Desenvolvimento Humano

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DESENVOLVIMENTO HUMANO

PAGE 2PSICOLOGIA APLICADA SADE

Prof. Ileana Cristina Pavelski da Costa, MsC.

O DESENVOLVIMENTO HUMANO

necessrio que o profissional da sade domine alguns conhecimentos sobre o desenvolvimento humano, pois esse profissional tem um importante papel na promoo e manuteno desse processo, atuando de forma significativa junto famlia que a unidade bsica de assistncia sade para (...) [o paciente], seja no seu cotidiano (na escola, em atendimentos ambulatoriais de rotina etc.) ou no contexto hospitalar (ALMEIDA, 2008, p. 31), quando o indivduo adoece.

CONCEITOS BSICOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO HUMANO

O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento orgnico e entendido como um processo de evoluo das capacidades do ser humano em realizar funes cada vez mais complexas (ALMEIDA, 2008, p. 31).

O desenvolvimento mental uma construo contnua, que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. Estas so formas de organizao da atividade mental que se vo aperfeioando e solidificando at o momento em que todas elas, estando plenamente desenvolvidas, caracterizaro um estado de equilbrio superior quanto aos aspectos da inteligncia, vida afetiva e relaes sociais.

Algumas dessas estruturas mentais permanecem ao longo de toda vida. Por exemplo, a motivao est presente como desencadeadora da ao, seja por necessidades fisiolgicas, seja por necessidades afetivas ou intelectuais. Essas estruturas mentais que permanecem garantem a continuidade do desenvolvimento. Outras estruturas so substitudas a cada nova fase da vida do indivduo. Por exemplo, a moral da obedincia da criana pequena substituda pela autonomia moral do adolescente ou, outro exemplo, a noo de que o objeto existe s quando a criana o v (antes dos 2 anos) substituda, posteriormente, pela capacidade de atribuir ao objeto sua conservao, mesmo quando ele no est presente no seu campo visual.

A IMPORTNCIA DO ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANOA criana no um adulto em miniatura. Ao contrrio, apresenta caractersticas prprias de sua idade. Compreender isso compreender a importncia do estudo do desenvolvimento humano. Estudos e pesquisas de Piaget demonstraram que existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, prprias de cada faixa etria, isto , existe uma assimilao progressiva do meio ambiente, que implica uma acomodao das estruturas mentais a este novo dado do mundo exterior.Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer as caractersticas comuns de uma faixa etria, permitindo-nos reconhecer as individualidades, o que nos torna mais aptos para a observao e interpretao dos comportamentos.Todos esses aspectos levantados tm importncia para (...) [as mais diversas reas do conhecimento]. Planejar o que e como (...) [atender/orientar] implica saber quem o (...) [paciente]. Por exemplo, a linguagem que usamos com a criana de 4 anos no a mesma que usamos com um jovem de 14 anos.E, finalmente, estudar o desenvolvimento humano significa descobrir que ele determinado pela interao de vrios fatores.OS FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO HUMANOVrios fatores indissociados e em permanente interao afetam todos os aspectos do desenvolvimento. So eles:

Hereditariedade - a carga gentica estabelece o potencial do indivduo, que pode ou no desenvolver-se. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genticos da inteligncia. No entanto, a inteligncia pode desenvolver-se aqum ou alm do seu potencial, dependendo das condies do meio que encontra. Crescimento orgnico - refere-se ao aspecto fsico. O aumento de altura e a estabilizao do esqueleto permitem ao indivduo comportamentos e um domnio do mundo que antes no existiam. Pense nas possibilidades de descobertas de uma criana, quando comea a engatinhar e depois a andar, em relao a quando esta criana estava no bero com alguns dias de vida. Maturao neurofisiolgica - o que torna possvel determinado padro de comportamento. A alfabetizao das crianas, por exemplo, depende dessa maturao. Para segurar o lpis e manej-lo como ns, necessrio um desenvolvimento neurolgico que a criana de 2, 3 anos no tem. Observe como ela segura o lpis. Meio - o conjunto de influncias e estimulaes ambientais altera os padres de comportamento do indivduo. Por exemplo, se a estimulao verbal for muito intensa, uma criana de 3 anos pode ter um repertrio verbal muito maior do que a mdia das crianas de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode no subir e descer com facilidade uma escada, porque esta situao pode no ter feito parte de sua experincia de vida.ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANOO desenvolvimento humano deve ser entendido como uma globalidade, mas, para efeito de estudo, tem sido abordado a partir de quatro aspectos bsicos:

