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Desenvolvimento socioeconômico: teoria e aplicações
Desenvolvimento em perspectiva
histórica
Aula 1 - Valéria Pero
Parte 1
Desenvolvimento e instituições
Acemoglu, D., Johnson, S. e J. Robinson (2005); Glaeser, E., LaPorta, R.,
Silanes, F., e A. Shleifer. (2004); P. Bardhan (2013).
Introdução
Entre os países colonizados por potências européias nos últimos 500 anos, aqueles que eram relativamente ricos em 1500, agora são relativamente pobres.
Duas variáveis proxies para medir prosperidade em 1500: Taxa de urbanização
Densidade populacional
Introdução
Padrão interessante para questionar teorias que explicam desenvolvimento no longo prazo.
Geográfica: explica maior parte das diferenças de prosperidade econômica por diferenças geográficas, climáticas e ecológicas entre países. Enfatiza time-invariant effects dessas variáveis
geográficas sobre esforço do trabalho e produtividade e, portanto, predizem que países relativamente ricos em 1500 serão os mesmos hoje.
Ainda outras que não encontram evidências...
"the temperate drift hypothesis”: certas características geográficas, como a presença de reservas de carvão ou o fácil acesso ao mar, facilitaram a industrialização (ou combinadas à tecnologia)
Proposta de visão alternativa
Hipótese institucional, relacionando diferenças no desempenho econômico à organização da sociedade.
Sociedades que geram incentivos e oportunidades para investimentos serão mais ricas do que aquelas que não conseguem criar esse ambiente.
Proposta de visão alternativa
Um conjunto de instituições que assegure os direitos de propriedade para um amplo setor da sociedade, à qual nos referimos como as instituições da propriedade privada, são essenciais para o incentivo ao investimento e ao desempenho econômico bem-sucedido
Em contrapartida, extractive institutions, que concentram o poder nas mãos de uma pequena elite, criam alto risco de desapropriação para a maioria da população, desencorajando investimento e o desenvolvimento econômico.
Proposta de visão alternativa
Entretanto, extractive institutions, apesar dos efeitos adversos sobre o desempenho econômico em termos agregados, podem surgir como instituições de equilíbrio, uma vez que os rendimentos obtidos pelos grupos políticos podem crescer.
Como hipótese das instituições explicam a
inversão de riqueza (reversal fortune)?
Regiões relativamente menos povoadasinduziam europeus a se estabelecerem emgrande número e a desenvolver instituiçõesincentivando investimentos.
Regiões mais povoadas e relativamenteprósperas eram mais lucrativas para instituiçõesde exploração dos colonizadores.
A expansão dos impérios ultramarinos europeus, combinada com o tipo de investimento institucional, é consistente com a hipótese de inversão das riquezas relativas desde 1500.
Is the reversal related to institutions?
Reversão da renda relativa de 1500 até hoje
pode ser explicada, pelo menos
estatisticamente, pelas diferenças institucionais
entre países
É esperado que sociedades com boas
instituições tenham vantagens no processo de
industrialização enquanto aquelas com
instituições de exploração não
Dados sustentam essa hipótese...
Is the reversal related to institutions?
Artigo enfatiza a influência da densidade populacional e da prosperidade das políticas implementadas pelos europeus
Além disso, inversão das rendas relativas entre as ex-colônias está relacionada com industrialização: interação entre as instituições e as oportunidades para a industrialização durante o século XIX tiveram papel central no desenvolvimento de longo prazo das antigas colônias
Dados
Construção de indicadores de taxa de
urbanização e de densidade populacional e
relação com renda per capita
Evidências de que estes são bons
indicadores de prosperidade econômica.
Dados
Taxa de urbanização: relação positiva com
renda per capita
Densidade populacional: relação esperada é
menos evidente para o caso de densidade
populacional
Por um lado, nascimentos maiores que mortes
Por outro lado, menos nascimentos quando renda per
capita aumenta
Pib per capita e urbanização em 1995
PIB per capita x urbanização
Robustez
Várias definições das variáveis, diferentes universos de análise não mudam resultado
Como estratégia final para lidar com o erro de medição em urbanização, usamos log da densidade populacional como um instrumento de taxas de urbanização em 1500.
