe

acrescer valor em seu fim de vida: “A valorização designa toda etapa de tratamento

que dá lugar seja à reutilização do produto ou de um de seus componentes, seja à

recuperação de energia pela incineração ou de materiais via reciclagem”1

No entanto, somente a reciclagem em sua mais pura essência, nem sempre é

o melhor caminho. Há que se avaliar todo um contexto de métodos e processos que

esta prática inclui, como, transporte, energia e custos, por exemplo, dispensados no

decorrer da reciclagem de um material. “De fato, uma logística pesada que consuma

muita energia terá mais impactos ambientais que a utilizada de uma nova matéria

prima”2

Como alternativa, ainda há a reutilização, processo que via de regra possui

uma demanda de custos e energia muito menor. Projetos como os de Mana

Bernardes, que transforma garrafas pet em verdadeiras jóias, são exemplos da

aplicabilidade de materiais reutilizados. “Enfim, é simplesmente a imaginação do

usuário que pode modificar a função de um produto e lhe dar outro destino”3

1 KAZAZIAN, Thierry (Organizador). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento

sustentável. 2.ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 54 p. 2 Idem.

3 Idem.

Page 16: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

14

Figura 1 – Mana Bernardes, colar Manda Lá e Cá em pet.

Figura 2 – Um dos itens da empresa Recycline, feito a partir de garrafas pet.

Projetos que apresentam novas perspectivas de aplicação a um determinado

material também são fontes de referência. Nildo Campolongo e Shigueru Ban

utilizam o papelão e suas variações, como elementos arquitetônicos e na construção

de mobiliários.

Page 17: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

15

Figura 3 – Shigeru Ban, Miyake Design Studio Gallery, Shibuya, Tokyo, 1993.

Figura 4 – Nido Campolongo, instalação da exposição Viva a Mata, 2009.

O uso de materiais reutilizáveis também se apresenta no meio artístico, como

por exemplo, nas peças gigantescas construídas com lixo do artista plastico Vik

Muniz; ou as belas esculturas feitas por Sayaka Kajita Ganz, utilizando resíduos

plásticos.

Page 18: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

16

Figura 5 – Obra do artista plástico Vik Minuz, composta inteiramente de lixo.

Figura 6 – Esculturas compostas de restos plásticos, de Sayaka Kajita Ganz.

Buscar novos horizontes a partir da atual situação global, no tocante ao meio

ambiente, faz-se a cada dia uma atitude essencial em diversos campos de atuação

do design. A sustentabilidade no desenvolvimento de produtos (e até de peças

gráficas), passou a ser requisito, uma vez que é necessário pensar no destino e

impacto deste objeto em todo o seu ciclo de vida, desde a sua concepção até o seu

descarte.

Page 19: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

17

No entanto, é preciso preocupar-se também, com os resíduos já existentes,

até então gerados, e que por um bom tempo continuarão a ser fabricados, sem

ainda uma política de coleta ou devolução, aos montes são despejados no lixo

diariamente. Embalagens diversas como garrafas pets e outros frascos plásticos,

bolsas de supermercado, caixas de papelão, pallets de madeira, e tantos outros, são

peças, que ainda que descartadas, são frutos de um processo de produção em

massa, lhes conferindo uma padronização de material, forma, cor, resistência e

outros parâmentros, transformando estes itens matérias prímas para novos objetos.

No outro extremo do descarte, temos o consumismo, a cada dia disseminado

e potencializado pelo desejo de ter, de se “incluir”, de fazer parte da pequena

porcentagem de pessoas que podem pagar por um determinado produto. “Essas

ínfimas nuances, justificando a próxima compra, tornam-se a tábua da salvação dos

indivíduos que procuram a identidade em um consumo de massa.” 4

Esta possibilidade de consumo e acesso a bens materiais diversos (em sua

maioria supérfluos) tem um quê de exclusividade, uma vez que considerável parcela

da população mundial ainda não tem acessso à satisfação das necessidades de um

ser humano, como água, comida e habitação, por exempo.

Ao que parece, por hora, os ícones de consumo ainda se mostram mais fortes

que os apelos ambientais do planeta. Isso demostra que remar contra o capitalismo

não é o caminho a ser seguido.

“Não se trata de produzir menos, mas de outro modo: imaginar objetos

eficientes, de simples uso e cujo fim de vida tenha sido antecipado: ampliar a

oferta de produtos que respeitem o meio ambiente. E seduzir que essa

evolução seja fácil”5

4 SCHNEIDER, Beat. Design - uma introdução: o design no contexto social, cultural e

econômico. São Paulo: Blucher, 2010. 127p . 5 KAZAZIAN, Thierry (Organizador). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento

sustentável.2. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 10p.

Page 20: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

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É um caminho sem volta. A chave talvez esteja em repensar o futuro a partir

das situações do presente. Para isso, cabe ressaltar duas situações intimamente

relacionadas:

1 - o regime capitalista, que traz o “ter” cada vez mais como um símbolo de status e

identificação das massas, mais forte que os apelos ambientais pelo qual o planeta

passa, e que também gera abismos sociais cada vez maiores, especialmente em

países de terceiro mundo;

2 - o consumo desenfreado e despreocupado com meio ambiente, gerando resíduos

que levarão centenas de décadas para se degradar e exaurindo os recursos naturais

não renováveis.

Nesse contexto de demandas sócio-ambientais, vem surgindo os negócios

sociais ou também chamado Setor 2.5.

“Negócio Social é um modelo de empreendimento criado para promover a

transformação social. Para isso, ele comercializa produtos e/ou serviços que

atendem a necessidades básicas da população de baixa renda anteriormente

não atendidas pelo mercado.”6

Os negócios sociais, aplicados em localidades específicas tem se mostrado

uma ferramenta importante no intúito de prover a sustentabilidade de uma

determinada coletividade, que se inclui dentro do regime capitalista, uma vez que

também tem um foco financeiro, com a diferença de que desta vez o objetivo é a

geração de renda e não somente lucro. O Brasil, em especial, é terreno fértil para o

desenvolvimento desta modalidade de negócios, já com diversas iniciativas em

andamento com casos de sucesso como o Projeto Revale, que buscou a valorização

dos produtos através do design para cooperativa de mobiliário a partir de pallets

descartados; e a Divisão de Desenho Industrial do INT (Instituto Nacional de

Tecnologia) que desenvolveu sofás e pufs utilizando garrafas pets em sua estrutura

principal, aplicado em cooperativas e comunidades do Rio de Janeiro, Brasília e

Salvador.

6 Dois e Meio. Negócios Sociais. Disponível em: <http://www.doisemeio.com/setor_negocios.asp>.

Acesso em 02 mar 2011.

Page 21: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

19

Não se trata de uma utópica solução final para todos os problemas de

desigualdade social do país. Mas, é uma vertente, com resultados já comprovados

de uma economia não excludente, acessível a todos, e que tem preocupação com o

bem estar social e ambiental. Este modelo propõe a geração de lucro e renda (e é

sempre importante perceber a diferença entre estes dois termos), saindo dos

tradicionais modelos assistencialistas onde o que resta é oferecido a quem não pode

pagar pelo todo (e novo), sem dar-lhe meios de se auto-sustentar.

Neste contexto encontra-se o objetivo de desenvolver produtos que

respondam às anseios da sustentabilidade, reutilizando materiais descartados, e que

podem mais tarde vir a se tornar um negócio social para uma comunidade ou grupo

de pessoas, possibilitando, através de uma produção orientada pelo design a

reprodução e venda destes objetos.

Cabe neste momento ressaltar a importância do design enquanto linha de

referência projetual, de modo a diferenciar “artesanato” de “design”. Uma vez que os

produtos descartados são provenientes de um processo de produção industrial, é

possível parametrizar medidas, formas e outros elementos, de modo que este novo

produto possa ser reproduzido repetidamente com as mesmas características de seu

protótipo base. Além disso, há ainda no processo questões ergonômicas, formais e

estéticas, que irão determinar o produto final. Não se trata de “fazer design para

pobre”, justificando assim um produto sem apelo visual e até funcional. Trata-se,

sim, de se tentar solucionar problemas (tal como preconiza a essência do design),

que ao capitalismo, não interessa perder tempo em resolver.

Espera-se também o desenvolvimento de mobiliários mais leves e

financeiramente acessíveis, e que tendo uma visibilidade adequada, possam vir a

ser adotados pela indústria e principalmente pelos consumidores, não somente das

classes menos abastadas, mas da sociedade como um todo, contribuindo para a

consciência ambiental da coletividade, ainda que movida pelo consumo e pelo status

de “ser sustentável”. “Produzir sem destruir e conceber um objeto do cotidiano, do

Page 22: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

20

mais elementar ao mais sutil, tornando seu uso durável e seu fim assimilável por

outros processos de vida.”7

7 KAZAZIAN, Thierry (Organizador). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento

sustentável. 2.ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 8p.

Page 23: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

21

3 OBJETIVO

Desenvolver uma linha de mobiliário tendo como base o materiais reutilizáveis

com foco na sustentabilidade e no design social

3.1 Objetivos Operacionais

- Determinar os requisitos e restrições do projeto

- Determinar os itens que irão compor a linha de mobiliário

- Levantar dados acerca das seguintes informações:

- Eco Design

- Sustentabilidade

- Setor 2,5

- Design Social

- Público Alvo

- Espaço Projetual

- Projetos Similares

- Normas Técnicas

- Ergonomia

- Materiais disponíveis

- Análisar os dados levantados

- Sintetizar os dados

- Gerar alternativas

- Definir a alternativa mais viável

- Levantar informações a cerca de materiais e tecnologias disponíveis

- Verificar o atendimento dos requisitos e restrições do projeto

- Detalhar tecnicamente o produto através de desenhos sob escala

Page 24: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

22

CRONOGRAMA

Atividade Data

Problematização 02/04

Requisitos e Restrições 26/03

Determinar os itens que irão compor a linha de mobiliário 09/04

Levantamento de dados

Definição de Termos

Eco Design 23/04

Sustentabilidade 23/04

Reciclagem 23/04

Reutilização 23/04

Setor 2,5 23/04

Design Social 23/04

Público Alvo 29/04

Espaço Projetual 29/04

Similares 18/05

Normas Técnicas 13/05

Ergonomia 18/05

Materiais 21/05

Análise de Dados 20/05

Síntese de Dados 26/05

Apresentação 15/06

Geração de Alternativas 26/08

Definição da Alternativa Escolhida 16/09

Detalhamento Técnico 27/10

Materiais e Tecnologia 06/11

Experimentação e Construção do Modelo 18/11

Apresentação Final

Page 25: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

23

4 METODOLOGIA

A metodologia de desenvolvimento de produto adotada será a proposta por

MUNARI8, na qual a partir da problematização e levantamento de dados, será

realizada a análise e sintese das informações colhidas, com desenvolvimento de

mockup da alternativa escolhida.

Inicialmente são determinados todos os aspectos relevantes referentes à

problematização. A partir da problematização, são definidos os requisitos e

restrições do projeto, que mais adiante irão nortear a síntese e, consequentemente o

desenvolvimento de alternativas.

Em seguida, no levantamento de dados, são obtidas informações

relacionadas ao produto a ser desenvolvido, tais como espaço projeto, publico alvo,

definições de termos, entre outros, através de pesquisas bibliográficas, identificação

de similares e suas funções e diferencial semâtico.

Colhidos os dados necessários, estes são analisados de forma a obter

informações de relevância para o desenvolvimento do novo produto.

Uma vez sintetizadas, estas informações nortearão o desenvolvimento de

alternativas para o projeto. As alternativas são analisadas de modo a identificar

aquela que mais atende aos requisitos do projeto, tal como seu objetivo. Para isso

são utilizados quadros comparativos que determinam, através das características de

cada alternativa, qual será a alternativa adotada para o denvolvimento do protótipo.

São desenvolvidos desenhos técnicos e outros esquemas de visualização,

determinando as medidas reais do projeto, tal como as especificações das técnicas

construtivas. Com o protótipo em mãos, são realizados testes diversos, de forma a

confirmar o atendimento dos requisitos do projeto e identificar os ajustes necessários

à peça.

8 MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

Page 26: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

24

A partir do protótipo normatizado, chega-se à etapa de desenvolvimento do

modelo, com as características formais e funcionais do produto final.

Durante todo o processo há uma retroalimentação de informações, podendo

haver necessidade de retornar a uma etapa anterior, para ajustes ou acréscimo de

informações.

