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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE BIOLOGIA Paula Roberta Caumo de Camargo Desenvolvimento e validação de métodos analíticos empregando HPLC e UHPSFC para doseamento simultâneo dos fármacos cloridrato de adifenina, cloridrato de prometazina e dipirona em associações medicamentosas na forma de comprimido CAMPINAS 2019

Desenvolvimento e validação de métodos analíticos ...repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/337952/1/Camargo_Paula… · Desenvolvimento e validação de métodos analíticos

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

    INSTITUTO DE BIOLOGIA

    Paula Roberta Caumo de Camargo

    Desenvolvimento e validação de métodos analíticos empregando HPLC e UHPSFC para doseamento simultâneo

    dos fármacos cloridrato de adifenina, cloridrato de prometazina e dipirona em associações medicamentosas na forma de

    comprimido

    CAMPINAS

    2019

  • Paula Roberta Caumo de Camargo

    Desenvolvimento e validação de métodos analíticos empregando UHPSFC E HPLC para doseamento simultâneo

    dos fármacos cloridrato de adifenina, cloridrato de prometazina e dipirona em associações medicamentosas na forma de

    comprimido

    Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de biologia da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Mestra em Ciências, na área de Fármacos, Medicamentos e Insumos para Saúde.

    Orientador: Prof. Dr. Paulo Cesar Pires Rosa

    CAMPINAS

    2019

    ESTE ARQUIVO DIGITAL CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA PAULA ROBERTA CAUMO DE CAMARGO E ORIENTADA PELO PROF. DR. PAULO CÉSAR PIRES ROSA.

  • Campinas, 14 de novembro de 2019.

    Comissão examinadora

    Prof. Dr. Paulo Cesar Pires Rosa

    Prof. Dr. Rodney Alexandre Ferreira Rodrigues

    Prof(a). Dra Carla Beatriz Grespan Bottoli

    Os membros da Comissão Examinadora acima assinaram a Ata de Defesa, que se encontra no processo de vida acadêmica do aluno.

    A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Biociências e Tecnologia de Produtos Bioativos da Unidade Instituto de Biologia.

  • Agradecimentos

    A Deus pela saúde e pelo consolo em todos os momentos vividos nessa caminhada.

    Houveram muitas pedras no caminho, mas Ele as tirou e possibilitou a concretização

    desse trabalho.

    Ao meu amado Rogério pelo incentivo a iniciar o mestrado e por permanecer me

    apoiando durante todo o decorrer desse estudo, me encorajando a encontrar soluções

    para os desafios que apareceram. Por todo seu conhecimento, paciência e

    compreensão.

    Aos meus filhos, que mesmo sem saber, me impulsionaram a ampliar meu horizonte

    em busca de algo maior.

    Aos meus familiares e amigos pelas conversas, paciência e apoio nos momentos

    difíceis.

    Aos colegas de vida acadêmica pelos companheirismo, risadas, desabafos e

    aprendizado.

    Ao meu orientador Dr. Paulo Rosa pela oportunidade, sabedoria, tolerância e por

    acreditar na importância desse trabalho.

    Á professora Dra. Márcia Cristina Breitkreitz pelo conhecimento, paciência, dedicação

    e por acreditar na minha capacidade. O domínio e a experiência profissional e

    acadêmica da professora foram essenciais para o desenvolvimento do método por

    UHPSFC e todo conteúdo referente ao planejamento experimental, assim como o

    tratamento estatístico dos resultados.

    À professora Dra. Isabel Jardim por conceder o uso do UPC2, pela sabedoria e

    gentileza.

    À Lucília Melo, minha querida amiga, pelo ensinamento, motivação e carinho.

    O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento

    de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código Financeiro 001.

  • Epígrafe

    ”Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”

    Madre Teresa de Calcutá

  • Resumo

    As técnicas cromatográficas são amplamente empregadas para análises de

    amostras complexas em diferentes áreas, principalmente a farmacêutica, devido as

    variadas características dos fármacos e às associações entre os mesmos.

    Recentemente uma nova técnica que associa a SFC (Supercritical Fluid

    Chromatography) e UHPLC (Ultra High Performance Liquid Chromatography) está se

    destacando no quesito de separações analíticas. Trata-se da Cromatografia com

    Fluído Supercrítico de Ultra Alta Eficiência (Ultra High Performance Supercritical Fluid

    Chromatography (UHPSFC), uma técnica capaz de unir as características da

    cromatografia líquida e da gasosa tornando-se muito versátil, que emprega CO2 como

    principal constituinte da fase móvel, reduzindo o consumo de solventes tóxicos, sendo

    considerada uma técnica verde. Esse trabalho propõe o desenvolvimento e validação

    de métodos cromatográficos por Cromatografia Liquida de Alta Eficiência (High

    Performance Liquid Chromatography, HPLC) e Cromatografia com Fluído Supercrítico

    de Ultra Alta Eficiência (Ultra High Performance Supercritical Fluid Chromatography,

    UHPSFC) para doseamento simultâneo da associação cloridrato de adifenina,

    cloridrato de prometazina e dipirona sódica em comprimido. Para a técnica de HPLC,

    realizou-se uma triagem para avaliar qual fase estacionária, fase móvel, diluente e

    concentração do trabalho fornecia melhor resultado em relação ao formato de pico.

    As condições definidas foram: coluna Phenyl Hexyl, diluente metanol, vazão 1 mL min-

    1, fase móvel tampão fosfato de potássio:metanol:acetonitrila, modo de eluição

    gradiente, volume de injeção 20 µL, coluna e amostras em temperatura ambiente,

    concentração dos ativos 0,5 mg mL-1 dipirona, 0,010 mg mL-1 cloridrato de adifenina

    e 0,005 mg mL-1 de cloridrato de prometazina. O método foi validado de acordo com

    a resolução RE nº 899, de 29 de maio de 2003 da ANVISA e considerado preciso,

    exato, seletivo e linear para a faixa de trabalho empregada com tempo de corrida de

    20 minutos. Para a técnica de UHPSFC, algumas condições cromatográficas foram

    avaliadas, como modificador orgânico e aditivos na fase móvel. Definidas as

    condições cromatográficas, realizou-se um planejamento do tipo composto central

    para avaliar como a temperatura da coluna, a concentração de modificador e a

    pressão influenciavam a retenção e a resolução dos ativos. Verificou-se que os

    mesmos afetam as respostas, sendo a concentração do modificador o fator mais

    impactante. Através dos resultados foi determinado o Design Space, região

  • considerada robusta, na qual alterações nas condições de análise não afetam as

    respostas de interesse. A partir desse espaço, foi definida a condição empregada na

    validação: coluna HSS C18, diluente etanol, vazão 1,5 mL min-1, fase móvel CO2:

    metanol com 0,2 % de trietilamina e 5 % de água purificada (A:B), modo de eluição

    isocrático 80:20 (A:B), volume de injeção: 0,5 µL, concentração dos ativos: 5 mg mL-1

    de dipirona, 0,10 mg mL-1 de cloridrato de adifenina e 0,05 mg mL-1 de cloridrato de

    prometazina, pressão 1500 psi e temperatura da coluna de 30 °C. O método foi

    validado e considerado preciso, exato, seletivo e linear para a faixa de trabalho

    empregada com tempo de corrida de 2 minutos. Ambos métodos foram considerados

    aptos para doseamento dos ativos.

    Palavras chave: HPLC, UHPSFC, planejamento experimental, cloridrato de

    adifenina, cloridrato de prometazina, dipirona sódica, analgésicos, cromatografia

    líquida.

  • Abstrat

    Chromatographic techniques are widely used for analysis of complex samples

    in different areas, mainly pharmaceutical, due to the varied characteristics of the drugs

    and their associations. Recently a new technique that combines SFC (Supercritical

    Fluid Chromatography) and UHPLC (Ultra High Performance Liquid Chromatography)

    is emerging in the area of analytical separations. This is Ultra High Performance

    Supercritical Fluid Chromatography (UHPSFC), a very versatile technique that

    combines the characteristics of liquid and gaseous chromatography with CO2 as the

    main constituent of the phase. This technique proposes the development and

    validation of chromatographic methods by High Performance Liquid Chromatography

    (HPLC) and Ultra High Efficiency Supercritical Fluid Chromatography (Ultra

    Chromatography). High Performance Supercritical Fluid Chromatography (UHPSFC)

    for simultaneous dosing of the combination of adiphenine hydrochloride, promethazine

    hydrochloride and sodium dipyrone in tablet. work provided better res compared to the

    peak format. The defined conditions were: Phenyl Hexyl column, methanol diluent, flow

    rate 1 mL min-1, mobile phase potassium phosphate buffer: methanol: acetonitrile,

    gradient elution mode, injection volume 20 µL, column and samples at room

    temperature, concentration of active ingredients 0.5 mg mL-1 dipyrone, 0.010 mg mL-

    1 adiphenine hydrochloride and 0.005 mg mL-1 promethazine hydrochloride. The

    method was validated in accordance with ANVISA Resolution No. 899 of May 29, 2003

    and considered accurate, accurate, selective and linear for the working range

    employed with a running time of 20 minutes. For the UHPSFC technique, some

    chromatographic conditions were evaluated, such as organic modifier and mobile

    phase additives. Once the chromatographic conditions were defined, a central

    composite type planning was performed to evaluate how column temperature, modifier

    concentration, and pressure influenced the retention and resolution of the assets. They

    were found to affect responses, with modifier concentration being the most impacting

    factor. Through the results it was determined the Design Space, a region considered

    robust, in which changes in the analysis conditions do not affect the responses of

    interest. From this space, the validation condition was defined: HSS C18 column,

    ethanol diluent, flow rate 1.5 mL min-1, mobile phase CO2: methanol with 0.2%

    triethylamine and 5% purified water (A: B), 80:20 isocratic elution mode (A: B), injection

    volume: 0.5 µL, active concentration: 5 mg mL -1 dipyrone, 0.10 mg mL -1 adiphenine

  • hydrochloride and 0 0.05 mg mL -1 promethazine hydrochloride, pressure 1500 psi

    and column temperature 30 ° C. The method was validated and considered accurate,

    accurate, selective and linear for the working range employed with a 2-minute running

    time. Both methods were considered fit for dosing the assets.