Ambas são proxies válidas para a prosperidade econômica em 1500 e o erro de medição é clássico, corrigindo erro de medida.
Estas variáveis instrumentais estimadas são consideravelmente maiores do que as estimativas OLS . Por exemplo, a estimativa inicial é 0,08 e agora -0,18. O padrão geral de inversão das rendas relativas mantém-se inalterada.
PIB per capita x densidade populacional
Existe uma inversão similar entre os não
colônias?
Regressão do log do PIB per capita em 1995
e urbanização em 1500 para todos países
não colônias (incluindo a Europa) e para a
Europa (incluindo a Europa Oriental): relação
positiva entre urbanização em 1500 e renda
Isto sugere que a reversão reflete um evento
incomum, e é provável que seja relacionado
com o efeito do colonialismo europeu sobre
estas sociedades.
Quando aconteceu essa reversão?
Figura mostra que a reversão é essencialmente
um fenômeno do final do século XVIII e início do
século XIX, e está intimamente relacionado à
industrialização
Quando aconteceu essa reversão?
Quais determinantes da estratégia de
garantia de propriedade ou de extração?
Vantagens econômicas das diferentes
alternativas
Se os europeus poderiam ou não se estabelecer
no local
Quando aconteceu essa reversão?
Little, big
A nova economia do desenvolvimento mudou em duas direções muito
diferentes:
1) Little: Intervenções políticas em nível micro, com ferramentas de
experimentos aleatórios para avaliar as estratégias voltadas para a
redução da pobreza persistente.
2) Big: Macro-Institucional, em que estruturas da democracia, poder
descentralizado e as proteções legais da propriedade e dos
contratos organizam a política e os mercados. Aborda grandes e
velhas questões históricas, como por que alguns países prosperam
mais que outros.
Daron Acemoglu, James Robinson:
sucesso ou fracasso das Nações variam de acordo com a capacidade
"inclusiva" de suas instituições políticas e econômicas.
Entre as instituições políticas inclusivas estão a centralização política (um
estado que funcione bem, com coesão social) e uma distribuição pluralista do
poder político.
Instituições econômicas inclusivas para permitir ampla participação nas
atividades econômicas, garantida com direitos de propriedade bem definidos
e assegurados e de entrada de novos negócios, e proporcionar condições de
concorrência equitativas e sistema imparcial de direito.
Embora a teoria seja muito geral, a história não é determinista:
contingências, pequenas diferenças, e momentos críticos
influenciam quando e onde as instituições inclusivas surgiram.
Big: Economia política macro institucional
A simplicidade é uma grande virtude teórica, porém Acemoglu
e Robinson têm tomado esta virtude em excesso.
Enfatiza as sinergias entre as diferentes dimensões da
inclusão política e econômica. Se descompactar a inclusão,
no entanto, podemos decifrar algumas tensões interessantes
dentro do conjunto.
Por exemplo, a inclusão econômica requer assegurar direitos
de propriedade. Mas a inclusão política, com a sua
distribuição pluralista do poder político e ampla participação,
nem sempre pode garantir os direitos de propriedade de uns
poucos contra invasores.
O Estado de direito, parte da política de inclusão, muitas vezes é
um instrumento usado para proteger os proprietários do sem
propriedade, reforçando assim a exclusão econômica.
Big: Economia política macro institucional
A fim de reconhecer essas nuances importantes,
Acemoglu e Robinson "referem-se às instituições
políticas que são suficientemente centralizadas e
pluralistas como instituições políticas inclusivas"
Isto não é satisfatório. "Suficientemente" preserva a
aparência de simplicidade teórica, deixando a porta
aberta para a circularidade.
Chamamos instituições "politicamente inclusivas" quando
elas incluem o suficiente para produzir o
desenvolvimento.
Big: Economia política macro institucional
Acemoglu e Robinson: crescimento era simplesmente
um produto de centralização política mais algumas
instituições de apoio ao mercado e inclusão econômica.
Experiência asiática: o desenvolvimento econômico
desses países não foi baseado apenas em instituições
com direitos de propriedade assegurados para fazer
cumprir contratos – sem dúvida, muito importante para o
investimento a longo prazo, mas em um estado com um
papel mais afirmativo.
