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Desenvolvimento Sustentável Solidário

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Apresentação

As grandes alterações que estamos testemunhando no clima, a maior ocorrência de catástrofes ambientais, como: enchentes, tsunamis, desertificação de terras antes férteis, chuvas tóxicas, nuvens de poluição no ar, ciclones, entre outros, são a comprovação de que não estamos lidando com o nosso planeta de forma insustentável. Por muito tempo, a humanidade viveu como se os recursos naturais fossem inesgotáveis, e bastava explorá-los ao máximo para que tivéssemos o maior conforto possível. Como se não bastasse, os benefícios desse consumismo desenfreado chegaram somente para uma pequena minoria, restando aos demais as consequências perversas deste modelo de desenvolvimento.

Diante disso, cada vez mais se coloca o desafio de construirmos juntos um novo modelo de desenvol-vimento que, além da preservação ambiental, priorize a qualidade de vida da população e, especial-mente, considere as condições para que as próximas gerações possam viver.

Variadas experiências estão surgindo em diferentes setores da sociedade (acadêmico, religioso, movimentos sociais, organizações civis, poder público, etc.) e mesmo iniciativas individuais, que contribuem na direção do Desenvolvimento Solidário e Sustentável. Esta cartilha procura situar esse novo contexto a partir da concepção da vida em sociedade de forma sustentável, ambiental e socialmen-te, possibilitando relações de solidariedade entre todos os seres humanos habitantes do planeta.

Na primeira parte trataremos de conceituar o Desenvolvimento Solidário e Sustentável e seus benefícios para o planeta. Na segunda parte, apresentaremos exemplos práticos que surgem a partir desses princípios. Estamos certos de que outro desenvolvimento é possível porque outro mundo é possível, o qual precisará da ação de cada um/a para sua efetivação.

Boa Leitura

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O que é desenvolvimento?

Existem diferentes concepções sobre o desenvolvimento. Estamos acostumados a entender o desenvolvimento como equivalente a crescimento econômico, como a construção de estradas, viadutos, grandes prédios, aumento da lucratividade das empresas, mais empre-gos, novas tecnologias, etc. Isto tudo faz parte do desenvolvimento, mas não é só isso. Quando olhamos uma escola melhorando sua qualidade de ensino, também é desenvolvi-mento, ou quando uma comunidade reivindica seus direitos e se empenha na melhoria da qualidade de vida, também estão em busca do desenvolvimento.

Desta forma, não é possível medir o desenvolvimento considerando somente os aspectos quantitativos, como estradas, carros, consumo, viadutos, aeroportos. As questões relaciona-das com a qualidade de vida são de igual ou de maior importância para o desenvolvimento.

Em resumo, podemos dizer que o desenvolvimento é o caminho que uma sociedade faz em direção ao futuro pretendido. Para que se possa pensar em desenvolvimento, portanto, é preciso identificar o projeto de futuro e, assim, tudo aquilo que contribua para alcançá-lo.

Assim, a ideia de desenvolvimento engloba tudo o que diz respeito à qualidade de vida, isto é, envolve tanto os aspectos econômicos, sociais e ambientais. O projeto de desenvolvimen-to deve, então, apresentar respostas a grandes problemas, como a pobreza, desemprego, educação, moradia, condições de saúde, alimentação e desigualdades.

Por isso, a ideia de desenvolvimento econômico, por si só, é um simples mito. Graças a ela tem sido possível desviar as atenções da tarefa básica de identificação das necessidades fundamentais das pessoas, para concentrá-las em objetivos abstratos, como são os investi-mentos, as exportações e o crescimento econômico.

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Desenvolvimento Solidário e Sustentável

A ideia de desenvolvimento solidário e sustentável está focada na necessidade de promover o desenvolvimento integral, satisfazendo os interesses da geração presente, sem comprometer a geração futura. Isto é, a garantia da expan-são das capacidades criativas e criadoras de todos os seres humanos em harmonia com o meio ambiente, de modo a utilizar os recursos naturais com a preocupação constante de possibilitar as mesmas (ou melhores) condições para as próximas gerações.

