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Boletim Informativo Desenvolvimento na Primeira Infância EXPEDIENTE Edição, textos e diagramação: Cristiane Madeira Ximenes Colaboração: Carolina de Vasconcellos Drugg, Gilvani Pereira Grangeiro e Rubens Bias Pinto Revisão Geral: Carolina de Vasconcellos Drugg Paulo Vicente Bonilha Almeida Imagens: Arquivo CGSCAM/MS e PIM/SES/RS Foto da capa: Radilson Carlos Gomes Reconhecido internacionalmente pelo êxito na redução da mortalidade na in- fância, o Brasil tem agora o desafio de ga- rantir condições para que as crianças cres- çam e se desenvolvam de forma saudável. Os desafios são ainda maiores no caso de crianças que fazem parte de famílias em si- Brasil reduz a mortalidade infantil e enfrenta o desafio de promover o desenvolvimento integral na primeira infância tuação de vulnerabilidade biopsicossocial. Conheça neste boletim informativo como o Governo Federal vem investindo na pri- meira infância por meio de políticas públi- cas sociais e novos projetos do Ministério da Saúde. CONTATOS CGSCAM: Tel.: (61) 3315.9070/9072 E-mail: [email protected] Site: www.saude.gov.br/crianca End.: SAF/Sul, Trecho 02, Lote 05/06 - Torre II - Edicio Premium Bloco 02 1º Subsolo - Sala 01 - Brasília/DF CEP: 70070-600 Ministério da Saúde COORDENAÇÃO-GERAL DE SAÚDE DA CRIANÇA E ALEITAMENTO MATERNO CGSCAM/DAPES/SAS/MS Edição Nº 01— Janeiro de 2015

Desenvolvimento na Primeira Infânciaportalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2015/janeiro/09/Boletim-DPI... · 3 Ministério da Saúde reúne Comitê de Especialistas em Desenvolvimento

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Boletim Informativo Desenvolvimento na Primeira Infância

EXPEDIENTE

Edição, textos e diagramação:

Cristiane Madeira Ximenes

Colaboração: Carolina de Vasconcellos Drugg, Gilvani Pereira Grangeiro e Rubens Bias Pinto

Revisão Geral: Carolina de Vasconcellos Drugg Paulo Vicente Bonilha Almeida

Imagens: Arquivo CGSCAM/MS e PIM/SES/RS

Foto da capa: Radilson Carlos Gomes

Reconhecido internacionalmente

pelo êxito na redução da mortalidade na in-

fância, o Brasil tem agora o desafio de ga-

rantir condições para que as crianças cres-

çam e se desenvolvam de forma saudável.

Os desafios são ainda maiores no caso de

crianças que fazem parte de famílias em si-

Brasil reduz a mortalidade infantil e enfrenta o desafio de promover o

desenvolvimento integral na primeira infância

tuação de vulnerabilidade biopsicossocial.

Conheça neste boletim informativo como o

Governo Federal vem investindo na pri-

meira infância por meio de políticas públi-

cas sociais e novos projetos do Ministério

da Saúde.

CONTATOS CGSCAM:

Tel.: (61) 3315.9070/9072

E-mail: [email protected]

Site: www.saude.gov.br/crianca

End.: SAF/Sul, Trecho 02, Lote 05/06 - Torre II - Edifício Premium Bloco 02 1º Subsolo - Sala 01 -

Brasília/DF CEP: 70070-600

Ministério da Saúde

COORDENAÇÃO-GERAL DE SAÚDE DA CRIANÇA E ALEITAMENTO MATERNO CGSCAM/DAPES/SAS/MS

Edição Nº 01— Janeiro de 2015

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2

A minuta de Portaria que

institui a Política Nacional de Aten-

ção Integral à Saúde da Criança

(PNAISC) foi aprovada no dia 11 de

dezembro de 2014, pela Comissão

Intergestores Tripartite (CIT), duran-

te a 8ª reunião ordinária do colegia-

do. A aprovação na CIT era a última

etapa que faltava para a publicação

da Política no Diário Oficial da Uni-

ão, o que deve ocorrer nos primeiros

meses de 2015.

