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Design inteligente O Desenho Inteligente, Design inteligente ou Pro- jeto Inteligente (em inglês Intelligent Design) é uma pseudociência que se baseia na assertiva de que “certas características do universo e dos seres vivos são mais bem explicadas por uma causa inteligente, e não por um processo não-direcionado como a seleção natural"; e que "é possível a inferência inequívoca de projeto sem que se façam necessários conhecimentos sobre o projetista, seus objetivos ou sobre os métodos por esse emprega- dos na execução do projeto.” [1][2] Embora seus defenso- res neguem conexões a questões religiosas, quase sempre enfatizando-o como imbuído de caráter puramente cientí- fico, o Desenho Inteligente é em raiz uma forma moderna do tradicional argumento teleológico para a existência de Deus, modificado para evitar especificações sobre a natu- reza ou identidade do criador [3] A ideia foi desenvolvida por um grupo de criacionistas americanos que reformula- ram o argumento em face à controvérsia da criação versus evolução para contornar a legislação americana proibindo o ensino de criacionismo como ciência. [4][5][6] Seus prin- cipais defensores, todos eles associados ao Discovery Ins- titute, sediado nos Estados Unidos, [7][8] acreditam que o criador é o Deus do cristianismo. [9][10] Segundo eles, sua pesquisa é análoga à de detetives que, diante de uma pes- soa morta, buscam sinais de que aquele evento não foi acidental (ou que isto é, de fato, impossível), indicando que há um assassino. Os pesquisadores buscam no mundo natural - e principalmente em estruturas biológicas - si- nais de planejamento, funcionalidade e propósito. Assu- mindo a veracidade da premissa, tais pesquisadores ale- gam que, se os detetives concluem inequivocamente que há um criminoso mesmo sem conhecer os motivos que o impeliram ou saber quem ele é, eles também podem con- cluir que há uma criação sem dispor de dados adicionais sobre o criador. A pesquisa se foca na busca por evidên- cias biológicas favoráveis e não nas conseqüências de to- das as descobertas. [11] Defensores da criação inteligente alegam que ela seja uma teoria científica, [12] e buscam fundamentalmente redefinir a ciência para que a mesma aceite explicações sobrenaturais. [13] O consenso da comunidade científica é de que a criação inteligente não é ciência, mas na verdade pseudociência. [14][15][16][17] A Academia Nacional de Ci- ências dos Estados Unidos já declarou que o “criacio- nismo, design inteligente e outras alegações de interven- ção sobrenatural na origem da vida” não são ciências por- que elas não podem ser testadas por métodos científi- cos. [18] A Associação de Professores de Ciências dos Es- tados Unidos e a Associação Americana para o Avanço da Ciência a classificaram como pseudociência. [19] A Sociedade Brasileira de Genética publicou oficialmente que não há qualquer respaldo científico no design inteli- gente e outras teorias criacionistas, explicando que esta posição é consensual na comunidade científica. [20] O termo “criação inteligente” originou-se em resposta a decisão judicial de 1987 da Suprema Corte Americana no caso Edwards v. Aguilard que envolveu a separação da igreja e do estado. [4] Seu primeiro uso significativo em publicações foi em “Of Pandas and People” (Sobre Pandas e Pessoas), um livro didático de 1989 publicado com a intenção de ser usado em aulas de biologia do en- sino médio. [21] Vários livros adicionais sobre a criação inteligente foram publicados nos anos de 1990. Na me- tade da década de 1990, defensores da teoria começaram a se aglomerar ao redor do Discovery Institute e a de- fender mais publicamente sua inclusão no currículo da escola pública. [22] Com o Discovery Institute e seu "Cen- ter for Science and Culture" (Centro para Ciência e Cul- tura) servindo como alicerce central no planejamento e fi- nanciamento, o “movimento da criação inteligente” cres- ceu significativamente em publicidade no final da década de 1990 e no início de 2000, culminando no “julgamento de Dover”, em 2005, que contestou o ensino intencional da criação inteligente em salas de ciências do sistema pú- blico de ensino. [7] No caso Kitzmiller v. Dover Area School District, um grupo de pais de estudantes do ensino médio contesta- ram a exigência de um distrito escolar público para que professores apresentassem a criação inteligente em aulas de biologia como uma “explicação alternativa para a ori- gem da vida”. O Juiz Distrital Americano John E. Jones III sentenciou que a criação inteligente não é ciência, e que “não pode se desacoplar de seus antecedentes cria- cionistas, e consequentemente religiosos” e concluiu que a promoção da ideia da criação inteligente realizada pelo distrito escolar violava a Cláusula de Estabelecimento da Primeira emenda da constituição dos Estados Unidos da América. [23] 1 Visão geral O termo “design inteligente” começou a ser usado após a sentença de 1987 da Suprema Corte Americana no caso Edwards v. Aguillard que decidiu que a exigência de en- sinar a “Ciência da Criação” ao lado da evolução era uma violação da Cláusula de Estabelecimento, que proíbe a ajuda estatal à religião. No caso Edwards, a Suprema Corte também havia decidido que “ensinar uma varie- 1

Design Inteligente

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  • Design inteligente

    O Desenho Inteligente, Design inteligente ou Pro-jeto Inteligente (em ingls Intelligent Design) umapseudocincia que se baseia na assertiva de que certascaractersticas do universo e dos seres vivos so maisbem explicadas por uma causa inteligente, e no por umprocesso no-direcionado como a seleo natural"; e que" possvel a inferncia inequvoca de projeto sem quese faam necessrios conhecimentos sobre o projetista,seus objetivos ou sobre os mtodos por esse emprega-dos na execuo do projeto. [1][2] Embora seus defenso-res neguem conexes a questes religiosas, quase sempreenfatizando-o como imbudo de carter puramente cient-co, o Desenho Inteligente em raiz uma forma modernado tradicional argumento teleolgico para a existncia deDeus, modicado para evitar especicaes sobre a natu-reza ou identidade do criador[3] A ideia foi desenvolvidapor um grupo de criacionistas americanos que reformula-ram o argumento em face controvrsia da criao versusevoluo para contornar a legislao americana proibindoo ensino de criacionismo como cincia.[4][5][6] Seus prin-cipais defensores, todos eles associados ao Discovery Ins-titute, sediado nos Estados Unidos,[7][8] acreditam que ocriador o Deus do cristianismo.[9][10] Segundo eles, suapesquisa anloga de detetives que, diante de uma pes-soa morta, buscam sinais de que aquele evento no foiacidental (ou que isto , de fato, impossvel), indicandoque h um assassino. Os pesquisadores buscam nomundonatural - e principalmente em estruturas biolgicas - si-nais de planejamento, funcionalidade e propsito. Assu-mindo a veracidade da premissa, tais pesquisadores ale-gam que, se os detetives concluem inequivocamente queh um criminoso mesmo sem conhecer os motivos que oimpeliram ou saber quem ele , eles tambm podem con-cluir que h uma criao sem dispor de dados adicionaissobre o criador. A pesquisa se foca na busca por evidn-cias biolgicas favorveis e no nas conseqncias de to-das as descobertas.[11] Defensores da criao inteligentealegam que ela seja uma teoria cientca,[12] e buscamfundamentalmente redenir a cincia para que a mesmaaceite explicaes sobrenaturais.[13]

    O consenso da comunidade cientca de que acriao inteligente no cincia, mas na verdadepseudocincia.[14][15][16][17] A Academia Nacional de Ci-ncias dos Estados Unidos j declarou que o criacio-nismo, design inteligente e outras alegaes de interven-o sobrenatural na origem da vida no so cincias por-que elas no podem ser testadas por mtodos cient-cos.[18] A Associao de Professores de Cincias dos Es-tados Unidos e a Associao Americana para o Avanoda Cincia a classicaram como pseudocincia. [19] A

    Sociedade Brasileira de Gentica publicou ocialmenteque no h qualquer respaldo cientco no design inteli-gente e outras teorias criacionistas, explicando que estaposio consensual na comunidade cientca.[20]

    O termo criao inteligente originou-se em resposta adeciso judicial de 1987 da Suprema Corte Americanano caso Edwards v. Aguilard que envolveu a separaoda igreja e do estado. [4] Seu primeiro uso signicativoem publicaes foi em Of Pandas and People (SobrePandas e Pessoas), um livro didtico de 1989 publicadocom a inteno de ser usado em aulas de biologia do en-sino mdio. [21] Vrios livros adicionais sobre a criaointeligente foram publicados nos anos de 1990. Na me-tade da dcada de 1990, defensores da teoria comearama se aglomerar ao redor do Discovery Institute e a de-fender mais publicamente sua incluso no currculo daescola pblica. [22] Com o Discovery Institute e seu "Cen-ter for Science and Culture" (Centro para Cincia e Cul-tura) servindo como alicerce central no planejamento e -nanciamento, o movimento da criao inteligente cres-ceu signicativamente em publicidade no nal da dcadade 1990 e no incio de 2000, culminando no julgamentode Dover, em 2005, que contestou o ensino intencionalda criao inteligente em salas de cincias do sistema p-blico de ensino.[7]

    No caso Kitzmiller v. Dover Area School District, umgrupo de pais de estudantes do ensino mdio contesta-ram a exigncia de um distrito escolar pblico para queprofessores apresentassem a criao inteligente em aulasde biologia como uma explicao alternativa para a ori-gem da vida. O Juiz Distrital Americano John E. JonesIII sentenciou que a criao inteligente no cincia, eque no pode se desacoplar de seus antecedentes cria-cionistas, e consequentemente religiosos e concluiu quea promoo da ideia da criao inteligente realizada pelodistrito escolar violava a Clusula de Estabelecimento daPrimeira emenda da constituio dos Estados Unidos daAmrica.[23]

    1 Viso geralO termo design inteligente comeou a ser usado aps asentena de 1987 da Suprema Corte Americana no casoEdwards v. Aguillard que decidiu que a exigncia de en-sinar a Cincia da Criao ao lado da evoluo era umaviolao da Clusula de Estabelecimento, que probe aajuda estatal religio. No caso Edwards, a SupremaCorte tambm havia decidido que ensinar uma varie-

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  • 2 2 ORIGENS DO CONCEITO

    dade de teorias cientcas sobre as origens da humani-dade para estudantes pode ser validamente feito com aclara inteno secular de melhorar a efetividade da ins-truo cientca.[24] Em esboos do livro didtico de ci-ncia criacionista Of Pandas and People, praticamentetodas as derivaes da palavra criao, como cria-cionismo, foram substitudas com as palavras designinteligente.[21] O livro foi publicado em 1989, seguidopor uma campanha promovendo-o para ser usado no en-sino do design inteligente em classes de biologia do ensinomdio do sistema pblico.[25]

    Amesma sentena judicial da Suprema Corte inuenciouo jurista aposentado Phillip E. Johnson, em seu livro de1991 Darwin on Trial (Darwin no banco dos rus), adefender a redenio da cincia para que a mesma per-mitisse alegaes de criao sobrenatural.[26] Um grupoincluindo Michael Behe, Stephen C. Meyer e WilliamDembski juntou-se a Johnson com o objetivo de derrubaro naturalismo metodolgico do mtodo cientco (queele descreveu como "materialismo") e o substitu-lo como realismo testa atravs do que foi subsequentementechamado de "estratgia da cunha" (wedge strategy).[27]Behe contribuiu para a reviso de 1993 do livro OfPandas and People, criando os alicerces das ideias queele posteriormente nomearia de "complexidade Irredut-vel".[28] Em 1994 Meyer contatou o Discovery Institute,e no ano seguinte eles obtiveram nanciamento para criaro Centro para a Renovao da Cincia e Cultura, com opropsito de promover a busca do movimento do designinteligente por apoio poltico e pblico para o ensino dodesign inteligente como uma alternativa a evoluo ba-seada na criao, particularmente nos Estados Unidos.[22]

