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DESENVOLVIMENTO E MODERNIZAÇÃO NO CAMPO: ESTUDO DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NA MICRORREGIÃO DE CAMPO MOURÃO – 1970/2010 Sauriane de Fátima Viana, (IC), UNESPAR/ FECILCAM, [email protected] Áurea Andrade V. de Andrade, (OR), UNESPAR/ FECILCAM/UEM, [email protected] INTRODUÇÃO O presente trabalho de Iniciação Científica é um recorte da pesquisa “Poder do Estado e do Capital nos Processos de (Des-Re) Territorialização na Microrregião Geográfica de Campo Mourão- PR” em andamento no Programa de pós-graduação de Geografia da UEM. Porém, no Programa de Iniciação Científica tem como objeto o “Desenvolvimento e a Modernização no Campo e seus impactos socioambientais na Microrregião Geográfica de Campo Mourão - 1970/2010”. Na década de 1950 iniciou no Brasil o que muitos denominam de processo de modernização da agricultura ou avanço tecnológico no campo, concomitante a implantação das culturas mecanizadas da soja e trigo, em substituição das culturas tradicionais como: feijão, arroz, café, dentre outros. Esse processo se acentuou na década de 1960/1970, nas regiões Sul e Sudeste, provocando profundas transformações no processo produtivo e, sobretudo na organização sócio espacial urbano e rural. Além disso, causou grandes impactos socioambientais, destruição das florestas, erosão dos solos, contaminação dos recursos hídricos, dos trabalhadores rurais, dentre outros. Neste sentido, buscou-se com a pesquisa fazer um levantamento acerca dos impactos socioambientais causados pelas transformações ocasionados pelo processo de desenvolvimento tecnológico no campo e com a introdução das culturas mecanizadas da soja e trigo na Microrregião no período de 1970/2010. O trabalho tem por objetivo analisar as políticas de incentivo para novo modo produtivo, bem como os impactos decorrentes do processo. Para tratar teoricamente destas questões utilizamos como base teórica autores como: GRAZIANO da Silva, José (1981, 1996, 1999); SERRA, Elpído (1991); F. PADIS, Pedro Calil (1981), FLEISCHFRESSER, Vanessa (1988) MARTINS, José de Souza (1984 1991 e 1995); MORO, Dalton Áureo (1991); ANDRADE, Áurea Andrade V. (2005), dentre outros. A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA NA MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA DE CAMPO MOURÃO A Microrregião, conforme representado na Figura 1 se localiza na porção Centro Ocidental paranaense, que compreende 14 municípios considerados essencialmente agrícolas, em que a maior

DESENVOLVIMENTO E MODERNIZAÇÃO NO CAMPO ......A modernização da agricultura brasileira provocou profundas mudanças dos espaços produtivos do campo. Para Moro (1998), a modernização

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DESENVOLVIMENTO E MODERNIZAÇÃO NO CAMPO: ESTUDO DOS IMPACTOS

SOCIOAMBIENTAIS NA MICRORREGIÃO DE CAMPO MOURÃO – 1970/2010

Sauriane de Fátima Viana, (IC), UNESPAR/ FECILCAM, [email protected]

Áurea Andrade V. de Andrade, (OR), UNESPAR/ FECILCAM/UEM, [email protected]

INTRODUÇÃO

O presente trabalho de Iniciação Científica é um recorte da pesquisa “Poder do Estado e do

Capital nos Processos de (Des-Re) Territorialização na Microrregião Geográfica de Campo Mourão-

PR” em andamento no Programa de pós-graduação de Geografia da UEM. Porém, no Programa de

Iniciação Científica tem como objeto o “Desenvolvimento e a Modernização no Campo e seus

impactos socioambientais na Microrregião Geográfica de Campo Mourão - 1970/2010”.

Na década de 1950 iniciou no Brasil o que muitos denominam de processo de modernização

da agricultura ou avanço tecnológico no campo, concomitante a implantação das culturas mecanizadas

da soja e trigo, em substituição das culturas tradicionais como: feijão, arroz, café, dentre outros. Esse

processo se acentuou na década de 1960/1970, nas regiões Sul e Sudeste, provocando profundas

transformações no processo produtivo e, sobretudo na organização sócio espacial urbano e rural. Além

disso, causou grandes impactos socioambientais, destruição das florestas, erosão dos solos,

contaminação dos recursos hídricos, dos trabalhadores rurais, dentre outros.