Page 27: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

25

5 PROBLEMATIZAÇÃO

5.1 Quanto ao lixo

Diariamente são descartadas uma imensa variade de produtos e embalagens,

consequência do consumo de alimentos e outros produtos que tem necessidade de

serem acondicionados até o momento do consumo.

Figura 7 - Tartarugas marinhas ingerem detritos plásticos.

Diversos destes detritos ja se encontram no meio ambiente, nos aterros,

lixões, esgotos, mares e rios, seja por depósito indevido, ou trasportados por

agentes naturais como água (rios, mares, enchentes) e o vento. Estes detritos

constituem perigo para a fauna e flora, impedindo o desenvolvimento equilibrado do

ecossistema que não possui capacidade para absorver-los a quantidade em que são

despejados, tanto quanto pelo tempo que estes levam para se degradar (ver

quadro1).

Page 28: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

26

Quadro 1 – Tempo de decomposição dos materiais

Tempo de decomposição dos materiais

Material Tempo aproximado de decomposição

Papel 2 a 4 semanas

Palito de Fósforo 6 meses

Papel Plastificado 1 a 5 anos

Casca de banana ou de laranja 2 anos

Chiclete 5 anos

Latas de metal 10 anos

Pontas de Cigarro 10 a 20 anos

Couro 30 anos

Sacos Plásticos 30 a 40 anos

Corda de Nylon 30 a 40 anos

Latas de Alumínio 80 a 100 anos

Tecido 100 a 400 anos

Vidro 4000 anos

Pneus Indefinido

Garrafas Plásticas Indefinido

Fonte: Conlurb Rio. Disponível em <http://comlurb.rio.rj.gov.br/informa_curi.htm>

Não há ainda uma política definida de separação, pelo menos do lixo

orgânico, para com os demais detritos sólidos. Somente essa iniciativa já causaria

grande impacto, nos aterros sanitários e lixões, facilitando a reciclagem, ao mesmo

tempo que agiliza o processo de decomposição do material orgânico.

No entanto esta atitude de separar material orgânico, do inorgânico (ou até

mesmo a coleta seletiva) são invalidadas se o município não possui uma estrutura

de coleta de lixo que dê destino, separadamente a este material, fazendo com que

toda a separação se torne uma massa uniforme dentro do caminhão de lixo, mais

tarde destinada aos lixões e aterros sanitários, sustentando as degragantes áreas de

cata de material em meio a todo e qualquer tipo de resíduos, expondo catadores à

doenças e acidentes dos mais diversos tipos.

Page 29: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

27

Apesar do grande volume de informações a respeito da importância da coleta

seletiva, faltam políticas públicas que viabilizem esta prática, e estruturas para

receber este material separado. Segundo dados da pesquisa Ciclosoft do CEMPRE

(Compromisso Empresarial para a Reciclagem)9, de 2010, apenas 443 municípios

(8% do total) operam programas de coleta seletiva.

Gráfico 1 – Municípios com coleta seletiva no Brasil

Os números demonstram um crescimento, ano a ano, mas os valores ainda

são insuficientes. Ainda assim, nas localidades em que a coleta seletiva é realizada,

segundo as estatísticas do CEMPRE, o serviço não cobre mais do que 10% da

população, em geral concentrados nos bairros de maior poder aquisitivo.

Gráfico 2 - Média da composição gravimétrica da coleta seletiva

9 CEMPRE. Ciclosoft 2010. Disponível em <http://www.cempre.org.br/ciclosoft_2010.php>. Acesso

em 12 abr. 2011.

Page 30: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

28

Os detritos plásticos, representam uma porcentagem consideravel do lixo

(19,5%). Estes detritos são compostos principalmente de bolsas plásticas e

embalagens (garrafas, frascos, potes, etc), sendo que os últimos conservam boa

parte de seu volume original, ainda que vazios, diferentemente das embalagens de

papel e papelão. Tal característica constitui um dos agentes catalizadores de

enchentes, dificultando o escoamento das águas pluviais.

Figura 8 – Lixo acumulado dificultando o escoamento de águas pluviais.

A propriedade de impermeabilidade dos detritos plásticos descartados de

forma incorreta, constituem ainda recipientes para acumulo de água das chuvas em

determinados períodos, transformando-se em locais propícios para focos de dengue.

Figura 9 - Copinho de plástico descartado com larvas da dengue.

Page 31: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

29

A maioria das embalagens não possuem uma estrutura de recolhimento após

o seu uso, viabilizada por seus fabricantes, uma vez que visivelmente estes não são

responsabilizados pelo fim do ciclo de vida da peça descartada e seus impactos no

meio ambiente. No entanto, existem algumas iniciativas que tentam reverter este

quadro. A Tetrapak por exemplo, criou um site, em conjunto com o serviço Google

Maps, chamado Rota da Reciclagem10, que mapeia locais onde é realizado a

reciclagem em todo o país, não somente de embalagens produzidas pela empresa,

como também de outros materiais, além de postos de entrega voluntária e de

compra de embalagens usadas; seguindo esta mesma linha, a prefeitura de São

Paulo e o Instituto Sergio Motta, também utilizando a plataforma Google Maps,

criaram o E-Lixo11, mapeando os pontos de coleta mais próximos da residência do

usuário.

Além do lixo doméstico, há ainda a questão dos resíduos industriais, que em

muitos casos apresentam materiais com grandes possibilidades de reutilização, sem

passagem pelo lixo, uma vez que estes sejam obtidos direto na fonte, em parceria

com as empresas e fábricas que os descartam.

5.2 Quanto ao mobiliário

Peças de mobiliário com materiais convencionais, como madeira, aço por

exemplo, geram um peso maior, sendo em algumas situações empecilhos para

reconfiguração de um ambiente, ou transporte no caso de mudanças.

O uso de materiais remanufaturados ou de matéria prima virgem, acrescenta

maior custo na fabricação, e consequentemente, maior preço de venda.

A demasiada quantidade de componentes estruturais, muitas vezes dificulta o

demonte e o descarte da peça de forma adequada.

10

Rota da Reciclagem. Disponível em <http://www.rotadareciclagem.com.br>. Acesso em 12 abr.

2011. 11

E-lixo. Disponível em <http://www.e-lixo.org>. Acesso em 10 maio 2011.

Page 32: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

30

5.3 Quanto ao uso de materiais reutilizados como elementos projetuais:

De acordo com sua função, o material pode ter sido comprometido durante o

seu primeiro uso, através de amassos, furos, rascos, umidade, gordura, etc.

Há que se considerar a falta de padronização em alguns tipos de materiais,

como o papelão por exemplo, que pode ter sua espessura alterada em partes

diferenciadas da mesma peça, impossibilitando o seu uso para componentes

estruturais.

A peça a ser desenvolvida, ainda que com materiais reutilizáveis, em algum

momento deverá ser descartada, devido à sua inutilização por um ou mais

componentes, inviabilizando seu uso. O descarte desses componentes é uma

questão a ser observada.

Page 33: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

31

6 REQUISITOS E RESTRIÇÕES

6.1 Requisitos

- Leveza;

- Resistência à ambientes úmidos;

- Os objetos devem ser passíveis de reprodução padronizada mesmo utilizando

materiais descartados;

- Deve atender as especificações ergonômicas de conforto previstas para o tipo de

mobiliário adotado;

- Ter um bom apelo visual, embora esteja utilizado materiais que vieram (ou iriam

para) do lixo ou foram de alguma forma descartados;

- Fácil transporte e montagem/desmontagem, sem necessidade de grandes

conhecimentos técnicos.

6.2 Restrições

- Os materiais devem prever sua aplicação em locais com umidade e oferecer algum

tipo de resistência à esta;

- Tecnologias disponíveis para a construção das peças;

- Falta de padronização de alguns materiais;

- Baixo conhecimento/escolaridade dos montadores/fabricantes.

Page 34: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

32

7 DEFINIÇÃO DA LINHA DE PRODUTOS A SER DESENVOLVIDA

A linha de mobiliário será composta de um assento (poltrona, cadeira ou

banco), uma cama e uma mesa, sendo estes elementos básicos encontrados (e

necessários) em qualquer residência.

7.1 Definição do produto projetual

Como objeto de pesquisa e de desenvolvimento efetivo ao final do processo,

será desenvolvido um assento, podendo este ser uma poltrona. A linha de

construção, e montagem será sugerida como aplicação para os demais itens da

linha, dentro de suas limitações técnicas e construtivas.

Page 35: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

33

8 LEVANTAMENTO DE DADOS

8.1 Definição de Termos

8.1.1 Desenvolvimento Sustentavel ou Sustentabilidade

“Desenvolvimento que permite responder às necessidades atuais de todos os

habitantes do planeta sem comprometer a capacidade das futuras gerações

em satisfazer suas próprias necessidades. Atua em três setores: econômico,

social e ambiental" 12

Em observância à palavra “todos” e “futuras”, em contraponto aos atuais

problemas ambientais (redução da camada de ozônio, perda de ecossistemas

inteiros, elevação do nivel dos mares) e sociais (fome, miséria, recursos básicos

incacessíveis a considerável número de pessoas) pelos quais o planeta passa em

seus dias atuais, não é dificil perceber o quanto precisa ser mudado para o alcance

de uma sociaedade que possa ser chamada de “sustentável”. “Várias escolas de

pensamento constatam que, para criar uma sociedade durável deveríamos nos

aproximar de um ponto em que utilizássemos apenas 10% dos recursos que as

sociedades industriais hoje consomem.”13

O termo sustentabilidade vem de encontro a este cenário com vistas a

garantir, essencialmente, o acesso dos recursos do espaço ambiental a todos

através de medidas que torne esse consumo equilibrado e renovado, ou seja,

sustentável.

Um produto ou serviço “sustentável" deve atender basicamente os seguintes

requisitos:

- utilizar recursos renováveis (tal como garantir a renovação deste recurso);

- otimizar a utilização dos recursos não renováveis;

12

KAZAZIAN, Thierry (Organizador). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento

sustentável.2. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 188 p. 13

KAZAZIAN, Thierry (Organizador). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável.2. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 58 p.

Page 36: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

34

- não gerar resíduos que o ecossistema não seja capaz de absorver;

- agir de modo que individuo e comunidades de sociedades ricas permaneçam nos

limites do seu espaço ambiental, e que os individuos e comunicades “pobres”

tenham acesso ao espaço ambiental a que tem direito.

A partir destes requisitos é possivel perceber que em sua essência, muitos

produtos encontrados no mercado ditos “ecologicamente corretos ou sustentáveis”,

nem sempre o são em sua totalidade. Alguns contribuem em algum nível para o

alcance da sustentabilidade, e até mesmo para uma mudança de atitude do

consumidor. No entanto outros, considerando somente seu ciclo de vida (mais

adiante observado), como a partir do momento da compra pelo consumidor, ignoram

completamente os aspectos desde o impactos causados pela extração da matéria

prima, até a qualidade de vida da mão de obra utilizada em sua fabricação, de modo

a oferecer um produto que em seu descarte não agrida o meio ambiente.

Page 37: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

35

8.1.2 Ecodesign

Consiste em uma abordagem de desenvolvimento de produtos e serviços que

preconizem uma integração e preocupação com o impacto deste elemento sobre o

meio ambiente em todas as etapas de seu ciclo de vida, também denominado, Lyfe

Cycle Design.

Desde a concepção até o descarte de um produto comum são gerados

diversos subprodutos, que também irão influir (as vezes até mais do que o produto

principal) em seu impacto ambiental.

“O produto em si, vendido como elemento indepenten e homogêneo, é uma ilusão.

levar esse produto ao mercado exige, além da infra-estrutura, uma multidão de outros

produtos para a sua fabricação, seu transporte e sua utilização”.14

O esquema abaixo ilustra parte do ciclo de vida de um produto simples até o

momento de sua utilização.

Figura 10 – Ciclo de vida de um produto (Fonte: Haverá o tempo das Coisas Leves, p 36)

Através da abordagem da ecoconcepção, há uma otimização de cada etapa

do ciclo de vida do produto, de forma a integrá-lo ao ambiente com o menor impacto 14

KAZAZIAN, Thierry (Organizador). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento

sustentável.2.ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 36p.

Page 38: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

36

possível, sem perda de suas qualidades e desempenho, em uma escala de

constante melhoria de suas características.