Para o coordenador geral de

Saúde da Criança e Aleitamento Ma-

terno do Ministério da Saúde

(CGSCAM/MS), Paulo Bonilha, a

aprovação representa a coroação de

um trabalho de quatro anos de articu-

lação interfederativa com as coorde-

nações de saúde da criança dos Esta-

dos, Capitais e sociedade civil, e que

contou com a fundamental parceria e

apoio conceitual e operacional da

Estratégia Brasileirinhas e Brasileiri-

nhos Saudáveis —

EBBS/IFF/FIOCRUZ. “Foi um lon-

go processo de construção coletiva

em que consolidamos esse documen-

to, que vai deixar mais claro para os

gestores estaduais, municipais e pro-

fissionais de saúde, como costurar as

linhas de cuidado necessárias a uma

atenção integral à saúde da criança.

É uma alegria termos aprovado a

Política 15 dias antes de terminar a

gestão”, disse Paulo. Ele ressaltou

que o documento teve importante

contribuição de especialistas, pesqui-

sadores, consultores de saúde da cri-

ança, representantes de conselhos, de

técnicos da CGSCAM/MS e coorde-

nadores de unidades do Ministério

da Saúde.

Antes da CIT, a PNAISC

passou pelo Conselho Nacional dos

Direitos da Criança e do Adolescente

(CONANDA) e pelo Conselho Naci-

onal de Saúde (CNS), onde foi apro-

vada em novembro, por unanimida-

de, após ampla discussão no âmbito

da Comissão Intersetorial de Aten-

ção Integral à Saúde da Criança, do

Adolescente e do Jovem

(CIASAJ/CNS).

PNAISC é aprovada na Comissão Intergestores Tripartite Portaria que institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança segue agora

para publicação no Diário Oficial da União

Página 2

Durante a apresentação da

PNAISC na CIT, Paulo Bonilha

disse que não era possível pensar

uma Política Nacional de Atenção

Integral à Saúde da Criança sem

levar em conta os avanços signifi-

cativos que a saúde da criança e

seus indicadores tiveram no Brasil

nos últimos anos, como a redução

da mortalidade infantil em 77%,

de 1990 a 2012, a expressiva redu-

ção da desnutrição infantil e o au-

mento das taxas de aleitamento

materno.

Por outro lado, há ainda o

desafio de enfrentamento das ini-

quidades nas condições de saúde

em algumas regiões do país e em

grupos de maior vulnerabilidade,

como indígenas, quilombolas, ri-

beirinhos, crianças com deficiên-

cias, entre outras. “Precisamos

priorizar nossas políticas com

foco nessas crianças mais vulne-

ráveis. Chegamos a um patamar

em que não dá mais para pensar

apenas em sobrevivência de cri-

anças, cuidar de peso e altura.

Temos que pensar em desenvol-

vimento pleno e integral da pri-

meira infância, que é o que o

mundo tem clamado e que vai

influenciar toda a vida da crian-

ça e sua formação como cida-

dão”, explicou o coordenador.

A PNAISC foi instituí-

da em sete eixos estratégicos

transversais às redes de atenção

à saúde. Os eixos são: atenção

humanizada à gestação, parto,

nascimento e ao recém-nascido;

aleitamento materno e alimenta-

ção complementar saudável;

promoção do crescimento e de-

senvolvimento integral; atenção

integral a crianças com agravos

prevalentes na infância e com

doenças crônicas; atenção inte-

gral a crianças em situação de

violências, prevenção de aciden-

tes e promoção da cultura de

paz; atenção à saúde de crianças

com deficiência, em situações

específicas e/ou de vulnerabili-

dades; vigilância e prevenção do

óbito infantil, fetal e materno.

“Chegamos a um patamar em que não dá mais para pensar apenas em sobrevivência de crianças. Temos que pensar em desenvolvimento pleno e

integral da primeira infância”

Paulo Bonilha, coordenador da

CGSCAM

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

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3

Ministério da Saúde reúne Comitê de Especialistas em

Desenvolvimento na Primeira Infância

Página 3

A Coordenação-Geral de Saúde da Criança

e Aleitamento Materno (CGSCAM) do Ministério

da Saúde reuniu em Brasília, no dia 28 de outubro

de 2014, o Comitê de Especialistas e de

Mobilização Social do Ministério da Saúde para o

Desenvolvimento Integral na Primeira Infância,

instituído por meio da Portaria GM nº 2.362, de 17

de outubro de 2012.