Neste sentido, buscou-se com a pesquisa fazer um levantamento acerca dos impactos

socioambientais causados pelas transformações ocasionados pelo processo de desenvolvimento

tecnológico no campo e com a introdução das culturas mecanizadas da soja e trigo na Microrregião no

período de 1970/2010.

O trabalho tem por objetivo analisar as políticas de incentivo para novo modo produtivo, bem

como os impactos decorrentes do processo. Para tratar teoricamente destas questões utilizamos como

base teórica autores como: GRAZIANO da Silva, José (1981, 1996, 1999); SERRA, Elpído (1991); F.

PADIS, Pedro Calil (1981), FLEISCHFRESSER, Vanessa (1988) MARTINS, José de Souza (1984

1991 e 1995); MORO, Dalton Áureo (1991); ANDRADE, Áurea Andrade V. (2005), dentre outros.

A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA NA MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA DE

CAMPO MOURÃO

A Microrregião, conforme representado na Figura 1 se localiza na porção Centro Ocidental

paranaense, que compreende 14 municípios considerados essencialmente agrícolas, em que a maior

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fonte de renda vem desse setor, especialmente a partir do avanço da modernização da agricultura na

década de 1970.

Fonte: Andrade, Áurea (2005).

Para Andrade (2005) a rápida disseminação das culturas mecanizadas, especialmente soja,

trigo e milho, na Microrregião de Campo Mourão se deve as políticas de incentivos do Estado. Do

mesmo modo, é necessário considerar aos antecedentes históricos de ocupação, uma vez que a região

fora ocupado por migrantes que vieram do Sudoeste e tinham como costume a criação de suínos -

chamados os safristas - e o cultivo do milho para alimentar parte dessa criação, e os descendentes

guarapuavanos com as pastagens para criação de animais. O que significa que a terra já estava ‘limpa’

para introdução das culturas mecanizadas. Também Andrade (2005) traz que não devemos deixar de

considerar o relevo, solo e clima, que são condicionantes naturais à ampla utilização de máquinas

mecânicas e insumos.

Para Fleischfresser (1988) com a modernização se acentuaram as desigualdades

socioeconômicas entre os produtores, já que existiam diferenciações no meio rural. Deste modo, as

condições financeiras, a localização, a qualidade do solo, a extensão da área produtora entre outros

fatores, foram fundamentais para o favorecimento do desenvolvimento agrícola.

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Com o processo de modernização, vemos que ocorreram várias mudanças no setor rural,

através de aumento nos indicadores técnicos de modernização agropecuária, tais como melhoramentos

das sementes, fertilizantes, defensivos, corretivos do solo etc., e também nas máquinas industriais

como tratores, colheitadeiras, implementos, e outros. Sendo assim, houve uma integração entre a

agricultura e a indústria. Silva (1981) salienta que:

Antes as fazendas produziam quase tudo o que era necessário à atividade produtiva: os adubos, os animais e até mesmo alguns instrumentos de trabalho, bem como a própria alimentação dos seus trabalhadores. Agora a partir da modernização não: os adubos são produzidos pela indústria de adubos, parte dos animais de trabalho foram substituídos pelas máquinas produzidas pela indústria de máquinas e equipamentos agrícolas, e os alimentos dos trabalhadores são comprados nas cidades. Isso significa que a própria agricultura se especializou, cedendo atividades para novos ramos não-agrícolas que foram sendo criados. (SILVA, 1981, p.62).

