DESMONTE DE ROCHAS DE ABERTURAS SUBTERRÂNEAS

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  • 8/12/2019 DESMONTE DE ROCHAS DE ABERTURAS SUBTERRNEAS

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIS UFGCAMPUS CATALO CAC

    CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS

    TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO

    GABRIEL GOMES SILVA

    DESMONTE DE ROCHAS DE ABERTURAS SUBTERRNEASEM ZONAS SENSVEIS S VIBRAES

    CATALO, 2013.

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    GABRIEL GOMES SILVA

    DESMONTE DE ROCHAS DE ABERTURAS SUBTERRNEAS

    EM ZONAS SENSVEIS S VIBRAES

    Trabalho de Concluso deCurso apresentado ao curso deEngenharia de Minas da

    Universidade Federal de Gois UFG, como requisito parcial paraobteno do ttulo de Bacharelem Engenharia de Minas.

    Orientador: Vidal Felix Navarro Torres

    CATALO, 2013.

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    GABRIEL GOMES SILVA

    DESMONTE DE ROCHAS DE ABERTURAS SUBTERRNEAS EM ZONAS

    SENSVEIS S VIBRAES

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Universidade Federal de Gois UFG como

    requisito parcial para obteno do grau de Bacharel em Engenharia de Minas.

    Banca Examinadora:

    _______________________________________________________

    Alcides Eloy Cano Nunez

    Universidade Federal de Gois UFG

    ______________________________________________________

    Henrique Senna Diniz Pinto

    Universidade Federal de Gois UFG

    ______________________________________________________

    Vidal Felix Navarro Torres

    Universidade Federal de Gois UFG

    Aprovado em ___/___/___

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus, que me guiou neste caminho cheio de graas e

    sabedoria, permitindo superar todas as dificuldades e alcanar meus objetivos.

    Agradeo ainda meus familiares que sempre me deram apoio, incentivos e me

    acompanharam nesta jornada, dando carinho e ensinamentos que me fizeram perceber que a

    vida no precisa ser to complicada quanto aparenta, pois com pessoas to importantes ao seu

    lado tudo parece ser mais fcil de ser superado.

    Meus sinceros agradecimentos aos meus amigos e professores pela eterna amizade,

    orientao e conselhos indispensveis em minha vida e na realizao deste trabalho. Pela

    confiana depositada e pelo companheirismo de todos aqueles que sempre me acolheram.

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    RESUMO

    Com o crescimento urbano acelerado, torna-se frequente a realizao de obras que

    necessitam do uso de explosivos, como imploses de infraestruturas ultrapassadas e o avano

    de mineraes ou abertura de galerias prximas a complexos urbanos e zonas sensveis, logo,

    surgem problemas intrnsecos a esta atividade, como os efeitos secundrios das detonaes,

    que geram desconforto na populao das reas vizinhas e tambm podem causar grandes

    danos s estruturas. Sabendo disso, profissionais responsveis por este segmento objetivam

    caracterizar um modelo ideal de desmonte, no qual os efeitos secundrios no afetem as reas

    circundantes, de modo a permanecer dentro de um limite estabelecido pelas normas vigentes

    no pas. Para realizar a preveno e controle das vibraes, principal efeito das detonaes,

    uma das metodologias utilizadas estabelecer a lei de propagao da vibrao das partculas,

    qual est em funo da carga de explosivo utilizada e da distncia do ponto de medio at o

    ponto de detonao. Com a elaborao desta dissertao, pretende-se fazer exatamente o

    pressuposto acima, ou seja, a caracterizao dinmica de macios rochosos, sob a ao de

    detonaes, recorrendo s habituais correlaes estatsticas, mediante a tcnica de regresso

    linear mltipla com uso do programa MLINREG.BAS. Os resultados do programa permitem

    a obteno de informaes para a determinao da lei de propagao da velocidade de

    vibrao das partculas, logo, torna-se possvel determinar a carga mxima por retardo

    necessria e a idealizao de um diagrama de fogo para a rea estudada, feito com uso do

    programa TUNNPLAN v1.17, permitindo assim reduzir os nveis de perturbao e os demais

    impactos gerados pelas detonaes.

    Palavras-chave: vibraes; diagrama de fogo; carga explosiva mxima; detonao

    controlada.

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    ABSTRACT

    With rapid urban growth, it is common to perform work requiring the use of

    explosives, as implosions of outdated infrastructure and the advancement of mining complex

    or galleries opening near urban and sensitive areas, so there are problems inherent in this

    activity, as the effects of secondary explosions that generate discomfort in population from

    surrounding areas and can also cause major damage to structures. Knowing this, professionals

    responsible for this segment aim to characterize an ideal model to disassemble, in which the

    side effects do not affect the surrounding areas, so as to remain within a limit set by the

    current standards in the country. To perform the control and prevention of vibration, which is

    the main effect of detonations, one of the methods used is to establish the law of propagation

    of the vibration of particles, which is due to the explosive charge used and the distance from

    the measuring point to the point of detonation. With the development of this dissertation is

    intended to do exactly the above assumption, ie, dynamic characterization of the rock mass

    under the action of blasting, using the usual statistical correlations, by multiple linear

    regression using the program MLINREG. BAS. The results allow the program to obtain

    information for the determination of the law of propagation of the vibration velocity of the

    particles thus becomes possible to determine the maximum load required for retardation and

    allow the idealization of a fire diagram for the studied area, made with TUNNPLAN v1.17

    program use, thereby reducing the levels of disturbance and other impacts generated by

    detonations.

    Keywords: vibrations; blasting pattern; maximum explosive charge; controlled blasting.

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    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1 - Modificao das vibraes ao propagarem-se por terrenos de diferentes estruturas e caractersticas -- 17

    Figura 2 - Influncia do consumo especfico de explosivo na intensidade de vibrao -------------------------------- 18

    Figura 3 - Mtodo de desmonte alternativo, onde cada carga de explosivo iniciada com especfico tempo de

    retardo ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 19

    Figura 4 - Ondas de compresso (P) e cisalhamento (S) -------------------------------------------------------------------- 21

    Figura 5 - Registro de ondas ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 22

    Figura 6 - Movimento harmnico da onda ------------------------------------------------------------------------------------ 23

    Figura 7 - Adaptao da linha de regresso em um diagrama log-log (a) e determinao do menor valor de D/a

    ser usado (b) ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 26Figura 8 - Representao grfica dos limites de velocidade de vibrao de partcula de pico por faixas de

    frequncia -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 29

    Figura 9 - Zonas de uma seo de galeria ou tnel --------------------------------------------------------------------------- 32

    Figura 10 - Metodologia proposta para a preveno e controle das vibraes recorrentes de detonaes ---------- 37

    Figura 11 - Fase de definio dos "inputs" no programa MLINREG.BAS ---------------------------------------------- 41

    Figura 12 - Interface grfica do programa TUNNPLANN v1.17 ---------------------------------------------------------- 43

    Figura 13 - Estrutura operacional do software TUNNPLAN v1.17 ------------------------------------------------------- 44

    Figura 14 - Ecr Prognosis do programa TUNNPLAN v1.17 -------------------------------------------------------------- 44

    Figura 15 - Outputsdo programa MLINREG.BAS obtidos pelo tratamento dos dados ------------------------------- 45Figura 16 - Representao grfica da carga mxima por furo em funo da distncia para os trs tipos de

    construo (tipo A, B e C) ------------------------------------------------------------------------------------------------ 46

    Figura 17 - Representao grfica da carga mxima por furo em funo da distncia para os trs tipos de

    construo (tipo A, B e C) ------------------------------------------------------------------------------------------------ 47

    Figura 18 - Representao grfica da carga mxima por furo em funo da distncia para os trs tipos de

    construo (tipo A, B e C) ------------------------------------------------------------------------------------------------ 47

    Figura 19 - Representao grfica da carga mxima por furo em funo da distncia para algumas velocidades de

    vibrao de partcula conforme a Norma Brasileira ------------------------------------------------------------------ 48

    Figura 20 - Pilo com trs furos vazios usado no projeto do tnel -------------------------------------------------------- 51

    Figura 21 - Seo do tnel com furos de pilo e furos de contorno do pilo carregados com explosivo, onde cada

    carga iniciada com um tempo de retardo especfico ---------------------------------------------------------------- 51

    Figura 22 - Dimenso e sequncia de detonao para o pilo proposto para o projeto do tnel ---------------------- 56

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    NDICE DE TABELAS

    Tabela 1 - Limites de velocidade de vibrao de partcula de pico por faixas de frequncia ................................ 29Tabela 2 - Limites dos valores de vibrao de partcula em mm/s segundo a norma NP 2074 ............................. 31

    Tabela 3 - Principais parmetros e equaes a serem utilizadas para dimensionamento do diagrama de fogo ideal

    ..................................................................................................................................................................... 36

    Tabela 4 - Valores obtidos no registo de vibraes pela E.P.M. (Empresa de Projectos Mineros S.A.) ............... 38

    Tabela 5 - Dados do arquivo de inpututilizados no programa MLINREG.BAS .................................................. 42

    Tabela 6 - Coeficientes de correlao obtidos ....................................................................................................... 46

    Tabela 7 - Caractersticas do explosivo utilizado .................................................................................................. 49

    Tabela 8 - Consideraes dos principais parmetros para dimensionamento do diagrama de fogo ...................... 49

    Tabela 9 - Clculos dos parmetros utilizados para o dimensionamento do diagrama de fogo ............................. 50

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    NDICE DE ABREVIATURAS

    ,, ,b, c, k constantes empricas densidade do explosivo quantidade de cargas inertes usadas por furo ngulo entre a linha de propagao de detonao e a posio do equipamento de registro comprimento da carga inerte usadaa afastamento

    dimetro dos furos

    de dimetro do explosivoD distncia entre os pontos de solicitao e monitorizao

    DE distncia escalonada

    Dfuro de expanso dimetro do furo de expanso ou vazio

    Hf profundidade dos furos

    quantidade de cartuchos de explosivo usados por furoq consumo especfico de explosivo

    Q carga mxima explosiva detonada por retardo

    RL razo linear de carregamento

    S espaamento entre furos

    tempo de retardo efetivo tempo de retardo nominalT tampo

    v velocidade vibratria de pico da partcula

    VC velocidade de propagao das ondas ssmicas

    VR velocidade de vibrao de partcula resultante de pico

    VL mdulo de velocidade de vibrao de partcula segundo a direo L longitudinal

    VT mdulo de velocidade de vibrao de partcula segundo a direo T - transversal

    VV mdulo de velocidade de vibrao de partcula segundo a direo V vertical

    VP velocidade de propagao de ondas P no terreno

    VS velocidade de propagao de ondas S no terreno

    X avano

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    Sumrio

    1. INTRODUO .................................................................................................. 11

    2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 12

    2.1. OBJETIVO GERAL ................................................................................... 12

    2.2. OBJETIVOS ESPECFICOS ...................................................................... 12

    3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 13

    4. ESTUDO BIBLIOGRFICO ............................................................................ 14

    4.1. DESMONTE DE ROCHA E VIBRAES INDUZIDAS ........................ 14

    4.1.1. Variveis que afetam as caractersticas das vibraes ............................. 15

    4.1.2. Caractersticas das vibraes terrestres .................................................... 21

    4.1.3. Estimao das leis de vibrao ................................................................ 25

    4.1.4. Critrios de preveno de danos para vibraes ...................................... 27

    4.2. DIAGRAMA DE FOGO PARA ESCAVAO DE TNEIS .................. 32

    4.2.1.