O encontro teve por objetivo debater os

avanços das políticas públicas relacionadas ao de-

senvolvimento na primeira infância no Brasil desde

a criação do grupo, há dois anos, e discutir e pactuar

o papel do comitê e seu funcionamento. A reunião

contemplou a apresentação das ações relacionadas à

primeira infância contidas no documento da Política

Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança

(PNAISC), que acabou pactuada na Comissão Inter-

gestores Tripartite (CIT) em dezembro de 2014.

Também foram apresentados os resultados

da pesquisa que avaliou, por meio de entrevistas

com as mães, a utilização da Caderneta de Saúde da

Criança pelas famílias e profissionais de saúde, no

acompanhamento do crescimento e do desenvolvi-

mento de crianças brasileiras na primeira infância.

A pesquisa foi realizada por uma equipe especiali-

zada do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da

Criança e do Adolescente Fernandes Figueira IFF/

FIOCRUZ.

A CGSCAM apresentou ainda os resulta-

dos de elaboração da nova Caderneta da Criança,

que substituirá a atual Caderneta de Saúde da Cri-

ança. Pela proposta, o documento passará a ter um

caráter mais intersetorial, abordando a evolução da

criança não apenas nos aspectos de saúde, mas tam-

bém de educação e assistência social, conjugando

informações para a atenção da criança no território

entre a Unidade Básica de Saúde, a creche/pré-

escola/escola e o CRAS. A previsão é de que a no-

va caderneta seja lançada em 2015.

Também foram discutidos com os especia-

listas que compõem o comitê os projetos-piloto da

CGSCAM de visitas domiciliares para o desenvol-

vimento na primeira infância nos municípios de

Fortaleza e São Paulo, e o Projeto de Atenção Nu-

tricional e Estímulo ao Desenvolvimento Integral

na Primeira Infância, realizado em municípios com

altos índices de desnutrição infantil no interior de

São Paulo, Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia.

Os especialistas debateram ainda alterações na Por-

taria que instituiu o comitê, e que serão encaminha-

das para tramitação no MS.

O Comitê deverá se reunir presencial-

mente duas vezes por ano, com troca constante de

informações e contribuições aos projetos da saúde

nos intervalos entre as reuniões. O primeiro encon-

tro de 2015 terá como objetivo o planejamento das

ações para os próximos 4 anos.

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

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CGSCAM discute supervisão de visitas domiciliares

com especialistas do Brasil e EUA

Página 4

Com o objetivo de debater a importância da

supervisão dos agentes comunitários de saúde que

trabalham com visitas domiciliares a famílias com

gestantes e crianças de primeira infância, o Ministé-

rio da Saúde, por meio da Coordenação-Geral de

Saúde da Criança e Aleitamento Materno

(CGSCAM), organizou a Oficina de Trabalho sobre

o papel da supervisão em programas de visitas do-

miciliares para promoção do desenvolvimento na

primeira infância.

Realizado dia 29 de outubro de 2014, em

Brasília, o encontro reuniu os gestores e profissio-

nais envolvidos com dois importantes projetos-

piloto da CGSCAM voltados para a primeira infân-

cia. O primeiro deles é o de visitas domiciliares, que

capacita agentes de saúde e prevê a supervisão deles

para o desenvolvimento de um programa de visitas

a famílias de gestantes/bebês com risco biopsicosso-

cial. O piloto, com apoio técnico-conceitual e finan-

ceiro do MS, está sendo realizado nos municípios de

Fortaleza e São Paulo, através de Programas que

foram denominados respectivamente de “Cresça

com seu Filho” e “São Paulo Carinhosa”.

O outro projeto é o de Atenção Nutricional

e Estímulo ao Desenvolvimento na Primeira Infân-

cia, que busca fomentar nos municípios da ANDI

(Agenda de Atenção Nutricional à Desnutrição In-

fantil) um novo modelo de atenção às crianças me-

nores de 5 anos. O projeto é desenvolvido em 30

municípios com altos índices de desnutrição locali-

zados no Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima e

também São Paulo, e igualmente prevê, futura-

mente, visitas domiciliares às famílias com crian-

ças de primeira infância em situação de vulnerabi-

lidade.

No encontro, os participantes tiveram a

oportunidade de conhecer a experiência da super-

visão de visitas

domiciliares em

projetos sociais

nos Estados Uni-

dos, apresentada

por Brenda Jones

Harden, professora

do Instituto de

Estudos da Infân-

cia da Universida-

de de Maryland.