Figura 11 – Roda da ecoconcepção (Fonte: Haverá o tempo das Coisas Leves, p 37)

Ezio Manzini e Carlo Velozzi15, apresentam quatro niveis fundamentais de

interferência do ecodesign:

- O redesign ambiental do existente: otimizar sua eficiência, no tocante ao consumo

de matéria e energia, e facilitar e oferecer caminhos ecologicamente viáveis para

sua reciclagem ou reutilização, tal como a sensibilização do usuário para a escolha

de produtos ecológicos;

- Projeto de novos produtos ou serviços: individualização de produtos-serviços

ecologicamente favoráveis, utilizando a inovação tecnologica como ferramenta a ser

explorada mais livremente, do que no caso do redesign de produtos e serviços;

15

MANZINI, Ezio; VEZZOLI, Carlo. O Desenvolvimento de produtos sustentáveis: Os Requisitos

Ambientais dos Produtos Industriais. São Paulo: Edusp, 2002. 20p.

Page 39: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

37

- Projeto de novos produtos-serviços intrinsecamente sustentáveis: apresenta

soluções mais sustentáveis, com pontencial economicamente viável e socialmente

aceito, e ainda, radicalmente favoravel ao meio ambiente;

- Proposta de novos cenários que correspondam a “Estilos de vida sustentáveis” -

trata de complexas inovações socioculturais, nas quais o projetista visa promover

novos criterios de qualidade sustentáveis, trabalhando o estimulo e geração de

novas idéias neste sentido.

Em entrevista ao portal Planeta Sustentável, Manzini atenta para uma visão

preocupante das pessoas a respeito da reciclagem e da reutilização “Não se

preocupe, consuma porque temos condições de recuperar e recriar tudo."16 Esta é

uma visão cômoda e perigosa, pois ainda não há uma estrutura organizada e

eficiente para absorver o produto do consumo humano em todo o planeta.

Em contrapartida, há que se pensar no produto em toda o seu ciclo de vida,

desde sua concepção ao seu descarte, e possível retorno à cadeia produtiva.

8.1.2.1 Abordagens do Ecodesign

8.1.2.1.1 Design por componentes

Ao idealizar o produto, deve ser levado em consideração seus componentes,

separadamente e as relações existentes entre estes, para a substituição de um

componente específico, montagem, desmontagem e descarte do produto. “Cada um

deles é considerado como um produto acabado, com um ciclo de vida autônomo,

mas em relação com os outros”17. Desta forma, prolonga-se a vida útil do produto

facilitando a sua manutenção e reutilização. Esta abordagem, especifica ainda, que

os componentes devem ser marcados de forma indelével, facilitando sua

16

MORAES, Patrick. Planeta Sustentável. Dez perguntas para Ezio Manzini, especialista em

design sustentável. Disponível em

<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_250932.shtml>. Acesso em

5 mai. 2011. 17

BARBARO, Silvia; COZZO, Brunella. Ecodesign. China: H.F. Ulmann, 2009. 18p.

Page 40: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

38

identificação e diferenciação, com o intúito de proporcionar o correto descarte (ou

reutilização/reciclagem), para cada peça.

8.1.2.1.2 Redução do material

Reduzir a quantidade de matéria utilizada, implica inicialmente e menor

impacto sobre a retirada de recursos naturais, otimização da energia dispensada

para fabricação, redução de emissões e resíduos ao meio ambiente. A utilização de

um único material ou a redução da variedade de materiais em um produto, também é

um caminho apontado, para a moderação da matéria:

“As vantagens da utilização de um único material são muitas, uma

vez que projetar para um só material significa simplificar não somente

o processo de produção como também o da reciclagem no fim da

vida do objeto”18

8.1.2.1.3 Redução dimensional

Projetar a redução dimensional do produto pode trazer beneficios para o

usuário, sob a ótica da redução do espaço ocupado e, ocasionalmente leveza do

objeto; e também para o meio ambiente, reduzindo as emissões de CO2, ao

possibilitar o transporte de mais unidades por viagem, em sua distribuição.

A eficiência da embalagem também terá grande impacto sobre o tamanho do

produto durante o seu trasporte. “A embalagem por sua vezes deverá aderir o mais

possível ao objeto, protegendo-o e evitando a criação de zonas vazias

desnecessárias”19. Faz-se necessário, muitas vezes projetar o produto e a

embalagem ao mesmo tempo, de forma a obter uma boa integração entre ambos.

18

BARBARO, Silvia; COZZO, Brunella. Ecodesign. China: H.F. Ulmann, 2009. 18p. 19

Ibden, 27p.

Page 41: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

39

8.1.2.1.4 Reciclagem e Reutilização

Como o produto (e seus componentes) serão descartados no fim de seu ciclo

de vida? Determinar formas de reinserção do produto na cadeia produtiva através da

reciclagem ou reutilização, evita que o produto inicialmente pensado para ser

“ecologicamente correto” se torne um agente de poluição. É importante ressaltar que

muitas vezes produtos são descartados incorretamente por simples falta de

informação ao consumidor de como fazê-lo. Cabe também ao designer direcionar o

comprador do produto como realizar o descarte deste, inclusive no sentido incentivar

e disseminar a cultura da sustentabilidade, respeito e responsabilidade para com o

meio ambiente.

8.1.2.1.5 Substituir o objeto por um serviço

Trata de propor usos alternativos ao uso individual e de posse do produto,

tornando-o coletivo. O que é oferecido é um serviço, por intermédio do produto. Esta

abordagem maximiza a utilização do produto durante a sua vida útil, da mesma

forma que reduz a quantidade de itens a serem fabricados. O compartilhamento do

uso também cria uma responsabilidade coletiva pela manutenção do objeto, gerando

comportamentos consicentes e sustentáveis.

8.1.2.2 Design Ecológico x Design Sustentável

Em artigo publicado no site BDXpert20, o designer de produto e analista

sustentável Márcio Dupont, faz um apontamento importante, no tocante às

nomenclaturas de “Design Ecológico” e “Design Sustentável”, muitas vezes,

inclusive, tratadas erroneamente como sinônimos: “Ações de Ongs em relação ao

reuso e à reciclagem de materiais seria uma forma de design ecológico, mas não

sustentável.”

20

DUPONT, Márcio. BD Expert. Design ecológico (DE) x Design sustentável (DS). Disponível em

<http://www.bdxpert.com/2011/05/14/design-ecologico-de-x-design-sustentavel-ds/comment-page-1>.

Acesso em 18 mai 2011.

Page 42: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

40

Conforme a característica do projeto, como por exemplo peças conceituais,

de arte ou fabricadas em pequenas quantidade, teriam o cunho ecológico, uma vez

visam a conscientização da importância da reciclagem, dentre outros objetivos

implícitos. No entanto, o uso de materiais reciclados em tais projetos não é suficiente

para gerar impacto ambiental positivamente significativo.

Outra questão importante observada é quanto ao descarte de um produto

ecológico. O uso de produtos reutilizáveis ou reciclados em um produto não implica

despreocupação com o seu futuro e inevitável descarte. O que vai acontecer com as

garrafas pet de uma cadeira feita destas? É necessário preocupação com a

conscientização, sem pecar pela falta de informação. Informar o consumidor sobre

os métodos possíveis de descarte ou fornecer alternativas de reaproveitamento, são

soluções simples que evitam o tão somente “adiamento” do descarte do material.

Sob um ponto de vista interessante, Dupont ressalta que para ser

considerado sustentável o produto precisa ser concebido de forma que todas as

suas etapas seja observadas desde a extração da materia prima até o seu descarte

(ou reinserção na cadeia produtiva). “No design ecológico o designer não tem

controle sobre o ciclo de vida do produto, ele apenas adquire algo sustentável

(reciclado ou remanufaturado) para o seu projeto.”21

No entanto se considerado o material reutilizado como uma materia prima, é

possível encaixar um produto que se utilize desses materiais na categoria de design

sustentável, tendo como referencia a visão holística da sustentabilidade que atenta

para todo o ciclo de vida do produto.

Quanto ao impacto ambiental, uma vez que este produto possua uma

demanda de fabricação e venda, há uma possibilidade de impacto ambiental positivo

e social em uma determinada localidade, podendo inclusive agregar valor a um

material reutilizado específico, dependendo de sua procura.

21

DUPONT, Márcio. BD Expert. Design ecológico (DE) x Design sustentável (DS). Disponível em

<http://www.bdxpert.com/2011/05/14/design-ecologico-de-x-design-sustentavel-ds/comment-page-1>.

Acesso em 18 mai 2011.

Page 43: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

41

8.1.3 Greenwashing

Termo sem tradução para o português, que determina o ato de induzir o

consumidor à compra de um produto, tratando este por nomenclaturas “verdes”

como “ecológico”, “sustentável”, “ecológicamente correto”, “orgânico”, quando na

verdade o produto não apresenta nenhuma destas características, ou estas existem

parcialmente. A tradução literal para Greenwashing seria “lavagem verde”, fazendo

alusão à prática da lavagem de dinheiro.

Com o aumento do oferecimento de produtos verdes no mercado, e uma

significativa atenção da mídia para com assuntos relacionados ao meio ambiente e à

sustentabilidade, muitos produtos tentam pegar carona neste nicho de mercado,

transformando o que deveriam ser ideais de uma melhora dos produtos e da

sociedade, em termos puramente marketeiros. Muitas vezes o que se percebe nas

empresas, é um investimento financeiro muito maior em comunicar uma atitude ou

produto verde desenvolvidos, do que um investimento neste próprio produto ou

atidade de fato. Com isso muitas empresas tentam ganhar de forma oportunista

apelo junto ao consumidor, passando a fachada de empresa “ecologicamente

correta” e “socialmente responsável”.

8.1.3.1 Os pecados do Greenwashing

O site Embalagem Sustentavel22 listou resumidademente, algumas das

práticas, no texto referido como “os sete pecados do Greenwashing”:

Custo ambiental camuflado: ocorre quando uma solução ambiental é enfatizada,

em detrimento de outras questões mais sérias ligadas ao produto/serviço, de forma a

esconder do consumidor, por exemplo, trabalho escravo utilizado na fabricação de

um determinado objeto.

22

Embalagem Sustentável. Os sete pecados do Greenwashing. Disponível em

<http://embalagemsustentavel.com.br/2009/05/04/os-7-pecados-do-greenwashing/>. Acesso em 6

abr. 2011.

Page 44: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

42

Falta de Prova: quando não há qualquer comprovação científica ou certificação

reconhecida que valide as informações apresentadas.

Incerteza: muitas vezes são usados termos tão vagos ou abrangentes, que acabam

por não informar nada ao consumidor. Um exemplo clássico, são os produtos que se

dizem “naturais”. O arsênio, o urânio e o mercúrio também são naturais tanto quanto

venenosos e nocivos ao meio ambiente.

Culto a falsos rótulos: a empresa cria um rotulo ou certificação internamente, com

o intúito de validar alguma informação apresentada na embalagem do produto,

levando o consumidor a pensar que houve uma real avaliação ou certificação no

processo.

Irrelevância: trata de utilizar como “vantagens ecológicas” situações que já são

requisitos mínimos por lei. Por exemplo, informar que um produto é isento de CFC

(Clorofluorcarbonato, o gaz mais danoso à camada de ozônio), quando na verdade

desde 2010 é proibida a produção deste gás.

Menos Pior: um produto afirma ser “verde”, quando este não possui nenhum

benefício ambiental. É o caso dos cigarros e inceticidas “orgânicos”.

Mentira: tanto os dados quanto os argumentos são elaborados para iludir as

pessoas.

Page 45: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

43

8.1.4 Reciclagem

Consiste na reintrodução de um material em um ciclo de produção, em

substituição total ou parcial a uma matéria-prima virgem.

A reciclagem envolve um processo, ainda despendioso de equipamentos,

conforme o objetivo final da transformação do material. Tais maquinários irão

processar os materiais já separados com vistas a inserir-lo novamente na cadeia

produtiva, não necessariamente com a mesma função que tinham anteriormente.

Um exemplo disso são os tecidos feitos a partir do processamento de garrafas pet.

A reciclagem para a sustentabilidade tem grande importância no sentido de

reduzir os resíduos já gerados pela cadeia consumo até então e, também no intúito

de previamente determinar o fim/retorno de um material que não se degrada no meio

ambiente.

O processo, em termos práticos, tem seu início com os catadores que são

responsáveis pela cata e separação dos materiais. Os itens são obtidos nas

residências e empresas que os descartam, ocasionalmente já em combinação

informal com os catadores; e também em lixões e aterros sanitários, de forma ainda

muito precária e insalubre para os trabalhadores. Tal situação poderia ser

minimizada com a implantação da coleta seletiva nas cidades, de modo que o lixo já

chegue separado (papel, plástico, vidro, metal, material orgânico), sendo direcionado

diretamente para os centros de reciclagem. No entanto, na maioria das cidades nem

mesmo a separação do lixo orgânico do inorgânico é praticada e/ou incentivada, o

que muitas vezes invalida para a reciclagem diversos materiais.