Aspecto fsico-motor - refere-se ao crescimento orgnico, maturao neurofisiolgica, capacidade de manipulao de objetos e de exerccio do prprio corpo. Exemplo: a criana leva a chupeta boca ou consegue tomar a mamadeira sozinha, por volta dos 7 meses, porque j coordena os movimentos das mos. Aspecto intelectual - a capacidade de pensamento, raciocnio. Por exemplo, a criana de 2 anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que est embaixo de um mvel ou o jovem que planeja seus gastos a partir de sua mesada ou salrio.

Aspecto afetivo-emocional - o modo particular de o indivduo integrar as suas experincias. o sentir. A sexualidade faz parte desse aspecto. Exemplos: a vergonha que sentimos em algumas situaes, o medo em outras, a alegria de rever um amigo querido. Aspecto social - a maneira como o indivduo reage diante das situaes que envolvem outras pessoas. Por exemplo, em um grupo de crianas, no parque, possvel observar algumas que espontaneamente buscam outras para brincar, e algumas que permanecem sozinhas.Se analisarmos melhor cada um desses exemplos, vamos descobrir que todos os outros aspectos esto presentes em cada um dos casos. E sempre assim. No possvel encontrar um exemplo "puro", porque todos estes aspectos relacionam-se permanentemente. Por exemplo, uma criana tem dificuldades de aprendizagem, repete o ano, vai-se tornando cada vez mais "tmida" ou "agressiva", com poucos amigos e, um dia, descobre-se que as dificuldades tinham origem em uma deficincia auditiva. Quando isso corrigido, todo o quadro reverte-se. A histria pode, tambm, no ter um final feliz, se os danos forem graves.Todas as teorias do desenvolvimento humano partem do pressuposto de que esses quatro aspectos so indissociados, mas elas podem enfatizar aspectos diferentes, isto , estudar o desenvolvimento global a partir da nfase em um dos aspectos. A Psicanlise, por exemplo, estuda o desenvolvimento a partir do aspecto afetivo-emocional, isto , do desenvolvimento da sexualidade. Jean Piaget enfatiza o desenvolvimento intelectual. preciso ressaltar que, para entender o comportamento de um indivduo particular, em qualquer etapa do seu desenvolvimento, necessrio conhecer no apenas as mudanas cognitivas, sociais, emocionais e biolgicas que ocorrem, mas tambm qual o impacto que cada uma delas pode ter sobre todas as outras. O desenvolvimento um processo unitrio e individual (CRIA-SABINI, 2004, p. 18).

PERODOS DO DESENVOLVIMENTO:

A maioria dos estudiosos sobre o desenvolvimento concorda que o desenvolvimento se processa por etapas em que mudanas ocorrem em vrias dimenses. Essa concordncia possibilita que sejam criadas condies ideais para o aparecimento de certas condutas. So pontos formais ou informais na vida social. Por exemplo, lojas e restaurantes se utilizam desses pontos de referncia para atingir determinado pblico que lhes interessa, ou seja, uma faixa etria especfica (CRIA-SABINI, 2004, p. 18) .

Assim, a existncia humana dividida em fases ou perodos que possibilitam a estipulao de um sistema de comportamento para cada uma dela. Na nossa sociedade os perodos do desenvolvimento so: Pr-natal: da concepo at o nascimento. Infncia: do nascimento aos 12 anos. Adolescncia: dos 13 aos 18 anos. Adulto jovem: perodo dos 18 aos 40 anos. Adulto intermedirio/meia-idade: dos 40 aos 65 anos. Adulto idoso/terceira idade/senescncia: a partir dos 65 anos.REPERCUSSES EMOCIONAIS DA DOENA:

NA INFNCIAa) Ansiedade relacionada separao.