    O design inteligente apresentado como uma alternativas explicaes naturais para a origem e diversidade davida. Ela se situa em oposio cincia biolgica conven-cional, que depende do mtodo cientco para explicar avida atravs de processos observveis como mutaes ea seleo natural.[29][30] O propsito declarado do designinteligente o de investigar se as evidncias empricasexistentes implicam ou no que a vida na Terra preci-sou ser concebida por um agente ou agentes inteligentes.William Dembski, um dos principais defensores do de-sign inteligente, j armou que a alegao fundamentaldo design inteligente que existem sistemas naturais queno podem ser adequadamente explicados em termos deforas naturais no-direcionais e que exibem caracters-ticas que em qualquer outra circunstncia ns atribuira-mos inteligncia. [31] No manifesto do Discovery Ins-titute que vazou para a mdia e cou conhecido como o"Documento da Cunha" (Wedge Document), entretanto,era dito aos defensores do movimento que:

    Ns estamos crescendo nesse momentum,aumentando a cunha com uma alternativa ci-entca positiva s teorias cientcas materi-alistas, que veio a ser conhecida como a teo-ria do design inteligente. A teoria do Design

    promete reverter a dominncia sufocante da vi-so de mundo materialista, e a substitu-la comuma cincia consoante a convices testas ecrists.[32][33]

    Defensores do Design Inteligente procuram porevidncias do que eles chamam de sinais de intelign-cia": propriedades fsicas de um objeto que apontampara um projetista (designer) (veja: argumento teleo-lgico). Por exemplo, defensores do design inteligenteargumentam que um arquelogo que encontra uma est-tua feita de pedra em um campo pode justicavelmenteconcluir que a esttua foi projetada, e pode sensata-mente tentar identicar o conceptor. O arquelogono estaria, entretanto, justicado ao fazer a mesmaalegao baseado em um pedregulho irregular do mesmotamanho. Defensores do design inteligente argumentamque sistemas vivos apresentam grande complexidade, apartir do que eles podem inferir que alguns aspectos davida so projetados.Eles tambm armam que embora as evidncias que pos-sam apontar para a natureza de uma causa ou agente in-teligente possam no ser diretamente observadas, seusefeitos na natureza podem ser detectados. Dembski, emseu livro Signs of Intelligence (Sinais de inteligncia),arma: Defensores do design inteligente consideram-nocomo um programa de pesquisa cientca que investiga osefeitos de causas inteligentes... e no causas inteligentesper se. Em sua opinio, ningum pode testar a identi-dade de inuncias exteriores a um sistema fechado, dedentro do sistema fechado, logo questo relacionadas identidade do designer caem fora do mbito do conceito.Em 20 anos desde que o design inteligente foi formulado,nenhum teste rigoroso que possa identicar os alegadosefeitos foi proposto.[34][35] Nenhum artigo apoiando o de-sign inteligente j foi publicado em peridicos cient-cos revisados por pares, e nem o design inteligente jfoi o sujeito de estudo de qualquer pesquisa ou estudocientco.[36]

    2 Origens do conceitoFilsofos vm debatendo h um longo tempo se a com-plexidade da natureza indica a existncia de desig-ner/projetista(s) natural/sobrenatural. Entre os primei-ros argumentos atestados para a existncia de um proje-tista do Universo esto aqueles documentados na losoagrega. No sculo IV a.C., Plato props um "demiurgo"que era bom e sbio como o criador e primeira causa docosmos, em seu tratado Timeu.[37][38] Aristteles tambmdesenvolveu a ideia de um criador-designer do cosmos,frequentemente chamado de Motor Imvel, em seu tra-balho losco Metafsica.[39] Em De Natura Deorum,ou Sobre a Natureza dos Deuses (45 a.C.), Ccero ar-mou que o poder divino deve ser encontrado no princpiode uma razo que permeia toda a natureza.[40]

  • 3O uso dessa linha de raciocnio aplicado a um projetistasobrenatural veio a ser conhecida como o argumento tele-olgico para a existncia de Deus. As formas mais not-veis desse argumento foram expressas no sculo XIII porToms de Aquino em sua obra Suma Teolgica,[41] sendoo design a quinta das cinco provas de Aquino para a exis-tncia de Deus, e porWilliam Paley em seu livro TeologiaNatural (1802).[42] Paley usou a analogia do relojoeiro,que usada at hoje em argumentos relacionados ao de-sign inteligente. No incio do sculo XIX, tais argumen-tos levaram ao desenvolvimento do que era chamado napoca de teologia natural, o estudo da natureza como ummeio para entender a mente de Deus. Esse movimentodeu combustvel a paixo pela coleta de fsseis e outrosespcimes biolgicos, o que eventualmente levou ao de-senvolvimento da teoria da evoluo das espcies pro-posta por Darwin. Um raciocnio similar, postulando umdesigner divino apoiado atualmente por muitos adeptosdo que conhecido como evolucionismo testa, que con-sideram a cincia moderna e a teoria da evoluo com-pletamente compatveis com o conceito de um designersobrenatural.O design inteligente no nal do sculo XX e no incio doXXI pode ser visto como um desenvolvimento modernoda teologia natural que busca mudar as bases da cinciae minar a teoria evolucionria.[43][44][45] Uma vez que ateoria da evoluo expandiu-se para explicar mais fen-menos, os exemplos que eram usados como evidnciasdo design mudaram ao longo dos anos. Mas o argumentoessencial permanece o mesmo: sistemas complexos im-plicam um designer. Exemplos oferecidos no passado in-cluem o olho (sistema ptico) e asas com penas; exem-plos contemporneos so em sua maioria bioqumicos:funes de protenas, coagulao sangnea, e o agelobacteriano (veja Complexidade Irredutvel).Barbara Forrest descreve o movimento do design inte-ligente sendo iniciado em 1984 quando a organizaode Jon A. Buell, a Foundation for Thought and Ethics(FTE) (Fundao para o Pensamento e tica) publicouTheMystery of Lifes Origin (OMistrio da Origem daVida) por criacionista Charles B. Thaxton.[46] Em marode 1986 uma crtica literria de Stephen C. Meyer des-creveu o livro dizendo que o mesmo usava a teoria da in-formao para sugerir que as mensagens transmitidas porDNA na clula mostram complexidade especicada,especicada por uma inteligncia, precisando assim teruma origem com um agente inteligente.[47] Em novembrodo mesmo ano, Thaxton descreveu seu raciocnio comouma forma mais sosticada do argumento de Paley a par-tir do design.[48] Na conferncia "Sources of InformationContent in DNA" de 1988 ele disse que sua viso de umacausa inteligente era compatvel tanto com o naturalismometafsico quanto com o supernaturalismo,[49] e o termodesign inteligente surgiu.[50]

    O design inteligente deliberadamente no tenta identi-car ou nomear as especicaes do agente da criao - elemeramente arma que um (ou mais) deve existir. Em-

    bora o design inteligente no nomeie o criador, os lderesdo movimento do design inteligente j armaram que ocriador o Deus cristo.[9][51][32][52][53] Entretanto, a re-lutncia em especicar a identidade do criador em dis-cusses pblicas tem sido um tema de grande debate en-tre defensores e crticos da teoria da criao inteligente.De um lado, defensores sugerem que de fato essa umacaracterstica genuna do conceito; do outro, os crticosarmam que somente uma postura tomada para evitara alienao daqueles que desejam separar a religio doensino da cincia. A sentena judicial no caso Kitzmil-ler v. Dover Area School District concluiu que a segundaposio era o caso.

    3 Origens do termoAntes da publicao do livro "Of Pandas and People" em1989, as palavras design inteligente haviam sido usa-das em vrias ocasies como uma expresso descritivaem contextos que no estavam relacionados com seu usomoderno. A frase design inteligente pode ser encon-trada em uma edio de 1847 da revista Scientic Ame-rican, e em um livro de 1850 escrito por Patrick EdwardDove,[54], e at em uma carta de Charles Darwin da-tada de 1861.[55] A frase foi usada pelo botnico PaleyitaGeorge James Allman em um discurso no encontro anualda Associao Britnica para o Avano da Cincia de1873:

    Nenhuma hiptese fsica fundamentadaem fatos indisputveis chegou a explicar a ori-gem do protoplasma primordial, e, acima detudo, suas propriedades maravilhosas, que fa-zem a evoluo possvel - em hereditariedadee em adaptabilidade, pois essas propriedadesso a causa e no o efeito da evoluo. Para acausa dessa causa ns buscamos em vo entreas foras fsicas que nos cercam, at que se-jamos nalmente compelidos a nos apoiar emuma volio independente, um design inteli-gente distante.'[56]

    A frase pode ser encontrada novamente em Humanism,um livro de 1903 escrito por um dos fundadores dopragmatismo clssico, F.C.S Schiller: No ser poss-vel descartar a suposio de que o processo da evoluopode ser guiado por um design inteligente. Uma deriva-o da frase aparece na Enciclopdia Macmillian de Fi-losoa (Macmillan Encyclopedia of Philosophy, 1976) noartigo intitulado Teleological argument for the existenceof God (Argumento Teleolgico para a existncia deDeus). Descrito sucintamente, o argumento desenrola-se assim: O mundo exibe ordem teleolgica (design,adaptao). Logo, ele foi produzido por um designerinteligente.[57] As frases design inteligente e proje-tado inteligentemente foram usadas no livro Chance ouDesign?" (Acaso ou Design?) de 1979 escrito por James

  • 4 4 CONCEITOS INTEGRAIS

    Horigan [58] e a frase design inteligente foi usada emum discurso de Sir Fred Hoyle de 1982 em sua campa-nha promovendo a panspermia.[59]

    O uso moderno das palavras design inteligente, comoum termo para descrever um campo de inquirimento,inaugurou-se aps a Suprema Corte dos Estados Unidos,no caso de Edwards v. Aguillard (1987), ter decidido ainconstitucionalidade da adio do criacionismo no cur-rculo de aulas de cincia de escolas pblicas. Um rela-trio do Discovery Institute arma que Charles Thaxton,editor de "Of Pandas and People", havia tomado a frasede um cientista da NASA, e pensara Isso exatamenteo que eu preciso, um bom termo de engenheiro.[60]Em esboos do livro mais de cem usos da palavra raizcriao (creation), como criacionismo e cincia dacriao, foram alterados, quase sem exceo, para de-sign inteligente,[21] enquanto que criacionistas foramsubstitudos por proponentes do design (design propo-nents) ou, em um caso, cdesign proponentsists [sic] (umerro realizado por um corretor ortogrco automtico quesubstitua as palavras creationists pelo termo designproponents e acabou unicando-as ao invs de substituira segunda pela primeira).[61] Em 1988 Thaxton organizouuma conferncia intitulada Sources of Information Con-tent in DNA em Tacoma, Washington,[49] e em dezem-bro decidiu usar o termo design inteligente para o seunovo movimento criacionista.[62] Stephen C. Meyer es-tava presente na conferncia, e posteriormente lembrou-se que o termo foi mencionado.[50] O livro Of Pandasand People foi publicado em 1989, e considerado oprimeiro livro sobre o design inteligente,[28][63] e tambmcomo o primeiro lugar onde a frase design inteligenteaparece com seu signicado atual.[64]

    4 Conceitos Integrais

    4.1 Complexidade irredutvelO termo "complexidade irredutvel" foi introduzido pelobioqumico Michael Behe, que o dene como um sis-tema nico composto de vrias partes compatveis queinteragem entre si e que contribuem para sua funo b-sica, onde a remoo de uma das partes faria com que osistema efetivamente cessasse de funcionar.[65]

    Behe usa a analogia de uma ratoeira para ilustrar esse con-ceito. Uma ratoeira consiste de vrios pedaos integran-tes - a base, o pegador, a mola e o martelo - partes queprecisam estar no lugar para que a ratoeira funcione. Aremoo de qualquer um dos pedaos destri a funoda ratoeira. Defensores do design inteligente armamque a seleo natural no poderia criar sistemas irredu-tivelmente complexos, porque a funo seletiva s estpresente quando todas as partes esto montadas juntas.Behe argumenta que mecanismos biolgicos irredutivel-mente complexos incluem o agelo bacteriano da E.coli,a cascata da coagulao do sangue, o clio, e o sistema