Também puderam

conhecer, por

meio da apresenta-

ção da consultora

Jamile Pereira, o

papel da supervisão no programa Primeira Infância

Melhor (PIM), da Secretaria de Saúde do Rio

Grande do Sul. Já a reflexão sobre como a supervi-

são de visitas domiciliares realizadas por agentes

comunitários de saúde poderá ser adotada no con-

texto do SUS ficou a cargo da fala do professor

Renato Alves, do Núcleo de Estudos de Violência-

NEV da Universidade de São Paulo.

Para o Coordenador da CGSCAM, Paulo

Bonilha, a troca de experiências possibilitará ao

Ministério da Saúde planejar o programa de visitas

domiciliares a famílias com crianças de primeira

infância. “A supervisão dos agentes é um dos eixos

fundamentais desse projeto, pois contempla não

apenas o acompanhamento do conteúdo trabalhado

e dos resultados de cada visita realizada, mas tam-

bém o cuidado e o suporte emocional ao visitador,

na busca a efetividade de seu trabalho”, afirma.

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

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Página 5

A Comissão Especial da Primeira Infân-

cia da Câmara dos Deputados aprovou o relató-

rio do deputado João Ananias (PCdoB-CE) ao

Projeto de Lei nº 6.998/13, de autoria do depu-

tado Osmar Terra (PMDB/RS), conhecido co-

mo Marco Legal da Primeira Infância.

O PL prevê a instituição de uma Políti-

ca Nacional Integrada para a Primeira Infância

que será formulada e implementada por um co-

mitê intersetorial. A expectativa é de que sejam

articuladas diversas políticas setoriais numa

visão abrangente, garantindo os direitos da cri-

ança na Primeira Infância.

Entre os avanços aprovados está a cria-

ção do comitê intersetorial que coordenará a

política, além da proposta de garantir às mulhe-

res o direito a um parto natural cuidadoso e a

possibilidade de ampliar a licença paternidade

para 15 dias.

O texto também prevê mais direitos aos

filhos de mulheres privadas de liberdade, como

ambiência nas penitenciárias que atenda às nor-

mas sanitárias e assistenciais do SUS para o

acolhimento da criança, e melhor articulação

com o sistema de ensino competente.

Para o coordenador nacional de Saúde

no Sistema Prisional do Ministério da Saúde,

Marden Filho, a aprovação desses dispositivos

é um grande avanço na luta pelo desenvolvi-

mento de crianças filhas de mães privadas de

liberdade, apesar de estar ainda muito aquém

do que poderia ser aprovado para prevalecer o

Comissão da Câmara aprova Marco Legal da Primeira Infância

interesse superior da criança, disposto na

Constituição Federal e no Estatuto da Criança

e do Adolescente. “A aprovação da ambiên-

cia corrobora com nosso trabalho de estrutu-

rar centros de referência materno-infantis nas

unidades mistas e femininas do sistema prisi-

onal”, afirmou Marden Filho. Segundo ele, é

importante que os parlamentares voltem o

olhar para essas crianças, visto que o presídio

é um local insalubre para elas crescerem, tan-

to do ponto de vista físico quanto psicológico.

“No presídio temos altas taxas de doenças

transmissíveis as quais as crianças ficam ex-

postas. Por esse motivo, a taxa de mor-

talidade infantil nesses locais é muito

maior em relação aos demais ambien-

tes”, relata.

O PL prevê ainda a participação

das crianças na formulação das políticas

públicas por meio de processos adequa-

dos de escuta, assim como a criação de

espaços públicos para garantir que as

crianças tenham locais adequados para

se desenvolver.

Para o coordenador de Saúde da Cri-

ança e Aleitamento Materno do Ministério da

Saúde, Paulo Bonilha, a aprovação do Marco

Legal amplia consideravelmente as chances

de se efetivar concretamente melhores condi-

ções no país para garantir vida plena às crian-

ças de primeira infância. “A aprovação do

Marco Legal se juntou a nossa alegria de

aprovar, pela primeira vez no Brasil, uma Po-

lítica Nacional de Atenção Integral à Saúde

da Criança, validada no Conanda, Conselho

Nacional de Saúde e Comissão Intergestores

Tripartite, possibilitando a extensão do cuida-

do e da promoção do desenvolvimento a cri-

anças em situações de vulnerabilidade, como

indígenas, quilombolas, filhos de mães priva-

das de liberdade e crianças em situação de

rua”, disse Bonilha.