O lactente, o infante e o pr-escolar so muito sensveis separao dos seus pais. Quando isso acontece, eles costumam apresentar reaes que so agrupadas em trs fases:

protesto: a criana chora, grita, procura pelos pais e agarra-se a eles, evitando o contato com outras pessoas.

desespero: torna-se retrada, deprimida e menos ativa, desinteressa-se por brincar, alimentar-se ou interagir com outras pessoas.desligamento ou negao: aparentemente ajustada perda, interessando-se mais pelo ambiente, pelo brincar, os relacionamentos estabelecidos so superficiais, perdendo a preferncia pelos pais e no se importando com sua presena, numa tentativa de desligar-se deles para no sofrer com a sua ausncia. o estgio mais grave e de difcil reverso.

b) Perda do controle.A quebra na rotina diria da criana e o fato de ser cuidada por diferentes pessoas provocam uma diminuio do senso de controle sobre o ambiente, dificultando o desenvolvimento da confiana.O infante tende a reagir a tudo que o impea de exercer o seu egocentrismo, por meio de manifestaes de negativismo (acessos de raiva, birra, resistncia e no-cooperao com as atividades propostas).

Alteraes nas rotinas e nos rituais comprometem o senso de expectativa e previsibilidade, e a principal manifestao a regresso, que se intensifica para todas as reas do desenvolvimento, caso a perda da autonomia se prolongue.

A doena e a hospitalizao so vistas como punio, fazendo-a sentir vergonha, culpa e medo. Torna-se mais dependente dos adultos, inclusive para as atividades de autocuidado, tendo que permanecer em repouso ou mover-se em cadeira de rodas ou maca. As possibilidades de escolha sobre o que ser feito com ele so limitadas, ameaando diretamente sua segurana. As manifestaes principais so o tdio, a depresso, a hostilidade e a frustrao.c) Medo da dor e da leso corporal. Beb: responde de forma generalizada dor, com rigidez muscular, agitao e retrao reflexa da rea estimulada, chorando alto e exibindo expresso facial de dor.

Criana pequena: apresenta intensa reao emocional e resistncia fsica a qualquer experincia dolorosa real ou imaginria; torna-se capaz de verbalizar o que sente e localizar a dor, apontando para uma rea especfica, mas ainda no consegue descrever o tipo e a intensidade da dor. Idade escolar: demonstra grande interesse por sua sade ou doena, tolera bem a realizao de procedimentos invasivos, teme menos a dor e resiste melhor a ela empregando mtodos para enfrentar o desconforto, como enrijecer o corpo e cerrar os punhos ou os dentes. Intervenes do profissional de sade importante que o profissional de sade, compreenda o impacto que a doena e a hospitalizao exercem sobre a vida da criana e as repercusses que acarretam em cada estgio do desenvolvimento infantil.

Ao considerar esses aspectos no atendimento criana e sua famlia, o profissional pode direcionar suas intervenes para minimizar o estresse vivenciado por ambos e otimizar, ao mximo, as oportunidades de promoo do desenvolvimento da criana doente.

Dentre as questes que permeiam a atuao profissional junto criana hospitalizada, preciso considerar, alm das necessidades relacionadas prpria doena, aquelas que ela manifesta habitualmente em casa e as que continuam precisando ser atendidas no hospital. Brincar uma dessas necessidades que, se no suprida adequadamente, pode levar a manifestaes comportamentais, como:

alteraes no apetite e no sono;

irritabilidade;

falta de adequao social;

piora do rendimento escolar, entre outros.

Alm do mais, o brinquedo um importante instrumento de comunicao com a criana, pois possibilita que ela transmita o que sente e pensa, e contribui para o trabalho do profissional que pode oferecer-lhe informaes sobre o que acontecer com ela.

O brinquedo tambm contribui para o estabelecimento de um relacionamento de confiana com a criana, pois ela tende a procurar a pessoa com quem brinca quando necessita de ajuda. Algumas estratgias relacionadas ao brincar so propostas a seguir, com a inteno de propiciar recreao, estimular o desenvolvimento e transmitir informaes durante a hospitalizao.

Planejar atividades ldicas e de recreao, considerando as limitaes impostas pela doena e enfatizando as habilidades que se destacam, de forma a contribuir para elevar a auto-estima da criana. Avaliar a real necessidade de repouso, pois a restrio dos seus movimentos gera ansiedade e estresse.

Planejar os cuidados a serem prestados, de forma a evitar interrupes no horrio de recreao.

Planejar atividades de estimulao, considerando as habilidades ainda no dominadas pela criana no estgio de desenvolvimento em que se encontra. Orientar os pais e incentiv-los a realizar as atividades propostas para estimular as diferentes reas do desenvolvimento.