    Gancho

    Juno

    Gorro

    Filamento

    Membranaexterna

    Membranainterna

    Parede celularEspao

    peri-plasmtico Estator

    Bainha

    Aparato exportadorde protenas tipo III

    Anel-MS(rotor)

    Anel-C(chave reguladora)

    Anel-L

    Anel-P

    Detalhe do mecanismo presente em um agelo celular.Para os defensores do Design Inteligente, algumas estruturas bi-olgicas no podem ser explicadas pela seleo natural.

    imune adaptativo.[66][67]

    Crticos apontam que o argumento da complexidade irre-dutvel assume que as partes necessrias do sistema sem-pre foram necessrias e consequentemente no poderiamter sido adicionadas sequencialmente.[68][69] Argumenta-se que algumas partes que so inicialmente s um poucovantajosas podem posteriormente se tornar necessrias medida que outros componentes mudam. Alm disso,eles argumentam, a evoluo frequentemente procede al-ternando partes preexistentes ou as removendo do sis-tema, ao invs de sempre adicion-las . Isso algumasvezes chamado de objeo do andaime, criando umaanalogia com andaimes, que podem suportar um prdioirredutivelmente complexo at que o mesmo seja com-pletado e possa sustentar a si mesmo.[70] Behe admitiu, terusado uma prosa irregular, e que seu argumento contrao Darwinismo no se sustenta prova lgica.[71] A com-plexidade irredutvel permanece um argumento popularentre defensores do design inteligente; no julgamento deDover, a corte decidiu que A alegao do Professor Behepara a complexidade irredutvel foi refutada em artigosde pesquisa revisados por pares e foi rejeitado pela co-munidade cientca em geral.[72]

    4.2 Complexidade especicada

    Em 1986 o qumico criacionista Charles Taxon usouo termo "complexidade especicada", proveniente dateoria da informao, quando alegava que mensagenstransmitidas pelo DNA na clula eram especicadaspor uma inteligncia, logo originaram-se de um agenteinteligente.[47] O conceito de complexidade especi-cada do design inteligente foi desenvolvido na dcadade 1990 pelo matemtico, lsofo, e telogo WilliamDembski. Dembski armava que quando alguma coisaexibia complexidade especicada (ou seja, complexo

  • 4.3 Universo bem anado 5

    e especicado, simultaneamente), poderamos inferirque ela foi produzida por uma causa inteligente (ou seja,que foi projetada) ao invs de ser o resultado de proces-sos naturais. Ele fornece os seguintes exemplos: Umanica letra do alfabeto especicada sem ser complexa.Uma sentena longa de letras aleatria complexa semser especicada. Um soneto shakespeariano tanto com-plexo quando especicado..[73] Ele arma que detalhesde seres vivos podem ser similarmente caracterizados, es-pecialmente os padres de seqncias moleculares emmolculas biolgicas funcionais como o DNA.

    William Dembski props o conceito de complexidade especi-cada .[74]

    Dembski dene sua informao especicada complexa(IEC) como qualquer coisa com menos de 1 em 10150chance de ocorrer ao acaso (naturalmente). Crticosarmam que isso caracteriza o argumento como umatautologia: informao especicada complexa no podeocorrer naturalmente porque Dembski a deniu assim,logo a verdadeira questo foca-se em saber se as IECsrealmente existem na natureza ou no.[75][76][77]

    A solidez conceitual do argumento da complexidade es-pecicada/IEC de Dembski largamente desacreditadapelas comunidades cientca e matemtica.[78][79][80] Acomplexidade especicada ainda no foi demonstradacomo tendo vastas aplicaes em outros ramos de estudocomo alegado por Dembski. John Wilkins e Wesley Els-berry caracterizam o ltro explanatrio de Dembskicomo eliminativo, porque ele elimina explicaes se-

    quencialmente: primeiro regularidade, depois acaso, enalmente caindo em default para o design. Eles argu-mentam que esse procedimento falho como um modelode inferncia cientca porque a maneira assimtrica comque trata possveis explicaes diferentes o torna pro-penso a tirar falsas concluses.[81]

    Richard Dawkins, outro crtico do design inteligente, ar-gumenta em "Deus, um delrio" que permitir que um de-signer inteligente seja levado em conta para explicar acomplexidade improvvel somente adia o problema, umavez que tal criador teria que ser pelo menos to complexoquanto a coisa criada.[82].Outros cientistas tambm argumentaram que a evoluopor meio da seleo natural mais capacitada para expli-car a complexidade observvel, como evidente pelo usoda evoluo seletiva para projetar a eletrnica de certossistemas automotivos e aeronuticos que so considera-dos problemas complexos demais para os designers in-teligentes humanos[83]. Isto, apesar destes mtodos usa-rem a inteligncia humana para denir a aptido dos re-sultados obtidos tornando o mtodo teleolgico[84][85], ouseja, com um proposito muito bem denido por um de-signer inteligente, anlogo ao argumento teleolgico.

    4.3 Universo bem anado

    Defensores do design inteligente ocasionalmente pro-pem argumentos fora do ramo da biologia, mais nota-velmente um argumento baseado no conceito das cons-tantes universais bem anadas, que tornam possveisa existncia da matria e da vida, e portanto alegandoque as constantes no devem ser solenemente atribudasao acaso (processos naturais). Essas incluem os valoresdas constantes fsicas fundamentais, a fora relativa dasforas nucleares, o eletromagnetismo, a gravidade entrepartculas fundamentais, tambm como as taxas das mas-sas de tais partculas. Defensor do design inteligente e -liado do Centro para Cincia e Cultura, Guillermo Gon-zales argumenta que se qualquer um desses valores fosseat minimamente diferente, o universo seria dramatica-mente diferente, tornando impossvel a formao de mui-tos elementos qumicos e de estruturas caractersticas doUniverso, como galxias.[86] Logo, defensores argumen-tam, um designer inteligente da vida foi necessrio paragarantir que as caractersticas especcas se dessem pre-sentes, caso contrrio a vida seria, em termos prticos,impossvel de ter existido.Embora a alegao seja perfeitamente vivel para a lo-soa (lgica) e pela matemtica (probabilidade), a grandemaioria dos cientistas responde a esse argumento apon-tando que o mesmo no pode ser testado e, consequente-mente, no cienticamente produtivo. Alguns cientis-tas argumentam que mesmo quando tomados como umamera especulao, esses argumentos so parcamente su-portados por evidncias existentes.[87] Victor J. Stengere outros crticos armam que tanto o design inteligente

  • 6 4 CONCEITOS INTEGRAIS

    quanto a forma fraca do princpio antrpico so essencial-mente uma tautologia; em sua opinio, esses argumentosse sustentam na alegao de que a vida capaz de exis-tir porque o Universo capaz de suportar vida.[88][89][90]A alegao da improbabilidade de um universo que ca-paz de suportar vida tambm foi criticada como sendoum argumento pela falta de imaginao por assumir quenenhuma outra forma de vida alm da nossa possvel.A vida como conhecemos poderia no ter existido se asconstantes fossem diferentes, mas uma forma de vida di-ferente poderia ter se formado no nosso lugar. No en-tanto, tal alegao, na mesma proporo da primeira, nopossui uma nica evidncia e, de fato, todas as formasde vidas conhecidas so baseadas em carbono, tornandotal resposta pura especulao e, notadamente, infalsi-vel, da no-cientca. Um nmero de crticos tambmsugere que muitas das variveis apontadas parecem serbem interconectadas e que clculos feitos por matemti-cos e fsicos sugerem que a emergncia de um universosimilar ao nosso bem provvel[91] O notvel de tal ale-gao que a mesma inter-relao entre muitas das va-riveis apontadas tambm utilizada pelos prprios de-fensores do Design Inteligente como uma evidncia pelodesign.[92] Alm disso, a teoria do multiverso comu-mente defendida por cientistas (incluindo Stephen Haw-king e Richard Dawkins[93]) como uma possvel explica-o que refutaria a suposta necessidade de um Criadorpor trs do universo bem denido, alegando que a exis-tncia de vrios universos alm do nosso tornaria extre-mamente possvel que num deles houvesse vida. Defen-sores do DI desconsideram esta hiptese alegando queesta proposta no s no falsivel (da no-cientca),como tambm no possui nenhuma evidncia que a su-porte (ou seja, no passa de especulao imaginativa).Alm do mais, levantaria a questo cosmolgica de comoestes universos teriam surgido (expressado na pergunta oque/quem inventou a 'mquina de produzir universos?'"),voltando ao problema das origens.[94]

    Defensor do design inteligente, Granville Sewell j ar-mou que a evoluo de formas complexas de vida repre-senta uma diminuio da entropia, consequentemente vi-olando a segunda lei da termodinmica e apoiando o de-sign inteligente.[95] Isso, entretanto, uma equivocaodos princpios da termodinmica.[96] A segunda lei da ter-modinmica aplica-se a sistemas fechados somente. Seesse argumento fosse verdadeiro, seres vivos no conse-guiriam crescer, j que isso tambm seria uma diminui-o da entropia. Entretanto, como na evoluo, o cresci-mento de seres vivos no viola a segunda lei da termodi-nmica, porque seres vivos no so sistemas fechados -eles possuem uma fonte externa de energia (por exemplo,comida, oxignio, luz do sol) cuja produo depende deum aumento liquido da entropia.

    4.4 Criador inteligente

    Argumentos a favor do design inteligente so formuladosem termos seculares e intencionalmente evitam identi-car o agente (ou agentes) que eles positam. Embora noarmem que Deus seja o criador, o criador frequente-mente e implicitamente hipotetizado como tendo inter-vindo de uma maneira que somente um deus poderia in-tervir. Dembski, em "The Design Inference" (A Infern-cia do Design), especula que uma cultura aliengena po-deria preencher os requisitos de um designer. A descri-o autoritativa do design inteligente,[97] entretanto, ex-plicitamente arma que o universo demonstra caracters-ticas de ter sido projetado. Reconhecendo o paradoxo,Dembski conclui que nenhum agente inteligente que estritamente fsico poderia ter presidido a origem do uni-verso ou a origem da vida.[98] Os principais defensoresdo design inteligente j zeram declaraes de que elesacreditam que o designer seja o Deus cristo, em con-traste excluso de todas as outras religies.[9][10][51]

    Alm do debate sobre se o design inteligente ou nocientco, um nmero de crticos chegam at a argu-mentar que a evidncia existente torna a hiptese de umdesign bem improvvel, independentemente de seu sta-tus no mundo cientco. Por exemplo, Jerry Coyne, daUniversidade de Chicago, pergunta por que um desig-ner teria nos dado os caminhos para a produo de vi-tamina C, mas ento a destrudo ao desativar uma desuas enzimas e por que ele ou ela no iria empilharilhas ocenicas com rpteis, mamferos, anfbios e guafresca, apesar da adequao de tais ilhas para essas esp-cies. Coyne tambm aponta o fato da ora e a faunadessas ilhas lembram as da terra continental mais pr-xima, mesmo quando os ambientes so bem diferentescomo evidncia de que espcies no foram colocadas lpor um designer.[99] Anteriormente, no livro A CaixaPreta de Darwin, Behe argumentou que ns somos sim-plesmente incapazes de entender os motivos do designer,logo tais questes no podem ser respondidas denitiva-mente. Criaes estranhas poderiam, por exemplo, tersido colocadas l por um designer... por razes artsticas,para se mostrar, por algum motivo prtico ainda no de-terminado, ou por alguma razo desconhecida. Coyneresponde que, luz da evidncia, ou a vida resultou node um design inteligente, mas da evoluo; ou o desig-ner inteligente um brincalho csmico que projeta tudopara que o mesmo parea ter evoludo.[99]