Para Kageyama (1987), a agricultura passou a ser menos condicionada pelos recursos naturais

e força de trabalho rural, e tornar-se cada vez mais dependente, dos produtos industrializados

(defensivos, fertilizantes, máquinas, tratores entre outros). É importante salientar que a agricultura

tradicional estava voltada para produção de subsistência, sendo que se utilizava pouco ou até nenhum

insumo moderno como fertilizantes e agrotóxicos, e suas máquinas de plantio eram manuais com

utilização da força animal. Na agricultura mecanizada, a produção dependente cada vez mais das

técnicas agrícolas utilizando insumos modernos, tais como: sementes melhoradas, máquinas agrícolas,

fertilizantes, agrotóxicos etc. A sociedade capitalista procura aumentar o seu lucro a todo custo,

mesmo que isto comprometa a estabilidade socioambiental, a destruição das florestas, exploração do

solo, poluição dos rios entre outros.

Segundo Santos (2008), as produções agrícolas em pequenas, grandes e médias propriedades,

além dos maquinários, utilizam também sementes selecionadas e modificadas, adubos químicos,

herbicidas, inseticidas etc. Outro instrumento fundamental, que explicitamente possibilita a efetivação

do pacote tecnológico, especialmente o uso de insumos químicos, é o crédito rural para custeio das

lavouras.

Neste sentido Pivatto e Abrahão (2011), salientam que, os produtores não tinham dinheiro

suficiente para novo modelo implantado na agricultura, assim teriam que financiar do banco para

poder iniciar sua produção agrícola, pode-se analisar que através desse sistema de produção agrícola, o

produtor inicia sua lavoura devendo parte da mesma ao banco, e assim fica a mercê tanto dos

fenômenos naturais, pois se não houver boas condições meteorológicas ele acabará perdendo sua

produção financiada e consequentemente suas terras para os bancos, (PIVATTO e ABRAHÃO, 2011).

No Brasil podem ser encontrados desde o antigo semeio grão a grão até as mais avançadas

plantadeiras e colhedeiras. Os equipamentos agrícolas estão sempre se modernizando. Todo ano, é

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lançada uma novidade. Conforme fotos do show Rural de Cascavel. Podemos observar que a

modernização dos equipamentos também foi fundamental para que a agricultura brasileira alcançasse

o estágio de hoje, de plantar e colher em tempo recorde.

Figura 01 – Imagem parcial da exposição de maquinários no “Show Rural de Cascavel”.

Foto: http://www.showrural.com.br/, 2013.

Cabe destacar ainda, que os equipamentos agrícolas estão sempre se modernizado, o que

facilita o trabalho agrícola, potencializando as produções. Entretanto, muitas vezes, não se enquadram

às condições socioeconômica dos produtores, o custo elevado dificulta o acesso de parte desses

produtores.

Com a especialização e acelerada modernização da agricultura, culturas tradicionais típicas da

agricultura de subsistência, passaram a ser substituídas por outras culturas para atender a lógica de

reprodução do capital. Com a pesquisa pudemos verificar empiricamente, que nas áreas mais planas, é

cultivado produtos que incorporam, de forma integral, o pacote tecnológico da modernização agrícola,

como se observa na figura 2. Nela é possível observar o plantio mecanizado de soja, em uma

propriedade do município de Campo Mourão da Microrregião Geográfica de Campo Mourão.

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Figura 02 - Vista parcial da produção agrícola no município de Campo Mourão – PR. Foto: VIANA, Sauriane (2013).

O capitalismo desenvolveu o setor tecnológico para agricultura, com introdução de máquinas e

implementos agrícolas e insumos, objetivando o aumento da produção, ocasionando uma organização

territorial que contribuiu para o desenvolvimento das culturas mecanizadas, da soja, trigo e milho.

Neste contexto, analisando as transformações promovidas pela modernização da agricultura na

Microrregião Geográfica de Campo Mourão nas décadas de 1970 a 2006 do uso da terra, observou-se

que a produção de soja aumentou consideravelmente nos municípios de estudo. Neste sentido,

verificou-se que a produção de soja, em 1970, não era tão expressiva como a de milho, pois o mesmo

ocupava uma posição de destaque dentre os produtos cultivados. Andrade (2005) salienta pelo fato de

se tratar de um alimento servia também para a criação de animais, não só para atender a Microrregião

como outras regiões do estado do Paraná, especialmente para a criação de suínos.

Verificou-se ainda, analisando os dados que o milho perdeu seu espaço para produção de soja.

Segundo Costa Neto & Rossi (2011) a soja é uma das mais importantes culturas na economia mundial.