    Keywords: HPLC, UHPSFC, experimental design, adiphenine hydrochloride,

    promethazine hydrochloride, sodium dipyrone, analgesics, Liquid Chromatography.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Diagrama de fases do dióxido de carbono (adaptado Nokáková

    2014)............................................................................................................ 34

    Figura 2. Spider diagram - Natureza das colunas cromatográficas

    empregadas em UHPSFC (adaptado Lesselier e West, 2015)................... 39

    Figura 3. Equipamento UPC2 da empresa Waters...................................... 40

    Figura 4. Fluxograma para desenvolvimento de métodos utilizando os

    conceitos de A-QbD..................................................................................... 44

    Figura 5. Fluxograma da parte experimental realizada na técnica

    HPLC/DAD................................................................................................... 55

    Figura 6. Fluxograma da parte experimental realizada na técnica

    UHPSFC/DAD.............................................................................................. 61

    Figura 7. Estrutura química das fases estacionárias utilizadas na triagem

    cromatográfica A: Phenyl hexyl e B: Zorbax eclipse plus.............................. 69

    Figura 8. Sobreposição dos cromatogramas da dipirona (A) solubilizada

    em metanol (preto) e em HCl (azul) e a formação do produto de

    degradação (B). Condições cromatográficas coluna Phenyl Hexyl, diluente

    metanol, vazão 1 mLmin-1, fase móvel tampão : metanol : acetonitrila

    (A:B:C -v/v/v), modo de eluição gradiente (conforme apresentado na

    Tabela 4), volume de injeção 20 µL, concentração dos ativos 0,5 mg mL-

    dipirona, 0,010 mg mL-1 cloridrato de adifenina e 0,005 mg mL-1 de

    cloridrato de prometazina comprimento de onda de 254 nm........................

    74

    Figura 9. Cromatograma obtido no comprimento de onda de 210 nm: (A)

    4MAA, (B) dipirona, (C) cloridrato de prometazina e (D) cloridrato de

    adifenina. Condições cromatográficas coluna Phenyl Hexyl, diluente

    metanol, vazão 1 mLmin-1, fase móvel tampão : metanol : acetonitrila

    (A:B:C -v/v/v), modo de eluição gradiente (conforme apresentado na

    Tabela 4), volume de injeção 20 µL, concentração dos ativos 0,5 mg mL-

    dipirona, 0,010 mg mL-1 cloridrato de adifenina e 0,005 mg mL-1 de

    cloridrato de prometazina.............................................................................

    75

    Figura 10. Cromatograma obtido no comprimento de onda de 254 nm: (A)

    4MAA, (B) dipirona e (C) cloridrato de prometazina. Condições

    cromatográficas coluna Phenyl Hexyl, diluente metanol, vazão 1 mLmin-1,

    fase móvel tampão : metanol : acetonitrila (A:B:C -v/v/v), modo de eluição

    gradiente (conforme apresentado na Tabela 4), volume de injeção 20 µL,

    concentração dos ativos 0,5 mg mL- dipirona, 0,010 mg mL-1 cloridrato de

    adifenina e 0,005 mg mL-1 de cloridrato de prometazina...............................

    75

    Figura 11. Cromatograma ilustrando a seletividade para a dipirona e o 4-

    MAA. Condições cromatográficas coluna Phenyl Hexyl, diluente metanol,

    vazão 1 mL min-1, fase móvel tampão : metanol : acetonitrila (A:B:C -v/v/v),

    modo de eluição gradiente (conforme apresentado Tabela 4), volume de

    injeção 20 µL, concentração do ativo 0,5 mg mL- dipirona, 0,010 mg mL-1.. 76

  • Figura 12. Cromatograma ilustrando a seletividade para o cloridrato de

    prometazina. Condições cromatográficas coluna Phenyl Hexyl, diluente

    metanol, vazão 1 mLmin-1, fase móvel tampão : metanol : acetonitrila

    (A:B:C -v/v/v), modo de eluição gradiente (conforme apresentado na

    Tabela 4), volume de injeção 20 µL, concentração do ativo 0,005 mg mL-1

    de cloridrato de prometazina........................................................................ 76

    Figura 13. Cromatograma ilustrando a seletividade para o cloridrato de

    adifenina. Condições cromatográficas coluna Phenyl Hexyl, diluente

    metanol, vazão 1 mL min-1, fase móvel tampão : metanol : acetonitrila

    (A:B:C -v/v/v), modo de eluição gradiente (conforme apresentado na

    Tabela 4), volume de injeção 20 µL, concentração do ativo 0,010 mg mL-1

    cloridrato de adifenina.................................................................................. 77

    Figura 14. Cromatograma ilustrando a seletividade para a fase móvel e o

    placebo (excipientes). Condições cromatográficas coluna Phenyl Hexyl,

    diluente metanol, vazão 1 mL min-1, fase móvel tampão : metanol :

    acetonitrila (A:B:C -v/v/v), modo de eluição gradiente (conforme

    apresentado na Tabela 4), volume de injeção 20 µL..................................... 77

    Figura 15. Curva analítica para cloridrato de adifenina.............................. 78

    Figura 16. Gráficos para análise de resíduos do cloridrato de adifenina.... 78

    Figura 17. Curva analítica para cloridrato de prometazina........................... 79

    Figura 18. Gráficos para análise de resíduos do cloridrato de prometazina. 79

    Figura 19. Curva analítica para dipirona sódica.......................................... 80

    Figura 20. Gráficos para análise de resíduos da dipirona

    sódica........................................................................................................... 80

    Figura 21. Estrutura química das fases estacionárias utilizadas na triagem cromatográfica.............................................................................................

    86

    Figura 22. Cromatograma obtido nas condições: coluna C18, fase móvel

    CO2:metanol (90:10), volume de injeção de 1 µL, pressão 1500 psi,

    temperatura de 30 ºC, vazão 1,5 mL min-1, concentração dos padrões de

    0,5 mg mL-1. Compostos: A: cloridrato de adifenina, B: cloridrato de

    prometazina e C: dipirona............................................................................

    86

    Figura 23. Comparação dos cromatogramas obtidos utilizando metanol

    em diferentes proporções com hidróxido de sódio. Compostos: A –

    cloridrato de adifenina, B – dipirona e C – cloridrato de prometazina.

    Comprimento de onda de 210nm. Condições cromatográficas: coluna

    C18, pressão 1500 psi, temperatura da coluna de 30 ºC, vazão 1,5 mLmin-

    1, concentração dos ativos cloridrato de adifenina 0,10 mg mL-1, cloridrato

    de prometazina 0,05 mg mL-1e dipirona 5 mg mL-1.......................................

    88

    Figura 24. Cromatograma obtido nas condições de 20% de metanol e

    acetato de amônio 5 mmol/L, comprimento de onda de 254nm Condições

    cromatográficas: coluna C18, pressão 1500 psi, temperatura da coluna de

    30 ºC, vazão 1,5 mLmin-1, concentração dos ativos cloridrato de adifenina

  • 0,10 mg mL-1, cloridrato de prometazina 0,05 mg mL-1e dipirona 5 mg mL-

    1....................................................................................................................

    89

    Figura 25. Cromatogramas obtidos nos comprimentos de onda de 210 nm

    e 254 nm utilizando metanol a 10 % com trietilamina. Compostos: A –

    cloridrato de adifenina, B – dipirona e C – cloridrato de prometazina254nm.

    Condições cromatográficas: coluna C18, pressão 1500 psi, temperatura

    da coluna de 30 ºC, vazão 1,5 mLmin-1, concentração dos ativos cloridrato

    de adifenina 0,10 mg mL-1, cloridrato de prometazina 0,05 mg mL-1e

    dipirona 5 mg mL-1........................................................................................

    90

    Figura 26. Comparação entre os cromatogramas extraídos a 254nm

    variando a concentração de metanol de 15 % (1) para 20 % (2) utilizando

    trietilamina como aditivo. Composto: A - cloridrato de prometazina e B-

    dipirona. 254nm Condições cromatográficas: coluna C18, pressão 1500

    psi, temperatura da coluna de 30 ºC, vazão 1,5 mLmin-1, concentração dos

    ativos cloridrato de adifenina 0,10 mg mL-1, cloridrato de prometazina 0,05

    mg mL-1e dipirona 5 mg mL-1........................................................................

    91

    Figura 27. Comparação dos cromatogramas contendo mistura de bases

    com pKa baixo (azul), médio (verde) e alto (vermelho) obtidos com

    colunas Acquity UPC2 2-EP sem hidróxido de amônio (A) e com 20 mM

    do aditivo (B). (Adaptado de Perrenoud e colaboradores)..........................

    92

    Figura 28. Reação de equilíbrio que ocorre com as partículas de sílica

    na presença de metanol formando éter de silil e água............................... 93

    Figura 29. Sobreposição das Curvas de retenção dos ativos - Tempo de

    retenção vs % modificador orgânico. Condições cromatográficas: coluna

    C18, pressão 1500 psi, temperatura da coluna de 30 ºC, vazão 1,5 mLmin-

    1, concentração dos ativos cloridrato de adifenina 0,10 mg mL-1, cloridrato

    de prometazina 0,05 mg mL-1e dipirona 5 mg mL-1.......................................