    Assertar a necessidade de um criador para a comple-xidade tambm levanta a seguinte questo de Quemcriou o criador?"[100] Defensores do design inteligentearmam que essa questo irrelevante ou fora do es-copo do design inteligente.[101] Richard Wein contra-argumenta que as perguntas no respondidas que uma te-oria cria precisam ser balanceadas contra o aperfeio-amento de nosso entendimento do que a explicao for-nece. Invocar um ser inexplicvel para explicar a ori-gem de outros seres (ns mesmos) no passa de petio

  • 5.1 Religio e principais defensores 7

    de princpio. A nova questo levantada pela explicao to problemtica quanto a questo que a explicao pre-tende responder.[102] Richard Dawkins v a assertaode que o designer no precisa ser explicado, no comouma contribuio ao conhecimento, mas como um cli-ch exterminador de pensamento.[103][104] Na ausnciade evidncias observveis e mensurveis, a prpria ques-to Quem criou o criador?" leva a uma regresso innitade onde defensores do design inteligente s podem esca-par ao recorrer ao criacionismo religioso ou contradiolgica.[103][105]

    5 Movimento

    O Centro para a Renovao da Cincia e Cultura do DiscoveryInstitute usou banners baseados no afresco "A Criao de Ado"da Capela Sistina. Posteriormente uma imagem menos religiosafoi usada, e o centro foi renomeado para Centro para Cincia eCultura.[106]

    O movimento do design inteligente um rebento di-reto do criacionismo da dcada de 1980.[6] As co-munidades cientca e acadmica, junto com a corteFederal Americana, consideram o design inteligentecomo uma forma de criacionismo ou como um descen-dente direto que estreitamente interligado com o cri-acionismo tradicional;[107][108][109][110] e vrios autoresreferem-se explicitamente a ele como criacionismo dodesign inteligente.[111][112][113]

    O movimento sediado no "Center for Science and Cul-ture" (CSC) ou Centro para Cincia e Cultura em por-tugus, estabelecido em 1996 como o brao criacionistado Discovery Institute para promover seus objetivos re-ligiosos [114] que clamam por amplas mudanas sociais,acadmicas e polticas. As campanhas do design inteli-gente do Discovery Institute ocorrem principalmente nosEstados Unidos, embora esforos tenham sido realiza-dos para promover o DI em outros pases . Os lderesdo movimento armam que o design inteligente expeas limitaes da ortodoxia cientca e da losoa seculardo Naturalismo. Defensores do design inteligente alegamque a cincia no deveria ser limitada ao naturalismo eno deveria demandar a adoo de losoas naturalistasque rejeitam automaticamente qualquer explicao quecontenha causas sobrenaturais (pois o que parece sobre-natural ou milagroso apenas o que ainda no se conhecea causa lgica). O objetivo principal do movimento

    derrotar [a] viso de mundo materialista" representadapela teoria da evoluo em favor de uma cincia conso-ante com convices testas e crists".[115]

    Phillip E. Johnson armou que o objetivo do design in-teligente de lanar o criacionismo como um conceitocientco.[52][116] Todos os principais defensores do de-sign inteligente so liados ou funcionrios do DiscoveryInstitute e o seu Centro para Cincia e Cultura.[117] Prati-camente todos os conceitos do design inteligente e o mo-vimento associado so produtos do Discovery Institute,que guia o movimento seguindo sua estratgia da cunhaenquanto conduz a sua campanha de Ensinar a Contro-vrsia e outros programas relacionados.Alguns dos principais defensores do design inteligentej zeram declaraes conitantes em relao ao designinteligente. Em declaraes voltadas ao pblico em ge-ral, eles armam que o design inteligente no religioso;quando abordando cristos conservadores que apiam omovimento, eles armam que o design inteligente temsuas fundaes na Bblia.[116] Reconhecendo a necessi-dade de apoio, o instituto arma sua orientao crist,evanglica: Juntamente com um foco sobre os forma-dores de opinio inuentes, temos tambm o objetivo deconstruir uma base de apoio popular entre os nosso cir-culo de constituintes, a saber, os cristos. F-lo-emosessencialmente atravs de seminrios apologticos. nossa inteno incentivar e dotar esses crentes com no-vas evidncias cientcas que suportam a f, assim comopopularizar as nossas ideias no mbito mais lato dacultura.[115]

    Barbara Forrest, uma especialista que escreveu extensiva-mente sobre o movimento, liga esse comportamento aosobjetivos ofuscantes do Discovery Institute devido a ra-zes polticas. Ela j escreveu que as atividades do mo-vimento entregam uma verdadeira inteno agressiva esistemtica para promover no somente o criacionismodo design inteligente, mas a viso de mundo religiosa en-trelaada com ele.[118]

    5.1 Religio e principais defensores

    Embora os argumentos do design inteligente sejam for-mulados de maneira secular e intencionalmente evitamapontar a identidade do designer,[119] a maioria dos prin-cipais defensores do design inteligente so cristos e jarmaram no passado que em suas opinies o designer Deus. Phillip E. Johnson, William Dembski, e StephenC. Meyer so evanglicos protestantes; Michael Behe catlico romano; e Jonathan Wells, outro defensor im-portante, um membro da Igreja da Unicao. Johnsonj armou que cultivar ambigidade ao empregar lingua-gem secular em argumentos que so meticulosamente de-senvolvidos para evitar nuanas do criacionismo testa um primeiro passo necessrio para nalmente reintrodu-zir o conceito cristo de Deus como o designer. John-son alerta explicitamente os defensores do design inte-

  • 8 6 CRIANDO E ENSINANDO A CONTROVRSIA

    ligente a esconder suas motivaes religiosas para evitarque o design inteligente seja identicado como outra ma-neira de apresentar a mensagem evanglica crist".[120] ".Johnson enfatiza que a primeira coisa que deve ser feita tirar a Bblia da discusso"; depois que separamos opreconceito materialista do fato cientco [...] somentea assuntos bblicos podem ser discutidos.[121] Apesardisso, existem muitos seculares de direita que passarama defender o design inteligente, apesar de no possuremnenhuma especializao na rea, como o Irving Kristol,de maneira que isso angariasse o apoio dos religiosos aideologia neoconservadora.[122]

    A estratgia de deliberadamente disfarar a inteno re-ligiosa do design inteligente j foi descrita por WilliamDembski em seu livro The Design Inference.[123] Emseu trabalho Dembski lista um deus e uma "fora de vidaaliengena" como duas opes possveis para a identidadedo designer, entretanto, em seu livro Intelligente Design:The Bridge Between Science and Theology, Dembskiarma que Cristo indispensvel para qualquer teoriacientca, mesmo que os praticantes no tenham a m-nima ideia sobre ele. O pragmatismo de uma teoria cien-tca pode, claro, ser perseguido sem se recorrer a Cristo.Mas a solidez conceitual da teoria no m s pode ser lo-calizada em Cristo.[124] Dembski tambm armou queo DI faz parte da revelao geral de Deus [...] No so-mente o design inteligente nos livra dessa ideologia (ma-terialismo), que sufoca o esprito humano, mas, em mi-nha experincia pessoal, eu descobri que abre o cami-nho para pessoas chegarem a Cristo.[125] Tanto Johnsonquanto Dembski citam o evangelho de Joo como a fun-dao do design inteligente.[51][116]

    Barbara Forrest argumenta que tais declaraes revelamque os principais defensores do design inteligente o veemcomo algo essencialmente religioso em natureza, e nosomente como um conceito cientco que apresenta im-plicaes que fortuitamente coincidem com suas crenasreligiosas particulares.[126] Ela escreve que os principaislderes do design inteligente esto intimamente ligadoscom omovimento ultra-conservador reconstrutivista cris-to. Ela lista conexes (atuais e passadas) de liados doDiscovery Institute como Phillip Johnson, Charles Thax-ton, Michael Behe, Richard Weikart, Jonathan Wells eFrancis Beckwith com lderes de organizaes reconstru-tivistas crists, e a extenso do nanciamento fornecidoao Instituto por Howard Ahmanson Jr., uma gura im-portante no movimento reconstrutivista.[127]

    5.2 Pesquisas de opinioVrias pesquisas foram realizadas antes da deciso de de-zembro de 2005 no caso Kitzmiller v. Dover, que bus-cavam determinar o nvel de apoio do design inteligenteentre certos grupos. De acordo com a pesquisa de 2005da Harris Interactive, 10% dos adultos nos Estados Uni-dos viam os seres humanos como to complexos que elesnecessitariam de uma fora poderosa ou inteligncia para

    ajudar em sua criao.[128] E embora as pesquisas reali-zadas pela Zogby e comissionadas pelo Discovery Insti-tute apresentem um maior apoio, elas sofrem de falhasconsiderveis, como ter uma baixa taxa de resposta (248de 16.000), ser conduzida em nome de uma organizaocom um interesse explcito no desfecho da pesquisa, e porconter perguntas viciadas.[129][130][131]

    Uma pesquisa realizada em maio de 2005 com pratica-mente 1500 mdicos nos Estados Unidos, conduzida peloLouis Finkelstein Institute e o HCD Research, mostrouque 63% dos mdicos concordam mais com a evoluodo que com o design inteligente.[132]

    6 Criando e ensinando a controvr-sia

    Uma estratgia chave do movimento do design inteligente o de convencer o pblico em geral de que existe umdebate entre cientistas sobre se a vida evoluiu, para as-sim convencer o pblico, polticos e lderes culturais deque as escolas deveriam ensinar a controvrsia.[133] ODiscovery Institute, instituio que divulga informaessobre o Design Inteligente, publica uma lista[134] de cien-tistas que concordam com a seguinte declarao:

    Somos cticos quanto s alegaes de quea mutao aleatria e a seleo natural so ca-pazes de responder pela complexidade da vida.O exame cuidadoso da evidncia a favor da te-oria darwinista deveria ser encorajado.

    Desse modo tenta demonstrar que um crescente nmerode cientistas tem adquirido coragem para questionar seri-amente a Teoria da Evoluo nos ltimos anos, a lista con-tava com mais de 700 assinaturas em fevereiro de 2007.Em primeiro plano vale ressaltar que a atitude ctica deveser sempre mantida por qualquer cientista, quer trate-sede evoluo, quer trata-se de qualquer hiptese em qual-quer teoria cientca. Todas as ideias em cincia esto emcontnuo e perptuo teste, por fundamento constitutivo dacincia, o que por si s j justica uma resposta positivade qualquer cientista armao proposta. Assumindo-se uma acepomais radical ao termo ctico na armaoproposta, oponentes do design inteligente ainda fazem no-tar que menos da metade da lista de bilogos evoluci-onrios o tipo de cientista que estaria familiarizadocom as questes subjacentes e apto a se pronunciar comautoridade sobre o assunto. A declarao em si, apesardo que pode parecer ao pblico leigo, no constitui umaforte oposio (a rigor no constitui oposio) evoluoe poderia conforme proposta muito bem ser assinada porgrande parte dos bilogos evolucionrios: em geral elesconcordam que a mutao e a seleo natural no res-pondem sozinhos pela complexidade da vida, havendocontribuio de outrosmecanismos naturais, a exemplo

  • 9seleo sexual; e a meno ao exame cuidadoso da evi-dncia apenas uma descrio da atitude prossional queos cientistas devem sempre ter. Alm disso, armar talceticismo diante de tamanha quantidade de fatos con-vergentes com os quais conta a evoluo sem apresentarsequer uma evidncia contraditria aos moldes das vli-das em estudos cientcos (vericveis) no abala cienti-camente em nada a Teoria da Evoluo.E para demonstrar como insignicante o nmero de as-sinaturas do documento publicado pelo Discovery Insti-tute, foi feita uma pardia recolhendo assinaturas de ci-entistas que aceitam a Evoluo e se chamam Steve, de-nominado Project Steve. Foram recolhidas mais de 1100assinaturas, apenas de cientistas com esse nome.[135] Ou-tro projeto recolhe assinaturas de padres, pastores, e cl-rigos que aceitam a Evoluo, a lista j tem mais de 12000 assinaturas.[136][137]