    Alguns elementos do diagrama de fogo

    ................................................... 334.2.2. Clculo dos elementos do diagrama de fogo ........................................... 35

    5. METODOLOGIA ............................................................................................... 37

    5.1. SOFTWARE MLINREG.BAS ................................................................... 39

    5.2. SOFTWARE TUNNPLAN V1.17 .............................................................. 43

    6. RESULTADOS E DISCUSSES ...................................................................... 45

    7. CONCLUSO .................................................................................................... 53

    8. REFERNCIAS ................................................................................................. 54

    9. ANEXOS ............................................................................................................ 56

    9.1. DETONADOR ELETRNICO .................................................................. 57

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    1.INTRODUOO desmonte de rochas a tcnica de escavao mais amplamente adotada em vrios

    ramos da indstria de minerao e construo, pois econmica, confivel e segura.

    amplamente utilizada na indstria extrativa, escavaes, trincheiras, tneis e grandes obras

    subterrneas. O explosivo que carregado em furos na rocha e detonado de acordo com uma

    sequncia preestabelecida tem a funo de fraturar, fragmentar e deslocar uma parte bem

    definida de rocha de sua posio natural.

    Entre vrios efeitos secundrios de um desmonte de rochas com uso de explosivos, a

    vibrao induzida no contorno da escavao gerada pela onda de choque aps a exploso

    merece ateno especial. O fenmeno da vibrao dura um tempo muito curto (algumas

    dezenas de milissegundos) por evento, aps isso a rocha volta a suas condies iniciais.

    Em alguns casos a detonao de cargas explosivas podem causar danos a regies

    circunvizinhas (edifcios, pontes, etc.), porque a vibrao transmitida atravs do terreno pode

    atingir valores altos. Em tais casos, necessrio dimensionar a carga explosiva mxima

    admissvel de forma que as detonaes sejam controladas, e assim, evitar danos ou

    incomodidade humana.

    Uma vez conhecida a lei de propagao de vibrao de partculas no meio rochoso,atravs de uma campanha de medies de vibrao, distncia e carga explosiva no campo,

    necessrio determinar a vibrao mxima permissvel usando as normas em vigor e calcular a

    carga mxima que no provoque danos nem incomodidade das pessoas.

    A adoo de critrios ou nveis de preveno das vibraes frequentemente uma

    tarefa delicada, que exige o reconhecimento rigoroso dos mecanismos que intervm nos

    fenmenos dos desmontes e das respostas das estruturas. Um critrio arriscado pode levar a

    apario de danos e imperfeies, entretanto uma postura conservadora pode dificultar einclusive paralisar o desenvolvimento da atividade mineira ou de obra civil com explosivos.

    Logo, com base nas metodologias utilizadas neste trabalho percebe-se que possvel

    mensurar e controlar de maneira eficaz os impactos ambientais e sociais resultantes do uso de

    explosivos em atividades relacionadas com detonaes, mantendo nveis de segurana

    aceitveis. Alm disso, a realizao de um adequado dimensionamento dos parmetros do

    diagrama de perfurao e desmonte uma tarefa fundamental para que haja uma mitigao ou

    reduo dos efeitos das detonaes em zonas sensveis.

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    2.OBJETIVOS

    2.1. OBJETIVO GERAL

    O trabalho em questo tem por objetivo determinar o diagrama de fogo para desmonte

    de rocha de aberturas subterrneas em um ambiente sensvel a vibraes de uma zona urbana.

    2.2. OBJETIVOS ESPECFICOS

    A fim de alcanar os resultados esperados propuseram-se as seguintes aes:

    Determinar a lei de propagao de vibrao;

    Determinar a carga explosiva mxima a detonar por retardo;

    Dimensionar o diagrama de fogo para um estudo de caso do metr de Porto.

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    3.JUSTIFICATIVAO desmonte de rochas em zonas sensveis causam problemas ambientais diversos,

    como as vibraes, que podem gerar danos em estruturas e, alm disso, ser a causa conflitos

    permanentes com os habitantes das reas circunvizinhas. Tambm frequente a gerao de

    outros efeitos secundrios que podem ser muito difceis de controlar e que futuramente

    podero gerar impactos negativos empresa.

    Logo, a justificativa para execuo deste trabalho reside na importncia de demonstrar

    formas de controle e preveno de vibraes em desmontes de rochas com explosivos

    prximos a zonas sensveis, fornecendo um diagrama de fogo adequado, realizado para um

    estudo de caso, que permitir reduzir os nveis de perturbao e os demais impactos de um

    desmonte, de forma a se evitar maiores danos ambientais e sociais.

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    4.ESTUDO BIBLIOGRFICO

    4.1. DESMONTE DE ROCHA E VIBRAES INDUZIDAS

    O desmonte de rochas com explosivos continua sendo o mtodo mais barato de

    fragmentao de rochas pouco friveis, no entanto, o custo associado ao dano causado pelo

    desmonte em termos de segurana e produtividade de minas e obras est se tornando cada vez

    mais importante. Danos devido detonao de rocha esto diretamente relacionados com o

    nvel de estresse infringido na rocha e suas condies antes da detonao.

    Em ambientes prximos s zonas urbanas ou ambientes sob condies geolgicas

    desfavorveis, distrbios associados com desmontes podem resultar na necessidade de um

    amplo e extensivo controle das condies do terreno, alm de problemas de vibrao terrestre,

    rudos, perturbao humana, etc, o que pode gerar custos adicionais empresa ou at

    inviabilizar e paralisar suas atividades.

    Devido gravidade dos danos gerados pelas operaes de desmonte com uso de

    explosivos fundamental predizer, monitorar e controlar seus efeitos adequadamente, pois

    estes impactam diretamente a economia da maioria das operaes de desmonte. Ser muito

    conservativo em relao aos nveis de vibrao no planejamento dos trabalhos de desmonte

    pode aumentar os custos consideravelmente, enquanto que ser muito liberal pode resultar em

    danos e distrbios nas zonas prximas, custos legais e reinvindicaes que podem mudar o

    saldo de lucro da empresa de positivo para negativo.

    De acordo com Hartman (1992), o monitoramento e controle dos efeitos das

    detonaes perto de massas rochosas instveis, instalaes ou estruturas depende de duas

    consideraes principais. Primeiro, o diagrama de fogo deve ser planejado de modo a reduzir

    a carga de explosivos a detonar por evento e tambm ajustar a sequncia de iniciao de modo

    a reduzir as vibraes resultantes e os demais distrbios. Em segundo lugar, as cargas de

    explosivo detonadas por volume de rocha e o padro de detonao devem ser ajustados para

    assegurar uma fragmentao adequada. Portanto, ao mesmo tempo, a sequncia de iniciao

    tem de estar separada no tempo, mas no no espao.

    H um projeto ideal, que atinge ambos os objetivos de controle de distrbios e

    produo de fragmentao adequada. Este s pode ser alcanado atravs de uma compreenso

    adequada das propriedades fsicas da massa rochosa e sua resposta estrutural frente aos efeitosda detonao e da interao entre a fragmentao da rocha e do desenho do diagrama de fogo.

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    Uma das etapas fundamentais para o estudo e controle das vibraes geradas nos

    desmontes por explosivos a determinao das leis que governam sua atenuao nos distintos

    meios em que ir se propagar, alm de uma adequada anlise e conhecimento dos parmetros

    que afetam suas caractersticas.

    4.1.1. Variveis que afetam as caractersticas das vibraesAs principais variveis que afetam as caractersticas das vibraes so praticamente as

    mesmas que influem sobre os resultados dos desmontes de rocha, sendo classificadas em dois

    grupos, aquelas que podem ser controladas ou no controladas no processo pelos responsveis

    e especialistas pelo desmonte (JIMENO, 2004).

    A seguir tm-se uma breve apresentao das principais variveis que afetam as

    caractersticas das vibraes no desmonte de rocha com explosivos, segundo Jimeno, (2004).

    a) Geologia local e caractersticas das rochas:A geologia local de contorno e as caractersticas geomecnicas das rochas tem uma

    grande influncia sobre as vibraes.

    Nos macios rochosos homogneos e massivos as vibraes se propagam em todas as

    direes, mas em estruturas geolgicas complexas, a propagao das ondas pode variar com a

    direo e, por conseguinte, apresentar diferentes ndices de atenuao ou leis de amortizao.

    A presena de solos de recobrimento sobre substratos rochosos afeta, geralmente, a

    intensidade e frequncia das vibraes. Os solos possuem mdulos de elasticidade inferiores

    ao das rochas e por isso as velocidades de propagao das ondas diminuem nesses materiais.

    A frequncia de vibrao, f, tambm diminui, mas o deslocamento, A, aumenta

    significativamente medida que a espessura de revestimento maior.

    A magnitude das vibraes a grandes distncias decresce rapidamente se existe

    material de revestimento, pois grande parte da energia consumida para vencer o atrito entre

    as partculas e os grandes deslocamentos destas.

    Em pontos prximos a falhas, as caractersticas das vibraes so afetadas por fatores

    de desenho do diagrama de fogo e da geometria do mesmo.

    Para grandes distncias do local de escavao, os fatores de desenho so menos

    crticos, sendo as caractersticas das ondas nos meios rochosos de transmisso e os solos derevestimento fatores dominantes.

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    Os materiais superficiais interferem nas caractersticas de onda fazendo com que estas

    tenham maior durao e frequncias mais baixas, aumentando assim a resposta e o dano

    potencial a estruturas prximas.

    b) Peso da carga operante:A magnitude das vibraes terrestres em um determinado ponto varia segundo a carga

    de explosivo que detonada e a distncia deste ponto ao local da detonao. Em um desmonte

    onde se empregam mais de um tipo de detonador, a maior carga por retardo a que influi

    diretamente na intensidade das vibraes e no a carga total empregada no desmonte, isto

    ocorre desde que o intervalo de retardo seja suficientemente grande para que no existam

    interferncias construtivas entre as ondas geradas por distintos grupos de furos.Quando no desmonte existem vrios furos com detonadores que possuem o mesmo

    tempo de retardo nominal, a carga mxima operante geralmente menor que a total, devido

    disperso nos tempos de sada dos detonadores empregados. Por isso, para determinar a carga

    operante, se estima uma fraco da quantidade total de cargas iniciadas por detonadores com

    mesmo retardo nominal.

    c) Distncia ao ponto de desmonte:A distncia a partir da rea de detonao tem, assim como a carga de explosivos, uma

    grande importncia sobre a magnitude das vibraes.