Apesar de toda a problemática em relação à coleta e condições de trabalho

dos catadores, o Brasil ainda é apontado, em relação aos demais países, como um

exemplo a ser seguido. Em recente relatório divulgado pela Pnuma (Programa das

Page 46: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

44

Nações Unidades para o Meio Ambiente), o país é referenciado como um modelo de

sustentabilidade no gerenciamento de resíduos sólidos.23

Entretanto há que se considerar que os processos de reciclagem também

possuem um custo energético e em alguns casos, também são emissores de

poluentes, ainda que em menor escala. Ignorar este fato pode comprometer todo um

ciclo sustentável pensado para um produto ou material.

“É importante projetar produtos que sejam facilmente reciclados, mas isso

deve ser feito após uma análise do ciclo de vida completo do produto; não se deve

esquecer de considerar, portanto, o impacto ambiental proveniente do processo de

reciclagem e, também, questionar se o produto realmente será reciclado após o seu

uso”24

.

Além da reciclagem, incineração e compostagem, há que se considerar outras

possibilidades, como a redução e a reutilização, afim de determinar qual a mais

vantajosa no que se refere à todo o ciclo de vida do produto.

23

CEMPRE. Modelo brasileiro de reciclagem é referência em relatório da ONU. Disponível em

<http://www.cempre.org.br/ci_2011-0304_desafios.php>. Acesso em 13 mai. 2011. 24

MANZINI, Ezio; VEZZOLI, Carlo. O Desenvolvimento de produtos sustentáveis: Os Requisitos

Ambientais dos Produtos Industriais. São Paulo: Edusp, 2002. p 213.

Page 47: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

45

8.1.5 Reutilização

Diferente da reciclagem (e muitas vezes erroneamente confundida com esta)

a reutilização consiste em valorizar um produto que ainda possuem características

de uso (estéticas, funcionais, estruturais), após a sua primeira utilização, evitando o

seu descarte desnecessário, contribuindo assim para a redução do volume de lixo.

Um bom exemplo, é o das embalagens retornáveis, uma vezes que o seu uso é

maximizado por indefinidas vezes até que de fato a embalagem atenda mais às

necessidades básicas para que foi projetada.

Da mesma forma, através da reutilização, é possivel dar nova utilidade a

objetos descartados, transformando-os em novos produtos, ou até componente de

um produto maior, se beneficiando de suas características antes inexploradas para

esta nova função. Iniciativas experimentais no ramo da construção civil, mobiliários,

artes, moda, jóias, entre outras, vem demonstrando através da criatividade,

experimentação e inovação, a potencialidade dos materiais reutilizados.

Outra grande vantagem da reutilização é a maior independência de

maquinário para sua realização. As limitações se restringem às características dos

materiais utilizados e a criatividade dos que os experimentam. Para protótipos ou

peças de baixa complexidade, é exigido pouco conhecimento técnico/científico, o

que representa um acesso à pessoas com baixa escolaridade na construção destes

projetos, podendo se configurar mais tarde como um negócio sustentável de

relevância para comunidades ou grupos de risco social.

Page 48: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

46

8.1.6 Design Social

Abrange o design como ferramenta de desenvolvimento social, em especial

para a população de baixa renda, qualificando ou criando produtos/serviços que

venham a se tornar fonte de renda para instituições ou nucleos populacionais,

inserindo estes grupos no mercado de trabalho de forma criativa e elevando sua

qualidade de vida.

“A ideia de criar designs para produtos, serviços e modelos de

negócios capazes de gerar retornos rápidos sobre o investimento

parace bastante atraente e não é por acaso que ela surgiu primeiro

em locais em que a maioria das pessoas não tem escolha”25

O design social toma também um outro direcionamento quando entra no

mérito da responsabilidade do designer enquanto formador de conceitos (presentes

por trás dos produtos) para as massas. Que informações o design pode estar

agragando aos seus projetos em prol de uma sociedade mais justa, igualitária e

menos poluente?

A combinação do ecodesign e do design social tem gerando diversos projetos

interessantes, ja com produtos em circulação no mercado e comprovados resultados

de melhoria da qualidade de vida de grupos de risco social.

25

BROWN, Tim. Design Thinking: Uma Metodologia Poderosa Para Decretar O Fim Das Velhas

Ideias. Ed. Campus. São Paulo, 2010. 200p.

Page 49: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

47

8.1.7 Setor 2.5

São caracterizadas como Setor 2.5, iniciativas denominadas “Negócios

Sociais” que que tem por princípio alternativas sócio-econômicas não excludentes,

com geração de renda e promoção social de comunidades e grupos de risco. “Os

Negócios Sociais não são a negação dos negócios tradicionais. Eles apóiam-se

justamente na lógica da competitividade e da eficiência dos negócios tradicionais

para resolverem os problemas sociais mais críticos da sociedade moderna.”26.

O termo Setor 2.5, designa um setor economico que não está totalmente

inserido nos 2º (setor privado) e 3º (ONGs – Organizações Não Governamentais,

Entidades Filantrópicas, OSCIPs – Organização da Sociedade Civil de Interesse

Público, entre outras) setores, mas que abarca algumas características de ambos.

Desta forma, um negócio social tem o lucro não como o seu fim, mas como um meio

para a solução problemas sociais de uma determinada localidade, combinando a

viabilidade econômica e o impacto social positivo do empreendimento.

O grupo Artemísia27, referência na formação de empreendedores sociais,

aponta alguns destes impactos sociais pretendidos por emprendimentos do setor

2.5:

- Promover inclusão social, por meio da oferta de oportunidades de trabalho que

melhoram a renda e a qualidade de vida de pessoas mais pobres;

- Oferecer produtos e serviços - de qualidade e a preços acessíveis - que

diretamente melhoram a qualidade de vida das pessoas mais pobres;

- Oferecer produtos e serviços que melhoram a produtividade dos mais pobres,

contribuindo indiretamente para o aumento de suas rendas.

O setor 2.5 ainda é uma área nova, em crescente expanção e com grande

pontencial de aplicação em países em desenvolvimento, representando também um

excelente laboratório para o design de serviços e projetos centrados no ser humano.

26

Dois e Meio. Negócios sociais. Disponível em: < http://www.doisemeio.com/setor_negocios.asp>.

Acesso em 29 abr. 2011. 27

Artemisia. Por que surgiram os negócios sociais. Disponível em:

<http://www.artemisia.org.br/entenda_o_conceito.php>. Acesso em 18 mar. 2011.

Page 50: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

48

Diversos empreendimentos sociais se destacam no Brasil e no mundo, entre

eles:

- Grameen Bank (Índia), o primeiro banco de microcrédito do mundo, fundado em

1976 pelo professor e Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus; ASEMBIS

- Associação de Serviços Médicos para o Bem Estar Social (Costa Rica), que

oferece atendimento médico especializado de qualidade e alta tecnologia a toda a

população, por um preço justo;

- Arquitetas da Comunidade, que presta serviços de arquitetura a preços acessíveis

para associações de comunitárias áreas da na periferia de Campinas, São Paulo;

- Banco Pérola, oferece microcrédito para jovens de 18 a 29 anos de classes C, D, E

na região de Sorocaba, São Paulo;

- Fiz de Contas, desenvolve peças de bijuteria através de materiais reaproveitados,

com capacitação de mão obra para a confeção das peças e geração de renda para

os produtores, em Barra do Piraí – RJ;

- Tekoha, cria brindes corporativos, buscando junto a artesões alternativas

sustentáveis transformadas em presentes requintados através do site da

organização.

Page 51: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

49

8.2 Público Alvo

O publico alvo foi definido em duas vertentes: fabricante e usuário final.

8.2.1 Usuário Final

Não há um usuário restrito para o produto. Pretende-se que seja utilizado por

qualquer pessoa, sendo desenvolvivo preferencialmente para as classes com menor

faixa de renda (C e D), possibilitando a aquisição de um produto financeiramente

mais acessível, em relação aos seus concorrentes e igualmente de qualidade no

tocante as suas funcionalidades e estética.

Seguindo a linha do acesso ao produto em relação ao seu preço, produto

pode ser ainda utilizado por estudantes que se utilizam de repúblicas ou moradores

solteiros iniciando seu espaço próprio e que necessitam de um mobiliário mais

acessível, e muitas vezes de tamanho reduzido e modular, podendo adaptá-lo a

espaços diferenciados.

8.2.2 Fabricante/Montador/Negócio Social

Aplicado como um projeto ou negócio social, pretende-se que a fabricação do

produto seja realizada por pessoas em situações de risco social, o que em no geral

envolve características de baixa escolaridade, quando não analfabetismo, baixa auto

-estima, desnutrição e/ou alimentação insuficiente.

Como cliente real, o projeto estará atendendo ao microempreendimento social

Fizdecontas (Barra do Piraí – RJ), dirigido por Inês Lavinas. A empresa tem por

objetivo o desenvolvimento de peças a partir de itens descartados, de forma a

transformá-los em produtos de venda com apelo comercial. Atualmente a Fiz de

Contas atua no ramo de bijuterias e peças decorativas, acessórios e pequenos

mobiliários como pufs de garrafa pet.

Page 52: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

50

A empresa atua ainda na capacitação de pessoas para a produção das peças

no intúito de criar fontes de renda alternativas, elevação da auto-estima e inclusão

social de grupos diversos, atuando no município de Barra do Piraí-RJ.

As peças criadas pela Fizdecontas, já contam com compradores fixos em

lojas do Rio de Janeiro e região, além de constante participação em eventos como o

Fashion Business (Rio de Janeiro-RJ). As peças são de criação

Page 53: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

51

8.3 Espaço Projetual

O espaço projetual se foca na sala de estar/tv da residência, podendo este

também ser aplicado em outras áreas da casa como quartos, varandas e terraços;

além de possibilidades de uso em recepções, halls de entrada e outros ambientes

não residenciais.

Figura 12 – Mosaico salas de estar/tv

Page 54: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

52

8.4 Similares

Na sequência são apresentados produtos similares que utilizam materiais

reutilizáveis parcialmente ou em sua totalidade. Os similares serão numerados (S01,

S02, S03, etc) de modo a serem listados posteriormente no referencial semântico e

comparados com a “Situação Ideal” (SI).

Page 55: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

53

8.4.1 SIE43 (S01)

Quadro 2 – Similar SIE43

Fabricante/Designer: Pawel Grunert

Origem: Polônia

Dimensões: 150 x 80 x 90 (H) cm

Materiais: - Armação de aço inoxidável; - Garrafas pet

Características: Layout orgânico inspirado no miolo das flores

Pontos Positivos:

- Possibilita a manutenção e substituição das garrafas - Leveza - Permite o uso de iluminação indireta, criando um efeito de luz interna através das garrafas plásticas.

Pontos Negativos: - Manutenção da estrutura de aço.

Observações: Produzida para a feira Eco Trans Pop, em milão

Links: http://www.grunert.art.pl/podstrony/siedziska.html#null

Figura 13 – Assento SIE43

Page 56: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

54

8.4.1.1 SIE43 – Analise de Funções

Figura 14 – Assento SIE43e seus componentes

Quadro 3 – SIE43 – análise de funções.

Nº Componente Função

1 Garrafas Pet Preenchimento e acento da peça

2 Armação de Metal Fixar as garrafas e sustentação da peça (pernas)

1

2

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55

8.4.2 Truly Yours (S02)

Quadro 4 – Similar Truly Yours

Fabricante/Designer: Inna Alesina

Origem: Estados Unidos da América

Dimensões: Não informado

Materiais: - Polietileno de Alta Densidade

Características:

Design modular, que utiliza o lixo gerado pelo proprio usuário, para dar forma ao produto. A combinação dos modulos gera diversas combinações, ao mesmo tempo que concientiza o usuário da quatidade de lixo por ele gerado em seu próprio espaço.

Pontos Positivos:

- Economia de recursos e energia dispensados para a reciclagem de plásticos; - Permite personalização do produto em formas diversas - Modularidade; - Oferece uma destinação paliativa aos plásticos mistos que não são reciclados; - Leveza.