    94

    Figura 30. Cromatogramas apresentando os perfis dos picos obtidos no

    planejamento conforme Tabela 9. Condições cromatográficas mantidas

    constantes: coluna HSS C18, diluente etanol, vazão 1,5 mLmin-1, fase

    móvel CO2: metanol com 0,2 % de trietilamina e 5 % de água purificada

    (A:B), volume de injeção: 0,5 µL, concentração dos ativos: 5mg mL-1 de

    dipirona, 0,10 mg mL-1 de cloridrato de adifenina e 0,05 mg mL-1 de

    cloridrato de prometazina. Cromatogramas obtidos em 210 nm

    evidenciando o ativo de interesse cloridrato de adifenina.............................

    99

    Figura 31. Cromatogramas apresentando os perfis dos picos obtidos no

    planejamento conforme Tabela 9. Condições cromatográficas mantidas

    constantes: coluna HSS C18, diluente etanol, vazão 1,5 mLmin-1, fase

    móvel CO2: metanol com 0,2 % de trietilamina e 5 % de água purificada

    (A:B), volume de injeção: 0,5 µL, concentração dos ativos: 5mg mL-1 de

    dipirona, 0,10 mg mL-1 de cloridrato de adifenina e 0,05 mg mL-1 de

    cloridrato de prometazina. Cromatogramas obtidos em 254 nm

    evidenciando os ativos de interesse cloridrato de prometazina e dipirona.

    Destaque para os planejamentos 2 e 6.........................................................

    99

  • Figura 32. Superfície de resposta para o K em função da temperatura vs

    modificador a pressão de 1500 psi para cloridrato de adifenina................. 101

    Figura 33. Superfície de resposta para o K em função da temperatura vs

    modificador a pressão de 1900 psi para cloridrato de adifenina.................... 101

    Figura 34. Gráfico resultados previstos pelo modelo vs resultados experimentais para cloridrato de adifenina...................................................

    102

    Figura 35. Gráfico resultados dos resíduos vs resultados previstos pelo modelo para cloridrato de adifenina..............................................................

    102

    Figura 36. Superfície de resposta para o K em função da temperatura vs

    modificador a pressão de 1500 psi para dipirona.......................................... 103

    Figura 37. Superfície de resposta para o K em função da temperatura vs

    modificador a pressão de 1900 psi para dipirona.......................................... 104

    Figura 38. Gráfico resultados previstos pelo modelo vs resultados

    experimentais para dipirona......................................................................... 104

    Figura 39. Gráfico resultados dos resíduos vs resultados previstos pelo

    modelo para dipirona.................................................................................... 105

    Figura 40. Superfície de resposta para o K em função da temperatura vs modificador a pressão de 1500 psi para cloridrato de prometazina............

    106

    Figura 41. Superfície de resposta para o K em função da temperatura vs

    modificador a pressão de 1900 psi para cloridrato de prometazina.............. 106

    Figura 42. Gráfico resultados previstos pelo modelo vs resultados

    experimentais para cloridrato de prometazina.............................................. 107

    Figura 43. Gráfico resultados dos resíduos vs resultados previstos pelo

    modelo para cloridrato de prometazina........................................................ 108

    Figura 44. Superfície de resposta para o par crítico cloridrato de prometazina e dipirona em função da temperatura vs modificador a 1500 psi................................................................................................................

    109

    Figura 45. Superfície de resposta para o par crítico cloridrato de

    prometazina e dipirona em função da temperatura vs modificador a 1900

    psi................................................................................................................

    109

    Figura 46: Gráfico resultados previstos pelo modelo vs resultados experimentais para a resolução do par crítico cloridrato de prometazina e dipirona........................................................................................................

    110

    Figura 47. Gráfico resultados dos resíduos vs resultados previstos pelo

    modelo para a resolução do par crítico cloridrato de prometazina e

    dipirona........................................................................................................

    110

    Figura 48. Cromatograma ilustrando a seletividade para o cloridrato de

    adifenina. Condições cromatográficas: coluna C18, diluente etanol, vazão

    1,5 mL min-1, fase móvel CO2:Metanol 80:20 com 5 % água e 0,2 %

    trietilamina, modo de eluição isocrático, volume de injeção 0,5 µL,

    concentração do ativo 0,10 mg mL-1 cloridrato de adifenina, temperatura

    de 30 % e pressão de 1500 psi...................................................................

    112

    Figura 49. Cromatograma ilustrando a seletividade para o cloridrato de

    prometazina. Condições cromatográficas: coluna C18, diluente etanol,

    vazão 1,5 mL min-1, fase móvel CO2:Metanol 80:20 com 5 % água e 0,2 %

  • trietilamina, modo de eluição isocrático, volume de injeção 0,5 µL,

    concentração do ativo 0,05 mg mL-1 de cloridrato de prometazina,

    temperatura de 30 % e pressão de 1500 psi...............................................

    112

    Figura 50. Cromatograma ilustrando a seletividade para a dipirona.

    Condições cromatográficas: coluna C18, diluente etanol, vazão 1,5 mL

    min-1, fase móvel CO2:Metanol 80:20 com 5 % água e 0,2 % trietilamina,

    modo de eluição isocrático, volume de injeção 0,5 µL, concentração do

    ativo 5 mg mL-1 dipirona, temperatura de 30 % e pressão de 1500 psi........ 113

    Figura 51. Cromatograma ilustrando a seletividade para a fase móvel e o

    placebo (excipientes). Condições cromatográficas: coluna C18, diluente

    etanol, vazão 1,5 mLmin-1, fase móvel CO2:Metanol 80:20 com 5 % água

    e 0,2 % trietilamina, modo de eluição isocrático, volume de injeção 0,5 µL,

    temperatura de 30 % e pressão de 1500 psi.................................................

    113

    Figura 52. Curva analítica para o cloridrato de adifenina........................... 114

    Figura 53. Gráficos para análise dos resíduos do cloridrato de adifenina.... 115

    Figura 54. Curva analítica para o cloridrato de prometazina........................ 115

    Figura 55. Gráficos para análise dos resíduos do cloridrato de

    prometazina.................................................................................................

    116

    Figura 56. Curva analítica para a dipirona sódica. ....................................... 116

    Figura 57. Gráficos para análise dos resíduos da dipirona sódica............... 117

    Figura 58. Sobreposição dos mapas de contorno da K e RS a pressão de

    1500 psi. ...................................................................................................... 121

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Propriedades dos IFAs: ação farmacológica, massa molar, pka,

    log P e estrutura química..............................................................................

    27

    Tabela 2. Propriedades físico-químicas de alguns compostos que podem

    ser utilizados em cromatografia com fluído supercrítico...............................

    34

    Tabela 3: Valores de DPR de acordo com a concentração do analito na amostra para fins de avaliação da precisão do método................................

    48

    Tabela 4. Gradiente empregado para validação do método por

    HPLC/DAD................................................................................................... 57

    Tabela 5. Concentração teórica dos fármacos para construção da curva

    analítica na técnica de HPLC/DAD.............................................................. 58

    Tabela 6. Aditivos avaliados e respectivas concentrações......................... 62

    Tabela 7. Concentração dos padrões de acordo com a proporção no

    produto acabado.......................................................................................... 63

    Tabela 8. Limites dos fatores para o planejamento composto central........ 64

    Tabela 9. Condições dos experimentos realizados de acordo com o

    Planejamento Composto Central................................................................. 65

    Tabela 10. Concentração teórica dos padrões para construção da curva

    analítica na técnica de UHPSFC/DAD......................................................... 66

    Tabela 11. Influência do pH da fase móvel no tempo de retenção dos

    cloridratos de adifenina e prometazina........................................................ 73

    Tabela 12. Equação da reta das curvas analíticas, faixa linear, coeficiente

    de correlação para os ativos usando a técnica de HPLC/DAD e os valores

    informativos do limite de detecção (LD) e limite de quantificação

    (LQ)..............................................................................................................

    81

    Tabela 13. Resultados obtidos experimentalmente para precisão

    (repetibilidade) na técnica de HPLC/DAD....................................................

    82

    Tabela 14. Resultados obtidos experimentalmente para precisão

    intermediária na técnica de HPLC/DAD.......................................................

    82

    Tabela 15. Resultados da exatidão para o cloridrato de adifenina na

    técnica de HPLC/DAD.................................................................................

    83

    Tabela 16. Resultados da exatidão para o cloridrato de prometazina na

    técnica de HPLC/DAD.................................................................................

    83

    Tabela 17. Resultados da exatidão para dipirona na técnica de

    HPLC/DAD...................................................................................................

    84

    Tabela 18. Resultados da robustez para cloridrato de adifenina na técnica

    de HPLC/DAD..............................................................................................

    84

    Tabela 19. Resultados da robustez para cloridrato de prometazina na

    técnica de HPLC/DAD.................................................................................

    84

    Tabela 20. Resultados da robustez para dipirona sódica na técnica de

    HPLC/DAD...................................................................................................

    85

    Tabela 21. Ilustração do formato dos picos dos ativos em relação ao tipo

    de diluente....................................................................................................

    96

  • Tabela 22. Formato do pico cromatográfico para cloridrato de adifenina

    em função dos diferentes volumes de injeção.............................................

    97

    Tabela 23. Equação da reta das curvas analíticas, faixa linear, coeficiente

    de correlação para os ativos estudados usando UHPSFC/DAD e os

    valores informativos do limite de detecção (LD) e limite de quantificação

    (LQ)..............................................................................................................

    117

    Tabela 24. Resultados obtidos experimentalmente para precisão

    (repetibilidade) na técnica de UHPSFC/DAD..............................................

    118

    Tabela 25. Resultados obtidos experimentalmente para precisão

    intermediária na técnica de UHPSFC/DAD.................................................

    118

    Tabela 26. Resultados da exatidão para o cloridrato de adifenina na

    técnica de UHPSFC/DAD............................................................................

    119

    Tabela 27. Resultados da exatidão para o cloridrato de prometazina na

    técnica de UHPSFC/DAD............................................................................

    119

    Tabela 28. Resultados da exatidão para o cloridrato de dipirona na técnica

    de UHPSFC/DAD. ..........................................................................