    Conforme a distncia aumenta a intensidade das vibraes diminui de acordo com a

    equao:

    = 1 (1)

    Onde o valor de b, segundo o U.S. Bureau of Mines da ordem de 1,6 (JIMENO,

    2004).

    Outro efeito da distncia est relacionado atenuao das componentes da onda de

    alta frequncia, devido ao solo atuar como um filtro. Assim, a grandes distncias da zona de

    detonao, as vibraes do terreno contm mais energia na faixa de baixas frequncias

    (Figura 1).

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    Figura 1 - Modificao das vibraes ao propagarem-se por terrenos de diferentes estruturas ecaractersticas

    Fonte: Jimeno, 2004.

    d) Consumo especfico de explosivo:Outro aspecto interessante o que se refere ao consumo especfico de explosivo.

    Frente a problemas de vibraes, alguns blasters1

    H registros de desmontes em que a diminuio do consumo especifico de explosivo

    em 20% com relao ao nvel timo fez com que os nveis de vibrao medidos fossem

    multiplicados por 2 ou 3, como consequncia do grande confinamento e m distribuio

    espacial do explosivo que originam uma falta de energia para movimentar e empolar a rocha

    fragmentada (JIMENO, 2004).

    decidem por reduzir o consumo especifico

    de explosivo no desmonte, o que em certas situaes pode influir de maneira oposta

    desejada.

    1Tcnico legalmente registrado responsvel por supervisionar ou executar o plano de fogo, operaesde detonao e atividades correlatas.

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    A Figura 2 mostra a influncia do consumo especifico em situaes extremas e

    prximas ao nvel timo de utilizao em desmontes superfciais em banco.

    Figura 2 - Influncia do consumo especfico de explosivo na intensidade de vibrao

    Fonte: Jimeno, 2004.

    e) Tipos de explosivos:Existe uma correspondncia entre as velocidades de partcula e as tenses induzidas

    nas rochas, e tal constante de proporcionalidade a impedncia do meio rochoso. Assim, a

    primeira consequncia prtica que aqueles explosivos que geram presses de furo mais

    baixas provocam nveis de vibrao inferiores. Estes explosivos so os de baixa densidade

    baixa velocidade de detonao, por exemplo, o ANFO.

    Nos estudos de vibrao, se explosivos de potncias muito variadas forem utilizados,

    as cargas devem ser normalizadas a uma de um explosivo padro de potncia conhecida(normalmente utiliza-se o ANFO como explosivo de referncia, devido ao seu maior uso).

    f) Tempos de retardo:O intervalo de retardo entre a detonao de furos em um desmonte pode referir-se

    tanto ao tempo de retardo nominal quanto ao tempo de retardo efetivo.

    O primeiro a diferena entre os tempos nominais de iniciao, enquanto o tempo de

    retardo efetivo a diferena de tempos de chegada de pulsos gerados pela detonao dos furos

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    iniciados com perodos consecutivos. No simples caso de uma fila de furos estes parmetros

    esto relacionados pela seguinte expresso:

    = . (2)Onde:

    = tempo de retardo efetivo; = tempo de retardo nominal; S = espaamento entre furos;

    VC = velocidade de propagao das ondas ssmicas;

    = ngulo entre a linha de propagao de detonao e a posio do

    equipamento de registro.

    Um mtodo bastante eficaz para se diminuir as vibraes a insero de cargas

    inertes2

    entre as cargas de explosivo, possibilitando que cada cartucho de explosivo seja

    iniciado com um tempo de retardo especfico, o que diminui a carga detonada por evento.

    Figura 3 - Mtodo de desmonte alternativo, onde cada carga de explosivo iniciada com especfico tempo

    de retardo

    Fonte: autoria prpria

    2Cargas com baixa energia de ativao e que no reagem com o explosivo, podendo ser materiais comoserragem, brita, material mido, etc.

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    g) Variveis geomtricas do plano de fogo:A maioria das variveis geomtricas do diagrama de fogo possui considervel

    influncia sobre as vibraes geradas. Abaixo segue uma breve descrio das mesmas

    (JIMENO, 2004):

    Dimetro de perfurao: o aumento do dimetro de perfurao influncia de maneira

    negativa, pois a quantidade de explosivo por furo proporcional ao quadrado do dimetro,

    resultando em algumas ocasies, cargas operantes muito elevadas;

    Afastamento e espaamento:se o afastamento excessivo os gases da exploso encontram

    resistncia para fragmentar e deslocar a rocha e parte da energia do explosivo se transfora em

    energia ssmica aumentando a intensidade das vibraes. Este fenmeno tem sua

    manifestao mais clara em desmontes de pr-corte, onde o confinamento total e se pode

    registrar vibraes de ordem de at 5 vezes superiores as de um desmonte convencional em

    banco.

    Se a dimenso do afastamento reduzida os gases escapam e expandem para frente

    livre a uma velocidade muito alta, impulsionando os fragmentos de rocha e projetando-os de

    forma descontrolada, provocando ainda um aumento de rudo e de onda area.

    Em relao ao espaamento, sua influncia semelhante ao do parmetro anterior e

    inclusive sua dimenso depende do valor do afastamento.

    Tamponamento: se a altura do tampo excessiva, podero ocorrer problemas na

    fragmentao, isto devido ao aumento do confinamento, podendo dar lugar a maiores nveis

    de vibrao.

    Inclinao dos furos:os furos inclinados permitem um melhor aproveitamento da energia nonvel do piso, conseguindo inclusive uma reduo das vibraes, isto para desmontes

    superficiais.

    Desacoplamento:relao entre o dimetro da carga e dimetro do furo.

    Dimenso do desmonte: as dimenses dos desmontes so limitadas, por um lado, pela

    necessidade de produo, e por outro, pelas cargas mximas operantes determinadas nos

    estudos de vibrao a partir das leis de propagao, tipos de estruturas a proteger e parmetroscaractersticos dos fenmenos perturbadores.

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    4.1.2. Caractersticas das vibraes terrestresA seguir segue alguns aspectos tericos a respeito da gerao e propagao das

    vibraes produzidas nos desmontes de rochas, porm preciso indicar que se trata de umamera aproximao do problema, pois os fenmenos reais so muito mais complexos devido

    superposio de diferentes tipos de ondas e mecanismos modificadores destes.

    a) Tipos de ondas ssmicas geradas:As vibraes dos terrenos geradas nos desmontes por explosivos se transmitem atravs

    dos materiais como ondas ssmicas cuja frente se desloca radialmente a partir do ponto de

    detonao. As distintas ondas ssmicas se classificam em dois grupos: ondas internas e

    ondas superficiais, de acordo com aFigura 4.

    O primeiro tipo de onda interna so as denominadas Primrias ou de Compresso -

    P. Estas ondas se propagam dentro dos materiais, produzindo alternadamente compresses e

    rarefaes e dando lugar a um movimento das partculas na direo de propagao das ondas.

    So as mais rpidas e produzem troca de volumes, sem troca de forma, no material atravs do

    qual se movimentam.

    O segundo tipo constitudo das Ondas Transversais ou de Cisalhamento - S, que

    do lugar a um movimento das partculas perpendicular a direo de propagao da onda. A

    velocidade das ondas transversais est compreendida entre a das ondas longitudinais e a das

    ondas superficiais e os materiais submetidos a esses tipos de onda experimentam trocas de

    forma e no de volume.

    Figura 4 - Ondas de compresso (P) e cisalhamento (S)

    Fonte: Jimeno, 2004.

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    As ondas do tipo superficial que so geradas pelos desmontes de rochas so: as Ondas

    Rayleigh-R e as Ondas Love-Q. Outros tipos de ondas superficiais so as ondas Canal e as

    Ondas Stonelly.

    As ondas Rayleigh impem s partculas um movimento segundo a trajetria elptica,

    com um sentido contrrio ao de propagao da onda. As ondas Love, mais rpidas que as

    Rayleigh, do lugar a um movimento de partculas na direo transversal s de propagao.

    Como as ondas viajam com velocidades diferentes e o nmero de retardos nos

    desmontes pode ser grande, as ondas geradas se superpem umas com as outras no tempo e no

    espao, resultando movimentos complexos cuja anlise requer a utilizao de geofones e

    equipamentos captadores dispostos segundo as trs direes: radial, vertical e transversal.

    (Segundo aFigura 5).

    Figura 5 - Registro de ondas

    Fonte: Jimeno, 2004.

    Segundo Jimeno, 2004, apud Miller e Pursey, 1955, as ondas Rayleigh transportam

    entre 70 e 80% da energia total, sendo que no manual de desmonte de Du Point diz-se que

    estes tipos de ondas dominam o movimento da superfcie do terreno a distncias de

    detonaes de vrias centenas de metros, e dado que muitas estruturas e edificaes no

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    entorno das explotaes se encontram a distncias superiores 500 metros, so as ondas

    Rayleigh as que constituem um maior risco potencial de danos.

    b) Parmetros das ondas:A passagem de uma onda ssmica por um meio rochoso produz em cada ponto deste

    um movimento que se conhece por vibrao.

    Uma simplificao para o estudo das vibraes geradas pelos desmontes consiste em

    considerar estas como ondas do tipo senoidal (Figura 6).

    Figura 6 - Movimento harmnico da onda

    Fonte: Person, 1994.

    Importa ento referir sucintamente os parmetros que caracterizam as ondas (Louro,

    2009, apud Bernardo, 2004):

    Amplitude (A) magnitude da afetao de uma partcula, a partir da sua

    posio de repouso (pode ser expressa sob a forma de um deslocamento, de

    uma velocidade ou de uma acelerao);

    Deslocamento (y) espao percorrido por uma partcula, quando excitada pela

    onda;

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    Velocidade de vibrao (v) deslocamento das partculas, causado pela

    passagem da onda, por unidade de tempo;

    Acelerao (a) variao da velocidade das partculas, por unidade de tempo;

    Perodo (T) tempo necessrio para completar um ciclo;

    Comprimento de onda () comprimento de um ciclo completo;

    Frequncia (f) nmero completo de oscilaes ou ciclos por segundo. A

    frequncia o inverso do perodo T.

    c) Atenuao geomtrica:A densidade de energia na propagao de pulsos gerados pela detonao de uma carga

    explosiva diminui conforme as ondas encontram ou afetam maiores volumes de rocha. Dadoque as vibraes compreendem uma combinao complexa de ondas, parece lgico considerar

    certos fatores de atenuao geomtrica para cada um dos distintos tipos.

    d) Amortizao inelstica:Na natureza, os macios rochosos no constituem, para a propagao das vibraes,

    um meio elstico, istropo e homogneo. Pelo contrrio, aparecem numerosos efeitos

    inelsticos que provocam uma perda de energia durante a propagao das ondas, que se somaa devida atenuao geomtrica.