Big: Economia política macro institucional
Os estados ajudaram a promover a coordenação,
particularmente em mercados financeiros em estágios iniciais
de industrialização.
Por exemplo, o Estado iria subscrever riscos de investimento,
facilitar as decisões de investimento em redes
interdependentes orquestradas de produtores e fornecedores
(em aço, construção naval, automóveis), estabelecem os
bancos nacionais de desenvolvimento e outras instituições de
financiamento industrial de longo prazo, e empurram as
empresas para atualizar sua tecnologia e avançar em setores
que se encaixam com uma visão nacional das metas de
desenvolvimento.
Permitir e incentivar a coordenação é fundamentalmente
diferente de proteger os direitos de propriedade.
Big: Economia política macro institucional
Besley e Persson se concentram nas capacidades legais
e fiscais dos estados e de seus efeitos para conter a
violência interna.
Os autores descobriram que essas capacidades estão
relacionadas por determinantes comuns,
complementariedades inerentes
Exemplo: se Estado é bom em manter a paz interna,
pessoas estão mais dispostos a pagar os impostos, mais
impostos podem financiar um sistema jurídico melhor, e
um melhor sistema legal ajuda a manter a paz.
Big: Economia política macro institucional
Modelos teóricos de Besley e Persson:
explorar os incentivos dos líderes para a construção de capacidades do Estado e as formas em que os adversários reagem.
Prosperity Index (PPI) para cada país, a capacidade do Estado fiscal e legal, a paz social (falta de guerra civil ou repressão), e renda per capita em 150 países.
PPI correlaciona-se positivamente com variações de condições, tais como restrições sobre o poder do executivo e a homogeneidade étnica.
Isto sugere que a homogeneidade social e poder executivo limitados por freios e contrapesos democráticos são bons para prosperidade e paz.
Surpreendentemente a Índia surge como um outlier . China também...
Little, big
A questão da desigualdade
Capital in the 21st Century (Tomas Piketty); The top 1 percent in international and historial perspective (Alvaredo, Atkinson, Piketty e Saez); The spirit level (Wilkinson e Pickett); Os limintes do possível (Lara Resende)
Parte 2
Interpretações sobre evolução do
capitalismo e da desigualdade
Malthus: problema da superpopulação
Young: agrônomo que pesquisou a França entre
1787/88 viu que pobreza poderia levar à revolta
política
Malthus argumentou que assistência social aos
pobres deveria acabar para sucumbir a
superpopulação --- predição exagerada pelo medo
da elite europeia nos 1790
Interpretações sobre evolução do
capitalismo e da desigualdade
Marx: princípio da acumulação infinita – tendência
inexorável do capital a acumular e a se tornar
concentrado em poucas mãos, sem um limite natural
a esse processo
Isso levaria ao fim do capitalismo: taxa de retorno do
capital diminuiria (acabando com engrenagem da
acumulação levando a conflitos entre capitalistas) ou
a participação do capital na renda aumentaria
indefinidamente (que levaria a revolta dos
trabalhadores)
Interpretações sobre evolução do
capitalismo e da desigualdade
Análise relevante:
Trata da questão da concentração de riqueza na
revolução industrial, que foi sem precedentes na história.
Insight para estudo do século XXI – quando as taxas de
crescimento da população e da produtividade forem
relativamente baixas, a acumulação de riqueza assume
considerável importância, sobretudo se atingir altas
proporções, tornando-se socialmente desestabilizadoras.
Assim, acumulação acaba, mas o nível é suficientemente
alto para desestabilizar. (Alto nível de riqueza atingido
nos anos 80/90 nos países ricos da Europa refletem essa
lógica marxiana.)
Interpretações sobre evolução do
capitalismo e da desigualdade
Do Marx ao Kuznets, do apocalipse ao conto de
fadas
Publicação em 1953 – primeiro trabalho com base de
dados históricos (35 anos) sobre desigualdade
Curva de Kuznets (Bell curve) – diminuição da
desigualdade ao final é no período das guerra (fases do
desenvolvimento econômico - decorrência do processo
de mobilidade intersetorial?)
