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Destaque do mês 2011 Julho / Setembro NÚCLEO MUSEOGRÁFICO DO CASAL DA FALAGUEIRA MUSEU MUNICIPAL DE ARQUEOLOGIA Este mês voltamos a direccionar a nossa atenção para o sítio da Espargueira/Serra das Éguas. Os resultados obtidos com as intervenções arqueológicas, efectuadas nesta área a partir de 2003, permitiram repensar a história da ocupação do sítio. Neste sentido, os dados arqueológicos têm vindo a possibilitar a colocação de novas interpretações sobre a forma de utilização desse espaço pelas comunidades que o habitaram durante a Pré-história. Mais recentemente colocou-se a hipótese dos denominados povoados da Espargueira e Serra das Éguas constituírem um só sítio, mas com dois núcleos de povoamento. No entanto, continuam a levantar-se dúvidas, nomeadamente se os núcleos referidos foram ocupados durante o mesmo período de tempo, ou se a ocupação de um levou ao abandono do outro, ou até mesmo se seriam núcleos contemporâneos com diferentes funcionalidades. Espera-se que futuras intervenções arqueológicas nos ajudem a responder a algumas destas questões. Durante a abertura de uma das sondagens foi exumado o objecto que elegemos para o presente destaque, uma conta de colar em anfibolito. Não é só actualmente que temos cuidado com a nossa aparência, essa preocupação já vem de há muito tempo. Assim, é frequente encontrarmos contas de colar em trabalhos arqueológicos. A preocupação com a estética ocupava um lugar de tal relevo nessas comunidades, que é corrente depararmo-nos com estes objectos em contextos funerários como oferendas votivas. As contas eram feitas sobre materiais diversos assim, encontramos desde objectos em osso, cerâmica ou sobre diferentes tipos de pedra, como é o caso da nossa conta de colar que foi trabalhada em anfibolito. Também as formas eram variadas, encontrando-se essencialmente peças de forma cilíndrica, tubular, troncocónicas e bitroncocónicas. No território da Amadora foram encontrados vários destes objectos de adorno, ainda no sítio da Espargueira/Serra da Éguas foi possível recolher uma conta de colar em osso de forma tubular e, na já conhecida necrópole de Carenque, encontraram-se várias contas igualmente em osso mas de forma cilíndrica. Proveniente do povoado calcolítico das Baútas é também conhecida uma conta de colar em variscite. A conta de colar que destacamos é um pequeno artefacto em anfibolito, com 15 mm de diâmetro, de forma arredondada e achatada, com uma perfuração central. Sublinhe-se ainda que o anfibolito é uma rocha inexistente na Amadora, o que supõe a deslocação destas comunidades no intuito de obter esta matéria-prima para a confecção de objectos de adorno e funcionais, ou mesmo a existência de trocas comerciais com outras comunidades. Conta de Colar Algumas contas de colar descobertas na Amadora Conta de colar em anfibolito.

Destaque julho a setembro 2011

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Conta de colar

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Destaque do mês

2011Julho / Setembro

NÚCLEO MUSEOGRÁFICO DO CASAL DA FALAGUEIRAMUSEU MUNICIPAL DE ARQUEOLOGIA

Este mês voltamos a direccionar a nossa atenção para o sítio da Espargueira/Serra das Éguas. Os resultados obtidos com as intervenções arqueológicas, efectuadas nesta área a partir de 2003, permitiram repensar a história da ocupação do sítio. Neste sentido, os dados arqueológicos têm vindo a possibilitar a colocação de novas interpretações sobre a forma de utilização desse espaço pelas comunidades que o habitaram durante a Pré-história. Mais recentemente colocou-se a hipótese dos denominados povoados da Espargueira e Serra das Éguas constituírem um só sítio, mas com dois núcleos de povoamento. No entanto, continuam a levantar-se dúvidas, nomeadamente se os núcleos referidos foram ocupados durante o mesmo período de tempo, ou se a ocupação de um levou ao abandono do outro, ou até mesmo se seriam núcleos contemporâneos com diferentes funcionalidades. Espera-se que futuras intervenções arqueológicas nos ajudem a responder a algumas destas questões. Durante a abertura de uma das sondagens foi exumado o objecto que elegemos para o presente destaque, uma conta de colar em anfibolito.Não é só actualmente que temos cuidado com a nossa aparência, essa preocupação já vem de há muito tempo. Assim, é frequente encontrarmos contas de colar em trabalhos arqueológicos. A preocupação com a estética ocupava um lugar de tal relevo nessas comunidades, que é corrente depararmo-nos com estes objectos em contextos funerários como oferendas votivas.

As contas eram feitas sobre materiais diversos assim, encontramos desde objectos em osso, cerâmica ou sobre diferentes tipos de pedra, como é o caso da nossa conta de colar que foi trabalhada em anfibolito. Também as formas eram variadas, encontrando-se essencialmente peças de forma cilíndrica, tubular, troncocónicas e bitroncocónicas.No território da Amadora foram encontrados vários destes objectos de adorno, ainda no sítio da Espargueira/Serra da Éguas foi possível recolher uma conta de colar em osso de forma tubular e, na já conhecida necrópole de Carenque, encontraram-se várias contas igualmente em osso mas de forma cilíndrica. Proveniente do povoado calcolítico das Baútas é também conhecida uma conta de colar em variscite.A conta de colar que destacamos é um pequeno artefacto em anfibolito, com 15 mm de diâmetro, de forma arredondada e achatada, com uma perfuração central. Sublinhe-se ainda que o anfibolito é uma rocha inexistente na Amadora, o que supõe a deslocação destas comunidades no intuito de obter esta matéria-prima para a confecção de objectos de adorno e funcionais, ou mesmo a existência de trocas comerciais com outras comunidades.

Conta de Colar

Algumas contas de colar descobertas na Amadora

Conta de colar em anfibolito.

Estatueta feminina do Povoado da Espargueira