    120

    Tabela 29. Apresentação das condições cromatográficas dos métodos

    desenvolvidos e validados pelas técnicas de HPLC e UHPSFC...................

    122

  • LISTA DE EQUAÇÕES

    Equação 1. Curva de van Deemter............................................................. 29

    Equação 2. Cálculo para precisão.............................................................. 47

    Equação 3. Equação de Horwitz................................................................. 47

    Equação 4. Cálculo para limite de detecção............................................... 48

    Equação 5. Cálculo para limite de quantificação........................................ 49

    Equação 6. Cálculo para exatidão utilizando a concentração.................... 50

    Equação 7. Cálculo para exatidão utilizando a recuperação...................... 50

    Equação 8. Cálculo para fator de retenção................................................. 64

    Equação 9. Cálculo para resolução............................................................ 64

  • Lista de abreviaturas

    AINES – Anti-inflamatórios Não Esteroidais

    A-QbD - Analytical Quality by Design

    ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

    ABPR – Automated Backpressure Regulator

    CMD – Concentração Média Determinada

    CO2 – Dióxido de Carbono

    COX – Ciclooxigenase

    CQA – Critical Quality Atribute

    DAD – Detector por Arranjo de Diodos

    DoE – Design of Experiments

    DP – Desvio Padrão

    dp – diâmetro de partícula

    DPa – Desvio Padrão Estipulado

    DPR – Desvio Padrão Relativo

    DS – Design Space

    ELSD – Detector Evaporativo por Espalhamento de Luz

    FE – Fase Estacionária

    FID – Detector por Ionização em Chama

    FM – Fase Móvel

    GC - Gas Chromatography

    HPLC - High Performance Liquid Chromatography

    Ic – Inclinação da curva de inclinação

    ICH – International Conference on Harmonisation

    IFA – Insumo Farmacêutico Ativo

    K – Fator de retenção

    LC – Liquid Chromatography

    LD – Limite de Detecção

    LQ – Limite de Quantificação

    MIP – Medicamento Isento de Prescrição

    MODR - Method Operable Design Region

    MS – Mass Spectrometer

  • QbD – Quality by Design

    r – Coeficiente de correlação

    Rs – Resolução

    SEF – Silyl Ether Formation

    SFC - Supercritical Fluid Chromatography

    UHPLC - Ultra High Performance Liquid Chromatography

    UHPSFC - Ultra High Performance Supercritical Fluid Chromatography

    UPC2 - Ultra Performance Convergence Chromatography

    UV – Ultravioleta

  • Sumário

    1. Introdução............................................................................................... 23 1.1. Dor e Analgésicos.................................................................................. 23 1.1.1. Dipirona sódica................................................................................... 23 1.1.2. Cloridrato de adifenina....................................................................... 23 1.1.3. Cloridrato de prometazina.................................................................. 26 1.1.4 Métodos analíticos farmacopéicos empregados em análises de dipirona sódica, cloridrato de adifenina e cloridrato de prometazina...........

    27

    1.2. Evolução das técnicas cromatográficas................................................ 28 1.3. Cromatografia líquida de alta eficiência – HPLC.................................. 31 1.4. Cromatografia com fluído supercrítico de ultra alta eficiência - UHPSFC.......................................................................................................

    33

    1.5. Quality by Design (QbD) no desenvolvimento de métodos................... 42 1.6. Validação............................................................................................... 45 1.6.1. Seletividade........................................................................................ 45 1.6.2. Linearidade......................................................................................... 46 1.6.3. Faixa de trabalho................................................................................ 46 1.6.4. Precisão.............................................................................................. 47 1.6.5. Limite de detacção.............................................................................. 48 1.6.6. Limite de quantificação....................................................................... 49 1.6.7. Exatidão.............................................................................................. 49 1.6.8. Robustez............................................................................................ 50 2. Objetivos. .............................................................................................. 51 2.1. Principal................................................................................................ 51 2.2. Específicos............................................................................................ 51 3. Justificativa............................................................................................. 52 4. Materiais e Métodos................................................................................ 53 4.1. Materiais............................................................................................... 53 4.1.1. Reagentes e solventes....................................................................... 53 4.1.2. Padrões analíticos e amostras............................................................ 53 4.1.3. Equipamentos..................................................................................... 53 4.1.4. Cromatógrafos, colunas cromatográficas e softwares........................ 53 4.1.4.1.HPLC................................................................................................ 53 4.1.4.1.1 Colunas cromatográficas............................................................... 54 4.1.4.1.2. Software....................................................................................... 54 4.1.4.2. UHPSFC.......................................................................................... 54 4.1.4.2.1. Colunas cromatográficas.............................................................. 54 4.1.4.2.2. Software....................................................................................... 54 4.2. Métodos ............................................................................................... 54 4.2.1. HPLC.................................................................................................. 54 4.2.1.1.Preparo dos padrões e amostras...................................................... 55 4.2.1.2. Triagem cromatográfica................................................................... 56 4.2.1.2.1.Seleção das fases estacionárias................................................... 56 4.2.1.2.2. Seleção da fase móvel.................................................................. 56 4.2.1.2.3. Seleção do diluente, concentração de trabalho, volume de injeção e comprimento de onda....................................................................

    56

    4.2.1.3. Validação......................................................................................... 57 4.2.2. UHPSFC............................................................................................. 60 4.2.2.1. Preparo dos padrões e amostras..................................................... 61

  • 4.2.2.2. Triagem cromatográfica................................................................... 61 4.2.2.2.1. Seleção das fases estacionárias.................................................. 61 4.2.2.2.2. Seleção da fase móvel.................................................................. 62 4.2.2.2.3. Seleção do diluente, concentração de trabalho, volume de injeção e comprimento de onda. ..................................................................

    62

    4.2.2.2.4. Planejamento experimental.......................................................... 63 4.2.2.2.5. Validação do método.................................................................... 66 5. Resultados e Discussão......................................................................... 68 5.1. HPLC..................................................................................................... 68 5.1.1. Seleção da fase estacionária............................................................. 68 5.1.2. Seleção da fase móvel....................................................................... 69 5.1.3. Seleção do diluente, concentração de trabalho e volume de injeção 73 5.1.4. Validação .......................................................................................... 75 5.1.4.1. Seletividade..................................................................................... 76 5.1.4.2. Linearidade...................................................................................... 77 5.1.4.3. Precisão........................................................................................... 81 5.1.4.4. Exatidão.......................................................................................... 82 5.1.4.5. Robustez......................................................................................... 84 5.2. UHPSFC............................................................................................... 85 5.2.1. Seleção da fase estacionária.............................................................. 85 5.2.2. Seleção da fase móvel........................................................................ 86 5.2.3. Seleção do diluente, concentração de trabalho e volume de injeção 95 5.2.4. Planejamento experimental................................................................ 97 5.2.4.1. Resultado para o fator de retenção................................................. 100 5.2.4.2. Resultado para a resolução entre o par crítico cloridrato de prometazina e dipirona................................................................................

    108

    5.2.5 Validação............................................................................................ 111 5.2.5.1. Seletividade.................................................................................... 111 5.2.5.2. Linearidade.................................................................................... 113 5.2.5.3. Precisão......................................................................................... 118 5.2.5.4. Exatidão......................................................................................... 119 5.2.5.5. Robustez......................................................................................... 120 6. Conclusão............................................................................................... 123 7. Referências bibliográficas.................................................................... 125 8. Anexos..................................................................................................... 8.1. Declaração de bioética e biossegurança................................................ 8.2. Declaração de direitos autorais.............................................................

    134 135 136

  • 23

    1. Introdução

    1.1 Dor e Analgésicos

    A dor tem importância clínica fundamental, sendo uma das queixas mais

    comuns dos pacientes que procuram atendimento médico. A sensação de dor é um

    sintoma subjetivo, que varia de indivíduo para indivíduo em função de vários fatores

    pessoais como: idade, raça, sexo, privação de sono, estresse, entre outros (SOUZA,

    2005).

    De acordo com a international association for the study of pain (IASP), a

    dor é uma sensação ou experiência emocional desagradável, associada com dano

    tecidual real ou potencial, sendo aguda com duração inferior a 30 dias, ou crônica com

    duração superior a 30 dias. É classificada segundo seu mecanismo fisiopatológico em

    dor de predomínio nociceptivo, dor de predomínio neuropático e dor mista. A dor de

    predomínio nociceptivo, ou simplesmente dor nociceptiva, ocorre por ativação

    fisiológica de receptores de dor e está relacionada à lesão de tecidos ósseos,

    musculares ou ligamentares (osteoartrose, artrite reumatoide, fratura e rigidez

    muscular na dor lombar inespecífica) e geralmente responde bem ao tratamento

    sintomático com analgésicos ou anti-inflamatórios não esteroides (AINES). A dor

    neuropática é definida como dor iniciada por lesão ou disfunção do sistema nervoso

    periférico ou central, com a presença de descritores verbais característicos

    (queimação, agulhadas, dormências) e responde pobremente aos analgésicos usuais

    (paracetamol, dipirona, aines, opioides fracos). O tipo de dor mais frequente na prática

    clínica é o misto, indicando lesão simultânea de nervos e tecidos adjacentes. Um

    exemplo de dor mista é a radiculopatia ou a dor devida ao câncer (“oncológica”), casos

    em que não há somente compressão de nervos e raízes (dor neuropática), mas

    também de ossos, facetas, articulações e ligamentos (dor nociceptiva) (BRASIL,

    2012).

    Há uma classe de medicamentos denominada analgésicos, responsável

    por amenizar ou interromper as vias de transmissão nervosa sendo administrados

    para alívio de dores de diversas intensidades. Os analgésicos possuem mecanismos

    e propriedades distintas, sendo divididos em algumas subclasses, sendo as principais:

    os opióides e os anti-inflamatórios não esterioidais (AINES) (SILVA, 2006). Os

    opióides possuem ação central, propriedades analgésicas potentes, efeito

    tranquilizante e sedativo, com tendência a produzir tolerância, dependência psíquica

  • 24

    e física quando usados cronicamente. Os AINES possuem ação central e periférica,

    propriedades analgésica, antipirética e anti-inflamatória e atuam inibindo a ciclo-

    oxigenase (COX), enzima que catalisa a conversão do ácido aracdônico em

    prostaglandinas e prostaciclinas envolvidas no processo inflamatório e na sensibili-

    zação das unidades neuronais centrais e periféricas (MOTTA et al, 2010).