Seus grãos são muito usados pela agroindústria (produção de óleo vegetal e rações para alimentação

animal), indústria química e de alimentos. Neste sentido a produção de soja teve um aumento para

317.019 no seu total, conforme analisando no Gráfico 2. Cabe destacar que esta cultura teve um

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crescimento expressivo na região, condicionadas por fatores econômicos e políticos, ligados aos

condicionantes naturais. Segundo estimativas da Conab, a safra 2012/13 brasileira deve ser 25,7%

superior à do ano passado, (NOTICIAS AGRÍCOLAS, 2013).

GRÁFICO 1 – Uso da Terra nas décadas de 1970 a 2006 na Microrregião Geográfica de Campo Mourão.

Fonte: IBGE (2013).

A modernização da agricultura brasileira provocou profundas mudanças dos espaços

produtivos do campo. Para Moro (1998), a modernização da agricultura é caracterizada por um

conjunto de bases técnicas que visa melhorar a produção, assim utilizam de tratores, colheitadeira,

adubos químicos entre outras técnicas.

Deste modo, verificou-se com os dados da Tabela 1, quanto ao uso de máquinas e

equipamentos agrícolas na Microrregião, pode-se perceber que os instrumentos diretamente ligados ao

preparo do solo, como arado, semeadeira, adubadeira, trator e a colheitadeira apresenta maior

participação nas propriedades dos referidos municípios, mostrando a expansão do capitalismo no

campo. Sendo assim, o uso de técnicas e instrumentos modernos, aumenta a produtividade e diminuiu

o uso de mão de obra e, simultaneamente, provoca o agravamento dos problemas ambientais, do êxodo

rural, o aumento dos custos de produção etc.

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TABELA 1 - Máquinas e Equipamentos Agrícolas existentes na Microrregião Geográfica de Campo Mourão em 2006.

Fonte: IBGE (2013).

Máquinas e Equipamentos Agrícolas existentes na Microrregião Geográfica de Campo Mourão, em 2006. Microrregião

Geográfica de Campo Mourão

Arados Grades ou enxadas rotativas

Roçadeiras Semeadeiras ou plantadeiras

Colheitadeiras Pulverizadores e /ou atomizadores

Adubadeiras ou distribuidores de calcário

Trator Ceifadeiras (picadeira de forragens)

Araruna

167 280 51 211 90 192 115 347 70

B. Ferraz 191 199 77 164 41 165 50 370 39

C. Mourão 233 362 99 457 241 338 176 668 32

C. do Sul 38 44 15 18 7 23 8 56 4

Eng. Beltrão 231 295 89 291 148 228 101 468 37

Farol 66 110 23 179 95 126 66 227 4

Fênix 140 143 46 145 56 117 41 222 6

Iretama 148 130 37 68 25 84 29 192 72

Luiziana 160 208 70 370 215 269 112 563 40

Mamborê 283 423 105 661 318 432 220 833 40

Peabiru 170 271 74 257 149 206 85 433 36

Q. do Sol 131 177 71 185 86 135 57 287 22

Roncador 132 146 44 226 118 174 60 361 25

Terra Boa 62 87 19 81 43 64 31 159 5

Microrregião 2.152 2.875 820 3.313 1.632 2.553 1.151 5.186 432

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Cabe destacar ainda que, embora alguns agricultores não obtenham maquinários, não deixam

de produzir, para isso utilizam outros meios, um pouco mais tradicional, o que pode ser verificado na

Tabela 2. Conforme os dados amostrados na Tabela, verificamos que 751 estabelecimentos

agropecuários da Microrregião Geográfica de Campo Mourão utilizam o serviço contratado - com

operador, uso comunitário de máquinas: 264, de empreiteiros: 251, cedida por terceiros: 198, cedida

pelo governo (Federal, Estadual ou Municipal): 131 e alugada: 120. Em entrevista com o agricultor

Antônio Tavares Filho do município de Farol- PR, ele afirma que: “aluga as máquinas para plantar e

colher, porque não tenho condições de comprar, é muito elevado, tenho medo de ficar endividado por

anos”. Neste sentido, concretizou se os dados, pois o senhor Antônio o utilizava os maquinários de

forma de aluguel, devido ao alto custo de uma máquina para produção agrícola, e ficam dependentes

da prestação do serviço por terceiros para realização do plantio e da colheita.