Incentivar a participao da criana nos procedimentos, transformando, sempre que possvel, as atividades em brincadeira.

Estimular a criana a trazer seu brinquedo preferido para o hospital.

Preparar a criana antes da realizao de procedimentos hospitalares, de acordo com o estgio de desenvolvimento: o uso do brinquedo teraputico tem se mostrado bastante efetivo, especialmente para pr-escolares, mas tambm para crianas maiores e escolares.

Outro aspecto que parece fundamental propiciar condies para que o relacionamento entre a criana e seus pais seja fortalecido. Uma estratgia considerada importante para alcanar esse intento mant-los juntos durante toda a hospitalizao. Os pais precisam de apoio para que consigam se sentir fortalecidos e transmitir confiana ao filho. E o profissional pode intervir de maneira substancial, tendo em vista que suas atribuies lhe do inmeras oportunidades de estar mais prximo da criana e seus pais.

Para atuar de maneira efetiva junto criana e sua famlia, a atitude do profissional fundamental. Ele precisa transmitir confiana para que consiga estabelecer um relacionamento de confiana com ambos. Um clima amistoso e de respeito deve existir sempre, desde o momento da admisso no hospital.

NA ADOLESCNCIA

Adolescncia, do latim adolescere (crescer), uma fase da vida que pode ser definida em sua dimenso psicobiolgica e em sua dimenso histrica, poltica, econmica, social e cultural.

Nesse perodo de desenvolvimento, ocorrem mudanas fisiolgicas, psicolgicas e sociais que separam a criana do adulto, prolongando-se dos aos 20 anos incompletos, segundo a Organizao Mundial da Sade (OMS), ou dos 12 aos 18 anos, de acordo com o Estatuto da Criana e do Adolescente do Brasil.

Segundo a MS, essa fase tem como caractersticas as mudanas fsicas aceleradas e o aparecimento das caractersticas da puberdade, especialmente as psicossociais e as cognitivas. Essas alteraes surgem influenciadas por fatores hereditrios, ambientais, nutricionais e psicolgicos, j que o desenvolvimento fsico, cognitivo e psicossocial do adolescente ocorre de forma entrelaada, em que cada um deles afeta os outros.

De modo geral, os adolescentes so relativamente saudveis. Problemas de sade normalmente ocorrem por causa dos seguintes fatores: estilo de vida perigoso ou sedentrio, pobreza, violncia, acidentes automobilsticos, depresso, transtornos alimentares, consumo de drogas, alcoolismo e doenas sexualmente transmissveis. Nessa fase, as glndulas sebceas aumentam sua produtividade, o que resulta em erupes cutneas e acne. Obesidade ou anorexia e gravidez no planejada tambm so situaes indesejveis na adolescncia. Entretanto, a hospitalizao no uma situao freqente nesse perodo de vida.

medida que a adolescncia tem sido considerada um perodo psicologicamente complexo, alguns fatores tpicos deste perodo parecem ser acentuados e at agravados quando associados a uma doena.

Em qualquer idade comum aparecerem incertezas e medos em relao doena e ao seu prognstico, mas especialmente para o adolescente a angstia maior. A independncia e a autonomia so seus grandes desafios e, no momento da doena, ele se v ameaado a perder a independncia j conquistada. Aumenta a dependncia dos pais e o sentimento de controle vital que havia iniciado, o que provoca muitas vezes raiva, desconfiana e no-cooperao. Freqentemente durante o adoecer, ocorrero outras preocupaes alm da doena propriamente dita, como preocupaes com os estudos, distncia do seu grupo de amigos, rompimento com o objeto amoroso, dvidas sobre as perspectivas futuras, efeitos colaterais das drogas, imagem corporal, sexualidade, dvidas em relao ao tratamento e restries de lazer.

Adolescentes com uma doena so, muitas vezes, estigmatizados. Ao estarem enfermos e podendo haver mudanas, tanto no seu estilo de vida como na sua aparncia (que nessa fase muito valorizada), ele pode ser visto como muito diferente do grupo de pares e se isolar ou ser marginalizado pelo grupo. Eventualmente, durante o tratamento, ele ter algumas limitaes e mudanas nem sempre bem-aceitas por seus pares. Em casos assim, o diagnstico de uma doena traz uma srie de mudanas para o paciente adolescente e sua famlia. comum ocorrerem alteraes de comportamento e a procura de formas adequadas de adaptao a esse momento.