    Normalmente são vendidos sem necessidade de prescrição médica facilitando a

    automedicação e o consumo abusivo dos mesmos. Entre os AINES mais

    comercializados estão os medicamentos contendo dipirona sódica, que pode estar na

    forma de monodroga ou associada a outros insumos farmacêuticos ativos (IFA). A

    associação dipirona, cloridrato de adifenina e cloridrato de prometazina é classificada

    como AINE e indicada para alívio de manifestações dolorosas em geral,

    principalmente dores pós-operatórias e cefaleias (SILVA e MOARES 2010) por

    promover ação analgésica, antiespasmódica e antipirética referente à dipirona, ação

    relaxante da musculatura lisa proveniente da adifenina, que também reforça a ação

    antiespasmódica da dipirona, e as ações sedativa, colinérgica, antiemética e anti-

    histamínica da prometazina. Esta associação de drogas permite uma potencialização

    dos efeitos, observando-se uma rápida resposta terapêutica.

    Um estudo foi realizado com a associação dipirona, cloridrato de adifenina

    e cloridrato de prometazina em pacientes com dor oncológica com objetivo de avaliar

    se a administração por via oral da associação seria capaz de proporcionar uma melhor

    qualidade da analgesia e a redução da dose empregada de opióide. A morfina é a

    droga de escolha para pacientes com dor crônica de origem oncológica, porém o seu

    uso crônico e doses crescentes estão relacionados com o surgimento de efeitos

    colaterais. O estudo envolveu 20 pacientes com média de uso da morfina de 73,5

    mg/dia. Foi administrada a associação de 6 em 6 h durante uma semana. Para avaliar

    a intensidade da dor foi utilizada a escala visual analógica (EVA) que varia de 0 (menor

    intensidade) a 10 (maior intensidade) no início e no final do tratamento. Após o período

    de estudo foi constatado a redução da dose da morfina em 13 pacientes (média de

    50,5 mg/dia) e redução no EVA em 18 pacientes. Os resultados evidenciaram a

    melhora da eficácia analgésica, com possibilidade de redução da dose de opióide

    (LISASOR).

  • 25

    1.1.1 Dipirona

    A dipirona ou metamizol ou ácido 1-fenil-2,3-dimetil-5-pirazolona-4-

    metilaminometanossulfônico (Tabela 1), é um fármaco muito utilizado pela população

    brasileira em diversas apresentações farmacêuticas (solução oral, injetável,

    comprimidos e supositórios), sendo comercializado principalmente como

    medicamento isento de prescrição (MIP) (CAETANO, 2005). A dipirona sódica

    monoidratada é encontrada principalmente como um pó cristalino, quase branco e

    inodoro. É solúvel em água e em metanol, pouco solúvel em etanol e praticamente

    insolúvel em éter etílico, acetona, benzeno e clorofórmio (BRASIL, 2010). Após

    administração oral, a dipirona ao entrar em contato com o suco gástrico é rapidamente

    hidrolisada originando o metabólito ativo 4-N-metil-aminoantipirina (MAA), que é

    prontamente absorvido pelo organismo sofrendo biotransformação hepática. O MAA

    é em seguida metabolizado no fígado por desmetilação formando o 4-amino-antipirina

    (AA), e por oxidação, originando o 4- formil-amido-antipirina (FAA). O AA sofre

    acetilação originando o composto inativo 4-acetilaminoantipirina (AAA). Os

    metabólitos MAA e AA são responsáveis pelos efeitos analgésicos da dipirona, por

    inibirem a síntese de prostaglandinas. Nenhum desses metabólitos liga-se

    extensivamente às proteínas plasmáticas, sendo predominantemente excretados

    pelos rins (NASCIMENTO, 2005). Considerada um potente analgésico e antipirético,

    a dipirona é indicada para patologias como cefaleias, neuralgias, dores pós-

    operatórias, reumáticas, de fibras musculares lisas (por exemplo, cólica renal) e de

    outras origens (NASCIMENTO, 2005). Também é administrada para tratamento dos

    sintomas da dengue onde a utilização do ácido acetilsalicílico (AAS) não é

    recomendada (BRASIL, 2003a). O mecanismo de ação consiste na inibição

    irreversível da enzima COX 2. Sua ação ocorre tanto no sistema nervoso central

    quanto no sistema nervoso periférico (HARDMAN, LIMBIRD, 2001). Apesar de exercer

    grande importância na prática clínica no Brasil, o uso de dipirona não é recomendado

    em alguns países como EUA e Reino Unido por estar associada a anemias aplásticas

    e agranulocitose (BAR-OZ, et al., 2005).

    1.1.2 Adifenina

    A adifenina ou 2-(dietilamino) etil 2,2-difenilacetato (Tabela 1) tem como

    principais propriedades farmacológicas as ações antiespasmódica e

    parassimpatolítica. Apresenta efeitos periféricos fracos similares àqueles da atropina

  • 26

    associados a uma ação antiespasmódica direta e uma ação anestésica local, sendo

    administrada para o alívio de espasmos viscerais. A ação relaxante da musculatura

    lisa se deve a um mecanismo competitivo antagonista não específico da acetilcolina

    pelo receptor de atropina e sua ação na musculatura lisa intestinal é explicada por um

    efeito anestésico local, o qual interrompe os reflexos locais regulando assim, o tônus

    e a motilidade intestinais. Em doses terapêuticas, a ação no tubo digestivo não

    compromete os mecanismos secretórios do intestino (BROWN, et al., 1980,

    LISADOR).

    1.1.3 Prometazina

    A prometazina ou N,N, -trimetil-10H fenotiazina-10 etanamina (Tabela

    1), encontra-se no mercado sob as formas farmacêuticas de comprimidos, drágeas,

    gotas, xarope, elixir, creme e solução injetável, podendo apresentar-se ainda na forma

    de base livre ou de sal, e também associado ou não a outros fármacos (BADRA, 1991).

    Como base livre, é insolúvel em água e, devido a isso, é utilizada geralmente como

    sal, especialmente cloridrato, que se apresenta na forma de pó cristalino branco ou

    levemente amarelado, inodoro, não higroscópico e de sabor amargo. Na forma de sal

    é altamente solúvel em água, metanol, etanol e clorofórmio e praticamente insolúvel

    em acetona, éter e acetato de etila (BRASIL, 2010). Pertencente ao grupo das

    fenotiazinas, é considerado um potente anti-histamínico utilizado no tratamento de

    distúrbios alérgicos, como anti-emético e como adjuvante à anestesia geral. A ação

    anti-alérgica é apenas paliativa, pois mesmo diminuindo ou abolindo os principais

    efeitos da histamina no organismo, atuando como inibidor competitivo dos sítios

    receptores dessa substância endógena, não possui a capacidade de inativar ou

    interferir em sua síntese ou liberação. Os efeitos da histamina são mediados por dois

    tipos de receptores, denominados receptores H1 e H2. A prometazina é um fármaco

    bloqueador de receptor H1 e por possuir propriedade sedativa promove sonolência

    como efeito colateral quando empregada no tratamento sintomático de rinite alérgica

    e urticária (DeLUCIA, 2014). Quando associada a dipirona ou outro analgésico auxilia

    no controle na dor pelo efeito de sedação no pré e pós-operatório obstétrico

    (LISADOR).

  • 27

    Tabela 1. Propriedades dos IFAs: ação farmacológica, massa molar, pka, log P e estrutura química.

    1.1.4 Métodos analíticos farmacopeicos empregados em análises de dipirona

    sódica, cloridrato de adifenina e cloridrato de prometazina

    Para o doseamento do ativo dipirona sódica monohidratada (IFA) e nas

    formas farmacêuticas solução oral e comprimido, a Farmacopeia Brasileira 5ª edição

    recomenda a titulação com iodo em meio acidificado com ácido clorídrico a

    temperaturas abaixo de 20º C utilizando-se amido como indicador (BRASIL, 2010). A

    Farmacopeia Europeia 39ª indica o mesmo procedimento para o ativo (EUROPEAN

    PHARMACOPEIA, 2017).

    Para o cloridrato de prometazina (matéria prima) a Farmacopeia Brasileira

    5ª edição fornece dois métodos para o doseamento. Pode-se dissolver o ativo em uma

    mistura de ácido clorídrico e etanol e realizar titulação potenciométrica com hidróxido

    de sódio verificando o volume gasto entre os dois pontos de inflexão; ou dissolver o

    ativo em uma mistura de ácido acético glacial e acetato de mercúrio e titular com ácido

    perclórico utilizando cristal violeta como indicador (BRASIL, 2010), sendo esse último

    método indicado também pela Farmacopeia Americana 39ª edição (UNITED STATES

    PHARMACOPEIA, 2016). A Farmacopeia Japonesa na 14ª edição indica o

  • 28

    doseamento do ativo dissolvido em uma mistura de ácido acético e anidrido acético

    através de titulação potenciométrica com ácido perclórico (JAPANESE

    PHARMACOPEIA, 2001). Para a forma farmacêutica comprimido, a Farmacopeia

    Brasileira indica a técnica de espectrofotometria de absorção no ultravioleta em meio

    acidificado com ácido clorídrico (BRASIL, 2010).

    Nas farmacopeias mencionadas não há descrição de metodologia para

    doseamento do cloridrato de adifenina, nem informações para a associação em

    questão.