    So numerosas as causas desta atenuao inelstica, tendo cada uma delas diferentes

    graus de influncia (JIMENO, 2004):

    Dissipao da matriz inelstica devido movimento relativo nas superfcies

    intercristalinas e planos de descontinuidade;

    Atenuao em rochas saturadas devido o movimento do fluido em relao

    matriz;

    Fluxo no interior das rachaduras;

    Difuso das tenses induzidas por volteis absorvidos;

    Reflexo em rochas porosas ou com grandes vazios;

    Absoro de energia em sistemas que experimentam trocas de fase, etc.

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    e) Interao das ondas elsticas:A interao das ondas ssmicas no tempo e no espao pode dar lugar a uma

    concentrao ou focalizao, proporcionando valores de atenuao maiores ou menores que

    os teoricamente calculados.

    A topografia e a geometria das formaes geolgicas podem conduzir a reflexo e a

    concentrao das frentes de ondas em determinados pontos.

    De acordo com o que se precede, com intuito de reduzir os efeitos da transmisso ou

    os efeitos secundrios potenciais nos registros preciso que as medidas se efetuem no campo

    direto do desmonte, ou seja, na zona prxima, entre o local de desmonte e as zonas sensveis

    onde se quer reduzir os efeitos das vibraes, como instalaes e estruturas.

    4.1.3. Estimao das leis de vibraoAs rochas no so um meio isotrpico, muitas vezes sendo difcil prever o nvel de

    vibrao a uma dada distncia, logo a determinao das leis que governam a atenuao das

    vibraes nos distintos meios em que ela se propaga essencial para um adequado controle e

    estudo de suas propriedades, a fim de se evitar quaisquer danos ambientais e sociais.

    Na maioria dos casos, a velocidade mxima de partcula (mm/s) usada paraexpressar quais os nveis de vibrao que estruturas podem suportar sem sofrerem danos em

    reas de detonaes. Algumas investigaes mostraram que a relao emprica entre

    velocidade da partcula (v), peso da carga de explosivo (Q)e a distncia (D):

    =

    (3)

    Onde a constante ke variam com as condies das fundaes, geometria do plano defogo e tipo de explosivos.

    Para usar a equao emprica para predizer com segurana o nvel de vibrao para

    uma determinada distncia, as constantes k e devem ser determinadas por testes de

    detonao na vizinhana onde sero realizados os desmontes de rocha, o que permite

    determinar as propriedades de transmisso da rocha e a carga permitida, assim, qualquer

    possvel dano em estruturas prximas rea podem ser prevenidas.

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    Nos testes a intensidade real de vibrao registrada (ex. o valor da velocidade

    mxima de vibrao da partcula) e os valores medidos plotados em diagramas log-log (Figura

    7 - a). A linha de regresso desenhada atravs do nmero de pontos discretos.

    Como parte da anlise de riscos, uma investigao deve ser feita na rea vizinha por

    equipamentos sensveis vibrao e o nvel mximo de vibrao para estruturas sensveis

    prximas deve ser determinado. Este nvel (critrio de dano) ento plotado em um diagrama

    e a interseo entre este critrio de dano e a linha de regresso dar o mais baixo valor de

    / permitido para ser usado (Figura 7 - b). Para cada distncia tem-se ento adeterminao de um nico peso de carga que no deve ser excedido.

    Figura 7 - Adaptao da linha de regresso em um diagrama log-log (a) e determinao do menorvalor de D/a ser usado (b)

    Fonte: Person, 1994.

    Para encontrar a melhor linha de regresso, = (, ) para as variveis, deve-se

    encontrar as constantes , b e c para a equao definida por Jimeno, 2004, apud Holberg ePersson (1978):

    = (4)

    log = log + log + log (5)

    As constantes sero dadas quando:

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    log log log log =1 = min. (6)

    Usualmente assume-se que a constante bda equao 5 igual (-c/2), dai a tem-se as

    equaes:

    = (7)

    Ou,

    log = log + log (8)

    qual tem a forma = + . As constantes podem facilmente serem determinadascom o uso de simples programas de ajuste dos mnimos quadrados, como o programaMINREG.BAS que foi utilizado no estudo de caso demonstrado a frente.

    4.1.4. Critrios de preveno de danos para vibraesUma vez conhecida a lei que governa a amortizao das ondas ssmicas no meio

    rochoso, necessrio estimar o grau de vibrao mximo que os diferentes tipos de estruturas

    prximos a rea de escavao podem tolerar, para que no sofram danos.A adoo de critrios ou nveis de preveno das vibraes frequentemente uma

    tarefa delicada, que exige o reconhecimento rigoroso dos mecanismos que intervm nos

    fenmenos recorrentes das detonaes e das respostas das estruturas. Um critrio arriscado

    pode levar a apario de danos e imperfeies, alm de que uma postura conservadora pode

    dificultar ou inclusive paralisar a atividade mineira (JIMENO, 2004).

    A maioria dos pases tem normas locais, que especificam legalmente nveis aceitveis

    de vibrao do solo provocadas por detonaes. Estas normas so baseadas em pesquisas que

    relacionam o pico da velocidade com os dados estruturais (SILVA, 2012).

    Norma Brasileira (NBR 9653):

    No Brasil a ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas) estabeleceu normas,

    vlidas a partir de 31/10/2005, atravs da ABNT NBR 9653 (Norma Brasileira Registrada),

    para reduzir os riscos inerentes ao desmonte de rocha com uso de explosivos em mineraes,

    estabelecendo os seguintes parmetros a um grau compatvel com a tecnologia disponvel

    para a segurana das populaes vizinhas (SILVA, 2012):

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    De acordo com a ABNT NBR 9653:2005 podem-se observar as seguintes definies:

    a) velocidade de vibrao de partcula de pico: mximo valor instantneo da

    velocidade de uma partcula em um ponto durante um determinado intervalo de tempo,

    considerando como sendo o maior valor dentre os valores de pico das componentes de

    velocidade de vibrao da partcula para o mesmo intervalo de tempo;

    b) velocidade de vibrao de partcula resultante de pico (VR): mximo valor

    obtido pela soma vetorial das trs componentes ortogonais simultneas de velocidade de

    vibrao de partcula, considerado ao longo de um determinado intervalo de tempo, isto :

    =

    2 +

    2 +

    2 (9)

    onde:

    VL, VT e VV so respectivamente os mdulos de velocidade de vibrao de

    partcula, segundo as direes L - longitudinal, T - transversal e V vertical;

    c) presso acstica: aquela provocada por uma onda de choque area com

    componentes na faixa audvel (20 Hz a 20.000 Hz) e no audvel, com uma durao menor do

    que 1 s;

    d) rea de operao: rea compreendida pela unio da rea de licenciamento

    ambiental mais a rea de propriedade da empresa de minerao.

    e) ultralanamento: arremesso de fragmentos de rocha decorrente do desmonte com

    uso de explosivos, alm da rea de operao.

    f) distncia escalonada (DE) ou distncia reduzida: calculada atravs da seguinte

    expresso e usada para estimar a vibrao do terreno:

    = (7)onde:

    D a distncia horizontal entre o ponto de medio e o ponto mais prximo da

    detonao, em metros; Q a carga mxima de explosivos a ser detonado por espera, em quilogramas.

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    g) desmonte de rocha com uso de explosivos: operao de arrancamento,

    fragmentao, deslocamento e lanamento de rocha mediante aplicao de cargas explosivas.

    Os limites para velocidade de vibrao de partcula de pico acima dos quais podemocorrer danos induzidos por vibraes do terreno so apresentados numericamente naTabela

    1 e graficamente naFigura 8.

    Tabela 1 - Limites de velocidade de vibrao de partcula de pico por faixas de frequncia

    Faixa de Frequncia Limite de Velocidade de vibrao de partcula de pico

    4 Hz a 15 Hz Iniciando em 15 mm/s aumenta linearmente at 20 mm/s

    15 Hz a 40 Hz Acima de 20 mm/s aumenta linearmente at 50 mm/sAcima de 40 Hz 50 mm/s

    NOTA - Para valores de frequncia abaixo de 4 Hz deve ser utilizado como limite o critrio de

    deslocamento de partcula de pico de no mximo 0,6 mm (de zero a pico).

    Fonte: NBR, 2005.

    Figura 8 - Representao grfica dos limites de velocidade de vibrao de partcula de pico porfaixas de frequncia

    Fonte: NBR, 2005.

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    Situaes excepcionais: quando por motivo excepcional, houver o impedimento da

    realizao do monitoramento sismogrfico, pode ser considerada atendida essa Norma com

    relao velocidade de vibrao de partcula de pico, se for obedecida uma distncia

    escalonada que cumpra com as seguintes exigncias:

    DE 40 m/kg0,5para D 300 m

    Norma Portuguesa (NP 2074):

    Em Portugal, vigora a Portaria n 457/83, de 19 de Abril, que instituiu a Norma

    Portuguesa (NP) n 2074, intitulada "Avaliao da influncia em construes de vibraes

    provocadas por exploses ou solicitaes similares".

    A norma portuguesa segue, em linhas gerais, a norma alem DIN 4150, determinando,

    em particular, um critrio de controle dos parmetros caractersticos das vibraes produzidas

    em mineraes e seus efeitos nos edifcios.

    Esta norma estabelece, de um modo conservador, o valor limite para a velocidade da

    vibrao de pico (VR), como um produto de trs fatores (Equao 8), destinados a contemplar

    o tipo do terreno de fundao (), o tipo da construo (), e a periodicidade diria das

    solicitaes ().

    = 102[. 1] (8)

    Com o auxlio da equao anterior e dentro da gama possvel das constantes , e ,

    podem ser resumidas todas as situaes previstas, e os correspondentes valores admissveis,

    previstos na referida norma, conforme se ilustra naTabela 2.

    Esteves (1994) props, alm da considerao das caractersticas anteriormente

    mencionadas, a considerao da frequncia. O parmetro usado para avaliar o nvel de

    vibrao a soma vetorial das trs componentes ortogonais da velocidade de partcula, ou

    simplesmente tomando-se o valor mximo de cada eixo.