Principais resultados
1. A história da distribuição de riqueza tem sido
sempre profundamente política e não pode ser
reduzida somente a mecanismos econômicos
2. A dinâmica da distribuição de riqueza revela
mecanismos poderosos levando à convergência e
à divergência. Não há um processo natural e
espontâneo para prevenir forças
desestabilizadoras e que geram desigualdades
Retorno a uma sociedade baseada na
riqueza?
Riqueza = capital K = tudo que possuímos e que pode ser vendido no mercado (líquido de todas as dívidas e exclui K humano)
Europa & Japão - grande retomada de β=K/Y nasdécadas recentes: β=200-300% em 1950-60s → β=500-600% em 2000-10s
i.e. riqueza média K em torno de 2-3 anos da média da renda Y em 1950-1960; em torno de 5-6 anos em 2000-2010
Com β≈600%, se Y≈30 000€ per capita, então K≈180 000€ per capita (atualmente, K ≈ metade imóveis, metade ativosfinanceiros)
Será que estamos voltando para o β = 600-700% observado nas sociedades baseadas em riqueza dos anos 1800-1900?
O capital na história
100%
200%
300%
400%
500%
600%
700%
800%
1870 1890 1910 1930 1950 1970 1990 2010
Va
lue
of n
atio
na
l ca
pita
l (%
na
tio
na
l in
co
me
)
National capital (sum of public and private capital) is worth between 2 and 3 years of national income in Europe in 1950. Sources and series: see piketty.pse.ens.fr/capital21c
National capital in Europe, 1870-2010
Germany
France
United Kingdom
Capital nos países ricos
Metamorfose do capital
0%
100%
200%
300%
400%
500%
600%
700%
800%
1700 1750 1810 1850 1880 1910 1920 1950 1970 1990 2010
Va
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na
l ca
pita
l (%
na
tio
na
l in
co
me
)
National capital is worth about 7 years of national income in Britain in 1700 (including 4 in agricultural land).
Sources and series: see piketty.pse.ens.fr/capital21c.
Capital in Britain, 1700-2010
Net foreign capital
Other domestic capital
Housing
Agricultural land
Metamorfose do capital
0%
100%
200%
300%
400%
500%
600%
700%
800%
1700 1750 1780 1810 1850 1880 1910 1920 1950 1970 1990 2000 2010
Va
lue
of n
atio
na
l ca
pita
l (%
na
tio
na
l in
co
me
)
National capital is worth almost 7 years of national income in France in 1910 (including 1 invested abroad). Sources and series: see piketty.pse.ens.fr/capital21c.
Capital in France, 1700-2010
Net foreign capital
Other domestic capital
Housing
Agricultural land
Retorno a uma sociedade baseada na
riqueza?
Pensar no longo prazo: β=s/g , sendo s = taxa de poupança, líquida de depreciação e g = taxa de crescimento econômico (população + produtividade)
Com s=10%, g=3%, β≈300%;
mas se s=10%, g=1,5%, β≈600%
Em sociedades com baixa taxa de crescimentoeconômico, o estoque total de riqueza acumulada no passado torna-se naturalmente muito importante
Aumento da importância do capital está de volta porqueo crescimento a baixas taxas está de volta (taxa de crescimento populacional ↓0)
Questão que pode se tornar relavante para o mundointeiro
Retorno a uma sociedade baseada na
riqueza?
O crescimento da razão capital/renda β leva também ao
aumento da participação do capital na renda nacional α?
Se o estoque de capital β=6 anos da renda e a taxa
média de retorno do capital é r=5% ao ano, então a
participação do capital na renda nacional é α=r x β=30%
Para que o aumento do β leve também ao aumento da
participação do capital α = r β, depende da elasticidade
substituição σ entre capital K e trabalho L na função de
produção Y=F(K,L)
σ mede a magnitude em que os trabalhadores podem ser
substituídos por máquinas
Retorno a uma sociedade baseada na
riqueza?
Hipótese convencional: função de produção Cobb-
Douglas (σ=1) → conforme aumenta o estoque β↑, o
retorno r↓ exatamente na mesma proporção.