    Entretanto, tal debate no existe dentro da comuni-dade cientca; o consenso cientco de que a vidaevoluiu.[138][139][140] O design inteligente majoritaria-mente visto como um pretexto para a campanha de seusdefensores contra a fundao materialista da cincia, quena concepo do movimento no deixa espao para a pos-sibilidade de Deus.[141][142]

    Defensores do design inteligente buscam manter Deus ea Bblia fora da discusso, e apresentam o design inteli-gente na linguagem da cincia, como uma hiptese cien-tca. Entretanto, entre o pblico em geral nos EstadosUnidos, as preocupaes principais so se a biologia evo-lucionria convencional ou no compatvel com a B-blia, e sobre o que ensinado nas escolas. A controvrsiapblica recebeu uma grande cobertura da mdia ameri-cana, particularmente durante o julgamento de Kitzmillerv. Dover em 2005. Uma cobertura proeminente da con-trovrsia pblica foi realizada pela revista Time com ahistria Evolution Wars (Guerras da Evoluo), em 15de agosto de 2005. A capa da reportagem faz a seguintepergunta: Deus tem um lugar na aula de cincia?"[143] Adeciso eventual da corte determinou que o design inteli-gente era uma posio religiosa e criacionista, e respon-deu a pergunta apontada pela revista Time com uma rmenegativa, concluindo que Deus e o design inteligente eramambos distintos do material que deve ser mencionado emsalas de aula de cincia.[5]

    A cincia emprica usa o mtodo cientco para criar co-nhecimento a posteriori baseado em observaes factu-ais vericveis e nos testes de hipteses propostas comoexplicao, dando origem s teorias. Em essncia os de-fensores do design inteligente design buscam mudar essabase fundamental da cincia[144] ao eliminar o natura-lismo metodolgico da cincia[145] e o substitu-lo como que o lder do movimento do design inteligente, PhillipE. Johnson, chama de realismo testa.[146] Alguns de-nominam essa abordagem como supernaturalismo me-todolgico, que signica uma crena em uma dimen-so no-natural, transcendente habitada por uma deidade

    no-natural e transcendente.[147] Defensores do designinteligente argumentam que explicaes naturalistas fa-lham ao tentar explicar certos fenmenos e que as ex-plicaes sobrenaturais fornecem uma explicao sim-ples e intuitiva para a origem do universo e da vida.[148]Defensores alegam que a evidncia para isso existe naforma da complexidade Irredutvel e da complexidade es-pecicada, que no podem ser explicadas por processosnaturais.[1]

    Apoiadores do Design Inteligente tambm defendem quea neutralidade religiosa exige o ensino tanto da evoluoquanto do design inteligente, armando que ensinar so-mente a evoluo injustamente discrimina contra aquelesque possuem crenas criacionistas. Ensinar ambas, elesargumentam, permite a possibilidade de crenas religio-sas, sem fazer com que o estado realmente promova taiscrenas. Muitos seguidores do design inteligente acredi-tam que o "Cienticismo" em si uma religio que pro-move o secularismo e o materialismo em uma tentativade apagar o tesmo da vida pblica, e eles vem o seutrabalho na promoo do design inteligente como umamaneira de retornar a religio ao seu papel central naeducao e em outras esferas pblicas. Alguns acredi-tam que esse debate mais amplo frequentemente o sub-texto para argumentos feitos sobre o design inteligente,embora outros notam que o design inteligente serve comoum representante para as crenas religiosas de defensoresproeminentes do design inteligente em seus esforos paraavanar seus pontos de vista religiosos na sociedade emgeral.[149][150][151]

    De acordo com crticos, o design inteligente no conse-guiu apresentar um caso cientco crvel e uma tentativade ensinar religio nas escolas pblicas, algo que a Cons-tituio dos Estados Unidos probe devido a Clausula deEstabelecimento. Eles alegam que o design inteligentesubstituiu a pesquisa cientca pelo apoio popular.[152]Alguns crticos armam que se fossemos dar tempoigual para todas as teorias de verdade, no haveria li-mite lgico para o nmero de teorias potenciais quepoderiam ser ensinadas no sistema pblico de ensino, in-cluindo at pardias do design inteligente como a teoriado Monstro de Espaguete Voador. Existem inmeras ex-plicaes sobrenaturais mutuamente incompatveis paraa complexidade, e o design inteligente no fornece ummecanismo para discriminar entre elas. Alm disso, umproblema fundamental da aceitao do design inteligentecomo cincia que as alegaes do design inteligente nopodem ser testadas.[153]

    Crticos apontam que os defensores do design inteligenteno podem legitimamente inferir que o designer inteli-gente est por trs de partes de um processo que no cienticamente compreendido, uma vez que eles no evi-denciaram que um evento sobrenatural de fato ocorreu.A inferncia de que um designer inteligente criou a vidana Terra, algo que o defensor do designWilliam Dembskidefendeu como podendo ser uma fora de vida et, j foicomparada com a alegao a priori de que ets ajudaram

  • 10 6 CRIANDO E ENSINANDO A CONTROVRSIA

    os antigos egpcios a construrem as pirmides.[154][155]Em ambos os casos, os efeitos dessa inteligncia alien-gena no so passveis de repetio, no so observveisou falseveis, e violam o princpio da parcimnia. De umponto de vista estritamente emprico, algum pode listaro que conhecido sobre as tcnicas de construo egp-cia, mas tambm se precisa admitir ignorncia acerca damaneira exata de como os egpcios construram as pir-mides.Defensores do design inteligente vm tentando buscarapoio de outros grupos religiosos com relatos similaresde criao na esperana de que essa coalizo mais amplater maior inuencia em apoiar uma educao cientcaque no contradiga suas crenas religiosas. Muitos gru-pos religiosos responderam a essa ao expressando seuapoio a evoluo. A Igreja Catlica j declarou que af religiosa completamente compatvel com a cincia,que limitada a lidar somente com o mundo natural[156]-uma posio conhecida como evolucionismo testa.[157]Alm de apontarem que o design inteligente no ci-ncia, elas tambm o rejeitam por vrias razes los-cas e teolgicas.[158][159] Os argumentos do design inte-ligente tambm j foram criticados por mais de 10.000clrigos que assinaram o Clergy Letter Project (ProjetoCarta do Clrigo). Cientistas proeminentes que expres-sam crenas religiosas, como o astrnomo George Coynee o bilogo KenMiller, tem sido a vanguarda da oposiocontra o design inteligente. Enquanto que organizaescriacionistas tm agradecido o apoio do design inteligentecontra o naturalismo, elas tambm criticam a recusa deidenticar o designer,[160][161][162] e j apontaram para asfalhas anteriores do mesmo argumento.[163]

    6.1 Denindo a cinciaO mtodo cientco um corpo de tcnicas para a inves-tigao de fenmenos e obteno de novo conhecimentosobre o mundo natural sem assumir a existncia ou ano-existncia do sobrenatural, uma abordagem algumasvezes chamada de naturalismo metodolgico. Defen-sores do design inteligente acreditam que essa aborda-gem possa ser equalizada com o naturalismo metafsicomaterialista, e frequentemente alegam no somente quesua prpria abordagem cientca, mas que seja aindamais cientca que a evoluo, e por isso eles querem re-denir a cincia como um reavivamento e ressurgimentoda teologia natural ou da losoa natural para permitirteorias no-naturalistas como o design inteligente.[164]Essa situao apresenta um problema de demarcao,algo que na losoa da cincia consiste em como e ondemarcar as bordas ao redor da cincia.[165] Para que umateoria qualique-se como cientca,[166][167][168] se esperaque a mesma seja:

    Consistente Parcimoniosa (econmica em suas entidades pro-postas ou nas explicaes, veja Navalha de Ockham)

    til (descreve e explica fenmenos observveis, epode ser usada para predizer outros fenmenos)

    Empiricamente testvel e falsevel (vejafalseabilidade)

    Baseada emmltiplas observaes, normalmentena forma de experimentos controlados passveis derepetio.

    Sempre corroborada por nmero satisfatrio defatos vericveis (esses contudo no necessaria-mente reprodutveis).

    Passvel de correo e dinmica ( modicada emluz de novas evidncias ou observaes que no asuportem)

    Progressiva (rena teorias anteriores) Provisional ou tentativa (est aberta a experimen-tos que a testem, e no que armem a certeza damesma)

    Para que qualquer teoria, hiptese ou conjectura seja con-sidera cientca, ela precisa passar pela maioria, e ideal-mente em todos os critrios listados acima. Quanto me-nos critrios so atendidos, menos cientca ela ; e seela no passa pelos indispensveis (entre eles a corrobo-rao por fatos vericveis e falseabilidade de todas assuas ideias; ver problema da demarcao) ou no passaem nenhum, ento no pode ser tratada como cientcaem qualquer sentido signicativo da palavra. Tpicas ob-jees a alegao de que o design inteligente uma cin-cia so sua falta de consistncia,[169] violao do princ-pio da parcimnia,[170] no cienticamente til,[171] no falsevel,[172] no passvel de teste emprico,[173] no passvel de correo, no dinmica, ou tentativa ouprogressiva.[174][175][176]

    Crticos tambm armaram que a doutrina do design inte-ligente tambm no passa nos critrios do Daubert Stan-dard (Padro Daubert),[177] o critrio para evidncias ci-entcas exigido pela Suprema Corte dos Estados Unidos.O Daubert Standard governa que tipo de evidncias po-dem ser consideradas cientcas em uma corte federaldos Estados Unidos e na maioria das cortes estaduais.Seus quatro critrios so:

    Os alicerces tericos do mtodo precisam sustentarpredies passveis de teste por meios pelos quais ateoria possa ser falseada.

    Osmtodos devem ser publicados de preferncia emperidicos revisados por pares

    Deve haver uma taxa conhecida de erro para serusada na avaliao dos resultados.

    Os mtodos devem ser amplamente aceitos dentroda comunidade cientca relevante.

  • 6.2 Reviso por pares 11

    No caso Kitzmiller v. Dover Area School District de2005, usando os critrios acima entre outros, o Juiz Jo-nes concordou com os querelantes, decidindo que nsabordamos as questes seminais de se DI cincia. Econclumos que ela no , e, alm disso, que o DI nopode desaclopar-se de seus antecedentes criacionistas, econseqentemente religiosos.

    6.2 Reviso por paresA falha em seguir os procedimentos do discurso cientcobem como a falha em submeter trabalhos comunidadecientca que se sustentem contra escrutnio tem pesadocontra a aceitao do design inteligente como uma cinciavalida.[178] At hoje, o movimento do design inteligenteno obteve publicaes de artigos em um peridico cien-tco revisado por pares.[8][178]

    O design inteligente, ao apelar para um agente sobrena-tural, diretamente entra em conito com os princpiosda cincia, que limita seus inquirimentos a dados em-pricos observveis e nalmente testveis, que requeremque explicaes sejam baseadas em evidncias empri-cas. Dembski, Behe e outros defensores do design in-teligente armam que o preconceito da comunidade ci-entca o responsvel pelo fracasso da publicao desuas pesquisas. Defensores do design inteligente acredi-tam que seus escritos so rejeitados por no se confor-marem a mecanismos no-naturais e puramente natura-lsticos ao invs de serem rejeitados por no estarem ap-tos aos padres de peridicos cientcos, tendo assimo mrito de seus artigos subestimados. Alguns cientis-tas descrevem essa alegao como uma teoria da conspi-rao.[179] Michael Shermer crtica a alegao, notandoque Qualquer pessoa que acha que cientistas no questi-onam oDarwinismo nunca foi a uma conferncia evoluci-onria. Ele cita que cientistas como Joan Roughgarden eLynn Margulis j desaaram certas teorias Darwinistas eofereceram suas prprias explicaes e apesar disso elesno foram perseguidos, ostracizados, despedidos e nemexpulsos. Por qu? Porque eles estavam fazendo cincia,no religio.[180] A questo de que explanaes sobrena-turais no se conformam com omtodo cientco tornou-se um ponto principal para o design inteligente na dcadade 1990, sendo comentado na estratgia da cunha comoum aspecto da cincia que precisa ser desaado antes queo design inteligente possa ser aceito por uma grande parteda comunidade cientca.O debate sobre se o design inteligente produz novas pes-quisas, como qualquer ramo cientco deve fazer, e setentou legitimamente publicar suas pesquisas, extre-mamente controverso. Tanto crticos quanto defensoresapresentam inmeros exemplos para sustentarem seus ca-sos. Por exemplo, A Templeton Foundation, uma ex-nanciadora do Discovery Institute e uma das principaispatrocinadoras de projetos que buscam reconciliar cin-cia e religio, armou que pediu aos defensores do de-sign inteligente que enviassem propostas para pesquisas,

    mas nenhuma foi enviada. Charles L. Harper Jr., vice-presidente da fundao, disse que: Do ponto de vista dorigor e seriedade intelectual, o pessoal do design inteli-gente no se sai muito bem em nosso mundo da revisocientca.[181]