Pontos Negativos:

- Equilibrar as densidades na prática pode ser dificil com objetos tão diferentes usados no preenchimento; - Objetos mais rídigos e pontiagudos podem gerar desconforto para o usuário;

Links: http://www.designboom.com

Figura 15 – Truly Yours

Page 58: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

56

8.4.2.1 Truly Yours – Análise de Funções

Figura 16 – Truly Your e seus componentes

Quadro 5 – Truly Your – análise de funções

Nº Componente Função

1 Recipientes individuais Armazenar os componentes de enchimento (bolsas plásticas, embalagens, papeis e outros residuos)

2 Base agrupadora Agrupa os recipientes individuais

3 Material telado Completa o fechamento da peça garantindo que nada escape dos recipentes.

1

2

3

Page 59: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

57

8.4.3 Re:Pose (S03)

Quadro 6 – Re: Pose

Fabricante/Designer: Martin Heck + Baumhaus Collective Weimar

Origem: Inglaterra

Dimensões: Não informado

Materiais: - Conteiner de Lixo - Lona

Descrição:

Sofá desenvolvido a partir de um conteiner de lixo inutilizado por raxaduras em seu fundo (que possibilitava o vazamento de liquidos), e acento revestido com lona usada e preenchido com resíduos da produção de colchões.

Pontos Positivos: - Mobilidade - Resistência a ambientes úmidos - Facilidade de substituição do acento

Pontos Negativos: - Peso - Arestas vivas aparentes nas bordas plásticas

Observações:

Links: http://www.designboom.com

Figura 17 - Poltrona Re:Pose

Page 60: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

58

8.4.3.1 Re:Pose – Análise de Funções

Figura 18 – Re:Pose e seus componentes.

Quadro 7 – Re:Pose – análise de funções

Nº Componente Função

1 Conteiner de Lixo Fornecer a estrutura de sustentação básica do assento

2 Lona Revestimento do estofamento da peça e conteiner dos resíduos da produção de colchões.

3 Rodízios Prover mobilidade a peça e direcionamento durante a rolagem

4 Reforço de metal Reforçar o encosto do assento

1

2

3

4

Page 61: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

59

8.4.4 Rough and Ready (S04)

Quadro 8 – Rough and Ready

Fabricante/Designer: Vanja Bazdulj

Origem: Slovênia

Dimensões: Não informado

Materiais: - Folhas de feltro de lã - Corda

Descrição:

A peça consiste basicamente em folhas de feltro espessas dobradas e transpassadas por uma corda, amarrada em um dos lados. A espessura das folhas dobradas, confere estabilidade à estrutura.

Pontos Positivos: - Fácil confecção; - Leveza; - Customização.

Pontos Negativos: - Equilibrio da peça com o apoio do corpo sobre o encosto, na parte traseira e lateriais

Observações: Projeto experimental

Links: http://www.vanjabazdulj.com/work/

Figura 19 - Cadeira Rough and Ready

Page 62: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

60

8.4.4.1 Rough and Ready – Análise de Funções

Figura 20 - Rough and Ready e seus componentes.

Quadro 9 – Rough and Ready – análise de funções.

Nº Componente Função

1 Folhas de feltro de lã Corpo do assento

2 Folha de feltro de lã Envolver as folhas centrais e servir de encosto

3 Corda Manter unidas as folhas dobradas

1

2

3

Page 63: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

61

8.4.5 T-Shirt Chair (S05)

Quadro 10 - T-Shirt Chair

Fabricante/Designer: Maria Westenberg

Origem: Suécia

Dimensões: 52 x 100 x 60 (H) cm

Materiais: - Camisas e tecidos descartados - Estrutura tubular de aço

Descrição: Permite ao usuário confecionar sua própria malha de cores utilizando camisas velhas que para este não teria mais serventia.

Pontos Positivos: - Fácil confecção; - Leveza; - Customização.

Pontos Negativos:

Observações: O projeto foi vencedor do Green Furniture Award em 2011

Links: http://www.mariawesterberg.se

Figura 21 – T-Shit Chair

Page 64: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

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8.4.5.1 T-Shirt Chair – Análise de Funções

Figura 22 – T-Shirt Chair e seus componentes

Quadro 11 – T-Shirt Chair - análise de funções.

Nº Componente Função

1 Estrutura de metal Prover estrutura e receber a telha para a plicação das camisas

2 Tela Malhada de metal Servir de fixação para as camisas

3 Camisas Estofamento da cadeira

1

3

2

Page 65: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

63

8.4.6 Mousso Koroba Chair (S06)

Quadro 23 – Mousso Koroba Chair

Fabricante/Designer: Kix

Origem: Berlim

Dimensões: Não informado

Materiais: - Sacolas plásticas - Arco de metal e parafusos

Descrição: Permite ao usuário confecionar sua própria malha de cores utilizando camisas velhas que para este não teria mais serventia.

Pontos Positivos:

- Quando fechada ocupa espaço reduzido - A malha pode ser substituida sempre que necessário sem perda da estrutura - Focado na cultura local - Facil construção, montagem e desmontagem

Pontos Negativos:

Observações: Projeto representou um desenvolvimento social e econômicopara a população do Mali (África)

Links: http://www.kix.fr

Figura 23 – Mousso Korouba Chair

Page 66: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

64

8.4.6.1 Mousso Koroba Chair – Análise de Funções

Figura 24 – Mousso Koroba Chair e seus componentes.

Quadro 13 – Mousso Koroba Chair – análise de funções

Nº Componente Função

1 Estrutura de metal Sustentação e inclianação da peça.

2 Rodizio Auxilia no transporte e trava a inclinação da peça até um ponto seguro.

3 Parafuso e borboleta Trava as estruturas de metal em arco, e regula a alutura da cadeira.

4 Malhada trançada de bolsas plásticas

Sustentação do assento.

1

2

4

3

Page 67: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

65

8.4.7 A La Lata (S07)

Quadro 14 – A La Lata

Fabricante/Designer: Carlos Alberto Montana Hoyos

Origem: Colômbia

Dimensões: Não informado

Materiais: - Anéis de alumínio - Tubo conformado de aluminio

Descrição: Anéis de aluminio profeniente de latas de refrigerante e cerveja, unidos atraves de uma malha compõe a peça em conjunto com a estrutura de alumínio.

Pontos Positivos: - Leveza - Focado na cultura local

Pontos Negativos:

Observações:

Links: http://www.carlosmontana.com/

Figura 25 – A La Lata

Page 68: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

66

8.4.7.1 A La Lata – Análise de Funções

Figura 26 – A La Lata e seus componentes

Quadro 15 – A La Lata – análise de funções

Nº Componente Função

1 Estrutura tubular de alumínio Apoio para a malha

2 Anéis de latas de alumínio Compor a malha principal

3 Fios plásticos Unir os anéis e amarrar na estrutura tubular

1

2

3

Page 69: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

67

8.4.8 Sofá Pet (S08)

Quadro 16 – Sofá Pet

Fabricante/Designer: Divisão de Desenho Industrial do Instituto Nacional de Tecnologia (INT)

Origem: Brasil

Dimensões: Não informado

Materiais:

- Couro/Napa - Garrafas pet - Espuma de estofamento convencional - Papelão - Fita adesiva

Descrição: Com as características visuais de um mobiliário convencional, esta peça substitui as estruturas internas de madeira ou metal, por garrafas pet unidas.

Pontos Positivos: - Leveza - Aparência semelhante a um mobiliário tradicional

Pontos Negativos: - A manutenção/substituição de uma peça pode ser de dificil realização. - Em princípio não comporta o uso de pés ou rodízios

Observações:

Links: http://noticias.ambientebrasil.com.br/exclusivas/2006/03/15/23616-exclusivo-garrafas-pet-sao-usadas-para-criacao-de-moveis.html

Figura 27 - Sofá Pet

Page 70: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

68

8.4.8.1 Poltrona Pet – Análise de Funções

Figura 28 – A La Lata e seus componentes

Quadro 17 – Sofá Pet – análise de funções

Nº Componente Função

1 Garrafas pet Compor a armação do mobiário

2 Papelão Forrar e proteger as áreas de maior contato, entre o usuário e a estrutura

3 Espuma Estofar

4 Tecido Revestimentir a peça externamente

1

2 3

4

Page 71: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

69

8.4.9 Poltronas Pet Ama/Go (S09)

Quadro 18 – Poltrona Pet Ama/Go

Fabricante/Designer: Agência Municipal do Meio Ambiente de Goiânia-GO

Origem: Brasil

Dimensões: Não informado

Materiais: - Garrafas Pet - Fita Adesiva

Descrição: Peças diversas (mesa, cama, poltrona) desenvolvidas em oficinas educativas, através da união de diversas garrafas com fita adesiva.

Pontos Positivos: - Leveza

Pontos Negativos: - Pouco apelo estético - Ausencia de revestimento - Material aparente

Observações:

Links: http://www.goiania.go.gov.br/

Figura 29 - Mobiliários diversos desenvolvidos pela AMMA

Page 72: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

70

8.4.9.1 Poltronas Pet Ama/Go – Análise de Funções

Figura 30 - Poltrone Pet Ama/Go e seus componentes

Quadro 19 - Poltrona Pet Ama/Go – análise de funções

Nº Componente Função

1 Garrafa pet Estruturar e dar volume da peça

2 Fita Adesiva Unir as garrafas

1

2

Page 73: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

71

8.4.10 Sofá Away (S10)

Quadro 20 – Sofá Away

Fabricante/Designer: Rubcn

Origem: Espanha

Dimensões: Não informado

Materiais: Madeira Revistas

Descrição: Sofá feito de tiras de revistas descartadas, dobradas e trançadas compondo todo o revestimento da peça, e com enchimento de bolas de papel amassadas.

Pontos Positivos: - Uso de materiais simples - Fácil construção - Mobilidade

Pontos Negativos: - Superficie pode ficar desforme de acordo o enchimento - Pouca resitência à umidade

Observações:

Links: http://retrain.endekos.com/763

Figura 31 – Sofá Away

Page 74: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

72

8.4.10.1 Sofá Away– Análise de funções

Figura 32 – Sofá Away e seus componentes.

Quadro 21 – Sofá Away – analise de funções

Nº Componente Função

1 Fitas de revistas dobradas e trançadas

Revistir a peça e conter o seu enchimento

2 Base de madeira Fixar o revestimento e servir de base para o enchimento.

3 Tampa de abertura Permitir o inserção/retirada do enchimento da peça.

4 Trava Abrir fechar a tampa

5 Bolas de papel amassado Dar volume a peça

6 Rodízios Permitir a movimentação da peça

1

2

5 6

3

4

Page 75: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

73

8.4.11 Diferencial Semântico

Quadro 22 - Diferencial Semântico de similares

S01 S02 S03 S04 S05 S06 S07 S08 S09 S10 SI

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

CONCEITO 3 2 1 0 1 2 3 CONCEITO

LIMPO

SUJO

SIMPLES

COMPLEXO

MODULAR

INDIVIDUAL

LEVE

PESADO

CUSTOMIZÁVEL

DEFINITIVO

CONFORTÁVEL

DESCONFORTÁVEL

SEGURO

INSEGURO

ESTÁVEL

INSTÁVEL

RECICLÁVEL

NÃO RECICLÁVEL

FORMAL

INFORMAL

FACIL MANUTENÇÃO

DIFICIL MANUTENÇÃO

PEQUENO

GRANDE

FRÁGIL

FIRME

Page 76: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

74

8.4.12 Análise de Similares

De acordo com o diferencial semântico, e as análises individuais dos similares

algumas características pode ser observadas:

- O uso de materiais inusitados e que fogem ao tradicional, confere às peças se um

aspecto mais informal e até lúdico em alguns casos.

- As peças que deixam aparentes os materiais reutilizados, o fazem de forma que

sua disposição se caracterize como um aspecto estético. Nos casos em que o

material tem função unicamente estrutural, não apresentando bom apelo estético,

convém que este seja revestido, como por exemplo no similar nº 08 (Sofá Pet).

- A customização é um aspecto desafiador, ficando restrito a possíveis capas ou

outros tipos de coberturas/revestimentos que o usuário coloque por cima da peça.

Prover a customização pode gerar maior identificação com o objeto, e

consequentemente prolongar seu tempo de uso e possíveis manutenções quando

necessárias, ao invés do descarte direto e substituição por um novo produto.

- Da mesma forma a modularidade foi pouco explorada na maioria das peças, em se

tratando de poltronas individuais. Para efeito de configuração de espaços pequenos

ou restritos esta seria uma característica apreciável.

- A manutenção dos compontens está está ligada a sua complexidade. O uso de

componentes fixos ou que não podem ser substituidos sem danificar a peça toda,

podem diminuir a vida útil do produto se estes não apresentarem boa resistência.