    Todas as técnicas citadas são validadas, aceitas e indicadas nas

    farmacopeias, porém quando se trata de associações medicamentosas, as técnicas

    cromatográficas são as mais indicadas, por serem mais sensíveis e estarem

    conectadas a detectores capazes de identificar compostos diferentes numa mesma

    amostra. Entre as técnicas cromatográficas, a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

    é a mais utilizada em indústrias e laboratórios.

    1.2 Evolução das técnicas cromatográficas

    A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência e a Cromatografia Gasosa são

    técnicas já consolidadas que desde a sua descrição estão em constante inovação

    tornando as análises mais eficientes e rápidas. A cromatografia é uma técnica de

    separação de componentes de uma mistura que envolve uma corrente de fluído em

    movimento, chamada fase móvel e uma fase estacionária. Á medida que a fase móvel

    transcorre a fase estacionária, os solutos são separados de acordo com a interação

    destes com as fases, eluindo primeiro os que têm maior afinidade com a fase móvel e

    em seguida, os que têm maior afinidade com a fase estacionária. Na GC, a fase móvel

    é um gás transportador, normalmente inerte, que arrasta a amostra sobre a fase

    estacionária, não participando do processo de separação. Apresenta instrumentação

    fácil de manusear, ótima capacidade analítica devido à alta difusividade e baixa

    densidade dos gases, separando diversos componentes de uma amostra com tempo

    de análise variando de minutos a pouco mais de uma hora. Sua limitação está no tipo

    de amostra a ser analisada, a qual deve ser volátil e termicamente estável. Pode-se

    realizar a derivatização do composto, porém nem sempre é viável e as etapas de

    preparação podem ser longas e complexas (COLLINS, BRAGA, BONATO, 2006).

    A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência é uma das modalidades da

    Cromatografia Líquida que consiste em separar amostras que estão distribuídas entre

    https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1shttps://pt.wikipedia.org/wiki/Inerte

  • 29

    as FE e FM, sendo essa última líquida. O aperfeiçoamento das FE com a diminuição

    do tamanho das partículas permitiu um aumento significativo na eficiência da técnica

    medida em número de pratos teóricos. Quanto maior o número de pratos teóricos/cm,

    maior o número de etapas de equilíbrio entre as FE e FM e, portanto, melhor a

    eficiência e separação. Seu emprego foi iniciado em meados de 1960 com intenção

    de suprir as análises inviáveis pela GC (COLLINS, BRAGA, BONATO, 2006).

    Em 1950, as colunas de HPLC continham o recheio de partículas

    irregulares de 100 a 200 µm com eficiência de 200 pratos/15 cm. Em 1960, foram

    incorporadas partículas peliculares rígidas de 40-50 µm resistentes à pressão, porém

    com reduzida capacidade de amostra. Em 1970, surgiram as partículas com 10 µm,

    aumentando significativamente a eficiência, entretanto por serem irregulares

    comprometiam a reprodutibilidade (MALDANER, JARDIM, 2009). Entre as décadas

    de 1980 e 1990 a eficiência alcançou 30000 pratos/15 cm com a introdução de

    partículas esféricas não porosas de 1,5 µm e 1,7 µm para as porosas, elevando o

    desempenho cromatográfico e permitindo melhores resoluções. A combinação entre

    o uso de partículas menores e sistemas com alta pressão originou a Cromatografia

    Líquida de Ultra Alta Eficiência (UHPLC - Ultra High Performance Liquid

    Chromatography) (MALDANER, JARDIM, 2009).

    O aprimoramento das partículas permitiu aumentar a eficiência, gerar picos

    mais simétricos e reduzir o tempo de análise. A curva de van Deemter, representada

    pela Equação 1, avalia a eficiência do sistema cromatográfico, e em particular, da

    coluna cromatográfica, através de uma curva que relaciona a altura equivalente a um

    prato teórico (H) e a velocidade linear da fase móvel (μ):

    𝐻 = 𝐴 +𝐵

    µ+ 𝐶µ Equação 1

    Onde o termo A representa os caminhos distintos realizados pelo analito,

    sendo menor com uso de partículas reduzidas e uniformes; o termo B refere se ao

    tempo de permanência do analito na coluna e à velocidade linear da FM, sendo que

    em velocidades maiores há diminuição na permanência do analito, aumentando a

    eficiência e o termo C relaciona a transferência de massa do analito entre as FE e FM

    (MALDANER, JARDIM, 2009).

    Apesar da ampla aplicabilidade da Cromatografia Liquida é incorreto

    afirmar que a mesma substitui a Cromatografia Gasosa. Ambas são complementares,

  • 30

    pois apresentam vantagens e limitações distintas, permitindo a análise de diferentes

    tipos de amostras.

    Com intuito de unificar o melhor das técnicas mencionadas (GC e HPLC) a

    utilização de um fluído supercrítico como FM despertou interesse, gerando a técnica

    denominada Cromatografia com Fluído Supercrítico (Supercritical Fluid

    Chromatography, SFC). O estado supercrítico ocorre quando um composto é

    aquecido e pressurizado a condições superiores ao seu ponto crítico, o qual determina

    os limites em que as fases líquida/gasosa estão em equilíbrio. Um novo aquecimento

    eliminará essa interface, originando o estado denominado supercrítico (NOVAKOVÁ,

    et al, 2014). Os primeiros trabalhos com essa técnica utilizaram dióxido de carbono

    (CO2) como fluído supercrítico. Klesper e colaboradores, em 1962, apresentaram bons

    resultados através da separação de uma mistura de porfirinas (KLESPER, CORWIN,

    TURNER, 1962), Sie e Rijnders, em 1967, avaliaram os efeitos da pressão sobre o

    coeficiente de partição, permeabilidade e eficiência na separação em sistemas

    cromatográficos (SIE, RIJNDERS, 1967a, 1967b). Em 1981, Novotny e colaboradores

    introduziram colunas capilares em equipamentos semelhantes a um cromatógrafo a

    gás. Essa inovação possibilitou o uso de gradiente de pressão, porém a vazão

    modificava com a alteração da pressão (NOVOTNY, et al, 1981, NOVOTNY,

    SPRINGTON, 1981).

    Até 1982 o único constituinte da FM em SFC era o CO2 que devido à baixa

    polaridade limitava a técnica a análise de compostos apolares, apresentando os

    resultados mais satisfatórios na separação de enantiômeros. Em 1982, Gere e

    colaboradores adicionaram um regulador de contrapressão em um HPLC que

    viabilizou o controle individual da pressão e da vazão da FM. Esse fato possibilitou o

    uso de modificadores orgânicos e aditivos, aumentando a seletividade da técnica e

    permitindo a análise de compostos com polaridades diferenciadas (GERE, BOARD,

    McMANIGILL, 1982). Alguns trabalhos como os de Cui e Olesik (CUI, OLESIK, 1995)

    e os de Lee e Olesik (LEE, OLESIK, 1995) evidenciaram resultados positivos

    referentes ao uso de misturas de solventes e CO2 na FM.

    Os bons resultados desses estudos incentivaram o aprimoramento nos

    equipamentos e nas FE possibilitando o surgimento da Cromatografia com Fluído

    Supercrítico de Ultra Alta Eficiência (UHPSFC – Ultra High Performance Supercritical

    Fluid Chromatography) que associa o potencial da UHPLC com a SFC, permitindo

    análises eficientes, rápidas e ecológicas, sendo uma alternativa promissora em

  • 31

    diferentes segmentos industriais e acadêmicos. Saito (2013), através de um

    levantamento de publicações entre 1962 e 2012, evidenciou como o aprimoramento

    na instrumentação incentivou o uso da técnica. De 1962 a 1982 o número de trabalhos

    envolvendo SFC não ultrapassava os 100. A partir de 1984 houve um crescimento

    expressivo de publicações alcançando mais de 800 em 2008 (SAITO, 2013).

    Entre as técnicas cromatográficas mencionadas, a HPLC e a UHPSFC

    foram as selecionadas para o desenvolvimento de métodos para doseamento dos

    IFAs dipirona, cloridrato da adifenina e cloridrato de prometazina. A primeira por ser

    uma técnica consolidada e amplamente utilizada para esse fim, e a segunda com

    intuito de demonstrar a aplicabilidade para análise destes fármacos.

    1.3. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência – HPLC

    O aprimoramento ao longo dos anos possibilitou o uso do HPLC em

    diversas áreas, para análise de variados compostos. Nessa técnica a FM exerce papel

    fundamental, pois além de arrastar os compostos pela FE, também participa do

    processo de separação.

    Fase móvel

    A escolha da FM é importante para o sucesso da análise e alguns critérios

    devem ser atendidos. O solvente deve possuir alto grau de pureza favorecendo a

    detecção de compostos em baixas concentrações, solubilizar a amostra sem

    decompô-la, apresentar baixa viscosidade aumentando a transferência de massas

    entre as fases melhorando a eficiência, ser compatível com o detector escolhido e não

    possuir absorção no mesmo comprimento de onda do analito em estudo (COLLINS,

    BRAGA, BONATO, 2006).

    A FM interage com os analitos através de ligações dipolo-dipolo, ligação

    de hidrogênio, forças de Van der Waals ou forças dielétricas. Uma interação muito

    forte diminui o fator de retenção (k) comprometendo a eficiência da separação, pois o

    analito não interage com a FE.

    Uma característica importante da FM é a força cromatográfica do solvente

    que está relacionada com a polaridade da FE, pois quanto mais similar elas forem,

    mais forte será a força. Quando a FE é mais polar que a FM a técnica é denominada

    cromatografia líquida de fase normal, quando ocorre o contrário, ou seja, a FE é

    menos polar que a FM, a técnica é conhecida como cromatografia líquida de fase

  • 32

    reversa. Quando há sobreposição de picos ou proximidade entre os mesmos pode-se

    alterar a seletividade da FM, substituindo o solvente por outro de polaridade

    semelhante para auxiliar a separação. Os solventes mais utilizados em cromatografia

    em fase normal são éter metil terc-butílico, clorofórmio e cloreto de metileno. Os mais

    frequentes em fase reversa são metanol, acetonitrila e tetraidrofurano (COLLINS,

    BRAGA, BONATO, 2006).