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    Tabela 2 - Limites dos valores de vibrao de partcula em mm/s segundo a norma NP 2074

    Tipo de solo (afetam os valores da constante )

    Solos incoerentes(areias inconsolidadas)

    Solos de consistncia muito

    dura, dura e mdia; solos

    compactos incoerentes

    Solos de altacoerncia e rochas

    Velocidade da onda Cp < 1000 m/s 1000 < Cp < 2000 m/s Cp > 2000 m/s

    Tipos de Construo(afetam os valores da

    constante )=1,0 =1,0 =1,0

    Tipo A - Construes que

    requerem cuidados especiais

    (monumentos histricos,

    museus, prdios muito altos)

    3 5 10

    Tipo B - Construes normais

    (habitaes)5 10 20

    Tipo C - Construes

    reforadas (prdios a prova

    de terremotos)15 30 60

    Legenda: Cp - Velocidade de propagao das ondas ssmicas longitudinais no terreno (rocha ou solo)

    Nota: Em cada situao, a constante aplicada no sentido de reduzir em 30% (=0,7) os valores davelocidade, caso se efetue mais de trs detonaes dirias, ou seja, se for aplicada uma fonte vibratriapermanente ou quase.

    Fonte: NP 2074, 1983.

    A NP 2074 difere da maioria das outras normas, por envolver as caractersticas do

    terreno, em que as estruturas esto fundadas, e o nmero de eventos dirios. O valor mximo

    admissvel (da NP 2074) alcana 60 mm.s-1, incorporando um elevado fator de segurana,

    apenas justificvel para a preveno de danos superficiais nas estruturas. Contudo, a

    subjetividade na classificao do grau de resistncia das estruturas pode tornar arbitrrio oestabelecimento dos valores limites admissveis.

    A ausncia da frequncia ondulatria nessa norma constitui uma limitao

    significativa, dada extrema importncia desse parmetro. De fato, a frequncia da vibrao

    um parmetro considerado necessrio no contexto da maioria dos critrios de dano, vigentes a

    nvel internacional.

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    4.2. DIAGRAMA DE FOGO PARA ESCAVAO DE TNEIS

    Segundo Silva, C.,2009, chama-se diagrama ou plano de fogo o plano que engloba

    o conjunto dos elementos que permitem uma perfurao e detonao correta de um tnel,

    galeria, poo, etc., atravs do equipamento previsto para este servio e dos tempos necessrios

    ao cumprimento do cronograma.

    A primeira parte de um plano de fogo refere-se determinao do explosivo e sua

    forma de detonao. Seguem-se a verificao do projeto e o estudo do tempo. A Figura 9

    mostra as zonas de um desmonte de um tnel ou galeria.

    Figura 9 - Zonas de uma seo de galeria ou tnel

    Fonte: Jimeno, 2004.

    A operao unitria de perfurao e desmonte por explosivos usada em tneis

    realizada perfurando-se a rocha na frente de avano do tnel ou galeria com uma srie de

    furos de mina nos quais se coloca o explosivo juntamente com linha silenciosa para tnel

    (Brinel, Exel etc.), cordel detonante (Manticord, Britacord etc.) e estopim espoletado

    (Britapim, Mantopim, Espoletim etc.), (SILVA, C.,2009).

    Os furos na seo do tnel ou galeria e a sua sequncia de iniciao so dispostos

    segundo um plano previamente estabelecido que ir determinar como a rocha vai se romper,

    em geral denominado como diagrama de fogo.

    Segundo Silva, C.,2009, os primeiros furos a detonarem devem criar um vazio para oqual se lana sucessivamente o resto da rocha. Esta abertura, o pilo, que em geral ocupa 1 m2

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    da frente de avano, a chave que abre a rocha at uma profundidade que depende da forma e

    sucesso conseguido no mesmo.

    As fases seguintes do desmonte, repartidas no espao remanescente, devem ser

    projetadas para se obter o contorno desejado com um menor dano possvel da rocha

    remanescente.

    A maior parte da rocha de um desmonte por explosivos em um tnel deve romper,

    contra uma face mais ou menos livre, o que significa com um ngulo inferior a 90 (SILVA,

    C.,2009).

    4.2.1. Alguns elementos do diagrama de fogoa) Dimetro da perfurao da rochaPequenos dimetros de perfurao, frequentemente, necessitam de um ciclo de

    perfurao, detonao e carregamento a ser completado em uma ou mais vezes por turno.

    Em tneis perfurados com grande dimetro, o ciclo de perfurao, de detonao, de

    carregamento e de reforo da rocha ser influenciado no somente pelo tempo para executar a

    tarefa, mas tambm pelos seguintes fatores (SILVA, C.,2009):

    as necessidades de reforo que limitam o avano da face;

    a preocupao com os nveis de vibrao que restringem a massa e a

    profundidade da carga;

    a logstica da movimentao necessria dos equipamentos para execuo de

    uma determinada tarefa, mantendo fora do circuito outras atividades que poderiam ser feitas

    simultaneamente.

    b) Formas de ataque mais comuns (sistemas de avano)Em rochas competentes os tneis com sees inferiores a 100 m

    2

    podem ser escavadoscom perfurao e desmonte seo plena. As escavaes por fase so utilizadas na abertura

    de grandes tneis onde a seo demasiada grande para ser coberta pelo equipamento de

    perfurao ou quando as caractersticas geomecnicas das rochas no permitem a escavao

    plena seo.

    As cinco formas de ataque mais comuns so (SILVA, C.,2009):

    Seo Plena;

    Galeria Superior e Bancada;

    Galeria Lateral;

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    Abertura Integral da Galeria Superior e Bancada;

    Galerias mltiplas.

    1. Seo PlenaSempre que possvel o sistema conhecido por sistema ingls ou avano de seo plena

    escolhido para realizar um determinado avano que ocorre de uma s vez.

    As principais vantagens da abertura de tneis por seo plena constituem que esse tipo

    de avano permite a aplicao de equipamento de alta capacidade, e consequentemente o

    procedimento que atinge as maiores velocidades de avano nas frentes.

    Existem srias restries quando as sees so maiores principalmente em reas de

    grande tenso tectnica, quando a descompresso da rocha pode causar srios problemas deexploso da rocha (rock bursting).

    2. Galeria Superior e BancadaA rea total retirada em duas sees, sendo a superior uma galeria de seo em

    forma de arco (parte da pata de cavalo) sempre em primeiro lugar, ficando sempre frente da

    bancada inferior. As principais vantagens desta forma de ataque esto na reduo de

    armaes, pois sempre h bancadas para trabalhar em cima.

    O avano da bancada inferior fica condicionado ao avano da abertura da galeria

    superior, assim algum problema que ocorra na parte superior se reflete no avano inferior.

    3. Galeria LateralO sistema de ataque que abre a metade da rea da seo do tnel, porm subdividindo

    o mesmo em duas galerias que so detonadas separadamente, tambm conhecido pelo nome

    de sistema belga.

    Na escolha da forma de ataque ou mtodo de escavao deve-se levar em conta osistema de suporte a ser empregado. Esta seleo de mtodo sempre consiste de um

    compromisso entre uma tentativa de acelerar ao mximo a operao de abertura e a

    necessidade de suportar a rocha antes que esta caia no tnel originando problemas de

    segurana ou estabilidade. Por isso o mtodo de ataque depende do comportamento e da

    dimenso e forma da seo transversal do tnel, e principalmente do tipo e natureza e

    comportamento mecnico estrutural da rocha.

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    c) PilesPara um desmonte ser econmico, necessrio que a rocha a ser desmontada tenha

    face livre. Em algumas aplicaes de desmontes essas faces livres inexistem como o caso do

    desenvolvimento de tneis, poos (shafts) e outras aberturas subterrneas, onde se torna

    necessrio criar faces livres artificialmente. Isto feito preliminarmente no desmonte

    principal, atravs da perfurao e detonao de uma abertura na face da perfurao. Essa

    abertura denominada pilo (cut).

    A seleo do pilo depende no somente das caractersticas da rocha e da presena de

    juntas e planos de fraqueza, mas tambm da habilidade do operador, do equipamento

    utilizado, do tamanho da frente, da profundidade do desmonte e a localizao do material

    resultante da detonao. Os principais tipos de pilo so:Pilo em centro ou em pirmide (Center Cut);

    Pilo em V (Wedge Cut);

    Pilo Noruegus (The Draw Cut);

    Pilo Coromant;

    Pilo queimado ou estraalhante (The Burn Cut);

    Pilo em Cratera;

    Pilo Circular ou Pilo de Furos Grandes.

    4.2.2. Clculo dos elementos do diagrama de fogoEm um projeto de dimensionamento de diagrama de fogo, h diversas

    consideraes de inmeros autores sobre o melhor mtodo de clculo e determinao dos

    principais parmetros a serem utilizados, logo, a partir dos modelos e equaes

    apresentados por Silva C., 2009 e Jimeno 2004, pde-se chegar aTabela 3, que mostra

    algumas das equaes mais relevantes a serem utilizadas nos clculos de dimensionamentode fogo para galerias ou tuneis.

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    Tabela 3 - Principais parmetros e equaes a serem utilizadas para dimensionamento do diagrama defogo ideal

    Parmetros do diagrama de fogo Equaes de clculo

    Furos depilo

    Afastamento entre furos de expanso e osfuros carregados - primeiro quadrado (a) = 1,5 Espaamento entre os furos carregados -

    primeiro quadrado (w) = 2

    Afastamento - segundo quadrado (2) 2 = 1,5 1Espaamento - segundo quadrado (2) 2 = 2 2

    Tampo dos furos de corte () = 10 Furos de

    piso elaterais ao

    pilo

    Afastamento recomendado () De acordo com Silva, C., p.109,2009Espaamento () = 1,1

    Tampo dos furos de piso () = (0,7 1)

    Furos deteto e

    hasteais

    Afastamento recomendado () De acordo com Silva, C., p.122,2009Espaamento () De acordo com Silva, C., p.122,2009

    Tampo dos furos de teto (T) = (0,7 1)

    Para osfuros em

    geral

    Razo Linear de Carregamento (RL) RL = d24000

    Carga de Explosivos (Q) = RL

    Profundidade da Carga de Explosivo (H) = RL

    Profundidade Real do Furo* (Hf) = RL + +

    Avano (X) = 0,95 * Profundidade calculada considerando a carga de explosivo mxima admissvel.

    Fonte: autoria prpria

    Onde:

    = dimetro do furo de expanso ou vazio (m); d= dimetro dos furos (m);

    d= dimetro do explosivo (m); = densidade do explosivo (kg/m) = quantidade de cartuchos de explosivo usados por furo; = quantidade de cargas inertes usadas por furo; = comprimento da carga inerte usada.

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    Tabela 4 - Valores obtidos no registo de vibraes pela E.P.M. (Empresa de Projectos Mineros S.A.)

    Registo

    N.