A morte reconhecida como ato final e irrevogvel, mas o egocentrismo adolescente leva a uma descrena da possibilidade da prpria morte. Intervenes do profissional de sadeA relao entre o (...) [profissional de sade], o paciente e os familiares envolve interaes peculiares entre pessoas em posies diferentes. Os conceitos relativos ao adoecer so diferentes entre a equipe de sade e o paciente. Se para a equipe de sade a doena uma situao de normalidade, provida de conceitos tcnicos que representam socialmente sua atuao profissional, para o paciente uma situao excepcional, sem nenhuma motivao profissional ou social, alm de ser fonte de sofrimento e significados simblicos que ficam fora de uma compreenso cientfica da doena.

Entendendo isso, o cuidado do (..) [profissional de sade] com relao ao adolescente deve contemplar no somente os aspectos tcnicos, mas tambm suas necessidades fsicas, emocionais e sociais. Por meio de estratgias adequadas, possvel minimizar o estresse causado pelos procedimentos e pela prpria hospitalizao. Como estratgias, podem-se utilizar formas ldicas ou meios de comunicao adequados para informar e orientar os adolescentes antes dos procedimentos e acerca do seu diagnstico, permitindo, assim, o alvio de ansiedades e medos.

Alm disso, importante criar um ambiente onde o adolescente sinta certa familiaridade, por meio de espaos em estilo jovem e com espao de lazer para que ele possa ter acesso s atividades comuns a essa faixa etria, como computador, videogames e outros. muito importante incentivar a presena de pais, irmos e colegas durante a internao hospitalar, para que o convvio familiar e social no seja to modificado nesse momento de internao.

A escolarizao e os relacionamentos sociais so tambm fatores importantes na etapa de desenvolvimento em que se encontram os adolescentes. A doena e o tratamento podem interferir na freqncia s aulas, o que pode dificultar sua adaptao escolar. Nesse sentido, famlia, escola e hospital devem estabelecer dilogos e dar condies para que a continuidade da escolarizao seja preservada. Algumas intervenes tm sido desenvolvidas como as classes hospitalares, o que favorece a aceitao e a reintegrao do aluno, de forma a facilitar seu retorno escola, sem prejuzo s atividades curriculares.Respeitar a necessidade de privacidade fsica necessrio, pois nessa fase surgem a vergonha e o embarao quanto exposio do corpo, o que representa uma ameaa sexualidade nascente.

Por fim, as decises devem ser compartilhadas com o adolescente e no somente com os pais, encorajando o autocuidado e a autonomia tanto quanto possvel. Muitas vezes preciso auxiliar esses familiares em suas dificuldades no lidar com o adolescente em momentos crticos, como na doena.

NA FASE ADULTASe quisermos prestar uma assistncia de sade individualizada, precisamos conhecer e considerar as fases do desenvolvimento humano nos aspectos fsico, cognitivo, psicossocial e psicossexual, e ainda atentar para as peculiaridades de cada fase.

No caso do indivduo adulto, precisamos lembrar que existem as fases do adulto jovem, adulto intermedirio e adulto idoso e que existem momentos delicados nesse perodo: casamento, separao, gestao, chegada de filhos, responsabilidades como lder da famlia, responsabilidades financeiras com familiares (filhos, pais, avs), convvio social, opo sexual, vida profissional ativa, desemprego ou alteraes no emprego por doena, acidente e capacidade alterada de execuo do trabalho, entre inmeros outros.

Quando o indivduo adoece, o momento que o paciente vive influencia nas suas respostas e, por conseqncia, nas aes do (..) [profissional de sade].

Assim, alteraes fsicas, especialmente as relacionadas mobilidade e alteraes na aparncia fsica, so importantes para a avaliao do potencial de cuidados individuais pelo (..) [profissional de sade]. O adulto pode ressentir uma grande cicatriz ou uma deformao aparente mais que em outra poca de vida, por conta do sentido de atratividade perante outros e, em particular, diante do parceiro sexual.

A esfera do desenvolvimento psicossocial inclui a famlia, as atividades sociais e profissionais que normalmente acompanham esse perodo especfico da vida e tem uma enorme importncia. A internao interrompe o dia-a-dia cheio de atividades e responsabilidades e influencia enormemente na disposio e no humor do paciente.