    O nico artigo publicado em um peridico cientco revi-sado por pares que apresentava um caso a favor do designinteligente foi escrito pelo Diretor do Centro para Cincia& Cultura do Discovery Institute Stephen C. Meyer. Elefoi publicado no peridico Proceedings of the BiologicalSociety of Washington em agosto de 2004, na poca or-ganizado pelo editor Richard Sternberg.[182] O artigo foiuma reviso bibliogrca, o que signica que no apre-sentava pesquisas novas, mas ao invs disso citaes se-lecionadas e alegaes de outros artigos para argumen-tar que a Exploso cambriana no poderia ter ocorridoatravs de processos naturais. Alm do artigo ter sidorapidamente retirado pela editora por ter circunavegadoas exigncias do peridico, o lugar de sua publicao foiconsiderado problemtico, pois seu assunto amplamentedesviava-se do escopo do peridico (veja Controvrsia dareviso por pares de Sternberg).[183][184] Dembski escre-veu que talvez a melhor razo [para ser ctico em re-lao a suas ideias] que o design inteligente ainda nose estabeleceu como um prospero programa de pesquisacientca.[185] Ainda assim, Sternberg armou que todosos protocolos para uma publicao deste tipo foram rigo-rosamente seguidos. E que seguindo a exposio do casona mdia ele foi constantemente molestado e pressionadoa sair de sua posio no Museu Nacional de Histria Na-tural do Instituto Smithsoniano. Ele declarou:

    Em suma, est claro que fui alvo de retali-ao e molestamento explicitamente porque fa-lhei em seguir uma regra no escrita no meupapel como editor de um peridico cientco:eu supostamente deveria ser o guardio, expul-sando explicaes impopulares, controversas ouconceitualmente desaadoras para fenmenosnaturais intrigantes. Em lugar disso, eu per-miti que um artigo cientco criticando o Neo-Darwinismo fosse publicado, e isso foi conside-rado uma heresia imperdovel. [186]

    Respondendo as alegaes de Sternberg, seu supervisorno Smithsonianm, Jonathan Coddington, repondeu publi-camente, disputando a verso dos eventos de Sternberg.Coddington armou que Sternberg no fora demitido, eque nem era um empregado remunerado do Smithsonian.Ele no foi alvo de discriminao e permaneceu servindono museu at a poca da controvrsia.[187]

    Em uma entrevista em 2001, Dembski armou que paroude enviar seus trabalhos a peridicos cientcos em razoda lerdeza da publicao, preferindo publicar livros quegeram renda e permitem uma exposio maior de suasideias.[188]

    No julgamento de Dover, o juiz concluiu que o design in-

  • 12 6 CRIANDO E ENSINANDO A CONTROVRSIA

    teligente no apresenta pesquisas ou testes cientcos.[36]Durante o caso, defensores do design inteligente citaramapenas um artigo, sobre modelao situacional por Behee Snoke, que no menciona a complexidade irredutvelnem o design inteligente, e que Behe admitiu que no eli-minava mecanismos evolucionrios.[36] Durante seu de-poimento, entretanto, Behe declarou: No existem arti-gos publicados revisado por pares que defendam o designinteligente com clculos ou experimentos pertinentes queforneam relatos detalhados e rigorosos de como o designinteligente de qualquer sistema biolgico ocorreu.[189]Como resumido pelo juiz do caso Dover, Behe admitiuque no existem artigos revisados por pares que apiemas alegaes do design inteligente ou da complexidadeirredutvel. Em sua deciso, o juiz escreveu: Um indi-cador nal de como o DI falhou ao demonstrar garantiacientca a completa falta de publicaes revisadas porpares que apiem a teoria.[178]

    Apesar disso, o Discovery Institute continua a insistirque um nmero de artigos foram publicados em peridi-cos cientcos,[190] incluindo em sua lista o mencionadoacima. Crticos, em sua maioria membros da comuni-dade cientca, rejeitam essa alegao, notando que ne-nhum peridico cientco estabelecido publicou um ar-tigo sobre o design inteligente. Ao invs disso, defenso-res do design inteligente criaram seus prprios peridicoscom reviso por pares que pecam pela falta de impar-cialidade e rigor,[191] consistindo inteiramente de defen-sores do design inteligente.[192]

    6.3 Inteligncia como uma qualidade ob-servvel

    A expresso design inteligente supe uma alegada qua-lidade objetiva de uma inteligncia observvel, um con-ceito que no possui uma denio de consenso cient-co. William Dembski, por exemplo, j escreveu que[a] inteligncia deixa para trs uma assinatura caracte-rstica. As caractersticas da inteligncia so assumidaspelos defensores do design inteligente como observveismesmo sem especicar exatamente quais os critrios demedio que deveriam ser usados. Dembski, ao invsdisso, arma que em cincias especiais indo da medicinalegal a arqueologia at ao SETI (sigla em ingls para Se-arch for Extra-Terrestrial Intelligence, que signica Buscapor Inteligncia Extraterrestre), o apelo para uma inteli-gncia criadora indispensvel.[193] Como esse apelo feito e como ele implica a denio de inteligncia sotpicos que ainda no foram respondidos. Seth Shostak,um pesquisador do Instituto SETI, critica a comparaode Dembski entre o SETI e o design inteligente, dizendoque defensores do design inteligente baseiam suas infe-rncias de design na complexidade sendo o argumentoa alegao de que alguns sistemas biolgicos so com-plexos demais para terem sido formados por processosnaturais enquanto os pesquisadores do SETI esto pri-mariamente em busca de articialidade.[194]

    Crticos armam que os mtodos de deteco propostospelos defensores do design inteligente so radicalmentediferentes das deteces de design convencionais, e as-sim debilitam os elementos chave que tornariam o de-sign inteligente possvel como cincia legtima. Defen-sores do DI propem tanto a busca por um designer semqualquer conhecimento acerca de suas habilidades, par-metros ou intenes (o que cientistas sabem ao procurarpor resultados da inteligncia humana), quanto a nega-o da distino essencial entre o design natural/articialque permite aos cientistas comparar artefatos de designcomplexo contra o pano de fundo da complexidade en-contrada na natureza.[195]

    Como uma forma de criticismo, certos cticos apontampara um desao ao design inteligente derivado dos es-tudos da inteligncia articial. A crtica um contra-argumento contra as armaes acerca do que faz um de-sign inteligente, especicamente a de que nenhum dis-positivo pr-programado pode ser realmente inteligente,e a inteligncia irredutvel a processos naturais.[196]Essa armao similar a um tipo de suposio relaci-onada ao dualismo cartesiano, que defende uma separa-o estrita ente a mente e o Universo material. En-tretanto, em estudos de inteligncia articial, enquantoainda existe uma suposio implcita que a suposta inte-ligncia ou criatividade de um programa de computador determinada pelas capacidades dadas a ele pelo pro-gramador, a inteligncia articial no precisa necessari-amente car presa a um sistema de regras inexvel. Aoinvs, se um programa de computador tem a capacidadede acessar a aleatoriedade como uma funo, isso permiteefetivamente uma inteligncia exvel, criativa e adapta-tiva. Algoritmos evolutivos, um sub-ramo de aprendiza-gem de mquinas (sendo esse um sub-ramo da intelign-cia articial), so usados para demonstrar matematica-mente que a aleatoriedade e a seleo podem ser usadaspara evoluir estruturas complexas, altamente adaptati-vas que no so explicitamente projetadas pelo progra-mador. Algoritmos evolucionrios usam uma metforadarwiniana de mutao aleatria, seleo e sobrevivn-cia dos mais aptos para resolver problemas cientcose matemticos distintos que normalmente so insolveisusando mtodos de resoluo convencionais. Intelign-cia derivada da aleatoriedade essencialmente indistin-guvel da inteligncia inata associada a organismo bio-lgicos, e portanto apresenta uma objeo a concepodo design inteligente que arma que a inteligncia emsi requer necessariamente um designer. A cincia cog-nitiva continua a investigar a natureza da inteligncia aolongo dessas linhas de inquirimento. A comunidade dodesign inteligente, na maior parte do tempo, se apia nopressuposto de que a inteligncia facilmente perceptvelcomo uma propriedade fundamental e bsica de sistemascomplexos.[197]

  • 13

    6.4 Argumentos da ignornciaEugenie Scott, junto a Glenn Branch e outros crticos,argumentam que muitos pontos levantados pelos defen-sores do design inteligente so argumentos da ignorn-cia.[198] Na falcia lgica do argumento da ignorncia, afalta de evidncia para uma proposio erroneamenteargumentada como prova para a exatido de outra propo-sio. Scott e Branch armam que o design inteligente um argumento da ignorncia porque ele se sustenta nafalta de conhecimento para gerar suas concluses: na faltade explicaes naturais para certos aspectos especcosda evoluo, assume-se uma causa inteligente. Eles sus-tentam que a maioria dos cientistas explicariam que o queno explicado no inexplicvel, e que ns no sabe-mos ainda uma resposta bem mais apropriada do queinvocar uma causa fora da cincia.[198] Particularmente,a demanda de Michael Behe por explicaes cada vezmais detalhadas da evoluo histrica de sistemas mo-leculares parece supor uma falsa dicotomia, onde a evo-luo ou o design inteligente a explicao apropriada,e qualquer aparente falha da evoluo se torna uma vit-ria para o design. Em termos cientcos, a ausncia deevidncia no evidncia de ausncia de explicaes na-turais para caractersticas observveis de organismos vi-vos. Scott e Branch tambm argumentam que as supostasnovas contribuies propostas pelos defensores do designinteligente no serviram de base para nenhuma pesquisacientca produtiva.O design inteligente tambm j foi classicado como umargumento do Deus das lacunas, que segue a seguinteforma:

    Existe uma lacuna no conhecimento ci-entco

    A lacuna preenchida com atos de Deus(ou um designer inteligente) e, portantoprova a existncia de Deus (ou do desig-ner inteligente).

    O argumento do deus das lacunas a verso teolgicado argumento da ignorncia. Uma caracterstica chavedo argumento que ele meramente responde ques-tes impressionantes com explicaes (normalmentesobrenaturais) que so invericveis e no nal das con-tas tambm sujeitas a questes irrespondveis.[199]

    No entanto, os defensores do DI contra argumentam di-zendo que acus-los de usar a falcia do Deus das lacunas, simplicar o Design Inteligente e entend-lo de formaerrada. Armam que o argumento do deus das Lacunasacontece quando algum acredita erroneamente que Deusprovocou um fato quando, na realidade, o fato foi causadopor um fenmeno natural no descoberto. Um exemploseria quando as pessoas acreditavam que os relmpagoseram causados diretamente por Deus. Havia uma lacunano conhecimento sobre a natureza e, assim, atribua-se osefeitos a Deus.