    PVS

    (mm/s)

    Cargas

    Detonadas (kg)

    Distncias

    (m)

    Registo

    N.

    PVS

    (mm/s)

    Cargas

    Detonadas (kg)

    Distncias

    (m)

    1 27.59 0.278 15.5 33 2.06 0.139 34.2

    2 17.69 0.208 17.5 34 1.47 0.139 37.6

    3 9.69 0.139 19.0 35 9.66 0.278 43.5

    4 17.05 0.347 19.0 36 5.57 0.208 45.9

    5 10.85 0.139 18.6 37 4.01 0.139 47.6

    6 14.88 0.278 20.6 38 6.21 0.348 47.6

    7 8.43 0.139 20.6 39 3.70 0.139 48.1

    8 8.73 0.139 22.4 40 5.70 0.278 49.5

    9 4.02 0.139 23.8 41 2.63 0.139 50.2

    10 11.2 0.417 27.6 42 2.77 0.139 52.0

    11 15.2 0.347 25.5 43 1.98 0.139 53.7

    12 4.22 0.208 28.9 44 11.83 0.417 55.8

    13 0.76 0.069 32.3 45 13.11 0.348 54.0

    14 2.25 0.139 35.2 46 2.71 0.209 58.7

    15 2.55 0.208 38.3 47 12.09 0.278 29.0

    16 2.02 0.139 41.2 48 9.29 0.209 31.3

    17 0.95 0.139 44.7 49 5.89 0.139 33.0

    18 64.68 0.278 10.3 50 11.2 0.348 33.0

    19 41.55 0.208 11.7 51 5.39 0.139 33.3

    20 30.54 0.139 12.8 52 13.9 0.278 34.9

    21 51.99 0.348 12.8 53 4.60 0.139 35.3

    22 26.52 0.139 11.6 54 5.19 0.139 37.123 47.42 0.278 14.1 55 1.98 0.139 38.7

    24 18.82 0.139 13.5 56 11.11 0.417 40.9

    25 20.31 0.139 15.1 57 10.70 0.348 39.5

    26 5.50 0.139 16.3 58 2.47 0.209 43.7

    27 23.06 0.417 21.8 59 1.69 0.139 49.3

    28 26.58 0.348 19.1 60 1.49 0.209 52.6

    29 7.51 0.208 21.4 61 1.23 0.139 55.6

    30 1.18 0.069 24.8 62 0.79 0.139 59.1

    31 3.82 0.139 28.4 63 1.49 0.209 52.6

    32 2.14 0.208 31.4 64 1.23 0.139 5.0

    Fonte: Empresa de Projectos Mineros S.A., 2001.

    O projeto deste tnel visava construir 593 metros de comprimento total (mais tarde

    ampliada para 642.8 metros) e seco de 100 m2em ferradura com arco invertido, localizada a

    uma profundidade mxima de 30 metros (trecho central do tnel de 303 metros), numa rea

    densamente urbanizada, que inclui diversas edificaes antigas.

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    O macio rochoso granito de Porto com elevada resistncia mecnica quando so e

    com presena de algumas alteraes, em especial prximo da superfcie.

    5.1. SOFTWARE MLINREG.BAS

    Com o objetivo de se obter uma lei de propagao das vibraes mais ajustada,

    utilizou-se como ferramenta o programa computacional MLINREG.BAS. Uma vez recolhida

    e organizada a base de dados com os dados relativos aos parmetros v, Q e D, o programa nos

    permite a determinao das constantes , b e c, para que em qualquer momento, se possamsimular situaes pertinentes resoluo de problemas relacionados com vibraes, em tempo

    real.

    Este programa, tal como o prprio nome indica (Multiple LINear REGression), baseia-

    se no mtodo estatstico de regresso linear mltipla, utilizando a linguagem de programao

    BASIC.

    Como mostrado na seo 4.1.3, a aplicao de um mtodo numrico de regresso

    linear lei de propagao das vibraes nos terrenos obriga a aplicar logaritmos a ambos os

    termos da equao, de forma a transformar os expoentes em coeficientes (LOURO, 2009,

    apud BERNARDO & VIDAL, 2005), como se pode ver pelas equaes (4 e 5) mostradas

    abaixo:

    = log = log +log +log

    Desta forma, obtm-se uma expresso equivalente qual podem ser associadas outras

    variveis: Y, X1e X2, em vez de v, Q e D, respectivamente, sendo: = log ,1 = log e

    2= log

    . Assim, obtm-se outra equao em que a varivel dependente (Y) passa a ser

    funo de duas variveis independentes (X), com a vantagem de estas, por apresentarem

    expoentes iguais unidade, permitirem aplicar uma regresso linear, que mltipla porque

    existe mais do que uma varivel independente (1e2), (LOURO, 2009, apud BERNARDO& VIDAL, 2005).

    =0 + 11 + 22 (9)

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    A tarefa do MLINREG.BAS simplesmente determinar os coeficientes 0, 12,que permitem melhor ajustar as variveis Y e X, considerando o conjunto de dados de input

    do problema.

    Visto que esses dados de inputso experimentais, admite-se que ocorram desvios e

    haja necessidade de extrair valores anmalos (outliers) o que se sugere que seja feito por um

    processo grfico e verificado por comparao dos coeficientes de correlao da regresso,

    sendo que no se pretende extrair mais de 10 % dos dados.

    Uma vez determinados os coeficientes que maximizam esta correlao, devem ser

    transformados os coeficientes 0, 12, nos coeficientes , b e c originais. Para tal, devemser consideradas as seguintes igualdades (LOURO, 2009, apud BERNARDO & VIDAL,

    2005):

    = 10, =1e =2

    O MLINREG.BAS coloca algumas questes ao utilizador do programa, as quais se

    podem ver naFigura 11,(LOURO, 2009, apud BERNARDO & VIDAL, 2005):

    o tipo de regresso que pretende aplicar (escolhida: Regular = normal);

    se pretende calcular o coeficiente Durbin-Watson, muito usado quando umadas variveis o tempo, que no o caso (escolhida: N = no);

    o nmero de variveis independentes (escolhida: 2 = X1e X2);

    o nome do ficheiro de input (formato ASCII) que contm os dados

    experimentais a serem correlacionados. Aqui o programa indica o nmero de colunas que

    identifica no ficheiro fornecido e pergunta ao utilizador se pretende associar cada coluna a

    uma varivel. Em caso afirmativo, vai considerar que a primeira coluna (data field) a

    varivel dependente ( = log ) e que as seguintes so as variveis independentes ( X ,sendo1 = log e2 = log ); e Finalmente, o programa pergunta de que modo o utilizador pretende visualizar

    os resultados (escolhido: S = Screen, para visualizar no ecr).

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    Figura 11 - Fase de definio dos "inputs" no programa MLINREG.BAS

    Fonte: autoria prpria

    O ficheiro de input do MLINREG.BAS tem de estar no formato ASCII, que um

    formato de texto simples, e que permite ao computador armazenar e trocar dados com outros

    programas. No ficheiro ASCII, necessrio que os dados estejam exatamente nesta ordem: v,Q e D, que possuam espaos em vez de tabulaes, e pontos em vez de vrgulas.

    Com o ficheiro anterior, obtm-se os coeficientes b0, b1e b2, que iro se transformar

    nos coeficientes a, b e c originais, e o coeficiente de correlao (R squared). Quanto mais

    prximo de 1 se situar, melhor a correlao entre as duas variveis, sendo que a partir de

    75%, considerada uma correlao forte.

    De referir que o coeficiente b2 ser sempre negativo, pois a relao entre a distncia

    entre os pontos de solicitao e monitorizao, e a velocidade vibratria das partculas doterreno normalmente inversa.

    Aps a anlise estatstica, sero comparados os diversos resultados obtidos e tecidas

    concluses sobre os mesmos.

    ATabela 5 mostra o arquivo de input (formato ASCII) que contm alguns dos dados

    experimentais a serem utilizados no programa MLINREG.BAS.

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    Tabela 5 - Dados do arquivo de inpututilizados no programa MLINREG.BAS

    Registo N PVS (mm/s)Cargas

    Detonadas (kg)Distncias (m)

    Arquivo de input (dados.txt)

    Log V Log Q Log D

    1 27,59 0,28 15,50 1,44 -0,56 1,19

    2 17,69 0,21 17,50 1,25 -0,68 1,24

    3 9,69 0,14 19,00 0,99 -0,86 1,28

    4 17,05 0,35 19,00 1,23 -0,46 1,28

    5 10,85 0,14 18,60 1,04 -0,86 1,27

    6 14,88 0,28 20,60 1,17 -0,56 1,31

    7 8,43 0,14 20,60 0,93 -0,86 1,31

    8 8,73 0,14 22,40 0,94 -0,86 1,35

    9 4,02 0,14 23,80 0,60 -0,86 1,38

    10 11,20 0,42 27,60 1,05 -0,38 1,44

    11 15,20 0,35 25,50 1,18 -0,46 1,41

    12 4,22 0,21 28,90 0,63 -0,68 1,46

    13 0,76 0,07 32,30 -0,12 -1,16 1,51

    14 2,25 0,14 35,20 0,35 -0,86 1,55

    15 2,55 0,21 38,30 0,41 -0,68 1,58

    16 2,02 0,14 41,20 0,31 -0,86 1,61

    17 0,95 0,14 44,70 -0,02 -0,86 1,65

    18 64,68 0,28 10,30 1,81 -0,56 1,01

    19 41,55 0,21 11,70 1,62 -0,68 1,0720 30,54 0,14 12,80 1,48 -0,86 1,11

    21 51,99 0,35 12,80 1,72 -0,46 1,11

    22 26,52 0,14 11,60 1,42 -0,86 1,06

    23 47,42 0,28 14,10 1,68 -0,56 1,15

    24 18,82 0,14 13,50 1,27 -0,86 1,13

    25 20,31 0,14 15,10 1,31 -0,86 1,18

    26 5,50 0,14 16,30 0,74 -0,86 1,21

    27 23,06 0,42 21,80 1,36 -0,38 1,34

    28 26,58 0,35 19,10 1,42 -0,46 1,2829 7,51 0,21 21,40 0,88 -0,68 1,33

    30 1,18 0,07 24,80 0,07 -1,16 1,39

    31 3,82 0,14 28,40 0,58 -0,86 1,45

    32 2,14 0,21 31,40 0,33 -0,68 1,50

    33 2,06 0,14 34,20 0,31 -0,86 1,53

    34 1,47 0,14 37,60 0,17 -0,86 1,58

    35 9,66 0,28 43,50 0,98 -0,56 1,64

    36 5,57 0,21 45,90 0,75 -0,68 1,66

    Fonte: autoria prpria

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    5.2. SOFTWARE TUNNPLAN V1.17

    O programa TUNNPLAN v1.17 um software utilizado para realizar projeto de

    diagrama de fogo em aberturas subterrneas, como tneis, permitindo a definio da malha de

    furos perfurao, da carga explosiva e dos tempos de retardo dos furos.