- O número de componentes e suas conexões também pode dificultar o desmonte e

a reciclagem do produto no final de sua vida útil. Faz-se necessário informar ao

usuário as alternativas de descate do produto para que este não retorne ao meio

ambiente como um poluente.

- Materiais com pouca rigidez como o papel por exemplo, podem ser mostrar

instáveis e irregulares, causando problemas de ordem ergonômica no projeto. Em

Page 77: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

75

contrapartida, o uso destes se mostra promissor para enchimentos substituindo a

espuma de estofamento.

- Os itens mais pesados, incluiram componentes que facilitam sua mobilidade.

- O conforto está intimamente ligado ao visual da peça. Uma vez que estão sendo

utilizados materiais que não foram inicialmente desenvolvidos para este propósito,

juízos de valores como “isto parece confortavel” e “isto não parece confortável”

podem prejudicar a primeira identificação do usuário com a peça. O conforto físico

de fato, será determinado pela preocupação com as determinações ergonômicas e o

real uso do produto.

- Peças muito leves demandam maior preocupação com a estabilidade.

Page 78: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

76

8.5 Ergonomia

8.5.1 O ato de sentar

Estar sentado inicialmente pode parecer uma situação completamente

estática, imovél. No entanto, ninguém consegue permanecer muito tempo na mesma

posição, ainda que em estado de repouso. Isso ocorre devido a dinâmica do sentar

que envolve componentes como a estrutura óssea e muscular, que ficam sob tensão

e pressão durante esta atividade. “Cerca de 75% do peso total do indivíduo é

apoiado em apenas 26 centímetros quadrados”28, uma carga pesada distribuída

sobre uma área relativamente pequena, na parte inferior das nádegas.

A incorreta adequação de medidas da peça pode acentuar ou atenuar esta

distribuição. No entanto, ela é inevitável, de modo que um equilíbrio deve ser

buscado, pois ao atenuar uma área de pressão nas nádegas por exemplo, pode-se

estar compromentendo a postura da coluna vertebral e vice-versa.

8.5.2 Antropometria

Considerando um assento padrão as seguintes medidas mínimas devem ser

observadas:

Figura 33 – Dimensões do assento

28

PANERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços interiores: um livro de consulta

e referencia para projetos. Barcelona : G. Gili, 2002

Page 79: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

77

Onde:

AA – Altura do Assento

P – Profundidade do Assento

AE – Altura do Encosto

L - Largura

Para a definição das medidas foram utilizados como referência os dados

antropométricos dos usuários extremos, Homem percentil 97,5 e Mulher percentil

2,5, segundo os dados levantados por DIFFRENT29.

Figura 34 – Mulher percentil 2,5, plano sagital.

Figura 35 – Mulher percentil 2,5, plano cranial.

29

DIFFRIENT, Neils; TILLEY, Alvin; BARDAGJY, Joan. Human Scale 1/2/3. Cambrige, Ed. The Mit

Press – 1981. 26p. 27p.

Page 80: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

78

Figura 36 – Homem, percentil 97,5, plano sagital.

Figura 37 – Homem, percentil 97,5, plano cranial.

A partir das medidas foi realizada a compatibilização da área de uso da peça,

primando pela abrangencia dos usuários extremos.

Page 81: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

79

8.5.3 Adequação ergonômIca – área de compatibilidade

Figura 38 – Área de compatibilização entre usuários extremos

Como resultado do processo, é apresentada a tabela abaixo com as

dimensões consideradas, as medidas iniciais separadas por sexo/percentil e as

medidas extremas, que serão consideradas para efeito projetual.

Quadro 23 – Medidas antropométricas e medidas extremas

Dimensão Homem 97,5

(cm)

Mulher 2,5

(cm)

Medidas

Extremas (cm)

Altura do Assento (AA) 47 36,3 36,3 (máximo)

Largura do Assento (L) 41,1 45* 45 (mínima)

Profundidade do Assento (P) 51,1 40,1 40,1 (máxima)

Altura do Encosto (AE) 58,5** 46*** 58,5 (mínima)

* Para largura do assento, considera-se a medida da mulher 97,5

** 48,8 (altura dos ombros) + 9,7 (ísquios)

*** 39,6 (altura dos ombros) + 6,4 (ísquios)

Page 82: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

80

8.5.4 – Adequação ergonômica – angulos de conforto

A partir das definições de Diffrient30 foram obtidos os angulos de inclinação

para o encosto e acento de acordo com a atividade prevista para o acento.

Figura 39 – Inclinação do acento e encosto.

30

DIFFRIENT, Neils; TILLEY, Alvin; BARDAGJY, Joan. Human Scale 4/5/6. Cambrige, Ed. The Mit

Press – 1981. Anexos.

Page 83: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

81

8.6 Materiais

Dentre os diversos materiais reutilizáveis o presente projeto irá se focar no

uso das folhas de polionda combinada com a garrafa pet.

As folhas de polionda constituem um residuo industrial da Peugeout Citroën

(Porto Real-RJ), provenientes de embalagens para lanternas, que recebem

internamente berços de EVA.

As garrafas pet, de uso bastante popular como recipiente para bebidas é

presença constante no lixo urbano, podendo ser obtida através de doação, coleta ou

separação, em residências, festas e eventos, restaurantes etc. Por questões

higiênicas e estruturais, o objetivo é obter as garrafas antes que estas cheguem ao

lixo.

8.6.1 Garrafas Pet

O PET (Poli Tereftalo de Etileno), amplamente popularizado por seu uso no

envase de refrigerantes, além de outros produtos, é um polímero termoplástico, que

apresenta como principais características sua alta resistência mecânica e química.

Dentre outras vantagens da garrafa pet, podem ser citadas:

- Leveza (uma garrafa vazia, pesa em torno de 55g), o que permite o transporte de

maiores volumes;

- São inquebráveis, trazendo maior segurança no seu uso;

- São 100% recicláveis.

- São de fácil identificação e separação em meio ao lixo.

As garrafas apresentam aspecto translucido, sendo encontradas

principalmente na cor verde ou transparente. No caso das garrafas de refrigerante, a

estrutura básica (ver figura 40) consiste na base, corpo, ombro/gargalo, boca/rosca e

tampa.

Page 84: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

82

Figura 40 – Estrutura básica da garrafa pet

No mercardo de refrigerantes existem garrafas de formas variadas, de acordo

com o molde utilizado em sua fabricação. Marcas de maior expressão no mercado

tendem a usar formas personalizadas, acrescentando ao corpo da garrafa

ondulações, seções de diâmetro variado, texturas e ranhuras de modo a diferenciá-

las da concorrência, tal como criar uma identidade marcante para um produto ou

sabor específico.

Figura 41 - Modelos diferenciados de Garrafa Pet

Tais variações podem modificar as dimensões das garrafas (altura e

dinâmetro), sendo necessário para o projeto em questão, a adoção de um modelo

Page 85: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

83

especifico afim de padronizar as peças. Como referência para o projeto estarão

sendo utilizados o modelo mais simples (semelhenate ao modelo do refrigerante

kuat na figura 41, e com especificações definidas na figura 42), sem ranhuras ou

variações de diâmetro em seu corpo, pois apresentam melhores resultados quando

encaixadas entre si além de mais estabilidade sobre as folhas de polionda.

Figura 42 – Dimensões da garrafa pet adotada para o projeto.

O tempo estimado de decomposição de uma garrafa pet é de 400 anos,

fazendo-se por esse motivo extremamente necessária a sua reciclagem ou

reutilização. Sua presença nos aterros sanitários dificulta o processo de

decomposição e compostagem do material orgânico além de gerar o

escorregamento de camadas de lixo devido a sua impermeabilidade e superfície que

não proporciona aderência.

As garrafas são de fácil obtenção e identificação, uma vez que são

descartadas aos montes em meio ao lixo doméstico, em outras situações agrupadas

em fardos após a realização de grandes eventos, para posterior descarte. Segundo

estatísticas da ABIPET (Associção Brasileira da Indústria do pet), o mercado aponta

para um contínuo crescimento do consumo da resina pet para embalagens, tendo,

em 2009, as aplicações destinadas a recipientes para refrigerantes, água e óleo,

como responsáveis por 90% do total da resina virgem colocada no mercado

brasileiro.

Page 86: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

84

O valor pago pelo quilo do PET é gira em torno de R$ 0,25 a R$ 0,80

dependendo da localidade e periodo do ano, sendo que para 1 quilo são necessárias

aproximadamente 20 garrafas de 2 litros. Este valor vai crescendo a cada etapa do

processo, uma vez que são adicionados variantes como transporte, local para

armazenagem, maquinário para prensagem e processamento. Para o uso téxtil, por

exemplo, são necessárias 2 garrafas para o tecido necessário para uma camisa com

malha 50% PET/50% algodão. Via de regra, peças texteis que utilizam o PET em

sua fabricação ainda são mais caras do que as que utilizam somente algodão e,

segundo a Revista Sustentabilidade31, em 2008 uma camiseta com 50% de PET era

encontrada no mercado a valores entre R$ 25,00 e 30,00; o que demonstra o

abismo dos valores início do processo (na cata do material) e o valor de venda de

uma peça beneficiada pelo PET, ainda que este valor não represente a real margem

de lucro.

A reciclagem do material possui destino certo através da popularização das

cooperativas de catadores de plásticos em geral, em especial da garrafa pet,

gerando uma fonte de renda alternativa para milhares de pessoas em todo o país. O

pet reclicado, após todo o processo de transformação é destinado a aplicações como

fitas de arquear, peças de injeção à sopro, tubos e conexões, chapas, e indústria

têxtil, tendo este último cada vez mais destaque, arrematando a fatia de 37,8%32 do

mercado de utilização do pet reciclado.

31

REVISTA SUSTENTABILIDADE. Com novos produtos, país vive boom do PET reciclado. Disponivel

em : < http://www.revistasustentabilidade.com.br/noticias/com-novos-produtos-pais-vive-boom-do-pet-

reciclado> Acesso em 11 set. 2011. 32

Sétimo Censo da Reciclagem Pet no Brasil. Disponível em:

<http://www.abepet.com.br/index.html?method=mostrarDownloads&categoria.id=3> Acesso em 2 out.

2011

Page 87: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

85

Figura 43 – Garrafas separadas para o envio à reciclagem.

Apesar da existência dos centros de reciclagem em diversos municípios,

ainda é frequente a presença das garrafas em meio ao lixo residencial, e

consequentemente nos lixões, fazendo com que a cata do material ocorra em

condições insalubres em meio a todo tipo de resíduos perigosos para a saúde

humana, além de provocar o deslizamento camadas de lixo, no caso das peças que

ficam soterradas em meio aos detritos. A simples separação das garrafas (tal como

de outros plásticos, vidro e metal) do restante do lixo orgânico ainda não é consenso

para toda a população. Ao que parece, a visão que se tem do trabalho de cata de

material para reutilização ou reciclagem, é que a separação do material orgânico dos

materiais sólidos é função única e/ou exclusiva dos catadores ou trabalhadores dos

centros de reciclagem. Enfim, a educação da população também é um item de suma

importante neste processo, no tocante a conscientização e resposabilidade.

Entretanto é preciso observar que certos procedimentos prejudicam ou até

inviabilizam a reciclagem do PET, como o uso de colas e plásticos de mesma

densidade.

“A maioria dos processos de lavagem não impede que traços destes

produtos indesejáveis permaneçam no floco de PET. A cola age

como catalisador da degradação hidrolítica quando o material é

Page 88: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

86

submetido à alta temperatura no processo de extrusão, além de

escurecer e endurecer o reciclado.”33

A partir desta premissa, toda sorte de rótulos é removida antes do

processamento efetivo do pet, devendo também ser evitado, na medida do possível

o uso de colas.

Além da reciclagem o pet, o pet pode ser incinerado apresentando altas taxas

de combustão, com valores que chegam a 20.000 BTUs/quilo, liberando no processo

gases residuais de monóxido e dióxido de carbono, acetaldeído, benzoato de vinila e

ácido benzóico. Mesmo com a recuperação de energia, ainda é recomendada a

reciclagem do material devido ao alto valor de sucata.

8.6.2 Polipropileno corrugado

A polionda, como é popularmente conhecida a chapa de polipropileno

corrugado, é um material utilizado largamente no meio industrial principalmente

como materia prima para embalagens, apresentando excelente desempenho,

comparável ao papelão e ao plástico injetado.