TABELA 2 - Procedência da força mecânica por número de estabelecimentos agropecuários, na

Microrregião de Campo Mourão – 2006

Procedência da força mecânica por número de estabelecimentos agropecuários – 2006 Microrregião

Geográfica de Campo Mourão

Própria De uso comunitário

Empreiteiro Cedida por

terceiros

Serviço contratado-

com operador

Cedida pelo

governo (federal,

estadual ou municipal)

Alugada

Araruna 427 12 1 7 56 - 8 Barb. Ferraz 276 36 7 26 106 4 3 C. Mourão 337 20 18 14 38 2 23 Cor. do Sul 32 - - 2 3 13 - Eng. Beltrão 446 16 7 22 30 - 36 Farol 178 0 6 15 39 10 1 Fênix 206 6 5 17 80 4 7 Iretama 122 15 - 8 86 20 4 Luiziana 320 36 16 22 43 - 2 Mamborê 562 24 46 34 81 - 24 Peabiru 307 16 30 8 51 1 4 Quinta do sol 196 11 42 1 70 10 1 Roncador 226 71 56 20 52 43 1 Terra Boa 131 1 17 2 16 24 6 Microrregião 3.766 264 251 198 751 131 120

Fonte – IBGE (2013).

Essa informação retrata que sem esta ajuda muitos agricultores teriam dificuldade de produzir

de acordo com o pacote tecnológico, pois o custo de uma máquina para produção agrícola é muito

alto, e ficam dependentes da prestação do serviço por terceiros para realização do plantio e da colheita.

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O que tem acontecido é que esse serviço é prestado por agricultores mais capitalizados que conseguem

adquirir e manter essas máquinas e, após o plantio e a colheita em sua propriedade, alguns prestam

serviços aos vizinhos. Podemos dizer que os que mais utilizam estes serviços são os pequenos

agricultores.

OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DA MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA

A modernização agrícola, além de drenar a riqueza do campo para outros setores deixa marca

de destruição por onde passa. Como consequência, as águas mais contaminadas, o solo mais

degradado entre outros. Muitos acreditam que é o preço do progresso, que é o importante é o

crescimento econômico. Segundo Zamberlam e Fronchti (2001):

O avanço da agricultura convencional dentro do modelo da Revolução Verde trouxe profundas

sequelas como: alto custo social, econômico e ambiental; efeitos nocivos sobre a população por

contaminação e envenenamento do solo, ar e água, destruição do equilíbrio natural do ecossistema por

erosão e morte dos solos. (ZAMBERLAM E FRONCHTI 2001, p. 21).

A agricultura tornava-se menos dependente da terra e da mão de obra dos trabalhadores, e

mais dependente da indústria de agrotóxicos, fertilizantes, máquinas agrícolas, etc. Sendo assim, os

impactos sociais logo puderam ser sentidos devido à modernização do campo, o êxodo rural, ou seja,

migração de pequenos agricultores excluídos pela introdução de novas tecnologias no campo. Os

impactos ambientais também podem ser percebidos, a degradação dos solos, contaminação dos

recursos hídricos, destruição das florestas.

Neste sentido Schlesinger; Nunes e Carneiro (2008) salientam que, com o incentivo do Estado,

a utilização de agrotóxicos, fertilizantes e máquinas agrícolas permitiu a elevação da produção e da

produtividade agrícola no Brasil, criando as condições para a realização do chamado projeto de

modernização industrial e agrícola implantado a partir dos anos 1960. Carraro (1997), esclarece que

“A intensa utilização de maquinários agrícolas e insumos químicos ocasionou modificações nas

relações sociais de produção na agricultura. O Estado auxiliou este processo, promovendo a expansão

da grande empresa agrícola (créditos e incentivos)”, (CARRARO, 1997, p. 46).

Deste modo, as consequências deste novo modelo de produção ameaçam a capacidade de

sobrevivência do homem do campo fazendo com que esses vendam ou percam suas terras, e outros

saem do campo e partem para as cidades em busca de novas oportunidades, provocando assim o êxodo

rural. Cabe destacar ainda, que entre os fatores que motivam o êxodo rural está à modernização

agrícola.