    O TUNNPLAN permite projetar diagramas de fogo para escavao de tneis em zonas

    sensveis, ou seja, zonas urbanas prximas rea de detonao, o que auxilia no controle de

    danos e minimiza o incmodo humano com relao s vibraes. Sua interface grfica pode

    ser vista naFigura 12.

    Figura 12 - Interface grfica do programa TUNNPLANN v1.17

    Fonte: autoria prpria

    A estrutura operacional do programa est composta por um mdulo que permite:

    A seleo do tipo de seo do tnel: rodovirio, de contorno circular,

    hidrulico e tnel com paredes verticais. Tambm possvel definir uma seo especfica

    diferente das padronizadas pelo programa mediante arcos e segmentos;

    Dimensionar a geometria e localizao dos furos de perfurao: insero e

    dimensionamento dos furos de pilo, furos de contorno (teto e piso), furos de parede,

    intermedirios laterais e acima ao pilo;

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    Dimensionar a carga explosiva e tempos de retardo do diagrama de fogo,

    obtendo-se como resultado uma representao grfica com todos os parmetros do diagrama.

    De acordo com Torres (2012), a estrutura operacional do programa tem como

    fundamentos os passos definidos pelaFigura 13.

    Figura 13 - Estrutura operacional do software TUNNPLAN v1.17

    Fonte: Torres, 2012.

    O programa TUNNPLAN v1.17 ainda possui um ecr de ajuda que apresenta valores

    de dimensionamento de referncia, chamado Prognosis (Figura 14), porm, para os dados

    deste ecr serem representativos para o projeto em questo necessrio determinar o ndice

    de Desmontabilidade (Blastability Index), que foi feito usando o programa DISVOL.

    Figura 14 - Ecr Prognosis do programa TUNNPLAN v1.17

    Fonte:programa TUNNPLAN v1.17.

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    6.RESULTADOS E DISCUSSESA partir do arquivo deinputmostrado na seo 5, se obteve os valores dos coeficientes

    de correlao obtidos pela regresso linear mltipla, os resultados podem ser analisados na

    Figura 15.

    Figura 15 - Outputsdo programa MLINREG.BAS obtidos pelo tratamento dos dados

    Fonte: autoria prpria

    Pela anlise dos dados observados acima, observa-se que o coeficiente de correlao

    entre as duas variveis (R squared) apresenta um valor um pouco abaixo do satisfatrio,

    menor que 75%, porm podemos consider-lo como sendo significativo.

    Logo, utilizando os dados de outpute correlacionando-os com a equao 9 foi possvel

    obter a equao 10, que representa a lei de propagao de vibrao para este estudo de caso,

    os resultados podem ser analisados naTabela 6.

    = 4541,21 1,511,22 (10)

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    Tabela 6 - Coeficientes de correlao obtidos

    Equao Coeficientes Regresso

    =0 + 11 + 22 0= 3,657172 1= 1,512746 2= -1,2195752= 67%Equivalncia = 10 b =1 c =2

    = = 4541,21 b = 1,51 c = -1,22

    Fonte: autoria prpria

    Considerando uma velocidade mxima admissvel VL de acordo com a Norma

    Portuguesa NP2074, para os trs tipos de terreno, para estruturas localizadas a distncias de 5

    a 100 m do local de detonao do explosivo e para construes de tipo A, B e C, a carga

    mxima admissvel Q a ser detonado por furo foi determinada de acordo com a equao 10.

    A Figura 16 representa graficamente a carga explosiva mxima a aplicar em cada furo

    para distintas distncias considerando solos incoerentes (areias consolidadas), sendo a

    velocidade da onda Cp> 2000 m/s, segundo a Norma Portuguesa NP 2074.

    Figura 16 - Representao grfica da carga mxima por furo em funo da distncia para os trs tipos deconstruo (tipo A, B e C)

    Fonte: autoria prpria

    AFigura 17 representa grficamente a carga explosiva mxima a aplicar em cada furo

    para distintas distncias considerando solos de consistncia muito dura, dura e mdia ou solos

    compactos incoerentes, sendo a velocidade da onda 1000 < Cp< 2000 m/s, segundo a NormaPortuguesa NP 2074.

    00.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    1

    0 20 40 60 80 100 120

    CargaMximaporFuro(kg)

    Distncia(m)

    Tipo A (Vp = 3 mm/s)

    Tipo B (Vp = 5 mm/s)

    Tipo C (Vp = 15 mm/s)

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    Figura 17 - Representao grfica da carga mxima por furo em funo da distncia para os trs tipos deconstruo (tipo A, B e C)

    Fonte: autoria prpria

    A Figura 18representa grficamente a carga explosiva mxima a aplicar em cada furo

    para distintas distncias considerando solos de alta coerncia e rochas, sendo a velocidade da

    onda Cp> 2000 m/s, segundo a Norma Portuguesa NP 2074.

    Figura 18- Representao grfica da carga mxima por furo em funo da distncia para os trs tipos deconstruo (tipo A, B e C)

    Fonte: autoria prpria

    0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1

    1.2

    1.4

    1.6

    0 20 40 60 80 100 120

    CargaMximaporFuro(kg)

    Distncia(m)

    Tipo A (Vp = 5 mm/s)

    Tipo B (Vp = 10 mm/s)

    Tipo C (Vp = 30 mm/s)

    0

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    0 20 40 60 80 100 120

    CargaMximapo

    rFuro(kg)

    Distncia(m)

    Tipo A (Vp = 10 mm/s)

    Tipo B (Vp = 20 mm/s)

    Tipo C (Vp = 60 mm/s)

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    Estas representaes grficas da carga mxima por furo em funo das distncias para

    uma dada velocidade de vibrao limite, desde o ponto de detonao, so ferramentas

    essenciais para a comparao dos niveis de vibrao a que as estruturas e fundaes prximas

    esto expostas, logo, so fundamentais para preveno e controle dos danos e perturbaes

    para estas estruturas existentes.

    Com intuito de demonstrar a variao da carga mxima de explosivo em funo da

    distncia conforme a ABNT NBR 9653 foi feito o grfico apresentado naFigura 19.A norma

    brasileira apresenta critrios referentes apenas com relao frequncia e os limites de

    velocidade de vibrao de partcula, ao qual aumentam linearmente de uma faixa de 15 mm/s

    at 50 mm/s.

    Figura 19 - Representao grfica da carga mxima por furo em funo da distncia para algumasvelocidades de vibrao de partcula conforme a Norma Brasileira

    Fonte: autoria prpria

    Considerando as informaes de projeto do tnel do Porto (profundidade mxima de

    30 metros; macio rochoso correspondente a granito com elevada resistncia mecnica com

    poucas alteraes; rea densamente urbanizada, que inclui diversas edificaes antigas)

    determinou-se o valor de carga mxima admissvel de explosivo, que pode ser feito pelo

    clculo atravs da equao 10 ou simplesmente por anlise grfica daFigura ,obtendo um

    valor de 0,271 kg, conforme a velocidade de partcula limite definida pela Norma Portuguesa

    0

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    0 20 40 60 80 100 120

    CargaMximaporFuro(kg)

    Distncia(m)

    Vp = 15 mm/s

    Vp = 20 mm/s

    Vp = 25 mm/s

    Vp = 30 mm/s

    Vp = 35 mm/s

    Vp = 40 mm/s

    Vp = 45 mm/s

    Vp = 50 mm/s

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    (Tabela 2 solos de alta coerncia e rocha com relao a construes que requerem cuidados

    especiais, Vp = 10 mm/s).

    Para o tnel do Porto escolheu-se como explosivo o emulex, uma emulso leve

    desenvolvida pela empresa S.E.C., que pode facilmente ser iniciado por um primer3

    Tabela 7

    . Suas

    caractersticas foram obtidas atravs do site do fabricante e podem ser analisados na .

    Tabela 7 - Caractersticas do explosivo utilizado

    Cartuchos - Emulex

    Dimetro (mm) Comprimento (mm) Peso Mdio (g) Revestimento

    28 200 147 Papel

    35 220 250 Papel

    40 200 333 Plstico40 500 833 Plstico

    50 500 1250 Plstico

    55 500 1464 Plstico

    60 500 1785 Plstico

    Fonte: site da empresa SEC., adaptado por Silva, G., 2013.

    A partir da carga mxima de explosivos admissivel obtida, foi possvel determinar os

    demais parmetros para o dimensionamento do diagrama de fogo, que foram utilizados no

    programa TUNNPLAN v1.17. As consideraes e clculos podem ser analisados naTabela 8

    eTabela 9.

    Tabela 8 - Consideraes dos principais parmetros para dimensionamento do diagrama de fogo

    Consideraes para o Diagrama de Fogo

    Tipo de Rocha Granito

    Tipo de Explosivo Emulex

    Densidade do Explosivo 1,181 g/cm3

    Seo do Tnel 100 m2

    Dimetro do Furo Carregado 0,038 m

    Dimetro do Explosivo 0,035 m

    Dimetro do Furo do Pilo (Sem Carga Explosiva) 0,010 m

    Comprimento da Carga Inerte 0,100 m

    Quantidade de Cartuchos de Explosivo por Furo 3

    Quantidade de Cargas Inertes por Furo 2

    Carga Mxima de Explosivo Admissvel 0,271 kg

    Fonte: autoria prpria

    3Iniciador de explosivo, ou seja, uma carga sensvel que promove a energia de ativao necessria parainiciar a detonao da carga explosiva principal ou de coluna.

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    Tabela 9 - Clculos dos parmetros utilizados para o dimensionamento do diagrama de fogo

    Parmetros do diagrama de fogo Equaes de clculo Resultados

    Furos depilo

    Afastamento entre furos de expanso e os

    furos carregados - primeiro quadrado (a) = 1,5

    0,153 mEspaamento entre os furos carregados -

    primeiro quadrado (w) = 2 0,216 m

    Afastamento - segundo quadrado (2) 2 = 1,5 1 0,324 mEspaamento - segundo quadrado (2) 2 = 2 2 0,458 m

    Tampo dos furos de corte () = 10 0,380 m

    Furos depiso e

    laterais aopilo

    Afastamento recomendado () De acordo com Silva, C., p.109,2009 1,000 mEspaamento () = 1,1 1,100 m

    Tampo dos furos de piso () = (0,7 1) 0,130 m

    Furos deteto e

    hasteais

    Afastamento recomendado () De acordo com Silva, C., p.122,2009 0,800mEspaamento () De acordo com Silva, C., p.122,2009 0,600 m

    Tampo dos furos de teto (T) = (0,7 1) 0,130 m

    Para osfuros em

    geral

    Razo Linear de Carregamento (RL) RL = d24000

    1,136 kg/m

    Carga de Explosivos (Q) = RL 0,271 kg

    Profundidade da Carga de Explosivo (H) = RL 0,238 m

    Profundidade Real do Furo* (Hf) = RL

    + + 1,295 m

    Avano (X) = 0,95 1,231 m* Profundidade calculada considerando a carga de explosivo mxima admissvel.