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

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Desafios

DESENVOLVIMENTO DA P RIMEIRA INFÂNCIA

Ministério da Saúde apresenta ações para o desenvolvimento na

primeira infância em simpósio internacional

Bolsa Família, programas de visitas domiciliares e Estratégia Saúde da Família estão entre

as principais políticas voltadas ao desenvolvimento de crianças até seis anos

Reconhecido internacionalmente pelo êxito na redução da mortalidade na infância, o Brasil tem

agora o desafio de garantir condições para que as crianças se desenvolvam de forma plena,

atingindo o máximo de seu potencial na vida adulta. Os desafios são ainda maiores no caso de

crianças que fazem parte de famílias em situação de vulnerabilidade. As informações estão na

apresentação feita pelo coordenador geral de saúde da criança e aleitamento materno do Minis-

tério da Saúde (CGSCAM), Paulo Bonilha, durante o 4º Simpósio Internacional de Desenvolvi-

mento da Primeira Infância, onde mostrou como o governo federal vem trabalhando o desen-

volvimento infantil nas políticas públicas sociais e em novos projetos específicos do Ministério

Saúde.

Com o tema Fortalecendo as potencia-

lidades dos adultos para que promo-

vam o desenvolvimento das crianças, o

4º Simpósio ocorreu dias 12 e 13 de

novembro de 2014, em São Paulo, e

reuniu especialistas e profissionais das

áreas de saúde, educação, assistência

social, economia e psicologia. O even-

to foi organizado pelo Núcleo Ciência

pela Infância (NCPI) em parceria com

a Fundação Maria Cecília Souto Vidi-

gal (FMCSV).

Um dos carros-chefes do Ministério da Saúde para a promoção do desenvolvimento infantil é o

projeto piloto de Visitas Domiciliares para o Desenvolvimento da Primeira Infância, que capa-

cita agentes de saúde para um programa sistemático de visitas domiciliares a famílias de ges-

tantes/bebês com risco biopsicossocial (leia mais na página 8).

A diretora de Educação do Banco Mundial, Cláudia Costin, afirma ter se impressionado positi-

vamente com a proposta de visitas domiciliares do Ministério da Saúde, pois considera que ao

capacitar agentes para a realização das visitas, o programa proposto pela CGSCAM, que tem

como base o Primeira Infância Melhor (PIM), da SES/RS, mostra ter foco e enfrentar o proble-

ma da vulnerabilidade e do enorme risco de desigualdade na futura vida escolar e social da cri-

ança. “Se a família for preparada para cuidar da saúde e da nutrição, fortalecer os vínculos afe-

tivos e estimular o cérebro da criança, especialmente se expandirmos e ganharmos escala com

o que já foi realizado no projeto piloto, o desenvolvimento delas será muito mais sólido e o tra-

balho educacional nas creches e pré-escolas trará ganhos relevantes em qualidade e equidade”,

disse Cláudia.

Página 6

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

Foto: Rafael Gomes da Silva/FMCSV

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especial as que vivem em situa-

ção de maior risco social e eco-

nômico. Entre as ações mais ex-

pressivas está o Bolsa Família,

que transfere renda com a condi-

ção de que as crianças estejam

com as vacinas em dia e com o

devido acompanhamento do esta-

do nutricional, entre outras con-

dições. Segundo artigo publicado

em 2013 na Revista Lancet, o

programa, associado a indução

da utilização da Atenção Básica

de Saúde pelas famílias, está re-

lacionado a uma redução de cer-

ca de 20% na taxa de mortalidade

infantil entre 2004 e 2009, princi-

palmente no que se refere a casos

por insuficiência nutricional e

problemas respiratórios. Também

está relacionado à redução da

desnutrição crônica e do déficit

de estatura nas crianças benefici-

árias.