Alteraes cognitivas na idade adulta, como a capacidade de resoluo de problemas e a capacidade intelectual, tm implicaes no modo como os (..) [profissionais de sade] ensinam aos doentes os cuidados de sade. Quando o conhecimento tcito do paciente considerado, uma posio proativa costuma acontecer. Caso contrrio, o paciente assume uma posio defensiva.

A sexualidade difere ao longo da vida e pode ser ameaada por certas situaes de doena; especialmente o homem preocupa-se enormemente nessa situao. J entre as alteraes espirituais, ao longo dos anos, se eleva a capacidade de encontrar significado na vida e aceitar o seu fim inevitvel. O conceito de morte revisto pela antecipao e preparao para a morte dos pais.

O desenvolvimento no acontece independentemente, pois as alteraes esto ligadas entre si e podem influenciar-se mutuamente. Uma perspectiva de desenvolvimento d aos (..) [profissionais de sade] uma srie de orientaes que nos ajudam a entender as muitas alteraes que ocorrem durante a vida adulta.

Nessa idade, quando os objetivos e as expectativas so abortados por doena ou incapacidade, surgem os momentos de crise. Essa crise afeta membros da famlia, alm do indivduo, podendo exigir tambm adaptao por parte desses. Quando o estresse intenso, a capacidade de resoluo dos problemas pode estar diminuda. Nesse momento, o (..) [profissional de sade] pode ajudar o indivduo e a famlia a tomar determinadas decises, oferecendo informaes e encaminhando para recursos que ajudaro a ir ao encontro das suas necessidades, enquanto promove e mantm a independncia, facilitando a participao da pessoa no planejamento dos cuidados e na tomada de decises.

Esses dados so importantes porque fornecem indicaes para a compreenso dos fatores que podem afetar a reao do indivduo ao estresse, assim como os sentimentos e as atitudes acerca da recuperao e do potencial de adaptao de cada indivduo a essa situao. So essas informaes que vo influenciar no relacionamento entre (..) [profissional de sade] e paciente e que iro subsidiar uma assistncia com base cientfica, o que nos torna "apropriadores" desse conhecimento. Intervenes do profissional de sade importante o conhecimento sobre o crescimento e o desenvolvimento humano em termos gerais e tambm importante saber que cada indivduo tem sua peculiaridade e suas necessidades prprias, o que solicita uma assistncia de sade individualizada. Quando falamos em uma assistncia de sade individualizada, estamos falando de uma abordagem bastante abrangente. Os profissionais de sade (...) [dispendem muito tempo do dia] com o paciente. preciso escut-lo, entend-lo e indicar como deve proceder no prprio cuidar.

O (..) [profissional de sade] pode ajudar por meio de intervenes sobre assuntos que lhe competem ou pode ainda realizar encaminhamentos a profissionais especializados, de acordo com a necessidade apresentada por cada paciente, para que ele tenha suas necessidades individuais atendidas.

Para isso, o (..) [profissional de sade] precisa conhecer muito bem a instituio em que trabalha e os recursos disponveis para o atendimento ao paciente. Por exemplo, conhecer os servios disponveis para atendimento ao paciente de maneira geral, como: servio de psicologia (se pode ser oferecido ao paciente e seus familiares), servio social (se atendem ao paciente e famlia e o que pode ser oferecido), servio de transporte, servios de acompanhamento, como ambulatrio ou unidades bsicas de sade, servio de reabilitao e terapia ocupacional, servio jurdico etc.

A compreenso de como o adulto aprende auxilia o profissional quando este desenvolve planos de instruo e orientao para o paciente. O processo de ensino deve fornecer ao paciente o mximo de informao necessria para que ele coopere com o curso prescrito. O profissional deve estar disponvel para responder s perguntas, medida que o adulto faa opes. Deve, ainda, encorajar as funes que podem ser mantidas no hospital, como tomar decises.

Pelo fato de o adulto estar continuamente evoluindo e adaptando-se a mudanas em casa, no trabalho e na vida pessoal, o processo para tomar decises deve ser idealmente flexvel. Quanto mais seguro o adulto for em seus papis, mais flexvel e aberto ser a mudanas e ao enfrentamento dos conflitos que a doena sobrepe aos j existentes. NA SENESCNCIAO adoecer na velhice pode ter muitos significados para diferentes indivduos. Pode representar a causa de um sofrimento psquico intenso que provoca um estado psicolgico patolgico ou a possibilidade da aceitao dos seus limites como ser humano. A partir da, torna-se possvel conviver de forma mais realista com o seu momento de vida, sem exigir o impossvel, mas viver dentro do possvel.