    Fonte: autoria prpria

    Pela anlise dos resultados calculados, percebe-se que a altura da carga de explosivoobtida para cada furo muito pequena, logo, para que o projeto no fosse inviabilizado,

    optou-se por uma metodologia de adicionar cargas inertes entre as cargas de explosivos, que

    sero iniciadas com tempos de retardo diferentes, permitindo um aumento significativo no

    comprimento dos furos at um valor aceitvel para operacionalizar o projeto.

    O tipo de pilo proposto para o projeto do tnel do Porto foi representado naFigura

    20.

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    Figura 19 - Pilo com trs furos vazios usado no projeto do tnel

    Fonte: autoria prpria

    AFigura 21,desenvolvida atravs do programa Datamine Studio 3, representa uma

    seo do tnel, com vista lateral dos furos de pilo e os furos auxiliares ou de corte carregados

    com explosivo, de acordo com o mtodo proposto, onde cada primer possui um tempo de

    retardo especfico e diferente dos outros, o que possibilita que as cargas detonem em tempos

    diferentes, diminuindo os nveis de vibrao.

    Figura 20 - Seo do tnel com furos de pilo e furos de contorno do pilo carregados com explosivo, ondecada carga iniciada com um tempo de retardo especfico

    Fonte: autoria prpria

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    O programa TUNPLANN v.1.17 no permite o dimensionamento do diagrama

    conforme o mtodo acima, inserindo cargas inertes entre as cargas explosivas, assim, para fins

    acadmicos, foi realizado o dimensionamento do diagrama de fogo pelo programa, porm

    considerando uma carga de explosivo 3 vezes maior (como utilizada no caso real, com tempos

    de retardos diferentes para o mesmo furo de 25 ms entre as cargas) e um furo com

    comprimento equivalente ao utilizado pelo mtodo acima demonstrado.

    A representao grfica da seo do tnel do Porto, com os devidos furos de

    perfurao, carga explosiva por furo e tempos de retardo pode ser analisada nas figuras em

    anexo, assim como as informaes tcnicas sobre detonadores eletrnicos, usualmente

    utilizados em casos que necessitem maior segurana e controle, como o estudo de caso em

    questo.

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    7.CONCLUSOCom base nos resultados e nas metodologias utilizadas conclui-se que possvel

    mensurar e controlar de maneira eficaz os impactos ambientais e sociais resultantes do uso de

    explosivos nas escavaes de macios rochosos ou em atividades relacionadas com

    detonaes em zonas urbanas sensveis, mantendo os nveis de vibrao, rudo e demais

    efeitos secundrios dentro dos limites padres estabelecidos pelas normas vigentes.

    Trabalhos e obras realizados com uso de detonaes prximos a reas urbanas e zonas

    sensveis podem ser realizados com segurana, considerando um ajuste adequado das cargas

    mximas por retardo, quantificadas pelos mtodos demonstrados no trabalho, porm, de

    extrema importncia que os dados sejam representativos e os clculos e consideraes feitos

    com todas as precaues e cuidados, a fim de se evitar erros.

    Assim como os programas computacionais utilizados, os softwares so ferramentas

    altamente importantes para auxiliar na determinao das leis de vibrao e quantificao das

    cargas mximas por retardo que podem ser usadas para uma dada distncia, o que facilita o

    processo e permite maior flexibilidade e velocidade no desenvolvimento de um projeto.

    Um diagrama de fogo bem planejado e estruturado permite viabilizar um projeto que

    necessite de detonaes em uma rea densamente urbanizada ou muito sensvel a vibraes eefeitos danosos a estruturas, porm para isso fundamental uma caracterizao precisa da lei

    de vibrao e uma quantificao exata da carga mxima que se deve utilizar sem que esta

    ultrapasse os limites estipulados pelas normas vigentes.

    Por fim, em relao incomodidade humana, ser necessrio tomar medidas

    adequadas de gesto e planejamento das detonaes considerando os horrios e a presena de

    pessoas nas habitaes prximas.

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    8.REFERNCIASBACCI, D. C., et al.. Principais Normas e Recomendaes Existentes Para o Controle de

    Vibraes Provocadas Pelo Uso de Explosivos em reas Urbanas: parte I. Rem: Rev. Esc.Minas, Ouro Preto, v. 56, n. 1, mar. 2003. Disponvel em:. Acesso em: 13 jan. 2013.

    BERTA, G.. Blasting Induced Vibration in Tunneling, Tunnelling and Underground SpaceTechnology, Volume 9, n 2, 1994.

    BERNARDO, P. M. e TORRES V. N.. El Blastware iii e Mlinreg.bas Como

    Herramientas Para la Prevencin y Control Ambiental de Vibraciones en Voladuras. VSimposium Internacional de Tecnologa de la Informacin Aplicada a la Minera. Lima, Per.2004.

    BRASIL, ABNT NBR 9653:2005 - Guide for the evaluation of effects of the use ofexplosives in minning and quarrying near urban areas. Acesso em: 14 jan. 2013.

    BRITANITE Ltda,. Catlogo de Produtos. Disponvel em. Acesso em: 20 fev. 2013.

    GOKHALE, B. V.. Rotary Drilling and Blasting in Large Surface Mines. Taylor &Francis Group, London, UK, 2011.

    HARTMAN, H. L.. S. M. E. Mining Engineering Handbook. 2. ed.. Volume 1. Society forMining, Metallurgy, and Exploration, Inc.. Colorado, E. U. A., 1992.

    HERRMANN, C.. Manual de Perfurao de Rochas, [S.I.], p.362, 1968.

    HUSTRULID, W.. Blasting Principles for Open Pit Mining. Volume 1. Balkema,Rotterdam, 1999.

    JIANG, N.. Blasting Vibration Safety Criterion for a Tunnel Liner Structure, Tunnellingand Underground Space Technology, Volume 32. 2012.

    JIMENO, L. C. et al. Manual de Perforacion y Voladura de Rocas, 2. ed., Madri, Espanha,

    Instituto Tecnolgico Geominero de Espaa. 2004.

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    LOURO, A. F.. Novas Formulaes Para Leis de Propagao de Vibraes, em MaciosRochosos, Baseadas nas Propriedades Termodinmicas dos Explosivos. Tese demestrado, Universidade Tcnica de Lisboa. 2009.

    MLINREG.BAS. Software fornecido por TORRES, V. N., 2012.

    PERSON, P., Holmberg, R. and Lee, J.. Rock Blasting and Explosives Engineering, RCRPress. [S.I], 1994.

    SEC - Sociedade de Explosivos Civis, S.A., 2002. Catlogo de Produtos.Disponvel em. Acesso em: 29 jan. 2013.

    SILVA, V. C.. Abordagem Quantitativa dos Impactos Ambientais no Desmonte deRochas. 1 Curso Sobre Avanos Tecnolgicos No Desmonte De Rochas Com ExplosivosEm Minas e Obras Civis, 2012.

    SILVA, V. C.. Operaes Mineiras. Curso de Minerao 210 pela Escola de Minas (UFOP),2009.

    TAQIEDDIN, S. A.. Ground Vibration Levels Prediction and Parameters, ElsevierScience Publishers B.V., Amsterdam, 1986.

    TORRES, V. N.. Aplicaes de Programas Computacionais para o Dimensionamento deDesmonte de Rochas. 1 Curso Sobre Avanos Tecnolgicos No Desmonte De Rochas ComExplosivos Em Minas e Obras Civis, 2012.

    TUNPLANN (Anleggsdata) - software version1.17. Department of Civil and Transport(Ibat) at the Norwegian University of Science and technically (NTNU).

    http://sec.no.sapo.pt/prod_light.htmhttp://sec.no.sapo.pt/prod_light.htm
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    9.ANEXOSFigura 21 - Dimenso e sequncia de detonao para o pilo proposto para o projeto do tnel

    Fonte: autoria prpria

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    9.1. DETONADOR ELETRNICO

    Acompanhando a evoluo tecnolgica, o mercado desenvolveu o Sistema de

    Retardo Eletrnico, que consiste de uma espoleta de retardo eletrnico, fcil de usar,programvel, para todo tipo de desmonte em minerao e na construo civil,

    podendo ser usado tanto em obras a cu aberto como subterrneas.

    O detonador eletrnico apresenta o mesmo layout e dimetro de uma espoleta

    eltrica de retardo convencional. A grande diferena reside em que cada espoleta

    pode ter seu tempo de retardo programado individualmente. Contm, em mdia, 790

    mg de PETN (Tetra Nitrato de Penta Eritritol), como carga de base, e 90 mg de

    azida de chumbo, como carga primria, ponte de fio de alta resistncia (inflamador)

    e um circuito eletrnico que contm um microchip inteligente e dois capacitores

    eletrnicos - um para assegurar a autonomia do detonador e o segundo para iniciar o

    inflamador. Ideal para uso nos altos explosivos comerciais sensveis espoleta,

    podendo tambm, ser usado para a detonao de boosters.

    Programao da unidade

    Cada detonador contm um microchip, possibilitando estabelecer o tempo de retardo

    atravs da unidade de programao individualmente, segundo a convenincia e a

    necessidade da seqncia de sada dos furos. Outros sistemas utilizam um cdigo de

    barra, que permite identificar o tempo de retardo de cada espoleta, atravs de um

    scanner manual. Quando a unidade registrada, o scanner estabeleceautomaticamente um incremento de tempo no retardo em relao ao seu predecessor

    ou permite que o usurio especifique o tempo de retardo. Estas informaes ficam

    estocadas no scanner sendo transferidas, posteriormente, para a mquina detonadora.

    Desde que a unidade de programao registra o tempo de retardo de cada unidade,

    irrelevante a sequncia em que cada detonador conectado, isto , cada unidade

    detonar no tempo especificado pela unidade de programao.

    Ligao no campo

    Aps os fios de cada espoleta serem conectados a uma unidade de programao, trs

    parmetros de identificao so atribudos para cada detonador: nmero do furo,seqncia de sada e o tempo de retardo. Existe a possibilidade em qualquer instante

    ser checado ou modificado o seu tempo de retardo. Aps a programao de cada

    detonador, elas so conectadas linha de desmonte atravs de um conector. Duas

    linhas, ento, so conectadas a mquina detonadora, que armazena todos os dados

    contidos na unidade de programao. Caso ocorra curto-circuito ou existam fios

    desconectados, um aviso dado pela