    Entretanto, os defensores do DI dizem que ao conclu-rem que a inteligncia criou a primeira clula ou crebrohumano, no o fazem porque simplesmente carecem dacomprovao de uma explicao natural. Ao contrrio,o fazem porque sustentam que tm evidncias positivas eempiricamente detectveis que apontam para uma causainteligente. Armam que quando dectamos uma men-sagem - tal como Leve o lixo para fora - Mame oumil enciclopdias - sabemos que elas devem ter vindo deum ser inteligente porque todas as nossas experincias deobservao dizem que as mensagens vm apenas de seresinteligentes. Ou seja, em todas as ocasies em que so ob-servadas mensagens, descobrem-se que ela vem de seresinteligentes. Assim, juntando essa ideia com o fato quenunca observamos leis naturais criando mensagens e que,no h lei natural capaz de explicar a complexidade irre-dutvel, concluem, dessa forma, que um ser inteligente a causa dessa mensagem. Isto, segundo se defendem, uma concluso cientca vlida, baseada na observao ena repetio. No um argumento baseado na ignorncianem na lacuna do conhecimento.[200]

    7 O caso KitzmillerO caso Kitzmiller v. Dover Area School District foi a pri-meira contestao trazida perante uma corte federal dosEstados Unidos contra um distrito escolar pblico queexigia a apresentao do design inteligente como umaalternativa a evoluo. Os querelantes argumentaramcom sucesso que o design inteligente uma forma decriacionismo, e que a poltica do conselho escolar con-sequentemente violava a Clusula de Estabelecimento daPrimeira Emenda da Constituio dos Estados Unidos.Onze pais de estudantes em Dover, Pennsylvania, proces-saram o Distrito escolar da rea de Dover devido a umadeclarao que o conselho escolar exigia que fosse lidaem voz alta em aulas de cincia da nona srie semprequando evoluo fosse ensinada. Os querelantes foramrepresentados pela American Civil Liberties Union (UnioAmericana pelas Liberdades Civis, ACLU sigla em in-gls), a Americans United for Separation of Church andState (Americanos Unidos pela Separao da Igreja e Es-tado, AU sigla em ingls), e pela Pepper Hamilton LLP.O National Center for Science Education ( Centro Nacio-nal pela Educao Cientca, NCSE sigla em ingls) par-ticipou como consultor dos querelantes. Os rus foramrepresentados pelo Thomas More Law Center (Centro deDireito Thomas More).[201] O processo foi julgado emum caso sem jri de 26 de setembro de 2005 a 4 de no-vembro de 2005 perante o juiz John E. Jones III. KenMiller, Kevin Padia, Brian Alters, Robert Pennock, Bar-bara Forrest e John Haught serviram como testemunhasespecialistas para a acusao. Michael Behe, Steve Fullere Scott Minnich serviram como testemunhas especialis-tas para a defesa.Em 20 de dezembro de 2005 o Juiz Jones emitiu seu

  • 14 8 STATUS FORA DOS ESTADOS UNIDOS

    ponto de fato e deciso de 139 pginas, julgando queo mandato de Dover era inconstitucional, e tambm res-tringindo o design inteligente de ser ensinado em aulas decincia das escolas pblicas fundamentais do distrito daPennsylvania. Os oito membros do conselho escolar deDover que votaram a favor da exigncia do design inteli-gente foram todos derrotados na eleio de 8 de novem-bro de 2005 por concorrentes que eram contra o ensinodo design inteligente em aulas de cincia, e o atual presi-dente do conselho escolar j armou que o conselho notem nenhuma inteno de apelar a deciso.[202]

    Em sua constatao dos fatos, Juiz Jones realizou asseguintes condenaes da estratgia conhecida comoEnsinar a Controvrsia:

    Entretanto, defensores do DI buscaramevitar o escrutnio cientco que acabamos dedeterminar que ele [o design inteligente] noconsegue suportar ao advogar que a controvr-sia, mas no o DI em si, deveria ser ensinadaem aulas de cincia. Essa ttica namelhor dashipteses maliciosa, na pior um boato falso.

    7.0.1 Reao

    O prprio Juiz Jones antecipou que seu julgamento seriacriticado, dizendo o seguinte em sua deciso:

    Aqueles que discordam de nosso achadoiro provavelmente marc-lo como o produtode um juiz ativista. E se o zerem, eles terocometido um erro, j que essa manifestamenteno uma Corte ativista. Ao invs disso, essecaso veio at ns como o resultado do ativismode uma faco mal informada de um conselhoescolar, ajudada por uma rma internacionalde direito pblico vida para encontrar um casode teste constitucional sobre o DI, que combi-nados impulsionaram o Conselho a adotar umapoltica imprudente e no nal das contas in-constitucional. A inanidade impressionante dadeciso do Conselho evidente quando consi-derada contra o pano de fundo factual que foiagora totalmente revelado neste julgamento.Os estudantes, pais, e professores do DistritoEscolar da rea de Dover merecem bem maisdo que serem arrastados nesta confuso legal,com o seu resultante desperdcio completo derecursos pessoais e monetrios.

    Como Jones previu, John G. West, Diretor Associadodo Centro para Cincia e Cultura no Discovery Institute,armou: A deciso sobre o caso Dover uma tenta-tiva de um juiz ativista de parar a difuso de uma ideiacientca e de at prevenir criticismo acerca da evolu-o darwiniana atravs de censura imposta pelo governoao invs de um debate aberto, e isso no vai funcionar.

    Ele confundiu a posio do Discovery Institute com o doConselho escolar de Dover, e ele erroneamente interpre-tou o design inteligente e os motivos dos cientistas que opesquisam.[203]

    Vrios jornais notaram com certo interesse que o juiz um Republicano e um assduo participante de suaigreja".[204][205][206][207]

    Subsequentemente, a deciso foi examinada em busca deerros em sua concluso, em parte por defensores do de-sign inteligente buscando evitar futuras derrotas na jus-tia. Na primavera de 2007 a University of Montana Lawreview publicou trs artigos.[208] No primeiro, David K.DeWolf, John G. West e Casey Luskin, todos membrosdo Discovery Institute, argumentaram que o design inte-ligente uma teoria cientca vlida, que a corte de Jo-nes no deveria ter abordado a questo de se o DI era ouno uma teoria cientca, e que a deciso em Kitzmillerno ter nenhum efeito no desenvolvimento e na adoodo design inteligente como uma alternativa ao padro, ateoria da evoluo.[209] No segundo, Peter Irons respon-deu, argumentando que a deciso foi extremamente bemraciocinada e apresentava a sentena de morte dos esfor-os do design inteligente de introduzir o criacionismo emescolas pblicas,[210] enquanto que no terceiro, DeWolfel al responderam os pontos feitos por Irons.[211] Entre-tanto, o medo de um processo similar fez com que outrosconselhos escolares abandonassem propostas de ensinara controvrsia do design inteligente.[6]

    8 Status fora dos Estados Unidos

    8.1 EuropaEm junho de 2007, o Comit sobre Cultura, Cincia eEducao do Conselho da Europa emitiu um relatrio,"The dangers of creationism in education" (Os perigos docriacionismo na educao), que armava que [O] Criaci-onismo em qualquer uma de suas formas, tal como o de-sign inteligente, no baseado em fatos, no usa de raci-onalizao cientca e seus contedos so pateticamenteinadequados para aulas de cincias. .[212] Ao descreveros perigos atribudos ao ensino do criacionismo para aeducao, o relatrio descreveu o design inteligente comoanticincia que envolve ostensiva fraude cientca edissimulao intelectual que macula a natureza, obje-tividade e limites da cincia e o liga bem como outrasformas de criacionismo ao negacionismo. Em 4 de outu-bro de 2007, a Assembleia Parlamentar do Conselho daEuropa aprovou uma resoluo declarando que escolasdeveriam resistir a apresentaes de ideias criacionistasem qualquer disciplina que no seja religio, incluindoo design inteligente que descrito como a ltima, emais renada verso do criacionismo, apresentado deuma forma mais sutil. A resoluo d nfase que o ob-jetivo do relatrio no o de questionar ou de combateruma crena, mas o de alertar contra certas tendncias de

  • 8.2 Em outras regies 15

    passar uma crena como cincia.[213]

    No Reino Unido, a educao pblica inclui Educao Re-ligiosa como um assunto compulsrio, e muitas escolasreligiosas ensinam o ethos particular de suas respectivasdenominaes. Quando foi revelado que um grupo cha-mado Truth in Science (Verdade na Cincia) havia distri-budo DVDs produzidos pela aliada do Discovery Ins-titute, Illustra Media[214] apresentando membros do Dis-covery Institute defendendo o caso do design inteligentena natureza,[215] alm da alegao de que os DVDs ha-viam sido usados por 59 escolas,[216] o Department forEducation and Skills (DfES) armou que Nem o criacio-nismo ou o design inteligente so ensinados como assuntonas escolas, e no so especicados no currculo de cin-cias (parte do Currculo Nacional que no se aplica a es-colas independentes ou a Educao na Esccia).[217][218]O DfES subsequentemente armou que o design inteli-gente no uma teoria cientca reconhecida; logo, noest includa no currculo de cincias, mas abriu a possi-bilidade do DI ser explorado na educao religiosa emrelao a diferentes crenas, como parte do slabo de-senvolvido pelos conselhos consultivos locais de educa-o religiosa.[219] Em 2006 a Qualications and Curri-culum Authority (Autoridade de Qualicaes e Curr-culos) produziu uma unidade modelo de Educao Re-ligiosa onde os estudantes podem aprender sobre visesreligiosas e no religiosas acerca do criacionismo, dodesign inteligente e da evoluo por meio da seleonatural.[220][221]

    Em 25 de junho de 2007, o Governo do Reino Unido res-pondeu uma e-petition dizendo que o criacionismo e odesign inteligente no deveriam ser ensinados como cin-cia, entretanto se esperaria que professores respondessemas perguntas de seus alunos com o arcabouo padro dasteorias cientcas estabelecidas.[222] Em 18 de setembrode 2007 foi publicado um detalhado guia de ensino cria-cionista governamental para escolas na Inglaterra.[220] Nodocumento era dito que o design inteligente reside total-mente fora da cincia, no possui princpios cientcoscentrais, ou explicaes, e no aceito pela totalidadeda comunidade cientca. Embora no deva ser ensinadocomo cincia, questes acerca do criacionismo e do de-sign inteligente que so levantadas em aulas de cincia,por exemplo, como consequncia da cobertura da mdia,podem apresentar a oportunidade de explicar ou exploraro porqu de ambos no serem considerados teorias cien-tcas, e no contexto certo, o porqu da evoluo ser con-siderada uma teoria cientca. Entretanto, Professoresde matrias como RE, histria ou cidadania podem lidarcom criacionismo e design inteligente em suas lies.[15]

    O grupo de lobbying British Centre for Science Educa-tion (Centro Britnico para Educao Cientca) temcomo objetivo opor-se ao criacionismo dentro do ReinoUnido e j se envolveu em lobbying governamental noReino Unido em relao a esse assunto.[223] Entretanto,na Irlanda do Norte o Partido Unionista Democrtico(em ingls Democratic Unionist Party, DUP) alega que o

    currculo revisado fornece uma oportunidade para o en-sino de teorias alternativas, e vem buscando garantias deque estudantes no perdero nota ao responder perguntascientcas com respostas com cunho criacionista/designinteligente.[224] Em Lisburn o DUP conseguiu fazer comque o Conselho da Cidade escrevesse para escolas ps-primarias perguntando quais eram seus planos em relaoao desenvolvimento de material de ensino relacionado acriao, ao design inteligente e outras teorias sobre aorigem.[225]

    Nos Pases Baixos, planos desenvolvidos pela Ministra daEducao Maria van der Hoeven de estimular um de-bate acadmico sobre o assunto em 2005 causaram umagrande reao pblica negativa.[226] Depois das eleiesde 2007 ela foi sucedida por Ronald Plasterk, que foi des-crito como um geneticista molecular, atesta ferrenho eoponente do design inteligente.[227]

    Como uma reao a situao nos Pases Baixos, naBlgica, o Presidente do Conselho Educacional CatlicoFlamengo (VSKO em neerlands) Mieke Van Hecke de-clarou que: Cientistas catlicos j aceitam a teoria daevoluo a um longo tempo e que o design inteligente e ocriacionismo no pertencem a escolas catlicas amen-gas. No a funo dos polticos de introduzir novasideias, essa a funo e o objetivo da cincia.[228]