Muitas vezes, os indivduos vivenciam o adoecimento como um repentino corte na sua vida, como uma mudana abrupta no seu cotidiano, em que ele j no tem certeza de muitas coisas e, sobretudo, porque o seu presente comea a ser como que controlado por uma equipe de sade e no por ele mesmo. Isso para o idoso pode ser vivenciado com muito sofrimento e colocar em questo a ameaa de perda de sua autonomia e independncia. Esses medos podem deixar o idoso muito frgil e lev-lo a uma crise psicolgica durante o momento da doena.

O fato de o idoso se expor a um ambiente desconhecido, com pessoas desconhecidas, pode produzir sentimentos de ameaa sua segurana e sua integridade fsica e mental. Em razo disso, o idoso pode manifestar atitudes retaliadoras ou at mesmo agressivas, recusar a execuo de procedimentos de enfermagem, deixar de se alimentar ou impedir ou no realizar a prpria higiene corporal, negligenciando seu autocuidado. Essas atitudes podem indicar um sentimento de insegurana e insatisfao, tanto no processo de hospitalizao como em situaes de extremo sentimento de excluso social, com afastamento do ambiente em que vive, como o prprio trabalho e as atividades de lazer. Intervenes do profissional de sadeA identificao das necessidades do idoso demanda do (..) [profissional de sade] uma viso e compreenso sobre o processo de envelhecimento do ser humano como perodo da vida, acumulativo e temporal, cujas repercusses emocionais na velhice podem ser reflexos de um fenmeno mais amplo e dinmico, no qual se somam fatores biolgicos, psicossociais e culturais, resultantes da condio de pluralidade na relao do indivduo com o meio ambiente ao qual pertence.

Nessa perspectiva plural de ser humano em processo de envelhecimento, o (..) [profissional de sade] visualiza o idoso inter-relacionado com seu contexto afetivo e cultural, no qual ele vivencia mudanas e demandas de cuidado variveis de acordo com a experincia de vida e com as respostas individuais. Assim, no h como constar nesse captulo frmulas ou receitas que possam limitar o universo das intervenes (...).

Dessa forma, o (..) [profissional de sade] deve estar atento s mudanas ocorridas no idoso - nos aspectos da afetividade, da cognio e na forma como ele expressa sua sexualidade e espiritualidade. Deve avaliar o nvel de autoconceito e auto-estima, interligando essas informaes possibilidade de efeitos colaterais de medicamentos que podem mascarar ou intensificar alteraes no seu comportamento. (...)Olhar o envelhecimento dentro de um processo que no seja unicamente biolgico, mas cultural, possibilita uma flexibilidade para entender que ele construdo e influenciado pelo modo de vida, organizao social, religio, linguagem, pensamentos e outros componentes, numa dinmica de estmulos interligados: "as circunstncias favorecedoras da senescncia tm a ver com fatores genticos, estilo de vida, trabalho, ambiente e condicionantes biopsicossociais que concorrem para um envelhecimento com melhor ou pior qualidade de vida".

No que se refere aos profissionais de (...) [sade] que lidam com o idoso, importante lembrar que a quebra do preconceito tem significados relevantes, pois a presena desses pode prejudicar e limitar a avaliao multidimensional do geronte, reafirmando condies de incapacidade e dependncia e "impedindo que eles possam desenvolver o seu potencial mximo".

(...) olhar o envelhecimento como evento puramente biolgico natural e, portanto, aceito naturalmente pode ser uma barreira para que se perceba a diferena entre o processo de senescncia e o de senilidade, o que provavelmente causar dificuldades na identificao dos problemas apresentados pelos idosos.

Nesse aspecto, importante rever os critrios na avaliao do idoso, considerando-se que, como processo biolgico, envelhecer diferente de ficar doente. As alteraes ocorridas nesse processo devem ser respeitadas e atenciosamente acompanhadas, especialmente no que se refere caracterizao do que normal ou patolgico.