Pela experiência de su-

cesso na redução da mortalidade,

o Brasil assumiu o compromisso

de realizar ações de cooperação

internacional com outros países

do mundo que ainda não conse-

guiram cumprir com a meta 4 dos

ODM. E com esse desafio da

mortalidade na infância gradati-

vamente superado, o Brasil pas-

sou a investir em ações para o

empoderamento das famílias, em

O Brasil atingiu a meta

do Objetivo do Milênio (ODM)

nº 4, de reduzir em dois terços,

até 2015, a mortalidade de cri-

anças menores de 5 anos, três

anos antes do prazo. A redução

foi de 77% em 22 anos, passan-

do de 62 mortes para cada mil

nascidos vivos em 1990, para

14 mortes para cada mil em

2012. A Rede Cegonha, lançada

em 2011, também vem contri-

buindo fortemente para a redu-

ção da mortalidade infantil,

uma vez que busca combater o

alto índice de partos por cesari-

ana e, consequentemente, a pre-

maturidade, uma das principais

causas de morte de recém-

nascidos. Em 2012, 56% dos

partos no Brasil foram cirúrgi-

cos, sendo que a Organização

Mundial da Saúde recomenda

saúde infantil também tem sido a

ampliação da Estratégia Saúde da

Família (ESF), que alcança

56,4% da população brasileira

através de mais de 35 mil equi-

pes. Em 2013, 109 milhões de

cidadãos foram atendidos, envol-

vendo recursos de R$ 3,3 bi-

lhões. A cobertura da ESF está

diretamente associada com a me-

lhoria da saúde da criança. Em

A vacinação também

cumpre um papel fundamental na

redução da mortalidade infantil,

uma vez que o calendário vacinal

oferece 12 vacinas que previnem

contra mais de 20 doenças. A

cobertura vacinal, nos últimos

dez anos, foi de 95%, na média,

para a maioria das vacinas do

calendário infantil e em campa-

nhas. De grande impacto para a

municípios com mais de 70% de

cobertura de ESF, existem 34%

menos crianças com baixo peso,

e a cobertura vacinal é duas vezes

melhor do que municípios com

baixa cobertura. E cada 10% de

aumento de cobertura da Estraté-

gia Saúde da Família reduz em

4,6% a mortalidade infantil e,

consequentemente, traz melhoras

à saúde da criança.

Bolsa Família

Redução Mortalidade Infantil e Rede Cegonha

Vacinação e Estratégia Saúde da Família

que esse índice seja de

no máximo 15%. E

345 mil crianças nas-

ceram prematuras, o

que corresponde a

11,5% dos nascimen-

tos em 2012. A Rede

Cegonha investiu R$ 9,4 bi-

lhões desde o seu lançamento,

para qualificação de profissio-

nais e equipamento de serviços

que realizam pré-natal e partos.

Desde o seu lançamento, 1.605

novos leitos neonatais foram

criados, representando um au-

mento de cerca de 30%, e

4.224 leitos neonatais recebe-

ram custeio para qualificação.

Página 7

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

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Desde 2012, com o lançamento do Brasil Carinhoso, o governo federal

passou a investir mais na infância, com ações envolvendo os Ministérios da

Saúde, Educação e Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Pela

educação, passaram a ser fornecidos estímulos financeiros aos municípios

para incentivar o aumento de vagas para as crianças até dois anos nas

creches públicas ou conveniadas com o poder público. No MDS, houve

complemento do Bolsa Família, incorporando as crianças de até 6 anos no cálculo da renda per capita mínima de

77,00, a ser garantida, de forma que nenhuma criança permaneça abaixo desta linha da extrema pobreza. E o

Ministério da Saúde expandiu a distribuição de doses de vitamina A para crianças entre 6 meses e 5 anos nas

Unidades Básicas de Saúde (UBS) e em campanhas de vacinação. Isso porque a deficiência de vitamina A

acomete 20% das crianças menores de 5 anos e, quando severa, provoca deficiência visual, aumenta o risco de

anemia, morbidades e mortalidade. O Ministério da Saúde também oferta sulfato ferroso na Rede de Atenção

Básica de Saúde, visto que a necessidade de ferro das crianças menores de 24 meses é muito elevada e

dificilmente provida apenas por alimentos, o que pode prejudicar o desenvolvimento. A distribuição gratuita de

medicamentos para asma – a segunda maior causa de internação e óbito de crianças – nas unidades do Aqui Tem

Farmácia Popular também fazem parte do projeto, que possibilitou ainda a expansão do Programa Saúde na

Escola para creches e pré-escolas.