Mais que números e índices abstratos, o Desenvolvimento Solidário e Sustentável envolve a satisfação das pessoas com a vida e o mundo em que vivem, com o sentido de justiça social, com o compromisso com outros povos, com as próximas gerações, com os animais, com os diferentes ecossistemas e com o planeta como um todo.

O desenvolvimento solidário e sustentável não existe como atitude individual. É um movimento de coletivos, seja uma família, pequenos grupos, uma comunidade, uma cidade, um país, ou até toda a humanidade, que é a meta maior.

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A Regra dos 5R

Rhábitos e atitudes, adotando uma prática de consumo responsável.

epensar

Reutilizar

Recusar

x

Reduzir

Reciclar

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Apresentaremos algumas ações que podem ser desenvolvidas na busca de reverter o processo de degradação do ambiente. Você é convidado/a a mudar seus hábitos de consumo dentro de sua casa, na sua comunidade e no seu dia-a-dia. Veja como é possível e fácil, utilizando a regra dos 5R:

o consumo, limitando-se apenas àquilo que você realmente precise, sem desperdícios. - Não deixe luzes acesas sem necessidade;- Desligue os aparelhos que não estiverem sendo utilizados;- Economize água da torneira e do chuveiro;- Use pilhas recarregáveis;- Prefira produtos que utilizam menos embalagens ou mesmo embalagens recicláveis;- Diminua também o uso de sacolas plásticas e, sempre que precisar delas, reutilize-as

para reduzir o gasto de matérias primas e energia para sua produção.

Evite adquirir novos produtos, procurando reutilizar o que já possui. Por exemplo:- Folhas de papel podem ser usadas nos dois lados;- Objetos sem uso podem ser doados ou trocados

por outros;- Potes, garrafas, latas e outros objetos podem ser

utilizados de forma criativa para o artesanato;- Coisas que você normalmente joga no lixo podem

servir ainda para uma nova finalidade; - Roupas podem ser reformadas.

Quando não for mais possível reutilizar, recicle. Separe em sua casa os resíduos orgânicos dos secos recicláveis. Os orgânicos servem para fazer compostagem e adubar a terra, já os secos podem se transformar em novos produtos, e desta forma se evita a retirada de mais matérias primas do meio ambiente.

os produtos que agridem a saúde ou o meio ambiente ou, ainda, que prejudiquem os trabalhadores envolvi-dos com sua produção. Procure conhecer a procedência dos produtos que você compra e dê preferência para aqueles que foram produzidos de forma sustentável. Evite o consumo de alimentos transgênicos, com agrotóxicos ou enlatados.

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Grupos de produção

Hortas Comunitárias

São grupos informais, associações ou cooperativas, que buscam de forma coletiva a geração de trabalho e renda, na perspectiva da Economia Solidária. Estes grupos estimulam e favorecem a construção de relações solidárias e não discriminatórias, valorizan-do cada pessoa e suas potencialidades.Podem existir grupos de produção tanto no meio urbano quanto no rural. Neles, as pessoas e famílias envolvidas somam os esforços para que todos tenham a melhor renda possível e que se crie um bom ambiente de trabalho e de crescimento pessoal.

São grupos organizados para utilização de espaços públicos ou privados para o cultivo de alimentos, plantas medicinais e orna-mentais de forma solidária e sustentável. Essas iniciativas favorecem o contato com o meio ambiente, criam a consciência ecológica e geram trabalho e renda para as famílias que estão envolvidas. As hortas comunitárias estão em fase de expansão na Arquidiocese de Florianópolis, e podem ser implantadas tanto nas pequenas cidades quanto nas comunidades dos centros urbanos.