Neste sentido podemos dizer que os pequenos produtores não conseguiram atingir níveis de

lucratividade iguais aos grandes produtores, que usavam de pouca mão de obra e de intensa tecnologia

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produtiva. Sendo assim alguns não conseguiram mais dar continuidade aos seus trabalhos no campo e

foram para a cidade em busca de novas oportunidades. Sendo assim, a mecanização acentuou o

desemprego no campo conforme a intensificação do processo.

A região de estudo reflete a baixa concentração da população na área rural, entre as décadas de

1970/2010 ocorreu um declínio significativo da população rural. Na década de 1970 a microrregião

contava com 263.711 da população na área rural e em 2010 houve registro de apenas 39.306 pessoas,

(Gráfico 1).

GRÁFICO 2 – População Rural da Microrregião de Campo Mourão. Fonte: IBGE (2013).

Umas das consequências da entrada das novas técnicas no campo são os desmatamentos, a

poluição de rios e a degradação dos solos. As técnicas utilizadas exigem cada vez mais uso de insumos

químicos para garantir os elevados índices de produtividade, o que leva a um vício na produção. O

desmatamento foi ocasionado para aumentar as áreas de produção. Segundo Andrade e Oliveira

(2004), a cobertura vegetal exerce um importante papel na proteção e conservação dos solos e dos

recursos naturais.

Sonda (1996) esclarece que as causas fundamentais do desmatamento no Paraná foram num

primeiro momento, os aproveitamentos extrativo-comerciais da erva-mate e da madeira, para a

exportação, seguido da implantação de uma nova agricultura, intensiva no uso de insumos químicos,

incluindo-se aí os agrotóxicos. Podem-se elencar ainda os problemas com a poluição das águas e até

mesmo a falta desta, uma vez que muitas nascentes desaparecem ou são soterradas pelas práticas

agrícolas modernas, (SANTOS, 2008).

As novas tecnologias, uma delas o uso de defensivos, foram disponibilizadas para controlar as

doenças, aumentando a produtividade, e assim protegendo contra insetos e outras pragas a que venha

causar prejuízos na produção. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. E dos 50

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produtos mais usados no país, 22 são proibidos na Europa e EUA. Com esses números é fácil perceber

que estamos usando errado e em excesso. Mas preocupa muito também a banalização do uso dos

venenos e a forma descuidada como eles têm sido empregados, (MARTINE, 2013).

O uso excessivo de agrotóxicos levou à contaminação dos recursos hídricos do Brasil e à

contaminação humana. Outra consequência é o aumento da resistência às pragas, ervas infestantes e

doenças, (ANGRA e SANTOS 2013). Sendo assim, observamos que estas substâncias químicas,

usadas de forma inadequada ocasionam inúmeros problemas, tanto para saúde dos aplicadores e dos

consumidores, como para o meio ambiente, contaminando o solo, a água. Ferrari (1985) aponta que:

Até os anos 50 as atividades da agricultura estavam direcionadas para geração de produtos

(café e algodão, principalmente) para o autoconsumo da população residente no meio rural e alguns

poucos núcleos urbanos. Mas com o aumento da população urbana houve a necessidade de aumentar a

produção agrícola para abastecer os centros urbanos, utilizando agrotóxicos para combater as pragas

mesmo sem saber quais as consequências que poderiam ser geradas por estes produtos. (FERRARI,

1985, p. 110).

O uso de defensivos agrícolas leva os agricultores a juntar uma grande quantidade de

embalagens, e os efeitos do seu destino incorreto refletem-se, principalmente, na contaminação do

meio ambiente e intoxicação de pessoas e animais. Segundo Daldin (1993), as embalagens de

agrotóxicos após o esgotamento, retém uma quantidade de produto no seu interior, de acordo com o

tamanho da embalagem. Portanto, quando descartadas sem a remoção de todo o resíduo da

embalagem, representa um grande risco de contaminação ambiental e risco de intoxicação de pessoas

e animais, desta maneira é necessário a prática de lavagem para redução dos resíduos internos antes do

descarte, (DALDIN, 1993, p. 15). Neste sentido de acordo com os dados da Microrregião Geográfica

de Campo do destino da embalagem, 6.124 estabelecimentos agropecuários devolvem as embalagens

ao comerciante e 613 estabelecimentos guardam para serem retiradas.