Os pilotos têm como base

o programa Primeira Infância Me-

lhor (PIM) - desenvolvido pela

Secretaria de Estado de Saúde do

Rio Grande do Sul, que fornece o

apoio técnico ao Ministério da Sa-

úde - e inspiração em outras expe-

riências exitosas, como o progra-

ma Educa a Tu Hijo, de Cuba, e

Chile Crece Contigo. O foco das

visitas é acompanhar a saúde da

O Ministério da Saúde

adotou como pauta essencial o

estímulo ao Desenvolvimen-

to na Primeira Infância (DPI),

como forma de garantir às crianças

brasileiras condições sadias que

permitam seu desenvolvimento

pleno. Nesse sentido, está apoian-

do técnica e financeiramente dois

projetos de Visitas Domiciliares: o

Cresça com seu Filho, de Fortaleza

(CE), e o São Paulo Carinhosa, da

capital paulista. Ambos têm por

objetivo fortalecer as competên-

cias de famílias de maior vulnera-

bilidade, com grávidas e/ou crian-

ças na primeira infância, para o

cuidado afetivo com os filhos, esti-

mulando seu desenvolvimento in-

tegral. Os dois projetos servirão

como base para a construção de

um modelo programático, finan-

ceiro e de avaliação que possa ser

ofertado para replicação em outros

municípios brasileiros. A proposta

é uma inovação da Coordenação-

Geral de Saúde da Criança e Alei-

tamento Materno no contexto do

Brasil Carinhoso.

Visitas domiciliares para o DPI por agentes de saúde

Brasil Carinhoso

mãe/bebê, além de empoderar as

famílias para o cuidado e o estí-

mulo ao desenvolvimento das

crianças. Além da capacitação

dos agentes, o projeto prevê a

supervisão e apoio permanente ao

trabalho desenvolvido por eles

com as famílias. As primeiras

experiências estão acontecendo

nos dois municípios com famílias

com renda per capita até R$

77,00. Página 8

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

Atendimento PIM/ Município de Pelotas, RS/ Prêmio Salvador Célia 2012

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9

Atenção Nutricional e Estímulo ao Desenvolvimento na Primeira Infância

Outra iniciativa de gran-

de impacto desenvolvida pela

Coordenação-Geral de Saúde da

Criança e Aleitamento Materno

com o apoio da Coordenação-

Geral de Alimentação e Nutrição

do Ministério da Saúde é o Pro-

jeto Atenção Nutricional e Estí-

mulo ao Desenvolvimento na

Primeira Infância—ANDI/DPI.

O projeto busca fomentar nos

municípios da ANDI (Agenda

de Atenção Nutricional à Desnu-

trição Infantil) um modelo de

atenção integral à saúde das cri-

anças menores de 5 anos, com

foco na qualificação e articula-

ção dos serviços para o combate

à desnutrição e o estímulo ao

desenvolvimento na primeira

infância. São 30 municípios do

interior do Amazonas, Acre,

Rondônia, Roraima e São Paulo,

com altos índices de desnutrição

infantil. Tendo como

base a estrutura metodológica do

Primeira Infância Melhor (PIM/

SES/RS), o projeto promoveu a

constituição de Grupos Técnicos

Municipais—GTM, formados,

minimamente, por representan-

tes das Secretarias Municipais

de Saúde, Educação e Desenvol-

vimento Social. Com o apoio de

consultores técnicos disponibili-

zados pelo Projeto, o GTM ela-

borou o diagnóstico da Situação

da Primeira Infância nos Muni-

cípios e o Plano de Ação para o

combate à desnutrição e promo-

ção do desenvolvimento da pri-

meira infância. Assim como os

Projetos Pilotos desenvolvidos

em Fortaleza e São Paulo, o AN-

DI/DPI espera capacitar agentes

comunitários para a realização

de visitas domiciliares voltadas

às famílias com gestantes e cri-

anças de primeira infância.

Esses projetos tem o

apoio financeiro da Fundação

Bernard Van Leer e Fundação

Maria Cecília Souto Vidigal,

essa última, que também fornece

apoio técnico. Contam também

com importante parceria das

secretarias estaduais de saúde do

Acre, Amazonas, Rondônia, Ro-

raima e São Paulo, da Fundação

Amazonas Sustentável (FAS) e

do Centro de Recuperação e

Educação Nutricional (CREN).