Figura 44 – Folha de polionda

Sua estrutura é semelhante à uma folha de papelão, composta basicamente

de dois planos, unidos por nervuras longitudinais. De acordo as informações no site

33

PET. CEMPRE. Disponível em <http://www.cempre.org.br/ft_pet.php> Acesso em 10 de set. 2011;

Page 89: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

87

do fabricante Polionda34, sua estrutura apresenta alto índice de leveza

proporcionada pelo polipropileno, e resistência, sendo esta composta por 70% de ar.

Dentre outras atrativos, o material é 100% reciclável, impermeável, inodoro e

apresenta baixa flamabilidade. As espessuras encontradas são diversas, variando

de 2 mm a 5 mm, com uma até 14 graduações de espessuras.

Em muitas indústrias este material se torna resíduo, sendo descartado após a

retirada da peça que antes estava embalada pela polionda, constituindo uma fonte

de matéria prima interessante para projetos de ecodesign que buscam a destinação

e/ou a eliminação de resíduos indústriais, tal como a obtenção de um material leve e

resistente.

No caso da Peugeot Citroën (Porto Real – RJ) folhas de polionda descartadas

são provenientes da embalagem de lanternas. Estas folhas se tornam um resíduo

indesejável, uma vez que não há outra serventia dentro dos processos de fabricação

da empresa. Parte dessas folhas foi doada ao Centro Universitário UniFOA, para

usos diversos pelo curso de Design.

As folhas se apresentam em duas espessuras diferentes, 0,3 mm (polionda

translucida branca) e 0,5 mm (polionda azul e polionda preta), com as dimensões

aproximadas de 1,44 m de largura por 1,02 m de altura (podendo as dimensões

serem invertidas de acordo com o sentido das nervuras). Algumas folhas

apresentam ainda residuos de cola e do EVA anteriormente preso à peça, devendo

estes ser removidos através de produtos químicos antes de sua utilização.

Quando descartada a polionda deve ser encaminhada para centros de

reciclagem para ser processada junto aos demais materiais que utilizam o PP

(Polipropileno) como matéria prima. Alguns fabricantes, como a própria Polionda,

realizam a recompra e o recolhimento do material, para realizar reciclagem e

posterior reinserção do processo de fabricação.

34

Polionda. Polionda Disponivel em <http://www.polionda.com.br/internas.php?pg=polionda> Acesso

em 19 de out. 2011

Page 90: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

88

9 SÍNTESE

De acordo com os dados levantados e analisados, o produto a ser

desenvolvido deverá apresentar as seguintes características:

Modularidade - Ser modular, possibilitando o uso unitário (como poltrona) ou em

conjunto com outros módulos (sofá), dando ao usuário a possibilidade de ajustar-lo

ao seu ambiente conforme o seu espaço disponível, além de poder reconfigurar sua

disposição sempre que desejar.

Estética - Deve aparesentar um visual atraente para o consumidor, podendo deixar

aparente (ou não) os materiais reutilizados, de forma que estes tenham alguma

função estética através de sua disposição, cores ou forma. A estética e acabamento

do produto terão a função de eliminar ou reduzir a visão de que esté um produto

artesanal ou de baixa qualidade.

Leveza e Mobilidade - Deve primar pela leveza, o que facilitará seu deslocamento e

transporte. Uma vez que não seja possível cumpri o requisito de leveza, o produto

deve ser imbuído rodízios ou algum outro dispositivo que facilite seu deslocamento.

Conforto e Ergonomia - A poltrona deve atender as especificações ergonômicas

previstas para os seus usuários, dentro das medidas mínimas e máximas, além de

prover o conforto necessário.

Descarte e Reciclagem - O produto deverá informar ao consumidor como proceder

para descartar a peça, de modo que o desenvolvimento deste projeto não se torne

somente o adiamento de sua chegada ao lixo ou ao meio ambiente sem qualquer

cuidado.

Tal informação terá ainda a função de informar, conscientizar e

responsabilizar o usuário pelos atos decorrentes do descarte da peça. As

informações podem ser disponibilizadas impressas (manual ou embalagem), e/ou

meio digital.

Page 91: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

89

Fabricação e Montagem - Para a fabricação do produto deverá ser considerada a

mão de obra utilizada, sendo estes um dos focos do público alvo. De acordo com as

técnicas construtivas, se possível, deve permitir a montagem/desmontagem pelo

próprio comprador

Uso de Materiais - Os materiais escolhidos deve ser utilizados de forma racional,

aplicando somente o necessário da matéria para a construção da peça, com o

objetivo de evitar o desperdício.

Embalagem e Transporte - O produto deve observar questões como embalagem e

transporte de forma a otimizá-los tanto para a distribuição atacadista quanto para a

compra do usuário final. Alem de proteger a peça durante o seu transporte, a

embalagem pode ser integrada ao produto e reutizada como complemento do

produto principal, valorizando esta em detrimento do descarte imediato, além de

gerar fidelização da marca junto ao cliente.

Page 92: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

90

10 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS

Uma vez definido o uso de garrafas pet como material principal da peça, o

processo de geração de alternativas buscou novos usos deste objeto em

composição com outros materiais de apoio (como papelão e a polionda por

exemplo).

Em sua maioria os projetos de referência onde a garrafa de refrigerante PET

é utilizada, esta é colocada na posição vertical de forma fazer uso de seu fundo

(mais rígido) e do seu corpo cilindrico para fornecer sustentação e resistência ao

peso das cargas aplicadas sobre a garrafa. Dentre outras questões, as

possibilidades de projeto rascunhadas objetivaram algo fora dessa linha, visando

novas possibilidades, angulos, encaixes e combinações da garrafa pet com outros

materiais.

Figura 45 – Sofás e Put de garrafa pet, construídos com

a técnica do professor Sebastião Feijó.

Quanto às técnicas de construção já ultilizadas em mobiliários, a principal

referência são as cadeiras, poltronas e sofás feitos de garrafa pet, onde a garrafa

Page 93: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

91

tem sua boca cortada para receber uma nova em seu interior. Esta técnica35, já

patenteada e amplamente difundida na internet, é atribuída ao professor de biologia

Sebastião Feijó.

Figura 46 –A técnica de construção da cadeira pet.

Outra importante referência foi o projeto Plastiki36, no qual foi construído um

barco com cerca de 12.000 garrafas plásticas, com o intúito de cruzar o oceano

pacífico (partindo de São Francisco/EUA em direção a Sydney/Austrália), usando de

tecnologias limpas para sua construção, propulção e manuntenção, além de

sensibilizar as pessoas quanto às questões ambientais, em especial no tocante ao

lixo nos mares. No que diz respeito às garrafas, responsáveis pela flutuação da

embarcação, estas são preenchidas com 12 gramas de gelo seco cada uma, o que

as mantem leves, rígidas e infladas, através do gás liberado no interior do frasco.

35

Recicloteca. Passo a Passo. Disponível em <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>

Acesso em 25 ago. 2011. 36

The Plastiki Expedition. Diponivel em <http://www.theplastiki.com/> Acesso em 14 set. 2011.

Page 94: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

92

Figura 47 - Embarcação Plastiki, que usa de garrafas pet infladas com

CO2 (a partir do gelo seco) para sua flutuação

Figura 48 – O Plastiki visto por baixo d´água e o posicionamento das garrafas.

Ainda na mesma linha do projeto Plastiki, há o projeto brasileiro de nome

Kaypet37, também descrito em detalhes (materiais, projeto, construção, execução e

uso) na internet através de vídeos, onde é construído um caiaque, usando além do

método de inflar garrafas com gelo seco, outras informações sobre o corte, colagem,

criação de áreas de aderencia, etc.

37

Faz Eco. Kay Pet. Disponível em <http://www.fazeco.com.br/projetos-de-produtos/esporte-e-

lazer/caiaque-de-garrafas-pet/kaypet-kayak-pet-bottles.html> Acesso em 16 de set. 2011.

Page 95: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

93

Figura 49 - Kaypet

Em se trantando de um produto de ecodesign, questões como a manutenção

e o descarte facilitado já devem ser observadas neste primeiro momento.

10.1 Alternativa 1

A peça é constituida de garrafas PET infladas com gelo seco e lacradas, com

o objetivo de manter sua forma mesmo quando aplicado peso sobre elas. Cada

conjunto de 2 garrafas é unido por um tubo (composto do corpo de uma garrava sem

fundo e sem ponta), dispondo as pontas da garrafa para as extremidades do movel.

Folhas de polionda unidas, dispostas nas laterais e ao centro na parte inferior,

tem a função de dar apoio às garrafas formando o acento e o encosto, além de dar

sustentação à estrutura.

Page 96: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

94

Figura 50 – Alternativa1

A lateral apresenta ainda um área de pega de forma que o transporte da peça

seja facilitado, ainda que a peça seja leve, sem a necessidade de desmontá-la.

Sua fabricação pode ser falicitada através da aquisição de uma prancha de

corte/vinco, semelhante às utilizadas em gráficas, com o objetivo de agilizar e

padronizar o corte das folhas de polionda. Outra alternativa é realizar o corte manual

a partir de uma matriz e fazer as perfurações através de ferramentas rudimentares,

já com tamanhos pré-definidos para a peça.

10.2 Alternativa 2

Este modelo também se utiliza de garrafas infladas e lacradas, uma vez que

em seu posiconamento horizontal deverá suportar o peso do usuário. Dispostas em

pares, as garrafas forma o preenchimento de um colchão tipo “futon”, que pode ser

usado como assento, chaise cama. As garrafas devem ser unidas por amarrações

de forma que seu posicionamento não se perca.

Page 97: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

95

Figura 51 – Alternativa 2

Figura 52 – Alternativa 2: variações

O revestimento da peça deve ser feito com lona de caminhão reulizada ou

lona de banners/paineis para comunicação visual. De forma a atenuar a atrito entre

a lona e as garrafas, além de oferecer um acolchoamento à peça, o conjunto de

garrafas será envolvido em bolsas plásticas.

A peça fica acentada sobre uma base de paletts reutilizados.

A fabricação se dá através da união das garrafas, costura da lona e

adequação dos pallets para o uso da peça.

10.3 Alternativa 3

A garrafa pet aqui é utilizada como elemento agregador das lâminas dispostas

de forma sequencial formando um bloco. As lâminas de polionda do encosto são

Page 98: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

96

intercaladas com as lâminas do acento e transpassadas pela garrafa pet, criando

união e estabilidade para a peça.

Figura 53 – Alternativa 3

Sua fabricação se dá através do corte e perfuração das lâminas de polionda

com base em um molde ou faca de corte, com a a posterior união e inserção das

garrafas nos orifícios.

Page 99: DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE MOBILIÁRIOUTILIZANDO COMO BASE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS

97

10.4 Definição da alternativa escolhida

Através de uma matriz de decisão (ver Anexo 1) que contempla os requisitos

do projetos, os itens definidos na síntese e as abordangens do ecodesign, foram

avaliadas quais alternativas atendiam de forma mais eficaz o projeto como um todo.

As comprações quantitativas (por exemplo. a quantidade de material utilizado)

levaram em consideração somente as alternativas entre si. Desta forma todos os

parâmetros inerentes ao projeto foram considerados para a tomada de decisão,

definido através de porcentagens de aproveitamento cada projeto atnigiu em cada

grupo de parâmentros.

A tabela abaixo apresenta o resumo da avaliação comparativa entre as

alternativas.

Parâmetro/Requisito/Abordagem ALTERNATIVA 1 ALTERNATIVA 2 ALTERNATIVA 3

Requisitos do Projeto 100% 100% 100%

Síntese 100% 44% 66%

Abordagens do Ecodesign 66% 33% 33%

Avaliação Geral 88,67% 59,00% 66,33%

Tabela X – Avaliação comparativa geral das alternativas.

A partir deste quadro, a alternativa 1 alcançou uma avaliação de 88,67% dos

parâmetros/requisitos de projetos atendidos, sendo definida como o Partido

Projetual.

10.4.1 Aprimoramentos da alternativa adotada

O partido adotado sofreu ainda alguns aprimoramentos, de forma a corrigir

detalhes estrututurais, construtivos e estéticos, que inicialmente na fase de geração

de alternativas passaram despercebidos. A detecção de tais problemas foi possível

mediante apresentação da idéia, e troca de informações com orientador do projeto,

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98

Professor Moacyr Ennes; o técnico supervisor da construção do modelo físico Paulo;

e a responsavel pela Fiz de Contas, Inês Lavinas.