    8.2 Em outras regies

    O criacionismo possui grande inuncia poltica em v-rios pases islmicos, vises antievolucionrias so consi-deradas mainstream e apresentam considervel apoio o-cial, apoio das elites bem como de telogos acadmicos ecientistas.[229] Em geral, criacionistas muulmanos fazemparcerias com o Institute for Creation Research por ideiase materiais que eles posteriormente adaptam para suasprprias posies teolgicas. Similarmente, tambm foiusado material antievolutivo sobre o design inteligente.Muzaar Iqbal, um notvel muulmano do Canad, as-sinou a lista de Dissidentes do Darwinismo do DiscoveryInstitute.[230]. Ideias similares ao design inteligente soconsideradas opes intelectualmente respeitveis entremuulmanos, e na Turquia muitos livros sobre o designinteligente foram traduzidos. Em 2007 em Instambul, en-contros pblicos promovendo o design inteligente forampatrocinados pelo governo local,[229] e David Berlinski,do Discovery Institute, foi um dos palestrantes principaisem um encontro em maio de 2007.[231]

    O status do design inteligente na Austrlia bem similarao do Reino Unido. Quando o ex-Ministro da EducaoFederal Brendan Nelson levantou a noo do ensino dodesign inteligente em aulas de cincias, os protestos dapopulao zeram com que o ex-ministro rapidamentese retratasse ao armar que o correto frum do design in-teligente, se ele fosse ensinado, seria em aulas de religioou losoa.[232]

  • 16 10 REFERNCIAS

    9 AResposta deMichael Behe re-ao Institucional

    Consciente de que sua obra, a Caixa Preta de Darwin,produziria um vendaval de contestaes e muita pol-mica no meio cientco, Michael Behe, talvez o principalproponente do Design Inteligente, armou em entrevistafeita em 2006:Com certeza, eu previa que meu livro causaria controvr-sia. Os darwinistas tm replicado dizendo, principalmente,que explicaro os sistemas moleculares no futuro, talvezdentro de dez ou vinte anos. Para dizer o mnimo, soubastante ctico quanto a essa pretenso.A primeira reao da maioria dos crticos dizer: Isso apenas criacionismo levemente disfarado. E em re-senhas escritas por cientistas eles falam frequentementesobre os primeiros captulos de Gnesis e do Julgamentoda Criao, de Arkansas, nenhum dos quais eu menci-ono no livro. Assim, eles tentam condenar meu traba-lho atravs do processo de associao. Eles tambm novem que h uma distino entre chegar a uma conclusosimplesmente pela observao do mundo fsico, como seespera que um cientista faa, e chegar a uma conclusobaseado na Bblia ou em convices religiosas..

    10 Referncias[1] Top Questions-1.What is the theory of intelligent design?

    Discovery Institute. Visitado em 2007-05-13..[2] Primer: Intelligent Design Theory in a Nutshell (PDF)

    Intelligent Design and Evolution Awareness Center(2004). Visitado em 2007-05-13. Intelligent Design Intelligent Design network (2007).Visitado em 2007-05-13.

    [3] Numbers, Ronald L.. The Creationists, Expanded Edition.[S.l.]: Harvard University Press, 2006. pp 373, 379-380p. ISBN 0674023390

    [4] Kitzmiller v. Dover Area School District (2005), Contextpg. 32 , citing Edwards v. Aguillard.

    [5] ID is not a new scientic argument, but is rather an oldreligious argument for the existence of God. He tracedthis argument back to at least Thomas Aquinas in the 13thcentury, who framed the argument as a syllogism: Whe-rever complex design exists, there must have been a desig-ner; nature is complex; therefore nature must have had anintelligent designer. This argument for the existence ofGod was advanced early in the 19th century by ReverendPaley (the teleological argument) The only apparent dif-ference between the argument made by Paley and the ar-gument for ID, as expressed by defense expert witnessesBehe and Minnich, is that IDs 'ocial position' does notacknowledge that the designer is God. Kitzmiller v. Do-ver Area School District (2005), Ruling, p. 24.

    [6] Forrest, Barbara (May, 2007). Understanding the Intelli-gent Design Creationist Movement: Its True Nature and

    Goals. A Position Paper from the Center for Inquiry, Of-ce of Public Policy Center for Inquiry, Inc.. Visitado em2007-08-06..

    [7] Q. Has the Discovery Institute been a leader in the intel-ligent design movement? A. Yes, the Discovery InstitutesCenter for Science and Culture. Q. And are almost all ofthe individuals who are involved with the intelligent de-sign movement associated with the Discovery Institute?A. All of the leaders are, yes. Barbara Forrest, 2005,testifying in the Kitzmiller v. Dover Area School Dis-trict trial. Kitzmiller v. Dover Area School District Trialtranscript: Day 6 (October 5), PM Session, Part 1. TheTalkOrigins Archive (2005). Visitado em 2007-07-19. The Discovery Institute is the ideological and strategicbackbone behind the eruption of skirmishes over sciencein school districts and state capitals across the country.In: Wilgoren, J. "Politicized Scholars Put Evolution onthe Defensive" (PDF), The New York Times, 2005-08-21.Pgina visitada em 2007-07-19. Who is behind the ID movement? Frequently AskedQuestions About Intelligent Design American Civil Li-berties Union (2005-09-16). Visitado em 2007-07-20. Kahn, JP. "The Evolution of George Gilder. The AuthorAnd Tech-Sector Guru Has A New Cause To Create Con-troversy With: Intelligent Design", The Boston Globe,2005-07-27. Pgina visitada em 2007-07-19. Whos Who of Intelligent Design Proponents Science& Religion Guide Science & Theology News (November2005). Visitado em 2007-07-20. (PDF le from Disco-very Institute). The engine behind the ID movement is the DiscoveryInstitute. Attie, Alan D.; Elliot Sober, Ronald L. Num-bers, Richard M. Amasino, Beth Cox4, Terese Berceau,Thomas Powell and Michael M. Cox (2006). Defendingscience education against intelligent design: a call to ac-tion Journal of Clinical Investigation 116:11341138. doi:10.1172/JCI28449 A publication of the American Soci-ety for Clinical Investigation.. Visitado em 2007-07-20.

    [8] Science and Policy: Intelligent Design and Peer ReviewAmerican Association for the Advancement of Science(2007). Visitado em 2007-07-19.

    [9] the writings of leading ID proponents reveal that the de-signer postulated by their argument is the God of Christi-anity. Kitzmiller v. Dover Area School District (2005),Ruling p. 26. A selection of writings and quotes of intelli-gent design supporters demonstrating this identication ofthe Christian God with the intelligent designer are foundin the pdfHorses Mouth by Brian Poindexter, dated 2003.

    [10] William A. Dembski, when asked in an interview whetherhis research concluded that God is the Intelligent De-signer, stated I believe God created the world for apurpose. The Designer of intelligent design is, ultima-tely, the Christian God. Devon Williams (2007-12-14).CitizenLink: Friday Five: William A. Dembski Focus onthe Family, a California non prot religious corporation.Visitado em 2007-12-15.

    [11] Principais questes sobre o Design Inteligente (em ingls)

    [12] TopQuestions about intelligent designDiscovery Institute.Visitado em 2007-05-13.

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    [13] Stephen C. Meyer and Paul A. Nelson, May 1, 1996, CSC Getting Rid of the Unfair Rules, A book review, Origins& Design, Retrieved 2007-05-20, Phillip E. Johnson, August 31, 1996, Starting a Conver-sation about Evolution, Access Research Network PhillipJohnson Files, Retrieved 2007-05-20, Stephen C. Meyer, December 1, 2002, Ignatius Press.The Scientic Status of Intelligent Design: The Methodo-logical Equivalence of Naturalistic and Non-NaturalisticOrigins Theories, Kitzmiller v. Dover Area School District (2005),Whether ID Is Science, Kitzmiller v. Dover Area School District (2005), Leaddefense expert Professor Behe admitted that his broade-ned denition of science, which encompasses ID, wouldalso include astrology. See also Evolution of Kansas science standards conti-nues as Darwins theories regain prominence InternationalHerald Tribune, February 13, 2007, Retrieved 2007-05-20.

    [14] See: 1) List of scientic societies rejecting intelligent de-sign 2) Kitzmiller v. Dover page 83. 3) The DiscoveryInstitutes A Scientic Dissent From Darwinism petitionbegun in 2001 has been signed by over 700 scientistsas of August 20, 2006. A four day A Scientic Supportfor Darwinism petition gained 7733 signatories from sci-entists opposing ID. The AAAS, the largest association ofscientists in the U.S., has 120,000members, and rmly re-jects ID. More than 70,000 Australian scientists and edu-cators condemn teaching of intelligent design in schoolscience classesList of statements from scientic professio-nal organizations on the status intelligent design and otherforms of creationism. According to The New York TimesThere is no credible scientic challenge to the theory ofevolution as an explanation for the complexity and diver-sity of life on earth. Dean, Cordelia. "Scientists FeelMiscast in Film on Lifes Origin", The New York Times,September 27, 2007. Pgina visitada em 2007-09-28.

    [15] Teachernet, Document bank Creationism teaching gui-danceUKDepartment for Children, Schools and Families(September 18, 2007). Visitado em 2007-10-01. "The in-telligent design movement claims there are aspects of thenatural world that are so intricate and t for purposethat they cannot have evolved but must have been crea-ted by an 'intelligent designer'. Furthermore they assertthat this claim is scientically testable and should there-fore be taught in science lessons. Intelligent design lieswholly outside of science. Sometimes examples are quo-ted that are said to require an 'intelligent designer'. Howe-ver, many of these have subsequently been shown to havea scientic explanation, for example, the immune systemand blood clotting mechanisms.Attempts to establish an idea of the 'specied complexity'needed for intelligent design are surrounded by complexmathematics. Despite this, the idea seems to be essentiallyamodern version of the old idea of the God-of-the-gaps.Lack of a satisfactory scientic explanation of some phe-nomena (a 'gap' in scientic knowledge) is claimed to beevidence of an intelligent designer."

    [16] Nature Methods Editorial. (2007). An intelligen-tly designed response. Nat. Methods 4 (12): 983.DOI:10.1038/nmeth1207-983.

    [17] Mark Greener. (2007). Taking on creationism.Which arguments and evidence counter pseu-doscience?". EMBO Reports 8 (12): 11071109.DOI:10.1038/sj.embor.7401131.

    [18] National Academy of Sciences, 1999 Science and Creati-onism: A View from the National Academy of Sciences,Second Edition

    [19] National Science Teachers Association, a professional as-sociation of 55,000 science teachers and administratorsin a 2005 press release: We stand with the nations lea-ding scientic organizations and scientists, including Dr.John Marburger, the presidents top science advisor, instating that intelligent design is not science. ...It is simplynot fair to present pseudoscience to students in the sci-ence classroom. National Science Teachers AssociationDisappointed About Intelligent Design Comments Madeby President Bush National Science Teachers AssociationPress Release August 3, 2005. for most members of the mainstream scientic commu-nity, ID is not a scientic theory, but a creationist pseu-doscience. Trojan Horse or Legitimate Science: Decons-tructing the Debate over Intelligent Design David Mu.Harvard Science Review, Volume 19, Issue 1, Fall 2005. Creationists are repackaging their message as the pseu-doscience of intelligent design theory. ProfessionalEthics Report American Association for the Advance-ment of Science, 2001.

    [20] SBG - SOCIEDADE BRASILEIRA DE GENTICAsbg.org.br (2012 [last update]). Visitado em 8 de julhode 2012.

    [21] Kitzmiller v. Dover Area School District (2005), pp. 31 33.

    [22] Media Backgrounder: Intelligent Design Article SparksControversy Discovery Institute. September 7, 2004. Berkeleys Radical James M. Kushiner. TouchstoneMa-gazine, June 2002. Politicized S