Plataforma Integrada de Ensino a Distância para o

Desenvolvimento na Primeira Infância

O Ministério da Saúde

está estruturando uma platafor-

ma integrada de Ensino à Dis-

tância para o Desenvolvimento

Integral na Primeira Infância,

contendo vários cursos na temá-

tica, com o objetivo de qualifi-

car profissionais que atuam nos

serviço de atenção e cuidado de

crianças de 0 a 6 anos e suas

famílias, nas áreas de saúde,

educação, assistência social,

entre outros, visando à promo-

ção e estimulo ao desenvolvi-

mento saudável, investindo em

fatores de proteção e na identi-

ficação de situações de vulne-

rabilidades e risco na primeira

infância.

Em parceria com a Co-

ordenação-Geral de Alimenta-

ção e Nutrição (CGAN) e com

apoio da Estratégia Brasileiri-

nhas e Brasileirinhos Saudáveis

(EBBS) do IFF-FIOCRUZ, já

estão ocorrendo as primeiras tur-

mas do Curso da Estratégia Ama-

menta e Alimenta Brasil e há pre-

visão de que a plataforma EAD

esteja pronta em 2015 com a in-

clusão de outros cursos, como de

Crescimento e Desenvolvimento

na Primeira Infância, de Preven-

ção de Violências e Acidentes e

de suporte ao trabalho do Progra-

ma Saúde da Escola.

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Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

Page 10: Desenvolvimento na Primeira Infânciaportalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2015/janeiro/09/Boletim-DPI... · 3 Ministério da Saúde reúne Comitê de Especialistas em Desenvolvimento

10

Em 2015, a atual Cader-

neta de Saúde da Criança será

substituída pela Caderneta da

Criança, um documento interse-

torial que servirá de instrumento

para acompanhar o crescimento e

o desenvolvimento das crianças

brasileiras, do nascimento até os

nove anos de idade, não só nos

aspectos relacionados à saúde,

mas também educação e assistên-

cia social.

Desde 2005, o Ministério

da Saúde, por meio da Coordena-

ção-Geral de Saúde da Criança e

Aleitamento Materno

(CGSCAM/MS), produz e distri-

bui 3,2 milhões de cadernetas por

ano, de forma a cumprir com o

estabelecido na Portaria nº 1.058,

de 4 de julho de 2005, que dispõe

sobre o direito de toda criança

nascida em território nacional

receber a caderneta.

Ao sair da maternidade

pública ou privada, a família de-

ve estar de posse da Caderneta de

saúde da criança, com as infor-

mações relativas ao nascimento e

encaminhamentos preenchidos. O

conteúdo favorece a família no

cuidado e direciona os profissio-

nais dos serviços no momento

das consultas e atendimentos.

Com vistas à atenção in-

tegral e integrada à criança, a no-

va edição da caderneta trará mu-

danças importantes. A primeira

delas é a incorporação às infor-

mações de saúde de conteúdos

relativos a educação e a desen-

volvimento social. Esse fato legi-

tima a mudança do nome de Ca-

derneta de Saúde da Criança para

Caderneta da Criança. A segunda

alteração diz respeito à divisão do

conteúdo - O documento, que

antes conjugava informações para

família/cuidadores e profissionais

de saúde, agora se apresenta em

publicações diferentes: a Cader-

neta da Criança e o Manual do

Profissional.

Nova Caderneta da Criança

Página 10

A nova edição é resultado de

um Grupo de Trabalho formado

pelos Ministérios da Saúde, da

Educação e do Desenvolvimen-

to Social, Programa Primeira

Infância Melhor - PIM/SES/RS,

Universidades do Pará (UFPA),

de Campinas (UNICAMP) e de

São Paulo (USP), Fundação

Maria Cecília Souto Vidigal,

além de especialistas e profissi-

onais que atuam na área da in-

fância. Para tal a CGS-

CAM/MS mantem um convê-

nio específico com a Estratégia

Brasileirinhos e Brasileirinhas

Saudáveis (EBBS) do Instituto

de Saúde da Mulher, da Criança

e do Adolescente Fernandes

Figueira IFF/FIOCRUZ, que

além de fornecer suporte con-

ceitual e operacional a este pro-

cesso, vem desenvolvendo pes-

quisas para subsidiar com evi-

dências científicas este traba-

lho.

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

Foto: Radilson Carlos Gomes