Dentre os princiapis aprimoramentos aplicados estão:

- criação de uma estrutura interna que impeça o tombamento da peça, intervindo de

forma perpendicular às peças principais que suportam as garrafas;

- substituição de furos por calhas abertas para receber as garrafas, facilitando uma

futura manutenção das peças e permitindo que todas as lâminas que irão suportar

as garrafas tenham cortes iguais, além de distribuir sobre uma área maior a tensão

exercida pelas garrafas sobre as folhas de polionda;

- Arredondamento das arestas de contato com o usuário.

Após estes aprimoramentos o conjunto tomou a forma abaixo, conforme a

figura 54 . As linhas principais contiuam as mesmas, com pequenas modificações.

Figura 54 – Aprimoramento da alternativa adotada (rafes e rendering inicial)

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99

11 DETALHAMENTO TÉCNICO

11.1 Desenho Técnico

Nas páginas seguintes seguem os desenhos esquemáticos das vistas

ortogonais, lista de itens e árvore estrutural.

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100

11.2 Processo de Fabricação

11.2.1 Limpeza do Material

Antes de qualquer procedimento todas as peças devem ser limpas. As

garrafas PET devem ser lavadas e e colocadas para secar á sombra com boca

destampada para baixo, fazendo com que não fique qualquer líquido em seu interior.

As folhas de polionda devem ser raspadas e limpas com água-raz afim de

eliminar todo o vestigio do EVA ou cola em sua superfície. Logo depois deve ser

proceder limpeza com pano úmido levemente emebebido com sabão, eliminando

qualquer odor da água raz.

11.2.2 Corte das Peças de Polionda

No processo de fabricação o ponto mais crítico se detem no corte da folha de

polionda, mais especificificamente da peça que irá servir de apoio para as garrafas,

por conter muitas curvas. Para a execução do corte de forma segura e precisa

destas peças, recomenda-se o uso de prancha com faca de corte, na qual já consta

todo o desenho da peça e lâmina com profundidade suficiente para atravessar a

lâmina de polionda. Esta prancha de corte é semelhante às utilizadas em gráficas

para a execução de corte e vinco.

Outra opção para o corte das peças é o uso de tubos metal com a boca afiada

em serralheria. Dessa forma, posicionado o tubo sobre a polionda em local

previamente demarcado e posteriormente aplicando a força necessária para

atravessa o material, o corte seria feito igualmente de forma padronizada. Para isso

é necessário que o tubo tenha o diâmetro de 10 cm, conforme especifica o desenho

técnico. Associado a esta técnica estaria o corte manual usando de estiletes ou

serras para as linhas retas.

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A terceira opção consiste no corte interiamente manual a partir de uma matriz

a ser demarcada sobre a folha de polionda para posterior corte com estilete (para as

áreas curvas) ou serra manual/automática para as areas retas.

Após o corte bruto das peças é necessário lixá-las para reduzir os contatos

asperos e aredondar as áreas pontiagudas conforme especificado no desenho

técnico.

11.2.2.1 Aproveitamento

As folhas de polionda disponiveis para a execução do projeto possuem as

dimensões de 144 x 102 cm. Afim de obter o melhor aproveitamento do material, as

peças estruturais terão a seguinte disposição de corte sobre a lâmina de polionda:

Figura 55 – Aproveitamento da lâmina de polionda.

Com essa disposição, obtem-se um aproveitamento de aproximadamente

92% da folha, sendo necessárias 3 Lâminas inteiras para a quantidade de itens

mínima para montar uma peça (tendo como peças sobressalentes os itens 5, 6 e 7).

Vale lembrar que o para as peças que receberão cargas (na figura x indicadas pelos

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números 1, 2, 8 e 9) deverão sempre ter suas bases perpendiculares às nervuras da

folha de polionda.

Para a construção dos modulos de garrafa pet são utilizadas no total 40

garrafas PET. Deste total, apenas 16 são usadas inteiramente. As demais são

aproveitadas somente o corpo ou parte do corpo com fundo (ver Desenhos Técnicos

– Lista de Itens).

11.2.3 Corte das garrafas PET

As garrafas receberão dos tipos de cortes (ver figura 56). Estas peças irão

compor os pontos de união e extermidades dos módulos pet.

Figura 56 – Corte das Garrafas

Antes de ser feito o corte deve ser feita uma linha guia sobre a garrafa,

garantindo que o corte seja feito de forma linear. Para iniciar o corte, deve ser feita

uma incisão com o estilete sobre a linha, e proceguir o restante do corte com

tesoura.

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11.2.4 Montagem dos módulos PET

Cada módulo PET é comporto por duas garrafas inteiras e tampadas. As

garrafas deverão ser encaixadas pelo fundo no anel formado pelo corpo cortado de

uma garrafa (ver Desenho Técnico – Lista de Itens).

Após o encaixe das duas garrafas ambas deverão receber em seu interior 10g

de gelo seco (equivalente à meia tampa de garrafa) e tamapadas imediatamente,

procurando fechar lacrar ao máximo a abertura.

Para finalizar o modulo, encaixa-se as pontas (fundos de garrafa) até que a

tampa da garrafa encoste em seu fundo.

11.3 Resíduos

As peças descartadas a partir do corte das garrafas pet e das folhas de

polionda deverão ser agupadas e enviadas para o processo de reciclagem.

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12 COMPONENTES ADIOCIONAIS

Afim de destacar o produto e reforçar sua identidade, foram desenvolvidos

itens adicionais como: identidade visual, embalagem e manual do produto

(especificações, montagem, manutenção e descarte).

12.1 Identidade Visual

Para a peça, intitulada “LEVPET” foi desenvolvida uma identidade visual, que

será aplicada nas embalagens e manual de montagem, fortalcendo e divulgando o

nome do produto, com uma identidade definida.

Figura 57 – Identidade visual LEVPET

O simbolo faz referência à vista lateral da peça, onde as garrafas pode ser

vistas de forma sequencial dando forma ao acento, formando a letra “L”.

O nome “LEVPET” diz respeito a duas características essenciais do modelo:

sua leveza (LEV) e o uso de garrafas pet em sua estrutura (PET).

As cores fazem alusão à garrafa pet (predominantemente verde) e ao meio

ambiente, mesclando o verde escuro com o verde limão.

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13 CONCLUSÃO

O uso de materiais reutilizados se mostrou como matéria prima para o projeto

se mostrou bastante eficaz, uma vez que estes foram analizados, definindo as suas

propriedades e dimensões, permitindo a reprodução da peça a partir dos desenhos

técnicos e especificações.

Quanto aos desafios encontrados, merece destaque a questão da

padronização dos materiais descartados, sendo necessário determinar um formato

específico de garrafa PET para que suas dimensões fossem constantes durante todo

o projeto. Posteriormente há que se estudar soluções para os demais formatos mais

comuns no mercado para que isso não se torne uma limitação na aquisição e uso

das garrafas.

A percepção de "produto artesanal" também pode ser reduzida, pois cada

elemento voi projetado com funções específicas e não somente como elementos

estéticos. O cuidado com o acabamento e a preocupação com a ergonomia e

conforto do usuário também agregam valor ao projeto. Soma-se a esse elementos

ainda, a aplicação de uma identidade que dê uma percepção mais comercial do

produto.

Outra ponto importante é a definição destino do produto ao final do seu ciclo

de vida. Do contrário, ainda que utilizando materiais reutilizáveis, este seria somente

mais um produto e seus componentes retornados para o lixão ou o meio ambiente

de forma indevida. Neste processo, está incluso o usuário final, que através do

manual e de todo o apelo ecológico do produto é orientado a descartá-lo da forma

menos agressiva possivel ao meio ambiente, contribuindo também para a sua

conscientização.

O uso de tecnologias rudimentares previstas para a fabricação da peça

também constituiu um dos pontos críticos, de modo que as peças não deviam ser

complexas demais dificultando a fabricação, visto que o publico alvo enquanto

fabricante poderia apresentar baixa escolaridade, tornando-se um dos limitadores do

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projeto. Em contra-partida tal limitação determinou a construção de uma peça de

montagem simples e rápida que pode ser realizada pelo próprio usuário final em

cerca de 10 minutos.

Ficam como possibilidades de viabilização da venda da peça a capacitação

das pessoas que irão fabricá-la e a futura aquisição de maquinas de corte que

permitam execuções mais ágeis ou detalhadas, o que também permitira a inclusão

de outros itens reutilizáveis no projeto, além de estender as técnicas de fabricação à

outras peças de mobiliário (mesas, camas, cadeiras, etc), conforme previsto

inicialmente.

É necessário também um estudo aprofundado quanto aos custos de produção

afim de determinar o preço de venda do produto, e a margem de lucro obtida a partir

deste. Seria interessante também uma análise completa do ciclo de vida do produto,

observando todos os insumos necessarios em sua fabricação (transporte, consumo

de água e energia, etc), afim de deixar o seu processo o mais sustentável e/ou

ecológico possivel.

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14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DUPONT, Márcio. BD Expert. Design ecológico (DE) x Design sustentável (DS). Disponível em <http://www.bdxpert.com/2011/05/14/design-ecologico-de-x-design-sustentavel-ds/comment-page-1>. Acesso em 18 mai 2011. EMBALAGEM SUSTENTÁVEL. Os sete pecados do Greenwashing. Disponível em <http://embalagemsustentavel.com.br/2009/05/04/os-7-pecados-do-greenwashing/>. Acesso em 6 abr. 2011.

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KAZAZIAN, Thierry (Organizador). Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável. 2.ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 8p, 10p, 36p, 54p, 58p, 188p,

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ANEXO 1 - MATRIZ DE DECISÃO

Requisitos do Projeto Síntese Abordagens do Ecodesign

Parâmetro/Requisito/Abordagem ALTERNATIVA 1 ALTERNATIVA 2 ALTERNATIVA 3

Resistência à umidade Sim ok Sim ok Sim ok

Tecnologias acessíveis Sim ok Sim ok Sim ok

Conhecimento para Fabricação Baixo ok Baixo ok Baixo ok

100% 100% 100%

Modularidade Sim ok Sim ok Sim ok

Leveza/Mobilidade Sim ok

Não. O uso do pallet como base aumenta o peso da peça.

Sim ok

Conforto/Ergonomia Sim ok Sim ok Sim ok

Descarte Facil separação dos componentes.

ok

Separação dos componentes dificultada pelas amarrações entre as garrafas

Separação dos componentes dificuldado pela cola entre as lâminas

Reciclagem

Componentes 100% recicláveis

ok Componentes 100% recicláveis

ok Componentes 100% recicláveis

ok

Fabricação

Manual. Uso de facas de corte para padronização das lâminas. Corte padronizado das garrafas com ferramentas simples.

ok

Manual. Corte padronizado das garrafas com ferramentas simples.

ok

Manual. Uso de facas de corte para padronização das lâminas. Corte padronizado das garrafas com ferramentas simples.

ok

Montagem Montagem por encaixes, sendo realizada pelo usuário

ok

As garrafas precisam já vir unidas devido a complexidade das uniões.

Montagem por encaixe. ok

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Uso racional dos materiais

Melhor aproveitamento das lâminas no corte, e uso de menos lâminas para estruturar a peça.

ok Utiliza uma quantidade maior de garrafas.

Utiliza uma quantidade maior de lâminas de polionda para compor o corpo/estrutura da peça

Embalagem e Transporte

Com as peças desmontadas ocupa menos espaço para transporte

ok

Alguns compentens necessitam ja vir montados, ocupando maior espaço no transporte

As lâminas previamente coladas ocupam grande volume.

100% 44% 66%

Design por Componentes

Possui grupos de componentes reduzidos e bem delimitados

ok Possui grupos de componentes reduzidos e bem delimitados

ok Possui grupos de componentes reduzidos e bem delimitados

ok

Redução do Material Quantidade menor de material utilizado na fabricação

ok Utiliza uma quantidade maior de garrafas.

Utiliza uma maior quantidade de polionda para compor acento e encosto.

Redução Dimensional Apresenta redução somente quando desmontado

A característica de multifuncionalidade permite tamanhos variados à peça

Reciclagem/Reutilização

Facilidade de separação dos componentes para a reciclagem.

ok

A dificuldade de separação dos componentes pode desestimular a reciclagem correta.

ok A colagem das peças lâminas pode inviabilizar a reciclagem.

ok

Manutenção Substituição Fácil substitução das peças que sofrem maior carga

ok

Necessita desmontagem das amarrações para a substituição das garrafas, dificultando a substituição

Fácil substituição das garrafas. As lâminas necessitam ser substituidas por inteiro.

Substituir o objeto por um serviço Não se aplica Não se aplica Não se aplica

66% 33% 33%

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