    Algumas análises precisam ser executadas em pH controlado, nessas

    situações empregam-se solução tampão, onde o pH é determinado em função do pKa

    do composto a ser separado, variando normalmente ± 1 unidade. Assim para

    compostos ácidos, a solução tampão de pH menor que o pKa gera compostos

    moleculares, e em pH maiores, compostos ionizados (ânions). O contrário acontece

    com compostos básicos, se o pH for maior que o pKa formam-se espécies

    moleculares, se for menor, espécies ionizadas (cátions). A solução tampão passa por

    filtração eliminando possíveis partículas que possam entupir as conexões. Após a

    análise, deve ser realizado um eficiente processo de limpeza no sistema

    cromatográfico evitando a cristalização do componente do tampão. Independente das

    características do solvente, todos devem ser desgaseificados antes do uso impedindo

    a formação de bolhas (COLLINS, BRAGA, BONATO, 2006).

    A eluição da FM pode ser isocrática ou gradiente. Na isocrática a força

    cromatográfica permanece constante durante toda a corrida, é mais comum,

    apresenta menor ruído na linha de base e é indicada em separações simples. Na

    eluição por gradiente ocorre alteração da composição da FM no decorrer da

    separação, é mais usual para misturas com compostos de diferentes polaridades e

    estruturas químicas a fim de otimizar o tempo de corrida, com redução no fator de

    retenção dos analitos (COLLINS, BRAGA, BONATO, 2006).

    Fase estacionária (coluna)

    A coluna é constituída por material inerte, usualmente aço inoxidável, de

    diâmetro interno uniforme e capaz de resistir às pressões em que será usada. Sua

    capacidade é determinada de acordo com o comprimento, diâmetro e material de

    recheio. Apresenta nas extremidades um disco de teflon ou metal poroso, conhecido

    como fritz, para evitar a perda do recheio ou mudanças na sua compactação.

    A sílica é o recheio mais usual por apresentar algumas vantagens como

    partículas pequenas e esféricas de diferentes diâmetros e tamanhos de poro,

  • 33

    partículas porosas com grande área superficial, elevada rigidez que permite o

    emprego de altas pressões e a possibilidade de modificações na sua superfície devido

    à presença de grupos silanóis reativos (TONHI et al, 2002). Quanto mais homogêneo

    for o recheio melhor a eficiência da separação. O tamanho da partícula controla o

    processo de difusão das moléculas da amostra ao penetrar e sair dos poros da

    partícula. Quanto menor for o tamanho, menor será o tempo gasto pelo analito,

    resultando em análises mais rápidas sem comprometer a eficiência (CEFET, 2017).

    Instrumentação para HPLC

    Um sistema de HPLC é constituído normalmente por reservatório, bombas

    e programadores de fase móvel, sistemas de injeção de amostra, detector e

    registrador de dados (COLLINS, BRAGA, BONATO, 2006; CEFET, 2017). Entre esses

    componentes a bomba, injetor e detector devem ser destacados, principalmente em

    separações de compostos complexos que envolvem a identificação de analitos

    distintos. As bombas com programadores são responsáveis pelo envio da FM à FE e

    permitem o uso de eluição por gradiente, geralmente aplicada aos compostos com

    polaridades diferentes. O injetor introduz a amostra na coluna através de válvulas

    manuais para amostragem ou a partir de sistemas de injeção automáticos. As válvulas

    manuais são feitas de material inerte como aço inoxidável ou PTFE

    (politetrafluoretileno). Os auto injetores são operados eletricamente ou com ar

    comprimido, são precisos na injeção de volumes reduzidos e possibilitam a

    programação de várias injeções sem necessidade do analista em tempo integral

    (COLLINS, BRAGA, BONATO, 2006). O detector é responsável por medir alguma

    propriedade física ou físico-química da amostra. Quando o efluente sai da coluna e

    chega ao detector, é gerado um sinal que normalmente é proporcional à concentração

    do analito na amostra. O detector universal é normalmente empregado, pois identifica

    diferentes tipos de analitos. O detector seletivo é restrito a uma determinada classe

    de substâncias, sendo seu uso mais limitado (COLLINS, BRAGA, BONATO, 2006).

    Diversos tipos de detectores são utilizados no HPLC como ultravioleta (UV), arranjo

    de diodos (DAD), espectrometria de massas (MS - mass spectrometry), fluorescência,

    índice de refração e ELSD (detector evaporativo por espalhamento de luz).

    1.4 Cromatografia com Fluído Supercrítico de Ultra Alta Eficiência – UHPSFC

  • 34

    O fluido supercrítico é considerado uma fase contínua com propriedades

    dos estados líquido e gasoso sendo obtido quando a interface que separa esses dois

    estados deixa de existir, fato que ocorre em condições superiores ao ponto crítico

    (equilíbrio), conforme demonstrado na Figura 1 (NOVAKOVÁ et al, 2014)

    Figura 1: Diagrama de fases do dióxido de carbono (Adaptado Nováková et al, 2014).

    A Tabela 2 apresenta alguns compostos que podem ser utilizados como

    fluído e suas propriedades críticas (CARRILHO, TAVARES, LANÇAS, 2001).

    Tabela 2. Propriedades físico-químicas de alguns compostos que podem ser utilizados em

    cromatografia com fluído supercrítico (CARRILHO, TAVARES, LANÇAS, 2001).

    Fluído Formula

    molecular Temperatura crítica (°C)

    Pressão crítica (atm)

    Densidade crítica (dc)

    Dióxido de Carbono CO2 31,3 72,9 0,47

    Óxido Nitroso N2O 36,5 71,7 0,45

    n-Pentano C5H12 196,6 33,3 0,23

    Hexafluoreto de Enxofre

    SF6 45,5 37,1 0,74

    Xenônio Xe 16,6 58,4 1,10

    Metanol CH3OH 240,5 78,9 0,27

    Isopropanol C3H7OH 235,3 47,0 0,27

  • 35

    Um fluído supercrítico apresenta propriedades inerentes aos gases,

    como a elevada difusividade e baixa viscosidade, e a dos líquidos, como alto poder

    de solvatação e densidade. A baixa viscosidade (10- 3 poise) e o elevado coeficiente

    de difusão do soluto permitem vazões elevadas e análises rápidas e eficientes. A

    densidade e o poder de solvatação promovem boa solubilidade e transferência de

    analitos, favorecendo detecção de uma gama maior de compostos (CARRILHO,

    TAVARES, LANÇAS, 2001). A retenção dos compostos é complexa e influenciada

    por uma série de fatores como temperatura, pressão, FE, propriedade do analito,

    densidade e composição da FM, sendo difícil avaliar separadamente cada um deles.

    A temperatura afeta a pressão de vapor, a densidade e a solubilidade do

    soluto promovendo alterações na afinidade do mesmo pela FE. À pressão constante,

    temperaturas elevadas aumentam a pressão de vapor e a solubilidade, diminuindo a

    retenção, pois há maior concentração do analito na FM do que na FE. À temperatura

    constante, o aumento da pressão promove elevação na densidade e poder de

    solvatação diminuindo a retenção. Dentre os fatores citados, a relação

    pressão/densidade é empregada para ajuste fino, pois acarreta pequenas alterações

    na retenção, principalmente em misturas com CO2 e solventes orgânicos, devido à

    baixa compressibilidade da FM (NOVÁKOVÁ et al, 2014; CARRILHO, TAVARES,

    LANÇAS, 2001).

    O uso do modificador orgânico promove alteração na temperatura e

    pressão crítica, ocasionando alteração na solubilidade dos analitos, modificação na

    retenção e formato de picos e pode causar separação de fases, o que é caracterizado

    pela elevação de ruído na linha de base pela passagem da mistura gás-líquido no

    detector (BERGER, 1991). Na região denominada subcrítica, onde a temperatura é

    menor que a temperatura crítica, mas a pressão é mantida acima daquela considera

    crítica não há relatos dessa possível separação de fases, sendo normalmente a região

    mais empregada para o desenvolvimento analítico (NOVÁKOVÁ et al, 2014;

    CARRILHO, TAVARES, LANÇAS, 2001).

    A vazão escolhida também afeta a resolução dos analitos. Em SFC a

    pressão é controlada e a vazão varia proporcionalmente afetando a separação de

    diferentes maneiras. Pressão e vazão elevadas diminuem a resolução, pois podem

    causar queda de pressão através da coluna (CARRILHO, TAVARES, LANÇAS, 2001).

    Em 1986, Hirata e Nakata propuseram um sistema composto por 2 bombas de

    pressurização, uma antes e outra depois do sistema injetor, coluna, detector. Esse

  • 36

    sistema possibilitou uma programação de pressão sem aumento de fluxo ou queda de

    pressão (HIRATA, NAKATA, 1986). Atualmente esse desempenho é alcançado pelo

    regulador de contra pressão (ABPR – Automated Backpressure Regulator).

    Fase móvel e aditivos

    A FM é constituída principalmente por CO2, um gás com condições críticas

    brandas (pressão 74 bar e temperatura de 31 °C), considerado como um solvente

    verde (LENARDÃO, et al, 2003) favorecendo análise de compostos termicamente

    instáveis, é atóxico, inerte, de fácil aquisição e descarte, apresenta baixa absorção no

    UV, é miscível com vários solventes orgânicos e possui custo relativamente menor

    comparado a outros compostos (ALEXANDER, HOOKET, TOMASELLA, 2012). A

    polaridade do CO2 é muito baixa, próxima ao do n-hexano, sendo utilizado puro

    apenas nas separações de compostos apolares.