Assim, α = r x β não varia → um mundo estável, onde a
divisão entre capital e trabalho é inteiramente definido
pela tecnologia
Se σ>1, então ↓ retorno ao capital r menor que ↑ volume
de capital β, de tal forma que o produto α = r x β ↑
Anos1970s-80s: tanto a razão β quanto a
participação do capital α registraram crescimento
Desigualdade de riqueza
Desigualdade de riqueza
Retorno a uma sociedade baseada na
riqueza?
Com maior crescimento de β, pode-se obter grande aumento
em α com uma função de produção F (K, L) com maior grau
de substituição dos fatores (por exemplo, se σ = 1,5, em vez
de 1)
Talvez seja natural esperar σ ↑ sobre o curso da história: usos cada
vez mais diversificados para o capital (máquinas podem substituir os
caixas, robôs que podem substituir trabalho dos homens etc), de
modo que a participação do capital α ↑ continuamente; não há
nenhum mecanismo de correção natural para este fenômeno
Crescimento de β e α pode ser uma coisa boa (poderíamos
dedicar mais tempo à cultura, educação, saúde ... em vez de
trabalhar para a nossa própria subsistência)
Porém, quem são os proprietários do capital, das máquinas,
robôs...?
Principais resultados
Em todos os países europeus (Reino Unido, França...), a concentração de riqueza foi extremamente elevada nos séculos XVIII e XIX até 1 ª Guerra Mundial:
10% mais ricos detinham 90% da riqueza agregada
1% mais ricos detinham 60% da riqueza agregada
Sociedade patrimonial clássica (à base de riqueza): uma minoria vive de sua riqueza, enquanto o resto do população trabalha (Austen, Balzac)
Hoje concentração de riqueza ainda é muito alto, porém menor:
10% mais ricos com 60-70% da riqueza e para 1% cerca de 20-30%
50% da parte inferior possui quase nada (<5%)
40% da parte média agora possui 20-30% da riqueza agregada
Surgimento de uma classe média patrimonial
Principais resultados
Principal conclusão: não houve queda na concentração de
renda antes das Guerras Mundiais; foi apenas devido a
choques?
Além de choques, que forças determinam o nível de
concentração de riqueza no longo prazo?
Em estado estacionário, concentração de riqueza é uma
função crescente de r – g
Com desaceleração do crescimento e aumento da
concorrência fiscal para atrair capital, r - g pode aumentar no
século XXI e voltar aos níveis do século XIX
Valores futuros de r também dependem da tecnologia (σ> 1?)
Com base em pressupostos plausíveis, a concentração de
riqueza pode atingir ou superar níveis recordes do século XIX
Desigualdade de renda
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
Share
of to
p d
ecile
in tota
l (incom
es o
r w
ages)
Inequality of total income (labor and capital) has dropped in France during the 20th century, while wage inequality has remained the same. Sources and series: see piketty.pse.ens.fr/capital21c.
Income inequality in France, 1910-2010
Share of top incomedecile in total income
Share of top wage decilein total wage bill
Desigualdade de renda
25%
30%
35%
40%
45%
50%
1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
Sh
are
of to
p d
ecile
in n
atio
na
l in
com
e
Income inequality in the United States, 1910-2010
The top decile share in U.S. national income dropped from 45-50% in the 1910s-1920s to less than 35% in the 1950s (this is the fall
documented by Kuznets); it then rose from less than 35% in the 1970s to 45-50% in the 2000s-2010s. Sources and series: see
piketty.pse.ens.fr/capital21c.
Desigualdade de renda: Europa e EUA
Imposto sobre renda dos mais ricos
Imposto sobre grandes fortunas herdadas
Conclusões
História da desigualdade de renda e riqueza é política, caótica e imprevisível; envolve identidades nacionais e não se pode prever as reversões do futuro
Marx: com g = 0, β ↑ ∞, r → 0: revolução, guerra
Conclusões menos apocalípticas: com g> 0, pelo menos, temos um estado de equilíbrio β = s / g
Mas com g> 0 e pequeno, este estado de equilíbrio pode envolver alta razão de capital de β e da participação do capital α, bem como a concentração da riqueza extrema, devido à alta r - g
Isso não tem nada a ver com imperfeição de mercado: quanto mais perfeito o mercado de capitais, maior r-g
Solução ideal: imposto progressivo sobre a fortuna em escala global, com base no intercâmbio automático de informações bancárias
Outras soluções envolvem controles autoritários políticos e de capital (China, Rússia ..), ou manter crescimento populacional (norte-americanos), ou inflação, ou alguma mistura de tudo!