A senescncia ou eugeria compreendida como fator anatmico e funcional que sofre o reflexo do modo de vida de cada indivduo, ao passo que senilidade ou patogeria estaria ligada s diversas alteraes que podem se manifestar no idoso e causar-lhe desequilbrio, aqui entendidos como doenas.

Ao (..) [profissional de sade] cabe o discernimento em identificar situaes comportamentais indicadoras de doenas neurolgicas, como demncias, quadros sinalizadores de depresso, risco de suicdio ou mesmo de sua exposio a situaes de maus-tratos. Diferenciar aspectos comportamentais de processo adaptativo ao envelhecimento de um processo de senilidade, torna valiosa e acurada a avaliao do (..) [profissional de sade].

Direcionada ao aspecto de atendimento s necessidades psicossociais, a assistncia de sade pode ser focada em quatro importantes direes: no controle e na preveno de situaes de estresse, no estmulo auto-estima do idoso, na compreenso de sua sexualidade e no favorecimento de suas necessidades espirituais.

Nesse caso, cabe ao (..) [profissional de sade] desenvolver uma percepo a respeito dos desejos, das aspiraes e das motivaes como fonte de vida para a pessoa idosa, associando uma infinidade de possibilidades de intervenes de (...) [sade], sejam elas nos mbitos da preveno, da educao ou do cuidado assistencial.

Assumir uma postura que permita o dilogo e estimule a participao dos idosos no processo decisrio sobre os cuidados (...) oferecidos representa reconhecer o idoso com respeito e dignidade.

Diagnosticadas alteraes comportamentais, o (..) [profissional de sade] procura direcionar estratgias que visem diminuir e satisfazer a necessidade de segurana do idoso. Uma das tcnicas utilizadas o acolhimento, momento em que o (..) [profissional de sade] recebe o idoso sob seus cuidados e fornece informao quanto equipe (...) que cuidar dele, aos procedimentos que sero realizados, explicando as rotinas da instituio e a possibilidade de adequao s suas necessidades individuais.

Entre as informaes fornecidas durante o acolhimento podem ser contempladas: planta fsica, iluminao, acessos para realizao de suas necessidades fisiolgicas, comunicao com o meio interno e externo e com o servio de (...) [sade] por meio de campainhas e telefone, e horrios das refeies e de visitas. Deve-se recomendar a permanncia de um acompanhante e/ou familiar junto ao idoso, direito esse previsto pelo Estatuto do Idoso.

Quando se fala em apoio emocional ao idoso, muitas vezes, torna-se vago o modo como direcionada essa proposta ou plano assistencial de (...) sade. Esse apoio pode representar desde aes simples, como ajud-lo e encoraj-lo a caminhar, a mudar de posio, a subir um degrau de escada, a alimentar-se, at um apoio espiritual, com palavras de carinho, de afeto, favorecendo um encontro com sua comunidade religiosa, ou mesmo uma leitura, ou uma presena silenciosa.

O apoio da famlia surge como fator importante para a qualidade de vida na velhice. Um sentimento de segurana na famlia demonstrada por meio de apoio pode ser interpretado como se fosse resultado de um reconhecimento, produzido a partir de uma relao de amizade, solidariedade e amor entre seus membros. Nessa etapa da vida, a famlia funciona como se fosse o alicerce de emoes e de vnculos sociais entre o idoso e o mundo. Considerar todo esse contexto afetivo significa proporcionar uma assistncia (...) em sade ao binmio "idoso e famlia", compreendendo sua importncia para a qualidade de vida do geronte.

ALMEIDA, Fabiane de A. Psicologia do desenvolvimento: a criana. IN: FARAH, Olga G; S, Ana C. Psicologia aplicada enfermagem. Barueri: Manole, 2008.

Extrado de: BOCK, Ana M. B. (et al). Psicologias: uma introduo ao estudo de psicologia. 13. ed. reform. e ampl. So Paulo: Saraiva, 2004. p. 98-100.

CRIA-SABINI, Maria Aparecida. Psicologia do desenvolvimento. So Paulo: tica, 2004.

Idem. p. 18.

Extrado e adaptado de: ALMEIDA, Fabiane de A. Psicologia do desenvolvimento: a criana. IN: FARAH, Olga G; S, Ana C. Psicologia aplicada enfermagem. Barueri: Manole, 2008. p. 30-59.

Idem, p.61-105.