Iniciativas de Desenvolvimento Solidário e Sustentável

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Consumo Consciente e Sustentável

As pessoas que entendem o Desenvolvimento Solidário e Sustentável e concordam com ele passam a adotar novas práticas de consumo, bem como se empenham para que outros o façam. Essas novas práticas incluem:

Não se deixar levar por modismos que nos pressionam a mudar sempre os aparelhos e equipamentos. Comprar somente quando precisar, e usar enquanto o produto suprir sua necessidade;

Conhecer a procedência dos produtos para priorizar aqueles de origem sustentável;

Preferir produtos com menos embalagens. Sempre que possível, dispensar as embalagens, colaborando com a redução de danos ao meio ambiente;

Não usar apenas o preço como critério de escolha dos produtos. Para baratear os custos, muitos produtos causam danos ambientais, como é o caso dos transgênicos, que, além disso, podem ser prejudiciais à saúde. Ao comprá-los, a pessoa estará incentivando essa prática;

Preferir produtos locais. Quanto maior a proximidade entre a origem e o destino dos produtos, menores os danos causados pelo transporte e, além disso, maior o estímulo à economia e ao desenvolvimento sustentável do lugar onde a pessoa vive;

Organizar-se em grupos para comprar diretamente dos produtores da agricultura orgânica, por exemplo;

Organizar listas de locais de comercialização e de produtos sustentáveis, disponíveis em sua comunidade ou cidade e repassar aos outros.

As práticas descritas acima estão ligadas a uma nova forma de as pessoas se relacionarem com o consumo – é o consumo consciente e sustentável. A prática de consumir alimentos e produtos que pouco agridem o meio ambien-te é também uma forma de preservação da natureza e de valorização da economia local.

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As atitudes ecológicas de cada pessoa contribuem para o desenvolvimento sustentável e solidário, mas será a união dessas iniciativas que garantirá as mudanças estruturais necessárias na sociedade. Entre os movimentos expressivos que atuam nesta lógica, atualmente, destacamos a Economia solidária, agroecologia e catadores de recicláveis. Vamos ver alguns tipos de desenvolvimento solidário e sustentável e como está organizado cada um desses.

Economia SolidáriaO que é?Um conjunto de atividades de produção, distribuição, consumo e crédito para geração de trabalho e renda, baseado no trabalho coletivo, na cooperação, na autogestão e nas diversas formas de compartilhamento, buscando o benefício social e o cuidado com o meio ambiente. Essas práticas privilegiam o desenvolvimento solidário e sustentável, a promoção humana e a justiça social, a igualdade de gênero, raça e etnia, a democratização do acesso à informação e ao conhecimento.Em geral, a força de trabalho e os meios de produção são coletivos. Os bens e serviços produzidos são de controle e gestão coletiva dos participantes de cada empreendimento em questão.Quem faz parte da Economia Solidária?- Organizações e grupos de créditos solidários;- Grupos produtivos e/ou culturais informais, associações, cooperativas de produção, comercialização, de trabalho, de consumo

solidário ou de serviços;- bancos populares e comunitários;- fundos rotativos e cooperativas de créditos;

“Seja a mudança que você deseja ver no mundo.”Mahatma Gandhi

- rede de empreendimentos, produtores e consumidores;- grupos e clubes de trocas;- empresas e indústrias falidas recuperadas pelos trabalhadores e auto-gestionários.

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Agroecologia

Coleta Seletiva

O que é?O conceito de agroecologia quer sistematizar todos os esforços para produzir uma agricultura que seja socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável. Um modelo de cultivo que seja o embrião de um novo jeito de relaciona-mento com a natureza, onde se protege a vida toda e toda a vida. Não se usam agrotóxicos ou adubos industrializados, é respeita-do o ritmo próprio de desenvolvimento das plantas e dos animais, sem acelerar artificialmente o processo; e os produtos não recebem aditivos químicos (conservantes, anilinas ou outros) para sua comercialização.Nesta visão se estabelece uma ética ecológica que implica no abandono de uma moral utilitarista e individualista. Na agroecolo-gia, a agricultura é vista como um sistema vivo e complexo, inserida na natureza, que é rica em diversidade, onde existem vários tipos de plantas, animais, microorganismos, minerais e infinitas formas de relação entre estes e outros habitantes do planeta Terra.