Questões
Análise convencional de produtividade marginal:
aumento da desigualdade com base no aumentos da
diferença entre o produto marginal do capital, o que
determina a taxa de lucro (r), e da taxa de crescimento
(g).
Uma vez que a propriedade do capital é muito
concentrada, uma taxa de lucro mais elevada ou taxa de
crescimento mais lenta aumenta a desigualdade, pois a
renda dos ricos cresce mais rápido do que a da
economia como um todo.
Novidade além de retomar a análise do capital?
Questões
A acumulação de riqueza no capitalismo não se dá com base em
critérios meritocráticos, principal justificativa para diferenças de
renda e riqueza.
Ao contrário, uma boa parte da riqueza acumulada é gerada na
herança. Isso é muito importante, pois pouca gente tinha formulado.
Boa parte de quem acumulou renda o fez porque herdou. Isso
permite que eles poupem mais e, desse modo, acumulem mais
riqueza financeira ou material.
Porém, isso não dá dinamismo ao capitalismo, gera um efeito
contrário, promove um certo “apodrecimento”, parasitismo — para
usar a expressão de Piketty.
Estamos caminhando para um capitalismo parasitário?
Questões
Desigualdade intra países está aumentando, porém
entre países está diminuindo no período recente
Estamos de volta à alta desigualdade de riqueza, porém
muda a percepção da sociedade sobre a desigualdade?
Solução de impostos progressivos sobre fortuna (renda e
herança), mesmo se tecnicamente possível, é
politicamente ingênua, dado que o capital cada vez mais
controla o processo político.
Como as instituições podem melhorar esse quadro?
Altas taxas de crescimento?
Até o início do século XVIII, praticamente não houve
crescimento.
Após: crescimento modesto tanto demográfico quanto da
renda. População mundial: cresce a taxas em torno de
0,4% ao ano e a renda um pouco mais, aumentando a
renda per capita.
Século XIX, a partir da Revolução Industrial: forte
crescimento. O crescimento demográfico sobe para 0,6%
ao ano e a economia para 1,5% ao ano, com a renda per
capita crescendo quase 1% ao ano.
Altas taxas de crescimento?
Sim, no século XX!
Taxas de crescimento demográfico de 1,4% ao ano e da
renda mundial de 3%. A renda per capita cresce a 1,6% ao
ano entre 1913 e 2012.
Apogeu nas três décadas que se seguiram ao fim da Segunda
Guerra Mundial.
A Europa e os EUA crescem a 3 e 4% ao ano. O crescimento
transformou o mundo.
A população mundial passou de menos de 500 milhões, para
mais de 7 bilhões de pessoas, num espaço de três séculos.
Altas taxas de crescimento?
Início de século XXI: taxas de crescimento econômico
inferiores a 2% ao ano são consideradas inaceitavelmente
baixas.
Parece questão de perspectiva: 1% por um ano pode parecer
pouco, mas se mantido por um longo tempo, é muito.
Efeito do processo de crescimento exponencial, das taxas
cumulativas compostas, durante um longo período de tempo.
O crescimento 1% ao ano, se mantido por 30 anos, o espaço
de uma geração, mais do que dobra a renda dos filhos em
relação a de seus pais.
Baixas taxas de crescimento populacional
Taxa de crescimento demográfico mundial de 0,8% ao
ano, dos últimos três séculos, é suficiente para mais do
que dobrar o número de pessoas no planeta a cada 100
anos.
O crescimento demográfico mundial dos últimos três
séculos já deu início a uma reversão.
A população mundial cresce hoje a taxas muito inferiores
Previsões de que a taxa deve voltar a se estabilizar, ou
até mesmo decrescer, a partir de algum momento da
segunda metade do século XXI.
Sem crescimento demográfico, renda vai
parar de crescer?