    O aprimoramento dos equipamentos com o desenvolvimento de bombas

    binárias possibilitou o uso de outros solventes na FM em porcentagens típicas de 1 a

    40 %, com capacidade para alterar a densidade e a polaridade da FM, aumentando a

    seletividade e solubilidade de compostos polares, diminuindo a precipitação dos

    mesmos na coluna (LESSELIER, WEST, 2015). Essas alterações na FM melhoram o

    formato dos picos reduzindo interações indesejáveis que ocorrem entre os analitos e

    os grupos silanóis residuais da FE. Os silanóis residuais são receptores de hidrogênio

    e normalmente interagem mais com os analitos do que com a FM. Porém, quando há

    modificador doador de hidrogênio, como o metanol, etanol ou 2-propanol, a interação

    deixa de ser com o analito e passa a ser com a FM, melhorando a simetria do pico. A

    escolha do modificador é fundamental, pois características como constante dielétrica,

    capacidade de ligações de hidrogênio, transferência de massa e viscosidade do

    solvente são modificadas, influenciando na seletividade, ordem de eluição dos

    compostos e resolução dos picos. A acetonitrila quando usada como constituinte da

    FM promove aumento na retenção e gera picos assimétricos devido à pouca interação

    com os silanóis, por não ser doadora de hidrogênio. Seu uso é raro, porém em

    algumas situações para melhorar a seletividade, pode ser associada a um álcool

    (NOVÁKOVÁ et al, 2014; BRUNELLI et al, 2008).

    Em alguns casos, o modificador é insuficiente para promover picos

    adequados, sendo necessário o uso de um aditivo. Aditivos são compostos ácidos,

    básicos ou iônicos, escolhidos de acordo com o analito a ser analisado, que em

  • 37

    pequenas concentrações (tipicamente 1 %), podem melhorar a retenção, separação

    e simetria por mecanismos sugeridos como alteração da polaridade da FE através da

    ação sobre os sítios ativos, mudança na polaridade da FM aumentando seu poder de

    solvatação e alteração no nível de ionização dos compostos levando à formação de

    pares iônicos com os analitos. Para compostos ácidos normalmente se utiliza ácido

    fórmico ou ácido cítrico e para os básicos, o emprego de dietilamina e trietilamina é

    usual. Sais como acetato e formato de amônio são usados para compostos básicos e

    possuem a vantagem de serem compatíveis com a espectrometria de massas (Mass

    Spectrometry, MS). A água quando adicionada a um modificador orgânico aumenta a

    capacidade de ligações de hidrogênio, melhorando o poder de solvatação, sendo

    também compatível com a MS (NOVÁKOVÁ et al, 2014).

    Alguns trabalhos evidenciam como o uso de modificador e aditivos

    impactam no perfil cromatográfico. Em 2010, Ashraf-Khorassani e Taylor compararam

    a separação de 4 nucleotídeos em uma coluna de piridina usando etanol como

    modificador e os aditivos: água (5 %) e acetato de amônio (5 mM e 25 mM) isolados

    e associados e demonstrou como os mesmos influenciam no tempo de retenção e o

    formato dos picos. Os quatro compostos foram separados em todas as condições

    testadas, com o melhor formato dos picos na condição etanol + 5 % água + 5mM

    acetato de amônio (ASHRAF-KHORASSANI, TAYLOR, 2010). Em 2012, Perrenoud e

    colaboradores realizaram um estudo com 92 compostos farmacêuticos de caráter

    básico envolvendo diferentes FE e FM com e sem aditivo. Concluíram que o uso de

    metanol e aditivos básicos como hidróxido de amônio foram necessários para eluição

    dos compostos melhorando o perfil cromatográfico (PERRENOUD et al, 2012a).

    Apesar dos benefícios, o uso de aditivos deve ser criterioso, pois alguns

    podem eluir no decorrer da análise influenciando no ruído da linha de base (BERGER,

    DEYE, 1991) ou interagir fortemente com a FE necessitando de processos de limpeza

    mais demorados para sua remoção.

    Fases estacionárias

    A vasta faixa de polaridade dos solventes da FM permite o emprego de

    fases estacionárias de distintas seletividades, desde as mais polares como as de

    sílica, até as menos polares, como as de octadecil (C18). A escolha adequada da FE

    é essencial, pois está relacionada aos diversos tipos de interações com o analito,

    assim como a retenção dos mesmos ao longo da corrida cromatográfica. Para garantir

  • 38

    maior ortogonalidade são necessários alguns tipos de FE com diferentes seletividades

    para através de um screening verificar quais as mais indicadas (LESSELIER, WEST,

    2015).

    Para elucidar a classificação das propriedades químicas das FE há um

    diagrama “tipo aranha” (Spider diagram) criado a partir do modelo de parâmetro de

    solvatação ou relação de energia linear de solvatação, que descreve as interações

    soluto-solvente em termos dos parâmetros de acidez (A), basicidade (B), polaridade

    (S), refração molar em excesso (E), volume de McGowan (V) e coeficiente de partição

    gás-hexadecano (L). O diagrama apresentado na Figura 2 relaciona o tipo de

    interação existente entre o analito e a FE e são representados pelos coeficientes e

    (transferência de carga), s (dipolo-dipolo), a (ligação aceptora de hidrogênio), v

    (dispersão) e b (ligação doadora de hidrogênio) (CARRILHO, TAVARES, LANÇAS,

    2001; LESSELIER E WEST, 2015).

    As colunas para SFC e UHPSFC possuem tamanho reduzido de

    partícula (≤ 2 µm), possibilitam altas velocidades lineares da FM, melhoram o tempo

    de análise, a resolução e a simetria dos picos.

  • 39

    Figura 2: Spider diagram - Natureza das colunas cromatográficas empregadas na UHPSFC

    (adaptado Lesselier e West, 2015).

    Instrumentação para UHPSFC

    Um sistema de UHPSFC é constituído normalmente por reservatório,

    sistemas de bombeamento e pressurização, regulador automático de contra pressão

    (Automated Backpressure regulator - ABPR), sistema de injeção de amostra, sistema

    de convergência, detector e registrador de dados (CARRILHO, TAVARES, LANÇAS,

    2003; BERGER, 2015). Os componentes bomba, injetor, sistema de convergência e

    detector devem ser destacados. Devido ao emprego de pressões elevadas é

    necessário um maior controle no bombeamento e pressurização. Esses sistemas

    devem ser resistentes à alta pressão, responder rapidamente a alteração da pressão

    e manter o bombeamento da FM constante. O sistema de bombeamento é binário,

    uma bomba para o solvente orgânico e outra para o CO2 que possui um resfriador

    responsável por mantê-lo no estado líquido. O sistema de convergência ¨converge¨ o

    CO2 gasoso e o solvente orgânico líquido em uma só fase, a qual percorre o sistema.

    Os reguladores automáticos de contra pressão são responsáveis por controlar a

    pressão em todo o sistema cromatográfico e estão localizados após a cela de

    detecção, garantindo que a FM não chegue ruidosa (BERGER, 2015).

    O equipamento de UHPSFC utilizado nesse trabalho foi fabricado pela

  • 40

    empresa Waters Corporation, patenteado em 2012 como UPC2 (Ultra Performance

    Convergence Chromatography) e está representado na Figura 3. O termo

    cromatografia de convergência indica a tendência em unificar a cromatografia gasosa

    com a cromatografia liquida. O UPC2 foi lançando no mercado junto com FE de

    partículas sub 2µm, eficiente sistema de resfriamento da cabeça das bombas de CO2

    e um novo design de ABPR. Este equipamento apresenta vazão máxima de 4 mL

    min-1 quando se usa apenas CO2 na fase móvel, pressão máxima de 6000 psi, forno

    para colunas de 150 mm e quatro canais disponíveis para FM. O ABPR de dupla fase

    consiste em uma fase estática que fornece uma contra pressão fixa, e uma dinâmica,

    responsável pela pressão adicional, sendo a pressão total formada pela soma das

    duas. Esse mecanismo confere maior estabilidade da pressão quando trabalhado no

    modo gradiente. Possui detector DAD que inclui uma célula de UV de alta pressão,

    mas também permite o acoplamento dos detectores ELSD e MS (NOVÁKOVÁ et al,

    2014; WATERS).

    Figura 3: Equipamento UPC2 da empresa Waters

    Aplicações da técnica

    Na literatura se encontram diversos trabalhos empregando o uso da técnica

    de UHPSFC demonstrando a aplicabilidade da mesma (PERRENOUD et al, 2012b; LI

  • 41

    et al, 2013; TAGUCHI, FUKUSAKI, BAMBA, 2013; SAMIMI et al, 2014; NOVÁKOVÁ,

    CHOCHOLOUS, SOLICH, 2014; DIPAS et al, 2014; LI et al, 2015; CAMACHO,

    KASPRZYK-HORDERN, THOMAS, 2016). Perrenoud e colaboradores avaliaram 57

    compostos hidrofílicos em três técnicas diferentes, LC-RP, HILIC (Hydrophilic

    Interaction Liquid Chromatography), UHPSFC, e compararam os resultados. O estudo

    demonstrou que as técnicas são complementares e que a UHPSFC apresenta grande

    potencial para análise desse tipo de composto apresentando boa seletividade e

    retenção (PERRENOUD et al, 2012b). Li e colaboradores aplicaram a técnica de

    UHPSFC acoplada a um ELDS com emprego de coluna de tamanho de partícula

    reduzido na separação e quantificação de vários triterpenos presentes em uma

    complexa matriz vegetal de Rosa sericea (LI et al, 2013). Taguchi e colaboradores

    empregando UHPSFC-MS/MS separaram e quantificaram 25 ácidos biliares em ratos

    demonstrando que a técnica é satisfatória para separação de compostos polares e

    apolares (TAGUCHI, FUKUSAKI, BAMBA, 2013).

    Em 2014 Samimi e colaboradores avaliaram através da UHPSFC acoplada

    ao ELSD a separação de 6 compostos presentes no extrato de Ginseng empregando

    os aditivos ácido trifluoracético