O Que é?Coleta seletiva é o recolhimento, nas casas e empresas, dos resíduos reutilizáveis, para evitar que eles vão simplesmente para o lixo comum. A coleta seletiva e a reciclagem de lixo têm um papel muito importante para o meio ambiente. Por meio delas, recuperam-se matérias-primas que de outro modo seriam tiradas da natureza. A ameaça de exaustão dos recursos naturais não-renováveis aumenta a necessidade de reaproveitamento dos materiais recicláveis, que são separados e é realizada sua coleta seletiva. Quem faz parte?Todas as pessoas que separam os materiais recicláveis em casa ou nas empresas, e que os destinam para locais apropriados. Muitas prefeituras já realizam a coleta seletiva em várias cidades. Fazem parte da coleta seletiva, também, as diversas pessoas que garantem seu sustento através da coleta dos materiais recicláveis. De modo geral, os catadores se organizam em associações ou cooperativas para tornar mais eficiente seu trabalho. O conjunto destas organizações compõe o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis.

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Por que é importante reciclar?

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Para:diminuir a exploração de recursos naturais e o consumo de energia;melhorar a limpeza da cidade e a qualidade de vida da população;contribuir para diminuir a poluição do solo, da água e do ar;prolongar a vida útil de aterros sanitários e melhorar a produção de compostos orgânicos;gerar emprego para a população com pouca escolaridade; gerar receita pela sua comercialização;contribuir para formar uma consciência ecológica e para valorização da limpeza urbana;diminuir a geração de resíduos.

Você sabia que:- em média, cada pessoa produz 1K e 200g de lixo diariamente?- o Brasil produz cerca de 100 mil toneladas de lixo por dia?- de tudo que é jogado diariamente no lixo, pelo menos 35% poderia ser

reciclado ou reutilizado? E outros 35% poderiam ser transformados em adubo orgânico?

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Outros motivos para reciclar o lixo

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1.000 quilos de PAPEL reciclado evitam o corte de 20 árvores.1.000 quilos de ALUMINÍO reciclado evitam a extração de 5.000 kg de minério.1.000 quilos de VIDRO reciclado evitam a extração de 1.300 kg de areia.1.000 quilos de PLÁSTICOS reciclados evitam a extração de milhares de litros de petróleo.

Tempo de Decomposição dos Materiais

Materiais Tempo de Degradação

Papel e Papelão

Cerca de 6 meses

Sacolas e Sacos plásticos

Mais de 100 anos

Garrafa de Plástico PET

Mais de 100 anos

Tecido

100 a 400 anos

Alumínio (inclusive embalagens longa vida)

200 a 500 anos

Fraldas Descartáveis

600 anos

Isopor

Indeterminado

Vidros

Indeterminado

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lReferências e Bibliografia

CARNEIRO, Gisele. Outro Consumo é Possível. Curitiba: Editora Gráfica Popular – CEFURIA, 2008.FURTADO, Celso. O mito do desenvolvimento econômico. São Paulo: Círculo do Livro, 1974.OLIVEIRA, Gilson Batista. Uma discussão sobre conceito de desenvolvimento. In: revista FAE, Curitiba, v.5, n 2, p. 37-48, maio/agosto. 2002.SILVA, Roberto Marino Alves da. Desenvolvimento Solidário e Sustentável. Brasília: Cáritas Brasileira, 2005.

www.fbes.org.brwww.agroecologia.inf.brwww.ambientalbrasil.com.br

Sites pesquisados

Elaboração e OrganizaçãoFernando Anísio BatistaCélio Vanderlei Moraes

RevisãoIrmã Clea Fuck

Capa e Editoração EletrônicaAtta