Parte do crescimento da renda é decorrente do crescimento
demográfico e seria esperado que, com a população estabilizada, o
aumento da renda ficasse limitado à renda per capita.
Esperado que a renda passe a patamares mais próximos de 2% do
que dos 4% ao ano observados no auge do século XX.
O crescimento da renda per capita dos países avançados já foi bem
menor nas duas últimas décadas. Os fatos apontam nesse caminho:
a Europa cresceu 1,6%, os Estados Unidos 1,4% e o Japão apenas
0,7%, ao ano, desde 1990 até hoje.
Na medida em que a população se estabiliza e é atingida a fronteira
tecnológica, o crescimento da renda e da produção vai precisar de
avanços da tecnologia.
Sem crescimento demográfico, renda vai
parar de crescer?
Modelo de Solow-Swan: até que se tenha atingido a fronteira
tecnológica, o crescimento depende da taxa de poupança e de
investimento. Mais poupa e investe, mais se cresce.
Porém, chegando a relação capital/produto de equilíbrio de longo
prazo, o crescimento passa a depender apenas do progresso
tecnológico.
Modelo original: crescimento atribuído ao progresso tecnológico é
estimado por resíduo, pela parcela do crescimento que não advém
nem do capital, nem do trabalho.
Estudos posteriores: fatores explicativos do progresso tecnológico,
como a educação - que aumenta o capital humano - e a pesquisa,
que permite a descoberta de novas tecnologias.
Como medir diante das mudanças no
desenvolvimento?
Medição do Produto Interno Bruto é recente: os conceitos e as
estatísticas das Contas Nacionais foram criados no final do anos 30
O conceito de PIB é uma abstração, que procura somar o valor de
tudo o que é produzido e todo serviço prestado comercialmente no
país.
Índice da atividade econômica num determinado período, concebido
para medir a produção de bens agrícolas e industriais
Porém, agricultura e a indústria perderam espaço para os serviços.
O dinamismo maior da economia nos serviços, não está mais na
produção, mas sim na concepção.
Como medir diante das mudanças no
desenvolvimento?
Produzir bens é cada dia mais fácil e mais barato.
Contrapartida: aumentam os preços e a importância dos
serviços, especialmente daqueles onde a tecnologia
ainda não pode substituir o homem
Nesse caso ficam mais evidentes as deficiências
metodológicas do conceito de PIB
Mais difícil calcular valor dos serviços prestados...
Um reflexo de que caminhamos para
um problema de escassez relativa
A correlação entre PIB e bem-estar podia fazer sentido
no processo de industrialização.
Esta correlação deixa de ser válida a partir de um nível
de renda e outros fatores passam então a ser tão ou
mais relevantes do que o crescimento da renda.
A correlação perde força à medida que a renda cresce e
a escassez absoluta se reduz.
Aumenta importância da escassez relativa, da
desigualdade!
A questão da desigualdade
O debate sobre a desigualdade de renda e seus efeitos
sobre a oportunidade, a mobilidade social e renda
ganhou considerável impulso, em parte por causa da
grande recessão e em parte por causa da disponibilidade
de dados de longo prazo, os dados de renda para o 1%
mais ricos com registros administrativos/fiscais nas
nações mais ricas.
Obra do Piketty
Artigo de Alvaredo & Atinkinson & Piketty & Saez:
4 principais fatores para aumento do 1% mais ricos
1. Crescimento da desigualdade herdada
Quando a taxa de retorno do capital for
consistentemente maior que a taxa de crescimento
econômico, é inevitável que a herança (fortuna
acumulada no passado) predomine sobre a
poupança (riqueza acumulada no presente)
Lógica: r > g vai gerar um aumento da importância
da desigualdade gerada no passado, desigualdade
herdada
1. Crescimento da desigualdade herdada
Fator determinante para capacidade de transmitir
riqueza:
diferença entre a "taxa interna de acumulação" (taxa de
poupança * taxa de retorno líquido de impostos) e a taxa
de crescimento da economia.
Tributação das transferências de renda e de riqueza
pode influenciar na participação dos muito ricos,
contribuindo para a trajetória de queda da
participação do top income.
Paralelamente ocorreria o crescimento da "riqueza
popular" dos 99 por cento.