Para Carraro (1997), com objetivo de proteger a sua colheita, o homem desenvolveu os

agrotóxicos também denominados pesticidas, praguicidas ou defensivos agrícolas. Sua aplicação

indiscriminada acarretou inúmeros problemas, tanto para saúde dos aplicadores e dos consumidores,

como para o Meio Ambiente, contaminando o solo, a água, levando à morte plantas e animais,

(CARRARO, 1997). Neste sentido, de acordo com os dados do IBGE (2006) do número de

estabelecimentos agropecuários por uso de agrotóxicos, analisamos que o município que, mas utilizou

agrotóxicos foi o município de Roncador 879 dos estabelecimentos e o que não utilizou o município

de Farol 52 dos estabelecimentos agropecuário.

Para poder crescer e se desenvolver suas produções o ser humano teve que aperfeiçoar suas

práticas de manejo, com foco na conservação dos solos. Então os agricultores buscam alternativas

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para evitar a perda dos nutrientes do solo, devido as erosão, e uma forma de minimizar estes efeitos é

o plantio direto na palha.

Para Junior; Camargo e Wendling (2011), o plantio direto se desenvolveu de forma muito

rápida, devido as suas vantagens, que incluem a diminuição dos custos de produção, ser uma prática

conservacionista e diminuir o tempo entre a colheita da safra anterior e a semeadura da safra seguinte.

Deste modo, de acordo com os dados da Tabela 3, quanto ao uso do deste sistema, vemos que o

número de estabelecimentos que utilizam o plantio direto na palha é de 5.312 e a Área de 286.870 na

Microrregião de Campo Mourão.

Tabela 3 - Número de estabelecimentos agropecuários que utilizaram plantio direto na palha e Área de

plantio direto na palha – 2006.

Microrregião

Geográfica de Campo Mourão Numero de estabelecimentos que utilizam plantio direto na palha

Área de plantio direto na palha

Araruna 533 19.207 Barbosa Ferraz 427 7.590 Campo Mourão 437 39.582 Corumbataí do Sul 24 455 Engenheiro Beltrão 544 19.446 Farol 249 18.704 Fênix 326 11.696 Iretama 278 4.998 Luiziana 437 51.789 Mamborê 733 51.437 Peabiru 414 19.763 Quinta do sol 281 15.815 Roncador 517 20.923 Terra Boa 112 5.465 Microrregião 5.312 286.870

Fonte: IBGE (2013).

Deste modo, como o plantio direto na palha impede o carregamento de terra pela erosão, há

um armazenamento de maior quantidade de nutrientes e fertilizantes. Os danos ambientais no plantio

direto são muito menores que anos atrás. Neste sentido as perdas de solo e água são eficientemente

controladas pelo sistema de plantio direto, (G1, 2013).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As informações apresentadas ao longo desse trabalho têm demonstrado as alterações na base

técnica da produção, bem como um aumento na produtividade, em especial dos produtos cultivados

com o pacote tecnológico. Desta forma, o processo de modernização da agricultura provocou

profundas transformações no espaço rural, o que levou muitas pessoas para cidade o chamado êxodo

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rural. Tais mudanças promoveram modificações no âmbito social, cultural, econômico e tecnológico

da Microrregião Geográfica de Campo Mourão.

Cabe destacar ainda que as inovações tecnológicas deram um novo direcionamento às

atividades produtivas do país, uma vez que passaram a incorporar novas técnicas e equipamentos

produtivos. Deste modo, o avanço das relações capitalista no campo provocaram profundas

transformações no campo, como a reestruturação fundiária, a expropriação e expulsão do trabalhador

rural, o inchasso nas periferias dos centros urbanos, bem como os impactos socioambientais da

microrregião de Campo Mourão entre 1970/2010, evidenciados durante a pesquisa.

REFERÊNCIAS

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