1. Crescimento da desigualdade herdada
No entanto, recentemente, a relação entre a taxa
interna de acumulação dos mais ricos e a taxa de
crescimento do capital foi revertida como resultado
dos cortes na tributação do capital e da queda da
taxa de crescimento econômico
Como resultado, uma série de países estão
testemunhando um retorno da herança como um
fator importante
Crescimento da desigualdade herdada?
2. Condução da política fiscal
Mudança na política fiscal: imposto sobre renda dos
mais ricos tem se movido na direção oposta a de
medidas sobre rendimentos antes dos impostos.
EUA reduziu 47 pontos percentuais imposto sobre o
rendimento alto e teve um aumento de 10 pontos
percentuais do 1% mais rico na distribuição de renda.
Alemanha, Espanha, Suíça, que não tiveram corte na
tributação, não mostraram aumento na participação dos
1% mais ricos na riqueza
Evolução dos impostos sobre alta renda está
correlacionada negativamente com as mudanças na
concentração de renda antes dos impostos.
3. Mudança no poder de barganha e na
determinação da remuneração
Visão mais completa do mercado de trabalho, em
que modelo de oferta de trabalho padrão é
contrastado com a possibilidade alternativa de que
pode ter havido mudanças no poder de barganha e
uma maior individualização na determinação da
remuneração.
Diminuição dos impostos sobre renda dos mais ricos
ter levado ao desvio das energias gerenciais para
aumentar a sua remuneração às custas do
crescimento das empresas e do emprego.
4. Relação entre rendimentos do
trabalho e do capital
Por fim, um fator ainda pouco estudado é a
correlação entre os rendimentos do trabalho e os
rendimentos do capital, que tornaram-se mais
intimamente associado nos Estados Unidos.
Crescimento da desigualdade herdada?
Distribuição conjunta capital e trabalho
Três conclusões:
distribuição conjunta é assimétrica. Em 2000, dos que
estão no topo de 1 por cento dos rendimentos do capital,
61 por cento estavam no top 20 por cento dos
rendimentos do trabalho. No entanto, dos que estão no
topo de 1 por cento dos rendimentos do trabalho, uma
maior proporção de 80 por cento estavam no top 20 por
cento dos rendimentos do capital.
grau de associação parece forte.
os números para 1980 são menores do que em 2000:
aumentou o grau de associação ao longo do tempo
Distribuição conjunta capital e trabalho
Por que mudou?
Hoje, um diretor executivo pode ser tanto mais bem
pagos e mais capaz de acumular riqueza.
Na outra direção, há o efeito da grande riqueza da
família no salário. No passado, a ligação pode ter
sido negativa, ao passo que hoje pode ser
socialmente inaceitável viver puramente de renda.
Conexões entre riqueza / familiares podem fornecer
acesso a emprego de alta renda.
Razões para o aumento do interesse na
questão distributiva
1. Muitos países atingiram níveis de desigualdade só
visto na pré-Segunda Guerra Mundial período,
aumentando as preocupações sobre crescimento
econômico inclusivo e equitativo, bem como sobre
a eficácia e o futuro das políticas sociais.
2. Concentração crescente da renda e da riqueza nas
mãos de poucos coloca sérios desafios para os
fundamentos que garantem o bom funcionamento
das democracias, na medida em que poder
econômico gera poder e influencia política
Razões para aumento do interesse na
questão distributiva
3. Apesar da magnitude da recente crise, problemas
distributivos estão longe de estar no centro do
debate político. Na verdade, as respostas com
políticas de austeridade para limitar intervenção do
governo e a redistribuição, pode exacerbar em vez
de reduzir a concentração de renda
Críticas
Acemoglu & Robinson (institucionalistas)
Busca de leis gerais do capitalismo é equivocada
Ignora as principais forças para bom funcionamento da
economia:
a evolução endógena da tecnologia e das instituições
e o equilíbrio político que influencia tecnologia, mas também a forma
como os mercados funcionam e como o ganhos de diferentes arranjos
econômicos são distribuídos. Apesar de sua erudição, ambição e
criatividade, Marx foi desviado por causa de sua desconsideração
dessas forças.
Marx pecou por ignorar essas forças... E Piketty também.